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Hoellnea 3 I(I): 1-10, 15 fig., 2004

Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, SP. Pteridophyta: chave para as familias; 2. Blechnaceae

Jefferson Prado I

Rccebido: 19.11.2003: aceito: 09.02.2004 ABSTRACT - (Cryptogams of "Parque Estadual das Fontes do Ipiranga", Sao Paulo, SP. Pteridophyta: key to the families; 2. Blechnaceae). A floristic survey ofthe family Blechnaceae - Pteridophyta was carried out in the "Parque Estadllal das Fontes do Ipiranga (PEF!)", located in the city of Sao Paulo, state of Sao Paulo, Brazil. Two genera ( and ) and seven species were reported. Five terrestrial and one epiphytic/hemiepiphytic species belong to Blechnum and a climbing species to Salpichlaena. Except Blechnum imperiale (Fee & Glaziou) H. Christ, which is endemic ofthe Atlantic forest, all other taxa have wide distribution in the neotropics. Key words: Blechnum, , floristic survey, Salpichlaena

RESUMO - (Cript6gamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Sao Paulo, sr. Pteridophyta: chave para as familias; 2. Blechnaceae). 0 levantamento floristico da familia Blechnaceae - Pteridophyta foi realizado na area do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEF!). Foram registrados do is generos (Blechnum e Salpichlaena) e sete especies. Cinco especies terrestres e uma epifita/hemiepifita pertencem a Blechnulll e uma trepadeira a Salpichlaena. Excetuando-se Blechnul1l imperiale (Fee & Glaziou) H. Christ, que e uma especie endemica da Mata Atlantica, todos os demais taxons apresentam distribui<;ao ampla nos neotr6picos. Palavras-chave: Blechnum, levantamento floristico, samambaias, Salpichlaena

Introdu~ao no material hist6rico coletado quando da publicayao do trabalho de Hoehne et af. (1941), que encontra-se o estudo das pterid6fitas do Parque Estadual das depositado nos herbarios do Instituto de Botiinica ­ Fontes do Ipiranga (PEFI) e bastante incipiente e conta Herbario Cientffico do Estado "Maria Eneyda P. ate 0 momenta com apenas llll1 trabalho (Hoehne et af. Kaulfmann Fidalgo" (SP) e no Herbario do 1941). Neste trabalho os autores apresentaram uma Departamento de Botiinica da Universidade de Sao listagem com 73 taxons, incluindo aqueles nativos da Paulo (SPF). area e outros que, na ocasiao, encontravam-se em o material foi coletado e preparado de acordo cultivo nas estufas de visitayao. com as tecnicas descritas pOI' Fidalgo & Bononi (1984). Apesar de pouco estudadas, as pteridOfitas Como este e 0 primeiro trabalho da serie de representam um componente importante da publicayoes das pterid6fitas do PEFI, optou-se pOI' diversidade da flora local, com 24 famflias, cerca de incluir nele a chave para a identificayao das famflias 5 I generos e aproximadamente 13 I especies nativas. ocorrentes na area e essas famflias foram numeradas o objetivo do presente trabalho foi a complemen­ de I a 24. 0 conceito adotado para a circunscriyao tayao do levantamento das pterid6fitas do PEFl. das famflias e 0 mesmo utilizado pOI' Moran (1995a), para a Flora Mesoamericana. Material e metodos POI' se tratar de um estudo de flora, optou-se pOI' apresentar os taxons em ordem alfabetica de generos o planejamento do estlldo da presente flora, bem e especies, visando a pronta localizayao dos mesmos. como todos os dados referentes it localizayao, geomor­ fologia, c1ima e vegetayao do Parqlle EstaduaI das Resultados e Discussao Fontes do Ipiranga, encontram-se descritos nos traba­ Ihos de Melhem el af. (1981) e Milanez et af. (1990). Ate 0 momenta foram registradas para a area do o presente estudo baseou-se em materiais PEFI 24 famflias que podem ser reconhecidas atraves recentemente coletados pelo autor e, principalmente, da chave de identifica<;ao a seguir.

I. Instituto de Botaniea, Caixa Postal 4005. 0 I061-970 Sao Paulo, SP. [email protected] 2 lIochnea J I(I), 200-1

Chave para as famflias ocorrentes no PEFI

I, Lamina com uma (mica nervura 2, Plantas homosporadas; lamina desprovida de ligula ,... "."".. """""""""".""."".",.,... " 13. Lycopodiaceae 2. Plantas heterosporadas; lamina com ligula """""""""""..... " .... """""."""."""""."". 20, Selaginellaceae I, Lamina com vena<;ao ramificada, aberta ou areolada 3. Plantas aquaticas; heterosporadas " .. ".".. ".""""""""" ""."."""""""""""""" 18, Salviniaceae 3, Plantas terrestres, epffitas, hemiepffitas, rupfcolas; homosporadas 4, Esporangios reunidos em sinangio, desprovidos de anulo; sinangios na base da lamina, em forma de espiga, ereta """".".".""""""""""""".. " .. ""."""."".""."""""."",,,,,,, 14. Ophioglossaceae 4, Esporangios separados entre si, com anulo ocupando diferentes posi<;oes 5, Esporangios sesseis ou subsesseis; anulo lateral (vestigial), apical ou obliquo, nao interrompido pelo pedicelo 6. Anulo lateral, vestigial, consistindo de um grupo de celulas arredondadas, pouco diferenciadas; esporos com clorofila "".. "."""".""."".""".""."""""".....",,, 15. Osmundaceae 6, Anulo apical ou obliquo e evidente, constitufdo de celulas diferenciadas; esporos com ou sem clorofila 7, Esporangios piriformes, anulo apical "."."."".....".""".. """".".""""""."" 19. Schizaeaceae 7. Esporangios globosos; anulo oblfquo 8. Soros marginais 9. Plantas herbaceas; lamina delicada, com 1-2 camadas de celulas em espessura, membranacea, sem estomatos; esporos com clorofila """",,,,,,,,,,,,,,.. ,,,,,, 10. Hymenophyllaceae 9. Plantas arb6reas; lamina com varias camadas de celulas em espessura, cartacea a coriacea, com estomatos; esporos sem c1orofila ".".. ".". 6, Dicksoniaceae 8. Soros abaxiais 10, Plantas herbaceas; frondes pseudodicotomicamente divididas 8. Gleicheniaceae 10. Plantas arborescentes ou herbaceas; frondes pinadas II. Caule e base dos pecfolos com escamas, com ou sem tricomas ...... , ,.. '., ',., 3. Cyatheaceae II. Caule e base dos pecfolos apenas com tricomas 12. Lophosoriaceae 5. Esporangios pedicelados; anulo veltical interrompido pelo pedicelo 12. Pecfolo com 2 feixes vasculares na base 13. Indumento formado de tricomas unicelulares, aciculares, bifurcados ou estrelados; soros arredondados a alongados (nao lineares) ....."""." 22, 13. Indumento formado de tricomas pluricelulares ou tricomas ausentes; soros lineares ou semilunares 14. Escamas do caule clatradas; soros lineares e unicos paralelos as nervuras ...... ,.,.,., .. ,.".",., , I. 14. Escamas do caule nao clatradas; soros lineares, aos pares, em lados opostos das nervuras " ".""" " ".24. Woodsiaceae 12. Pecfolo com 1,3 ou mais feixes vasculares na base IS. Soros alongados a lineares, paralelos e adjacentes a costa ".. 2, Blechnaceae 15. Soros arredondados ou alongados e oblfquos em rela<;ao a costa ou lineares, paralelos e pr6ximos da margem da lamina ou soros acrostic6ides (recobrindo inteiramente a face abaxial da lamina foliar) 16, Caule rastejante; pecfolo articulado com 0 caule e frondes dispostas em duas fileiras sobre 0 lado dorsal do caule; lamina geralmente pinatissecta a I-pinada, inteira ou irregularmente furcada "" " ".".. ". 16. Polypodiaceae 16. Caule ereto ou rastejante; pecfolo nao alticulado com 0 caule ou as vezes articulado e frondes, em ambas as situa<;oes, dispostas helicoidalmente no caule; lamina inteira ate 5-pinada ou raramente furcada J. Prado: Pterid6fitas do PEFI: Blcchnaccac 3

17. Lamina inteira a pinatifida ou furcada, ou apenas I-pinada com pinas nao dimidiadas 18. Esporos com clorofila 9. Grammitidaceae 18. Esporos sem clorofila 19. Frondes dimorfas II. Lomariopsidaceae 19. Frondes monomorfas 20. Soros arredondados; indLlsio reniforme 4. Davalliaceae 20. Soros lineares a alongados; indLlsio ausente 23. Vittariaceae 17. Lamina 1-2-pinada com pinas dimidiadas ou 1-4-pinado-pinatifida 21. Soros alongados ou lineares 22. IndLlsio de origem abaxial presente e os esporos monoletes ou triletes ou, se 0 indLlsio estiver ausente, entao os esporos sao monoletes 5. Dennstaedtiaceae 22. Indusio de origem abaxial ausente; esporos triletes ...... 17. Pteridaceae 21. Soros arredondados ou acrosticoides 23. Raque, costa e costula conspicuamente sulcadas adaxialmente, sulcos decorrentes entre si; indLlsio reniforme, peltado ou ausente 7. Dryopteridaceae 23. Raque, costa e costula nao sulcadas adaxialmente ou levemente sulcadas, sulcos nao decorrentes entre si; indusio renifonne 21. Tectariaceae

Blechnaceae Chave para os generos de Blechnaceae

Plantas terrestres, rupicolas, ou as vezes I. Frondes com crescimento determi­ epifitas, hemiepifitas, ou trepadeiras. Caule ereto, nado, ate ca. 2,5 m de compr.; lamina delgado a massivo ou decumbente, curto a longo­ pinatissecta, pinatifida a I-pinada reptante. ou trepador, com escamas. Frondes com ...... BlechnulI1 crescimento determinado ou indeterminado, eretas I. Frondes com crescimento indetermi- ou trepadeiras, monomorfas ou dimorfas, nado, trepadeira; lamina 2-pinada avennelhadas quando jovens; peciolo continuo com ...... Salpichlaena o caule, com mais de 3 feixes vasculares na base; lamina inteira, pinatifida, pinatissecta ou 1-2-pinada, Blechl7 LIlli L. geralmente glabra ou com indumento de escamas abaxialmente, as vezes glandular; venac;ao aberta Plantas terrestres, rupicolas, ou as vezes epifitas/ ou parcialmente anastomosada. Soros alongados hemiepifitas. Caule ereto, pequeno a arborescente, ou lineares, formados na face abaxial da lamina, em decumbentc longo-reptante a ascendente; frondes ambos os lados da costa, costula ou costula de 2" com crescimento determinado, monomorfas ou ordem, curtos ou longos, sem parafises; indusio de dimorfas, geralmente profundamente pinatifidas ou 1­ origem abaxial, alongado ou curto; esporangios com pinadas, raramente 2-pinadas; venac;ao aberta ou pedicelo de 2-3 fileiras de celulas; anulo longitudinal, raramcnte areolada, sem venula livre inclusa nas interrompido pelo pedicelo; esporos monoletes, sem areolas. Soros sobre uma comissura vascular curta clorofila. ou longa, adjacente a costa das pinas ou pinulas, A familia Blechnaceae possui cerca de nove protegidos por um indllsio que se abre em direc;ao a generos e 250 especies (Smith 1995). Encontra-se costa ou costula. representada na area do PEFI pelos generos Blechl7ulI1 e um genero com distribuic;ao Blechl7l11J1 e Salpichlaella com, respectivamente, seis pantropical. De acordo com Smith (1995), distribui-se e uma especie. principalmente no hemisferio sui, com uma unica 4 Hochnea 31(1),2004 especie (B. spicant (L.) Roth) ocorrendo em regi6es Na area do PEFI 0 genero esta representado por temperadas do hemisferio norte. Possui cerca de 200 cinco especies terrestres e uma epffita/hemiepffita am­ especies. plamente distribufdas em todas as regi6es do Parque.

Chave para as especies de Blechnum

I. Frondes monomorfas 2. Pinas proximais levemente reduzidas ou nao reduzidas; costa sulcada na face adaxial .... B. occidentale 2. Pinas proximais muito reduzidas, vestigiais; costa nao sulcada na face adaxial B. polypodioides I. Frandes dimorfas 3. Lamina esteril pinada na regiao mediana 4. Pecfolo com espinhos uncinados na base B. prolijerz;m 4. Pecfolo lisa na base B. imperiale 3. Lamina esteril pinatissecta na regiao mediana 5. Plantas terrestres; pecfolo com escamas Iineares, castanho-escuras a pretas na base ...... B. brasiliense 5. Plantas epffitas ou hemiepffitas; pecfolo com escamas linear-Ianceoladas, castanho-escuras na base B. binervatun1 subsp. acutun1

Blechnum binervatum (Poir.) C.v. Morton & Lellinger facilmente visfveis na face abaxial da lamina esteril. subsp. acutum (Desv.) R.M. Tryon & Stolze, Fieldiana, Soros ao longo de ambos os lados da costa; indLlsio Bot., n.s. 32: 64. 1993. estreito, com as margens inteiras. Basionimo: acuta Desv., Mem Soc. Linn. Material examinado: 6-X-2003, J Prado & D.M Vital Paris 6: 290. 1827. 1434 (SP). Figuras 1-2 Distribui9ao geografica: Sudeste do Mexico, America Plantas epffitas ou hemiepffitas. Caule ereto a Central, Colombia, Venezuela, Equador, Peru, Bolivia, trepador, nao estolonffero, 0,5-1,0 cm diam, revestido Paraguai e sudeste do Brasil. por escamas linear-Ianceoladas, castanho-escuras, com uma faixa central escura, inteiras a denticuladas Esta especie cresce geralmente como epffita, na margem, 0,5-1 ,0 cm compr. Frandes dimorfas, 30-80 porem pode ser encontrada tambem como hemiepffita. x 6-14 cm; frondes estereis e ferteis apraximadamente Caracteriza-se pelas frondes dimorfas, com a lamina do mesmo tamanho; pecfolo 2-20 x ca. 0, I cm, sulcado esteril conspicuamente pinatissecta e a lamina fertil na face adaxial, castanho-claro a castanho-escuro na pinada, com as pinas lineares, as vezes enroladas. base e paleaceo distalmente, com escamas na base Cresce no sub-bosque da mata e as frandes jovens iguais as do caule; lamina esteril oblongo-eliptica, sao avermelhadas. Apesar de ser comum na area do pinada na base, pinatissecta nas regi6es Illediana e PEFl, nao foi citada por Hoehne et af. (1941). distal, apice inteiro, com segmento terminal delt6ide e Blechmlln brasiliense Desv., Ges. Naturf. Freunde longo-acuminado, glabra em ambas as faces, caliacea; Berlin Mag. Neuesten Entdeck. Gesammten Naturk., pinas proximais reduzidas, inteiras, auriculifonnes a 5: 330.1811. vestigiais, agudas, sesseis, adnadas; pinas medianas Figuras 3-5 delt6ide-Ianceoladas, 3-7 x 0,6-1,5 cm, adnaclas, sinus amplamente agudos, apice longo-acuminado a Plantas terrestres. Caule ereto, subarborescente, caudado, margens inteiras e onduladas; costa nao estolonffero, ca. I m altura, revestido no apice levemente sulcada na face adaxial e glabra; lamina por escamas linear-Ianceoladas, castanho-escuras a fertil estreito-delt6ide, pinada; pinas basais nao pretas, 1-3 cm compr. Frondes monomorfas, 12-120 reduzidas; pinas lineares, 3-7 x ca. 0,2 cm; raque x 4-50 cm, eretas; pecfolo 2-12 x 0,2-1,0 cm, sulcado sulcada adaxial mente, glabra; Vena9aO aberta, na face adaxial, pardo a preto na base, com escamas nervuras simples ou furcadas com apice espessado, na base iguais as do caule; lamina eliptica, pinatissecta J. Prado: Pterid6fitas do PEFI: Blechnaceae 5

a 1-pinada na base, pinatissecta a pinatifida para 0 auricula no lado basisc6pico, apice agudo, margens apice, glabra, subcoriacea; raque sulcada levemente revolutas e onduladas; costa levemente adaxialmente, com escamas castanho-claras em sulcada na face adaxial e glabra; peciolo da fronde ambas as faces; pinas proximais reduzidas, inteiras, fertil 5-20 x 0,2-0,3 cm, sulcado na face adaxial, auriculiformes, obtusas, sesseis ou adnadas; pinas castanho-claro a castanho-escuro na base, com medianas lanceoladas, 2-22 x 0,6-1,2 cm, base escamas iguais as do caule; lamina fertil oblongo­ amplamente adnada, apice agudo, margens serreadas; elipitica, pinada; pinas proximais reduzidas a vestigiais; costa levemente sulcada na face adaxial, glabra; demais pinas lineares, 4-6 x ca. 0,4 cm; raque em venayao aberta, nervuras simples ou furcadas. Soros ambas as frondes sulcada adaxialmente, com escamas ao longo de ambos os lados da costa; indusio estreito, castanho-c1aras e margens fimbriadas, e tricomas com as margens laceradas. longos e tOl1uosos, castanho-claros a alvos em ambas as faces; venayao aberta, nervuras simples ou Material examinado: 18-XI-1942, 0. Handro s.n. furcadas. Soros ao longo de ambos os lados da costa; (SP49043); 13-VII-1960, G Eiten el al. 2083 (SP, indusio estreito, com as margens laceradas. US); 14-11-1974, 0. Handro 2245 (SPF); 6-X-2003, J Prado & D.M Vital 1-/23 (SP). Material examinado: 18-1-1945, 0. Handro s.n. (SP430n, SPF94508). Distribuiyao geografica: Guatemala, Colombia, Venezuela Peru, Bolivia, Paraguai, Argentina, Uruguai Distribuiyao geografica: Distribuiyao restrita ao Brasil e Brasil. (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sao Paulo, Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sui). Caracteriza-se pelas frondes monomorfas, pelo habito cespitoso e subarborescente, e ainda pelo peciolo Caracteriza-se pelo habito que lembra 0 genero apresentar na base escamas longo-Ianceoladas, Cycas, com caule subarborescente, lamina esteril castanho-escuras a pretas. coriacea com as pinas proximais muito reduzidas a Cresce geralmente em solos encharcados e em vestigiais. locais parcialmente sombreados. E uma planta Cresce em solos encharcados nas margens das bastante comum na area do PEFI, podendo ser trilhas e no interior da mata. encontrada nos barrancos nas margens das trilhas. Blechnul11 occidentale L., Sp. PI. 1077.1753. Blechnum imperiale (Fee & Glaziou) H. Christ in Figura 8 Schwacke, PI. Nov. Mineiras 2: 27. 1900. Plantas terrestres. Caule subereto a ereto, Basionimo: LOl11aria imperialis Fee & Glaziou in Fee, estolonifero, 5-8 mm diam., revestido no apice por Crypt. Vasco Bres. I: 21, t. 7, fig. 1. 1869. escamas lanceoladas au oblongo-Ianceoladas, Figuras 6-7 ferrugineas, 4-7 mm compr. Frondes monomorfas, Plantas terrestres. Caule ereto. subarborescente, 14-30 cm compr., 3,5-6 cm larg., eretas; peciolo 4-6 cm nao estolonifero, ca. I m altura, revestido no apice compr., ca. I mm diam., sulcado na face adaxial, pardo, por escamas linear-Ianceoladas, castanho-escuras, com escamas na base iguais as do caule; lamina 1-3 cm compr. Frondes dimorfas. 35-80 x 7-15 cm; lanceolada a delt6ide, I-pinada na base, pinatissecta frondes estereis decumbentes; peciolo da fronde a pinatifida para 0 apice, glabra, cartacea; raque esteril 1-3 x 0,2-0,3 cm, sulcado na face adaxial, pubescente a glabra; pinas proximais levemente castanho-claro a castanho-escuro na base, com reduzidas ou nao reduzidas, inteiras, oblongas ou escamas na base iguais as do caule; lamina esteril falciformes, patentes a voltadas para 0 apice da fronde, oblongo-eliptica, pinada na base e regiao mediana, sesseis au adnadas; pinas medianas delt6ides a linear­ lanceoladas, margem inteira a denticulada, costa pinatifida no apice, glabra adaxialmente, abaxialmente sulcada na face adaxial; venayao aberta, nervuras com escamas lanceoladas e margens fimbriadas, simples ou furcadas. Soros ao longo da costa; indusio castanho-claras sobre a costa, e tricomas longos e estreito. tortuosos, castanho-claros a alvos, deciduos sobre a costa e tecido laminar, coriacea; pinas proximais Material examinado: 4-VII-1939, 0. Handro S.I1. reduzidas, inteiras, auriculiformes a vestigiais, obtusas, (SP44459, SPF94506); 22-V-1947, W Hoehne 2-/39 sesseis; pinas medianas ianceoladas, 5,5-8,0 x (SPF); 9-IV-1974, JA. Correa 59 (SP); 14-V-1974, 0,6-1,2 cm, sesseis a adnadas, base com uma breve JA. Correa 54 (SP); /8-11-1975, JA. Correa 84 6 Ilochnea 31 (I). 2004

6

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II 1/" II r 1 1.scm i 3 l 5

Figuras 1-2. BlechnulII binervatulII subsp. acutulII (Prado & I'ita I 1-13./). I. Fronde estcril. 2. Detalhe das nervuras da fronde esteril. Figuras 3-5. B. brasiliense. 3. lIabito (Ilandro s.n.. SP49043). 4. Detalhe das nervuras da frondc cstcril (llandro S./l.. SP49043). 5. Detalhc da fronde tertii (Uten et al. 2083). Figuras 6-7. B. illlperiale (llal/dro s.n.. SP43072). 6. Pinas cstcreis. 7. Pinas ferteis. J. Prado: Plcrid6fitas do PEFI: Blcchnaccac 7

(SP); 9-IV-1976, JA. Correa 125 (SP); 6-X-2003, venaryao abelta, nervuras simples ou furcadas. Soros J Prado & D.M Vital 1-135 (SP). ao longo da costa; indllsio estreito e delgado.

Distribuiryao geografica: Estados Unidos, Mexico, Material examinado: 4-VII-1939, 0. Handro S.n. America Central, Antilhas, Colombia, Venezuela, (SP44460); 29-VI-1948, W Hoehne 2609 (SPF); Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Trinidad, Equador, 13-VII-1960, G Eiten & L.T Eilen 2065 (SP, US); Peru, Bolivia, Paraguai, norte da Argentina e Brasil. 14-VII-1960, G Eiten & L.T Eilen 2101 (SP, US); 14-VII-1960, G Eiten et 01. 2108B (SP, US); Alguns autores como de la Sota (1973, 1977) e 17-XI-1980, NA. Rosa & JM Pires 3787 (INPA, Proctor (1985, 1989) consideram outros taxons como SP); 2-VI-I976, JA. Correa 136 (SP); 14-XI-1977, distintos de Blechnul/1 occidentale, em niveis de s.L. Jung et 01. 201 (SP); 10-VI-2003, J Prado & especie e variedade. Entretanto, 0 reconhecimento G.B. Silva 1414 (SP); 6-X-2003, J Prado & D.M desses taxons nao foi possivel no presente estudo, dada Vital 1424 (SP); 6-X-2003, J Prado & D.M Vital a grande variabilidade morfol6gica dos caracteres 1-136 (SP). apontados pOI' esses autores como diagn6sticos. Desta forma, B. occidentale esta sendo tratado no presente Distribuiryao geografica: Mexico, America Central, trabalho no senso mais amplo possivel, uma vez que Antilhas, Colombia, Venezuela, Guiana, Guiana nao ha uma revisao moderna que trate deste complexo. Francesa, Suriname, Trinidad, Equador, Peru, Bolivia o mesmo senso para esta especie foi usado tambem Paraguai, Argentina e Brasil. pOI' Prado & Labiak (2003). Blechnum polypodioides pode ser distingUida Pode ser reconhecida pelas frondes monomorfas, das demais especies que ocon'em no PEFI pelas pinas caule estolonifero, pelas pinas proximais levemente proximais reduzidas, irregularmente triangulares a reduzidas ou nao reduzidas e costa das pinas sulcadas arredondadas e pelo indumento de tricomas adaxialmente. catenuliformes da lamina. Esta especie foi tratada pOI' Esta especie e facilmente encontrada na area de Hoehne el 01. (1941) como B. blechnoides (Lag.) estudo, crescendo sobre barrancos na margem da mata C. Chr. e ao longo das margens das trilhas. Cresce em barrancos nas margens das trilhas, juntamente com Blechnum brasiliense e Blechnul11 polypodioides Raddi, Opusc. Sci. 3: 294. B. occidentale. 1819. Sinonimo: Asplenium blechnoides Lag. ex Sw., Syn. Blechnum proliferull1 Rosenst., Hedwigia 46: 91. Fil.: 76. 1806. Blechnw/1 blechnoides (Lag. ex Sw.) 1906. C. Chr., Ind. Filic.: 151. 1905. Figuras 10-13 Figura 9 Plantas terrestres. Caule ereto, nao estolonifero, Plantas terrestres. Caule ereto, estolonifero, ca. ca. 8 cm compr., revestido no apice pOI' escamas oval­ 5 mOl diam., revestido no apice pOI' escamas lanceoladas, castanho-amareladas, margens curto­ lanceoladas a oblongo-Ianceoladas, castanho-c1aras a ciliadas, 1,0-2,0 cm compr. Frondes dimorfas, 35-1 00 castanho-escuras, 2-4 mOl com pl'. Frondes x 7-20 cm; frondes estereis decumbentes; peciolo da monomorfas, 9-55 x 1,8-8,0 Col, eretas; peciolo 1-18 fronde esteril 25-30 x 0,4-0,5 cm, sulcado na face x ca. 0, I Col, sulcado na face adaxial, castanho-claro, adaxial, castanho-escuro a castanho-avermelhado, com escamas na base, iguais as do caule; lamina com escamas adpressas, iguais as do caule, com eliptica, I-pinada na base, pinatissecta a pinatifida para espinhos uncinados, esparsos na base, 0,3-0,5 cm o apice, glabra ou com diminutos tricomas compr.; lamina esteril delt6ide-eliptica, pinada, glabra catenuliformes abaxialmente e estes sobre as nervuras adaxialmente, abaxialmente com escamas semelhantes e sobre 0 tecido laminar, cartacea; raque sulcada as do peciolo, deciduas sobre a costa e tecido laminar, adaxialmente e com diminutos tricomas catenuliformes subcoriacea a coriacea; pinas proximais nao reduzidas, em ambas as faces; pinas proximais gradualmente sesseis a adnadas; raque sulcada na face adaxial, com reduzidas, inteiras, irregularmente triangulares a escamas iguais as do peciolo, com gemas no lado arredondadas, auriculadas, sesseis ou adnadas; pinas adaxial, principalmente na base das pinas medianas e med ianas Iinear-oblongas, margem inteira a distais; pinas medianas lanceoladas, 8,0-11,0 x denticulada, costa nao sulcada na face adaxial; 2,0-2,5 cm, sesseis a adnadas, base com uma breve 8 Hoehnea 3\ (\), 2004 auricula no lado basisc6pico, apice agudo, margens escuras, 3-4 mm compr. Frondes monomorfas, com serrulada; costa levemente sulcada na face adaxial e crescimento indeterminado; peciolo paleaceo; lamina com escamas, semelhantes as do peciolo e raque; pina 2-pinada, cal1acea a subcoriacea, tecido laminar glabro apical semelhante as medianas e distais; peciolo da em ambas as faces; raque muito longa, escandente, fronde fertil 35-40 x 0,4-0,5 cm, sulcado na face paleacea, 5-8 mm diam, com escamas castanhas e adaxial, castanho-escuro a castanho-avermelhado, tricomas articulados, castanhos, esparsos; pinas com escamas adpressas iguais as do caule; lamina I-pinadas, 2-8 pares de pinulas, 15-55 cm compr.; fertil oblongo-elipitica, pinada; pinas proximais nao pinulas inteiras, elipticas, alternas a subopostas, reduzidas, pinas lineares, 4,5-11 ,0 x 0,3-0,4 cm; raque pecioluladas, 13-20 x 1-4 cm, base arredondada, semelhante a da lamina esteril; pina apical semelhante levemente inequilateral, apice caudado a cuspidado, as demais; venayao aberta, nervuras simples ou as vezes acuminado, margens paleaceas e furcadas. Soros ao longo de ambos os lados da costa; cartilaginosas, inteira a serreada no apice; costa indusio estreito, com as margens laceradas. sulcada adaxialmente e com escamas castanhas esparsas, abaxialmente com escamas castanhas Material examinado: 8-X-1945, W Hoehne 1882 (F, esparsas; raquiola semelhante a raque na forma e K, SJRP, SPF); X-1970, 0. Handro 2151 (SPF). indumento; venayao aberta, nervuras simples ou Distribuiyao geogrMica: Costa Rica, Panama, Bolivia furcadas, paralelas entre si. Soros alongados, e Brasil. justapostos a costa; indusio inteiro a lacerado; Trata-se de uma especie com distribuiyao disjunta, esporangios persistentes. com registros de coleta na Mesoamerica e na Bolivia Material examinado: 10-VIII-1948, W Hoehne e Brasil (Moran 1995b). Euma especie mal conhecida 2645 (SPF); 6-X-2003, J. Prado & D.M Vital ao longo de sua area de ocorrencia, principalmente 1441 (SP). na America do SuI. Cresce nas margens de riachos, em solos encharcados. Difere, das demais especies D istri bu iyao geogrHica: America Central, que ocorrem no PEFI, pelas frondes dimorfas e com Pequenas Antilhas, Colombia, Venezuela, Guiana, a raque da fronde esteril com gemas no teryo superior, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolivia, Paraguai no lado adaxial. Os espinhos uncinados na base dos e Brasil. peciolos tambem e uma caracteristica bastante Esta especie pode ser reconhecida pelo habito peculiar desta especie. escandente, pelas margens das pinulas paleaceas e cartilaginosas, apice caudado a cuspidado, as vezes Salpichlaena Hook. acuminado e pelas pinulas ferteis com 1-4 cm de Plantas terrestres e trepadeiras. Caule longo­ largura. A especie mais semelhante e Salpichlaena reptante a curto-reptante, com escamas; frondes hookeriana (Kuntze) Alston, que difere pOl' possuir escandentes, monomorfas ou dimorfas (a esteril com as pinulas ferteis estreitas, variando de 0,3-0,5 cm de segmentos mais estreitos); lamina 2-pinada, largura e os esporangios deciduos. Esta (dtima especie imparipinada; pinas alternas, imparipinadas, glabras; ocon'e na regiao norte do Brasil e Peru, em vegetayao nervuras simples ou furcadas, conectadas na margem amazonica. da lamina por uma nervura coletora. Soros alongados, Salpichlaena volubilis cresce no interior da em ambos os lados da nervura principal sobre uma mata, em locais protegidos e sombreados. comissura; indllsio presente, partindo-se em fragmentos Desenvolve-se inicialmente como uma planta terrestre irregulares. e depois assume 0 habito de trepadeira. Foi considerada pOl' Hoehne et af. (1941) no genero Blechnul11. Salpichlaena volubilis (Kaulf.) J. Sm. in Hook. & Baker, Gen. Fil. t. 93. 184l. Agradecimentos Basionimo: Blechnul11 volubile Kaulf., Enum. Filic.: 159. 1824. Ao Daniel M. Vital pelo auxilio e companheirismo Figuras 14-15 no trabalho de campo e ao CNPq pela Boisa de Caule 10 go-reptante, ca. 5 mm diam., com Produtividade em Pesquisa e auxilio concedidos escamas lanceoladas, castanho-claras a castanho- (processo 300843/93-3). J. Prado: Pterid6fitas do PEFI: Blechnaceae 9

1.5 cm[

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8

Figura 8. Blechnlllll occiden/ale (Prado & l'i/al 1./35). Habito. Figura 9. B. polypodioides (Prado & l'i/al I -I I-I). Habito. Figuras 10-13. B. prolijerlllli (If! Hoe/me 1882). 10. Base do peciolo com espinhos. II. Pina esteril. 12. Detalhe da raque da fronde esteril com gcmas no Iado adaxial. 13. Pinas fcrteis. Figuras 14-15. Salpichlaena volubi/is (Prado & 1'ital /-1-1/). 14. Delalhe da pinuia eSlcri I. 15. Dctalhe da pinula tertiI. 10 lIoehnea 31 (I), 2004

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