Comportamento Respiratório E De Produção De Etileno Em Pós- Colheita De Frutos De Butiá
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Comportamento respiratório e de produção de etileno em pós- colheita de frutos de butiá. João Paulo G. Silveira1; Cassandro V. T. do Amarante1; Bruno Pansera Espindola1; Clarice A. Megguer1. 1UDESC-CAV, Cx Postal 281, 8852-000, Lages-SC. E-mail: [email protected] RESUMO Butia eriospatha (Martius) Beccari é uma espécie nativa da América do Sul, conhecida popularmente por butiá ou butiá-da-serra. No Brasil, sua ocorrência está restrita a região sul. O objetivo deste trabalho foi estudar o comportamento fisiológico pós-colheita de frutos de duas variedades de butiá, apresentando coloração da epiderme roxa ou amarela na maturação. Os frutos das duas variedades foram armazenados na temperatura de 25±2ºC e umidade relativa de 90-95%. A respiração e a produção de etileno foram obtidas diariamente através da cromatografia gasosa. As duas variedades de butiá apresentaram comportamento respiratório e de produção de etileno do tipo climatérico. O climatério respiratório e de produção de etileno, em ambas as variedades, ocorreu no quinto dia de armazenamento. A variedade de frutos com coloração da epiderme roxa apresentou maiores taxas respiratória e menores taxas de produção de etileno em relação a variedade de frutos com coloração da epiderme amarela, durante todo o período de armazenamento. Palavras-chave: Butia eriospatha (Martius) Beccari, variedades, pós-colheita, respiração, etileno. ABSTRACT Butia eriospatha (Martius) Beccari is native from South America, usually known as “butiá” or “butiá-da-serra”. In Brazil, this specie occurs only in the Southern region. This work was carried out to study the postharvest physiology of two varieties of “butiá”, one with yellow and the other with purple skin at the maturity. Fruit of both varieties were stored at 25±2ºC and 90-95% RH. Rates of respiration a ethylene were recorded daily by gas chromatography. Both varieties showed a climacteric pattern of respiration and ethylene production. The climacteric in both varieties occurred at the fifth day. The purple skin variety showed higher respiratory rates and lower ethylene production rates than the yellow skin variety during the entire postharvest period. Key-words: Butia eriospatha (Martius) Beccari, varieties, postharvest, respiration, ethylene. INTRODUÇÃO O butiá pertence à ordem Arecales (=Principes), família Arecaceae (=Palmae), gênero Butia (Reitz, 1974). É uma espécie nativa da América do Sul. No Brasil, o butiá ocorre de forma endêmica e natural em áreas abertas e nas florestas com a araucária no planalto sul dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Henderson et al., 1995). Os frutos de butiá são globosos, suculentos, doce-acidulados, com diâmetro médio de 1,7 a 1,9 cm, e o epicarpo torna-se amarelado ou arroxeado na maturidade (Henderson et al., 1995; Reitz, 1974). Os frutos, quando maduros, podem ser consumidos in natura ou usados na elaboração de sucos, vinhos e licores (Mattos, 1977; Henderson et al., 1995). Apesar do potencial de exploração comercial de frutas nativas ser expressivo, a falta de informações sobre as qualidades e benefícios nutracêuticos do butiá tornam o fruto menos popular e menos consumido que outros frutos presentes no mercado. MATERIAL E MÉTODOS Os frutos de butiá, das variedades amarela e roxa, foram colhidos de plantas nativas, no município de Lages-SC, no dia 10/02/2006. Os frutos maduros foram colhidos e imediatamente armazenados a uma temperatura de 25±2°C, com uma umidade relativa de 90-95%. Para a quantificação das taxas respiratórias e de produção de etileno, os frutos foram acondicionados em recipientes com volume de 574 mL, contendo cerca de 100g de frutos. A quantificação dos níveis de CO2 e de etileno foi feita diariamente, com um cromatógrafo a gás Varian® modelo CP-3800, equipado com um metanador, detector de ionização de chama e coluna Porapaq N (80 a 100 mesh). As temperaturas do forno da coluna, detector, metanador e injetor foram de 45oC, 120oC, 300oC e 110oC, respectivamente. Os fluxos dos gases de arraste foram de 70 mL.min-1 para o nitrogênio, 30 mL.min-1 para o hidrogênio e de 300 mL.min-1 para o ar sintético. RESULTADOS E DISCUSSÃO As duas variedades de butiá apresentaram comportamento respiratório e de produção de etileno do tipo climatérico (Figura 1). O climatério respiratório e de produção de etileno, em ambas as variedades, ocorreu no quinto dia de armazenamento. A variedade de frutos com coloração da epiderme roxa apresentou maiores taxas respiratória e menores taxas de produção de etileno em relação a variedade de frutos com coloração da epiderme amarela, durante todo o período de armazenamento. O butiá-roxo apresentou taxa respiratória em média cerca de 800 nmol kg-1 s-1 superior em relação ao butiá-amarelo (Figura 1A). Os resultados obtidos demonstram substanciais diferenças quanto as taxas respiratórias e de produção de etileno dos frutos entre variedades de butiá. Ambas as variedades apresentam elevadas taxas respiratórias, associadas à baixa conservação pós-colheita, requerendo técnicas de manejo, como, por exemplo, o imediato resfriamento, visando a sua conservação. Trabalhos adicionais serão necessários visando estudar se as diferenças quanto à produção de etileno e de respiração entre genótipos de butiá, como observado neste trabalho, se confirmam com outros genótipos nativos da região Sul do Brasil. LITERATURA CITADA HENDERSON, A.; GALEANO, G.; BERNAL, R. Field guide to the palms of the Americas. New Jersey: Princeton University Press, 1995. 351 p. MATTOS, J.R. Palmeiras do Rio Grande do Sul. Roessleria, Porto Alegre, v.1, n.1, p. 5-94, 1977. REITZ, R. Palmeiras. In: Flora Ilustrada Catarinense: Herbário “Barbosa Rodrigues”, Itajaí, SC, 1974. 189 p. ) ) 10000 -1 300 s -1 A B 8000 250 Kg Etileno(uL 200 6000 150 4000 100 -1 h -1 Butiá verde Butiá-amarelo ) 2000 50 Butiá-roxoButiá roxo 0 Respiração CO2 (nmoldekg 0 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 Dias de armazenamento Dias de armazenamento Figura 1. Taxas respiratórias (A) e de produção de etileno (B) de frutos de butiá-amarelo e de butiá-roxo armazenados a 25oC. .