As Relações Pós-Coloniais No Discurso Parlamentar Português
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inferno As relações pós-coloniais no discurso parlamentar português (1976- 1980) António Pedro dos Santos Teixeira Dissertação de Mestrado em História Contemporânea Dezembro, 2017 Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em História Contemporânea, realizada sob a orientação científica do Prof. Doutor Pedro Aires Oliveira*. * Versão Corrigida e Melhorada após Defesa Pública a 6 de Abril de 2018. O Júri, composto por Paulo Jorge Fernandes (Presidente), Cláudia Toriz Ramos (Arguente) e Pedro Aires Oliveira (Orientador) atribuiu a classificação final de 18 valores por unanimidade. ii “Nascer pequeno, e morrer grande, é chegar a ser homem. Por isso nos deu Deus tão pouca terra para o nascimento, e tantas terras para a sepultura. Para nascer, pouca terra: para morrer, toda a terra: para nascer, Portugal: para morrer, o mundo.” Padre António Vieira, Sermão de Santo António, 1670. “E eu te digo que nada estava ainda escrito, porque é novo e fugaz e invenção de cada hora o que nos vibra nos ossos e nos escorre de suor quando se ergue à nossa face.” Vergílio Ferreira, Aparição, 1959. iii Agradecimentos Também esta Dissertação não estava ainda escrita. O produto final resulta muito menos de um percurso linear e certo do que do inesperado e da ventura que compõem a essência do trilho da vida. Além do possível interesse do tema e do esforço confesso do autor, este trabalho muito deve ao contexto de ambos. Não posso deixar de agradecer ao Prof. Doutor Pedro Aires Oliveira que generosamente orientou a Dissertação. Sem a confiança que sempre depositou em mim e a resiliência que sempre me inculcou, a tese não estava ainda escrita. Agradeço também aos meus restantes docentes do Mestrado de História Contemporânea, os Prof.s Doutores Luís Espinha da Silveira, Pedro Tavares de Almeida, Maria Fernanda Rollo, José Neves e Maria Inês Queiroz. A todos agradeço o interesse e a utilidade das temáticas exploradas nas respectivas cadeiras, o acompanhamento pedagógico dos trabalhos realizados e a preocupação constante em promover o sentido crítico na investigação científica. Também agradeço a todos os meus colegas que, inadvertida ou intencionalmente, me foram sugerindo e indiciando pistas de investigação ou referências relevantes, confrontando os incontornáveis momentos de clausura na investigação historiográfica com a vivência de uma angústia colectiva, fraterna e solidária. Estendo ainda este agradecimento aos serviços académicos da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas que procuraram ser sempre úteis e prestativos ao longo deste ciclo de estudos. Agradeço também a solicitude e disponibilidade dos funcionários dos serviços de documentação, em particular, os Dr.s Pina Falcão e Patrícia Diniz no Arquivo Histórico da Presidência da República; as Dr.as Manuela Magalhães e Marina Figueiredo no Arquivo Histórico-Parlamentar; e o Dr. Luís Sá na Biblioteca Nacional de Portugal. Devo também um especial agradecimento à Prof.a Doutora Paula Ochôa pelo exemplo de pedagogia e compreensão e também pela preocupação maternal que sempre me dispensou. Agradeço também à Sofia Néo e ao João Cerdeirinha pela compreensão demonstrada face às múltiplas exigências deste trabalho. Agradeço especialmente aos que me são mais próximos. À Joana Correia Pais, ao António Camacho e ao João Vasconcelos Simão, pelo auxílio e pelo ânimo durante toda esta saga, desde o café matinal até ao digestivo nocturno. Ao Sérgio Tenreiro Gomes, pelo apoio decisivo; mas também pela amizade e disponibilidade inexcedíveis. À Ana Leite, por todo o amparo e pelo interesse demonstrado por este tema. Ao André Pita, vítima preferencial de todas as angústias do processo, pela paciência acolhedora a cada passo do quotidiano. À Daniela Major, pela sua bondade inenarrável e pelo seu sentido crítico aguçado; e que tendo lido e comentado a Dissertação de fio a pavio, merecia ser agraciada com um grau honoris causa. À Cátia Tuna, pelo afecto, entre palavras e silêncios, pelo exemplo de força, coragem e resiliência face às intempéries da vida; mas também pelo exemplo inesquecível de Humanidade. Agradeço, a título derradeiro, aos meus pais, António Estrela Teixeira e Sofia Loureiro dos Santos, a quem devo tudo o que de importante aprendi e pude ter na vida. Por encontrá-los em todos os espelhos em que me entrevejo. Também sem que nada estivesse ainda escrito. Por nunca terem desistido de mim. iv Resumo As relações pós-coloniais no discurso parlamentar português (1976-1980) António Pedro dos Santos Teixeira PALAVRAS-CHAVE: Discurso parlamentar; Democracia portuguesa; Europa; África; descolonização; identidade pós-colonial. Esta investigação pretende estudar as relações pós-coloniais no discurso parlamentar português (1976-1980) através de sessões plenárias. Atendemos à natureza democrática e constitucional do Parlamento eleito, à sua competência política e legislativa e representatividade popular para compreender o relacionamento com outras entidades. Concebemos este discurso político como um produto do debate entre os partidos políticos, confrontando as suas semelhanças e divergências. O pós-colonialismo é assumido neste trabalho no seu sentido histórico. Quanto ao significado identitário deste termo, questionamos as rupturas e continuidades no discurso parlamentar como consequência da perda do Império, dos efeitos da descolonização e da configuração da identidade nacional. A caracterização das relações pós-coloniais depende deste período cronológico pós- revolucionário, da natureza do regime semipresidencial, das dinâmicas de relacionamento entre Órgãos de Soberania, da singularidade deste primeiro Parlamento e das contingências do trabalho parlamentar. A vocação e orientação da política externa portuguesa também pesa na nossa investigação. Entre o europeísmo propulsor da integração comunitária e uma noção universalista e ecuménica que privilegia as relações com o antigo espaço colonial, a Assembleia da República procura um novo posicionamento internacional para a Democracia portuguesa. Particularmente quanto ao antigo Império, atendemos à construção de laços com os países africanos de língua oficial portuguesa acompanhada de desígnios fraternais e cooperação entre Estados, mas questionando o protesto e os assuntos do contencioso colonial. Medimos a posição do Hemiciclo a este propósito, sublinhando as dificuldades associadas às tentativas de normalização das relações diplomáticas com o antigo Ultramar. Quanto à descolonização, examinamos o impacto do Retorno considerando as declarações políticas sobre o assunto e analisando a avaliação dos seus efeitos. Discutindo os problemas de integração no território europeu, tentamos observar o comprometimento dos parlamentares com as propostas de acolhimento dos fluxos migratórios nesta nova Democracia europeia. Constatando as diferentes linhas políticas de abordagem das relações pós-coloniais na casa da Democracia, tentamos pesar os conflitos e alinhamentos expostos na Assembleia da República. Alguns padrões homogéneos podem reflectir um consenso pós-colonial no diálogo da identidade nacional portuguesa com o passado próximo. As conclusões sugerem algumas pistas para futuras investigações. v Abstract The post-colonial relations in the Portuguese parliamentary discourse (1976-1980) António Pedro dos Santos Teixeira KEYWORDS: Parliamentary discourse; Portuguese democracy; Europe; Africa; decolonization; postcolonial identity. This investigation intends to study the post-colonial relations in the Portuguese parliamentary discourse (1976-1980) through the plenary sessions. We considered the democratic and constitutional nature of the elected Parliament, its political and legislative competence and popular representation to understand the relationship with other entities. We conceive this political discourse as a product of the political parties’ dialogue, confronting its similarities and differences. The post-colonialism is assumed in this work in its historical sense. With regards to the identity significance of this term, we questioned the disruptions and continuities in parliamentary discourse as the loss of the Empire, the decolonization’s effects and the configuration of national identity. The characterization of the post-colonial relations depends on this post-revolutionary period, on the nature of the semi-presidential regimen, the relationship’s dynamics between Sovereignty institutions, the singularity of this first democratic parliament and on the parliamentary labour contingencies. The vocation and orientation of the Portuguese foreign policy also weights in our investigation. Between the Europeanism propulsive of the Community integration and the universalist and ecumenic notion which privilege the relations with the ancient colonial area, the Assembly of the Republic seeks for a new international position for the Portuguese Democracy. Particularly in respect to the ancient Empire, we consider the building ties with the Portuguese-speaking African countries (PALOP) among fraternal designs and cooperation between States, while questioning the political protest and colonial litigation affairs. We measure the position of the chamber on this purpose, underlining the difficulties associated to the attempts to normalize the diplomatic relations with the ancient Ultramar. On the decolonization theme, we examine the impact of the Retorno by considering the political statements on this issue and analysing the evaluation of its effects. Discussing the problems of integration in the European territory, we aim to