António Conselheiro E Canudos

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António Conselheiro E Canudos ANTOOIO CONSELHEIRO ECANUDOS ATALIBA OGUEIRA brasiliana volume 355 ANTÓNIO CONSELHEIRO E CANUDOS Em 31 de outubro de 1973, o só• cio J. C. de Ataliba Nogueira apresen­ tou, ao Instituto Histórico e Geográfi­ Cd Brasileiro, uma comunicação sensa­ cional. Estava em seu poder um ma­ nuscrito de António Conselheiro, con­ tendo uma série de prédicas por ele proferidas. Através desse documento seria possível uma análise do pensa­ mento do misterioso chefe da povoa­ ção de Canudos. A propósito, o orador fez uma síntese do triste episódio de nossa história, chegando a conclusões bem diversas dos conceitos correntes. ~ esse documento fundamental que constitui o núcleo do estudo di­ vulgado por esta coleção "Brasiliana" em 1974. Eis o pensamento autêntico, religioso, filosófico e político de An­ tónio Conselheiro. Há outros do­ cumentos de valor que, sem tardança, deverão ser trazidos à coleção. O · professor Ataliba Nogueira deixou-se impressionar, como não po­ deria deixar de acontecer, com o de­ poimento tardio da figura central da grande tragédia. Jurista consumado e patriota sincero, sentiu que era im­ prescindível oferecer, ao mundo culto do país, esse texto. ~ certo que o assunto deve ser submetido a amplo debate, iniciado, aliás, na própria sessão do Instituto em que se apresentou a comunicação. A distância do tempo já nos permite estudo mais sereno, capaz de levar-nos a uma compreensão ampla de um fe­ nômeno que marcou tão fundamente a alma do País. Fui testemunha da febre de curio­ sidade e de angústia pela busca da verdade em que ardeu o atual possui­ dor do documento. Sentia ter em mãos páginas que estavam a exigir que o povo brasileiro as conhecesse. O interesse despertado na im­ prensa, logo que se divulgou a exis­ tência do códice, foi confirmado pelo público. Esgotou-se rapidamente a primeira edição. Fiel a seu compro­ misso de proporcionar meios de "me­ lhor conhecer o Brasil", a coleção "Brasiliana" apresenta agora a segun­ da edição, devidamente ampliada, como convém. AM'ÉRICO JACOBINA LACOMBE edições da COMPANHIA EDITORA NACIONAL Rua dos Gusmões, 639 01212 São Paulo, SP ((•)) eCJltora nac1ona1 CIP-Brasil. Catalogação-na-Fonte Câmara Brasileira do Livro, SP Nogueira, José Carlos de Ataliba, 1901- N712a António Conselheiro e Canudos : revisão histórica / Ataliba No- 2.ed. gueira. A obra manuscrita de Antônio Conselheiro e que pertenceu a Euclides da Cunha. - 2. ed. - São Paulo : Ed. Nacional, 1978. (Brasiliana ; v .355) Apêndice: A economia na vida dos canudenses. 1. Brasil - História - Guerra dos Canudos, 1897 2. Conselheiro, Antônio, 1828-1897 3. Sermões 1. Conselheiro, Antônio, 1828-1897. II. Título. Ili. Série. CDD-981 .0521 78-1122 -252 tndices para catálogo sistemático: 1. Canudos : Guerra : Brasil :. História 981.0521 2. Guerra dos Canudos : Brasil : História 981.0521 3. Rebelião de Canudos : Brasil : História 981.0521 4 . Sermões : Cristianismo 252 ANTÓNIO CONSELHEIRO E CANUDOS BRASILIANA Volume 355 Direção de AMÉRICO JACOBINA LACOMBE ATALIBA NOGUEIRA ANTÓNIO CONSELHEIRO E CANUDOS revisão hist6rica A obra manuscrita de António Conselheiro e que pertenceu a Euclides da Cunha segunda edição acrescida de cartas e apêndice sobre a economia na vida dos canudenses COMPANHIA EDITORA NACIONAL SÃO PAULO Direitos desta edição reservados COMPANHIA EDITORA NACIONAL Rua dos Gusmões, 639 01212 São Paulo, SP 1978 Impresso no Brasil SUMARIO I Cartas ao Autor a propósito da l.ª edição ..................... XI Introdução ............................................ 1 Crítica a Os Sertões ................................... 3 Recapitulação histórica ................................... 4 Os desgraçados buscam Mendes Maciel ................ i ••••• 8 Propõe-se fundar uma cidade ......•...................... 9 Abusos dos poderosos .................................... 12 Início da guerra de Canudos ............................. 1.5 Prudente ação do governador Luís Viana ................... 19 Os mal-informados e apaixonados ......................... 20 Conclusões 21 II Autenticidade, autoria e conteúdo da obra . 22 Perfil traçado por Euclides da Cunha . 26 Crítica de Euclides às prédicas . • . 28 Fontes e forma das prédicas . 29 As ciências n'Os Sertões . 30 As p~édicas .·:............................................ 3.5 Fan~t!CO reh_g!OSO . 37 Fanatlco pohtico . • . 38 Admiração pelo homem e pela obra . 40 PRÉDICAS E DISCURSOS de António Conselheiro Parte Primeira 1 . Tempestades que se levantam no Coração de Maria por ocasião do mistério da Anunciação . .5.5 2. Sentimento de Maria por causa da pobreza em que se achava, por ocasião do nascimento de seu Divino Filho .56 3. Dor de Maria na circuncisão de seu Filho . .58 4. Humilhação de Maria no mistério da apresentação . 60 .5. Dor de Maria na profecia de Simeão . 61 6. Dor de Maria por ocasião de sua fugida para o Egito . 63 7. Dor de Maria na morte dos inocentes . 65 8. Desolação de Maria durante o seu desterro do Egito . 67 9. Aflição de Maria na sua volta do Egito . 68 10. Dor de Maria na perda de seu Filho no Templo . 80 11 . Sentimento de Maria na morte de seus pais . 72 12. Dor de Maria durante a vida particular de Jesus em Nazaré 73 13. Sentimento de Maria quando seu Filho se retirou para o deserto . 75 14. Dor de Maria por causa dàs injúrias proferidas contra seu Filho ................ ·. 77 15. Dor de Maria por ocasião da permissão que Jesus lhe pediu para suportar a morte . 79 16. Dor de Maria na prisão de seu Filho . 80 17. Dor de Maria na flagelação d~ seu Filho . 82 18. Dor de Maria quando seu Filho foi apresentado por Pilatos ao povo . 84 19. Dor de Maria encontrando seu Filho com a Cruz acs ombros 85 20. Dor de Maria na agonia de Jesus . .. 87 21. Dor de Maria quando os soldados repartiram entre si os vestidcs de seu Filho . 89 22. Compaixão de Maria na sede de seu Filho pregado na Cruz 90 23. Dor de Maria na agonia de Jesus . 92 24. Dor de Maria quando seu Filho lhe falou da Cruz . 94 25. Martírio de Maria na morte de seu Filho . 95 26. Dor de Maria quando o lado de seu Filho foi aberto com uma lança . 97 27. Dor de Maria no descimento da Cruz e funeral do cadáver de seu Filho . 99 28. Dor da Senhora em sua soledade . 100 29. Maria, rainha dos mártires . 102 Parte Segunda Os dez mandamentos da lei de Deus Primeiro Mandamento . 107 Segundo Mandamento. 111 Terceiro Mandamento . 115 Quarto Mandamento . 119 Quinto Mandamento . .• . 124 Sexto Mandamento . 128 Sétimo Mandamento . 132 Oitavo Mandamento . 135 Nono Mandamento . 139 Décimo Mandamento ......................... , , . 141 Parte Terceira Textos extraídos da Sagrada Escritura 147 Parte Quarta Prédicas de circunstância e discursos Sobre a Cruz . 161 Sobre a Misssa ............... •. __ . 165 Sobre a confissão . 166 Sobre as maravilhas de Jesus . 168 Construção e edificação do templo de Salomão . 169 Sobre o recebimento da chave da igreja de Santo António, padroeiro do Belo Monte . 170 Sobre a parábola do semeador . 173 Sobre a República A companhia de Jesus - O casamento civil - A família imperial - A libertação dos escravos .. : . 17.5 Despedida . 181 Fac-simile dos originais (páginas 393, 421, 514, 568, 607, 608, 616 e 624) . 183 Apêndice A economia na vida dos canudenses Biografias sem abono histórico . 193 Por que construir cemitérios? ... .. .. ... .... , . 194 Ausência de símiles nacionais ou estrangeiros . 195 Fundador de cidades . 197 A cabra na economia canudense . 202 A importância de Juazeiro da Bahia . 206 A figura verdadeira de António Conselheiro . 210 Rió de Janeiro, 30 de setembro de 1974. Mestre Ataliba, Agradeço-lhe muito a afetuosa remessa de seu António Conselheiro e Canudos. Formidável. Com a sua introdução lúci­ da e sábia aos escritos do monge, v. lhe refunde a imagem. A respeito dele, há duas épocas: antes e depois do livro de Ataliba Nogueira. Quantos têm estudado o homem e o episódio, são agora forçados à rever a idéia feita sobre o episódio e o homem. António Conselheiro ressurge afinal da condição mise­ ,:anda para o plano respeitável a que v. o levantou. Pretendo dizer isso mesmo, em apreciação oportuna. Dou-lhe parabéns efusivos pela publicação. Nela imprimiu o selo do talento, que lhe distingue as obras, a mais disso, jovem, na elegância moça da prosa. Assim continue, para-a alegria do companheiro, que o admira desde os bancos acadêmicos. ( Agradeço-lhe também a recordação carinhosa.) Pedro Calmon Bahia, 13 de dezembro de 1974. Meu cato Ataliba Nogueira, Estou acabando de ler o trabalho sobre o António Conse­ lheiro, que teve a bondade de me enviar. Li-o de um trago, pois o assunto, pelo menos para mim, é desses que prendem.do começo ao fim, principalmente quando comentado por pena de mestre, como é o seu caso. Realmente Canudos foi o fruto do pavor do Arlindo Leoni, que durante toda a vida se fez notado pelo medo excessivo de várias cousas, inclusive do mar. Tanto que meu Pai, para puni­ lo por causa de Canudos, o transferiu para uma Comarca do Sul do Estado, apenas acessível por mar, o que fez que ele dei­ xasse a magistratura. Mas, quanto se pagou caro pelo erro inicial. Você reabilita o pobre Conselhei;o, dando-lhe a medida exata. Você talvez saiba que as relações· de meu Pai com o sogro do Euclides não eram as melhores, justamente por causa de problemas surgidos com Canudos. Aliás, quase todo o arquivo de meu Pai sobre Canudos perdeu-se em Cachoeira, em casa do Aristides Milton, por ocasião de uma enchente do Paraguaçu. Meus parabéns e meus agradecimentos. Continue a bater no assunto, que é tnuito rico. E disponha do seu admirador e amigo ex corde, Lu1z Vianna Filho I INTRODUÇÃO Sobem lentamente as águas na reg1ao de Cocorobó, na Bahia. Aos poucos vão inundando Canudos que, assim submersa, ficará apenas na história do Brasil. A feliz e infeliz Belo Monte, uma das maiores cidades baianas no fim do século dezenove, não figura mais nos mapas.
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