Hiper-Real(Ismo) Milenar: O Cinema Ciborgue À Beira Do Ano 2000
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Francisco Ricardo Cipriano Silveira Hiper-Real(ismo) Milenar: o cinema ciborgue à beira do ano 2000 Dissertação de Mestrado em Estudos Artísticos, orientada pelo Doutor Manuel Portela, apresentada ao Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2017 * A presente dissertação segue as normas do acordo ortográfico de 1973. Imagem de capa: fotograma do filme The Thirteenth Floor (Josef Rusnak; 1999). * A presente dissertação segue as normas do acordo ortográfico de 1973. Faculdade de Letras Hiper-Real(ismo) Milenar: o cinema ciborgue à beira do ano 2000 Ficha Técnica: Tipo de trabalho Dissertação de Mestrado Título Hiper-Real(ismo) Milenar: o cinema ciborgue à beira do ano 2000 Autor Francisco Ricardo Cipriano Silveira Orientador Manuel José de Freitas Portela Júri Presidente: Doutor Sérgio Emanuel Dias Branco Vogais: 1. Doutora Elsa Margarida da Silva Rodrigues (Arguente) 2. Doutor Manuel José de Freitas Portela (Orientador) Identificação do Curso 2º Ciclo em Estudos Artísticos Área científica Artes Data da defesa 12-10-2017 Classificação 19 valores Agradecimentos À Teresa, triplamente (como se isso chegasse...): - Por se confundir com o sentido de todas as coisas; - Porque é impossível não desejar o mundo a quem a ele nos eleva; - Por ser a espinha dorsal que eu já não tenho de há seis sete idosos meses para cá. Aos meus pais por sempre me darem a liberdade de ser quem sou e o que quis ser. Sem eles, incondicionais, os meus cinco anos académicos seriam mais um ponto por riscar em mil listas de mil coisas por fazer. Sem eles, estabilidade e responsabilidade, seria no máximo manicómio ambulante de uma formiga adulta esmagada pelo meu querido panda crónico infantil afogado no seu leite com bolachas. À minha mãe, em particular, pelas imensas chamadas telefónicas em que soube amortecer o melodrama adolescente que sempre vivi por dentro até já não ter idade para o viver por fora... ou noutro hipotético lado qualquer. Ao meu irmão por ser a minha maior influência até aos dezasseis, pois a ele devo as primeiras incursões artísticas, os primeiros derretimentos cinematográficos. Daí a uma jorrada de conexões transcendentais foi um momento e, sempre que mais precisei, aguentei-me nos braços de letras, sons e imagens relacionáveis. Ao João Fazendeiro pela minha única amizade humana digna do termo durante o auge passional do secundário e até à (in)finitude. Quando a nossa angústia fundamental se juntava em conversas e planeava planos de não “falharmos a vida”, eu podia subitamente respirar incrível: expirava apertura, inspirava abertura. Como no nosso Manifesto, para mim ainda “somos duas luzes à procura de claridade no silêncio frio e nocturno do parque”. Ao Professor Manuel Portela por aceitar o convite para me orientar e pela orientação em si. Tal como “temia” pelas suas excelentes aulas durante a licenciatura em Estudos Artísticos (Introdução aos Novos Média; Arte e Multimédia), os seus métodos favoreceram e muito o valor desta dissertação: desde a bibliografia, cuja leitura me afastou de regurgitar trabalhos feitos e me aproximou de os usar como alicerces dos meus argumentos; à calendarização, porque a entrega por partes fez frente à minha indisciplina mental e aos meus acessos perfeccionistas; aos conselhos, como o de repensar conceitos através dos objectos artísticos e não os subjugar a meras ilustrações teóricas; às correcções, que atravessaram os erros linguísticos, a formatação, pontas soltas argumentativas, ideias obscuras por aclarar e sugestões de desenvolvimento de outras. Ao Professor Sérgio Dias Branco, porque o trabalho de seminário, embrião desta dissertação, que desenvolvi na unidade curricular de Teoria do Cinema nasceu dos conteúdos aí 4 abordados. E também por, ausente de preconceitos elitistas, me ajudar a expandir a noção de cinema ao longo do meu percurso universitário. Aliás, aos vários óptimos professores com que me cruzei e a todos os que permitiram a criação e a continuidade de um curso como o de Estudos Artísticos. Meros dois anos depois do fim, os meus tempos de licenciatura já ganharam contornos mitológicos: os filmes, as canções ou os poemas, quais melhores amigos que nunca tive a crescerem comigo por tudo o que aprendi naquelas salas de aula... A capacidade de falar deles e com eles, perder-me sobejamente nas razões posteriores de existir de outros seres humanos, sentir-me a tornar-me mais uma dessas razões... E depois a indissociabilidade do lado de fora da faculdade, tudo à volta dos meus derradeiros empolgantes Setembros adolescentes, cada um dos últimos relógios de areia que separou o querer infinito (aventura...) do ser finito (sepultura.). 23?! 24?! Obrigado querido universo indiferente, pelo adeus à sensação de crescer sem envelhecer... 2017?! Bolas se não estou já a viver a ficção científica da minha infância... Não fosse utopia, distopia adulta, construía uma máquina ao tempo só para que ele pudesse voltar para mim... 5 Resumo Título: Hiper-Real(ismo) Milenar: o cinema ciborgue à beira do ano 2000 Entre 1998 e 1999, cinco filmes de ficção científica oriundos da América do Norte - Dark City, The Truman Show, eXistenZ, The Matrix e The Thirteenth Floor - denotaram uma unidade estético-temática que reclama uma conceptualização e uma análise à luz retrospectiva dos olhos de hoje. Através da formulação “hiper-real(ismo) milenar” para efectivar essa constelação artística, numa oscilação entre teoria e análise, procura-se aqui explorar os imensos pontos de contacto que convertem as cinco obras num quinteto. “Hiper-real(ismo)”, desde logo porque, tal como na corrente artística homónima pinturas e esculturas de alta resolução (muitas vezes através de computadores e subjacente digitalidade) parecem ter referente real (conforme uma fotografia analógica), estes filmes jogam com simulações da realidade dentro da narrativa. “Milenar”, porquanto a passagem de 1999 para 2000 situa as fitas numa época de paranóia, profecias apocalípticas (da informática à religião e à ecologia) associadas à mudança de milénio. No hiper-real(ismo) milenar, arauto de um “cinema ciborgue”, a nostalgia do rolo de celulóide e a emergência do digital coexistem numa imagem compósita, quer na produção, quer explícita ou implicitamente na narrativa. Por conseguinte, as cinco obras em consideração alicerçam-se em dimensões nunca menos que duplas, regressam a passados cinematográficos nervosos como o expressionismo alemão dos anos 20 de Weimar e o film noir americano dos anos 40/50 persecutórios do comunismo. Fazem-no num limbo futurofóbico, entre o escapismo que condena tudo a uma profecia auto-realizável e a resistência que penetra no medo pelo qual recusa ser determinada. É essa (in)consciência histórica, passando pelas noções de hiper-realidade de Jean Baudrillard e Umberto Eco e pelo surgimento do processador de texto, que importa também desenvolver. Sob vários ângulos e temas, um conjunto de falsas disjunções (... ou antonímias sinonímicas?) serve de instrumento para orbitar à volta dos cinco filmes. Palavras-chave: Dark City; The Truman Show; eXistenZ; The Matrix; The Thirteenth Floor; Hiper-Realismo; Simulacro; Cinema Ciborgue; Imagem Digital. 6 Abstract Title: Millennial Hyper-Real(ism): cyborg cinema on the brink of the year 2000 Between 1998 and 1999, five science fiction films from North America - Dark City, The Truman Show, eXistenZ, The Matrix and The Thirteenth Floor - denoted an aesthetic-thematic unity that calls for a conceptualization and analysis in the retrospective light of today’s eyes. Through the “millennial hyper-real(ism)” formulation created to produce this artistic constellation, oscillating between theory and analysis, this dissertation explores the numerous points of contact that convert those five works into a quintet. “Hyper-real(ism)”, because, as in the art movement of the same name in which high-resolution paintings and sculptures (often through computers and underlying digitality) seem to have a real referent (as in analog photography), these movies play with simulations of reality within the narrative. “Millennial”, since the passage from 1999 to 2000 places those feature films in a time of paranoia, apocalyptic prophecies (from informatics to religion and ecology) associated with the millennium shift. In millennial hyper-real(ism), herald of a “cyborg cinema”, the nostalgia of the celluloid roll and the emergence of the digital coexist in a composite image, both in production and explicitly or implicitly in the narrative. Therefore, the five motion pictures under consideration are based on never less than double dimensions, returning to nervous cinematographic pasts such as the German expressionism of Weimar’s ’20s and the American film noir of the ’40s/’50s communism persecution. They do it in a futurephobic limbo, swinging between an escapism that condemns everything to a self-fulfilling prophecy and a resistance that penetrates the fear by which it refuses to be determined. This historical (un)consciousness, as well as the notions of hyper-reality by Jean Baudrillard and Umberto Eco, and the arrival of the word processor, are also of utter importance. Under various angles and themes, a set of false disjunctions (... or synonymous antonymies?) serves as a tool to orbit around the five films. Keywords: Dark City; The Truman Show; eXistenZ; The Matrix; The Thirteenth Floor; Hyper-Realism; Simulacrum; Cyborg Cinema; Digital Image. 7 Índice 1. Introdução ou 31 de Dezembro? ..........................................................................................