“É O Meu Parecer”: a Censura Política À Música De Protesto Nos Anos De Chumbo Do Regime Militar Do Brasil (1969-1974)
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA “É o meu parecer”: a censura política à música de protesto nos anos de chumbo do regime militar do Brasil (1969-1974) Amilton Justo de Souza Orientador: Prof. Dr. Paulo Giovani Antonino Nunes Área de Concentração: História e Cultura Histórica Linha de Pesquisa: História Regional JOÃO PESSOA – PB OUTUBRO – 2010 “É O MEU PARECER”: A CENSURA POLÍTICA À MÚSICA DE PROTESTO NOS ANOS DE CHUMBO DO REGIME MILITAR DO BRASIL (1969-1974) Amilton Justo de Souza Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal da Paraíba-UFPB, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Mestre em História, Área de Concentração em História e Cultura Histórica. Orientador: Prof. Dr. Paulo Giovani Antonino Nunes Linha de Pesquisa: História Regional JOÃO PESSOA – PB 2010 S729e Souza, Amilton Justo de. “É o meu parecer”: a censura política à música de protesto nos anos de chumbo do regime militar do Brasil (1969-1974) / Amilton Justo de Souza.- João Pessoa, 2010. 292f. Orientador: Paulo Giovani Antonino Nunes Dissertação (Mestrado) – UFPB/CCHLA 1. História Regional. 2. História e Cultura Histórica. 3. Censura política. 4. Música de protesto. 5. Discurso anticomunista. 6. Regime militar brasileiro. UFPB/BC CDU: 981.422(043) UFPB/BC CDU: 346.1(043) “É O MEU PARECER”: A CENSURA POLÍTICA À MÚSICA DE PROTESTO NOS ANOS DE CHUMBO DO REGIME MILITAR DO BRASIL (1969-1974) Amilton Justo de Souza Dissertação de Mestrado avaliada em ____/____/_____, com conceito___________________ BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________ Prof. Dr. Paulo Giovani Antonino Nunes Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal da Paraíba Orientador __________________________________________________________ Profa. Dra. Maria do Socorro de Abreu e Lima Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal de Pernambuco Examinadora Externa __________________________________________________________ Prof. Dr. José Jonas Duarte da Costa Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal da Paraíba Examinador Interno __________________________________________________________ Prof. Dr. Alexandre Felipe Fiuza Programa de Pós-Graduação em Educação – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Suplente Externo __________________________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Barroso Cordeiro Jr. Programa de Pós-Graduação em História – Universidade Federal da Paraíba Suplente Interno Ao meu pai, Antonio Justo de Souza, in memória, que com certeza ficaria bastante feliz se estivesse aqui, neste momento muito importante para mim, mas, infelizmente, foi vencido pelo Mal de Alzeheimer em 28 de março de 2003, aos 53 anos de idade apenas. À minha mãe, Antônia Jacinto de Araújo Souza, que passou a exercer os papéis tanto de mãe quanto de pai, para com todos os seus nove filhos. Que que há Assim não está dando pra aturar Contra nós A tesoura cega, corta a voz A mudês Matou o cancioneiro português E agora a canção Está na pauta, na clave do cifrão E eu canto até acordar toda a população Mesmo que cantar seja sempre em vão Pois é o sabiá No festival do gavião A moral Se compra com qualquer metal Contra o bem A tesoura cega, cega vem Português Agora é uma língua regra três Hoje é um novo som Pela falta que faz um novo dom Eu canto até acordar toda a população... Eduardo Gudin & Paulo César Pinheiro, Cifrão (Crítica à invasão da música estrangeira) (1974). AGRADECIMENTOS Neste trabalho nos expressamos através da primeira pessoa do plural, ou seja, através do pronome nós, por acreditarmos que uma Dissertação de Mestrado, assim como uma Tese de Doutorado, também tem muito de contribuição das pessoas que fizeram parte tanto do Exame de Qualificação quanto da Banca de Defesa, e principalmente do professor que orientou o trabalho. Desse modo, como uma forma de agradecimento especial ao nosso orientador, Prof. Dr. Paulo Giovani Antonino Nunes, e aos demais professores que participaram dos dois processos mencionados: Qualificação e Defesa – Profa. Dra Maria do Socorro de Abreu e Lima, Prof. Dr. José Jonas Duarte da Costa e Prof. Dr. Raimundo Barroso Cordeiro Júnior –, mas também, como uma forma de reconhecimento dessa contribuição, nos apropriamos aqui de alguns versos de autoria de Paulo César Pinheiro (2010, p. 05), para demonstrar que nossa Dissertação, de certa forma, ou indiretamente, também foi uma parceria com eles. É um poema feito pelo compositor Paulo César Pinheiro, que de forma bastante humorada presta agradecimento e homenagem aos seus parceiros musicais, e que, apesar de se referir à música, utilizamos aqui como uma analogia. Ou seja, para retratar o processo de desenvolvimento do nosso trabalho, mas, fundamentalmente, a contribuição das pessoas que participaram desse processo, desde o Seminário de Dissertação (e por isso incluímos também o Prof. Dr. Flávio Lúcio Vieira, professor-leitor do nosso trabalho), passando pelo Exame de Qualificação, até chegar a Banca de Defesa. Vejamos então o referido poema: Parceria Parceria é um casamento, mas que dura... Porque na parceria não há jura Não há promessa de fidelidade. Se, em plena criação, alguém lhe atrai Você diz ao parceiro, e você vai... E volta a ele quando dá saudade. Porque ele também não se magoa, Pois sempre sai alguma coisa boa Quando na música se prevarica. Um samba, uma modinha, uma toada; Depende muito de cada transada, Mas se é bem dada é uma canção que fica. Parceria é um casamento que não cansa Porque não tem contrato e nem cobrança. Ciúme tem... mas isso é passageiro. Quem é traído, muita vez reage Propondo aos dois fazer uma menàge [...] Mas brincadeira à parte, a parceria É uma amizade que se faz um dia E não se rompe por qualquer besteira. É o desejo ardente da poesia Que vai pra cama com a melodia Deixando frutos pela vida inteira. Além dessas pessoas mencionadas acima, agradecemos, ainda, de forma especial, ao prof. Dr. Alexandre Felipe Fiuza, que cedeu uma enorme quantidade de fontes que utilizamos neste trabalho, referentes aos pareceres elaborados pelos próprios técnicos de censura, além de outras, como ofícios, informações e informes que, somadas com os pareceres, foram fundamentais para a feitura desta Dissertação de Mestrado. À Rainério, estudante de Doutorado do curso de Letras da UFPB, pela indicação e empréstimo do livro Mecanismos do silêncio: expressões artísticas e censura no regime militar (1964-1984), de autoria de Creuza Berg (2002). O qual foi muito importante para o desenvolvimento do nosso trabalho. Ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, pela compreensão e paciência para com a minha pessoa durante todo o tempo de realização do nosso trabalho, em termos de pesquisa, escrita, defesa e também de entrega da versão final com as correções solicitadas pela Banca de Defesa. À Profa. Regina Maria Rodrigues Behar, que começou na orientação do nosso trabalho, mas depois, por ter percebido que o trabalho estava seguindo outra direção achou melhor que o mesmo fosse orientado por outro professor que trabalhasse mais com o tema para o qual estávamos nos encaminhando. Agradeço também à minha esposa, Analice Simão Barbosa Souza, que “segurou a barra” lá em casa, para que no tempo que me sobrava, além do(s) meu(s) trabalho(s) de ensino na Educação Básica nos municípios de João Pessoa-PB e Santa Rita-PB, eu pudesse me dedicar a esta Dissertação. Agradeço, ainda, ao meu cunhado, José Valdilânio Virgulino Procópio, marido da minha irmã Alenilda, que me ajudou na fixação e organização dos anexos que foram apostos no final deste trabalho, como também na formatação do mesmo. RESUMO Esta Dissertação de Mestrado está vinculada à Linha de Pesquisa: “História Regional”, do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba, o qual tem como Área de Concentração: “História e Cultura Histórica”. Nossa pesquisa teve como objetivo analisar, sobretudo, o uso da censura política sobre a música de protesto durante os chamados “anos de chumbo” (1969- 1974) da ditadura militar no Brasil. Com esse intuito nos detemos mais sobre os pareceres elaborados pelos próprios censores entre 1969 e 1974, quando da prática censória, para justificarem os vetos sobre as canções de protesto, censuradas por conterem protestos políticos contra o regime político vigente implantado no Brasil pelos militares com o golpe de 1964. Portanto, procuramos demonstrar que, além da censura moral que vigorava no país durante a ditadura militar, e que já vinha desde meados da década de 1940, também ocorreu, durante esse mesmo regime militar, uma censura política sobre a música popular brasileira, a qual atuou com mais vigor durante os anos de chumbo e principalmente sobre a música de protesto, que direcionava mais suas contestações para a situação política do Brasil naquele momento. Além disso, não negamos que tenha ocorrido nesse mesmo período uma censura moral sobre a música popular produzida no Brasil. Não obstante, também procuramos mostrar que havia, em certos momentos, uma interconexão entre as motivações políticas e morais para a censura de determinadas canções. Palavras-chave: censura política; música de protesto; Segurança Nacional; discurso anticomunista; regime militar brasileiro. ABSTRACT This Master Dissertation is linked to the Research Line: “Regional History”, of Post-Graduation Program in History of the Paraíba Federal