QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 www.maissemanario.pt MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim 15 "O meu compromisso com os poveiros foi o de provar que podemos ser mais do que uma repartição onde se passam atestados" A afirmação é de Ricardo Silva, presidente da Junta da união de freguesias da Póvoa de Varzim, e , o qual considera que o mandato da sua equipa “é positivo, porque houve sempre uma grande entrega à causa pública”. O autarca que privilegia as tradições locais, com o incremento constante de novas ações e iniciativas junto da população e essencialmente das crianças, tem como finalidade “o mesmo sentimento de amor à Póvoa de Varzim que temos agora”

Está a finalizar o mandato como presidente de junta. Qual o balanço do mesmo? Decidiu incentivar e divulgar as guagem secreta dos Erguinas de Foi um mandato a três tempos. tradições poveiras (siglas, jogos Beiriz foi apresentada em forma Primeiro a organização da junta em tradicionais, entre outros) junto de jogo de tabuleiro. A Camisola termos de gestão financeira e de pro- das escolas e da população em Poveira aparece com a Ceia de cedimentos. Depois a implementação geral. Porquê destas ações cul- Natal Poveira num livro infan- do nosso programa e avançar com as turais? til: "O Pai Natal ", entre-

obras nas freguesias e depois, infe- / CMPV MARQUES CARLOS / JOSÉ ARQUIVO Uma importante responsabili- gue a todas os alunos do 1º Ciclo. lizmente, a reorganização do nosso dade da junta é a do fortaleci- Organizamos no Verão, Natal e eixo de atuação, para responder às mento do sentido de comunidade. Páscoa as “Férias Poveiras na dificuldades provocadas pela pan- É junto das crianças que temos Junta” para miúdos dos 6 aos 12 demia. O balanço é sinceramente de procurar construir o senti- anos. Não se trata duma coló- positivo, porque houve sempre uma mento de pertença à sua terra, às nia de férias vulgar, é mais uma grande entrega à causa pública e a suas tradições e às suas raízes. escola de poveirinhos: visitar o perceção geral, pelos funcionários e Isto sempre foi acontecendo pela farol da Lapa, subir ao Farol de membros do executivo, de que podía- influência dos pais e dos avós, o , almoçar no Chapéuzinho, mos fazer a diferença. que é o meu caso. Hoje em dia, visitar o Museu, jogar aos Jogos Qual a vertente que predominou a principal influência das crian- Tradicionais, desenhar a histó- neste seu mandato, em particular ças são a televisão e os jogos. ria do Cego do Maio, criar uma na cidade? des gratuitas na Póvoa de Varzim, anos das Tricanas do Cidral. É preciso incutir-lhes a nossa embalagem de conservas, Bordar Na cidade como em Beiriz e Argi- Beiriz e Argivai, destinadas aos Não se tratou apenas da cidade, riquíssima cultura, tornando-a uma lancha Poveira em Ponto de vai, implementei o conceito de uma maiores de 65 anos ou reformados. mas uma ação concertada em Bei- apetecível para os mais novos. cruz, visitar um armazém de re- Junta aberta, disponível para ajudar Podem inscrever-se de setembro a riz e Argivai com a comemoração Por isso, as siglas são apresen- des, treinar com os jogadores do na resolução dos problemas do dia julho no Yoga, no Pilates, na infor- dos dias das Freguesias, o apoio tadas como uma caderneta de Varzim, conhecer o estaleiro na- a dia das pessoas. Isto era o mais mática, iniciação ao inglês, Escrever às grandes iniciativas populares cromos, daí a razão de termos val, fazer vela, brincar na praia. importante. A Junta nestes 4 anos um Conto, Venha conhecer a sua como a visita do Rancho de Sta. entregue centenas de bancos e Todas estas e outras ativida- teve um papel de grande colabora- Freguesia, Oficinas de artesanato, Eulália aos Açores, ou o Apoio à bolas da pela, sticks e bolas da des visam criar um futuro com ção com a Câmara e com as asso- pintura e desenho. Antes da pan- obra de Restauro da Capela do Bom boiada, um verdadeiro Kit de Jo- o mesmo sentimento de amor à ciações. Assumiu ainda responsabi- demia tínhamos anualmente 500 Sucesso. Obras como a reconstru- gos Tradicionais às Escolas. A lin- Póvoa que temos agora. lidades em áreas que normalmente inscrições. Muitas dessas atividades ção dos Tanques de Lavadeiras de não intervinha. Um exemplo disso eram inter-geracionais e todos os Belém, da Pedreira e da Fonte Nova é a grande importância que demos eventos de Magusto, Sardinhada e em Beiriz ou a criação de um Par- à questão ambiental. Colaboramos Carnaval passaram a apelar a que que Natural de árvores autóctones na captura de colónia de gatos, trouxessem os netos. Todos os even- em Argivai, numa clara alusão às realizamos ações de sensibiliza- tos da Junta, muito devido à forma antigas matas do Anjo, pretendem ção com campanhas nas escolas descomplexada e ambiente familiar dar oportunidade às próximas gera- dos Dias de recolha dos Monstros que promovemos, são muito concor- ções de conhecer o modo de vida Urbanos, ações de Limpeza das ridos. Ainda no sábado participei dos seus avós e as suas origens. Praias, sinalética para a recolha de na nossa atividade de limpeza das A vertente social não foi esquecida? resíduos nas freguesias, reduzimos praias e em dois dias tínhamos o O primeiro ano de mandato ficou NOGUEIRA ALBERTO / JOSÉ ARQUIVO a aplicação de herbicidas e recolha número máximo de inscrições per- marcado, como não podia deixar de de verdes ao domicílio, passamos mitido pela DGS. ser, pela criação de vários regula- a fazer a seleção de resíduos em A Junta apoia e incentiva a divul- mentos na sua quase totalidade todas as delegações. Não posso gação da cultura. Porquê? aprovados por unanimidade por apontar vertentes predominantes, Como disse, a cultura é o principal todos os partidos da Assembleia de mas o ambiente foi com certeza fator de agregação de uma comu- freguesia. Um dos primeiros foi o uma nova área de intervenção. nidade. Não é à toa que continuam de Apoios Sociais. Estabeleceu-se Outra nova área de intervenção a existir Casas dos Poveiros no Rio, como, quando e em que condições foi a preocupação com os mais em São Paulo, em Toronto. Isto quer se podia e devia ajudar. Daí resul- jovens. As Juntas tradicionalmente dizer que mesmo fora da sua terra, tou uma série de medidas como dedicam-se aos seniores. Além de os poveiros continuam agarrados à o Cabaz de Emergência, o Banco várias atividades, nas três fregue- sua identidade, não a abandonam. A de ajuda à Infância (recuperação sias a União de Freguesias insta- Junta decidiu investir na promoção, e reutilização de vestuário, cal- lou em 4 anos, 4 Parques Infantis. divulgação e facilitação de acesso çado, mobília, brinquedos), Obras Criou diversas atividades e apoios à cultura, especialmente da cultura ao domicílio, Gabinete de Psico- para os cidadãos poveiros, nomea- popular. Todos os anos investimos logia, Balneário Social, Roupeiro damente com a academia sénior. Sa- na Recuperação do Património Cul- Social, Apoio ao emprego, Bolsa tisfeito com a adesão das pessoas? tural das Associações Poveiras, daí de Cuidadores, Apoio de Fraldas A Academia sénior tem o mesmo surgiu o CD do coro Capela Marta, Geriátricas, Banco de ajudas téc- conceito dos Centros Ocupacionais a Opereta Poveira das Tricanas nicas (Camas articuladas e Cadei- e do Desporto Sénior. São ativida- Poveiras e agora o Livro dos 100 ras de rodas).

IMPORTANTE RESPONSABILIDADE DA JUNTA É A DO FORTALECIMENTO DO SENTIDO DE COMUNIDADE QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 16 MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim www.maissemanario.pt

No segundo ano de mandato, aumentamos O MEU o apoio financeiro anual das IPSS (Benefi- cente, Mapadi, Madre Matilde e Maria da COMPROMISSO Paz Varzim) para 40 mil euros. Criamos os Mercados Sociais de Natal e COM OS POVEIROS Páscoa, convidando as Associações a colocar E COM A CÂMARA os seus produtos à venda na Junqueira. Esta- belecemos parceria com o Mapadi para MUNICIPAL FOI O escoamento dos produtos hortícolas do seu centro de trabalho protegido, cedendo um DE PROVAR QUE lugar gratuito na Feira das . Todos PODEMOS SER os anos integramos preferencialmente, na Junta, através de Contratos Emprego Inser- MAIS DO QUE ção pessoas com deficiência, dando-lhes oportunidade de exercer uma profissão. UMA REPARTIÇÃO Serviços como Junta ao domicílio, que permite fazer a prova de vida em casa, ou ONDE SE PASSAM de Junta ao Cidadão, que consiste em ajudar ATESTADOS as pessoas a utilizar os sites dos Registos e Notariado, Finanças, Serviço Nacional de Saúde, são um apoio diário a quem não con- sinais de desaceleração, continuam a surgir segue utilizar as plataformas informáticas. novos problemas. A Junta tem a responsabi- A Junta da Póvoa de Varzim está espalhada e Argivai do que aqui na Póvoa de Varzim. Não só a vertente social não foi esque- lidade de lhes dar resposta. Neste momento por três locais da cidade (norte, matriz e Temos recorrido ao Turismo para as nos- cida, como tenho a certeza absoluta que há é a Junta que tem assumido o transporte de sul). No futuro poderá existir um único sas exposições das Formações em artesa- muitas famílias nestas três freguesias que pessoas, com dificuldades de mobilidade, à edifício que permita desenvolvimentos nato e ao para apresentações nunca mais se esquecerão desta Junta. vacinação. de outras atividades? de Livros e outros eventos. Falta espaço Uma grande parte deste mandato desen- Enquanto autarca desenvolveu uma forma- O meu compromisso com os poveiros e para assumir outras responsabilidades, rola-se durante a pandemia da covid-19. ção dedicada à Camisola Poveira, como tam- com a Câmara Municipal foi o de provar pois rapidamente esgotamos a capacidade A junta conseguiu adaptar-se a esta nova bém foi o primeiro a alertar sobre a questão que podemos ser mais do que uma repar- das atuais. Falta espaço, por exemplo, para situação da sociedade e responder aos pro- da cópia por parte da estilista. A Camisola tição onde se passam atestados. Para fa- nos dedicarmos a workshops e atividades blemas dos cidadãos? Poveira pode ser efetivamente o ícone prin- zer atestados não é preciso mais do que de divulgação da cultura poveira com as A Junta de Freguesia da Póvoa, Beiriz e cipal que pode representar a Póvoa de Var- as 5 ou 6 salas que neste momento são as crianças. Estávamos a utilizar a Escola Argivai nunca fechou. Só neste aspeto já zim no país e no estrangeiro? instalações da Junta da Póvoa de Varzim. de Nova Sintra para as Férias Poveiras fizemos a diferença face a muitos outros Eu costumo dar dois exemplos sobre a pre- No meu mandato a Junta assumiu outro da Junta, mas foi agora remodelada para serviços públicos. servação do património histórico poveiro: a tipo de papel na cidade e precisa de ins- outras funções. É bom espalharmos o No terceiro e quarto ano do meu mandato, Lancha Poveira e a Camisola Poveira. talações dignas para a sua atividade. Foi nosso trabalho pela cidade, mas é muito a atividade de apoio social intensificou-se. A A lancha poveira, o nosso principal símbolo muito difícil implementar 12 atividades complicado em termos logísticos e em pandemia veio validar muitas das opções que é uma coisa do passado. É apenas um objeto seniores, algumas com 20 alunos em si- muitas situações pura e simplesmente não tínhamos tomado e a Junta tem trabalhado de Museu. Sem hipótese de vida futura, por- multâneo, em salas que eram constante- é possível avançar com os projetos. Tudo de forma muito coerente com o Pelouro de que a sua base é tecnológica. Não tem um mente montadas e desmontadas, ora para isto são coisas boas e só quer dizer que a Ação Social da Câmara Municipal. O centro valor de uso, foi ultrapassada. Dificilmente cursos de informática ora para atividades Junta pode ser maior, fazer mais. logístico das centenas de cabazes de emer- o saber fazer do cavername dará origem a desportivas. Tenho comunicado esta situação ao Pre- gência ficou em Argivai. Criámos em Beiriz uma demanda de lanchas, seja para a pesca O Gabinete de Ação Social e Inclusão sidente da Câmara, que apresentou uma um Centro COVID para receber pessoas que ou para lazer. A Lancha é uma coisa do pas- precisa de condições para sessões de escla- solução para o problema. A concretizar- não conseguiam fazer o seu isolamento em sado que queremos manter viva. recimento, para sessões de terapia, para -se, irá de uma vez por todas resolver esta casa. É preciso não esquecer que, se as Jun- Este não é o caso da Camisola Poveira, formação, até para consultas de psicolo- situação e colocará sobre os ombros do tas foram a primeira linha de apoio, nesta pois tem valor útil e acreditei sempre ter gia e atendimento. Na verdade, encontrei presidente da Junta da cidade uma ainda União de freguesias trabalhávamos para potencial económico. Por ter essa convic- melhores instalações de Juntas em Beiriz maior responsabilidade. 34.000 pessoas, metade da população do ção, organizei 3 formações e fizemos várias Concelho. Como tinha dito, decisões que iniciativas de divulgação. Não é por acaso tomáramos nos primeiros anos capacita- que o ator Ricardo Carriço aparece nos jor- ram a junta para dar uma resposta rápida. nais com uma camisola poveira a ilustrar A carrinha de 9 lugares adquirida em tudo o que é notícia. Tinha sido uma oferta 2018 passou a distribuir cabazes, a levar as da Junta quando participou numa atividade compras a quem estava confinado. A carri- da Associação de pais da Escola Nova, aqui nha de caixa aberta comprada em 2019 foi na Póvoa de Varzim. adaptada, para se poder fazer com o trator, Concluímos o caderno de especificações a desinfeção dos espaços públicos. Graças à para certificação como peça de artesanato nova Loja dos CTT em Beiriz, recém-aberta protegida. É um processo moroso e compli- em 2019, foi possível pagar as reformas sem cado tecnicamente e que tem de ser feito que os pensionistas tivessem que se deslocar junto do Instituto de Emprego e da entidade à cidade. A grande adesão a atividades da certificadora. Junta pelos seniores, tinha produzido uma A apropriação da Camisola Poveira, por base de dados com 1500 utentes que con- uma marca internacional, veio confirmar a tinuamos a contactar e monitorar. A pan- minha perceção do valor comercial da peça demia não acabou e apesar de haver claros tradicional. QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 www.maissemanario.pt MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim 17

A Camisola já representa a alma poveira, é agora importante que se retome a sua vocação comercial, NESTES 4 ANOS FIZ O MELHOR para criar empregos, divulgar o nome da Póvoa, trazer Turismo. PELA MINHA TERRA. AO DAR O A Junta da Póvoa gere a Feira da MELHOR DE MIM, NÃO FIZ MAIS DO Póvoa, no lugar das Moninhas, e agora vai gerir a Feira de Artesa- QUE A MINHA OBRIGAÇÃO. SENDO nato e Velharias. O local da pri- meira pode ainda ser melhorado, ASSIM, CABE AOS POVEIROS bem como as suas condições? So- DECIDIR E CABE-ME A MIM NÃO bre a segunda, a 13 de junho será o início de uma nova feira que po- DESISTIR DAS COISAS QUE QUERO derá atrair à cidade mais gente, a um novo local e que vai promover PARA A PÓVOA DE VARZIM, o artesanato? PARA BEIRIZ E PARA ARGIVAI A Feira das Moninhas ocupa um espaço que não é propriedade da Junta de Freguesia. Relativamente ao terreno utilizado como estacio- fazer. Foi ainda entubada uma linha das Moninhas sofreu muito com namento, de que as pessoas mais de água que costumava alagar toda o seu cancelamento no período de reclamam, existia um diferendo a zona e arranjadas as vedações confinamento, pelo que isentamos nunca resolvido que impediu a sua dos terrenos. De realçar que, apesar todos os feirantes do pagamento de pavimentação. Recentemente fala- de grandes esforços na sensibiliza- feiras não realizadas, no valor de mos com um familiar, chegando a ção dos feirantes, a feira continua a 43 mil euros, e temos evitado agir acordo para pavimentação com produzir muitos resíduos e por isso sobre situações de pagamentos em tout-venant em toda a extensão a Junta disponibiliza 7 homens e atraso, pedindo que regularizem para acabar com os grandes bura- veículos todas as segundas-feiras com pagamentos faseados. cos no piso. Mais não foi possível para limpeza do espaço. A Feira A Feira de Artesanato e Velha- rias é uma nova competência da Junta de Freguesia. Significa uma nova responsabilidade e um novo A CAMISOLA JÁ REPRESENTA desafio que aceito com agrado. Fazer uma feira é sempre uma A ALMA POVEIRA, É AGORA forma de animar uma parte da IMPORTANTE QUE SE RETOME cidade. É uma oportunidade de criar eventos e animações de rua. da minha maneira de ser. Adoro a minha terra. Ao dar o melhor de A SUA VOCAÇÃO COMERCIAL, Sente que são os poveiros que pe- Póvoa de Varzim duma forma tal mim, não fiz mais do que a minha dem ou que ainda falta fazer muito que é incompreensível para as pes- obrigação. Sendo assim, cabe aos PARA CRIAR EMPREGOS, para fazer, a questão de voltar a se soas de fora, mas que não é dife- poveiros decidir e cabe-me a mim DIVULGAR O NOME DA recandidatar a um novo mandato? rente do sentimento de qualquer não desistir das coisas que quero Tenho uma relação muito pró- outro poveiro. É a nossa maneira de para a Póvoa de Varzim, para Bei- PÓVOA, TRAZER TURISMO xima com as pessoas, faz parte ser. Nestes 4 anos fiz o melhor pela riz e para Argivai. PUB QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 18 MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim www.maissemanario.pt

Centro de Coordenador de Aplicação digital vai aproximar cidadãos Transportes junta transportes, ao Centro de Atendimento Municipal “Em breve o Centro de Atendi- decorreu no passado mês de abril. ser “uma mudança de procedimento empresas e formação mento Municipal vai ter uma App O aplicativo vai permitir o acesso com a digitalização dos serviços, (aplicação digital)”, revelou Aires através de um telemóvel, compu- numa nova era de relacionamento, CMPV Pereira, presidente da Câmara tador ou tablet a todos os serviços não esquecendo aqueles que não Municipal da Póvoa de Varzim, na que a autarquia presta, naquilo que utilizam estes processos”, disse. inauguração oficial do espaço que o presidente da Câmara considera “A app do CAM permitirá a todos os munícipes acederem aos servi- ços de atendimento, através dos seus telemóveis, para agendar aten- dimentos, marcar audiências e con- sultar pedidos”, fez saber o autarca, acrescentando também que “o pro- JOSÉ ALBERTO NOGUEIRA ALBERTO JOSÉ cesso 'sem-papel' está em curso". Desde janeiro deste ano, o edifí- cio tem também uma outra impor- tante função na circulação pedo- nal na cidade, já que faz a ligação entre a Praça do Almada e a esta- ção de Metro, permitindo desta A antiga central de camionagem Poveira. Além disso, durante cinco forma aumentar a segurança dos deu lugar a um renovado equipa- anos, ali ficará instalado no Centro peões que podem utilizar esta pas- mento com maior abrangência, com Póvoa Empresas um 'think-tank' sagem em detrimento da estrada uma nova central de transportes [grupo de estudo/reflexão], consti- nacional 13. rodoviários – autocarros – com tuído por jovens profissionais e da uma ampla sala de espera, gabi- Escola Superior de Media Artes e netes individuais para bilhética e Design do Politécnico do Porto, com um bar/restaurante de apoio, que o qual a Câmara irá desenvolver agrega no mesmo local uma incu- projetos conjuntos, designadamente Pavilhão na Eça e novas salas na badora de empresas e várias lojas, de "renovação da identidade grá- uma das quais onde funciona o fica e visual da Póvoa de Varzim Flávio no arranque do próximo ano escolar Centro de Formação da Camisola enquanto destino turístico". A zona escolar da Póvoa de Var- noite e fim de semana, disponí- CMPV zim terá nos próximos meses dois vel para treinos e jogos dos clubes importantes melhoramentos, com poveiros. CMPV a requalificação da escola Flávio Por sua vez, os alunos da escola Gonçalves e a construção de um Flávio Gonçalves vão utilizar no pavilhão na escola Eça de Queirós. início do próximo ano escolar “as O novo equipamento na escola novas salas, os acessos e zonas exte- secundária estará operacional no riores para que os alunos possam início do próximo ano letivo, sendo deixar os contentores e não tenho um espaço que estará durante dúvida que no final do ano temos o período diurno ao serviço da a obra toda concluída”, assegurou comunidade escolar e depois, à Aires Pereira, presidente da Câmara, CMPV

aquando da visita à obra no final do mês de março. O edil lembrou que a visita de junho do ano passado “foi muito traumática e foi o resultado da primeira empreitada, que che- gou a ter 70% de atraso, com falta de profissionalismo e responsabili- Investimento muda face dade. Agora, temos a sensação de que a obra está controlada, tem um do Bairro dos Pescadores caminho definido, nota-se organi- Decorrem em bom ritmo as obras mento “na revitalização urbana de zação e gente a trabalhar, a obra de requalificação do Bairro dos uma zona de grande valor histórico está a recuperar o tempo perdido”. Pescadores, com a substituição para a Póvoa de Varzim”, explica de pavimentos e modernização o município poveiro. das infraestruturas que existiam, Para o presidente da Câmara nomeadamente nas águas resi- Municipal da Póvoa de Varzim, “só duais domésticas e pluviais, abas- seremos verdadeiramente gratos Concluídas obras de remodelação tecimento de água, redes elétricas pelos contributos que as nossas e iluminação pública. gentes deram no passado se inves- do Mercado Municipal A empreitada, no valor de 960 tirmos no seu futuro e o Bairro dos Desde 15 de maio, que todos os taria e espaços afetos aos funcio- Para além deste investimento, mil euros, vai fazer a diferença não Pescadores é uma área fortemente quatro pisos do Mercado Munici- nários do 2.º Piso, à renovação dos o Município da Póvoa de Varzim só para os moradores do Bairro habitada por uma comunidade que pal estão em pleno funcionamento, espaços de venda do 3.º piso, à repa- também investiu na modernização dos Pescadores, mas também para há muito anseia, e merece, esta após a reabertura do renovado 4º ração das zonas comuns, da insta- e digitalização do comércio local todos os cidadãos, dado o investi- requalificação”. piso, onde estão os comerciantes lação elétrica e de telecomunica- ao disponibilizar a todos formação dos produtos hortícolas e flori- ções e à recuperação da fachada e e adesão gratuita ao Marketplace cultores. da zona envolvente exterior. “É Bom Comprar Aqui!”. CMPV Na altura, o edil Aires Pereira relembrou que “a Câmara Muni- CMPV cipal já investiu quase 4 milhões de euros na remodelação total do Mercado Municipal, sempre atra- vés de intervenções faseadas, que evitassem a sua deslocalização e a interrupção da atividade econó- mica dos nossos comerciantes por tempo indeterminado”. Ao longo dos últimos anos, procedeu-se à requalificação dos talhos e acessos do 1.º piso, à reabilitação da zona de venda de peixe, acessos, balneários, cafe- QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 www.maissemanario.pt MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim 19

Via circular chega a norte da cidade Reabilitação melhora conforto Encontra-se em fase de construção o prolon- solução à crescente sobrecarga do tráfego gamento da Avenida 25 de Abril, conhecida na entrada/saída da cidade, especialmente dos residentes do Bairro da Matriz como Via B, em direção a norte do concelho. nas horas de ponta. A requalificação do bairro da Matriz “aumen- aberto ao público a 16 de junho, a ampliação O acréscimo da nova via vai cruzar o Par- Segundo o município “trata-se da criação tou os níveis de conforto dos moradores do do parque de estacionamento do antigo Quar- que da Cidade, e vai ligar à antiga variante de uma via alternativa – prevista no Plano bairro e valoriza o património”, disse Aires tel, com capacidade para mais de 400 carros. em Aver-o-Mar. de Urbanização da cidade – que se revela Pereira, presidente da Câmara, que agrade- Com esta solução para o estacionamento Para esta obra, a Câmara vai despender essencial para a gestão e sustentabilidade ceu o contributo e ajuda de todos durante e com preços especiais para os habitantes mais de 3 milhões de euros, que surge como da rede viária”. a realização das obras. do bairro, o autarca acrescentou que se trata Com a reabilitação, que abrangeu mais de “uma solução simples de executar, mais de 15 arruamentos do bairro, também será económica, e muito equilibrada para o lugar”. CMPV CMPV

Parque infantil inclusivo na Póvoa de Varzim Largo da Lapa e escola reconvertida Junto à Avenida do Mar e ao lado do par- Igualmente, as zonas de Mourões e Regufe que de estacionamento gratuito, a Câmara receberam novos equipamentos que melho- em Centro Ocupacional da Póvoa inaugurou há duas semanas o pri- raram os seus parques infantis. Em Mou- meiro parque infantil inclusivo. O espaço, rões foi construído um circuito de manu- CMPV com equipamentos infantis comuns e de tenção para os moradores daquela zona utilização geral, tem instalações específicas habitacional. para crianças com necessidades especiais, "Mourões é uma zona que ao longo dos como é o caso de um baloiço exclusivo para tempos se foi degradando, mas agora tem cadeiras de rodas e de pavimentos amortiza- um Parque Infantil, um Circuito de Manu- dos, sobrelevados e com diferentes texturas. tenção e tem também a recuperação de todo Na abertura do parque infantil inclusivo, aquele espaço, como jardins. É uma zona da associaram-se diversas entidades locais, cidade onde cada vez vive mais gente e um entre as quais o MAPADI, que se fez represen- local cada vez mais seguro para as famílias tar por vários dos seus utentes e dirigentes. residirem", vincou Aires Pereira.

Instalado na antiga escola da Lapa, junto à Volvidos três anos sobre a abertura do Igreja, o Centro Ocupacional administrado equipamento e com o recente desconfina- pelo município tem promovido um envelhe- mento, o espaço continua a receber dezenas cimento mais feliz aos idosos. Na altura da de idosos, onde é proporcionado o exercício sua inauguração, o presidente da Câmara do corpo e da mente. Municipal, Aires Pereira, explicou que o Em simultâneo com a reconversão da escola investimento de meio milhão de euros feito em centro ocupacional, o Largo António Nobre deve ser tido em conta pelos utentes e pelos sofreu melhoramentos, tornando-se num local profissionais: “a conservação deste espaço de lazer com vista para o porto de pesca, o é essencial e temos a obrigação de o man- qual é frequentado por muitos daqueles que ter como ele nos acolheu na sua abertura”. fizeram do mar o seu modo de vida.

Sedes de associações poveiras alvo de requalificação Desde dezembro do ano passado que o Grupo “Com esta sede, temos condições para Recreativo de Regufe voltou à sua sede, fazer um trabalho ainda melhor”, disse Sérgio NOGUEIRA ALBERTO JOSÉ localizada no Farol de Regufe. Para além do Ferraz, presidente do GR Regufe, na altura equipamento gerido pela associação poveira, da inauguração. também foi criado um museu, na antiga casa Por sua vez, Aires Pereira, referiu que sob do faroleiro. o ponto de vista arquitetónico a sede “está

muito bem conseguida”, sendo que não era Lapa, nas antigas oficinas municipais, que fácil “trabalhar neste cantinho”. Além disso, está a ser alvo de obras de reabilitação, com “não ofusca” a história do local e do Farol de ampliação, parque exterior e acabamentos. Regufe. Aires Pereira ressalvou ainda que, No , a intervenção no edifício exis- para a autarquia, as associações do concelho tente com reformulação e requalificação das “têm todas a mesma importância”, referindo- áreas de serviço e requalificação das áreas -se também aos investimentos dos últimos de logradouro com substituição da cober- anos na sede da Matriz e dos trabalhos que tura existente e do piso, incluindo a revisão estão a ser realizados na sede do Leões da de toda a rede de infraestruturas. QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 20 MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim www.maissemanario.pt

Formadora da Camisola Polémica fez crescer as encomendas Ao tema da camisola poveira, Poveira pede que a população foi acrescentado este ano um novo capítulo: a polémica do plágio de uma estilista norte americana. Para Stella do Vale, "não adormeça para a Cultura" a situação deixou em si uma re- volta, “como qualquer outro po- Para Stella Maria do Vale, “a camisola poveira só por si é uma cultura”. Por isso, decidiu tirar do seu tempo veiro”. “Não gostei que dissesse para lecionar a confeção do traje. Neste momento, dá duas formações, uma pelo IEFP e outra patrocinada pela que era invenção dela e que ti- nha inspiração em trajes mexi- Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Ao MAIS/Semanário, relata as suas perspetivas sobre o presente e canos”, aponta. No entanto, há futuro da tradição um lado bom na história. “Pelo facto de ter copiado a camisola Stella do Vale não nasceu na Póvoa poveira, ajudou a que os povei- de Varzim, mas é esta a sua terra. ros despertassem para a sua É natural de Angola, “filha de mãe própria cultura”. E isso, segundo angolana e de pai poveiro, da famí- a formadora, “foi muito bom”. lia Estravanado, da qual me orgu- Esse reavivar da tradição lho”. Quando tinha cerca de 15 anos, nota-se, inclusive, nas forma- veio para Portugal, e foi morar para ções que dá. “Tenho formandas a casa dos avós, na rua Doutor cujas mães faziam camisolas, António da Silveira. mas elas nunca aprenderam. Foi nessa mesma rua que foi Agora, querem saber fazer para introduzida à confeção da camisola ensinar às filhas, para que elas poveira. “Havia lá umas vizinhas, a não tenham pena de não sabe- Júlia e a Florinda dos Carvalheiras, rem”, declara. que, nos dias de sol, se sentavam Quanto a encomendas, tam- no passeio a fazer os acabamen- bém elas aumentaram. Segundo tos da camisola poveira”, relem- Stella, “foi um crescimento que bra. Quis aprender, e pediu-lhes nem sei dizer”. Tanto no país lições. A partir daí, conta que “fui como no estrangeiro – “algu- mas formandas têm família no estrangeiro e estão a fazer Stella do Vale camisolas para o primo de Inglaterra, para o tio de não sei onde”. aprendendo e, entretanto, comecei Cursos dados 18h”. Contudo, quem corre por gosto Da parte da formadora, “o a fazer como elas”. “com boa vontade” não cansa, e “é mesmo um sacrifí- tempo é curto”, e não tem dis- Aos 61 anos, ou “quase 62, por- cio que faço pela camisola poveira”, ponibilidade de aceder a todos que faço anos a 15 de agosto”, Stella Atualmente, são duas as forma- desabafa Stella. os pedidos que lhe chegam. Mas considera-se poveira. Por isso, não ções pelas quais Stella é responsá- Nas formações, Stella ensina a garante que “quando alguém hesita ao dizer que “a camisola vel. “Uma pelo IEFP, de artesão de fazer as camisolas. “Começamos me pede, eu peço a colegas que poveira não é uma camisola qual- têxtil, e uma ocupacional de tem- a fazer a parte de baixo, o que a fizeram a formação comigo, quer, é uma cultura”. Só lamenta pos livres sobre a camisola poveira, gente chama de castelinhos”, o que, porque acho bonito. Ainda esta o facto de que “muita gente se foi pela Câmara Municipal”, descreve. segundo a mesma, “é a coisa mais semana entreguei uma para esquecendo dela ao longo dos anos”. Em cada uma das formações, tem difícil”. Depois, fazem-se as cos- uma criança de 2 anos”. Para reverter esta situação, Stella 22 alunas, que “estão muito con- tas e, em seguida, as frentes. As Não esconde o medo de que do Vale decidiu ingressar “numa tentes comigo”. A própria forma- duas partes são cosidas e é feita a “a memória do povo seja curta”. formação da camisola poveira, dora admite que faz “tudo com boa gola. O próximo passo será juntar Todavia, Stella do Vale assume dada na junta de freguesia da vontade, sempre feliz e contente”. as mangas, “mas antes, bordamos que “se depender de mim, Póvoa”. Mais tarde, “fui aconselhada Ainda que conjugar o emprego a camisola aberta. Há quem borde enquanto puder, vou fazer o que pelo Ricardo, o presidente da junta, como assistente operacional numa fechada, mas prefiro que bordem puder pela camisola poveira”. a tirar o curso de formadora” e, há escola e a ocupação como forma- aberta para ser mais fácil”, avança dois anos, o autarca convidou-a a dora seja por vezes complicado, a formadora. dar uma “formação de ocupação Stella diz que “nunca desisto”. O Resumindo, a camisola poveira de tempos livres”. “Foi a minha pri- horário está preenchido: “Dou for- “constrói-se de baixo para cima”. Tudo depende da experiência da meira formação”, confirma. mação pelo IEFP das 8h30 às 11h. Todo o processo dura cerca de 50 artesã, como explica, “uma pes- Entro na escola das 13h e saio às horas, diz Stella. Mas não dá certe- soa que está a trabalhar horas e 19h. Depois, às quartas-feiras, dou zas, até porque “nunca contabilizei” horas e faça disso a sua profissão, o curso da Câmara das 19h30 às o tempo que demorou a confeção com o dia a dia vai aperfeiçoando, Tradição da Camisola Por fim, encoraja quem souber 21h30 e, aos sábados, das 14h às das “6 ou 7” camisolas que já fez. fazendo mais rápido”. Poveira presente a continuar a fazer as camisolas. “Façam para as famílias, para “pelo mundo fora” os familiares que estão lá fora. O futuro da camisola poveira Assim, toda a gente vai ter ou está nas mãos dos poveiros, mas conhecer a camisola poveira”, o peso já começa a ser distribuído sorri. Na luta pela manuten- por mais pessoas. Nas forma- ção da cultura, agradece “às ções de Stella, há formandas “de minhas formandas, pelo tempo Viana do Castelo, de Famalicão, que dispõem para a camisola, de Gaia”. Há até “uma senhora por serem espetaculares, todas” que já foi ao turismo saber como e “à Câmara Municipal, por estas funciona porque quer fazer ca- iniciativas. Sem ela, estas forma- misolas para serem vendidas”. ções não eram possíveis”. Por isso, Stella do Vale não Deixa ainda um compromisso: duvida que “a camisola poveira “eu vou continuar a dar forma- vai conseguir, e a ocupação de ções, sempre que puder. E espero artesã da camisola poveira vai que no futuro a camisola poveira ser uma profissão”. Prova disso nunca mais seja esquecida. Que é que a tradição ultrapassa as o povo nunca adormeça para a fronteiras de Portugal e está a cultura. Que tenhamos artesãos espalhar-se “pelo mundo fora”, que façam a camisola poveira relata. para sempre”. QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 www.maissemanario.pt MAIS/Sociedade • Freguesia de Póvoa de Varzim 21 Para Sandra Silva, o artesanato faz-se 'Com Coração' Desde topos de bolos e prendas personalizadas, passando por uma variedade de presépios e figuras de santos, a Presentes com Cora- ção oferece “de tudo um pouco”. As mãos por detrás da marca são de Sandra Silva, uma poveira que diz que “sempre gostei de artesa- nato”. Em entrevista, revela que sente faltar na Póvoa “um espaço que dê visibilidade aos artesãos”

Sandra Silva admite que “nunca pensei seguir “Eu levo a minha isto”, mas agora, não troca o artesanato. Nas- cidade a todo o lado” Sandra Silva ceu numa “família que fazia crochet, malha, costura” e “sempre gostei de artesanato”, Ao longo dos anos, Sandra Silva aperfei- conta ao MAIS/Semanário. Desde pequena çoou o seu artesanato, e admite que o que que se interessou pela arte, mas, quando mais gosta de fazer são os presépios. Diz-se chegou a hora de escolher uma licenciatura, mesmo “uma apaixonada” por eles. Por isso, enveredou pelo ensino de geografia. é com orgulho que apresenta o primeiro pré- Contudo, em 2012, Sandra ficou no desem- mio que ganhou na Exposição de Presépios prego. Nessa altura, “reparei que, de repente, de Vila do Conde 2020. “Houve um concurso não tinha praticamente nada para fazer”, que procurava o melhor presépio de Portu- relembra. Foi aí que se virou novamente gal. E foi o meu presépio que ganhou”, sorri. para o crochet, mas para uma prática dife- Segundo a artesã, a criação era marcada rente: “amigurumi, uma técnica que agora pelo espírito poveiro: “coloquei as siglas já é mais conhecida, que serve para fazer poveiras. Tento colocar sempre algo que bonequinhos”. Para Sandra Silva, foi uma faça lembrar as camisolas poveiras, desde maneira de “ocupar o tempo enquanto espe- alguns bordados, barquinhos ou a âncora”. rava voltar a ser colocada”. O presépio vencedor não é a única obra E foi em junho desse ano que fez a pri- de Sandra que lembra a tradição da Póvoa meira formação em porcelana fria, o mate- de Varzim. “Eu levo a minha cidade a todo rial que, atualmente, utiliza para a maioria o lado. Digo sempre que sou da Póvoa, conto das suas criações. Já antes dessa altura a história, explico”, garante. “sonhava com ela, porque dava para fazer E, por isso, lamenta “ter sido preciso uma tanta coisa”, mas, segundo a artesã, foi nessa polémica” para que a Camisola Poveira vol- formação que fez as suas “primeiras expe- tasse a ser amplamente discutida. Para San- riências”. Poucos meses depois, em setembro, dra Silva, “a camisola poveira já devia ter estava a participar na sua primeira feira. sido pegada há muito mais tempo”. Nesse A partir daí, o passatempo e “antisstress” sentido, louva os artesãos que já o faziam deixou de o ser, e passou a ser trabalho. San- antes da polémica com a norte americana dra coletou-se, “para poder estar tudo legal”. Tory Burch, mesmo sendo “uma minoria com “Foi quase um acidente meio procurado”, pouca visibilidade”. “Esperemos que este inte- brinca, até porque “esbarrei-me um bocadi- resse seja por algum tempo, que não seja Exposição e Venda dos presépios no Natal cruz… vou sempre tentando saber um boca- nho no artesanato: ele veio ao meu encon- agora moda e depois caia no esquecimento” do ano passado, mas nós, os artesãos, não dinho daqui e dali”. É uma forma de “apro- tro, mas eu também fui ao encontro dele”. diz Sandra, até “porque as nossas camisolas estávamos lá”, adianta, “deixamos o nosso veitar o conhecimento de umas coisas para são lindíssimas”. artigo e foi a Associação Para a Defesa do as outras” e “vai dando alguma criatividade”. Artesanato e Património de Vila do Conde Já este ano, Sandra vai participar na O artesanato em que tratou das vendas”. Exposição de Santos Populares de Vila do época de pandemia No entanto, não deixou que a situação pan- Conde, chamada “Santos em Casa”, em que démica a parasse. “No meio disto tudo, tirei vai “levar figuras dos três Santos Populares Sobre a pandemia, Sandra Silva tem a a carta de artesão”, orgulha-se. Sandra Silva a concurso”. Quanto à Feira de Artesanato, lamentar a inexistência de feiras. Sem loja conta que organizou um portefólio com todo também em Vila do Conde, Sandra é uma física, a artesã vive essencialmente das feiras o histórico de trabalhos e formações que foi das candidatas a participar. No entanto, e das encomendas na página da Prendas com fazendo ao longo dos anos, “porque sempre como a mesma está “resumida a um quarto Coração, e estas últimas foram o único meio fui uma curiosa”. Segundo a artesã, “fiz for- dos artesãos, muitos vão ficar de fora, e eu de venda que pode recorrer no último ano. mação de tapetes de arraiolos, camisolas posso ser uma delas”. “Estamos à espera “A minha última feira foi em 2019. Houve a poveiras, feltragem, pintura em tecido, ponto dos resultados”, conta.

"A Póvoa não é Por isso, deixa a recomendação de que só camisola poveira" seja criado um “espaço com dignidade, no centro da Póvoa”. E sublinha a importância O futuro do artesanato poveiro está de- das formações, “de maneira a os artesãos pendente de uma aposta mais forte na serem certificados”. “Muitos não saberão visibilidade, de acordo com Sandra Silva. da certificação, da carta de artesão”. Ou Há uns anos, “quando comecei”, a artesã então, mesmo que saibam da existência, lembra-se de fazer “muitas feiras na Póvoa, “não sabem como fazer, como chegar lá”. havia várias feiras ao longo do ano”. Antes Para Sandra Silva, é necessário um da pandemia, já só participava em uma, acompanhamento ao nível do artesanato. no 15 de agosto; “de resto, foi terminado”. “Quem está a fazer as camisolas poveiras, Sandra resume esta situação num par tem apoio, alguma ajuda. Estão a desenvol- de palavras: “é triste”. “Eu levo a minha ver, tentar divulgar”. No entanto, remata: cidade a todo o lado, porque falo que sou “a Póvoa não é só camisolas poveiras. Há da Póvoa, porque tento mostrar. E sinto muito mais artesãos, em trabalhos diver- que aqui na Póvoa de Varzim falta dar sos, desde madeiras, na porcelana fria, em espaço, visibilidade aos artesãos”, desa- tecido… Existe muita gente que faz coisas bafa. lindíssimas e que é preciso ajudar”. QUARTA-FEIRA 26 MAIO DE 2021 22 MAIS/Publicidade www.maissemanario.pt