Caroline Peres Martins Memória, História E Trauma

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Caroline Peres Martins Memória, História E Trauma UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM CAROLINE PERES MARTINS MEMÓRIA, HISTÓRIA E TRAUMA: O PERCURSO DO MEMORIALISTA EM FELIZ ANO VELHO (1982) E AINDA ESTOU AQUI (2015), DE MARCELO RUBENS PAIVA CAMPINAS 2021 CAROLINE PERES MARTINS MEMÓRIA, HISTÓRIA E TRAUMA: O PERCURSO DO MEMORIALISTA EM FELIZ ANO VELHO (1982) E AINDA ESTOU AQUI (2015), DE MARCELO RUBENS PAIVA Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestra em Teoria e História Literária na área de Teoria e Crítica Literária. Orientadora: Profa. Dra. Daniela Birman ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA POR CAROLINE PERES MARTINS, ORIENTADA PELA PROFA. DRA DANIELA BIRMAN. CAMPINAS 2021 Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Estudos da Linguagem Leandro dos Santos Nascimento - CRB 8/8343 Martins, Caroline Peres, 1996- M366m MarMemória, trauma e história : percursos do memorialista em Feliz ano velho (1982) e Ainda estou aqui (2015), de Marcelo Rubens Paiva / Caroline Peres Martins. – Campinas, SP : [s.n.], 2021. MarOrientador: Daniela Birman. MarDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. Mar1. Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Feliz ano velho. 2. Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Ainda estou aqui. 3. Memória coletiva. 4. Trauma psíquico. 5. Ditadura. I. Birman, Daniela, 1974-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Memory, trauma and history: : the journeys in Feliz ano velho (1982) and Ainda estou aqui (2015), by Marcelo Rubens Paiva Palavras-chave em inglês: Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Feliz ano velho Paiva, Marcelo Rubens, 1959-. Ainda estou aqui Collective memory Psychic trauma Dictatorship Área de concentração: Teoria e Crítica Literária Titulação: Mestra em Teoria e História Literária Banca examinadora: Daniela Birman Francisco Foot Hardman Milena Mulatti Magri Data de defesa: 29-01-2021 Programa de Pós-Graduação: Teoria e História Literária Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a) - ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0003-1352-3698 - Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7757204541779702 Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) BANCA EXAMINADORA: Daniela Birman Francisco Foot Hardman Milena Mulatti Magri IEL/UNICAMP 2021 Ata da defesa, assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na Secretaria de Pós Graduação do IEL. DEDICATÓRIA Às vítimas: desaparecidas no passado e no presente. AGRADECIMENTOS À professora Dra. Daniela Birman, que me abriu as portas da Unicamp. Suas orientações resultaram na construção desta dissertação; Aos professores doutores Alfredo Cesar Barbosa Neto e Francisco Foot Hardman, pelas importantes contribuições a esta pesquisa. E à pesquisadora Dra. Milena Mulatti Magri. Aos servidores da Unicamp; Ao professor e escritor Dr. Weslei Roberto Candido, responsável por me inserir nas discussões sobre memória; Ao escritor Marcelo Rubens Paiva, que, além de dividir suas memórias, respondeu a muitas das minhas indagações; À minha mãe, Valdirene, por ter zelado pela manutenção dos meus estudos, desde o princípio. Obrigada, pelo incentivo. E ao meu pai, Marcos; Ao meu irmão, Pedro, por dedicar seu tempo a tudo o que é importante para mim. À minha irmã, Ana, e à sua alegria; Aos meus avós, Manuel e Tereza. Espero ter aproveitado aquilo que lhes foi negado: a educação; Aos meus pais campineiros: Helena e Carlos; Aos Praxedes: Rosângela e Walter, cujas conversas cotidianas foram grandes aprendizados; Aos apegos que nem o tempo ou a distância alteram: Camila, Junia, Pedro Bianchini, Ju Romano, Nathália e Júlia Martelli; Aos encontros propiciados pela Unicamp, especialmente ao Thiago; Pilar Bu, levarei seus versos comigo; Adriana e Mell Ferraz; À Fernanda Scheluchuak, agradeço por compartilhar, da Unesp, essa trajetória comigo; Ao Anthony, sua poesia me inspira; Ao jornalista Camilo Vannuchi e ao historiador José Victor Lara; Aos meus alunos do IFPR- Campus Avançado de Goioerê; À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela outorga do processo nº 2018/17192-3, concedendo o apoio financeiro integral e tão necessário para que esta dissertação pudesse ser devidamente desenvolvida. E, por fim, aos brasileiros que defendem a democracia e o acesso à educação pública. RESUMO Esta dissertação tece uma análise comparativa entre os livros de memória Feliz ano velho (1982) e Ainda estou aqui (2015), ambos de Marcelo Rubens Paiva. Embora tenham sido publicados com um intervalo temporal de mais de trinta anos, especula-se que eles podem ser lidos como uma duologia de memórias individuais e familiares dos Paiva, sobretudo no que toca ao desaparecimento de Rubens Paiva. Sequestrado pela Aeronáutica em 1971, seu “sumiço” foi abordado pelo filho-escritor desde sua estreia literária, como pano de fundo, já que sua autobiografia, Feliz ano velho, focaliza o acidente que o deixou tetraplégico. Ainda que não possa ser considerada uma obra de oposição, caso se estude suas circunstâncias de lançamento e sua primeira recepção, ela retrata o desamparo das vítimas indiretas do regime militar brasileiro (1964-1985) e, nesse sentido, pode ser colocada ao lado das demais narrativas do período. Por ser um trauma de difícil elaboração, o desaparecimento do seu pai acaba por retornar à produção do autor com Ainda estou aqui, publicado no ano seguinte à finalização dos trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (2012-2014) e à denúncia do Ministério Público contra cinco ex- militares, envolvidos no caso Rubens Paiva, iniciativas que embasam seu discurso memorialista. Apesar disso, elas não conseguiram trazer o principal: a justiça (por meio do julgamento e da punição dos responsáveis pelos crimes cometidos) e a localização do corpo do ex-deputado. Impulsionado tanto pela perda das lembranças da mãe (acometida pelo Alzheimer) quanto pelo apagamento da memória da sociedade brasileira (sintomático no pedido saudosista de retorno à ditadura, identificado em manifestações públicas desde 2013), Paiva decide narrar o embate de sua família, e em especial de sua mãe, pelo esclarecimento da verdade sobre o assassinato do parlamentar. Com o esquecimento coletivo dos horrores do regime, ele lembra, prosseguem os apologismos à ditadura, a prática da tortura e os desaparecimentos forçados, que avançam em nosso presente. Palavras-chave: Memória coletiva; Trauma psíquico; Ditadura; Marcelo Rubens Paiva; Feliz ano velho; Ainda estou aqui. ABSTRACT This dissertation analyses comparatively the books of memory Feliz Ano Velho (1982) and Ainda Estou Aqui (2015), both written by Marcelo Rubens Paiva. Although the second one was written thirty years after the fist one, it is speculated that they can be read as a duology about Paiva's individual and family memories, especially with regard to the disappearance of Rubens Paiva. Kidnapped by the Air Force in 1971, his "disappearance" was approached by the son-writer since his literary debut; but as a background, due to the fact that his autobiography, Feliz Ano Velho, focuses on the accident which left him quadriplegic. Even though it cannot be considered an opposition book, when the circumstances of the launch and its first reception are considered; it portraits the helplessness of the indirect victims of the Brazilian Military Regime (1964-1985), therefore it can be placed alongside the other narratives of the period. As it is a difficult trauma to elaborate, his father's disappearance returns to the authors's production, as in the case of Ainda Estou Aqui, published in the following year relative to the conclusion of the works of the National Truth Commission (2012-2014) and the complaint of the Public Prosecutor's Office against five soldiers, involved in the Rubens Paiva case, initiaves that support the memorialist speech. Despite this, they failed in the main point: doing justice (through trial and punishment of the responsibles for the crimes committed) and the localization of the ex-deputy's body. Driven both by the loss of his mother's memory (affected by Alzheimer's disease) and the erasure of the Brazilian society's memory (explicit in nostalgic clamors for a return to the dictatorship, identified in public protests since 2013), Paiva decided to narrate the struggle of his family, especially of his mother, for clarifying the truth about the murder of a congressman. With the forgetfullness of the horrors of the regime, he reminds, the apologism to the dictatorship, the practice of torture and the forced disappearance continue, in our present. Keywords: Collective memory; Psychic trauma; Dictatorship; Marcelo Rubens Paiva; Feliz ano velho; Ainda estou aqui. RESUMEN Esta disertación tiene por objeto presentar un análisis comparativo entre los libros de memoria: Feliz ano velho (1982) y Ainda estou aqui (2015); ambos de Marcelo Rubens Paiva. Aunque publicados con un intervalo superior a treinta años, se especula que pueden ser leídos como una duología. Ellas recogen tanto recuerdos individuales como familiares referidos especialmente a la desaparición de su padre, Rubens Paiva, secuestrado en 1971 por la Fuerza Aérea brasileña. A pesar de que en su autobiografía — Feliz ano velho — se dedica, más que nada, a relatar el accidente que lo dejó tetrapléjico; es dicha “desaparición” la que ha sido telón de fondo en su propuesta
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