Extraído de: [http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2005/03/12/002.htm]

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Walter Gropius e a

No mesmo ano em que a recém fundada República alemã assinava o humilhante Tratado de Versalhes, assinado em Paris em 1919, o movimento modernista germânico dava um importante passo para a consagração internacionalmente. Naquela ocasião, em sintonia com uma época inaugurada por revoluções, golpes e tumultos de toda ordem que se estenderam pelos anos vinte, um reduzido grupo formado por profissionais das mas variadas atividades artísticas e técnicas, liderado pelo o arquiteto lançou na cidade de , a Atenas da Alemanha, o Manifesto da Bauhaus , em abril de 1919.

A ação de vanguarda deles iria provoca uma alteração duradoura na história da arquitetura e das artes plásticas em geral. Não era para menos visto que a ambição do movimento era “a nova construção do futuro.” Começava então uma das mais importantes transformações do século 20: a aliança entre a estética e a tecnologia, entre o artista e a indústria.

O sol e a bigorna

Desde tempos imemoriais artistas e artesãos ocupavam espaços distintos no universo das artes em geral. Os primeiros, os artistas, sempre se viram como um espécie de aristocracia das belas artes, os favoritos das musas, os eleitos de Apolo, o deus-Sol que tudo alumia, enquanto os artesão, humildes, tinham como inspirador a Hefesto, o deus corcunda da forja que, infeliz, malhava o ferro incandescente na bigorna numa oficina nos subterrâneos da Terra, suando por todos os poros em meio às labaredas e às ferramentas ardentes. Walter Gropius (1883- 1969) Um dos primeiros propósitos da fundação da Bauhaus, em abril de 1919, foi a superação desse estigma histórico-corporativo pela educação do artista-artesão, alguém tão hábil com as mãos como enfronhado na concepção mais elevada da arte, um ser capaz de conceber um objeto qualquer, esteticamente relevante, e, ao mesmo tempo, hábil em executá-lo em conjunto com os demais colegas da construção. Fazer, enfim, com que o belo Sol de Apolo entrasse em harmonia com a fornalha do torto Hefesto. Ou ainda, metaforicamente, promover a simbiose da estética cosmopolita de Goethe com o aço alemão dos Krupp.

Para levar tal concepção à prática, Walter Gropius, então jovem arquiteto promissor, transferindo-se de Berlim para Weimar, determinou a junção das duas escolas que lá existiam: a Escola de Artes e Ofícios (a Kunstgewerbeschule) e a Escola de Belas Artes (a bildende Kunst): que vieram a formar a célebre Staatliches Bauhaus, ou simplesmente Escola da Bauhaus, instalada no edifício de Van der Velde.

A formação do artista-artesão

Apesar das proposta modernista da Escola, o processo de admissão dos pretendentes ainda respeitava uma liturgia comum às antigas corporações de ofício da Alemanha medieval. O candidato, após submeter-se a uma série de exigentes provas, terminava sendo avaliado pelo Conselho de Mestres, dando início então à sua formação que o conduzira, em círculos concêntricos, a obtenção do diploma de Mestre da Bauhaus.

A estética ideológica do primeiro momento da escola, o Período de Weimar, entre 1919- 1923, estava marcada pelo Expressionismo (*) e pelo lirismo de uma sociedade libertária identificada, ainda que à distância, com a Revolução Bolchevique de 1917 e com o Levante Espartaquista de janeiro de 1919, no qual sucumbiram Rosa Luxemburgo e Karl Liebcknecht, líderes da organização extremista.

Num primeiro momento do processo de aprendizagem, tendo como objetivo a derrubada da “parede de arrogância” que separava o artista do artesão, os alunos-aprendizes passavam pela fase do contanto direto com os elementos do mundo material, botânico e zoológico, como uma iniciação à sensibilização. A escola propunha-se a r