Territórios Polissêmicos Na Mata Atlântica E
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA HUMANA LIMITES DO CONSENSO: TERRITÓRIOS POLISSÊMICOS NA MATA ATLÂNTICA E A GESTÃO AMBIENTAL PARTICIPATIVA CARMEM LÚCIA RODRIGUES SÃO PAULO MAIO DE 2001 1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA HUMANA LIMITES DO CONSENSO: TERRITÓRIOS POLISSÊMICOS NA MATA ATLÊNTICA E A GESTÃO AMBIENTAL PARTICIPATIVA CARMEM LÚCIA RODRIGUES Tese apresentada à Banca Examinadora da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Doutora em Geografia Humana, sob orientação Do Prof. Antonio Carlos Robert Moraes. SÃO PAULO MAIO DE 2001 2 BANCA EXAMINADORA 3 RESUMO A perspectiva discursiva nos ensina que não há uma verdade única, objetiva e monolítica a respeito da relação cultura/espaço. Até hoje, poucas são as informações divulgadas a respeito de saberes e ideais de uso do espaço de povos tradicionais que vivem nas Unidades de Conservação (UCs) da Mata Atlântica – como é o caso dos caiçaras, quilombolas e de determinadas etnias indígenas. Essa lacuna leva-me a questionar o sentido do “caráter participativo” atribuído aos planos de manejo e de gestão ambiental conduzidos pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo no âmbito do Projeto de Preservação da Mata Atlântica (PPMA). Até hoje, é o imaginário de um grupo específico de profissionais – a maioria formada nas ciências naturais – que tem se expressado e, ao mesmo tempo, orientado a grande maioria dos programas de proteção da natureza no Brasil, desconsiderando-se saberes e práticas locais. Contudo, será que não haveria outro caminho possível? A compreensão das relações dos moradores locais com o meio onde vivem – seu lugar – é fundamental para apontar pressupostos de um ordenamento territorial, efetivamente participativo. O diagnóstico e o planejamento ambiental não devem se restringir ao ponto de vista meramente instrumental. Assim, este trabalho ressalta a importância de se considerar o “conhecimento tradicional” quando da elaboração de planos de gestão ambiental das áreas protegidas, bem como os aspectos que fazem parte de uma dimensão mais subjetiva do ser humano nesse processo coletivo. PALAVRAS-CHAVE: Mata Atlântica, ordenamento territorial participativo, conservação ambiental, territorialidade e identidade, ONGs. 4 ABSTRACT A discursive perspective teaches us that there is no one, objective, monolithic truth about culture/space relationships. Little is the information so far divulged about knowledge and ideals of the use of space for traditional inhabitants who live at protected areas – such as the caiçaras, quilombolas and other indigenous groups. This gap leads me to me question about the real participatory character attributed to the environmental management and administration plans led by “Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo” (São Paulo State Environment Bureau) in the ambit of “Projeto de Preservação da Mata Atlântica”(Atlantic Rainforest Preservation Project). So far, the imaginary of a specific group of professionals – mostly majored in Natural Sciences – has been the one that has expressed itself and guides most of the nature protection programs, disregarding the local knowledge and know how. However, wouldn’t there be any other possible way? The comprehension of the relationship between the local inhabitants and the environment where they live – their place – is fundamental for pointing the presupposition of an effectively participatory territory management . The diagnosis and the environmental planning shall not be limited by the instrumental point of view. This way, the present work highlights the importance of regarding the “traditional knowledge” for the environmental and protected areas management, besides taking into account aspects that are part of a rather subjective dimension of the human being. in this collective process. KEYWORDS: Atlantic Rainforest, environmental conservation, participatory territory management, territoriality and identity, NGOs. 5 AGRADECIMENTOS Agradeço, sinceramente, a todos aqueles que contribuíram, direta ou indiretamente, para a concretização deste trabalho: Ao meu orientador, Antonio Carlos Robert Moraes, por suas leituras criteriosas de relatórios de pesquisa e esboços da tese, pelas extensivas recomendações bibliográficas, por seu característico bom humor e, principalmente, pelo respeito às nossas “diferenças”; À querida professora Maria Regina Sader, que me conduziu às diversas leituras da Geografia, e por me inteirar de outras dimensões da realidade ao convidar- me para participar do Núcleo Interdisciplinar do Imaginário e da Memória (atual Laboratório do Imaginário - LABI); À professora Margarida Maria Moura, por ter participado do exame de qualificação e pelas sugestões da área antropológica de relevância para este trabalho; À professora Lúcia da Costa Ferreira, por suas indicações bibliográficas e incentivo intelectual, além da habitual atenção carinhosa; Ao professor Antonio Carlos Diegues, por ter-me colocado à par do Projeto de Preservação da Mata Atlântica - que acabou tornando-se o principal pano de fundo desta pesquisa - e por conceder apoio para a realização da pesquisa empírica através do NUPAUB (Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras/USP); Ao amigo e Mestre Carlos Rodrigues Brandão que iluminou as discussões mais delicadas da antropologia neste trabalho; 6 Ao amigo Marcos Sorrentino, por ter sido a pessoa que me encorajou a ingressar no doutorado e por tantos projetos, sonhos compartilhados e utopias; Aos amigos do grupo de estudo Autores Clássicos da Geografia e do Laboratório do Imaginário, em especial, à Maria de Lourdes Alcântara (Lurdinha) e Maria Luiza Schmidt (Malu) por indicações de textos e inestimáveis sugestões teórico-metodológicas; Ao amigo Fábio Sanson, por nossos estudos de obras contemporâneas da Geografia, por sua companhia vivaz em campo, por nossos desapressados debates filosóficos a respeito do universo desta pesquisa, e principalmente, por sua presença constante e solidária em todas as fases deste trabalho; Ao diretor do Parque Estadual da Ilha do Cardoso (PEIC), Marcos Campolim, por seu apoio durante a pesquisa empírica, em especial, por ter-me concedido a autorização para acompanhar as reuniões do Comitê de Apoio à Gestão Ambiental e realizar consultas a documentos relacionados ao Projeto de Preservação da Mata Atlântica; Aos atuais e ex-funcionários do PEIC que colaboraram de diversas maneiras para a realização do trabalho de campo, em especial: Cida, Jorge, Doca, Marcelo e Selma. Aos membros do Comitê de Apoio à Gestão Ambiental do Parque Estadual da Ilha do Cardoso, por permitirem que eu acompanhasse às reuniões ordinárias e extraordinárias, principalmente, Bini, Wilson, Karl, Ingrid, Beth, Ezequiel e Celestino, que me dedicaram atenção especial; Aos moradores caiçaras das diversas comunidades da Ilha do Cardoso que me acolheram, calorosamente, em suas casas, permitindo, assim, que eu conhecesse um pouco do universo “deles”, em especial: Ezequiel e Iracema, Atalino e Vanilde, Dona Augusta, Feliciano e Dona Almerinda, Tereza, Seu Malaquias e Dona Erci, Jorge e Terezinha. 7 Aos amigos Marcelo e Daniela por terem me acolhido diversas vezes em Cananéia; À amiga Viviane Capezzuto F. da Silva pela hospitalidade no Marujá e por partilhar de seu conhecimento a respeito da cultura caiçara; Aos técnicos da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e primeiros coordenadores dos Planos de Gestão do Projeto de Preservação da Mata Atlântica, Cláudio Maretti, Sidney Raimundo e Renato Sales, por documentos disponibilizados e gentileza durante as entrevistas concedidas e conversas informais sobre o PPMA; Aos estagiários do Laboratório das Áreas Protegidas do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP que me auxiliaram em campo no início do ano 2000: Fabrício (Jucela), Allan e Guilherme; A Maria Inês Ladeira, Adriana Felipim e demais membros da Ong CTI (Centro de Trabalho Indigenista) pela atenção concedida e pelo convite para participar do Seminário Práticas de Subsistência e Condições de Sustentabilidade das Comunidades Guarani na Mata Atlântica, realizado em setembro de 1997 na cidade de São Paulo; Aos colegas e amigos geógrafos do Grupo de Trabalho sobre a História do Pensamento Geográfico: Sílvia, Manoel, Sérgio, Rita, Alexandrina e Genilton, por me convidarem para reuniões de estudo; A Alecsandro Ratts por suas considerações significativas para a realização do trabalho de campo e pelas indicações bibliográficas; Aos amigos do Laboratório de Educação e Políticas Ambientais do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP, pela acolhida e pelo convite para participar de projetos de pesquisa num futuro próximo; 8 Ao amigo Vitor Arai, por ter-me disponibilizado a sistematização dos métodos participativos de sua autoria – e, junto com Murilo, pela amizade sempre reavivada desde os tempos da agronomia; Às amigas Renata, Lina, Valquíria, Patrícia, Mônica, Gláucia; e aos amigos Maurício (Teressa), Márcio e Marcus Vinícius pelo companheirismo e afeto nesses últimos anos em Piracicaba; Aos amigos e companheiros de Dharma, em especial à querida Mestra Kelsang Pälsang, e ao monge Tenpa, por estarem sempre muito próximos e solidários; Ao Klaus pela edição das fotografias e, à Denise, pela transcrição de fitas; A Inês Amorozo, pela revisão cuidadosa e edição final da tese caprichada;