COMO NASCEM RELAXAR MEDICINA OS TALENTOS? NAS CIDADES PREVENTIVA Sorte, empenho e trabalho. O stress do dia a dia obriga O check-up pode ajudar Como é que os novos talentos a pausas para descansar. Conheça os médicos a antecipar musicais portugueses 15 espaços diferentes para tratamentos ou, em alguns chegam ao sucesso? saborear ainda mais a vida casos, a salvar vidas

Outono 2017 Trimestral €1

número

25série ii

RODRIGO LEÃO UMA VOZ INTERIOR VINTE E CINCO ANOS DEPOIS DO PRIMEIRO DISCO A SOLO, RODRIGO LEÃO CONTINUA APAIXONADO PELA MÚSICA E PELOS CAMINHOS MISTERIOSOS DA COMPOSIÇÃO. UMA ENTREVISTA PARA LER DEVAGAR, NA COMPANHIA DE UM DOS 14 ÁLBUNS DO TALENTOSO COMPOSITOR Revista Montepio Montepio Revista PUB

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78 OUTONO #25 SUMÁRIO 2017

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) COLABORADORES Participe na próxima edição PÁG. Nesta edição... desta revista 20 Observatório Rodrigo Leão Rosalia Vargas Manuel Silva ^ AMBIENTE Músico Presidente da Associado A água é o mais importante Ciência Viva recurso do século XXI e os 2018 será um A 8 de outubro, recentes períodos de seca ano em grande Há pessoas este Associado recolocaram o tema na para o músico que são assim: Montepio opinião pública global. Que solução para este problema? português: incansáveis e cumpriu um PÁG. celebra 25 anos impacientes, sonho: acelerar, 34 de carreira, uma imparáveis e no Autódromo Reportagem ^ CIDADES data importante persistentes. do Estoril, num O Museu Cargaleiro e o e que será Conheça melhor a Ferrari 488 GT3. Museu da Seda são alguns apoiada pela "mãe" do Pavilhão Manuel Silva, que dos ex-libris da rota dos Associação do Conhecimento, durante largos museus de Castelo Branco. Mutualista. um dos rostos anos esteve E, também, uma outra forma Editará também que revolucionou ligado às provas de conhecer a cidade beirã.

PÁG. um álbum ao o modo como de velocidade, 78 vivo, com o qual os portugueses não hesitou em Sociedade ^ vai partir para a começaram inscrever-se ECONOMIA A incerteza do amanhã pode estrada, e deverá a olhar para numa Experiência pôr em causa os sacrifícios fechar o ano com a ciência nos Montepio e de hoje. Proteja-se das outra novidade: últimos anos. garantir uma tempestades com este guia um novo disco Um perfil para ler recordação para de produtos mutualistas. de originais. num fôlego só. a vida. para a família.

propriedade colaborações Montepio Geral – Associação Adriano Moreira, Carla Jesus, Mutualista, Rua do Ouro, 219-241 Francisco Moita Flores, Helena ESTATUTO EDITORIAL 1100-062 Lisboa Peralta, Helena Viegas, João A Revista Montepio é a publicação Tel. 213 249 540 Valente, Mafalda Aguilar, Maria que faz a ligação entre o Montepio série ii NIPC: 500 766 681 Pereira, Mariana Adam, Miguel Geral - Associação Mutualista # d i r e t o r OUTONO25 2017 Viçoso, Rita Vaz da Silva, Rute António Tomás Correia Marques, Susana Torrão (texto), e os seus associados. d i r e t o r a d j u n t o - Alfredo Cunha, Artur, Graziela Costa, Conheça o seu estatuto editorial em Rita Pinho Branco (fotografia), Natasha Hellegouarch, https://www.montepio.org/ coordenação Vera Mota (ilustração) Direção de Comunicação, vantagens-montepio/ Marketing e Canais publicidade publicacoes/revista-montepio/ Sónia Vigário (919 328 661) Tel. 213 804 010 | Fax 213 804 011

i m p r e s s ã o LiderGraf Sustainable Printing e d i t o r Aceite o desafo, participe Rua do Galhano, 15 (E N 13), Árvore Plot - Content Agency 4480-089 Vila do Conde na próxima edição e Av. Conselheiro Fernando de Sousa, 19, 6º, 1070-072 Lisboa | Revista trimestral | envie-nos as suas sugestões Depósito Legal nº 5673/84 Tel. 213 804 010 e comentários para d i r e t o r d e p r o j e t o | Publicação periódica | Ana Duarte registada sob o nº 120133 [email protected] d i r e t o r e d i t o r i a l Nuno Alexandre Silva t i r a g e m ou, se preferir, para e d i t o r c h e f e Carlos Martinho 469 000 exemplares Revista Montepio, Certificado PEFC d i r e t o r a d e a r t e Inês Reis Direção de Comunicação, Este produto tem O MGAM é alheio ao conteúdo da publicidade origem em florestas d e s i g n externa. A sua exatidão e/ou veracidade é da com gestão florestal Catarina Pereira, Mariana Camacho, Marketing e Canais sustentável e fontes responsabilidade exclusiva dos anunciantes controladas Sérgio Veterano, Sónia Garcia e empresas publicitárias. Rua do Carmo, 42, 9.°, p r o d u ç ã o e a r t e f i n a l PEFC/13-31-011 www.pefc.org Ana Miranda, Pedro Pinguinha 1200 - 094 Lisboa Esta revista foi redigida ao abrigo do novo Acordo Ortográfico Acordo ao abrigo do novo foi redigida revista Esta

REVISTA MONTEPIO EDITORIAL

Procrastinar é inerente ao ser humano. Não é algo português, europeu, africano, asiático ou americano. É comum a todos.

Por vezes, porém, quando finalmente nos deci- dimos a fazer algo é tarde de mais. A edição 25 da Revista Montepio é um ma- nifesto contra a procrastinação. É uma edição dedicada à ação. Ao fazer. Ao não deixar pa- ra amanhã. Um manifesto para passar das pa- lavras aos atos e mudar a vida com pequenos gestos. Hoje. Agora mesmo, enquanto lê a sua revista. Procrastinar é inerente ao ser humano. Não é algo português, europeu, africano, asiático ou americano. É comum a todas as nacionalidades, pode ser visto, em diversas latitudes e culturas, nas variadas tarefas, pequenas ou grandes. Nesta Revista Montepio pode encontrar Adiar o inadiável dicas para procrastinar menos e agir mais. Pa- ra pensar mais no futuro – no seu e no dos seus Protelar a subscrição de uma poupança. Remarcar uma ida ao familiares – e atirar a espuma dos dias para os médico para a semana seguinte. Adiar uma experiência que pode momentos de ócio que, conscientemente, a si ficar para sempre na memória. Tudo isto é fácil. Tão fácil como sa- próprio dedica. borear a espuma dos dias, decidir sempre no último momento, por Porque é esse o cerne da questão. Para afas- impulso, e deixarmo-nos levar por uma espécie de dolce far niente tarmos a incerteza do amanhã temos de con- que, sabemos, se virará contra nós mais tarde. trolar a nossa vida. Em todos os seus diver- Passamos os dias a vivê-los intensamente, olhamos para o cur- sos campos: na saúde, nas finanças, no lazer. to prazo como o nosso principal aliado e pomos de lado o que nos E, para que isso aconteça, urge decidir ho- provoca desconforto. O que nos assusta. O que implica decidir. je. Porque amanhã, como cantam os Rádio O que sabemos que está à nossa espera sempre que quisermos. Macau, pode ser longe demais.

REVISTA MONTEPIO GLOCAL SOLUÇÕES DE POUPANÇA E PROTEÇÃO, PLANOS DE SAÚDE, INICIATIVAS Apoio aos LIGADAS AO DESPORTO, EDUCAÇÃO, CULTURA, MAS TAMBÉM artistas EXPERIÊNCIAS PARA A VIDA E ATIVIDADES PARA OS MAIS JOVENS. portugueses A ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIO ESTÁ PRESENTE EM TODAS AS FASES DA VIDA DOS PORTUGUESES, 24 HORAS POR DIA. MAS É MAIS QUE NÚMEROS E SERVIÇOS. É UMA FAMÍLIA UNIDA EM TORNO DE VALORES COMO A ENTREAJUDA, A SOLIDARIEDADE E O BEM-ESTAR COLETIVO. OS VALORES DO MUTUALISMO

Fundação Montepio Espaço Atmosfera m Residências Universitárias

Clube Pelicas Residências Montepio

1840 +600 000 +61 000 Nasce a Associação Mutualista associados unidos em torno membros do Clube Pelicas Montepio, a maior associação de dos valores do mutualismo e uma das três maiores +12 000 associações da Europa. Disponibiliza +40 000 participantes nas atividades do Clube soluções de poupança e proteção social novos associados Montepio em 2016 Pelicas em 2016 e está presente em todas as áreas da sociedade: na saúde e no desporto, na +48 000 +12 000 cultura e educação. No lazer, cidadania participantes nas cinco edições da utilizadores ativos e na solidariedade. Corrida Montepio do Cartão Montepio Saúde 1221 acordos de parceria ativos em 2016 (+72 que em 2015)

Rede de parceiros Montepio Apoio aos (em 31 de dezembro de 2016) portuguesesartistas 59% Saúde 716 11% Turismo 140 13% Consumo 154 7% Desporto e bem-estar 87 5% Formação 61 3% Cultura e lazer 37 2%

Fundação Proteção social 26 Montepio Espaço Montepio Saúde Atmosfera m Residências Plano de saúde gratuito, exclusivo para Universitárias associados Montepio. Principais Vantagens • Acesso à Rede de Saúde Montepio (+6 500 unidades em todo o país) • Acesso a serviços de saúde de qualidade superior • Consultas e Exames • Outros serviços médicos • Partos, internamento ou cirurgias • Serviço de médico ao domicílio • Preços convencionados, tabelados e competitivos

Parceiros Estratégicos • CUF • Grupo HPA Saúde Clube Pelicas • União das Misericórdias Portuguesas Residências Montepio +600 000 associados com o Cartão Montepio Saúde (100% do total de associados) 102 quartos disponibilizados em residências universitárias, com descontos para associados Montepio 83 novos quartos em residências universitárias a partir de 2018 +700 300 eventos organizados iniciativas organizadas em 2016 3,78 nos espaços atmosfera m milhões de euros que a Fundação em 2016 +8 000 Montepio devolveu à sociedade através pessoas que participaram em do projeto Frota Solidária 1.267 241 € iniciativas em 2016 financiamento concedido pela Fundação Montepio +40 milhões de euros de poupança com o Cartão Montepio Repsol desde 2009

O MEU MUNDO TENDÊNCIAS NA ECONOMIA, SOCIEDADE, VIDA E CULTURA

página 10 página 20 página 28 página 34 TEMA DE FUNDO ENTREVISTA OBSERVATÓRIO PERFIL Todos adiamos deveres, Um dos nomes mais De Fábia Rebordão a Diogo O seu nome confunde-se ações, tarefas e obrigações: internacionais e consensuais Piçarra, descubra como com o projeto Ciência Viva procrastinar está-nos na da música portuguesa está nascem os talentos musicais e a sua vida com um livro alma. Saiba como reduzir de regresso. O momento e quais as características de páginas sem fim. Fomos esta dependência e as suas certo para revisitar as essenciais que os levam, dia conhecer as duas vidas de consequências para a vida paixões de Rodrigo Leão após dia, ao sucesso Rosalia Vargas 10

COMPORTAMENTO A HIPNÓTICA DANÇA DA PROCRASTINAÇÃO ADIAMOS A ENTREGA DO IRS, A VISITA AO MÉDICO OU O REGRESSO AO DESPORTO. ESTAS DECISÕES, QUE AFETAM TODOS SEM OLHAR A IDADES, TÊM CUSTOS. ALGUNS, INCLUSIVE, DEIXAM MARCAS PROFUNDAS. SERÁ A PROCRASTINAÇÃO UMA FORÇA IRRESISTÍVEL? HÁ QUEM GARANTA QUE NÃO E HÁ FORMAS DE A COMBATER. COMECE JÁ HOJE! OU AMANHÃ, SE TIVER OUTRAS COISAS PARA FAZER

por joão valente ilustração vera mota

REVISTA MONTEPIO Minho e diretor do programa de dou- Maria também tem um relatório pa- toramento em Psicologia. ra terminar e também chegou a casa Procrastinação. Palavra de cinco cansada. Contudo, não se deitou no sílabas. Áspera. Mesmo quem não co- sofá. Reparou que estava sem fruta nheça o seu significado, intui que de- e sem papel higiénico e resolveu dar ve ser uma coisa má. Tem origem no um pulo ao supermercado para fazer latim pro (para) + crastinare (o dia se- compras. Janta à pressa e liga o por- Era uma oferta irrecusável. guinte). Quer dizer que vamos deixan- tátil, mas, em vez de se lançar sobre O Oráculo de Delfos prometia a do para amanhã o que podíamos ter o relatório, responde a alguns e-mails imortalidade a Hércules e ainda feito hoje. Todos já o fizemos, todos so- de trabalho. Por fim, ainda faz mais lhe garantia a restauração da sua mos procrastinadores. Piers Steel, au- alguma investigação sobre o tema pa- honra, destruída por uma horrível tor da obra mais conhecida sobre este ra conferir maior solidez aos seus ar- tragédia do passado. Em troca, tema – The Procrastination Equation – gumentos. Era quase manhã quan- bastava que este realizasse doze revela que 95% das pessoas atrasam a do, finalmente, se decidiu a termi- trabalhos e servisse o seu inimigo realização de tarefas ou a tomada de nar o relatório. O resultado pode ser Eristeu durante doze anos. Era uma decisões. Por outro lado, só uma em o mesmo – um documento inacabado missão complicada. Os trabalhos cada cinco pessoas pode ser conside- ou mal feito -, mas as suas causas são implicavam tarefas sobre-humanas: rada uma procrastinadora crónica: muito diferentes. matar a Hidra das nove cabeças, pôs em risco a sua saúde, as finanças, É difícil lutar contra as seduções capturar o Touro de Creta, as relações pessoais e familiares ou o da procrastinação. Quem julgaria 11 apoderar-se do cinturão de Hipólita, emprego por adiar decisões e falhar Hércules se este adiasse a limpe- rainha das Amazonas, e trazer prazos. Os custos destes protelamen- za dos currais do Aúgias, que conti- Cérbero, o cão de três cabeças que tos são grandes. Em 2008, um estudo nham três mil bois e não eram lim- guarda o reino dos mortos, para norte-americano mostrou que quase pos há 30 anos? Na maior parte das o nosso mundo. metade dos entrevistados admitia ter vezes, temos a noção de que estamos “Impossível”, seríamos tentados sofrido perdas financeiras por não es- a procrastinar. Os relatórios têm pra- a considerar. Pítia, a sacerdotisa do colher o que fazer às suas poupanças zos de entrega. As tarefas têm datas Oráculo, também estava certa de que a tempo e horas. Leia este artigo e não para estarem terminadas. À medida o herói falharia a missão. Mas Hércu- deixe que o mesmo aconteça consigo. que o tempo, um bem escasso e não les, filho de Zeus e de Alcmena, esta- incrementável, vai desaparecendo, a va seguro de que conseguiria levá-la Procrastinação vs preguiça nossa angústia cresce de forma in- até ao fim. Não porque fosse o mais in- Muitas vezes confunde-se um pro- versamente proporcional. Mas é co- teligente ou o mais forte, mas porque crastinador com um preguiçoso. É o mo se fosse mais forte do que nós. tinha um plano. Qual? A resposta é primeiro mito que deve ser derruba- Há exemplos, porém, de que é surpreendentemente simples. Iria do. “A preguiça é um termo de rua, possível enfrentar a procrastinação arregaçar as mangas e executaria os não é um conceito científico”, escla- e vencê-la. Patrícia Reis é o arquéti- trabalhos. Um de cada vez. rece Pedro Rosário. “Podemos defini- po da anti-procrastinadora: CEO de “Para se atingir um objetivo é pre- -la como uma disfunção da vontade. uma agência de publicidade, editora ciso defini-lo de forma concreta, rea- Há uma distração que toma conta de da Egoísta, conselheira editorial da lista e avaliável. Se for demasiado mim. A procrastinação é outra coi- revista Cristina, escritora, cronista grande, que se divida em partes mais sa, é uma disfunção da priorização”. do Sapo24 e com um programa sema- pequenas, chamemos-lhes tarefas ou Usemos um exemplo para ilustrar nal na Antena 1, tem a noção de que trabalhos. Depois, há que adequar o a diferença. Manuela chega a casa tempo e outros recursos disponíveis cansada, depois de um dia de traba- confunde-se ao cumprimento de cada uma delas. lho intenso. Sabe que ainda tem um procrastinação Deve começar-se pelas mais impor- relatório para acabar, mas decide-se com preguiça. tantes ou por aquelas que implicam a ficar no sofá, durante uns minutos. a primeira é uma precedência. Por fim, é preciso Os minutos passam a horas e acaba a disfunção ter uma volição, uma vontade robusta. a noite a ver episódios consecutivos da priorização, É preciso fazer. É assim que se com- de Game of Thrones. Começa a traba- bate a procrastinação”, explica Pedro lhar quase de madrugada e termina a segunda Rosário, professor associado da Esco- o relatório a tempo, mas está segu- a disfunção la de Psicologia da Universidade do ra da fraca qualidade do documento. da vontade

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo TEMA DE FUNDO procrastinação

o tempo não pára nem volta atrás. “Há tanta coisa para fazer e não sei quando vou morrer. Assim, estou sem- ^ JORGE pre a fazer coisas. Sobretudo as coisas COUTINHO que gosto de fazer”, explica. Bill Gates, estabeleceu uma o filantropo fundador da Microsoft, é regra para si próprio: um dos homens mais ricos do mundo. garantir que o seu No entanto, por mais dinheiro que te- dia a dia é traçado, nha, não pode comprar tempo de vi- unicamente, por si. da. Assim, tenta tirar o melhor provei- Mesmo que isso to do tempo que tem à sua disposição. implique estar É conhecido por ter uma agenda no te- deitado no sofá lemóvel dividida em blocos de 15 mi- nutos, onde guarda tudo o que fez, até há um tipo de não organiza - ou criar uma outra ma- ao detalhe. Depois, analisa como ocu- nada”. Mónica Ferro, diretora regio- 12 procrastinação, pou o seu dia e como poderia melhorar difícil de nal do Fundo das Nações Unidas de a sua produtividade. Apoio à População, acrescenta que a Há um tipo de procrastinação difí- identificar, que procrastinação “é um vício global”. cil de identificar, mas que deixa mar- deixa marcas “Os portugueses talvez sejam cas muito profundas. Vai para além profundas. são mais transparentes e assumam esse de um relatório atrasado, de compras decisões que traço cultural. Por outro lado, temos por fazer ou de adiar uma noite de so- alteram a nossa facilidade em responder aos desafios no por causa da Netflix. São decisões vida: ter um filho, com soluções improvisadas e fora da que alteram a nossa vida: ter um fi- caixa”, relembra. lho, ir ao médico, recomeçar a fazer ir ao médico, mudar Os especialistas garantem que a desporto, mudar de emprego. Sabe- de emprego procrastinação não é uma fatalida- mos que poderíamos tomá-las já, mas de. É possível identificar as suas qua- atrasamo-las mais um dia. Para ama- de Psicologia. De facto, as ineficácias tro causas mais comuns e aprender a nhã. Ou para depois de amanhã. Até geradas pela procrastinação são mui- combatê-las. Vamos a alguns exem- que, sem notarmos, já não haverá to grandes. Em Portugal, no ano pas- plos. Chegados a Dezembro, temos as amanhãs suficientes. Pedro Rosário é sado, o Estado arrecadou 49 milhões compras de Natal para fazer. O tem- muito claro: “Quando deixamos o so- de euros em multas e taxas por paga- po livre esvai-se enquanto limpamos nho comandar, em vez de concretizar- mentos atrasados dos impostos. a casa, visitamos uns amigos que não mos objetivos estamos a procrastinar. vemos há anos e decoramos a árvore Podemos não ter uma data rígida para Sim, podemos combatê-la de Natal com os nossos filhos. Quan- voltar ao ginásio ou para sair de casa Será a procrastinação um vício portu- do olhamos para o calendário faltam dos pais, mas, interiormente, sabemos guês? Jorge Coutinho responde que três dias para o Natal e as compras quando estamos a procrastinar”, reve- não. Este treinador pessoal da equipa estão todas por fazer. Resultado? la. Estas decisões, ou a sua ausência, de Anthony Robbins, motivador e es- Entramos numa roda-viva de stres- têm custos. “Alguns são evidentes: se critor, aceita que “a nossa cultura in- se. Acabamos por gastar muito mais eu entregar o IRS no último dia, nas fluencia o comportamento. Contudo, dinheiro do que prevíramos pois, em Finanças, em vez de o fazer em cinco há empresas e pessoas portuguesas vez de comprarmos o que queríamos, minutos online, umas semanas antes, que trabalham com rigor, entregam comprámos o que estava disponível. arrisco-me a perder um dia de traba- o seu trabalho a tempo e horas e com A má priorização das tarefas é a cau- lho. Mas há outros custos escondidos. qualidade. Chamar um vício portu- sa mais comum de procrastinação. Adiar a decisão de ter um filho pode guês à procrastinação é uma descul- “Consigo fazer muita coisa porque deteriorar uma relação e gerar frus- pa: podemos sempre seguir a mana- tenho uma grande capacidade de orga- trações graves”, explica o professor da – que atrasa, que não planeia, que nização mental e distingo o essencial

REVISTA MONTEPIO do acessório. Talvez por ter estudado na Escola Alemã. Se quiser fazer um jantar para os amigos – coisa que me dá imenso prazer e trabalho – tenho de ir comprar os ingredientes primei- ro. Não há outra maneira de o fazer”, afirma Patrícia Reis. A equipa do Fundo das Nações Unidas de Apoio à População reúne-se, todos os dias pela manhã, com Mónica Ferro, a Profissões interditas a procrastinadores sua diretora. Aproveitam o encontro Aplicam os princípios da não procrastinação no seu dia a dia: definem para definirem o dia de trabalho e as objetivos, delineiam as tarefas parcelares, priorizam-nas e executam. tarefas de cada um. No entanto, por terem uma atividade tão abrangente Controlador Humorista redações, redes sociais (direitos humanos, saúde e ação hu- de tráfego aéreo Uma piada pode ser e comunicados, quais Está encarregue de boa, mas tem de ser são aquelas que manitária), é habitual estabelecerem conduzir o tráfego dita no momento certo interessam ao público. linhas de ação que têm de ser altera- aéreo de modo eficaz para funcionar. das por causa de uma emergência e seguro. Muitas vezes Os humoristas farejam Bombeiro tem de tomar decisões essas oportunidades O que fazer quando, difíceis, das quais para nos fazerem ao mesmo tempo, é leonardo da 13 vinci demorou dependem as vidas de rir. Veja-se o caso da preciso acudir a um centenas de pessoas. conta Insónias em acidente na estrada 14 anos a pintar Trabalha sob grande Carvão, com mais de e um incêndio numa la gioconda e 25 pressão e sabe que 150 mil seguidores no zona residencial? anos a concluir a o momento é tudo. Facebook e 15 mil É com este tipo de no Twitter: na maior decisões que os virgem das pedras. Médico parte dos casos, bombeiros têm de se e só completou O juramento de os seus memes confrontar. E saber 15 pinturas em 67 Hipócrates obriga surgem um minuto priorizar e agir de a que a saúde do ou dois depois do acordo com essas anos de vida doente seja “a primeira acontecimento que decisões. preocupação” está a satirizar. do médico. E isso Negociador da polícia obriga a estar alerta Comandante militar Lidam com situações para o que é melhor Um general tem a seu de crise e não têm para o doente, ou seja, cargo a organização de tempo a perder. perceber o que se um grupo de militares. Trabalham em vários pode fazer (precisa Tem de tomar decisões cenários - a libertação de definir o melhor difíceis, por vezes até de reféns, a rendição cenário de uma forma incompreensíveis para dos criminosos ou realista) e construir os os seus subalternos, aguardar até que passos que o levarão mas que têm em vista cheguem mais reforços a atingir esse objetivo. o cumprimento de – e têm de saber um objetivo com responder a cada um. Político o dispêndio do mínimo “A política é a arte do de recursos possível. Chef possível”. A frase é Gerir a cozinha atribuída a Bismarck, Jornalista de um restaurante o chanceler alemão do As notícias acontecem é um trabalho que não séc. XIX. Encerra um sem hora marcada. permite descansos. ensinamento: tomar É preciso estar sempre Um chefe de cozinha decisões é escolher preparado para as controla que pratos entre alternativas. relatar. E, além disso, devem ser preparados Às vezes, optar pela um jornalista tem primeiro para que, melhor, outros casos, de perceber, no final, tudo chegue pela menos má. Mas de entre a miríade à mesa do cliente no é preciso responder às de informações momento certo e com prioridades definidas. que circulam pelas a qualidade esperada.

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^ PATRÍCIA REIS diz que a sua capacidade de organização mental ajuda-a a distinguir o essencial do acessório e a não procrastinar

que se tornou prioridade a meio do dia. O que fazer quando a realidade Como combater a procrastinação muda num instante? “Preciso de ga- em 10 passos rantir que a agenda da minha organi-

14 zação recebe a visibilidade, o apoio e 1. Defina um objetivo. Torne ruído à sua volta (notificações o financiamento necessários, porque evidente aquilo que quer fazer, do telemóvel, e-mails a caírem, é uma agenda que salva e transfor- seja completar um relatório o desejo de “responder só a isto ma a vida das pessoas. A forma como até à próxima sexta-feira ou num instante”), isole-se. trabalho tem que ser flexível e adap- correr uma meia maratona na tada a cada momento e a cada inter- próxima primavera. Defina-o 7. Ofereça-se gratificações à locutor. Só assim obtenho resultados. com objetividade e clareza. medida que completa as tarefas. A estratégia é manter um alvo claro e Como vai trabalhar no curto traçar uma rota, mas estar pronta pa- 2. Divida esse objectivo em prazo, o desejo de procrastinar ra seguir caminhos secundários para pequenas tarefas, mais simples diminui: a meta está já ali. lá chegar, se for necessário”. de cumprir. É o mapa do tesouro A má utilização do tempo dispo- que terá de percorrer. 8. Não seja demasiado exigente. nível vem emparelhada com a causa Vai falhar. É normal que assim anterior. Todos os estudantes sabem 3. Determine o tempo seja. O mais importante é como que a pesquisa é fundamental para necessário para completar cada vai reagir a esse falhanço. se escrever uma boa dissertação de uma destas tarefas. Defina-o de Veja onde “gastou” tempo ou licenciatura ou de mestrado. Contu- forma realista. Não vai conseguir confundiu as prioridades e do, a investigação incessante conduz ler três romances numa semana. corrija-se. quase sempre ao mesmo resultado: uma semana sem dormir. A constan- 4. Priorize. Aprenda a selecionar 9. Descubra o lado bom de te procrastinação da fase da escrita é as tarefas que devem ser feitas cada tarefa. Concentre-se no uma máquina do tempo que leva o es- primeiro. Para correr uma meia copo meio cheio e esqueça que tudante até ao dia da entrega, a gran- maratona é mais importante também está meio vazio. de velocidade. Para entregar o traba- começar por andar durante 30 lho a horas, este acaba por sobreviver minutos, todos os dias, do que 10. O bom é inimigo do ótimo. à custa de cafés, suplementos vitamí- pesquisar sobre suplementos Querer atingir a perfeição pode nicos e Big Mac. Mas, se tivesse distri- energéticos na Internet. ser mais uma desculpa para buído o seu tempo de forma mais ra- procrastinar. Assuma os prazos cional, poderia apresentar um traba- 5. Comece a fazer. com que se comprometeu lho de maior qualidade. Muitas vezes, (no trabalho, na escola ou com a “os timings estabelecidos são desajus- 6. Antecipe as distrações e trace sua consciência). Quando estiver tados. As cargas de trabalho e o tem- um plano de contingência para feito, está feito. po que se tem para as completar são as combater. Se houver muito irrealistas. A pressão pode ser um

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As 10 maiores procrastinações dos portugueses

1. ADIAR UMA POUPANÇA 6. ADIAR SAIR DE CASA DOS PAIS Sabia que, quanto mais cedo começar uma Um estudo europeu, realizado em 2016, poupança, mais dinheiro terá no final com mostrou que a idade média para um menos esforço? É verdade. Ao adiar o início de português sair de casa dos seus pais é os uma poupança está a perder dinheiro porque a 29 anos. A justificação? O prolongamento capitalização das suas entregas e dos juros faz dos estudos e a dificuldade em entrar no com que ela cresça sem que dê por isso. mercado de trabalho.

2. ADIAR A EXPERIÊNCIA 7. ADIAR ADOPTAR HÁBITOS DE UMA VIDA* DE VIDA SAUDÁVEL “Um dia, gostava de dar a volta ao Mundo”. É um clássico das resoluções de Ano Novo: Então, faça-o! O custo é alto? Planeie com emagrecer, fazer desporto ou simplesmente tempo e comece a poupar ou organize o seu optar por hábitos de alimentação mais calendário para não haver desculpas. Torne saudáveis. E, no entanto, os horários 15 esta fase de preparação parte da experiência exigentes e as solicitações constantes e comece a vivê-la desde já. insistem em pôr-se de premeio. *Já conhece as Experiências Montepio? Espreite a página 78 desta revista 8. ADIAR SER VOLUNTÁRIO* Apenas 15% dos portugueses participam em 3. ADIAR UM CHECK-UP trabalho voluntário, uma das mais baixas DE SAÚDE* taxas na Europa. Se já pensou em dedicar Quando foi a última vez que foi ao médico um pouco do seu tempo a ajudar os outros fazer um check-up? Ou é daquelas pessoas aproveite a informação disponibilizada pela que só vai ao médico quando está doente? Associação Mutualista Montepio no seu site A aposta na medicina de prevenção vai ou na app. melhorar a sua qualidade de vida ou até *Temos uma grande história de salvá-lo. A si ou à sua família. solidariedade na página 38 *Quer saber mais? Siga para a página 74 9. ADIAR TIRAR UM CURSO 4. ADIAR UM INVESTIMENTO* OU MESTRADO Conhecer as hipóteses de aforro que temos à Patrícia Reis decidiu tirar um mestrado nossa disposição cria oportunidades. Os fundos quando já tinha mais de 40 anos e uma de investimento são uma alternativa importante carreira atrás de si. “Disseram que eu era para a sua poupança. A Associação Mutualista maluca, mas foi uma coisa que me deu pode ser o seu conselheiro na descoberta do imenso gozo”, recorda. Nunca é tarde para se momento certo e do produto indicado. fazer aquilo que é mesmo importante. *Este tema interessa-o. Salte já para a página 66 10. ADIAR FAZER O QUE SE GOSTA “O que eu gostava mesmo de fazer era outra 5. ADIAR TER UM FILHO coisa, mas…” Quantas vezes já viu esta frase? As razões são variadas - alterações culturais, Ou, se calhar, até já a pensou. Se é o seu a crise económica ou a expectativa de uma caso desenvolva um plano, prudente e sem carreira -, mas os portugueses têm cada decisões abruptas, que lhe permita juntar vez menos filhos e têm-nos cada vez mais o trabalho ao prazer. Como disse Confúcio, tarde. Em 2016, a idade média da mãe ao “escolhe um trabalho de que gostes e nunca nascimento do primeiro filho era de 30,3 anos. mais precisarás de trabalhar na vida”. Em 2000, situava-se nos 26,5 anos.

Fontes: Pordata, Observatório Cetelem, INE.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo TEMA DE FUNDO procrastinação

A procrastinação em números

16 A PROCRASTINAÇÃO TEM MULTAS PAGAS SOBRE PAGAMENTO UM IMPACTO NEGATIVO DE IMPOSTOS ATRASADOS NOS EUA NA SUA VIDA? DAS PESSOAS 407 milhões de euros 95% PROCRASTINAM 46% algum ou bastante (USIRS, 2012) 18% extremo 49 milhões de euros 36% não Multas, coimas e outras penalidades sobre (The Procrastination Research Group pagamento de impostos em Portugal SÃO PROCRASTINA- Conference, Carleton University) (DGO, 2017) DORES CRÓNICOS (DE TAL FORMA QUE JÁ PUSERAM EM RIS- CO OS SEUS EMPRE- 20% GOS, RELAÇÕES PES- OS PORTUGUESES PROCRASTINAM MAIS QUE OS OUTROS? SOAIS E FAMILIARES, É difícil responder, mas podemos comparar os dados de Portugal com SAÚDE E FINANÇAS) a média da União Europeia, em 4 vertentes

Saúde Relações Finanças Economia

DA POPULAÇÃO, Praticar Idade média Taxa de Proporção EM 1978, desporto 1x da mulher ao poupança dos de empresas ASSUMIA-SE COMO semana (2014) nascimento agregados que cumprem 5% PROCRASTINADORA 1º filho (2015) familiares os prazos de (2015) pagamento

Portugal 36% 31 5,79% 20,1% UE28 41% 30,5 10,96% 37%

DA POPULAÇÃO, Pordata, Eurostat, Cibris D&B EM 2008, ASSUMIA-SE COMO 26% PROCRASTINADORA QUEM PROCRASTINA MAIS? ATIVIDADE IDADE RELAÇÃO Estudantes Jovens Solteiros DAS PESSOAS + ADMITEM TER TIDO PERDAS Desempregados Adultos FINANCEIRAS 46% POR CAUSA DA Empregados Seniores Uniões de facto ou casados PROCRASTINAÇÃO - Reformados Piers Steel, The Procrastination Equation, 2010 Procrastination, Distress and Life Satisfaction across the Age Range in Germany, Ulrich S. Tran (ed.), 2016) Trisha Gura, Procrastinating Again?, 2008

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MAPA DE COMBATE À PROCRASTINAÇÃO

Parabéns! Não, não tem. Fiquei entretido a ver Conseguiu Acabe lá isso videos no YouTube INÍCIO Já definiu um plano de ação? Ainda não. Já chega, não? Conseguiu Tenho tempo Defina um plano de ação terminar?

Desligue as notificações Está dividido e concentre-se em pequenas Tive de parar. tarefas? Estava com fome Recebi uma mensagem Está a fingir no WhatsApp e tinha de que trabalha? Coma. De preferência responder a dois emails uma peça de fruta. Faz-lhe melhor. Divida o plano em pequenas tarefas A Cersei é má. Há dragões. As tarefas estão Agora pode voltar listadas por ao trabalho prioridade? Não consigo Está a fazer? 17 Faço a seguir. Há três episódios do Game É fácil. No topo ficam as of Thrones que não vi mais importantes. Abaixo Agora, comece ficam as acessórias Meia hora de pesquisa, a fazer! Está meia hora de execução a fazer? Está a resultar? Estou à espera da inspiração Não. Acho que tenho de pesquisar mais

A inspiração ligou a dizer que não vem. Mandou o trabalho em seu lugar. Não Ordem Sim Comece a fazer

mecanismo de trabalho saudável se sempre que mudar, alterar, melhorar tarmos o trabalho. Para Mónica Fer- não exceder determinados limites. alguma coisa. Por causa desse exces- ro, “a perfeição é uma espécie de ho- A partir de certo momento, é insu- so de perfecionismo, quantos outros rizonte – afasta-se de nós à medida portável”, considera Pedro Rosário. romances é que o escritor genial pu- que caminhamos para ele”. Ela sabe O professor universitário chama a blicou? Zero. Leonardo da Vinci de- que “podemos sempre fazer melhor, atenção para o facto de esta disfun- morou 14 anos a completar La Gio- mas não podemos ficar paralisados à ção estar muito presente na nossa conda e um quarto de século a entre- espera de mais informação ou de um cultura empresarial. É comum so- gar a Virgem das Pedras. Apesar de momento melhor para decidirmos. brecarregarem-se os trabalhadores ter vivido até aos 67 anos – uma pro- Um adiamento pode pôr em causa a com prazos impossíveis de cumprir. vecta idade para a época – completou vida das pessoas para quem trabalha- apenas 15 pinturas. O excesso de per- mos ou a reputação da nossa organi- Em busca da perfeição fecionismo é a nossa terceira causa zação”, explica. Truman Capote passou longos anos a de procrastinação. Por fim, chegamos à última cau- escrever o sucessor de A Sangue Frio, É óbvio que uma coisa pode ser sa: o medo de falhar. Procrastinamos o romance notável que entrou na ga- sempre melhorada, mas se não a en- porque temos medo de falhar. Se nun- leria das obras maiores da literatu- tregarmos nunca vai estar pronta. ca fizermos, se nunca entregarmos, se ra americana do século xx. Nada do E, muitas vezes, essa busca inces- nunca nos expusermos, ninguém sa- que escreveu depois o satisfez. Havia sante serve de desculpa para arras- berá se o trabalho estava bem feito.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo Ou mal feito. Então, procuramos atra- ros, imperfeições. O importante é as- TEMA DE FUNDO sá-lo na esperança que se torne irre- sumirmos que as nossas ações geram procrastinação levante ou desnecessário. “Temos de resultados. Foi um bom resultado? assumir as nossas falhas”, considera Ótimo. Foi um mau resultado? Ótimo Jorge Coutinho. “Basta olharmos ao na mesma. Um mau resultado gera espelho para percebermos que não uma aprendizagem. Da próxima vez, somos simétricos, somos feitos de er- faremos melhor”, argumenta o treina- dor pessoal.

6 PROCRASTINADORES FAMOSOS O elogio da vontade Quando a procrastinação Será uma pessoa procrastinadora pior do que uma não-procrastina- solta o génio dora? Claro que não. Até porque, de uma forma ou de outra, somos todos procrastinadores. O problema não está em ser procrastinador, mas nos efeitos que essa procrastinação terá na nossa vida. Desde perdermos o concerto da nossa banda favorita por- que não fomos a tempo de comprar 18 Dalai Lama Nicolau Breyner É conhecido por atrasar Uma vez, disse de si próprio: os bilhetes até adiarmos a realização a conclusão dos seus trabalhos “Talvez por ser preguiçoso, de um check-up. Prejudicamo-nos no e deixar tudo para o último acho que me deixei ir ao sabor trabalho, na família ou de cada vez minuto. da vida”. No entanto, um dos que nos olhamos ao espelho porque maiores artistas portugueses do percebemos as oportunidades que último século era conhecido por deixámos escapar. ser caótico no método, mas um trabalhador incansável. “Estabeleci uma regra comigo pró- prio. Não me permito estar mais do que 15 minutos sem ser auto respon- sável, ou seja, sem garantir que a rota do que faço foi traçada por mim. Pos- Vangelis so ficar deitado no sofá, mas faço-o O compositor é um pesadelo porque escolhi fazê-lo”, esclarece Jor- para os produtores de filmes ge Coutinho. As estratégias para se que lhe encomendam bandas combater a procrastinação são varia- sonoras. Entrega-as, quase Victor Hugo sempre, depois do prazo O romancista obrigava-se a das, mas passam sempre pelos mes- acordado terminar. trabalhar nu, ao frio, para cumprir mos princípios básicos: responsabi- os prazos. Só se vestia quando lidade, definição clara dos objetivos, concluísse determinada tarefa. planificação, razoabilidade e vontade. “Acho que as mulheres procrastinam menos do que os homens porque se organizam mais. São obrigadas a isso

Bill Clinton Em 1994, a revista Time, no artigo “The State of Bill Leonardo da Vinci Clinton”, classificou O desejo de atingir a perfeição o presidente americano levava-o a repetir um trabalho como um procrastinador vezes sem conta. O retrato de crónico. Mona Lisa, por exemplo, demorou 14 anos a ser concluído.

REVISTA MONTEPIO porque trabalham muitas horas. Têm 5 app (gratuitas) o seu emprego e, depois, precisam de para se organizar cuidar dos filhos, de lavar a roupa, de ir à farmácia. Há um legado cultural São aplicações gratuitas (algumas ainda muito vivo que aponta para as têm uma versão mais completa que é paga) e disponíveis para Android mulheres como cuidadoras. Sophia e iOS. Vão ajudá-lo a pôr a sua vida de Mello Breyner dizia que escreveu em ordem. muito a cozinhar bacalhau com bata- tas”, afirma Patrícia Reis. Evernote O segredo está em conhecermo- É um popular organizador -nos. Sabermos o que queremos, pessoal que permite criar encontrarmos as coisas que nos fa- um arquivo de notas zem felizes e lutarmos por elas. Co- (escritas, de áudio, com ficheiros) para saber o que mo disse Tim Urban numa famosa e tem de fazer e ter à sua (excelente) TED Talk sobre procras- disposição a informação tinação: “Se não o fizermos, arrisca- ^ BILL GATES necessária para completar mo-nos a tornarmo-nos espectado- tem uma agenda dividida em essas tarefas. res da nossa própria vida, em vez de blocos de 15 minutos. No fim a vivermos”. Todoist do dia analisa como ocupou E agarrarmo-nos à vontade. A von- Consegue gerir os seus o seu tempo e se poderia ser 19 tade de fazer essas coisas. Uma vonta- projetos a partir de mais produtivo qualquer lugar e integrando de como a de Patrícia Reis, que queria os colegas no seu trabalho. muito que os seus filhos se tornassem Além disso, a aplicação bons leitores. “Até fazerem 12 anos, dúzia de anos a completar os traba- tem como opção um mute lia-lhes durante uma hora, todos os lhos, mas, mesmo assim, não esmore- de distrações (notificações dias, antes de deitar. O Harry Potter, ceu. Queria recuperar a sua honra e de e-mails, mensagens e a Alice, tudo… Nem sempre me ape- alcançar a imortalidade que o filho de redes sociais) enquanto a está usar. teceu. Ou a eles. Mas resultou”. Vol- Zeus merecia. Quando os terminou, temos a Hércules, que demorou uma em vez de ficar a gozar a sua semidi- Microsoft Outlook vindade terá embarcado com os Ar- Este assistente pessoal é gonautas em busca do velo dourado, muito mais do que uma se não lutarmos a lã de ouro de um carneiro que con- conta de e-mail. Explore pelas coisas que seguia voar. Completada uma missão, as suas potencialidades e Hércules definiu novo objetivo. Imor- surpreenda-se com o que nos fazem felizes consegue fazer. tornamo-nos tal ou não, quis continuar a viver. espectadores da Google Calendar A popular agenda nossa própria do Google permite vida, explicou partilhar compromissos, tim urban numa eventos, reuniões, datas importantes, listas, célebre ted talk ficheiros e contactos, com os companheiros de trabalho, família ou amigos.

Wunderlist Lembretes, anotações, listas, notificações, datas importantes. Está tudo condensado nesta aplicação que permite a partilha com outros utilizadores. 1 o meu mundo ENTREVISTA

RODRIGO LEÃO UMA VOZ INTERIOR 20 NO SILÊNCIO DA NOITE EXISTE UMA MÚSICA QUE AINDA NÃO CONHECEMOS. É ESCUTADA NOS AUSCULTADORES E TOCADA, SEM SOM, NUM TECLADO LIGADO A UM COMPUTADOR. PODE SER UMA SINFONIA OU APENAS TRÊS NOTAS DE UMA MELODIA. MAS FALA-NOS BAIXINHO COMO SE FOSSE UMA VOZ INTERIOR. É ASSIM QUE RODRIGO LEÃO COMPÕE. É ASSIM QUE A SUA MÚSICA DEVE SER ESCUTADA

por miguel viçoso fotografia artur

REVISTA MONTEPIO Em 2018, Rodrigo Leão faz 25 anos uma pequena editora com o Miguel Es- semana, fizemos logo dez temas. E is- de carreira a solo. Após catorze discos teves Cardoso, a Fundação Atlântica, so fez com que quiséssemos fazer al- e inúmeras bandas sonoras para para a qual gravámos o primeiro single guma coisa juntos. Não existia nome filmes como A Gaiola Dourada ou e o primeiro LP da Sétima Legião. Era nem nada. Procurámos ser diferentes O Mordomo, Rodrigo Leão recebe-nos­ um meio pequeno e havia muita cum- do que fazíamos nas outras bandas. De no seu bairro, na Bica, Lisboa. plicidade entre os músicos. Depois do repente começamos a ter muitos con- Pelo caminho fala das suas paixões, Rock Rendez Vous toda a gente se en- vites. Podíamos estar um mês fora. Tí- da importância do primeiro gravador contrava no Bairro Alto. nhamos as coisas pagas, mas chegáva- e de como projetos como a Sétima É verdade que foi o Miguel Esteves mos a Lisboa e cada um tinha ganho Legião ou os Madredeus mudaram Cardoso quem vos convenceu a cantar 50 contos. Mas estávamos felicíssimos. o modo como se faz e ouve música em português? Estávamos a tocar a nossa música e a em Portugal. É um autodidata É, sem dúvida! Nós tínhamos a ideia conhecer sítios diferentes. Tudo aquilo cuja música tem contado com a que o português não resultava. Nem se- era um grande entusiasmo. Entre 1990 colaboração de artistas de renome quer queríamos experimentar. Até que e 1994, na altura em que eu saí, chegá- mundial, como Beth Gibbons, Ryuichi o Pedro Ayres, o Miguel Esteves Cardo- mos a fazer 60, 70 concertos por ano. Sakamoto ou Scott Matthews. so e o Ricardo Camacho insistiram que E eles continuaram. Entre 1994 e 2000 Qual foi a sua primeira paixão? O cine- experimentássemos cantar em portu- estava mais preocupado em compor. Só ma ou a música? guês. Foi aí que o Miguel Esteves Cardo- a partir de 2000 é que as coisas muda- Foi a música. Nos anos 70 comecei por so fez a letra do “Glória”, o nosso primeiro ram e eu comecei a fazer, não digo 70, ouvir os Pink Floyd, King Crimson ou single. Ficámos logo convencidos. mas uns 40 concertos por ano. 21 os Genesis. Lembro-me de, num Natal, Os Madredeus foram um dos primei- Na sua carreira a solo tem temas can- os meus pais me oferecerem um grava- ros grupos portugueses a ter uma car- tados em várias línguas, inclusive em dor amarelo. A partir daí a música tor- reira internacional. Como começou latim. A que se deve essa opção? nou-se uma paixão. No ano seguinte essa projeção? Na Sétima Legião e nos Madredeus a ofereceram-me uma guitarra clássica A nossa carreira internacional come- língua portuguesa tinha um papel im- e eu, que sou canhoto, comecei a tocar ça em 1991, quando a Europália se rea- portantíssimo. Com o primeiro dis- sem trocar as cordas. Estive uns meses lizou em Portugal. A partir daí tocámos co, Ave Mundi Luminar, em 1992, fui a aprender com uma senhora que esta- na Bélgica e conseguimos uma gran- muito influenciado pela corrente mi- va sempre a insistir para eu mudar. Era de recetividade. Éramos muito novos. nimalista de músicos como o Michael uma luta. Rapidamente desisti porque O Pedro Ayres tinha mais 3 ou 4 anos e Nyman, Philip Glass ou Ryuichi Saka- percebi que aprendia com mais facilida- era ele quem escrevia as letras e organi- moto, e estava mais focado na música de tocando com os amigos. zava as coisas. Era um pouco o diretor instrumental. Depois, de modo muito Quando teve o primeiro contacto com artístico dos Madredeus. intuitivo, utilizei algumas vozes líricas o piano? Mas foi o Rodrigo que descobriu a Tere- em latim. Mas havia sobretudo o en- Foi no Liceu Dona Leonor. Um gran- sa Salgueiro, no Gingão. tusiasmo de compor para instrumen- de amigo, que era presidente da asso- Sim, é verdade. Eu e o Gabriel Gomes. tos novos. Com a ajuda do computador ciação de estudantes, emprestava-me a Isso foi muito importante porque, nesse percebi que conseguia tocar vários ins- chave e eu ia para lá tocar num piano ano, experimentámos umas sete ou oi- trumentos no sintetizador e imprimir acústico, um instrumento que eu nun- to cantoras e não encontrávamos exata- as partituras para os músicos. Foi um ca tinha tocado na vida. Mas já levava mente a voz que procurávamos. E num fascínio perceber que podia fazer algo um gravador, o tal gravador amarelo. dia em que o Pedro estava no Rio de que não tinha feito naqueles últimos 10 Levava muito a sério esse lado. Janeiro, eu e o Gabriel descobrimos a Como era o cenário musical no bairro Teresa e ela gravou logo dois temas na de Alvalade e em Lisboa nos anos 80? nossa sala de ensaios. Quando o Pedro o miguel esteves Era fantástico. Com a Sétima Legião chega a Lisboa fomos a correr ter com cardoso e o sentimos muito o boom da música por- ele ao aeroporto, mostrar-lhe a grava- ricardo camacho tuguesa nos anos 80. Já existiam os ção. Era precisamente a voz que andá- insistiram que Heróis do Mar, os Xutos e Pontapés e vamos à procura. experimentássemos havia o Rock Rendez Vous, que era uma Porquê a opção pelo som mais acústico catedral. Tocávamos lá com regularida- dos Madredeus? cantar em de e vimos muitos concertos. Conheci Era para marcarmos a diferença da Sé- português. foi aí o Pedro Ayres num café da Avenida de tima Legião e dos Heróis do Mar. Lem- que o mec fez a Roma. Na altura ele estava a começar bro-me que eu e o Pedro, num fim de letra do “glória”

REVISTA MONTEPIO o meu mundo anos com os Madredeus e com a Sé- Se por um lado existe melancolia na- ENTREVISTA tima Legião. De outro modo não fazia queles instrumentais ou um lado mais sentido sair desses projetos que ajudei romântico nalgumas canções, há outro a construir e com os quais me iden- lado quase Kusturica. tificava muito. Estava a compor coi- Em 2018 faz 25 anos de carreira a solo. sas que não cabiam nem num projeto Como tem sido a viagem? nem noutro e foi inevitável. 25 anos! Fico estupefacto. Parece muito O apoio de sempre Não deve ter sido fácil “vender” um recente. Nem sei bem explicar porquê. à cultura primeiro disco com vozes líricas em Talvez consiga combater alguma mo- latim? notonia. Eu vou variando e convidando s 25 anos de carreira Na altura tinha contrato com a Valen- outros músicos. Sinto que, ao longo des- O de Rodrigo Leão vão tim de Carvalho e o dever de mostrar tes 25 anos, tenho tido a sorte de fazer ser apoiados pela Associação esse trabalho. E eles ouviram dois ou as músicas que quero, de ter trabalha- Mutualista Montepio. O músico três temas e passados dois ou três me- do com cantores e músicos fantásticos, refere que este tipo de apoios são ses disseram: “Rodrigo, sinceramen- de ter colaborado com a Beth Gibbons, o “importantíssimos e motivo de te não sabemos o que havemos de fa- Neil Hannon, o Sakamoto, pessoas incrí- grande felicidade”, uma vez que, zer.” Mas a verdade é que alguém da veis que me ajudaram imenso a enrique- de outra maneira, “há coisas que Sony Music, o Tiago Faden, ouviu cer. Vejo um percurso com todas estas não se conseguem fazer.” e disse que queria gravar. influências muito diferentes, mas com “ 22 É importante que cada vez mais Porque acha que quiseram apostar na uma unidade. Acho que há qualquer a cultura, e não só a música, sua música? coisa minha que está sempre presente. seja apoiada pelas instituições, Não sei porquê. Simpatizaram com a O reflexo dos momentos da sua vida? sobretudo agora que Portugal está ideia. Era um disco barato mas eu sa- Penso que a minha música está sempre a viver um momento tão especial”, bia que não era muito comercial. Aca- relacionada com os momentos que atra- revelou o músico português. bou até por ser uma surpresa, porque vesso, com as pessoas que estão à mi- em Portugal vendeu muito mais do que nha volta, com a família, com alegrias, esperávamos. E acabou por ser distri- tristezas. Gosto de trabalhar à noite, buído pelo mundo inteiro. Isto numa al- em casa, com os auscultadores. Ou no tura que eu ainda estava a tocar muito Alentejo, ao pé de Avis. Ou na Ericei- com os Madredeus. Senti que o facto de ra, junto ao mar onde passei as férias da fazermos muitos concertos roubava-me minha infância e adolescência. tempo ao que eu mais gostava de fazer, Outro lado do seu trabalho são as ban- que era estar em casa a compor, procu- das sonoras para filmes. É a sua paixão rar ideias, com auscultadores, pela noi- pelo cinema a revelar-se em música? te fora, e ir gravando. Quem são os seus heróis? Há quem diga que a sua música apela A paixão pelo cinema vem também de à melancolia e à introspeção. Música muito novo. Lembro-me das sessões para ser escutada em silêncio. Vê as que havia no Quarteto, todas as sextas- coisas dessa maneira? -feiras, que começavam à meia-noite e Sim, é verdade. Mas também há um la- acabavam às cinco da manhã. Mesmo do festivo em muitas das minhas can- na Sétima Legião havia aquele lado ins- ções. Estou a lembrar-me do “Pasión”, trumental que se dizia que era muito ci- que é talvez das minhas canções mais nematográfico. Mas talvez os filmes do conhecidas, ou instrumentais como a Peter Greenaway, no início dos anos 90, “Comédia de Deus” ou “A Estrada”, que com a banda sonora do Michael Nyman. remetem para a música italiana. E é diferente compor para uma banda- De raiz mais popular? -sonora ou para um disco? Mais popular, porque existe também Dão-me as imagens, mas eu gosto de esse lado, nas letras em português e pensar que me estão também a dar pis- nos instrumentos como o acordeão. tas ou referências musicais. Gosto de su- Tenho essa necessidade. De usar lin- gerir duas ou três ideias diferentes para guagens diferentes, cantores diferen- uma sequência. Vou tocando e, a partir tes, de transmitir emoções diferentes. do momento que sinto que a tonalidade e ao longo destes 25 anos tenho tido a sorte de fazer as músicas que quero, de ter trabalhado com cantores e músicos fantásticos a harmonia fazem sentido, desligo-me e concentro-me na música. Depois passa a existir um terceiro momento, o dos por- menores, para o qual conto com a ajuda do meu produtor, o João Eleutério, com quem tenho trabalhado estes anos todos. UMA CIDADE… Nas colaborações imagina uma deter- Londres. Não vou lá há dois minada voz ou algum artista em con- ou três anos mas vivi lá vários meses, há 25 anos. 23 creto que fosse perfeito para uma músi- É uma cidade com a qual ca sua? Como se dá esse processo? O último disco com o Scott Matthews, me identifico. Nessa altura das colaborações já estou Life is Long, tem datas marcadas até a trabalhar com a minha equipa de pro- março de 2018. Como começou esta UMA SÉRIE… dução, o Pedro Oliveira, o João Eleuté- colaboração? Gostei muito de Big Little rio e o Tiago Lopes. Escolhemos os Foi em 2011. Estávamos a gravar o Mon- Lies, que me chamou a atenção por ter uma versão temas que podiam ser cantados e con- tanha Mágica, o Scott estava numa tour- maravilhosa de uma tactamos as pessoas que nos parecem née na Alemanha e não conseguia vir música dos Rolling Stones, que podem funcionar. Descobrimos o gravar a Lisboa. Mas gostou do tema e “You Can’t Always Get What email do músico e enviamos a música arranjou um estúdio em Berlim. Gra- You Want”. Mas também de gravada em casa. Não temos nada a per- vou e pediu para o filmarem no estúdio. Handmaid’s Tale. der. Temos tido muita sorte com as co- Acabámos por tocar esse tema ao vivo, UM FILME… laborações que fizemos. “Terrible Dawn”, com as imagens dele a Gostei muito de Youth, Tem colaborado com músicos que pri- cantar em estúdio. Só nos conhecemos com o Michael Caine, e de meiro admirava à distância e depois são seis meses depois. Na altura eu e a mi- um documentário sobre os seus parceiros. Como se dá essa mu- nha mulher ainda tínhamos o Frágil e o dopping no ciclismo, o dança de papéis? Ficam amigos? convidámo-lo a tocar lá. Depois fizemos Tour de Pharmacy. Lembro-me que quando falei pela pri- outro tema e ele tocava duas ou três mú- UMA PLAYLIST… meira vez com a Beth Gibbons ao telefo- sicas dele. Funcionou bem. A distância Neste momento (e mostra ne estava desesperado porque não per- às vezes pode não ajudar, mas neste caso os temas mais recentes do cebia nada do que ela dizia, por causa do parecia que ajudava. Eu mandava-lhe as seu Spotify) estou a ouvir sotaque. Mas depois ela veio cá e esteve ideias e o Scott, em Nova Iorque, devol- Angus & Julia Stone, Beach três ou quatro dias connosco. Era super via-me. Perfeito! Fizemos uma terceira House e a Julia Kent. E exigente com a parte vocal. Gravou uns música e surgiu a ideia de fazermos um algumas coisas dos anos 80 ou 90 takes num dia. No dia seguinte, disco juntos, que gravámos em 2014 mas 70, como os King Crimson. com a nossa equipa de produção, esco- só saiu em 2016. lheu os melhores. Depois criámos uma Tem previsto algum trabalho novo para relação. E há músicos, como a Joan as a assinalar os 25 anos de carreira a solo? vamos reeditar a banda-sonora do do- Police Woman, que nem cheguei a co- Entre março e abril vamos lançar uma cumentário Portugal, um Retrato Social. nhecer pessoalmente. Já com o Stuart coletânea dupla que, eventualmente, vai Faremos também alguns concertos. Staples vemo-nos umas duas vezes por chamar-se A Festa. Esse trabalho vai E finalmente haverá um disco novo que ano. Jantamos sempre que ele vem dar origem a um espetáculo que estará vai sair, se tudo correr bem, em outubro a Lisboa. em 2018 na estrada. Entre junho e julho ou novembro do ano que vem.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo EDUCAÇÃO

BEM-ESTAR A BRINCAR É QUE A GENTE SE ENTENDE OS ESPECIALISTAS GARANTEM QUE SEM ESTA O DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO FICA PREJUDICADO. O SENSO COMUM GARANTE QUE, NA SUA 24 AUSÊNCIA, TUDO É MAIS ABORRECIDO. A BRINCADEIRA — É “DELA” QUE FALAMOS – É ESSENCIAL NA INFÂNCIA E É CADA VEZ MAIS IMPORTANTE QUE AS CRIANÇAS TENHAM UM TEMPO RESERVADO PARA NADA FAZEREM. AFINAL, É ESSE “NADA” QUE VAI ASSEGURAR-LHES UM CRESCIMENTO SAUDÁVEL

por susana torrão fotografia artur

Neste ano letivo, os alunos do A sugestão, que rapidamente se tornou primeiro ciclo tiveram um presente viral através das redes sociais e da antecipado. O tempo efetivo de aulas comunicação social, foi bem recebida foi reduzido para as 4 horas e 30 pela comunidade: pais, professores e minutos e os momentos dedicados médicos. “Brincar é tão essencial ao aos jogos e ao lazer ganharam desenvolvimento como a alimentação, meia hora por dia. Numa carta o carinho e o afeto. Enquanto brinca, enviada aos diretores das escolas e a a criança organiza a sua forma de outros responsáveis pela educação, pensar e sentir, aprende a interagir incluindo associações de pais, José com os outros e mostra como vê a Duarte Pedroso, diretor-geral de realidade”, explica Jacinta Pinheiro, Educação, sublinhou que “brincar psicóloga clínica de Pediatria da e jogar são atividades essenciais Clínica CUF Miraflores. para o desenvolvimento cerebral Segundo a responsável, brincar das crianças, contribuindo de forma ajuda a criar uma relação entre as si- determinante para o seu bem-estar tuações do pensamento e a realidade. físico, emocional, cognitivo e social”. “Toda a criança deveria poder brincar.”

REVISTA MONTEPIO A partir do momento em que os mais pequenos são capazes de interagir com os seus pares, a brincadeira assu- me também um papel importante no processo de socialização, já que dá às crianças a oportunidade de realizarem atividades coletivas livremente. “Per- mite-lhes aprenderem a partilhar, a cooperar, a comunicar e a relacionar- -se, desenvolvendo a noção de respei- to por si e pelo outro, bem como a sua autoimagem e autoestima”, sublinha Jacinta Pinheiro. ^ JACINTA Tempo para brincar é essencial PINHEIRO acredita Aulas, atividades extracurriculares, que a brincadeira trabalhos de casa e outras tarefas do- é tão essencial ao mésticas fazem parte do dia a dia de desenvolvimento todas as crianças. Porém, nem sempre como a alimentação, o carinho e o afeto existe tempo para nada fazer e, sim- 25 plesmente, aproveitar a parte lúdica de estar a crescer. NO LIMITE, AS interagir com as demais e oferece-lhe “No limite, as consequências da CONSEQUÊNCIAS a possibilidade de experimentar situa- ausência da brincadeira na infân- DA AUSÊNCIA DE ções que são motores para excelen- cia podem influenciar o nível de BRINCADEIRA NA tes aprendizagens”, garante Jacinta desenvolvimento físico, cognitivo e Pinheiro. socioemocional da criança”, alerta Ja- INFÂNCIA PODEM Para a especialista, e tendo em con- cinta Pinheiro. Para a psicóloga, brin- INFLUENCIAR ta a idade das crianças, os adultos po- car traz benefícios inesgotáveis, sendo O NÍVEL DE dem supervisionar de longe o univer- importante que os pais reservem um DESENVOLVIMENTO so dos mais pequenos. “O adulto deve espaço diário para “não fazer nada”. FÍSICO, COGNITIVO permitir à criança que brinque nas Afinal, é nesse espaço que surge o tem- E SOCIOEMOCIONAL suas variadas formas, pois ela assi- po para a brincadeira. milará cada aprendizagem consoan- Antes ainda, logo no primeiro ano DA CRIANÇA te a brincadeira: com quem brincou, de vida, é importante que as pessoas como brincou, o que teve de negociar que rodeiam a criança lhe forneçam o importância capital, já que a criança com outras crianças para brincar em nível de estímulo adequado. Nesta fa- vai desenvolver a aptidão física que, de- conjunto”, reforça a psicóloga clínica. se, o cérebro do bebé está a crescer e pois, propicia o desenvolvimento cog- Contudo, isto não invalida que os pais experiencia o mundo exterior através nitivo e sensorial do objeto. e outros adultos participem nas brin- dos sentidos. “A estimulação exterior cadeiras, já que esta é uma forma de é fundamental. O corpo e as compe- Correr riscos é bom estreitar laços afetivos e de aumen- tências cognitivas do bebé ainda es- A tentação de proteger a criança – dos tar o interesse e motivação da crian- tão em desenvolvimento. Os sons e as elementos, dos outros miúdos ou sim- ça pelo jogo. “Na interação, o adulto cores ainda podem parecer confusos. plesmente da frustração – pode ser tem oportunidade de conter e ajudar As primeiras experiências de aprendi- grande, mas a verdade é que correr a criança na elaboração das inquie- zagem são de causa/efeito e imitação, riscos de um modo controlado é bom tações que surgirem durante a brin- apoiando-se nas etapas que o bebé vai para o desenvolvimento. “Quando uma cadeira, bem como de enriquecer e atingindo fisicamente”, explica a psicó- criança brinca com outras crianças en- estimular a imaginação da criança, loga clínica. Com a criança já capaz de tra em contacto com a realidade e tem despertando-lhe ideias e questionan- segurar brinquedos e muito mais des- de enfrentar situações por vezes di- do-a para a descoberta de soluções”, perta ao que se passa em seu redor, a fíceis, como uma disputa ou um con- continua a especialista. exploração de texturas e formas ocor- flito, e outras gratificantes, como fazer Numa era em que há uma cada vez re entre os 3 e os 9 meses. Uma fase de um novo amigo. Tudo isso obriga-a a maior tendência para que o tempo da

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo sempre os pais partilham do entusias- com as experiências do dia e com as EDUCAÇÃO mo, dada a dificuldade em coordenar o novas amizades. “Ele chegava a casa a brincar é que a gente se entende seu tempo de trabalho com o tempo de com tudo escrito pelo punho dele, com férias dos filhos. os ingredientes, o método utilizado nas No último verão, Ana Margarida experiências… Para o tipo de criança brincadeira seja passado dentro de ca- Rodrigues, a viver no Grande , que é – mais atento e interessado que sa, com meios eletrónicos e sem a com- socorreu-se das atividades oferecidas o mais velho – o programa tinha mui- panhia de outras crianças, é importan- pelo Clube Pelicas (ver caixa) para que ta qualidade”, recorda Ana Margarida. te dar-lhes novas oportunidades para se Miguel, o filho mais novo, pudesse ter divertirem. “É verdade que os jogos ele- férias à sua medida. O filho mais velho Entreter gerações, há gerações trónicos potenciam as habilidades mo- de Ana Margarida é Associado Monte- O Sabichão, Jogo da Glória e Ludo são toras e a rapidez de raciocínio, mas não pio desde que nasceu e foi na newsletter alguns dos jogos de tabuleiro que en- deixa de ser uma forma de brincar so- do clube que Ana Margarida descobriu traram, durante largas décadas, nas ca- litária, o que não contribui para o ama- o programas de férias. sas dos portugueses. Numa época em durecimento da personalidade”, alerta “Acabei por tornar o Miguel tam- que ainda nem sonhávamos com jogos a especialista. Cabe aos pais criarem bém Associado, para que ele pudesse de vídeo ou de computador, estes clás- um “ambiente enriquecedor da imagi- fazer as férias com o Pelicas em agos- sicos da Majora ajudaram gerações e nação infantil, que estimule as intera- to”, diz Ana Margarida. O resultado su- gerações de crianças e jovens a mistu- ções sociais com outras crianças, fami- perou as expectativas: “Ele adorou! De rarem aprendizagem com brincadeira.

26 liares e amigos”. tal forma que, ainda que inicialmen- Como muitos portugueses, Cata- te só estivesse previsto que ele fosse rina Jervell jogou-os todos. Há dois Socorro, chegaram as férias! uma semana, acabou por ir à segunda. anos, a profissional chegou à dire- Se brincar é algo para ser feito todos os Tive de reorganizar a minha vida”, ad- ção-geral da Majora e, em parte, re- dias, nas férias o tempo para atividades mite Ana Margarida Rodrigues, asse- gressou também à infância. Para Ca- lúdicas parece multiplicar-se. Os mais gurando que Miguel, de 9 anos, todos tarina, brincar é essencial em todas novos deliram com a ideia, mas nem os dias chegava a casa entusiasmado as idades. Lamenta, até, o caráter si- sudo que parece generalizar-se entre as pessoas da sua geração. “Estão a

EM ANÁLISE ficar uns chatos”, afirma, entre o de- siludido e o divertido. A cada idade sua brincadeira* Relançar uma marca icónica, pre- sença nas casas portuguesas desde o fi- medida que cresce, uma construções e jogos de faz-de-conta nal da década de 1930, foi uma aventu- criança tem diferentes são estimulantes para a criança. ra. Mais do que um negócio, este é um Àtipos de brincadeiras, de Estágio operatório formal (dos 7 projeto pessoal. Sente que recai, em ci- acordo com o seu desenvolvimento aos 11 anos) — Esta fase envolve ma de si, esta necessidade de “retirar intelectual. operações mentais sobre abstração as crianças de frente do ecrã”. Os jogos Estádio sensório-motor (até aos 2 e símbolos que podem não ter formas de tabuleiro têm, para a atual respon- anos) — Nesta fase, as brincadeiras concretas. As crianças começam sável da Majora, múltiplas vantagens: das crianças são simples e assentam, a compreender coisas que não “Contribuem para a aquisição de com- principalmente, no afeto e no carinho. tinham experimentado diretamente petências, ajudam a gerir emoções – há A inteligência da criança desenvolve- e começam a ser capazes de ver a que aprender a lidar com a frustração e ‑se através de ações e atividades perspetiva dos outros. a gerir a nossa emoção e a do outro – e motoras. Os brinquedos devem ser Estádio de operações formais ou fomentam a interatividade”, diz. Para brilhantes e coloridos, arredondados abstratas (dos 11 anos em diante) — Catarina, este tipo de jogos é também e de borracha. O adolescente atinge o pensamento uma boa oportunidade de juntar pais Estádio pré-operatório abstrato, conceptual, conseguindo e filhos na mesma brincadeira. (dos 2 aos 7 anos) — Há um uso ter em conta as diversas hipóteses Cada novo lançamento – quer se crescente do pensamento simbólico possíveis e sendo capaz de pensar trate de um clássico da Majora ou de e da linguagem, embora ainda de cientificamente. um novo jogo – é testado por um gru- forma pré-lógica. As brincadeiras po de crianças. E é sem surpresa que transformam o imaginário em *A partir da entrevista realizada com Catarina vê as crianças do século xxi realidade. Brinquedos como puzzles, Jacinta Pinheiro aderirem, de modo quase espontâneo,

REVISTA MONTEPIO ^ CATARINA JERVELL cresceu a jogar os clássicos da Majora. Agora é diretora- ‑geral da empresa mais que um clube, um amigo

Brincadeira é a palavra-chave do Clube Pelicas. Pensado para todos os associados Montepio até aos 13 anos, o Clube Pelicas é, mais do que um espaço de brincadeira, um ideal que prepara os mais jovens para valores tão importantes como o humanismo, a solidariedade e a entreajuda, os valores do mutualismo. Os membros do Clube Pelicas beneficiam de

descontos em várias atividades: 27 nas idas ao cinema, nas visitas ao Jardim Zoológico ou ao Portugal dos Pequenitos, em vários colégios, centros de educação, experiências de música ou atividades desportivas. Têm ainda acesso a uma agenda de atividades que abrange áreas tão diversas como a escalada, aulas de equitação, ioga para bebés a jogos criados há quase um sécu- OS JOGOS DE ou workshops de culinária. lo. “As crianças gostam de ser desa- TABULEIRO Todos os anos, o Clube Pelicas fiadas. Inicialmente até podem não PERMITEM UMA organiza ainda duas corridas prestar muita atenção, mas quando exclusivas para os seus mais lhes é explicado o jogo aderem natu- APROXIMAÇÃO de 30 mil membros: em maio e ralmente”, diz. ENTRE PAIS em outubro, sendo esta última Isto não quer dizer que não sejam E FILHOS englobada na Corrida Montepio. feitas atualizações. O Sabichão, o clás- Nas férias, os pais devem estar sico dos clássicos da Majora, tem per- O jogo inclui um bloco previamente atentos às ofertas do Clube, guntas atuais e que se relacionam marcado, que facilita a vida dos joga- que organiza experiências com o quotidiano das crianças de ho- dores. Deste modo, acabaram-se os diferentes em conjunto com as je (mas continua a ser pintado à mão!). cadernos com folhas e folhas marca- várias entidades parceiras, Nesta segunda vida da empresa fo- das com “países, cidades, nomes, ani- como a Science4You. ram também lançados jogos que se mais, cores”… e por aí fora. revelaram um sucesso, como é o ca- Mais do que promover a brinca- so de Tensão. E este inverno anuncia- deira, Catarina Jervell admite que -se a criação daquele que poderá ser lhe agrada o caráter transgeracio- Saiba mais em um novo clássico: a transposição pa- nal dos jogos “As crianças preferem montepio.org/ ra o tabuleiro do tradicional STOP. ficar no quarto, não falar das suas vantagens-montepio/ No jogo, as categorias estão defini- emoções. Os jogos de tabuleiro per- clube-pelicas/ das à partida — e haverá 50 catego- mitem uma aproximação entre pais rias em português, inglês e espanhol. e filhos”, conclui.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo OBSERVATÓRIO ^ MÚSICOS como Fábia Rebordão e Diogo Piçarra fazem parte da nova vaga de talentos CULTURA portugueses COMO NASCEM OS TALENTOS? A ELETRICIDADE PAIRAVA NO AR. QUANDO AS COLUNAS DE SOM DEBITARAM OS PRIMEIROS ACORDES DA CANÇÃO, A PLATEIA EXPLODIU NUM FRENESIM. A MEIO DA 28 SALA DE ESPETÁCULOS, UM ADOLESCENTE OLHAVA PARA O SEU ÍDOLO. NESSA NOITE, SONHARIA EM SER COMO ELE. TINHA TALENTO E VONTADE. CHEGARIA? AFINAL, QUAIS SÃO OS INGREDIENTES PARA SE TER SUCESSO NA INDÚSTRIA MUSICAL?

por joão valente

Já lhe aconteceu ir aborrecido no trânsito, a rádio anunciar uma música nova, começar a ouvi-la e dizer para os seus botões: “Mas esta canção não é nova, já a ouvi antes…”? É normal que pense assim. A estrutura de uma canção pop, como a entendemos há quase cinquenta anos, vai sendo repetida: verso, refrão, verso, refrão, ponte, refrão; dó, mi menor, fá, lá menor. Acabámos de descrever boa parte da História da música do século xx. Quer isto dizer que a criatividade está condenada? Não. Há uma razão para os compositores o fazerem assim e há tanto tempo. As canções, escritas desta forma, são memoráveis. Resultam. Estamos treinados para gostarmos delas. Por isso, este é o caminho mais eficaz para compor sucessos.

REVISTA MONTEPIO Ser músico profissional em Portu- um valor absoluto: “Todos os dias des- É esse o primeiro conselho de quem gal é um trilho difícil, repleto de obs- cobrimos novidades. Somos inundados sabe: cantar ou tocar durante muitas táculos. Há milhares de adolescentes com propostas de editoras, de músicos horas. Muitas, muitas, muitas horas. como o do nosso exemplo, que têm ta- ou do nosso próprio scouting. Temos de Em 2008, Malcom Gladwell escreveu lento e vontade e, contudo, nunca che- ouvir tudo e ouvir de novo, destacar o Outliers, um livro que tenta perceber gam ao sucesso. Acabam por deixar que é original e o que terá mais capaci- como alguém se torna extraordinário este sonho pelo caminho. Na verdade, dade de crescer junto do nosso público. numa determinada área. O autor che- há muitas maneiras de perseguir es- Muitas vezes percebemos que o talen- ga à conclusão que, de entre várias ca- se objetivo, mas também algumas re- to existe, mas a sonoridade está muito racterísticas que os fora de série pos- gras que ajudam a triunfar. O talento distante da nossa linha editorial prin- suem, há uma transversal à ciência e é importante, trabalhar muito é fun- cipal”, revela o radialista. Os gostos dis- às artes: treinaram uma determinada damental. A sorte ajuda. Conhecer as cutem-se e o reconhecimento do talen- competência durante dez mil horas e pessoas certas não prejudica. Quando to nunca será universal. O esforço, por essa repetição tornou-os especialistas. se olha para um palco e se vê a estrela, outro lado, é uma competência objetiva Para percebermos o que isto quer dizer, ninguém imagina as dificuldades que e essencial para um músico. imaginemos que uma criança começa a foram ultrapassadas, os momentos de desespero por que se passou e o que teve de se abdicar para se chegar ali. 10 jovens talentos

O QUE DEVE SER que tem de conhecer 29 IDENTIFICADO É Anarchicks rapidamente aos neste momento, A VONTADE, COM Embaixadoras do riot tops nacionais. a tocar por todo grrrl em Portugal, mundo. OU SEM TALENTO. movem-se entre o Fábia Rebordão O TALENTO SERÁ rock, o punk-rock e o Já é uma das vozes Luís Severo A CEREJA NO new wave. maiores do fado Música pop que não português, mas olha a rótulos, talvez TOPO DE UM BOLO Cave Story o grande público seja o cantautor com QUE SE QUER A banda das Caldas conheceu-a maior potencial da RECHEADO DE da Rainha é uma das na Operação Triunfo. música portuguesa. maiores promessas Não se deixou Escutá-lo é como TRABALHO E da música indie deslumbrar e, ouvir emoções PERSISTÊNCIA nacional. Não seguem desde então, tem a cantar-nos ao modas. Fazem a sua construído uma ouvido. Quem não gosta de música nunca moda. carreira muito sólida. será músico. Parece evidente, mas es- Mike El Nite Da Chick Uma das novas te primeiro passo é mais complexo do O funk, o pop, o rock Galgo vozes do hip hop que parece. É preciso gostar de músi- e a música eletrónica Psicadelismo, português, junta ca para lá dos limites do razoável. E o misturam-se no alter post-rock e afrobeat. uma base rítmica talento não interessa? Claro que sim, ego de Teresa de Vale tudo para os tradicional à música mas poderá estar sobrevalorizado. Sousa. Convida-nos Galgo, uma banda eletrónica e a um Cláudia Guerreiro, baixista dos Lin- à dança e é de Oeiras conhecida lirismo pouco por deixar a pele em convencional da Martini, uma das bandas mais im- impossível resistir ao seu ritmo. palco e tocar a cem à para criar um portantes da música portuguesa desta hora. Como o animal universo sonoro década, não sabe como se identifica o Diogo Piçarra que lhe dá o nome. surpreendente. talento: “Nem sei se é importante fa- Conquistou o público zê-lo. O que deve ser identificado é a português com Kevu Surma vontade, com ou sem talento. O talen- o seu álbum de A dupla de DJ, Projeto one-woman- to será a cereja no topo de um bolo que estreia, Espelho. composta por João -band da leiriense Pedro e João Rosário, Débora Umbelino. se quer recheado de trabalho e persis- O seu novo trabalho, Do=s, é apoiado foi considerada a O disco de estreia, tência”. Nuno Reis, diretor da Ante- pela Associação revelação da música Antwerpen, anda à na 3, a emissora de rádio pública de- Mutualista Montepio eletrónica nacional solta a conquistar a dicada à divulgação de novos projetos e promete chegar em 2016. E estão, Europa. musicais, defende que o talento não é

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo OBSERVATÓRIO cultura

tocar trombone aos seis anos. Para ter dez mil horas de treino no momento em que celebrar os seus 18 anos preci- sou de tocar durante duas horas e meia todos os dias. Praticar na solidão do quarto pode ser uma imagem bonita, mas não é su- ficiente. Há que aprender com quem saiba ensinar. Robert Smith, músico da banda britânica The Cure, assu- miu numa entrevista à Guitar Player que um dos seus maiores arrependi- mentos é ter desistido das lições de guitarra clássica que os pais lhe paga- zo, apostaria no ensino da música e das ^ NUNO REIS admite que não basta ter talento para 30 vam quando tinha nove anos. Há mui- artes desde a escola primária. “O talen- tos músicos de sucesso que aprende- to trataria do resto”, esclarece. singrar no mundo da música. ram a tocar sozinhos, mas quase todos Ser músico e ser milionário são É preciso originalidade lamentam não terem tido formação como o dó e o ré, raramente apare- musical. Uma escola de música ou um cem juntos no mesmo acorde. Se o muito dinheiro. “Sou músico porque professor credenciado oferecem uma nosso adolescente sonhador dese- é o que gosto de fazer. Mesmo que tra- base teórica que alarga os horizontes jar uma vida repleta de grandes car- balhasse num restaurante durante e faz crescer o talento. Nuno Reis as- ros, viagens de avião e mansões, será o dia, ia acabar por tocar em bares à sume que, se tivesse de indicar uma contemplado com uma enorme desi- noite.” A grande maioria dos músicos medida governativa que estimulasse a lusão. Tom Petty dizia que, ao decidir portugueses tem outra profissão, dis- criação musical e artística a médio pra- ser músico, tinha desistido de ganhar tante dos palcos e sem microfones.

Uma Associação parceira do talento

ligação da Associação do Centro, dirigida por Rui Massena. água na boca, não se esqueça que Mutualista à música é A plateia contou com associados tem acesso a todas as vantagens para Aestratégica e profícua. Montepio, parceiros e colaboradores os associados e respetiva agenda São tanto os nomes apoiados ao da Associação Mutualista. Alguns de espetáculos no site e na app da longo dos anos que podemos dizer, puderam, inclusive, visitar os Associação Mutualista. com a certeza absoluta, que a bastidores do concerto e conviver Associação Mutualista Montepio com os músicos, em mais uma das Artistas que já foram apoiados pela é um dos maiores parceiros no Experiências Montepio. Associação Mutualista Montepio desenvolvimento do talento musical Ao longo dos anos, a lista de projetos, Amália Hoje, Amor Electro, António nacional. As vantagens deste apoio, bandas e artistas apoiados é enorme Chainho, Camané, Celina da Piedade, no entanto, não ficam por aí. Os e vai desde o rock dos Xutos & Clã, Dengaz, Deolinda, Diogo Piçarra, associados Montepio têm acesso Pontapés e dos Amor Electro ao Expensive Soul, Fábia Rebordão, a condições exclusivas para os pop dos The Gift e GNR, passando Gisela João, GNR, HMB, Mariza, Miguel espetáculos dos seus artistas favoritos pela música popular portuguesa de Gameiro & Pólo Norte, Jorge Fernando, ou até, por vezes, a eventos privados. Vitorino e Júlio Pereira, o fado de Jorge Palma, José Cid, Júlio Pereira, Em outubro, os coliseus de Lisboa e Camané e Gisela João e as novas Ricardo Ribeiro, Rodrigo Leão, Rui Porto encheram para dois concertos de sonoridades dos HMB, Dengaz ou Massena, The Gift, Vitorino, Xutos & Jorge Palma e da Orquestra Clássica Deolinda. Se a listagem o deixou com Pontapés, Paulo Ribeiro, entre outros.

REVISTA MONTEPIO UM SUCESSO RÁPIDO PODE Onde descobrir novos talentos? ACONTECER COM ALGUMA LISBOA de concertos, um BRAGA > musicbox estúdio de gravação > theatro circo SORTE E UM BOM Uma casa e sala de ensaios. Renovado entre NETWORKING. emblemática, O nome denuncia 1999 e 2006, é um MAS NÃO É junto ao Cais do a morada. dos mais belos Sodré, com uma breyner85.com teatros portugueses. SUFICIENTE PARA programação Desde a reabertura CONSTRUIR UMA eclética e muito > hot five tem-se afirmado CARREIRA cuidada. O mais antigo clube pela qualidade da musicboxlisboa.com de jazz e blues do sua programação no E aqueles que conseguem ser músicos Porto fica no Largo teatro e na música. > profissionais dão aulas ou trabalham hot club portugal Actor Dias e a sua theatrocirco.com Situado na Praça da agenda promete em estúdios de gravação para comple- Alegria, é o palco um misto de nomes gnration mentar o seu rendimento. Por outro la- por excelência do consagrados Utilizando do, ser músico não é barato. Uma gui- jazz lusitano. É um e de novidades. o antigo edifício tarra acústica ou um violino que não dos mais antigos hotfive.pt da GNR, este espaço seja de iniciação custam, pelo menos, clubes da Europa e articula a música já passou por várias COIMBRA contemporânea, 300 euros; uma bateria fica pelos 500 31 euros e um piano vertical nunca cus- moradas. salão as artes digitais hcp.pt Localizado na baixa e o cruzamento tará menos de 3000 euros. E nem es- de Coimbra, é um entre artistas tamos a falar de instrumentos topo de > sabotage espaço de referência, e a comunidade. gama. Além disso, quanto mais a sé- Sala dedicada ao recebendo nomes gnration.pt rio se leva esta vida, mais se respeita o rock, é uma espécie emergentes da trabalho alheio. O desejo de consumir de farmácia: há música portuguesa juno música, seja em vinil, streaming ou nos de tudo, desde o e algumas novidades Perto da Sé de espetáculos ao vivo é quase compulsi- underground ao internacionais. Braga, é um bar alternativo. Fica no salaobrazil. onde os projetos vo. E compreende-se a importância de Cais do Sodré. blogspot.pt independentes e pagar pela música que se ouve. sabotage.pt experimentais têm Um músico pode não ser um pi- > aqui base tango guarida. rata dos downloads, mas será sempre > rca club Numa antiga sede facebook.com/juno. uma criança. Daquelas que, quando Dedicado ao rock da PSP, é um espaço cafe.braga recebem uma bola de futebol no Natal, mais pesado, tornou- virado para a música até dormem com ela. Os seus instru- ‑se um dos recintos eletrónica e concilia FARO incontornáveis de a programação > s.r.a.f. os artistas mentos tornam-se um prolongamen- Lisboa, com sede no musical com uma Há mais de 20 anos to natural do corpo. Como se estives- bairro de Alvalade. agenda para o que este bar, ligado sem colados à mão. Esta paixão leva a rcaclub.com cinema e o stand up ao Montepio dos que se queira ensaiar muitas e muitas comedy. Artistas de Faro, horas. Ou cantar até não poder mais. PORTO facebook.com/ promove a cultura na Olhar para o lado e ver os amigos. > maus hábitos aquibasetango capital algarvia com Nuno Reis acredita que sem talento Nome histórico do propostas para todos Porto, vizinho do > diligência bar os gostos. e trabalho a coisa fica quase impossí- Café Majestic, tem Situado na baixa facebook.com/SRAF. vel, pelo menos a longo prazo. “Conhe- uma programação de Coimbra, vive da OsArtistas cemos exemplos de artistas e bandas eclética juntando espontaneidade. É que se destacaram com um primeiro a música a outras normal um cliente > ditadura tema ou álbum e que, depois, não con- artes como levantar-se, pegar Perto da baixa de seguiram estar à altura desse boom de a pintura, literatura numa guitarra e Faro, é um dos locais notoriedade. Um sucesso rápido pode ou o live coding. começar a tocar um de eleição do Algarve maushabitos.com fado de Coimbra, para ouvir música acontecer com alguma sorte e um bom uma canção do Zeca ao vivo durante todo networking. Mas não é suficiente para > breyner 85 ou do Rui Veloso. o ano. construir uma carreira”, explica. Por- É um clube de facebook.com/ facebook.com/ que a música é generosa. Fez-se para dança, uma sala diligenciabar ditadura.bar

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo bua de salvação para gerar rendimen- OBSERVATÓRIO to e conquistar notoriedade. Porque é cultura esse o momento em que o nosso ado- lescente se torna um músico profissio- nal: quando toca ou canta e há alguém que lhe entrega um cheque pelo tra- Números balho que realizou. A fazer aquilo de que se gosta. Aquilo para que se nas- NÚMERO DE ESPETADORES DISCO MAIS FESTIVAIS (1) EM FESTIVAIS (1) VENDIDO (2) ceu. Chegado este momento, é preciso trabalhar ainda mais. Sempre que for 2006 2006 2006 114 0,95 Flor, possível. Para ganhar experiência e pa- (2012) milhões Floribella ra ficar conhecido no meio. (2012) 220 mil Goste-se ou não, quem não investir 2016 na sua notoriedade estará a hipotecar o 249 2016 2016 2,1 Moura, futuro. Fazer contactos, aprender a es- milhões Ana Moura tar em público e a tirar uma fotografia 45 mil que fique na memória de quem a veja, saber falar na televisão ou na rádio são atributos fundamentais. Cláudia Guer- STREAMING % MÚSICA PORTUGUESA NO AIRPLAY (2) (3) 32 (RECEITAS) DAS RÁDIOS NACIONAIS reiro assume que “o networking não é para todos”, mas há que ter atenção 2006 2006 0€ 23,3% a essa componente. “Pelo menos en- quanto não há quem o faça por nós”, 2016 2016 argumenta. São esses detalhes que fa- 5,9€ 27% rão com o que o público peça o bis no milhões final de um espectáculo. “As editoras independentes têm sido uma boa solu- ção para os novos artistas. Encontram Fonte: Associação Fonográfica Portuguesa; APORFEST; Audiogest; ERC, Blitz. um tratamento quase familiar nessas (1) O número de festivais e de espectadores duplicou, em Portugal, na última década. Neste momento, são o veículo mais importante para dar notoriedade a um artista ou uma banda e torná-los conhecidos do público. pequenas estruturas, que os apoiam e (2) Há duas décadas, a principal fonte de receitas de um artista eram as vendas de discos. Hoje, a fatia de leão dos permitem crescer, sem contaminar o proveitos dos artistas vem dos espetáculos ao vivo. O streaming é o canal de vendas que mais tem crescido nos últimos anos, sem conseguir, no entanto, contrabalançar a perda de rendimento da indústria da música. talento e a identidade artística de cada (3) As rádios nacionais – RFM, RR e Comercial – cumprem a sua quota obrigatória, mas, na última década, o um”, explica Nuno Reis. Tiago Branco espaço reservado para a produção de língua portuguesa não conseguiu crescer. As rádios públicas (Antena 1, Antena 2 e Antena 3) também têm cumprido a sua quota específica de 60%. concorda com esta ideia. O responsá- vel pela Bairro da Música, uma agên- ser partilhada. Depois da descoberta AS EDITORAS cia que gere a carreira de bandas como desta paixão, das aulas, dos ensaios, o INDEPENDENTES os Blind Zero e os Anaquim, conside- nosso adolescente passará horas e ho- TÊM SIDO UMA ra que o management e o agenciamen- ras a tocar em festas de amigos ou em BOA SOLUÇÃO to têm essa responsabilidade. “Acom- bares. Onde, na maior parte dos casos, panhamos cada projeto de perto e, de estarão dez pessoas a assistir, duas de- PARA OS NOVOS acordo com as necessidades que iden- las a trabalhar atrás do balcão e as ou- ARTISTAS. tificamos, definimos um percurso em tras oito a mexerem no telemóvel. ENCONTRAM UM conjunto com o artista. É preciso criar- Uma das maiores dificuldades com TRATAMENTO -lhe uma identidade, apoiar a definição que os artistas se vão debatendo é a fal- QUASE FAMILIAR da sua sonoridade, selecionar os espa- ta de locais onde tocar. Sofia Teixei- ços em que ele se deve apresentar, con- ra, criadora do Bran Morrighan, um que tantas casas icónicas fechassem ceber um espectáculo, fazer os con- blog dedicado à música e à literatura, e se perdessem recintos onde muitos tactos e a comunicação. Só assim se e consultora musical da Omnirechor- artistas poderiam atuar.” A dificulda- constrói uma carreira coerente, sólida ds, gostava que “existissem mais salas de que os músicos emergentes ou me- e de longa duração”, explica. de concertos por todo o país com apoio nos conhecidos têm na rentabilização O caminho do quarto ao palco é estatal, tanto ao nível da conservação de tournées faz com que os festivais ou muito longo. Completada cada etapa, como da programação. Evitaríamos os eventos dos municípios sejam a tá- percebe-se que há outra para come-

REVISTA MONTEPIO A CONSTRUÇÃO DE UMA CARREIRA SÓLIDA ACARRETA MUITO ESTUDO, ALGUMA SORTE E ESTAR NO SÍTIO CERTO À HORA CERTA

se fazer uma boa canção, mas há mui- tas boas canções que se fizeram assim. E há muitos bons músicos que cons- truíram a sua carreira, passo a passo, çar. Um músico tem de aprender a ser ^ CLAUDIA GUERREIRO sem pensar no fim do caminho. Por- nómada. A estar em Castelo Branco garante que os Linda Martini que, para eles, o mais importante era num dia e chegar a Faro no outro. Nos nunca fizeram planos. trilhar o percurso. Cláudia Guerrei- intervalos dos concertos ensaiam-se A carreira surgiu naturalmente ro revela que os Linda Martini nunca umas melodias para um próximo dis- estabeleceram grandes planos. “Fize- 33 co. O aluguer de um estúdio é caro. Se e estar no sítio certo à hora certa para mos o que queríamos e tivemos a sorte for possível gravar com as músicas fi- estabelecer a parceria mais adequada. de haver gente que gostou de nós. Che- nalizadas será melhor. Baralhar e vol- Depois, temos ainda o talento e o traba- gámos a este momento por causa das tar a dar: estúdio, concertos. Um ciclo lho, dois elementos indissociáveis para nossas escolhas. Nunca houve lugar que não pára. Tiago Branco é perentó- a construção de uma carreira.” para arrependimentos ou expectativas rio. “A construção de uma carreira sóli- Verso, refrão, verso, refrão, ponte, defraudadas. Tudo o que veio foi bom. da acarreta muito estudo, alguma sorte refrão. Não é o único caminho para Espero que continue assim”, desabafa.

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ROSALIA VARGAS DUAS VIDAS NUMA SÓ INCANSÁVEL, IMPACIENTE, IMPARÁVEL. A PRESIDENTE DA AGÊNCIA CIÊNCIA VIVA NÃO CONSEGUE ESTAR PARADA E ACUMULA HISTÓRIAS DE VIDA. CONHEÇA MELHOR ESTA PROFESSORA TORNADA GESTORA QUE NÃO CONSEGUE FICAR MUITO TEMPO AFASTADA DAS SUAS PAIXÕES: A CIÊNCIA E A EDUCAÇÃO

por mariana adam fotografia artur

REVISTA MONTEPIO Quando era pequena, Rosalia Vargas A viagem para Bragança teatro, inscreveu-se no clube de cine- passava horas em busca do nada. Há episódios que marcam as nossas vi- ma e colaborou num jornal regional — Sentava-se num canto, de olhos das. Rosalia sentiu-o aos 9 anos, quan- não só chegou a chefe de redação como fechados, e começava a eliminar do se mudou para a cidade de Bragan- hoje admite que é uma jornalista frus- mentalmente os espaços físicos: ça. Nascida em Serpa, no Alentejo, veio trada. A intensidade foi sempre tanta a mesa, o chão, as paredes, as casas muito jovem para os arredores de Lis- que, sempre que começavam as férias, desapareciam. Ia tudo desaparecendo. boa, perto do cabo Espichel. Mas o pai, fazia a si própria a mesma pergunta: “Às vezes, no final, quando abria os transmontano, decidiu regressar às ori- “E agora? O que é que faço? A minha olhos perdia o equilíbrio”, confessa. gens e o mundo de Rosalia, tal como o mãe desesperava”, graceja. Talvez por nunca ter conseguido conhecia até então, mudou radicalmen- “Esta pergunta cresceu comigo e fez atingir o nada, viveu uma vida sem te. Para cúmulo, o “mano” mais velho com que, já adulta, sentisse necessida- espaços vazios. Numa azáfama. Já não ficou em Lisboa, num colégio. A longa de de ir para uma câmara de descom- é uma menina de 8 anos, mas admite viagem foi feita “sempre a chorar”. pressão antes das férias, mesmo neces- que só agora começa a aprender a lidar “Chegámos no inverno, fazia muito sitando muito delas e querendo estar com o tempo. Porém, ainda se sente frio. As saudades do mano eram mui- com a família e com os filhos.” Mes- pouco confortável quando lhe sobra tas. Via a minha mãe a chorar e chorava mo agora, à beira de parar, a pergunta tempo para fazer algo. também”, relembra. Em Bragança en- vem-lhe imediatamente à cabeça. “O Rosalia Vargas é a senhora da cultu- controu uma realidade diferente. Ain- nada persegue-me. Mas como já per- ra científica em Portugal. Há mais de 20 da se lembra do seu ar atónito quando, cebi que não existe, para mim o nada anos que está à frente da Agência Ciên- nos primeiros dias de escola, as colegas foi sempre uma impossibilidade.” 35 cia Viva, é diretora do Pavilhão do Co- disseram que tinham trazido um bijou nhecimento desde o primeiro dia e foi para o lanche: “Um bijou, para mim, era O 25 de Abril desviou-a a primeira mulher a presidir ao Ecsite, uma joia, não percebia sequer do que es- para a Filosofa a Organização Europeia de Museus e tavam a falar. Às tantas percebi que se A saída de Bragança, tal como a che- Centros de Ciência. Com formação base referiam a um papo-seco.” gada, não foi pacífica. Acabou o liceu em Filosofia, esta mestre em Comuni- A primavera chegou e o frio co- em 1974, ano da Revolução dos Cravos, cação Educacional Multimédia admite, meçou a dissipar-se. Foi substituído e inscreveu-se no curso de Direito em porém, a paixão pela educação: ser pro- por uma paixão que ainda hoje sente Lisboa. Mas os entraves foram muitos. fessora foi das coisas que mais gostou de por aquela cidade. “Apaixonei-me por O pai não a queria deixar ir e, além dis- fazer na vida. Bragança, hoje é uma cidade que tra- so, as faculdades não abriram vagas O seu currículo não fica por aqui. Foi go mesmo no coração.” Foi ali que co- nesse ano. Assim, continuou em Bra- vereadora da Educação, da Cultura e meçou a namorar com o homem com gança, ainda que a sua cabeça quisesse da Juventude na Câmara Municipal de quem ainda hoje partilha a vida, o pai vir para Lisboa, para o “centro de tudo”. Lisboa, uma tarefa que assumiu como dos seus dois filhos. Foi também na ci- Um ano depois a turbulência conti- missão. E fez muitas, muitas outras coi- dade transmontana que iniciou a sua nuava e as vagas voltaram a não abrir. sas, nunca se dedicando apenas a uma vida associativa ativa e que descobriu a “Aí o meu pai disse: ‘Não vais ficar única tarefa. “Foram sempre cumulati- paixão pelo ensino. “Foi lá que passei a mais um ano à espera, é preciso um vas”, explica. ser eu”, resume. rumo.’” Inscreveu-se em Bragança no Desde criança que tem sede de vida e A criança dos porquês transfor- curso disponível: o magistério primá- de saber. “Às vezes era insuportável, tan- mou-se na adolescente hiperativa. Fez rio, na Escola Superior de Educação. tas eram as perguntas que fazia”, admi- “Tive sorte, apanhei o ensino mais in- te. Queria saber tudo e muitas das res- teressante que alguma vez tive. Aquilo postas encontrava-as nos livros. Guarda ÀS VEZES ERA não eram aulas, eram discussões, algu- a memória do programa “chatíssimo” INSUPORTÁVEL, mas fortes, sobre educação, psicologia, de visitar amigos ou família com a mãe. TANTAS ERAM didática e literatura infantil.” O escape eram os livros. “Quando os en- AS PERGUNTAS Embora interessante, o magisté- contrava estava tudo bem.” Hoje conti- QUE FAZIA. rio primário não era suficiente para nua a ser viciada em livros, mas admite QUERIA SABER Rosalia Vargas. A ânsia por mais le- que tem um problema sério: reescreve vou-a à licenciatura em Filosofia, na mentalmente a maioria das obras. “Sem TUDO E MUITAS Universidade do Porto. Estava, então, dar por isso dou por mim a reescrever o DAS RESPOSTAS no último ano do curso em Bragança. romance que estou a ler. Às vezes é tão ENCONTRAVA-AS “Dividi-me entre os dois cursos e as cansativo...”, conta a rir de si própria. NOS LIVROS duas cidades, nunca fiz tanto na vida.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo dia. Entretanto, numa das várias confe- PERFIL rências às quais fazia questão de ir, co- nheceu a pessoa mais marcante da sua vida profissional: o Professor Mariano Gago. Mas foi o curso em Bragança que me “Ele não me deu importância ne- deu as bases para a educação. É preci- nhuma. Estávamos no intervalo de so saber como ensinar, a matemática, uma conferência e eu fui falar com ele. o português, tudo. Há técnicas e isso é Falei muito depressa e ele parecia igno- a didática.” rar-me, mas quando lhe disse o assunto Com a licenciatura em Filosofia ter- da minha tese (‘O discurso de divulga- minada, casou-se. Ele foi para Felguei- ção científica’), levantou a cabeça e dis- ras, trabalhar como magistrado, e ela se-me: ‘Isso interessa-me.’ Foi a pessoa acompanhou-o. Foi aí que começou a mais exigente, entusiasmante e inspi- dar aulas: durante dois anos foi profes- radora que eu podia ter conhecido”, ex- sora de adultos. plica, ainda vergada à genialidade do Já com dois filhos pequenos, con- pai da Ciência em Portugal. correu a nível nacional e foi parar a A ligação a Mariano Gago não fica- Santiago do Cacém. Fez as malas e ria por aqui. Em 1995, Mariano Gago perseguiu o sonho. “Éramos 30 profes- foi convidado, pelo então primeiro-mi- 36 sores em profissionalização, um am- nistro António Guterres, a criar o pri- biente muito estimulante. Sempre tive meiro Ministério da Ciência e da Tec- a sorte de estar rodeada de ambientes nologia português. Uma verdadeira re- estimulantes. Passei a viver na escola. volução no sistema científico nacional. Fez-me muito bem, porque lá em cima “Mariano Gago foi um visionário. Per- estava muito protegida.” cebeu que era necessário criar uma es- Quando se preparava para regres- trutura para que os cidadãos conheces- sar ao Norte, para a pacatez de Felguei- sem a ciência. E na qual participassem. ras, o marido foi destacado para Lisboa. Foi muito disruptivo”, conta. Outra reviravolta. “Vinha muito cansa- Seguiu-se o convite para abraçar o da, depois de tanta euforia. Esse perío- projeto Ciência Viva. “Em 1996 éramos do foi difícil, até me entristeceu, mas uma pessoa, depois três, hoje somos 100 depois agarrei-me aos alunos, sempre só a trabalhar Ciência Viva. Mas em os alunos”, suspira. Acabou em Odive- cooperação com muitas instituições.” las, numa escola da qual ainda guarda Como tudo na sua vida, dedicou-se memórias “fantásticas”. totalmente. Se dúvidas houvesse da sua Incapaz de viver em velocidade de imensa dedicação a este projeto, há dois cruzeiro, decidiu fazer uma pós-gra- episódios que as desvaneceriam. Há al- Outro dos episódios está relaciona- duação em Multimédia, em Santarém. guns anos, Rosalia e uma colega asso- do com os seus filhos, hoje com 33 e 31 Corria entre Odivelas e a cidade ribate- maram à janela do escritório e viram anos, que desde cedo se referem ao Pa- jana, mas sempre sem se cansar. Ter- um daqueles arco-íris perfeitos, enor- vilhão do Conhecimento como o seu ir- minada a pós-graduação, inscreveu-se mes, idílicos. Susana, assim se chama mão mais novo. No dia em que o Pavi- imediatamente no mestrado em Lis- a colega e amiga, disse logo que quase lhão fez 15 anos, foram visitá-lo e leva- boa, na Universidade Aberta. “Fiz is- dava para ver os dois potes de ouro que, ram-lhe uma prenda, como se fosse o so tudo ao mesmo tempo que exercia a conta a lenda, estão em cada uma das caçulo da família. minha profissão”, confessa. extremidades do arco-íris. De imediato, Embora seja a “mãe” do projeto Rosalia começou a sonhar com a forma Ciência Viva e do Pavilhão do Conhe- A entrada da ciência na sua vida com gastaria esse dinheiro. Pensou em cimento, sempre houve mais vida para Antes de terminar o mestrado, concor- projetos, iniciativas, exposições... tudo lá dos projetos. Durante “dois anos, três reu, através de um anúncio de jornal, para a Ciência Viva e para o Pavilhão meses e cinco dias” foi vereadora da ao Instituto de Inovação Educacional. do Conhecimento. Todas as moedas se- Câmara de Lisboa. Sabe quase ao mi- Foi selecionada e escolhida como coor- riam ali investidas. Foi um sonho pre- nuto o tempo em que assumiu a pas- denadora do grupo de educação e me- monitório da sua carreira. ta porque, confessa, nunca se esquece

REVISTA MONTEPIO QUEREMOS CONTRIBUIR PARA A COESÃO TERRITORIAL PELA VIA DA INOVAÇÃO E DA CIÊNCIA, ENVOLVENDO OS JOVENS ATRAVÉS DO CONHECIMENTO

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desse período tão estimulante da sua E como se vê daqui a 10 anos? Uma professores e os jovens estudantes a vi- vida. “Foi com um verdadeiro espírito coisa é certa, não há tempo para o nada. rem por esta via, a perceberem que o de missão que aceitei e vivi essa fase.” Rosalia tem vários projetos na manga, mundo lhes entra em casa, na escola, Voltaria a aceitar? Hesita. “Foi uma revela-os com brilho nos olhos. “Vamos mas pulverizado em formas de conhe- experiência avassaladora, mas muito lançar o projeto Sete Quintas, vão ser cimento científico que já não é compar- compensadora. Nunca trabalhei tanto quintas Ciência Viva, a quinta do mar, timentado. Por isso trabalhamos em al- na vida, e eu que trabalho tanto aqui!” a do vinho, da fruta. Projetos em par- fabetos diferentes: hoje há um alfabeto ceria com as câmaras municipais e os alternativo e muito importante, que é Sempre sem parar institutos politécnicos. Queremos con- o código. As escolas têm de olhar para Rosalia Vargas tem muito orgulho na tribuir para a coesão territorial pela via esse alfabeto como uma ferramenta es- disrupção que promove há 20 anos. da inovação e da ciência, envolvendo os sencial que nos liga a uma nova manei- Nestas duas décadas deixou dias e dias jovens através do conhecimento.” ra de perceber o mundo, a par, claro, do de férias por gozar – “foram dados à cau- Outra das suas prioridades passa alfabeto da escrita e da literatura, sem- sa” – e foram raros os fins de semana pela necessidade de intervir nas es- pre essenciais à vida”, explica. Rosalia que passou sem pôr os pés no Pavilhão. colas, tentar dar-lhes mais flexibilida- Vargas sabe o caminho e não vai parar “Não há fora de horas neste trabalho.” de. “Temos de saber como desafiar os até o trilhar. Como sempre fez na vida.

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FUNDAÇÃO MONTEPIO À BOLEIA DA SOLIDARIEDADE

HÁ 10 ANOS QUE A FUNDAÇÃO MONTEPIO, ATRAVÉS Cada vez que a carrinha passava DO PROJETO FROTA SOLIDÁRIA, OFERECE VIATURAS num buraco mais fundo, as janelas ADAPTADAS A INSTITUIÇÕES PARTICULARES abriam-se com o impacto. DE SOLIDARIEDADE SOCIAL DE NORTE A SUL DO As carrinhas eram antigas e PAÍS E ILHAS. VENHA CONNOSCO ATÉ PENELA, tinham poucas condições para NO DISTRITO DE COIMBRA, E DESCUBRA COMO transportar o Luís, a Odete, o José Eduardo e o João no regresso a casa. A SOLIDARIEDADE DOS PORTUGUESES ESTÁ A Agora, todas as tardes são mais MUDAR AS VIDAS DOS UTENTES DA CERCIPENELA, confortáveis, mais quentes e mais INSTITUIÇÃO DEDICADA À EDUCAÇÃO E seguras. Para todos os utentes da REABILITAÇÃO DE CIDADÃOS INADAPTADOS E CerciPenela, mas sobretudo para QUE FOI UMA DAS 182 IPSS ÀS QUAIS A FROTA a Odete e para o José Eduardo que, SOLIDÁRIA PERMITIU VOOS MAIS ALTOS com a nova carrinha adaptada para cadeiras de rodas, têm mais por carla jesus fotografia artur facilidade de acesso.

REVISTA MONTEPIO FROTA P&R SOLIDÁRIA Paula Tente Animadora cultural da Associação Lar de Folgosinho

Qual a importância da viatura para o dia a dia do Lar de Folgosinho? Tem a maior importância, porque só tínhamos um veículo e precisávamos de um segundo. Além de ser muito confortável, esta carrinha dá-nos a possibilidade de levar as cadeiras de rodas. Que utilidade dão à viatura? Tem servido para várias atividades, desde passeios com os idosos a idas ao posto médico ou a outros locais onde precisem de ir.

Veio alterar o vosso dia a dia? 39 Facilitou, sim. A outra carrinha não permitia o transporte de cidadãos em cadeiras de rodas e esta é muito mais acessível. Os nossos utentes são muito idosos: a nossa idade média ronda os 86 anos, mas temos muitas pessoas com 90 anos e que são transportadas todas as semanas pela carrinha. Eles sentem a diferença na qualidade? Sim, para eles é muito mais fácil com esta carrinha. Basta empurrarem a cadeira. Com o outro veículo tínhamos de pegar neles ao colo e colocá-los dentro da carrinha. Assim é mais fácil. Para eles e para nós. Projetos como a Frota Solidária são importantes? Há muito que estes e outros uten- los portugueses, através da Fundação Fazem muita diferença porque era tes fazem parte da família CerciPene- Montepio e da Frota Solidária. Desde muito difícil, para a associação, adquirir la. Odete não sabe precisar há quanto essa data que a vida de todos mudou. uma carrinha destas. Os utentes tempo frequenta esta instituição, tan- A CerciPenela tem uma frota de 11 teriam de pagar mensalidades muito tos são os anos. José Eduardo é utente carros, mas apenas a nova viatura tem mais altas. Deste modo conseguimos desde bebé, faz dança e desporto e não condições para o transporte de utentes melhorar o seu dia a dia. E o nosso. deixa que a sua deficiência física lhe im- em cadeira de rodas. Além de levar es- A solidariedade é fundamental para ponha limites. João é “orgulhosamente” tes utentes com mobilidade reduzida a as IPSS? jardineiro, faz trabalhos na instituição casa, a viatura ajuda na mobilidade de Sim. E faz a diferença nestas pequenas e por todo o município de Penela. To- vários outros utentes nas idas ao médi- coisas. Estamos numa aldeia de das as tardes, os três juntam-se a Luís – co, a Coimbra, ou no transporte de ido- pastores e agricultores, que hoje aliás, a Zito, como é carinhosamente sos que participam em atividades fora têm reformas muito pequenas. Não tratado por todos –, e regressam a ca- do concelho de Penela. podemos estar a puxar muito nos sa com comodidade, numa carrinha “As instituições de economia social, valores [pagos pelos utentes], pelo que que há muito desejavam, oferecida pe- como a nossa, precisam sempre de todo estes gestos fazem diferença.

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Frota Solidária em números 3 780 milhares é o valor, em euros, que a Fundação Montepio reuniu, através da Consignação Fiscal, e devolveu à sociedade 182 número de instituições apoiadas pela o tipo de apoios. Somos subsidiados pelo dinagem e de limpeza de ruas no mu- Frota Solidária desde 2008 Estado, mas hoje o nosso trabalho passa nicípio de Penela, que deixou de ter tra- 392 pela prestação de serviços à comunida- balhadores para estes serviços”, avança número de instituições que se de. Sempre que possível fazemos obra Joaquim Campeão. candidataram à edição 2016/2017 40 e trabalhos para captar verbas. Projetos da Frota Solidária como a Frota Solidária são uma mais- Uma frota cada vez mais solidária 342 ‑valia para atingirmos objetivos que, so- A comemorar 10 anos, a Frota Soli- milhares de euros que a Fundação zinhos, não conseguiríamos atingir”, dária chega a inúmeras instituições Montepio aplicou na aquisição refere Joaquim Campeão, responsável de áreas distintas, todas ligadas à in- das viaturas agora oferecidas pela CerciPenela. Por esta instituição clusão social. A Fundação Montepio passam anualmente cerca de 500 pes- tem uma vasta experiência no com- 2 821 soas com necessidades diversificadas. bate à exclusão social, apoiando pro- número total de instituições que se candidataram, desde a primeira Além dos cerca de 100 alunos que fre- jetos ligados ao bem-estar de crianças edição, ao projeto Frota Solidária quentam a Cerci, a instituição tem inú- e idosos, dos portadores de deficiência meras atividades paralelas, incluindo a e das famílias carenciadas. O projeto 20 dinamização de um centro de emprego Frota Solidária, uma das faces mais viaturas entregues pela Fundação para pessoas portadoras de deficiência. visíveis deste trabalho, resulta da apli- Montepio, em 2017, a IPPS de norte a sul de Portugal e ilhas “Temos pessoas com deficiência e inca- cação dos montantes que os contri- pacidade que fazem os trabalhos de jar- buintes portugueses atribuem todos os anos a esta instituição através da consignação fiscal. Esta Frota Solidá- ria existe não só devido à intervenção Solidariedade vs Voluntariado da Fundação Montepio, mas sobretu- do à generosidade dos portugueses. o verão mais dramático apoiar as populações das áreas As instituições que recebem as N dos últimos anos, mais afetadas pelos incêndios. Se é viaturas adaptadas sentem que es- uma vez se confirmou que os típico do português procrastinar, tão a receber a generosidade e a soli- portugueses não procrastinam na solidariedade esta caraterística dariedade (ver caixas). Por isso, mui- na solidariedade. Horas depois do dilui-se na vontade de ser generoso tas delas fazem questão em retribuir drama de Pedrógão, os portugueses e contribuir para o bem-estar com gestos idênticos. “Não queremos uniram-se na ajuda aos que tudo dos que nada têm. O mesmo não só receber, também queremos ofere- perderam. No dia seguinte à acontece, porém, no que toca ao cer. Neste momento candidatámo-nos tragédia, a Associação Mutualista voluntariado: apenas 15% dos a dois projetos em que temos a obriga- Montepio anunciou um donativo portugueses participam ativamente ção de sermos nós, e os nossos utentes, de 250 mil euros para apoiar em trabalho voluntário, uma das a garantir a solidariedade com quem as famílias atingidas por esta mais baixas taxas na Europa (ver mais precisa. Com os idosos e com os calamidade, valor que reverteu artigo sobre Procrastinação, na cidadãos com deficiência que estão para o Fundo Revita, criado para página 10). em casa. Também queremos ter res-

REVISTA MONTEPIO ponsabilidade social naquilo que faze- mos para os outros”, refere Joaquim P&R FROTA SOLIDÁRIA Campeão. Maria Nazaré Gouveia Maria Antónia Esta não é, de resto, a primeira co- Responsável pela Machado laboração entre a CerciPenela e a Fun- VARIOS — Cooperativa de Presidente da Cedema dação Montepio. Há cinco anos, a IPSS Solidariedade Social do distrito de Coimbra pediu apoio pa- ra construir, nas suas instalações, uma O projeto Frota Solidária foi De que modo a nova sala snoezelen, que promove o relaxa- importante para a VARIOS? carrinha adaptada veio mento para adultos com deficiências. Sim. A nossa frota está alterar o dia a dia da vossa A Fundação Montepio acedeu. Esta sa- muito antiquada e esta instituição? la de estimulação auditiva, táctil e olfa- iniciativa permitiu a Veio aumentar a capacidade tiva é frequentada pelos utentes com renovação de uma das de respondermos carrinhas, que já tinha às necessidades da bastantes quilómetros. pessoa portadora de Que utilidade dão deficiência mental com à viatura? falta de mobilidade ou A carrinha transporta multideficiência. Esta viatura os nossos utentes pelos permite-nos transportar

concelhos de Tondela, utentes para atividades, 41 Santa Comba Dão, para os hospitais ou para Mortágua e Carregal do consultas. E dar o habitual Sal. Fazemos uma média apoio ambulatório. de 600 quilómetros por A viatura veio mudar a vida dia, pelo que a nova viatura dos vossos utentes? De que não só renovou a frota, que modo? ficou com mais qualidade, Sim, melhorou a qualidade como permitiu fazer mais do serviço. Os utentes podem maior índice de deficiência. É aqui que ^ O DIA A DIA quilómetros e transportar agora frequentar outros eles desenvolvem inúmeras atividades de Odete, José mais utentes. locais, socializar, usufruir de que os ajudam a desenvolver as suas ca- Eduardo, João e Os portugueses uniram-se serviços e de reabilitação. pacidades diminutas. Tanto a sala snoe- Zito nunca mais na Frota Solidária. Como Qual a importância de zelen como a carrinha da Frota Solidá- foi o mesmo. veem esta atitude? iniciativas como a Frota ria têm-se revelado fundamentais pa- Desde 2015 que Esta causa, que a VARIOS Solidária para as IPSS? ra a atividade diária da CerciPenela. estes utentes acarinha e dá vida, é muito É a diferença entre ter uma E são os próprios utentes a sentir o ca- da CerciPenela nobre, pois apoia cidadãos população residente sem lor da generosidade. Sorriem quando têm à disposição vulneráveis que precisam se poder deslocar, infeliz, e falam na carrinha. Sentem a felicidade uma carrinha de uma mão amiga. Mais capacitar todos para uma de terem sido ajudados e, mesmo quem adaptada às suas do que nunca, estas perfeita inclusão e felicidade. não precisa da rampa, como o João, sa- necessidades de instituições precisam Os portugueses uniram-se be que os seus companheiros de viagem mobilidade, que do apoio de outras na Frota Solidária. Como têm a vida facilitada. “Esta carrinha é os transporta nas que também estão no veem esta atitude? muito importante para nós. Estes ges- viagens entre as terreno, como a Fundação Sentir que os portugueses tos solidários são muito importantes e suas casas e a Montepio, que tem sido se unem por uma causa é fico muito feliz”, conta o jardineiro, sen- instituição, nas uma grande aliada destas fantástico e a prova de que tado no seu lugar, antes de voltar a casa visitas periódicas causas. Ao longo do o conceito de humanidade depois de mais um dia na CerciPenela. ao hospital ou tempo os portugueses e solidariedade ainda está Hoje, os utentes desta IPPS têm a certe- centro de saúde têm demonstrado que vivo. Para nós significa que za de que a janela não se vai abrir num e nos passeios e são solidários e isso é um a deficiência intelectual buraco e que o tempo invernoso não se saídas de lazer estímulo para que as nossas e as suas necessidades sentirá dentro do seu refúgio de quatro instituições trabalhem com começam a ser conhecidas e rodas. O seu meio de transporte e de in- empenho porque também reconhecidas e a sensibilizar clusão social. são de todos os portugueses. a restante população.

REVISTA MONTEPIO 1 o meu mundo toque ritmado chamava a Conselho, para a ma- CRÓNICA nhã seguinte, no adro da Igreja, os chefes de famí- lia. Tratava-se de resolver um problema comum dos aldeões, uma passagem a restaurar, o curso de um ribeiro a regularizar, ou, mais grave, orga- ADRIANO MOREIRA nizar a polícia do território florestal que lhes for- necia o combustível, colhido na limpeza de que todos participavam, que era guardado nos sequei- ros de verão para ser usado nas necessidades das O SILÊNCIO lareiras e aquecimento no inverno, e que estava a ser colhido por habitantes de aldeias fronteiras, DOS SINOS abuso a que por vezes acrescentavam levar gado próprio para se alimentar do que pertencia à co- Nas aldeias nortenhas da minha juventude, sem eletricidade, munidade convocada. Os chefes de família dis- sem água nas casas, sem saneamento, sem dinheiro cutiam os factos, acordavam nas medidas, distri- substituído pelo torna-jeira, vivendo no isolamento derivado buíam as tarefas de guarda e policiamento. Era da rareza das comunicações, os toques dos sinos das igrejas outro o toque dos sinos que transmitia o alarme tinham a regência de um dialeto complexo. de fogo, que por vezes destruía lares construídos com observância do saber tradicional. A insegu- Ensinava-se às crianças, ainda que faltasse o en- rança do uso interno do lume ou o descuido ti- 42 sino primário, a leitura dos badalares dos sinos, nham o mesmo resultado. Novos e velhos eram a decifração das suas mensagens, que eram di- mobilizados para acudir ao desastre e usavam to- retivas para o povo. O repicar para os atos reli- das as maneiras de recolher água, levando-a para giosos, sobretudo a não dispensável missa, trans- fortalecer o combate às chamas. Depois, respon- mitia uma alegria de Comunhão que era um dos dendo a um dos toques que os chamavam, reu- conceitos da comunidade. Aos relapsos que se niam para reconstruir a casa atingida, para repor mostravam indiferentes ao chamamento, per- reservas alimentares consumidas, uma respon- guntava-se se não tinham ouvido os sinos, uma sabilidade de vizinhos a funcionarem de seguro forma de repreensão delicada. Quando se trata- coletivo. Tudo porém mudou em termos de ser va de mortório, o toque enviava uma mensagem necessário recriar o valor e sentido das “comuni- de adeus, ao mesmo tempo de mágoa e esperan- dades”, esquecido. Como afirmou o Papa Fran- ça, que juntava os fiéis em recolhimento, oração cisco (21 de setembro de 2014), “à globalização dos e fraternidade. Para a festa anual de homenagem mercados é preciso que corresponda a globaliza- ao santo protetor de cada freguesia, o toque dina- ção da solidariedade; o crescimento económico mizava a participação, o acolhimento feliz das deve ser acompanhado por um maior respeito comunidades das aldeias vizinhas e, cumprido o pela criação e, juntamente com os direitos indi- rito religioso, eram a música, os repastos, as bebi- viduais, hão de ser tutelados também os direitos das, os bailados, os namoros, que davam respos- das realidades intermédias entre o indivíduo e o ta, tradicional, ao chamamento alegre dos bada- Estado, sendo a primeira delas a família”. Não é o los. De quando em vez, ao começo da noite, um que está a acontecer, num clima global de tensão ameaçadora. Os sinos parecem ter perdido a ca- pacidade de chamar à ação, de dobrarem por va- lores essenciais. De facto, o que mais fazem ouvir é o silêncio, um silêncio com o qual dobram pela resposta exigida, como também disse Francisco, pelo “nosso desafio (que) é responder aos níveis globais de injustiça, promovendo a responsabili- dade local, aliás pessoal, de modo que ninguém seja excluído da participação social”.

REVISTA MONTEPIO A MINHA CIDADE CAMINHOS A PERCORRER EM MOBILIDADE, URBANISMO, SOLIDARIEDADE

página 44 página 50 REABILITAÇÃO CULTURA Como uma das ruas com As cidades são mais do mais história do Porto está que betão e stress. Conheça a renovar-se e a chamar alguns dos locais mais turistas e novas gerações prazenteiros para viver de portuenses para os seus momentos culturais e de edifícios e lojas. Saiba o que lazer em Lisboa, Porto, Braga, está a mudar na rua das Flores Coimbra e no Algarve 2 a minha cidade REPORTAGEM PORTO O RENASCIMENTO DA RUA DAS FLORES EM REABILITAÇÃO DESDE 2014, A RUA DAS FLORES, AGORA EXCLUSIVAMENTE PEDONAL, ATRAI CADA VEZ MAIS PESSOAS, ARTISTAS DE RUA E OUTROS ENTERTAINERS. OS TURISTAS SÃO PRESENÇA GARANTIDA, MESMO NO INVERNO. LOJAS

44 CENTENÁRIAS DE TRAÇA ANTIGA COABITAM COM A ARTE URBANA E BARES HISPTER, NUMA DAS VIAS QUE FAZ PARTE DO OUTRORA SOMBRIO E ESQUECIDO CAMINHO PEDESTRE ENTRE A ESTAÇÃO DE SÃO BENTO, A SÉ E A RIBEIRA

por rita vaz da silva

Com 84 anos, Maria Augusta Dias Antigamente, os fregueses vinham vivem lado a lado com um novo mun- tem uma visão privilegiada das à mercearia aviar arroz e açúcar. do: o dos restaurantes gourmet e bares mudanças que aconteceram na Rua “Hoje é sobretudo uma garrafeira”, hipster que importam o conceito de wine das Flores nas últimas décadas. mas os sacos a granel com amendoim, bar e tapas, lojas de indianos e chineses Em 1934, o seu pai abriu a feijão e grão-de-bico mantêm-se à por- com artesanato industrial, franchises de mercearia fina Pérola da Índia no ta. “Eu ainda levo cevada e café daqui pastéis de nata, gelados e crepes de número 220. O negócio continua para casa.” Leva, também, boas memó- Nutella e o inevitável alojamento local. na família, agora com os filhos de rias e “beijinhos” dos turistas. “De vez A autenticidade de um lado, o turismo Maria Augusta ao comando. em quando querem tirar fotos comigo. massificado do outro. “Ó menina, isto agora é maravilhoso. Põem o braço à minha volta para a fo- A Rua das Flores que visitámos nes- Não é cinco estrelas, é cem estrelas”, to, dão beijinhos. Todos eles dizem-nos te outono quente não é a mesma que graceja enquanto começa um para não modificarmos a loja. Gosto existia no verão de 2015 e pode não ser tour espontâneo pelo estreito do turismo, é gente boa. Tem ajudado a mesma que irá visitar em 2018 ou em estabelecimento: “Tem de tirar muito o negócio a todos na rua”, afirma 2019. As obras continuam, são bem vi- fotografias ao moinho antigo. com um sorriso de orgulho. síveis e audíveis. O turismo avança co- E venha cá ver o painel escondido Ourivesarias, alfarrabistas, cafés e mo um tsunami que não deixa nada no atrás da garrafeira. Isto é original mercearias típicas com portas aber- mesmo lugar e os seus efeitos sentem- da loja.” tas há 20, 50 ou mais de 100 anos con- -se por todo o centro histórico, 20 anos

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depois da classificação pela UNESCO “Comida, muita bebida ter sido vendido. Tem 72 anos, 20 dos como Património Mundial da Huma- e artesanato” quais na emblemática via portuense. nidade. No bairro, já se venderam edi- Entre a Praça Almeida Garrett e o Lar- Paga uma renda fixa de 85 euros. “An- fícios antiquíssimos por mais de um go de São Domingos, os dois polos que do à procura de um novo local mas os milhão de euros e os donos das lojas e delimitam a Rua das Flores, já não há preços são um escândalo. Já me che- prédios mais antigos vão fechando as nada para venda ou aluguer, garante a garam a pedir 3800 euros. As pessoas portas, seduzidos pelos cifrões ou im- SRU (Sociedade de Reabilitação Urba- estão deslumbradas. O Porto não é pa- potentes face às rendas exorbitantes. na) – Porto Vivo, empresa pública res- trimónio mundial por acaso, é assim Um novo paradigma toma conta da rua, ponsável pela coordenação da requalifi- porque houve gerações e gerações a tra- com negócios contemporâneos a flores- cação urbana da Baixa do Porto. Como balharem para isso. Podemos ter turis- cerem. Mas mantém-se ainda um certo o espaço pedonal está em constante mo mas não maltratem quem deu vida “comércio antropológico, com elemen- mutação e a procura é farta, este rotei- e ânimo a isto”, desabafa. tos históricos e culturais que fazem ro pode ter um prazo de validade curto A sociedade comercial que detém parte da memória da rua”, explicou a – fica desde já o aviso. Pode não chegar já teve vários donos. Desde 1930 foi ne- arquiteta Ana Cecília Tourinho numa a encontrar o alfarrabista João Soares gócio de um armeiro, fábrica de mu- dissertação apresentada na Faculdade na porta nº 40. Foi ameaçado com des- nições e, mais recentemente, uma loja de Engenharia do Porto e que incluiu pejo depois do prédio onde tem a sua lo- dos chineses. “O turismo pode ser bom a Rua das Flores como caso de estudo. ja, que conta com mais de 7 mil livros, para a restauração e para a hotelaria,

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mas para a livraria não é grande coisa. Os turistas entram aqui, tiram fotogra- fias e filmam sem pedir autorização. Compram pouco.” 22 20 16 Vizinho da frente do MMIPO (Mu- seu da Misericórdia do Porto), o alfar- rabista sente-se desiludido com o rumo 15 da rua e é assumidamente um saudoso RUA DO FERRAZ do período pré-turismo. “Estar aqui ou estar em Veneza ou é a mesmíssi- 17 18 16 ma coisa. Não tem nada que a diferen- RUA DA VITÓRIA

cie, não tem autenticidade nenhuma. RUA DA PONTE NOVA É comida, muita bebida e artesanato.” João Soares sente falta da rua “cas- 24 19 tiça, onde se falava tripeiro”. “Era uma RUA DAS FLORES 24 20 rua riquíssima e muito variada, tinha de 21 tudo. Casas de câmbio, joalharias, arma- 23 22 zéns de confeções. As pessoas vinham 46 aqui abastecer-se de material para a la- 25 voura, batata de semente, bacalhau e polvo. Depois caminhavam uns metros e apanhavam o comboio na estação de

São Bento, para levarem as coisas para 26 VITERBO SOUSA RUADR. DO a sua terra. Agora está descaracterizada, 9 é uma rua de passagem”, revela. RUA DE BELMONTE Torcato Oliveira trabalha há 32 anos

numa das ourivesarias mais antigas da 25 > CAIXAS rua, a Eduardo Carneiro & Cª Lda. A re- DE ELETRICIDADE qualificação da rua melhorou muito as com expressões vendas. “Temos movimento o ano intei- típicas do Porto ro, com mais afluência entre março e se- tembro. Os turistas procuram a filigrana Turismo, a luz branca ao fundo vive no Porto e passa “de vez em quan- e lembranças mais económicas. O ouro do túnel do pela Rua das Flores”, a transforma- português de 19,2 quilates é mais para o O restaurante dos Irmãos Linos é um ção da via “é como passar da noite para cliente nacional”. Tal como João Soares, típico restaurante nortenho onde se co- o dia”, diz Mafalda Oliveira, uma ex- o responsável da ourivesaria lamenta me bem e barato. “Receberam há dias a -estudante na Universidade do Porto, que “muitos estabelecimentos tradicio- carta de despejo e também vão sair da- atualmente a trabalhar como designer nais de renome” tenham fechado para qui”, lamenta João Soares. em Matosinhos. “Lembro-me de vir à dar lugar a uma artéria “vocacionada Os turistas que vão subindo e des- baixa, de passar nesta rua e sentir me- para o turismo, sobretudo com hotéis e cendo a rua não dão conta destas polé- do. Era muito escura e havia muitos to- restaurantes”. “Há meia dúzia de anos micas. Sergio Fernández, de 45 anos, de xicodependentes e deliquentes do bair- toda a gente fugia daqui, agora há muita Madrid, está “encantado com o charme ro da Sé que andavam por aqui. Era procura. Mas ainda há dias uns turistas do Porto”. “A comida é boa e o vinho é perigoso. Hoje é um bom local para to- me perguntaram onde podiam comer melhor ainda. As pessoas são muito mar uns copos com os amigos”, explica. pratos típicos e eu não sabia o que lhes afáveis. Recomendo sempre a todos os Depois de quase cinco séculos de dizer. Mandei-os ir aos Irmãos Linos. É meus amigos que visitem a zona histó- prestígio e prosperidade, o eixo Flores- o único sítio na rua onde ainda se pode rica”, diz o empresário, que já vai na sua -Mouzinho entrou em decadência no comer pratos tradicionais.” terceira estada na Invicta. Para quem século xx. “Mudanças de cunho social,

REVISTA MONTEPIO AV. DOM AFONSO HENRIQUES AFONSO DOM AV.

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T R I N ROTEIRO PELA D A ESTAÇÃO D E RUA DAS FLORES C DE SÃO BENTO O E L Começando na Praça Almeida Garrett, siga H O por um dos prédios mais célebres do Porto, 3 1 o do anúncio (1) “Vestir Bem — e Barato 2 — só Aqui”. Se chegar de manhã, tome o pequeno-almoço num dos cafés com vista 5 4 6 para a Estação de São Bento. No (2) nº 279 7 fica oCardosas Caffé e ao lado a (3) Nata 8 Lisboa. Um pouco mais à frente delicie-se com a (4) Chocolataria Equador. Atravesse 12 9 RUA DAS FLORES 13 a Trindade Coelho para chegar à (5) Casa 10 dos Lóios Boutique Guest House, um bed 11 & breakfast com 20 quartos. Seguem-se 14 R. DO CORPO DA GUARDA duas ourivesarias centenárias, a (6) Pedro A. Baptista e a (7) Eduardo Carneiro. Um

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V pouco mais abaixo está um dos edifícios

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D 3 E mais bonitos da rua, a (8) Jóia da Coroa.

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à Continuando em direção ao Largo São

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E Domingos fica uma das primeiras(9) caixas

RUA DE MOUZINHO DA SILVEIRA B A de eletricidade com expressões típicas do S

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I Porto e um mural com um gato gigante à O criado pelo artista galego LIQEN. (10) A Pérola da Índia é uma mercearia à RUA DESCURA moda antiga, com 83 anos, e enquanto desce a rua não se esqueça de procurar as IA (11) figuras de São Miguel Arcanjo nas HAR AIN 47 RUA DA B fachadas de alguns prédios. À frente, perca-se na (12) Myo Design House, > A PÉROLA DA ÍNDIA quatro apartamentos para receber turistas é uma mercearia à moda 4 decorados com mobiliário e luminária de antiga, com 83 anos design e fabrico nacional. No nº 165 fica um antigo armazém de ferragens, a (13) casa Moriber Pinto Moreira. O (14) Mercador Café (nº 180) é um espaço que tem brunch todos os dias e pratos de influência transmontana. No outro lado da via está a (15) Flores Village Hotel & Spa (nº 139) e o Páteo das Flores wine bar (nº 135). A (16) Mercearia das Flores (nº 110) tem uma esplanada convidativa para degustar vinhos, queijos e charcutaria. Recuperada para habitação, a (17) Casa dos Sousa e 12 10 8 Silva é um dos prédios com a marca da roda navalhada de Santa Catarina esculpida em granito. Outra das moradias mais famosas da rua é a (18) Casa da Companhia Velha (nº 69). Uns passos à frente encontram- ‑se os (19) Armazéns Faria. As livrarias atmosfera m – espaço de cultura e lazer para associados surgem logo a seguir: o (20) alfarrabista João Soares e a (21) Livraria Chaminé A 20 minutos a pé da da cafetaria onde pode que esteja a decorrer da Mota. Ao lado está a (22) Claus Porto, Rua das Flores e muito lanchar ou tomar um (consulte a agenda uma das lojas mais elegantes da cidade. próximo do Palácio café, aproveitando os em montepio.org). As A casa de artesanato mais antiga da Rua de Cristal e do Museu descontos destinados crianças e os jovens são das Flores, a (23) Memórias, abriu há 19 anos. Com uma panorâmica privilegiada Nacional Soares dos Reis aos associados, pode bem-vindos na ludoteca, do bairro da Sé, o (24) MMIPO — Museu da encontra o atmosfera m, visitar as exposições um espaço vocacionado Misericórdia do Porto é um dos ex-líbris da um espaço multifuncional temporárias, refugiar-se para a brincadeira, para nova zona pedonal. Finalmente, termine o dirigido a todos os na biblioteca m ou o conhecimento, para a dia na esplanada do (25) LSD ou aproveite associados Montepio e assistir a uma tertúlia amizade, solidariedade para jantar no (26) DOP, um dos poucos restaurantes da rua com cozinha de autor. à sociedade civil. Além ou outro evento cultural e convivência.

REVISTA MONTEPIO 2 a minha cidade REPORTAGEM o renascimento da Rua das Flores Vantagens para associados e familiares no Porto refeições 20% de desconto > A RUA DAS FLORES Restaurante – Chez nas viagens de recuperou o charme do Lapin barco no Rio Douro. 20% de desconto passado e voltou a ser uma Rua dos Canastreiros – nos circuitos das ruas favoritas do Porto 40/42 Ribeira do Porto City Sightseeing 4050-149 Porto para grupos (+10 político e económico levaram à dete- 10% de desconto pessoas) ou 10% rioração e à perda do prestígio da rua. em refeições de desconto para com pagamento bilhete individual A abertura da Avenida dos Aliados, a dinheiro que se afirmou como o novo centro ad- Rentdouro ministrativo e cívico da cidade”, provo- Hard Rock Café – Cruzeiros no Douro Porto 20% de desconto cou uma “transferência das dinâmicas Rua do Almada, 120 em programas comerciais e serviços das Flores para 4050-031 Porto definidos no site este novo eixo”, explica a arquiteta Ana 10% de desconto rentdouro.com nas refeições Cecília Tourinho. Sea Life Porto e bebidas. Até então, “era a rua dos ourives, vi- 1.ª Rua Particular 5% de desconto sitada pelas grandes senhoras, uma das do Castelo do Queijo nos artigos 4100-379 Porto ruas nobres do Porto. Chegaram a vir comercializados 30% desconto reis aqui”, conta Sandra Araújo, respon- na loja em entradas 48 sável da loja de artesanato Memórias e comerciante na rua há 30 anos. alojamento 1970 — Viagens e Turismo Nas últimas décadas “era uma arté- Hotel Vila Galé Porto Av. Dr. Antunes ria praticamente de comércio grossis- e Hotel Vila Galé Porto Ribeira Guimarães, 166 ta e, realmente, muito escura. A pas- 10% de desconto 4100-073 Porto sagem de carros estreitava muito a rua, em alojamento. 10% de desconto mas a abertura aos pedestres criou uma Tarifa online, em programas sobre o preço amplitude diferente. Parece que está publicada em www.vilagale.pt dos operadores com mais luz.” turísticos Sandra assistiu à pior fase das Flo- Casa da Calçada Parque Aquático res. “Passámos por uma crise enorme. Relais & Châteaux de Amarante e Eu estive no comércio tradicional du- Largo do Paço, 6 4600-017 Amarante Advanced Training rante 25 anos e vi aquilo a cair de ano 20% de desconto Academy para ano. De repente aparece uma luz em alojamento em Rua do Tâmega, branca e para nós é muito motivador”. estadias mínimas 2245, 4600-000 Amarante Por isso, Sandra é completamente a fa- de duas noites 10% de desconto vor do investimento em estruturas que Hotel Navarras em atividades. atraiam mais turismo. Nos primeiros Rua António Parque Aquático, nove meses de 2017 o aeroporto Fran- Carneiro, 4600-049 Ténis, Piscinas de Amarante cisco Sá Carneiro recebeu mais de 8 mi- Ondas, Health Club, 20% de desconto Solário, Estética e lhões de turistas, um recorde absoluto. em alojamento Massagem, Circuito A estada média no Porto é de 7 noites de Manutenção, e o valor de consumo médio por estada turismo e lazer Ginásio e ronda os 970 euros. O desejo de Sandra Douro Acima Polidesportivo e de muitos comerciantes desta rua é de Rua dos que o “turismo se mantenha por mui- Canastreiros, 42 4050-149 Porto to tempo”. “É bom para a economia to- da, cria postos de trabalho”, diz a lojista. SAIBA MAIS “Se não fosse o turismo, estaríamos na bancarrota”, conclui. montepio.org

REVISTA MONTEPIO 2 a minha cidade CRÓNICA FRANCISCO MOITA FLORES Procrastinar Existem palavras que usam gravata. No entanto, temos Protrair é a única prima com quem vai à ópe- outras, ainda mais soberbas, que usam fato e gravata. ra. Tomam chá na Versalhes e partilham algumas É o caso de procrastinar. De tal forma soberba que não das obras de Bach. Barrocas por natureza, detes- sai à rua. Não se dá com outras palavras, não se diz, tam Wagner e acham Stravinsky obsceno. Existe não se canta. Apenas se escreve. uma outra prima de procrastinar e protrair, san- gue do mesmo sangue, com quem trocam distan- Procrastinar vive na redoma das palavras escri- tes cumprimentos. É postergar. Ainda tem algum tas em conventículos. Não se expõe numa revista, requinte, há um tudo-nada de perfume no seu fato esconde-se pudicamente das páginas dos jornais, burguês, no entanto, a gravata desta palavra não é recusa-se a ir à lota ou ao mercado. É da sua natu- sóbria. E fala-se. Tem lampejos de sonoridade que reza: procrastina-se. Usá-la é um luxo. Um arroto lhe retiram o lustro dos requerimentos e do papel de personalidade. Um espirro cultural. É palavra selado, no tempo em que havia papel selado, tam- de requerimento. Tem assento em recursos jurí- bém ele usado para procrastinar. dicos que, à falta de outra matéria, procuram pro- É petulante. Faz lembrar aqueles cabos que, crastinar decisões. Vive com alguma displicência quando são promovidos a sargentos, percorrem o em acórdãos. De tribunais superiores, claro. Nes- quartel para que a magalagem lhe faça continên- tas ocasiões, por cima do fato e da gravata, veste cia e, claro está, não olha a direito para ninguém. 49 toga negra, sinal de solenidade estrita. Ou um cábula que, depois de roçar os bancos da Qualquer mortal, menos avisado do pronto- faculdade durante uma dúzia de anos, ao terminar -a-vestir das palavras, desconhece o significado. a sofrida licenciatura se apressa a fazer cartões-de- Está muito perto de procriar, de castrar, procurar, ‑visita a anunciar o doutor fulano de tal. atinar. Nada mais errado. Procrastinar não se quer Alguém mais curioso desconfia que existe se- a conviver com plebeias. Habita num Olimpo si- gredo por detrás de tanta fleuma engravatada. Pro- sudo, sem sons alcoviteiros, muito menos gosta de crastinar pede a Deus que ninguém lhe descubra a tagarelice. Preconceituosa e deveras pedante, não família no que respeita à significação. Rapidamen- quer saber das suas familiares mais directas. Diz, te se saberia que não passa de um gorjeio vaidoso. quem a conhece, que apenas se fala com um dos É um escândalo se um atrevido descobre que seus sinónimos. procrastinar é sinónimo de palavras do povoléu, tresandando a suor e a gritos de feira, rasteirinhas, tão populares que até vão à feira da Luz e às gran- des superfícies comerciais. Na verdade, o que essa senhora pretensiosa esconde é a sua condição. Significa adiar, atrasar, demorar, entre outras. É humilhante saber que uma frase vulgar: “Adiámos as férias!”, significa que “Procrastinámos as férias!” Ou ainda pior: “Atrasas-te sempre, pá” que, na linguagem erudi- ta seria, “Procrastinas-te sempre, pá.” Moral da história: existem palavras que de- veriam pagar imposto quando são usadas, tal é a mais-valia que encerram. Procrastinar merece um bom IVA em cima. Adiar é tão vulgar que es- tá isento de qualquer custo. Ainda por cima, usa-se para nos entendermos!

NOTA: O autor continua a escrever segundo a chamada norma antiga.

REVISTA MONTEPIO 2 a minha cidade REPORTAGEM

ROTEIRO COMO RELAXAR

50 NO CENTRO DAS CIDADES? AS CIDADES NÃO SÃO APENAS AGLOMERADOS DE EDIFÍCIOS DE BETÃO, A BEIJAR O CÉU, E RUAS BARULHENTAS. PARA COMBATER O STRESS DO DIA A DIA É POSSÍVEL ENCONTRAR, EM TODAS AS CIDADES PORTUGUESAS, LOCAIS DE DIVERSÃO QUE NOS PERMITEM RELAXAR E NOS REAPROXIMAM DA NATUREZA. CONHEÇA ALGUNS NESTE ARTIGO

por helena c. peralta

Confusão, rebuliço, trânsito e stress. LISBOA plantas exóticas, catos, aves tropicais, ria- Muito stress. As cidades são sinónimo Parque Eduardo VII e Estufa Fria chos e cascatas e respirar o verde do cam- de vida agitada e pouco tempo de Este jardim extraordinário tem uma vis- po bem no centro da capital portuguesa. qualidade. Quem aí vive sonha com ta panorâmica sobre a cidade até ao rio, A 15 minutos a pé do Parque Eduardo VII, no férias na natureza, procurando a calma atraindo os turistas em todas as estações nº 5 da Rua Castilho, descubra o atmosfera m e a paz que estão ausentes no dia a dia do ano. Com 25 hectares, é um dos maio- Lisboa (ver caixa), um espaço de cidadania dos centros urbanos. res parques da cidade e é nele que se rea- e cultura para todos os associados Montepio Mas as cidades não têm de ser apenas liza, no final da primavera, a Feira do Li- betão: prédios, estradas, escritórios e vro de Lisboa. Jardim Zoológico de Lisboa centros comerciais. Podemos facilmen- É também neste local que podemos Este é um dos espaços mais emblemáti- te encontrar locais onde nos é possível encontrar a Estufa Fria, um dos mais cos de Lisboa e sem ele, “Lisboa não te- relaxar, divertir ou mudar o chip da roti- importantes espaços verdes de Lisboa e ria o mesmo encanto”, conforme refere na: desde parques, praças emblemáticas que integra inúmeras espécies de plan- Ana Cortez, responsável de marketing e ou espaços culturais que nos fazem an- tas tropicais. Trata-se de um verdadei- comercial deste espaço. Segundo a res- tecipar as férias e gozar mais o dia a dia. ro museu vivo, onde é possível observar ponsável, o zoo de Lisboa é importante

REVISTA MONTEPIO > SERRALVES, ZOO E SEA LIFE são três das propostas que Lisboa e Porto têm para os seus habitantes poderem relaxar. São verdadeiros oásis na cidade

não apenas para a cidade mas também para todo o mundo. “Apesar de estar fi- sicamente situado em Sete Rios, o zoo participa em inúmeros projetos ligados ao habitat natural das espécies, abran- gendo os diferentes continentes”, conta. Porto é habitado por mais de 3000 cria- Com 133 anos, o zoo de Lisboa está turas marinhas e possui o único túnel na memória coletiva de várias gerações subaquático do país, onde se pode atra- de portugueses, das crianças aos pais e vessar 500 mil litros de água com tuba- avós, sempre com uma mensagem posi- rões e com a nossa tartaruga verde, a tiva. “Mesmo numa visita rápida ao Jar- Mariza”, conclui Tiago Mogadouro. 51 dim Zoológico, a breve observação dos Desconto de 30% na entrada para todos os animais pode muitas vezes ensinar-nos associados Montepio e respetiva família mais do que a leitura de um livro. Perce- ber como caça o tigre, como pesca o peli- Fundação de Serralves cano ou como se camufla o lince-ibérico Situada no centro do Porto, a fundação transforma a visita numa aula ao vivo e é composta por um Museu de Arte Con- essa é, sem dúvida, a nossa melhor ofer- temporânea, pela casa original e pelo ta”, explica Ana Cortez. parque. O museu é um espaço por ex- Gratuito para associados Montepio <13 anos ção. Lisboa não seria a mesma sem esta celência para receber exposições para acompanhados por um adulto pagante fundação que traz até à capital inúme- vários tipos de públicos e interesses, tal ras exposições, espetáculos de música e como a casa, onde se realizam exposi- Fundação Calouste Gulbenkian dança, entre outras atividades culturais. ções mais pequenas e outras atividades. Situada entre a Praça de Espanha e a Deixe o carro em casa e vá de metro. Saia na O parque é um local de relaxamento por Avenida da República, a fundação cria- estação de São Sebastião excelência: com origem em 1923, é uma da pelo magnata arménio é um privilé- referência na biodiversidade e no patri- gio para os lisboetas, dada a sua locali- PORTO mónio paisagístico nacional. Composto zação central, a beleza dos seus jardins e SEA LIFE Porto por vegetação autóctone e exótica, inclui a oferta cultural posta à sua disposição. Inaugurado em 2009, este é um local de cerca de 800 exemplares de plantas le- “É seguro, bonito e acolhedor para pas- referência para famílias que procuram nhosas, representando 230 espécies. Um sear nas mais diversas idades. O jar- divertimento e, ao mesmo tempo, que- local que não pode deixar de visitar. dim oferece uma fauna e uma flora rem descobrir os mistérios das criatu- Até 18 de fevereiro visite Incerteza Viva, uma muito diversificadas, que permitem o ras marítimas que habitam o nosso exposição a partir da 32ª Bienal da São Paulo conhecimento da natureza e também planeta. “Desempenhamos um papel o descanso. Além disso, do jardim po- importante na vida da cidade”, expli- World of Discoveries de partir-se para a visita a uma exposi- ca Tiago Mogadouro, responsável de Se procura um espaço que alia diversão ção, para a entrada numa conferência marketing. Nos últimos oito anos, mais ao conhecimento do mundo, não pode ou para um concerto de música dentro de um milhão e meio de pessoas visi- deixar de visitar o World of Discoveries. da Fundação Gulbenkian”, explica Eli- tou o Sea Life – este é o melhor chama- Neste local pode ficar a conhecer a His- sabete Caramelo, diretora de comunica- riz deste parceiro Montepio. “O Sea Life tória que mudou o mundo, explorando

REVISTA MONTEPIO 2 a minha cidade REPORTAGEM > Roteiro COIMBRA E PORTO fogem à rotina em espaços como o Portugal dos Pequenitos e o World of Discoveries

conteúdos multimédia e recriando a cir- Museu Nogueira da Silva cum-navegação de Fernão de Magalhães. É um espaço composto pelo museu e “Quem nos visita consegue mais do que por um jardim onde se realizam ati- aprender História e reconhecer os feitos vidades culturais complementares. do povo português. Proporcionamos uma O museu possui uma vasta coleção 52 viagem pelos Descobrimentos”, refere de pintura, escultura, mobiliário, Parque de Santa Cruz um responsável pelo parque. Aproveite tapeçaria, ourivesaria, porcelana e e Jardim da Sereia a localização central no Porto para, mais faiança. O jardim é de inspiração Situado no centro de Coimbra, este é um tarde, passar pelo espaço atmosfera m, a francesa, com canteiros rodeados por belo jardim romântico do século xviii 15 minutos a pé (ver caixa). De caminho, buxo e magnólias. O local perfeito pa- que se destaca pelas espécies de árvo- visite os Jardins do Palácio de Cristal. ra respirar o perfume das flores que res como o loureiro-da-Índia e o carva- Os associados Montepio e os seus familiares inundam o centro da cidade. lho de grande porte. Existe ainda uma beneficiam de 20% de desconto na entrada Tome nota: o museu encerra aos sábados de cascata, uma escadaria que estabelece a manhã, domingos, segundas e feriados ligação com a Fonte da Nogueira e o lago BRAGA circular. A escadaria é adornada com Parque do Bom Jesus COIMBRA bancos revestidos de azulejos e a fonte, O Parque Natural do Bom Jesus loca- Portugal dos Pequenitos em forma de gruta, é decorada com es- liza-se no santuário com o mesmo no- Miúdo ou graúdo, quem nunca foi ao tátuas. O lago rodeado de buxos talhados me, mesmo junto a Braga. É um mara- Portugal dos Pequenitos devia fazê- e as árvores exóticas oferecem um am- vilhoso parque romântico que circunda -lo rapidamente. “Quem não nos co- biente tranquilo. o santuário, onde foram plantadas árvo- nhece surpreende-se com o rigor e Visite ainda, bem perto deste jardim, as res, abertas clareiras e construídos ca- qualidade das nossas réplicas”, ex- famosas escadas monumentais de Coimbra minhos e socalcos. Existe ainda um la- plica Paulo Alcobia Neves, diretor go artificial de grandes dimensões, ideal do espaço. O parque tem a réplica ALGARVE para quem quer usufruir de pequenos de alguns dos mais famosos monu- Zoomarine passeios de barco a remos. A calma des- mentos portugueses, as casas tra- O Algarve tem tradição na praia e na te local convida ao descanso e apela à dicionais de cada região do país em gastronomia, mas a diversão não pode meditação, com retiros, recantos e fon- miniatura e pavilhões de cada um ficar de lado. “É nesta última vertente tes de água fresca. É grande a varieda- dos países da expansão portugue- que o Zoomarine se situa, constituin- de de vegetação, como urzes, musgos e sa, onde decorrem inúmeras expo- do não só uma oferta válida ao nível de heras, e de árvores frondosas. Lá em ci- sições. Para 2018 estão previstos vá- entretenimento educativo como uma ma, fique ainda com uma panorâmica rios eventos, atividades de animação das melhores atividades de lazer no perfeita da belíssima cidade de Braga. e oficinas educativas. Algarve”, explica-nos Isabel Delgado, No inverno, o elevador está disponível das Os associados Montepio e os seus familiares diretora de desenvolvimento e marke- 9h às 19h. Vale a pena a viagem. beneficiam de 15% de desconto na entrada ting. Situado em Albufeira, este é um

REVISTA MONTEPIO P&R Fernanda Freitas Responsável pela programação dos espaços Atmosfera m

Qual a principal fnalidade do espaço atmosfera m? É um projeto orientado à cultura, ao pensamento, à partilha de saberes e à cidadania. Estes espaços acolhem iniciativas orientadas à reflexão, > DIVERLANHOSO E cultura e intervenção cívica e são ZOOMARINE, a meia hora de Braga e Faro, convidam ao lazer, pensados para todas as pessoas que divertimento e cultura procuram um local que acolha ideias e projetos criativos e de cariz social. local único, com uma grande varieda- E AINDA... Quais os desafos diários de gerir 53 de de atividades: espetáculos com gol- DiverLanhoso um espaço tão abrangente? finhos, focas, leões-marinhos e aves são É um parque de aventuras a meia ho- O maior desafio é responder a todos as grandes atrações. Além disso, é pos- ra de Braga e que alia a natureza à di- estes perfis tão diversificados da sível aproveitar as diversões aquáticas e versão. “A DiverLanhoso oferece refú- forma mais eficaz. E são cada vez terrestres, e o centro de reabilitação e a gio ao quotidiano citadino”, explica-nos mais as pessoas que nos visitam. zona de educação ambiental são impor- Miguel Oliveira, responsável de ma- Qualquer Associado pode propor tantes para passar a mensagem de pre- rketing do parque. Aqui pode praticar uma atividade ou evento? servação da natureza. paintball, fazer slide, bungee jumping e Qualquer pessoa ou entidade que Os associados Montepio e os seus familiares até mergulhar na piscina. A gastrono- tenha uma ideia para uma atividade beneficiam de 15% de desconto na entrada mia minhota é a rainha do restaurante pode apresentá-la. Os associados panorâmico, com vista para quatro con- têm uma relação especial com a Zoo de Lagos celhos diferentes. Associação e, por isso, sentem-se Neste espaço é possível encontrar aves Os associados Montepio beneficiam de 10% desafiados a fazê-lo. Ao nível do diversas, como papagaios, flamingos e de desconto nas atividades e alojamento lançamento de livros e exposições pavões, mamíferos como macacos, su- já somos uma referência junto do ricatas, alpacas, lémures, répteis e pei- Tapada de Mafra universo associativo que, ao conhecer xes. “A importância deste espaço pren- Esta tapada é uma viagem pela Histó- os Atmosfera m, sabe que estes são de-se com o lazer, a educação do público ria de Portugal. “Representa a maior locais com enquadramento ideal – na vertente da conservação e a educa- mancha florestal da região e é um espa- seja pela qualidade dos espaços, ção ambiental”, explica Paulo Figueiras, ço único de floresta mediterrânica, com seja pelos serviços. diretor e mentor do zoo. “Oferecemos so- fauna e flora autóctone”, revela Paula nhos e momentos de respeito pelo meio Simões, diretora do espaço. No local, ob- ambiente”, explica. A última novida- serve espécies com estatuto vulnerável, de foi a integração de uma praia para como a águia-de-bonelli. A tapada tem os pinguins-africanos, Boulders Beach. ainda animais como javalis, veados-ver- “No futuro pretendemos construir uma melhos, ou os morcegos-de-bechstein. savana africana”, conclui o responsável. Os associados Montepio beneficiam de Os associados Montepio beneficiam de 15% vários descontos na Tapada Nacional de de desconto na entrada para o zoo Mafra. Visite montepio.org e descubra quais

REVISTA MONTEPIO 2 a minha cidade Nas salas do museu podemos en- CULTURA contrar pinturas, esculturas, fotogra- fias, literatura, documentos e objetos de época. “Temos peças do museu, porque queremos mostrar a riqueza MUSEU DO NEO-REALISMO do espólio, mas conseguimos obras de outras instituições. E até documentos de época da Torre do Tombo”, expli- COMO ERA SER CRIANÇA ca a curadora. A exposição conta com brinquedos daquela época - alguns pertencentes aos artistas -, documen- tos interventivos sobre a educação, EM TEMPOS DE DITADURA? notícias e até material escolar. Para os mais jovens há um espaço musical ATÉ SETEMBRO DE 2018 PODE VISITAR, EM VILA FRANCA onde podem ouvir canções compos- DE XIRA, UMA EXPOSIÇÃO SOBRE A INFÂNCIA DURANTE tas por Fernando Lopes-Graça e por O NEO-REALISMO. A MOSTRA CONTA COM O APOIO DA Francine Benoît e são disponibiliza- ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA MONTEPIO dos livros infantis da altura. A exposição engloba ainda obras por rute gonçalves marques de artistas que não pertencem ao mo- vimento mas que contextualizam esta corrente artística. “Fruto do contexto de época, há uma cumplicidade de artis- 54 tas que, embora não integrados no mo- vimento, enfrentavam os mesmos pro- blemas e retratavam essas realidades”. É o caso do fotógrafo Eduardo Gageiro, exemplifica Violante Magalhães. A exposição foi concebida para um público adulto e sénior, que “encontra muitas histórias que vivenciou ou lhes foram contadas”. No entanto, as cura- doras tiveram o cuidado de desenhar um circuito para as crianças. “Fizemos um percurso onde podem ver a pintu- ra, a literatura, a música, os brinquedos e os jogos. Temos muitas fotografias de brincadeiras da época, desde a linda fa- lua ao jogo do pião”, explica a curadora. Para o público juvenil existe um ci- O Museu do Neo-Realismo, em Vila curadoria de Violante Magalhães e clo de cinema. “Não é neo-realista mas Franca de Xira, inaugurou no dia Carina Infante do Carmo. “Os neo- é temático e de realizadores de várias 14 de dezembro uma exposição que -realistas preocupavam-se em divul- nacionalidades”. A acompanhar cada retrata a infância durante o perío- gar as condições em que parte das sessão há um debate, com a presença do neo-realista (entre 1930 e 1960). crianças viviam, pensavam o ensino de realizadores e autores portugueses. Apoiada pela Associação Mutualista e chamavam à atenção para o que se Montepio, a mostra, intitulada “Miú- passava. A exposição retrata todos es- dos, a vida às mãos cheias - a infân- ses aspetos”, contou Violante Maga- cia no neo-realismo português”, tem lhães à Revista Montepio.

“Miúdos, a vida às mãos cheias” Exposição principal: A infância no neo-realismo. Programação paralela: Colóquios, ciclos de cinema para crianças e jovens, debates e palestras. Sujeito a inscrição prévia e a lotação da sala. Onde: Museu do Neo-Realismo. Data: 14/12/2017 a 30/09/2018. Preço: Entrada livre

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55 FESTIVAL

numa das quais deram dois concertos), são considerados os padrinhos do festi- MÚSICA E AMOR ESTÃO val. “São artistas com grande aceitação do público. Vamos mudando de cidade e acaba sempre por ser novidade”, pros- DE VOLTA EM 2018 segue o organizador do evento. O FESTIVAL QUE CELEBRA O AMOR AO SOM DA BOA Este festival não é só para MÚSICA PORTUGUESA ESTÁ DE VOLTA EM 2018. namorados E CONTA, MAIS UMA VEZ, COM O APOIO DA ASSOCIAÇÃO Num festival cuja premissa é celebrar MUTUALISTA MONTEPIO o amor e a música portuguesa, um dos cuidados da organização é ter ofertas por rute gonçalves marques para todo o tipo de espectadores. “Não queremos ficar presos a uma faixa etá- Ao todo são 12 cidades, de norte a muito bom provar que, com artistas ria ou a um tipo de música. O cartaz é sul do País, e 12 artistas diferentes portugueses, conseguimos encher um misto de rock, pop e música popu- com estilos musicais que vão do rock salas”. lar”, sublinha Luís Pardelha. A escolha ao fado. A quarta edição deste festi- Em 2018, o cartaz é composto por dos artistas não é feita de acordo com o val acontece nos dias 10 e 14 de feve- artistas que participam pela primeira repertório romântico, mas sim com a reiro de 2018 e as expetativas estão vez – como Diogo Piçarra e a banda Re- sua qualidade e aceitação do público. elevadas. “As edições anteriores fo- sistência – e outros que são repetentes. “Nem sequer pedimos aos artistas pa- ram um sucesso, com várias salas O festival conta também com a pre- ra prepararem um espetáculo mais ro- esgotadas”, conta Luís Pardelha, di- sença de artistas que atuaram em to- mântico, mas estes já entendem que se retor do Festival Montepio Às Ve- das as edições. É o caso de João Pedro trata de um conceito diferente e tomam zes o Amor. “Na edição de 2017 tive- Pais que, juntamente com os Amor Ele- a iniciativa de elaborar um alinhamen- mos cerca de 15 000 espetadores. É tro (que participaram em duas edições, to em sintonia com o espírito”.

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Na plateia é possível encontrar to- do o tipo de públicos. “À partida, po- díamos pensar que veríamos mais pessoas entre os 30 e os 40 anos, mas não é verdade. Depende dos artistas. Em 2018 vamos ter a atuação de Dio- go Piçarra e temos a certeza, mesmo P&R P&R antes do concerto acontecer, que ha- Tim, Olavo Bilac e Marisa Liz, verá público dos 15 aos 40 anos”, ex- Fernando Cunha, Amor Eletro plica o diretor do festival, que diz ser Resistência comum ver famílias inteiras na pla- teia. Apesar de acontecer no Dia dos Namorados, ninguém fica à porta por Qual o balanço dos 25 anos de É a vossa terceira participação. não ter namorado. Resistência? Já se sentem parte do festival? FC – É extraordinário. A nossa ML – Sim. O nome da banda ajuda De norte a sul: O roteiro do amor ascensão foi intensa, no início a estarmos dentro deste conceito Preparar um festival que decorre si- dos anos 90, mas durou apenas e partilhamos da opinião que a multaneamente em 12 cidades exige três anos. A verdade é que música e o amor fazem sentido muita logística. Por ano, são cerca de passámos outros 18 anos a tentar juntas e também neste dia. Vamos 200 pessoas que, direta e indireta- uma reunião, o que só aconteceu partilhar este sentimento, que não 56 mente, trabalham para levar a músi- na comemoração dos 20 anos tem de ser romântico ou amoroso, ca e o amor aos quatro cantos de Por- da banda, em 2012. Fizemos e unir toda a gente nele. Pode ser tugal. “É como um puzzle: são várias o concerto de comemoração, um relacionamento de amizade, peças que vamos encaixando até ao lançámos um álbum, um DVD e familiar, é claramente viver o amor dia final. É difícil mas sabe muito nunca mais parámos. Estamos no Dia dos Namorados, com música bem poder levar um festival com mú- juntos há mais tempo agora do que portuguesa pelo mundo inteiro. sica portuguesa a cidades do país que quando nos juntámos no início. Deram três concertos neste não costumam receber estes even- Como encararam o convite para festival. Algum memorável? tos”, explica Luís Pardelha. o Festival Montepio Às Vezes o ML – Foram todos memoráveis. Para incentivar os casais a cele- Amor? Mas no Coliseu do Porto foi brarem esta data especial, a organi- OB – Faz sentido. Vamos tocar as muito especial, porque houve zação faz sugestões de hotéis, res- canções que todos conhecem e, um pedido de casamento em taurantes e passeios românticos nas nestes hinos, há muitos que falam palco. Foram três concertos de várias cidades por onde o festival pas- de amor. O público português celebração do amor, em que as sa. “Portugal tem tantos locais para tem esse coração, é muito ligado pessoas estavam bem dispostas. descobrir que este festival acaba por ao amor, faz parte da vida das Esse é o espírito. Estar aberto ser um roteiro cultural e turístico do pessoas, é o que nos leva a sonhar para sentir, ter emoções e navegar país”, acrescenta o diretor do festival. e a fazer projetos. pelo sentimento mais profundo Este é o primeiro grande festi- Existe alguma preparação que a humanidade pode ter. Em val do ano que conta com o suporte especial por ser Dia dos conjunto, numa onda de partilha. da Associação Mutualista Montepio Namorados? Têm alguma surpresa preparada (AMM). “Apoiamos sempre a música T – É o Dia dos Namorados e para esta edição? portuguesa. Este festival, que chega queremos oferecer uma prenda ML – Gostávamos muito que a vários pontos de Portugal, é muito ao nosso público. Estamos a viessem ver Amor Eletro em importante para nós porque nos per- trabalhar num novo álbum e a Lisboa. Este ano vai ser ainda mite alcançar muitos dos nossos as- preparar duas músicas de amor. mais especial para nós, é o fecho sociados, que estão espalhados pelo Uma já está feita e outra “está-se da nossa tournée. O fechar de um país”, afirmou Tomás Correia, presi- a vestir”. Mas estamos a dar um ciclo para começarmos um novo. dente da AMM, durante a apresenta- avanço nessas duas músicas Vamos partilhar com o nosso ção do evento. para estreá-las no festival. público aquilo que andamos a fazer.

REVISTA MONTEPIO A MINHA ECONOMIA PRODUTOS FINANCEIROS, SUGESTÕES E EMPREENDEDORISMO

página 58 página 62 página 66 página 70 CAMPANHA 1% RATINGS INVESTIMENTO DESCODIFICADOR Tudo sobre os bastidores Eles influenciam a dívida das Os fundos de investimento O streaming está a mudar a da campanha da Associação empresas e dos países. Saiba permitem diversificar indústria da TV e da música Mutualista Montepio, uma qual a origem dos ratings e a poupança com pouco em todo o mundo. Portugal verdadeira inovação na como funcionam as agências dinheiro. Conheça as suas não fica atrás do fenómeno e articulação entre o mundo que atribuem as notas mais vantagens caminha, lentamente, para um das ONG e a sociedade civil importantes do mundo entretenimento mais digital 3 a minha economia RESPONSABILIDADE SOCIAL

CAMPANHA A NOVA TRILOGIA DA SOLIDARIEDADE EM NOVEMBRO, A ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA, A SOCIEDADE CIVIL E OS ASSOCIADOS MONTEPIO UNIRAM-SE PARA LEVAR A SOLIDARIEDADE PARA OUTRA DIMENSÃO. UMA DIMENSÃO QUE TRATA OS CIDADÃOS POR IGUAL, QUE PROTEGE QUEM NECESSITA DE APOIO E QUE SE PREOCUPA COM O AMBIENTE. SAIBA POR QUE RAZÃO A CAMPANHA “POUPAMOS JUNTOS, AJUDAMOS JUNTOS” SE TRADUZIU NUMA INOVAÇÃO E NUM SUCESSO

por carlos martinho 58

É comum ouvirmos ou lermos, em di- Solidariedade Social (Fenacerci) e a formas. “Donativos, voluntariado ou versas ocasiões da nossa vida pessoal Associação Zero. Uma verdadeira si- [tornarem-se] associados”, afirma. ou profissional, que determinada si- tuação win-win-win, na qual as três Surpresa. Este foi o sentimento tuação é win-win. Ou seja, através de- partes se beneficiaram mutuamente. que Francisco Ferreira, presidente da la as duas partes beneficiam mutua- “O resultado foi ótimo e a ativação Associação Zero, partilhou com a sua mente. O anglicismo é, neste caso, de cidadania que promovemos garan- direção ao receber o convite da Asso- feliz. Mas pode ser melhorado. Veja, tiu uma triangulação perfeita”, reve- ciação Mutualista Montepio para par- como exemplo, a última campanha lou Rita Pinho Branco, diretora de co- ticipar nesta campanha: “Incluir uma da Associação Mutualista Montepio, municação e marketing da Associação associação não-governamental de am- que uniu três vértices da sociedade: Mutualista Montepio. “A comunida- biente (ONGA) neste contexto é real- uma instituição – a própria Associa- de de associados exerceu o seu poder mente pouco usual, mas muito signi- ção Mutualista – a sociedade civil e de decisão”, continuou a responsável. ficativo”, refere o responsável. os associados Montepio. Durante um Para o presidente da APAV, este foi Construir uma sociedade mais in- mês, a Associação Mutualista com- o principal motivo para o sucesso da clusiva e igualitária. Para Julieta San- prometeu-se a entregar o equivalen- campanha. “O facto de os associados ches, presidente da Fenacerci, é esta te a 1% do montante que os seus as- poderem escolher a instituição desti- a mais-valia da campanha. “São estas sociados pouparam nas modalidades natária do donativo leva a uma iden- parcerias que devem servir de exem- Montepio Poupança Complemen- tificação com a instituição e a uma li- plo para que outras, futuramente, se tar e Montepio Poupança Reforma. gação mais forte com a causa”, explica constituam”, refere a responsável, que Este valor foi entregue a uma de três João Lázaro. Segundo o responsável, avança três “argumentos sólidos” para instituições à escolha dos próprios a campanha pode ser o início de uma a replicabilidade deste tipo de ações: a associados: a Associação Portugue- ligação mais ampla entre os associa- demonstração “inequívoca” dos resul- sa de Apoio à Vítima (APAV), a Fe- dos Montepio e a APAV, que até po- tados obtidos, a adesão do público e a deração Nacional de Cooperativas de derá evoluir, mais tarde, para outras aplicação das verbas e dos benefícios “SÃO ESTAS PARCERIAS QUE DEVEM SERVIR DE EXEMPLO PARA QUE OUTRAS, NO FUTURO, SE CONSTITUAM”

daí decorrentes. A ligação entre socie- dade civil, empresa e cidadãos é outro dos pontos fortes da campanha. “A fu- são de práticas entre o mercado social e o empresarial pode materializar-se numa clara mais-valia quer para as entidades envolvidas como para toda a comunidade envolvente”, continua Julieta Sanches.

Transparência e diversidade Um dos pilares da campanha foi, desde a primeira hora, a sua transpa- rência. Em montepio.org, os associa- dos puderam acompanhar, dia após dia, para onde estavam a ser canali- zados os seus donativos. “A transpa- rência tem de estar presente em toda a sociedade e também na solidarieda- de”, explica João Lázaro. A institui- 59 ção a que preside, aliás, trata este tema de forma minuciosa. Todos os anos, a APAV apresenta no seu site as contas

Uma campanha arrojada

As três instituições da sociedade civil Lázaro. Também Francisco Ferreira que participaram nesta campanha sublinha a magnitude do envolvimento. são unânimes: o modelo encontrado “Não estávamos à espera de ver uma para marcar a responsabilidade social dinâmica tão forte e do seu caráter da Associação Mutualista e dos seus inovador”, acrescenta. Segundo Julieta associados foi bastante arrojado e Sanches, o fator surpresa da campanha ultrapassou as típicas campanhas teve como pano de fundo “o cuidado solidárias . “Foi uma surpresa ver especial na linguagem e na mensagem esta campanha na rua, com uma utilizada”. “Foi uma excelente forma visibilidade pública muito grande de fidelizar o público e de o fazer e muito maior que as habituais sentir parte interveniente de campanhas solidárias”, explicou João todo o processo”, revelou. 3 a minha economia RESPONSABILIDADE SOCIAL a nova trilogia da solidariedade

do exercício, o relatório de gestão e a riamente, a evolução da percentagem Questões prestação de contas. de donativos afeta a cada instituição. 1 Quais as principais fontes de Garantir a transparência da cam- E, também aqui, os resultados foram fnanciamento da sua instituição panha era “fundamental”, avança Rita surpreendentes. “É bom ver que, ape- e qual poderá ser o impacto desta Pinho Branco. “Essa é, aliás, a nossa sar de uma sensibilidade maior da par- campanha nesses números? forma de trabalhar”, explica. “Ainda te dos associados Montepio para apoia- que a doação fosse garantida pela As- rem outras associações participantes e 2 Quais serão as principais sociação Mutualista, resultava de de- que trabalham na área social, também difculdades da sua instituição cisão dos seus associados. Essa infor- a área ambiental abarcou uma percen- em 2018? mação tinha que ser expressa a todo tagem próxima de apoios. É sinal de o momento, pois só assim poderiam uma consciência sobre a relevância, rever-se no objetivo que nos tínhamos para todos, da salvaguarda do ambien- proposto”, explica a responsável. te”, afirma. Segundo Francisco Ferreira, a Associação Zero acompanhou, dia- Uma semente que vai crescer Além da vertente financeira, a cam- panha deixará a semente da inclusão social e do ambiente em milhares de ci- P&R dadãos. Julieta Sanches acredita que a João Lázaro campanha aumentou a visibilidade das Presidente da APAV associações junto de um leque muito alar- gado de pessoas: os mais de 600 mil associados Montepio. “Ficaram a 1A APAV é uma organização conhecer o trabalho levado a cabo privada com diversas fontes de pelas diferentes organizações en- financiamento: protocolos com volvidas na campanha, a sua área entidades públicas e privadas, de intervenção e o seu público-al- projetos europeus e nacionais, vo”, recorda. A campanha “cap- campanhas de angariação de fundos tou e fidelizou a atenção do pú- e outras parcerias. O mecenato e os blico para a defesa de causas donativos de empresas e cidadãos que interessam” a cada um representam uma das grandes fontes de nós enquanto cida- de financiamento da Associação. dãos responsáveis pe- Esta campanha terá um impacto lo bem-estar coletivo. muito relevante nas nossas contas Segundo Rita Pinho e contribuirá para a nossa missão de Branco, os associados apoio às vítimas de todos os crimes. reconhecem que, en- quanto IPSS, a Associa- 2Conseguir manter a estabilidade ção Mutualista suporta a financeira. Só assim podemos sua atividade na “cidada- continuar a chegar às pessoas que são nia ativa e na solidaridade so- vítimas de crime e prestar um apoio cial”. “É por isso, e por saberem de qualidade na nossa rede nacional. que temos uma forma diferente de Esta rede tem oito Gabinetes de Apoio estar e de trabalhar, que se juntam a à Vítima em todo o país e queremos nós em número crescente, reforçando assegurar, e talvez alargar, o horário o nosso projeto”, conclui a diretora de da Linha de Apoio à Vítima - linha comunicação e marketing da Associa- gratuita e confidencial cujo número ção Mutualista Montepio. é o 116 006. PUB

“É POR SABEREM QUE TEMOS UMA FORMA DIFERENTE DE ESTAR E DE TRABALHAR QUE OS ASSOCIADOS SE JUNTAM A NÓS EM NÚMERO CRESCENTE”

P&R P&R Francisco Ferreira Julieta Sanches Presidente da Associação Zero Presidente da Fenacerci

1Grande parte do financiamento 1Um dos grandes desafios é a questão da Zero resulta do nosso trabalho da sustentabilidade organizacional em projetos com outras associações aliada à qualidade de ação. Esperamos europeias, com autarquias e que, com esta campanha, possamos instituições e empresas. A campanha implementar mudanças significativas da Associação Mutualista Montepio é junto das nossas Associadas, ao nível uma ajuda muito significativa porque do desenvolvimento de projetos de pode vir a representar mais de um intervenção piloto, na aquisição de terço do nosso orçamento anual e, material, na melhoria do edificado assim, fazer toda a diferença. existente e na aquisição de viaturas de transporte. 2Dar resposta aos contactos que recebemos todos os dias para procurar 2Os financiamentos disponibilizados resolver situações de poluição ou outras pelo Estado e por programas nacionais semelhantes que afetam as populações: e comunitários têm ficado sempre uma fábrica, mesmo que pequena, que muito aquém das necessidades, o lança partículas que afetam a saúde e que exige um esforço contínuo de prejudica os vizinhos, um rio poluído criatividade e dedicação para superar ou uma zona demasiado barulhenta os obstáculos que a situação levanta. para proporcionar o merecido descanso. A Fenacerci assume como prioridade Gostaríamos de dar uma resposta a interação com o Estado, visando que a cada uma das pessoas que nos sejam criadas condições para que as contacta, mas são geralmente situações cooperativas de solidariedade social complicadas e morosas, onde temos de possam continuar a desenvolver a investir muito tempo e recursos e por sua ação com a qualidade que lhes é isso todo o apoio é bem-vindo. reconhecida. 3 a minha economia INVESTIMENTO

RATINGS TODOS QUEREM SER C AS NOTAS ATRIBUÍDAS PELAS AGÊNCIAS DE RATING MEXEM COM A DÍVIDA DE EMPRESAS E PAÍSES. E UMA AVALIAÇÃO NEGATIVA POR PARTE DA STANDARD & POOR’S, MOODY’S OU FITCH PODE CUSTAR MILHÕES AOS EMITENTES. SAIBA B+ COMO FORAM CRIADAS E COMO FUNCIONAM AS PODEROSAS AGÊNCIAS DE NOTAÇÃO FINANCEIRA D

por maria pereira

62 No século xix, as companhias O Manual de Poor agregava um con- dos juros tendem a reagir ao rating. de caminhos-de-ferro eram junto de informações financeiras so- Um exemplo: os juros de países como um elemento fundamental da bre estas empresas, assumindo-se a Alemanha, um mercado considera- economia. Além de assegurarem como um guia para os investidores. do core e que tem a avaliação máxima o transporte de pessoas e Através de uma única fonte de infor- das agências (AAA), tendem a nego- mercadorias, o crescimento do mação, gestores e investidores con- ciar em valores mais baixos. Já a dí- próprio país dependia do nível de seguiam comparar os desempenhos vida considerada especulativa, com desenvolvimento do seu transporte e a situação de várias empresas fer- um rating inferior a BB (ver caixa) na ferroviário. A sua importância era roviárias. Embora tenha sido Poor escala da S&P, tem de pagar yields tal que grande parte da história quem esteve na origem da agência de mais elevadas para os investidores dos mercados financeiros tem rating, a fusão com o Standard Sta- comprarem as suas obrigações. uma ligação direta às linhas dos tistics Bureau, um gabinete que tinha comboios. Assim foi, também, com como função examinar empresas fo- De AAA a D a criação das agências de rating, ra deste setor, deu origem à Standard As agências de rating avaliam o per- quando, em 1860, Henry Varnum & Poor’s (S&P), em 1906. A mesma fil de crédito com uma escala que os- Poor publicou History of Railroads agência que, em meados de setembro, cila entre a classificação máxima de and Canals in the United States. retirou Portugal de um nível conside- “Aaa” (na Moody’s) e “AAA” na (Fi- Estavam lançadas as primeiras rado especulativo. Mas já lá vamos. tch e S&P) e o “D”. Ao ser atribuída, D linhas orientadoras daquilo que, a classificação “D” significa que uma anos mais tarde, seria o modus As três grandes entidade pode entrar em default, ou operandi das agências de notação Além da S&P, há outras duas gran- incumprimento, não pagando aos financeira, que com as suas notas des entidades que dão cartas na ava- seus credores. Para determinarem determinam o acesso das empresas liação do nível de risco de um emiten- em que nível está o país ou organiza- e dos países aos mercados da dívida. te: a Moody’s e a Fitch. A primeira ção as agências avaliam um conjun- apareceu em 1909 pela mão de John to de critérios, desde o nível de endi- Moody; a segunda, quatro anos de- vidamento, passando pelo défice e o pois, através de John Fitch. Juntas, crescimento da economia, até à sus- 63 S&P, Moody’s e Fitch são conside- tentabilidade e robustez do sistema radas “as três grandes” agências de financeiro – se se tratar de um país. rating. Embora existam outras enti- As alterações às avaliações são dades similares, como a canadiana realizadas em períodos agendados DBRS ou a chinesa Dagong, nenhu- pelas agências de rating para as sex- ma tem a reputação das norte-ame- tas-feiras, após o fecho dos mercados. ricanas: os grandes investidores ins- Além da nota, estas instituições atri- titucionais continuam a considerar, buem ainda uma perspetiva, que in- essencialmente, as análises da S&P, dica a forma como a classificação po- da Moody’s e da Fitch. derá evoluir na análise seguinte. Ou Apesar destas entidades terem seja, quando a perspetiva é “positiva” aparecido no final do século xix e início do século xx, o seu papel no mercado da dívida começou a ser standard & definido algumas décadas depois. poor’s, fitch e A Securities and Exchange Comis- sion (SEC), o regulador do mercado moody’s são as de capitais norte-americano, decidiu, três principais em 1975, reconhecer as três agências agências de como Nationally Recognized Statis- rating dos tical Rating Organizations (NRSRO). mercados. Desde então, as avaliações da S&P, os grandes Moody’s e Fitch são usadas como mé- tricas para avaliar o risco de dívida de investidores instituições ou soberanias. E uma no- institucionais ta negativa pode sair caro: os preços confiam nelas

REVISTA MONTEPIO 3 a minha economia existe uma maior probabilidade de a INVESTIMENTO Níveis classificação melhorar. Por vezes, as de avaliação da S&P agências podem mudar a sua avalia- AAA ção sem melhorarem o outlook. AAA- Foi precisamente isso que acon- Portugal volta a ser investment grade AA+ teceu em setembro, quando a S&P AA+ retirou Portugal do grau especula- A dívida portuguesa voltou, grau de investimento – , AA- tivo, passando a atribuir ao país um em meados de setembro, depois de, em 2012, a dívida A+ rating de BBB-, com uma perspetiva a merecer um nível de portuguesa ter passado a A estável. Esta alteração chegou ape- investimento por parte estar classificada como A- nas alguns dias depois de a Moody’s da agência Standard & “lixo” junto da S&P, Fitch BBB+ ter subido o outlook para “positivo”, Poor’s. Apesar do mercado e Moody’s. BBB abrindo a porta a uma subida de ra- apenas antecipar uma As avaliações negativas BBB- ting na próxima análise. A Fitch é a melhoria da perspetiva surgem depois de anos de BB+ próxima a pronunciar-se sobre a dí- para Portugal, a entidade ajustamento económico, BB vida portuguesa, em dezembro, espe- surpreendeu ao subir o de Portugal ter terminado BB- rando-se que esta seja a segunda das rating de BB+, um nível o programa de ajuda B+ três grandes a colocar Portugal num considerado lixo, para BBB-, internacional e de ter B nível de investimento, ou investment uma avaliação considerada saído do Programa por B- grade, o que será uma boa notícia. nível de investimento. Procedimentos Excessivos. CCC+ As análises de rating são parti- CCC Com esta melhoria de A expetativa é que a Fitch cularmente relevantes para as en- CCC- rating, o país voltou a ser possa retirar o país de lixo tidades, pois além de terem o poder CC considerado investment em dezembro e a Moody’s de agravar a fatura com os juros no C grade por parte de uma das no próximo ano. Ambas mercado, podem ainda dar acesso a RD três grandes – até então, mantêm a dívida nacional CD um diferente grau de investidores. apenas a canadiana DBRS no último nível especulativo, Nos fundos, por exemplo, há produ- 64 D mantinha Portugal com um com um outlook positivo. AAA- RD CCC+ BB D BB-

REVISTA MONTEPIO CD D BBB- tos que apenas investem em títulos Contudo, após a crise do subprime, de dívida acima de um determinado Melhores ratings: as agências de rating tornaram-se nível. E em muitos casos são exigi- AAA (S&P) mais rigorosas e mereceram, inclusi- das pelo menos duas notas de inves- ve, acusações de excesso de zelo. Nos Há atualmente apenas 11 países timento da S&P, Fitch ou Moody’s. EUA, um grande número de empre- que merecem a classificação No caso nacional, uma melhoria na sas perderam a avaliação máxima máxima para a dívida de longo avaliação da Fitch poderá colocar as na sequência da crise. Até meados prazo por parte da S&P. Destes, a obrigações portuguesas no leque de de 2009, apenas quatro companhias Austrália é o único com outlook muitos fundos que apenas investem no índice norte-americano S&P 500 negativo. Todos os outros em títulos investment grade. possuíam um triple A. No caso por- mantêm uma perspetiva de tuguês, vários membros do gover- rating estável. O falhanço na crise fnanceira no vinham a argumentar, há vários Nem sempre as agências de nota- Austrália meses, que o país merecia uma ava- ção financeira foram bem-sucedi- Canadá liação melhor, ainda que apenas ago- das ao preverem situações de in- Alemanha ra essa melhoria de rating esteja a cumprimento. Na crise financeira, Dinamarca materializar-se. Certo é que, tal co- S&P, Fitch e Moody’s falharam ao Liechtenstein mo está organizado o sistema finan- não anteciparem a tempestade que Luxemburgo ceiro atual, o rating é imprescindível. ceifou biliões de dólares aos inves- Holanda Sem a avaliação das agências de no- tidores e que começou com o colap- Noruega tação financeira fica vedado o acesso so dos fundos do Bear Stearns, em Singapura ao mercado. julho de 2007. O facto de serem as Suécia empresas e países a requisitarem a Suíça depois do subprime, análise, um serviço pago a peso de as agências de ouro, tem merecido muitas críticas, Piores ratings rating ficaram uma vez que pode gerar situações de mais rigorosas. conflitos de interesses. Moçambique, que falhou pagamentos aos credores no e chegaram a 65 início do ano, é o único emitente ser acusadas de soberano avaliado com um nível excesso de zelo BB+ de "D". Há ainda três países com níveis de avaliação inferiores a AA- “C”. Moçambique — D Belize — CC D — Venezuela CCC Barbados — CCC+ Bielorrússia — B- Congo — B- B- República do Congo — B- Egito — B- El Salvador —B- Gana — B- CC AA AAA+ CC CCC- REVISTA MONTEPIO 3 a minha economia FINANÇAS PESSOAIS

66 INVESTIMENTO FUNDOS À MEDIDA DE (QUASE) TODOS OS INVESTIDORES ATRAVÉS DOS FUNDOS DE INVESTIMENTO, OS INVESTIDORES GANHAM ACESSO A UM VASTO LEQUE DE ESTRATÉGIAS E ATIVOS. ALÉM DE GARANTIREM UMA GESTÃO ESPECIALIZADA, ESTES PRODUTOS DE INVESTIMENTO PERMITEM DIVERSIFICAR A POUPANÇA COM POUCO DINHEIRO. E O POTENCIAL DE RETORNOS É SUPERIOR. MAS TAMBÉM SE PODE PERDER

por maria pereira

REVISTA MONTEPIO A origem dos primeiros fundos de investimento remonta ao final do século xviii, início do século xix. Terá sido um comerciante holandês chamado Adriaan van Ketwich a criar um produto que promovia a diversificação do investimento através da participação de vários cidadãos. Desde então muito mudou e os fundos de investimento tornaram-se um dos instrumentos financeiros preferidos dos investidores mundiais. Em Portugal, e depois de um período de resgates elevados pós-crise financei- ra, os fundos voltaram a atrair investi- mento. Antes de investir num destes produtos, porém, é necessário saber co- mo funcionam os fundos e quais as suas vantagens e inconvenientes, de modo a poder escolher o que melhor se adapta a si. A principal vantagem dos fundos é o facto destes permitirem a exposição a

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todas as classes de ativos, através de “A aplicação em fundos pode con- um investimento diversificado e es- tribuir para um aumento das rendi- pecializado. Para investidores com bilidades, sendo certo que essa diver- poucos conhecimentos dos mercados sificação e a tomada de risco deve ser ou pouco capital para investir, são a feita caso a caso; não existe um fato melhor solução. que sirva a todos”, explica José An- tónio Gonçalves, administrador da Defnir objetivos Montepio Gestão de Activos. De acor- Antes de mais é fundamental definir do com o responsável, “cada aforrador qual o objetivo da poupança e qual o tem um perfil de risco (tolerância às seu perfil de risco. Investidores mais perdas e à variabilidade do valor in- conservadores e que não estão dis- vestido, quer em valor absoluto ou em postos a assumir perdas de capital, valor percentual) e um horizonte de ainda que momentâneas, não deve- investimento (que está muito ligado rá optar por um tradicional plano rão, por exemplo, investir em ações aos objetivos da poupança) próprios”. poupança reforma (PPR) ou privile- ou mercados mais arriscados. Já afor- Poupar para a reforma, constituir giar uma estratégia mais ativa, que radores disponíveis a assumir um um fundo de emergência ou poupar vai reduzindo o risco à medida que pouco mais de risco, para obterem para comprar um carro novo são ob- se aproxima da idade da reforma. retornos mais elevados, poderão pri- jetivos de poupança distintos, que Já um investimento de curto prazo vilegiar uma estratégia dinâmica, fo- exigem estratégias de investimen- poderá, por exemplo, ser feito através cada em fundos que dão prioridade a to diferentes. Quem está a fazer um de um fundo de tesouraria ou de um uma gestão mais agressiva. complemento para a reforma pode- fundo monetário.

REVISTA MONTEPIO 3 a minha economia Definido o perfil de risco e o ob- FINANÇAS PESSOAIS jetivo de poupança, o investidor po- de passar à fase de seleção do fun- do. Fatores como a rendibilidade de longo prazo, o risco e a volatilidade do fundo devem ser considerados. É fundamental perceber quais os retornos gerados pelos gestores nos últimos anos, considerando sempre um período longo e nunca inferior a cinco anos. As comissões cobradas pelos fun- dos também têm impacto direto na rendibilidade gerada. Ou seja, um fundo pode apresentar um retorno elevado mas se as comissões forem muito altas pode compensar esco- lher um produto com um desempe- nho idêntico, ou ligeiramente infe- rior, mas com custos mais baixos. O risco assumido pelos gestores na sua política de investimento é mais Glossário um aspeto que merece atenção. Um Fundos de equivalem ao capital que de comissão após os bom gestor consegue melhores retor- investimento: têm nesse instrumento. primeiros 12 meses. nos, assumindo o mesmo tipo de risco. São instrumentos Se a unidade de Rácio de sharpe: Quem estiver a considerar investir financeiros que captam participação for igual É um indicador do através de fundos deve sempre privi- 68 capital junto de vários a um e o investidor desempenho ajustado legiar uma aposta diversificada por investidores, que são investir mil euros num ao risco. Quanto mais regiões e classes de ativos, tendo em participantes desse fundo, será detentor elevado for o rácio mente que um investimento em fun- produto. O património é de 1000 unidades de melhor é o desempenho dos deve ser sempre de longo prazo. depois gerido por uma participação. ajustado ao risco. Ou Os especialistas recomendam que os equipa de especialistas Comissão de seja, melhores retornos investidores mantenham um fundo que escolhe e gere os subscrição: É o custo com menos risco. de ações por um período mínimo de ativos em carteira. cobrado pela sociedade Beta: Mede a três a cinco anos. Logo, não deve con- Existem diversos gestora aquando do sensibilidade do fundo siderar este capital para necessidades tipos de fundos, que investimento no fundo. face ao índice. Valores de liquidez de curto prazo. permitem a exposição Comissão de gestão: acima de 1 indicam a ativos de maior ou de A gestora cobra uma maior volatilidade que Atenção à informação contratual menor risco. Os fundos comissão anual de o indicador de base. Ler a informação contratual dos fun- mais conhecidos são gestão pelo património, Alpha: Mostra a dos é outro dos cuidados a ter antes os fundos de ações, que equivale a uma capacidade que o gestor do investimento. “O potencial cliente obrigações, multiativos percentagem do capital tem de, com as suas deve ler os documentos constitutivos ou os fundos de investido. capacidades, tomar dos fundos onde pretende investir, tesouraria. Os fundos Comissão de resgate: decisões estratégicas isto é, o prospeto do fundo e o IFI (In- podem ser abertos ou Se o participante do mais vantajosas. Pode formações Fundamentais Destinadas fechados. fundo decidir resgatar ajudar a identificar se aos Investidores). Nesta primeira fa- Unidades o capital nos primeiros uma carteira gerida se deve assegurar-se que a política de de participação: meses da aplicação ativamente tem valor investimento do fundo corresponde Os investidores de um provavelmente terá de acrescentado em relação ao que pretende (em termos de ex- fundo são detentores de pagar um determinado ao risco assumido posição a classes e segmentos de ati- unidades de participação valor. Regra geral, os relativamente ao índice vos) e qual o perfil de risco do fundo”, desse mesmo fundo, que resgates estão isentos de referência. garante José António Gonçalves.

REVISTA MONTEPIO De acordo com o mesmo respon- sável, “a leitura destes documentos permite ainda conhecer claramen- te as comissões que incidem sobre o fundo e sobre o participante, as con- dições de resgate (isto é, em que con- dições pode reaver o seu investimen- to, nomeadamente se existem ou não P&R comissões de resgate e quanto tempo José António Gonçalves de pré-aviso é necessário) e a liquidez Administrador do Montepio Gestão de Activos da sua aplicação. Todos estes elemen- tos podem ser comparados para os fundos que está a analisar”. Na atual conjuntura que tipo carteira diversificada de fundos, em Ainda que não estejam abrangidos de fundos estão a recomendar termos dos ativos e dos riscos a que pelo Fundo de Garantia dos Depósi- aos clientes, tendo sempre em os fundos estão expostos. Assim, no tos, existindo sempre risco de perdas consideração o perfl de risco dos limite, poderia ter apenas um fundo de capital, o administrador da Mon- investidores? misto (que tenha exposições a ações e tepio Gestão de Activos lembra que Cada aforrador tem um perfil de risco e a obrigações) e, no extremo contrário, os montantes investidos “integram um horizonte de investimento próprios, poderia ter de investir num fundo de um património autónomo dos parti- por isso não há uma solução única. ações europeias, num de ações norte- cipantes, o que significa que os ativos Na gama de fundos que gerimos estão ‑americanas, num outro de ações do fundo não respondem por dívidas incluídos os Fundos Multi Gestão, de mercados emergentes e assim da entidade gestora ou do banco de- que permitem oferecer ao aforrador sucessivamente. positário, por exemplo”. a possibilidade desta exposição Para que tipo de ativos estão mais a diferentes classes de ativos e otimistas? Esteja atento às oportunidades segmentos sem ter que identificar Mantemo-nos moderadamente A escolha de um fundo de investi- e investir numa multiplicidade de otimistas nos mercados acionistas, 69 mento não pode, contudo, descurar as fundos. Estes fundos investem em com enfoque na Europa e nos tendências do mercado. Antes de ad- fundos de investimento geridos mercados emergentes asiáticos quirir uma participação num produto por grandes casas internacionais e (designadamente China e Índia), muito de investimento pondere as oportuni- permitem proporcionar três estruturas prudentes em relação à exposição ao dades apontadas pelos analistas pa- de carteira tipo com três perfis de risco risco de taxa de juro, nomeadamente ra as várias classes de ativos e decida distintos. O Multi Gestão Prudente é, de dívidas públicas europeias de em que tipo de setores ou ativos quer como o nome indica, o menos exposto países não periféricos e, ainda que de investir. Existem fundos para as mais ao segmento acionista (entre 5 e 35%, forma seletiva, procurando exposição variadas classes de ativos que, dentro sendo o cenário central de 25% de ao risco de crédito, nomeadamente dessas categorias, podem ser mais ou exposição ao segmento acionista) ao nível dos riscos ditos investment menos focadas em determinados te- e, no extremo oposto, o Multi Gestão grade. Em relação ao otimismo mas de investimento. Dinâmica encontra-se praticamente moderado nos mercados acionistas “O investimento em fundos reves- exposto a 100% a fundos de ações das temos como aspetos positivos o te-se de uma flexibilidade que per- diversas geografias. ciclo de crescimento económico e as mite a sua adequabilidade a todos os A constituição de uma carteira de perspetivas de retoma e aceleração clientes”, remata o administrador da fundos pode ser uma boa solução? das economias emergentes do Sudeste Montepio Gestão de Activos. Consti- A constituição de uma carteira de Asiático, o baixo nível de taxas de juro, tuído o investimento, é fundamental fundos pode ser uma boa solução que torna mais apetecíveis as ações acompanhar a evolução do capital e para qualquer investidor, assumindo, por comparação com as obrigações, os retornos gerados, mas tendo sem- como premissa, um nível base de e o nível dos dividendos (de novo por pre em conta que a finalidade não é diversificação das suas aplicações: comparação com o nível de taxas gerar rendibilidades imediatas. Não depósitos, certificados de aforro, PPR, de juro). No entanto, este otimismo é se precipite, deixe a equipa de gestão fundos de investimento (a lista não moderado pelos níveis elevados em fazer o seu trabalho. Os resultados só é exaustiva, apenas se enumeram que a generalidade dos mercados chegarão com o tempo. as aplicações mais comuns). Neste acionistas se encontra (alguns batendo pressuposto importa manter uma máximos históricos).

REVISTA MONTEPIO . download

Internet entre 47% 47% dos utilizadores de os 15 e 45 anos visualizam mais conteúdos por de uma vez semana através de plataformas legais gratuitas ou ilegais de utilização europeu europeu

conteúdos ranking ranking exclusivamente gratuita de vídeos online , gratuita exclusivamente em segundo lugar está Portugal 9% dos portugueses veem vídeo a partir de serviços a pedido 21% é a média dos cidadãos europeus 75% no EM PORTUGAL DOS SOD EM PORTUGAL PENETRAÇÃO (SOD) – Serviço pago

70 On Demand TELEVISÃO TELEVISÃO CINEMA E ou a Pedido que coloca à disposição do consumidor um com conteúdos catálogo – filmes, audiovisuais documentários, séries, Pode desenhos animados. em qualquer lugar ser visto de uma ligação através e em formatos à Internet TV, na própria diferentes: , nos smartphones , tablets ou nas computadores consolas de jogos Serviços dados de áudio ou de vídeo através de uma ligação à Internet, sem necessidade de fazer de uma ligação à Internet, dados de áudio ou vídeo através ESQUEÇA TUDO O QUE SABE ACERCA DE VER TELEVISÃO E OUVIR DE VER TELEVISÃO TUDO O QUE SABE ACERCA ESQUEÇA A MUDAR A PEDIDO ESTÃO O STREAMING E OS SERVIÇOS MÚSICA. DO ENTRETENIMENTO E, DENTRO DE ALGUNS ANOS, A INDÚSTRIA PORTUGUÊS. NO MERCADO SERÁ COMO DANTES NADA REI – E BENEFICIADO DESTA O CONSUMIDOR É VERDADEIRO ERA DO ENTRETENIMENTO E SERÁ ELE A ESCOLHER O QUE NOVA E ONDE PRETENDE FAZÊ-LO QUER VER, QUANDO I I F E S C C O O R D D D A

, Transmissão instantânea de instantânea Transmissão

STREAMING O QUE É O STREAMING ? O QUE A REVOLUÇÃO DO DO REVOLUÇÃO A ENTRETENIMENTO ENTRETENIMENTO

vai , 24 MILHÕES MILHÕES MIL MILHÕES MILHÕES MIL DE EUROS MILHÕES MIL DE EUROS MILHÕES MIL DE EUROS DE RECEITAS DE RECEITAS ESTIMATIVAS ESTIMATIVAS a Netflix e d o Youtube d a Netflix 50,85 48,61 1,44 1,40 1,34 GLOBAIS PARA 2018 GLOBAIS PARA STREAMING DOWNLOADS FÍSICOS (CD) SUPORTES NETFLIX CABO os jovens entre 16 e os 34 anos entre os jovens dos maiores estúdios do mundo dos maiores Representa a percentagem de a percentagem Representa para de banda larga tráfego downstream

expressão criada nos EUA para criada nos EUA expressão um

, o mundo Em todo cord – Cut , A Disney 50% 50% f f f Nos EUA, o número de o número EUA, Nos ul - da Netflix assinantes pela ano, este trapassou os assin - vez, primeira de TV por cabo antes própria, de streaming lançar em 2019 uma plataforma da Netflix os conteúdos retirando f por semana a visualizar SODpassam mais 2,5 horas que os tradicional televisão a ver e menos 4 horas os 35 e 69 anos entre adultos f os 18 e entre dos jovens a relação descrever o cabo e Cortaram tradicional. anos com a televisão de da TV tradicional, através conteúdos não veem móveis os dispositivos Preferem ou cabo. fibra satélite, f apenas 9% dos *Nos Estados Unidos Estados *Nos MUDANÇA DE HÁBITOS NO CONSUMO MUDANÇA DE TV E FILMES* —

2% 26% Portugal encontra-se em primeiro encontra-se Portugal lugar em 14º encontra-se Portugal f f EM PORTUGAL STREAMING DE MÚSICA utilizadores portugueses de Internet portugueses de Internet utilizadores de música pagam por serviços digitais f de utilização europeu lugar no ranking de música online – 86% dos gratuita em Portugal de Internet utilizadores f de utilização paga europeu no ranking de música online 41% o

FONTES: OBSERVATÓRIO EUROPEU DO AUDIOVISUAL, ANACOM, NETFLIX, NOS, ITMEDIA NETFLIX, NOS, ANACOM, EUROPEU DO AUDIOVISUAL, FONTES: OBSERVATÓRIO 2017 GLOBAL MUSIC REPORT , PWC, THE GUARDIAN CONSULTING, dos utilizadores de dos utilizadores 33% 71

PORTUGAL Estes serviços captam menos serviços captam Estes de 1% da populaçã MAIS POPULAR EM No entanto, representam apenas representam entanto, No da população portuguesa com 10 ou 75%mais anos. da app através veem conteúdos Netflix ou telemóvel em tablets instalada 1. YouTube – 24,8% 1. YouTube – 18% 2. Spotify 3. Amazon Prime Music – 9,5% 4. Apple Music – 8,4% 5. Soundcloud – 5,9% – 4,5% Music All Access 6. Google Play Deezer – 2,8% 7. – 2,2% 8. Musical.ly 2017 de 2017 1º semestre PLATAFORMAS MAIS POPULARES PLATAFORMAS MÚSICA OUVIR PARA

Play, Play, de euros 56,6 MILHÕES OUTROS Google DVD

Deezer, QQ Music Deezer, Tidal, Soundcloud, Tidal, países ver temporadas inteiras de séries sem o habitual inteiras temporadas ver 16 todo o catálogo assistir a todo para lugar PRIME MUSIC MILHÕES AMAZON subscritores em 5 anos de subscritores no número 190 STREAMING TV tradicional ou o TV tradicional todo o mundo em todo de utilizadores por dia de visionamento de horas PAGO EM 2017 PAGO 63 500 milhões 63 500 milhões a de 4 anos 346% 30 streaming 287 mil milhões de músicas ouvidas em streaming de 2017 setembro pago até APPLE MUSIC MILHÕES Mais barato que Mais barato em qualquer Disponível ao seu ritmo e visualiza os conteúdos a programação O consumidor controla de anúncios publicitários Ausência período de espera por novos episódios por novos período de espera - Permite - Permite  Binge-watching STREAMING f f f f f 60 104 milhões 104 milhões de Crescimento em mais Presente 125 milhões São necessários de mercado: Valor f f f f f A REVOLUÇÃO NETFLIX A REVOLUÇÃO VANTAGENS DO VANTAGENS MILHÕES SPOTIFY UTILIZADORES DE SERVIÇOS UTILIZADORES DE SERVIÇOS DE MÚSICA terços dos subscritores de apps música dos subscritores Mais de dois terços menos de 40 anos. pagas têm

A MINHA VIDA IDEIAS E DESCOBERTAS EM LAZER, FAMÍLIA, SAÚDE, CULTURA

página 74 página 78 página 82 página 84 BEM-ESTAR EXPERIÊNCIAS CRÓNICA TESTEMUNHO O check-up é o "herói Acelerar num Ferrari, O poder da imagem, a Aos 21 anos, Hugo Grancho silencioso" da medicina. velejar no Tejo ao pôr do autoestima e a confiança fez história e venceu a 5ª A prevenção pode detetar sol ou ser assombrado por são os temas desta crónica edição da Corrida Montepio. doenças, aumentar bruxas no Gerês. Conheça 5 assinada por Filomena Um dos mais promissores as possibilidades de Experiências Montepio que Gonçalves, Associada atletas portugueses, na tratamento e salvar vidas vão deixá-lo de boca aberta Montepio primeira pessoa 4 a minha vida SAÚDE

BEM-ESTAR CHECK-UP : A PREVENÇÃO QUE SALVA VIDAS A MEDICINA PREVENTIVA CONTINUA A SER A MELHOR FORMA DE DETETAR DOENÇAS E AUMENTAR AS POSSIBILIDADES DE TRATAMENTO. A BOA ALIMENTAÇÃO E O EXERCÍCIO FÍSICO SÃO OUTROS GRANDES ALIADOS DA SAÚDE E DO BEM-ESTAR

por carla jesus

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REVISTA MONTEPIO Há dois anos, num exame de rotina, culdade de medicina local, que rea- Renzo Amaral deparou-se com lizou exames mais específicos. A má um cancro na tiroide. Foi tão cru notícia foi-lhe dada por um amigo quanto isto. Não fosse o check-up endocrinologista, de regresso ao Bra- que decidiu fazer com um médico sil depois de alguns anos nos Esta- endocrinologista, a doença não dos Unidos. “Foi-me diagnosticado teria sido descoberta na fase inicial um cancro na tiroide. Tinha três le- em que se encontrava. Não tinha sões, uma já com alguma dimensão, suspeitas, o corpo nunca deu sinais as restantes microscópicas e só fo- de que algo de errado poderia ram detetadas depois da tiroide ter estar a passar-se. Talvez por isso, sido removida”, conta. À cirurgia se- acredita que “a sorte também guiu-se um tratamento à base de io- se procura”. do radioativo que o obrigou a um in- Aos 42 anos, este médico dentis- ternamento em isolamento durante ta faz check-ups com regularidade oito dias. e marca-os com seis meses de an- Os check-ups mais comuns po- tecedência. Foi num dos primeiros dem, no entanto, não ser suficientes exames de rotina que detetou o seu para detetar todo o tipo de doenças. problema oncológico. “Comecei a se- Os exames complementares de diag- guir, nas redes sociais, alguns pro- nóstico rastreiam as doenças mais co- fissionais de saúde que alertavam muns. “O diagnóstico clínico baseia- para os efeitos nocivos da alimen- -se em sinais e sintomas. Como tal, tação e dos medicamentos. Alguns são estes que colocam o médico na destes efeitos secundários, inclusive, pista do diagnóstico de uma doença. podem causar algumas doenças”, O check-up é importante, mas não é relembra Renzo Amaral. infalível”, refere Ricardo Louro, mé- Na sequência destes alertas deci- dico especialista em Medicina Inter- 75 diu começar a fazer exames de saú- na no Grupo HPA Saúde. É com ba- de com regularidade. Começou por se nessa falibilidade que cada pessoa fazer os mais comuns, como as aná- deve estar atenta aos sintomas que lises e exames cardiológicos. Mas foi possam surgir, mesmo tendo reali- numa das muitas viagens ao Brasil, zado exames periódicos onde nenhu- país onde vivem vários amigos mé- ma doença tenha sido detetada. “Nin- dicos com quem estudou numa fa- guém conhece melhor uma pessoa do que a própria pessoa. A minha O DIAGNÓSTICO experiência diz-me que, em muitas CLÍNICO situações, quando uma pessoa se di- BASEIA-SE rige ao médico já ignorou, durante al- gum tempo, os sinais que o seu cor- EM SINAIS po lhe transmitiu. Expressões como E SINTOMAS. ‘… estava à espera que passasse…’ SÃO ESTES QUE ou ‘tenho andado muito ocupado e COLOCAM ainda não tinha tido tempo’ iniciam O MÉDICO regularmente a consulta médica e NA PISTA DO indiciam alguma negligência da pes- soa em relação a si própria”, refere DIAGNÓSTICO Ricardo Louro, que salienta a impor- DE UMA tância de procurar uma observação DOENÇA médica sempre que há suspeitas.

REVISTA MONTEPIO 4 a minha vida A DETEÇÃO SAÚDE PRECOCE E bem-estar Cartão O TRATAMENTO ADEQUADO Montepio Saúde PODEM SALVAR Quanto mais célere for o diagnós- CARATERÍSTICAS tico, mais fácil será tratar a doença VIDAS. f Gratuito que se revela. Veja-se, por exemplo, f O CHECK-UP f o enfarte agudo do miocárdio, uma fExclusivo para associados PERMITE ESSA Montepio urgência médica bastante comum. DETEÇÃO f Se os exames de rotina detetarem fa- fPronto a utilizar tores de risco como a hipertensão ar- ATEMPADA E ffSem restrições de idade terial, a diabetes ou a dislipidémia e MESMO A SUA ffSem limite de utilização estas doenças comecem a ser vigia- PREVENÇÃO ffSem exclusões devido das e controladas, o risco de ocorrên- a doenças preexistentes cia de um enfarte, também conhe- ter um estilo de vida saudável de- ffSem período de carência cido como ataque cardíaco, passará ve ter em conta dois pilares funda- a ser menor. “A deteção precoce e o mentais: a dieta e o exercício físico. PRINCIPAIS VANTAGENS tratamento adequado podem salvar “A evidência tem vindo a demons- ffAcesso à Rede de Saúde vidas e o check-up permite essa dete- trar a importância cada vez maior Montepio (+ 6 500 unidades ção atempada e mesmo a sua preven- destes aspetos no aparecimento e em todo o país) ção”, defende o especialista em Medi- no prognóstico de várias doenças. ffAcesso a serviços de saúde cina Interna. Quando se pretende implementar de qualidade superior Antes de chegar aos sintomas e uma vida saudável, as medidas a ffConsultas e exames à atenção que se deve prestar-lhes, adotar passam por uma dieta rica e ffPartos, internamento há cuidados básicos que qualquer equilibrada e por exercício físico re- ou cirurgias (em regime pessoa deve ter. Quem pretenda gular. Estas medidas são as pedras de ambulatório ou com internamento) ffOutros serviços médicos ffServiço de médico CARTÃO MONTEPIO SAÚDE 76 ao domicílio Um aliado para a sua saúde ffPreços convencionados, Aos 41 anos, Margarida Saúde. “O cartão tinha família. “Nós, mães, tabelados e transparentes, Lança começou a vantagens no local precisamos sempre com descontos significativos planear a sua gravidez, exato onde eu gostava de alguns tratamentos PARCEIROS ESTRATÉGICOS que se tornou uma de ter a minha filha, pós-parto, como as realidade pouco depois. a CUF Descobertas. massagens, que nos ffCUF Quando percebeu que Como o meu seguro dão alguma energia ffGrupo HPA Saúde o seu seguro de saúde não incluía o parto, o positiva. Estes ffUnião das Misericórdias não contemplava o Cartão Montepio Saúde tratamentos não Portuguesas pagamento do parto, veio facilitar em termos estão incluídos nos tentou fazer o respetivo de tabelas de preços”, seguros de saúde. upgrade. No entanto, refere Margarida Lança, Com o cartão de Saúde quando fez as contas, ainda a gozar dos Montepio, porém, reparou que os períodos primeiros momentos podemos usufruir de de carência exigidos com a pequena Matilde. descontos”, continua pela seguradora Contas feitas, Margarida Margarida, que realça a superavam o tempo Lança poupou 1300 importância do Cartão de gravidez, o que euros com o Cartão Montepio Saúde para invalidava qualquer Montepio Saúde, um os momentos mais comparticipação desta valor que pode agora imprevistos da vida. entidade no parto. ser reencaminhado “Numa situação em que Associada Montepio para outras despesas uma pessoa não está há 10 anos, Margarida relacionadas com o preparada este Cartão é virou-se então para bem-estar da bebé, uma grande mais-valia”, o Cartão Montepio da mãe e da restante conclui.

REVISTA MONTEPIO UM ESTILO DE VIDA SAUDÁVEL DEVE TER EM CONTA DOIS PILARES: DIETA E EXERCÍCIO FÍSICO. SÃO AS PEDRAS P&R BASILARES Ricardo Louro DA MEDICINA Médico Especialista em Medicina Interna no Grupo HPA Saúde PREVENTIVA Com que regularidade deve regularidade do check-up é a basilares da medicina preventiva fazer-se um check-up? deteção, num período precoce, que se procura exercer hoje em dia”, Inicialmente é importante definir da doença. Quanto mais cedo são explica Ricardo Louro. o conceito de check-up, o qual se detetadas, mais cedo se começa entende como uma observação a controlar e tratar as doenças, Um exemplo para os amigos médica completa e, na sua portanto, as consequências Adepto assumido de desporto e de sequência, o pedido orientado a médio e longo prazo serão uma vida saudável, Renzo Amaral de exames complementares potencialmente menores ou com não fez grandes alterações no seu es- de diagnóstico e terapêutica. gravidade inferior. Tomando tilo de vida após ter-lhe sido detetado A regularidade com que deve como exemplo a diabetes, o problema oncológico. Já era cuida- ser realizado um check-up é sabe-se que existe um número doso e continua a sê-lo. “Como traba- variável de pessoa para pessoa elevado de doentes diabéticos lho na área da saúde sei que a preven- e tem de ser agendado tendo em não diagnosticados. Logo, são ção é soberana sobre o tratamento. conta as patologias individuais e diabéticos não tratados, com Nunca fui desregrado. Há uns anos a estabilidade das mesmas. Para as consequências que isso lhes talvez bebesse um pouco mais, mas um indivíduo saudável, uma poderá trazer no futuro. desde que comecei a correr, há se- avaliação anual é suficiente. Que tipo de exames devem ser te anos, que o faço cada vez menos”, Contudo, para patologias tão feitos? conta. Atualmente, além de manter a comuns como a hipertensão O tipo de exames deve ser 77 alimentação saudável em permanên- arterial, a diabetes ou a analisado caso a caso, doente cia, acorda às seis e meia da manhã dislipidémia, o período deverá a doente. Contudo, de um modo para correr, jogar ténis, ir ao ginásio ser estreitado para três meses. geral, o check-up básico deve ou fazer triatlo. Cuida de si e cuida E a partir de que idade devem ser constituído por análises dos seus, dando especial atenção aos fazer-se exames regulares? sanguíneas e urinárias, seus três filhos. Não existe uma idade dita telerradiografia de tórax e Sente que foi despertado pela li- como “certa” para iniciar o eletrocardiograma. Não nos nha de pensamento que privilegia a check-up, pois a variabilidade podemos nunca esquecer que boa alimentação e alerta para o peri- interpessoal é um fator muito a idade, as doenças individuais go dos medicamentos em excesso. “Se importante a ter em conta. Penso e a história familiar são não fosse o check-up, o cancro da tiroi- que, de um modo generalista, importantes (assim como a data de não tinha sido descoberto”, admite. se pode considerar os 40 anos dos últimos exames realizados) O acontecimento poderá ter muda- como a idade para o início da para decidir que outros exames do, também, a vida de outras pes- realização do check-up anual. são necessários. O rastreio soas. Depois de ter sido detetado o seu Obviamente que, quando existe da neoplasia do cólon é um problema oncológico, a maioria dos história pessoal ou familiar desses exemplos, através da seus amigos mais próximos come- de doenças, esta observação realização de colonoscopia, que çou a seguir-lhe o exemplo e a reali- sistematizada deve ser feita se torna obrigatória a partir de zar exames periódicos. Uma tendên- mais atempadamente. determinada idade tendo em cia que é partilhada, cada vez mais, Qual a importância de fazer um conta as queixas, o doente, a sua por vários cidadãos portugueses. check-up com regularidade? idade e a sua história pessoal É o seu caso? A grande importância da e familiar.

REVISTA MONTEPIO 4 a minha vida CULTURA

EXPERIÊNCIAS MONTEPIO O BILHETE PARA OUTRA DIMENSÃO HÁ VIDA PARA ALÉM DO TRABALHO, DO TRÂNSITO OU DAS TAREFAS MONÓTONAS DO DIA A DIA. SAIBA O QUE ALGUNS ASSOCIADOS MONTEPIO ESTÃO A FAZER NOS TEMPOS LIVRES

por helena viegas

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Manuel recordou tempos antigos no Autódromo do Estoril, ao volante de um Ferrari. Ricardo assumiu o leme de Acelerar num um veleiro no Tejo e Maria João entrou na biblioteca do Ferrari 488 GT3 Convento de Mafra, à noite, e não teve medo dos morcegos. Manuel Mendes da Silva tem 60 anos Contadas na primeira pessoa, estas Experiências Montepio e não gosta de estar quieto. Oficialmen- mostram que vale a pena arriscar, sair da rotina e alargar te reformado, este Associado Montepio horizontes. Sem medo de testar limites, conviver ou sentir continua a trabalhar na área da eletró- a adrenalina. Seja na inauguração de um cinema com nica e da sua agenda, além dos com- projeção laser ou num trilho do Gerês, assombrado por promissos profissionais, fazem parte bruxas e fantasmas, as Experiências Montepio são um o convívio, os programas de lazer e os bilhete para outra dimensão e garantem-lhe uma história hobbys: anda a aprender piano e canta para mais tarde recordar. num coro. “Interesso-me por todas as

REVISTA MONTEPIO ^^MANUEL SILVA cumpriu um sonho: acelerar no Autódromo do Estoril ao volante de um Ferrari 488 GT3

Amor de Improviso, cedo. Na juventude, Manuel Mendes da Silva foi co-piloto de rali, chegando num cinema mesmo a ser federado. Apaixonado por imprevisto automóveis desde pequeno, fez equipa A ante-estreia do filmeAmor de com Vítor Oliveira e juntos somaram Improviso coincidiu com a aber- competições de norte a sul do país, nos tura de portas, só para convida- anos 70 e 80. Sempre num Fiat 125, a dos, do centro comercial Mar dupla Mendes/Oliveira participou tam- Shopping Algarve, em Loulé, bém no Rali Vinho do Porto, um dos local onde “mora” o primeiro com- momentos altos da competição auto- plexo de cinemas 100% laser da Pe- mobilística em Portugal. nínsula Ibérica. Parece confuso, Com este historial, acelerar ao vo- mas é mesmo assim: a mais re- lante de um Ferrari, no Autódromo cente Experiência Montepio de do Estoril, foi quase um regresso ao José Manuel Sosa foi assistir a es- 79 passado. “Quem me conhece sabe que ta comédia romântica em dia de prefiro os Porsche. Mas achei que esta pré-inauguração das salas de ci- era uma boa oportunidade, algo que nema do mais recente shopping poderia não se repetir e não hesitei: algarvio. “Fui com a minha mu- marquei logo a Experiência através lher. Foi uma ida ao cinema algo do site”, conta, em entrevista à Revis- diferente. Fomos recebidos com ta Montepio. um welcome drink, em clima de No dia 8 de outubro, o Associado festa”, conta o advogado de 51 anos. Montepio juntou-se a Francisco Gue- Habituado a participar nas des, piloto da marca italiana, e cum- Experiências Montepio, a atenção coisas da vida”, diz com simplicidade. priu um sonho de infância: conduzir do casal está nas iniciativas liga- Tem a cabeça permanentemente a fer- um Ferrari 488 GT3. “Eu já conhecia das ao teatro e aos concertos com vilhar de ideias, mas isso não o impede o autódromo, mas estar dentro do car- nomes de grande relevo, como o de manter o olhar atento. “Reparei logo ro é completamente diferente. Há um do maestro Rui Massena, que já na Experiência Montepio no Autódro- gancho em que dá a sensação que vai atuou no Teatro Faz Figuras, em mo do Estoril”, brinca Manuel Mendes acabar a estrada”, recorda. Não foi a Faro. “Muitas vezes acomodamo- da Silva, que descobriu esta Experiên- primeira vez que Manuel Mendes da -nos e não tomamos a iniciativa”, cia velocipédica numa newsletterenvia - Silva se inscreveu numa Experiência comenta o advogado algarvio, da pela Associação Mutualista Monte- Montepio, mas a adrenalina da velo- em elogio à promoção deste tipo pio aos seus associados. cidade “destacou-se claramente” das de iniciativas. “Tenho vontade de A razão não era para menos. A sua outras realizadas. Qual será a sua pró- repetir, claro”, diz. paixão pela velocidade revelou-se bem xima aventura?

REVISTA MONTEPIO 4 a minha vida CULTURA experiências montepio

Velejar no Tejo ao pôr do sol

Lisboa está na moda, também, pela sua luz. Dela já se escreveu quase tudo, em todos os cantos do mundo. Foi esta luz, imortali- zada para sempre por Wim Wenders no filmeLisbon Story, que levou Carlos Homem, o filho Ricardo e a mulher Maria Sofia a inscreverem-se num passeio de barco à vela no Rio Tejo, com direito a um lanche e a um pôr-do-sol magnífico. O motivo assim o impunha: o Associado Montepio completara recentemente 63 anos e a Experiência fez parte da comemoração. O tempo aju- dou, mantendo-se ameno desde o momento da partida, na Doca do Bom Sucesso, até à chegada. “Não havia frio nenhum. Esteve um dia de verão maravilhoso”, garante. Ambos na pré-reforma, Carlos Homem e Maria Sofia já se haviam inscrito noutras atividades Montepio, sobretudo visitas a museus. Desta vez, por se tratar de um dia sem aulas e de um programa ao ar livre, mais apelativo para um adolescente de 15 anos, a tarde foi passada em família. Enquanto os pais apreciavam a vista, Ricardo prestou atenção à forma como o barco estava a ser conduzido e chegou mesmo a pôr as mãos no leme. “Foi a primeira vez que andei num barco à vela e não sabia nada sobre a condução deste tipo de barcos. Foi um dia diferente e aprendi muitas coisas: sobre os ventos ou o ângulo em que a vela se deve posicionar”, explica. Quem sabe se desta Experiência Montepio não sai um futuro marinheiro? 80

No convento Experiência, que contou ainda com uma visita ao espaço, conduzida por de Mafra, à noite personagens de épocas diferentes, ves- Os morcegos, fiéis aliados na conserva- tidas a rigor e cheias de histórias sobre ção dos livros da biblioteca do Conven- quem ali morou. Antes, Maria João to de Mafra, fizeram questão de se mos- Farinha já tinha tido a oportunidade trar. “Em sete visitas foi a segunda vez de ver a missa das crianças, a decorrer que os vi!...”, sublinha Maria João Fari- na basílica, a partir das janelas da sala nha. O momento fez o grupo sentir-se do palácio onde o rei D. João v assis- privilegiado. E com razão. Trazidos pa- tia aos serviços religiosos sem ter de ra a biblioteca pelos monges, estes ma- se misturar com a multidão. míferos têm permitido a conservação perfeita dos livros ao longo dos anos. A NEM OS MORCEGOS, explicação é simples: os morcegos voam GUARDIÃES DA livremente pela biblioteca à noite, ali- BIBLIOTECA mentando-se dos insetos que estiverem DO CONVENTO no interior da sala. Apesar de não se- DE MAFRA, rem visíveis durante o dia, ainda é possí- vel observar, à noite, alguns exemplares FALTARAM A ESTA destes guarda-noturnos especiais. E esta EXPERIÊNCIA aparição foi a cereja no topo do bolo desta MONTEPIO

REVISTA MONTEPIO Entre as bruxas e o Gerês

À família de quatro juntaram-se os avós e alguns amigos de Fernanda Soares e Rolando Pereira. Contas feitas, apresen- taram-se no Parque Cerdeira, para a caminhada do Passeio das Bruxas, 12 pessoas. Um grupo grande e disposto a cele- brar o Haloween num cenário diferente: o misterioso Gerês. O desafio desta Experiência Montepio era aliciante: parti- cipar numa caminhada noturna de quatro quilómetros, por entre os trilhos da serra do Gerês. Além da atração temática – o oculto é sempre fascinante –, a capacidade de mobilização do casal elevou o desafio da Experiência. “Gostámos tanto da primeira caminhada Montepio em que participámos, no Par- que Cerdeira, que, desde aí, temos ido a todas. Já fizemos per- cursos de 10, 12 e 14 quilómetros, sempre acompanhados por crianças”, conta Fernanda, professora de inglês em Braga. UMA CAMINHADA NOTURNA Desta vez, a excitação do passeio começou em casa, com DE QUATRO QUILÓMETROS, os dois irmãos, de sete e 10 anos, a anteciparem o programa POR ENTRE OS TRILHOS noturno e as surpresas assustadoras do passeio alusivo ao Halloween. “Passaram a semana inteira a verificar as pi- DA SERRA DO GERÊS lhas das lanternas e a preparar as coisas”, acrescenta o pai. Montepio. “Estava tudo muito bem organizado e não hou- Rolando Pereira conta que a família já participou em ve atropelos nos trilhos. O percurso estava identificado com atividades diferentes, incluindo uma descida de caiaque no bandeirinhas e as personagens que surgiam pelo caminho Paiva e no Douro. Porém, as caminhadas são o programa estavam muito bem conseguidas”, recorda Rolando Pereira. predileto. A cada nova Experiência percebem que não são Em noite de lua (quase) cheia, a imagem das abóboras ilumi- os únicos habitués deste programa. “Há um núcleo forte de nadas e as aparições de bruxas e fantasmas garantiram um pessoas que tem ido a quase todas as atividades propostas ambiente perfeito. Durante duas horas, todos se divertiram pela Associação Mutualista nesta zona”, explica. numa caminhada diferente das anteriores. No final, o caldo No Passeio das Bruxas participaram perto de 300 pes- do pote não tinha uma poção mágica, mas a sopa tradicional soas, um número pouco habitual para uma Experiência de feijão e legumes acabou por saber ainda melhor. 81

Residente em Alverca do Ribatejo, ^^O CONVENTO DE MAFRA Maria João Farinha tem 44 anos e é recebeu Maria João e João Associada Montepio, tal como o filho Pedro, mãe e filho, com histórias João Pedro, de 15 anos, que também de vidas passadas, lendas e até participou na Experiência. “Ele só foi morcegos guardiães de livros acompanhar a mãe, mas acabou por gostar tanto ou mais do que eu”, con- ta Maria João, divertida. Ambos aca- te proibida” das estantes: também os baram por descobrir histórias acerca temas de bruxaria haviam ali sido co- deste Paço Real e da corte de D. João v. locados. Um detalhe importante dada De Mafra trouxeram também várias a data em que se realizou a Experiên- curiosidades para contar aos amigos e cia: sexta-feira, 13. “Foi uma noite mui- familiares. “Ainda hoje dizemos ‘pôr a to agradável, de diversão e de cultura”, mesa’ porque, antes de ser criada uma resume Maria João. A Associada Mon- sala de jantar, a mesa de refeição era tepio já tinha participado noutras ini- colocada a pedido do rei, no espaço on- rios incunábulos, entre outros tesouros ciativas, visitas a Lisboa e passeios no de ele se encontrasse. Ficou a expres- –, Maria João esteve atenta à informa- Sado, mas desta vez foi diferente. Tal- são”, comenta Maria João. ção dada pelas duas conservadoras do vez, conta, pelo programa noturno e to- Na biblioteca, que guarda algumas espaço. Foi João Pedro, porém, quem da ambiência criada. “E no fim ainda ti- das maiores relíquias nacionais – uma se apercebeu que nem só os “livros per- vemos direito a beber uma ginjinha em primeira edição de Os Lusíadas e vá- vertidos” estavam à entrada, na “par- copo de chocolate...”, concluiu.

REVISTA MONTEPIO 4 a minha vida CRÓNICA

FILOMENA GONÇALVES* que somos e acreditarmos nisso, iremos mano- brar o nosso poder à medida das necessidades de cada momento. Temos é de acreditar! O PODER ESTÁ Um bom exercício para perceber em que pon- to está a confiança no nosso próprio poder é olhar ao espelho e observar o nosso reflexo. Quanto DENTRO DE SI tempo conseguimos fazê-lo? Este é um exercício que se faz com frequência nas sessões de coaching. Habitualmente julgamo-nos sempre pelo pior. Sempre gostei de desenhos animados. Devorei os da minha Temos dificuldade em afirmar o que temos de infância e os da infância dos meus irmãos mais novos. bom, mas com rapidez enumeramos uma mão Por incrível que pareça, os desenhos animados dão-nos cheia de defeitos. algumas lições que nos marcam para a vida. Desta vez, o exercício passa por observar a nossa imagem. Que força tem a minha imagem Uma das séries animadas que seguia era He- para mim? Que impacto tem nos outros? -Man. Lembram-se? O irmão de She-Ra, a prince- Não vamos perder tempo a considerar o que sa guerreira que, naquela época, me parecia uma menos gostamos, já o fizemos em tantas outras Barbie vestida com roupa interior e uma tiara. ocasiões. O cuidado da nossa imagem é mui- Bom, voltemos a He-Man, o rapaz louro de ca- to importante para sentirmos o poder daquilo belos esvoaçantes, que empunhava uma espada que somos. Claro que alguns de nós estamos para se transformar num temível guerreiro em condicionados a um dress code, mas nem todos. lutas contra o mal. Recordam-se do que ele di- De qualquer forma, mesmo debaixo de um dress zia logo na apresentação de cada episódio? “The code, podemos sempre jogar com os acessórios Power is yours!” (“O poder é vosso”, em inglês). e as cores. São esses pequenos detalhes, que fa- E as palavras ecoavam 2 ou 3 vezes até a aven- zem a diferença na nossa imagem e no poder 82 tura do dia começar. Durante a transformação que dela emana. ele reiterava “I have the power” (“Eu tenho o po- Há acessórios e cheiros que nos recordam der”, em inglês). Com efeito, o poder é de cada pessoas importantes na nossa vida, aqueles mo- um e está em cada um. O poder de ser o que qui- mentos em que conseguimos enfrentar um me- sermos, da forma que mais gostarmos, para os do, dominar uma insegurança. Pode ser um efeitos que nos der na cabeça. Se soubermos o relógio que pertenceu ao nosso avô, o colar de pérolas que usámos no dia do casamento, o per- fume que conseguimos depois de vários meses a juntar trocos no mealheiro. A imagem que projetamos é um conjunto de roupas, acessórios, cores que, juntamente com a nossa autoconfiança, gera um poder especial. É esse poder que usamos quando procuramos um emprego novo. O nosso poder aumenta à medida que jogamos com todas as variáveis da nossa imagem e que ousamos experimentar coisas novas com ela. Tal como, quando falamos bem uma língua, jogamos com as palavras com perícia, também com a nos- sa imagem damos pequenos passos para sair da zona de conforto, enfrentando todo o nosso poten- cial. O poder é seu, meu, de cada um!

* Filomena Gonçalves é Associada Montepio

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REVISTA MONTEPIO 4 a minha vida TESTEMUNHO VENCEDOR DA CORRIDA MONTEPIO

perguntas a... HUGO GANCHAS Aos 21 anos, o atleta do Sport Lisboa e Benfica tornou-se um dos mais jovens de Esta entrevista foi realizada seguindo sempre a vencer a Corrida Montepio, batendo João Bértolo e Humberto Francês as premissas do famoso Questionário de Proust, que pretende refletir a por poucos segundos. Desta vez ninguém chegou à sua frente, ao contrário do que personalidade do entrevistado. O nome aconteceu na edição de 2016, quando ficou em segundo. Apesar da juventude, Hugo já e popularidade deste questionário estão participou no Campeonato Europeu de corta-mato que se realizou na cidade italiana de relacionados com as respostas dadas Chia, em dezembro de 2016. Na corrida de sub-23, foi o segundo melhor português em pelo escritor francês Marcel Proust. prova. Um futuro promissor para este admirador de Carlos Lopes, Fernando Mamede, 84 Rui Silva e Rosa Mota e, noutras áreas, do inventor Thomas Edison.

Qual a fgura histórica com Qual o seu maior feito? O que aprecia mais nos seus que mais se identifca? O meu maior feito, sem qualquer amigos e família? Talvez Thomas Edison, pela sua dúvida e com toda a humildade, é ser Os meus amigos e a minha família perseverança. quem sou. Aprendendo com cada erro, são uma parte muito importante da Qual o seu maior medo? nestes 21 anos de vida moldo-me com minha vida, como é óbvio. Admiro Chegar a uma idade mais avançada a intenção de deixar o melhor de mim neles a capacidade de compreensão e e não me sentir realizado, não sentir em tudo o que faço. a entrega que têm comigo no dia a dia. que vivi a vida ao máximo, não ter Se morresse e ressuscitasse como Se pudesse mudar algo em si, aproveitado cada dia como se fosse o uma pessoa ou animal, quem o que seria? último. Chegar perto do fim e pensar escolheria ser? A teimosia! que fui indiferente, apenas mais um Uma águia para poder voar livre e para Quem é o seu atleta favorito? que não deixou a sua marca. Por isso ter uma vista privilegiada da Terra. Não tenho. Há atletas fantásticos em tento viver cada dia de maneira a Quem são os seus heróis todo o mundo e tenho uma grande deixar a minha marca na memória de na vida real? admiração por Carlos Lopes, Fernando quem amo e de quem me é querido. Os meus pais, sem dúvida. Estão Mamede, Rui Silva ou Rosa Mota. Qual a sua ideia de felicidade sempre dispostos a dar tudo por Qual a fgura do atletismo que mais perfeita? mim (e eu por eles). Dão-me toda a admira? Viver a vida, livre, sem medos, sem dedicação e empenho para ter um Admiro todos os atletas porque é hesitações, aproveitar cada momento bom presente e um futuro tão bom ou preciso abdicar de muito, ter muito e desfrutar do belo mundo em que melhor que o passado. Vivo cada dia empenho e dedicação para cumprir o vivemos. com ambição de os orgulhar. objetivo de cada um. Seja ele qual for.

REVISTA MONTEPIO O MEU MONTEPIO NOTÍCIAS INSTITUCIONAIS, INICIATIVAS, PROJETOS E COMUNICADOS

página 86 página 88 página 90 CARLOS FIOLHAIS DESCONTOS EXPERIÊNCIAS O investigador português, um Invista em si e na sua família MONTEPIO dos vencedores do Prémio e beneficie de descontos Fique a par das atividades Ciência Viva Montepio, tem junto de uma extensa rede e iniciativas que preparámos um plano para aproximar de parceiros. Conheça ainda para si e descubra um novo a ciência dos cidadãos os novos acordos celebrados mundo de emoções 5 o meu montepio MUTUALISMO

PARCERIA de. A mutualidade alemã VDEK, por exemplo, proporciona seguros de saú- de a mais de 28 milhões de pessoas. ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA A VDEK é liderada desde 2014 pelo presidente da AIM, Christian Zahn.

E AIM ESTREITAM LAÇOS AIM quer reforçar influência nos PALOP e Brasil AS DUAS ORGANIZAÇÕES Tomás Correia, e o presidente da Outro dos temas em cima das me- ACERTARAM ESTRATÉGIAS AIM, Christian Zahn. sa foi o reforço da influência da AIM Os líderes das duas organizações em África, sobretudo nos PALOP e no 86 DE INTERESSE COMUM PARA O PRÓXIMO TRIÉNIO, trocaram experiências e contactos, Brasil. A AMM, que conta com con- DESIGNADAMENTE NO numa reunião que serviu para apro- tactos privilegiados nas duas áreas geo- fundar interesses comuns e definir es- gráficas, fruto de uma língua comum, ÂMBITO DA PARTILHA tratégias futuras de cooperação entre disponibilizou-se para ajudar na coor- DE EXPERIÊNCIA NOS AMM e AIM. denação destes esforços da AIM. SERVIÇOS DE SAÚDE “Foi uma reunião muito produtiva”, “A AMM poderá dar uma impor- E DA COOPERAÇÃO explicou Pedro Bleck da Silva que, em tante contribuição à entrada da AIM INTERNACIONAL nome do Conselho de Administração, em vários países. Falamos de contac- representa a AMM na Vice-presidên- tos ao mais alto nível”, concluiu Pedro Os desafios da Associação Mutua- cia da AIM. “A experiência da AIM Bleck da Silva. lista Montepio (AMM) na área da em vários temas, sobretudo naqueles A reunião de trabalho serviu ain- saúde e o aprofundamento das re- que estão ligados às áreas da saúde, da para abordar o desenvolvimento de lações da Associação Internacional dos cuidados continuados e das resi- estratégias destinadas a reforçar o es- da Mutualidade (AIM) com os Paí- dências para seniores, será importan- tatuto das mutualidades na Europa e ses Africanos de Língua Oficial Por- te para vários projetos, atuais e futuros, em Portugal. Recorde-se que a AMM tuguesa (PALOP) e o Brasil foram os da AMM”. preside ao Grupo de Trabalho Mutual principais temas debatidos, em outu- Algumas das organizações que per- Values, tendo a seu cargo a defesa e bro, em Lisboa, entre a administra- tencem à AIM são líderes, na Europa, promoção do modelo mutualista a ní- ção da AMM, liderada por António nas áreas dos serviços e seguros de saú- vel internacional.

REVISTA MONTEPIO ^ CARLOS FIOLHAIS tem mais de 60 livros publicados e dirige a coleção "Ciência Aberta", da editora - e parceira da Associação Mutualista Montepio - Gradiva

A cultura científica – que consiste precisamente nessa ligação entre ciência e sociedade – está viva em Portugal, alimentada por esses e Carlos Fiolhais é o cientista do ano por muitos outros nomes. Mas esta O físico português recebeu o galardão maior dos Prémios Ciência Viva tarefa de levar a ciência a todos Montepio 2017. A professora Isabel Martins e as jornalistas Filomena é e será sempre, por sua própria Naves e Teresa Firmino também foram premiadas. natureza, inacabada. Tem publicados mais de 60 Desde 2012 que a Associação Mu- livros. É uma forma de dar o seu tualista Montepio e a Ciência Viva P&R contributo para aproximar a distinguem, todos os anos, persona- Carlos Fiolhais ciência dos cidadãos? lidades e instituições que se desta- Doutorado em Física Teórica, Há muitas formas possíveis de cam pela sua intervenção de mérito professor catedrático da levar a ciência ao público. Eu gosto excecional na promoção da cultura FCTUC e diretor do Rómulo - em particular da forma do livro, científica e tecnológica em Portugal, - Centro de Ciência Viva talvez por, em jovem, ter descoberto atribuindo os Prémios Ciência Viva a ciência através desse meio. Montepio. Dirijo, desde o nº 200, a coleção Este ano, o físico Carlos Fiolhais Que signifcado tem para si a "Ciência Aberta" da Gradiva, que arrecadou o Grande Prémio pela “sua atribuição do Grande Prémio tem interessado muitos leitores, em ação notável na promoção da cultura Ciência Viva Montepio 2017? especial jovens. científica enquanto docente, investi- Estou muito grato pela atribuição Quando é que percebeu que queria 87 gador, autor e editor da prestigiada do prémio maior na área da ser cientista? E porquê a Física? coleção 'Ciência Aberta', da Gradiva”, comunicação de ciência. É um Foi pelos 15 ou 16 anos. Percebi refere a organização. estímulo para prosseguir o através dos livros — entre os quais A professora Isabel Martins foi ga- caminho que iniciei há muitos anos os de Rómulo de Carvalho — e lardoada com o Prémio Ciência Viva de espalhar a ciência na sociedade. através da escola que a ciência era Montepio Educação, que reconhece Qual a importância desta uma atividade que eu podia também “o seu trabalho de investigação e en- iniciativa para a promoção da abraçar. A Física atraiu-me por ser sino e a sua intervenção fundamen- cultura científca em Portugal? mais geral: coloca e responde a tal na educação em ciências no nos- Em boa hora a Associação questões gerais sobre o Universo so país”, enquanto o Prémio Ciência Mutualista Montepio e a Ciência em que vivemos. Viva Montepio Media foi concedido, Viva se juntaram para distinguir Se não fosse cientista, o que seria? em ex aequo, às jornalistas Filome- quem tem procurado ligar a Boa pergunta. Eu gosto muito na Naves e Teresa Firmino, pela “co- ciência e o público. Sinto-me "aos de comunicar, talvez jornalista bertura regular que, ao longo do seu ombros de gigantes": antes de ou escritor, coisas que também percurso profissional, têm feito, com mim receberam o Grande Prémio faço um pouco a par da atividade grande rigor e clareza, sobre temas Guilherme Valente, Galopim de de cientista. Os cientistas têm científicos de atualidade na comu- Carvalho, Jorge Paiva, Manuel em comum com os jornalistas a nicação social e em livros de grande Paiva e Manuel Sobrinho Simões, curiosidade por saber a verdade a circulação”. nomes que honram o Prémio. respeito do mundo e do homem.

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REVISTA MONTEPIO EXPERIÊNCIA aleppo(nica) GLAMPING – UMA NOITE ECOLÓGICA FUNDÃO A PENSAR 14 de abril de 2018 Desfrute de uma estada nos Domos Geodésicos, um fim de semana de início de primavera EM SI que inclui um pequeno-almoço gourmet, um passeio pedestre de observação das cerejeiras em flor e, se o seu corpo ainda o EXPERIÊNCIAS permitir, um jantar típico desta E INICIATIVAS PARA bela região serrana. TER EM AGENDA EXPERIÊNCIA RÉCITA I CAPULETI E I MONTECHI NO TEATRO SÃO CARLOS LISBOA 20 de abril de 2018 Sinta a inspiração neoclássica e setecentista italiana através desta visita guiada aos bastidores do Teatro São Carlos. À noite, assista à récita I Capuleti e I Montechi, uma adaptação da história de Romeu e Julieta.

EXPERIÊNCIA LISBOA DE FERNANDO PESSOA CHIADO 18 de fevereiro de 2018 90 Descubra a Lisboa de Fernando Pessoa e conheça os locais mais frequentados pelo mais universal poeta português. Conheça a casa onde nasceu, os bares onde se reunia com outros artistas EXPERIÊNCIA EXPERIÊNCIA e as ruas que percorria para se encontrar secretamente com A LISBOA DO FADO SUBIDA AO PICO a amada Ofélia. Durante a viagem, MOURARIA E ALFAMA COM JOÃO GARCIA saboreie as palavras do poeta. 5 de maio de 2018 ILHA DO PICO Uma experiência que o levará até Venha percorrer os bairros da 25 a 28 de maio 2018 ao início do século passado, na Mouraria e de Alfama, onde nasceu o Aceite o desafio e integre, na companhia cidade em que Pessoa viveu, na fado, na companhia de um guia e de do alpinista João Garcia, uma subida até qual se inspirou e amou. um fadista. Descubra como começou ao topo do Pico, que é, simultaneamente, esta música tradicional portuguesa o topo de Portugal. Uma aventura numa e termine o dia, a cantar e a saborear montanha acessível a todos os que o momento, numa casa de fados. estejam em boa forma física.

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