Entregável 02: Relatório de Avaliação da Execução do Planeamento Municipal

Revisão do Plano Diretor

Municipal de Carregal do Sal

Entregável 02: Relatório de Avaliação da Execução do Planeamento Municipal

Sociedade Portuguesa de Inovação PR-03886 | abril 2019

REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Índice de conteúdos

1. Introdução ...... 9

1.1 Oportunidade da segunda revisão do PDM ...... 9 1.2 Enquadramento legal ...... 10 1.3 Objetivos e organização do documento ...... 12 2. Tendências e fatores de mudança do território ...... 17

2.1 Enquadramento territorial ...... 17 2.2 Diagnóstico, estratégia e principais desafios ...... 26 2.2.1 Breve diagnóstico ...... 26

2.2.2 Estratégia Municipal de Desenvolvimento ...... 30

2.2.3 Principais desafios a considerar ...... 32

3. Avaliação da execução do planeamento municipal ...... 35

3.1 Plano Diretor Municipal em vigor ...... 35 3.1.1 Objetivos e opções ...... 35

3.1.2 Modelo de ordenamento...... 38

3.1.3 Ocupação do solo urbano ...... 43

3.1.4 Ocupação do solo rústico ...... 49

3.1.5 Infraestruturas e equipamentos ...... 52

3.2 Planos de Urbanização e de Pormenor previstos e publicados ...... 55 3.3 Compromissos urbanísticos ...... 56 3.3.1 Informação Prévia ...... 56

3.3.2 Licenciamentos ...... 57

3.3.3 Licenças, Comunicações e Autorizações...... 58

3.3.4 Loteamentos ...... 59

3.4 Estratégia de Reabilitação Urbana ...... 60 3.4.1 ARU-ORU da vila de Carregal do Sal ...... 62

3.4.2 ARU de Cabanas do Viriato ...... 63

2 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.3 ARU de Oliveira do Conde ...... 64

3.4.4 ARU de Papízios ...... 65

3.4.5 ARU de Beijós ...... 66

3.4.6 ARU de Fiais da Telha ...... 67

3.4.7 ARU de Parada ...... 68

4. Convergência com as políticas e programas de ordenamento do território ...... 70

4.1 Necessidade de adequação ao atual quadro legal ...... 70 4.2 Políticas e programas a considerar na revisão do PDM ...... 74 5. Termos de Referência para a segunda revisão do PDM ...... 85

5.1 Faseamento e prazo de execução ...... 85 5.2 Principais objetivos e questões a reter ...... 86

Anexo I. Legislação de Enquadramento ...... 90

3 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Índice de figuras

Figura 1. Enquadramento territorial ...... 17 Figura 2. Sistema Urbano - Dão Lafões ...... 18 Figura 3. Aglomerados urbanos do concelho e população residente ...... 19 Figura 4. Rede Natura 2000 – SIC Carregal do Sal ...... 24 Figura 5. Monumentos Nacionais de Carregal do Sal: Casa do Passal, Dólmen da Orca...... 25 Figura 6. Centro Cultural de Carregal do Sal e Museu Municipal Soares de Albergaria...... 25 Figura 7. Eixos transversais e de especialização ...... 30 Figura 8. Espaços industriais...... 37 Figura 9. Proporção espacial das classes de espaço do PDM ...... 41 Figura 10. Evolução dos territórios artificializados ...... 44 Figura 11. Áreas não construídas no solo urbano ...... 47 Figura 12. Territórios agrícolas, florestais e agroflorestais ...... 49 Figura 13. Áreas agrícolas presentes no concelho ...... 51 Figura 14. Áreas florestais presentes no concelho ...... 52 Figura 15. Número de alvarás de loteamento ...... 59 Figura 16. ARU no concelho de Carregal do Sal, aprovadas entre 2016 e 2018 ... 61 Figura 17. Limite da ARU/ORU da vila de Carregal do Sal ...... 62 Figura 18. Limite da ARU de Cabanas do Viriato...... 63 Figura 19. Limite da ARU de Oliveira do Conde ...... 64 Figura 20. Limite da ARU de Papízios ...... 65 Figura 21. Limite da ARU de Beijós ...... 66 Figura 22. Limite da ARU de Fiais da Telha ...... 67 Figura 23. Limite da ARU de Parada ...... 68 Figura 24. Linha temporal da publicação de instrumentos legislativos desde a entrada em vigor do PDMCS ...... 71 Figura 25. Correspondência das áreas definidas no DL n.º 93/90, de 19 de março, com as novas áreas integrantes da REN ...... 73 Figura 26. Linha temporal da publicação de IGT supramunicipais desde a entrada em vigor do PDMCS ...... 75 Figura 27. Extrato da Carta Síntese do PROF Centro Litoral, 2019 ...... 79 Figura 28. Fluxograma do processo de revisão do PDM ...... 85

4 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Índice de tabelas

Tabela 1. Áreas de localização empresarial no concelho de Carregal do Sal .. 21

Tabela 2. Objetivos gerais dos eixos transversais e de especialização ...... 31

Tabela 3. Carteira de projetos estruturantes ...... 32

Tabela 4. Grau de concretização das opções estratégicas do PDM em vigor . 36

Tabela 5. Classes, categorias e subcategorias de espaço do PDMCS ...... 38

Tabela 6. Parâmetros urbanísticos aplicáveis aos espaços urbanos e urbanizáveis ...... 39

Tabela 7. Matriz de classificação e qualificação do solo ...... 42

Tabela 8. Evolução do parque edificado de Carregal do Sal ...... 48

Tabela 9. Evolução do número de alojamentos no concelho ...... 48

Tabela 10. Evolução da população residente no concelho ...... 48

Tabela 11. Distribuição da área do concelho e da sub-região por classe de superfície ...... 50

Tabela 12. Medidas propostas nos PDM anteriores, no âmbito das infraestruturas ...... 53

Tabela 13. Edificações em espaço urbano e rural ...... 57

Tabela 14. Licenças, comunicações a autorizações ...... 58

Tabela 15. Documentos de política e gestão dos interesses públicos ...... 81

5 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Siglas e abreviaturas

AA – Avaliação Ambiental

APFPB - Associação de Produtores Florestais do Planalto Beirão

ARU – Área de Reabilitação Urbana

CC – Comissão Consultiva

CCDRC – Comissão de Coordenação e de Desenvolvimento Regional do Centro

CEB – Ciclo do Ensino Básico

CMCS – Câmara Municipal de Carregal do Sal

COS – Carta de Ocupação do Solo

CPA - Código do Procedimento Administrativo

DGT – Direção-Geral do Território

DL – Decreto-lei

DR – Diário da República

ENE – Estratégia Nacional para a Energia

ENAAC – Estratégia Nacional da Adaptação às Alterações Climáticas

ETA – Estação de Tratamento de Água

ETAR – estação de Tratamento de Águas Residuais

GIP - Gabinete de Inserção Profissional

IGT – Instrumento de Gestão Territorial

LBPA – Lei de Bases da Política de Ambiente

LBGPPSOTU – Lei de Bases Gerais da Política Pública dos Solos, de Ordenamento do Território e de Urbanismo

PDMCS – Plano Diretor Municipal de Carregal do Sal

PDM – Plano Diretor Municipal

PEOT – Programas Especiais de Ordenamento do Território

PERU – Plano Estratégico de Reabilitação Urbana

PGRH – Plano de Gestão da Região Hidrográfica

PNA – Plano Nacional da Água

PNPOT – Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território

6 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

PNQA - Plano de Ação de Qualidade do Ar

POAA – Plano de Ordenamento da Albufeira da Aguieira

PRN – Plano Rodoviário Nacional

PROFC – Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro

PROTC – Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro

PROZAG – Plano Regional de Ordenamento do Território para a Zona Envolvente das Albufeiras da Aguieira, Coiço e Fronhas

PSRN2000 – Plano Setorial da Rede Natura 2000

PTM – Planos Territoriais de Âmbito Municipal

PTIM – Planos Territoriais de Âmbito Intermunicipal

PU – Plano de Urbanização

RA – Relatório Ambiental

RAN – Reserva Agrícola Nacional

RCM – Resolução de Conselho de Ministros

RDA – Relatório de Definição de Âmbito

REN – Reserva Ecológica Nacional

REOT – Relatório de Estado do Ordenamento do Território

RH4 – Rede Hidrográfica n.º 4

RJAAPP – Regime Jurídico da Avaliação Ambiental de Planos e Programas

RJIGT – Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial

RJRAN – Regime Jurídico da Reserva Agrícola Nacional

RJREN – Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional

RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana

RJUE – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação

SIC – Sítio de Importância Comunitária

SPI – Sociedade Portuguesa de Inovação

ZIF – Zona de Interesse Florestal

ZPE – Zona de Proteção Especial

UF – União de

7 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

1 Introdução

8 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

1. Introdução

1.1 Oportunidade da segunda revisão do PDM

O Plano Diretor Municipal de Carregal do Sal (PDMCS) em vigor, que constitui a primeira revisão do documento original publicado em 1994, foi ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 171/2001, publicada no Diário da República n.º 294, I Série-B, de 21 de dezembro.

O tempo decorrido desde a sua publicação, há mais de 17 anos, é por si só um forte motivo para se despoletar um novo procedimento de revisão que adeque este instrumento à evolução do território e das suas condições ambientais, económicas, sociais e culturais, a médio- longo prazo, considerando que muitos dos seus pressupostos assentaram em dados e tendências que sofreram até hoje uma significativa transformação.

Por seu turno, a atuação do Município rege-se hoje segundo uma estratégia de desenvolvimento local que tem por base o Plano Estratégico elaborado em 2016, que se ajusta aos novos desafios colocados a Carregal do Sal e está alinhada com os objetivos de coesão e de desenvolvimento territorial constantes dos instrumentos de política comunitária e nacional. Para que esta atuação seja plenamente eficaz, é necessário que todos os instrumentos disponíveis acompanhem a estratégia municipal delineada, como é o caso do PDM, um instrumento fulcral para o desenvolvimento de Carregal do Sal.

Para além desta necessidade de adequação à realidade e aos novos desafios, e de alinhamento com a estratégia de desenvolvimento preconizada pelo Município, impõe-se igualmente adequar este instrumento ao novo enquadramento legal e regulamentar e ao conjunto de políticas e programas territoriais, entretanto emanado, de forma a assegurar a necessária convergência com os interesses públicos e com o conjunto de objetivos que daqui decorrem.

Um dos aspetos mais relevantes deste novo enquadramento prende-se com a necessidade de resposta aos novos objetivos e requisitos colocados pela Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, que estabelece as bases gerais da política pública dos solos, de ordenamento do território e de urbanismo (LBGPPSOTU).

Com efeito, este diploma e o novo Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão do Territorial (RJIGT), aprovado pouco tempo depois, através do Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, introduziram um novo enquadramento para os instrumentos de gestão territorial (IGT) e para as autarquias no quadro das suas responsabilidades em matéria de ordenamento do território e urbanismo. Para além de se estabelecerem novas regras para a gestão do solo urbano e

9 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

rústico, prossegue-se um conjunto de objetivos concretos: (i) assegurar uma gestão integrada do território; (ii) promover a equidade e a coesão social e territorial; (iii) assegurar a sustentabilidade económica e financeira dos processos de desenvolvimento urbano; (iv) gerar no território condições de investimento e de competitividade; (v) requalificar a vida nas cidades; (vi) remunerar os serviços dos ecossistemas; (vii) combater o despovoamento do interior e das regiões periféricas; e, (viii) simplificar e agilizar as condições de realização das operações urbanísticas.

Este novo enquadramento legal e regulamentar, para além de determinar importantes mudanças ao nível do regime de uso do solo, centrando o paradigma na reabilitação dos espaços urbanos consolidados e por consolidar em detrimento da expansão urbana, estabelece o princípio da prevalência dos novos programas e planos sobre os programas e planos preexistentes, com a obrigatoriedade de atualização e de adaptação dos planos territoriais anteriores. Deste modo, devem ser reunidas no PDM todas as orientações de desenvolvimento territorial decorrentes dos programas de âmbito nacional, regional e intermunicipal, e todas as disposições regulamentares relativas à ocupação, uso e transformação do solo a observar pelos particulares.

Um outro aspeto de diferente natureza, mas igualmente importante, prende-se com a cartografia que serviu de base ao PDMCS em vigor, que data de 1992 e que foi objeto de uma atualização, não homologada, em 1997. É um aspeto que pode ser ultrapassado na nova revisão do PDMCS, através da cartografia atualizada e homologada, recentemente produzida.

Ciente de que o PDM em vigor já não retrata fielmente a realidade do concelho e não responde às tendências de transformação, ciente igualmente das exigências conferidos pelo novo quadro legal e regulamentar aplicável, a Câmara Municipal de Carregal do Sal (CMCS) decidiu despoletar a segunda revisão do PDMCS, sendo esta uma oportunidade para refletir neste instrumento as linhas estratégias de desenvolvimento territorial que orientam a atuação municipal e que estão refletidas no seu Plano Estratégico.

1.2 Enquadramento legal

O PDM é um instrumento de gestão territorial, na figura de um plano territorial de âmbito municipal, enquadrado pela LBGPPSOTU e pelo RJIGT, a que se associa um conjunto de diplomas igualmente relevantes (Anexo I - Legislação de Enquadramento).

10 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Tal como dispõe o RJIGT (artigo 95.º), o PDM «é o instrumento que estabelece a estratégia de desenvolvimento territorial municipal, a política municipal de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, o modelo territorial municipal, as opções de localização e de gestão de equipamentos de utilização coletiva e as relações de interdependência com os municípios vizinhos, integrando e articulando as orientações estabelecidas pelos programas de âmbito nacional, regional e intermunicipal».

De elaboração obrigatória, salvo se houver um plano diretor intermunicipal, é um instrumento fundamental para o desenvolvimento e gestão do território municipal. Em termos formais, reflete a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais políticas urbanas, integrando e articulando as orientações estabelecidas pelos IGT de âmbito nacional, regional, setorial e especial.

Com este suporte, é definida uma estratégia concreta de desenvolvimento territorial e um modelo de organização espacial do território municipal, tendo por base a classificação e a qualificação do solo, nos termos legalmente estabelecidos, que determina o regime de uso do solo aplicável ao território concelhio.

É igualmente um instrumento de referência para a elaboração dos demais planos municipais, bem como para o desenvolvimento das intervenções setoriais da administração do Estado no território municipal, em concretização do princípio da coordenação das respetivas estratégias de ordenamento territorial.

Tal como resulta da lei, a decisão de proceder à segunda revisão do PDMCS implica a reconsideração e a reapreciação global, com carácter estrutural ou essencial, das opções estratégicas do plano em vigor, dos objetivos do modelo territorial definido ou dos regimes de salvaguarda e de valorização dos recursos e valores territoriais (n.º 4 do artigo 115.º do RJIGT).

A decisão da segunda revisão do PDMCS é determinada por deliberação da câmara municipal, a qual deve estabelecer os respetivos prazos da elaboração e do período de participação, justificar a oportunidade da mesma e identificar os respetivos termos de referência, neste caso, os grandes objetivos e, eventualmente, alguns aspetos que se pretende que sejam ponderados na elaboração do novo documento. Estes termos de referência, neste caso em concreto, devem assentar na estratégia de desenvolvimento local, definidora das orientações estratégicas da implementação e da gestão estruturada dos processos de desenvolvimento e de competitividade do município (artigo 76.º do RJIGT).

11 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

A deliberação camarária de revisão do PDM deve estar suportada numa avaliação que evidencie o desajustamento e desadequação do plano face à realidade e aos novos desafios a que se pretende dar resposta, materializada no relatório de estado do ordenamento do território (REOT) (alínea a), do n.º 2, do artigo 124.º do RJIGT). Trata-se de um documento de avaliação que deve ser elaborado de quatro em quatro anos, a realizar pela câmara municipal e a submeter à apreciação da assembleia municipal, que traduz, neste caso, o balanço da execução dos planos territoriais objeto de avaliação bem como os níveis de coordenação interna e externa obtidos, fundamentando a necessidade de revisão (artigo 189.º do RJIGT).

O Município de Carregal do Sal não dispõe de REOT atualizado. Neste caso, aplicando a disposição transitória constante no n.º 2 do artigo 202.º do RJIGT, a segunda revisão do PDMCS deve ser ponderada em sede de um relatório de avaliação elaborado especificamente para o efeito. Com este enquadramento, a Portaria n.º 277/2015, de 10 de setembro, que regula a constituição, a composição e o funcionamento das comissões de acompanhamento da elaboração e da revisão do PDM, também estabelece, no seu regime transitório (n.º 3 do artigo 21.º), que caso a entidade responsável - o município - não disponha de REOT a nível local, a deliberação que determina a revisão do PDM é acompanhada por um relatório fundamentado de avaliação da execução do planeamento municipal preexistente e de identificação dos principais fatores de evolução do município.

1.3 Objetivos e organização do documento

O presente documento corresponde ao «Relatório de Avaliação do Planeamento Municipal» elaborado nos termos e para os efeitos do estabelecido no n.º 2 do artigo 202.º do RJIGT e no n.º 3 do artigo 21.º da Portaria n.º 277/2015, de 10 de setembro.

Tem como principal objetivo realizar uma avaliação da execução do planeamento municipal preexistente e identificar os principais fatores de evolução do território concelhio. Esta avaliação constituirá uma base de fundamentação para a deliberação da CMCS que desencadeará formalmente a segunda revisão do PDMCS.

Com este objetivo, tendo como ponto de partida o enquadramento territorial de Carregal do Sal, apresenta-se um breve diagnóstico do território e identificam-se os principais desafios de desenvolvimento, considerando-se, para o efeito, numa perspetiva atualizada, o diagnóstico realizado no âmbito da elaboração do Plano Estratégico de Carregal do Sal. Com esta análise pretende-se obter uma perceção das tendências e dos fatores de mudança do território.

12 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Seguidamente desenvolve-se uma análise da execução do PDM em vigor e dos instrumentos de gestão territorial associados e outros programas e planos com impacto no território, como é o caso das Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) delimitadas e das correspondentes Operações de Reabilitação Urbana (ORU), enquadradas pelos programas estratégicos de reabilitação urbana, estabelecidos no regime jurídico da reabilitação urbana.

São ainda identificados o novo quadro legal e o conjunto de instrumentos definidores das políticas e programas com impacto no ordenamento do território, de hierarquia superior, que devem orientar o planeamento territorial local e, nesta medida, a revisão do PDMCS, de forma a ser assegurada a necessária convergência de interesses.

Com esta análise, definem-se os termos de referência que devem informar a deliberação camarária que determinará o início da segunda revisão do PDMCS, identificando-se os principais objetos estratégicos a prosseguir, bem como um conjunto de questões a reter para a elaboração da segunda revisão do PDMCS.

Este relatório organiza-se em cinco capítulos. No primeiro e presente capítulo, procede-se à apresentação da oportunidade da segunda revisão do PDMCS (a considerar na deliberação camarária), ao seu enquadramento legal e à apresentação dos objetivos e organização do presente relatório.

Para além deste, o relatório integra quatro capítulos com os seguintes conteúdos:

: Capítulo 2 | Tendências e fatores de mudança do território

Apresenta as principais características do concelho de Carregal do Sal e destaca as principais dinâmicas de transformação a que este se encontra sujeito. Adotando uma abordagem integrada de caraterização e diagnóstico, encontra-se organizado em dois subcapítulos:

(i) Enquadramento territorial, que oferece a apresentação genérica do concelho e do seu enquadramento geoestratégico;

(ii) Breve Diagnóstico, que identifica e sistematiza, por um lado, os pontos fortes e as áreas de melhoria e, por outro lado, as principais oportunidades e ameaças, segundo um conjunto de domínios distintos: Território e População; Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território; Emprego e Competitividade; Cultura;

13 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

(iii) Estratégia Municipal de Desenvolvimento, que apresenta, de forma resumida, o Plano estratégico de Carregal do Sal (2016), no que respeita à visão de futuro estabelecida, aos objetivos estratégicos transversais e de especialização e carteira de projetos estruturantes;

(iv) Principais desafios, com base no diagnóstico sintético, que identifica as grandes tendências e os principais fatores de mudança deste território, são sistematizados os principais desafios que se colocam ao território, a ter em conta na segunda revisão do PDM.

: Capítulo 3 | Avaliação da execução do planeamento municipal

Apresenta a análise da execução do planeamento preexistente nas vertentes mais relevantes, que suportará algumas das opções a tomar na revisão do PDM, expostas em quatro subcapítulos:

(i) Avaliação do Plano Diretor Municipal em vigor, identificando e avaliando o grau de concretização dos objetivos e opções deste documento, a adequabilidade do seu modelo de ordenamento e o grau de ocupação do solo urbano e rural (agora denominado de rústico) e dos equipamentos coletivos e infraestruturas;

(ii) Avaliação dos planos de urbanização e de pormenor previstos e em vigor, neste caso, centrada no balanço da programação da execução do PDM, a concretizar mediante outros instrumentos de gestão territorial, nomeadamente planos de urbanização e de pormenor, com destaque para o PU de Carregal do Sal publicado;

(iii) Compromissos urbanísticos, com identificação dos atos urbanísticos praticados pelo Município, desde a publicação do PDM atualmente em vigor;

(iv) Estratégia de Reabilitação Urbana, com a identificação dos objetivos estratégicos a prosseguir neste domínio e da sua operacionalização, através da delimitação das ARU e aprovação das correspondentes ORU.

: Capítulo 4 | Convergência com as políticas e programas de ordenamento do território

Apresenta resumidamente o quadro de referência a considerar na revisão do PDM decorrente da entrada em vigor de leis e regulamentos e de outros programas e

14 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

planos de âmbito supramunicipal que determinam a necessidade de adequação do PDM aos seus propósitos, organizando-se em dois subcapítulos:

(i) Necessidade de adequação ao quadro legal (leis e regulamentos), que identifica, considerando a hierarquia das fontes de Direito, o conjunto de diplomas mais relevantes publicados desde a entrada em vigor do PDM e que determinam a necessidade de adequação deste instrumento às suas disposições;

(ii) Políticas e Programas a considerar na revisão do PDM, que apresenta, considerando a hierarquia entre instrumentos de gestão territorial, o conjunto de programas e planos territoriais de ordem superior com os quais a revisão do PDM se deve conformar ou compatibilizar.

: Capítulo 5 | Termos de referência para a segunda revisão do PDM

Apresenta, considerando a análise e a avaliação multidimensional realizada nos capítulos anteriores, o faseamento e prazos do procedimento de revisão, bem como o conjunto de objetivos a considerar, encontra-se organizado em dois subcapítulos:

(i) Faseamento e prazo de execução, que identifica as várias fases de desenvolvimento da revisão do PDM, considerando o estabelecido no RJIGT e diplomas relacionados, bem como o prazo de execução;

(ii) Principais objetivos e questões a reter, que apresenta os grandes objetivos a considerar na revisão, baseados na estratégia de desenvolvimento local a prosseguir, e que identifica preliminarmente um conjunto de objetivos específicos, que devem ser tidos em consideração na segunda revisão do PDMCS.

15 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

2 Tendências e fatores de mudança do território

16 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

2. Tendências e fatores de mudança do território

2.1 Enquadramento territorial

Situado na região Centro, mais precisamente na NUT III Viseu Dão Lafões, o concelho de Carregal do Sal Abrange uma superfície de aproximadamente 117 km2, repartida por cinco (Carregal do Sal1, Cabanas de Viriato, Beijós, Oliveira do Conde e Parada), fazendo fronteira com os concelhos de Viseu, , Oliveira do Hospital, Tábua, Santa Comba Dão e (Figura 1).

Figura 1. Enquadramento territorial Fonte: SPI, 2019

1 União de Freguesias de Currelos, Papízios e Sobral

17 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

O IC12 é o principal eixo rodoviário que serve o concelho e liga a outras importantes vias da rede rodoviária nacional, como o IP3 (ligação de Viseu a Coimbra), a A25 (ligação de Aveiro a Vilar Formoso) e a A24 (ligação da A25 em Viseu a Chaves). Ao nível da ferrovia, o concelho é servido pela linha da Beira Alta, com uma estação na vila de Carregal do Sal e outra em Oliveirinha - Cabanas, estabelecendo a ligação à Guarda, Vilar Formoso e a Espanha.

Estas infraestruturas são importantes para o posicionamento geoestratégico do concelho, uma vez que permite uma boa conetividade aos principais polos urbanos regionais e sub- regionais, sobretudo ao sistema urbano de Viseu, em relação ao qual Carregal do Sal se posiciona como um centro urbano complementar.

Figura 2. Sistema Urbano - Viseu Dão Lafões Fonte: SPI, 2019

Integra-se numa pequena constelação urbana na envolvente da Barragem da Aguieira e Fronhas, da qual também fazem parte os concelhos de Mortágua, Santa Comba Dão e Tábua. Estes aglomerados encontram-se na proximidade dos sistemas urbanos de Viseu e de Coimbra e têm o IC2 e a linha ferroviária da Beira Alta como eixos de estruturação territorial.

18 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

A vila de Carregal do Sal polariza o sistema urbano formado por aglomerados distribuídos pelas cinco freguesias, havendo uma maior concentração populacional em Carregal do Sal (3 399 residentes – 35% da população do concelho) e Oliveira do Conde (3 122 residentes 32% da população do concelho) (Figura 1).

Figura 3. Aglomerados urbanos do concelho e população residente Fonte: SPI, 2019

19 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

O concelho de Carregal do Sal contava, em 20172, com uma população residente de 9 367 habitantes, a que correspondia uma densidade populacional de 80,1 habitantes/km², valor superior às médias da NUT III e NUT II onde se insere (78,6 habitantes/km² e 79,1 habitantes/km², respetivamente).

Tal como em outros concelhos da sub-região Dão Lafões, Carregal do Sal apresentava em 2017: (i) uma evolução populacional negativa (-4,8%, registado entre 2011 e 2017); (ii) um índice de envelhecimento elevado (220,0); e, (iii) 25,9% da população integrada no grupo etário com mais de 65 anos, dados que revelam a crescente dificuldade de regeneração populacional. A população residente tem vindo a decrescer desde a década 40 do século passado, combinando saldos migratórios e naturais negativos. Como referido anteriormente, no período 2011-2017 a população decresceu 4,8% (menos 468 habitantes), uma percentagem inferior à verificada na sub-região em igual período (decréscimo de 8,2%). Um dado relevante prende-se com a captação de população estrangeira, que no concelho de Carregal do Sal é maioritariamente proveniente de países europeus, representando, em 2017, 1,2% da população residente.

No respeitante ao nível de qualificação da população residente, este apresenta um padrão semelhante à média nacional e regional, caracterizando-se pelo predomínio de níveis de escolaridade mais baixos. À data dos Censos de 2011, cerca de 32% da população possuía apenas o 1º CEB, valor similar ao registado na sub-região Dão Lafões (29,3%). Destaque para expressivo peso da população com ausência de qualquer nível de ensino (22,5%). Ainda no que concerne aos níveis de escolaridade obrigatórios, à data dos Censos de 2011, cerca de 14,3% da população tinha completado o 2º ciclo, 15,0% tinha concluído o 3º ciclo, 10,1% tinha o ensino secundário e 5,7% da população do concelho possuía o ensino superior, valor este que é inferior à média da sub-região Dão Lafões (9,6%).

Contrariamente à regressão populacional que caracteriza o concelho, entre 2001 e 2011 verificou-se um aumento do parque edificado em cerca de 12%, em linha com o registado na região Centro e na sub-região Dão Lafões. O parque edificado no concelho totalizava, em 2011, 6 105 edifícios, a que correspondiam 6 672 alojamentos familiares.

O concelho de Carregal do Sal apresenta um leque diversificado de equipamentos de utilização coletiva, englobando ofertas nas áreas da administração, ensino, cultura, desporto, segurança pública, apoio social, religião, entre outros. É na vila de Carregal do Sal que se concentram os principais equipamentos e serviços coletivos do concelho, embora nas outras localidades também

2 www.ine.pt/documentos/municipios/1802_2018.pdf

20 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

ocorram alguns equipamentos e serviços coletivos de ensino, saúde, cultura e desporto e apoio social.

O concelho possui três áreas de localização empresarial/zonas industriais (Tabela 1): o parque industrial de Sampaio, na freguesia de Oliveira do Conde, e os parques industriais de São Domingos e da Gândara, na freguesia de Carregal do Sal. Atualmente, apenas o parque industrial de Sampaio dispõe de lotes livres.

Tabela 1. Áreas de localização empresarial no concelho de Carregal do Sal Fonte: www.portugalsiteselection.pt/, 2019

Nome/identificação Caraterísticas

Zona Industrial/parque empresarial de Sampaio

Localização Freguesia de Oliveira do Conde

Área 272 359,00 m2

Número de lotes 31

Número de lotes 26 ocupados

Zona Industrial/parque empresarial de S. Domingos

Localização Freguesia de Carregal do Sal

Área 69 138,00 m2

Número de lotes 3

Número de lotes 3 ocupados

Zona Industrial/parque empresarial de Gândara

Localização Freguesia de Carregal do Sal

Área 124 004,00 m2

Número de lotes 16

Número de lotes 16 ocupados

Com uma forte tradição rural, Carregal do Sal é um concelho em que o setor primário assumiu desde sempre uma forte relevância. Em 2017, as empresas do setor da agricultura representavam 18% do tecido empresarial do concelho (154 empresas), valor apenas

21 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

ultrapassado pelas empresas dos setores do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos (174 empresas), surgindo a indústria transformadora como o terceiro maior setor de atividade económica (81 empresas).

No setor agrícola, importa salientar que o concelho de Carregal do Sal integra a região vitivinícola do Dão e pertence, desde 2016, à Associação de Municípios Portugueses do Vinho, possuindo no seu território importantes produtores/engarrafadores e outros produtores que integram cooperativas vinícolas da região. Adicionalmente, embora não estejam disponíveis dados estatísticos à escala concelhia relativamente a viveiristas e empresas de hortifruticultura, importa referir que esta atividade constitui um importante setor económico, em especial na freguesia de Beijós.

É também de relevar a importância do setor das indústrias transformadoras para a economia local. Como referido anteriormente, trata-se: (i) do terceiro maior setor de atividade económica no concelho (representando, em 2017, 81 empresas); (ii) do setor com um maior número de pessoas ao serviço (empregando em 2017 cerca de 43% do pessoal ao serviço nas empresas do concelho); e, (iii) do setor com o maior volume de negócios (tendo gerado 53% do total do volume de negócios do concelho, em 2017).

O setor da «atividade de consultoria, científica, técnica e similares» constitui um setor igualmente importante no contexto local, tanto pelo número de pessoas ao serviço (empregando, em 2017, 13% do pessoal ao serviço nas empresas do concelho), como pelo volume de negócios que corresponde a cerca de 13% do total do volume de negócios das empresas presentes no concelho.

A floresta constitui também um recurso estratégico importante do concelho, que importa conservar e valorizar economicamente, existindo atualmente duas Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) constituídas: a ZIF 2018/09 Carregal do Sal – Mondego3, cuja entidade gestora é a SOLO VIVO – Associação para a Promoção do Desenvolvimento Local, Rural, Agrícola, Florestal e Ambiental, e a ZIF 219/09 Planalto Beirão – Carregal do Sal4, cuja gestão é da responsabilidade da Associação de Produtores Florestais do Planalto Beirão – APFPB. O Município, em parceria com a APFPB, tem envidado esforços para o aumento da área plantada com pinheiro manso e carvalho, tendo: (i) promovido e incentivado a reflorestação do concelho com estas duas espécies – no caso do pinheiro manso, devido às suas

3 dre.pt/pdf2sdip/2010/05/086000000/2317223173.pdf 4 dre.pt/pdf2sdip/2010/11/230000000/5779857798.pdf

22 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

potencialidades em termos económicos (associado ao aproveitamento do material lenhoso, da pinha e do pinhão); e, (ii) estando a preparar a criação de um Centro de Competências.

No contexto biofísico, i.e., do património natural, encontram-se no concelho de Carregal do Sal um conjunto de elementos naturais que importa destacar:

: O concelho integra a subunidade biofísica da Beira Alta (ou Planalto Beirão) do mosaico geográfico organizado no Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT-C). Nesta subunidade distinguem-se dois rebordos montanhosos – Serras da Beira Alta e Caramulo e Buçaco: «A área de maior expressão, situada entre montanhas, corresponde à Plataforma do Mondego, uma superfície com o vértice orientado para SO onde o encaixe do rio Mondego faz a transição para o Baixo Mondego. A NO, entre as Serras da Arada e do Caramulo, individualiza-se o corredor do Lafões. Esta unidade geográfica, entre serras, caracteriza-se pela elevada fragmentação do mosaico agrícola de policultura, destacando-se a especialização dos Vinhos do Dão» (CCDRC, PROT-C);

: O concelho integra as sub-regiões homogéneas Terras do Dão e Alto Mondego (de acordo com o Plano Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral5, aprovado pela Portaria n.º 56/2019, de 11 de fevereiro). A primeira apresenta como funções principais, sem diferença de prioridade entre si, a produção, a proteção, a silvo pastorícia, a caça e a pesca. A segunda tem como funções principais, igualmente sem diferença de prioridade entre si, a produção, a proteção e a conservação;

: Corredores ecológicos, com função de proteção, em particular na adjacência da rede hidrográfica e com funções de conectividade de habitats;

: SIC (Sítio de Importância Comunitária) de Carregal do Sal6, que integra a Rede Natura 2000, e que ocupa uma área de 9 544 hectares, abrangendo os concelhos de Carregal do Sal, Oliveira do Hospital, Seia e Tábua. Este SIC ocupa 1 476 hectares de Carregal do Sal, correspondendo a 13% do concelho classificado e a 15% do sítio dentro dos limites do concelho.

5 www2.icnf.pt/portal/florestas/profs/prof-em-vigor 6 www2.icnf.pt/portal/pn/biodiversidade/rn2000/resource/doc/sic-cont/carregal-do-sal

23 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Figura 4. Rede Natura 2000 – SIC Carregal do Sal Fonte: SPI, 2019

No respeitante ao património cultural, importa destacar os elementos que possuem um elevado valor patrimonial e que importa conservar e valorizar. Destes, devem ser realçados os que se encontram classificados como monumentos nacionais: (i) a Casa do Passal, também denominada Vila de São Cristóvão ou Casa do Doutor Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas do Viriato; (ii) o Dólmen da Orca ou Orca dos Fiais da Telha, localizado a sul de Fiais da Telha, freguesia de Oliveira do Conde; e (iii) o Túmulo de Fernão Gomes de Góis,

24 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

importante obra-prima do renascimento e que se encontra na Igreja Matriz de Oliveira do Conde.

Figura 5. Monumentos Nacionais de Carregal do Sal: Casa do Passal, Dólmen da Orca. Fonte: SPI, 2018

O concelho de Carregal do Sal também possui diversos equipamentos de cultura e lazer, que compreendem espaços culturais formais, de visitação ou equipamentos onde se desenvolvem e se apresentam ao público atividades promovidas pelas entidades locais ou externas, como o Centro Cultural de Carregal do Sal, a Biblioteca Municipal, o Museu Municipal Soares de Albergaria, o Núcleo Museológico das Antigas Escolas Primárias de Carregal do Sal e o Núcleo Museológico do Lagar de Varas.

Figura 6. Centro Cultural de Carregal do Sal e Museu Municipal Soares de Albergaria. Fonte: SPI, 2018

25 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

2.2 Diagnóstico, estratégia e principais desafios

2.2.1 Breve diagnóstico

Tendo por base o enquadramento territorial antecedente, apresenta-se, por área temática (Território e População; Emprego e Competitividade; Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território; Cultura), uma sistematização dos principais pontos fortes, áreas de melhoria, ameaças e oportunidades, que consubstanciam o diagnóstico territorial.

Pontos fortes

Território e População

▪ Localização geográfica privilegiada com uma boa rede de infraestruturas viárias/ferroviárias e ligação aos principais centros urbanos regionais;

▪ Enquadramento morfoestrutural, geológico e climático que favorecem as condições necessárias para a agricultura, em particular a vitivinicultura – região demarcada do Dão;

▪ Presença de um conjunto de equipamentos e serviços estruturantes à escala municipal, ligados à administração local e central, educação, cultura, solidariedade social, desporto;

▪ Existência de um Gabinete de Inserção Profissional (GIP) em Carregal do Sal.

Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território

▪ Integração do concelho em áreas com potencial florestal – Terras do Dão e Alto Mondego e ZIF Carregal do Sal – Mondego e Planalto Beirão – Carregal do Sal;

▪ Rede Natura 2000 – Sítio de Importância Comunitária de Carregal do Sal;

▪ Plano de Ordenamento da Albufeira da Aguieira e PROF do Centro Litoral;

▪ Aposta em instrumentos de regeneração urbana.

Emprego e Competitividade

▪ Existência no Município de um Gabinete de Apoio ao Empresário;

▪ Especialização económica - setor das atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (M), indústrias transformadoras (C), outras atividades de serviços (S), Setor da agricultura (A);

▪ Importância da agricultura (em especial vinha), floresta e hortifruticultura.

26 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Pontos fortes

Cultura

▪ Diversidade de elementos de património cultural e natural, capaz de potenciar a atratividade turística;

▪ Diversidade de equipamentos de apoio às atividades culturais e desportivas.

Áreas de melhoria

Território e População

▪ Evolução populacional negativa;

▪ Estrutura etária envelhecida;

▪ Nível de qualificação da população residente (54,5% da população não tem qualquer nível de ensino ou possui apenas o 1º CEB);

▪ Tendência de envelhecimento populacional com consequente aumento do índice de dependência de idosos e aumento de pressão sobre os sistemas sociais.

Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território

▪ Conservação do parque edificado em todos os aglomerados;

▪ Necessidade de revisão de IGT de nível municipal.

Emprego e Competitividade

▪ Ausência de um espaço de incubação de empresas no concelho;

▪ Número reduzido de lotes disponíveis para a fixação de empresas/indústrias, oferta disponível em apenas uma das Zonas Industriais existentes;

▪ Inexistência de uma associação de empresas/empresários que promova o trabalho em rede.

Cultura

▪ Investimento nas atividades culturais, criativas e desportivas e na manutenção dos equipamentos desportivos;

▪ Desarticulação entre as associações, gerando, por vezes, sobreposição de atividades promovidas.

27 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Oportunidades

Território e População

▪ Crescente êxodo urbano (procura do espaço rural para a fixação de população urbana);

▪ Programa de Valorização do Interior – evidência de desequilíbrios e aposta em políticas para a coesão e discriminação positiva de territórios do interior;

▪ Aposta na conservação da natureza e valorização turística de áreas singulares assente nos valores naturais presentes no território (SIC de Carregal do Sal).

Emprego e Competitividade

▪ Políticas favoráveis e investimento público crescente no apoio à inovação, qualificação, empreendedorismo e combate ao insucesso escolar;

▪ Oportunidades de valorização de recursos endógenos em diversos setores económicos;

▪ Proximidade a instituições de ensino superior que podem gerar transferência de conhecimento/tecnologia relevantes para as empresas do concelho.

Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território

▪ Instrumentos de apoio/financiamento à reabilitação urbana e habitação;

▪ Apoios comunitários para uso de fontes de energia renovável no setor público e privado, para melhoria das infraestruturas básicas e para consolidação das redes de serviço de proximidade;

▪ Maior consciencialização dos cidadãos para as questões éticas e ambientais e para a fixação/residência em pequenos centros urbanos e/ou em meio rural;

▪ Valorização dos recursos endógenos.

Cultura

▪ Alterações nos padrões de consumo e motivações da procura turística: maior procura por destinos que contemplam experiências únicas e diferenciadoras (turismo cultural, de natureza, etc.).

28 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Ameaças

Território e População

▪ Concorrência de outros centros urbanos e regiões;

▪ Progressiva centralização de serviços públicos com o encerramento dos serviços em áreas pouco populosas do interior;

▪ Centralização dos investimentos nos principais aglomerados urbanos.

Sustentabilidade, Ambiente e Ordenamento do Território

▪ Impacto das alterações climáticas sobre os recursos naturais do planeta;

▪ Reduzido investimento nos espaços florestais, financiado essencialmente por apoios públicos;

▪ Concorrência de outros centros urbanos e regiões e/ou concentração de apoios financeiros nas sedes de concelho.

Emprego e Competitividade

▪ Forte concorrência dos concelhos limítrofes na atração de investimento e empresas;

▪ Concorrência de outros territórios ao nível da especialização em atividades económicas como o turismo;

▪ Carácter fundamentalmente macro das políticas de emprego, sendo definidas no espectro europeu e nacional e implementadas através de ciclos diferenciados. Este facto pode comprometer algumas especificidades locais.

Cultura

▪ Concorrência de outros centros urbanos e regiões;

▪ Centralização dos investimentos nos principais aglomerados urbanos.

29 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

2.2.2 Estratégia Municipal de Desenvolvimento

O Município desenvolveu em 2016 o Plano Estratégico de Carregal do Sal, tendo como principal desígnio a construção e a implementação de estratégias de desenvolvimento à escala local alinhadas com agendas estratégicas definidas e adotadas a escalas superiores como a europeia (Europa 2020), nacional ( 2020), regional (Centro 2020) e sub- regional (EIDT Viseu Dão Lafões), e orientadas para a valorização de oportunidades de apoio do período de programação financeira 2014-2020.

Considerando o enquadramento estratégico, o diagnóstico realizado, os contributos dos agentes económicos e sociais do território e o debate em torno dos principais domínios em que o concelho apresenta vantagens competitivas, foi definida uma estratégia de desenvolvimento de Carregal do Sal assente na valorização do setor da agricultura, das atividades baseadas nos recursos naturais e no património, com a seguinte visão:

«Em 2025, Carregal do Sal deverá afirmar-se como um território competitivo e capaz de atrair investimento e pessoas, a partir da valorização dos recursos naturais, patrimoniais e das dinâmicas diferenciadoras associadas ao turismo e cultura e ao setor agroflorestal»

Esta visão é o fio condutor da estratégia, a partir da qual se identificam os eixos de intervenção, que assumem diferentes objetivos e que sustentam as principais opções a realizar. Para alcançar a visão identificaram-se quatro eixos transversais e dois eixos de especialização que se interligam e se reforçam mutuamente.

Emprego e

Competitividade

Turismo e Cultura Educação e Sustentabilidade Inclusão Social e Ambiente

Setor Agroflorestal Eixos estratégicos transversais estratégicos Eixos Ordenamento

do Território e Eixos estratégicos de especialização de estratégicos Eixos Qualidade Urbana

Figura 7. Eixos transversais e de especialização Fonte: SPI, 2016

30 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Para cada eixo transversal e de especialização foi definido um objetivo geral coerente com as especificidades do concelho de Carregal do Sal e com as prioridades estratégicas identificadas à escala regional, nacional e europeia. Na Tabela 2 explicitam-se os objetivos gerais de cada eixo.

Tabela 2. Objetivos gerais dos eixos transversais e de especialização Fonte: SPI, 2016

Emprego e Competitividade

• Afirmar o concelho como território de excelência no suporte ao investimento, através da oferta de espaços e serviços adequados às necessidades das empresas e de uma rede forte de parcerias estratégicas.

Sustentabilidade e Ambiente

• Preservar e valorizar os recursos naturais, nomeadamente os ecossistemas ribeirinhos do Mondego e Dão, e garantir padrões de qualidade ambiental elevados através da aposta na gestão eficiente dos recursos disponíveis e na economia circular.

Ordenamento do Território e Qualidade Urbana

• Valorizar o contexto urbano-rural, através da qualificação da rede polinucleada de pequenos centros urbanos e da adequada gestão de usos do solo.

Educação e Inclusão Social

• Promover a coesão e inovação social através do reforço da aposta na educação, da valorização da identidade cultural e da eficácia dos serviços de proximidade.

Turismo e Cultura

• Valorizar a identidade e os elementos histórico-culturais únicos (Aristides de Sousa Mendes, património arqueológico e rios Mondego e Dão) como âncoras estratégicas para a consolidação de um destino turístico de qualidade.

Setor Agroflorestal

• Fomentar a multifuncionalidade e potenciar a valia económica do espaço rural e a competitividade do setor agrícola, através da valorização das atividades florestais (floresta de pinheiro manso) e agrícolas (ênfase da vitivinicultura).

Uma vez definida a visão de futuro para o concelho, os eixos transversais e de especialização e os respetivos objetivos, o Plano Estratégico articula as principais intenções de investimento identificadas no território de intervenção, em coerência com a estratégia municipal, mas também com outras de nível superior, em especial com a EIDT de Viseu Dão Lafões e com a RIS3 do Centro de Portugal.

De acordo com a estratégia municipal, apresenta uma proposta de carteira de prioridades de projetos a implementar no período de 10 anos, formalizada em 17 projetos estruturantes agregadores de 34 ações prioritárias que respondem diretamente à implementação dos eixos transversais e de especialização.

31 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Tabela 3. Carteira de projetos estruturantes Fonte: SPI, 2016

P1. Rede de espaços e serviços de apoio ao tecido económico P2. Parcerias e redes de cooperação e competências P3. Campanha de marketing “Carregal + Investimento + inovação” P4. Programa municipal de ambiente P5. Programa integrado de mobilidade sustentável de Carregal do Sal

P6. Programa municipal de eficiência energética P7. Programa de dinamização da rede de centros urbanos P8. Programa integrado de apoio à reabilitação urbana e patrimonial P9. Programa “+ escola + sucesso” P10. Programa integrado de apoio à família e à comunidade P11. Programa “Saberes e competências - capacitação de recursos humanos” P12. Programa de inventariação de recursos e estruturação da oferta turística do concelho P13. Programa de captação de investimento turístico

P14. Programa de dinamização cultural e promoção do concelho P15. Programa de inventariação e gestão florestal P16. Programa de conhecimento e inovação rural P17. Plataforma de conhecimento Pinheiro Manso

2.2.3 Principais desafios a considerar

O diagnóstico sintético e a estratégia de desenvolvimento antes expostos, permitem destacar a premência da aposta na valorização da agricultura e floresta, das atividades baseadas nos recursos naturais e no património, na qualificação do território e do ambiente urbano, e na criação de condições para a fixação de empresas e indústrias e maior capacitação dos recursos humanos, que se assumem como fatores essenciais para o aumento da atratividade e competitividade de Carregal do Sal.

Esta aposta implica a capacidade de potenciar as especificidades territoriais, assumindo-as como oportunidades para o desenvolvimento integrado, e sustenta-se nas seguintes premissas, que devem ser tidas em conta na revisão do PDM:

: A competitividade do concelho depende da implementação de medidas que promovam o espírito empresarial, a instalação de novas empresas e, consequentemente, aumentem o número de postos de trabalho e o volume de negócios;

32 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

: A reabilitação urbana é uma condição basilar da competitividade e coesão territorial que responde aos desafios que se colocam ao território e à sua vitalização física e ambiental, económica, social e cultural;

: A educação, formação e aprendizagem ao longo da vida são essenciais para garantir a inclusão social, desempenhando também um papel crucial na dinamização económica se orientados para o reforço e qualificação dos setores de especialização concelhia (agroflorestal, turístico…);

: A diversidade geográfica, a paisagem, os recursos endógenos, o património natural e cultural, com especial foco para os elementos inimitáveis, devem ser potenciados em prol de uma maior sustentabilidade e projeção regional e nacional do território e, consequentemente, de uma maior capacidade de atração de pessoas, empresas e visitantes;

: A valorização das especificidades territoriais deve considerar uma gestão integrada e eficiente dos recursos naturais, patrimoniais e culturais do concelho, potenciando sinergias regionais;

: A cooperação e a governança partilhada com os atores locais devem ser incentivadas com o intuito de afirmar as dinâmicas económicas, sociais, culturais e turísticas do concelho e de ganhar escala nestes domínios e nos domínios de especialização económica;

: A comunicação e promoção cruzada do território e dos recursos já reconhecidos e procurados deve ser implementada numa lógica de ganho conjunto. O concelho dispõe de dinâmicas instaladas no setor vitivinícola e florestal pelas quais é reconhecido (vinho do Dão e cultura do pinheiro manso), bem como recursos naturais e culturais (especial destaque para Aristides de Sousa Mendes) já reconhecidos nacional e internacionalmente.

33 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3 Avaliação da execução do planeamento municipal

34 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3. Avaliação da execução do planeamento municipal

3.1 Plano Diretor Municipal em vigor

3.1.1 Objetivos e opções

Conforme referido no capítulo antecedente, o PDMCS foi ratificado em 2001. Em vigor desde então, esta primeira revisão estabeleceu, no seu período de vigência, uma estratégia de desenvolvimento para o concelho, assente nos seguintes objetivos estratégicos:

: Melhorar as condições de vida da população;

: Desenvolvimento económico do concelho;

: Qualificar o espaço ambiental natural e edificado;

: Salvaguardar os valores patrimoniais naturais e edificados;

: Afirmar Carregal do Sal como território de qualidade de vida.

Com estes objetivos, foram assumidas as seguintes opções estratégicas de desenvolvimento:

: Desenvolvimento de parque industrial concelhio com criação de novos polos industriais junto ao IC12 e de fácil acesso;

: Desenvolvimento de agricultura com especial relevo para setor vinícola com a modernização de culturas e qualificação de produto final;

: Atração de terciário em especial turismo, beneficiando da proximidade à barragem da Aguieira e Serra da Estrela;

: Afirmar o concelho como espaço residencial de qualidade potenciando os valores patrimoniais e paisagísticos e tirando partido das rápidas acessibilidades aos centros regionais mais próximos Viseu e Coimbra;

: Desenvolvimento de serviços qualificados à população e designadamente nas áreas da saúde, desporto e recreio e lazer.

35 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Seguidamente apresenta-se uma tabela onde se explicita o grau de concretização destas opções estratégicas de desenvolvimento local, consagradas no PDM em vigor (Tabela 4).

Tabela 4. Grau de concretização das opções estratégicas do PDM em vigor Fonte: CMCS, 2019

Opções estratégicas de desenvolvimento Grau de concretização

No novo espaço industrial definido em PDM foram criadas 3 áreas independentes, tendo em consideração a condicionante RAN existente naquele local.

As áreas 1 e 2 encontram-se concretizadas a 100%, estando loteadas e infraestruturadas, embora a área 2 ainda disponha de 7 lotes por ocupar, o que perfaz uma OE1. Desenvolvimento de parque industrial concelhio taxa de ocupação de 71.4%. com criação de novos polos industriais junto ao IC12 e de fácil acesso; A área 3, delimitada mais a sul, independente, foi parcialmente loteada, através da criação de 5 lotes de dimensão mais reduzida, destinada a ‘pequena indústria. Destes 5 lotes encontram-se ocupados apenas 2. A restante área ainda não foi concretizada, tendo em consideração a ocupação atual do solo por “vinha”, e a ponderação da necessidade de expansão do espaço industrial naquele sentido.

Assume-se que este objetivo tem vindo progressivamente a ser concretizado, mas ainda existe margem para um maior desenvolvimento da atividade OE2. Desenvolvimento de agricultura com especial agrícola. A sua maior tradução está no setor vitivinícola. relevo para setor vinícola com a modernização de O concelho tem sido objeto, nestes últimos anos, de culturas e qualificação de produto final; significativos investimentos neste setor, sobretudo através de novas plantações de vinha, com vista à comercialização e internacionalização do vinho que é uma referência desta região.

OE3. Atração de terciário em especial turismo, Foi concretizado, sobretudo ligado ao potencial beneficiando da proximidade à barragem da Aguieira e vitivinícola local. O setor vitivinícola como grande Serra da Estrela impulsionador da atividade turística para a região.

Concretizado por via de um conjunto de medidas, com destaque para as ARU e ORU e o conjunto de OE4. Afirmar o concelho como espaço residencial de incentivos associados à reabilitação urbana, bem como qualidade potenciando os valores patrimoniais e para os novos percursos pedestres que permitem a paisagísticos e tirando partido das rápidas fruição e visitação do património natural, acessibilidades aos centros regionais mais próximos nomeadamente das áreas da Rede Natura 2000. Viseu e Coimbra Destaca-se também a criação de estruturas que proporcionam interligações concelhias de valorização de monumentos nacionais e paisagem natural.

Concretizado em 75%, através de um conjunto de OE5. Desenvolvimento de serviços qualificados à iniciativas, como o centro de saúde de Cabanas, o população e designadamente nas áreas da saúde, parque Alzira e a loja do cidadão. Falta criar o ninho de desporto e recreio e lazer. empresas, um equipamento relevante para o concelho.

36 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

A figura seguinte ilustra a localização das áreas industriais localizadas junto ao IC12, que consubstanciam os polos industriais apontados na OE1.

Figura 8. Espaços industriais Fonte: SPI, 2018

A análise efetuada ao conjunto de opções estratégicas, que alicerçaram o PDM em vigor, permite concluir que as mesmas foram globalmente concretizadas, embora subsista a necessidade, face às tendências e desafios colocados ao desenvolvimento de Carregal do Sal, de aprofundar essas opções em domínios chave, como são o desenvolvimento da atividade económica nas suas múltiplas dimensões e setores (eg. agricultura e floresta, indústria transformadora, turismo, serviços e comércio), a qualificação do ambiente urbano e da oferta habitacional e de serviços coletivos de qualidade e proximidade; bem como a valorização dos elementos culturais, naturais e paisagísticos de Carregal do Sal, segundo uma lógica que promova a sua visitação e fruição pela população e pelos turistas e visitantes.

37 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.1.2 Modelo de ordenamento

A primeira revisão do PDMCS é constituída pelo regulamento e pelas plantas de ordenamento e de condicionantes, representadas à escala 1:25 000. Integra a planta de enquadramento e o relatório de fundamentação, que constituem elementos complementares, bem como um conjunto de elementos anexos, compostos por peças escritas e desenhadas.

Em termos de modelo de ordenamento (classificação e qualificação dos solos), o PDMCS em vigor organiza-se em 8 classes de espaço, delimitadas na planta de ordenamento, algumas delas subdivididas em categorias (Tabela 5).

Tabela 5. Classes, categorias e subcategorias de espaço do PDMCS Fonte: PDM Carregal do Sal, 2011

Classe de espaço Categoria de espaço

Aglomerados de Carregal do Sal e Cabanas de Viriato Sedes de freguesia de Oliveira do Conde, Parada, Papízios, Sobral e Espaço urbano Beijós Restantes localidades

Aglomerados de Carregal do Sal e Cabanas de Viriato Sedes de freguesia de Oliveira do Conde, Parada, Papízios, Sobral e Espaço urbanizável Beijós Restantes localidades

Espaço industrial

Agrícola da Reserva Agrícola Nacional Espaço agrícola Outros Espaços Agrícolas

Incluídos no PROZAG7 Espaço florestal Exteriores ao PROZAG

Espaço cultural Imóveis classificados ou em vias de classificação

Rede rodoviária Rede ferroviária Espaço canal Rede elétrica Comunicações Saneamento básico

Natural I Espaço natural Natural II Natural III

7 Plano Regional de Ordenamento do Território da Zona Envolvente das Barragens da Aguieira, Coiço e Fronhas.

38 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

O perímetro urbano definido no PDM integra os espaços urbanos, espaços urbanizáveis e espaços industriais, quando adjacentes às primeiras. No caso dos espaços urbanos e urbanizáveis, é estabelecida uma regulamentação em função de uma hierarquia urbana agrupada em três níveis, integrando o primeiro nível os aglomerados principais (Carregal do Sal e Cabanas de Viriato), o segundo nível os aglomerados sede de freguesia (Oliveira do Conde, Parada, Papízios, Sobral e Beijós) e o terceiro nível os restantes aglomerados.

Os espaços urbanos correspondem às áreas de maior densidade de concentração do edificado e com maior nível de infraestruturação, destinando-se predominantemente ao uso habitacional, podendo integrar outras funções compatíveis com esta função. O espaço urbanizável é aquele que poderá vir a adquirir as características de espaço urbano mediante a sua infraestruturação e edificação.

São estabelecidos diferentes parâmetros urbanísticos para a ocupação e utilização nos espaços urbanos e urbanizáveis, com uma distinção em função da hierarquia dos aglomerados urbanos (Tabela 6).

Tabela 6. Parâmetros urbanísticos aplicáveis aos espaços urbanos e urbanizáveis Fonte: PDM Carregal do Sal, 2011

Classe Aglomerados COS CAS Pisos Cércea Tipo de operação urbanística espaço urbanos (m2/m2) (m2/m2) (n.º) (m)

Loteamento c/ obras de 0,6 0,4 urbanização

Faixa de 50 m adjacente 1,0 0,6 Carregal do Sal Loteamento ou 4 12 à via pública parcelas existentes com frente para via Faixa pública 0,6 0,4 restante

Loteamento c/

obras de 0,4 0,3

urbanização Faixa de 50 m adjacente 1,0 0,6 Cabanas de Viriato Loteamento ou 3 9 à via pública parcelas existentes com frente para via Faixa Espaços urbanos Espaços pública 0,6 0,4 restante

Loteamento c/ obras de 0,3 0,2 urbanização

Sedes de freguesia Faixa de 50 de Oliveira do Conde, m adjacente 0,4 0,2 Loteamento ou 3 9 Parada, Papízios, à via pública Sobral e Beijós parcelas existentes com frente para via Faixa pública 0,3 0,2 restante

39 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Classe Aglomerados COS CAS Pisos Cércea Tipo de operação urbanística espaço urbanos (m2/m2) (m2/m2) (n.º) (m)

Loteamento c/ obras de 0,2 0,1 urbanização

Faixa de 50 Restantes m adjacente 0,5 0,3 Loteamento ou 2 6 localidades à via pública parcelas existentes com frente para via Faixa pública 0,3 0,2

restante

A ocupação deve ser enquadrada por plano de pormenor ou operações de loteamento, aplicando-se

os parâmetros urbanísticos estabelecidos para os espaços urbanos

Espaços Espaços urbanizáveis

Coeficiente de ocupação do solo (COS) - quociente entre a área total de construção e a área urbanizável. Coeficiente de afetação do solo (CAS) - quociente entre a área total de implantação e a área urbanizável.

De notar que o Plano de Urbanização de Carregal do Sal, entretanto publicado, veio clarificar os parâmetros urbanísticos anteriormente definidos, definindo índices intermédios para diferentes áreas (abrangendo a vila de Carregal do Sal, Casal da Torre, Casal Mendo, Vila da Cal e Albergaria).

Os espaços de industriais delimitados no PDM, retratam «o conjunto de espaços existentes ou previstos na planta de ordenamento, onde poderão vir a ser instaladas unidades industriais, comerciais ou de serviços, comportando ainda instalações para atividades de apoio, nomeadamente habitação de vigilantes, escritórios, armazéns, pavilhões de feiras e exposições». Os espaços industriais existentes são constituídos pelos parques industriais da Gândara e de S. Domingos e pelas restantes zonas industriais existentes no concelho. As zonas industriais propostas estão dependentes da aprovação prévia de plano de pormenor ou de loteamento industrial. Neste caso, destaca-se o parque industrial de Sampaio, já concretizado.

Os espaços florestais abrangem todos os espaços com vocação florestal, os que correspondem a solos com pouca capacidade agrícola e os que são prolongamentos de ocupações florestais existentes, incluindo aqueles que estão sujeitos a restrições regulamentares, sendo áreas sensíveis no que respeita ao nível de risco de incêndio.

Os espaços agrícolas englobam as áreas de capacidade para a exploração agrícola e agropecuária e as áreas pertencentes à Reserva Agrícola Nacional (RAN). Nestes espaços podem ocorrer outras utilizações, contudo, nas áreas incluídas na RAN, apenas são permitidas as utilizações consideradas na legislação em vigor e de acordo com as autorizações da Entidade Regional da Reserva Agrícola Nacional.

40 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Os espaços naturais encontram-se estruturados em três categorias, que acomodam as áreas da Reserva Ecológica Nacional (REN) e da Rede Natura 2000 (Sítio de Carregal do Sal). Estas condicionantes legais apresentam uma grande expressão territorial no concelho, regendo-se por regimes específicos que condicionam a utilização e ocupação deste território.

A figura seguinte (Figura 9) ilustra a expressão territorial de cada uma das classes de espaço delimitadas na plana de ordenamento do PDMCS, com especial destaque para os espaços florestais que abrangem uma superfície de 2 749 hectares (24%) e para o conjunto dos espaços agrícolas, que cobrem uma superfície de 3 697 hectares (32%). No conjunto, estas duas classes cobrem mais de metade do território concelhio. Os espaços naturais, que cobrem uma superfície superior a ¼ do concelho, neste caso 3 323 hectares (28%), também têm uma grande expressão territorial. O espaço urbano e urbanizável, que abrangem em conjunto cerca de 2 008 hectares (18%), têm também um peso relevante, sendo de relevar a presença significativa de espaços vazios por colmatar e/ou áreas de expansão. Os espaços industriais apresentam uma tradução territorial reduzida, ocupando cerca de 66 hectares (1%).

13% 17% 5% 1%

7%

4% 24%

20%

12%

Espaço urbano Espaço urbanizável Espaço industrial Espaços florestais Espaço agrícola da RAN Outros espaços agricolas Espaço natural I Espaço natural II Espaço natural III

Figura 9. Proporção espacial das classes de espaço do PDM Fonte: PDM Carregal do Sal, 2011

Parte do território é identificada na planta de ordenamento do PDMCS como abrangida pelo PROZAG, onde se aplicam as disposições deste plano especial. Será importante aferir da pertinência da consideração deste plano na segunda revisão do PDMCS, porquanto o mesmo, publicado em 1992, se encontra desfasado da realidade.

41 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Tendo por base este enquadramento do PDM em vigor, para além da aferição junto da CCDR Centro da aplicação do PROZAG, será necessário adequar o atual modelo de ordenamento aos novos preceitos e disposições nesta matéria decorrentes do quadro legal e regulamentar vigente, com especial destaque para o Decreto-Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto, e para os critérios a observar na classificação do solo, assente na diferenciação entre as classes do solo rústico e do solo urbano, e na qualificação do solo, segundo o conceito de utilização dominante.

Tabela 7. Matriz de classificação e qualificação do solo Fonte: DR n.º 15/2015, de 19 de agosto

Classe de espaço Categoria de espaço

(1) Espaços agrícolas (2) Espaços florestais (3) Espaços de exploração de recursos energéticos e geológicos (4) Espaços de atividades industriais diretamente ligados às utilizações das categorias anteriores (5) Espaços naturais e paisagísticos Rústico (6) Outras categorias:

▪ Espaços culturais;

▪ Espaços de ocupação turística;

▪ Espaço destinado a equipamentos, infraestruturas e outras estruturas ou ocupações;

▪ Aglomerados rurais; Estrutura ecológica municipal ▪ Áreas de edificação dispersa. Espaços-canal (1) Espaços centrais Equipamentos (2) Espaços habitacionais (3) Espaços de atividades económicas (4) Espaços verdes Urbano (5) Espaços urbanos de baixa densidade (6) Espaços de uso especial: ▪ Espaços de equipamentos; ▪ Espaços de infraestruturas estruturantes; ▪ Espaços turísticos.

Com efeito, uma das alterações mais relevantes introduzidas com a aprovação da nova lei de bases e, na sequência, do novo RJIGT e diplomas regulamentares associados, como o mencionado supra, prende-se com a profunda reforma do modelo de classificação do solo e com a eliminação da categoria operativa de solo urbanizável, o que, na prática, no caso concreto da segunda revisão do PDM, obrigará a uma reformulação do modelo de

42 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

classificação dos solos nas várias categorias, com especial relevo para a reponderação do solo urbano e dos atuais perímetros urbanos, à luz destes novos critérios, que se deverá recentrar ao solo total ou parcialmente urbanizado ou edificado. Também será relevante o exercício de ordenamento a realizar, de forma a compatibilizar os usos florestais e agrícolas com o povoamento que, em algumas situações, apresenta um elevado grau de dispersão, sem esquecer a necessidade de salvaguarda e valorização dos espaços naturais e paisagísticos e dos espaços culturais, bem como de integração do conjunto de espaços vocacionados para o desenvolvimento das atividades económicas, equipamentos e infraestruturas.

3.1.3 Ocupação do solo urbano

O estudo e análise das caraterísticas do uso do solo no concelho de Carregal do Sal, nas últimas décadas, é fundamental para se obter uma perceção geral das atividades e aproveitamento do território. A existência de diferentes momentos de análise da ocupação do solo permite aferir das transformações ocorridas, identificando as dinâmicas e tendências do uso do solo, o que contribuirá para um melhor ordenamento no futuro.

A análise do Uso e Ocupação do Solo baseia-se nas versões de 1995, 2007, 2010 e 2015 da Carta de Ocupação do Solo (COS), opção sustentada pela segurança e maturidade das metodologias aplicadas nos tratamentos e levantamentos que lhe servem de base.

Segundo a DGT, os territórios artificializados são «superfícies artificializadas ou ajardinadas, destinadas a atividades relacionadas com as sociedades humanas. Esta classe inclui áreas de tecido urbano, áreas industriais, áreas comerciais, rede rodoviária e ferroviária, áreas de serviços, jardins ou parques urbanos e equipamentos culturais e de lazer»8.

Analisando a evolução dos territórios artificializados entre 1995 e 2015 (Figura 10), é percetível que estes se encontram dispersos pelo concelho e que se foram expandindo ao longo dos anos (em termos globais, cresceram de 509 hectares para 716 hectares, no período em análise). Ao nível das freguesias, a principal evolução nestes vinte anos sentiu-se na União de Freguesias de Currelos, Papízios e Sobral com um crescimento de 55%, seguida da freguesia de Oliveira do Conde com 46% e de Cabanas de Viriato com 34%. Já Beijós (13%) e Parada (9%) registaram um menor crescimento dos territórios artificializados.

8 Direção-Geral do Território, 2018. Especificações técnicas da Carta de uso e ocupação do solo de Portugal Continental para 1995, 2007, 2010 e 2015. Relatório Técnico. Direção-Geral do Território

43 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

De ressalvar que, em termos globais, o crescimento dos territórios artificializados foi mais acentuado entre 1995 e 2007.

Figura 10. Evolução dos territórios artificializados Fonte: SPI com base na informação da DGT, 2019

Com esta perceção da evolução das áreas artificializadas no concelho em duas décadas, cumpre seguidamente comparar as áreas planeadas com as áreas construídas.

No caso das áreas planeadas, consideram-se os espaços urbanos delimitados no PDM, que englobam todos os «espaços com aptidão para construção urbana, devidamente infraestruturados»9. Aqui estão incluídos os espaços urbanizáveis, «que apresentam

9 PDM em vigor

44 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

potencialidades para ocupação urbana, assumindo a capacidade de vir a adquirir as características de espaço urbano mediante a sua infraestruturação»10; bem como os espaços industriais, definidos «como o conjunto de espaços existentes ou previstos (…) onde estão instaladas ou poderão vir a ser instaladas unidades industriais, comerciais ou de serviços»11.

Com o objetivo de determinar as áreas efetivamente construídas desenvolveu-se o método de análise espacial abaixo ilustrado.

Ás áreas efetivamente construídas foi realizado um buffer de 10m

Aos «corredores» associados às vias aplicou-se um buffer de 6m

Os resultados dos dois passos anteriores forma aglutinados na mesma shapefile

Aos espaços urbanos, urbanizáveis e industriais foram subtraídos os polígonos resultantes do ponto anterior. Este resultado foi designado como «vazios urbanos», que constituem áreas livres de ocupação edificada.

10 Idem 11 Idem

45 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Aos «vazios urbanos» foram retirados todos os polígonos relacionado com equipamentos, áreas de utilização publica, zonas de lazer, parques de estacionamento, indústrias, lagos e lagoas.

Os polígonos decorrentes do passo anterior foram analisados quanto à sua área, excluindo- se aqueles que apresentavam áreas inferiores a 50m2 e áreas que, pela sua configuração, não são aptas para construção. Este passo foi posteriormente aferido com recurso aos ortofotomapas.

Após a aplicação da metodologia acima descrita com o recurso a software SIG e sem considerar outros condicionamentos à edificação previstos no PDM, conclui-se que os «vazios urbanos», que correspondem a áreas livres que podem ser objeto de urbanização e edificação, segundo o PDM em vigor, cobrem 50% dos espaços urbanos, 84% dos espaços urbanizáveis e 45% dos espaços industriais.

Isto evidencia, por um lado, que os espaços urbanos delimitados no PDM ainda apresentam uma margem muito significativa para a colmatação urbana e, por outro, a reduzida percentagem de execução dos espaços urbanizáveis (16%), que se poderá explicar pelo abrandamento da difusão urbanística quando comparada com as últimas décadas do século XX e, também, por uma delimitação supostamente desfasada das necessidades efetivas, considerando as dinâmicas populacionais e económicas no concelho. Também os espaços industriais delimitados no PDM apresentam uma superfície significativa por ocupar. Neste caso, há que ter presente que uma parte considerável dos espaços industriais delimitados no PDM correspondem a áreas já loteadas e infraestruturadas, que embora parcialmente por ocupar, estão plenamente aptas a acolher novos estabelecimentos.

46 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Figura 11. Áreas não construídas no solo urbano Fonte: SPI com base na informação da CMCS, 2019

A dinâmica da ocupação do solo encontra-se fundamentalmente relacionada com a capacidade e dinâmica construtiva num determinado território. Ao longo dos últimos vinte anos temos assistido a um aumento do número de edifícios e do número de alojamentos familiares, não sendo este aumento acompanhado pelo aumento da população residente.

Os quadros seguintes permitem confirmar que a única freguesia onde o número de edifícios e de alojamentos familiares diminuiu foi a freguesia de Parada, no decénio 1991/2001. As restantes freguesias apresentam taxas de variação positiva. Analisando o decénio de 2001/2011, verifica-se um aumento tanto no número de edifícios como nos alojamentos familiares, o mesmo não tendo sido acompanhado pela população residente. No que se refere

47 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

à freguesia onde se localiza a sede de concelho, Currelos, apesar de ser a única freguesia que tem vindo a aumentar a sua população, o valor foi de apenas 2,7%.

Tabela 8. Evolução do parque edificado de Carregal do Sal Fonte: Censos 1991, 2001 e 2011

Número de edifícios Taxa de variação

1911 2001 2011 1991-2001 2001-2011

Freguesia de Beijós 619 679 701 9,7 3,2

Freguesia de Cabanas de Viriato 918 955 1100 4,0 15,2

UF de Currelos, Papízios e Sobral 1530 1527 1751 -0,2 14,7

Freguesia de Oliveira do Conde 1655 1773 1979 7,1 11,6

Freguesia de Parada 591 527 574 -10,8 8,9

Município 5313 5461 6105 2,8 11,8

Tabela 9. Evolução do número de alojamentos no concelho Fonte: Censos 1991, 2001 e 2011

Número de alojamentos Taxa de variação familiares

1911 2001 2011 1991-2001 2001-2011

Freguesia de Beijós 677 686 710 1,3 3,4

Freguesia de Cabanas de Viriato 938 1015 1129 7,6 10,1

UF de Currelos, Papízios e Sobral 1633 1885 2197 13,4 14,2

Freguesia de Oliveira do Conde 1720 1833 2062 6,2 11,1

Freguesia de Parada 616 527 574 -16,9 8,2

Município 5584 5946 6682 6,1 11,0

Tabela 10. Evolução da população residente no concelho Fonte: Censos 1991, 2001 e 2011

População residente Taxa de variação

1911 2001 2011 1991-2001 2001-2011

Freguesia de Beijós 1407 1217 975 -13,5 -19,9

Freguesia de Cabanas de Viriato 1819 1698 1533 -6,7 -9,7

UF de Currelos, Papízios e Sobral 3101 3311 3399 6,8 2,7

Freguesia de Oliveira do Conde 3708 3313 3122 -10,7 -5,8

Freguesia de Parada 957 872 806 -8,9 -7,6

Município 10992 10411 9835 -5,3 -5,5

48 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.1.4 Ocupação do solo rústico

Segundo o RJIGT o Solo Rústico é «aquele que, pela sua reconhecida aptidão, se destine, nomeadamente, ao aproveitamento agrícola, pecuário, florestal, à conservação, à valorização e à exploração de recursos naturais, de recursos geológicos ou de recursos energéticos, assim como o que se destina a espaços naturais, culturais, de turismo, recreio e lazer ou à proteção de riscos, ainda que seja ocupado por infraestruturas, e aquele que não seja classificado como urbano.»

No concelho de Carregal do Sal, segundo a COS de 2015, os territórios agrícolas, florestais e agroflorestais têm uma grande expressão, representando em conjunto 93% da sua superfície total (Figura 12). São áreas utilizadas para agricultura, constituídas por terras aráveis, prados e culturas permanentes, e áreas onde se incluem florestas, vegetação arbustiva e herbácea e áreas naturais.

Figura 12. Territórios agrícolas, florestais e agroflorestais Fonte: SPI com base na informação da DGT, 2019

49 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Segundo o PNPOT, em 2016 existiam em Portugal Continental 235 774 explorações agrícolas ocupando 351 3006 hectares de Superfície Agrícola Utilizada (SAU), estando a grande maioria das explorações e do volume de trabalho presente nas regiões Norte e Centro.

Os dados referentes aos recenseamentos agrícolas (Tabela 11), evidenciam que no período entre 1999 e 2009 a superfície agrícola total do concelho diminuiu 724 hectares, contudo, a proporção da SAU manteve-se (50%). As áreas de matas e florestas também registaram uma diminuição no mesmo período. Observando os dados para a Sub-Região verifica-se um decréscimo de 29 977 hectares entre 1999 e 2009 da superfície agrícola total.

Tabela 11. Distribuição da área do concelho e da sub-região por classe de superfície Fonte: Dados referentes ao recenseamento agrícola de 1999 e 2009

1999 2009

Carregal do Sal Dão-Lafões Carregal do Sal Dão-Lafões

Área (ha) Área(ha) Área (ha) Área(ha)

Área total 11690 348890 11690 348890

Superfície Agrícola 3485 105462 2761 75485 Total

Superfície Agrícola 1760 51934 1409 40358 Utilizada

Superfície Agrícola 133 2839 65 1274 Não Utilizada

Matas e Florestas 1557 48032 1233 32769

Outras superfícies 39 2658 53 1088

Segundo a COS de 2015, no concelho de Carregal do Sal a agricultura corresponde a 25% da ocupação do território e está associada maioritariamente a sistemas culturais e parcelares complexos (66%), que correspondem a combinações diversificadas entre culturas temporárias, permanentes e pastagens. Este tipo de ocupação está muitas vezes situado na proximidade de aglomerados urbanos, sobretudo para a produção agrícola de frutos ou legumes para consumo próprio. As culturas temporárias são a segunda cultura mais representativa, ocupando cerca de 20% das áreas agrícolas, dispersas pelo território, mas com maior impacto a sul de Currelos. As vinhas assumem uma expressão também relevante neste território, decorrente da sua tradição vinícola, ocupando cerca de 6% da área agrícola.

50 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Figura 13. Áreas agrícolas presentes no concelho Fonte: SPI com base na informação da DGT, 2019

Segundo o Inventário Florestal Nacional, cerca de 70% do território português é abrangido por florestas, realidade acompanhada também pelo concelho de Carregal do Sal (onde 62% da sua superfície total é ocupada por florestas).

A espécie florestal dominante em Carregal do Sal é o pinheiro bravo, que representa uma ocupação de 49%, seguido do eucalipto que ocupa 34% do território. As zonas de maior concentração de pinheiro-bravo e eucalipto são denominadas de áreas de produção lenhosa.

51 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Figura 14. Áreas florestais presentes no concelho Fonte: SPI com base na informação da DGT, 2019

3.1.5 Infraestruturas e equipamentos

À data da elaboração do PDM em vigor, o Município não dispunha do levantamento georreferenciado de qualquer tipo de infraestrutura, pelo que desde a sua publicação foram sendo efetuados levantamentos e atualizações à cartografia existente com a identificação das infraestruturas, nomeadamente a inserção do IC12, a alteração do traçado da linha de caminho-de-ferro, a rede elétrica existente na altura, a indicação das áreas abastecidas e áreas drenadas, com indicação dos depósitos elevados e apoiados, ETA e ETAR.

52 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

No que se refere aos níveis de infraestruturação executados durante a vigência do plano, ressaltam algumas alterações quer ao nível rodoviário, abastecimento de água, tratamento, drenagem de águas pluviais e residuais, rede elétrica e telecomunicações. No que se refere ao nível rodoviário, ressalta a construção da ER 230, já prevista à data da elaboração do plano, mas executada durante a vigência deste. Ao nível de abastecimento de água, foi efetuado o levantamento de todas as redes de abastecimento e de saneamento existentes no concelho, identificando com rigor todas as ETAR.

Seguidamente apresenta-se o balanço da execução ações propostas no PDM original de 1994 e na revisão de 2001, atualmente em vigor, ao nível das infraestruturas territoriais e equipamentos coletivos (Tabela 12).

Tabela 12. Medidas propostas nos PDM anteriores, no âmbito das infraestruturas Fonte: CMCS

Infraestruturas Territoriais e Equipamentos

Ações propostas PDM 1994 PDM 2001

Vias e Acessibilidades Execução Execução

Variante à EN 234 √ -

Prolongamento da EN 230 até Tondela x √

Variante a Oliveira do Conde x x

Variante a Cabanas de Viriato √ √

Anulação das Estações de Carregal do Sal e x - Oliveirinha

Execução de uma Estação que funciona como x - interface de mercadorias

Abertura de Caminhos Florestais √ √

Alargamento e pavimentação de arruamentos

Conservação e Reparação das Estradas Municipais - √ e das EN 230, 337 e 635

Reabilitação da EN 234 - √

Construção de passeios e muros de vedação - √

53 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Criação de uma rede de transportes coletivos interligando todo o concelho bem como a ligação - √12 aos concelhos vizinhos

Indústria Execução Execução

Execução de área industrial com cerca de 3ha no √ - caminho para São Domingos

Execução de uma nova área industrial junto ao nó √ √ da variante que dá acesso a Cabanas de Viriato

Desenvolvimento do Parque Industrial Concelhio com a criação de novos polos industriais junto ao - √ IC12 ou de fácil acesso ao mesmo

Turismo Execução Execução

Desclassificação da EN 230 e EN 337 para classificação como percurso turístico, no âmbito da √13 - riqueza arqueológica existente dando-se continuidade ao estudo histórico/arqueológico

Recuperação de imóveis de interesse municipal x - para fim turístico

Infraestruturas urbanas Execução Execução

Construção de Infraestruturas das áreas industriais propostas bem como a conservação, reparação e - √ ampliação das redes existentes

Ampliação, conservação e reparação de ETAR´s - √

Ampliação da rede de águas existente - √

Habitação Execução Execução

Execução a longo prazo de habitação social √ √

Equipamentos Execução Execução

Execução de uma Piscina Coberta √

Dois Pavilhões Gimnodesportivos √14

12 A resposta apresenta-se ainda deficitária, tendo em conta a necessidade. 13 Foi desclassificada apenas a EN230, mas não para o fim descrito 14 Foi executado um Pavilhão Gimnodesportivo

54 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Recuperação da Pista de Atletismo x x

Execução de um Pavilhão Polidesportivo em - √15 Cabanas de Viriato e Principais Núcleos

Execução Piscina Externa com área de lazer e √ - desporto

Execução de uma Escola C+S Cabanas de √16 - Viriato/Oliveirinha

Execução de uma escola Profissional x x

Construção do Polo da Associação Portuguesa de - √ Paralisia Cerebral

Criação de um Tribunal - √17

Criação de um cinema - x

√ - Executado; x – não executado

3.2 Planos de Urbanização e de Pormenor previstos e publicados

Segundo o RJIGT, o Plano de Urbanização «desenvolve e concretiza o plano diretor municipal e estrutura a ocupação do solo e o seu aproveitamento, definindo a localização das infraestruturas e dos equipamentos coletivos principais», enquanto o Plano de Pormenor «desenvolve e concretiza o plano diretor municipal, definindo a implantação e a volumetria das edificações, a forma e organização dos espaços de utilização coletiva e o traçado das infraestruturas».

O PDM de Carregal do Sal prevê nas disposições finais do respetivo regulamento a execução de quatro PU e três PP:

: Plano de Urbanização para Carregal do Sal;

: Plano de Urbanização de Oliveira do Conde;

15 Foram construídos polidesportivos ao "ar livre" na sede de todas as freguesias do Município 16 Execução da Escola Básica Integrada Aristides de Sousa Mendes que recebe os alunos das freguesias de Cabanas de Viriato e Beijós 17 Criação de um Julgado de Paz

55 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

: Plano de Urbanização de Oliveirinha;

: Plano de Urbanização de Fiais da Telha;

: Plano de Pormenor de Carregal do Sal;

: Plano de Pormenor de Cabanas de Viriato;

: Plano de Pormenor de apoio à zona Industrial.

Deste conjunto, apenas o PU de Carregal do Sal foi realizado, tendo sido aprovado através da Resolução de Conselho de Ministros n.º 147/2005, publicada no Diário da República n.º 182, I Série-B, de 21 de setembro. Conforme o preâmbulo da referida resolução, o PU de Carregal do Sal promoveu uma alteração ao PDM, dado que a estrutura ecológica nele prevista integra solos apontados na planta de ordenamento como espaços urbanos, espaços urbanizáveis e espaços agrícolas da Reserva Agrícola Nacional, passando estes últimos a ter funções de recreio e lazer. Daqui decorreu uma reclassificação de solo rural em solo urbano, mediante a inclusão de áreas agrícolas no perímetro urbano do aglomerado.

Situado na freguesia de Currelos, o PU de Carregal do Sal abrange uma área de 11km2. O seu zonamento divide-se em 8 classes de espaço: i) solos urbanizados de alta densidade; ii) solos urbanizados de média densidade; iii) solos urbanizados de baixa densidade; iv) solos de urbanização programada de média densidade; v) solos de urbanização programada de baixa densidade; vi) esquipamento/infraestrutura; vii) estrutura ecológica primária; e viii) estrutura ecológica secundária.

3.3 Compromissos urbanísticos

Os compromissos urbanísticos são todos os atos administrativos assumidos por um município, consolidando os direitos de edificação na esfera jurídica dos particulares, designadamente através de informações prévias favoráveis e eficazes (com validade de um ano), deferimento de projetos de licenciamento e/ou autorizações emitidas, de acordo com o DL. n.º 555/99 de 16 de dezembro, na sua atual redação.

3.3.1 Informação Prévia

No âmbito do Regime Jurídico da Edificação e da Urbanização, é um procedimento de controlo prévio que visa a obtenção de uma informação sobre a viabilidade de realizar determinada operação urbanística e sobre as condicionantes legais ou regulamentares,

56 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

nomeadamente as estipuladas nas operações de loteamento e nos instrumentos de gestão territorial vinculativos para os particulares e as servidões e restrições de utilidade pública e outras disposições legais posteriores à entrada em vigor dos citados instrumentos. Neste momento, identifica-se apenas um pedido de informação prévia na CMCS.

3.3.2 Licenciamentos

Em termos de licenciamentos, foi efetuado um levantamento do número de alvarás emitidos desde 2000 e, destes, o número de edificações novas e de edifícios destinados a habitação. Assim, verifica-se que foram emitidos 1518 alvarás de construção, dos quais 64,8% se destinaram a edificações novas e 36,1% a edifícios para habitação.

Tabela 13: Edificações em espaço urbano e rural Fonte: CMCS

N.º de Edifícios de ANO N.º de Alvarás N.º Edificações Novas Habitação

2000 139 86 43

2001 132 89 52

2002 151 110 83

2003 121 86 53

2004 132 92 50

2005 109 78 48

2006 104 79 40

2007 98 66 38

2008 87 60 28

2009 66 42 17

2010 60 31 12

2011 52 34 12

2012 40 26 8

2013 26 9 4

2014 22 10 8

2015 39 14 5

2016 45 22 14

2017 36 23 14

2018 49 22 14

2019 10 6 6

Total 1518 985 549

57 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.3.3 Licenças, Comunicações e Autorizações

A sexta alteração ao RJUE, promovida pela Lei n.º 60/2007 de 4 de setembro, introduziu um novo conceito de comunicações prévias, anteriormente designadas como autorizações. Não sendo possível individualizar as licenças /autorizações e licenças /comunicações, optou-se por efetuar um levantamento do número de edificações novas, desde 1997, englobando as duas situações. Neste caso, destaca-se o volume significativo de novas construções entre 2000 e 2007 (com o máximo de 102 licenças em 2002, um ano após a publicação do PDM em vigor) e o decréscimo registado a partir dessa data, certamente influenciado pela crise económica, com uma recuperação nos anos mais recentes.

Tabela 14. Licenças, comunicações a autorizações Fonte: CMCS

Licenças+ Autorizações Licenças+ ANO Total (03/03/2008) Comunicações

1997 11 11

1998 28 28

1999 46 46

2000 75 75

2001 71 71

2002 102 102

2003 76 76

2004 81 81

2005 85 85

2006 71 71

2007 63 63

2008 14 38 52

2009 35 35

2010 30 30

2011 31 31

2012 22 22

2013 8 8

2014 22 22

2015 43 43

2016 45 45

2017 37 37

2018 51 51

Total 723 362 1085

58 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.3.4 Loteamentos

Ainda no que diz respeito aos compromissos urbanísticos, importa analisar os loteamentos urbanos. Neste caso, optou-se por efetuar o registo de todos os loteamentos aprovados para o concelho de Carregal do Sal desde 1974, quantificando as operações de loteamento ocorridas em cada uma das freguesias. O resultado desse trabalho encontra-se sistematizado na figura seguinte.

Figura 15. Número de alvarás de loteamento Fonte: SPI, com base em informação da CMCS 2019

A análise conjunta permite extrair o seguinte:

: Nos anos de 1993, 2007, 2009, 2011, 2013, 2015, 2016 e 2018 não se registaram emissões de alvarás de loteamento;

: O ano em que se registou um maior número de emissões de alvarás de loteamento foi em 1994, com um total de 8 alvarás emitidos, logo seguido dos anos de 1987 e 1991, com 6 alvarás emitidos - é de registar que nestes anos de maior difusão da urbanização ainda não existia PDM publicado;

: As maiores operações de loteamento urbano, tendo em conta a área ocupada e o número de fogos, localizam‐se na União das Freguesias de Currelos, Papízios e Sobral, atual freguesia de Carregal do Sal;

: As freguesias de Parada e de Beijós são as que apresentam o menor número de loteamentos, com 1 loteamento em 1983 e outro em 1994;

: Nos últimos três anos levantados, destaca-se a ausência de qualquer pedido de licenciamento de loteamento em 2016 e 2018, e apenas um pedido em 2017, na freguesia de Oliveira do Conde, situação que demonstra a reduzida dinâmica de desenvolvimento de operações de urbanização.

59 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Quando nos reportamos somente aos alvarás de loteamento emitidos no período de vigência do PDM em vigor, ou seja, desde 2001, conclui-se que:

: Foram emitidos 18 alvarás de loteamento;

: As operações de loteamento apenas abrangem áreas das freguesias de Oliveira de Conde, Cabanas de Viriato e a União das Freguesias de Currelos, Papízios e Sobral cobrindo uma superfície total de 317,598,68 m2.

Note-se que a informação disponível não permite aferir o grau de concretização dos alvarás.

3.4 Estratégia de Reabilitação Urbana

A reabilitação urbana e patrimonial constitui uma prioridade do Município refletida no seu Plano Estratégico e no conjunto alargado de investimentos de requalificação de espaços públicos e de reabilitação de edifícios e equipamentos urbanos, realizados nos últimos anos.

Esta aposta determinou a delimitação das ARU da vila de Carregal do Sal e a posterior formalização da ORU, através de um Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (PERU)18. Foi também nesta área que, no contexto do atual período de programação financeira 2014-2020, foi formalizado o Plano de Ação de Regeneração Urbana (PARU), uma candidatura ao Programa Operacional Regional Centro 2020 tendo em vista o apoio do FEDER a intervenções estratégicas em espaços públicos e edifícios.

Complementarmente, assumindo a necessidade de alargar o apoio à reabilitação urbana a outros aglomerados, designadamente sedes de freguesia e núcleos com necessidades específicas de intervenção em áreas urbanas degradadas/vulneráveis, marcadas pela diminuição da população residente e abandono e degradação do património edificado, foram delimitadas as seguintes ARU:

: ARU de Cabanas do Viriato, aprovada em 2017 (Aviso n.º 9194/2017 – Diário da República n.º 155/2017, Série II de 2017-08-11);

: ARU de Oliveira do Conde, aprovada em 2017 (Aviso n.º 9195/2017 – Diário da República n.º 155/2017, Série II de 2017-08-11);

18 publicado em Diário da República n.º 212/2016, Série II de 2016-11-04, Aviso n.º 13653/2016)

60 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

: ARU de Papízios, aprovada em 2018 (Aviso n.º 6852/2018 – Diário da República n.º 98/2018, Série II de 2018-05-22);

: ARU de Beijós, aprovada em 2018 (Aviso n.º 6853/2018 – Diário da República n.º 98/2018, Série II de 2018-05-22);

: ARU de Fiais da Telha, aprovada em 2018 (Aviso n.º 6854/2018 – Diário da República n.º 98/2018, Série II de 2018-05-22);

: ARU de Parada, aprovada em 2018 (Aviso n.º 6855/2018 – Diário da República n.º 98/2018, Série II de 2018-05-22).

Figura 16. ARU no concelho de Carregal do Sal, aprovadas entre 2016 e 2018 Fonte: SPI, 2019

61 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.1 ARU-ORU da vila de Carregal do Sal

Objetivos Estratégicos

▪ Valorização de edifícios e espaços degradados;

▪ Articulação da área tradicional com o espaço envolvente, designadamente a sua ligação com o arruamento a Sul, através da melhoria e criação de novas áreas de lazer, como o Parque Alzira Cláudio e a descentralização do Estaleiro Municipal, transformando esta área no “Parque Urbano do Gorgulão”;

▪ Promover/dinamizar a reabilitação de edifícios de referência, através da promoção da reabilitação do edificado pelos particulares;

▪ Deslocalização da Feira para uma área Central/Tradicional, permitindo a sua integração com o tecido urbano consolidado;

▪ Estabelecer equilíbrio entre a atividade habitacional e não habitacional e a sua interligação com as diferentes funções: comércio, serviços e equipamentos.

Figura 17. Limite da ARU/ORU da vila de Carregal do Sal Fonte: SPI, 2019

62 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.2 ARU de Cabanas do Viriato

Objetivos Estratégicos

▪ Identificar o edificado a recuperar ou requalificar e incentivar/facilitar o seu processo de reabilitação, nomeadamente dos elementos (edificado e espaço público) com valor patrimonial e histórico;

▪ Qualificar o espaço público e reforçar a unidade, a identidade e a imagem urbana;

▪ Apostar na cultura e turismo cultural, ancorado na Casa do Passal, tirando partido de toda a história do Dr. Aristides de Sousa Mendes como âncora de revitalização e dinamização do aglomerado;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo na área de intervenção.

Figura 18. Limite da ARU de Cabanas do Viriato Fonte: SPI, 2019

63 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.3 ARU de Oliveira do Conde

Objetivos Estratégicos

▪ Qualificar a centralidade urbana mais antiga da freguesia, caracterizada pelo seu caráter linear e que deve ser pensada de forma integrada num esforço de regeneração de espaços (edificados e não edificados) e de ativação de dinâmicas socioeconómicas;

▪ Identificar o edificado degradado e incentivar/facilitar o seu processo de reabilitação associado à intervenção no tecido urbano degradado;

▪ Qualificar o espaço público e reforçar a unidade, a identidade e a imagem urbana dotando a EN230, no troço abrangido pela ARU, de um caráter primordial de espaço para circulação pedonal de residentes e de eixo agregador de praças, largos e pequenos arruamentos que em si confluem;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo na área de intervenção – centro antigo de Oliveira do Conde.

Figura 19. Limite da ARU de Oliveira do Conde Fonte: SPI, 2019

64 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.4 ARU de Papízios

Objetivos Estratégicos

▪ Promover a coesão e articulação entre espaços edificados;

▪ Qualificar o espaço público e valorizar o entorno natural do tecido urbano;

▪ Incentivar/facilitar as intervenções de reabilitação no edificado degradado;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo na área de intervenção do centro antigo de Papízios.

Figura 20. Limite da ARU de Papízios Fonte: SPI, 2019

65 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.5 ARU de Beijós

Objetivos Estratégicos

▪ Incentivar/facilitar as intervenções de reabilitação no edificado degradado;

▪ Estruturar a malha urbana, valorizando espaços públicos de estar e melhorando o sistema de mobilidade e conexões;

▪ Qualificar as margens da Ribeira de Travassos conferindo-lhe um cunho de elemento estruturante de vivência do centro antigo, por intermédio da criação de um espaço de utilização coletiva de suporte a atividades de recreio e lazer da população e importante fator de qualificação da oferta turística do território;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo na área de intervenção do centro antigo de Beijós.

Figura 21. Limite da ARU de Beijós Fonte: SPI, 2019

66 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.6 ARU de Fiais da Telha

Objetivos Estratégicos

▪ Incentivar/facilitar as intervenções de reabilitação no edificado degradado;

▪ Qualificar o espaço público e estruturar a malha urbana, valorizando os espaços públicos de estar;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo no núcleo urbano de Fiais da Telha.

Figura 22. Limite da ARU de Fiais da Telha Fonte: SPI, 2019

67 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

3.4.7 ARU de Parada

Objetivos Estratégicos

▪ Qualificar o espaço público, garantindo uma rede coesa e qualificada;

▪ Valorizar o património cultural, garantindo a afirmação dos valores patrimoniais arquitetónicos presentes no centro histórico de Parada;

▪ Mobilizar os diversos agentes de desenvolvimento com um papel ativo na área de intervenção do centro antigo de Parada.

Figura 23. Limite da ARU de Parada Fonte: SPI, 2019

68 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

4 Convergência com as políticas e programas de ordenamento do território

69 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

4. Convergência com as políticas e programas de ordenamento do território

4.1 Necessidade de adequação ao atual quadro legal

Desde 2001, data de publicação do PDMCS, que o quadro legislativo associado ao ordenamento e gestão do território e urbanismo registou importantes alterações. Em alguns casos, estas alterações apontam para a necessidade de adequação e adaptação dos instrumentos de gestão territorial em vigor às novas disposições legais e regulamentares aplicáveis. Neste contexto, é essencial identificar as principais alterações legislativas e as suas repercussões na segunda revisão do PDMCS.

Recentemente foram desenvolvidas reformas legais estruturantes com impacto direto no sistema de gestão territorial e nos correspondentes instrumentos, com especial relevo para as novas leis de bases de Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e do Urbanismo e da Política de Ambiente. Com este escopo, foram também revistos os regimes jurídicos específicos que desenvolvem estas políticas, com destaque para o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional, e para o Regime Jurídico da Reserva Agrícola Nacional.

Neste período de tempo verificou-se, também, a revisão/alteração de outros documentos legais, que introduzem novas disposições a ter em consideração no processo de elaboração e/ou revisão do PDM (e.g. Regime Jurídico da Reabilitação Urbana e o Regime Jurídico de Urbanização e Edificação).

A figura seguinte apresenta a linha temporal de evolução do quadro legislativo, desde 2001, data da publicação do PDMCS em vigor, até à presente data, identificando os documentos legais relevantes que devem ser considerados na segunda revisão do PDMCS.

70 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

RJRAN – Regime Jurídico da Reserva Agrícola LBGPPSOTU – Lei de Base Gerais da Política Pública de Nacional Solos, de Ordenamento do Território e Urbanismo

RJREN – Regime Jurídico da Reserva Ecológica DR Solos – Decreto Regulamentar que estabelece os Nacional critérios de classificação e reclassificação do solo

RJRU – Regime Jurídico da Reabilitação Urbana RJIGT – Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial LBPA – Lei de Bases da política de Ambiente RJUE – Regime Jurídico da Urbanização e Edificação

Figura 24. Linha temporal da publicação de instrumentos legislativos desde a entrada em vigor do PDMCS Fonte: SPI, 2019

A Lei de Base da Política Pública de Solos, de Ordenamento do Território e do Urbanismo, aprovada pela Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, procedeu a uma reforma estruturante, introduzindo alterações às normas relativas à disciplina dos usos do solo e ao sistema de planeamento e dos instrumentos dos usos do solo. O PDM mantém-se como o instrumento de definição da estratégia municipal e, em contraste com os diversos programas da responsabilidade da administração central e regional, determina exclusivamente, juntamente com os restastes PMOT, a classificação e qualificação do uso do solo e a respetiva execução e programação. Neste contexto, é essencial a integração e adaptação no PDM das orientações de desenvolvimento territorial decorrentes dos programas de âmbito nacional e regional.

No que concerne à classificação dos solos, esta Lei institui um novo sistema, consagrando a diferenciação entre solo urbano e solo rústico e eliminando a categoria de solo urbanizável. A reclassificação do solo como urbano deverá ser limitada ao indispensável e sustentada do ponto de vista económico e financeiro. Como consequência, torna-se obrigatória a demonstração da sustentabilidade económica e financeira da transformação do solo rústico em urbano, através de indicadores demográficos e dos níveis de oferta e procura do solo urbano. A avaliação das políticas de planeamento torna-se também fulcral, sendo obrigatório a fixação de indicadores destinados a sustentar a avaliação e monitorização do plano.

Estabelecidas as bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo, em 2015 foi publicado o Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que procede à

71 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT). Neste diploma são revistos os conteúdos materiais e documentais do PDM. No que concerne ao conteúdo material, as disposições contemplam a integração de novas especificidades, como, por exemplo: (i) a identificação e a qualificação do solo rústico, de modo a garantir a adequada execução dos programas e das políticas de desenvolvimento agrícola e florestal, bem como de recursos geológicos e energéticos; (ii) os objetivos de desenvolvimento económico local e as medidas de intervenção municipal no mercado de solos; (iii) a identificação e a delimitação das áreas com vista à salvaguarda de informação arqueológica contida no solo e no subsolo e; (iv) a proteção e a salvaguarda de recursos e de valores naturais que condicionem a ocupação, uso e transformação do solo.

Relativamente ao conteúdo documental, os principais ajustes centram-se no desenvolvimento com maior detalhe e sustentação das intervenções prioritárias, designadamente, o programa de execução, que integra as intervenções prioritárias do Estado e do Município, a curto e médio prazo, bem como o enquadramento das intervenções do Estado e do Município a longo prazo. Este programa de execução deve ser acompanhado por um plano de financiamento e de fundamentação da sustentabilidade económica e financeira. Deve também ser desenvolvido e integrado no PDM um sistema de indicadores qualitativos e quantitativos que suportem a sua avaliação.

Importa também destacar, na sequência da aprovação do novo RJIGT, a publicação do Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto, que estabelece os critérios de classificação e reclassificação do solo, bem como os critérios de qualificação e as categorias do solo rústico e do solo urbano em função do uso dominante, aplicáveis a todo o território nacional, bem como da Portaria n.º 277/2015, de 10 de setembro, que regula a constituição, a composição e o funcionamento das comissões consultivas da elaboração, neste caso, do PDM.

Noutro âmbito, mas com implicações nos processos de revisão do PDM, foram também publicados o Regime Jurídico da Reserva Ecológica Nacional (RJREN) e o Regime Jurídico da Reserva Agrícola Nacional (RJRAN).

O novo RJREN, aprovado pelo DL n.º 166/2008, de 22 de agosto19, promove uma revisão aprofundada e global do regime anterior. O novo RJREN estabelece que a REN, enquanto estrutura biofísica, passa a integrar «(…) áreas que pelo valor e sensibilidade ecológicos ou pela exposição e suscetibilidade perante riscos naturais, são objeto de proteção social» (n.º

19 Na atual redação dada pelo DL n.º 80/2015, de 14 de maio.

72 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

1 do artigo 2.º), estabelecendo condicionamentos à ocupação, uso e transformação do solo e identificando usos e ações compatíveis com os objetivos que lhe estão subjacentes.

Um aspeto importante a reter, com implicações na segunda revisão do PDMCS e na delimitação da REN no concelho, à luz dos novos critérios, é a correspondência das áreas definidas no DL n.º 93/90, de 19 de março, com as novas áreas integrantes na REN (Anexo IV, DL n.º 166/2008) (Figura 25)20.

Figura 25. Correspondência das áreas definidas no DL n.º 93/90, de 19 de março, com as novas áreas integrantes da REN Fonte: DL n.º 239/2012, de 2 de novembro

O RJRAN, aprovado pelo DL n.º 73/2009, de 31 de março, identifica a RAN como um «conjunto de áreas que em termos agroclimáticos, geomorfológicos e pedológicos apresentam maior aptidão para a atividade agrícola». A RAN é «uma restrição de utilidade pública, à qual se aplica um regime territorial especial, que estabelece um conjunto de condicionantes à utilização não agrícola do solo, identificando quais as permitidas tendo em conta os objetivos do presente regime nos vários tipos de terras e solos». A RAN deve ser obrigatoriamente integrada no PDM, tendo em conta a necessária articulação com a Entidade Regional da RAN do Centro.

20 Deveram ser tidas em conta todas as alterações efetuadas desde a publicação do RJREN, como sendo o DL n.º 239/2012, de 2 de novembro.

73 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

As Bases da Política de Ambiente foram aprovadas pela Lei n.º 19/2014, de 14 de abril, contemplando uma atualização de conceitos, princípios e instrumentos da política de ambiente. Esta Lei consolida, no artigo 18.º, a necessidade de avaliação ambiental prévia à aprovação do PDM, com vista a assegurar a sustentabilidade das opções de desenvolvimento. A avaliação ambiental de planos e programas é regulada pelo DL. n.º 232/2007, de 15 de junho, matéria que também se encontra integrada no novo RJIGT.

Salienta-se, ainda, o Regime Jurídico da Reabilitação Urbana (RJRU)21, que contempla o enquadramento normativo da reabilitação urbana ao nível programático, procedimental e de execução. O RJRU «estrutura as intervenções de reabilitação com base em dois conceitos fundamentais: o conceito de «área de reabilitação urbana», cuja delimitação pelo município tem como efeito determinar a parcela territorial que justifica uma intervenção integrada no âmbito deste diploma, e o conceito de «operação de reabilitação urbana», correspondente à estruturação concreta das intervenções a efetuar no interior da respetiva área de reabilitação urbana». Neste sentido, este instrumento legal associa à delimitação das áreas de reabilitação urbana a definição, pelo município, dos objetivos da reabilitação urbana da área delimitada e dos meios adequados para a sua prossecução.

Por último, importa também ter presente o Regime Jurídico da Urbanização e Edificação, publicado pelo DL. n.º 555/99, de 16 de dezembro, e objeto de várias alterações, a última das quais em 2018, pelo DL. n.º 121/2018 de 28 de dezembro, no que respeita a todo um conjunto de disposições regulatórias das operações urbanísticas que concretizam e materializam as opções contidas nos instrumentos de gestão territorial, que devem necessariamente ser tidas em conta na revisão do PDM.

4.2 Políticas e programas a considerar na revisão do PDM

Durante o período de vigência do PDMCS foram aprovados alguns planos e programas de âmbito supramunicipal e/ou setorial, com incidência no ordenamento do território municipal, que devem ser tidos em consideração na segunda revisão do PDMCS. Concretamente, no que concerne aos IGT, verifica-se a aprovação de 8 programas e planos de âmbito nacional e regional (Figura 26).

21 Decreto-Lei n.º 307/2009, de 23 de outubro.

74 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

PRN – Plano Rodoviário Nacional PNA – Plano Nacional da Água

PNPOT – Programa Nacional da Política de PGRH – Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Ordenamento do Território Vouga, Mondego e Lis (RH4)

POAA – Plano de Ordenamento da Albufeira da PROF – Programa Regional de Ordenamento Florestal do Aguieira Centro Litoral

PSRN 2000 – Plano Setorial da Rede Natura 2000

Figura 26. Linha temporal da publicação de IGT supramunicipais desde a entrada em vigor do PDMCS Fonte: SPI, 2019

De âmbito nacional destaca-se a publicação do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT), cinco programas setoriais respeitantes à salvaguarda e valorização dos Sítios e das ZPE22, água e recursos hídricos 23 24, florestas25 e infraestruturas26 e um plano especial de albufeira27. A proposta do Plano Regional de Ordenamento do Território (PROT) do Centro foi finalizada pela CCDR em 2011 e remetida para ratificação governamental, que não chegou a ocorrer.

Âmbito nacional

O Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território (PNPOT) foi aprovado pela Lei n.º 58/2007, de 4 de setembro, retificada pelas Declarações de Retificação n.º 80- A/2007, de 7 de setembro, e n.º 103-A/2007. É um instrumento de desenvolvimento territorial de natureza estratégica que estabelece as grandes opções com relevância para a organização do território nacional. Consubstancia o quadro de referência a considerar na elaboração dos demais instrumentos de gestão territorial e constitui um instrumento de cooperação com os demais Estados membros da União Europeia.

22 Plano Setorial da Rede Natura 2000. 23 Plano Nacional da Água. 24 Plano de gestão da região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (RH4). 25 Programa Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral. 26 Plano rodoviário Nacional. 27 Plano de Ordenamento da Albufeira da Aguieira (POAA).

75 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Aplica-se a todo o território nacional, no continente e arquipélagos dos Açores e da Madeira, sem prejuízo das competências próprias das Regiões Autónomas.

A Proposta de Lei da Alteração do PNPOT foi aprovada no Conselho de Ministros Extraordinário de 14/07/2018, aguardando-se a sua publicação.

Programas Setoriais (PS)

Os programas setoriais são instrumentos programáticos ou de concretização das diversas políticas com incidência na organização do território, estabelecendo e justificando as opções e os objetivos setoriais, definindo normas de execução e integrando peças desenhadas que representam a sua expressão territorial.

Enquanto não forem revistos, os ainda designados planos setoriais28 em vigor e que abrangem o concelho de Carregal do Sal, são os seguintes:

▪ Rede Natura 2000 (RCM n.º 115-A/2008, de 21 de julho)

O Plano Setorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) é um instrumento de gestão territorial, que visa a salvaguarda e valorização dos Sítios e das ZPE do território continental, bem como a manutenção das espécies e habitats num estado de conservação favorável nestas áreas. Na sua essência, é um instrumento para a gestão da biodiversidade.

Trata-se de um Plano desenvolvido a uma macro escala (1:100.000) para o território continental, que caracteriza os habitats naturais e seminaturais e as espécies da flora e da fauna presentes nos Sítios e ZPE, e define as orientações estratégicas para a gestão do território abrangido por aquelas áreas, considerando os valores naturais que nelas ocorrem.

O PSRN2000 vincula as Entidades Públicas, dando orientações estratégicas e normas programáticas para a atuação da Administração Central e Local. É enquadrado pelo artigo 8.º do Decreto-Lei n.º 140/99, de 24 de abril, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 49/2005 de 24 de fevereiro. Importa, deste modo, ter presente que este Plano serve de orientação para a elaboração dos PMOT, devendo, neste contexto, integrar-se nos PDM os princípios e critérios de natureza ambiental (recomendações setoriais) por este estabelecido.

A adaptação do PDM às disposições definidas no PSRN2000 deveria ocorrer no prazo de 6 anos após a sua publicação, devendo ser dada especial atenção à dinâmica associada aos

28 A LBPPSOTU e o novo RJIGT alteraram a designação anterior de plano (ao nível nacional e regional) para programa.

76 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

valores naturais no território e à necessidade de cumprimento da globalidade dos objetivos e disposições legais das Diretivas Aves e Habitats. Os limites dos sítios da Rede Natura 2000 deverão ser transpostos para a planta de condicionantes do PDM e as orientações de gestão suscetíveis de ser transpostas para os PMOT, deverão ser integradas no seu regulamento.

O concelho de Carregal do Sal integra uma área classificada na Rede Natura 2000, o Sítio de Carregal do Sal, com um total de 9 554 hectares, sendo que apenas 15% deste sítio se encontra no concelho de Carregal do Sal, correspondendo a 1 476 hectares.

▪ Plano Nacional da Água (DL n.º 76/2016, de 9 de novembro)

O Plano Nacional da Água (PNA) define a estratégia nacional para a gestão integrada da água. Estabelece as grandes opções da política nacional da água e os princípios e as regras de orientação dessa política, a aplicar pelos planos de gestão de regiões hidrográficas e por outros instrumentos de planeamento das águas.

São objetivos estratégicos desta política proteger o ambiente aquático contra os danos causados pelas emissões poluentes, restaurar o funcionamento dos sistemas naturais e combater a perda de biodiversidade e, ao mesmo tempo, assegurar o fornecimento de água de qualidade às populações e às atividades económicas, protegendo-as de fenómenos hidrológicos extremos, como cheias e secas.

A revisão do PDM deverá ter em consideração a existência do PNA, tendo como principal referência os seus objetivos primordiais: (i) a proteção de ecossistemas ribeirinhos e dos aquíferos; (ii) a defesa de pessoas e bens em relação à ocorrência de cheias; e, (iii) a proteção de captações de água par consumo humano.

▪ Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis (RH4) (RCM n.º 52/2016, de 20 de setembro, retificada e republicada pela Declaração de Retificação n.º 22-B/2016, de 18 de novembro)

A região hidrográfica, constituída por uma ou mais bacias hidrográficas, configura uma unidade territorial de gestão de água.

Os PGRH constituem instrumentos de planeamento dos recursos hídricos e visam a gestão, a proteção e a valorização ambiental social e económica das águas, ao nível das bacias hidrográficas integradas numa determinada região hidrográfica. Este Plano contém objetivos estratégicos e ambientais e define um programa de medidas que devem ser salvaguardadas no processo de revisão do PDM.

77 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

▪ Programa Regional de Ordenamento Florestal do Centro Litoral (Portaria n.º 56/2019, de 11 de fevereiro)

Os PROF são instrumentos de política setorial, que incidem sobre os espaços florestais e visam enquadrar e estabelecer normas específicas de uso, ocupação, utilização e ordenamento florestal, por forma a promover e garantir a produção de bens e serviços e o desenvolvimento sustentado destes espaços. Têm uma abordagem multifuncional, isto é, integram as funções de produção, proteção, conservação de habitats, fauna e flora, silvo pastorícia, caça e pesca em águas interiores, recreio e enquadramento paisagístico.

Constituem objetivos gerais dos PROF a avaliação das potencialidades dos espaços florestais do ponto de vista dos seus usos dominantes, a definição do elenco de espécies a privilegiar nas ações de expansão e reconversão do património florestal, a identificação dos modelos gerais de silvicultura e de gestão dos recursos mais adequados, a definição das áreas críticas do ponto de vista do risco de incêndio, da sensibilidade à erosão e da importância ecológica, social e cultural, bem como das normas específicas de silvicultura e de utilização sustentada dos recursos a aplicar nestes espaços.

O PROF Centro Litoral compatibiliza-se com os demais programas setoriais e com os programas especiais, assegurando a contribuição do setor florestal para a elaboração e alteração dos restantes instrumentos de gestão territorial, devendo as suas orientações estratégicas florestais, fundamentalmente no que se refere à ocupação, uso e transformação do solo nos espaços florestais, ser integradas nos planos territoriais de âmbito municipal (PTM) e nos planos territoriais de âmbito intermunicipal (PTIM).

O PROF Centro Litoral classifica o concelho de Carregal do Sal maioritariamente como Espaço Florestal das Terras do Dão, sendo que uma pequena porção é abrangida pelo Espaço Florestal do Alto Mondego (Área Protegida Florestal). O concelho é ainda atravessado por dois Corredores Ecológicos das Terras do Dão e Alto Mondego (Figura 27).

78 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Figura 27. Extrato da Carta Síntese do PROF Centro Litoral, 2019 Fonte: SPI, com base na informação do ICNF, 2019

▪ Plano Rodoviário Nacional (DL n.º 222/98, de 17 de julho, retificado pela Declaração de Retificação n.º 19-D/98, de 31 de outubro, e alterado pela Lei n.º 98/99, de 26 de julho e pelo DL n.º 182/2003, de 16 de agosto)

O Plano Rodoviário Nacional (PRN), vulgarmente conhecido por PRN2000, constitui o instrumento regulador das infraestruturas rodoviárias nacionais, otimizando as condições da ocupação do solo e do ordenamento do território, tendo sempre subjacente a minimização dos impactes ambientais, o interesse público e o das populações em particular.

A última alteração ocorreu em 2003. Este Plano prevê um total de cerca de 16.500 km de vias, dos quais cerca de 5000 foram incluídos numa nova categoria - Estradas Regionais.

79 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Esta nova categoria de estradas, de interesse supramunicipal e complementar à Rede Rodoviária Nacional, tinha subjacente que apenas se manteriam provisoriamente na responsabilidade da administração central, admitindo-se que transitariam para as futuras regiões, cujo processo, como é sabido, não teve desenvolvimento.

Programas Especiais

Os PEOT visam a prossecução de objetivos considerados indispensáveis à tutela de interesses públicos e de recursos de relevância nacional com repercussão territorial, estabelecendo, exclusivamente, regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais.

O Plano de Ordenamento da Albufeira da Aguieira (POAA), ratificado pela RCM n.º 186/2007, de 21 de dezembro, é o único plano especial com incidência no concelho de Carregal do Sal. Tem por objetivo a definição de um modelo de ocupação da sua área de intervenção de forma a disciplinar, proteger, desenvolver e compatibilizar um conjunto de atividades ligadas ao lazer, recreio e turismo, salvaguardando o equilíbrio ambiental e a utilização primária da albufeira, a rega.

Importará acautelar a adaptação das orientações do POAA à segunda revisão do PDMCS, de acordo com as orientações já produzidas pela CCDR Centro, em termos de ocupação da área de intervenção do mesmo.

Âmbito regional

O Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROT Centro) define a estratégia regional de desenvolvimento territorial, integrando as opções estabelecidas a nível nacional e considerando as estratégias sub-regionais e municipais de desenvolvimento local, constituindo, desta forma, o quadro de referência para a elaboração dos programas e dos planos intermunicipais e dos planos municipais.

A elaboração PROT Centro foi determinada pela RCM n.º 53/2010, de 2 de agosto. A Proposta de Plano foi finalizada pela CCDR Centro em 2011 e remetida para ratificação governamental, que não chegou a ocorrer.

De qualquer forma, conforme orientações da CCDR Centro, as orientações constantes deste documento, que obteve o consenso dos municípios por ele abrangidos, devem ser devidamente acauteladas na segunda revisão do PDMCS.

80 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Outros documentos

Complementarmente aos IGT, existem outros documentos de política e gestão dos interesses públicos, internacionais e nacionais, cujas estratégias e disposições devem ser tidas em consideração na segunda revisão do PDMCS. Na tabela seguinte elencam-se alguns destes documentos.

Tabela 15: Documentos de política e gestão dos interesses públicos Fonte: SPI, 2019

Título Data Descrição

A estratégia procura a concretização de um modelo Estratégia Nacional de sustentável para a evolução da sociedade, tendo sido Desenvolvimento Sustentável 2007 elaborada de forma compatível com os princípios (ENDS) orientadores das estratégias europeias nesta matéria.

A ENAAC pretende aumentar a consciencialização sobre as alterações climáticas, manter atualizado e Estratégia Nacional da disponível o conhecimento científico sobre as Adaptação às Alterações 2010 alterações climáticas e os seus impactes e, ainda, Climáticas (ENAAC) reforçar as medidas que Portugal terá de adotar, à semelhança da comunidade internacional, com vista ao controlo dos efeitos das alterações climáticos.

Este Plano estabelece o regime da avaliação e gestão da qualidade do ar, atribuindo particular importância ao combate das emissões de poluentes na origem e à Plano de Ação de Qualidade do aplicação das medidas mais eficazes de redução de 2010 Ar (PNQA) emissões, a nível local e nacional, como forma de proteção da saúde humana e do ambiente. Este regime introduz novos elementos relevantes para a avaliação e gestão da qualidade do ar.

O PNAC 2020/2030 visa garantir o cumprimento das metas nacionais em matéria de alterações climáticas dentro das áreas transversais e de intervenção Programa Nacional para as integrada. Tem como objetivos a promoção da Alterações Climáticas 2015 transição para uma economia de baixo carbono 2020/2030 (gerando mais emprego e riqueza), assegurar uma trajetória sustentável de redução das emissões de GEE, e promover a integração dos objetivos de mitigação nas políticas setoriais.

O Acordo de Paris representa uma mudança de paradigma na implementação da Convenção Quadro Acordo de Paris 2016 para as Alterações Climáticas, apontando para a necessidade de uma profunda descarbonização da economia mundial, refletida num conjunto de

81 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Título Data Descrição compromissos e metas subscritas pelos países que ratificaram o Acordo, onde se inclui Portugal.

A ENE 2020 estabelece as grandes linhas estratégicas para o setor da energia, tendo sido aprovada pela RCM n.º 29/2010, de 15 de abril. As opções de políticas energéticas estabelecidas nesta Estratégia focam-se em 5 eixos principais que contemplam Estratégia Nacional para a prioridades e medidas específicas: Eixo 1 – Agenda 2010 Energia 2020 (ENE 2020) para a competitividade, o crescimento e dependência energética e financeira; Eixo 2 – Aposta nas energias renováveis, Eixo 3 – Promoção da eficiência energética; Eixo 4- Garantia de segurança de abastecimento; Eixo 5 – Sustentabilidade económica e ambiental.

Corresponde a uma estratégia de médio prazo para o Sistema de Investigação e Inovação (SI&I), contemplando uma estratégia nacional e sete Estratégia de Investigação e estratégias regionais. RIS3 do Centro de Portugal Inovação para uma 2014 estrutura-se de acordo com oito áreas temáticas Especialização inteligente (Agroindústria, Floresta, Mar, TICE, Materiais, Saúde e (RIS3) o Bem-estar, Biotecnologia e Turismo), sendo a partir delas definidas visões, propostas, prioridades estratégicas e projetos/ações concretos.

Foi aprovada pela RCM n.º 46/2016, de 26 de agosto. É uma estratégia destinada a melhorar a qualidade do ar para a proteção da saúde humana, qualidade de vida dos cidadãos e preservação dos ecossistemas. Assenta Estratégia Nacional para o Ar em 3 eixos; Eixo1 – Avaliar, com o diagnóstico das 2016 (ENAR 2020) emissões e da qualidade do ar; Eixo 2 – Antecipar, através das projeções das emissões atmosféricas e qualidade do ar previstas para 2020; Eixo 3 – Atuar, com a definição dos vetores estratégicos de atuação e a identificação das respetivas medidas.

Trata-se de um referencial estratégico para o turismo em Portugal na próxima década. A estratégia tem por objetivo: Proporcionar um quadro referencial estratégico a 10 anos para o turismo nacional; assegurar estabilidade e a assunção de Estratégia Turismo 2027 2017 compromissos quanto às opções estratégicas para o turismo nacional; promover uma integração das políticas setoriais; gerar uma contínua articulação entre os vários agentes do Turismo; agir com sentido estratégico no presente e no curto/médio prazo.

Estratégia Europeia sobre 2018 A Estratégia faz parte da transição da Europa para Plásticos uma ampla economia circular e contribuirá para

82 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

Título Data Descrição alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os compromissos climáticos globais e os objetivos da política industrial da União Europeia.

Tem por objetivo proteger o meio ambiente, reduzir o lixo marinho, as emissões de gases com efeito de estufa e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.

O Programa elenca mais de 160 medidas, na sua maioria de iniciativa governamental e uma Agenda para o Interior que integra oito iniciativas de caracter Programa Valorização do temático. Trata-se de um processo dinâmico que visa 2018 Interior a construção da Valorização do Interior e do Coesão Territorial. Este Programa tem por objetivos criar um território mais coeso, competitivo, sustentável, conectado e colaborativo.

83 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

5 Termos de referência para a segunda revisão do PDM

84 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

5. Termos de Referência para a segunda revisão do PDM

5.1 Faseamento e prazo de execução

A segunda revisão do PDMCS será desenvolvida de uma forma faseada, ilustrada no fluxograma abaixo apresentado (Figura 28), em conformidade com o RJIGT e demais legislação aplicável, sendo estabelecido um prazo total de execução de 21 meses (630 dias) para o efeito.

Figura 28. Fluxograma do processo de revisão do PDM Fonte: SPI, 2019

85 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

O prazo para a publicação deve ter em consideração o estabelecido no n.º 2 do artigo 199.º do RJIGT, que determina que os municípios, no prazo máximo de 5 anos após a publicação deste diploma, devem proceder à adaptação/revisão dos PDM às novas disposições legais, ou seja, até julho de 2020. Não sendo possível assegurar a publicação do Plano até essa data, deverá procurar assegurar-se a sua aprovação pela Assembleia Municipal.

5.2 Principais objetivos e questões a reter

A análise tecida nos capítulos anteriores permite destacar um conjunto de objetivos de cariz estratégico, relevantes para o desenvolvimento do concelho de Carregal do Sal. A saber:

: A valorização do capital territorial, especialmente da paisagem, do património natural e cultural e dos recursos endógenos, em prol de uma maior sustentabilidade e da projeção externa do território como um destino de qualidade, potenciando as atividades de visitação, o turismo e o recreio e lazer;

: O desenvolvimento do setor agroflorestal através do incremento das atividades agrícolas (ênfase na vitivinicultura) e florestais (ênfase na floresta de pinheiro manso), acautelando um melhor ordenamento do território, uma aposta em culturas de maior valor acrescentado e ambientalmente mais sustentáveis e a valorização de produtos locais;

: A qualificação e oferta de espaços para acolhimento empresarial, articulada com serviços de apoio às empresas e empreendedores, à inovação e desenvolvimento, e à capacitação dos recursos humanos, sobretudo focados nos setores de especialização do concelho;

: A valorização do contexto urbano-rural através da qualificação da rede polinucleada de pequenos centros urbanos e da adequada gestão de usos do solo e oferta de serviços, de forma a promover uma maior coesão territorial e social.

: A melhoria do ambiente urbano como fator de atração de novos habitantes e atividades, suportado na aposta na reabilitação urbana como motor de qualificação dos aglomerados urbanos e de promoção da sua revitalização física e ambiental, económica, social e cultural, bem como na valorização da função residencial;

: A melhoria da oferta de serviços coletivos e infraestruturas, nas áreas da saúde, segurança, educação, comércio e serviços, transporte e tecnologias de informação e

86 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

comunicação, explorando soluções flexíveis e de proximidade adaptadas às características do território e da população;

: A aposta numa maior cooperação territorial, associada a uma melhor promoção do território, de forma a potenciar os valores concelhios e ganhar escala nos domínios em que o território de Carregal do Sal é e poderá vir a ser reconhecido.

Estes objetivos estratégicos devem constituir um primeiro referencial para a definição da estratégia de desenvolvimento local e do correspondente modelo territorial a desenvolver na segunda revisão do PDMCS.

Para além destes objetivos estratégicos, destaca-se ainda um conjunto de objetivos específicos a considerar na segunda revisão do PDMCS, de diferente natureza. A saber:

: Adaptação do modelo de classificação e qualificação dos solos de acordo com os diplomas legais que regulam esta matéria, com particular destaque para o RJIGT, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, e para o Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto;

: Revisão dos perímetros urbanos à luz dos critérios estabelecidos pelo novo quadro legal e regulamentar aplicável e considerando a eliminação, por este, dos denominados espaços urbanizáveis atualmente delimitados no PDM em vigor, tendo também em conta o Plano de Urbanização de Carregal do Sal publicado;

: Estruturação da ocupação urbana tendo em conta o grau de concretização da ocupação do solo urbano (espaços urbanos e urbanizáveis), a satisfação das necessidades habitacionais e económicas previstas, o aproveitamento das infraestruturas, equipamentos e serviços coletivos existentes e a criar, bem como a aplicação dos princípios de colmatação da malha urbana e dos objetivos de qualificação e melhoria do ambiente urbano;

: Delimitação de espaços para a localização das intervenções estratégicas para o desenvolvimento do concelho, nomeadamente ao nível das áreas de acolhimento empresarial, das redes de infraestruturas, dos equipamentos estruturantes e dos polos de recreio e lazer;

: Criação de um modelo de programação da execução do solo urbano tendo por base a delimitação de unidades operativas de planeamento e gestão, a executar com recurso aos sistemas de execução e instrumentos previstos na lei e assegurando a

87 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL 2019

justa repartição dos benefícios e encargos através da fixação dos parâmetros reguladores da perequação compensatória;

: Revisão das regras relativas à localização de estabelecimentos industriais no interior de perímetro urbano, tendo em conta as disposições legais aplicáveis, de forma a acautelar eventuais incompatibilidades funcionais e ambientais em meio urbano, bem como de localização de estabelecimentos industriais em espaço rústico, de caracter artesanal, associados a produtos locais;

: Definição de critérios ajustados para a delimitação das categorias de espaço em solo rústico, destinadas a infraestruturas e formas específicas de ocupação humana, compatíveis com os espaços agrícolas, florestais ou naturais, tendo em consideração a especificidade do território e o estabelecido no Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro (PROTC);

: Revisão da delimitação dos espaços florestais de produção, tendo em consideração as orientações dos documentos setoriais, mas também a estratégia municipal de valorização da cultura do pinheiro manso e da fileira produtiva associada;

: Redefinição territorial da Rede Natura 2000 (Sítio de Carregal do Sal), tendo em consideração a informação já disponível, mais detalhada, sobre as áreas de ocorrência, que efetivamente devem ser salvaguardas e que ocupam uma menor extensão da área atualmente delimitada;

: Integração das orientações e disposições dos programas e planos de hierarquia superior, com destaque para o Plano de Ordenamento da Albufeira da Aguieira (POAA), cujas disposições vinculativas dos particulares devem ser transpostas para o PDM, à luz dos novos preceitos legais estabelecidos no RJIGT;

: Delimitação da REN e da RAN considerando os novos critérios estabelecidos nos respetivos regimes legais, entretanto publicados, assegurando a necessária articulação com o novo modelo de desenvolvimento territorial e a correspondente proposta de ordenamento;

: Desenvolvimento da Avaliação Ambiental, que permita avaliar as oportunidades e os riscos das opções de desenvolvimento a adotar no Plano e, nesta base, tomar decisões ajustadas face aos fatores críticos e aos efeitos ambientais esperados.

88 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL DE 2019

Anexo I Legislação de Enquadramento

89 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL DE 2019

Anexo I. Legislação de Enquadramento

O quadro legislativo que conforma a atual política de ordenamento do território e de urbanismo e que define o regime de elaboração dos planos municipais de ordenamento do território, onde se inclui o PDM, compreende os seguintes diplomas:

: Lei n.º 31/2014, de 30 de maio, alterada pela Lei n.º 74/2017, de 16 de agosto, que estabelece as bases gerais da política pública de solos, de ordenamento do território e de urbanismo (LBGPPSOTU).

: Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que aprova a revisão do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT);

: Portaria n.º 277/2015, de 10 de setembro, que regula a constituição, a composição e o funcionamento da comissão consultiva (CC) da elaboração e da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM);

: Portaria n.º 245/2011, de 22 de junho, que define os requisitos, as condições e as regras de funcionamento e de utilização da «plataforma de submissão eletrónica» destinada ao envio dos instrumentos de gestão territorial para publicação no Diário da República e para depósito na Direcção-Geral do Território (DGT);

: Decreto-Lei n.º 193/95, de 18 de julho, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 141/2014, de 19 de setembro, que estabelece os princípios e normas a que deve obedecer a produção cartográfica no território nacional, bem como o Regulamento n.º 142/2016, de 9 de fevereiro, que estabelece as normas e especificações técnicas da cartografia topográfica e topográfica de imagem a utilizar na elaboração, alteração e revisão dos planos territoriais e na cartografia temática que daí resulte;

: Decreto Regulamentar n.º 9/2009, de 29 de maio, retificado pela Declaração de Retificação n.º 53/2009, de 28 de julho, que estabelece os conceitos técnicos nos domínios do ordenamento do território e do urbanismo a utilizar pelos instrumentos de gestão territorial;

: Decreto Regulamentar n.º 15/2015, de 19 de agosto, que estabelece os critérios de classificação e reclassificação do solo, bem como os critérios de qualificação e as categorias do solo rústico e do solo urbano em função do uso dominante, aplicáveis a todo o território nacional;

90 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL DE 2019

: Decreto-Lei n.º 232/2007, de 15 de junho, com as alterações do Decreto-Lei n.º 58/2011, de 4 de maio, que estabelece o regime jurídico da avaliação ambiental de planos e programas (RJAAPP), de aplicação subsidiária ao RJIGT;

: Decreto-Lei n.º 4/2015, de 7 de janeiro (Código do Procedimento Administrativo – CPA).

91 REVISÃO DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CARREGAL DO SAL Urbana (ORU) de PoENTREGÁVEL 02 | RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DA EXECUÇÃO DO PLANEAMENTO MUNICIPAL

ABRIL DE 2019

92