2 NOVAS MEXIDAS NA POP

O Comandante-Geral da Polícia de Ordem Pú-

blica, Augusto Pinheiro, anuncia que vai proce-

der, durante este mês, a mexidas profundas na

chefia dos comandos, departamentos centrais

e esquadras policiais do país. O superinten-

dente da POP recusa-se, por ora, a confirmar

os nomes apurados por este jornal para os

diferentes postos, mas garante que haverá um

reforço do Comando Regional da , com a

criação de duas novas esquadras.

AUGUSTO PINHEIRO, Comandante-Geral da Polícia de Ordem Pública. Por: ALÍRIO DIAS DE PINA Praia com mais duas esquadras

A Polícia de Ordem Pública vai conhe- Barbosa Vicente poderá, por seu turno, tivos e a criação de mais duas novas es- assumi o Comando-Geral em Agosto do cer, ainda no decurso deste mês, mais ocupar o cargo de Inspector da Polícia. quadras. Uma delas funcionará na par- ano passado e as últimas mexidas nas Sexta-feira, 11 de Março 2005 uma mexida na chefia dos seus diferen- O responsável da Esquadra de Fazen- te norte da Capital, englobando as zo- chefias da POP aconteceram há dois tes comandos, departamentos centrais, da, comissário José Rui Sanches Alves, nas de Achada São Filipe, Calabaceira, anos, ainda no tempo do anterior CG. O esquadras e secções de vários serviços. deverá assumir o cargo de adjunto do Ponta-de-Água, Vila Nova e Safende. A exercício de funções produz desgastes e O Comandante-Geral, Augusto Pinhei- Comandante da estrutura regional de outra esquadra ficará no sul da Praia, concluí que era necessário, neste mo- ro, confirma que tais mudanças estão a Santa Catarina. O mesmo se poderá di- abrangendo o Palmarejo, Tira-Chapéu mento, fazer alguns ajustes na chefia dos ser discutidas com o ministro da Admi- zer relativamente ao subcomissário Au- e a futura Cidadela. “Esta medida visa diferentes serviços da POP”, fundamen- nistração Interna e os principais impli- gusto Teixeira, que pode ser chamado a reforçar a segurança na Capital cabo- ta o entrevistado de , para cados nesse processo. substituir o seu colega Alcides Tavares, verdiana, na sequência dos recentes ca- quem algumas das mudanças previstas De acordo com a nossas fontes, o à frente da Esquadra de Santa Cruz. sos de aumento da criminalidade regis- serão por conveniência de serviço e ou- Comandante de São Vicente, comissá- Até ao fecho desta edição, não havia tado na Praia”. tras a pedido dos policiais, nomeadamen- rio Alcides da Luz, poderá ser transfe- informação segura sobre a transferência O CG acrescenta que vão ser também te por motivos familiares e pessoais. rido para a estrutura regional da POP do comissário Manuel Tomás, à frente criados dois comandos autónomos, sen- Carência de efectivos e escassez de na Praia, em substituição do seu colega do Comando de Santo Antão há mais de do um no novo Aeroporto Internacional meios são referidos, entre os oficiais su- Daniel de Pina, que poderá ser coloca- 12 anos, bem como do sub-comissário da Praia e um outro no Porto da Praia. periores, como alguns dos factores que do no departamento de Operações ou Luís Mendes, na Esquadra do Tarrafal. Tanto o primeiro como o segundo fica- têm dificultado a actuação da Polícia de Serviço Social. A direcção deste vem Sobre este último, dizem fontes da POP, rão na dependência directa da Direcção Ordem Pública, nomeadamente no com- sendo assumida pelo comissário Manu- a sua autoridade parece estar a cair em da Emigração e Fronteiras e terá por ob- bate à criminalidade. “Estamos a inven- el Alves, que se incompatibilizou com descrédito, continuamente. jectivo principal exercer um controlo tariar, neste momento, em parceria com o novo Comandante-Geral. Consta que Interrogado sobre este particular e mais eficiente da entrada e saída de na- o governo, novos meios a serem postos Alves vai ser nomeado director da Es- para ajuizar dos nomes avançados a este cionais e estrangeiros de Cabo Verde. à disposição da POP. Entrámos já na cola de Polícia, em substituição do su- jornal para os diferentes postos referi- Augusto Pinheiro justifica que as me- fase de selecção de fornecedores de tais bintendente João Vieira Gonçalves. O dos, o CG da POP responde que não xidas vão ser feitas só agora porque an- equipamentos, nomeadamente de mais actual Comandante Regional do Fogo, confirma nem desmente tais informa- tes disso queria conhecer melhor o fun- rádios de comunicação e viaturas, a se- comissário Tito Cardoso Barros, é refe- ções, porquanto tudo está ainda a ser cionamento geral da POP e reunir-se com rem adquiridas o mais rapidamente pos- rido como o provável sucessor de Alci- discutido com os visados e o ministro as chefias desta. Este encontro serviu sível”, assevera Augusto Pinheiro, que des da Luz, no Mindelo. da tutela, Júlio Correia. para fazer o balanço do trabalho desen- anuncia igualmente o reforço do efecti- Mas as mudanças não ficam por aí. Augusto Pinheiro anuncia, porém, volvido no ano passado, analisar a situa- vo com base na incorporação, a partir A Semana apurou que o Comando da que a mudança mais significativa acon- ção operativa da incorporação e aprovar de 1 de Abril próximo, de 103 novos POP no Fogo pode ser entregue ao che- tecerá no Comando Regional da Praia, o plano de actividades para 2005. agentes formados, devendo 15 dias de- fe de Operações, comissário José Au- que até Maio próximo será reforçado, “Isso vai contribuir para que as mu- pois arrancar uma segunda fase de for- gusto Ribeiro. O subintendente Filipe com o apoio do governo, com mais efec- danças decorram na normalidade. Eu mação de mais de 100 outros policiais. Governo e PGR por um fio 3

O governo e a Procuradoria Geral da República estão a passar por uma silenciosa crise institucional. A ponto de o executivo ter anunciado a criação de um gabinete de advogados para defender os interesses do Estado — visto como um sinal de descrédito em relação ao PGR — e de Franklin Furtado ter já ameaçado bater com a porta no fim deste ano judicial. As razões? O governo, entre paredes, tem considerado medíocre o desempenho do procurador- geral, enquanto Furtado critica o executivo de congelar as suas propostas de pôr a funcionar o Ministério Público.

Por: HERMÍNIO SILVES Crise iminente?

Pode estar prestes a estalar o verniz que, deve ser o Estado a assumir as despesas, pelo ção Criminal da PGR, para lidar com cri- desabafado a amigos que demitir-se-ia no fi- até aqui, vem caracterizando o relaciona- que pedi ao senhor procurador geral que sus- mes mais delicados, com conexões interna- nal deste ano judicial, em Julho, se até lá ne- mento entre a Procuradoria-Geral da Repú- pendesse a campanha. Ele fez a campanha cionais. “Há muito tempo que esperamos nhuma medida de fundo for tomada pelo exe- 2005 de Março de 11 Sexta-feira, blica e o governo. Gerido com o máximo de com muito boa vontade mas entendemos que uma resposta do governo sobre este projec- cutivo. “Franklin Furtado já sabe que não cuidado e sigilo, o conflito de ideias que deveria ser o Estado a arcar com as despe- to, mas até agora nada. Este Departamento goza de grande popularidade no seio do go- opõe as duas instituições vem de há muito e sas. E é o que vamos fazer”, garante Cristina iria ajudar sobremaneira o trabalho da verno, sobretudo depois do PM anunciar a estará personalizado na ministra da Justiça, Fontes, que justifica este apoio retardado do PGR”, adianta a mesma fonte, que aponta criação de um gabinete de advogados para Cristina Fontes, e no procurador-geral, seu ministério com o facto de o incidente com ainda o facto de até hoje a ministra da Justi- defender os interesses do Estado na recupe- Franklin Furtado. Figueiredo ter aberto um precedente. “Trata- ça não ter dado aval para a nomeação de mais ração dos seus bens. Isso já é sintomático e Para já, várias são as razões que colocam se de um quadro novo, não havia soluções dois procuradores adjuntos, há muito soli- um claro sinal de descrédito do governo em o PGR e a titular da pasta da Justiça em des- especiais para estes casos. Por isso tivemos citada por Franklin Furtado. relação à PGR, a que compete precisamente sintonia. A gota que ameaça transbordar o que rever o quadro legal antes do Estado as- “O governo quer uma Procuradoria ac- defender os interesses do Estado”, observa copo tem a ver com o facto de os procurado- sumir as despesas”. tiva e trabalhadora, mas não vê em que esta- um magistrado, antes de concluir: “O execu- res terem promovido em Fevereiro último Com efeito, a colecta foi cancelada, mas do estão, por exemplo, as instalações da tivo quer sufocar o PGR de modo a que seja uma colecta para ajudar o magistrado Arlin- os magistrados do MP decidiram manter a sua PGR. Só para ter uma ideia, há tempos mui- ele a pedir demissão”. do Figueiredo a custear o seu tratamento em contribuição, em jeito de solidariedade para tos livros ficaram molhados por causa das Se do lado da PGR há a firme ideia de Portugal, após ter sido baleado, em Dezem- com o colega - a propósito, os procuradores chuvas”, aponta um procurador, para mais à que o governo tem ignorado as propostas para bro do ano passado, à porta de casa. deram início este mês de Março a uma nova frente indicar a falta de equipamentos, sobre- a reestruturação do MP, da parte do governo É que Figueiredo foi transferido para campanha, desta feita, para ajudar o magis- tudo, informáticos. o sentimento é de que Franklin Furtado não Portugal apenas por questão de segurança, trado António Claret, que se encontra hospi- “É notória a diferença de tratamento en- tem sido eficaz no cumprimento das suas obri- sem parecer da Junta Médica para que o pro- talizado em Portugal, depois de sofrer uma tre o MP e a Magistratura Judicial. Em Agos- gações e funções. Pelo contrário, “nós não curador pudesse ser tratado em Lisboa sob a trombose naquele país europeu onde se en- to do ano passado deslocou-se ao Brasil um temos grandes bazofarias a fazer com o PGR responsabilidade do Estado português. E de- contrava em estágio. grupo de juízes para participar numa forma- que temos. Ele é demasiado lento e carrega pois, o governo da Praia, inicialmente, assu- ção, ficando de fora os procuradores. Este consigo uma mentalidade retrógrada da di- miu apenas as despesas de deslocação, pelo Nó na garganta caso originou um puxa-puxa entre o PGR e a nâmica de uma Procuradoria Geral da Re- que os custos do tratamento ficaram por con- ministra da Justiça. Sei também que já há pública”, comentou para A Semana um mem- ta do procurador. “Arlindo Figueiredo sentiu Na verdade, esta dessintonia Governo vs financiamento do BM para a formação de bro do governo. grandes dificuldades para não só custear as PGR quanto ao caso Arlindo Figueiredo, mais mais juízes, e, novamente, os procuradores O mesmo reconhece haver poucos mei- despesas da fisioterapia, como também sus- não é do que a ponta de um iceberg em que ficam de fora”, denuncia a nossa fonte. os e más condições de trabalho, mas, sali- tentar a mulher e o filho, também baleado no se tornou o relacionamento entre a ministra Segundo este magistrado, “a desorgani- enta: “Isso nunca serve de desculpa para o atentado de Dezembro passado”, refere um da Justiça e o PGR. zação que existe na Procuradoria Geral é cul- trabalho que uma PGR pode e tem que fa- magistrado, antes de acrescentar que Figuei- Embora tanto Cristina Fontes (ver texto pa do governo, que mantém na gaveta as zer. Repare, há muito tempo que estão na redo teve de solicitar dois meses de venci- em baixo) como Franklin Furtado (prometeu muitas propostas apresentadas pelo procu- PGR relatórios de inspecção feitos a vários mento adiantado para arcar com as despesas, falar sobre o assunto numa próxima oportu- rador geral, algumas das quais quando serviços com provas claras de que houve o que foi deferido pelo governo. nidade) neguem, abertamente, algum desen- Franklin Furtado ainda era adjunto de Hen- desvio ou apropriação dos bens do Estado. Este facto motivou os procuradores da tendimento entre si, A Semana sabe que nos rique Monteiro. Há mais casos: há tempos o No entanto, até agora, a Procuradoria não República a promoverem a referida colecta círculos que envolvem as duas instituições o carro da PGR avariou-se, o procurador ge- fez nada, esses relatórios estão a mofar ali, para apoiar o colega, iniciativa que contou tema já não é novidade. Magistrados aborda- ral comunicou o facto à ministra, mas nunca quando muita gente já devia ter sido puni- com o forte apoio de Frankin Furtado que, dos por este jornal garantem que a PGR não teve resposta. Ele teve que andar no seu car- da. Pelo que a apreciação do governo é de inclusive, contribuiu ele próprio numa conta deu grandes sinais de avanço em relação à ro privado durante muito tempo. Creio eu que que o desempenho do actual PGR deixa bancária aberta para o efeito. Tendo chegado anterior equipa “porque o governo tem con- tudo isso acontece porque a Cristina Fontes muito a desejar”. ao seu conhecimento, a ministra da Justiça gelado as propostas apresentadas pelo pro- nunca quis ver Franklin Furtado como PGR. Comentário idêntico tem sido ouvido nos mandou suspender a campanha, porque o curador geral”. O seu preferido era Belarmino Lucas, mas bastidores do partido que sustenta o gover- governo iria assumir todas as despesas (mais Uma dessas propostas, de acordo com a por indicação de José Maria Neves acabou no. O PAICV, conforme as nossas fontes, os remanescentes). “Entendemos que, para nossa fonte, tem a ver com a criação de um por ficar Franklin Furtado”. considera medíocre o desempenho do PGR, qualquer agente do Estado nas mesmas cir- órgão consultivo da Procuradoria Geral. Ou- Por todos esses “contratempos”, assegu- mesmo reconhecendo haver necessidade de cunstâncias que as do procurador Arlindo tro projecto é o Departamento de Investiga- ram as nossas fontes, Franklim Furtado teria reforçar a PGR. MINISTRA NEGA CRISE Cristina Fontes rejeita completamente uma eventual crise trário, o governo, ao criar este gabinete, quer reforçar o tra- de um prédio contíguo à PGR. “Vamos comprar esse espa- institucional entre o executivo e a PGR. “O relacionamento en- balho do Ministério Público na defesa dos interesses do Es- ço para alargarmos as instalações da Procuradoria. Espe- tre o governo e a Procuradoria é normal e impecável. Não te- tado, pois, é sabido, haver limitações em termos de procu- ramos apenas o término das negociações”. nho quaisquer razões de queixa, até porque fui eu a propor ao radores. O PGR sabe disso”, afirma, anunciando, ao mes- A titular da pasta da Justiça esclarece assim o episódio Presidente da República o nome do Dr. Franklin Furtado para mo tempo, que o executivo aguarda apenas a alteração da da formação de juízes no Brasil: “Tratou-se de um problema o cargo. Toda a gente reconhece a competência do Dr. Frank- lei para nomear os outros dois procuradores adjuntos, soli- linguístico. É que, no Brasil, os magistrados são os juízes e lin Furtado”, assegurou a A Semana a ministra da Justiça. citados pelo procurador-geral. “Devo dizer ainda que as pro- os procuradores são chamados promotores. Acontece que A governante garante, da sua parte, “excelentes rela- postas apresentadas pelo PGR estão a avançar normalmen- nós pedimos formação para os magistrados (procuradores ções com o PGR. Aliás, tem sido apanágio deste Ministério te. Não estão paradas. O projecto para a criação do Depar- e juizes, no nosso caso) mas eles entenderam juízes. Mas trabalhar em coordenação com a Procuradoria Geral no tra- tamento de Investigação Criminal, por exemplo, aguarda um vamos enviar em breve os procuradores”, informa. tamento de diversos assuntos”. parecer do Conselho Superior do Ministério Público, mas o E o carro avariado do PGR? “Olhe, neste momento eu Questionada sobre a criação do gabinete de advogados projecto de lei já está pronto”, garante. também estou sem carro de serviço”, contrapõe a titular da para defender os interesses do Estado, Fontes é peremptó- Quanto às instalações da PGR, Cristina Fontes informa Justiça. HS ria: “Não se trata de descredibilizar ou não o PGR. Pelo con- que o governo está a negociar com um privado a aquisição 4 PRIVATIZAÇÃO DA INTERBASE O dossier privatização da Interbase está em vias de ter um desfecho favorável à “Frigo Mar & Terra”, empresa formada por cabo-verdianos e espanhóis ligados ao grupo Ramon Vascaíno. O impasse que emperrava o processo e que tinha a ver com rumores de que o dinheiro utilizado para adquirir essa unidade estatal tinha origem duvidosa foi ultrapassado, com o governo a decidir pelo primeiro classificado no concurso lançado há dois anos. Aguarda- se agora o desfecho final desta história a qualquer momento. Governo confirma Sexta-feira, 11 de Março 2005 “Frigo Mar & Terra”

O governo decidiu retomar o proces- terbase poderá ser publicado ainda esta Terra, a primeira classificada no concur- condições técnicas e infra-estruturais so da privatização da Interbase, empre- semana. Mesmo assim, estamos satis- so de alienação daquela empresa, assu- compatíveis com altos padrões técnicos sa de comercialização dos produtos do feitos porque temos estado em ‘stand mirá a gestão desta dentro de dias. Esta e de higiene praticados na Europa e Es- mar. Neste sentido, devem chegar den- by’, aguardando o desfecho deste pro- foi, aliás, vontade expressa recentemen- tados Unidos”. O objectivo? Relativa- tro de dias ao país os representantes da cesso, que se arrasta há muito tempo”, te por um dos sócios, Herculano Tava- mente as grandes frotas pesqueiras, so- Frigo Mar & Terra, virtuais novos pro- afirma Carlos Faria, o ainda director da res, que garantiu A Semana que o seu bretudo as espanholas que cruzam o prietários daquela unidade ligada aos empresa. grupo apresentou a melhor proposta téc- Atlântico em direcção ao porto de Da- produtos do mar, com sede em São Vi- Já o segundo classificado no concur- nica e financeira e que o processo esta- car, o objectivo é atraí-los a Cabo Ver- cente, ultrapassado que foi o impasse so, o empresário Manuel Fernandes, re- va “à beira de se tornar um exemplo de de. que parecia haver em torno dessa alie- conhece que tinha alguma expectativa, privatização bem sucedido para Cabo Em tom ameaçador, Herculano Ta- nação, conforme explica Cristina Duar- sobretudo depois que se aventou a pos- Verde, para os cabo-verdianos e para a vares também prometia reagir judicial- te, do Gabinete de Privatizações: “Re- sibilidade de se anular o processo, ou própria empresa e seus trabalhadores”. mente contra quem beliscasse os inte- cebemos instruções do governo para re- então avançar com o segundo melhor Relativamente aos trabalhadores, resses do grupo que representa e nega- dinamizar o processo e vamos retomar posicionado. Inclusive, prossegue Fer- que se mostravam preocupados com os va qualquer ligação ou envolvimento na as negociações”. É definitivo?, quis sa- nandes, chegou a enviar uma nota ao seus postos de trabalho, é o própio Ta- compra do MindelHotel, facto que es- ber A Semana. “Só é definitivo quando Gabinete de Privatização, reafirmando vares, empresário cabo-verdiano da tranhámos, tendo em conta que os tra- o contrato sair no Boletim Oficial, o que a sua disponibilidade e intenção de Ramon Vascaíno, a garantir que se com- balhadores da Interbase confirmaram a deve acontecer o mais depressa possí- avançar rapidamente com a compra, prometeu perante a CP a manter o qua- visita de um grupo de espanhóis com vel”, respondeu. caso fosse necessário. “Se o governo de- dro de pessoal que existe por pelo me- atitudes de dono, ligados ao MindelHo- Enquanto isso, na Interbase, embo- cidiu validar o concurso, óptimo. Sig- nos quatro anos. tel, mesmo antes de se falar publicamen- ra ainda não se tenha recebido nenhu- nifica que o processo correu da melhor E mais, Tavares assegura que os tra- te da venda da Interbase. E mais, foi in- ma informação oficial, o clima entre os forma e não havia nada que impedisse balhadores serão os maiores beneficiá- clusive este hotel que adiantou a A Se- trabalhadores está mais leve porque “a a sua aceitação”, afirma Fernandes, que rios porque a sua empresa vai realizar mana o nome da Frigo Mar & Terra, os situação finalmente deslanchou. O úni- soube através de A Semana da valida- investimentos de modernização à volta seus propósitos e projectos, antes da di- co dado que temos, extra-oficial, é que ção do concurso. de 2 milhões de euros, “o que irá per- vulgação no BO. o decreto-lei sobre a privatização da In- Polémica à parte, a Frigo Mar & mitir à empresa oferecer aos clientes CP/KS PEDRO PIRES EM BISSAU 5 Visita de Estado e reencontro com a História

O presidente da República desloca-se, na próxima semana, à Guiné-Bissau para aquela que será a primeira visita oficial de um chefe de Estado cabo-verdiano àquele país em mais de 20 anos. Pedro Pires, que combateu nas hostes do PAIGC nas matas da 2005 de Março de 11 Sexta-feira, Guiné, irá manter uma agenda política intensa e, no que depender dele, ajudar a atenuar a tensão que volta a fazer- se sentir em Bissau, agora por causa da marcação das eleições presidenciais. Irá também visitar Bafatá, onde manterá contactos de foro privado naquela região do interior da Guiné que conhece dos tempos da luta armada.

O presidente da República co- por isso um enorme capital de próximas eleições presidenciais, mas chancelarias. Entendem que meça na próxima terça-feira uma simpatia entre os guineenses, vai previstas para Junho. O próprio ela poderá ajudar a acalmar os visita oficial à Guiné-Bissau, a pri- assim quebrar esse ciclo, imposto PAIGC, que se encontra de novo ânimos dos actores da cena polí- meira de um chefe de Estado pelos caprichos da História e não no governo, depois de um afasta- tica guineense, no momento em cabo-verdiano desde que esse país só. Em Bissau, na quarta-feira, ele mento a favor do PRS, do ex-pre- que se procura definir o cenário e Cabo Verde se apartaram do pro- vai discursar na Assembleia Na- sidente Kumba Ialá, tem passado das próximas eleições presiden- jecto da unidade defendida pelo cional Popular, dirigindo-se assim por alguma instabilidade, com si- ciais. antigo PAIGC, de Amílcar Cabral. aos guineenses, e receber em au- nais de divisão interna. Factores Para além da agenda política Por incrível que pareça, desde o diência os mais altos dignitários e estes que têm contribuído para a de Estado, Pedro Pires reservou golpe de Estado de Novembro de dirigentes políticos do país. comunidade internacional conti- um dia da sua estada na Guiné 1981, utilizado por Nino Vieira “Trata-se de uma visita essen- nuar a ver o futuro do país com para contactos mais privados, para depor Luís Cabral do poder, cialmente política”, confidenciou alguma preocupação. O actual mais precisamente em Bafatá, re- que nenhum chefe de Estado de a este jornal uma fonte do Palácio chefe do partido e primeiro-minis- gião onde combateu e onde se en- Cabo Verde visitou oficialmente do , para quem esta deslo- tro, Carlos Gomes Jr., tem sido contrará com velhos camaradas a Guiné, acontecendo o mesmo cação terá lugar “sempre na pers- contestado por sectores afectos ao de armas. em relação à parte guineense. No pectiva de ajudar a Guiné-Bissau ex-presidente Nino Vieira, cujo re- Além do seu staff, o PR faz-se máximo, apenas os primeiros-mi- a sair do impasse em que se en- gresso ao país se encontra em dis- acompanhar por outros antigos nistros dos dois países o fizeram, contra”. cussão. combatentes da liberdade da pá- caso de José Maria Neves, por É que o processo de normali- Sabendo do prestígio e do as- tria, o comandante Agnelo Dan- exemplo, que esteve em Bissau no zação política guineense tem co- cendente que Cabo Verde, e nes- tas e Maria da Luz Boal. Ainda in- ano passado. nhecido vários avanços e recuos, te caso particular Pedro Pires, de- tegram a comitiva presidencial Pedro Pires, que foi comandan- desenhando neste momento novos tém entre os guineenses, a visita dois empresários, Alfredo Carva- te militar e dirigente político do focos de tensão, desta feita por desse estadista a Bissau é, de um lho e Aires dos Reis Borges. A vi- PAIGC na Guiné, conservando causa da marcação da data das modo geral, bem vista por algu- sita terminará no dia 19. 6 PAICV - Porto Novo Embate entre Carlos Delgado e Rosa Fortes

A ex-candidata à Câmara Municipal do Porto

Novo, Rosa Fortes, vai encabeçar uma lista

concorrente à liderança do PAICV no Porto

Novo contra a recandidatura de Carlos Delga-

do. A eleição da nova equipa daquele secre-

tariado acontece amanhã, sábado, durante a

conferência de sector, cujo encerramento

será presidido pelo líder daquela formação

partidária, José Maria Neves. CARLOS DELGADO ROSA FORTES

osa Fortes decidiu, na última semana, avan- fónica que manteve com A Semana, Rosa ro-secretário, Rosa Fortes decidiu avançar ela bém, caso seja eleito, motivar os militantes çar com uma candidatura própria cujo ob- Fortes não descartou a hipótese de haver al- própria, e apoiada pelos vereadores do Porto e atrair mais jovens para as fileiras dessa jectivo é “reestruturar o PAICV no Porto gum consenso, de última hora, com a lista Novo eleitos na lista tambarina. força partidária. Novo, redinamizando algumas estruturas no concorrente de modo a evitar “desarmonias Nota-se, todavia, que o tom das críticas Questionado se a sua candidatura é im- interior do Concelho”, para aumentar o score desnecessárias para o partido”. do grupo de Fortes ao mandato de Carlos pulsionada por Jorge Santos para concorrer eleitoral daquele partido. E uma das primei- Em resposta às críticas adversárias, Car- Delgado amenizou nos últimos dias, trans- com uma possível lista apoiada por Agosti- ras medidas que ela promete tomar, se for los Delgado tem feito uma intensa campanha formando-se num discurso mais conciliador. nho Lopes, Dias riposta que a disputa na Ri- eleita, é pôr a sede do partido na vila a fun- no terreno para conquistar o voto da maioria De todo o modo, prevê-se que a eleição de beira Grande não tem nada a ver com a últi- cionar em tempo integral, “de modo a que dos cerca de 130 delegados à conferência do amanhã seja disputada até ao último voto, ma convenção do partido. “Estamos aqui com os militantes estejam em contacto com a es- sector. Pragmático, aquele concorrente pro- mesmo porque ambas as candidaturas detêm toda a disponibilidade para apoiar o presi- trutura e se sintam mais próximos da direc- mete, caso seja reeleito, “trabalhar para ter importante base de apoio. dente Agostinho Lopes, assim como fiz ques- Sexta-feira, 11 de Março 2005 ção local do PAICV”. um PAICV forte, unido, catalisador de von- tão de afirmar logo após a sua eleição. Por- No fundo, Fortes deseja concretizar al- tades, e com capacidade de acompanhar o Disputa também no tanto, não há que relacionar essa candidatu- guns dos projectos que a equipa de Carlos desenvolvimento do Porto Novo”. MpD-Ribeira Grande ra com JS, até porque a maior parte dos meus Delgado prometera, na última conferência de De resto, as duas candidaturas manifes- apoios advém de pessoas que nem sequer sector, mas que “não pôde concretizar du- tam o desejo comum de que todos os mili- Se no PAICV - Porto Novo o processo de apostaram naquele dirigente durante a Con- rante o mandato”. “Reconheço que o secre- tantes saíam da conferência com mais vonta- escolha do líder está a ser concluído, na Ri- venção”, explica o concorrente. tário-executivo, Cipriano Barbosa, fez o que de de trabalhar para dar o seu contributo ao beira Grande surgiu o primeiro candidato ofi- Tudo indica, contudo, que os apoiantes pôde para manter a dinâmica do partido no projecto do PAICV. Aliás, como sublinham, cial à direcção local do MpD. Francisco Dias, de Agostinho Lopes naquele concelho vão Porto Novo. Mas penso que poderia ser feito “o que interessa é fazer das ideias dissonan- deputado suplente e ex-líder da JpD naquele apresentar uma candidatura própria para esse muito mais se as estruturas do interior esti- tes uma força para derrubar os partidos ad- concelho, já anunciou a sua candidatura e diz escrutínio, que deve acontecer até ao próxi- vessem a funcionar e se houvesse maior mo- versários no Porto Novo, e ajudar o PAICV ser apoiado por dirigentes da cúpula dessa mo mês de Maio. O ex-mandatário de AL na bilização dos jovens”, reitera Rosa Fortes. a ter bons resultados a nível nacional”. força partidária. Ribeira Grande, Adalberto Alexandre, já terá Apesar dessas críticas à gestão anterior, Realça-se que o arquitecto Vicente Reis Desde logo, o ex-mandatário da candi- mesmo manifestado a sua intenção de se can- aquela candidata diz querer sobretudo que o era quem deveria entrar nessa disputa com datura de Jorge Santos à liderança ventoinha didatar ao cargo de coordenador regional, partido saia dessa conferência “mais unido Carlos Delgado. Entretanto, talvez por se sen- propõe como desafio reorganizar o MpD num pelo que se aguardam novidades nas próxi- do que entrou, porque o adversário de todos tir-se em dívida para com alguns militantes concelho em que o partido nem sequer pos- mas semanas. é o MpD”. Aliás, ao longo da conversa tele- que discordam da liderança do actual primei- sui uma sede. Aquele candidato promete tam- João Almeida Medina MpD faz ofensiva em Santiago

O Movimento para a Democracia está em ofensiva, com das de política previstos para os próximos tempos, relativa- os com mandato expirado e reflectir sobre a situação finan- destaque para a ilha de Santiago. Agostinho Lopes inicia hoje, mente aos referidos serviços.“Isto, na perspectiva de comba- ceira das regiões políticas. “Com essa reunião, esperamos 11, uma visita de trabalho à Electra, devendo, a partir de se- ter o clima de insegurança reinante na Capital cabo-verdia- ter, até Maio próximo, todos os órgãos dirigentes eleitos, gunda-feira, contactar os comandos da POP e da PJ, na Praia. na e normalizar o abastecimento de água e electricidade em maior dinamismo nas estruturas, melhor organização e Tudo com o propósito de recolher dados sobre projectos e todo o país”. motivação de pessoas novas e ver reestruturado o serviço medidas de políticas a serem implementados pelo governo O SE avisa que Agostinho Lopes deverá, ainda durante o de cobrança das quotas”. com vista a combater o clima de insegurança que se vive na seu périplo pela capital, insurgir-se contra as declarações con- Nogueira fez questão de destacar que trabalhos idênti- capital e normalizar o problema de abastecimento de água e traditórias do primeiro-ministro em relação ao funcionamen- cos vêm sendo feitos em todas as ilhas e na diáspora, com electricidade. As estruturas concelhias de Santiago devem to da Electra. É que, segundo aquele dirigente, José Maria destaque para a estrutura da Holanda que inicia, nesta sema- concluir, neste domingo, uma jornada de reflexão iniciada na Neves prometeu mais energia e água aos cabo-verdianos, mas na, tal processo. Também a do Paul, segunda o mesmo SE, semana passada, tendo em conta as eleições legislativas e pre- vem falando de dívidas e déficie da Electra, imputando ao estará reunida, no próximo dia 17, em assembleia concelhia sidenciais de 2006. MpD responsabilidades na condução do processo de privati- para a eleição dos novos órgãos dirigentes. O líder do maior partido da oposição inicia hoje, na Praia, zação da empresa. De salientar que, no final da semana passada, o MpD re- uma visita de trabalho à Electra. Esta ofensiva de Agostinho Mas a ofensiva do maior partido da oposição não fica alizou, a partir da Praia, um desfile de viaturas com destino Lopes prossegue na segunda-feira, com deslocações à Polí- por aí. As estruturas concelhias de toda a ilha de Santiago aos Picos, a fim de saudar o nascimento deste novo municí- cia de Ordem Pública e Polícia Judiciária. Agostinho Lopes devem retomar, neste domingo, provavelmente nos Picos, pio de Santiago. A CP do mesmo partido esteve reunida para faz-se acompanhar por um grupo de dirigentes ventoinhas, uma jornada de reflexão iniciada nas semana passada, ten- analisar a situação política nacional, tendo, entre outros, de- constituído por deputados da nação e membros da Direcção do em vista a preparação da máquina partidária para as le- nunciado que o governo se vem desdobrando em campanha, Nacional. gislativas e presidenciais de 2006. Além de analisar o pro- alegadamente com recursos do erário público. O mesmo ór- Jorge Nogueira, secretário-executivo, anuncia que esta vi- cesso de recenseamento eleitoral e a situação política naci- gão designou José Ulisses Correia e Silva para o cargo de sita do presidente do MpD tem como propósito fundamental onal e regional, o encontro deverá, segundo Jorge Noguei- director do Gabinete de Estudos Estratégicos do partido. recolher informações e inteirar-se dos projectos e das medi- ra, aprovar um organigrama de eleição dos órgãos concelhi- ADP O sonho de Joana 7

Seu nome é Joana Cabral, tem 30 anos e um sorriso largo, de badia de fora, que esconde, em muito a idade, mas não a origem. Conheci Joana no ano passa- do, em Maputo, a lutar pela vida no bair- ro insalubre de Mafalala. Na altura o seu sonho era conhecer a terra da mãe, em- barcada dos tempos das roças de São Tomé e Príncipe e Angola, e começar em Cabo Verde uma vida melhor. Pelo me- nos uma parte do sonho ela já conseguiu realizar. Voltei a encontrar-me com a Joana há duas semanas, por acaso, com o mes- mo sorriso no rosto do ano passado, de

jovem com dificuldades mas sempre a Sexta-feira, 11 de Março de 2005 de Março de 11 Sexta-feira, ajudar os outros, segundo me disse, na altura, a responsável pela diplomacia cabo-verdiana na capital moçambicana, Custódia Lima. O meu reencontro com Joana aconteceu na Praia, a mostrar-me que uma parte do seu sonho ela conse- guiu realizar. Nada fácil num país, como Moçambique, onde para a maior parte dos cabo-verdianos, e também moçam- bicanos, o salário mal dá para comer. A vinda para Cabo Verde, deixando para trás a mãe que queria trazer, foi re- sultado do apoio dos cinco irmãos que trabalham. Juntaram o suficiente para que Joana fizesse, de autocarro, o per- curso até Joanesburgo, uma viagem que, por problemas vários, durou quase 10 horas, e depois de Joanesburgo até a ilha do Sal. Ao chegar à Praia a surpresa de ser bem recebida por primos, algo novo em sua vida, já que em Moçambique nunca os teve, e os restantes membros da famí- lia em Pedra Badejo. “As tias que tinha em Maputo eram cabo-verdianas amigas da minha mãe a quem tratávamos as- sim”. E desde então são boas as surpresas na vida de Joana.“A forma que as pesso- as me recebem, convidam-me para as suas casas”, diz ela, com um sorriso es- tampado no rosto. “Sinto-me emociona- da”. Outra surpresa que destacou é a qua- lidade das moradias. “Fiquei espantada, pensei que as casas aqui fossem como em Mafalala”, seu mundo em Maputo, onde a insalubridade é marca que salta à vista a qualquer forasteiro. Mas, porque não veio só admirar as belezas da terra que a sua mãe sempre contava, Joana Cabral quer fazer desta primeira conquista, que foi chegar a Cabo Verde, o ponto de partida para outros so- nhos. A sua preocupação agora é conse- guir um trabalho e assegurar o seu pró- prio sustento - em Moçambique traba- lhava num escritório de prestação de ser- viço - estudar e trazer a mãe para Cabo Verde. A seu favor Joana tem a determina- ção, o 11º ano concluído, um domínio perfeito da língua portuguesa, da infor- mática a nível de utilizador e uma sim- patia maior que os seus sonhos. Só falta alguém que apoie esta cabo-verdiana, que ainda apalpa o terreno em que pisa, na conquista desses novos sonhos. MP 8 Qualidade do ensino priv A qualidade do ensino praticada pela maioria das escolas privadas do nível secundário deixa muito a des vem comprovar o que há muito era uma suspeita. Do rol de 19 estabelecimentos privados, apenas qu Assomada (Santa Catarina). Elas aguardam agora a segunda fase de avaliação, que irá dec Muita polémica e contestação marcaram o lançamento, no início do ano lectivo 2003/ Por: PEDRO MIG 2004, do diploma legislativo que previa a avaliação do ensino secundário privado. Mais de um ano depois, terminada a primei- aprofundado de dados de carácter pedagó- ra fase do processo cujo resultado foi o gico”, como a análise de currículos, livros chumbo à maior parte das secundárias pri- de ponto, cadernos diários, ou através do vadas, as relações entre essas escolas, alu- acompanhamento directo de aulas. nos e Ministério da Educação ameaçam aze- Como patamar mínimo para serem con- dar, de novo. templadas com a isenção dos exames do 3º O processo remete-se a Outubro de 2003, ciclo, as escolas terão que obter uma classi- altura em que entrou em vigor a nova lei de ficação de, pelo menos, “80 sobre 100”, con- avaliação. Esse diploma, promulgado ainda forme os parâmetros estabelecidos pelo ME. durante o mandato do anterior ministro da Desta forma, diz Cláudia Silva, “podemos Educação, Victor Borges, previa que os alu- ter a de que as escolas que passam nos das escolas privadas, para concluir o 3º têm um nível de excelência”. ciclo, teriam que se submeter a um exame de A directora-geral do Ensino assegura, avaliação. Uma medida que, de acordo com ainda, que o final da segunda fase não im- a Directora-Geral do Ensino Básico e Secun- plica “de forma alguma” o término do pro- dário, Cláudia Silva, “estava já prevista na cesso de avaliação. Todas as secundárias anterior lei de avaliação”, não tendo sido, privadas continuarão a ser acompanhadas entretanto, cumprida. O novo decreto-lei res- pelas equipas de técnicos e inspectores, com salva, no entanto, que, mediante uma avalia- o fim de, no futuro, “adquirirem bases que ção a ser feita pela DGEBS e pela Inspecção lhes permitam alcançar um nível de auto- Escolar, poderia haver escolas que ficassem avaliação”. Cláudia Silva adianta, também, isentas, caso obtivessem uma classificação que os subsídios recolhidos neste processo, que as equiparasse, a nível administrativo e “poderão contribuir para uma futura revi- pedagógico, às escolas públicas. são do estatuto do ensino privado”. Embora prevista na lei, a avaliação das escolas secundárias privadas não foi feita no ANEP VERSUS MINISTÉRIO Sexta-feira, 11 de Março 2005 ano lectivo anterior, porquanto “o diploma foi publicado já em Outubro, o que não deu Em conversa com A Semana, tanto a As- A directora-geral do Ensino Básico e Se- “pelo menos com uma semana de antece- tempo para preparar a comissão de avalia- sociação Nacional de Escolas Privadas como cundário reage. Cláudia Silva explica que dência, da data dessas visitas”. ção”, explica Cláudia Silva. Passado um ano, a Direcção-Geral do Ensino Básico e Secun- nesta primeira fase as questões pedagógicas Questionada sobre se estes pré-avisos foi então constituída a equipa formada por dário mostraram uma preocupação constan- e administrativas tiveram, a nível quantita- não poderiam perverter a lógica do proces- técnicos e inspectores, que elaboraram um te em “não entrar em polémicas”. No en- tivo, um igual destaque, tendo sido exigido, so, dando tempo às escolas para camuflar guião de avaliação “delineado em função de tanto, as divergências existem. Em jeito de inclusivamente, “um maior rigor na avalia- eventuais aspectos menos positivos, aquela parâmetros estabelecidos na lei, referentes resposta e contra-resposta, lá vão avançan- ção das questões relacionadas com a quali- responsável assegura que essa não é uma ao regulamento e funcionamento das esco- do os descontentamentos e “perplexidades”. dade de ensino”. Silva reforça a sua argu- questão que a preocupa. “Não é numa se- las privadas e ao sistema de avaliação”, O mote é lançado pelo presidente da mentação, afirmando que “para além desta mana ou em 15 dias que a escola vai criar continua aquela responsável. ANEP que, embora encare “com naturali- maior exigência, havia ainda questões de as condições que não tem”. Porém, adianta Constituída a matriz que serviria de base dade” esta avaliação, mostra o seu descon- foro processual e administrativo que reme- que nesta segunda fase “vão ser feitas visi- à avaliação, a primeira fase do processo ar- tentamento pelo modo como a mesma está a tiam, também elas, para a área pedagógi- tas surpresa e entrevistas a professores e rancou a 27 de Dezembro de 2004, termi- ser conduzida. João Fernandes, que também ca, embora de uma forma mais indirecta”. alunos que servirão para confrontar com os nando em 14 de Janeiro último. Durante esse é director da escola privada , na Mas a ANEP não se fica por esta ques- dados recolhidos no primeiro momento da período de avaliação no terreno, equipas de Praia, centra as críticas nos parâmetros de tão. João Fernandes refere outros pontos que, avaliação”. duas pessoas visitaram todas as escolas se- avaliação previstos no guião elaborado pela na sua óptica, não terão corrido tão bem, No que respeita à criação de várias equi- cundárias privadas, focalizando o seu tra- DGEBS. Ele aponta que, na primeira fase como é o caso de escolas que terão sido avi- pas de avaliação, sobre a qual recaem as crí- balho em aspectos relativos às áreas admi- da avaliação, “foi dado uma maior ênfase à sadas “uns dias antes”, da visita da equipa ticas da ANEP, Cláudia Silva afirma que se- nistrativa e pedagógica. Terminadas as visi- parte burocrática e administrativa, em de- de avaliação, ou o facto de “não ter sido a ria “tecnicamente impossível, tendo em con- tas, procedeu-se, como explica Cláudia Sil- trimento da pedagógica”, contrariando, des- mesma equipa a visitar todas as secundári- ta o número e dispersão geográfica das es- va, “ao cruzamento das informações reco- ta forma, “as orientações que foram dadas as”, o que permitiria “fazer uma avaliação colas”, acrescentando ainda que “isso iria lhidas nas escolas, com documentos que numa reunião com o Ministério”. Para Fer- mais rigorosa, tendo em conta o factor de inclusivamente aumentar o risco de subjec- existem aqui no Ministério”. nandes, “os alunos não podem pagar por comparação”. Pontos críticos que, para a tividade decorrente da comparação”. “O Os resultados da primeira fase foram, en- uma eventual desorganização administrati- DGEBS, estão também fora de questão. guião foi feito segundo critérios pré-defini- tão divulgados, numa reunião entre a DGE- va das escolas”, uma vez que “a ausência Cláudia Silva afirma que a calendariza- dos e houve a coordenação e preparação das BS e os estabelecimentos envolvidos no pro- de uma acta ou de um relatório não interfe- ção das visitas “era do conhecimento ge- várias equipas, o que reduz o risco de ha- cesso. A avaliação ditou que das 19 escolas rem directamente com o rendimento de pro- ral”, tendo todas as escolas sido avisadas, ver dispersão a nível da linha orientadora sujeitas a avaliação apenas quatro passaram fessores e alunos”. à segunda fase, com vista a uma segunda filtragem. A Escola Padre Moniz, em Calheta - considerada nesta primeira fase a melhor escola secundária privada do país - Abro- Visão possíve lhos e Tecto Zero (Praia) e o Centro de En- sino da Assomada (Santa Catarina) vão ser A Escola Secundária de Abrolhos, na Praia, foi a segunda Questionada sobre qual o peso do factor financeiro no classificada na avaliação decorrente da primeira fase desse ins- funcionamento da Abrolhos, Lourdes Leal afirma que, “embo- agora sujeitas a uma nova avaliação, com trumento que o Ministério da Educação introduziu nas suas re- ra a escola seja um negócio não se pode vender o produto vista a decidir finalmente quais ficam isen- lações com o ensino privado. A directora deste estabelecimen- como quem vende pregos”. “Se é só por dinheiro que estou tas dos exames do terceiro ciclo. to afirma que “este é um resultado acumulado ao longo dos aqui vou ao comércio, porque em termos de rentabilidade esta Segundo a directora-geral de ensino, a lis- anos”. Lourdes Leal admite que as escolas privadas “são olha- área não justifica o esforço”, assegura. ta final das escolas contempladas pela medida das de lado”, mas assume-se em posição de “demonstrar que A directora da Abrolhos critica o que diz ser a “falta de de excepção prevista na lei sairá “no final do podemos ser uma alternativa credível a nível de ensino”. Sobre apoios do governo às privadas”, lançando em seguida a per- segundo trimestre”, após a análise dos resul- as razões que terão estado na boa classificação alcançada nes- gunta: “Se fecharmos a porta e entregarmos estes alunos ao tados decorrentes da segunda fase de avalia- ta fase, a directora aponta “uma boa organização, acompanha- Estado, o que é que ele vai fazer?”. mento e envolvimento dos professores” e a tentativa de inovar Com o intuito de ouvir a direcção de pelo menos uma es- ção que começará “nas próximas semanas”. na forma de ensino através “do recurso a meios modernos, como cola privada que não tenha passado à segunda fase, A Semana De acordo com a mesma responsável, o data show” ou “de instrumentos de ensino virtual”. fez os devidos contactos junto dos representantes das insti- será feito agora “um levantamento mais 9 vado abaixo do desejado sejar. A primeira fase da avaliação das referidas escolas acaba de ser feita pelo Ministério da Educação e uatro passaram ao teste: Padre Moniz (Calheta), Abrolhos e Tecto Zero (Praia) e o Centro de Ensino da cidir quem fica isento da realização dos exames do terceiro ciclo. A polémica está instalada. , assinala que conhe- ce quem o faça noutras escolas, que não a GUEL CARDOSO Alternativa. “Mesmo as 12 horas permitidas, a tempo inteiro, já prejudicam o rendimento esta questão “deverá ser, sem dúvida, abor- do professor”, que se vê obrigado a dar “au- dada aquando da próxima revisão do esta- las mecânicas, baseadas no que já sabe, sem tuto e regulamentação do ensino privado”. ter a preocupação de se actualizar”. Até porque, acrescenta, “esta é uma ques- Percepção diferente tem Auxília Spen- tão que prejudica tanto o ensino público cer, docente na escola S. Tomás de Aquino, como o privado”. que assegura desconhecer “casos de sobre- À semelhança de outros pontos concer- carga excessiva de horas lectivas”. No que nentes a esta matéria, a opinião da ANEP toca ao seu caso em concreto, esta profes- relativamente a este assunto é também to- sora de português afirma que dá aulas “ape- talmente divergente da DGEBS. João Fer-

nas a duas turmas”, para além das que tem 2005 de Março de 11 Sexta-feira, nandes afirma, categoricamente, “que nas sob a sua responsabilidade na Escola Pre- escolas privadas não há sobrecarga a nível paratória da Calabaceira, onde lecciona, tam- de horas de aulas”, uma vez que os profes- bém. No que se refere às condições de tra- sores “se trabalham de manhã na pública, balho proporcionadas pela S. Tomás de vêm para a privada à tarde, ou vice-versa”, Aquino, Spencer afirma que “são melhores tendo em conta a acumulação prevista na lei do que as que existem na Calabaceira”, ra- para o ensino público, que vai até às “12 zão pela qual acha “estranho” o facto desta horas semanais permitidas”. privada não ter passado à segunda fase. Mas o que dizem os professores? Aristi- des Lopes, um docente de português na Es- ALUNOS EM LUME BRANDO cola Abrolhos questiona se “o Ministério tem moral para exigir o que quer que seja dos O arranque de todo este processo, em professores”, no que respeita à acumulação Outubro de 2003, gerou, na altura, uma enor- de horas lectivas. O jovem docente, que lec- me contestação por parte dos alunos do 12º ciona também na Escola Amor de Deus, afir- ano. Lúcia Évora foi, então, uma das vozes ma que os contratos de um ano a que uma contestatárias das novas regras. Como mem- grande quantidade de professores estão su- bro do grupo de estudantes das privadas que jeitos, não dão a esta classe profissional “ne- organizou o protesto contra os exames do 3º da avaliação das escolas”, afirma. pâncias entre o que as privadas diziam que nhuma estabilidade”. Esta situação obriga- ciclo, esta ex-estudante da Alternativa es- tinham e o que têm, na realidade”. a, segundo o mesmo, “a aproveitar todas as panta-se com “a passividade com que os QUALIDADE DO ENSINO PRIVADO Impulsionado por estes pontos e contra- oportunidades que surjam”. Quando ques- alunos estão a assistir ao desenrolar do pro- pontos, o redemoinho argumentativo gira tionado sobre o lugar que o profissionalis- cesso, actualmente”. Na sua memória estão As divergências entre ANEP e DGEBS particularmente em torno dos professores, mo ocupa no desempenho da profissão, Aris- ainda bem vivas as manifestações, greves, e são notórias, também, no que respeita à per- actores do sistema de ensino acusados, mui- tides Lopes é peremptório: “O tempo em que encontros dos estudantes com o primeiro- cepção sobre a qualidade do ensino privado. tas vezes, de acumularem horas excessivas as pessoas trabalhavam unicamente por ministro e entidades do Ministério da Edu- Por um lado, João Fernandes afirma que as de trabalho, ao desdobrarem-se indefinida- gosto já lá vai”. cação, bem como a “incompreensão” por críticas sugerindo falta de rigor e algum faci- mente em aulas tanto em escolas públicas Uma opinião retomada por uma profes- nunca terem sido atendidos por Victor Bor- litismo nestas escolas “são uma questão fal- como privadas. sora da Escola Alternativa, que preferiu man- ges. No final, o exame acabou por não ser sa”; por outro, a referida directora-geral afir- Neste momento, apenas a lei do ensino ter o anonimato. Esta docente começou a dar realizado, após um encontro do ME com as ma que o recurso às privadas em Cabo Verde público estabelece as balizas máximas no aulas naquela escola “por uma questão de escolas, onde se verificou que não havia tem- ainda “não é uma escolha de qualidade”. que se refere à acumulação de número de dinheiro”, admitindo que “se não fosse por po para realizar as avaliações às escolas. Cláudia Silva fundamenta esta afirmação horas de ensino, fixando-as num máximo de isso, não viria para cá”. Porquê? “Porque Com o processo novamente em andamen- com base nas principais carências encontra- 12, por semana. No entanto, tal regulamen- representa mais trabalho, e porque a forma to, os alunos que estudam actualmente no 12º das durante a visita das comissões de avalia- tação não está prevista no ensino privado, como se trabalha neste sistema não dignifi- ano mostram-se apreensivos e prontos para ção às escolas, das quais destaca “a falta de ficando esta questão sujeita “à sensatez dos ca o professor”. Segundo a mesma, a “falta lutar pelo que dizem ser os seus direitos. An- material didáctico e de espaço para leccio- professores”, como afirma Cláudia Silva. de rigor que existe nas privadas”, torna di- tónio Carlos, estudante da Alternativa, uma nar e o recurso a casas alugadas” e, a nível “Nem sempre tem havido um correcto dis- fícil realizar “um trabalho bom a nível de das escolas que não passou à segunda fase, pedagógico, “a falta de coordenação entre cernimento neste domínio, o que leva alguns integração das componentes científica e mo- afirma que ele e os seus colegas estão “pron- as disciplinas e de registos de avaliação con- professores a ultrapassarem muitas vezes to- ral”. Esta constatação faz a professora afir- tos para recusar esta tremenda injustiça”. Se- tínua”. A experiência arrecadada nesta fase das as capacidades de ensino”. mar que “se fosse feito um exame aos alu- gundo o mesmo, “o exame devia ser feito por faz aquela dirigente afirmar não estar “muito Cinquenta e sete horas semanais, foi o nos dos dois sistemas, a maioria dos que todos os alunos de todas as escolas”, sob pena certa que as escolas privadas sejam as me- caso mais extremo de acumulação de horas passariam era da pública, onde a formação do acesso ao ensino superior se tornar “mais lhores, como afirmam continuamente”, adi- lectivas com que a directora-geral de Ensi- é, em geral, melhor”. fácil para uns do que para outros”. A seu ver, antando ainda que ao longo do processo de no já se deparou, e que a leva a afirmar que Embora “não acumule muitas horas de a realização deste exame por todos os alunos avaliação “foram encontradas muitas discre- a imposição de limites, no que se refere a aulas”, esta docente, que trabalha também no do 12º ano, público e privado, seria “uma ma- neira de fazer um tira-teimas”, e de “saber realmente se estamos assim tão mal prepa- rados como dizem”. el das escolas Por seu lado, Filomena dos Reis, tam- bém aluna da Alternativa, é de opinião que tuições. No entanto, todos se mostraram indisponíveis, ale- Os dados para já disponíveis apontam para a existência “cabe ao ME fiscalizar se as escolas priva- gando que, a conselho da ANEP, deveriam tomar uma posição de cerca de seis mil estudantes no ensino privado, um núme- comum. Contactada por este jornal, a direcção da ANEP afir- ro que se situa muito aquém do real, uma vez que, de acordo das têm condições para começar a funcio- mou que “não é altura de se dar a opinião sobre os relatórios com Barros, “a maior parte das escolas ainda não entregou a nar ou não”. A aluna assegura que, uma vez da primeira fase”, remetendo mais declarações para o final de relação de alunos”. Conforme os dados do GEP, o número to- “esclarecidos pela direcção da escola so- todo o processo, no término do segundo trimestre. tal de estudantes do secundário privado representa, a nível bre todo este processo”, os alunos “vão fa- As dificuldades aconteceram também a nível de informa- nacional, entre 10 e 12% dos alunos deste nível de ensino. zer uma reunião, já combinada há algum ções estatísticas. O atraso na entrega de dados do tipo ou a Embora não aponte dados estatísticos, “por impossibili- tempo, para ver de que forma podem lutar” indisponibilidade das escolas em facultar elementos sobre os dade”, Emanuel Barros avança que a maioria dos estudantes contra a decisão do Ministério da Educação. seus alunos dificulta, “a elaboração de informação estatística do privado apresentam idades superiores a 18 anos, registan- Em estado latente, o descontentamento sobre o ensino privado e os seus alunos”, de acordo com Ema- do-se “uma tendência para o aumento da frequência dos es- nuel Barros, técnico do Gabinete de Estudos e Planeamento calões etários menores”, correspondentes “aos que perderam dos alunos promete sair de novo às ruas. (GEP) do Ministério da Educação. o direito a frequentar o ensino público”. 10 Cidadania e Direitos Humanos opõem FECAP e Ministério da Educação

A Federação Cabo-Verdiana de Professores “os professores não sabiam de nada”, esse ma, “não haverá sobrecarga de horários, e o Ministério da Educação entraram em con- sindicalista realça que os únicos esclarecidos nem vai haver mais trabalho para os pro- Também Vera Duarte, presidente da CN- frontação há uma semana, aquando da reali- sobre esta matéria terão sido “os professores fessores”, garante. DHC, e uma das intervenientes no processo zação de uma conferência de imprensa por da escola SOS Capelinha, aquando de um en- Na sequência deste processo, será dispo- de integração curricular da cidadania e direi- parte da FECAP - Federação Cabo-Verdiana contro com as entidades educativas. Todas nibilizado, segundo a directora-geral de en- tos humanos, afirma o seu protesto relativa- de Professores. Na altura os sindicalistas as alterações que sejam feitas no sistema de sino, “material didáctico referente a esta mente às declarações do FECAP, defenden- apontaram, o dedo ao Ministério da Educa- ensino são implementadas pelos professores, questão”, bem como facultada “formação aos do que “não corresponde à verdade que os ção pelo facto deste querer inserir no pro- por isso eles devem estar por dentro, e dar a professores”, no sentido de os capacitar de professores não tenham sido auscultados”. grama curricular as componentes de cidada- sua opinião sobre a evolução deste sistema”. uma forma mais concreta e sistemática para Segundo a mesma, “assim que as equipas fo- nia e direitos humanos. Afirmando não se Por sua vez, a directora-geral do ensino a exteriorização destas componentes, na sala ram constituídas, começaram-se a fazer reu- opor a esta integração de conteúdos, a FE- básico e secundário, Cláudia Silva, rejeita a de aula. niões com os professores do pré-primário, Sexta-feira, 11 de Março 2005 CAP quis, contudo, demonstrar o seu des- posição da FECAP, afirmando que a DGE- Esta acção enquadra-se na política de primário e secundário, que ainda decorrem”. contentamento pela forma como o processo BS está “ainda a fazer a ronda de ausculta- educação que nos últimos tempos tem inse- Para além disso, a presidente da CNDHC, estava a ser conduzido, e com o subsequente ção aos professores”, ao mesmo tempo que rido nos currículos matérias relativas a te- aponta que durante o I Encontro Internacio- aumento da carga horária dos professores. prossegue um trabalho com consultores no mas como a saúde escolar e reprodutiva ou nal dos Direitos Humanos, ocorrido nos dias A resposta do ME na passada segunda- sentido de encontrar os melhores conteúdos a sensibilização para o uso do português. Isto 15 e 16 do mês passado , o projecto foi inclu- feira, pela voz do seu secretário-geral, refu- a serem integrados e a forma mais adequada com o objectivo de “desenvolver habilida- sivamente apresentado aos consultores, ao tava estas críticas, afirmando que não ia ha- de o fazer. “Ainda não está nada definido”, des nas crianças e adolescentes, através da ME e aos professores, que “o avalizaram”. ver nenhuma sobrecarga horária, e que os pro- sublinha. sensibilização para estas questões”, afirma Vera Duarte adianta que a formação dos pro- fessores estavam já a par das mudanças que Claúdia Silva vinca, ainda, que cidada- Cláudia Silva. Esta responsável conclui que, fessores no âmbito desta temática avançará iriam ocorrer a nível curricular. nia e direitos humanos “não constituirão no âmbito deste processo, será também fei- “já em Abril”. João Pedro, líder da FECAP, reafirmou, uma disciplina isolada”, representando, an- ta uma revisão da disciplina de Formação Pedro Miguel Cardoso entretanto, a A Semana as críticas lançadas tes, “conteúdos que vão ser introduzidos nos Pessoal e Social. ao processo, defendendo que “a cultura da currículos, de uma forma transversal”, com paz e cidadania deve ser integrada, mas não vista “ao reforço destas componentes na for- A INDIGNAÇÃO DE de uma forma atribulada”. Afirmando que mação das crianças e dos jovens”. Desta for- VERA DUARTE

SINDEPameaçaameaça paralisarparalisar aulasaulas

O Sindicato Nacional dos Professores ameaça parali- te ano para o efeito. “Esta situação condiciona a progres- entrevistado de A Semana, sem contar com os encargos sar as aulas em vários estabelecimentos de ensino básico, são, promoção e resolução da carga horária desses profes- para os mais de 200 outros docentes, que vão ser reclassi- caso o Ministério da Educação continue por resolver as rei- sores do IP, desde 2001. O SINDEP aguarda uma resposta ficados em 2005. “Autorizámos o subsídio de carga horária vindicações dos professores do Instituto Pedagógico, como positiva do governo, pois, caso contrário, a paralisação das para 363 professores, o equivalente a 21 mil contos. Vamos sejam a progressão na carreira, a retoma do curso intensivo aulas a nível do ensino básico será fatal”. transitar para novas categorias, no quadro da implementa- da formação em exercício e um estatuto próprio para os O dirigente da dita organização sindical filiada na UNTC- ção do Estatuto do Pessoal Docente, 463 professores de mesmos. O Secretário-Geral do MEVRH rebate, afirmando CS exige ainda a implementação de um curso intensivo para ensino básico e secundário, cujo encargo financeiro se apro- que as questões existem, mas não na dimensão que vêm os citados professores, a quem falte fazer uma ou duas dis- xima dos 65 mil contos. Vão ser também nomeados, com sendo apresentadas. Segundo a mesma fonte, que os mais ciplinas para completarem, ainda no presente ano lectivo, a dispensa de concurso, 106 professores do EB e 165 do ES”. de 200 professores que faltam ser reclassificados serão con- primeira e a segunda fase da formação em exercício. “Mas Octávio Tavares assegura que o MEVRH tem todo o in- templados no decurso deste ano lectivo e apela aos activis- não há mostras de qualquer reacção positiva do ME a esse teresse em aprovar o estatuto do pessoal do Instituto Peda- tas sindicais a terem uma perspectiva mais global na solu- respeito”, contesta Nicolau Furtado, que exige a retoma ur- gógico, cuja proposta está sendo melhorada pela comissão ção dos problemas. gente das negociações. criada para o efeito, depois desta ter sido debatida pelo IP, O presidente do SINDEP reclama, por seu lado, que as Posição bem diferente tem o MEVRH sobre as reivindi- SINDEP e governo. “Decidiu-se pela melhoria do diploma. reivindicações acima referidas carecem de soluções urgen- cações em causa. Conforme o seu secretário-geral, as ques- Na próxima semana tenho previsto um encontro com a IP a tes por parte do governo. Nicolau Furtado denuncia que do- tões existem, mas não da forma como elas vêm sendo colo- fim de apreciar a versal final do projecto, após o qual será centes formados em Março e Julho de 2004 no Instituto Pe- cadas. Octávio Tavares adverte, por um lado, que professo- posto no circuito da aprovação”. dagógico estão ainda à espera do enquadramento devido. res e activistas sindicais precisam de ter uma perspectiva Sobre a formação em exercício, aquele responsável do “Isso é inadmissível, porquanto são professores que faziam mais global na resolução dos problemas que traga outros MEVRH esclarece que o IP fez exames de avaliação, tendo parte do sistema educativo e foram formados no IP, razão ganhos e, por outro lado, este caso requer mobilização de alguns professores concluido o referido curso e outros não. pela qual se sabia de antemão que deviam ser promovidos meios financeiros avultados. “A iniciativa pode também partir dos interessados que pre- para a categoria de professores do ensino básico de refe- O SG exemplifica que o MEVRH tem uma verba de 152 tendem concluir esses cursos, bastando para tal requerer rência-7, escalão A.”. mil contos para recrutar e reclassificar professores durante ao IP que a avaliação sob forma de exame nas disciplinas Furtado acrescenta que os mesmos professores recla- este ano lectivo. Mas Tavares salienta que só os 253 pro- em falta, seja aprovada e obtenham a respectiva certifica- mam um estatuto próprio, num processo iniciado desde 1988, fessores do EB e ES, já reclassificados, representam um ção”, conclui o SG do MEVRH. mas o ME nem sequer contemplou uma verba no OGE des- esforço financeiro de cerca 50 mil contos. Isto, prossegue o ADP TV BRITÂNICA divulga os 20 maiores destinos turísticos 11

De uma lista de 20 países, Cabo Verde foi eleito o décimo segundo melhor sítio do mundo para os britânicos comprarem casas de férias no estrangei- ro. A distinção pertence ao “Channel Four” da televisão britânica, no programa sobre viagens “A Place in the Sun” (Um lugar ao Sol). O anúncio surpreendeu alguns nacionais, já que o nosso país foi descrito como as “novas Ilhas Canárias”, um lugar quase virgem, de terrenos baratos e detentor de um plano de investimento de milhares de libras. Para o presidente da Cabo Verde Investimentos, Paulo Monteiro, tal facto terá impacto positivo no

desenvolvimento turístico destas ilhas, pelo que o Sexta-feira, 11 de Março de 2005 de Março de 11 Sexta-feira, governo deverá criar as condições para satisfazer essa procura, agora localizada na Grã Bretanha. Cabo Verde eleito o 12º melhor do mundo

Empresários nacionais do sector de cons- escolha de terrenos novos e baratos e mentos nos sectores de energia, água e ção da dita sondagem, toda a região de trução civil estão surpreendidos com o um plano de investimentos de muitos tratamento de resíduos sólidos e líquidos, Algarve registava um aumento sem pre- anúncio, segundo o qual os britânicos milhares de libras, que deve trazer o de forma a criar as condições para uma cedentes de pedidos de informações, elegem Cabo Verde como o décimo se- turismo de massas para as suas espec- política nacional do turismo sustentável. tanto por parte de compradores como gundo melhor lugar do mundo onde po- taculares costas”. O presidente de CI acrescenta, ain- dos vendedores de casas. dem construir ou comprar casas de féri- O site referido destaca que os men- da, que a eleição de Cabo Verde como o A cidade do Cabo, na África do Sul, as no estrangeiro. A notícia foi recente- tores do Canal 4 da TV britânica dizem 12º melhor sítio do mundo para investi- ficou em segundo lugar. Esta é descrita mente divulgada no site www.essencial- crer que Cabo Verde é um dos sítios do mentos no sector da imobiliária não o sur- pelo mesmo programa como um dos mer- algarve.com, mas a distinção foi torna- mundo que permanece ainda quase vir- preendeu. É que, segundo Monteiro, um cados imobiliários mais activos do mun- da pública em Janeiro deste ano, atra- gem e está preparado para ser descober- diplomata africano lhe confidenciou, re- do e uma cidade onde reina um senti- vés do “Channel Four” da televisão bri- to. Mas “A Place in the Sun” salienta que centemente, que Cabo Verde tem as van- mento de bem-estar. Tem uma varieda- tânica, no programa sobre viagens “A a actual falta de infra-estruturas moder- tagens da África sem estar em África, so- de de terrenos a preços muito baixos, Place in the Sun”. nas no país implica que vai necessitar de bretudo por ser um país onde reina a paz 86.000 euros. Apenas pelo perigo asso- O impacto de tal distinsão poderá, na algum tempo até atingir o seu potencial. e a estabilidade política. Isto sem contar ciado ao risco de crime na região, a ci- perspectiva de empresários cabo-verdi- com a raridade da sua cultura, o seu ex- dade do Cabo não atingiu o primeiro lu- anos, reforçar a imagem positiva do nos- CI E OS 20 MELHORES celente clima durante todo o ano e por gar no “ranking” dos 20 melhores do “A so país junto da comunidade internacio- estar perto da Europa, bastando cinco Place in the Sun”. nal. É que, segundo revelam os autores Que impacto poderá tal distinção vir horas para ligar, via aérea, com a cidade Logo depois da capital sul-africana e do citado programa, de uma lista de 20 a ter no desenvolvimento turístico naci- de Paris, França. até à décima segunda posição ocupada por melhores regiões do mundo onde britâ- onal? Para presidente de Cabo Verde In- De acordo com o site essencial- Cabo Verde, ficaram os seguintes países nicos compram propriedades, Cabo Ver- vestimentos (CI), a notícia é um sinal algarve.com, dezenas de candidatos fo- ou regiões: Turquia, Eslovénia, Região de de ficou em 12º lugar, batendo assim um positivo para futuros investimentos tu- ram analisados e os três critérios foram Limousin (França), Bulgária, Teruel (Es- número apreciável dos principais desti- rísticos a serem realizados nestas ilhas. aplicados a milhares de imóveis, antes panha), Croácia, Chipre, Normandia nos turísticos internacionais, como são “A eleição de Cabo Verde como o 12º da lista dos 20 melhores do “A Place in (França) e Barcelona, em Espanha. os casos de Toscânia (Itália), Costa del melhor sítio do mundo onde os britâ- the Sun” ter sido feita. Mas batendo os De referir que um dos candidatos aos Sol (Espanha), Austrália e Nova Zelân- nicos podem comprar casas de férias outros 19 concorrentes e arrecadando o 10 melhores do Canal 4 era a Flórida. Esta dia, Flórida (EUA), Marraquexe (Mar- no estrangeiro terá um impacto positi- primeiro lugar, a região portuguesa do foi descrita no programa como uma das rocos) St.Kitts e Nevis (Caraíbas), Rivi- vo em termos de investimentos exter- Algarve é vista pelos britânicos como um regiões preferidas das famílias. Este Es- era Francesa e Dubai. nos futuros no país, porque sabemos destino de praia perto de casa. tado norte-americano onde o sol brilha De acordo com a mesma fonte, dife- que há uma procura localizada na Grã- A sondagem realizada pelo “Chan- sempre, tem sido, de acordo com as fon- rentemente do que aconteceu com as mais Bretanha. Mas vamos ter que criar con- nel Four” descreve que o Algarve está tes que vimos citando, o primeiro destino de três dezenas de países referenciados, dições, em termos de oferta, para satis- dotado com alguns dos melhores cam- de longo curso para os cerca de 18 mil Cabo Verde satisfez os três critérios defi- fazer essa procura”. pos de golfe da Europa e abençoado pelo britânicos que aí compraram mais de 100 nidos: Dinheiro, quanto vai gastar e se vale Paulo Monteiro acrescenta que a es- sol, praticamente todo o ano, assim pre- mil imóveis no ano passado. “Mas a Fló- o mesmo dinheiro que gastou? Sentido colha de Cabo Verde pela TV inglesa vai enchendo facilmente os requisitos da fór- rida foi vítima do seu próprio sucesso, prático, quais são os prós e os contras de dar mais alento e energia às autoridades mula criada pelo citado canal televisivo. sendo cada vez mais difícil encontrar imó- comprar neste local? O potencial, será ou nacionais, na perspectiva de vencer o de- A região dispõe, conforme os mesmos veis de primeira categoria para arrendar. não um bom investimento? safio de criar uma infra-estrutura de clas- dados, de uma boa folha de serviços e Acrescente-se ainda o custo dos prémios A lista de “A Place in the Sun” con- se mundial em todas as ilhas, o qual pas- um grande potencial, a todos os níveis. de seguros das casas que têm vindo a au- fere, assim, esta surprendente distinção sará pelos mecanismos de investimentos, “O A Place in the Sun referiu que, em mentar exponencialmente (os furacões ao nosso país. “Em 12º lugar, Cabo Ver- particularmente através da parceria pú- Albufeira, uma moradia com piscina são uma ameaça anual) e não será de de foi descrito como ‘as novas Ilhas blico-privada. Tudo com o propósito de partilhada pode ser adquirida a partir admirar que apenas tenha logrado obter Canárias’. Os espectadores ficaram a se conseguir financiamentos rápidos de de 143.000 euros, enquanto que, mais o 16º lugar na lista”, conclui a sondagem conhecer a existência de grandes prai- marinas ou portos de “plaisance”, casi- para oeste na costa, pode custar cerca do “Channel Four”. Melhor para Cabo as, surf fantástico e clima fabuloso e, nos e meios de transportes rápidos inter- de 150.000 euros”, refere a nossa fon- Verde, este lugar ao sol. mais dirigido aos especuladores, uma ilhas, clínicas de saúde-além de investi- te, para quem, na sequência da divulga- Alírio Dias de Pina 12 ELECTRA

O governo de Cabo Verde solicitou a medi- ação do Banco Mundial para ajudá-lo a ultrapassar os constrangimentos que continuam a ser colocados pela Electra, em matéria de produção e distribuição de água e electricidade. Este é o mais novo capítulo nas já atribuladas relações entre o executivo de José Maria Neves e aquela empresa, numa altura em que se volta a falar de ruptura entre as duas partes. Governo, impotente, pede socorro ao Banco Mundial

A informação de que a Cidade da Praia so- No caso da TACV, as responsabilidades, tos do preço dos combustíveis que se têm vin- tado Alexandre Monteiro, do MpD, uma nota licitou a mediação do Banco Mundial para segundo aquele governante, são repartidas do a verificar no país desde que foi privatiza- na qual contesta uma informação saída na ajudá-la a resolver o problema da Electra com o Banco Mundial, ao passo que em re- da. Ela acusa ainda os municípios, que são edição anterior sobre a Electra. Diz ele que, foi tornada pública esta semana pelo mi- lação à Electra, apesar de privatizada desde accionistas também da empresa, de não esta- contrariamente ao que afirma este semaná- nistro das Finanças e do Planeamento du- 1999, o seu desempenho continua longe do rem a cumprir os seus compromissos finan- rio, “em 2000 não houve qualquer aumento rante a abertura das conversações com o desejado, tanto do ponto de vista dos con- ceiros nos domínios da água e da iluminação de preços dos combustíveis, pois o Governo Fundo Monetário Internacional, na Praia. Ao sumidores, como do Estado de Cabo Verde. pública. Esta situação levou a Electra, por de então subsidiava os custos de produção discursar no acto, que marca o início da mis- Ainda em relação à TACV, A Semana sou- exemplo, a tomar medidas em relação à Agua- de energia, com o argumento de evitar a são que o FMI realiza desde 2002, todos os be que o resultado do concurso ganho por brava, no Fogo. transferência directa do choque petrolífero semestres, a Cabo Verde, João Serra reco- uma empresa europeia para sanear a com- Em contrapartida, a Electra é também para a economia nacional”. nheceu a existência de problemas nesse dos- panhia aérea cabo-verdiana foi contestada acusada de estar a obstaculizar o desenvol- Monteiro sublinha, entretanto, que o dé-

Sexta-feira, 11 de Março 2005 sier, oficializando assim o descontentamen- por uma adversária norte-americana, aca- vimento do sector a que está ligada ao não fice tarifário que hoje opõe a Electra ao go- to existente no seio do governo em relação bando por atrasar a sua privatização. Assim, realizar o seu programa de investimentos. verno “resultou, sim, dos sucessivos aumen- à Electra e que este jornal deu conta na sua em vez deste ano, só em 2006 é que a TACV Aliás, à semelhança do FMI, encontra-se tos de preços dos combustíveis efectuados edição anterior. será alienada. neste momento em Cabo Verde uma missão pelo actual Governo, que impediu adminis- “As negociações com a Electra não co- E quanto à Electra, é o que se sabe. Nas do Banco Mundial que tem em mãos o Pro- trativamente o seu impacto imediato nos pre- nheceram progressos desejados”, disse, pre- últimas duas semanas por todo o país ecoa- grama Energia, Água e Saneamento, que ços de electricidade e água e consequente- to no branco, aquele governante. “Mas a mis- ram notícias de problemas existentes tanto a ainda só não arrancou efectivamente por fal- mente para a ELECTRA a absorção dos cus- são do Banco Mundial que se encontra neste nível da água como da electricidade, o que ta de alegada comparticipação financeira da tos sociais e económicos dessa medida”. Daí momento em Cabo Verde está em vias de pro- por si comprova a incapacidade daquela uni- Electra. não corresponder à verdade a afirmação in- por um compromisso que poderá ser aceitá- dade em cumprir as suas obrigações para com Curiosamente, no momento em que se serta no artigo de A Semana de que em 2000, vel para ambas as partes. Contudo, o gover- os seus clientes. encontra na boca do povo pelas mais varia- “depois de um aumento dos combustíveis, a no tem respeitado os compromissos de não Para ultrapassar o problema da Electra, das razões, a administração da Electra tem- Electra quis aumentar as tarifas e não foi au- financiar as despesas correntes nem da TACV A Semana apurou que a Cidade da Praia so- se mantido em silêncio. Esse facto é inter- torizada pelo Estado e, como consequência nem da Electra”, foi dizendo. licitou ao Banco Mundial os seus “bons ofí- pretado como mais um sinal de descaso dos apresentou mais tarde, ao actual governo, A TACV e a Electra foram apontadas por cios” no sentido de ajudá-la a encontrar uma seus responsáveis em relação aos consumi- uma factura de cerca de 20 milhões de dóla- João Serra como exemplos dos problemas que “resolução construtiva” do diferendo que a dores cabo-verdianos, que volta e meia vêm- res, quase o preço que o consórcio ADP/EDP a Cidade da Praia tem enfrentado no capítulo opõe à Electra, concretamente em relação ao se desprovidos de água ou de electricidade, adquiriu a empresa”. das privatizações. Se em relação à Arca Ver- “défice tarifário”. sem que esse quadro tenha dia de mudar. Este jornal aproveita também para corri- de, Interbase, Enapor e Emprofac o processo Como é também do domínio público, a gir que os 20 milhões de dólares acima refe- encontra-se, mais ou menos, nos carris, o empresa exige uma compensação financeira MpD faz rectificação ridos são quase a metade daquilo que o con- mesmo não se pode dizer em relação à TACV por não ter sido autorizada a aumentar as suas sórcio ADP/EDP pagou pela Electra e não e até mesmo a Electra. tarifas, como forma de responder aos aumen- Entretanto, este jornal recebeu do depu- metade como se diz no mesmo texto. TACV prepara “Novo Sistema de Gestão de Pessoal”

A transportadora aérea cabo-verdiana está a conta as questões salariais e o alargamento dos preparar um novo sistema de gestão do seu pes- horários, este que tanta polémica despoletou nos soal, visando harmonizar o relacionamento laboral últimos tempos”, revela a nossa fonte, sem preci- na empresa e evitar situações como a que levou o sar uma data provável para o início das discus- Pessoal Navegante e de Cabine a realizar uma gre- sões públicas do mesmo e a sua oficialização. ve e que foi seguida de uma requisição civil decre- Estas e outras novidades contidas nesse draft tada pelo governo. Uma primeira proposta do do- do novo sistema de gestão do pessoal da TACV, cumento, considerado complexo por uma fonte da que já está na posse dos sindicatos, antecipam, de TACV, já foi entregue aos parceiros sociais, os sin- acordo com a nossa fonte, os novos desafios que a dicatos, para efeito de análise e parecer. TACV vai enfrentar nos próximos tempos, nomea- Ao que tudo indica, o Conselho de Administra- damente o “Céu Aberto”, que passará pela dilata- ção quer que esse novo sistema de gestão do seu ção da carga horária e a atribuição da respectiva pessoal seja um trabalho feito em conjunto com os compensação financeira considerando, como não sindicatos em que estão filiados os seus trabalha- podia deixar de ser, a vertente competitiva que a dores, daí a recusa em falar do mesmo, antes de empresa tanto busca. “As partes vão ter de ceder e recolher as contribuições desses representantes. aceitar condições não tão vantajosas como as que “Trata-se de um documento bastante abrangente, os PNC exigiam, por exemplo, porque dentro em isto é, não é apenas para resolver as reivindica- breve teremos mais companhias aéreas no merca- ções do Pessoal Navegante e de Cabine. Vai abar- do a competir directamente com a TACV”. car todos os funcionários da empresa e terá em CP RIBEIRA GRANDE 13

Quinze famílias residentes na Fajã de Tanque, Santo Antão, beneficiam de um projecto de reconversão da agricultura de sequeiro. Uma iniciativa da Associação Vale Verde, apoiada pelo Ministério do Ambiente, Agricultura e Pescas, com o propósito de aumentar a produção hortícola naquela localidade da Ribeira Grande, a fim de fornecer o mercado local e exportar.

Reconversão agrícola 2005 de Março de 11 Sexta-feira, em Fajã de Tanque

A intenção dos promotores da iniciati- garantir a assistência técnica durante a im- reservatório decorrem a bom ritmo. E, con- ciação Vale Verde reformulou o projecto e va é transformar cerca de três hectares de plementação do projecto, bem como de co- forme uma fonte do MAAP, os 15 benefici- resolveu aproveitar a água das represas da terreno onde até ao momento se pratica locar toda a tubagem condutora da água até ários têm aderido com bastante entusiasmo Ribeira de Duque para irrigar aquelas par- agricultura de sequeiro, dependendo do à fronteira de cada parcela. ao projecto, que se destina a aumentar a pro- celas. E graças a recursos provenientes de ciclo das chuvas, em pequenas parcelas ir- Só que a partir dessa entrega à frontei- dução de hortícolas e frutícolas naquela lo- vários parceiros, o projecto já está bem en- rigadas através das inovações tecnológicas. ra, o resto do trabalho ficará sob responsa- calidade do interior da Ribeira Grande. caminhado. Na verdade, essas parcelas serão regadas bilidade de cada beneficiário. Ou seja, se- De referir que essa reconversão da agri- Deve-se realçar, entretanto, que a água com a água das represas de Ribeira de Du- rão os donos das parcelas a colocarem toda cultura em Fajã de Tanque foi iniciada na das represas de Ribeira Duque não benefi- que e estarão vocacionadas essencialmen- a rede de distribuição de água nas suas pro- década de 70 do século passado. Naquela ciou apenas os 15 agricultores de Fajã de te para a produção hortícola e frutícola. priedades. “Esta é a forma deles comparti- altura construíram-se um reservatório - o Tanque. Os proprietários dos terrenos da O MAAP vai fornecer não só todos os ciparem neste projecto, cuja iniciativa par- mesmo que agora está sendo restaurado - e margem esquerda de Ribeira Duque, que já equipamentos para trazer a água das repre- tiu da Associação Vale Verde, mas que o Mi- um poço para fornecer água à localidade. tinham parcelas irrigadas, viram também au- sas até ao reservatório situado em Fajã de nistério de Agricultura apoiou desde o pri- Só que não se arranjou uma motobomba mentada a disponibilidade de água para a Tanque, mas também os cabeçais, os fil- meiro momento”, realça a delegada do para fazer a água chegar às parcelas agrí- agricultura nos últimos meses. Deste modo, tros e outros acessórios indispensáveis para MAAP em Santo Antão, Rosa Rocha. colas e aquele programa caiu em esqueci- o intervalo de tempo entre uma rega e outra a rega localizada. Além disso, o Ministé- Os trabalhos para a colocação de três mil mento. diminuiu e isso favoreceu a produção agrí- rio da Agricultura encarregar-se-á ainda de metros de tubos e recuperação do antigo Cerca de três décadas depois, a Asso- cola nessa zona. João Almeida Medina

BARRAGEM DE POILÃO Obras ainda a meio gás As obras para a construção da Bar- fazer as necessidades de água para a agricul- ragem de Poilão, três meses depois tura, os chineses não deixam os seus créditos do lançamento da primeira pedra, en- agrícolas em mãos alheias. Sem perda de tem- contram-se ainda em fase da funda- po, esses cidadãos asiáticos ligados ao empre- ção. Segundo o responsável da obra, endimento garantem o seu próprio abasteci- Zhang, dentro de um mês o ritmo será mento em alguns produtos agrícolas através da outro: entrarão em acção mais cerca lavoura. Batatas, cebolas, repolhos, couves, to- de 100 operários, juntando-os aos 70 mates são alguns géneros explorados por eles já contratados para fazer avançar a nos seus tempos livres. Pelo que A Semana con- construção que “estará pronta no final seguiu observar, a horta está bem recheada e deste ano”. viçosa. Por isso, um cabo-verdiano que se en- Em Poilão, localidade escolhida de contrava no local, não esconde a sua admira- Santa Cruz para a primeira barragem ção: “Se os chineses trabalham como cultivam de Cabo Verde, a produção ainda está a terra, a construção da barragem está bem en- a meio gás. Os técnicos e os operári- tregue”. os contratados, entre chineses e cabo- Segundo um técnico chinês, o trabalho agrí- verdianos, ainda estão às voltas com cola “é temporário”, explicando que “com o explosões de dinamite nas rochas e avanço da obra teremos que nos desfazer da escavações com máquinas, abrindo horta, uma vez que se encontra localizada bem assim caminho e conquistando espaço para aquela in- milhão de m3 de água, o que irá permitir o aumento em no local que a barragem vai ocupar”. fra-estrutura. 68 hectares a área irrigada a jusante, somando um to- Com a obra ainda em fase de fundação, e enquanto Orçada em quatro milhões de dólares, a futura bar- tal de 200 hectares de área irrigada. Uma vez concluí- não chegam mais reforços, os chineses ainda têm tem- ragem de Poilão é inteiramente financiada pela Repú- da, ela deve beneficiar toda a população de Santa Cruz, po para trabalhar na horta, e, mesmo assim, mostram- blica Popular da China e estima-se que vai contribuir que trabalha directamente da terra. Por enquanto ape- se optimistas quanto ao futuro da barragem e dizem-se para o aumento da produção agrícola e o rendimento nas cerca de 70 operários estão no terreno, mas dentro confiantes de que daqui a uns meses a barragem de das famílias, combatendo assim a pobreza de forma de um mês outros 100 deverão juntar-se a este grupo, Poilão vai passar a ser realidade, consoante o prazo sustentável e duradoira na zona de Santa Cruz. podendo o número atingir os 200. previsto de 10 a 12 meses. A barragem vai ter capacidade para armazenar 1,7 Enquanto não há barragem nem chuva para satis- Aidê Carvalho 14 QUALIDADE DE SISTEMAS DE SAÚDE PERANTE GRAVIDEZ E PARTO Evidências locais e intervenções adaptadas

No mês dedicado às mulheres, gestores e técnicos da área de Saúde Reprodutiva de Santo Antão, São Vicente e São Nicolau apresentaram, no Hospital Baptista de Sousa, os resultados de um estudo que pretende aumentar a “qualidade de sistemas de saúde perante a gravidez e o parto”. Foi a terceira prova desta investigação, que já está na sua fase final, e que envolveu técnicos da Europa e Cabo Verde. A realização do encontro para a apresentação do estudo permitiu aos técnicos fazer uma avaliação antecipada do seu impacto nos indicadores da saúde materna e recomendar o emprego de novos instrumentos e condutas a nível nacional.

O estudo “Qualidade de sistemas de os seus resultados para a realidade cabo- ção são muito saúde perante a gravidez e parto” foi rea- verdiana, mas construir a partir dele um satisfatórios. lizado em três países - Cabo Verde, Tan- modelo de atendimento aplicável em qual- A partir de zânia e África do Sul - e contou com a quer ponto de Cabo Verde. agora, e participação do Instituto de Pesquisa de Ernesto Rocha mostra-se confiante graças ao Saúde Internacional de Estocolmo (Sué- nesse estudo, tendo em conta as propos- Caderno cia) e do Departamento da Higiene Tropi- tas de implementação de alguns elemen- AISM, as cal e Saúde Pública (Alemanha). Surgiu, tos que pretendem melhorar o sistema de mulheres segundo os seus autores, da necessidade saúde a nível da gravidez e do parto. A estão a ser de introduzir melhorias na saúde mater- título de exemplo, aquele profissional da vistas de for- na, tendo como base as evidências ou mei- saúde destaca a utilização de um novo Li- ma integrada. os locais. vro de Parto. “O Livro do Parto vai-nos Ou seja, não Ainda não está completo mas, frisa o permitir fazer uma melhor estatística e uma mulher en- ginecologista Ernesto Rocha,entusiasta do avaliação dos partos. Elaborámos ainda quanto grávida, que projecto, este trabalho já foi apresentado um Partograma, que facilita o seguimen- vai ao PMI para buscar na região da Macaronésia (Junho 2004), to mais cronometrado e controlado do contraceptivos ou quando faz

Sexta-feira, 11 de Março 2005 na ilha de Santiago (Dezembro), e em parto e um Caderno de Atenção Integral uma consulta isolada. Estamos a Angola (Janeiro). Na sexta-feira, 04, a à Saúde da Mulher (AISM), que veio subs- ter uma visão integral e contínua da equipa que realizou o estudo reuniu-se em tituir tradicional cartão da grávida”. mulher cabo-verdiana”. São Vicente para avaliar o seu impacto nos Rocha salienta que, ao invés de se ela- Esses dados e informações, de indicadores da saúde materna e a adequa- borar um cartão para cada gravidez, faz- acordo com Pitt Reitemaier, resul- ção dos instrumentos e condutas em Cabo se um caderno que contém, para além de tam de um trabalho que vem sendo Verde. dados relativos à gravidez, informações realizado há três anos e que contou O impacto e as falhas do estudo, os sobre as consultas pós-parto, planeamen- com a participação de médicos, enfermei- adaptam à realidade existente”, frisa Reit- instrumentos novos, nomeadamente o ca- to familiar, prevenção contra o cancro do ros, gestores e técnicos da área da Saúde maier. derno de Atenção Integral à Saúde da Mu- colo, exames ginecológicos, etc. Reprodutiva e mostram que hoje se pode E numa altura em que se começa a ava- lher (AISM) e os kits de emergência fo- Para se chegar a esses instrumentos - produzir evidências a nível da Saúde re- liar a sua eficácia no contexto local, ob- ram avaliados e aceites para proposta de livro do parto, partograma e caderno de produtiva em Cabo Verde. “Iniciámos esse serva aquele especialista, é hora de se implementação a nível nacional, em pa- AISM -, sublinha Rocha, foi preciso ana- estudo com o objectivo de encontrar so- questionar se a atenção dispensada ao pré- ralelo com o partograma e o livro de re- lisar os antigos registos, fazer novas pro- luções e instrumentos localmente adap- natal dá resultados e se reduz o risco. Ou gisto de partos. Para Pitt Reitmar, do De- postas e criar novas ferramentas. “Já co- tados na identificação das prioridades, ainda, até que ponto se pode fazer melhor partamento de Higiene Tropical da Ale- meçámos a implementar esses instrumen- percepção dos problemas, mas também e se há acções feitas que estão mal docu- manha, o que se pretende com esse traba- tos nas ilhas de Santo Antão, São Vicente baseado numa evidência local, na nossa mentadas ou que se perdem logo que são lho não é transportar de forma mecânica e São Nicolau e os resultados e a aceita- percepção, à procura de soluções que se produzidas. Constânça de Pina

FETO VIVO NA MORGUE DO “BAPTISTA DE SOUSA” Acto de suposta negligência

O caso do feto colocado vivo na morgue do Hospital Com base na lei, quem, por negligência não grossei- Segundo Emily Santos, este caso não retrata o estilo Baptista de Sousa poderá configurar um caso típico de ra, provocar a morte de outra pessoa, pode ser conde- de funcionamento do hospital de S. Vicente. Por isso negligência médica, segundo a opinião de dois juristas. nado a pena de até três anos de prisão ou a pagar uma espera ter em mãos o resultado do inquérito até o final Contudo, ambos advertem que há níveis jurídicos dife- multa. No entanto, se ficar provado que a negligência foi desta semana, para depois agir disciplinarmente contra rentes para esse tipo de acto e que a negligência não intencional, a sentença a ser determinada deverá oscilar os eventuais culpados. implica, obrigatoriamente, a prática de um comportamen- entre um e cinco anos de cadeia. Aliás, os dois juristas citados acreditam que o casti- to criminoso. Uma das principais dificuldades nesse género de si- go mais provável para os implicados será mais de foro “O conceito de crime pressupõe a prática de um acto tuação, segundo outro jurista, reside em determinar o disciplinar do que criminal. No entanto, defendem quer voluntário, embora haja crimes involuntários, como o ho- nexo de causalidade entre a atitude de, por exemplo, - uma investigação apurada do caso por parte das autori- micídio involuntário. É preciso averiguar se, nesse caso, colocar alguém vivo numa morgue e a causa posterior dades policiais, quer o direito que assiste aos pais de houve alguma intenção criminosa que levou as pessoas da morte. Pelas suas contas, este caso poderá originar reclamarem justiça. envolvidas a declarar a morte do feto, sabendo, por exem- algum interesse da comunidade jurídica, principalmente Foi com essa intenção que o pai da criança - nasci- plo, que ele ainda estava vivo. Outro aspecto relevante é dos advogados residentes na cidade do Mindelo. da prematuramente no hospital de S. Vicente e dada saber se foi dada toda a assistência médica necessária à A notícia sobre o feto prendeu a atenção dos minde- como morta antes do tempo - apresentou uma queixa à sobrevivência dessa criança, logo à nascença”, realça um lenses e levou a direcção do “Baptista de Sousa” a ins- Polícia Judiciária, no início desta semana. A PJ garan- dos juristas, embora esteja mais virado a acreditar que taurar um inquérito para se apurar as eventuais respon- tiu apenas que vai concertar com o Ministério Público tudo não terá passado de um lamentável erro. “E, na me- sabilidades das pessoas envolvidas. Entre elas, desta- para saber qual das duas instituições deverá realizar dicina, há erros que são fatais”, acrescenta. cam-se uma enfermeira e a médica que assinou o óbito. as investigações. KzB