Callithrix Penicillata Como Um Modelo Primata Para O Estudo Da Infecção Por Isolado Humano De Strongyloides Stercoralis
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VITOR LUÍS TENÓRIO MATI Callithrix penicillata como um modelo primata para o estudo da infecção por isolado humano de Strongyloides stercoralis UFMG Belo Horizonte 2013 0 VITOR LUÍS TENÓRIO MATI Callithrix penicillata como um modelo primata para o estudo da infecção por isolado humano de Strongyloides stercoralis Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Parasitologia. Área de concentração: Helmintologia Orientador: Prof. Dr. Alan Lane de Melo Belo Horizonte 2013 1 Trabalho desenvolvido no Laboratório de Taxonomia e Biologia de Invertebrados (Departamento de Parasitologia) do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais 2 Aos milhões cujos corpos e mentes ainda padecem, em silêncio, de males parasitários que a ninguém mais deveriam afligir. 3 AGRADECIMENTOS 4 A realização do presente estudo, indissociável da contínua formação pessoal e profissional do autor, só foi possível mediante amparos institucionais e o apoio direto ou indireto de diversas pessoas. Aqui se registra o mais profundo agradecimento: À Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por toda a estrutura, rigor e excelência acadêmicos que tive o prazer de experimentar na Faculdade de Medicina, no Hospital das Clínicas e no Instituto de Ciências Biológicas ao longo de minha graduação, iniciação científica, mestrado e doutorado. Ao Prof. Dr. Alan Lane de Melo, orientador do presente estudo, pela amizade, estímulos e presença sempre marcante, desde meus primeiros passos formais na infindável jornada científica. Pelos rígidos ensinamentos referentes ao método e à forma. Por alimentar a chama da curiosidade e limitá-la quando preciso. Pelo exemplo prático e involuntário, quase diário, de quão importante é, ou deveria ser, a atividade didática na universidade. Ao Prof. Emérito Dr. Pedro Raso pela solicitude, críticas construtivas e inestimável ajuda na análise patológica. Especial gratidão pela atenção dispensada a quem, desde a graduação, admira a “Escola de Anatomia Patológica” estabelecida pelo Prof. Dr. Luigi Bogliolo na Faculdade de Medicina da UFMG e da qual és representante. Ao Prof. Dr. Anilton César Vasconcelos pelas facilidades, sobretudo aquelas relacionadas à obtenção dos dados alusivos à ocorrência de apoptose in situ. À Profa.. Dra. Amélia Dulce Vilela de Carvalho (in memoriam) cujos sinceros e duros conselhos de tia proferidos aos finais de semana, quando do princípio de minha caminhada, ainda ressoam vividamente em minha mente. Aos professores da UFMG, em especial do Departamento de Parasitologia, dos quais tenho recebido minha formação científica, pelos ensinamentos formais e lições outras. Ao programa de Pós-graduação em Parasitologia da UFMG nas pessoas do ex- coordenador Prof. Dr. Marcos Horácio Pereira e da sua atual coordenadora Profa.. Dra. Érika Martins Braga. 5 Às Sras. Sumara Aparecida Guilherme Ferreira e Sibele das Graças Guilherme Abreu, secretárias do Programa de Pós-graduação em Parasitologia, por toda simpatia e serviços prestados. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio financeiro na forma de bolsas e da taxa de bancada. Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) pela parceria junto ao Biotério de Primatas do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, fundamental para a execução dos experimentos. À Ana Paula Martins Oliveira do serviço de comutação bibliográfica da instituição pelos esforços incondicionais empreendidos na busca de referências raras, algumas do século XIX, imprescindíveis para este estudo. Ao Sr. Airton Lobo pelo auxílio na preparação de lâminas para a histopatologia, mas principalmente pelo fino trato diário. À Heloisa Maria Falcão Mendes pelas preparações histológicas utilizando-se o método TUNEL. À Wanderlany Amâncio Martins pela participação nos primeiros ensaios e o agradável convívio de outrora. Aos pacientes de Candeias e Rio Acima, estado de Minas Gerais, que voluntariamente me cederam amostras fundamentais para a experimentação. Ao Hudson Alves Pinto, mais do que colega, um grande amigo! Pelas agradáveis conversas, por vezes com “traços de uma psicoterapia mútua”, fundamentais para o nosso crescimento. Presto minhas estimas pelo elevado nível de suas ideias e comentários científicos que pude experimentar ao longo dos últimos anos, sempre demonstrando agudo tino para a academia. A todos os outros amigos que passaram pelo Laboratório de Taxonomia e Biologia de Invertebrados que em mim deixaram agradáveis lembranças: Rosilene Siray Bicalho, Gustavo José Caldas Vianna, José Ricardo Inácio Ribeiro, Stênio Nunes Alves, Sandro Eugênio Pereira Gazzinelli, Marco Antônio Andrade Souza, Higor Daniel Duarte Rodrigues, Diego Guimarães Florêncio Pujoni e Marcus Vinícius Andrada Anconi. 6 Ao Sr. Alberto Geraldo dos Santos, Sr. José Carlos Reis dos Santos, Sra. Selma Fernandes de Souza e Srta. Zenir de Souza pelos préstimos, todas as conversas e descontração nos corredores do Q3 do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, onde um dia existiu o Grupo Interdepartamental de Estudos sobre Esquistossomose (GIDE). Aos colegas do curso de Pós-graduação em Parasitologia. Aos amigos de foro íntimo na pessoa de Bruno Rodrigues Terra, nem sempre presentes, mas por certo importantes. A Pedro Henrique Gazzinelli Guimarães e Lucas de Carvalho Dhom Lemos, colaboradores e agora também amigos, pelas discussões e projetos paralelos. A Deus pelas vidas de meus familiares e a minha própria. Pela consciência e a razão humanas. Por todo o sentimento do mundo... À minha esposa Silvia Cristina Nunes Mati pelo nosso amor. Por respeitar-me, inclusive a opção pela ciência. Pela compreensão e toda paciência. Por me fazer sentir único e nos tornarmos a cada dia, juntos, pessoas melhores e mais felizes. A meus pais Celestino Cesare Mati e Cynthia Maria Carvalho Tenório Mati e à irmã Sílvia Paula Tenório Mati por tudo que me proporcionaram. Amo vocês e as palavras são insuficientes para expressar o quanto sou agradecido. Mãe, um obrigado, em particular, pelas vezes que com entusiasmo, quando ainda na minha tenra infância, no laboratório existente no porão de casa, você me erguia ao microscópio um tanto suficiente para que meus olhos alcançassem as oculares. E então... Com um olho, via o chão distante, abaixo dos meus pés. Com o outro, larvas de Strongyloides stercoralis! 7 “O Racionalismo é uma atitude de disposição a ouvir argumentos críticos e a aprender da experiência. É fundamental uma atitude de admitir: eu posso estar errado e vós podeis estar certos, e, por um esforço, podemos aproximar-nos da verdade.” Karl Popper, A sociedade aberta e seus inimigos 8 RESUMO Avanços na estrongiloidose experimental têm sido limitados, pelo menos em parte, devido à ausência de um modelo animal viável, de pequeno porte e fácil manuseio para o estudo e manutenção em laboratório do Strongyloides stercoralis. Buscando obter um modelo suscetível ao parasito humano, Callithrix penicillata (n = 15) foram infectados por via subcutânea com 100 (n = 4), 300 (n = 2) ou 500 (n = 9) larvas infectantes de terceiro estádio (L3i) de S. stercoralis. Quando já estabelecida a infecção, 3 saguis (2 infectados com 100 e 1 com 300 L3i) foram tratados com dexametasona (DEX) (2,5 mg/Kg/dia) por 5 dias consecutivos. Análises qualitativas e quantitativas de larvas de S. stercoralis excretadas nas fezes dos primatas foram realizadas. Animais mortos foram necropsiados, sendo as formas parasitárias recuperadas. Fragmentos de tecidos foram recolhidos e processados para a histopatologia. Espécimes de C. penicillata mostraram-se suscetíveis, não sendo usualmente observadas diferenças no curso da infecção entre os saguis que receberam diferentes números de L3i. Os períodos pré-patente e patente foram, respectivamente, de 16,1 ± 3,0 e 161,1 ± 72,2 dias pós-infecção (DPI). Entre o 15o e 35o DPI foram verificados os maiores valores de larvas/g de fezes. Em geral, a infecção foi bem tolerada pelos primatas, mas aqueles indivíduos que receberam DEX apresentaram progressiva deterioração clínica e morreram em decorrência de infecção disseminada. Nestes casos, uma quantidade de fêmeas adultas superior ao número de L3i inoculadas foi recuperado e grande quantidade de larvas em migração pelos tecidos do hospedeiro foi observada. Os achados anatomopatológicos nas formas não complicada e complicada da estrongiloidose experimental foram variáveis e compatíveis com observações prévias referentes à estrongiloidose humana, tendo ocorrido casos brandos de enterite catarral e quadros graves, principalmente na infecção disseminada, com enterite ulcerativa, colite edematosa e lesões pulmonares diversas, incluindo hemorragia, broncopneumonite, tromboembolismo e infarto. Os dados obtidos indicam que a infecção experimental de C. penicillata por S. stercoralis é representativa da infecção humana, inclusive da doença grave, sendo a manutenção do ciclo do parasito em laboratório possível neste hospedeiro. Adicionalmente, aspectos da biologia do nematódeo e da patogênese, os quais são ainda objetos de controvérsias na literatura, foram discutidos com base em novas informações obtidas no modelo primata proposto. Palavras-chaves: Strongyloides stercoralis, modelo primata neotropical, sagui, infecção experimental, isolado humano, glicocorticoide, hiperinfecção, infecção disseminada. 9 ABSTRACT Advances in experimental strongyloidiasis have been limited, at