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Rio Vaza-Barris/-BA

PROGRAMA MONITORA QUALIDADE DAS ÁGUAS DO ESTADO DA

CAMPANHA 02/2014

RPGA DO RIO VAZA-BARRIS

GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA

Governador Jaques Wagner

SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE – SEMA Secretário Eugênio Spengler

INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS

Diretora Geral Márcia Cristina Telles de Araújo Guedes

DIRETORIA DE FISCALIZAÇÃO E MONITORAMENTO AMBIENTAL Diretora DIFIM Lucia de Fátima Carvalho Gonçalves

FICHA TÉCNICA

COORDENAÇÃO DE MONITORAMENTO DOS RECURSOS AMBIENTAIS E HIDRÍCOS

Eduardo Farias Topázio Coordenador Geral Hérica D’Assunção Coelho Especialista em Meio Ambiente e Ailton dos Santos Júnior Recursos Hídricos Coordenador Técnico Especialista em Meio Ambiente e Júlia Cardoso Sant’Anna Recursos Hídricos Técnica em Meio Ambiente e Recursos Hídricos Aiane Catarina Fernandes Faria Estudante de Engenharia Ambiental Juliana Jesus Santos Bióloga/Colaboradora Andreia Cristina dos Santos Bragagnolo Najara Santana Pita Especialista em Meio Ambiente e Técnica em Meio Ambiente e Recursos Hídricos Recursos Hídricos

Antonio Carlos Gonçalves dos Natália Bianca Rosatti Santos Especialista em Meio Ambiente e Técnico de Coleta e Amostragem Recursos Hídricos

Emily Karle dos Santos Conceição Marcelo Andrade Santiago Técnica em Meio Ambiente e Estagiário – Engenharia Química Recursos Hídricos Paula Maria de Farias Cordeiro Greice Ximena Santos Oliveira Técnica em Meio Ambiente e Especialista em Meio Ambiente e Recursos Hídricos Recursos Hídricos

Distribuição: INEMA– INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE E RECURSOS HÍDRICOS Av. Luiz Viana Filho, 6ª avenida, CAB, CEP: 41.746-900 - Salvador/BA. Tel.: (71) 3118-4267 /Disponível em: inema.ba.gov.br SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...... 1

VARIÁVEIS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS ...... 2

ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA ...... 3

IQA ...... 3

IET ...... 3

CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM ...... 4

RESULTADOS DO MONITORAMENTO ...... 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 13

Programa MONITORA RPGA do Rio Vaza-Barris

LISTAS

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 RPGA do Rio Vaza-Barris...... 4

Figura 2. Variação no índice de qualidade da água – IQA dos pontos da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014...... 11

Figura 3. Variação no Índice do estado trófico - IET dos pontos da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014...... 12

LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Variáveis de qualidade da água...... 2

Quadro 2. Classificação do índice da qualidade das águas...... 3

Quadro 3. Classificação do estado trófico para reservatórios...... 3

Quadro 4. Caracterização da rede de amostragem da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014...... 5

Quadro 5. Resultados do Índice de Qualidade da Água – IQA e Índice do Estado Trófico - IET dos pontos da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014...... 11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultados das variáveis de qualidade da água para a RPGA do Rio Vaza-Barris. Campanha 2 de 2014...... 8

Programa MONITORA RPGA do Rio Vaza-Barris

INTRODUÇÃO

A Resolução CONERH nº 88 de 26 de novembro de 2012, instituiu no Estado da Bahia as 25 Regiões de Planejamento e Gestão das Águas (RPGA), com a finalidade de orientar e fundamentar a implementação dos instrumentos de gestão da Política Estadual de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos.

Com o intuito de gerenciar a qualidade das águas de rios, barragens, lagoas e açudes do Estado, a Coordenação de Monitoramento de Recursos Ambientais e Hídricos - COMON criou em 2008 o Programa Monitora, inicialmente com uma rede de 208 pontos distribuídos nas RPGAs. Com o propósito de melhorar sua representatividade, essa rede sofre sucessivas ampliações e adequações na malha amostral e atualmente são 404 pontos.

Os principais objetivos desse monitoramento são:  Fazer um diagnóstico da qualidade das águas superficiais do Estado, avaliando sua conformidade com a legislação ambiental;  Avaliar a evolução temporal da qualidade das águas superficiais do Estado;  Identificar áreas prioritárias para o controle da poluição das águas, tais como trechos de rios e estuários onde a sua qualidade possa estar mais comprometida, possibilitando, assim, ações preventivas e corretivas;  Subsidiar o diagnóstico e controle da qualidade das águas doces utilizadas para o abastecimento público, verificando se suas características são compatíveis com o tratamento existente, bem como para os seus usos múltiplos;  Subsidiar a execução dos Planos de Bacia e Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos, para a cobrança do uso da água e estudo do enquadramento dos corpos hídricos;  Subsidiar a implementação da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA definiu as classes de qualidade de águas doces, salinas e salobras através da resolução CONAMA 357/05, onde são estabelecidas as condições padrão de qualidade da água. Os textos completos das legislações citadas neste relatório encontram-se no volume de Apêndices e Anexos.

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VARIÁVEIS DE QUALIDADE DAS ÁGUAS

As variáveis de qualidade das águas podem ser integradas para a avaliação dos ambientes aquáticos e, dependendo dos usos da água pretendidos, variáveis e índices específicos são adotados para indicar a qualidade dessas águas. Os significados ambiental e sanitário dessas variáveis, bem como as respectivas metodologias analíticas e de amostragem são apresentadas no volume de Apêndices e Anexos.

A grande quantidade e as diferentes formas de aporte de poluentes que podem estar presentes nas águas fluviais tornam inexequível a análise sistemática de todas essas substâncias. Por esse motivo, a COMON faz a determinação de 18 variáveis de qualidade da água (físicas, químicas, hidrobiológicos e microbiológicas) consideradas mais representativas (Quadro 1). A Rede gera um volume de dados anual correspondente aos resultados de aproximadamente 27500 análises físicas, químicas e biológicas.

Quadro 1. Variáveis de qualidade da água Grupo Variáveis

Físico Condutividade, Alcalinidade, Série de Sólidos (Dissolvidos, Suspensos e Totais), Salinidade, Temperatura da Água e Turbidez

Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio Químico (DQO), Fósforo Total, Oxigênio Dissolvido, pH e Série Nitrogênio (Amoniacal, Nitrato e Total)

Microbiológico Coliformes Termotolerantes

Hidrobiológico Clorofila a

Quando há a necessidade de estudos específicos de qualidade de água em determinados trechos de rios ou reservatórios, com vistas a diagnósticos mais detalhados, outras variáveis podem ser determinadas, tanto em função do uso e ocupação do solo na bacia hidrográfica contribuinte, quanto pela ocorrência de algum evento excepcional na área em questão.

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ÍNDICES DE QUALIDADE DA ÁGUA

Os índices são utilizados por fornecer uma visão geral da qualidade da água, pois integram os resultados de diversas variáveis através de um único indicador. Assim, para transmitir uma informação de mais fácil compreensão para o público em geral, a COMON adotou índices específicos, que refletem a qualidade das águas:

IQA

Para o cálculo do IQA, são consideradas variáveis de qualidade que indicam o lançamento de efluentes sanitários para o corpo d’água, fornecendo uma visão geral sobre as condições de qualidade das águas superficiais. O IQA pode ser calculado considerando E. coli ou o grupo de Coliformes Termotolerantes. Sua classificação se dá de acordo com as faixas de valores do índice, como mostra o Quadro 2.

Quadro 2. Classificação do índice da qualidade das águas. Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo 79 < IQA ≤ 100 51 < IQA ≤ 79 36 < IQA ≤ 51 19 < IQA ≤ 36 0 < IQA ≤ 19

IET

O Índice do Estado Trófico classifica os corpos d’água em diferentes graus de trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas. Para o cálculo do IET, são consideradas as variáveis Clorofila a e Fósforo Total. Sua classificação encontra-se no Quadro 3.

Quadro 3. Classificação do estado trófico para reservatórios.

Ultraoligotrófico Oligotrófico Mesotrófico Eutrófico Supereutrófico Hipereutrófico IET ≤ 47 47 < IET ≤ 52 52 < IET ≤ 59 59 < IET ≤ 63 63 < IET ≤ 67 IET > 67

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CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS DE AMOSTRAGEM

A RPGA do Rio Vaza-Barris (Figura 1) abrange ao todo 5 municípios baianos; , Coronel João Sá, Canudos, Jeremoabo e . O rio Vaza-Barris tem sua nascente no município de Uauá na Bahia e deságua no Estado de Sergipe. Seus afluentes são os rios: Ipueira, São Paulo, Bendengó, Mandacarú, Rosário, Riacho das , Riacho Pau de Ferro, Caraíba, Riacho José Gregório, Riacho Salgado, Quingones, Tinguí, Riacho Baixa da Santa e Riacho Velha Passagem.

Figura 1. RPGA do Rio Vaza-Barris

Os principais impactos estão relacionados às atividades agropecuárias e ao extrativismo vegetal, além do desmatamento e utilização de agrotóxicos. As atividades urbanas também geram problemas à qualidade das águas da Bacia, por meio do lançamento de esgotos domésticos, disposição inadequada de resíduos sólidos e desmatamento.

A RPGA do Rio Vaza-Barris possui 6 (seis) pontos de monitoramento, caracterizados no Quadro 4.

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Quadro 4. Caracterização da rede de amostragem da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014.

Código Corpo hídrico Município Local de amostragem Descritivo de campo Registro fotográfico Coordenadas geográficas (SIRGAS 2000)

VZB-AAD-300 Água verde com

aspecto cristalino, sem Açude de No Açude de odores, margens com Adustina Adustina, no acesso pouca vegetação, sem

ao povoado de Bom resíduos orgânicos e Adustina Jesus. inorgânicos, presença

de animais e 10°34'16,0"(S) habitações próximas. 38°5'10,0"(W)

VZB-BGP-001 Água de cor marrom com aspecto turvo, Ponto localizado na Rio Vaza-Barris sem odores. Parte das barragem de margens com mata Gasparino, na zona Sítio do Quinto ciliar, sem resíduos rural do município de orgânicos e Coronel João de Sá. 10°16'30,7"(S) inorgânicos, 38°3'17,2"(W) habitações próximas.

Água de cor marrom VZB-VZB-150 com aspecto turvo,

sem odores, margens Rio Vaza-Barris com mata ciliar, Após o Açude de resíduos orgânicos e Canudos Cocorobó. inorgânicos,

habitações e produção 9°52'59,5"(S) agrícola em sua 39°2'16,5" (W) proximidade.

Água marrom, aspecto VZB-VZB-400 turvo, sem odores, Na BR-235, primeira margens com mata Rio Vaza-Barris entrada a direita após ciliar, com resíduos a saída da cidade de Jeremoabo orgânicos e Jeremoabo (sentido inorgânicos, produção Canudos). 10°5'37,9"(S) agrícola e habitações 38°21'39,6"(W) nas proximidades.

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VZB-VZB-700 À jusante da Rio Vaza-Barris confluência entre o rio Água de cor marrom Vaza-Barris e o rio do Coronel João com aspecto turvo, Peixe em Sá sem odores. Grande. Difícil acesso. 10°28'12,4"(S) Trilha de 1 km a pé. 37°55'10,5"(W)

VZB-VZB-900

Sob ponte na BA-220, Água de cor marrom Rio Vaza Barris estrada de com aspecto turvo,

Paripiranga, em sem odores, margens Paripiranga direção à localidade sem resíduos orgânicos

de Maritá. e inorgânicos. 10°35'15,0"(S) 37°52'12,0"(W)

RESULTADOS DO MONITORAMENTO

Os dados das variáveis de qualidade da água, da segunda campanha de 2014, são apresentados na Tabela 1.

A qualidade da água da RPGA do Rio Vaza-Barris foi definida através do monitoramento de seis pontos localizados no rio Vaza-Barris.

Na segunda campanha de 2014, os parâmetros foram avaliados de acordo aos padrões de qualidade estabelecidos na Resolução CONAMA 357/05, para águas doces - Classe 2 e águas salobras - Classe 1. Para os parâmetros não referenciados nessa Resolução foram feitas considerações específicas.

De acordo com a Resolução CONAMA 357/05, os pontos VZB-VZB-150 e VZB-VZB-700 foram definidos como águas doces, Classe 2, em virtude do teor de salinidade igual ou inferior a 0,5 ppt. Os pontos VZB-VZB-400, VZB-VZB-900, VZB-AAD-300 e VZB-BGP-001 foram definidos como águas salobras, Classe 1, por terem apresentado salinidade de 0,5 ppt a 30 ppt.

A temperatura da água nos pontos amostrados variou entre 23,2ºC (VZB-VZB-400) e 26,1°C (VZB-VZB-700). Esse parâmetro é importante, pois, influi em algumas propriedades da água como densidade, viscosidade e oxigênio dissolvido, com reflexos sobre a vida aquática. A

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variação de temperatura das águas da RPGA do Rio Vaza-Barris, durante a 2ª campanha 2014, manteve-se nos limites da razoabilidade indicados pela boa literatura.

Embora a Resolução do CONAMA 357/05 não estabeleça valores padrões para o parâmetro de condutividade, salienta-se que três pontos monitorados na RPGA do rio Vaza-Barris (VZB-VZB-900, VZB-AAD-300 e VZB-BGP-001) apresentaram resultados com valores superiores a 500 µS cm-1. A condutividade, de acordo com a CETESB (2008), é uma expressão numérica da capacidade de uma água conduzir a corrente elétrica. Depende das concentrações iônicas e da temperatura e indica a quantidade de sais existentes na coluna d'água e, portanto, representa uma medida indireta da concentração de poluentes. A condutividade também fornece uma boa indicação das modificações na composição de uma água, especialmente na sua concentração mineral, mas não fornece nenhuma indicação das quantidades relativas dos vários componentes. À medida que mais sólidos dissolvidos são adicionados, a condutividade da água aumenta. Altos valores podem indicar características corrosivas da água. Em geral, níveis superiores a 100μS/cm (ou 100 μmhos/cm) indicam ambientes impactados, embora a Resolução não estabeleça um valor padrão para o parâmetro.

Os valores de pH, para todos os pontos monitorados não excederam os limites orientadores da Resolução do CONAMA 357/05, para águas salobras e doces.

A turbidez é causada pela dispersão dos raios luminosos devido à presença de partículas em suspensão, tais como silte, partículas coloidais, substâncias orgânicas finamente divididas, microorganismos, óleo emulsificado, dentre outros. O ponto VZB-VZB-700, extrapolou o limite estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05, fixado em ≤ 100,00 NTU para águas doces, classe 2.

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Tabela 1. Resultados das variáveis de qualidade da água para a RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014. Padrões da Resolução CONAMA nº. Rio Vaza-Barris 357/05 Parâmetros Unidade Águas salobras, Águas doces, classe 2 VZB-VZB-150 VZB-VZB-400 VZB-VZB-700 VZB-VZB-900 VZB-AAD-300 VZB-BGP-001 classe 1 Ambiente Lótico Lêntico 1. Físico-químicos

Alcalinidade mg CaCO3/L 68,4 60,3 109 131 113 123 Condutividade µS/cm 374 476,5 242,9 4980 12980 1204 o Salinidade /o 0,3 1 0,2 3,6 9,3 1 Temperatura - campo °C 23,4 23,2 26,1 25,5 24,5 25,3 pH - campo 6,0 a 9,0 6,5 a 8,5 7,8 7,64 7,25 7,73 7,62 7,93 Turbidez ≤ 100,0 NTU 16,8 4,8 121 2,3 62,2 5,8 Sólidos totais mg/L 232 284 225 3058 8564 622 Sólidos dissolvidos ≤ 500 mg/L 226 276 124 2678 7438 620 Sólidos em suspensão mg/L <20 <20 99 <20 62 <20 Oxigênio dissolvido - ≥ 5,0 ≥ 5,0 mg OD/L 11,1 8,75 10,1 12,2 10,9 9,42 campo DBO ≤ 5,0 mg/L <2 <2 6 <2 9 <2

DQO mg O2/L <20 <20 36,9 34,2 258 45

Nitrogênio total mg N/L 2 1 2 1 5 1 3,7 para pH ≤ 7,5 2,0 para 7,5 < pH ≤ 8,0 Nitrogênio Amoniacal ≤ 0,4 mg N-NH /L <0,4 <0,4 <0,4 <0,4 <0,4 <0,4 1,0 para 8,0 < pH ≤ 8,5 3 0,5 para pH > 8,5

Nitrogênio Nitrato ≤ 10 ≤ 0,4 mg N-NO3/L 0,3 <0,1 <0,1 0,7 0,2 <0,1 ≤ 0,03 (Lêntico) Fósforo total ≤ 0,124 mg P/L <0,02 <0,02 0,13 <0,2 0,11 ≤ 0,1 (Lótico) <0,02 3. Biológicos Coliformes NMP/100mL 4,5x10 2,7x102 3,3x102 7,8x10 2x10 2x10 termotolerantes Clorofila a ≤ 30 µg/L 1,14 <0,4 53,8 <0,4 96,5 2,28 Nota: * Os valores em vermelho apresentados na tabela acima se referem às violações aos padrões da Resolução CONAMA n°. 357/05.

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Os parâmetros sólidos totais, sólidos dissolvidos e sólidos em suspensão correspondem a toda matéria que permanece como resíduo após evaporação, calcinação ou secagem da amostra a uma temperatura pré-estabelecida. Tem importante função no controle de poluição de águas naturais, pois podem se sedimentar no leito dos rios e causar danos à vida aquática. Também há possibilidade de reter bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos rios, promovendo decomposição anaeróbia. Altos teores de sais minerais, particularmente sulfato e cloreto, estão associados à tendência de corrosão em sistemas de distribuição, além de conferir sabor às águas. Quanto a valores de referência, a Resolução CONAMA 357/05 estabelece um valor limite de 500 mg/L para sólidos dissolvidos em águas doces, classe 2, o qual não foi violado por nenhum dos pontos analisados nesta campanha. Entretanto, embora não tenha sido definido o limite para sólidos dissolvidos em águas salobras, vale atenção aos pontos VZB-VZB-900 e VZB-AAD- 300, que apresentaram valores acima dos 1000 mg/L, o dobro daquele indicado como limite para águas doces.

O oxigênio dissolvido – OD pode ser originado através da fotossíntese ou transferido para água através da difusão do oxigênio atmosférico. Este parâmetro pode impactar diretamente os organismos aquáticos aeróbios, pois dependendo da capacidade de autodepuração do corpo d’água, o teor de oxigênio dissolvido pode alcançar valores muito baixos, ou zero, extinguindo os indivíduos presentes no corpo hídrico. Na 2ª campanha de 2014 não ocorreu violação desse parâmetro, segundo as referências da Resolução CONAMA 357/05.

A demanda bioquímica de oxigênio – DBO está relacionada ao consumo de oxigênio por bactérias aeróbicas durante a oxidação da matéria orgânica em condições de temperatura e tempo pré-estabelecidos. A matéria orgânica presente nas águas pode estar na forma dissolvida ou particulada. Todos os pontos monitorados estiveram dentro dos limites estabelecidos pela legislação.

O nitrogênio pode estar presente na água sob várias formas: orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato. É um elemento indispensável ao crescimento de algas, mas, em excesso, pode ocasionar um exagerado desenvolvimento desses organismos, fenômeno chamado de eutrofização. Para a forma amoniacal, a Resolução CONAMA 357/05 estabelece os limites para águas doces: 3,7 mg N-NH3/L para pH ≤ 7,5; 2 mg N-NH3/L para 7,5 < pH ≤ 8,5; 1 mg N-

NH3/L para 8 < pH ≤ 8,5; 0,5 mg N-NH3/L para pH > 8,5, e para águas salobras: ≤ 0,4 mg N-

NH3/L. Para a forma nitrato, a Resolução estabelece o limite de 10 mg N-NO3/L para

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águas doces e ≤ 0,4 mg N-NH3/L para águas salobras. O ponto VZB-VZB-900 violou o parâmetro nitrogênio nitrato, conforme as referências descritas acima.

O fósforo atua no corpo hídrico como um nutriente essencial para os organismos vivos. Pode estar presente na forma dissolvida e particulada. É fundamental para o crescimento de algas, mas em excesso, causa a eutrofização. Suas principais fontes são a dissolução de compostos do solo, decomposição da matéria orgânica, esgotos domésticos e industriais, fertilizantes, detergentes e excrementos de animais. Os padrões para fósforo total de acordo com a Resolução CONAMA 357/05 é de ≤ 0,10mg/L para ambientes lóticos de água doce e ≤ 0,124 mg P/L para águas salobras. Nessa campanha, o ponto VZB-VZB-700 violou os limites estabelecidos pela Resolução.

A Resolução CONAMA 357/05, estabelece para o parâmetro clorofila a, o valor máximo de 30 µg/L em águas doces. É um indicador da presença de biomassa algal em ambientes aquáticos e no monitoramento da qualidade de água. Sua quantificação é importante em termos de qualidade da água, uma vez que as diversas espécies de algas são as responsáveis pelo processo de eutrofização em corpos hídricos. O ponto VZB-VZB- 700 monitorado apresentou valor superior ao estabelecido pela Resolução CONAMA 357/05 para este parâmetro.

Os parâmetros que foram violados segundo as recomendações da Resolução CONAMA 357/05 foram, portanto, turbidez, oxigênio dissolvido-campo, nitrogênio nitrato, fósforo total e clorofila a.

Os resultados apresentados são visualizados nos índices de IQA e IET calculados para essa campanha, conforme Quadro 5.

A comparação dos resultados dos IQA e dos IET das últimas seis campanhas (2ª de 2012, 1a, 2a e 3a de 2013 e 1a e 2ª de 2014), encontra-se nas Figuras 2 e 3.

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Quadro 5. Resultados do Índice de Qualidade da Água – IQA e Índice do Estado Trófico - IET dos pontos da RPGA do Rio Vaza-Barris, Bahia. Campanha 2 de 2014.

Corpo hídrico Nome do ponto IQA Classificação IQA IET Classificação IET

Açude de VZB-AAD-300 65 Bom 66 Supereutrófico Adustina

Rio Vaza-Barris VZB-BGP-001 77 Bom 52 Oligotrófico

Rio Vaza-Barris VZB-VZB-150 76 Bom 50 Oligotrófico

Rio Vaza-Barris VZB-VZB-400 76 Bom 46 Ultraoligotrófico

Rio Vaza-Barris VZB-VZB-700 57 Bom 72 Hipereutrófico

Rio Vaza Barris VZB-VZB-900 67 Bom 46 Mesotrófico

90 80 70

60

50 IQA 40 30 20 10 0 VZB-150 VZB-400 VZB-700 VZB-900 AAD-300 BGP-001 Pontos de Coleta

Figura 2. Variação no índice de qualidade da água – IQA dos pontos da RPGA do Vaza-Barris. Campanha 2 de 2014.

11 Programa MONITORA RPGA do Rio Vaza-Barris

90 80 70 60

50

IET 40 30 20 10 0 VZB-150 VZB-400 VZB-700 VZB-900 AAD-300 BGP-001 Pontos de Coleta

Figura 3. Variação no Índice do estado trófico - IET dos pontos da RPGA do Rio Vaza-Barris. Campanha 2 de 2014.

De acordo com o gráfico da figura 2, os pontos VZB-AAD-300, VZB-BGP-001, VZB-VZB-400, VZB-VZB-700 e VZB-VZB-900 mantiveram-se estáveis quanto à qualidade da água classificada em estado “Bom” nas últimas quatro campanhas. O ponto VZB-VZB-150 apresentou uma variação pequena entre “Ótimo” e “Bom”. Não houve ocorrência de IQA “Péssimo”, “Ruim” ou “Regular” para os pontos monitorados na RPGA do Rio Vaza- Barris.

Os cálculos do Índice de Estado Trófico da RPGA do Rio Vaza-Barris na 2ª campanha de 2014, quando comparados com as últimas campanhas realizadas desde 2012, indicaram que o ponto VZB-VZB-150 se manteve estável no estado “Oligotrófico”, ou seja, esse corpo hídrico permanece limpo, com baixa produção de algas, sem ocorrência de interferências indesejáveis sobre os usos da água, em função da presença de nutrientes. O ponto VZB-BGP-001 teve variações entre os estados “Mesotrófico” e “Oligotrófico”, e o ponto VZB-VZB-400, apresentou variação entre os estados “Oligotrófico” e “Ultraoligotrófico”, apresentando situação semelhante ao ponto VZB-VZB-150. Já os pontos VZB-AAD-300, VZB-VZB-700 e VZB-VZB-900, tiveram variações significativas, passando pelos estados “Mesotrófico”, “Eutrófico”, “Supereutrófico” e “Hipereutrófico”, o que resulta em média uma condição de “Eutróficos” quando avaliadas conjuntamente as seis campanhas. Diante dos resultados, pode-se afirmar que são corpos d’água com alta produtividade de algas em relação às condições naturais, com redução da transparência, em geral afetados por atividades antrópicas, nos quais ocorrem alterações indesejáveis na qualidade da água decorrentes do aumento da concentração de

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nutrientes e interferências nos seus múltiplos usos. Vale ressaltar que o ponto VZB-VZB-700 apresenta estado crítico quanto à eutrofização de suas águas, pois já mantém a condição de “Hipereutrófico” durante as duas últimas campanhas realizadas, o que consolida a informação de que estão afetados significativamente pelas elevadas concentrações de matéria orgânica e nutrientes, com comprometimento acentuado nos usos de suas águas, associado a episódios florações de algas ou mortandades de peixes, com consequências indesejáveis para seus múltiplos aproveitamentos, inclusive sobre as atividades pecuárias nas regiões ribeirinhas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na RPGA do Rio Vaza-Barris estão presentes 6 pontos de monitoramento, tendo sido todos monitorados nesta 2ª campanha de 2014. Destes, 2 efetivamente violaram parâmetros segundo a Resolução CONAMA 357/05. O ponto VZB-VZB-700, o mais crítico quanto ao processo de eutrofização, excedeu os limites formais estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 quanto à turbidez, ao oxigênio dissolvido – campo, fósforo total e clorofila a. O ponto VZB-VZB-900 excedeu os limites quanto ao nitrogênio nitrato.

Todos os pontos monitorados apresentaram qualidade de suas águas classificadas em “Boa” na 2ª campanha de 2014.

O estado trófico da RPGA do Rio Vaza-Barris variou de “Ultraoligotrófico”, VZB-VZB-400 e VZB-VZB-900 a “Hipereutrófico”, VZB-VZB-700.

Observou-se ainda, no geral dos pontos monitorados, a violação dos parâmetros fixados pela Resolução CONAMA 357/05, como turbidez, oxigênio dissolvido-campo, nitrogênio nitrato, fósforo total e clorofila a.

Segundo o IQA para a 2ª campanha 2014, foram classificados todos os pontos como “Bom”. O IET apresentou um ponto “Ultraoligotrófico”, 2 pontos “Oligotróficos”, um ponto “Supereutrófico” e um ponto “Hipereutrófico”.

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