UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI Programa de Pós Graduação em Ciência Florestal Cristiane Coelho de Moura

PROPAGAÇÃO DA Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae)

Diamantina- MG 2017

Cristiane Coelho de Moura

PROPAGAÇÃO DA Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Evandro Luiz Mendonça Machado

Diamantina – MG 2017

AGRADECIMENTOS “Entrego, confio, aceito e agradeço”.

Entrego minha vida ao amor e proteção de Deus, Detentor de todos os meus sentimentos, medos e necessidades, Àquele que conhece minha estrada e sabe exatamente o meu futuro, “sem Ti Senhor, o agora não seria”, jamais hesitarei em Ti procurar. Meu Bom Deus, sem Suas bênçãos nada seria possível, obrigada pela proteção até aqui e peço que sempre me guie, me guarde, governe e ilumine.

Confio no amor incondicional, educação e sabedoria que meus pais, Cláudia Lúcia e Jovani Márcio, e avó, Corália, diariamente depositam em mim. Quem dera eu, ser a metade de exemplo vivo de plenitude para os meus filhos e netos como vocês são para mim. Meus amados pais e vozinha, espelhos de vida e inspiração dos meus sonhos, meu amor e gratidão por vocês são imensuráveis.

Aceito todas as dificuldades e desafios nas entrelinhas da minha felicidade e conquista profissional, acarretando em constantes superações. Durante toda esta caminhada disponibilizei de apoio, amor, conhecimento, conceitos teóricos e práticos. E coube a mim converter todo este sentimento na consolidação dos meus valores éticos, como pessoa e como profissional. E é por isso que sou eternamente grata a todos que fizeram parte dessa jornada. Sozinha, não seria nada.

Agradeço a todos aqueles que fizeram parte desta conquista:

Aos meus irmãos: Jovani e Patrícia pelos laços eternos de amizade e compreensão e, principalmente a Luciana, que além de irmã, foi e sempre será minha orientadora profissional particular, obrigada pelo apoio e correções para a construção desta dissertação.

Ao meu orientador Evandro L. M. Machado, o qual aprendi a admirar e respeitar, pelos inúmeros ensinamentos transmitidos, pela dedicação, paciência, confiança, amizade e fundamentalmente por acreditar, desde o meu primeiro período da graduação, em minha capacidade profissional.

À todos os professores da UFVJM, pelos valiosos conhecimentos repassados, em especial à Miranda Titon, Israel M. Pereira e Márcio L. R. de Oliveira que, muito mais que exemplos ímpares de educadores, me deu toda a base de ética, respeito e compromisso.

À banca examinadora da defesa desta dissertação, professores Letícia R. Carvalho, Miranda Titon, Israel M. Pereira e José B. Santos, primeiramente por aceitar em participar e, já antecipando, pelas valiosas sugestões e correções sobre o trabalho apresentado.

Aos técnicos: Múcio Farnezi e Thiago Otoni, e funcionários: Fábio Mendes e Gilmar T. Cruz, exímios profissionais, obrigada pela amizade, disponibilidade imediata e pela boa vontade de sempre.

À Thaís R. Costa, minha parceira profissional, grande amiga e cúmplice de muitas coisas certas e erradas desde a graduação que jamais serão esquecidas (porém nunca expostas). Obrigada pela ajuda infinita, pelas aventuras (muitas vezes perigosas e indigestas) nas matas de galeria, pelo aprendizado e pela injeção de ânimo em todos os trabalhos. E sim, eu também espero que nossa parceria e amizade perdurem por toda uma vida.

À Guilherme Basílio, por todo amor e afeto, seu companheirismo é muito importante.

À Darliana C. Fonseca, meu exemplo. Despertou em mim o interesse pela pesquisa e aptidão para a ecologia de populações. Agradeço pela confiança depositada e por todos os ensinamentos.

À Louise Oliveira, Alan Gonçalves e Leonardo Ippolito, pelo auxílio na condução e avaliação dos experimentos.

À Paula A. Oliveira, pela ajuda, paciência, amizade, sugestões e correções deste trabalho.

À todos os meus amigos: os velhos, os novos, os distantes, os mais próximos que, sem citar nomes, sabem a importância que tem na minha vida, vocês são fundamentais!

Ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal - PPGCF da UFVJM, no uso de suas atribuições, aceitou o pedido de mudança de nível de Mestrado para Doutorado do mesmo programa.

À UFVJM e à CAPES, pela concessão da bolsa, indispensável para a conclusão de mais uma etapa profissional, e pela oportunidade para Mudança de Nível de Mestrado para Doutorado do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência Florestal.

À empresa Anglo American, pelo investimento e incentivo à pesquisa.

Enfim, a todos que contribuíram direta e indiretamente para a conclusão deste trabalho: eu agradeço! RESUMO Moura, Cristiane Coelho. Propagação da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) 2017. 91 p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, MG.

Com o intuito de gerar informações para produção de mudas direcionadas à projetos de restauração de Matas de Galeria, objetivou-se neste estudo, descrever a morfologia e aspectos biométricos do fruto e da semente, as características morfofuncionais e desenvolvimento da plântula, e obter a classificação fisiológica quanto a capacidade de armazenamento das sementes da Richeria grandis Vahl. Verificou-se também a influência de diferentes composições de substratos e níveis de redução solar sob a emergência de plântulas e crescimento de mudas via propagação sexuada e a viabilidade da técnica de miniestaquia na propagação assexuada da R. grandis, submetidas a diferentes concentrações do regulador de crescimento ácido indolbutírico (AIB). A coleta de sementes ocorreu em 18 árvores-matrizes estabelecidas em Matas de Galeria inundáveis localizadas no Parque Estadual do Biribiri, Diamantina, MG e, todos os experimentos foram conduzidos em Viveiro Florestal e laboratório de Sementes pertencente ao Centro Integrado de Propagação de Espécies Florestais (CIPEF- UFVJM). A caracterização morfológica e biométrica de frutos e sementes se deu por observações a olho nu e mensurações utilizando um paquímetro universal. A fim de observar o comportamento fisiológico, sementes recém beneficiadas desta espécie foram armazenadas em sacos de papel ao ar livre, e foram submetidas a testes de germinação e umidade (%) periodicamente. As características morfofuncionais foram observadas, a olho nu, mediante processo de desenvolvimento (desde a protrusão radicular, emergência até o surgimento do primeiro protófilo) em laboratório e casa de vegetação. Utilizou-se três composições de substratos e três níveis de sombreamento para testar o efeito destas combinações sobre a qualidade de mudas jovens da R. grandis, para tal, foi mensurado ao longo de 210 dias, a altura, diâmetro do coleto, número de folhas, clorofila total e biomassas secas. Por fim, a base de estacas apicais provenientes de mudas jovens resgatadas em ambiente natural da R. grandis, foram emergidas em quatro concentrações de AIB e avaliadas aos 90 dias, mensurando o incremento em altura e diâmetro, sobrevivência (%), enraizamento (%), calogenia (%) e brotações (%). Ressalta-se que, para todos os experimentos, os princípios básicos da experimentação (repetição, casualização e controle local) foram atendidos, utilizando diferentes delineamentos

experimentais. Diferentes ferramentas para análise estatística também foram utilizadas para auxiliar na tomada de decisão. O fruto da R. grandis é simples, seco, do tipo cápsula, deiscente, com comprimento médio de 16,24 mm e largura média de 8,57mm. A semente é elipsoide com presença de sarcotesta, apresentando comprimento médio de 7,40mm e largura média de 4,57 mm. A R. grandis apresenta sementes recalcitrantes, a emergência é do tipo Fanero-epígeo-foliáceo, e o processo de desenvolvimento para a semente se tornar uma plântula completa delonga por, no mínimo, 50 dias. Os substratos compostos por diferentes proporções de vermiculita, casca de arroz e Bioplant®, associado com os sombreamentos 30 e 50% foram responsáveis por promover mudas da R. grandis de melhor qualidade. A técnica de propagação vegetativa por miniestaquia é viável, uma vez que houve 100% de sobrevivência e alta porcentagem de enraizamento até para o tratamento sem adição do AIB.

Palavras-chave: Conservação in situ. Estádio inicial de desenvolvimento. Matas de Galeria. Phyllanthaceae. Produção de mudas. Restauração florestal.

ABSTRACT Moura, Cristiane Coelho. Propagation of Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) 2017. 91 p. Dissertation (MSc in Forest Science) – Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, MG.

The aim of this study was to describe the morphology and biometric aspects of the fruit and seed, the morphofunctional characteristics and development of the seedling, and to obtain the classification the storage capacity of the seeds of Richeria grandis Vahl. It was also verified the influence of different compositions of substrates and levels of solar reduction under the emergence of seedlings and growth of seedlings via sexual propagation and the viability of the technique of minicache in the asexual propagation of R. grandis, submitted to different concentrations of the regulator of indolebutyric acid (IBA) growth. Seed collection occurred in 18 matrix trees established in flooded Forest Mills located in Biribiri State Park, Diamantina, MG, and all experiments were conducted in Forest Nursery and Seed Laboratory belonging to the Integrated Center for the Propagation of Forest Species ( CIPEF-UFVJM). The morphological and biometric characterization of fruits and seeds was by naked eye observations and measurements using a universal caliper. In order to observe the physiological behavior, freshly harvested seeds of this species were stored in paper bags in the open air and germinated and tested (%) periodically. The morphofunctional characteristics were observed in the laboratory and in the greenhouse by means of a developmental process (from root protrusion, emergence until the first protophyte). Three compositions of substrates and three levels of shading were used to test the effect of these combinations on the quality of R. grandis young seedlings. The height, collection diameter, number of leaves , total chlorophyll and dry biomass. Finally, the base of apical cuttings from young saplings rescued in the natural environment of R. grandis, were emerged in four concentrations of IBA and evaluated at 90 days, measuring the increase in height and diameter, survival (%), rooting (% ), calogenia (%) and sprouts (%). It should be noted that for all experiments, the basic principles of experimentation (repetition, randomization and local control) were met using different experimental designs. Different tools for statistical analysis were also used to aid in decision making. The fruit of R. grandis is simple, dry, capsule type, dehiscent, with an average length of 16.24 mm and an average width of 8.57 mm. The seed is ellipsoid with presence of sarcotesta, presenting an average length of 7.40 mm and an average width of 4.57 mm. R. grandis presents recalcitrant seeds, the emergence is of the

Fanero-epigene-foliaceous type, and the development process for the seed becomes a complete seedling delonged for at least 50 days. The substrates composed of different proportions of vermiculite, rice husk and Bioplant ®, associated with shading 30 and 50% were responsible for promoting R. grandis seedlings of better quality. The technique of vegetative propagation by minicutting is feasible, since there was a 100% survival and a high percentage of rooting even for the treatment without addition of AIB.

Keywords: In situ conservation. Initial stage of development. Gallery Woods. Phyllanthaceae. Seedling production. Forest restoration.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO GERAL ...... 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 12 CAPÍTULO 1: CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DE SEMENTES E MORFOLOGIA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Richeria grandis ...... 15 RESUMO ...... 15 ABSTRACT ...... 16 1. INTRODUÇÃO ...... 17 2. MATERIAL E MÉTODOS ...... 18 2.1. Coleta e beneficiamento de frutos e sementes ...... 18 2.2. Aspectos morfológicos e caracteres biométricos de frutos e sementes ...... 19 2.3. Germinação e armazenamento de sementes ...... 20 2.4. Germinação, morfologia e desenvolvimento de plântulas ...... 21 3. RESULTADOS ...... 22 3.1. Aspectos morfológicos e caracteres biométricos de frutos e sementes ...... 22 3.2. Germinação e armazenamento de sementes ...... 25 3.3. Germinação, morfologia e desenvolvimento de plântulas ...... 27 4. DISCUSSÃO ...... 30 5. CONCLUSÃO ...... 34 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 35 CAPÍTULO 2 – DIFERENTES SUBSTRATOS E AMBIENTES PROTEGIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MUDAS DE Richeria grandis Vahl. 42 RESUMO ...... 42 ABSTRACT ...... 43 1. INTRODUÇÃO ...... 44 2. MATERIAL E MÉTODOS ...... 45 3. RESULTADOS ...... 47 4. DISCUSSÃO ...... 56 5. CONCLUSÃO ...... 61 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 62 CAPÍTULO 3 – PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Richeria grandis Vahl. POR MINIESTAQUIA ...... 69 RESUMO ...... 69 ABSTRACT ...... 69 1. INTRODUÇÃO ...... 70 2. MATERIAL E MÉTODOS ...... 71 3. RESULTADOS ...... 73 4. DISCUSSÃO ...... 79 5. CONCLUSÕES ...... 82 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 83 CONCLUSÃO GERAL ...... 91

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INTRODUÇÃO GERAL As vegetações ripárias, que englobam Florestas Ciliares e de Galeria (ICMBio, 2017), que são encontradas em diferentes biomas, também fazem parte de um complexo domínio formado por um mosaico de vegetações associado a diferentes condições físicas e fisiográficas, ecologicamente relacionadas, denominado Cerrado (EITEN, 1972; COUTINHO, 2006). Estas fitofisionomias destacam-se pela diversidade genética e função ambiental. Além de contribuírem para a manutenção, proteção e qualidade dos recursos hídricos (MENDONÇA- GALVÃO et al., 2011), auxiliam na conservação da fauna silvestre, já que atuam como corredores ecológicos (DIETZSCH et al., 2006; NOGUEIRA, 2016), e armazenam água nas microbacias, aumentando a vazão dos rios mesmo durante a estação seca do ano (OLIVEIRA et al., 2015). Apesar destas fitofisionomias, particularmente as Matas de Galeria, estarem amparadas por Legislação Federal, classificada como Áreas de Preservação Permanente (BRASIL, 2012), com a destruição, alteração e fragmentação antropogênica contínua destes ambientes, estas matas têm-se tornado espaços ecológicos cada vez mais restritos e degradados (MALLMANN et al., 2016; BAMBI et al., 2016; SILVA et al., 2017). No entanto, o Novo Código Florestal (BRASIL, 2012) determina a obrigatoriedade da recomposição destas áreas e, deste modo, começa a surgir grande demanda por projetos de recuperação, via restauração, de Matas de Galeria (MARTINS, 2014). As Matas de Galeria, em especial, as matas inundáveis, apresentam-se como pequenas “ilhas” florestais, popularmente conhecidas como “capões de mata”, acompanhando pequenos cursos d`água em regiões deprimidas da paisagem, formando corredores fechados (RIBEIRO; WALTER, 2008; SANO et al., 2008). Seu aspecto é de uma vegetação perenifólia bastante heterogenia (FELFILI et al., 2000; NOGUEIRA; SCHIAVINI, 2003; GUARINO; WALTER, 2005; RIBEIRO FILHO et al., 2009; SILVA, et al., 2016), que apresenta superposição de copas, sempre associadas a uma transição geralmente brusca para formações savânicas, campestres e rupestres (RIBEIRO; WALTER, 2008). Contém, na maioria das amostragens, espécies típicas indicadores de área úmidas e alagadas em todas as estações do ano, como a Richeria grandis Vahl. (FELFILI et al., 2000; RIBEIRO FILHO et al., 2009; MARTINS, 2015; SILVA, et al., 2016). Richeria grandis Vahl. é uma espécie arbórea, de madeira moderadamente densa (0,40g/cm³), dióica, com dispersão zoocórica, pertencente à família Phylanthaceae, conhecida popularmente como Jaca-brava, Bulandi-jaca, Santa-Rita e Pau-de-Santa-Rita (SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009, KUHLMANN, 2012). Trata-se de uma espécie exclusiva e muito 11

adaptável à Matas de Galeria, formando grandes colônias, dominando áreas em sua maioria com solos hidromórficos e beiras de córregos, e apresenta potencial uso em programas de restauração destas áreas degradadas (FELFILI et al., 2000; NOGUEIRA; SCHIAVINI, 2003; GUARINO; WALTER, 2005; RIBEIRO FILHO et al., 2009; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009). Nesta perspectiva, o uso de espécies específicas destes ambientes, tal como a R. grandis, associada com outras espécies nativas, permitirá implementar projetos de restauração de Matas de Galeria com uma maior eficiência e adequabilidade para que, em longo prazo, estes ambientes consigam a sustentabilidade sem a contínua intervenção humana, garantindo a sucessão ecológica até o estabelecimento de uma comunidade equilibrada. Para tanto, faz-se necessário, além de compreender o modo de vida desta espécie associado a fatores bióticos e abióticos, conhecer as melhores alternativas para a produção de mudas de boa qualidade. Este projeto, em vigência desde 2016, intitulado “Autoecologia e propagação da Richeria grandis Vahl.”, engloba experimentos visando desde a caracterização morfológica, a germinação, a produção de mudas, o crescimento de mudas em rejeito de mineração de ferro, a distribuição espacial em diferentes Matas de Galeria, a fenologia, até a modelagem de adequabilidade ambiental da R. grandis. Desta forma, integra tanto o projeto de dissertação de mestrado “Propagação da Richeria grandis Vahl.”, quanto o projeto futuro de doutorado do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da empresa Anglo American, em Conceição do Mato Dentro, MG. Em face ao exposto, a presente dissertação foi estruturada em três capítulos em forma de artigos, de acordo com as normas de formatação de dissertações da UFVJM. No primeiro capítulo, o objetivo foi descrever a caracterização morfológica de frutos, sementes e desenvolvimento da plântula e a classificação fisiológica de sementes quanto ao armazenamento e dessecação. No segundo capítulo, avaliou-se o comportamento da R. grandis à atenuação solar, associado ao efeito de diferentes composições de substratos na emergência e qualidade de mudas. Por fim, no terceiro capítulo, objetivou-se informar sobre a viabilidade da propagação assexuada da R. grandis, via miniestaquia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 1: CLASSIFICAÇÃO FISIOLÓGICA DE SEMENTES E MORFOLOGIA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Richeria grandis

RESUMO Descrever as características morfológicas e o comportamento germinativo de sementes de espécies nativas permite um melhor entendimento das respostas fisiológicas e ecológicas das espécies. Nesta perspectiva, objetivou-se descrever e caracterizar a morfologia de frutos, sementes, plântulas, e germinação de Richeria grandis Vahl. Frutos maduros desta espécie foram coletados de árvores-matrizes localizadas em Matas de Galeria inundáveis e, posteriormente, foram realizadas descrições morfológicas, associadas às estruturas externas, mediante uma amostragem aleatória de 30 frutos e 30 sementes. Procedeu-se também a mensuração (comprimento e largura) de 50 frutos ao acaso e de 50 sementes resultantes dos frutos mensurados. Ainda, após beneficiamento, foram separados de forma aleatória, 650 sementes, em que 1/5 das sementes foram utilizadas para germinação e teste de umidade no mesmo dia da coleta (tempo 0) e as outras, armazenadas durante 5, 10, 15 e 20 dias (tratamentos). O teste de germinação, para os diferentes tempos de armazenamento, foi realizado em quatro repetições de 25 sementes, semeadas em gerbox contendo papel germitest autoclavado, umedecido com água destilada, feito em câmeras do tipo B.O.D. com um fotoperíodo controlado de 12h e temperatura controlada de 30ºC ± 1ºC. Realizou-se observações periódicas para o acompanhamento do desenvolvimento das plântulas até que as primeiras sementes germinadas atingissem o estádio de plântula completa. A classificação das características morfofuncionais foi feita a partir de observações diretas nas plântulas. O fruto da R. grandis é simples, seco, do tipo cápsula septífraga, deiscentes e esquizocarpos, com comprimento médio de 16,24 mm e largura média de 8,57 mm. A semente é elipsoide com presença de sarcotesta, com comprimento médio de 7,40 mm e largura média de 4,57 mm. O peso de 100 sementes sem a sarcotesta, logo após o beneficiamento, foi de 5,67g. A R. grandis apresenta sementes recalcitrantes, com porcentagem de germinação média de 63% e umidade média de 77,03% quando colocadas para germinar no ato da coleta e beneficiamento. Após 10 dias de armazenamento, as sementes já haviam perdido completamente sua viabilidade. A emergência é do tipo Fanero-epígeo-foliáceo. A radícula rompe o tegumento no segundo dia após a semeadura, o coleto é evidenciado ao 10º dia, separando a raiz primária do hipocótilo. A partir do 16º dia, os cotilédones expandem-se da testa, posicionados em um ângulo de 90º em relação ao hipocótilo. Foi observado desenvolvimento de raízes secundárias apenas no 22º dia. O protófilo e o epicótilo surge somente após o 50º dia, caracterizando a plântula completa. 16

Palavras-chave: Conservação in situ. Ecologia morfofuncional. Germinação. Matas de Galeria. Phyllanthaceae. Recalcitrante.

ABSTRACT To describe the morphological characteristics and the germinative behavior of seeds of native species allows a better understanding of the physiological and ecological responses of the species. In this perspective, the objective was to describe and characterize the fruit, seed, seedling, and germination morphology of Richeria grandis Vahl. Mature fruits of this species were collected from matrix trees located in flooded Forest Matas and later, random sampling of 30 fruits and 30 seeds carried out morphological descriptions, associated with external structures. Measurements (length and width) of 50 random fruits and 50 seeds resulting from the fruits were also measured. Seeds were randomly divided into 650 seeds, where 1/5 of the seeds were used for germination and humidity testing on the same day of collection (time 0) and the others were stored for 5, 10, 15 and 20 days (treatments). The germination test, for different storage times, was performed in four replicates of 25 seeds, germinated in gerbils containing autoclaved germitest paper, moistened with distilled water, made in type B.O.D. with a controlled photoperiod of 12h and a controlled temperature of 30ºC ± 1ºC. Periodic observations were made to monitor the development of the seedlings until the first germinated seeds reached the full seedling stage. The classification of the morphofunctional characteristics was made from direct observations in the seedlings. The fruit of R. grandis is simple, dry, capsule type septífraga, deiscentes and schizocarpos, with average length of 16.24 mm and average width of 8.57 mm. The seed is ellipsoid with presence of sarcotesta, with an average length of 7.40 mm and an average width of 4.57 mm. The weight of 100 seeds without the sarcotesta, soon after the processing, was 5.67g. R. grandis presents recalcitrant seeds, with a mean germination percentage of 63% and a mean humidity of 77.03% when placed to germinate at the collection and processing stage. After 10 days of storage, the seeds had completely lost their viability. The emergence is of the Phanero-epigene-foliaceous type. The radicle breaks the integument on the second day after sowing, the collection is evidenced on the 10th day, separating the primary root from the hypocotyl. From day 16, the cotyledons expand from the forehead, positioned at a 90° angle to the hypocotyl. Development of secondary roots was observed only on the 22nd day. The protophyll and epicotyl appear only after the 50th day, characterizing the complete seedling. 17

Keywords: In situ conservation. Morphofunctional ecology. Germination. Gallery Woods. Phyllanthaceae. Recalcitrant.

1. INTRODUÇÃO A família Phyllanthaceae Martinov foi tradicionalmente reconhecida entre as Juss., no entanto os trabalhos de filogenia (APG II, 2003) revelaram a necessidade de seu reconhecimento como independente (SOUZA, LORENZI, 2008). É uma das famílias mais diversificadas da ordem (clado Eurosidae I), que abrange cerca de 2000 espécies e 60 gêneros, com distribuição pantropical (HOFFMANN et. al, 2006; SOUZA, LORENZI, 2008). No Brasil, ocorrem 14 gêneros e cerca de 118 espécies, a maioria pertencente ao gênero Phyllanthus L. (BFG, 2015; FLORA DO BRASIL 2020 em construção). As Phyllanthaceae incluem espécies de hábitos variados, desde ervas a arbóreas, com folhas alternas, inflorescências racemosas, axilares, flores não vistosas, unissexuadas (plantas monoicas ou dioicas), estiletes bífidos e frutos esquizocárpicos (SOUZA; LORENZI, 2008), de acordo com Judd et al. (2009) esta família é presumivelmente monofilética. Entre as características principais que as diferenciam das Euphorbiaceae estão a ausência de látex, presença de dois óvulos em cada lóculo do ovário (SECCO; ROSÁRIO, 2015) e ausência de arilo (carúncula) nas sementes (SOUZA; LORENZI, 2008; MARTINS; LIMA, 2011). Nesta família, encontra-se a Richeria grandis Vahl, um arbusto ou árvore terrícola, nativa não endêmica do Brasil que, mesmo possuindo ocorrência confirmada do Norte ao Sul do país, nos domínios geográficos: Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (KUHLMANN, 2012; FLORA DO BRASIL, 2020 em construção), é uma espécie classificada como muito rara (OLIVEIRA-FILHO, 2006), sendo frequente apenas em terrenos úmidos (SILVA-JÚNIOR; PEREIRA, 2009) com tipos vegetacionais de Campos de Várzea, Florestas Ambrófilas e, principalmente Florestas Ciliares e de Galerias (KUHLMANN, 2012; MARTINS, 2015; FREITAS et. al, 2016; CERQUEIRA et. al, 2016; GOMES et. al, 2016; SILVA, 2017). No entanto, a destruição, alteração e fragmentação antropogênica em Florestas Ciliares e de Galeria acarreta em um estado cada vez maior de degradação (MALLMANN et al., 2016; BAMBI et al., 2016; SILVA et al., 2017), tornando-se um forte indicador ambiental negativo relacionado à preservação e manutenção das bacias hidrográficas (SILVA et al., 2017), além de, ao longo prazo, provocar a extinção de espécies arbóreas exclusivas destes ambientes, como 18

a R. grandis. Desta forma, o repasse de informações necessárias para a conservação ex situ e in situ desta espécie, além de promover a restauração destes ambientes, faz-se necessário. Neste sentido, estudos de frutos e sementes, responsáveis pelas novas gerações (OLIVEIRA, 2012; SILVA et al., 2015), e também plântulas, permitem a conservação da biodiversidade, fornecem subsídios para o conhecimento do armazenamento e germinação de sementes, na produção de mudas para restauração de ecossistemas florestais, na identificação de espécies (OLIVEIRA; CONDURO, 2004; DAVIDE; SILVA, 2008; OLIVEIRA, 2012; MENDONÇA, et al., 2016; BAO et. al, 2016), e ampliam o conhecimento sobre táxons com uma visão ecológica (OLIVEIRA; PAOLI, 2016). Além disso, a caracterização biométrica também é importante para detectar a variabilidade genética dentro de populações de uma mesma espécie (SILVA et al., 2008; GONÇALVES et al., 2013; RIBEIRO et. al, 2016). No entanto, as Plhyllanthaceae ainda são pouco estudadas (SECCO; SILVEIRA, 2016), em especial a espécie R. grandis. Deste modo, objetivou-se descrever a morfologia e aspectos biométricos do fruto e da semente, as características morfofuncionais e desenvolvimento da plântula, e obter a classificação fisiológica quanto a capacidade de armazenamento das sementes da Richeria grandis Vahl.

2. MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi realizado no laboratório de Sementes Florestais e em Viveiro de Mudas pertencente ao Centro Integrado de Propagação de Espécies Florestais da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (CIPEF – UFVJM) em Diamantina, MG, no período de Janeiro a Março de 2017.

2.1. Coleta e beneficiamento de frutos e sementes Frutos maduros da R. grandis foram coletados em início de deiscência (Janeiro de 2017), apresentando as primeiras trincas/fendas, porém sem dispersão das sementes, com auxílio de um podão, de 18 árvores-matrizes. As matrizes, distanciadas em no mínimo 50 m umas das outras, foram selecionadas em três Florestas de Galeria inundáveis bem preservadas no Parque Estadual do Biribiri (PEBI), localizado entre as coordenadas 18º11’37,5” S e 43º34’41,2” W, situado em Diamantina, Minas Gerais (altitude entre 1348 a 1373 m). Após a coleta, os frutos foram acondicionados em embalagem de polietileno e transportados para o laboratório de Sementes do CIPEF. Simultaneamente à coleta dos frutos, o material botânico foi coletado e, após realizado todos os procedimentos necessários para seu registro e depósito no Herbário Dendrológico Jeanine Felfili (HDJF), apresentou o número de identificação HDJF1565. 19

O regime climático da Serra do Espinhaço Meridional, região de Diamantina, é tipicamente subtropical de altitude, Cwb pelo sistema de classificação global de Köppen, caracterizado como clima temperado úmido com inverno seco e verão temperado (MACHADO, 2012; EMBRAPA, 2017). A precipitação média anual varia de 1250 a 1550 mm e a temperatura média anual situa-se na faixa de 16º a 26ºC, sendo predominantemente amena durante todo o ano. A umidade relativa do ar é quase sempre elevada, em torno de 80% (INMET, 2017). Após a coleta, os frutos foram beneficiados de forma manual, eliminando os frutos mal formados ou com injúrias mecânicas e/ou predatórias. Além disto, algumas sementes que apresentaram pequenos orifícios contendo pequenas larvas próximos ao eixo embrionário após o beneficiamento dos frutos, também foram descartadas. Realizou-se então, três tipos de avaliações: caracterização física de frutos e sementes, classificação fisiológica quanto ao armazenamento de sementes, e classificação morfológica da germinação e desenvolvimento inicial de plântulas da R. grandis. 2.2. Aspectos morfológicos e caracteres biométricos de frutos e sementes Estas observações foram feitas mediante uma amostragem aleatória de 30 frutos, realizando descrições associadas às estruturas externas, tais como tipo, forma, coloração (seguindo o guia de cores de Munsell Tissue Color Book, 2012), deiscência e número de sementes por fruto. Para as sementes, as características observadas foram: forma da semente e de sua borda, coloração (Munsell Plant Tissue Color Book, 2012), textura e consistência do tegumento. Foi adotada a terminologia para frutos e sementes constante em Vidal e Vidal (1992) e Barroso et al (1999). O peso de cem sementes foi determinado segundo as recomendações das Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) com três repetições (300 sementes totais), utilizando balança com precisão de 0,001 g. Para avaliar os dados biométricos, procedeu-se a mensuração (comprimento e largura) de outros 50 frutos (5 repetições de 10 frutos) ao acaso e de 50 sementes resultantes dos frutos mensurados. A retirada das sementes com sarcotesta de dentro dos frutos foi de forma manual, posterior à mensuração biométrica dos frutos. Após a remoção da sarcotesta, presente na semente, a partir de macerações sobre peneira com malhas de aço variando de 0,8 mm, sob água corrente, foi realizada a mensuração biométrica das sementes sem sarcotesta. As variáveis biométricas foram expostas em milímetros, determinadas com auxílio de um paquímetro universal, com precisão de 0,01mm, sendo o comprimento medido da base até o ápice e a largura medida na linha mediana dos frutos e sementes com e sem sarcotesta. 20

Para cada característica biométrica foram calculados a média, a mediana, desvio padrão e coeficiente de variação conforme Araújo Neto et al. (2002). Os dados biométricos foram classificados por meio de distribuição de frequência e plotados em histogramas de frequência (OLIVEIRA et al., 2000) em que, o número de classes foi determinado pela regra de Sturges, utilizando a fórmula apresentada por Lana et al. (2013). 2.3. Germinação e armazenamento de sementes Para o estudo da germinação, outras sementes do mesmo lote foram, após a coleta em campo e translado ao laboratório de Sementes Florestais, imediatamente beneficiadas retirando- se a sarcotesta mediante fricção sobre uma peneira de malha de aço (0,8 mm), sob água corrente e desinfestadas com hipoclorito de sódio a 1% por 3 minutos, e posteriormente lavadas em água corrente por 10 minutos (BRASIL, 2009). Após beneficiamento, foram separados de forma aleatória, 650 sementes, em que 130 sementes foram utilizadas para germinação e teste de umidade no mesmo dia da coleta e beneficiamento (tempo 0) e as outras, armazenadas durante 5, 10, 15 e 20 dias (tratamentos). O grau de umidade (%) foi determinado pelo método da estufa com circulação forçada de ar, a 105 ± 3ºC durante 24h (BRASIL, 2009), contendo três subamostras de 10 sementes (30 sementes). A determinação do grau de umidade das sementes foi realizada na data da coleta e após os diversos períodos de armazenamento. O teste de germinação foi realizado em quatro repetições de 25 sementes (100 sementes), semeadas em caixas plásticas (gerbox) tendo-se como substrato o papel germitest autoclavado, umedecido com água destilada (BRASIL, 2009), feito em germinador do tipo BOD (Demanda Bioquímica de Oxigênio) sob luz branca fluorescente com fotoperíodo controlado de 12h, ajustado na temperatura de 30ºC ± 1ºC. A assepsia das caixas e pinças foi realizada com álcool a 70% e o papel germitest em autoclave vertical a 121ºC e pressão de 1 atm por 15 minutos. A avaliação da germinação foi realizada diariamente, sendo iniciada no primeiro dia após a instalação do experimento e encerrada no 30º dia, adotando como critério de germinação a protrusão radicular. As outras sementes foram mantidas em ambiente sombreado, secas e armazenadas em sacos de papel ao ar livre, pelos 4 períodos de tempo. O teste de umidade e a germinação procedeu-se da mesma forma conforme a metodologia detalhada anteriormente. A análise da germinação foi realizada por meio do cálculo da porcentagem de germinação (G%), Índice de Velocidade de Germinação (IVG) e Tempo Médio de Germinação (TMG), sendo um experimento em delineamento inteiramente casualizado, compondo-se de 5 21

tratamentos (tempo de armazenamento) com quatro repetições. O IVG foi calculado de acordo com a fórmula apresentada por Maguire (1962), o TMG, segundo Labouriau (1983). A classificação fisiológica das sementes, quanto ao comportamento durante o armazenamento foi feita de acordo com o protocolo proposto por Hong e Ellis (1996). Para análise estatística, os pressupostos de normalidade (teste de Shapiro-Wilk) e de homocedasticidade (teste de Bartlett) foram testados a um nível de 5% de significância e os dados submetidos ao teste F para análise de variância ao nível de significância de 5%, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade do erro. Para todas as análises, utilizou-se o software estatístico gratuito R-3.3.3 (2017) e o pacote ExpDes (Experimental Designs) (FERREIRA et al., 2013). 2.4. Germinação, morfologia e desenvolvimento de plântulas O acompanhamento do desenvolvimento das plântulas foi conduzido em germinador do tipo BOD (sob luz branca fluorescente com fotoperíodo controlado de 12h, ajustado na temperatura de 30ºC ± 1ºC) e, posteriormente em casa de vegetação com irrigação em sistema de aspersão controlada (temperatura em torno de 28°C e umidade relativa do ar acima de 80%), realizando observações a cada 2 dias até que as primeiras sementes atingissem o estádio de plântula completa. Para a visualização e descrição da protrusão radicular, 30 sementes foram semeadas em caixa plástica (gerbox), utilizando como substrato o papel germitest autoclavado, umedecido com água destilada quando necessário. Simultaneamente, foram semeadas outras 30 sementes do mesmo lote em caixa plástica (gerbox) e, como substrato, a mistura de 70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada, também umedecido com água destilada quando necessário. A semeadura ocorreu de modo que as sementes não ficassem visíveis, desta forma, pode-se observar e descrever a emergência da plântula. Assim que a emergência das plântulas foi visualizada, as mesmas foram transplantadas para tubetes de plástico rígido cônico de 180 cm³ de capacidade e mesmo substrato para a continuação do desenvolvimento em casa de vegetação. A classificação das características morfofuncionais foi feita a partir de observações diretas das plântulas. O sistema de classificação utilizado (MIQUEL, 1987), compreende cinco tipos morfofuncionais de plântulas: Fanero-Epígeo-Foliáceo, Fanero-Epígeo-Armazenador, Fanero-Hipógeo-Armazenador, Cripto-Hipógeo-Armazenador e Cripto-Epígeo-Armazenador (GARWOOD, 1996). Estes tipos morfofuncionais representaram as características dicotômicas de exposição (fanerocotilar ou criptocotilar), posição (epigial ou hipogeal) e textura (foliáceo ou armazenador), descritas em Ressel, 2004. 22

As descrições morfológicas foram feiras a olho nu, para tal procedimento foi utilizada as plântulas mais vigorosas. Estas, tiveram seus sistemas radiculares expostos por meio de lavagem em água corrente, facilitando assim a visualização das estruturas em estudo. A germinação foi considerada desde a emissão da radícula e o termo “plântula” foi utilizado quando foram observados os cotilédones e o primeiro eófilo (protófilo de 1ª ordem) desenvolvido. Realizou-se neste momento a descrição da raiz (primária e secundária), coleto, hipocótilo, cotilédones, epicótilo e do primeiro protófilo.

3. RESULTADOS 3.1. Aspectos morfológicos e caracteres biométricos de frutos e sementes O fruto de R. grandis é do tipo simples, seco e capsulídio, apresenta forma de cápsula septífraga oblonga, com três septos isolados, levemente côncavos, apresentando cor verde para verde escuro (5GY 5/8) quando maduros (Figura 1C, F, G). Os frutos abrem-se quando maduros, acarretando a ruptura dos septos paralela ao eixo dos frutos e sementes, classificando- se como deiscentes longitudinal (Figura 1B, F, G). São dispérmicos uniloculares, apresentam- se duas sementes, sendo que, dos 30 frutos avaliados, em sua maioria, uma semente encontrava- se abortada e 100% das sementes caracterizavam-se como sadias. O endocarpo coriáceo, perfeitamente distinto da parte externa do pericarpo separa-se em três porções bífitas, na parte apical. Apresenta-se a coluna central seminífera, com bordas membranáceas e aliformes, que permanece íntegra depois da deiscência do fruto, onde a semente fica presa, classificando-se como frutos esquizocarpos (Figura 1A). A semente é elipsoide de cor amarelo claro (5Y 2/8) caracterizada por um tegumento liso e polido (Figura 1E). Apresenta sarcotesta (tecido carnoso que recobre a semente) de coloração vermelho alaranjado (10R 5/10) (Figura 1D). O peso de 100 sementes sem a sarcotesta logo após o beneficiamento foi de 5,674 ± 0,764 g. 23

Figura 1: Características morfológicas de frutos e sementes da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) em que: (A) presença da coluna central seminífera após a deiscência do fruto, (B) fruto deiscente longitudinal, (C) fruto tipo simples, seco e capsulídeo, (D) semente com sarcotesta, (E) semente sem sarcotesta, (F) (G) frutos, semente com sarcotesta e sem sarcotesta. As barras da figura equivalem a 1cm. A análise descritiva das dimensões dos frutos e sementes com e sem sarcotesta encontram-se na tabela 1 e, para melhor compreensão de suas frequências em cada classe (7 classes) de tamanho, os resultados estão dispostos em histogramas compondo a figura 2. 24

Tabela 1: Análise descritiva das dimensões (comprimento e largura) dos frutos e sementes com e sem sarcotesta da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) Comprimento Largura Estrutura Média (mm) Mediana (mm) CV (%) Média (mm) Mediana (mm) CV (%) Fruto 16,24 ± 1,16 16,20 7,12 8,57 ± 0,49 8,50 5,8 Semente c/ sarcotesta 8,17 ± 0,47 8,20 5,35 5,62 ± 0,53 5,50 9,41 Semente s/ sarcotesta 7,40 ± 0,51 7,50 6,85 4,57 ± 0,34 4,50 7,67

A 100 100 80 80 60 60 40 20 40 0 20 0

Frequência (%) Frequência Fruto

Frequência (%) Frequência Fruto

8,99 - - 9,3 8,99 7,1 - 7,41 - 7,1

11,8 - - 12,68 11,8 18,0 - 17,13

7,42 - - 7,73 7,42 - 8,04 7,74 - 8,35 8,05 - 8,67 8,36 - 8,98 8,68

12,69 - 13,57 - 12,69 17,13 - 16,24 13,58 - 14,46 - 13,58 15,34 - 14,47 16,23 - 15,35 Comprimento (mm) Largura (mm) B 100 100 80 80 60 60 40 40 20 20 0 0

Frequência (%) Frequência Sem. c/ sarc.

Frequência (%) Frequência Sem. c/ sarc.

4,5 - 4,85 - 4,5 - 7,0 6,65

7,0 - 7,28 - 7,0 - 9,0 8,72

5,93 - - 6,28 5,93 4,86 - - 5,21 4,86 - 5,57 5,22 - 5,92 5,58 - 6,64 6,29

7,29 - - 7,57 7,29 7,58 - - 7,86 7,58 - 8,14 7,87 - 8,43 8,15 - 8,71 8,44 Comprimento (mm) Largura (mm) C 100 100 80 80 60 60 40 40 20 20

0 Frequência (%) Frequência

Frequência (%) Frequência 0 Sem. s/ sarc. Sem. s/ sarc.

3,5 - 3,71 - 3,5 - 5,0 4,79 6,3 - 6,5 - 6,3

4,15 - - 4,35 4,15 6,51 - - 6,8 6,51 - 7,1 6,81 - 7,3 7,11 - 7,5 7,31 - 7,8 7,51 - 8,1 7,81 - 3,92 3,72 - 4,14 3,93 - 4,57 4,36 - 4,78 4,58 Comprimento (mm) Largura (mm)

Figura 2: Frequência das dimensões (comprimento e largura) dos frutos (A), sementes com sarcotesta (B) e semente sem sarcotesta (beneficiada) (C) da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) em sete classes de tamanho A maior parte dos frutos, sementes com sarcotesta e sem sarcotesta apresentam comprimento em torno de 14,47 a 18,0 mm, 7,87 a 8,71 mm e 6,82 a 8,1 mm, respectivamente (Figura 2). Considerando o comprimento para a maioria das sementes sem a sarcotesta, ressalta- 25

se que foi observado maior frequência na terceira e sétima classe e menor frequência na quarta classe de comprimento (Figura 2C). E para a largura, os frutos, em sua maioria, encontram-se nas classes compreendidas entre 7,74 a 9,3 mm (Figura 2A), as sementes com sarcotesta entre 4,86 a 6,28 mm, com maior frequência nas classes 3 e 5 (Figura 2B), e as sementes sem a sarcotesta entre 4,36 a 4,57 mm, sendo estas dimensões compondo apenas a quinta classe (Figura 2C). Observa-se que, apesar dos valores biométricos encontrados para sementes e frutos da R. grandis apresentarem-se distribuídas na maioria das classes, os coeficientes de variação foram relativamente baixos (abaixo de 10%), indicando homogeneidade de dimensões das amostras analisadas. 3.2. Germinação e armazenamento de sementes Em relação à germinação, para atender os pressupostos de normalidade e homocedasticidade (p > 0,05), foram retirados os tratamentos que não obtiveram resultados de germinação (G%), índice de velocidade de germinação (IVG) e tempo médio de germinação (TMG) (tratamentos 10, 15 e 20 dias armazenadas), a fim de não proporcionar perda na eficiência na estimativa do efeito dos tratamentos e também perda de sensibilidade do teste de significância. Para a análise estatística da porcentagem de umidade (%), todos os tratamentos foram mantidos na análise, atendendo aos pressupostos estatísticos (p > 0,05). Verificou-se aos 30 dias de análise que a média da porcentagem de germinação, para as sementes recém beneficiadas (0 dias), foi de 63% com um IVG médio de 27,54 e TMG de 7 dias com um grau médio de umidade de 77,03%, enquanto que, para o tratamento em que as sementes da R. grandis foram armazenadas durante 5 dias, houve um decréscimo da média da germinação (21%), do IVG médio (7,85) e um aumento do tempo médio de germinação para 9 dias, este não sendo estatisticamente significativo, com um grau médio de umidade de 52,03% (Tabela 2). Para os tratamentos com 10, 15 e 20 dias de armazenamento, as sementes de R. grandis já haviam perdido completamente a sua viabilidade, com média do grau de umidade de 40,8, 28,2, e 11,8%, respectivamente (Tabela 2). Vale ressaltar que, o tratamento de 10 dias de armazenamento não houve germinação, mesmo apresentando um grau de umidade igual ao tratamento de 5 dias de armazenamento (Tabela 2).

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Tabela 2: Resposta da umidade (%), germinação (%), índice de velocidade de germinação (IVG) e tempo médio de germinação (TMG) da Richeria grandis Vahl. em diferentes tempos de armazenamento Tempo de armazenamento (dias) Umidade (%) G (%) IVG TMG (dias) Recém beneficiadas 77,03a 63 * 27,54 * 7n.s 5 dias 52,03b 21 * 7,85 * 9n.s 10 dias 40,80bc - - - 15 dias 28,20cd - - - 20 dias 11,80d - - - Coeficiente de variação (%) 15,04 33,33 35,79 17,04 Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade. *Significância no teste de análise de variância F (p < 0,05). n.s. Não significância no teste de análise de variância F (p > 0,05).

Nota-se que, o tempo médio de germinação para as sementes com grau de umidade inicial (recém beneficiadas) e para aquelas submetidas ao armazenamento durante 5 dias foram iguais. Ainda assim, as sementes beneficiadas e alocadas para germinar no ato na coleta, o início da germinação foi a partir do segundo dia de avaliação e estabilização da resposta no 20º dia. E, para as sementes com 5 dias de armazenamento, o início da protrusão radicular foi no 5º dia e estabilização da resposta no 10º dia (Figura 3). Após este período, nenhuma semente teve condições de germinar uma vez que encontravam-se fungadas e/ou apodrecidas.

Sementes recém beneficiadas Sementes armazenadas por 5 dias 100

80

60

40 Germinação (%) Germinação 20

0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 Tempo (dias)

Figura 3: Porcentagem de germinação ao longo do tempo de avaliação (30 dias) de sementes da Richeria grandis Vahl. colocadas para germinar no ato da coleta e beneficiamento e após 5 dias armazenadas em sacos de papel ao ar livre

Neste trabalho constatou-se que as sementes da R. grandis são sensíveis às condições do armazenamento adotado, que permitiu a perda do grau de umidade. Verificou-se que as 27

sementes são dispersas com alto conteúdo de água, e perde a sua viabilidade quando são acondicionadas em embalagem permeável e secas a conteúdos de água abaixo de 40,8%, sendo, portanto, de acordo com o protocolo utilizado, classificadas como recalcitrantes. 3.3. Germinação, morfologia e desenvolvimento de plântulas A radícula rompe o tegumento no segundo dia após a semeadura (Figura 4A, B), caracterizando o início visível da germinação. No segundo dia, a radícula cilíndrica de cor esverdeada, apresentou comprimento variando de 0,8 a 2,0 mm. Observou-se no oitavo dia que a radícula, já com uma coloração mais esbranquiçada amarelada (aclorofilada), se afina da base para o ápice, e o hipocótilo, de cor verde claro, começa a ser notado (Figura 4C, D). Dez dias após a semeadura, o coleto é evidenciado pela cor marrom escura apresentando uma pequena depressão (estrangulamento), separando a raiz primária, formada a partir do alongamento da radícula, dando origem à raiz principal, agora com uma coloração amarelo amarronzada, do hipocótilo (parte situada entre o ponto de inserção dos cotilédones e àquele em que tem início à raiz) de cor verde escuro (Figura 4E), nesta fase, ainda não há presença de raízes secundárias. A emergência da semente de R. grandis é do tipo epígea, caracterizada pelos cotilédones foliáceos posicionando-se acima do substrato pelo alongamento do hipocótilo (Figura 4G). Os mesmos, emergem do tegumento da semente, escampam da testa e se expandem, sendo assim, classificados como fanerocotiledonar. Deste modo, a classificação do tipo morfofuncional da R. grandis segundo Miquel (1987) é Fanero-epígeo-foliáceo, características dicotômicas de exposição, posição e textura dos cotilédones, respectivamente (Figura 4G). Com relação às folhas embrionárias (cotilédones), estes são classificados como dicotiledôneas, especializados para fotossíntese, apresentam folhas cotiledonares apostas, sésseis, glabras e consistência membranáceas, com margem lisa, coloração verde escuro, formato oblongo com ápice arredondado, com nervação principal bem marcada e broquidódroma (Figura 4H). O tempo em que os cotilédones encontravam-se recoberto pelo tegumento variou. Em algumas amostras que já apresentavam raízes primárias, coletos e hipocótilos, o mesmo ainda se encontrava recoberto pelo tegumento (Figura 4E), já em outras amostras, o mesmo havia se expandido da testa apenas com a radícula e hipocótilo evidenciado (Figura 4F) porém, só a partir do 16º dia, com observações periódicas, que os cotilédones de todas as sementes germinadas estavam totalmente expandidos, os quais estão posicionados em busca de luz, sendo que, encontram-se dispostos em um ângulo de 90º em relação ao hipocótilo (Figura 4G, H). 28

Figura 4: Caracterização morfológica do desenvolvimento germinativo até a fase de plântula completa da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) evidenciando (A) (B) radícula rompendo o tegumento, (C) (D) presença da radícula e aparecimento do hipocótilo, (E) coleto evidenciado pela cor marrom escuro, (F) folhas embrionárias, (G) tipo morfofuncional Fanero-epígeo- foliáceo e (H) folhas embrionárias com nervação broquidódroma. As barras da figura equivalem a 1cm.

Foi observado a presença de raízes secundárias apenas a partir do 22º dia (Figura 5B). Nesta fase, observa-se claramente a zona de ramificação, contendo raízes secundárias as quais 29

são finas, curtas (medindo em torno de 0,5 a 1 cm de comprimento), tenras, cilíndricas e de cor branca (aclorofiladas), a zona de crescimento, também esbranquiçada, responsável pelo crescimento da raiz principal cujo sistema radicular é pivotante, com geotropismo positivo, e a coifa, também de cor branca (Figura 5B). Neste estádio a raiz primária apresentou rápido desenvolvimento, apresentando forma cilíndrica e tenra, de cor marrom castanho com seu comprimento variando de 5 a 9 cm (Figura 5B). O epicótilo se desenvolve mais lentamente que o hipocótilo, sendo que plântulas com cerca de 30 dias, ainda não o apresentavam. Somente após 50 dias de observações é que o primeiro eófilo (protófilo de 1ª ordem) surge medindo em torno de 7 mm de comprimento, caracterizado como folha simples, simétrica, nervação broquidódroma, com nervura principal bastante evidente, de forma elíptica (ápice acuminado e base cuneada), aparentemente séssil, com consistência membranácea, glabra e margem serreada (Figura 5A, C, D). Nesta fase, nota- se o início do crescimento do epicótilo, sendo muito semelhante ao hipocótilo: tenro, cilíndrico e de coloração verde escuro a marrom castanho, com comprimento de 2 mm e desprovido de pelos (Figura 5C, D). O hipocótilo nesta fase, possui comprimento variando de 5 a 8 cm, coloração verde claro, raiz primária com média de comprimento de 11 cm de cor marrom castanho na base e amarelo a branco no ápice (compondo a zona de crescimento e coifa), e raízes secundárias brancas, com comprimento de 1 a 4 cm, caracterizando a plântula jovem (Figura 5A). 30

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Figura 5: Caracterização morfológica do desenvolvimento germinativo até a fase de plântula jovem da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) evidenciando (A) plântula jovem com todas as características morfológicas, (B) raízes secundárias (1), zona de crescimento radicular (2) e coifa (3), (C) (D) primeiro protófilo e aparecimento do epicótilo. As barras da figura equivalem a 1cm.

4. DISCUSSÃO De modo a certificar a classificação morfológica deste estudo, Kuhlmann (2012) também caracteriza a R. grandis como fruto seco, deiscente, simples do tipo cápusla, e sementes com tegumento liso, brilhoso e frágil de cor creme, sendo comum uma semente viável por fruto, como encontrado neste experimento. No entanto, Kuhlmann (2012) e Silva-Júnior e Pereira (2009) apontam a semente da R. grandis com presença de arilo suculento vermelho, o que contraria o presente resultado descritivo referente à presença de sarcotesta. Ressalta-se que, sementes desprovidas de arilo (carúncula) compõem uma das principais características da família Phyllanthaceae que as diferenciam das Euphorbiaceae (SOUZA, LORENZI, 2008; MARTINS; LIMA, 2011; SECCO; ROSÁRIO, 2015), enfraquecendo esta classificação botânica para a presente espécie, uma vez que ela pertence à família Phyllanthaceae. 31

Em contrapartida, Barroso et. al (1999) alega que as sementes da R. grandis apresenta sarcotesta de coloração vermelha, tal como se apresenta nos gêneros de Magnolia L., Michelia Adans., Talauma A. Juss., além de apresentar um dos óvulos abortados, corroborando para o resultado deste estudo. Cordeiro (1992, 2004) de forma similar, identifica a R. grandis com frutos em forma de cápsula oboval e globosa, verde mesmo quando madura, com sementes com testa diferenciada lisa, brilhante e carnosa alaranjada a coral, definindo-se também como sarcotesta. Algumas descrições morfológicas da R. grandis, encontrado na literatura científica, contradizendo as características básicas que diferem as Phyllanthaceae das Euphorbiaceae, mostram a grande variabilidade existente dentro desta família. Da mesma maneira que Oliveira e Paoli (2016) indicam a necessidade de novos estudos para a família Euphorbiaceae, estudos com a família Phyllanthaceae, os quais abordem um número maior de espécies, estabelecendo maior conhecimento sobre esta família e suas relações com outros taxóns para melhor sistematização, também fazem necessário. De acordo com o encontrado no presente trabalho, Oliveira (2012) estudando as espécies Acalypha gracilis Spreng., Euphorbia cotinifolia L. e Jatropha gossypiifolia L. (Euphorbiaceae) classificou-as como frutos em cápsulas esquizocarpos (segmentos elasticamente deiscentes a partir de uma coluna central persistente), com sementes elípticas ou globosas. Diferindo-se da R. grandis, estas espécies apresentam látex desde muito jovem, com exceção da A. gracilis, que é uma espécie herbácea não produtora de látex (OLIVEIRA, 2012). Espécies da família Phyllanthaceae, também apresentam frutos capsulados septífragos e duas sementes glabras por lóculos, como é o caso da Glochidion talakonense sp. nov., Glochidion karnaticum Chakrab. & M.Gangop. (RAO, 2016), Phyllanthus acuminatus Vahl. (MARTINS; LIMA, 2011), e Hyeronima alchorneoides Allemão (SAUERESSIG, 2014). A descrição biométrica constitui uma técnica importante para detectar a variabilidade genética dentro de população de uma mesma espécie (GUSMÃO et. al, 2006; RIBEIRO et. al, 2016) e pode fornecer informações importantes para a distinção de espécies do mesmo gênero futuramente. Em relação à biometria de frutos e sementes da R. grandis, os valores dos desvios padrões quando comparado com os das médias, para cada um dos parâmetros avaliados, se mostrou com baixa intensidade. Quando estes valores indicam uma baixa dispersão em relação à média, conclui-se uma pequena variabilidade (AOYAMA et. al, 2015) dos frutos e sementes de R. grandis. Confirmando ainda a pouca variabilidade, os dados apresentaram coeficientes de 32

correlação baixos, dando uma ideia de maior precisão nas dimensões mensuradas (BANZATTO; KRONKA, 2015). Kuhlmann (2012), Cordeiro (1992, 2004), Silva Júnior e Pereira (2009) reforçam os resultados biométricos desta pesquisa, informando que os frutos possuem até 1,6 cm de comprimento e sementes sem a sarcotesta com até 0,75 cm de comprimento. O teste de germinação, segundo Oliveira e Paoli (2016), é um dos principais meios utilizados a fim de observar a qualidade fisiológica das sementes, permitindo-se conhecer o seu potencial germinativo. O mais importante aspecto no que se refere à qualidade de sementes, é que a mesma apresente uma germinação uniforme e rápida (DAVIDE; SILVA, 2008). As sementes da R. grandis apresentam-se com uma germinação uniforme e rápida, com um porcentual de 63% de germinação com tempo médio de germinação de 7 dias para sementes recém-beneficiadas. Contudo, a espécie estudada apresentou sensibilidade à perda de água e requer condições específicas para a sua conservação, haja visto que, com apenas 5 dias de armazenamento em embalagens permeáveis, a R. grandis já apresentava decréscimo significativo em sua capacidade germinativa, com apenas 21% de suas sementes germinadas. Davide e Silva (2008) recomendam neste caso, a coleta e beneficiamento imediato, seguido de semeadura. As sementes recalcitrantes, como é o caso da R. grandis, passam direto da fase de maturação para a fase de germinação, não apresentando a fase de secagem tão evidente como as sementes ortodoxas (SILVA et al., 2015). Assim, sementes de comportamento recalcitrante são dispersas com alto conteúdo de água, em torno de 30 a 70%, metabolicamente ativas e, geralmente, germinam logo após a dispersão (SILVA et al., 2015). Deste modo, espécies com sementes intolerantes à dessecação e armazenamento exigem condições especiais de conservação, uma vez que a técnica de conservação de sementes ex situ, por meio de bancos de sementes não é viável (CARVALHO et al., 2006). Estratégias de conservação in situ, método mais eficaz para se manter a continuidade dos processos evolutivos que originam e mantém a biodiversidade por meio de unidades de conservação (SANTOS FILHO, 1995), devem ser levadas em consideração para a preservação gênica das espécies com este comportamento (JOSÉ et al., 2007). Todavia, embora este tipo de conservação seja, até o momento, a forma mais adequada para a preservação gênica segundo José et al. (2007), a mesma possui algumas desvantagens, por necessitar de grandes áreas que devem ser efetivamente protegidas de qualquer distúrbio, o que demanda uma grande alocação de recursos financeiros (JOSÉ et al., 2007), o que gera a 33

necessidade de uma conservação eficiente das Matas de Galeria e Ciliares e o fortalecimento e fiscalização da política ambiental (CARVALHO et al., 2006). Salienta-se que existem métodos alternativos para o armazenamento ex situ de sementes recalcitrantes, porém requerem estudos específicos para a R. grandis para conclusões futuras. Estes métodos devem obrigatoriamente considerar a redução do metabolismo, ou indução da tolerância à dessecação em sementes sensíveis, com o uso de PEG (Polietilenoglicol) e ABA (ácido abscísico exógeno) em soluções osmóticas, a desidratação parcial (secagem até atingir o menor teor de água suportável pela semente) o que pode ampliar a longevidade, e também a excisão do eixo embrionário seguido da criopreservação (BONJOVANI, 2011; RODRIGUES et al., 2015; RIBEIRO et al., 2016). De modo complementar, Silva-Júnior e Pereira (2009) e Lorenzi (2009) também descrevem a germinação da R. grandis com taxas em torno de 50% quando semeadas logo após a colheita. Oliveira e Paoli (2016) estudando espécies da família Euphorbiaceae, chegou à conclusão que a viabilidade das três espécies (Acalypha gracilis (Spreng.) Mull. Arg, Euphorbia cotinifolia L. e Jatropha gossypiifolia L.) é baixa, permanecendo viáveis durante apenas um mês de armazenamento em sacos de papel, apresentando porcentagem de germinação de 80, 15 e 5%, respectivamente. E, de maneira geral, aproximadamente 30% das espécies nativas de Matas Ciliares de Minas Gerais apresentam baixa longevidade e devem ser semeadas logo após a coleta e processamento (DAVIDE; SILVA, 2008). Allophylus edulis (A. St.-Hil. Cambess. e A. Juss.) Radlk, Ixora warmingii Müll. Arg. e Aulomyrcia venulosa DC, Calophyllum brasiliense Cambess., Calyptranthes lucida Mart. Ex DC., Cupania vernalis Cambess., Eugenia handroana D.Legrand, e Talauma ovata A.St.-Hil., espécies florestais ocorrentes em Matas Ciliares, também foram classificadas segundo Carvalho et al. (2006) e José et al. (2007), como recalcitrantes, não tolerando a secagem a conteúdos de água abaixo de 12%, indicando que, práticas de conservação in situ devem ser levadas em consideração para a preservação dos recursos genéticos destas espécies. Ademais, Carvalho et al. (2006) afirmam que existe uma associação entre o estágio sucessional a que as espécies pertencem e o comportamento fisiológico quanto à secagem e ao armazenamento. Alguns fisiologistas de sementes, confirmam que sementes de espécies clímax apresentam maiores dimensões, ausência de dormência e comportamento recalcitrante (WHITMORE, 1990; KAGEYAMA; VIANA, 1991), regenerando-se, principalmente, por meio de banco de plântulas (KAGEYAMA; VIANA, 1991), o que pode atribuir a R. grandis como uma espécie típica de comunidades com estágio sucessional clímax. 34

Pesquisas sobre desenvolvimento de plântulas são de extrema importância para o entendimento da ecologia e características fenológicas das espécies (OLIVEIRA; PAOLI, 2016), infelizmente foram encontrados poucos trabalhos sobre espécies da família Phyllanthaceae, e apenas um para a espécie aqui abordada, onde Silva-Júnior e Pereira (2009) confirmam as folhas elípticas, nervação broquidódroma e nervuras salientes da R. grandis. As características morfológicas das plântulas de espécies da família Phyllanthaceae estudadas por Secco e Silveira (2016), reforça o perfil encontrado para a R. grandis. Phyllanthus carolinensis Fl. Carol. e Phyllanthus minutulus Müll. Arg., Fl. Bras. também apresentam folhas elíptico-ovais, membranáceas, glabras e nervura bem evidente (SECCO; SILVEIRA, 2016). Em Euphorbia cotinifolia L. e Jatropha gossypiifolia L. (Euphorbiaceae), Oliveira e Paoli (2016) as classificam como plântulas fanerocotiledonares e epígeas, com cotilédones foliáceos fotossintetizantes. Nos anos 70, período em que as Phyllanthaceae ainda estavam contidas nas Euphorbiaceae, Duke (1969) evidencia que plântulas fanerocotiledonares são consideradas modelo padrão para a família, característica esta, encontrada em plântulas da R. grandis. Assim como Oliveira e Paoli (2016) justificam que não se deve generalizar, dizendo que existe um tipo padrão de morfologia e desenvolvimento de plântulas para espécies da família Euphorbiaceae, uma vez que a família é muito grande e diversa, o mesmo pode ser válido para a Phyllanthaceae, pois se trata de uma família que tem escassos estudos relacionados à morfologia e desenvolvimento inicial de plantas. Espécies que não apresentam interesses comerciais, não tem uma metodologia e procedimentos eficientes recomendados na literatura (OLIVEIRA; PAOLI, 2016). De maneira geral, não se encontram estudos referentes à morfologia de frutos, semente e plântulas, bem como germinação da R. grandis na literatura, dificultando assim uma melhor confirmação e análise dos dados apresentados neste estudo. No entanto, estas espécies também devem ser analisadas, pois fornecem dados interessantes para a ecologia, silvicultura destinada a produção de mudas para restauração de Matas de Galeria e também para serem utilizados em questões sobre a sistemática da família.

5. CONCLUSÃO - O fruto da R. grandis é simples, seco, do tipo cápsula septífraga oblonga, deiscentes longitudinal, dispérmicos uniloculares e esquizocarpos, com comprimento médio de 16,24 mm e largura média de 8,57 mm. 35

- A semente é elipsoide com presença de sarcotesta de coloração vermelho alaranjado, com comprimento médio de 7,40 mm e largura média de 4,57 mm sem a sarcotetsa. O peso de 100 sementes sem a sarcotesta logo após o beneficiamento foi de 5,67g. - A Richeria grandis apresenta sementes recalcitrantes. Após 10 dias armazenadas, as sementes perdem completamente a viabilidade. - A emergência possui classificação morfofuncional de exposição fanerocotilar, posição epigial e textura foliácea. - A radícula rompe o tegumento no segundo dia após a semeadura, o coleto é evidenciado ao 10º dia, separando a raiz primária do hipocótilo. A partir do 16º dia, os cotilédones especializados para fotossíntese se expandem da testa, posicionados em um ângulo de 90º em relação ao hipocótilo. O desenvolvimento de raízes secundárias é observado apenas a partir do 22º dia. O primeiro protófilo e o epicótilo surge somente após o 50º dia, caracterizando uma plântula completa.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 2 – DIFERENTES SUBSTRATOS E AMBIENTES PROTEGIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO INICIAL DE MUDAS DE Richeria grandis Vahl.

RESUMO Devido à intensa degradação das Matas de Galeria e a necessidade de produção de mudas de espécies específicas destes ambientes para fins de recuperação, aliado à escassez de informações disponíveis sobre as técnicas silviculturais da espécie arbórea Richeria grandis Vahl. (Phyllantahceae), objetivou-se neste estudo avaliar a influência de substratos e níveis de sombreamentos sobre a emergência e qualidade de mudas juvenis desta espécie. O experimento foi conduzido em Viveiro Florestal pertencente à Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, em condições de casa de vegetação. Os frutos, coletados em 18 árvores-matrizes pré-selecionadas em três Matas de Galerias, foram beneficiados, as sementes foram despolpadas e a semeadura ocorreu ainda no mesmo dia da coleta em campo. Foram utilizadas três composições de substratos: S1 – 70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada; S2 – 50% de bioplant®, 35% de vermiculita e 15% de casca de arroz carbonizada;

S3 – 70% de terra de subsolo e 30% de esterco bovino curtido. Os substratos foram colocados em tubetes com capacidade de 180 cm³ e mantidos em três níveis de sombreamento: 0%, 30% e 50%. Para a realização do teste de emergência, a contagem do número de plântulas emergidas do 1º ao 40º dia foi registrada diariamente no mesmo horário, após a instalação do experimento. Para a avaliação do desenvolvimento das mudas, foi mensurada a altura, o diâmetro do coleto, a clorofila total e a contagem do número total de folhas presentes na muda aos 90, 120, 150 e 180 dias após a semeadura. Aos 210 dias, foi avaliado a porcentagem de mortalidade e a qualidade das mudas a partir do índice de qualidade de Dickson. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado em esquema de parcelas subdivididas e sub-subdivididas. A unidade experimental foi constituída por 5 mudas, com 6 repetições por tratamento, totalizando 270 mudas. Os dados obtidos nas avaliações foram submetidos ao teste F para análise de variância ao nível de significância de 5%, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey. Enquanto que os dados obtidos sob diferentes tempos, foram submetidos ao teste F para análise de variância e, dando interação significativa (p < 0,05) com o tempo, foram realizadas análises de regressão e teste de identidade de modelo. Os substratos S1 e S2 e os sombreamentos 30 e 50% foram responsáveis por promover as maiores médias para a emergência, teor de clorofila, altura, diâmetro do coleto e número de folhas. Todas as características avaliadas apresentaram valores inferiores no sombreamento 0%, o que pode concluir que a R. grandis é uma espécie que necessita de sombra na fase inicial de seu desenvolvimento. 43

Palavras-chave: Matas de Galeria. Níveis de sombreamento. Produção de mudas. Restauração de áreas degradadas. Secundária tardia.

ABSTRACT Due to the intense degradation of gallery forests and the need to produce seedlings of specific species of these environments for recovery purposes, together with the scarcity of information available on the silvicultural techniques of the tree species Richeria grandis Vahl. (Phyllantahceae), the objective of this study was to evaluate the influence of substrates and levels of shading on the emergence and quality of juvenile saplings of this species. The experiment was conducted in a forest nursery belonging to the Federal University of the Jequitinhonha and Mucuri Valleys, under greenhouse conditions. The fruits, collected in 18 pre-selected matrix trees in three Matas de Galerias, were benefited, the seeds were demolished and the sowing occurred on the same day of the field harvest. Three substrate compositions were used: S1 - 70% vermiculite and 30% charcoal rice husk; S2 - 50% bioplant®, 35% vermiculite and 15% charcoal rice husk; S3 - 70% of subsoil soil and 30% of tanned bovine manure. The substrates were placed in tubes with a capacity of 180 cm³ and maintained in three levels of shading: 0%, 30% and 50%. For the emergency test, the number of seedlings emerged from the 1st to the 40th day was recorded daily at the same time, after the experiment was installed. In order to evaluate the development of seedlings, the height, collection diameter, total chlorophyll and counting of the total number of leaves were evaluated at 90, 120, 150 and 180 days after sowing. At 210 days, the percentage of mortality and the quality of the seedlings were evaluated from the Dickson quality index. The experimental design was completely randomized in a subdivided and subdivided plots scheme. The experimental unit consisted of 5 seedlings, with 6 replicates per treatment, totaling 270 seedlings. The data obtained in the evaluations were submitted to the F test for analysis of variance at the significance level of 5%, and the means were compared by the Tukey test. While the data obtained under different times, were submitted to the F test for analysis of variance and, giving significant interaction (p <0.05) over time, regression analysis and model identity test were performed. The substrates S1 and S2 and shading 30 and 50% were responsible for promoting the highest averages for emergence, chlorophyll content, height, collection diameter and leaf number. All evaluated characteristics presented lower values in the 0% shading, which can conclude that R. grandis is a species that needs shade in the initial phase of its development. 44

Keywords: Gallery Woods. Levels of shading. Seedling production. Restoration of degraded areas. Late secondary.

1. INTRODUÇÃO Por consequência do alto nível de antropização em ecossistemas naturais, a conservação da biodiversidade e restauração de áreas degradadas é um dos maiores desafios na pesquisa atualmente (GONZAGA et al., 2016). Esta antropização é efetiva em muitas Matas de Galeria, que embora sejam protegidas pela Legislação Federal, classificadas com Área de Preservação Permanente (APP) contidas no Novo Código Florestal (Lei n° 12.651 de 25/05/2012 alterada pela Lei n° 12.727 de 17/10/2012), a maior parte destas florestas têm se tornado pequenos fragmentos isolados, ocasionando a perda de fluxo gênico e, consequentemente, declínio das populações e comunidades vegetais (FELFILI et al., 2000, RIBEIRO et al. 2007). Neste contexto, cresce a necessidade da recuperação, via restauração, destas áreas (DAVIDE; BOTELHO, 2015; LIMA et al., 2015; MINAMI et al., 2017), e do conhecimento ecológico e silvicultural de espécies características desta fitocenose. Os estudos relacionados à técnica de produção de mudas de espécies nativas destes ambientes são relevantes, uma vez que aumentam a perspectiva da sobrevivência das plantas no campo, quando comparado à técnica de semeadura direta (GONZAGA et al., 2016; KLEIN et al., 2017). Para tal, torna-se indispensável o conhecimento acerca da disponibilidade de luz (sombreamento) e do tipo de substrato para a produção dessas mudas, uma vez que estes exercem papel de destaque sobre todos os estágios de desenvolvimento vegetal em fase de viveiro (DUTRA et al., 2012). Além disso, são fatores que podem ser manipulados a contribuir de forma inequívoca para a melhoria da porcentagem, velocidade e uniformidade da emergência, proporcionando mudas mais homogêneas (OLIVEIRA et al., 2015; PIMENTEL et al., 2016), com boa qualidade, rápido crescimento e boa formação do sistema radicular (PIMENTEL et al., 2016; ANDRAUS, 2017). Portanto, o conhecimento de substratos e do sombreamento é um passo crítico na produção de mudas de qualquer espécie vegetal (PIMENTEL et al., 2016). Além disso, pouca informação está disponível sobre a emergência e produção de mudas da Richeria grandis Vahl pertencente à família Phyllanthaceae (FLORA DO BRASIL 2020 em construção). Esta árvore, popularmente conhecida como “Jaca-brava” e “Pau-de-Santa-Rita” (SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009), possui ocorrência natural sobretudo em Florestas Ciliares e de Galerias (MARTINS, 2015; FREITAS et. al, 2016; CERQUEIRA et. al, 2016; GOMES 45

et. al, 2016; SILVA, 2017), o que justifica uma alternativa plausível para o seu uso em programas de restauração, haja vista que é uma espécie compatível com o ecossistema de referência. Considerando-se o potencial uso da R. grandis aliada à escassez de informações sobre uma metodologia para sua emergência e produção de mudas em viveiro, objetivou-se neste estudo avaliar a emergência de plântulas e o crescimento de mudas desta espécie em diferentes composições de substratos e níveis de sombreamento.

2. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Centro Integrado de Propagação de Espécies Florestais (CIPEF), do departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Diamantina, MG, no período de Fevereiro a Setembro de 2016, em condições de casa de vegetação (18º12’ S; 43º34’ W e altitude de 1370 m). O ambiente é coberto com filme plástico com 150 µ de espessura, com ajuste de 4 irrigações diárias de 10 minutos em sistema de aspersão com vazão de 10L.h-1, e temperatura semicontrolada revelando uma média de 22ºC. O clima de Diamantina, pela classificação global de Koppen, é do tipo Cwb, tipicamente subtropical de altitude, caracterizado por inverno seco e verão ameno, com precipitação anual variando de 1250 a 1550 mm (EMBRAPA, 2017). A temperatura anual situa-se na faixa de 16º a 26ºC e a umidade relativa do ar é quase sempre elevada, em torno de 80% (INMET, 2017). Os frutos maduros, sadios e em início de deiscência da R. grandis, coletados em Fevereiro de 2016, foram provenientes de 18 árvores-matrizes selecionadas em três Florestas de Galeria inundável no Parque Estadual do Biribiri (PEBI), localizadas entre as coordenadas 18º11’37,5” S e 43º34’41,2” W, Diamantina, MG. No mesmo dia da coleta, os frutos foram transportados, em embalagem de polietileno, ao Laboratório de Sementes do CIPEF. Neste local, os frutos foram manualmente beneficiados sendo que, após esta etapa, as sementes foram despolpadas, retirando-se a sarcotesta mediante fricção sobre uma peneira de malha de aço (0,8 mm), enxaguadas em água corrente e desinfestadas conforme Brasil (2009), utilizando hipoclorito de sódio a 1% por 3 minutos e, posteriormente lavadas em água corrente por 10 minutos. A semeadura ocorreu ainda no mesmo dia da coleta dos frutos.

Foram utilizadas três composições de substratos: S1 – 70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada; S2 – 50% de bioplant®, 35% de vermiculita e 15% de casca de arroz carbonizada; S3 – 70% de terra de subsolo e 30% de esterco bovino curtido. Estas composições foram submetidas à análise de fertilidade no laboratório de Caracterização de 46

Substratos do departamento de Engenharia Florestal da UFVJM e interpretadas conforme Ribeiro et al. (1999). Após análise, foi adicionado adubo de liberação controlada (Osmocote®), na proporção de 15:9:12 (NPK) e concentração de 5g.L-1 de substrato, com liberação lenta de 5 a 6 meses, seguindo recomendação do fabricante para desenvolvimento de mudas nativas. Os substratos foram colocados em tubetes de polietileno rígido com capacidade de 180 cm³, de fundo aberto para a drenagem do excesso de água, e mantidos em três diferentes níveis de sombreamento: 0%, 30% e 50%. O sombreamento artificial foi obtido colocando-se as plantas nas condições naturais de radiação no interior da casa de vegetação (0%) e sob cobertura com tela comercial sombreadora de polietileno preto (sombrite) com atenuação da radiação solar de 30% e 50%. Na semeadura, foram utilizadas duas sementes por tubete, com finalidade de manter-se somente a plântula de melhor vigor após o raleio, com padronização de 1 cm de profundidade e cobertas com os substratos de modo que não ficassem visíveis. Para a realização do teste de emergência, a contagem do número de plântulas emergidas do 1º ao 40º dia foi registrada diariamente no mesmo horário, após a instalação do experimento. O raleio foi realizado após os 40 dias de avaliações. O desempenho da emergência de plântulas foi avaliado por meio da porcentagem de emergência (%), Índice de Velocidade de Emergência (IVE) e Tempo Médio de Emergência (TME). O IVE foi calculado de acordo com a fórmula apresentada por Maguire (1962) e o TME, segundo Labouriau (1983). Para a avaliação do desenvolvimento das mudas, foi mensurada a altura (H) em cm (da base da muda até a gema apical), o diâmetro do coleto (DAC) (mm), a clorofila total (índice de clorofila Falker) e a contagem do número total de folhas presente na muda aos 90, 120, 150 e 180 dias após a semeadura. O diâmetro foi medido com auxílio de um paquímetro graduado (precisão de 0,01mm), a altura com uma régua milimetrada sendo o ponto zero posicionado na base da planta, e a clorofila total determinada com base em leituras efetuadas em, no mínimo, 2 folhas por indivíduo de forma não destrutiva, com o uso do clorofilômetro, aferido individualmente pelo medidor portátil ClorofiLOG1030® (FALKER, 2008). Após 210 dias, foi avaliado por meio de contagem, a porcentagem de mortalidade (%) e foram sorteadas 50% das mudas vivas de cada tratamento para a quantificação da biomassa seca aérea e radicular. As raízes foram separadas do substrato por meio da lavagem em água corrente. O material de raiz e parte aérea foi separado a partir de um corte na altura do colo da muda, ambas as partes foram colocadas separadamente em saquinhos de papel devidamente 47

identificados, submetidos à secagem em estufa a 80ºC e pesados em balança de precisão (0,001g) periodicamente, até peso constante. A influência dos substratos associados às diferentes intensidades de sombreamento sobre o desempenho das mudas foi avaliado por meio da quantificação da massa seca da parte aérea (g) (MSPA) e massa seca da raiz (g) (MSR) e, a partir de tais valores foi determinada a massa seca total (g) (MST) e a razão MSPA/MSR. Além disso, foram calculadas as razões entre altura (cm) e diâmetro (cm) (H/D) e H/MSPA. Com base nos dados, foi avaliada a qualidade das mudas a partir do índice de qualidade de Dickson (IQD) (DICKSON et al., 1960), por meio da fórmula: IQD = MST/((H/D) + (MSPA/MSR)). O delineamento experimental utilizado para as análises da emergência (40 dias), da mortalidade e qualidade das mudas (210 dias) foi o inteiramente casualizados em esquema de parcelas subdivididas (3 x 3), em que as parcelas principais foram os sombreamentos e os substratos as subparcelas. Para as avaliações em diferentes tempos, o delineamento experimental permaneceu em inteiramente casualizados, porém em esquema de parcelas sub – subdivididas (3 x 3 x 5), em que os sombreamentos compunham as parcelas principais, os substratos as subparcelas e os 5 tempos as sub- subparcelas. A unidade experimental foi constituída por cinco mudas, com seis repetições por tratamento, totalizando 270 mudas. Os dados foram submetidos aos testes de pressuposições estatísticos. Os dados obtidos nas avaliações da emergência, da mortalidade e da qualidade das mudas, foram submetidos ao teste F para análise de variância ao nível de significância de 5%, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Enquanto que os dados obtidos sob diferentes tempos, foram submetidos ao teste F para análise de variância ao nível de significância de 5% e, dando interação significativa (p < 0,05) com o tempo, foram realizadas análises de regressão e teste de identidade de modelo (LEITE; OLIVEIRA, 2002). Para todas as análises, utilizou-se o software estatístico gratuito R-3.3.3 (2017), e os pacotes adicionais “ExpDes” (Experimental Designs) (FERREIRA et al., 2013) e “agricolae” (MENDIBURU, 2016).

3. RESULTADOS O pH em água dos substratos S1 e S3 mostrou-se alto e muito alto respectivamente, enquanto que o S2 é reportado como um pH bom baseado em Ribeiro et al. (1999) (Tabela 1). A maioria dos valores das variáveis químicas e físico-químicas analisadas, com exceção da acidez potencial, apresentaram-se sensivelmente mais elevados nas composições que receberam substrato comercial Bioplant® (S2) e composto orgânico do tipo esterco bovino 48

curtido (S3), indicando elevação da fertilidade, devido ao aumento dos teores de P, Ca, Mg e, ainda, da soma de bases, CTC efetiva e em pH neutro e da matéria orgânica.

Tabela 1: Características químicas, físico-químicas dos substratos S1, S2 e S3 e característica granulométrica do substrato 3 para a emergência e desenvolvimento inicial da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae), em casa de vegetação IDENTIFICAÇÃO Substrato S1 Substrato S2 Substrato S3 pH (água) 6,23 A 5,88 Bm 7,09 MA P (mg/dm³) 42,74 MBm 432,40 MBm 266,06 MBm K (mg/dm³) 323,13 MBm 356,56 MBm 706,76 MBm Ca (cmolc/dm³) 0,70 B 7,14 MBm 5,55 MBm Mg (cmolc/dm³) 0,19 B 2,11 MBm 1,78 MBm Al (cmolc/dm³) 0,06 MB 0,08 MB 0,02 MB H+Al (cmolc/dm³) 1,00 MB 4,70 M 1,00 MB SB (cmolc/dm³) 1,72 B 10,16 MBm 9,14 MBm t (cmolc/dm³) 1,78 B 10,24 MA 9,16 MA T (cmolc/dm³) 2,72 M 14,86 A 10,14 A m (%) 3,37 MB 0,78 MB 0,22 MB V (%) 63,22 A 68,38 A 90,14 MA M. O. (dag/kg) 0,00 MB 5,00 Bm 3,80 M ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DO SOLO Areia (dag/kg) - - 79,40 Silte (dag/kg) - - 14,60 Argila (dag/kg) - - 6,00 pH água: Relação solo-água 1:2,5. P e K: Extrator Mehlich-1. Ca, Mg e Al: Extrator KCl 1 mol L-1 . t: Capacidade de troca de cátions efetiva. T: Capacidade de troca de cátions a pH 7,0. m: Saturação de alumínio. V: Saturação por bases. MO: Matéria orgânica determinado pelo método Walkey-Black. Em que: MB – Muito baixo, B – Baixo, M – Médio, Bm – Bom, MBm – Muito bom, A – Alto e MA – Muito alto.

Na análise estatística (Tabela 2), apenas o TME apresentou interação significativa (p < 0,05) entre os tratamentos, o que indica que os fatores sombreamento e substrato agem de modo dependente sobre o tempo médio de emergência. Em contrapartida, para a porcentagem de emergência e índice de velocidade de emergência (IVE), os fatores sombreamento e substrato agem independentes (p > 0,05). No entanto, as composições de substratos diferem em pelo menos duas em relação à porcentagem de emergência (p < 0,05) e ao IVE (p < 0,05) e, os tipos de sombreamento diferem em pelo menos dois apenas para o índice de velocidade (p < 0,05).

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Tabela 2: Quadrados médios (QM) e coeficientes de variação (CV) referentes à porcentagem de emergência (%), índice de velocidade de emergência (IVE) e tempo médio de emergência (TMG) das plântulas de Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e três composições de substratos em casa de vegetação QM FV GL Emergência (%) IVE TME (dias) Sombreamento 2 955,56ns 4,42** 70,20ns Erro 1 15 352,59 0,63 19,08 Substrato 2 1355,56* 4,64*** 18,91ns Som*Subs 4 411,11ns 1,12ns 40,75* Erro 2 30 308,15 0,51 11,9 CV % 1 - 20,12 23,73 21,26 CV % 2 - 18,81 21,32 16,79 Em que: ns valor de F não significativo; *valor de F significativo a 5% de probabilidade de erro; **valor de F significativo a 1% de probabilidade de erro; ***valor de F significativo a 0,1% de probabilidade de erro; FV = fonte de variação; GL = grau de liberdade.

Os substratos que proporcionaram maior porcentagem de emergência e índice de velocidade de emergência (IVE) foram os substratos S1 (70% de vermiculita e 30% casca de arroz) e o S2 (50% bioplant®, 35% vermiculita e 15% casca de arroz) (Tabela 3). O sombreamento que acarretou em um maior IVE foi o sombreamento de 30%, já a ausência de sombreamento (0%) influenciou de forma negativa no IVE (Tabela 3), quando comparado aos outros tratamentos.

Tabela 3: Emergência (%) e índice de velocidade de emergência (IVE) de plântulas de Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) submetidas a três tipos de sombreamento e três composições de substratos em casa de vegetação Substrato Emergência (%) IVE

S1 98,88a 3,64a S2 97,77a 3,35a S3 83,33b 2,77b Sombreamento Sem sombrite (0%) 85,55ns 2,86b Sombrite 30% 100ns 3,85a Sombrite 50% 94,44ns 3,36ab Em que: ns não significativo a 5% de probabilidade de erro. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Na tabela 4 está apresentado os desdobramentos das médias do tempo médio de emergência, haja vista que deu interação significativa (Tabela 2). Os resultados das médias do tempo médio de emergência da R. grandis do fator sombreamento dentro do substrato S1 e S2, de acordo com o teste F são estatisticamente iguais, e os sombreamentos de 30% e 50% apresentam TME menores, quando comparado ao sombreamento 0% dentro do substrato S3

(Tabela 4). Em relação ao fator substrato dentro do sombreamento 0%, observa-se que os substratos S1 e S2 exibem tempos médios de emergência inferiores ao S3. O fator substrato 50

dentro do sombreamento 30% e 50% são estatisticamente iguais. Em suma, pode-se observar

que os tratamentos: substrato composto pela terra de subsolo misturado com esterco bovino (S3) e o sombreamento 0%, são responsáveis por acarretar um maior tempo médio para a emergência da R. grandis (Tabela 4).

Tabela 4: Tempo médio de emergência das plântulas de Richeria grandis Vahl. (Phyllantahaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e três composições de substratos em casa de vegetação. TME (dias) Sombreamento Substrato 1 Substrato 2 Substrato 3 Sem sombrite (0%) 21,13nsa 20,05nsa 27,28Bb Sombrite 30% 19,23ns 19,00ns 19,70Ans Sombrite 50% 19,93ns 20,40ns 18,16Ans Em que: letras maiúsculas comparam diferentes sombreamentos (linhas) para o mesmo substrato (colunas) e letras minúsculas comparam diferentes substratos (colunas) para o mesmo sombreamento (linhas) (Teste de Tukey) a 5% de probabilidade de erro. ns Não significativo a 5% de probabilidade de erro.

A síntese dos resultados da análise de variância dos desdobramentos para a altura (H), diâmetro do colo (DAC), clorofila total e número de folhas (NF) estão expostos na tabela 5.

Tabela 5: Quadrados médios (QM) e coeficientes de variação (CV) referentes à altura (H), diâmetro altura do colo (DAC), clorofila e número de folhas (NF) de mudas da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e três composições de substratos em quatro tempos, em casa de vegetação CV (%) QM FV GL Clorofila H (cm) DAC (mm) NF H (cm) DAC (mm) Clorofila NF Repetição 1 1,12 0,50 15,00 0,05 Sombreamento 14,00 16,80 13,40 41,10 1 215,26 *** 1238,6 *** 3458 *** 189,79 *** Substrato 18,20 26,70 17,30 31,60 1 105,61 *** 93,60 *** 1826 *** 52,31 *** Tempo 10,90 9,10 7,30 11,10 1 18,27 *** 168,20*** 58 ** 16,90 *** Som x Sub 1 3,03 * 0,40ns 125 *** 3,70 *** Som x Tempo 1 15,19 *** 154,20 *** 35 * 17,57 *** Sub x Tempo 1 2,81 * 0,80ns 159 *** 0,11ns Somb x Sub x Tempo 1 1,49ns 0,80ns 232 *** 0,03ns Resíduo 205 0,56 2,20 8,00 0,31 Em que: ns valor de F não significativo; *valor de F significativo a 5% de probabilidade de erro; **valor de F significativo a 1% de probabilidade de erro; ***valor de F significativo a 0,1% de probabilidade de erro; FV = fonte de variação; GL = grau de liberdade.

Observa-se que, para a interação dependente entre sombreamento e substrato, ambos

qualitativos, houve uma maior altura das mudas nos substratos S1 e S2 dentro de todos os tipos de sombreamentos testados. E os sombreamentos 30% e 50% proporcionaram maior altura das

mudas dentro dos substratos S2 e S3. Todos os sombreamentos dentro do substrato S1 são estatisticamente iguais (Tabela 6). 51

Tabela 6: Altura média (H) e número de folhas (NF) de mudas da Richeria grandis Vahl. (Phyllantahaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e três composições de substratos em casa de vegetação. H (cm) NF Sombreamento Substrato 1 Substrato 2 Substrato 3 Substrato 1 Substrato 2 Substrato 3 Sem sombrite (0%) 6,80 nsa 5,97 Ba 3,83 Bb 4,49nsa 4,32nsa 2,29Bb Sombrite 30% 7,68 nsa 7,47 Aa 5,72 Ab 5,01nsa 4,65nsa 3,41Ab Sombrite 50% 7,33 nsa 7,10 Aa 5,06 Ab 4,55nsa 4,21nsa 2,42Bb Em que: letras maiúsculas comparam diferentes sombreamentos (linhas) para o mesmo substrato (colunas) e letras minúsculas comparam diferentes substratos (colunas) para o mesmo sombreamento (linhas) (Teste de Tukey) a 5% de probabilidade de erro. ns Não significativo a 5% de probabilidade de erro.

Ao relacionar a influência dos tipos de sombreamentos testados sobre o crescimento em altura ao longo do tempo, nota-se que a altura foi maior para 30 e 50% de sombreamento quando comparado com o 0%, representados por equações quadráticas (Figura 1A). A mortalidade de algumas mudas nas unidades amostrais, que forneciam a maior média dentro da parcela com nenhuma atenuação solar (0%), justifica o decréscimo das médias no tempo 120 dias para 150 dias no sombreamento 0%. Os substratos S1 e S2 influenciam de forma semelhante o maior crescimento linear das mudas de R. grandis ao longo do tempo, quando comparado ao substrato contendo terra de subsolo e esterco bovino (Figura 1B).

A B

Figura 1: Relação entre o tempo decorrido desde a primeira até a última avaliação (90, 120, 150 e 190 dias) após a emergência e a altura (H) de mudas da Richeria grandis Vahl. submetidas a diferentes níveis de sombreamento (A) e composições de substratos (B), em casa de vegetação

Os maiores diâmetros do coleto para a R. grandis foram observados nos tratamentos que continham os substratos S1 ou S2, ambos iguais pelo teste de Tukey (p < 0,05), com médias de 20,49 e 21, 36 mm respectivamente, e menores diâmetros para as mudas que estavam contidas 52

no substrato S3 (18,15mm). Os sombreamentos 30 e 50%, podendo ser representados por apenas uma equação linear crescente ao longo do tempo, pelo teste de identidade de modelo, também foram capazes de fornecer um melhor desempenho no crescimento em diâmetro para as mudas da R. grandis (Figura 2A).

Figura 2: (A) Relação entre o tempo decorrido desde a primeira até a última avaliação (90, 120, 150 e 190 dias) após a emergência e o diâmetro do coleto (DAC). (B) Número de folhas de mudas da Richeria grandis Vahl. submetidas a diferentes níveis de sombreamento, em casa de vegetação

As mudas da R. grandis que apresentaram um maior número de folhas foram as que estavam sendo cultivadas nos substratos S1 e S2 sob qualquer sombreamento avaliado (Tabela

6). Se tratando das mudas cultivadas no substrato S3, estas apresentaram melhor resposta ao número de folhas quando estavam submetidas ao sombreamento 30% se comparado aos demais sombreamentos (Tabela 6). A interferência dos sombreamentos no número de folhas nas mudas em função do tempo, apresentou resposta linear crescente quando submetidas aos sombreamentos 0 e 50%, e resposta quadrática, apresentando a estabilização do número de folhas a partir dos 150 dias, confirmada pelas médias expostas no gráfico, no sombreamento 30% (Figura 2B). 53

Os fatores sombreamento, substrato e tempo agem de modo dependente sobre a quantidade de clorofila total, determinado pelo índice de clorofila Falker, presente nas folhas das mudas da R. grandis. Todas as regressões deram significativas a um nível de 5% e 1% de probabilidade de erro, exceto para o tratamento representado pelo sombreamento 50% na parcela e substrato S1 na subparcela (Somb 50 – Sub 1). Ainda assim, os pontos médios de cada tempo para este tratamento estão plotados no gráfico (Figura 3).

Figura 3: Relação entre o tempo decorrido desde a primeira até a última avaliação (90, 120, 150 e 190 dias) após a emergência e a quantidade de clorofila total média (Índice de Clorofila Falker) de mudas da Richeria grandis Vahl. sob o efeito das combinações de três níveis de sombreamentos e três composições de substrato, em casa de vegetação

O teste de identidade de modelo indicou que os tratamentos: Sombreamento 0% na parcela e substrato S1 na subparcela (Somb 0 – Sub 1), Somb 0 – Sub 2, Somb 30 – Sub 1, Somb 30 – Sub 2 e Somb 50 – Sub 2, apresentaram as maiores quantidades de clorofila se comparado com os outros tratamentos, sendo representados por uma única equação quadrática, observando aumento na quantidade de clorofila total até os 150 dias e diminuição do índice de clorofila Falker a partir deste tempo (Figura 3). Salienta-se que, os pontos médios destes 5 tratamentos (Figura 3) são provenientes dos dados de todas as observações, e a maior concentração de dados, com uma quantidade menor de clorofila, deslocou as médias para baixo da linha de tendência. A mesma tendência é observada para o tratamento Somb 30 – Sub 3, porém com uma quantidade média menor de clorofila (Figura 3). O substrato S3 presente nas parcelas com sombreamento de 0 e 50% apresentaram regressões lineares crescentes ao longo do tempo, 54

sendo o tratamento Somb 0 – Sub 3 com maiores médias de clorofila ao longo do tempo, quando comparado com o Somb 50 – Sub 3 (Figura 3). O resumo da análise de variância da mortalidade (%), da massa seca da parte aérea (MSPA) e raiz (MSR), da massa seca total (MST), da razão da massa seca parte aérea pela raiz (MSPA/MSR) e do índice de qualidade de Dickson (IQD) da R. grandis nos tratamentos avaliados, está apresentado na tabela 7. Nota-se que, para todas as variáveis analisadas, os fatores sombreamento e substrato agem independentes, não apresentando interação significativa (p > 0,05) (Tabela 7). Aos 210 dias, as mudas da R grandis tiveram uma mortalidade significativa (p < 0,05) para os fatores sombreamento e substrato (Tabela 7). As mudas que estavam inseridas na parcela sem sombrite (0%), apresentaram uma mortalidade média superior às acondicionadas em sombreamentos de 30% e 50%, posto que os sombreamentos 30% e 50% são iguais e diferem estatisticamente (p < 0,05) do sombreamento 0% (Tabela 8). O percentual médio de

mortalidade também foi maior para as mudas da R. grandis que foram semeadas no S3,

diferindo-se (p < 0,05) das mudas que foram semeadas no substrato S1 e S2, sendo estas consideradas iguais (Tabela 8).

Tabela 7: Quadrados médios (QM) e coeficientes de variação (CV) referentes à mortalidade (%), massa seca parte aérea (MSPA), massa seca raiz (MSR), massa seca total (MST), relação MSPA/MSR e índice de qualidade de Dickson (IQD) de mudas da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e duas composições de substratos aos 210 dias, em casa de vegetação. QM QM FV GL GL Mortalidade (%) MSPA (g) MSR (g) MST (g) MSPA/MSR IQD (g) Sombreamento 2 3088,90*** 2 0,78* 2,66ns 6,22* 0,01ns 4,95*** Erro 1 15 197 15 0,13 0,88 1,51 0,01 0,16 Substrato 2 23088,9*** 1 0,02ns 0,17ns 0,31ns 0,002ns 1,11* Som*Subs 4 277,80ns 2 0,003ns 0,15ns 0,12ns 0,004ns 0,17ns Erro 2 30 645,9 13 0,13 0,39 0,9 0,003 0,14 CV % 1 - 38,28 - 8,01 17,36 12,43 10,52 16,19 CV % 2 - 69,31 - 7,98 11,57 9,59 6,38 14,87 Em que: ns valor de F não significativo; *valor de F significativo a 5% de probabilidade de erro; **valor de F significativo a 1% de probabilidade de erro; ***valor de F significativo a 0,1% de probabilidade de erro; FV = fonte de variação; GL = grau de liberdade.

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Tabela 8: Porcentagem de mortalidade (%), massa seca parte aérea (MSPA), massa seca raiz (MSR), massa seca total (MST), relação MSPA/MSR e índice de qualidade de Dickson (IQD) de mudas da Richeria grandis Vahl. (Phyllanthaceae) submetidas a três tipos de sombreamentos e duas composições de substratos aos 210 dias, em casa de vegetação. Substrato Mortalidade (%) MSPA (g) MSR (g) MST (g) MSPA/MSR (g) IQD (g) 1 12,22a 4,44ns 5,35ns 9,78ns 0,84ns 2,32b 2 20a 4,49ns 5,5ns 9,99ns 0,82ns 2,69a 3 77,78b - - - - - Sombreamento Sem sombrite (0%) 51,11b 4,18b 4,85ns 9,03b 0,87ns 1,73b Sombrite 30% 25,56a 4,49ab 5,61ns 10,11ab 0,81ns 2,71a Sombrite 50% 33,33a 4,70a 5,77ns 10,47a 0,83ns 3,02a Em que: ns não significativo a 5% de probabilidade de erro. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

Em razão da mortalidade total (100%) das mudas que estavam submetidas ao sombreamento 0% na parcela, e ao substrato S3 na subparcela, aos 210 dias, esta subparcela foi retirada de todas as parcelas para as análises precedentes. Ao avaliar as médias dos dados obtidos a partir da massa seca da parte aérea (MSPA) das mudas da R. grandis, pode-se observar que, os substratos S1 e S2, que proporcionaram valores iguais (p > 0,05), sobressaíram quando submetidos ao sombreamento de 50%, diferindo-se da parcela submetida a 0% de sombreamento (p < 0,05) (Tabela 8). A mesma resposta foi encontrada para os valores médios da massa seca total (MST) das mudas da R. grandis, uma vez que, submetida aos substratos analisados, possuem médias iguais (p > 0,05) e apresentam médias maiores quando encontradas na parcela com sombreamento 50% e menores para a parcela sem sombrite (0%) (Tabela 8). Em relação à massa seca da raiz (MSR) e a razão MSPA/MSR, todos os dados são iguais a um nível de 5% de probabilidade de erro tanto para os diferentes substratos testados, quanto para os três tipos de sombreamento (Tabela 8). A influência dos substratos e sombreamentos em referência à qualidade das mudas (IQD) foi significativa (p < 0,05) de forma independente (Tabela 7). O substrato que mais influenciou, de forma positiva, a qualidade das mudas da R. grandis foi o S2 (Tabela 8). No que se refere ao sombreamento, os sombreamentos de 30% e 50% de atenuação da radiação solar influenciaram de forma semelhante. A parcela que representa as condições naturais no interior da casa de vegetação (0%), apresentou índice médio de qualidade (IQD) inferior quando comparado aos outros sombreamentos (p < 0,05) (Tabela 8).

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4. DISCUSSÃO A análise química dos substratos permite inferir que há grande disponibilidade de nutrientes, principalmente no substrato S2, em especial o fósforo (Tabela 1), onde sua limitação pode resultar em restrições no crescimento sobretudo nas fases iniciais (GRANT et al., 2001; GONÇALVES et al., 2013), uma vez que é um componente integral de compostos importantes das células vegetais, incluindo fosfato-açúcares, intermediários da respiração e fotossíntese, bem como os fosfolipídeos que compõem as membranas vegetais (TAIZ; ZEIGER, 2013). Apesar disso, vale ressaltar que foi adicionado uma dosagem de 5g.L-1 do fertilizante NPK em todos os substratos analisados, não sendo observado sintomas como clorose e/ou necrose foliar o que poderia evidenciar algum tipo de fitotoxidade (KRATKA; CORREIA, 2015) em quaisquer uma das composições simultaneamente, como observado em Myracrodruon urundeuva Allemão (KRATKA; CORREIA, 2015), em que resultou em 100% de mortalidade das mudas após 15 dias de observações no tratamento em que foi acrescentado 8g.L-1 de NPK (15-9-12). Nos substratos que continham em suas composições a casca de arroz carbonizada foram observados melhores resultados em todas as variáveis mensuradas. Segundo Gonçalves et al. (2013), substratos com maior porosidade, porém com capacidade de retenção de umidade fazendo com que não haja perda de água rapidamente, pode favorecer o percentual de emergência de plântulas. Araújo e Sobrinho (2011) também verificaram que a emergência, o IVE, o maior crescimento de mudas e maior expressão do vigor, foi proporcionado pela presença da casca de arroz carbonizada na formação de seus substratos. Além do mais, Ramos e Andrade (2010) obtiveram uma melhor emergência no tratamento que continha vermiculita em sua composição, sendo encontrado a presença destes substratos tanto no tratamento da subparcelas S1 e S2.

Ainda nos substratos S1 e S2, bem como no sombreamento de 30%, foi observado maior velocidade de emergência. O índice de velocidade de emergência, permite inferir o quão mais eficiente foi a germinação e emergência das plântulas (GONÇALVES et al., 2013) uma vez que, quanto menor o tempo de exposição das sementes a fatores adversos, o quais podem causar algum tipo de prejuízo em termos produtivos (NAKAGAWA, 1999), maior a probabilidade de que a plântula tenha mais sucesso de desenvolvimento, como observado ao longo do tempo para o desenvolvimento e qualidade das mudas no presente estudo. A habilidade das plantas em obter água e nutrientes minerais do substrato, está relacionado à sua capacidade de desenvolver um extenso sistema radicular (TAIZ; ZEIGER, 2013). Ainda que não foram observadas diferenças significativas na variável MSR entre os 57

tratamentos, Abad et al. (2001) ressaltam que, quanto menor for a densidade dos substratos, pode resultar no favorecimento do crescimento radicular. Higashikawa et al. (2010) e Davide et al. (2015) detectaram baixa densidade no substrato vermiculita e alta porosidade, propiciando um equilíbrio entre macro e microporos. Além disso, Baldotto et al. (2011) também reforçam que a presença de matérias orgânicas é fundamental como fonte de substâncias húmicas fundamentais na emissão e crescimento de raízes. Neste sentido, o mesmo resultado encontrado por Gonçalves et al. (2013), onde o tratamento com composto orgânico e vermiculita apresentou melhores resultados, foi observado neste experimento, uma vez que o S2 (composto pela mistura de casca de Pinus e fibra de coco (Bioplant®), juntamente com a vermiculita e casca de arroz carbonizada) proporcionou uma maior qualidade das mudas aos 210 dias, provavelmente relacionado ao fato de que, a presença de compostos orgânicos no substrato comercial Bioplant® possui nutrientes mais prontamente disponíveis à muda, e de a vermiculita apresentar melhor estruturação e retenção de umidade, características estas que, segundo este mesmo autor, estimulam o crescimento e qualidade das mudas. Pimentel et al. (2016) afirmam que a produção de mudas de qualidade é alcançada por mistura de algum tipo de substrato orgânico com substratos minerais. Neste sentindo, os resultados deste trabalho para o IQD apontaram que as plantas cultivadas em vermiculita, substrato comercial Bioplant® e casca de arroz carbonizada (Substrato S2) submetidas aos sombreamentos 30 e 50% apresentaram as maiores médias, o que permite classifica-la como as de melhor qualidade. Esta classificação é justificada pela presença do cálculo de robustez e do equilíbrio da distribuição da biomassa da muda, que engloba os parâmetros morfológicos associados à sobrevivência e qualidade de mudas como reportado por Bonamigo et al. (2016), e a análise destes parâmetros de forma isolada eleva o risco de uma escolha equivocada das mudas mais altas em detrimento das mais baixas (FONSECA et al., 2002). A Discocarpus pedicellatus Fiaschi & Cordeiro, pertencente à mesma família da espécie em estudo (Phyllanthaceae), endêmica do Brasil e ocorrente em Florestas Ombrófilas (FLORA DO BRASIL 2020 em construção), estudada por Mercês et al. (2013), apresenta características de uma espécie arbórea secundária tardia, uma vez que, possui uma grande capacidade de tolerar e desenvolver a altos níveis de sombreamento (50%) por meio de ajustes no metabolismo primário, segundo os mesmos autores. Deste modo, pode-se também classificar a R. grandis como uma espécie arbórea secundária tardia, justificado pelo melhor desenvolvimento significativo desde a emergência, seu desenvolvimento até a qualidade das mudas aos 210 dias sob avaliação, em locais sombreados (30 e 50% de sombreamento). 58

Oliveira (2014) reforça que a maior sobrevivência e desenvolvimento de mudas juvenis da R. grandis em locais mais sombreados (30, 50 e 70% de sombra), resgatadas de áreas naturais e submetidas a diferentes níveis de sombreamento em casa de vegetação, pode ser justificada por se tratar de uma espécie secundária tardia e, a alta mortalidade a pleno sol indica que, de maneira geral, a espécie possui baixa adaptabilidade. Assim como a Copaifera langsdorffii Desf. estudada por Dutra et al. (2012) e Reis et al. (2016), a Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. (PACHECO et al., 2013) e a Calophyllum brasiliensis Cambess (NERY et al., 2016), espécies tolerantes a sombra e de estágios mais avançados de sucessão, a R. grandis investe mais em altura em ambientes com luminosidade intermediária (30 e 50%), como clareiras. Este resultado em ambientes com luminosidade reduzida, proporcionado pela presença de protetores físicos, é normalmente mais intenso (KLEIN et al., 2017), dado que o alongamento do caule caracteriza uma resposta da ação do fitocromo na percepção de feixes de luz (TAIZ, ZEIGER, 2013), acarretando o estiolamento da muda em função dos mecanismos adaptativos para capacitar um maior crescimento em ambientes com restrição de luz (MORAES-NETO et al., 2000; GOMES JÚNIOR et al., 2017). A ocorrência natural da R. grandis é mais frequente no interior de Matas de Galeria, compondo muitas vezes o dossel destas matas, próximo ao curso d`água (HAIDAR et al., 2013; SILVA et al., 2016), confirmando a sua adaptabilidade às condições intermediárias de luz. Dessa forma, mudas da R. grandis introduzidas em áreas simulando clareira, revelam aspectos indicativos de possível sucesso em seus estabelecimentos nestas condições de luz, não sendo recomendado seu cultivo em áreas onde há ocorrência de supressão total da vegetação arbórea, caracterizando áreas em pleno sol. Da mesma maneira que a Copaífera (REIS, et al., 2016) e a Simarouba amara Aubl. (AZEVEDO et al., 2010) apresentaram maior número de folhas e biomassa seca da parte aérea (MSPA) em condições intermediárias de sombreamento, com o uso de sombrite de 30 e 50%, a R. grandis também apresentou, o que significa aumento da área fotossintetizante resultando em maior eficiência na produção de fotoassimilados (HENRIQUE et al., 2011; TAIZ; ZEIGER, 2013), sendo capaz de ocasionar maior crescimento em altura, diâmetro e biomassa da parte aérea, e prejudicada sob condições de luminosidade extrema. Ressalta-se também que Albuquerque et al. (2015), estudando a formação de mudas de Castanheira do Brasil, observaram que plantas que apresentaram maior altura, também apresentaram maior número de folhas, vindo a certificar os resultados encontrados para a R. grandis. Em relação à massa seca total (MST), Lima et al. (2010) também observaram decréscimo na produção de biomassa em plantas cultivadas sob nenhuma forma de 59

sombreamento. Além do mais, a temperatura ambiente em condições de maior sombreamento pode ser bem menor, levando a uma maior disponibilidade de umidade do ambiente e consequentemente, à menor taxa de transpiração das folhas (PIEREZAN et al., 2012), diminuindo os possíveis estresses para as mudas e utilizando sua energia para a produção de biomassa. No que se refere à quantidade de clorofila total, os resultados para a formação de mudas da R. grandis não evidenciaram um padrão claro e consistente em relação ao melhor sombreamento, posto que o teste de identidade de modelo indicou as maiores médias de clorofila total, representadas por uma única equação, encontradas em todos os níveis de sombreamentos testados (0, 30 e 50%) (Figura 4). No entanto, Oliveira (2014) estudando mudas da R. grandis, afirma que os sombreamentos de 30% e 70% foram os que geraram maiores teores de clorofila total, e o tratamento em pleno sol interferiu de modo a acarretar os menores valores. Corroborando para o resultado deste estudo, Albuquerque et al. (2015) estudando a castanheira do Brasil, também não encontraram diferenças significativas para os valores médios de clorofila total submetidas a diferentes níveis de sombreamento, inferindo que pode ser uma estratégia adaptativa. Também foram observados maiores valores de clorofila total para a C. brasiliensis em diferentes níveis de sombreamentos, como reportado por Nery et al. (2016), apresentando maiores médias em folhas submetidas a pleno sol, 30% e 70% de sombreamento.

Desse modo, observa-se apenas que os substratos S1 e S2 influenciaram o desempenho das mudas estimulando uma maior quantidade de clorofila, quando comparado aos tratamentos que continham o substrato S3 (Figura 4). Ainda que a regressão para o substrato S1 no sombreamento 50% não tenha sido significativo, observa-se valores médios de clorofila total semelhantes às melhores médias de clorofila em resposta aos tratamentos contendo o substrato

S1 e S2 em quaisquer nível de sombreamento (Figura 4). Embora a terra de subsolo seja um dos componentes mais utilizados para a produção de mudas florestais em viveiro, utilizando sacos plásticos (DAVIDE et al., 2015; CRUZ et al., 2016), por causa da disponibilidade e preços reduzidos (PIMENTTEL et al, 2016), acrescentado de 30% de esterco bovino curtido em sua composição, substrato este comprovado por Kratka e Correia (2015) de maior teor de matéria orgânica e que fornece resultados semelhantes em diâmetro, número de folhas e índice de qualidade de mudas quando comparado com outros tipos de compostos orgânicos, o substrato S3 apresentou-se como o menos viável para a produção de mudas da R. grandis. 60

Este substrato apresentou os menores valores de todas as variáveis analisadas e alta mortalidade dos indivíduos, contrapondo ao resultado de Cruz et al. (2016) que encontraram resultados satisfatórios para a Spondias tuberosa Arruda Câmara utilizando a terra de subsolo misturada à areia lavada e ao esterco bovino, na proporção de 60%, 20% e 20%, respectivamente, em sacos plásticos. No entanto, Davide et al. (2015) recomendam a utilização de, no máximo, 20% de terra de subsolo em relação ao volume total de substrato utilizado para produção de mudas em tubetes, o que pode ter influenciado de forma negativa a sobrevivência e desenvolvimento das mudas no presente estudo. Além do mais, para a maioria das culturas, recomenda-se o pH entre 5,0 e 6,5 (ABREU et al., 2012; TAIZ; ZEIGER, 2013), o que pode ter prejudicado a emergência e desenvolvimento de mudas no substrato S3 uma vez que apresentou pH muito básico (Tabela 1), e fora do recomendado pelos autores acima. Outro fator que pode ter desfavorecido o S3 em relação às outras composições de substratos estudados, deve-se à não conferência da estabilidade biológica do esterco bovino curtido, o qual poderia não estar bem decomposto. Conforme Davide et al. (2015), materiais orgânicos mal decompostos ainda apresentam alta atividade de microrganismos, que pode competir com as mudas principalmente pelo nitrogênio presente no substrato. Ainda, a mal decomposição do esterco aliado ao pH alcalino favorece a existência e abundância de bactérias (TAIZ; ZEIGER, 2013), causando a deficiência do nitrogênio para as mudas, prejudicando a formação de clorofila (Figura 4) e inibindo o crescimento das mesmas (BONAMIGO et al., 2016). A presença de areia na composição de substratos pode favorecer o percentual de emergência de plântulas e desenvolvimento das mudas, como reportado por Afonso et al.

(2012), no entanto, o substrato S3 apresentou-se com uma estrutura muito arenosa (79,4% de areia) (Tabela 1), o que pode ter inviabilizado esta melhora. Em relação ao baixo desenvolvimento das mudas nesta composição, acredita-se também estar relacionado com a porosidade do material que, mesmo apresentando elevada porcentagem de areia, foi menor que o desejado, apresentando-se mais compactado que os demais compostos analisados, porém esta característica só foi observada e não avaliada neste experimento. Outro aspecto que pode ter influenciado negativamente os resultados para a R. grandis na composição do substrato S3, é a baixa porcentagem de argila em sua estrutura (6%) aliado a uma irrigação padrão para todas as composições testadas. A presença da argila é considerada muito importante devido à sua eficiência comprovada na retenção de água por possuir menor área (< 0,002mm) e maior superfície específica (CARVALHO, 2015; COSTA et al., 2016) e, conhecer a capacidade de armazenamento de água do substrato, permiti uma programação mais 61

adequada do manejo de irrigação (ANDRAUS, 2017). Neste sentido, o aumento de irrigações diárias para esta composição e característica estrutural de substrato dentro da casa de vegetação, poderia acarretar melhoras no desempenho das mudas de R. grandis, no entanto, necessita-se de outro experimento e avaliações para a confirmação desta hipótese. Acredita-se que os diversos fatores negativos reportados anteriormente para a composição do substrato S3, principalmente a suposta competição de microrganismos pelo nitrogênio, tenha influenciado as menores médias de clorofila total, uma vez que, segundo Oliveira et al. (2016) o índice de clorofila aumenta em resposta ao aumento da concentração de nutrientes, evidenciando a maior concentração de nitrogênio, justificado pela existência de alta correlação entre a intensidade do verde e o teor de clorofila com a concentração de N na folha. Sendo assim, para o desenvolvimento inicial de mudas da R. grandis vigorosas, além de um substrato que forneça uma boa estrutura e consistência (DAVIDE et al., 2015), boa capacidade de aeração, drenagem e retenção de água (DAVIDE; SILVA, 2008), e estar isento de microorganismos competidores, é preciso que a espécie esteja sob uma condição de sombreamento adequada para seu desenvolvimento, evitando estresses excessivos e posteriormente a morte.

5. CONCLUSÃO - A influência dos substratos S1 (70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada) e S2 (50% de bioplant®, 35% de vermiculita e 15% de casca de arroz carbonizada) proporcionaram de forma semelhante a alta porcentagem de emergência de plântulas e altos teores de clorofila presente nas folhas da R. grandis.

- Os substratos S1 e S2 e os sombreamentos 30 e 50% foram responsáveis por promover as maiores médias para o vigor, altura, diâmetro do coleto e número de folhas. - Para mudas de melhor qualidade, recomenda-se o cultivo da R. grandis em substratos contendo substrato comercial Bioplant®, vermiculita e casca de arroz carbonizada, na proporção 50, 35 e 15% respectivamente, sob sombreamento de 30 ou 50%. - A R. grandis é uma espécie que necessita de sombra na fase inicial de seu desenvolvimento, sendo os níveis de 30 e 50% de sombreamento uma alternativa viável para a produção de mudas da espécie. 62

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO 3 – PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE Richeria grandis Vahl. POR MINIESTAQUIA

RESUMO Devido ao desmatamento em Matas de Galeria, a lei ambiental vigente exige a restauração destas áreas, como, que geralmente é realizado por meio do plantio de mudas. No entanto, apenas o uso da propagação seminal para espécies nativas deste ambiente tem limitado a produção de mudas, visto que sementes de espécies nativas muitas vezes possuem algum fator limitante. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o enraizamento de miniestacas de Richeria grandis Vahl. sob influência de concentrações de ácido indolbutírico (AIB). As miniestacas apicais foram obtidas de mudas da R. grandis, e preparadas com comprimento de 8 cm e dois pares de folhas reduzidas em 50% a área foliar. Para o enraizamento, foram utilizados como recipiente, tubetes de plástico e como substrato, a mistura de 70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada com adição de fertilizante. Como tratamentos, foram testados quatro concentrações de AIB: 0; 2.000, 4.000 e 6.000 mg.L-1, via líquida. O processo de enraizamento das estacas foi conduzido em casa de vegetação, por um período de 90 dias. O experimento foi conduzido em delineamento em blocos casualizados, constituído por quatro tratamentos em 4 blocos e 5 miniestacas por parcela. De acordo com os resultados, a técnica de propagação vegetativa por miniestaquia para a R. grandis é viável, uma vez que houve 100% de sobrevivência e alta porcentagem de enraizamento independente da aplicação de AIB. Observou-se a presença de calos em estacas não enraizadas e, com o uso de AIB, houve tendência de aumento do número médio de raízes, porcentagem de brotação e média de brotos por tratamento. Palavras-chave: Ácido Indolbutírico. Auxina exógena. Matas de Galeria. Phyllanthaceae. Propagação assexuada. Regulador de crescimento.

ABSTRACT Due to deforestation in Galeria Mata, the current environmental law requires the restoration of these areas, such as, which is usually accomplished by planting seedlings. However, only the use of seminal propagation for native species of this environment has limited the production of seedlings, since seeds of native species often have some limiting factor. In view of this, the objective of this work was to evaluate the rooting of minicuttings of Richeria grandis Vahl. under influence of indolebutyric acid (IBA) concentrations. The apical minicuttings were obtained from R. grandis seedlings, and were prepared with a length of 8 cm and two pairs of 70

leaves reduced in 50% of the leaf area. For the rooting, the mixture of 70% of vermiculite and 30% of charcoal rice husk with addition of fertilizer was used as container, plastic tubes and as substrate. As treatments, four concentrations of AIB: 0 were tested; 2,000, 4,000 and 6,000 mg.L-1, liquid pathway. The rooting process of the cuttings was conducted in a greenhouse for a period of 90 days. The experiment was conducted in a randomized block design, consisting of four treatments in 4 blocks and 5 minicuttings per plot. According to the results, the technique of vegetative propagation by minicutting for R. grandis is feasible, since there was 100% survival and high percentage of rooting independent of IBA application. The presence of calli on non-rooted cuttings was observed and, with the use of IBA, there was a trend of increase in the mean number of roots, sprouting percentage and average number of shoots per treatment.

Keywords: Indolbutyric Acid. Auxgen exogenous. Gallery Woods. Phyllanthaceae. Asexual propagation. Growth regulator.

1. INTRODUÇÃO Ao longo de um grande processo exploratório, o Cerrado já perdeu parte de sua cobertura vegetal original, caracterizando-se como a savana mais ameaçada do planeta (SILVA et al., 2016), principalmente quando se refere às florestas que acompanham nascentes e cursos d`água, tal como Matas de Galeria (RODRIGUES; GANDOLFI, 1998; FONSECA et al., 2001; SILVA, 2015), mesmo estando protegidas pela legislação brasileira como Áreas de Preservação Permanente – APP (Lei no. 12.651 de 25/05/2012; alterada pela Lei no. 12.727 de 17/10/2012; Resoluções do CONAMA 302/02 e 303/02) (BRASIL, 2012). As Matas de Galeria apresentam alta diversidade genética de espécies vegetais (RIBEIRO, WALTER,1998; FELFILI, 2000). Destaca-se por aumentar a vazão de rios até mesmo na estação seca do ano, contribuir para a manutenção, proteção e qualidade dos recursos hídricos (OLIVEIRA, et al., 2015), proteger o ambiente contra poluentes transportados pelas chuvas reduzindo significadamente as possibilidades de contaminação dos cursos d`água, principalmente nascentes (MENDONÇA-GALVÃO et al., 2011; PINHEIRO, 2016), auxiliar a conservação da fauna silvestre atuando como corredores ecológicos (REZENDE, 1998; DIETZSCH et al., 2006), e proporcionar maior umidade relativa do ar e temperatura mais amena que as demais fitofisionomias do Cerrado (RIBEIRO & WALTER, 2001; 2008). No que tange a alta taxa de desmatamento das APP`s, as exigências da lei 12.727 (BRASIL, 2012) asseguram o controle e fiscalização, estabelecendo metas e diretrizes de recuperação, via restauração, a fim de propiciar a regeneração do meio ambiente e dar viabilidade à restauração destas áreas degradadas. As técnicas de restauração que podem ser 71

utilizadas, variam de acordo com o grau de degradação e, consequentemente, de intervenção humana necessária (SILVA, 2015). Uma das técnicas de restauração é o plantio de mudas nativas e ocorrentes nas áreas a serem restauradas (DAVIDE; BOTELHO, 2015; MARTINS, 2015), neste sentido, o aprimoramento das técnicas de propagação para espécies nativas contribuirá para o avanço da silvicultura de diferentes setores, incluindo a recuperação de áreas degradadas, via restauração, e de preservação ambiental (FONSECA, 2016). No entanto, a maioria dos estudos que dizem respeito à propagação de espécies florestais nativas está relacionada à propagação sexuada (DIAS et al., 2012) porém, o uso dessa forma de propagação tem limitado a produção comercial de mudas, visto que as sementes da maioria das espécies lenhosas possuem algum fator limitante (CARVALHO, 2003; FERRIANI et al., 2010), principalmente para espécies secundárias tardias e recalcitrantes. Apesar da diversidade de espécies lenhosas da flora brasileira, há poucos trabalhos com propagação vegetativa (FERRARI et al, 2004; HERNÁNDEZ et al. 2013; FONSECA, 2016). As técnicas de propagação vegetativa, dentre elas a miniestaquia, constituem uma alternativa promissora de superação das dificuldades na produção de mudas (DIAS et al., 2012; OLIVEIRA; RIBEIRO, 2013), e é um dos principais processos de produção de mudas de boa qualidade (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2013). Entretanto, já foi observado para algumas espécies de Matas de Galeria que este método não tem sido viável, face alguns entraves, como baixa capacidade de enraizamento (RIOS et al., 2001; OLIVEIRA, 2003). Neste contexto, encontra-se a Richeria grandis Vahl., pertencente à família Phyllanthaceae, de origem nativa e não endêmica, presentes nos domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica (FLORA DO BRASIL, 2020 em construção). É uma espécie característica de ambientes alagados (RIBEIRO; WALTER, 1998) e sua presença é muito importante em Matas de Galeria (DIETZSCH et al., 2006; HAIDAR et al., 2013) o que justifica a necessidade de incorporar esta espécie nos programas de restauração dessa fitofisionomia. No entanto, sua germinação possui taxas inferiores a 50% quando semeadas logo após a coleta (SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009), vindo a perder a viabilidade se armazenadas, caracterizando-a como recalcitrante. Diante disto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o enraizamento de miniestacas de Richeria grandis Vahl. sob influência de concentrações de ácido indolbutírico (AIB).

2. MATERIAL E MÉTODOS O presente estudo foi realizado em casa de vegetação (coberta com filme de plástico com 150 µ de espessura e com tela de 50% sombreamento) localizado no Centro Integrado de 72

Propagação de Espécies Florestais (CIPEF) do Departamento de Engenharia Florestal, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, Minas Gerais, Brasil (18º12’ S; 43º34’ W e altitude de 1370 m). O material vegetal utilizado foi originado de 80 mudas jovens da Richeria grandis Vahl. resgatadas por Oliveira (2014) em áreas liberadas para supressão da vegetação em remanescentes de Mata Atlântica destinada à implantação das áreas de lavra, barragem de rejeito e demais instalações da empresa de mineração Anglo American no município de Conceição do Mato Dentro, MG. Após resgatadas, essas mudas foram transplantadas para sacos plásticos de 10x15x0,20 cm (0,03 dm³), contendo substrato composto por 70% de terra de subsolo, 15% de esterco bovino curtido, 15% de Bioplant® e 7g.L-1 de Osmocote® na proporção N-P-K (15-9-12) com liberação lenta de 5 a 6 meses (OLIVEIRA, 2014), e alocadas em casa de vegetação e, posteriormente, na área de rustificação. As miniestacas apicais foram retiradas destas mudas, e preparadas com comprimento de 8 ± 2 cm de altura e 5 ± 1 mm de diâmetro, mantendo-se, no mínimo, dois pares de folhas reduzidas à metade de seu tamanho original (Figura 5A). Para manter as condições de vigor e turgescência do material vegetativo, imediatamente após a coleta, as estacas foram acondicionadas em caixas de isopor com água, efetuando irrigação por meio de pulverizador manual, em intervalos de tempo inferiores a 10 minutos até a etapa de estaqueamento. Para o enraizamento, foram utilizados como recipiente, tubetes de plástico rígido cônico de 180 cm³ de capacidade e como substrato, a mistura de 70% de vermiculita e 30% de casca de arroz carbonizada com adição de fertilizante a 5 g.L-1 do formulado de liberação controlada Osmocote® na proporção de N-P-K (15-9-12). As estacas foram dispostas no substrato, com atenção à centralização, retidão, profundidade (2 cm) e firmeza. Como tratamentos, foram testados quatro concentrações de ácido indolbutírico (AIB): 0; 2.000, 4.000 e 6.000 mg.L-1, via líquida. O AIB foi preparado dissolvendo em hidróxido de sódio (NaOH) e diluído em água destilada. A aplicação do AIB preparado foi submergindo à base da estaca (Figura 5A), durante 10 segundos. O processo de enraizamento das estacas foi conduzido em casa de vegetação, por um período de 90 dias, monitorando as condições do ambiente, visando obtenção da temperatura em torno de 28°C e umidade relativa do ar acima de 80%. Quanto à luminosidade no interior da casa de vegetação, esta foi reduzida em 50% da luz natural, pelo uso de sombrite na parte superior da estrutura. Aos 90 dias, foram determinados a porcentagem de sobrevivência (%), a porcentagem de enraizamento (%), número médio de raízes (NR) (número total de raízes (≥ 2 mm de 73

comprimento) (NTR) pelo número de miniestacas enraizadas (NE)), e o comprimento médio de raízes (CR) (comprimento total das raízes (CTR) (somatório dos valores de comprimento de cada raíz) pelo número médio das raízes (NR)). Determinou-se a porcentagem de calogênese (%) e o número médio de calos (NC) (número total de calos (NTC) pelo número de miniestacas calejadas (C)), quando ocorreu a rediferenciação celular na base da miniestaca. Foi avaliado também a porcentagem de brotações (%) emitidas, o número médio de brotações (NB) (número total de brotações (NTB) pelo número de estacas que brotaram (B)), e o incremento em altura (IH) e diâmetro das miniestacas (ID). O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, constituído por quatro tratamentos (concentrações de AIB), em quatro blocos com cinco miniestacas por parcela (total de 80 miniestacas). Para análise estatística, os pressupostos de normalidade (teste de Shapiro-Wilk) e de homocedasticidade (teste de Bartlett) foram calculados e testados, a um nível de 5% de significância. As variâncias foram comparadas por meio do teste F ao nível de significância de 5%. Foram realizadas análises de regressão utilizando as médias dos tratamentos. Para todas as análises, utilizou-se o software estatístico gratuito R-3.3.3 (2017) e o pacote ExpDes (Experimental Designs) (FERREIRA et al., 2013), para os resultados que não apresentaram diferenças significativas (p-valor > 0.05) foi utilizado a análise descritiva por meio de gráficos.

3. RESULTADOS Os pressupostos estatísticos foram atendidos (p-valor > 0,05), com resíduos e variância dos resíduos normais e homogêneos, respectivamente. Foram encontradas diferenças significativas (p-valor < 0,05) pelo teste F entre as concentrações de AIB para as características número médio de raízes (NR), percentual de calogênese, número médio de calos (NC), e percentual de brotações. Todas as miniestacas sobreviveram (100%) mantendo suas folhas iniciais durante os 90 dias (todo o período experimental), apresentando alta porcentagem de enraizamento, sendo o tratamento controle com o menor valor (85%) (Figura 1A), com um coeficiente de variação dos dados (cv) de 12,15%. A média do comprimento de raízes (CR) variou entre 13,19 cm para o tratamento controle até 19,89 cm para o tratamento com adição de 2000 mg/L de AIB (cv= 20,47%) (Figura 1B).

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A B 100 25 100 100 80 95 20 85 19,89 15 18,37 60 16,23

40 10 13,19 CR (cm) CR

20 5 Enraizamento (%) Enraizamento 0 0 0 2000 4000 6000 0 2000 4000 6000 AIB (ppm) AIB (ppm) Figura 1: (a) Relação da concentração de ácido indolbutírico (AIB) e a taxa de enraizamento (%) de miniestacas de Richeria grandis Vahl. (b) Relação da concentração de ácido indolbutírico (AIB) e o comprimento de raízes (CR) de miniestacas de Richeria grandis Vahl. em casa de vegetação aos 90 dias

Verifica-se que há uma tendência de aumento no número médio de raízes (NR) à medida que aumenta-se a concentração do regulador de crescimento (Figura 2), sendo explicada por uma regressão linear simples com coeficiente de variação de 15,77%.

100

80 y = 3,9*10-3x (P < 0,01) + 11, 54 60 R² = 95%

NR 40

20

0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 AIB (ppm)

Figura 2: Relação entre a concentração de Ácido indolbutírico (AIB) e o número médio de raízes (NR) de miniestacas enraizadas da Richeria gradis Vahl. alocadas em casa de vegetação aos 90 dias

Estes resultados estão claramente evidenciados na figura 3, onde as estacas submergidas nas concentrações de 2000, 4000 e 6000 mg/L (Figura 3A, D) apresentaram um número médio de raízes superior em relação ao tratamento controle (Figura 3 B, C). 75

2000 mg/L 4000 mg/L

6000 mg/L

Figura 3: Enraizamento de miniestacas da Richeria grandis Vahl. em casa de vegetação aos 90 dias em que: (A) miniestacas submetidas à dosagens de 2000, 4000 e 6000 mg.L-1 de ácido indolbutírico; (B) (C) miniestacas enraizadas sem adição de ácido indolbutírico e (D) miniestaca enraizada com adição de 4000 mg.L-1 de ácido indolbutírico. As barras da figura equivalem a 1cm.

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Houve a formação de calos na base das estacas em todos os tratamentos (Figura 5B-D). Os mesmos tratamentos que tiveram uma taxa de enraizamento inferior a 100% (0 e 6000 mg/L), tiveram o seu percentual de calogênese mais elevado (Figura 4A). O tratamento controle apresentou porcentagem de calogênese maior, diminuindo gradativamente nas concentrações de 2000 e 4000 mg/L, e voltando a aumentar no tratamento de 6000 mg/L de AIB, compondo assim, uma regressão quadrática com um coeficiente de variação de 47% (Figura 4a).

A B 100 100 -6 -2 80 y = 2,5*10 x2 (p < 0,01) – 2,2*10 x (p < 0,05) +62 R² = 94% 80 60 y = 1,07*10-6x² (p < 0,05) – 5,4*10-3x (p < 0,05) + 11,05 60 R² = 75%

40 NC 40 20

Calogênese (%) Calogênese 20 0 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 AIB (ppm) AIB (ppm)

Figura 4: (A) Relação da concentração de ácido indolbutírico (AIB) e porcentagem de calogênese de miniestacas de Richeria grandis Vahl. (B) Relação da concentração de ácido indolbutírico e a média do número de calos (NC) presente na base de miniestacas de Richeria grandis Vahl. em casa de vegetação aos 90 dias

Assim como observado para a porcentagem de calogênese, a média do número de calos por tratamento (cv = 58, 78%) apresentou tendência quadrática (Figura 4b). Ressalta-se no entanto que, para o tratamento com concentração de 6000 mg/L, a média do número de calos foi mais alta relacionando-se com as outras dosagens, isto pode ser explicado pelo fato de que mesmo a porcentagem de miniestacas que apresentaram ocorrência de calos nesta dosagem ser menor que o tratamento controle, a dosagem de 6000 mg/L teve o número de calos por miniestacas calejadas maior, quando comparadas aos demais tratamentos.

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50% da área foliar

Figura 5: (A) Preparo das miniestacas de Richeria grandis Vahl. para serem submetidas aos tratamentos, no tempo 0; (B) (D) presença de calos na base de miniestacas de Richeria grandis Vahl. submetidas a diferentes concetrações de ácido indolbutírico em casa de vegetação aos 90 dias; (C) (E) presença de brotações em miniestacas de Richeria grandis Vahl. submetidas à concentração de 6000 mg.L-1 em casa de vegetação aos 90 dias. As barras da figura equivalem a 1cm.

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Além disto, verificou-se a presença de brotações nas estacas enraizadas (Figura 5C, E). Com relação à porcentagem de brotação e média de brotos, o tratamento com a maior concentração de AIB apresentou maior média (Figura 6A). Verifica-se um aumento de brotações (%) à medida que a concentração de AIB for aumentando (Figura 6A), explicada por uma regressão linear com coeficiente de variação de 51,8%, e médias variando entre 0,75 a 2,67 brotos por tratamento (cv = 63,24%), para o tratamento controle e tratamento com a concentração de 6000 mg/L, respectivamente (Figura 6B).

A B 100 4 80 y = 6,0*10-6x (p = 0,01) + 14,5 R² = 87% 3 60 2 2,67 40 NB 1,75 1 1,50 Brotação (%)Brotação 20 0,75 0 0 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 0 2000 4000 6000 AIB (ppm) AIB (ppm)

Figura 6: (A) Relação da concentração de ácido indolbutírico (AIB) e porcentagem de brotação de miniestacas de Richeria grandis Vahl. (B) Relação da concentração de ácido indolbutírico e a média do número de brotos (NB) presente em miniestacas de Richeria grandis Vahl. em casa de vegetação aos 90 dias

De maneira geral, houve um incremento em altura (H) e diâmetro (D) para todas as miniestacas. O tratamento controle resultou no menor crescimento em altura e maior crescimento em diâmetro (Figura 7), já as estacas que foram submergidas na concentração de 4000 mg/L de AIB obteve resultados opostos ao tratamento controle, ou seja, teve um maior crescimento em altura e menor crescimento em diâmetro (Figura 7). Nota-se também uma alta dispersão dos dados em torno da média para as duas características, com um coeficiente de variação de 128,89% e 131,44% para o crescimento em altura e diâmetro respectivamente.

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A B 2,0 1,0 1,6 0,8 1,2 0,6

0,8 0,4 0,52 IH (cm) IH 0,76 (mm) ID 0,39 0,4 0,2 0,30 0,37 0,43 0,53 0,21 0,0 0,0 0 2000 4000 6000 0 2000 4000 6000 AIB (ppm) AIB (ppm)

Figura 7: (A) Relação da concentração de ácido indolbutírico e o incremento em altura (IH) de miniestacas de Richeria grandis Vahl. (B) Relação da concentração de ácido indolbutírico e o incremento em diâmetro (ID) de miniestacas de Richeria grandis Vahl. em casa de vegetação aos 90 dias

4. DISCUSSÃO A sobrevivência de todas as miniestacas e a alta porcentagem de enraizamento, mesmo na ausência do regulador de crescimento AIB, obtidas neste experimento foi muito expressiva, pois segundo Xavier et al. (2013) o enraizamento é um dos aspectos mais críticos da propagação. Resultados positivos para o enraizamento da R. grandis foram encontrados também por Oliveira (2003), trabalhando com estacas coletadas de árvores matrizes, localizadas em Matas de Galeria, em diferentes épocas do ano, que tiveram capacidade de emissão de raízes adventícias independente da aplicação do AIB porém com uma porcentagem menor que a encontrada neste estudo. Outros autores também obtiveram resultado positivo no enraizamento de estacas sem adição de AIB de algumas espécies da família Phyllanthaceae tais como: Phyllanthus sellowianus (Klotzch) Mull. Arg. (SUTILI, 2004; 2007; VARGAS, 2007; MONTEIRO et al., 2010), Phyllanthus tenellus Roxb. (SMITH et al, 1988; CASTRO; CHEMALE, 1995), e Phyllanthus macrocalyx Mull. Arg. (DAUDI et al., 2016). Estudos sobre a propagação vegetativa de outras espécies nativas características de Matas de Galeria (OLIVEIRA FILHO, 2006; SILVA JÚNIOR; PEREIRA, 2009; FLORA DO BRASIL, 2020 em construção) como Eugenia dysenterica (Mart.) DC., Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne (PEREIRA et al., 2001), Inga laurina (Sw.) Willd., Protium almecega Marchand, Pseudolmedia laevigata Trécul, Xylopia emarginata Mart. (OLIVEIRA, 2003), Piper arboreum Aubl. (OLIVEIRA, 2003; RIOS; RIBEIRO, 2014), Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. (OLIVEIRA, 2003; OLIVEIRA; RIBEIRO, 2013), e Siparuna guianensis Aubl. 80

(VALENTINI et al., 2011) também mostram não haver necessidade do tratamento com AIB no enraizamento adventício de estacas. O fato de utilizar propágulos provenientes de mudas juvenis pode ter favorecido o enraizamento, mesmo no tratamento controle pois, por se tratar de um material menos lignificado, com menor grau de maturação fisiológica e próximo à região de crescimento ativo, torna-se um material vegetativo mais responsivo ao enraizamento adventício, dispensando muitas vezes a aplicação de auxina exógena (SILVA et al., 2010; DIAS et al., 2012; XAVIER et. al, 2013). De acordo com a classificação de Hartmann et al. (2011), existem espécies que enquadram-se na categoria de plantas que já possuem todos os componentes endógenos essenciais para iniciação de raízes, incluindo auxinas. O presente resultado sugere que a R. grandis está classificada dentro desta categoria em questão. A auxina formada naturalmente nestas plantas com crescimento ativo (meristema apical, gemas axilares e folhas jovens), são transportadas, por meio do floema, para a base das estacas e, deste modo, juntamente com outras substâncias e condições apropriadas de ambiente, são responsáveis pela formação do sistema radicular (HARTMANN et al., 2011). Oliveira (2003) também destaca que, possivelmente, as auxinas endógenas presentes em R. grandis aumentam a capacidade de enraizamento da espécie, uma vez que, em seu estudo, a testemunha (sem aplicação de AIB) teve um porcentual de 40% de enraizamento para as estacas coletadas no início da época seca. Sabe-se que a presença das folhas iniciais auxilia o enraizamento e garante a sobrevivência das miniestacas em muitas espécies vegetais (LIONAKIS, 1981; OFORI et al., 1996), uma vez que o estímulo da atividade cambial e a diferenciação celular dando início à formação de raízes se dá pela produção de carboidratos via fotossíntese (LIONAKIS, 1981; LEAKEY et al., 1982; FACHINELLO; HOFFMANN; NACHTIGAL, 2005), além do fornecimento de auxinas endógenas e outras substâncias importantes que influenciam a formação de raízes e emissão de brotações (LIONAKIS, 1981; AMINAH et al., 1997; HARTMANN et al., 2011, PONTES-FILHO et al., 2014). Oliveira & Dorigon (2016) concluiram em seu estudo que estacas que retém as folhas iniciais do tratamento influenciam positivamente na sobrevivência e no enraizamento. A presença de folhas então, pode estar associada aos resultados favoráveis à sobrevivência e enraizamento da R. grandis, além dos fatores exógenos como a temperatura, incidência de luz, qualidade do substrato, as condições nutricionais e hídricas favoráveis, ausência de injúrias (BASAK et al., 2000; ALFENAS et al., 2009; PIJUT et al., 2011; PAIVA; GOMES, 2011; 81

XAVIER et al., 2013), e ausência de reações oxidativas na base das miniestacas (WENDLING et al., 2002), que podem também ter favorecido os bons resultados. No entanto, observou-se que tanto a média do comprimento de raízes, quanto o número médio de raízes foi menor e mais desuniforme para o tratamento controle, enquanto que, para os tratamentos com adição de auxinas exógenas, resultou em valores maiores e com pouca variação (Figura 3). Oliveira (2003) também notou que apesar de não ter dado diferenças estatísticas em seus resultados, para os tratamentos com aplicação de AIB nas estacas da R. grandis, houve valores mais elevados de enraizamento. Este resultado pode ser explicado conforme Hartmann et al. (2011) e Xavier et al. (2013), uma vez que aplicações de auxina proporcionam maior porcentagem, velocidade, qualidade e uniformidade de enraizamento. O uso do AIB é amplamente recomendando e utilizado, devido à sua estabilidade à fotodegradação, baixa toxidez e mobilidade e elevada estabilidade química (ASSIS; TEIXEIRA, 1998; HARTIMANN et al., 2011; BRONDANI et al., 2008). Resultados de enraizamento de miniestacas com adição de AIB, foram observados por Daudi et al. (2016) estudando a Phyllanthus macrocalyx Mull. Arg., espécie pertencente à mesma família da R. grandis. Há também algumas espécies, características de Matas de Galeria, que só conseguem a emissão de raízes adventícias a partir de miniestacas e com o uso do AIB, sendo representado pela Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze (HERNANDEZ, 2013), Erythrina falcata Benth. (WENDLING et al., 2005; SANTOS, 2009), Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F.Macbr. (HERNANDÉZ et al., 2012), Copaifera langsdorffii Desf. (RIOS; RIBEIRO, 2014; DUTRA et al., 2014), Ilex paraguariensis A.St.-Hil. (SANTINS et al., 2015) e pelo Calophyllum brasiliense Cambess. (OLIVEIRA, 2003; SILVA et al., 2010; RIBEIRO, 2014; CIRIELLO; MORI, 2015; SILVEIRA et al., 2016). Segundo Hartmann et al. (2011) a formação de raízes em alguma espécies é precedida pelo aparecimento de calos na base das estacas, servindo para indicar o favorecimento das condições de enraizamento. Sendo assim, a presença destes calos, principalmente nas miniestacas do tratamento controle deste estudo, pode ser um indicativo de que, se as estacas permanecessem por um período maior na casa de vegetação, a porcentagem de enraizamento e o número de raízes poderiam ser aumentados, não diferindo dos outros tratamentos. A diferença da porcentagem de brotação e número de brotos dos tratamentos que tiveram melhoria expressiva na rizogênese em relação ao tratamento controle, pode estar relacionada a uma ação secundária do regulador de crescimento (KOTZ, et. al., 2011), principalmente quanto ao aumento do número de raízes, o que ocasionou aumento da absorção 82

de nutrientes presente no substrato (TAIZ; SEIGER, 2013), favorecendo a emissão de brotações. O maior crescimento em altura para estes tratamentos, mesmo não comprovado estatisticamente, pode também estar relacionado à maior quantidade de raízes. Diante disso, ao se comparar a espécie em estudo com outras espécies florestais que ocorrem em Matas de Galeria, nota-se que a produção de mudas via assexuada da R. grandis com o intuito de utiliza-las em técnicas de restauração destas matas é muito vantajoso, uma vez que algumas espécies estudadas características destas áreas, não enraízam, ou enraízam apenas com a presença de reguladores de crescimento, tais como: Tibouchina sellowiana Cogn. (BORTOLINI et al., 2008), Tibouchina stenocarpa (Schrank & Mart. ex DC.) Cogn. (RIOS; RIBEIRO, 2014), Dendropanax cuneatus (DC.) Decne. & Planch., commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs, Inga vera Willd., Tapirira guianensis Aubl., Myrsine umbellata Mart., Inga marginata Willd. (SANTOS, 2009), Virola sebifera Aubl., Myrcia sellowiana O.Berg, Hirtella gracilipes (Hook.f.) Prance (OLIVEIRA, 2003) que não conseguem se propagar de forma assexuada, e Clusia criuva Cambess. (RIOS et al., 2001), Maclura tinctoria (L.) D.Don ex Steud., Salacia elliptica (Mart. ex Schult.) G.Don, Emmotum nitens (Benth.) Miers (OLIVEIRA, 2003), Casearia sylvestris Sw., Cestrum laevigatum Schltdl., Ficus insipida Willd., Guazuma ulmifolia Lam., Salix humboldtiana Willd., Sebastiania schottiana (Müll.Arg.) Müll.Arg. (SANTOS 2009), Trichilia catigua A.Juss. (VALMORBIDA et al., 2008) e Bauhinia rufa (Bong.) Steud. (RIOS; RIBEIRO, 2014) que enraízam apenas na presença da adição de alguma concentração de auxinas exógenas. Apesar da propagação assexuada poder comprometer a diversidade genética no ambiente (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2013), esta técnica constitui uma alternativa para a superação de dificuldade na propagação de espécies nativas (DIAS et al., 2012), podendo ser utilizada para fins comerciais, assim como auxiliar na formação de mudas para recuperação, via restauração (OLIVEIRA; RIBEIRO, 2013), das Matas de Galeria, visto que as sementes de algumas espécies são recalcitrantes (OLIVEIRA, 2003).

5. CONCLUSÕES

- A técnica de propagação vegetativa para a R. grandis, por miniestaquia, sem adição do ácido indolbutírico (AIB), é viável. - Com o uso do AIB, houve tendência no aumento do número médio de raízes e porcentagem de brotação.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONCLUSÃO GERAL

Diante dos objetivos propostos apara esta dissertação e nas condições em que foram realizados os experimentos do presente estudo, foi possível chegar às conclusões a seguir.

1) O fruto da R. grandis é simples, seco, do tipo cápsula, deiscente e esquizocarpos, com dimensão média, apresentando comprimento médio de 16,24 mm e largura média de 8,57 mm. A semente é elipsoide com presença de sarcotesta, com comprimento médio de 7,40 mm e largura média de 4,57 mm, e fisiologicamente, classificadas como recalcitrantes, ou seja, não toleram o armazenamento, nem a perca de umidade natural. Com apenas 10 dias de armazenamento, em sacos de papel ao ar livre, já perdem completamente a viabilidade. A emergência possui classificação morfofuncional de exposição fanerocotilar, posição epigial e textura foliácea. O período para se obter uma plântula jovem, com todas as estruturas morfológicas evidentes é de, no mínimo, 50 dias em casa de vegetação.

2) A produção de mudas, via seminal e em casa de vegetação, utilizando substratos contendo em sua composição a vermiculita, a casca de arroz carbonizada e o substrato comercial Bioplant®, em diferentes proporções, sob atenuação solar de 30% ou 50%, proporcionado por telas sombreadoras (sombrite), promovem mudas de melhor qualidade quando comparadas a substratos compostos de terra de subsolo e esterco bovino curtido, com características granulométricas e químicas semelhantes ao usado neste estudo. A espécie R. grandis necessita de sombra na fase inicial de seu desenvolvimento, este fato categoriza-a como uma espécie secundária tardia.

3) A técnica de propagação vegetativa por miniestaquia para a R. grandis é viável, não sendo necessário o uso do ácido indolbutírico (AIB) para o enraizamento. Salienta-se que, com a utilização do AIB, há uma maior tendência no aumento do número de raízes, e desenvolvimento da muda.

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