Leguminosae No Acervo Do Herbário Da Amazônia Meridional, Alta Floresta, Mato Grosso
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LEGUMINOSAE NO ACERVO DO HERBÁRIO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL, ALTA FLORESTA, MATO GROSSO José Martins Fernandes 1, Célia Regina Araújo Soares-Lopes 2,5 , Ricardo da Silva Ribeiro 3,5 & Dennis Rodrigues da Silva 4,5 1Professor do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta 2Professora Adjunta VI, da Faculdade de Ciências Biológicas e Agrárias de Alta Floresta, Universidade do Estado de Mato Grosso. ([email protected]) 3Graduando em Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta 4Licenciado em Biologia, Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Cáceres 5Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, Centro de Biodiversidade da Amazônia Meridional - CEBIAM Recebido em: 31/03/2015 – Aprovado em: 15/05/2015 – Publicado em: 01/06/2015 RESUMO Leguminosae é considerada a terceira maior família em número de espécies no mundo e a primeira no Brasil. Destaca-se nos diferentes domínios fitogeográficos brasileiros em riqueza e uso, como na Amazônia, porém, a Amazônia meridional ainda foi pouco amostrada. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo apresentar uma listagem para as espécies de Leguminosae depositadas no Herbário da Amazônia Meridional - HERBAM, Alta Floresta, Mato Grosso. As identificações dos espécimes de Leguminosae depositados na coleção do HERBAM foram conferidas com base em revisões taxonômicas e imagens do New York Botanical Garden em março de 2015. Leguminosae está representada por 153 espécies distribuídas em 59 gêneros. As espécies Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. e Hymenaea parvifolia Huber estão ameaçadas de extinção, na categoria Vulnerável. Os principais gêneros em número de espécies são Inga , com 22 espécies, Senna , com 12 espécies, Bauhinia , com oito espécies e Mimosa , com sete espécies. Trinta e sete espécies são novas ocorrências para Mato Grosso, destacando-se Inga , com seis espécies. As informações apresentadas no presente trabalho serão utilizadas para atualização da “Lista de Espécies da Flora do Brasil”, bem como, na elaboração das monografias para a “Flora do Brasil Online 2020”. PALAVRAS-CHAVE: Amazônia, Fabaceae, HERBAM, ingá Mill. LEGUMINOSAE IN THE HERBÁRIO DA AMAZÔNIA MERIDIONAL COLLECTION, ALTA FLORESTA, MATO GROSSO ABSTRACT Leguminosae is considered the third largest family in number of species in the world and the first in Brazil. Stands out in different Brazilian phytogeographic areas where wealth and use, such as in the Amazon, however, the southern Amazon was poorly sampled. Thus, this study aimed to present a listing for the species of Leguminosae ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p.2272 2015 deposited in the “Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM”, Alta Floresta, Mato Grosso. The identifications of the Leguminosae of specimens deposited in the collection HERBAM conferred on the basis of taxonomic revisions and pictures of the New York Botanical Garden Virtual in March 2015. Leguminosae is represented by 153 species in 59 genera. The species Apuleia leiocarpa (Vogel) JFMacbr. and Hymenaea parvifolia Huber are endangered in the vulnerable category. The main genres in number of species are Inga , with 22 species, Senna , with 12 species, Bauhinia , with eight species and Mimosa , with seven species. Thirty-seven species are new records for Mato Grosso, highlighting Inga , with six species. The information presented in this work will be used to update the "Lista de Espécies da Flora do Brasil", as well as in the preparation of monographs for "Flora do Brasil Online 2020". KEYWORDS: Fabaceae, Amazon, Inga Mill., HERBAM INTRODUÇÃO Leguminosae Adans. com 36 tribos, 727 gêneros e cerca de 19.325 espécies, é considerada a terceira maior família de angiospermas, com distribuição cosmopolita (LEWIS et al., 2005), considerada monofilética e incluída na ordem Fabales (APG III, 2009). As sinapomorfias da família são: folha composta, alterna e com pulvino, uma pétala adaxial diferenciada, ovário monocarpelar e fruto do tipo legume (CHAPPILL, 1995). Está tradicionalmente dividida nas subfamílias Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (POLHILL, 1994). É considerada a segunda maior família com potencial econômico devido à alta produção de: sementes, legumes, folhas, raízes e flores, correspondendo a cerca de 30% do consumo de proteína no mundo (LEWIS & OWEN, 1989; GRAHAN & VANCE, 2003; FERNANDES et al., 2014). Devido à sua capacidade de fixar nitrogênio da atmosfera, em simbiose principalmente com espécies do gênero Rhizobium (ESPAÑA et al., 2006), tem sido cultivada em meio a outras culturas, podendo ser utilizada também como adubo verde e forrageira. Suas espécies ainda podem apresentar uso madeireiro para construção de casas, produção de utensílios tecnológicos e combustível, medicinal, ornamental, sombra, entre outros usos (FERNANDES et al., 2014). A família ocupa desde os picos das serras montanhosas até o litoral arenoso, da floresta tropical úmida até desertos, ocorrendo também em ambientes aquáticos (LEWIS, 1987). Apresenta várias formas de vida como ervas, trepadeiras, subarbustos, arbustos, árvores e lianas com ou sem gavinhas (JUDD et al., 2009). No Brasil, ocorrem cerca de 210 gêneros e 2.801 espécies, sendo 1.458 consideradas endêmicas, tornando-se a família com maior número de espécies no país (LIMA et al., 2015). Está presente em todos os domínios fitogeográficos brasileiros, em especial no Cerrado, com 135 gêneros e 1.237 espécies; Floresta Amazônica, com 167 gêneros e 1.147 espécies; e Floresta Atlântica, com 154 gêneros e 997 espécies; Caatinga, com 127 gêneros e 620 espécies, Pantanal, com 63 gêneros e 161 espécies (LIMA et al., 2015). As espécies de Leguminosae apresentam resultados florísticos dominantes na Amazônia, e desempenham papéis ecológicos diversos e contribuem de forma significativa para a diversidade regional (SILVA & SOUZA-LIMA, 2013). DUCKE (1949) publicou “ As Leguminosas da Amazônia Brasileira ”, com chave de identificação para os gêneros, diagnoses, distribuição geográfica, fitogeografia e nomes populares de 785 espécies. SILVA et al. (1988), publicaram uma lista previa ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p.2273 2015 das leguminosas na Amazônia com 1.241 espécies, porém, não consta no estudo espécimes coletados no Mato Grosso. O Estado de Mato Grosso, “berço” de três biomas brasileiros, Amazônia, Cerrado e Pantanal e seus diversos ambientes de diferentes fitogeografias tem sua flora sub amostrada, principalmente a flora da Amazônia (FORZZA et al., 2010, 2012). Na Amazônia Mato-grossense também conhecida como Amazônia Meridional não existem trabalhos de distribuição ou uma lista exclusiva para Leguminosae, exceto o trabalho de GONÇALVES (2012), que apresentou um estudo com a família no município de Cláudia. A autora reconheceu 47 espécies arbóreas pertencentes a 11 gêneros, sendo Inga o mais representativo com cinco espécies. DUBS (1998) apresentou em seu check list de angiospermas, 596 espécies de Leguminosae, com coletas em sua maioria restrita ao Cerrado Mato-grossense, com maior número de coletas próximas a Cuiabá e Nova Xavantina, porém, com espécies da Flora de Mato Grosso do Sul. Estudos Florísticos e Fitossociológicos recentes na Amazônia Mato- grossense apresentam Leguminosae com maior riqueza ou entre as dez famílias mais ricas em gêneros e espécies (MALHEIROS et al., 2009; KUNZ et al., 2009; ZAPPI et al., 2011; LOPES-SOARES et al., 2014; MELO et al., 2014; ALMEIDA et al., 2014). Recentemente, LOPES -SOARES et al. (2014) em estudo no município de Sinop, verificaram que Leguminosae ficou em segundo lugar quanto ao número de espécies, cujos nomes de espécies não constam na lista da Flora do Brasil com distribuição para o Estado. De acordo com IGANCI & MORIN (2012) os dados de coleções são importantes fontes de dados que contribuem para elaborações de planos de conservação e preservação de espécies, bem como o conhecimento de sua distribuição. Visando contribuir no preenchimento das Lacunas de coletas botânicas no Norte de Mato Grosso, criou-se, em 2007, o Herbário da Amazônia Meridional (HERBAM), localizado na Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Alta Floresta. As coletas realizadas na Amazônia Meridional e depositadas no HERBAM vêm contribuindo de forma significativa para o conhecimento da flora de Mato Grosso, onde quase 50% das espécies depositadas no acervo não constam na “ Lista de Espécies da Flora do Brasil ” de 2015 (LOPES- SOARES et al., 2013; FORZZA et al., 2015). Objetivou-se, com este trabalho, apresentar uma listagem das espécies de Leguminosae depositadas na coleção do Herbário da Amazônia Meridional – HERBAM, além de informações sobre domínios fitogeográficos, distribuição geográfica e conservação. MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo - Os dados foram compilados de Bancos de Dados do Herbário da Amazônia Meridional - HERBAM, localizado na MT 208, KM 146, Nº S/N - Bairro Jardim Tropical, Alta Floresta, Mato Grosso, Universidade do Estado de Mato Grosso, com relação aos resultados de coletas realizadas na região norte do Estado de Mato Grosso, nos municípios de Apiacás, Paranaíta, Alta Floresta, Nova Canaã do Norte, Novo Mundo, Tabaporã, Itaúba, Ipiranga do Norte, Colíder, Claúdia, Sinop e no Parque Nacional do Juruena, Parque Estadual do Cristalino (FIGURA 1). ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.11 n.21; p.2274 2015 FIGURA 1 . Parques e municípios