I UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES MÚSICA INSTRUMENTAL E INDÚSTRIA FONOGRÁFICA NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DO SELO SOM DA GENTE DANIEL GUSTAVO MINGOTTI MULLER CAMPINAS 2005 i UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ARTES Mestrado em Música MÚSICA INSTRUMENTAL E INDÚSTRIA FONOGRÁFICA NO BRASIL: A EXPERIÊNCIA DO SELO SOM DA GENTE DANIEL GUSTAVO MINGOTTI MULLER Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Música do Instituto de Artes da UNICAMP, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Música, sob a orientação do Prof. Dr. José Roberto Zan. CAMPINAS 2005 iii FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UNICAMP Muller, Daniel Gustavo Mingotti. M912m Música instrumental e indústria fonográfica no Brasil : a experiência do selo Som da Gente / Daniel Gustavo Mingotti Muller. -- Campinas, SP: [s.n.], 2005. Orientador: José Roberto Zan. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. 1. Música popular. 2. Música instrumental. 3. Indústria cultural. I. Zan, José Roberto. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. III. Título. Palavras-chave em inglês (Keywords): Popular music. Instrumental music. Cultural industries. Área de concentração: Música. Titulação: Mestre em música. Banca examinadora: José Roberto Zan, Claudiney Carrasco, Eduardo Vicente. Data da defesa: 25/02/2005. iv À FAPESP, pelo financiamento desta pesquisa através de bolsa concedida entre outubro de 2002 e setembro de 2004 Ao José Roberto Zan, pela generosidade e pela orientação cuidadosa À minha família, pela confiança e apoio irrestritos Aos amigos que me emprestaram seus discos Som da Gente A todos que já escreveram reflexões sobre música popular e, em especial, aos que autores que serviram de referência para este trabalho v RESUMO O selo Som da Gente, ativo entre os anos de 1981 e 1992, foi criado e gerenciado pelo casal de compositores Walter Santos e Teresa Souza. A empresa produziu, ao todo, 46 discos exclusivamente instrumentais, que representam uma parte bastante significativa dos lançamentos daquele segmento, no período. A partir de um amplo levantamento bibliográfico e da realização de entrevistas com músicos e profissionais envolvidos na história do selo, procurou-se construir um extenso panorama da sua atuação, desde a escolha do cast até a divulgação e distribuição dos discos, no Brasil e no exterior, passando pela relação que se estabeleceu entre os artistas e os empresários. Analisando esses dados e incorporando-os em uma interpretação daquele momento específico do mercado fonográfico brasileiro, este trabalho pôde verificar o comportamento do selo num período de transição da estrutura de organização global desse mercado, no sentido da adoção de um sistema aberto de produção, em que a relação entre pequenas e grandes gravadoras tende a migrar de um cenário onde predomina a atuação autônoma – a chamada produção independente – para um cenário onde o predomínio é de uma atuação complementar entre elas – as pequenas gravadoras produzindo estreitamente vinculadas às grandes. vii ÍNDICE INTRODUÇÃO..................................................................................................13 PARTE I – CONTEXTUALIZAÇÃO CAPÍTULO 1. Indústria Fonográfica 1.1. A racionalização do processo produtivo e a consolidação do mercado fonográfico no Brasil...............................................19 1.2. Produção independente...................................................................28 1.2.1. Histórico................................................................................29 1.2.1.1. Lira Paulistana..................................................34 1.2.2. A produção independente e as majors: autonomia e complementaridade 1.2.2.1. Sistema aberto..................................................37 1.2.2.2. Orientações estética e/ou econômica ..............43 CAPÍTULO 2. Música Instrumental 2.1. A retomada da música improvisada...............................................47 2.2. Revalorização do choro..................................................................52 2.3. Festivais de jazz de 1978 e 1980....................................................58 2.4. Novas tendências na música instrumental......................................63 2.4.1. Egberto Gismonti...................................................................64 2.4.2. Hermeto Pascoal....................................................................66 2.5. O mercado de música instrumental na virada da década................69 ix PARTE II – O SELO SOM DA GENTE CAPÍTULO 1. Surgimento do Selo Som da Gente 1.1. A história dos seus fundadores........................................................71 1.2. A fundação do selo e seu primeiro ano de atuação.........................76 CAPÍTULO 2. Características Gerais da Atuação 2.1. Produção 2.1.1. Estúdio....................................................................................81 2.1.2. Como se definia o cast 2.1.2.1. Seleção...............................................................82 2.1.2.2. Perfil estilístico..................................................86 2.1.3. Gerenciamento das gravações.................................................92 2.1.4. Produção gráfica dos discos....................................................97 2.2. Comercialização 2.2.1. Divulgação..............................................................................98 2.2.2. Distribuição...........................................................................107 2.2.3. Exportação e licenciamentos de fonogramas........................109 2.3. Finanças 2.3.1 Contratos empresa/artista.......................................................112 2.3.2 Direitos autorais.....................................................................115 2.3.3 A publicidade e o banco Bamerindus....................................116 x CAPÍTULO 3. A Trajetória do Selo 3.1. A construção do catálogo................................................................121 3.2. Valores............................................................................................131 3.3. Alguns destaques na sua trajetória 3.3.1. Selo Somda e outros discos....................................................135 3.3.2. Free Jazz Festival...................................................................136 3.3.3. Hermeto Pascoal.....................................................................137 3.3.4. Town Hall, Nova Iorque.........................................................139 CAPÍTULO 4. Desativação.......................................................................145 4.1. A transição LP-CD..........................................................................147 4.2. Conflitos entre os empresários e os artistas.....................................150 4.2.1. Lançamento de discos no exterior .........................................151 4.2.2. Acerto de contas.....................................................................151 4.2.3. Desestímulo............................................................................154 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................157 ANEXO – CATÁLOGO SOM DA GENTE............................................................163 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................191 xi INTRODUÇÃO O selo Som da Gente, criado e gerenciado pelo casal de compositores Walter Santos e Teresa Souza, lançou uma parte bastante significativa dos discos de música instrumental brasileira no período em que atuou, entre 1981 e os primeiros anos 90. Foram 46 álbuns de músicos importantes como por exemplo Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte, Alemão, grupos D’Alma, Medusa e Cama de Gato. Nesta pesquisa, focamos a experiência de produção fonográfica desempenhada por esta pequena gravadora1 e investigamos o contexto histórico e social onde se desenrolaram suas ações. Especificamente, procuramos analisar a sua trajetória, documentando a experiência dos profissionais que se envolveram com a empresa e, dessa forma, atuaram no mercado fonográfico, no segmento da música instrumental, de sua origem ao momento da sua desativação. Esforçamos-nos, especialmente, em inserir a experiência do Som da Gente no contexto geral da indústria fonográfica brasileira das décadas de 70, 80 e primeiros 90, analisando o comportamento do selo num período de transição da estrutura de organização global desse mercado, em que a relação entre pequenas gravadoras (indies) e grandes (majors) migra de um cenário onde predomina a atuação autônoma – a chamada produção independente – para um cenário onde o predomínio é de uma atuação complementar entre elas – as indies passam a produzir estreitamente 1 Para Oliveira & Lopes, selos são nada mais que gravadoras de estrutura pequena. O que distingue os selos das gravadoras tradicionais, além da dimensão, é a tendência de os selos se voltarem para gêneros musicais específicos. Além disso, em geral, selos são empreendimentos dirigidos por indivíduos que acumulam diversas funções na estrutura da empresa e que, ao mesmo tempo, são grandes conhecedores e aficionados pelo tipo de música que produzem. OLIVEIRA, M. C. & LOPES, R. C. Manual de produção de CDs e fitas demo. Rio de Janeiro: Gryphus, 1997: 30, 31. A acepção que fazemos nesta pesquisa da palavra selo é plenamente compatível com a descrita acima. Há outro emprego possível: subdivisões de uma grande gravadora ou pequenas empresas fonográficas subsidiárias