Evolução Demográfica, Histórica E Funcional Dos Municípios Que Compõem a Microrregião De Nova Andradina
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Revista Ciência Contemporânea jun./dez. 2017, v.2, n.1, p. 193 - 213 http://uniesp.edu.br/sites/guaratingueta/revista.php?id_revista=31 EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA, HISTÓRICA E FUNCIONAL DOS MUNICÍPIOS QUE COMPÕEM A MICRORREGIÃO DE NOVA ANDRADINA Marcelino de Andrade Gonçalves1 Claudinei Araújo dos Santos 2 Resumo: O presente artigo inicialmente aborda a compreensão de Região, procurando delimitar as diferentes temporalidades conceituais para a temática e analisar o processo de integração regional da Microrregião de Nova Andradina a partir de um contexto histórico- geográfico, considerando o recorte temporal entre os anos de 1954 a 2010. Também teve por escopo estudar a formação territorial e os agentes atuantes naturais e humanos para a formação da Microrregião de Nova Andradina-MS, que compreende a cidade em tela e os municípios de Anaurilândia, Bataguassu, Bataiporã e Taquarussu, partes de uma conjuntura colonizadora implementada pelo Estado brasileiro, tendo como suporte empresas extrativistas e exploratórias tais como: a Matte Laranjeira e a Cia Viação São Paulo observando esse trajeto desde o final do século XIX até adentrar o século XX coadunando com a proposição do Governo de Getúlio Vargas e o chamado Estado Novo (1939 a 1945) por meio da “Marcha Para Oeste”, sua política de colonização e ocupação das fronteiras brasileiras, peculiarmente onde havia os considerados “vazios” e, portanto, o interesse de proteger as fronteiras do Estado brasileiro. Palavras Chave: Região, Fronteira, Território. Abstract: The present initial addresses the concept of Region, searching to delimit the different conceptual temporalities for the thematic and for the analysis of the regional integration process of the micro-region (Nova Andradina) from a historical-geographical context, considering the period from the year 1954 to 2010. It also had as scope studying the territorial formation and the natural acting agents and human beings for the Micro- region (Nova Andradina-MS) formation, which comprehend the city on canvas and the cities of Anaurilândia, Bataguassu, Batayporã and Taquarussu, parts of a colonial situation implemented by the Brazilian state, taking as support extraction and exploration companies 1 Possui graduação em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - Presidente Prudente – SP (1998), Mestrado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista – Presidente Prudente – SP (2000), Estágio Doutoral junto ao Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa Portugal e Doutorado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - (2006). Atualmente é Professor Associado da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul na Faculdade de Engenharias, Arquitetura Urbanismo e Geografia (Bacharelado) e na Pós-Graduação (Mestrado) em Geografia, Câmpus de Três Lagoas. Tem experiência na área de Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: trabalho, ambiente, resíduos sólidos e análise regional. E-mail: [email protected]. 2 Licenciado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus de Nova Andradina (2010). Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus de Três Lagoas - MS - 2015. Leciona no Ensino Médio do Estado de Mato Grosso do Sul - Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso do Sul (SED) e Docente da UNIESP-FACINAN - Nova Andradina-MS - Curso de Direito. E-mail: [email protected] such as: “Matte Laranjeira” and “Cia Viação São Paulo” observing this path since the end of the 19th century until it enters the 20th century consistent with the proposition of Getúlio Vargas’s Government and the so called New State (1939 to 1945) through the “Marcha para o Oeste” (March Westward), his occupation and colonization policy of the Brazilian boarders, peculiarly where there was the considered “empties”, therefore, the interest in protecting Brazilian state boarders Keywords: Region, Territory, Power. Introdução Considerando a divisão estabelecida pelo IBGE, é preciso analisar os fatores ou combinação de fatores que caracterizaram esta formação regional específica e sua denominação e quais são os agentes e atores sociais que deram forma aos lugares e aos municípios que compõem a aqui denominada Microrregião de Nova Andradina, que nos propomos a analisar. Apesar de não fomentarmos aqui o debate, consideramos que estão em jogo as diferentes posições científicas a respeito da questão da definição do conceito de região. Assim, mesmo trabalhando com dados estatísticos e com uma definição administrativa e institucional limitada pelo Estado, entendemos como afirma Pierre Bourdieu (2012, p. 108): ...a região é o que está em jogo como objeto de lutas entre os cientistas, não só os geógrafos é claro, que por terem que ver com o espaço, aspiram ao monopólio da definição legítima, mas também os historiadores, etnólogos e [...] desde que existe uma política de “regionalização” e movimentos “regionalistas”, economistas e sociólogos. Concordando com o sociólogo acima mencionado de que o debate sobre o conceito de região se trata de um jogo estratégico que se estabelece na fronteira entre as ciências humanas, nesse ínterim cabendo ao pesquisador dele se apropriar para buscar no processo de formação do nosso objeto a construção de um tipo característico de colonização e regionalização. A área que compõem nosso objeto de estudo consideramos ter sido habitada por uma população indígena que seria alvo do poder de diferentes agentes, como o período pós-Guerra com o Paraguai e inclusive do Estado dito populista, herdado pela 194 Revista Ciência Contemporânea - jun./dez. 2017, v. 2, n.1, p. 193 - 213 prática política do Governo de Getúlio Dorneles Vargas (1930-1945) que implantou em sua gestão o modelo da Marcha para o Oeste, política do Estado Nacional de “ocupação dos vazios”. Entendemos assim que para melhor compreender o processo de formação regional e o próprio conceito de região, torna-se necessário considerar aspectos que são peculiares, como a forma de organização da produção econômica, a organização política e a disputa de poder, ou dos jogos especulativos e objetivos do Estado, sem esquecer as características e as relações entre a sociedade e a natureza onde se desenvolvem os processos sociais que estamos abordando na região. Segundo Oliveira (1999, p. 134): [...] a política de colonização de Vargas, durante o Estado Novo, teve como fio condutor o desenvolvimento econômico do país. Nesse sentido, os projetos desencadeados pelo governo federal foram direcionados visando a alcançar esse objetivo. O projeto colonizador estadonovista no Centro-Oeste, por exemplo, vinculava-se ao projeto de desenvolvimento do capitalismo no campo, haja vista que os elementos básicos para tal empreendimento existiam, quais sejam, espaços geográficos despovoados ou semipovoados com terra fértil em abundância; e trabalhadores sem- terra que sonhavam em adquirir um pedaço de chão, contingentes de trabalhadores desempregados nas cidades, vítimas da seca do Nordeste. Desse modo, o texto reflete acerca de como se constituiu a formação dos municípios que compõem a microrregião de Nova Andradina-MS, desta feita cabendo uma análise do processo social e histórico de sua formação, considerando a maneira como se dá a apropriação dessa região pelos diferentes agentes sociais. Assim, como o processo de ocupação regional e de conquista territorial remete a pensar nos elementos condutores da história e da geografia da microrregião. Considerando que os processos de acontecimentos não retilíneos da história nos obrigam a ir além de papéis oficiais compreendendo as possibilidades de trabalhos e pesquisas. A área onde se localiza atualmente a microrregião de Nova Andradina tem seu processo de colonização ainda no século XIX, é preciso lembrar que neste território havia uma territorialização por diferentes povos indígenas que foram em parte dizimadas, em parte absorvidas pelo trabalho nas fazendas no início do século XX, com ação direta dos particulares ou em ações organizadas pelo Estado atuaram na região Centro-Oeste do país, obviamente em confronto com os habitantes da região, utilizando-se dos rios da região como caminhos para alcançar as terras e as riquezas naturais. Como nos lembra Dutra (2011, 28): 195 Revista Ciência Contemporânea - jun./dez. 2017, v. 2, n.1, p. 193 - 213 Desde as primeiras levas mineiras de bandeirantes e suas rotas terrestres até o varadouro das monções paulistas, intrépidos senhores em suas ubás desceram os rios Tiête e Paraná e subiram o Sucuriú, Verde e Pardo, para, depois, através do Camapuã e do Taquari, chegarem pelas águas do Paraguai e São Lourenço, a alcançar as auríferas minas de Cuiabá. Ainda de acordo com Arakaki (2009, p. 1): A intensificação da ocupação da região sul do Mato Grosso do Sul por não índios, data do último quartel do século XIX, ao final da Guerra do Paraguai. Aos remanescentes, ex-combatentes da guerra que permaneceram na região, juntaram-se os primeiros migrantes gaúchos, provenientes da região sul que se deslocaram rumo ao norte, fugindo da revolução federalista. Do território originalmente indígena, foi o autóctone sistematicamente desalojado de suas terras. Foram presas fáceis dos bandeirantes, ávidos por ouro e mão-de-obra a ser usada nas plantações paulistas e, submetidos à catequese pelos religiosos. Transformado em parceiro, na defesa das fronteiras brasileiras, o indígena foi aliado do Brasil na Guerra contra o Paraguai. Assim, a ocupação fruto desse processo gerou as condições para a construção do que hoje se denomina Microrregião de Nova Andradina, que