Língua E Literatura Universidade De São Paulo
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LÍNGUA E LITERATURA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Reitor: — Prof. Dr. Antonio Hélio Guerra Vieira Vice-Reitor: — Prof. Dr Antônio Guimarães Ferri Secretário Geral: — Dr. José Geraldo Soares de Mello FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS Diretor: — Prof. Dr. Ruy Galvão de Andrada Coelho Vice-Diretor: — Prof. Dr. João Baptista Borges Pereira Assistente Técnico para Assuntos Acadêmicos: Bei. José Aldo Pasquarelli Assistente Técnico para Assuntos Administrativos: Conceição Pinez Garcia LINGUA E LITERATURA Comissão de Redação: Massaud Moisés Cidmar Teodoro Pais Julio G. Garcia Morejón Diretor-Responsável deste número: Cidmar Teodoro Pais Revisão: Álvaro Cardoso Gomes Ana Maria Coelho Silva Língua e Lileraiura REVISTA DOS DEPARTAMENTOS DE LETRAS DA FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Ling, e Lit. São Paulo Ano IX v. 9 p. 1 - 412 1980 — 4 — 1. Esta Revista destina-se a publicar 4. Serão da responsabilidade cientí trabalhos de professores dos Depar fica e doutrinária dos seus autores tamentos de Letras da Faculdade de os conceitos e juizos emitidos em Filosofia, Letras e Ciências Huma suas colaborações — artigos ou nas da USP. Terá, outrossim, suas recensões; páginas abertas a colaborações de ex-professores e colegas de outros departamentos, a professores es 5. A publicação de colaborações não trangeiros, desde que pertinentes ao solicitadas estará sujeita à aprova campo da língua e da literatura; ção da Comissão e à disponibilida de de espaço na Revista; 2. As colaborações, que devem ser inéditas, serão publicadas na lín 6 . À Comissão de Redação cabe o di gua original, desde que em portu reito de recusar qualquer colabora guês, espanhol, francês, italiano, ção que julgue inoportuna ou in- inglês ou alemão; condizente com o espírito da Re vista . 3. A Comissão de Redação reserva-se o direito de, se necessário, rever as colaborações a fim de enquadrá-las, nas normas ortográficas, bibliográ ficas e tipográficas adotadas por esta publicação; Toda correspondência deverá ser dirigida à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, com men ção específica de Língua e Literatura — Caixa Postal 0.1000 — São Paulo — Brasil. Secção Gráfica U Faculdade de Filosofia, S Letras e P Ciências Humanas SUMÁRIO ARTIGOS Adélia Bezerra de Meneses Linha de montagem................................... 9 André Camldng Réflexion sur la Métaphysique de Cecília Meireles. .... ... 21 Carlos Alberto da Fonseca As Biografias de Kâlidasa.. .. .. 4 5 Célia Berrettini Aspectos judaicos de “A Celestina”, obra-prima da Literatura espa nhola.............................. ....................... ................. .. .. #. 71 Cidmar Teodoro Pais Algumas reflexões sobre os modelos em lingüística.......................... $9 Eloá Di Pierro Heise A Escritura de Günter Eich enquanto epifania.. .. ... 117 Felipe Jorge As Concepções lógica e gramatical da oração.... .. .... 123 Fredric M . Lit to The Authenticity of the epilogue to Troilus and Cressida. .... 127 Irene Wherritt Patterns of the subjunctive in Brazilian Portuguese.................. 133 lrlemar Chiampi “Carpentier y el surrealismo” .................... 155 José Carlos Garbuglio A Bagaceira entre tempos...................... ... ... 175 Julia Marchetti Polinesio Um Racconto di Gadda: Compagni di prigionia quarto articolo di guerra della prima parte di “II Castello Di Udine” ................ 191 Klaus Miiller-Bergh “Vicente Huidobro: futurista y cuantico” ..................................... 2*Í3 Lênia Márcia de Medeiros Mongelli O Ensino do português..................................... .. 225/ Leonard T Perry Ambivalência en “La Nochebuena de 1836” 231 Loredana Caprara Influenze dei futurismo su Ungaretti. ........................................... 241 Luzia Garcia do Nascimento Modais e modalidade na comunicação lingüística................................ 249 Maria Aparecida Barbosa Modelos em lexicologia. ...................... .. 261 Maria Helena Nery Garcez De Mariana e Heloisa.................................................................................. 281 *1 Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick A Estrutura do signo toponímico................................ 287 Mauro W. Quintino de Almeida Os Arcanos da epigrafia............................................................... 295 Munira H . Mutran Some considerations on and again?.............................. ................. 307 Peggy Sharpe Valadares The Autobiographical fallay in Hemingway’s “Cross Country Snow” and “Hills Like White Elephants” .. ... ........... 313 Philippe Willemart Quarantaine suivi d’une écriture à lire à haute voix........................ 321 Terezinha Naked Zaratin Tentativa de aproximação em Literatura Comparada: A Moderni zação na Literaturas Chinesa e Brasileira Contemporâneas............. 325 Willi Bolle ' . Jakob Michael Reinhold Lenz — Sete Críticas à Dramaturgia de Brecht • • • • ................. 341 Zé lia de Almeida Cardoso A “Lua” Musical de Cruz e Souza................................ 355 NOTAS Francisco Casado Gomes O Auto camoniano d’el rei Seleuco e as suas informações di dascálicas....................................................................... 363 Maria Helena Nery Garcez Ainda o “Carpe Diem” 367 RESENHAS MNATZAKANYAN, S.D .A.; STEPANYAN, M.A. Architectural Monuments in The Soviet Republic of Armenia (Beatriz Diniz) .... 375 ROSSI (GIUSEPPE CARLO). La civiltd portoghese (Darcy Apa recida. Diniz)................................... .... ...................................... 378 GERMAN DE GRANDA. Estúdios sobre una área dialectal hispa- noamericana de población negre (Erasmo d’Almeida Magalhães). 380 Três Recensões Críticas (Olívio Caieiro): JOHANNES KLEINSTUCK. Die Erfinaung der Realität. Studien zur Geschichte und Kritik des Realismus........................................... 384 HANS-JOACHIM TEUCHERT August Graf von Platen in Deu- teschland. Zur Rezeption eines umstrittenem Autors................... 386 MANFRED JURGENSEN. Das fiktionale Ich. Untersuchungem zum Tagebuch. .................................................................. .... 390 NOTICIÁRIO Cidmar Teodoro Pais Sociedade Brasileira de Professores de Lingüística — SBPL (XII Encontro)..... ............................................................. ................... ., 3 9 7 Lilian Proença de Menezes Montenegro Conversações Alas 80: Constituição Latino-americana de Sanscritis- ta (A L A S).................................... .. 401 Nádia Battella Gotlib O IV9 Congresso Interamericano de Escritoras..................................... 405 ARTIGOS LINHA DE MONTAGEM Adélia Bezerra de Meneses Para Alejo Linha de Montagem, canção composta por Chico Buarque em 1980 e dedicada aos metalúrgicos em greve do ABC paulista, vem re velar importantíssima articulação em sua poética, estabelecendo um diálogo textual com aquela que pode ser considerada a mais épica de suas canções: O que será (À Flor da Terra) Efetivamente, Linha de Montagem encontra seu significado ple no à luz de O que será, a grande canção utópica, uma explosão de todo o reprimido, absolutamente irresistível, em que o erótico e o po lítico convergem num mesmo movimento liberador cósmico. Por sua vez, O que será toma-se melhor entendida se devida mente localizada na obra de Chico: ela se seguirá à época das “can ções de protesto”, originadas da confluência entre a variante utópica e a vertente crítica de sua produção. Com efeito, Apesar de você (1970), Deus lhe Pague (1971), Quando o Carnaval chegar (1972), Cálice (1973) foram 4 canções que se transformaram em emblemas dos anos em que foram compostas — os 4 anos talvez mais terríveis em matéria de repressão e censura. Nelas, introjetado, está o “clima” de seu tempo: a repressão se tornou elemento estrutural das canções. Vivia-se o impacto do ainda jovem AI-5; imperavam cassações, pri sões, “aposentadorias” de professores universitários. O governo de Mediei é marcado por inaudita violência policialesca. O Brasil passa a viver sob a égide da “Doutrina de Segurança Nacional” em nome da qual se viveu como nunca um clima de tanta insegurança. Não é de se estranhar, pois, que neste contexto a repressão im pregne mesmo o ritmo da música (como é o caso de Deus lhe Pague), mesmo a escolha morfológica; que se instaure toda uma semântica da repressão: boca calada, realidade morta, mentira, força bruta, pa lavra presa na garganta, peito calado (Cálice); amor reprimido, grito contido, gente falando de lado e olhando pro chão (Apesar de Você); alegria adiada, abafada (Quando o Carnaval chegar). O mero levan- — 10 — tamento das expressões verbais das canções dessa época remeterá ao sema do reprimido: tô me guardando, apanhando, não posso pegar, há quanto tempo desejo seu beijo; tragar a dor, engolir a labuta; fechar a porta do coração, trancar no peito a paixão, acorrentar. Numa análise das canções de repressão é inequívoca a intersecção dos planos pessoal e social, afetivo e histórico, erótico e político. Em outras palavras, a questão sexual apreendida de modo político — aquilo que é o fundamento do pensamento reichiano em Psicologia de Massa do Fascimo, onde é mostrada com a maior clareza “a função política da repressão sexual, a relação íntima que liga a vida sexual e a inten sidade do recalcamente sexual às concepções e inclinações da política reacionária” (1) Tanto Apesar de Você (que contrapõe o bloqueio das expansões vitais, sob o signo do hoje, às metáforas da vida, sob o signo do amanhã), quanto Quando o Carnaval Chegar