Resenha de Política Exterior do Brasil

número 117, 2° semestre de 2015

MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Coordenação-Geral de Documentação Diplomática

1 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

RESENHA DE POLÍTICA EXTERIOR DO BRASIL Coordenação-Geral de Documentação Diplomática

Número 117, 2° semestre de 2015 – Ano 41, ISNN 01012428

© 2015 Todos os direitos reservados. A reprodução ou tradução de qualquer parte desta publicação será permitida com a prévia permissão do Editor.

A Resenha de Política Exterior do Brasil é uma publicação semestral do Ministério das Relações Exteriores, organizada e editada pelo Coordenação-Geral de Documentação Diplomática (CDO) do Departamento de Comunicações e Documentação (DCD).

- Ministro de Estado das Relações Exteriores

Embaixador Mauro Luiz Iecker Vieira

- Secretário-Geral das Relações Exteriores

Embaixador Sérgio França Danese

- Subsecretário-Geral do Serviço Exterior

Embaixadora Maria-Theresa Lazaro

- Diretor do Departamento de Comunicações e Documentação

Ministro João Pedro Corrêa Costa

- Coordenação-Geral de Documentação Diplomática

Conselheiro Pedro Frederico de Figueiredo Garcia

Resenha de Política Exterior do Brasil / Ministério das Relações Exteriores, Departamento de Comunicações e Documentação : Coordenação-Geral de Documentação Diplomática. – Ano 1, n. 1 (jun. 1974)-. – Brasília : Ministério das Relações Exteriores, 1974 - .

360p.

ISSN 01012428

Semestral.

1.Brasil – Relações Exteriores – Periódico. I.Brasil. Ministério das Relações Exteriores.

CDU 327(81)(05)

Departamento de Comunicações e Documentação

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 2

SUMÁRIO

DISCURSOS 22

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, , POR OCASIÃO DA CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL. (BRASÍLIA/DF, 14/07/2015) 22

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DO ALMOÇO DE CHANCELERES PRESENTES À REUNIÃO DO CONSELHO MERCADO COMUM. (BRASÍLIA/DF, 16/07/2015) 27

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA ABERTURA DO V CONCURSO PARA DIPLOMATAS AFRICANOS. (BRASÍLIA, 10/08/2015) 29

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 70 ANOS DOS INSTITUTO RIO BRANCO ( BRASÍLIA, 11/08/2015) 33

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA CERIMÔNIA DE FORMATURA DA TURMA ‘PAULO KOL’ (2013-15) DO INSTITUTO RIO BRANCO. (BRASÍLIA 12/08/2015) 39

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA REUNIÃO DA COMISSÃO DE ASSUNTOS POLÍTICOS DO PARLATINO. ( BRASÍLIS/DF 19/08/2015) 47

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA POSSE DE NOVOS SUBSECRETÁRIOS-GERAIS, DO NOVO DIRETOR DA ABC E DE NOVOS CHEFES DE DEPARTAMENTO. ( BRASÍLIA/DF, 26/08/2015) 54

3 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCUROS DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA IMPOSIÇÃO DA INSÍGNIA DA ORDEM DO RIO BRANCO À CORVETA BARROSO. (BEIRUTE/LÍBANO, 15/09/2015) 58

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DO DEBATE ABERTO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS: “ SOLUÇÃO DE CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO E NORTE DA ÁFRICA E COMBATE À AMEAÇA TERRORISTA NA REGIÃO” (NOVA YORK/EUA, 30/09/2015) 60

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES,MAURO VIEIRA, NO SEMINÁRIO SOBRE AS PERSPECTIVAS E MELHORES PRÁTICAS DAS ATIVIDADES DE PROMOÇÃO COMERCIAL E DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, POR OCAISÃO DOS 50 ANOS DO DPR. (BRASÍLIA/DF, 14/10/2015) 63

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA SOLENIDADE EM HOENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE 70 ANOS DAS NAÇÕES UNIDAS. (BRASÍLIA/DF, 29/10/2015) 67

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DE ALMOÇO OFERECIDO EM HOMENAGEM AO SENHOR PAOLO GENTILONI, MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DA REPÚBLICA IATLIANA.(BRASÍLIA/DF, 05/11/2015) 71

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DO ALMOÇO EM HOMENAGEM A SUAS ALTEZAS IMPERIAIS, PRÍNCIPE E PRINCESA AKISHINO DO JAPÃO.(BRASÍLIA/DF, 06/11/2015) 74

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA PLENÁRIA DA IV CÚPULA AMÉRICA DO SUL - PAÍSES ÁRABES (ASPA). (RIADE/ARÁBIA SAUDITA, 11/11/2015) 76

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 4

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA ABERTURA DO SEMINÁRIO “40 ANOS DO RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA PELO BRASIL” (BRASÍLIA/DF, 13/11/2015) 81

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA CERIMÔNIA DE FINAL DE ANO NO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES. (BRASÍLIA/DF, 9/12/2015) 84

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA SESSÃO DE ABERTURA DA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA OMC. ( NAIRÓBI/QUÉNIA, 16/12/2015) 91

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA REUNIÃO MINISTERIAL DA CÚPULA DO MERCOSUL. (ASSUNÇÃO/PARAGUAI, 20/12/2015) 93

ATOS INTERNACIONAIS EM VIGOR 98

COMUNICADOS, NOTAS, MENSAGENS E INFORMAÇÕES 108

RESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES ENTRE CUBA E OS EUA 1/07/2015 108

POSIÇÃO DO BRASIL SOBRE A RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A SITUAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS NA SÍRIA 02/07/2015 108

VISITA DA MINISTRA DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS DA AUSTRÁLIA, JULIE BISHOP 03/07/2015 109

ADOÇÃO DA RESOLUÇÃO SOBRE A INCOMPATIBILIDADE ENTRE DEMOCRAICA E RACISMO 03/07/2015 110

NOTA DE ESCLARECIMENTO 07/07/2015 110

5 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

40° ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DE CABO VERDE 07/07/2015 112

PARTICIPAÇÃO DA PRSIDENTA DA REPÚBLICA NA VII CÚPULA DO BRICS – UFÁ, RÚSSIA, 8 E 9 DE JULHO DE 2015 07/07/2015 112

AGRÉMENT AO EMBAIXADOS DO BRASIL NO URUGUAI 08/07/2015 113

VIAGEM DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA À ITÁLIA – ROMA E MILÃO, 10 E 11 DE JULHO DE 2015 09/07/2015 113

VII CÚPULA DO BRICS – DECLARAÇÃO DE UFÁ, RÚSSIA, 9 DE JULHO DE 2015 09/07/2015 114

VII CÚPULA DO BRICS – PLANO DE AÇÃO – UFÁ, RÚSSIA, 9 DE JULHO DE 2015 09/07/2015 144

LANÇAMENTO, NO EXTERIOR, DO PASSAPORTE BRASILEIRO COM VALIDADE DE ATÉ 10 ANOS 10/07/2015 148

REUNIÃO DOS DIREITOS – GERAIS SOBRE ASSUNTOS DAS NAÇÕES UNIDAS DO G-4 – DECLARAÇÃO CONJUNTA 10/07/2015 149

ATENTADO CONTRA O CUNSULADO DA ITÁIA NO CAIRO 11/07/2015 149

ATENTADO NO CHADE 11/07/2015 149

ANIVERSÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE SÃO TOMÉ PRÍNCIPE 12/07/2015 150

ACORDO POLÍTICO LÍBIO 14/07/2015 150

ACORDO SOBRE O PROGRAMA NUCLEAR IRANIANO 14/07/2015 151

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 6

VISITA DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTRIORES DO PARAGUAI, ELADIO LOIZAGA – BRASÍLIA,15 DE JOLHO DE 2015 151

REUNIÃO ENTRE BOLÍVIA, BRASIL, EQUADOR E PERU PARA PROMOVER A MIGRAÇÃO SEGURA NA AMÉRICA DO SUL – COMNICADO CONJUNTO 14/07/2015 152

XLVIII CÚPULA DOS CHEFES DE ESTADO DO MERCOSUL E ESTADOS ASSOCIADOS E XLVIII REUNIÃO DO MERCADO COMUM – BRASÍLIA, 16 E 17 DE JULHO DE 2015 15/07/2015 153

REUNIÃO DE TRABALHO ENTRE A PRESIDENTA E A PRESIDENTA DA REPÚBLICA ANRGENTINA, CRISTINA FERNÁNDEZ DE KIRCHNER – BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 2015 17/07/2015 154

COMUNICADO CONJUNTO DOS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL E ESTADOS ASSOCIADOS – BRAÍSLIA, 17 DE JULHO DE 2015 17/07/2015 154

DECLARAÇÃO SOCIOLABORAL DO MERCOSUL DE 2015 – I REUNIÃO NEGOCIADORA – BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 2015 17/07/2015 165

DECLARAÇÃO ESPECIAL SOBRE EXPLORAÇÃO DE HIDROCARBONETOS NA PLATAFORMA CONTINENTAL ARGENTINA NAS PROXIMIDADES DAS ILHAS MALVINAS – BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 2015 17/07/2015 180

DECLARAÇÃO COMO CIDADÃO ILUSTRE DO MERCOSUL DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL JOÃO GOULART – BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 2015 17/07/2015 181

COMUNICADO CONJUNTO DAS PRESIDENTAS E DOS PRESIDENTES DOS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL – BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 2015 18/07/2015 182

ATENTADO NO IRAQUE 18/07/2015 192

7 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ATENTADO NA TURQUIA 20/07/2015 192

ELEIÇÕES NO HAITI 20/07/2015 192

VIAGEM DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES A CINGAPURA, TIMOR-LESTE, VIETNÃ E JAPÃO-22 A 29 DE JULHO DE 2015 21/07/2015 193

COMUNICADO MINISTERIAL BRASIL-PERU – LIMA, 21 DE JULHO DE 2015 21/07/2015 194

VISITA AO BRASIL DO SECRETÁRIO ESPECIAL PARA AMÉRICA LATINA E ASSUNTOS CONSULARES, PASSAPORTE E VISTOS DA ÍNDIA – COMUNICADO CONJUNTO – BRASÍLIA,20 E 21 DE JLHO DE 2015 21/07/2015 195

NOTA DE ESCLARECIMENTO 21/07/2015 196

SITUAÇÃO DO BRASILEIRO ISLAM HAMED 24/07/2015 196

ATENTADO NA SOMÁLIA 27/07/2015 197

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NOS FILIPINAS 27/07/2015 197

VIAGEM DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES AO JAPÃO – 28 E 29 DE JULHO DE 2015 27/07/2015 198

ATENTADOS NO CAMEROUN 27/07/2015 198

SITUAÇÃO NA PALESTINA E EM ISRAEL 03/08/2015 198

NOTA SOBRE OS 70 ANOS DO BOMBARDEIO NUCLEAR DE HIROSHIMA 06/08/2015 199

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 8

ABERTURA DO MERCADO DE MYANMAR PARA CARNES BOVINA E DE AVES 07/08/2015 199

PRIMEIRO TURNO DAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS NO HAITI 10/08/2015 199

ATENTADOS NO IRAQUE 10/08/2015 200

VIII REUNIÃO DO GRUPO DE TRABALHO INTERMINISTERIAL SOBRE A AGENDA PARA O DESENVOLVIMENTO PÓS-2015 – BRASÍLIA, 14 DE AGOSTO DE 2015 11/08/2015 200

ATENTADO NA NIGÉRIA 12/08/2015 201

SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU 12/08/2015 201

ATENTADO NA TAILÂNDIA 17/08/2015 202

VISITA DA CHANCELER DA REPÚBLICA FEDERAL DA ALEMANHA, ANGELA MERKEL – BRASÍLIA, 19 E 20 DE AGOSTO 2015 19/08/2015 202

COMUNICADO CONJUNTO POR OCASIÃO DAS PRIMEIRAS CONSULTAS INTERGOVERNAMENTAIS DE ALTO NÍVEL BRASIL-ALEMANHA – BRASÍLIA, 20 DE AGOSTO DE 2015 20/08/2015 203

DECLARAÇÃO CONJUNTA BRASIL-ALEMANHA SOBRE MUDANÇA DA CLIMA – BRASÍLIA, 20 DE AGOSTO DE 2015 20/08/2015 210

INSTRUMENTOS ADOTADOS POR OCASIÃO DAS CONSULTAS DE ALTO NÍVEL BRASIL-ALEMANHA – BRASÍLIA, 20 DE AGOSTO DE 2015 20/08/2015 215

9 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ALMOÇO DE TRABALHO DO SECRETÁRIO-GERAL COM OS EMBAIXADORES DA ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES DO SUDOESTE ASIÁTICO (ASEAN) 25/08/2015 215

VISITA DO MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES E CULTO DA ARGENTINA, HÉCTOR TIMERMAN, AO BRASIL - BRASÍLIA 27 DE AGOSTO DE 2015 26/08/2015 216

VISITA DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES A REPÚBLOCA DEMOCRÁTICA DO COGO, CAMEROUN, CABO VERDE E SENEGAL – 29 DE AGOSTO A 2 DE SETEMBRO DE 2015 27/08/2015 216

PASSAGEM DA TEMPESTADE TROPICAL “ERIKA” POR DOMINICA 30/08/2015 218

NOTA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF LAMENTA FALECIMENTO DO GENERAL JOSÉ LUIZ JABORANDY JÚNIOR 31/08/2015 218

ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM AS ILHAS COOK 01/09/2015 219

VISITA DOS MINISTROS DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL E DA ARGENTINA À COLÔMBIA – BOGOTÁ, 4 DE SETEMBRO DE 2015 04/09/2015 220

ATENTADOS NO CAMEROUN 04/09/2015 220

COMUNICADO CONJUNTO ARGENTINA, BRASIL E VENEZUELA – CARACAS, 5 DE SETEMBRO DE 2015 220

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA TANZÂNIA, EM SEYCHELLES E EM COMORES 08/09/2015 221

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 10

VISITA DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, AO IRÃ E AO LÍBANO – 13 A 16 DE SETEMBRO DE 2015 11/09/2015 221

VISITA DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA À RÚSSIA – 14-16 DE SETEMBRO DE 2015 11/09/2015 222

VISITA DO VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA À POLÔNIA – 16-17 DE SETEMBRO DE 2015 11/09/2015 223

ACIDENTE NA GRANDE MESQUITA DE MECA 12/09/2015 223

ASSALTO AO PALÁCIO PRESIDENCIAL EM UAGADUGU 16/09/2015 224

ANÚNCIO DE REUNIÃO COLÔMBIA-VENEZUELA 17/09/2015 224

TERREMOTO NO CHILE 17/09/2015 224

CERIMÔNIA DE ASSINATURA DE ATOS ENTRE BRASIL E MONGÓLIA – BRASÍLIA, 21 DE SETEMBRO DE 2015 21/09/2015 224

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NO MARROCOS 21/09/2015 225

VISITA DO MINISTRO MAURO VIEIRA AO PARAGUAI – ASSUNÇÃO, 22 DE SETEMBRO DE 2015 21/09/2015 225

42ª REUNIÃO DA COMISSÃO MISTA BRASIL-ALEMANHA DE COOPERAÇÃO ECONÔMICA – JOINVILLE, 22 DE SETEMBRO DE 2015 22/09/2015 226

ACIDENTE EM MECA 24/09/2015 226

11 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

PROCESSO DE PAZ NA COLÔMBIA 24/09/2015 227

VISITA DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF A NOVA YORK POR OCASIÃO DA CÚPULA DAS NAÇÕES UNIDSA SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL2015 E DA 70ª ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS – NOVA YORK, 25 A 28 DE SETEMBRO DE 2015 26/09/2015 227

REUNIÃO DOS LÍDERES DOS PAÍSES DO G-4 – BRASIL, ALEMANHA, ÍNDIA E JAPÃO – SOBRE A REFORMA DO CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS – COMUNICADO CONJUNTO 26/09/2015 228

REUNIÃO DOS MINISTROS DAS RELAÇÕES EXTERIORES DOS BRICS – NOVA YORK, 29 DE SETEMBRO DE 2015 29/09/2015 230

MEMORANDO DE ENTENDIMENTO PARA O ESTABELECIMENTO DE COOPERAÇÃO E CONSULTAS POLÍTICAS ENTRE O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL E A LIGA DOS ESTADOS ÁRABES – NOVA YORK, 30 DE SETEMBRO DE 2015 30/09/2015 232

ESTUDO SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS BRASIL-UEMOA (UNIÃO ECONÔMICA E MONETÁRIA DO OESTE AFRICANO) 01/10/2015 233

VISITA DE ESTADO DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA À COLÔMBIA – ADIAMENTO 02/10/2015 234

DESLIZAMENTO DE TERRA NA GUATEMALA 05/10/2015 234

PARCERIA ENTRE BRASIL ACNUR PARA CONCESSÃO DE VISTOS A PESSOAS AFETADAS PELO CONFLITO NA SÍRIA 05/10/2015 235

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL EM CINGAPURA 06/10/2015 236

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 12

ELEIÇÃO DA DRA. THELMA KRUG PARA VICE-PRESITENTE DO PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDAMÇA DO CLIMA (IPCC) 07/10/2015 236

VISITA DE ESTADO DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF À COLÔMBIA – BOGOTÁ, 9 DE OUTUBRO DE 2015 08/10/2015 237

PRÊMIO NOBEL DA PAZ AO QUARTETO DO DIÁLOGO NACIONAL TUNISIANO 09/10/2015 237

SITUAÇÃO NA PALESTINA E EM ISRAEL 09/10/2015 238

EXPLOSÕES NA TURQUIA 10/10/2015 238

POSSE DO NOVO GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU 15/10/2015 239

VIAGEM DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA À SUÉCIA E À FINLANLÂNDIA – 18 A 20 DE OUTUBRO DE 2015 16/10/2015 239

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA COREIA 16/10/2015 240

CONTENCIOSO NA OMC ENTRE BRASIL E INDONÉSIA SOBRE MEDIDAS RESTRITIVAS ÀS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE FRANGO – PEDIDO DE ESTABELECIMENTO DE PAINEL 16/10/2015 240

NOVO PLANO DE AÇÃO DA PERCERIA ESTRATÉGICA BRASIL-SUÉCIA – ESTOCOLMO, 19 DE OUTUBRO DE 2015 19/10/2015 241

PASSAGEM DO TUFÃO KOPPU PELAS FILIPINAS 20/10/2015 245

CAMPANHA “TURN THE WORLD UM BLUE” 22/10/2015 245

13 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DIA DAS NAÇÕES UNIDAS 23/10/2015 246

VISITA AO BRASIL DO SECRETÁRIO-GERAL DA COMUNIDADE DO CARIBE (CARICOM), EMBAIXADOR IRWIN LAROCQUE – BRASÍLIA, 26 DE OUTUBRO DE 2015 23/10/2015 246

ELEIÇÕES NO HAITI 26/10/2015 246

XVI REUNIÃO DE COOPERAÇÃO CONSULAR E JURÍDICA BRASIL- ESTADOS UNIDOS 26/10/2015 248

TERREMOTO NO AFEGANISTÃO E NO PAQUISTÃO 26/10/2015 248

VISITA DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES À ARGÉLIA – ARGEL, 28 DE OUTUBRO DE 2015 27/10/2015 249

VISITA DA DIRETORA EXECUTIVA DO INSTITUTO INTERNACIONAL DA LÍNGUA PORTUGUESA AO BRASIL 27/10/2015 249

COMUNICADO CONJUNTO POR OCASIÃO DA VIAGEM À ARGÈLIA DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, EMBAIXADOR MAURO VIEIRA ARGEL, 28 DE OUTUBRO DE 2015 28/10/2015 250

VISITA AO BRASIL DE SUAS ALTEZAS IMPERIAIS DO JAPÃO, PRÍNCEPE E PRINCESA AKISHINO 28/10/2015 253

REFORMA DO CONSELHO DE SEGURANÇA: DESIGNAÇÃO DE FACILITADORA DAS NEGOCIAÇÕES 28/10/2015 254

DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE O PROGRAMA DE TRABALHO BRASIL- ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE) 2016-17 03/11/2015 254

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 14

VISITA DO MINISTRO DOS NÉGOCIOS ESTRANGEIROS DA ALBÂNIA, DITMIR BUSHATI – BRASÍLIA, 4 A 6 DE NOVEMBRO DE 2015 03/11/2015 256

VISITA DO MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DA ITÁLIA – SÃO PAULO E BRASÍLIA, 3 A 6 DE NOVEMBRO DE 2015 04/11/2015 256

BRASIL APROVA NA ONU RESOLUÇÃO DE COMBATE À CORRUPÇÃO 06/11/2015 257

IV CÚPULA AMÉRICA DO SUL-PAÍSES ÁRABES (ASPA) – RIADE, 9 A 11 DE NOVEMBRO 06/11/2015 258

NOTA DE PESAR SOBRE O FALECIMENTO DO EMBAIXADOR SEBASTIÃO DO RÊGO BARROS NETTO 09/11/2015 259

VISITA AO BRASIL DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ANGOLA – BRASÍLIA, 12 E 13 DE NOVEMBRO DE 2015 11/11/2015 259

ATENTADO EM BEIRUTE 13/11/2015 260

BRASIL E MOÇAMBIQUE COMPLETAM 40 ANOS DO ESTABELECIMENTO DE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS 13/11/2015 260

PRIMEIRA REUNIÃO PARA AMPLIAÇÃO DO ACORDO DE COMPLEMENTAÇÃO ECONÔMICA Nº 53 BRASIL-MÉXICO 13/11/2015 261

VISITA AO BRASIL DE SUA ALTEZA RELA O PRÍNCEPE HERDEIRO DA NORUEGA – BRASÍLIA, 16 DE NOVEMBRO DE 2015 13/11/2015 262

15 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

X CÚPULA DO G20 – ANTÁLIA, TURQUIA, 15 E 16 DE NOVEMBRO DE 2015 13/11/2015 263

ATENTADOS EM PARIS 13/11/2015 264

ATENTADOS EM PARIS – INFORMAÇÕES AOS BRASILEIROS [PROTUGUÉS] 14/11/2015 264

REUNIÃO DOS MANDATÁRIOS DO BRICS À MARGEM DA CÚPULA DO G20 – ANTÁLIA, TURQUIA, 15 DE NOVEMBRO DE 2015 15/11/2015 265

MEMORANDO DE ENTENDIMENTO ENTRE A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O REINO DA NORUEGA SOBRE TRANSPORTE MARÍTIMO 16/11/2015 268

VIAGEM DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES À ÍNDIA – NOVA DÉLHI, 18 E19 DE NOVEMBRO DE 2015 17/11/2015 271

ATAQUE AO VOO METROJET 9268 17/11/2015 271

COMUNICADO DOS MANDATÁRIOS DO G20 – CÚPULA DE ANTÁLIA, 15-16 DE NOVEMBRO DE 2015 18/11/2015 272

ATENTADO NA NIGÉRIA 18/11/2015 287

ELEIÇÃO DA JUÍZA BRASILEIRA MARTHA HALFELD AO TRIBUNAL DE APELAÇÕES DAS NAÇÕES UNIDAS 19/11/2015 287

ASSALTO A HOTEL NO MALI 20/11/2015 287

ATENTADOS NO IÊMEN 20/11/2015 288

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 16

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA REPÚBLICA DOMINICANA 20/11/2015 288

DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA – SEGUNDA CONFERÊNCIA GLOBAL DE ALTO NÍVEL SOBRE SEGURANÇA NO TRÂNSITO – BRASÍLIA, 18-19 DE NOVEMBRO DE 2015 20/11/2015 288

VISITA DO MINISTRO DOS NÉGOCIOS ESTRANGEIROS E DO DESENVOLVIMENTO INTERNACIONAL DA FRANÇA, LAURENT FABIUS – BRASÍLIA, 220 DE NOVEMBRO DE 2015 21/11/2015 297

DECLARAÇÃO DE RIADE – IV CÚPULA AMÉRICA DO SUL-PAÍSES ÁRABES (ASPA) – RIADE, 10 E 11 DE NOVEMBRO DE 2015 24/11/2015 298

TRATADO ENTRE A SUÍÇA E A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL SOBRE A TRANFERÊNCIA DAS PESSOAS CONDENADAS – BRASÍLIA, 23 DE NOVEMBRO DE 2015 24/11/2015 318

VIAGEM DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES A CUBA – HAVANA, 25 DE NOVEMBRO DE 2015 24/11/2015 326

ACORDO DE COOPERAÇÃO E FACILITAÇÃO DE INVESTIMENTOS ENTRE O BRASIL E O CHILE – , 23 DE NOVEMBRO DE 2015 24/1/2015 327

RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE COMBATE AO AUTODENOMINADO “ESTADO ISLÂMICO” 24/11/2016 352

ATENTADO CONTRA A GUARDA PRESIDENCIAL NA TUNÍSIA 25/11/2015 353

ATENTADO NO EGITO 25/11/2015 353

17 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ELEIÇÃO DE JUIZ BRASILEIRO PARA PRESIDÊNCIA DA CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 26/11/2015 353

DIA INTERNACIONAL DE SOLIDARIEDADE COM O POVO PALESTINO 26/11/2015 354

VIAGEM DA SENHORA PRESIDENTA DA REPÚBLICA A PARIS – REUNIÃO DE COORDENAÇÃO COM A IMPRENSA 27/11/2015 355

VIAGEM DA PRESIDENTA DA REPÚBLICA A PARIS PARA O EVENTO DE LÍDERES DA 21ª CONFERÊNCIA DAS PARTES DA CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES INUDAS SOBRE MUDANÇA DO CLIMA (COP21) – PARIS, 30 DE NOVEMBRO DE 2015 27/11/2015 355

ASSASSINATO DE LUIS MANUEL DÍAZ 27/11/2015 355

ATENTADO DA NIGÉRIA 27/11/2015 356

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA REPÚBLICA DA COSTA RICA 01/12/2015 356

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 6 DE DEZEMBRO PRÓXIMO NA VENEZUELA 03/12/2015 356

ADESÃO DO BRASIL À “CONVENÇÃO DA APOSTILA” 03/11/2015 357

VISITA DO PRESIDENTE ELEITO DA REPÚBLICA ARGENTINA, MAURICIO MACRI, AO BRASIL – BRASÍLIA, 4 DE DEZENBRO DE 2015 03/12/2015 359

CONFERÊNCIA REGIONAL DA AMÉRICA LATINA E DO CARIBE DA DÉCADA INTERNACIONAL DOS AFRODESCENDENTES (2015-2024) 359

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 18

REUNIÃO DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF COM O PRESIDENTE ELEITO DA ARGENTINA, MAURICIO MACRI 04/12/2015 360

NOTA DE ESCLARECIMENTO 04/12/2015 360

CONFERÊNCIA REGIONAL DA DÉCADA INTERNACIONAL DE AFRODEDCENDENTES – DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA 05/12/2015 361

ELEIÇÕES NA VENEZUELA 07/12/2015 366

PROPOSTA INOVADORA SOBRE MACANISMOS COOPERATIVOS SUBMETIDA CONJUNTAMENTE POR BRASIL E UNIÃO EUROPEIA 08/12/2015 366

REUNIÃO DE TRABALHO BRASIL-URUGUAI – BRASÍLIA, 9 DE DEZEMBRO DE 2015 08/12/2015 367

CONCESSÃO DE AGRÉMNT AO EMBAIXADOR DO BRASIL REPÚBLICA DA CROÁCIA 10/12/2015 368

PARTICIPAÇÃO DO MINISTRO DAS RELÇÕES EXTERIORES NA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA OMC 15/12/2015 368

ATENTADO CONTRA A EMBAIXADA DA ESPANHA NO AFEGANISTÃO 13/12/2015 368

ACIDENTE DE ÔNIBUS NA ARGENTINA 14/12/2015 368

APROVAÇÃO DO ACORDO DE PARIS 14/12/2015 368

PARTICIPAÇÃO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES NA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA OMC – NAIRÓBI, 15 A 18 DE DEZEMBRO DE 2015 15/12/2015 369 19 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DA ARGENTINA NO BRASIL 15/12/2015 370

ASSINATURA DO ACORDO POLÍTICO LÍBIO 18/12/2015 370

CÚPULA DE CHEFES DE ESTADO DO MERCOSUL E ESTADOS ASSOCIADOS E XLIX REUNIÃO DO CONSELHO DO MERCADO COMUM – ASSINÇÃO, 20 E 21 DE DEZEMBRO DE 2015 18/12/2015 370

RESULTADO DA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO – NAIRÓBI, 15 A 18 DE DEZEMBRO DE 2015 19/12/2015 371

NEGOCIAÇÃO BRASIL-MÉXICO PARA AMPLIAÇÃO E APROFUNDAMENTO DO ACE-53 –TROCA DE LISTAS DE PEDIDOS RECÍPROCOS 19/12/2015 373

DESLIZAMENTO DE TERRA EM SHENZHEN, CHINA 21/12/2015 373

PASSAGEM DO TUFÃO MELOR PELAS FILIPINAS 22/12/2015 374

INCÊNDIO NO MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA 22/12/2015 374

ADOÇÃO PELO CONCELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS DA RESOLUÇÃO 2254 SOBRE A SÍRIA 22/12/2015 375

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA REPÚBLICA DA ESTÔNIA 24/12/2015 376

APRESENTAÇÃO DO NOCO PAQUISTÃO E APOIO BRASILEIRO AO DIÁLOGO PAQUISTÃO-ÍNDIA 29/12/2015 376

CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL NA UCRÂNIA 30/12/2015 376

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 20

ESTABELECIMENTO DA COMUNIDADE ECONÔMICA DA ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES DO SUDOESTE ASIÁTICO 31/12/2015 376

ARTIGOS 378

O MELHOR CAMINHO PARA A PAZ (FOLHA DE S. PAULO, 27/09/2015) 378

BRAZIL: CUTTING EMISSIONS BY FIGHTING DEFORESTATION (THE JAPAN TIMES – OCT 5TH, 2015) [INGLÊS] 380

ENTREVISTAS 383

O BRICS SE EMPENHA NA PROMOÇÃO DA REFORMA DO FMI E DO BANCO MUNDIAL (SPUTNIK NEWS 08/07/2015) 383

ÍNDICE REMISSIVO 388

21 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSOS

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA CÚPULA SOCIAL DO MERCOSUL (BRASÍLIA/DF, 14/07/2015)

Senhor Ministro de Estado Chefe da com os setores organizados da Secretaria Geral da Presidência da sociedade civil. República, meu amigo Miguel Rossetto, Esse entusiasmo demonstrado por Minha estimada amiga Nilma Gomes, nossas sociedades nos encoraja a Ministra Chefe da Secretaria de continuar trabalhando cada vez mais Políticas de Promoção da Igualdade para aprofundar o MERCOSUL em Racial, todas as duas dimensões. Senhores representantes da sociedade Nosso bloco completa, em 2015, 24 civil, Clariana Cunha, Antonio Alberto anos como a mais abrangente iniciativa Jara e Nalu Faria, de integração latino-americana.

Gostaria, primeiramente, de saudar Hoje o MERCOSUL é um componente todos os participantes da Cúpula Social relevante das próprias estratégias de e registrar minha alegria em recebê-los desenvolvimento de nossos países. aqui em Brasília. Valorizamos o comércio, mas também A presença de tantos representantes da a cidadania, a cultura, a educação, o sociedade civil é um eloquente desenvolvimento sustentável e o testemunho da vitalidade e do combate à exclusão social. A própria dinamismo do projeto de integração Cúpula Social é prova disso. para o qual trabalhamos no Ao longo da última década, o MERCOSUL. MERCOSUL se desenvolveu em A primeira edição da Cúpula foi ambiente extremamente favorável à realizada aqui mesmo em Brasília, em integração. Ao lado das tratativas na 2006. Quase uma década depois, esse área econômico-comercial, adquiriram encontro de representantes da grande importância ações orientadas sociedade civil tornou-se parte de para o aprofundamento da integração nossa agenda de eventos, o que traduz em seus aspectos social e de cidadania, a importância que os governos de que resultaram em melhorias palpáveis nossa região atribuem à interlocução para as pessoas.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 22

Os avanços do MERCOSUL O PEAS contempla, nos dez eixos em acompanharam movimentos de que se estrutura, diretrizes e objetivos integração mais abrangentes na voltados para a erradicação da miséria, América do Sul e na América Latina. da fome e do analfabetismo, além da A criação da UNASUL e da CELAC universalização dos serviços de saúde refletiu uma visão compartilhada da pública no âmbito do MERCOSUL. importância da integração para o desenvolvimento econômico e social dos países da região. Representou, Suas metas são mais ambiciosas do ainda, a inversão da lógica de que aquelas estipuladas nos Objetivos desconfiança que historicamente nos de Desenvolvimento do Milênio. Aliás, separou. temos de nos orgulhar de sermos vistos como referência no alcance da maior parte desses objetivos, especialmente o A sociedade civil organizada teve um mais relevante deles: o combate à papel central nessas transformações. miséria. Ao mesmo tempo em que se beneficiou das normas que institucionalizaram sua participação Os avanços da América do Sul na nos processos decisórios do redução da pobreza são hoje MERCOSUL, passou a ter voz mundialmente reconhecidos. No determinante na definição de rumos da Brasil, a Presidenta Dilma Rousseff integração regional. Quanto mais estabeleceu, em 2011, o Plano “Brasil inclusivo for o nosso processo sem Miséria”, que permitiu a milhões decisório, maior será a legitimidade e o de brasileiros superar a pobreza alcance do MERCOSUL. extrema. Como já assinalou a Presidenta em diferentes oportunidades, é possível, e Senhoras e Senhores, indispensável, crescer com inclusão social.

Em 2010, durante a Presidência Pro Tempore brasileira, foram adotados o Já o Plano de Ação do Estatuto de Plano Estratégico de Ação Social Cidadania estabelece uma série de (PEAS) e o Plano de Ação do Estatuto projetos e iniciativas que permitirão, da Cidadania. até o 30º aniversário do MERCOSUL, em 2021, a consolidação de um conjunto de direitos e garantias para as populações de nossos Estados.

23 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Na atual Presidência brasileira, Juntamente com iniciativas em passamos em revista, de maneira andamento que visam a promover os aprofundada, ambos os Planos. Esse direitos das mulheres e dos povos trabalho de revisão e atualização tem indígenas, o novo foro permitirá de ser constante e confio que seguirá aprofundar as políticas públicas nas Presidências que nos sucedem. existentes na região, assegurando a inclusão plena – social, cultural, econômica e política – de todos os Pudemos registrar progressos segmentos da população. significativos em vários temas, como circulação de pessoas, trabalho e emprego, educação, saúde, combate às Caros participantes da Cúpula Social, desigualdades sociais, segurança alimentar, agricultura familiar, cultura, entre outras. Vou mencionar apenas Na área de agricultura familiar, alguns. logramos avanços em questões como o registro da agricultura familiar, políticas para a juventude rural e a A Declaração Sociolaboral, redigida aplicação de políticas de igualdade de em estreita colaboração com gênero à agricultura familiar, entre representantes dos trabalhadores, será outras. assinada pelos Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL no próximo dia 17. Ela contribuirá decisivamente para A valorização da agricultura familiar, garantir condições de trabalho por meio de políticas de compras satisfatórias em nossa região. públicas e de financiamento, é fundamental para o fortalecimento do setor agrícola em nossos países e para Foi lançado o Plano Estratégico do conciliar crescimento econômico e MERCOSUL de Emprego e Trabalho sustentabilidade ambiental. decente, que marca o compromisso dos Estados Partes em promover o trabalho decente e preservar empregos. Os pequenos e médios agricultores têm papel crucial na promoção da Deverá ser aprovada, nos próximos segurança alimentar e na geração de dias, a criação da Reunião de renda em nossos países. Autoridades sobre os Direitos dos Afrodescendentes, reflexo do Nossa reunião periódica sobre o tema é compromisso assumido por nossos um exemplo de como a participação Estados frente àqueles cidadãos que social pode contribuir para os trabalhos ainda sofrem discriminação racial e no MERCOSUL. exclusão.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 24

Não descuidamos tampouco de nosso A Cúpula Social tornou-se, desde patrimônio cultural conjunto. No 2012, durante a Presidência Pro último dia 30 de junho, a Ponte Barão Tempore Brasileira, parte da estrutura de Mauá, entre Jaguarão, no Rio do MERCOSUL. Grande do Sul, e Rio Branco, no Uruguai, foi certificada como Patrimônio Cultural do MERCOSUL. Pudemos, a partir disso, dar acolhida à expectativa dos movimentos e organizações sociais de um Trata-se do primeiro bem a receber engajamento mais ativo no esse título e simbolicamente nos MERCOSUL, franqueando-lhes acesso recorda que um dos grandes propósitos a todas as informações referentes às do MERCOSUL é estabelecer uma normas do bloco e organizando um infraestrutura física que aproxime registro comum, em base voluntária, nossos povos e países. desses movimentos e grupos.

Todos esses êxitos se refletem em A instituição da Unidade de Apoio à benefícios diretos para nossas Participação Social (UPS), que tomou populações e ajudam a constituir, no forma em 2010, contribuiu para seio do MERCOSUL, laços cada vez incrementar a participação social nas mais fortes de comunidade. atividades do bloco, inclusive viabilizando financeiramente o envio de delegações à Cúpula Social. Nossa intenção e nosso propósito é o de que nossos cidadãos criem verdadeiros vínculos de identidade Estamos refletindo de maneira com o bloco e passem a se perceber permanente sobre meios que fomentem também como cidadãos do a participação, na Cúpula Social, dos MERCOSUL. movimentos e entidades interessados em envolver-se nos debates sobre o processo de integração. O incentivo à participação social e o esforço para institucionalizar os mecanismos de diálogo com a sociedade civil vêm ao encontro desse objetivo.

Senhoras e senhores,

25 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

A conjuntura que permitiu os grandes avanços na última década modificou- se. A crise financeira mundial apresenta importantes desafios para desenvolvermos novas iniciativas. Mas o patrimônio que acumulamos no MERCOSUL, na UNASUL e na CELAC constitui um marco da integração regional que não permitirá retrocessos.

As conquistas sociais do MERCOSUL que mencionei não são mais apenas dos Estados. Elas formam uma plataforma de direitos e garantias que representam o cimento da integração. E é com base nessa realidade que vamos enfrentar os desafios que se colocam diante de nós.

Nessa linha, tomo emprestadas as palavras do Dr. Florisvaldo Fier, Alto Representante-Geral do MERCOSUL: a resposta aos desafios com que nos temos deparado no presente só pode ser “mais MERCOSUL”.

Como proclama o lema desta Cúpula Social, é preciso avançar em todos os aspectos da integração. E nossa finalidade primordial tem de ser a ampliação de direitos e a promoção de engajamento cada vez maior de nossas sociedades.

Muito obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 26

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO Nos últimos anos, a América do Sul VIEIRA, POR OCASIÃO DO tem se consolidado como região de ALMOÇO DE CHANCELERES paz, democracia e desenvolvimento PRESENTES À REUNIÃO DO econômico com inclusão social. CONSELHO MERCADO COMUM. (BRASÍLIA/DF, Somos hoje reconhecidos no mundo 16/07/2015) por sermos uma região livre de conflitos militares e de armas de Colegas Chanceleres, destruição em massa. Temos de nos orgulhar dos grandes avanços no combate à pobreza e na determinação Sejam todos muito bem-vindos a em superar quaisquer diferenças de Brasília. Quero saudar muito maneira pacífica. especialmente os Ministros e representantes dos nossos Estados Associados, que acabam de se juntar a O Governo da Presidenta Dilma nós e com os quais compartilharemos Rousseff está profundamente nossa agenda de trabalho nesta tarde. comprometido com a manutenção e a ampliação dessas conquistas.

É um enorme prazer ver reunidos, sob o teto da Casa de Rio Branco, os Nosso compromisso decorre, Chanceleres e demais representantes sobretudo, do reconhecimento de que de todos os países da América do Sul. estamos destinados a ter um futuro em comum, haja vista nossos laços históricos e amplas fronteiras. Nosso Esse é um dos aspectos mais notáveis desenvolvimento será em muito do MERCOSUL: reunir todos os facilitado e potencializado pelo países de nosso continente, entre comércio, pelo diálogo político e pela Estados Partes e Estados Associados, aproximação de nossas sociedades. para debater o futuro de nossa integração. Essa proximidade e esse diálogo franco são conquistas Caras amigas, caros amigos, históricas ainda recentes que devemos valorizar e proteger.

27 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

O compromisso do Brasil com sua Senhores Ministros, caros colegas, região reflete, ademais, uma incontornável realidade humana. As comunidades de brasileiros nos países Permitam-me convidá-los a erguer um vizinhos são cada vez mais brinde aos indivíduos que encarnam significativas. Temos também a essa identidade coletiva sul-americana. felicidade de sermos escolhidos como novo lar por grande número de Brindemos aos nossos cidadãos; às imigrantes de nossa região. mulheres e homens que, com sua visão e capacidade de liderança, trabalharam Estabelecem-se, assim, vínculos para que estivéssemos aqui hoje pessoais, culturais e econômicos de celebrando as conquistas do âmbito regional com implicações MERCOSUL e da região. É uma muito concretas para milhões de grande alegria recebê-los em Brasília. pessoas. Afirmar que somos uma “família de nações” ou celebrar nossa Muito obrigado. “fraternidade” tem sentido cada vez mais real, além do simbólico.

Foi com esses ideais que avançamos em importantes temas na reunião de hoje pela manhã, entre os Estados Partes do MERCOSUL. E estou seguro de que avançaremos ainda mais durante as reuniões de hoje e amanhã, bem como na próxima Presidência “Pro Tempore”, que caberá ao Paraguai.

Acreditamos que a integração regional fortalece a capacidade dos nossos Estados de moldar as relações internacionais de modo favorável aos interesses de todos nós. Não podemos deixar de colocar nosso patrimônio regional de paz e estabilidade a serviço de um mundo cada vez mais conturbado e cheio de desafios.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 28

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA ABERTURA DO V CURSO PARA DIPLOMATAS AFRICANOS. (BRASÍLIA, 10/08/2015)

É com satisfação que presido esta exemplo, há um aumento expressivo cerimônia de abertura da quinta edição no número de publicações sobre temas do Curso para Diplomatas Africanos, africanos. Na década de 1980, nas de que participam representantes de nove principais universidades doze países. Em nome da Presidenta brasileiras, foram apresentadas apenas Dilma Rousseff e do Governo 20 teses e dissertações sobre a África. brasileiro, dou-lhes as boas-vindas, em Já na primeira década deste século, especial àqueles que nos visitam. 337 teses e dissertações sobre o continente africano foram defendidas Este curso visa a aproximar ainda mais nessas mesmas universidades. Esse o Brasil e os países africanos, mediante fenômeno reflete um saudável ânimo o aprofundamento do conhecimento de encontro do Brasil com sua própria mútuo e a troca de experiências. O história. avanço na compreensão recíproca entre nossos governos e sociedades é A política externa brasileira não só essencial para tornar ainda mais participa desse movimento, mas substantiva e produtiva a cooperação também esteve em sua origem, já que, que mantemos e queremos ampliar em há décadas, entende e nutre nossas benefício de brasileiros e africanos. relações com os países africanos. Na última década, esse impulso ficou Senhoras e Senhores, ainda mais evidente. Em seu segundo mandato, a Presidenta Dilma Rousseff As relações com África constituem tem sinalizado de forma clara a interesse estratégico do Brasil. Nosso Governo e nossa sociedade valorizam prioridade que atribui ao continente cada vez mais nossas raízes africanas e africano. E é com determinação que, como Ministro das Relações se interessam cada vez mais pela Exteriores, tenho buscado ativamente África. Quase 52% dos brasileiros executar essa diretriz. identificam ali suas raízes mais O aspecto geoestratégico também é profundas, o que torna o Brasil o país essencial para compreender a visão com a maior população de afrodescendentes fora da África. brasileira da África. É cada vez mais difundida entre nós a percepção do A valorização da vertente africana de continente como parte da nossa nossa identidade nacional traduz-se vizinhança. Vemos com clareza que, se numa busca de maior conhecimento da a oeste compartilhamos uma fronteira África. No âmbito acadêmico, por terrestre com os vizinhos sul- 29 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

americanos, a leste estamos ligados aos Relações Exteriores do Togo, Robert vizinhos africanos pela fronteira Dussey. O primeiro almoço que ofereci marítima. a Embaixadores estrangeiros em Brasília foi justamente ao Grupo A isso se somam interesses e valores Africano, em março. No mesmo mês, de natureza diversa, inclusive a realizei minha primeira viagem à preservação da paz e da segurança em África como Chanceler, ocasião em nosso entorno, o que faz do Atlântico que visitei Gana, São Tomé e Príncipe, Sul importante fator de aproximação Moçambique e Angola. Em breve, com a África. receberei o Chanceler do Egito, Sameh O empenho do Brasil em elevar as Shoukry e, no final deste mês, darei relações com o continente africano a início a minha segunda viagem ao continente. um novo patamar reflete, igualmente, a percepção sobre as grandes Temos também buscado contribuir transformações políticas e econômicas para a paz e a estabilidade na África, em curso no continente. seja pela participação em algumas das principais missões de paz no Essas considerações ajudam a explicar continente, seja pela cooperação com e dar sentido ao dinamismo de nossas relações com a África nos últimos os países específicos. Por exemplo, anos. colaboramos atualmente na capacitação naval de Cabo Verde, São A rede diplomática brasileira Tomé e Angola em matéria de combate expandiu-se de maneira muito à pirataria marítima. importante. Contamos hoje com 37 O Brasil também tem aprofundado Embaixadas residentes na África. suas relações com vários organismos Aumentou também substancialmente o número de visitas oficiais ao regionais africanos, multiplicando as continente. Ampliou-se a cooperação possibilidades de coordenação em em áreas como tecnologia agrícola, torno de temas de interesse mútuo. saúde, segurança alimentar e A abertura da Embaixada do Brasil em programas sociais – para não falar nos Adis Abeba, sede da União Africana programas para diplomatas, como o (UA), em fevereiro de 2005, refletiu, que traz as senhoras e os senhores a além do aspecto bilateral, o interesse Brasília no dia de hoje. Também do Brasil em acompanhar regularmente cresceram de modo significativo os as atividades daquela organização. A fluxos comerciais e dos investimentos Presidenta Dilma Rousseff participou, de empresas brasileiras na África. em maio de 2013, como convidada especial, da Cúpula do Jubileu da Já em minha gestão, recebi, em fevereiro passado, o Ministro das União Africana, em Adis Abeba.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 30

Nosso interesse na União Africana é paz e o desenvolvimento sustentável perfeitamente condizente com o apego para todos. que sempre demonstramos pela perspectiva regional nas relações Além do estreitamento das relações internacionais. Por exemplo, bilaterais com países e organismos defendemos a busca de soluções regionais africanos, a diplomacia africanas para os problemas africanos e brasileira tem trabalhado pelo a centralidade da União Africana e dos estabelecimento e reforço de demais organismos regionais e sub- instrumentos inter-regionais de diálogo regionais em matéria de paz e e cooperação entre os países sul- segurança, bem como no campo americanos e africanos. Bem o econômico. demonstram a Cúpula América do Sul- África (ASA), a Cúpula América do Também vemos a África como um Sul-Países Árabes (ASPA) e a Zona de importante ator e parceiro na tarefa de Paz e Cooperação do Atlântico Sul enfrentar os grandes desafios (ZOPACAS). internacionais e na construção de uma ordem global mais justa e multipolar. A ASA, por exemplo, é o único É indispensável garantir mais espaço e mecanismo a reunir periodicamente voz para a África, bem como para a líderes africanos e sul-americanos. América Latina, nos processos Constitui foro para o debate de decisórios internacionais. iniciativas conjuntas, em um processo de cooperação horizontal entre países Não surpreende, assim, que a que compartilham problemas e diplomacia brasileira tem buscado desafios comuns. assegurar maior concertação de posições entre o Brasil e seus Nos próximos anos, seguiremos interlocutores africanos em torno de empenhados em manter e ampliar questões relevantes da agenda essas iniciativas e projetos, já que a internacional, como as negociações África é e continuará a ser uma comerciais na OMC e a reforma das prioridade da política externa Nações Unidas. O Brasil mantém-se brasileira. Esta é minha mensagem firme e ativo defensor de uma central hoje, que peço transmitirem a representação adequada da África no seus Governos. Conselho de Segurança da ONU. Em Senhoras e Senhores, todos esses esforços, devemos almejar que o sistema internacional se dote de Faço votos de que aproveitem, ao foros, disciplinas e práticas mais máximo, as palestras, reuniões e visitas legítimos, representativos, eficazes e que terão nas próximas duas semanas efetivamente comprometidos com a aqui em Brasília e no . Tenho a certeza de que, ao final, 31 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

estarão mais estreitos os muitos laços que unem o Brasil e a África.

Muito obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 32

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM AOS 70 ANOS DOS INSTITUTO RIO BRANCO (BRASÍLIA, 11/08/2015)

Tenho a imensa honra de participar Amorim foi o primeiro Ministro de hoje da celebração dos 70 anos de Estado das Relações Exteriores egresso fundação do Instituto Rio Branco. do Instituto, e a ele se seguiriam Luiz Como todos os colegas aqui presentes, Felipe Lampreia, e tenho também o privilégio de ser ex- Machado. aluno deste Instituto, que é nosso Alguns se tornaram Ministros de primeiro contato com o Itamaraty, com diferentes pastas do Governo suas tradições, seus métodos, seus brasileiro, entre outras, da Fazenda, objetivos como instituição a serviço do Cultura, Indústria e Comércio, Defesa, País. Ciência e Tecnologia, Meio Ambiente, Assuntos Estratégicos, e Cidades. Este Instituto está imbuído do forte Outros alcançaram os postos mais altos sentido do serviço prestado ao Brasil, em organizações internacionais, como que o nome de Rio Branco, patrono de os Embaixadores João Clemente Baena nossa diplomacia e herói nacional, Soares na OEA, Rubens Ricupero na evoca. No Rio Branco se formam UNCTAD, José Mauricio Bustani na diplomatas, no sentido estrito da OPAQ, e Roberto Azevêdo na OMC. palavra: aqui se dá forma a um corpo coeso de servidores do Estado O Instituto Rio Branco foi e é também brasileiro, aptos a servir aos interesses a escola dos muitos que ocuparam a nacionais do Brasil no mundo, em Secretaria-Geral do Itamaraty, posto linha com as prioridades e orientações mais alto de exercício exclusivo por da nossa política externa. No diplomata de carreira. Este é o caso de cumprimento dessa tarefa, o Instituto nosso atual Secretário-Geral, o Rio Branco e o Itamaraty têm contado Embaixador Sergio Danese, do com o decidido apoio da Presidenta Embaixador Luiz Felipe de Seixas Dilma Rousseff, cujo Governo Corrêa e do Embaixador Samuel identifica na valorização e qualificação Pinheiro Guimarães, amigo muito das carreiras de Estado um instrumento próximo e ex-Ministro da Secretaria de indispensável ao desenvolvimento de Assuntos Estratégicos, que muito nos nosso País. honram com a sua presença. Todos eles têm em comum o fato de terem Pelos bancos do Instituto Rio Branco sido não só alunos, mas também, e por passaram importantes diplomatas, que muitos anos, professores do Instituto, deixaram sua marca dentro e fora do Itamaraty. O Embaixador Celso 33 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

envolvidos diretamente na tarefa nobre reforçar seu necessário e permanente de preparar gerações de diplomatas. aperfeiçoamento ao longo da carreira.

Tivemos também importantes O Instituto Rio Branco é a mais antiga intelectuais e escritores que foram Academia Diplomática das Américas e alunos do Instituto e deram relevante a terceira mais antiga do mundo. Antes contribuição à cultura de nosso País, do Instituto Rio Branco, só existiam as em diferentes domínios, como José academias diplomáticas do Vaticano e Guilherme Merquior, Sergio Paulo de Viena, o que diz muito do Rouanet, Alberto da Costa e Silva e descortino e pioneirismo que motivou Evaldo Cabral de Mello, entre tantos sua criação. outros. A inspiração original do Instituto é, em Todos engrandeceram o País, seja por suas linhas fundamentais, a mesma que sua atuação em prol de política ainda hoje o orienta. Quando externa, seja por sua produção artística estabelecido em 1945, pelo Presidente e intelectual. Enchem de orgulho a Getúlio Vargas, na gestão do Ministro todos nós, como diplomatas e como José Roberto de Macedo Soares, duas brasileiros. preocupações estavam presentes: a busca da excelência dos quadros e a Quero saudar o Diretor do Instituto Rio institucionalização da formação. Branco, Embaixador Gonçalo Mourão, e os ex-diretores aqui presentes, O Itamaraty estava convencido da Embaixadores Sergio Bath, Thereza necessidade de formar um quadro cada Quintella, João Almino, Fernando Reis vez mais profissional de funcionários e Georges Lamazière, bem como o de Estado do mais alto nível. Buscava- Embaixador André Amado, que não se também institucionalizar o pôde estar conosco hoje. Faço também recrutamento, a seleção, a formação, o uma menção muito especial ao treinamento e o aperfeiçoamento Embaixador Alfredo Teixeira contínuo dos diplomatas. Todas essas Valladão, Diretor do Instituto à minha ideias eram inovadoras à época e época e, depois, meu chefe em nossa inseriam-se no processo mais amplo de delegação junto à ALADI. Cada um a acelerada transformação por que seu modo deixou sua marca em nosso passava o Brasil. Instituto e contribuiu, com sua criatividade, dedicação e competência, O Instituto Rio Branco tornou-se, para o fortalecimento de nossa assim, a face visível da aspiração de diplomacia. Foram todos incansáveis modernização do Estado brasileiro. no esforço de aprimorar a formação Um Estado que deveria passar a operar inicial do diplomata brasileiro e de com funcionários públicos qualificados, que ascendem em virtude do mérito e dos serviços que prestam

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 34 ao País. O Instituto constituiu o passo exemplo em nosso país e no mundo e o inicial para democratizar o acesso à reconhecimento de nossa diplomacia carreira diplomática, ao estabelecer no Brasil e no exterior deve muito a concurso de provas como única forma ele. de ingresso. Ao longo do tempo, diversificou-se a base geográfica e Senhoras e senhores, social dos alunos, processo que tem se Com uma visão da centralidade de uma intensificado no período recente. diplomacia treinada e profissional para A criação do Instituto deve muito à a defesa adequada do interesse engenhosidade de diferentes nacional, logramos que, desde 1946, diplomatas, dos quais destacaria Jorge quando foi realizado o primeiro Latour, que elaborou a primeira concurso público do Instituto Rio proposta de criação do órgão, e Branco, todos os nossos diplomatas Hildebrando Accioly, seu primeiro ingressassem na carreira diretor. Eles souberam defender, com exclusivamente por esta forma de competência, a necessidade de uma avaliação do mérito e da competência. escola de formação e treinamento para Ao longo destes 70 anos, o Instituto uma atividade repleta de Rio Branco aprovou, nos 77 exames especificidades, como é a diplomacia. realizados até 2014, o ingresso dos Vislumbraram também a importância 2.185 diplomatas que formaram ou de que contássemos com um corpo de formam nossos quadros. diplomatas com origens diversas, mas coeso e ciente de seus deveres em O Instituto contribuiu, também, desde decorrência da formação comum 1976, para a formação de mais de 237 recebida nos bancos do Instituto. A diplomatas estrangeiros de 47 países primeira turma, integrada, entre outros, de todos os continentes, por meio de por Gilberto Chateaubriand, Paulo seu programa de bolsistas estrangeiros. Cabral de Melo, Celso de Souza e Saúdo as Embaixadoras e Silva e Paulo Padilha Vidal, já era um Embaixadores aqui presentes destes 47 reflexo disso. países. É um programa que estimula um primeiro contato com diplomatas Não tenho dúvidas de que o Rio estrangeiros, estreita relações com os Branco cumpriu e seguirá cumprindo, países de onde provêm aqueles alunos, com louvor, os objetivos originais de especialmente países em seus criadores. Tem prestado, ao longo desenvolvimento, e cria amizades e de tantas décadas, muitos serviços ao vínculos de toda uma carreira com o Brasil, porque já é parte da identidade Itamaraty. Muitos dos alunos do Itamaraty e de seu conjunto de estrangeiros do Instituto passaram a realizações em prol do País. O Instituto ocupar posições relevantes em seus Rio Branco é uma referência e um 35 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

respectivos países. Um exemplo é o aptidões dos Segundos-Secretários; o Embaixador do Mali no Brasil, segundo exige dos Conselheiros Cheickna Keita, que hoje nos honrará capacidade de pesquisa e reflexão com seu testemunho. criteriosa para a defesa e aprovação de uma tese, como etapa necessária à No seu Curso de Formação, o Instituto progressão funcional. assumiu uma vocação pragmática, como deve ser toda boa política Desde sua primeira edição em 1979, o externa. O currículo do Curso passou a Curso de Altos Estudos produziu mais abranger crescentemente aspectos de 690 teses, grande parte das quais ligados à prática diplomática. Além do foram publicadas pela Fundação ensino de idiomas, o Curso de Alexandre de Gusmão e postas à Formação abarca o estudo e o debate disposição do público. Desse modo o sobre amplo leque de temas da vida Instituto Rio Branco contribui também, política, social, econômica e cultural e de maneira significativa, para o do Brasil. A permanente atualização de debate público sobre a política externa conteúdos almeja precipuamente brasileira, questões internacionais e preparar nossos diplomatas para lidar temas institucionais de nossa com questões de crescente diplomacia. Fortalece, ainda, a complexidade. Hoje os principais interação do Ministério com o mundo temas afetos ao nosso desenvolvimento acadêmico e com as organizações da apresentam também uma faceta sociedade civil. internacional. O Instituto Rio Branco tem igualmente Dessa maneira, o principal objetivo do intensificado a cooperação curso é desenvolver a capacidade de institucional com entidades congêneres identificar os problemas e no exterior. Encontram-se em vigor oportunidades no relacionamento cerca de 55 entendimentos com externo do Brasil, para a definição de Academias Diplomáticas de países em estratégias que melhor promovam os todas as regiões e com países de todos interesses nacionais do País no os níveis de desenvolvimento. Saúdo exterior. os Diretores do Instituto do Serviço Exterior da Nação Argentina, Fiel a sua missão original de assegurar Embaixador Juan Valle Raleigh, e da a excelência do Itamaraty, o Instituto Academia Diplomática do Peru, Rio Branco ocupa-se também da Embaixador Allan Wagner, ex- formação contínua dos diplomatas por Chanceler e ex-Ministro da Defesa meio do Curso de Aperfeiçoamento de desta nação irmã. Suas presenças aqui Diplomatas (CAD) e do Curso de nos honram e agregam sentido e Altos Estudos (CAE). O primeiro simbolismo a esta cerimônia. atualiza conhecimentos e consolida

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 36

Senhoras e senhores, da ciência e da tecnologia, das grandes questões ambientais e energéticas, ao O Itamaraty e, com ele, o Instituto Rio lado de conhecimentos políticos e Branco, tem sempre procurado técnicas negociadoras tradicionais, são modernizar-se e responder às aspectos importantes dessa renovação. mudanças do mundo e da sociedade brasileira. Senhoras e senhores,

O sistema internacional tornou-se cada O Instituto Rio Branco tem buscado, vez mais complexo e plural. ao longo dos anos, aprimorar seu Intensificou-se a presença regional e sistema de admissão à Carreira de global do Brasil. Reforçou-se dentro Diplomata. Nesse esforço, têm sido do País a consciência do papel da adotadas medidas para aumentar a política externa como instrumento a diversidade étnica, geográfica e social serviço dos valores e interesses da dos candidatos à carreira. sociedade brasileira. O Concurso de Admissão ao Instituto A política externa da Presidenta Dilma Rio Branco é hoje realizado em todo o Rousseff tem, em sua orientação território nacional. Antes centralizado fundamental, o sentido permanente de na cidade do Rio de Janeiro, o auxiliar na promoção do Concurso foi estendido a todas as desenvolvimento nacional e o capitais dos Estados e ao Distrito horizonte reformista da ordem Federal. internacional. Nas palavras da Presidenta, “a política externa de um A ampliação da base geográfica do país é mais do que sua projeção na concurso provou ser importante cena internacional; ela é também um mecanismo de inclusão, facilitando o componente essencial de um projeto de ingresso de candidatos de todos as desenvolvimento”. regiões. Além da região Sudeste, de onde veio tradicionalmente o maior Impõem-se, assim, desafios contingente dos nossos quadros, importantes à Chancelaria, e o Instituto número crescente de diplomatas são Rio Branco tem sabido renovar-se, provenientes do Centro-Oeste, constituindo-se um instrumento Nordeste, Norte e Sul. indispensável para promover a atualização da formação e qualificação Temos avançado também em questões de nossos diplomatas. de gênero. A entrada de mulheres na carreira tem aumentado, e elas têm Um currículo voltado à práxis desempenhado papel cada vez mais diplomática, ao estudo de línguas e da importante em nosso Ministério, diversidade cultural, ao conhecimento ocupando inclusive importantes mais detido da diplomacia econômica, chefias no Brasil e no exterior. 37 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Buscamos fortalecer esse processo e desenvolvimento do Brasil e de nossa criar condições propícias para que as sociedade. mulheres possam progredir na carreira. O Instituto Rio Branco é, por isso, um Aspecto igualmente relevante do valioso patrimônio, a ser preservado e esforço do Instituto Rio Branco por fortalecido. Pelo que representa e pelo ampliar a diversidade dos quadros da balanço de seus resultados, ressalta, de diplomacia brasileira foi a decisão de modo eloquente, que a força da incentivar o aumento da presença de diplomacia brasileira radica, acima de afrodescendentes na carreira. Em 2002, tudo, em seu capital humano. foi criado o Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco – O desafio do Instituto reside – e isso é Bolsa Prêmio de Vocação para a um privilégio de poucas instituições – Diplomacia, pelo qual são concedidas, em permanecer à altura da reputação anualmente, mais de cinquenta bolsas que construiu ao longo de sua de estudo a afrodescendentes para que existência. Uma reputação de se preparem para o Concurso de excelência na qualificação, em sentido Admissão à Carreira de Diplomata. O amplo, dos quadros da diplomacia Programa distingue-se, entre outros brasileira. aspectos, por ser pioneiro na Assim como nestes primeiros 70 anos, Administração Pública Federal na esperamos todos que passamos por promoção da igualdade racial. O seus bancos que o Instituto Rio Branco Programa concedeu, até 2014, 594 continue a honrar sua trajetória e bolsas. permaneça fiel aos preceitos do seu Com todas estas medidas, o Itamaraty Patrono, o Barão do Rio Branco, na faz-se mais representativo do Brasil formação daqueles que terão, por para melhor representá-lo. ofício de vida, a defesa da pátria em todos os lugares do mundo. Senhoras e senhores, Muito obrigado. Ao comemorarmos, portanto, os primeiros 70 anos de vida do Instituto Rio Branco, estamos certos de que terá cumprido a sua função histórica de ser, na feliz expressão do Embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa, "o fator distintivo de nossa diplomacia". Confirmou-se como modelo de administração e meritocracia, ao mesmo tempo em que sua história acompanhou o próprio

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 38

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA CERIMÔNIA DE FORMATURA DA TURMA ‘PAULO KOL’ (2013-15) DO INSTITUTO RIO BRANCO. (BRASÍLIA 12/08/2015)

É uma grande honra para o Itamaraty É, portanto, com o pano-de-fundo do voltar a receber a Senhora Presidenta significado institucional e histórico da República para esta cerimônia de desta cerimônia, que parabenizo as formatura de mais uma turma do formandas, os formandos e suas Instituto Rio Branco. famílias. Em 1975, há 40 anos, eu mesmo tive o privilégio de participar Este evento é uma importante tradição de cerimônia semelhante com os de nossa Casa. É, também, uma colegas de minha turma. Todos oportunidade para refletirmos sobre o sabemos das dificuldades e dos presente e o futuro de nossa política desafios que se apresentarão ao longo externa. da carreira que ora se inicia para vocês, mas sabemos também que o futuro lhes O momento é ainda mais especial por reserva a oportunidade e a honra de celebrarmos o septuagésimo aniversário do Instituto Rio Branco, servir ao Brasil. Serão guiados pelo que, desde sua criação, ajuda a exemplo de homem público, assegurar o profissionalismo de nosso negociador hábil e servidor incansável que o Barão do Rio Branco nos legou. Ministério. É lá que começamos a adquirir as competências técnicas indispensáveis ao exercício de nossa profissão e à defesa dos interesses de Senhoras e senhores, nosso País no exterior. É lá onde se lançam as bases do prestígio Há 52 anos, também numa cerimônia internacional do Itamaraty. como esta, San Tiago Dantas afirmou que “desenvolver-se é, sempre, O Instituto representou uma etapa emancipar-se”. Emancipar-se não importante no processo de apenas externamente, mas modernização do Estado brasileiro, também internamente, por meio de assentada na meritocracia, na formação uma “sociedade aberta, com profissional contínua e no sentido de oportunidades equivalentes para todos dever para com a sociedade brasileira. e uma distribuição social da renda apta O ideal de uma carreira de Estado a assegurar níveis satisfatórios de preparada para a defesa dos interesses igualdade”. do País ainda nos move e dá o sentido de missão inerente aos diplomatas A articulação entre as dimensões brasileiros. interna e externa, entre desenvolver-se

39 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

internamente e projetar-se decisórios internacionais relevantes externamente, constitui um dos para a sociedade brasileira. Este fundamentos de toda política externa elemento de nossa política reveste-se comprometida com a sociedade a que de importância crescente à medida que deve servir. Um país determinado a as agendas interna e externa promover o pleno desenvolvimento relacionam-se de modo cada vez mais social, econômico, político e cultural profundo. de seus cidadãos estará mais apto a afirmar-se no mundo. As recentes visitas de Vossa Excelência, Senhora Presidenta, ao Mais inclusão interna significa maior México, aos Estados Unidos, à projeção externa. Bélgica, ao Panamá e à Rússia, bem como as visitas agendadas Esta verdade é especialmente evidente proximamente para a Colômbia, no Brasil de hoje. Não é coincidência Suécia, Japão e Vietnam, para citar que, ao haver-nos tornado um país apenas alguns exemplos, demonstram mais inclusivo, aumentamos nossa seu envolvimento direto e pessoal na capacidade de influenciar a ordem tarefa de dar concretude e visibilidade internacional, refletindo melhor, assim, a uma política externa que é, cada vez os valores e interesses do Brasil. A mais, um fator do desenvolvimento do política externa, como as demais País. políticas públicas, deve servir, antes e mais que tudo, ao desenvolvimento Uma política externa assim concebida integral do Brasil e de seu povo. deve saber nutrir-se do inédito interesse pelos assuntos internacionais Com base nessa orientação que se observa nos mais distintos fundamental que recebo da Senhora setores da sociedade brasileira. Deve Presidenta Dilma Rousseff, tenho apoiar-se efetivamente numa procurado imprimir um viés diplomacia pública e envolver uma eminentemente pragmático à ação do variada gama de atores: o Congresso Itamaraty, com o objetivo de obter Nacional, os diversos órgãos de resultados significativos e perceptíveis Governo, a sociedade civil, o setor para o País, na forma de mais produtivo e os entes federados. comércio, mais investimentos, mais tecnologia. Buscamos oportunidades e É a ligação profunda entre nação e parcerias fundadas no melhor interesse diplomacia que permite que a voz do nacional, sem exclusivismos, sem Brasil seja escutada e respeitada e, dogmatismos. assim, influencie o tratamento dos principais temas da agenda O Itamaraty tem trabalhado também internacional. É a conexão com a por manter e ampliar a capacidade do sociedade que torna possível a tarefa Brasil de influenciar processos

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 40 de garantir ao Brasil um lugar no e na prosperidade compartilhada, mundo condizente com sua exigem de nós a capacidade de importância. articular e propor uma visão de futuro tão abrangente quanto possível. Nesse contexto, é natural que nossa política externa seja de índole Na visão de futuro que propomos, a reformista. Do mesmo modo que, ordem internacional deve fundar-se no internamente, o Brasil avançou na binômio paz e desenvolvimento, com superação de desigualdades, pleno respeito aos direitos humanos. externamente, o País não aceita uma Cabe aqui a imagem do binômio ordem internacional ainda marcada por porque ambos os conceitos – paz e resquícios do passado, que não reflete desenvolvimento – são adequadamente o peso dos países interdependentes e se reforçam emergentes. mutuamente. Não há paz verdadeira em meio à exclusão, assim como a O Brasil, por exemplo, tem a quinta superação da exclusão é grandemente maior população, o quinto maior facilitada por um ambiente de paz. território e a sétima maior economia do planeta. Tem uma população e uma Todo e qualquer sistema internacional cultura diversificadas. Dispõe de que se pretenda estável e funcional grandes reservas de recursos naturais. deve contribuir para o Tem atuação destacada nos vários desenvolvimento sustentável dos foros multilaterais, como a ONU e a países. Isso implica, antes de tudo, Organização Mundial do Comércio. reformar foros e estabelecer marcos Somos parte de agrupamentos políticos legais e estruturas institucionais que dotados de capacidade de reformar a apoiem ativamente os esforços governança global, como o BRICS, nacionais de desenvolvimento. IBAS, o BASIC, o G-4 e os G-20 econômico-financeiro e comercial. Nesse contexto, a erradicação da Somos um tradicional e importante pobreza em escala mundial deve ser o contribuinte de tropas para operações principal objetivo da comunidade de manutenção da paz e o país que, ao internacional nos próximos anos, a lado do Japão, mais vezes foi eleito tarefa central a cumprir-se no âmbito membro não-permanente do Conselho da Agenda de Desenvolvimento Pós- de Segurança. 2015.

Nosso compromisso com o futuro exige especial cuidado com o meio Senhoras e senhores, ambiente, como demonstramos na Rio+20 e voltaremos a fazê-lo na Nossas demandas por uma ordem Conferência de Paris sobre Mudança internacional inclusiva, fundada na paz 41 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

do Clima, em dezembro. Devemos sustentam que a resposta à violência é todos contribuir para a superação do mais violência, que as causas dos desafio – que a todos se impõe – de problemas políticos podem ser promover a prosperidade atual com enfrentadas por meio da força. crescimento econômico, inclusão social e respeito ao meio ambiente. É Nesse cenário, o acordo sobre o indispensável fazê-lo com equidade, programa nuclear do Irã e a retomada reconhecendo a desigualdade dos das relações diplomáticas entre Cuba e níveis de desenvolvimento entre os os Estados Unidos fortalecem nossas países. No caso da mudança do clima, esperanças na revalorização do diálogo o princípio de responsabilidades e da diplomacia. O Governo brasileiro, comuns porém diferenciadas é que tem defendido há anos a via da absolutamente indispensável. negociação em ambos os casos, saudou as lideranças que tiveram a coragem O segundo elemento daquele binômio política e a determinação para apostar – a paz – exige atenção permanente, no entendimento. especialmente num quadrante da história em que se agravam conflitos, A prevalência dos direitos humanos – crises, injustiças e violações dos econômicos, sociais, políticos e direitos humanos, frequentemente culturais - é, a um só tempo, condição alimentados pela pobreza, pela e consequência do desenvolvimento e fragilidade das instituições estatais, por da paz. É, portanto, parte constitutiva extremismos de toda ordem e por ódios da visão de futuro que o Brasil propõe étnicos e religiosos. São alimentados para a ordem internacional. também pela grande dificuldade da Outra característica essencial da ordem comunidade internacional de coadjuvar que queremos é o multilateralismo. eficazmente esforços de paz e Este se assenta na multipolaridade em entendimento político, no que tenho gestação, mas vai além, pois deve chamado de "déficit de diplomacia" no gerar instâncias decisórias mundo. internacionais condizentes com a Não deixa de impressionar que, a realidade geopolítica e os imperativos despeito de desdobramentos éticos próprios de nossa era. promissores recentes, ainda persista Assim, é cada vez mais urgente uma uma atitude de desvalorização da reforma que torne mais representativa negociação, de banalização do uso da e eficaz a Organização das Nações força e de recurso fácil a sanções, com Unidas, que completa, em 2015, 70 resultados muitas vezes desastrosos. anos. Seu Conselho de Segurança, cuja Num desafio aberto às lições da composição atual não tem mais história recente, vozes influentes em cabimento no século XXI, deve passar círculos decisórios mundo afora ainda por mudanças em sua estrutura, para

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 42 que possa lidar de maneira mais efetiva os mecanismos de construção de com os principais desafios consensos políticos e solução pacífica relacionados à paz e à segurança de diferenças. Bem o demonstra a internacionais. Como a Senhora UNASUL, que é um importante Presidenta Dilma Rousseff tem instrumento para o encaminhamento reiterado nos discursos de abertura da pacífico de problemas políticos no Assembleia Geral da ONU, o Brasil é continente. reconhecidamente um ator que pode contribuir para os trabalhos de um Nossa parte do mundo é também, e Conselho de Segurança expandido e cada vez mais, um espaço de renovado, com legitimidade reforçada desenvolvimento sustentável e pela presença de novos atores. integração, de que é exemplo o MERCOSUL. Em nossa região, é clara A reforma das instituições de a convicção de que todos temos muito governança econômico-financeira a ganhar se unirmos forças. também é premente. A crise econômica internacional é um alerta No plano extra-regional, estamos para a necessidade de que os países em dedicados a diversificar, ainda mais, desenvolvimento tenham maior peso nossas parcerias. Demos novo ímpeto no processo decisório, inclusive ao universalismo característico da porque esses países têm dado política externa e que faz do Brasil um importante contribuição para a dos poucos países do mundo que se retomada do crescimento mundial. pode orgulhar de manter relações com todos os Estados-membros das Nações A recente constituição do Novo Banco Unidas. de Desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas do BRICS, por exemplo, é uma demonstração Senhoras e senhores, clara de que nossa visão de futuro é plenamente realizável. O Itamaraty é uma das mais respeitadas instituições do Estado O que propomos como visão de futuro brasileiro. Ao longo dos anos, a já nos guia na construção do presente, atuação de nossa diplomacia contribuiu a começar pela busca da paz. para a definição do território nacional, Em nossa região, temos uma longa para assegurar a paz em nosso tradição de convivência harmônica continente e para a promoção de nosso com nossos vizinhos, que não nos foi desenvolvimento socioeconômico. legada, e sim conquistada ao longo de Uma das atribuições fundamentais de muitos anos de atuação diplomática. nosso Ministério é defender o cidadão Nosso objetivo é fortalecer ainda mais brasileiro no exterior e promover

43 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

nossos interesses econômicos no plano Outra importante área de atuação do internacional. Ministério tem sido a diplomacia pública, em particular no que se refere No primeiro caso, trabalhamos à realização dos Jogos Olímpicos e constantemente para aumentar a Paralímpicos do Rio de Janeiro. eficiência e a qualidade de nossos Iniciamos intenso diálogo com a mídia serviços consulares, com foco na internacional, em que enfatizamos o defesa dos grupos mais vulneráveis e estágio avançado das obras e a na elaboração de normas internacionais qualidade do projeto dos Jogos como que assegurem os direitos indutor de desenvolvimento e de fundamentais dos migrantes. transformação urbana do Rio de No segundo caso, o Itamaraty tem Janeiro. atuado diligentemente para promover a exportação de bens e serviços brasileiros. Neste ano em que o nosso Caros colegas, Departamento de Promoção Comercial completa seu cinquentenário, é com Com o apoio da Senhora Presidenta da orgulho que avaliamos a longa e bem- República, tenho o compromisso de sucedida experiência do Ministério em seguir fortalecendo nosso Ministério, matéria de promoção comercial e para que disponha dos recursos atração de investimentos. São humanos e materiais indispensáveis ao atividades que geram empregos no cumprimento de suas atribuições. Brasil e ajudam a ampliar e a Tenho contado e seguirei contando, diversificar nossas exportações, em nessa tarefa, com o auxílio do conformidade com o propósito de uma Secretário-Geral, Embaixador Sérgio política externa efetivamente voltada Danese, que tem sido incansável no para o desenvolvimento do País. diálogo com os Ministérios pertinentes. Tem também dialogado Em linha com esse propósito, com a Casa no sentido de elevar a valorizamos a diplomacia econômica, eficiência dos gastos na Secretaria de com especial atenção às economias Estado e nos Postos, com prioridade dinâmicas em diferentes partes do para o atendimento ao cidadão mundo. Abrem-se perspectivas de brasileiro, a cooperação internacional, negociação de acordos comerciais e a difusão cultural, a promoção avança o estabelecimento de uma rede comercial, as atividades de política de acordos de cooperação e facilitação bilateral e a participação em de investimentos, instrumentos de negociações internacionais. nova geração concebidos e aperfeiçoados pelo Brasil. Continuaremos a modernizar nossa administração e a valorizar nosso principal ativo, os integrantes do

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 44

Serviço Exterior Brasileiro. Senhora Presidenta, caros formandos, Seguiremos envidando esforços para atualizar, permanentemente, nossos A turma que hoje conclui o curso de métodos de trabalho e processos formação é um reflexo de um novo decisórios. Seguiremos racionalizando Brasil e, portanto, de um novo e dando maior eficiência a nossos Itamaraty. Os 32 formandos são gastos, em meio ao esforço mais amplo originários de 15 Estados e concluíram que vem sendo realizado por todos os 11 cursos universitários diferentes, no setores do Governo brasileiro. campo das ciências humanas, exatas e Queremos também conferir maior biológicas. Essa diversidade de origens previsibilidade e estabilidade a nossa e de formação enriquece e renova gestão de recursos e de pessoal. nossa instituição.

Seguiremos atentos às principais O orador, Secretário João Lucas Ijino questões relativas à ascensão funcional Santana, tem uma trajetória e à qualificação profissional de nossos representativa de nossa nova realidade: funcionários e manteremos diálogo concluiu seu curso universitário no constante com todas as categorias do interior da Bahia, foi beneficiário do serviço exterior. Todos os que estão a Programa de Ação Afirmativa na serviço do Brasil aqui e no exterior, preparação para o concurso do muitas vezes enfrentando situações de Instituto Rio Branco, no qual foi adversidade e de sacrifício pessoal, aprovado com amplos méritos, e continuarão a contar com a atenção, o partirá em breve para cumprir missão apoio e o empenho das chefias da no Haiti, um dos países que mais Casa. simbolizam o esforço brasileiro em promover a paz e o desenvolvimento. A abertura ao diálogo é também uma exortação a que permaneçamos unidos Orgulhamo-nos muito deste novo em torno do interesse comum de Ministério, que é cada vez mais fortalecer o Ministério. É a união de representativo de nosso País. todos que nos permitirá atingir o Orgulhamo-nos da energia e objetivo comum de um Itamaraty mais disposição das novas gerações para vigoroso e eficaz na defesa dos enfrentar os desafios da carreira. interesses fundamentais do País no Tenho a confiança de que vocês, exterior. A coesão é componente diplomatas que agora se formam, essencial do cimento que faz do manterão esse ânimo ao longo de suas Itamaraty uma instituição sólida e carreiras e trabalharão pelo Brasil com respeitada. grande entusiasmo, como as gerações anteriores.

45 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Agradeço ao Embaixador Gonçalo futuro do Itamaraty e terão papel Mourão seu dedicado trabalho à frente importante na execução de uma do Instituto Rio Branco. política externa sempre voltada à defesa dos interesses de nosso País. Felicito também a turma pela escolha de seu patrono, o professor José Paulo O ex-Chanceler João Augusto de Tavares Kol, mestre que legou um Araújo Castro, cujo falecimento exemplo de profissionalismo e de amor completará, em breve, 40 anos, nos ao trabalho. Manifesto aos familiares e lembra que não podemos permitir-nos amigos do Professor Kol meus a apatia e a indiferença e que “em sinceros sentimentos por sua perda qualquer ordem mundial do futuro, o prematura. Brasil terá de reclamar o lugar que corresponde a suas imensas Congratulo os formandos também pela potencialidades”. escolha do Embaixador José Alfredo Graça Lima como paraninfo. Conheço- Acreditar no futuro do Brasil é o dever o há mais de três décadas e sou de todos nós diplomatas. Viver e testemunha e admirador de suas moldar esse futuro será um privilégio qualidades de grande diplomata, um de de vocês, jovens formandos. nossos expoentes no campo da diplomacia econômica e comercial. Não tenho dúvidas de que se dedicarão Como professor do Instituto Rio com afinco à empreitada, que é da vida Branco, deu também grande toda, de contribuir para que tenhamos contribuição para o treinamento das um País cada vez mais justo, próspero novas gerações de diplomatas e para a e respeitado entre as nações. compreensão dos desafios inerentes ao Agradeço, uma vez mais, à Senhora sistema multilateral de comércio e à Presidenta da República a honra que economia internacional. Os nos concedeu de presidir esta conhecimentos e a grande experiência cerimônia. do Embaixador Graça Lima nos inspiram neste momento em que Muito obrigado. buscamos incrementar a presença do Brasil no mundo.

Ao concluir, transmito à turma que agora se forma meus votos de felicidade pessoal e êxito nesta nova etapa.

Mantenham sua energia criativa e sua capacidade de inovar, inspirados por autêntico espírito público. Vocês são o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 46

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA REUNIÃO DA COMISSÃO DE ASSUNTOS POLÍTICOS DO PARLATINO (BRASÍLIA/DF 19/08/2015)

Senhoras e Senhores Parlamentares, Enquanto os mecanismos de integração regional à época estavam focados na Gostaria de agradecer a ambas as dimensão econômico-comercial da Casas do Congresso Nacional integração, como, por exemplo, a brasileiro e ao Parlamento Latino- ALALC (Associação Latino- Americano o convite para participar Americana da Livre Comércio), o desta reunião da Comissão de PARLATINO surgia como fator de Assuntos Políticos do PARLATINO. fortalecimento das dimensões política e social da integração latino- No convite que me foi dirigido, foi-me americana. solicitado selecionar um tema de grande relevância para as relações Essa visão precursora foi, anos depois, políticas da América Latina e Caribe. cristalizada no o artigo 4º da Constituição Federal brasileira de Gostaria de propor fazer, aqui, uma reflexão sobre o papel e a importância 1988, que determina que "a República de foros como este Parlamento para a Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e promoção do objetivo da integração cultural dos povos da América Latina, regional. visando à formação de uma Todo processo de integração deve, comunidade latino-americana de necessariamente, envolver a sociedade nações". como um todo e, de modo muito especial e intenso, os parlamentos Creio que o Poder Constituinte foi nacionais. muito feliz ao fazer referência à integração "econômica, política, social Criado em 1964, o PARLATINO está e cultural". O Brasil tem buscado entre os mais antigos parlamentos defender essa concepção regionais do mundo, ao lado do multidimensional da integração latino- Parlamento Europeu. Desde o início, o americana, que também passa pela PARLATINO esteve envolvido com os noção de que a integração regional não contextos políticos e sociais dos países depende apenas dos esforços dos que o compõem, desempenhando papel Poderes Executivos. pioneiro na defesa da democracia e da Nesse sentido, gostaria de felicitar o cooperação como pedras angulares do Congresso Nacional pela iniciativa de objetivo da integração latino- americana. sediar, na presente semana, reuniões de três Comissões do Parlatino. O Brasil

47 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

tem destacado histórico de atuação no exercer influência política em nenhum Parlatino, onde sempre esteve dos Estados limítrofes. O que representado por alguns de seus desejamos mui sincera e parlamentares mais respeitados e convencidamente é que todos eles importantes na história do País, como vivam em paz, prosperem e Ulysses Guimarães Nelson Carneiro, enriqueçam”. dentre tantos outros. Estou seguro de Com Rio Branco asseguramos a que poderemos continuar confiando na negociação pacífica dos 15 mil km de diligência e extremo comprometimento fronteiras do Brasil. O legado dessa cívico de nossos parlamentares para política se reflete nas décadas de paz seguir impulsionando a agenda da ininterrupta – 145 anos para ser exato integração no Parlatino. – entre o Brasil e cada um de seus dez vizinhos. Temos aprofundado nossa relação com a América do Sul e posso dizer que Senhoras e Senhores Parlamentares, nunca, em nossa história, tivemos Não há, na América Latina e o no relações tão próximas com todos os Caribe, aspiração histórica tão nossos vizinhos. Poucas nações com recorrentemente invocada quanto à grande número de países limítrofes integração regional. como o Brasil tiveram o dom e a capacidade de construir uma rede de Na defesa da integração, destacam-se relações cooperativas e amistosas em grandes personagens da independência seu entorno, no qual palavras como e da união da América espanhola, ameaça, confronto ou guerra não como Bolívar, San Martín, Miranda, fazem parte do vocabulário O´Higgins. No Brasil, construiu-se a diplomático. concepção de um relacionamento com Senhoras e Senhores Parlamentares, os vizinhos fundado em sinceros valores da paz e do desenvolvimento Chegamos ao século 21 com avanços mutuamente benéfico. inequívocos na construção da integração da América Latina e do Em 1905, o Barão do Rio Branco, Caribe. patrono da diplomacia brasileira, expedia as seguintes instruções para Gostaria de mencionar alguns um de nossos diplomatas, que exercia desenvolvimentos recentes que dizem suas funções em dos países vizinhos: respeito à integração latino-americana (cito) “o Brasil é e quer ser amigo e aos nossos organismos regionais, [desse país], quaisquer que sejam os com destaque para o MERCOSUL, a homens que o governem. Não há União de Nações Sul-Americanas conflito de interesses entre os dois (UNASUL) e a Comunidade dos países. Não temos a pretensão de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 48

Estados Latino-Americanos e renovar por mais dez anos o Fundo Caribenhos (CELAC). para Convergência Estrutural do MERCOSUL, o FOCEM, que tem Embora com metas, abrangência e permitido a implementação de projetos instrumentos distintos, esses três voltados para o desenvolvimento dos mecanismos compartilham com o países de nossa região. Parlatino o objetivo de promover um ambiente regional de paz e cooperação Ao longo de pouco mais de duas e de aproximar as sociedades latino- décadas de existência, o MERCOSUL americanas e caribenhas. desenvolveu diversos mecanismos para Estabelecido em 1991, o MERCOSUL ampliar a participação da sociedade no representa o mais abrangente e processo de integração. O Parlamento profundo mecanismo de integração do MERCOSUL – o Parlasul – é o regional já implementado na América mais emblemático deles. Mas podemos Latina. citar, ainda, a Cúpula Social do MERCOSUL, o Fórum Consultivo Hoje o bloco reúne, entre Estados- Econômico e Social, o Fórum membros e associados, todos os países Empresarial do MERCOSUL, entre do continente. Como membros plenos, vários outros mecanismos que vêm temos, além dos quatro fundadores, a contribuindo de maneira fundamental Venezuela e, tão logo ratificado o para a democratização e participação respectivo Protocolo de Adesão, a social do bloco. Bolívia. E é também no âmbito do Muito além da agenda econômico- MERCOSUL que vimos realizando comercial, o bloco compreende esforços de fomento do comércio iniciativas em áreas que vão da intrarregional cruciais para o infraestrutura às telecomunicações; da desenvolvimento de nossos países, ciência e tecnologia à educação; da particularmente no campo industrial. agricultura familiar ao meio ambiente; da cooperação fronteiriça ao combate O MERCOSUL é hoje o principal aos ilícitos transnacionais; das políticas destino dos produtos industrializados de gênero à promoção integral dos brasileiros. O fluxo de comércio dentro direitos humanos. do bloco cresceu doze vezes desde sua criação, em 1991, em ritmo bastante Há também a preocupação de enfrentar superior à expansão do comércio o tema das assimetrias entre os sócios. mundial. Isso ajuda a gerar mais e A expressão mais concreta dessa melhores empregos em nossa região. preocupação é a decisão tomada na Além disso, por meio de sua rede de última Cúpula do Mercosul, no mês de acordos regionais, o MERCOSUL julho passado em Brasília, para estabeleceu as bases para que a

49 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

América o Sul se torne, no máximo até América do Sul como espaço 2019, uma zona de livre comércio, o permanente de concertação política, de que representará a concretização de paz, de democracia e de integração em uma aspiração histórica dos países de setores estratégicos como defesa, nosso continente, que remonta a 1960, infraestrutura, combate mundial às quando começamos a pensar numa drogas, entre outros temas. América Latina unida pelo comércio, com a criação da Associação Latino- A UNASUL tem-se fortalecido, muito Americana de Livre Comércio, a particularmente, como instrumento de ALALC. governança da região, ajudando no Durante a última Cúpula do encaminhamento de soluções sul- MERCOSUL, sediada em Brasília, em americanas para problemas sul- 17 de julho, acordamos reforçar o americanos. Seu papel na promoção do diálogo entre o MERCOSUL e a diálogo interno na Bolívia e na Aliança do Pacífico, para que Venezuela é um claro exemplo da possamos ampliar ainda mais o importância da UNASUL como comércio na região. Avançamos no instância de construção de soluções e processo negociador com vistas a consensos em contextos de crises ou concluir um acordo entre o dificuldades políticas na região. MERCOSUL e a União Europeia. O Conselho de Defesa Sul-Americano Aprovamos uma série de decisões na tem cumprido com êxito seu objetivo área comercial, voltadas para o de consolidação da confiança e de fortalecimento da área de livre criação de uma identidade comum em comércio, para a atualização da União matéria de defesa na região. Uma de Aduaneira e para uma agenda suas recentes iniciativas foi o ambiciosa de relacionamento externo. estabelecimento, em 2014, da Escola Estamos retomando, com Sul-Americana de Defesa (ESUDE), determinação, uma agenda de atendendo a proposta apresentada em ampliação das preferências comerciais 2012 pelo então Ministro da Defesa entre nossos países, além de negociar brasileiro e ex-Chanceler, Celso novos temas, como facilitação de Amorim. Pela primeira vez, nossos comércio, investimentos e compras militares dispõem de um centro de públicas, o que dará mais formação e capacitação baseado em competitividade às nossas empresas e premissas e doutrinas exclusivamente estimulará maior integração produtiva. sul-americanas.

No âmbito da UNASUL, temos um O Conselho de Infraestrutura e mecanismo de integração mais amplo, Planejamento, herdeiro da IIRSA – composto por todos os 12 países sul- Iniciativa para a Integração Regional americanos. A UNASUL consolida a Sul-Americana, possui uma extensa

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 50 carteira de projetos estratégicos para a integração de infraestrutura de Com apenas três anos e meio de transporte, energia e telecomunicações. funcionamento, a CELAC já A implementação desses projetos desenvolve uma agenda ampla de contribuirá para que as economias da concertação política e de cooperação região experimentem um salto para o desenvolvimento. Também significativo de competitividade. funciona como um foro de projeção da identidade política latino-americana e Na área de saúde, o Brasil sedia, no caribenha no plano internacional – Rio de Janeiro, o ISAGS - Instituto consubstanciada no diálogo coletivo Sul-Americano de Governo em Saúde. com outras regiões, a exemplo do que O ISAGS promove o intercâmbio, a ocorre na Cúpula CELAC-União gestão do conhecimento e a geração de Europeia, herdeira das Cúpulas ALC- inovações no campo da política e da UE, e do novo Foro CELAC-China. governança em saúde. Há duas semanas, o Senado Federal aprovou o Como plataforma de cooperação e Acordo de Sede do ISAGS, compartilhamento de políticas completando o processo de aprovação públicas, a CELAC busca ampliar parlamentar do Acordo. Agradeço aos iniciativas desenvolvidas pelos Senadores o firme apoio que têm dado mecanismos sub-regionais de à integração regional. integração. Um bom exemplo é a cooperação em agricultura familiar na A conquista mais recente de nossa CELAC, que se baseia na extensa região foi a criação da Comunidade experiência da Reunião Especializada dos Estados Latino-Americanos e de Agricultura Familiar do Caribenhos (CELAC). Ela é produto MERCOSUL (REAF). Utiliza-se a do consenso entre os países da experiência sub-regional, mais América Latina e do Caribe quanto à circunscrita, em benefício da importância de uma atuação coletiva cooperação latino-americana e em favor da discussão e tratamento de caribenha como um todo. temas de seu interesse com enfoque fundado em visões próprias da região. A CELAC tem demonstrado, portanto, As origens da CELAC encontram-se uma grande utilidade no fortalecimento na iniciativa brasileira de convocar, em da solidariedade e da identidade 2008, na Costa do Sauípe, Bahia, a I política da América Latina e do CALC – Cúpula da América Latina e Caribe. Foi protagônico, por exemplo, do Caribe. Na ocasião, o Brasil teve a o papel que a América Latina e o honra de reunir, pela primeira vez na Caribe desempenharam, por meio história, o líderes dos 33 países da inclusive de sucessivas Declarações América Latina e Caribe para tratar da Políticas da CELAC, na condenação agenda regional. do embargo a Cuba, membro pleno de 51 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

nossa comunidade latino-americana. Senhoras e Senhores Parlamentares, Em 2012, tomamos a decisão coletiva de eleger Cuba como Presidente da Ao reiterar meu agradecimento pelo CELAC para o ano de 2013, emitindo convite para comparecer a esta sessão um sinal claro sobre a abordagem que da Comissão Política do favorecemos de integração plena desse PARLATINO, desejo reiterar minha país-irmão ao convívio internacional e convicção de que o fortalecimento dos às novas oportunidades de vínculos políticos e econômicos entre desenvolvimento. os países latino-americanos e Nesse sentido, não posso deixar de caribenhos é do mais alto interesse registrar a satisfação com que nossa nacional de nossos Estados. América Latina e Caribe acompanha o A integração possibilitou que os processo de normalização das relações valores democráticos se consolidassem entre EUA e Cuba, cuja conclusão em nosso continente. A integração é pressupõe o levantamento do embargo. também um importante vetor para a Todas essas iniciativas só tenderão a promoção da paz e da justiça social. multiplicar-se e a fortalecer-se com o Ela permite que levemos adiante envolvimento cada vez maior de projetos importantíssimos para nossas nossos Parlamentos – nacionais e economias, como é o caso das ações de regionais – no processo de integração. integração física e energética. Tem Venho acompanhando com interesse o ainda uma relevante dimensão cidadã, esforço de renovação do papel do que facilita a circulação de pessoas e Parlatino como fórum privilegiado de contribui para criar um sentimento de debate parlamentar sobre temas irmandade entre nossos povos. prementes das agendas regional e Para ser sustentável, a integração deve internacional, tais como migração, basear-se no componente humano e crise econômica internacional, social. Nesse sentido, interações combate à corrupção, cidadania, frequentes entre os legisladores latino- desenvolvimento sustentável, entre americanos e caribenhos são vários outros. fundamentais para consolidar cada vez Outra vertente de atuação do Parlatino mais em nossas sociedades o espírito de especial interesse tem sido a de integração e os valores da paz e da elaboração de projetos de Leis-Marco, convivência fundada na integração. nos mais variados temas, como Dada sua condição de altos subsídios de alto valor técnico para a representantes da sociedade, é muito elaboração de projetos de lei nos importante que os parlamentares Parlamentos dos países membros. continuem a manifestar publicamente suas visões sobre os benefícios que decorrem da maior integração regional

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 52 em termos de prosperidade, bem-estar e estabilidade política para os nossos países.

Saúdo nesse sentido a participação cada vez mais ativa do Parlatino – em colaboração com o Parlasul e os demais foros parlamentares sub- regionais – nos debates sobre a integração latino-americana e caribenha, os quais muito podem contribuir para que nosso processo de integração se torne cada vez mais representativo, inclusivo, democrático e benéfico para nossas populações.

Muito obrigado.

53 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA POSSE DE NOVOS SUBSECRETÁRIOS- GERAIS, DO NOVO DIRETOR DA ABC E DE NOVOS CHEFES DE DEPARTAMENTO (BRASÍLIA/DF, 26/08/2015)

É com grande satisfação que dou posse em que a instituição expressa às suas hoje aos Embaixadores Fernando altas chefias a gratidão e o orgulho Simas Magalhães como Subsecretário- pelo trabalho realizado, ao mesmo Geral de Política I, Fernando José tempo em que celebra sua capacidade Marroni de Abreu como Subsecretário- de renovação. E aqui renovamos o que Geral de Política III e Carlos Márcio dá a esta Casa unidade, sentido de Bicalho Cozendey como missão e competência: o seu capital Subsecretário-Geral de Assuntos humano. Capital humano que sempre Econômicos e Financeiros. fez e continua a fazer do Itamaraty uma instituição plenamente dedicada à Despeço-me nesta ocasião dos realização dos interesses maiores do Embaixadores Carlos Antonio da País. Rocha Paranhos, Subsecretário-Geral de Política I, que agora assume nossa Gostaria inicialmente de expressar, em Embaixada junto ao Reino da nome da Presidenta Dilma Rousseff, a Dinamarca e Ênio Cordeiro, gratidão e o reconhecimento aos Subsecretário de Assuntos Econômicos senhores Embaixadores. Agradeço aos e Financeiros, que assume nossa que partem o trabalho incansável em Embaixada no México. áreas cruciais da nossa política externa. Aos que ora assumem novas e Dou posse também ao Embaixador importantes funções, agradeço a João Almino de Souza Filho, como disposição e o empenho que trazem a Diretor da Agência Brasileira de esta gestão. Cooperação; ao Ministro Antonio Alves Junior, como Diretor do Os diplomatas a quem dou posse ou de Departamento da América Central e quem me despeço no dia de hoje têm Caribe; ao Ministro Norberto Moretti, trajetórias conhecidas e muito como Diretor do Departamento de respeitadas no Itamaraty. Tenho a Assuntos Financeiros e Serviços; e à plena confiança de que seguirão Ministra Paula Alves de Souza, como demonstrando suas excepcionais Diretora do Departamento do Serviço qualidades profissionais nas novas e Exterior. importantes tarefas que lhes foram atribuídas. Trata-se aqui de uma das ocasiões tradicionais desta Casa. É o momento

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 54

Nossa instituição, o País e o mundo compromisso do Secretário-Geral, passam por momento desafiador. Em Embaixador Sérgio Danese, de todas as partes do globo, são cada vez continuar a trabalhar para proporcionar mais complexos os desafios que temos a liderança, a orientação e os meios de enfrentar. É justamente o renovado necessários para o bom exercício de sentido de missão e de engajamento de nossas atribuições como integrantes do todos nós, servidores do Itamaraty, que Ministério das Relações Exteriores do garante o sucesso de nosso trabalho Brasil. Quero também reiterar meu como agentes da política externa reconhecimento aos servidores, na brasileira. Secretaria de Estado e nos Postos, que têm colaborado com espírito solidário, Minha experiência na diplomacia e no lealdade e inteligência no desempenho Estado brasileiro ao longo de muitos de suas funções, em circunstâncias anos ensinou-me a crer em nossa nem sempre fáceis. capacidade de construir, em meio às transformações internas e externas, uma instituição cada vez melhor, mais sólida e mais preparada para servir, Prezados colegas e amigos, como sempre serviu, ao Brasil. Os três Embaixadores que hoje tomam O Itamaraty foi e continua a ser muito posse como Subsecretários-Gerais relevante para o Brasil porque sempre possuem talentos e qualidades que os soube ler e compreender o País. Só talharam para as funções que agora assim pôde bem representar e defender assumem. Todos têm larga experiência seus interesses. Este foi o sentido que nas áreas de atuação e contam com o guiou nosso constante processo de respeito e a admiração dos aperfeiçoamento e modernização, funcionários desta Casa. indispensável também nos dias de O Embaixador Fernando Simas hoje. Magalhães é um diplomata de A política externa que temos buscado conhecidas qualidades, dedicação e implementar tem o foco na obtenção profissionalismo. Vindo há pouco de de resultados concretos para o Quito, o Embaixador Simas Magalhães desenvolvimento do País. Lograremos possui larga experiência na diplomacia tais resultados não apenas com o política multilateral, tendo atuado em espírito de dever, mas também com um nossas missões junto à ONU em Nova empenho renovado e com a York e à OEA em Washington. Suas criatividade e a capacidade de habilidades diplomáticas, suas iniciativa que sempre marcaram os qualidades como negociador sempre quadros desta instituição. Quero proporcionaram resultados efetivos reiterar o meu compromisso e o para o Brasil em todas essas frentes.

55 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Cabe-lhe agora, na SGAP I, Traz para a função a experiência como assessorar-me em questões complexas Embaixador na Jordânia e como ex- da diplomacia multilateral, do nosso Diretor da Agência Brasileira de relacionamento com países europeus e Cooperação. Pôde na ABC com os EUA. São parcerias e testemunhar a importância dos nossos interesses vitais para o Brasil, para programas de cooperação Sul-Sul, em cuja concretização estou certo de que áreas que vão desde a educação à contarei com o empenho e o agricultura e à biotecnologia, por aconselhamento do Embaixador exemplo. São elementos de projeção Fernando Simas Magalhães. da política externa do Brasil entre parceiros essenciais na África, no Aproveito a oportunidade para Oriente Médio e em outras regiões. agradecer ao Embaixador Carlos Nossa política externa muito se Antonio da Rocha Paranhos o beneficiará de seu talento, excelente trabalho à frente da SGAP I Embaixador. às vésperas de meu nos últimos anos. O Embaixador segundo périplo pela África desde que Paranhos é um amigo próximo desde o assumi minhas funções, estou seguro início de nossas carreiras, e tivemos o de que contarei com seu apoio para prazer da convivência em muitas continuarmos a implementar uma ocasiões. Como Embaixador no estratégia reforçada e renovada de exterior e como SGAP-I, o política externa para o continente Embaixador Paranhos sempre soube africano. conduzir com destreza relacionamentos externos do Brasil de A Agência Brasileira de Cooperação grande complexidade. O sucesso da seguirá conduzindo seu inestimável recente visita da Presidenta Dilma trabalho para a nossa diplomacia e para Rousseff aos EUA e da visita da o desenvolvimento compartilhado sob Chanceler Angela Merkel ao Brasil a liderança inspirada do Embaixador contaram com sua importante João Almino, colega e amigo desde os contribuição, dentre muitas outras bancos do Instituto Rio Branco, a missões desempenhadas. Desejo-lhe, quem também tenho a satisfação de dar Embaixador Paranhos, muitas posse no dia de hoje e a quem felicidades e êxito em suas novas e agradeço o empenho e a disposição de importantes funções, que lhe forem exercer essa importante função. confiadas pela Senhora Presidenta da República. Ao dar posse ao Embaixador Carlos Márcio Cozendey como Subsecretário- O Embaixador Fernando Abreu Geral de Assuntos Econômicos e assume a SGAP III, que trata Financeiros, dou continuidade ao sobretudo de nosso relacionamento exercício de renovação das novas altas com a África e com o Oriente Médio. chefias da Casa. O Embaixador

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 56

Cozendey é mais um entre tantos Quero concluir estas palavras talentos notáveis do Itamaraty. É agradecendo a todos pela presença e reconhecidamente um de nossos desejando aos Embaixadores Fernando maiores especialistas em diplomacia Simas Magalhães, Fernando José econômica bilateral, regional e Marroni de Abreu, Carlos Márcio multilateral. A longa lista de serviços Cozendey e João Almino de Souza prestados pelo Embaixador Cozendey Filho, bem como aos novos Diretores nesta área inclui negociações no de Departamentos, Ministros Antonio GATT e OMC, no MERCOSUL, nos Alves Junior, Norberto Moretti e Paula dois G-20s, o comercial e o financeiro, Alves de Souza, muita felicidade e e no BRICS. Assim atuou diretamente sucesso no desempenho de suas novas pelo Itamaraty ou como Assessor funções. Conto com a dedicação de Internacional do Ministério da cada um dos senhores para que, no Fazenda. desempenho das altas chefias que lhes foram confiadas aqui na Secretaria de A intensificação da diplomacia Estado, possamos fazer do Itamaraty econômico-comercial é uma das uma instituição cada vez mais prioridades de minha gestão, conforme dinâmica, moderna e sintonizada com instrução clara que recebi da os anseios do País. Presidenta Dilma Rousseff. Tenho a certeza de que contarei com a Nossa política externa será sempre competência do Embaixador Cozendey uma força transformadora, desde que para levarmos adiante negociações que saibamos guardar a excelência, a ampliem mercados e fortaleçam coesão e a unidade de propósito que, normas internacionais em favor dos em última análise, fazem desta interesses brasileiros. instituição um dos pilares do Estado brasileiro. Agradeço ao Embaixador Ênio Cordeiro seu excelente trabalho e sua Muito obrigado. dedicação ao longo dos anos no tratamento desses temas que são centrais para que criemos as condições econômicas propícias ao nosso desenvolvimento. O Embaixador Ênio Cordeiro parte para outra função importante, e estou certo de que continuará a prestar serviços mais relevantes ainda ao País. Desejo-lhe, também, Embaixador, muito êxito no México.

57 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA IMPOSIÇÃO DA INSÍGNIA DA ORDEM DO RIO BRANCO À CORVETA BARROSO (BEIRUTE/LÍBANO, 15/09/2015)

Coube-me a grande honra de, em nome Até o momento, cerca de 7.700 da Excelentíssima Senhora Presidenta indivíduos afetados pela crise síria do Brasil, Dilma Rousseff, conferir à foram beneficiados com vistos Corveta Barroso a Insígnia da Ordem brasileiros concedidos em bases do Rio Branco. humanitárias. Destes, mais de 2.000 já foram formalmente reconhecidos como Trata-se de justa homenagem à refugiados no Brasil. Louvamos todos corporação e a todos os membros da os países que não têm medido esforços Marinha do Brasil responsáveis pelo para abrigar os que buscam escapar da ato heroico do último dia 5 de penúria, da violência e dos conflitos setembro. armados.

O resgate de 220 refugiados no mar Durante o percurso da Corveta Barroso Mediterrâneo pelos militares para juntar-se à Força Interina das brasileiros embarcados nesta Corveta Nações Unidas no Líbano, nossa emocionou o nosso País e cobriu de Marinha soube, ao deparar-se com profundo orgulho a todos os situação de emergência, traduzir num brasileiros. ato de salvamento e solidariedade o inequívoco compromisso do nosso País O gesto humanitário de nossos militares, distinguidos nesta cerimônia, com a promoção e a proteção dos está em plena harmonia com as nossas direitos humanos e do direito políticas de acolhimento de refugiados humanitário. atingidos pelo conflito no Oriente O engajamento brasileiro na UNIFIL Médio. A Presidenta demonstra nossa inabalável Dilma Rousseff, por ocasião do Dia da determinação de contribuir para a manutenção da paz e segurança Independência, reiterou o internacionais. Saudamos a dedicação compromisso brasileiro em acolher de braços abertos aqueles que foram e a competência com que nossos expulsos de suas pátrias e queiram militares cumprem suas atribuições na Força-Tarefa Marítima e no terreno. viver e contribuir para a prosperidade e a paz do Brasil. É com enorme satisfação que parabenizo a Marinha do Brasil e, mais uma vez, enalteço a operação de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 58 resgate da qual participou a Corveta Barroso. Desejo aos tripulantes desta distinta embarcação muito êxito em sua missão.

Muito obrigado.

59 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DO DEBATE ABERTO NO CONSELHO DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES UNIDAS: “ SOLUÇÃO DE CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO E NORTE DA ÁFRICA E COMBATE À AMEAÇA TERRORISTA NA REGIÃO” (NOVA YORK/EUA, 30/09/2015)

Thank you, Mr. President. Violence reached unimaginable levels of brutality in Syria and the prospects I congratulate you for convening this for resolving the conflict remain open debate and for bringing us elusive. The so-called “Islamic State” together to discuss the serious took control of large parts of Iraq and challenges that the world face today to Syria and has been perpetrating the promote peace and stability in the most barbaric crimes against innocent Middle East and North Africa. We also civilians. Both Libya and Yemen are appreciate that the conceptual note falling into a spiral of political disputes prepared by the Russian Federation and violence, resulting in destruction encourages a more in-depth reflection and serious humanitarian crises. on the primary causes of conflicts and terrorism. Let me state in no uncertain terms ’s utmost repudiation for all The threats to international peace and forms of terrorism and extremism. security in the Middle East and North There are simply no justifiable grounds Africa have been a recurring topic in for terrorist acts. The Brazilian this Council. The increase in the Government was appalled by the acts number and complexity of threats in of provocation that resulted in the those two strategic regions attests to senseless destruction of cultural and our collective inability to solve long- historic heritage in Syria, Iraq, Mali lasting conflicts and to prevent the and elsewhere. outbreak of new ones. It should be noted that the common As Brazil has consistently upheld in trait to all those situations is the this Council, we must address those international community’s failure in problems by conceiving an dealing with the underlying causes of overarching strategy based on the conflicts. As long as we disregard combination of diplomacy and poverty and the fragility of national peacebuilding efforts. institutions as drivers of armed Last year we witnessed the third tragic conflict, there will no lasting solution in sight. war in five years in Gaza. The peace process between Israelis and Palestinians has remained stalled.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 60

We have seen time and again the The humanitarian tragedy that emerged harmful effects of bending the rules from the conflicts in the Middle East and invoking exceptional rights in and North Africa remains a matter of order to justify military interventions. great concern. We commend the work Those strategies have enfeebled the done by the agencies multilateral system and aggravated the and its partners to help millions of situation on the ground. Iraq and Libya people in need, as well as the are two clear examples of the failure of outstanding generosity of many any approach based on the vicious countries in the region, including cycle of threats, sanctions and Turkey, Lebanon, Jordan and , violence. which have been receiving the bulk of Syrian refugees. Military interventions led only to weak national institutions, increased Brazil has been striving to contribute sectarianism, power vacuums and arms to these humanitarian efforts. We have proliferation, paving the way for the issued more than 7,700 entry visas for rise of radical groups such as the Syrian residents affected by the crisis “Islamic State”. Those groups thrive in and provided food and medicine to the absence of the State and benefit help alleviate the dire situation faced from the flow of weapons to non-State by refugees and displaced people in the actors. region. As President Dilma Rousseff pledged before the 70th General It is high time that the Security Assembly, Brazil will continue to host Council assesses the inventory of those who had to flee their home preventable tragedies and learn from country and need a place to restart past mistakes. We should be all their lives. As the home of the largest committed to demonstrate our resolve Syrian diaspora in the world, and a to focus on political dialogue and country committed to international preventive actions. The use of peace and security, Brazil is ready to sanctions and military force should shoulder its responsibilities in the always be the last resort and, when it diplomatic and humanitarian fronts. so happens, it must be in line with the provisions of the UN Charter. What we Even in light of those tragic facts, there really need is better diplomacy to face is still reason for hope. Hope generated the numerous challenges that still lie by a renewed belief in the virtues of ahead. diplomacy. The Joint Comprehensive Plan of Action regarding the Iranian nuclear program and the Syrian Mr. President, chemical weapons resolutions demonstrate that, when political will is present, reaching agreement is possible 61 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

even on complex and highly sensitive Diplomacy, cooperation and issues multilateralism should guide us in the quest for a more stable and peaceful Brazil commends all those involved in Middle East and North Africa. This those efforts and their persistence in Council has the primary responsibility dialogue and negotiation. This set a in encouraging political dialogue and positive trend that should help us to in addressing the root causes of effectively address the ongoing conflicts. It is our duty to restore the conflicts in the region. We should look Council´s capacity to fulfill its duties up to these examples of successful in upholding international peace and diplomatic engagement and redouble security. our collective efforts to halt and settle the conflicts in the Middle East. The Council´s effectiveness and continued authority require that it be Peace talks between Israel and viewed as legitimate and Palestine must be urgently resumed representative. After 70 years of work, under parameters that could lead to a a reformed Security Council, with new two-State solution. There can be no permanent and non-permanent more delay in achieving an inclusive members, would be better positioned political solution in Syria. A first step to adequately address the challenges of to encourage dialogue and avoid the a multipolar world and lead a new aggravation of conflict should be phase of active diplomatic engagement halting the flow of arms into the to resolve those disputes. The country. We look forward to a renewed opportunity is before us. One needs to political process, led by the UN, to look no further than to the situations deal with the situation in Syria. Brazil mentioned in this debate to realize how wishes for a territorially united, urgent this task is. sovereign, plural, and democratic Syria to emerge from the ashes of war. Since 1945, Brazil has been an enthusiast of multilateralism and In Libya and Yemen, the international everything the UN stands for. We hope community should be united in that in the next 70 years – and beyond condemning violence, avoiding the use – the international community lives up of unilateral force and working with to the promise enshrined in the UN the parties to promote dialogue, bridge Charter to rid future generations of the differences and reach a peaceful and scourges of war and all forms of durable solution. meaningless suffering.

Thank you very much. Mr. President,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 62

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES,MAURO VIEIRA, NO SEMINÁRIO SOBRE AS PERSPECTIVAS E MELHORES PRÁTICAS DAS ATIVIDADES DE PROMOÇÃO COMERCIAL E DE ATRAÇÃO DE INVESTIMENTOS, POR OCAISÃO DOS 50 ANOS DO DPR. (BRASÍLIA/DF, 14/10/2015)

Senhor Ministro Armando Monteiro; Hoje, uma nova realidade internacional, em termos sociais, Senhores Subsecretários; econômicos e tecnológicos, impõe Senhores Embaixador Sérgio Eduardo novos desafios à atuação do nosso País Moreira Lima, Presidente da Fundação em matéria de comércio e atração de Alexandre de Gusmão (FUNAG) e investimentos. demais Embaixadoras e Embaixadores No plano interno, o Brasil vê-se diante presentes; da imensa tarefa de retomar o Senhor David Barioni Neto, Presidente crescimento, acelerar os investimentos, aumentar sua competitividade e, ao da Agência Brasileira de Promoção de mesmo tempo aprofundar as Exportações e Investimentos (Apex- Brasil); conquistas sociais e fortalecer o mercado interno. Senhor Antonio Carlos Ferreira, Vice- Nessa perspectiva, a diplomacia Presidente Corporativo da Caixa Econômica Federal; comercial cumpre a importante tarefa de identificar oportunidades para a Ilustres membros do Corpo exportação de produtos e serviços Diplomático; nacionais, para o aumento da participação do Brasil no comércio Senhoras e Senhores presentes: internacional e para a atração de investimentos, tendo sempre como

norte o objetivo maior do É para mim uma grande satisfação desenvolvimento econômico e social. participar desta cerimônia que marca A diplomacia comercial é uma das os cinquenta anos do Departamento de mais importantes ferramentas para a Promoção Comercial e Investimentos inserção competitiva das empresas do Itamaraty. brasileiras na economia global, e tem a Foram cinco décadas de promoção comercial como um dos transformações profundas, no Brasil e eixos principais de uma política na ordem internacional. externa voltada para o desenvolvimento.

63 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

A promoção comercial do Brasil investimentos diretos estrangeiros para integrou as atividades do Ministério o Brasil. das Relações Exteriores desde os seus primórdios. No entanto, foi apenas na Nos últimos anos, novas estruturas década de 1960, quando o sistema governamentais dedicadas à promoção econômico brasileiro passava por comercial e à atração de investimentos significativas mudanças - refletidas, foram criadas, com destaque para o por um lado, na política de substituição Ministério do Desenvolvimento, de importações e no consequente Indústria e Comércio Exterior (MDIC), fortalecimento da indústria, e, por estabelecido em 1999 em seu atual outro, no fomento às exportações - que formato. a condução da promoção comercial do Agradeço muito especialmente a Brasil no exterior foi formalmente presença aqui hoje do Ministro incluída entre as atribuições do Armando Monteiro, parceiro constante Itamaraty. e fundamental em tantas iniciativas e A criação do Departamento de frentes comuns. Promoção Comercial e Investimentos - Registro também a importante atuação DPR, pela Lei n° 4.669, de 8 de junho da Agência Brasileira de Promoção de de 1965, marcou o início de uma nova Exportações e Investimentos (APEX- fase. Sob a liderança do então Brasil), criada em 1997. Conselheiro, hoje Embaixador, Paulo Tarso Flecha de Lima, que dirigiu o Ressalto o excelente espírito de DPR por uma década, o Departamento colaboração que prevalece entre o se estruturou e se modernizou. Itamaraty e esses órgãos, bem como com outras instituições dos setores As sementes plantadas frutificaram. público e privado. Atualmente, o DPR conta com cinco Divisões e com uma ampla rede de Mas a atividade governamental nesse Setores de Promoção Comercial, os campo perderia consistência se não SECOMs, formada por 104 unidades contasse com estreita e permanente em 83 países, que possibilitam uma coordenação com o setor privado, que atuação sólida no cumprimento de suas é, evidentemente, protagonista na atribuições, seja mediante a realização história da promoção comercial do de contatos governamentais e Brasil. empresariais, seja por meio da produção de informações para Com um corpo de funcionários de subsidiar a promoção do comércio reconhecida competência e espírito exterior, passando pelo apoio direto público, o Ministério das Relações aos exportadores brasileiros, a Exteriores mantém-se atento aos participação em feiras e a atração de desafios impostos pelo cenário

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 64 mundial cambiante, explorando novas imediatamente exploradas com esses oportunidades comerciais e de países. investimento para o Brasil. Nossa intenção é de que esse patrimônio de Somente o esforço dos exportadores e excelência seja fortalecido e ampliado dos captadores de investimentos, por meio da coordenação cada vez apoiado e estimulado pelo trabalho de mais estreita com todos os atores promoção comercial, permite envolvidos na promoção comercial e concretizar as potencialidades abertas na atração de investimentos, dentro e pelos acordos existentes e encontrar fora do Governo. mais espaço em mercados de outros países não cobertos por rede de O Itamaraty tem um histórico de acordos preferenciais. realizações e serviços prestados ao Brasil na área comercial. Ressalte-se a O Brasil continua firmemente complementaridade entre o trabalho de empenhado em ampliar e aprofundar negociação de acordos comerciais, em sua rede de acordos comerciais e busca de maior acesso a mercados, e a manter seu protagonismo nas promoção comercial. O Brasil é negociações multilaterais, ao mesmo reconhecidamente um dos atores tempo em que busca de maneira centrais na Organização Mundial de permanente promover exportações e Comércio. atrair investimentos.

Ao mesmo tempo, se abrem e Parabenizo, uma vez mais, o aprofundam múltiplas perspectivas de Departamento de Promoção Comercial negociações bilaterais ou bi-regionais e Investimentos pelo bom trabalho – com a União Europeia, o México e a desenvolvido ao longo desses Colômbia, para citar alguns dos cinquenta anos. principais exemplos. Tenho a certeza de que o seminário de É preciso saber aproveitar esse hoje, organizado pelo DPR em parceria momento. É necessário que as frentes com a Fundação Alexandre de Gusmão negociadoras estejam em sintonia com (FUNAG), com a Fundação Centro de as potencialidades exportadoras Estudos de Comércio Exterior efetivas e, portanto, com o esforço de (FUNCEX), e com o generoso promoção comercial. Acordos patrocínio da Caixa Econômica comerciais abrem caminhos, mas por si Federal, representa oportunidade não só não garantem mercados. Ao mesmo apenas de relembrar e celebrar êxitos tempo, a ausência de acordos do passado, mas sobretudo de repensar comerciais formais com determinados o futuro das atividades de promoção parceiros não significa que não haja comercial, de atração de investimentos amplas oportunidades a serem

65 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

e de internacionalização de empresas brasileiras.

Não tenho dúvida de que serão oferecidas aqui valiosas contribuições ao nosso trabalho conjunto nessas vertentes estratégicas para o desenvolvimento econômico e a inserção internacional do Brasil.

Muito obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 66

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA SOLENIDADE EM HOENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE 70 ANOS DAS NAÇÕES UNIDAS (BRASÍLIA/DF, 29/10/2015)

É uma honra recebê-los no Palácio Senhoras e Senhores, Itamaraty para celebrarmos juntos os setenta anos da fundação da Estamos diante de uma grande Organização das Nações Unidas. oportunidade para fortalecer a Organização. A ONU representa a busca pelo ideal de um mundo de paz, de justiça e de Voltei, há pouco, da abertura do desenvolvimento. Ao longo das Debate Geral da Assembleia Geral das últimas sete décadas, foram muitos os Nações Unidas e pude perceber, ao serviços prestados pela Organização, acompanhar a Presidenta Dilma que é a melhor expressão da Rousseff em seus diversos governança global. Traduz um compromissos, um claro sentimento de necessário equilíbrio entre idealismo e que não podemos mais resignar-nos avaliação objetiva da realidade. Na com a perpetuação do atual estado de famosa máxima parafraseada de coisas. Voltaire, "se a ONU não existisse, Em um momento em que fatores de teríamos de inventá-la". desunião da comunidade internacional No entanto, não são poucos os desafios ganham impulso, é fundamental que as que a Organização enfrenta. A agenda Nações Unidas sejam fortalecidas. do desenvolvimento ainda não ocupa a Para isso, devemos avançar tanto no posição central que merece. O pilar do desenvolvimento quanto no recrudescimento de conflitos armados campo da paz e da segurança é um fenômeno preocupante, que só internacionais. pode ser tratado no âmbito do sistema de segurança coletiva das Nações A aprovação da Agenda 2030 e dos Unidas. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que tem como objetivo A clara noção desses desafios é primeiro a erradicação da pobreza em condição fundamental para o esforço, todas as suas formas e dimensões, foi que deve ser permanente, de um passo importante. É também uma aperfeiçoamento da instituição. Seu vitória de países como o Brasil, que papel continuará a ser central. É tarefa tanto têm trabalhado, nas últimas de todos torná-la mais preparada a décadas, para que o combate às enfrentar os problemas complexos de desigualdades seja não apenas uma nossos tempos. 67 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

preocupação doméstica, mas também Presidenta Dilma Rousseff internacional. caracterizou a reforma do Conselho da Segurança da ONU como "a principal É no campo da paz e da segurança, no questão pendente na agenda da ONU". entanto, que persistem maiores resistências e obstáculos para avançar. Os desafios de segurança não podem ser superados se desconsideramos os Ao lado de nossos parceiros, o Brasil aspectos de desenvolvimento. Flagelos trabalha para que ao longo do próximo como a pobreza são poderosos vetores ano possamos obter avanços concretos de conflitos. A promoção da paz deve no processo de reforma do Conselho caminhar lado a lado com a promoção de Segurança. do progresso econômico e social. Este é mais firme sustentáculo de uma paz A reforma é ainda mais premente na duradoura. atual conjuntura. As guerras, o terrorismo, as ameaças transnacionais, a proliferação de armas, as novas armas cibernéticas e as violações à Senhoras e Senhores, privacidade na era digital continuam a exigir respostas articuladas da O livro que lançamos hoje, pela comunidade internacional. Fundação Alexandre de Gusmão, é testemunho do compromisso histórico Desejamos ver um Conselho de do Brasil com o multilateralismo e Segurança integrado por atores capazes com as Nações Unidas. A publicação de apresentar novas ideias e de renovar reúne as instruções que orientaram a os métodos de funcionamento do participação do Brasil à Conferência órgão. Em sua estrutura atual, o de São Francisco, em 1945, e o relato Conselho é caracterizado por divisões da Delegação brasileira. Apresenta e polarizações, pela pouca também depoimentos de cinco transparência em seu processo diplomatas que mais recentemente decisório e pela ênfase excessiva em ocuparam o cargo de Representante elementos punitivos, como as sanções. Permanente junto às Nações Unidas: os Embaixadores Ronaldo Sardenberg, Apenas uma composição mais , Gelson Fonseca, Maria diversificada e representativa da atual Luiza Viotti e Antonio Patriota. realidade geopolítica mundial poderá conferir-lhe maior legitimidade e O livro mostra a defesa e a promoção permitir que seja superado o que tenho do multilateralismo são marcas chamado de “déficit de diplomacia”. permanentes da atuação internacional Na Cúpula do G-4 realizada em Nova do nosso País. Desenvolvemos, como York em setembro – aliás, a primeira característica essencial da nossa do tipo em mais de 10 anos –, a política externa, verdadeira vocação

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 68 multilateral, cuja expressão inicial foi a processo de estabelecimento dos nossa ativa contribuição para a Objetivos de Desenvolvimento concepção da Carta da ONU. Sustentável e a criação da Agenda de Desenvolvimento para 2030, com base A importância atribuída pelo Brasil à nos acordos logrados na Conferência Carta de São Francisco reflete-se no Rio+20. compromisso inequívoco com seus princípios e propósitos. A Dos trabalhos da Comissão de autodeterminação dos povos, a não- Construção da Paz aos esforços em intervenção e a solução pacífica de prol do desarmamento, da promoção controvérsias são princípios inscritos dos direitos humanos ao tratamento na própria Constituição brasileira. dos temas sociais e econômicos, o Brasil firmou-se como um ator de peso O Brasil assumiu historicamente nas Nações Unidas. responsabilidades no âmbito das Nações Unidas.

É um dos dois países que, ao lado do Senhoras e Senhores, Japão, mais vezes estiveram representados no Conselho de Hoje também inauguramos uma mostra Segurança como membro não- fotográfica organizada pelo Sistema permanente, tendo integrado o órgão ONU no Brasil. É uma homenagem à em um total de dez vezes. trajetória das Nações Unidas nesses 70 anos, bem como a atuação do Brasil Desde 1948, o Brasil participou de em favor da Organização. mais de 50 Operações de Manutenção da Paz, tendo cedido mais de 46.000 Essas fotos ilustram o papel das militares e policiais. Participamos, Nações Unidas na busca da paz, do atualmente, de 10 missões de paz, e desenvolvimento e da defesa dos oficiais brasileiros exercem hoje o direitos humanos e homenageiam o comando militar das missões no Haiti trabalho exemplar de brasileiros que (Minustah) e na República deixaram sua marca na Organização, Democrática do Congo (Monusco), como Pedro Leão Velloso, Osvaldo além do comando naval da missão no Aranha e Oscar Niemeyer. São Líbano (Unifil). homenageados também aqueles que perderam a vida atuando em nome da Também desempenhamos papel Organização, como Luís Carlos da central nas discussões sobre Costa e Sergio Vieira de Mello. desenvolvimento sustentável. Sediamos a primeira grande conferência sobre o tema, a Rio-92, e Senhoras e senhores, contribuímos ativamente para o 69 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Em homenagem aos 70 anos das Nações Unidas, o Brasil juntou-se à iniciativa “Iluminando o mundo com o azul da ONU” promovida pelo

Secretário-Geral Ban Ki-moon. Foram iluminados com a cor azul, na noite do dia 24 de outubro, diversos monumentos e construções em capitais brasileiras, como o Palácio Itamaraty e a Catedral aqui em Brasília; o Estádio do Maracanã e o Cristo Redentor no Rio de Janeiro; o Elevador Lacerda, o Farol da Barra e o Estádio da Fonte Nova em Salvador; e o Viaduto do

Chá, a Ponte das Bandeiras, a Estátua do Borba Gato e o monumento às Bandeiras em São Paulo.

É com espírito de otimismo sobre o futuro das Nações Unidas que celebramos hoje este septuagésimo aniversário. Cumpre a todos nós preservar e fortalecer os ideais de um mundo mais justo, pacífico e próspero. A comunidade internacional não tem alternativa viável senão o reforço do multilateralismo, que tem nas Nações Unidas seu melhor sinônimo.

Obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 70

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DE ALMOÇO OFERECIDO EM HOMENAGEM AO SENHOR PAOLO GENTILONI, MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E DA COOPERAÇÃO INTERNACIONAL DA REPÚBLICA IATLIANA. (BRASÍLIA/DF, 05/11/2015)

Senhor Paolo Gentiloni, Ministro dos Sua vinda coroa um ano marcado por Negócios Estrangeiros e da diversos encontros bilaterais de alto Cooperação Internacional da nível, inclusive a ida da Presidenta República Italiana, Dilma Rousseff a Roma e Milão, onde visitou a Expo 2015. Eu mesmo Embaixador Raffaele Trombetta, realizei visita à Itália em junho, Embaixador da República Italiana no ocasião em que mantivemos reunião Brasil, extremamente produtiva da qual tenho Senhor , Ministro de excelentes memórias. Estado da Defesa, É com satisfação que saúdo também os Senhor , Ministro de representantes das entidades e da Estado de Minas e Energia, comunidade empresarial italiana que o acompanham. A presença das senhoras Embaixador Sérgio Danese, e dos senhores reflete o enorme Secretário-Geral das Relação potencial das relações econômicas Exteriores, entre o Brasil e a Itália e aponta muito concretamente para a ampliação dos Embaixador Ricardo Neiva Tavares, negócios entre nossos países. Embaixador do Brasil na Itália

Professor Marco Aurélio Garcia, Senhor Ministro, Senhores e senhoras parlamentares, A Parceria Estratégica entre o Brasil e Amigos e amigas, a Itália está amparada em ricas e históricas ligações humanas. A

imigração italiana foi importante para Muito me alegra receber Vossa a construção do Brasil moderno – sua Excelência e sua delegação para que, indústria, seu comércio, sua agricultura uma vez mais, possamos celebrar os – e, mais importante, deu contribuição tradicionais laços de amizade, fundamental para conformar aspectos cooperação e parceria que unem o da identidade do povo brasileiro. Brasil e a Itália.

71 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

A Itália integra o imaginário brasileiro, países, bem como de tratar de temas seja pela memória das relações de das agendas regional e global. sangue e de ancestralidade, seja pela força de sua história, cultura, Fico contente de constatar as arquitetura, língua e gastronomia. Não perspectivas muito promissoras de por acaso, cerca de 300 mil turistas aproximação bilateral nas mais brasileiros visitam a Itália todos os diversas áreas, do comércio e dos anos. É igualmente expressivo o afluxo investimentos à energia e à defesa, de turistas italianos ao Brasil. passando pela educação e pelo espaço exterior. Em nossa atuação Unidos também pela paixão pelo internacional, sobressai a grande esporte – e por uma rica história de convergência entre o Brasil e a Itália êxitos e mesmo saudável rivalidade em na promoção de valores e metas diversas modalidades esportivas –, comuns, como a paz, os direitos brasileiros e italianos poderão desfrutar humanos, a erradicação da pobreza, o juntos, no ano que vem, da grande desenvolvimento sustentável e a festa que serão os Jogos Olímpicos Rio reforma da governança global. Nossa 2016. coordenação em Organismos Internacionais, que já é significativa, O Brasil é um dos principais destinos pode ser ampliada e aprimorada. dos investimentos produtivos italianos no exterior. Nos últimos cinco anos, As perspectivas de celebração de um duplicou-se o número de filiais de acordo de associação entre o companhias italianas no Brasil: de MERCOSUL e a União Europeia são cerca de 600, em 2011, para mais de animadoras. Um acordo nesses moldes 1.200, em 2014. São inúmeras as contribuirá decisivamente para oportunidades que se abrem para o expandir o comércio, os investimentos investidor italiano, principalmente e os negócios entre os nossos países. O neste momento em que o Brasil lança Brasil e seus parceiros do nova etapa de modernização de sua MERCOSUL estão firmemente infraestrutura de rodovias, ferrovias, empenhados em viabilizar o acordo no portos e aeroportos. mais breve prazo. Esperamos contar com o apoio da Itália para alcançarmos um entendimento que tenho certeza será benéfico para os nossos países. Senhoras e senhores,

Na manhã de hoje, o Ministro Gentiloni e eu tivemos a oportunidade Senhoras e senhores, de repassar as principais iniciativas de cooperação e parceria entre nossos O encontro de hoje é mais um capítulo na longa história que une Brasil e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 72

Itália. É com um espírito de celebração da amizade entre os nossos países que proponho um brinde a Vossa Excelência e à sua delegação.

Salute!

73 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DO ALMOÇO EM HOMENAGEM A SUAS ALTEZAS IMPERIAIS, PRÍNCIPE E PRINCESA AKISHINO DO JAPÃO (BRASÍLIA/DF, 06/11/2015)

É uma grande satisfação receber a brasileiros para o Japão, grande parcela visita de Suas Altezas Imperiais, dos quais de origem japonesa. A Príncipe e Princesa Akishino, por comunidade brasileira no Japão tem ocasião da celebração dos 120 anos das aportado importante contribuição para relações diplomáticas entre o Japão e o o estreitamento das relações entre o Brasil. Brasil e o Japão.

Vossa Alteza, Príncipe Akishino, já Temos grande orgulho de abrigar no nos havia honrado com sua visita em Brasil a maior comunidade japonesa 1988, quando festejamos juntos os 80 no exterior e valorizamos o fato de que anos da imigração japonesa no Brasil. vive no Japão a terceira maior comunidade brasileira fora do País. Neste ano, entre as várias atividades comemorativas dos 120 anos de nossa amizade está a publicação no Brasil de seus estudos zoológicos e Altezas Imperiais, ornitológicos. Senhoras e Senhores,

Por mais de um século, Brasil e Japão Olhando para os 120 anos das relações construíram uma relação de grande diplomáticas entre o Brasil e o Japão, relevância, cujo principal alicerce tem podemos fazer um balanço de grandes sido a dimensão humana. realizações. Em 1908, o primeiro grupo de Sobre a base desse componente imigrantes japoneses embarcou em humano, construímos um Kobe e, quase dois meses depois, relacionamento de alta densidade chegou ao Porto de Santos. A econômica. imigração japonesa trouxe consigo valiosa contribuição para a formação Nossa agenda econômica bilateral tem- da sociedade brasileira e para o seu se fortalecido com o tempo, o que se progresso. Contribuição aqui expressa no aumento dos fluxos de representada pelos brasileiros de investimentos japoneses e no aumento origem japonesa que hoje nos no número de projetos em ciência, acompanham. tecnologia e inovação.

A união de nossas nações levou, Exemplo muito ilustrativo da décadas mais tarde, à imigração de capacidade que temos demonstrado de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 74 aproveitar o potencial da nossa relações diplomáticas a uma Parceria parceria é o estabelecimento do Estratégica Global. sistema nipo-brasileiro de TV digital. Fruto de uma sinergia de esforços no A visita de Suas Altezas Imperiais ao campo da alta tecnologia, esse sistema Brasil é um marco simbólico deste é hoje adotado por quase toda a momento de renovação das relações América do Sul e por países da entre nossos países, o que muito nos América Central, da África e da Ásia, honra, alegra e estimula. com benefícios econômicos claros para Em dezembro próximo, a Presidenta nossas empresas. Dilma Rousseff realizará visita ao No plano político, também estamos Japão e é seu firme propósito que a unidos por fortes laços, assentados em oportunidade abra novas avenidas valores comuns como a democracia, a nesta era que se renova, de cooperação defesa dos direitos humanos, a e parceria. sustentabilidade ambiental e a defesa É com espírito de celebração da do multilateralismo. O entrosamento história de uma grande amizade que bilateral em temas internacionais se proponho um brinde à saúde de Suas expressa de forma muito clara e Altezas Imperiais, Príncipe e Princesa eloquente em nossa ação conjunta no Akishino, e ao presente e o futuro do âmbito do G4, ao lado de Alemanha e relacionamento entre o Brasil e o Índia, que tem por objetivo promover a Japão. reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas e adaptá-lo à realidade Permito-me ainda, à luz das relações e aos desafios deste século XXI. especiais que unem nossos dois países, pedir a todos que se unam a mim para A feliz circunstância de que o Brasil e brindar à saúde de suas Majestades o Japão serão os anfitriões dos Imperiais o Imperador Akihito e a próximos Jogos Olímpicos – em 2016, Imperatriz Michiko. no Rio de Janeiro, e em 2020, em Tóquio – vem se somar aos demais fatores que concorrem para aprofundar a convergência de interesses e visões entre nossos países.

Ao olharmos para o futuro, vemos que as condições estão dadas para que Brasil e Japão se tornem parceiros cada vez mais próximos e atuantes. Essa percepção nos motivou a elevar nossas

75 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA PLENÁRIA DA IV CÚPULA AMÉRICA DO SUL - PAÍSES ÁRABES (ASPA) (RIADE/ARÁBIA SAUDITA, 11/11/2015).

Sua Majestade, o Guardião das duas Somos todos gratos pelo muito que a Mesquitas Sagradas, o rei Salman bin Arábia Saudita tem feito por esse Abdulaziz al Saud, mecanismo. Além desta Cúpula, saliento o encontro de Ministros da Excelentíssimo senhor Abdel Fattah el- Cultura da ASPA, de que a Arábia Sisi, presidente da República Árabe do Saudita foi anfitriã. Egito, Senhoras e Senhores, Excelentíssimo senhor Pedro Cateriano, primeiro-ministro da É com grande satisfação que tomo República do Peru, parte nesta Cúpula, na qual damos continuidade à aproximação entre duas Excelentíssimas senhoras e senhores regiões geograficamente distantes, chefes de delegação da América do Sul porém tão próximas em termos e dos Países Árabes, humanos, culturais e históricos.

Altezas reais, A América do Sul abriga numerosas comunidades de origem árabe, que Senhoras e senhores, muito contribuíram para moldar a face Em primeiro lugar, agradeço a cultural de nossos países. O Brasil, em hospitalidade do governo e do povo especial, é lar da mais numerosa sauditas, que nos recebem de forma tão comunidade da diáspora árabe, o que fomenta a ligação entre nossas acolhedora. Trago a afetuosa saudação sociedades e assegura sólida base para da presidenta Dilma Rousseff e o reconhecimento do Brasil à Arábia nosso esforço de cooperação Saudita por seu forte compromisso birregional. com este que é um dos mais A presença árabe no Brasil não é uma promissores exercícios de diálogo exceção. Somos um país multiétnico, interregional do mundo. construído a partir do respeito às diferenças e da capacidade de integrar Agradeço em particular a sua indivíduos das mais diversas origens. majestade o rei Salman bin Abdulaziz al Saud pelo empenho demonstrado O Brasil está determinado a manter-se por seu país na preparação da Quarta fiel a seus princípios neste momento Cúpula da ASPA. em que a tragédia humanitária na

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 76

África e no Oriente Médio tem se diálogo, privilegiando a consolidação mostrado ainda mais aguda no atual da paz e a estabilidade regional. drama dos refugiados. Como assinalou a Presidenta Dilma Nem sempre, porém, o caminho para Rousseff no plenário das Nações as soluções negociadas é livre de Unidas, o Brasil “é um país de obstáculos. Dentre esses impeditivos, acolhimento, um país formado por destaco o terrorismo, um dos flagelos refugiados. Recebemos sírios, que castigam nosso tempo. O Brasil haitianos, homens e mulheres de todo repudia firmemente todas as formas e o mundo, assim como abrigamos, há manifestações do terrorismo, qualquer mais de um século, milhões de que seja sua motivação, e apoia os europeus, árabes e asiáticos. Estamos esforços internacionais que sejam abertos, de braços abertos para receber compatíveis com a Carta da ONU e refugiados”. com as normas do direito internacional. O Brasil acompanha de perto a crise humanitária decorrente do conflito na O Brasil entende que, no Síria. Atualmente, os nacionais enfrentamento ao terrorismo, as daquele país compõem o maior medidas de repressão e combate contingente de refugiados no Brasil. O devem ser complementadas com ações governo tomou a decisão de adotar na área de prevenção, em especial a política especial de facilitação de promoção dos valores democráticos e vistos para acolher os cidadãos sírios da tolerância étnica, política e afetados pelo conflito. Desde então, já religiosa, e com a promoção do foram concedidos mais de oito mil desenvolvimento econômico e social. vistos de entrada a indivíduos A paz e o fim da violência devem ser o deslocados pela guerra. objetivo último de toda a comunidade O Brasil apoia os esforços da Liga internacional. E a consecução desse Árabe e das Nações Unidas, para que objetivo passa, necessariamente, pela se encontre uma solução pacífica e justa solução do conflito entre Israel e política para o conflito sírio. Palestina: dois Estados convivendo em Reafirmamos nosso comprometimento paz e segurança dentro das fronteiras com a soberania, a independência, a de 1967. Para isso, é essencial a unidade e a integridade territorial da retomada do processo de paz, o Síria. Fiel aos princípios que, abandono da retórica inflamatória e o historicamente, têm orientado sua fim da política de assentamentos política externa, o Brasil crê na ilegais nos territórios palestinos solução pacífica de controvérsias, a ser ocupados. alcançada por meio da negociação e do Senhoras e senhores,

77 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

O Brasil foi, desde o início, um aniversário no mesmo ano em que as entusiasta da ASPA, e não por acaso a Nações Unidas celebram setenta anos Primeira Cúpula do mecanismo foi de existência. realizada em Brasília, em 2005. Naquela ocasião, assumimos o Devemos ver aqui poderosa incitação a compromisso de fortalecer nossos darmos seguimento ao trabalho que laços de amizade e de cooperação e de vem sendo feito, tendo em mente que buscar intensificar nossas relações se trata não só do justo objetivo de comerciais, nossos fluxos de promover melhores condições de vida investimento e nosso diálogo político. para nossos povos, mas de contribuir ativamente para o fortalecimento do Decidimos, também, que multilateralismo e para a reforma das trabalharíamos em conjunto em prol de instituições de governança global de um comércio internacional mais justo e forma a que possamos construir uma equilibrado, bem como para a ordem mundial mais justa e democratização dos organismos democrática. internacionais, de modo a que a voz dos países em desenvolvimento É hoje virtualmente universal a pudesse ser mais ouvida. constatação de que não pode mais ser adiada a reforma do Conselho de A criação da ASPA veio a prover um Segurança. A composição do órgão das espaço no qual as relações entre nossas Nações Unidas responsável pelos regiões puderam ser ampliadas e temas de paz e segurança deve refletir sistematizadas. Ao oferecer um foro o mundo de hoje, tão para facilitar as relações fundamentalmente diferente daquele intergovernamentais entre os 22 países de 70 anos atrás. Sem isso, corremos que integram a Liga dos Estados todos o risco de um Conselho de Árabes e os 12 países da UNASUL, a Segurança em rápida obsolescência, ASPA deu uma moldura ao com sua eficácia limitada, com sua fortalecimento das relações legitimidade questionada, com sua birregionais. relevância posta em cheque.

O mecanismo é um passo importante Da mesma forma, é fundamental levar no objetivo de fortalecer as relações a bom termo a reforma das instituições Sul-Sul e de estabelecer um espaço de Bretton Woods e a atualização dos político para aproximar nossas regiões. direitos de voto no Fundo Monetário Reitero, em nome da Presidenta Dilma Internacional. Rousseff, nosso compromisso com esse processo. Senhoras e Senhores,

É auspiciosa a coincidência de que a O Brasil atribui grande importância ASPA comemore seu décimo aos resultados obtidos na Cúpula das

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 78

Nações Unidas sobre Desenvolvimento diferenciadas, deve continuar a nortear Sustentável realizada no contexto da essa negociação. septuagésima sessão da Assembleia Geral da ONU. Tendo sediado a Devemos seguir trabalhando também primeira Conferência sobre Meio para intensificar nossas relações Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92) comerciais. O intercâmbio entre nossas e a Conferência Rio +20, o Brasil regiões, não obstante o substancial confia no cumprimento do crescimento registrado no último compromisso assumido pela decênio, ainda pode ser diversificado e comunidade internacional na Agenda expandido. Não podemos perder de 2030. vista o objetivo de liberalizar o comércio internacional, para o que é Consequentemente, o Governo imprescindível o empenho de todos brasileiro acredita que a cooperação para assegurar o sucesso da reunião Sul-Sul no âmbito da ASPA, até aqui ministerial da OMC em Nairóbi, em pautada pelos Objetivos de dezembro próximo. Desenvolvimento do Milênio, deve passar a orientar-se pelos Objetivos do Por essa razão, o Brasil acolhe com Desenvolvimento Sustentável, com satisfação as recomendações emanadas foco nas áreas em que já atingimos do Quarto Fórum Empresarial da significativa densidade de ASPA. Ao agradecer à Câmara de relacionamento. Estamos abertos a Comércio Árabe-Brasileira, ao compartilhar nossos programas de Conselho das Câmaras Sauditas e às inclusão social, de forma a contribuir demais entidades do setor privado que para a realização do primeiro e mais se empenharam na organização do importante dos objetivos estabelecidos evento, reitero a disposição do na Agenda 2030: a erradicação da Governo brasileiro de apoiar pobreza. ativamente a constituição de joint ventures birregionais de transporte No entanto, não haverá erradicação da marítimo e serviços logísticos. Essas pobreza se não houver ação concertada iniciativas imprimirão renovado na defesa do meio ambiente. Dentro de dinamismo à cooperação empresarial e pouco menos de um mês, voltaremos a gerarão contribuição decisiva para nos reunir em Paris para a COP 21, consolidar nossa parceria. ocasião em temos a obrigação de enfrentar de frente, com audácia e sem Senhoras e Senhores, mais tergiversação, o problema da Constato com satisfação que pudemos mudança do clima, cuja urgência é manter bom ritmo de atividades no cada vez mais evidente. O princípio período entre as Cúpulas e dar das responsabilidades comuns, porém

79 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

cumprimento aos nossos Planos de Senhoras e senhores, Ação. Reitero meu agradecimento ao povo e O intercâmbio comercial, que cresceu ao governo da Arábia Saudita por mais de 180% no período de dez anos, terem organizado com tanto esmero a captação de investimentos tanto em esse encontro que, estou seguro, países árabes como sul-americanos e o representará um passo importante para aumento da conectividade aérea são intensificar ainda mais o processo de resultados tangíveis cujas origens aproximação entre os governos e os podem ser traçadas em nossa povos dos países árabes e dos países da iniciativa. América do Sul.

Evidentemente, sempre haverá espaço Muito obrigado. para aperfeiçoamentos e não devemos desperdiçar oportunidades para aumentar nossa eficiência, adaptando- nos melhor às novas circunstâncias políticas e econômicas de nossas regiões.

O atual momento recomenda seletividade criteriosa nas áreas de cooperação. Além da aproximação entre nossos setores empresariais, podemos enfatizar o segmento de energia e também as relações culturais. A busca de resultados tangíveis em setores específicos contribuirá para fortalecer progressivamente nosso mecanismo birregional.

Um exemplo de iniciativa bem- sucedida é o trabalho da BibliASPA, que entre suas atividades oferece cursos de idiomas. O crescente interesse e demanda pelo ensino do árabe na América do Sul e do espanhol e do português nos países árabes é um claro reflexo do aumento do fluxo de pessoas, comércio e investimentos entre nossos países.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 80

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, NA ABERTURA DO SEMINÁRIO “40 ANOS DO RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DE ANGOLA PELO BRASIL” (BRASÍLIA/DF, 17/11/2015)

Excelentíssimo senhor Embaixador Sua presença, senhor ministro, é nova Georges Chikoti e senhora, Ministro demonstração da importância das das Relações Exteriores de Angola relações entre Brasil e Angola e expressão concreta de nossa parceria Excelentíssimo senhor Embaixador estratégica. Nelson Manuel Cosme e senhora, Embaixador de Angola em Brasília As ligações com o continente africano são conhecidas. Estamos unidos por Senhoras e senhores embaixadores, profundos vínculos históricos, culturais e ampla rede de interesses comuns. Senhor Secretário-Geral, Embaixador Sérgio Danese, É cada vez maior a presença de cidadãos e de empresas brasileiras no Senhora Embaixadora Lígia Scherer, continente africano, e em Angola em Subsecretária Política III, particular. Ali desenvolvemos alguns Senhoras e senhores integrantes da de nossos mais importantes projetos de comitiva que acompanha o ministro cooperação, em setores estratégicos Georges Chikoti como biotecnologia, saúde pública, agricultura, educação e defesa. Caros colegas Além disso, num plano mais global, Senhoras e senhores estamos unidos na defesa da construção de uma ordem internacional

mais justa, conformada a partir de Em nome do governo brasileiro, tenho instituições e normas que promovam a a satisfação de cumprimentar os paz, os direitos humanos, o ilustres convidados aqui presentes desenvolvimento sustentável e a hoje. inclusão social.

Para mim é uma grande honra receber Os laços históricos que unem Brasil e a visita do ministro Georges Chikoti e Angola nos impõem um destino abrir ao seu lado seminário alusivo aos comum: seguir trabalhando para 40 anos de reconhecimento brasileiro fortalecer nossas relações e convertê- da independência angolana. las em benefícios concretos para nossas populações. 81 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Senhoras e senhores, trocas de visitas de alto nível. Apenas em 2015, sem mencionar as reuniões Este seminário é mais uma de caráter técnico, foram realizadas oportunidade para refletirmos sobre o quatro visitas ministeriais, duas de atual estado e o futuro das relações cada lado. entre Angola e Brasil. O Vice-Presidente da República, A data de 11 de novembro tem , acaba de retornar de inegável valor histórico, não só para Angola, onde participou, Angola, mas também para o Brasil. representando o governo brasileiro, das Celebramos o quadragésimo comemorações dos quarenta anos da aniversário da independência de independência. Angola e os quarenta anos das relações diplomáticas entre nossos países desde Eu mesmo realizei visita a Luanda, a a independência. convite do Ministro Georges Chikoti, em abril deste ano, ocasião em que fui Fomos o primeiro país a reconhecer recebido pelo presidente José Eduardo Angola como Estado independente e dos Santos, por Vossa Excelência, e soberano, no mesmo dia de sua por outros altos integrantes do governo independência. Temos orgulho de ter angolano. dado esse passo corajoso à época, que explicitou o apoio do Brasil à São cada vez mais diversificadas as autodeterminação das nações africanas iniciativas e as realizações de nossa e à superação definitiva das políticas parceria bilateral. Apenas na última colonialistas, num mundo marcado década, mais de 650 estudantes pelas clivagens ideológicas da Guerra angolanos realizaram seus estudos Fria e pela disputa entre grandes superiores de graduação e pós- potências por zonas de influência. graduação em universidades brasileiras, no quadro de nossa Nascia ali uma parceria destinada a ser cooperação em matéria educacional. privilegiada, cimentada por história, língua e cultura comuns. O setor de defesa constitui outro importante pilar da parceria estratégica Desde aquele ano de 1975, as relações Brasil – Angola. Temos um vasto bilaterais têm-se fortalecido campo a explorar, especialmente no continuamente. A mais recente âmbito do ensino militar. Temos a demonstração disso foi a elevação do convicção de que o acordo de status de nossas relações à categoria de cooperação em defesa, cujas parceria estratégica, em 2010. negociações estão sendo concluídas, estimulará ainda maior aproximação O novo dinamismo dado pela parceria estratégica está refletido nas constantes entre nossas forças armadas e nossas empresas.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 82

No plano econômico-comercial, Esses documentos ajudarão a compor destaco a atuação de empresas visão mais ampla da evolução da brasileiras em diversos setores da política externa brasileira para a economia angolana e de empresas África, num período no qual o angolanas no Brasil. reconhecimento da independência angolana foi um marco, ao permitir o Temos mantido profícuo diálogo no fortalecimento de vínculos de âmbito inter-regional e no âmbito confiança com outros parceiros multilateral, reflexo evidente da africanos. coincidência de perspectivas e valores. A concertação entre nossos países tem É, portanto, uma grande satisfação se destacado na Comunidade dos abrir ao lado do meu colega Georges Países de Língua Portuguesa, na Zona Chikoti o seminário “40 anos do de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, Reconhecimento da Independência de e na Organização das Nações Unidas, Angola pelo Brasil”. Desejo a todos os onde hoje Angola ocupa assento no participantes uma excelente sessão de Conselho de Segurança. trabalho e estou certo de que os resultados das discussões contribuirão A cooperação empreendida pelo Brasil para um melhor conhecimento em Angola tem muito a contribuir para recíproco e para um aprofundamento o avanço de uma agenda internacional de nossas relações bilaterais. baseada na promoção do desenvolvimento, da justiça social e da Desejo a todos os participantes um solução pacífica de controvérsias, profícuo dia de trabalho. Muito objetivos permanentes da política obrigado. externa de ambos os países.

Senhoras e senhores,

Como é do conhecimento de todos, concomitantemente à realização deste evento, lançamos livro alusivo ao reconhecimento brasileiro da independência angolana, com uma seleção de documentos diplomáticos guardados em nossos arquivos. Esperamos dessa forma difundir mais detalhes sobre o processo decisório que levou ao reconhecimento brasileiro da independência angolana. 83 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA CERIMÔNIA DE FINAL DE ANO NO MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES (BRASÍLIA/DF, 9/12/2015)

É um prazer participar desta cerimônia o setor público, sem exceções, mas de final de ano, ocasião em que também sobre toda a sociedade podemos refletir sobre nosso trabalho, brasileira. Como bem assinalou o reforçar os laços que nos unem ao Embaixador Sergio Danese, ao traçar Itamaraty, e identificar desafios e um retrato preciso dos desafios objetivos que devem guiar a ação de administrativos e orçamentários que todos nós, servidores desta Casa e dos temos enfrentado, o ano que chega ao interesses maiores do País. fim não foi simples, nem corriqueiro.

Quero aqui externar, de início, meu Foi um ano de dificuldades e de reconhecimento e minha gratidão pela sacrifícios para o País como um todo. dedicação, seriedade e Coube-nos procurar enfrentá-lo com a comprometimento demonstrado pelos determinação de cumprir nosso dever funcionários deste Ministério ao longo institucional e preservar nossa Casa. de 2015. E transmitir a cada um o cumprimento da Presidenta Dilma Esse foi o propósito que norteou o Rousseff. trabalho da Chefia: resguardar o Ministério das Relações Exteriores e O espírito público na defesa dos buscar assegurar as condições e os interesses do País continua a ser uma recursos necessários para o das marcas do Itamaraty, reconhecido cumprimento de suas atribuições. como um dos mais qualificados quadros de servidores públicos do É essa a atitude que nos deve inspirar. Brasil. Como colega e como chefe, O Itamaraty é uma instituição tenho o orgulho de fazer parte, com fundamental para o Brasil, porque é de todos vocês, desta instituição que é um sua essência defender os interesses do dos patrimônios mais valiosos do País num mundo que se torna cada vez Estado brasileiro. mais complexo, competitivo e interdependente. É aqui, nesta Casa, E se esse patrimônio deve ser sempre que mantemos e levamos adiante a valorizado, ele é ainda mais memória institucional, os valores imprescindível nos momentos de essenciais e os princípios que sempre dificuldade, como o que vivemos orientaram a inserção internacional do atualmente. Brasil ao longo de sua história.

Vivemos uma situação excepcional, Estamos dedicados a manter uma que tem tido impacto não apenas sobre interlocução permanente e fluida com

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 84 outros órgãos do Governo e com o seu dom de escutar a Casa e de propor Congresso Nacional, onde soluções têm sido fundamentais para a acompanhamos de perto a evolução da boa continuidade de nossos trabalhos. pauta legislativa e seus possíveis impactos para o Itamaraty.

Estabelecemos frentes de diálogo com Estimados colegas, as diversas categorias do serviço Trabalhamos ao longo de 2015 para exterior, deixando claro que os canais levar adiante uma política externa de comunicação com a administração capaz de contribuir concretamente para estarão sempre abertos. Desejamos o desenvolvimento do País. cultivar uma cultura de diálogo e entendimento que permita que A Presidenta Dilma Rousseff realizou eventuais diferenças tenham importantes visitas oficiais bilaterais, encaminhamento adequado em nossos entre as quais aos Estados Unidos, ao próprios meios institucionais. México, à Colômbia, à Itália, à Suécia e à Finlândia. Além disso, recebeu em Adotamos também o firme Brasília, entre várias outras compromisso de criar um ambiente de autoridades, a Chanceler alemã Angela trabalho mais equânime e saudável. Merkel e o Primeiro-Ministro chinês Continuaremos a combater todos os Li Keqiang. casos de discriminação, estimulando a conscientização sobre práticas que O balanço de acordos resultantes devem ser definitivamente eliminadas. desses encontros é auspicioso. Um dos destaques foi a assinatura dos Apoiamos e valorizamos o trabalho do primeiros Acordos de Cooperação e Comitê Gestor de Gênero e Raça. E Facilitação de Investimentos, no marco vamos aprimorar políticas de do chamado “modelo brasileiro”. É um promoção da igualdade, de prevenção sinal claro de que o Brasil busca novos e de combate ao assédio e à caminhos para atrair investimentos e discriminação. Nenhuma denúncia para defender os interesses de nossas concreta deixará de ser apurada. empresas no exterior. Registro aqui, mais uma vez, meu O engajamento presidencial na agradecimento ao Secretário-Geral das dinamização da agenda externa Relações Exteriores, Embaixador estendeu-se também aos foros Sergio Danese, auxiliar leal, dedicado multilaterais. O Brasil esteve e competente, que tem conduzido representado no mais alto nível nos nossas atividades diárias com muita principais eventos realizados ao longo serenidade. Suas qualidades de 2015: a Cúpula das Américas, no intelectuais e profissionais, bem como Panamá; a Cúpula do BRICS; a Cúpula

85 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

CELAC-UE; a abertura da 70ª da consolidação da democracia e da Assembleia Geral das Nações Unidas; integração econômico-comercial. a Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável, em Nova York; a Cúpula Nosso continente é caracterizado pela do G-20; e a Conferência sobre ausência de conflitos armados, pela Mudança do Clima, a COP-21, em inexistência de armas de destruição em Paris. massa e pela existência de foros regionais que permitem encontros Esta agenda intensa de diplomacia frequentes entre as autoridades presidencial demonstra como o Brasil nacionais. É nosso dever trabalhar para continua comprometido em fortalecer preservar esse patrimônio. o multilateralismo, em reformar as instituições de governança global e em No âmbito do MERCOSUL, buscamos promover sua visão de país defensor da revigorar a agenda de relacionamento paz, dos direitos humanos e do externo do bloco, como demonstrado desenvolvimento sustentável. pela definição de nossa oferta a ser apresentada à União Europeia e pela Em 2015 foi realizada a primeira continuidade da aproximação com Cúpula do G-4 em dez anos, num sinal outros países e blocos, entre os quais a de que continuamos trabalhando com Aliança do Pacífico. vistas a uma reforma estrutural do Conselho de Segurança das Nações Acompanhamos com atenção as Unidas, objetivo que é ainda mais eleições na Argentina, no mesmo ano relevante num cenário marcado pelo em que celebramos os 30 anos de agravamento de conflitos e pelo nossa parceria, inaugurada com a surgimento de novas ameaças à paz e à assinatura da Declaração de Iguaçu, segurança internacionais. decisão visionária e corajosa dos Presidentes José Sarney e Raul O Brasil também foi um dos Alfonsín. Estamos prontos para protagonistas na preparação da Cúpula trabalhar de perto com o Presidente das Nações Unidas sobre o Mauricio Macri, que realizou sua Desenvolvimento Sustentável, primeira viagem ao exterior justamente realizada em Nova York, em setembro, ao Brasil, no último dia 4 de em que se aprovou a Agenda 2030, dezembro. composta por 17 objetivos de aplicação universal, dentre os quais um Em coordenação com os demais dos mais caros ao nosso País: a países-membros da UNASUL, erradicação da pobreza. buscamos contribuir com a facilitação do diálogo político e incentivamos o Na América do Sul, continuamos respeito à institucionalidade e à trabalhando de maneira ativa em favor normalidade constitucional na Venezuela. Saudamos a realização das

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 86 eleições no país, que ocorreram de Associação de Nações do Sudeste maneira pacífica. Esperamos que nesta Asiático, a ASEAN. Foi com esse fase pós-eleitoral o governo e a propósito que estive em Singapura e oposição persistam na valorização do Vietnam. E reuni-me em duas diálogo, da democracia e do respeito oportunidades com a Chanceler da ao estado de direito. Indonésia.

Há poucas semanas estive em Cuba. A Também realizei, em novembro, visita reaproximação desse país com os à Índia, sócio primordial em temas da Estados Unidos inaugura uma nova era agenda global e país com o qual ainda em nosso hemisfério e devemos nos há amplo espaço para o preparar para aproveitar as aprofundamento das relações bilaterais oportunidades que estão surgindo. nos mais diversos campos.

Uma das prioridades centrais da Temos acompanhado com grande política externa brasileira é a preocupação a evolução dos diversificação de parcerias. acontecimentos no Oriente Médio. Em Impulsionado por esse objetivo, visita ao Líbano, em setembro, ouvi de empenhei-me em revitalizar as altas autoridades recorrentes menções relações do Brasil com a África. Em à importância da voz do Brasil em prol três viagens distintas ao continente, da solução do conflito entre Israel e visitei nove países: Gana, São Tomé e Palestina e das crises na Síria, na Líbia Príncipe, Moçambique, Angola, Cabo e no Iêmen. Ouvi a mesma mensagem Verde, República Democrática do do Secretário-Geral das Nações Congo, Senegal, Camerum e Argélia. Unidas, Ban Ki Moon, e de diferentes interlocutores na Cúpula América do A África sempre desempenhará um Sul-Países Árabes, em Riade. papel importante para o Brasil, pelos laços humanos que nos aproximam, Merece também registro a assinatura pelo relevante papel que desempenha do Acordo de Cooperação entre o na ordem internacional e pela Brasil e a OCDE. Trata-se de iniciativa significativa agenda de investimentos, de avaliação da experiência de outros comércio e cooperação técnica que países avançados em formulação de temos com diversos países desse políticas públicas, em benefício do continente. projeto brasileiro de crescimento inclusivo e sustentável, geração de Em 2015, além da intensificação das empregos e qualificação da mão de relações com parceiros tradicionais obra, bem como o aperfeiçoamento de como a China e o Japão, que visitei em programas sociais e educacionais. julho, também decidimos enfatizar a aproximação com os países da

87 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Na OMC, o Brasil manteve ao longo Ao mesmo tempo, surgem ameaças desse período uma atuação que a comunidade internacional não invariavelmente construtiva e tem sido capaz de enfrentar de maneira desprendeu um enorme esforço para adequada. O terrorismo, fenômeno que fazer avançar a Rodada Doha. merece combate sem trégua, é o Embarco no próximo sábado para a exemplo mais eloquente dessa reunião ministerial de Nairóbi com constatação. esse mesmo espírito, ainda que consciente da magnitude dos O mundo parece despreparado para obstáculos a serem vencidos para que lidar com a capacidade de grupos não- se chegue a um resultado positivo. estatais ou indivíduos isolados de gerar o terror. Mas é fundamental que o Como essa síntese não-exaustiva necessário enfoque securitário não demonstra, ao longo de 2015 buscamos deixe que se perca de vista a dimensão reforçar a vertente universalista de dos direitos humanos. nossa política externa. Nossa região continuou sendo nosso espaço A comunidade internacional deve prioritário de atuação, mas não nos buscar unidade e firmeza na luta contra furtamos a desempenhar o papel de o terrorismo, mas deve evitar a ator de alcance global, condição de que armadilha da restrição das liberdades, o Brasil não pode mais se abster. da rejeição de refugiados e do agravamento da xenofobia e da discriminação.

Caros colegas, Em algumas instâncias, testemunhamos o retorno preocupante, Indo além do balanço de atividades em nos moldes da Guerra Fria, da disputa 2015, permitam-me tecer algumas por zonas de influência e poder. considerações sobre as prioridades de nossa política externa no futuro Essa lógica tem como resultado a próximo. fragilização das instituições multilaterais. A atuação do Conselho Estamos diante de um ambiente de Segurança das Nações Unidas tem- político internacional conturbado, em se caracterizado, muitas vezes, ou pela que se combinam o agravamento dos inércia decorrente da polarização entre conflitos, especialmente no Oriente os seus membros permanentes ou pela Médio, e o desafio do tomada de decisões que desenvolvimento, representado pela paradoxalmente enfraquecem ou pobreza que ainda atinge milhões de limitam o próprio sistema de segurança pessoas no planeta e as impele a buscar coletiva. uma vida melhor em outros continentes.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 88

O Brasil compartilha a visão de que é Manteremos também nosso inarredável necessário uma atuação mais intensa compromisso com a defesa da da comunidade internacional para democracia e do estado de direito em debelar as novas ameaças, mas sabe nosso continente. que essa ação só será eficaz se fundada no reforço da articulação internacional O Brasil estará sempre pronto a e, sobretudo, numa estratégia que atue trabalhar com os governos dos países não apenas sobre os sintomas, mas vizinhos, independentemente de também sobre as causas dos conflitos. qualquer viés ideológico. Como determina a Constituição Federal, a Por isso, continuamos a propugnar por integração com as nações latino- um reforço do multilateralismo e por americanas é um interesse maior do mais diplomacia na solução de crises. Brasil e está acima das naturais alternâncias político-partidárias. O Brasil se orgulha de sua política de receber refugiados de diferentes partes Também daremos sequência ao do mundo. Fazemos isso atentos às trabalho de fortalecimento de nossas preocupações com os riscos de relações bilaterais ao redor do mundo. segurança, mas não podemos nos sentir Buscaremos novos mercados, novos paralisados e nem indiferentes ao investimentos e parcerias no campo da sofrimento dessas pessoas. educação, da pesquisa científica e da inovação. Nosso país reúne um conjunto de características que lhe permitem atuar como um construtor de consensos na cena internacional. Entre eles, a Estimados colegas, coerência entre nosso discurso É com essa perspectiva pragmática que diplomático e nossa prática cotidiana; esperamos levar adiante uma política o fato de termos uma política externa externa em sintonia com os interesses universalista, que abrange relações nacionais. com todos os membros das Nações Unidas; e nossa capacidade de propor O Brasil deve orgulhar-se de ser uma soluções, ideias e inovações das maiores democracias do mundo, conceituais. capaz de traduzir em sua ação externa os valores mais fundamentais de seu Temos uma longa trajetória de política povo: a paz, o respeito aos direitos externa construtiva e respeitada, e não humanos e a busca de maior justiça podemos escusar-nos de ocupar um social. lugar importante nos principais debates globais. Esperamos, em 2016, dar nova contribuição para que o País supere o

89 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

momento de dificuldade e possa retomar sua trajetória de crescimento.

Nesse processo, estou certo de que seguiremos contando com o trabalho dedicado e de grande qualidade de todo o quadro de funcionários, que sempre fizeram do Itamaraty uma das instituições mais respeitadas do Estado brasileiro.

Obrigado a cada um dos servidores desta Casa. Quero desejar a todos meu profundo agradecimento pelo trabalho realizado em 2015. E transmitir os votos mais sinceros de um excelente final de ano e de um 2016 repleto de saúde e de êxitos, profissionais e pessoais, ao lado de suas famílias e de seus entes queridos.

Como costumava dizer o Embaixador Azeredo da Silveira, meu primeiro chefe no Itamaraty: “Lutem por suas felicidades”. É o conjunto delas que tornará nossa instituição cada vez mais coesa e mais forte.

Muito obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 90

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA SESSÃO DE ABERTURA DA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA OMC (NAIRÓBI/QUÉNIA, 16/12/2015)

Senhora Presidente, Ministra Amina continua sendo a fundação que tem Mohammed, permitido a esta construção resistir ao mal tempo.

Gostaria de iniciar agradecendo ao No entanto, temos que admitir que o Quênia pela hospitalidade e pela pilar negociador da OMC encontra-se excelente organização desta X em situação crítica. Estamos aqui em Conferência Ministerial da Nairóbi, depois de quatorze anos de Organização Mundial do Comércio negociações da Rodada de Doha, e ainda o consenso político sobre como Agradeço também ao Diretor-Geral, concluir as negociações nos escapa. Embaixador Roberto Azevêdo, pelo Para os países em desenvolvimento, a seus incansáveis esforços para Rodada de Doha tem sido uma coleção revitalizar a OMC em todas as suas de promessas incumpridas. Ainda funções e para facilitar os exitosos persiste uma assimetria indefensável resultados que todos esperamos de entre produtos industriais e agrícolas Nairóbi. quanto a acesso a mercados e disciplinas. Ao mesmo tempo, os Senhora Presidente, novos acordos mega-regionais levantam questões sobre nosso O OMC provou ser uma instituição compromisso coletivo com a OMC indispensável desde a sua criação em como foro negociador. 1995, que consolidou e reforçou o arcabouço multilateral de regras e Ao longo dos anos, o Brasil e o G-20 dedicaram consideráveis recursos e procedimentos. A Organização tem esforços para fazer avançar a Agenda sido um ativo vital para o monitoramento das relações de Desenvolvimento de Doha. Fizemos comerciais e para a solução de isso com base em nosso compromisso de longo prazo com o multilateralismo controvérsias. Por meio de um sistema e em nossa convicção de que questões de compromissos multilaterais, a OMC ajudou os seus Membros a navegar sistêmicas que afetam e distorcem o pelas problemáticas águas da crise comércio internacional, financeira de 2008, evitando os riscos particularmente em Agricultura, só pode ser adequadamente tratadas no do protecionismo e da guerra tarifária. contexto de uma estrutura multilateral. A cláusula da Nação Mais Favorecida

91 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Dois anos atrás, em Bali, chegamos a esse fracasso com resultados um resultado muito significativo com o cosméticos. Nesse cenário, a Acordo de Facilitação do Comércio. credibilidade da Organização vai Mas ele era parte de uma promessa desmoronar e a OMC enfrentará um ainda não cumprida: a de que no prazo tremendo risco de paralisia em um de dois anos nos encontraríamos para momento no qual as transformações no concluir a negociação das questões comércio internacional tornam suas fundamentais da Rodada. ações mais necessárias.

À luz do fato de que isso não vai Para o Brasil, só há uma opção: a acontecer, a OMC enfrenta duas primeira. Estamos plenamente opções em Nairóbi, e eu vou ser claro comprometidos a trabalhar para o sobre a nossa visão sobre isso. sucesso de Nairóbi.

Na primeira opção, partiremos de Viemos a Nairóbi para negociar. Meu Nairóbi com um acordo sobre a mandato me foi dado por uma nação proibição de subsídios à exportação de que busca prosperidade e justiça social, produtos agrícolas, e medidas uma nação que acredita na justiça e em equivalentes, e um pacote significativo um futuro aberto para todos, um país de resultados em favor dos Países de que sempre acreditou nos instrumentos Menor Desenvolvimento Relativo. multilaterais como maneira de alcançar esse objetivo. Esse é um mandato do Subsídios à exportação de produtos qual não irei me distanciar. agrícolas são amplamente reconhecidos como a forma mais A agricultura permanece como a área perniciosa de distorção do comércio onde encontramos as distorções mais agrícola e sua proibição é uma flagrantes no comércio internacional, e aspiração antiga de agricultores nos na qual a liberalização pode ser mais países em desenvolvimento. Nairóbi benéfica para os países em então será um sucesso e continuaremos desenvolvimento. Obter resultados na a restaurar a credibilidade do pilar de proibição de subsídios à exportação e negociação da Organização. Teremos medidas equivalentes não significa, é garantido uma base sobre a qual mirar claro, que se torna menos importante resultados nos demais temas que conseguir resultados significativos em estamos negociando na Agenda de Acesso a Mercados e em Apoio Desenvolvimento de Doha. Doméstico, mas é o necessário sinal vital que a OMC deve enviar a partir A segunda opção é fracassarmos em de Nairóbi. obter resultados no tema emblemático da agricultura, e tentarmos compensar Muito obrigado.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 92

DISCURSO DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, MAURO VIEIRA, POR OCASIÃO DA REUNIÃO MINISTERIAL DA CÚPULA DO MERCOSUL (ASSUNÇÃO/PARAGUAI, 20/12/2015)

Caro amigo, Chanceler Eladio bilhões em 1991 para algo em torno de Loizaga, em primeiro lugar gostaria de US$ 62 bilhões, recorde histórico em manifestar meu sincero agradecimento 2011. Fomos além e obtivemos pela acolhida que nos brinda o avanços importantes também no Paraguai nesta 49ª Reunião Ordinária campo da integração social e cidadã, do Conselho do Mercado Comum. na consolidação da democracia e no combate à pobreza. O MERCOSUL Aproveito também para dar as boas- conta, portanto, com um importante vindas à nossa colega Susana acervo de conquistas que devemos Malcorra, que recentemente assumiu a empenhar-nos em preservar. nobre tarefa de conduzir o Palácio San Martín. Estou seguro de que sua experiência nas Nações Unidas e no setor privado será de grande valia para Caros colegas, impulsionar o nosso projeto de Qualquer processo de integração é um integração. grande desafio. Trata-se de um Estar em Assunção, cidade que viu exercício permanente de adaptação às nascer o MERCOSUL, estimula-nos a necessidades de cada sócio e às refletir tanto sobre o que já alcançamos circunstâncias externas. nesses quase 25 anos quanto sobre os Estamos comprometidos em seguir nossos desafios futuros. aprofundando a agenda comercial do Nossa integração surgiu da percepção nosso bloco. Em Brasília, em julho de que, trabalhando em conjunto, passado, decidimos adotar o Plano de seríamos capazes de avançar mais Ação para o Fortalecimento do rapidamente na consecução do objetivo MERCOSUL Comercial e Econômico, de promover o desenvolvimento que visa à identificação e superação de econômico com justiça social. eventuais barreiras ao comércio entre nossos países. Ao longo desse período, avançamos muito na ampliação dos mercados A fluidez de nosso comércio interno é nacionais, com a progressiva um elemento de grande impacto sobre coordenação de nossas políticas em a imagem que se faz do bloco, diversos setores. especialmente para que os agentes econômicos mantenham sua confiança Nosso comércio cresceu de maneira no processo de integração. exponencial, saltando de US$ 4,5 93 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Ao renovarmos nosso compromisso O MERCOSUL constitui valioso com a superação de barreiras, estamos instrumento de projeção dos interesses dando passo importante para que o de seus Estados Partes numa economia MERCOSUL continue internacional cada vez mais desempenhando importante papel no competitiva, tendo especial relevância desenvolvimento de nossos países. nas negociações com os países e blocos de diferentes regiões. Não podemos perder de vista que o comércio intrazona é composto É por essa razão que devemos principalmente de produtos trabalhar com espírito renovado para manufaturados. Cerca de 80% das ampliar a rede de acordos comerciais importações brasileiras originárias do do nosso bloco com outros países e MERCOSUL são justamente de bens regiões. industrializados. O encaminhamento das negociações Isso significa geração de empregos de MERCOSUL-União Europeia continua qualidade e de renda em nossa região. a ser a principal prioridade do Brasil Aponta, ademais, para as amplas dentro de nossa agenda de possibilidades de integração produtiva relacionamento externo. Como em setores-chave e de alto valor sabemos, o MERCOSUL está pronto agregado, como o automotivo. para proceder à troca de ofertas de acesso a mercados o mais rapidamente Na qualidade de órgão superior do possível, dando início à etapa final das bloco, precisamos sinalizar a todos os negociações. demais níveis técnicos, especialmente aos Subgrupos de Trabalho e aos A oferta do MERCOSUL, incluindo as Comitês, que confiamos em seu áreas de bens, compras empenho para que possamos seguir governamentais, serviços e aprofundando a integração por meio da investimentos, foi aprovada em julho superação de eventuais entraves ao de 2014 e cumpre plenamente, e em comércio e aos investimentos todas as áreas, os parâmetros recíprocos. acordados em 2010, quando foram retomadas as negociações. Esperamos Temos a responsabilidade de eliminar que a União Europeia obtenha o as barreiras tarifárias remanescentes e consenso interno necessário que nos de buscar a convergência regulatória permita efetuar a troca de ofertas de maneira a extinguir barreiras não- rapidamente. tarifárias e medidas de efeito equivalente que nos afastam dos Apesar da importância das negociações propósitos do Tratado de Assunção. com a União Europeia, nossos interesses externos devem também se diversificar. Para aprimorarmos nossa

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 94 inserção internacional, incrementando tarifárias existentes, bem como nossas exportações e atraindo novos avançar nas negociações de serviços, investimentos, precisamos também nos investimentos, compras dedicar a outras frentes negociadoras. governamentais e facilitação de comércio, dentre outros temas. Devemos dar passos decididos nas conversações com outros parceiros, Nesse sentido, parabenizo a como o Canadá, a EFTA - Associação Presidência Pro Tempore paraguaia Europeia de Livre Comércio, a Índia, o pela realização da XXV Reunião Líbano e a Tunísia, entre outros, como Extraordinária da Comissão também a SACU - União Aduaneira da Administradora do Acordo de África Austral. Complementação Econômica MERCOSUL-Chile, o ACE-35, em Confiamos em que, com a ajuda de que se aprovou a atualização de seu todos, poderemos, durante a regime de origem. Presidência Pro Tempore do Uruguai, tornar a agenda externa do Destaco, também, os trabalhos que MERCOSUL ainda mais ambiciosa. permitiram concluir o Acordo MERCOSUL-Colômbia sobre O momento atual também demanda o Serviços, após seis anos de fortalecimento da integração negociação. Trata-se de importante econômica no âmbito de nossa região, passo para a ampliação temática de com medidas que complementem o nossa relação econômico-comercial, o acervo de liberalização já existente. qual favorecerá a circulação de bens e Temos de recuperar o espaço perdido de pessoas, bem como a internacionalização de nossas pela erosão das preferências empresas. negociadas nos Acordos de Complementação Econômica, em Não poderia deixar também de razão de acordos firmados agradecer ao Governo da Venezuela posteriormente por nossos sócios pela disposição manifestada de realizar regionais com terceiros países. reunião da Comissão Administradora Para tanto, é fundamental que do ACE-59 no início do próximo ano. cumpramos a agenda de reuniões Acreditamos ser este um passo fundamental no aprofundamento de regulares das Comissões nossos acordos. Administradoras desses Acordos de Complementação Econômica. Devemos, ainda, seguir trabalhando para promover o aprofundamento dos Somente assim poderemos trabalhar entendimentos entre MERCOSUL e mais e melhor em prol do aprofundamento das preferências Peru. A Comissão Administradora do

95 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ACE-58 é um foro fundamental para por intermédio de nossos Acordos de promover a dinamização da relação Complementação Econômica. econômico-comercial de nossos países com esse importante parceiro andino, Ainda no âmbito da região, o Brasil por meio da ampliação da cobertura do apoia avanços nas negociações com acordo e da aceleração de cronogramas Cuba e com o Sistema de Integração de desgravação tarifária. Centro-Americano, o SICA.

Nossos antecessores vislumbraram a expansão do MERCOSUL, facultando Senhoras e Senhores, a adesão ao Tratado de Assunção pelos demais membros da ALADI. Sabemos Com vistas a reforçar o processo de do esforço que representa levar adiante integração da região, é igualmente um complexo processo de importante darmos continuidade aos incorporação e aprendizagem das esforços de aproximação do normas e disciplinas do MERCOSUL. MERCOSUL com a Aliança do Pacífico. Estamos confiantes no empenho da Venezuela, nosso quinto sócio, e da Precisamos desconstruir o discurso Bolívia, em processo de adesão. equivocado de rivalidade entre os dois Contem com a colaboração do Brasil blocos. Estamos unidos, como se sabe, para o que for necessário. por ampla rede de acordos comerciais, alguns dos quais completarão em breve duas décadas. Senhores e Senhoras Chanceleres, Agradeço o empenho da Presidência Pro Tempore Paraguaia para convocar Em quase 25 anos de história, o uma reunião entre os dois blocos neste MERCOSUL evoluiu para abarcar semestre. amplo espectro de temas, que não se limitam às questões econômicas e É importante que possamos realizar na comerciais, mas alcançam também Presidência Pro Tempore Uruguaia um uma importante agenda social e cidadã. encontro entre os dois agrupamentos, a fim de debatermos o Plano de Ação Somos quase 300 milhões de cidadãos encaminhado pelo MERCOSUL para o e disfrutamos de direitos e benefícios diálogo com a Aliança do Pacífico e que nos foram conferidos pela notável outros temas de eventual interesse. evolução institucional e normativa que se observou na região desde a Esse esforço complementará o quadro assinatura do Tratado de Assunção. de aproximação que o MERCOSUL desenvolve com os países da Aliança, A vitalidade dessa agenda, marcada nos últimos anos pela aprovação do

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 96

Plano de Ação para a Conformação de MERCOSUL. Ofereço meu apoio à um Estatuto da Cidadania do próxima Presidência Pro Tempore no MERCOSUL e do Plano Estratégico esforço para avançar na efetivação de Ação Social, confere ainda maior dessas agendas. legitimidade ao nosso processo de integração.

O Governo brasileiro considera Estimados colegas, prioritárias as dimensões social e O MERCOSUL é parte essencial de cidadã do MERCOSUL e impulsionou, nossas identidades e está cada vez mais ao longo de sua última Presidência Pro presente na vida de nossos cidadãos. Tempore, um esforço de revisão e atualização do Plano Estratégico de Avançamos nos mais variados Ação Social e do Estatuto da aspectos, da expansão sustentada do Cidadania. comércio à agenda social e cidadã, da harmonização normativa à Esse esforço de revisão deve ser coordenação política. Criamos contínuo, de modo a cumprir com os mecanismos inovadores para lidar com objetivos estabelecidos em ambos os nossas necessidades particulares. documentos. Temos a responsabilidade de projetar O Governo brasileiro está igualmente os próximos 25 anos do bloco, zelando empenhado em incrementar a por esse patrimônio acumulado, e participação social nas decisões sobre fazendo com que o MERCOSUL siga o futuro do bloco. avançando, cada vez mais fortalecido.

Damos grande importância à Quero agradecer, uma vez mais, ao realização das Cúpulas Sociais, que já meu caro amigo Chanceler Eladio se realizam desde 2006, e cuja Loizaga pela condução do institucionalidade foi reforçada em MERCOSUL e pelo trabalho realizado 2012. ao longo deste semestre.

As Cúpulas Sociais tornaram-se parte Aproveito, também, para desejar muito do cenário do MERCOSUL e êxito ao meu amigo Chanceler Rodolfo contribuem para trazer para o seio do Nin Novoa na condução dos trabalhos bloco as demandas dos movimentos no próximo semestre. sociais de nossos países. Muito obrigado. Congratulo a Presidência Pro Tempore paraguaia pelos trabalhos desenvolvidos neste semestre e pela organização da XIX Cúpula Social do

97 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ATOS INTERNACIONAIS EM VIGOR

ENTRADA EM VIGOR DO infraestrutura e desenvolvimento ACORDO SOBRE O NOVO BANCO sustentável, e as crescentes demandas DE DESENVOLVIMENTO (NDB) existentes por investimentos nessas 03/07/2015 áreas. O Banco representa uma contribuição concreta do BRICS aos

desafios sistêmicos relacionados ao desenvolvimento internacional, O Governo brasileiro registra, com especialmente no tocante à maior satisfação, na condição de depositário integração entre as economias do Acordo sobre o Novo Banco de emergentes e em desenvolvimento. Desenvolvimento (NDB), que foram cumpridos todos os requisitos referentes ao depósito dos Acordo Comercial Expandido Brasil- instrumentos de aceitação, ratificação México – I Reunião Negociadora – ou aprovação do Acordo, assinado em Brasília, 7 e 8 de julho de 2015 15 de julho de 2014, na Cúpula de Fortaleza. O Acordo sobre o NDB Realizou-se, em Brasília, nos dias 7 e 8 entra em vigor a partir de hoje. Os de julho, a I Reunião Negociadora do signatários são, além do Brasil, a Acordo Comercial Expandido Brasil- África do Sul, a China, a Índia e a México, conforme acordado em Rússia, que compõem o BRICS. comunicado presidencial conjunto, por ocasião da visita da Presidenta Dilma O NDB mobilizará recursos para Rousseff ao México no dia 25 de maio. projetos de infraestrutura e Representantes de ambos os países desenvolvimento sustentável no acordaram os parâmetros para a negociação de um Acordo Comercial Expandido.

BRICS e em outras economias O Acordo de Complementação emergentes e países em Econômica N° 53 (Brasil-México) desenvolvimento. Trata-se de um concede preferência tarifária a 12% mecanismo que tem por objetivo das linhas tarifárias. As duas maiores complementar os recursos de outros economias da América Latina bancos multilaterais, regionais e coincidiram que existem inúmeras nacionais de desenvolvimento, tendo oportunidades para ampliar o em vista o hiato significativo de comércio, o que será explorado nas recursos destinados a projetos de negociações ora iniciadas. Em 2014, o intercâmbio comercial de Brasil e México foi de US$ 9 bilhões, dos quais

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 98

US$ 4,1 bilhões somente no setor Os Governos da República Federativa automotivo. do Brasil, da Federação Russa, da República da Índia, da República A II Reunião Negociadora do Acordo Popular da China e da República da Comercial Expandido ocorrerá no África do Sul (BRICS), doravante México em outubro próximo. denominados "Partes",

Atos assinados por ocasião da VII Em conformidade com as Declarações Cúpula do BRICS – Ufá, Rússia, 9 de aprovadas nas cúpulas do BRICS em julho de 2015 Sanya, Nova Délhi, Durban e Fortaleza, 1. ACORDO ENTRE OS GOVERNOS DOS ESTADOS Cientes da importância da ampliação e MEMBROS DO BRICS SOBRE do aprofundamento da cooperação na COOPERAÇÃO NA ÁREA DA área da cultura, CULTURA Convencidos de que o diálogo cultural 2. MEMORANDO DE contribui para o progresso dos países e ENTENDIMENTO ENTRE O uma melhor compreensão entre as MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES culturas, facilitando a aproximação EXTERIORES DA REPÚBLICA entre os povos, FEDERATIVA DO BRASIL, O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES Confirmando o seu apego aos valores EXTERIORES DA FEDERAÇÃO DA do BRICS com um espírito de RÚSSIA, O MINISTÉRIO DE abertura, inclusividade, igualdade, ASSUNTOS EXTERIORES DA respeito pela diversidade cultural, REPÚBLICA DA ÍNDIA, O respeito mútuo e compreensão entre os MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS povos, ESTRANGEIROS DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA E O acordaram o seguinte: MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS E COOPERAÇÃO DA REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL SOBRE A Artigo 1 CRIAÇÃO DE SÍTIO "WEB" CONJUNTO DO BRICS Em conformidade com este Acordo, legislação e política dos seus Estados, as Partes contribuirão para o desenvolvimento da cooperação e do ACORDO ENTRE OS GOVERNOS intercâmbio cultural, inclusive a DOS ESTADOS MEMBROS DO música, dança e coreografia, teatro, BRICS SOBRE COOPERAÇÃO NA circo, arquivos, atividade editorial, ÁREA DA CULTURA bibliotecas e museus, patrimônio cultural, artes finas, decorativas e aplicadas, obras audiovisuais, assim

99 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

como em outras áreas de atividade nações e irão colaborar no âmbito de artística previstas neste Acordo. respectivos programas. As Partes irão ampliar a cooperação Artigo 2 nas áreas de proteção, salvaguarda, restauração, restituição e utilização de As Partes irão cooperar na formação e objetos do patrimônio cultural, assim elevação da qualificação de como prestarão assistência e apoio especialistas em determinadas áreas da mútuo na gestão do patrimônio cultural cultura e artes. e na inscrição de sítios na Lista do Patrimônio Mundial. As Partes promoverão o intercâmbio de especialistas em pesquisa científica, Ademais, as Partes irão ampliar a pesquisadores universitários, peritos e cooperação nos domínios de proteção estudantes no âmbito dos programas de ou salvaguarda (consoante as normas interesse mútuo e encorajarão o constantes das Leis e Regulamentos desenvolvimento de programas dos Estados Partes), bem como de conjuntos pelas instituições de cultura, promoção do patrimônio cultural arte e formação de respectivos imaterial. especialistas das Partes. Artigo 5 As autoridades competentes das Partes procederão à troca de informações As Partes contribuirão para o sobre as atividades culturais realizadas desenvolvimento da cooperação na nos seus Estados, capazes de contribuir área audiovisual. As instituições e para o intercâmbio das experiências organizações nacionais dos Estados artísticas e científicas. As Partes membros são encorajadas a: encorajarão a participação dos seus representantes em tais atividades. - Organizar a exibição de obras audiovisuais e participação de Artigo 3 profissionais da área audiovisual nas atividades internacionais, em Em conformidade com as suas conformidade com as normas e obrigações internacionais, legislação e regulamentações das Partes; política dos seus Estados, as Partes irão cooperar na prevenção da - Participar em Projetos conjuntos que importação, exportação ou transmissão visam facilitar a produção conjunta e ilegais dos direitos de propriedade intercâmbio de obras audiovisuais. sobre os valores culturais dos seus Estados, assim como procederão à Artigo 6 troca de respectivas informações. As Partes contribuirão para o pleno Artigo 4 desenvolvimento e ampliação da cooperação na área das expressões As Partes reconhecem a contribuição culturais populares e tradicionais, do patrimônio cultural no incluindo a organização das exposições desenvolvimento sustentável das e festivais, jornadas culturais

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 100 nacionais, festas populares tradicionais As Partes encorajarão o intercâmbio e e apresentações de grupos de cultura a cooperação nas áreas de poligrafia e tradicional no âmbito das atividades atividade editorial, participação nas realizadas nos seus respectivos feiras internacionais do livro, tradução Estados. para as línguas das Partes e apoio da troca de visitas com participação do Artigo 7 pessoal das editoras públicas e privadas. As Partes procederão a consultas e desenvolverão a cooperação nas áreas Artigo 12 de interesse mútuo de conhecimentos tradicionais e expressões culturais, As Partes promoverão a cooperação e assim como os utilizarão em benefício troca de experiências entre as agências de todos os países membros do dos setores cultural e educacional, BRICS. trabalhando na área de indústria criativas consideradas como pilares do desenvolvimento sustentável, em especial no que se refere a pesquisas, Artigo 8 monitoramento, sistemas informativos, apoio a negócios e empreendedorismo As Partes encorajarão o intercâmbio de criativo, assim como à formação de grupos criativos juvenis e jovens atores profissionais e Elevação da sua para a sua participação em programas qualificação. juvenis internacionais, encontros criativos, atividades a céu aberto e Artigo 13 festivais juvenis de artes. As condições concretas da organização Artigo 9 das atividades (inclusive, as financeiras) são determinadas por via Com vista a facilitar o entendimento de consultas diretas entre as mútuo e a cooperação intercultural, as autoridades competentes das Partes. Partes encorajarão o intercâmbio de cópias de documentos e materiais Artigo 14 relacionados com a cultura, história e desenvolvimento social e político dos Quando necessário, as Partes podem seus Estados. desenvolver programas especiais de cooperação na área de artes, cultura e Artigo 10 patrimônio cultural, bem como nas esferas relacionadas. As Partes encorajarão a cooperação e o intercâmbio entre as bibliotecas e Artigo 15 museus dos seus Estados, inclusive mediante a organização de exposições. O presente Acordo não afetará os direitos ou obrigações das Partes de Artigo 11 participação nos programas de 101 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

intercâmbio cultural bilaterais ou O Governo da Federação Russa será o outros multilaterais. Depositário do presente Acordo.

Artigo 16 O Acordo será celebrado por um prazo indeterminado e entrará em vigor na Qualquer emenda a este Acordo será data de recebimento pelo Depositário feita de comum acordo entre as Partes, da última notificação por escrito sobre formalizadas sob a forma de protocolo o cumprimento por cada Parte separado, que entrará em vigor signatária dos procedimentos legais conforme o procedimento previsto no internos, indispensáveis para a entrada artigo 21. em vigor do presente Acordo.

Artigo 17 Qualquer Parte poderá se retirar deste Acordo, endereçando ao Depositário a Caso haja qualquer controvérsia entre notificação por escrito, o mais tardar as Partes relativa à interpretação e/ou três meses antes da data de retirada. O aplicação do presente Acordo, as Depositário notificará todas as outras Partes irão procurar uma resolução Partes sobre tal intenção, no prazo de amigável por via de negociações e 30 dias a contar do momento de consultas. recebimento da referida notificação. Tal retirada não afetará a Artigo 18 implementação dos programas ou atividades acordados antes que a A língua inglesa será o idioma de retirada tenha entrado em vigor. O trabalho para a cooperação no marco Acordo permanecerá em vigor para as da implementação deste Acordo. demais Partes.

Artigo 19

O presente Acordo não afetará os MEMORANDO DE direitos ou obrigações de cada uma das ENTENDIMENTO ENTRE O Partes, decorrentes de outros Acordos MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES internacionais de que os seus Estados EXTERIORES DA REPÚBLICA são partes. FEDERATIVA DO BRASIL, O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA FEDERAÇÃO DA Artigo 20 RÚSSIA, O MINISTÉRIO DE ASSUNTOS EXTERIORES DA Salvo se as Partes acordarem em REPÚBLICA DA ÍNDIA, O contrário, a denúncia do presente MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS Acordo não afetará a implementação ESTRANGEIROS DA REPÚBLICA dos programas ou atividades acordados POPULAR DA CHINA E O antes da rescisão deste Acordo. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS E Artigo 21 COOPERAÇÃO DA REPÚBLICA DA ÁFRICA DO SUL SOBRE A

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 102

CRIAÇÃO DE SÍTIO "WEB" BRICS. O sítio "web" será um recurso CONJUNTO DO BRICS "online" gratuito e público.

O Ministério das Relações Exteriores 2. Objetivos da Criação do Sítio "Web" da República Federativa do Brasil, o Ministério das Relações Exteriores da O sítio "web" será criado para: Federação da Rússia, o Ministério de Assuntos Exteriores da República da – disseminar informações sobre Índia, o Ministério dos Negócios atividades relacionadas ao BRICS de Estrangeiros da República Popular da um Estado que ocupe a presidência de China e o Ministério das Relações turno do BRICS, inclusive as suas Internacionais e Cooperação da prioridades e o programa de sua República da África do Sul, doravante presidência, informações sobre eventos denominados "Partes", passados e futuros da Presidência e discursos relacionados ao BRICS Guiados pelo desejo de fortalecer a proferidos pelos líderes da Presidência Cooperação abrangente entre os de turno; Estados Membros, – fornecer informações sobre a Buscando desenvolver relações entre participação de Estados Membros do os departamentos de política exterior BRICS e sobre eventos que organizam dos Estados Membros, no âmbito do BRICS;

Movidos pelo desejo de disseminar – disseminar informações sobre as informações sobre os valores, atividades de empresas e organizações objetivos e atividades práticas do não-governamentais com vistas a BRICS para o público de nossos países promover os objetivos do BRICS; bem como para a comunidade internacional, – disseminar publicações da imprensa sobre atividades do BRICS; Buscando usar tecnologias da Informação e da comunicação para – informar o público sobre a história aprofundar a cooperação entre os do BRICS e decisões adotadas. Estados Membros e suas populações, Dando seguimento aos Planos de Ação 3. Estrutura do Sítio "Web" adotados nas Cúpulas do BRICS em Durban (2013) e em Fortaleza (2014), O sítio "web" terá uma estrutura de módulos e incluirá: As Partes registram o seu entendimento de cooperar da seguinte forma: – módulo da Presidência de turno do BRICS; 1. Criação de Sítio "Web" – módulo do Arquivo de Documentos Oficiais do BRICS; As Partes criarão um sítio "web" conjunto para cobrir as atividades do 103 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

– módulos nacionais dos Estados – participar de forma igualitária para a Membros do BRICS resolução de questões relativas à gestão do sítio "web" do BRICS – módulo das Notícias do BRICS; aplicando o princípio do consenso;

– módulo das Publicações Científicas – disponibilizar informações relevantes sobre o BRICS; que as Partes considerem necessárias em seus módulos nacionais do sítio – outros módulos conforme acordado "web" do BRICS, e no período de pelas Partes. presidência do BRICS – no módulo da Presidência de turno. O modulo da Presidência de turno do BRICS será mantido no idioma oficial 5. Responsabilidades das Partes e em inglês. O módulo do Arquivo de Documentos Oficiais do BRICS As Partes: conterá documentos ostensivos e será mantido pela Parte russa em russo, – assegurarão que o módulo da pela Parte brasileira em português, pela Presidência tenha conteúdo apropriado Parte chinesa em chinês, pela Parte enquanto o Estado estiver na indiana em hindi e pela Parte sul- Presidência de turno do BRICS; africana em inglês. – manterão de forma adequada seus Os módulos nacionais dos Estados módulos nacionais, incluindo seu Membros do BRICS serão mantidos "software"; pela respectiva Parte. – disponibilizarão documentos oficiais O modulo das Notícias do BRICS será e ostensivos em conexão com os mantido da mesma maneira que os eventos do BRICS nos respectivos nacionais. idiomas nacionais no Arquivo de Documentos Oficiais do BRICS; O módulo sobre Publicações Científicas sobre o BRICS será – tomarão as medidas necessárias para mantido pelo Conselho de "Think assegurar a segurança da informação Tanks" do BRICS. para os módulos nacionais e o sítio "web" com um todo. Poderão haver outros módulos conforme acordado pelas Partes. 6. Financiamento do Sítio "Web"

4. Direitos das Partes Cada Parte tenciona prover o financiamento, dentro dos recursos As Partes terão direito a: nacionais já existentes destinados a esta atividade, para apoiar o – ter acesso desimpedido e pleno às funcionamento do módulo nacional e informações publicadas no sítio "web" para a disponibilização de toda a do BRICS, bem como às informações informação no idioma oficial do sobre o "software" do sítio "web"; Estado Parte em cada módulo do sítio

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 104

"web" do BRICS. O presente Memorando será celebrado O módulo da Presidência será por prazo indeterminado, a não ser que financiado pela Parte que ocupe a qualquer das Partes dele se retire. Presidência de turno do BRICS no respectivo ano. Além disso, esta Parte O presente Memorando não é um providenciará as traduções em inglês tratado internacional e não cria direitos de toda a informação disponibilizada e obrigações regidas pelo direito neste módulo. internacional.

7. Gestão do Sítio "Web" ATOS ASSINADOS POR OCASIÃO DA XLVVIII CÚPULA DOS Para os propósitos de gerenciamento CHEFES DE ESTADO DO do sítio, a Parte criará um Conselho. O MERCOSUL E ESTADOS órgão abarcará representantes ASSOCIADOS – BRASÍLIA, 17 DE devidamente autorizados (um de cada JULHO DE 2015 Parte). As funções do Presidente do Conselho serão exercidas pelo Acordo-Quadro de Associação entre o representante da Presidência de turno MERCOSUL e a República do BRICS. Em seu trabalho, o Cooperativista da Guiana [Português] Conselho será guiado pelo princípio do consenso. Suas competências incluirão a determinação das áreas de foco das atividades do sítio "web" no longo Acordo-Quadro de Associação entre o prazo e a resolução de questões MERCOSUL e a República do relativas à sua operação. As decisões Suriname [Português] do Conselho serão tomadas por votação "in absentia". O Conselho se reunirá, preferencialmente, por teleconferência ou videoconferência. Protocolo de Adesão do Estado Plurinacional da Bolívia ao Representantes de quaisquer das Partes MERCOSUL [Português] poderão ser substituídos por outra pessoa devidamente autorizada. Não poderá haver mais do que um suplente. O Conselho deverá estar informado, tempestivamente e por escrito, de tais ATOS ASSINADOS POR OCASIÃO mudanças. DA VISITA DE ESTADO DA PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF À COLÔMBIA – BOGOTÁ, 9 DE 8. Dispositivos Finais OUTUBRO DE 2015 O presente Memorando será aplicável ATOS INTERNACIONAIS a partir da data de sua assinatura. I – ACORDO DE COOPERAÇÃO E O presente Memorando estará sujeito à FACILITAÇÃO DE revisão anual. INVESTIMENTOS 105 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Objetivo: promover a cooperação entre INDÍGENAS NA ZONA DE as Partes com o fim de facilitar e FRONTEIRA promover o investimento mútuo, mediante o estabelecimento de um Objetivo: o fortalecimento da marco institucional para a gestão de cooperação binacional em assuntos uma agenda de cooperação e de indígenas na zona de fronteira entre as facilitação de investimentos, bem autoridades competentes do Brasil e da como mecanismos para a mitigação de Colômbia. riscos e a prevenção de conflitos, entre outros instrumentos mutuamente Signatários: pelo Brasil, Ministro de acordados pelas Partes. Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira; pela Signatários: pelo Brasil, Ministro de Colômbia, Ministra das Relações Estado do Desenvolvimento, Indústria Exteriores, María Ángela Holguín e Comércio Exterior, Armando Cuéllar Monteiro; pela Colômbia, Ministra de Comércio, Indústria y Turismo, Cecília Álvarez-Correa Glen ATOS INTERINSTITUCIONAIS

IV - MEMORANDO DE II – ENTENDIMENTO SOBRE ENTENDIMENTO PARA SETOR AUTOMOTIVO AO PROMOÇÃO DE ESTUDOS E AMPARO DO ACORDO DE PESQUISA ENTRE O MINISTÉRIO COMPLEMENTAÇÃO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO ECONÔMICA Nº 59 BRASIL E O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DA Objetivo: promover o desenvolvimento COLÔMBIA da indústria automotriz e de seus setores associados, bem como Objetivo: cooperar com vistas à promover o aumento do volume do promoção de estudos e pesquisas e a comércio bilateral. realização de cooperação acadêmica em relações internacionais, política Signatários: pelo Brasil, Ministro de externa, história diplomática do Brasil Estado do Desenvolvimento, Indústria e da Colômbia e outras áreas afins de e Comércio Exterior, Armando interesse mútuo. Monteiro; pela Colômbia, Ministra de Comércio, Indústria y Turismo, Cecília Signatários: pelo MRE, Ministro de Álvarez-Correa Glen Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira; pelo MRE colombiano, Ministra das Relações Exteriores, María Ángela Holguín III – MEMORANDO DE Cuéllar ENTENDIMENTO PARA A COOPERAÇÃO EM ASSUNTOS V – MEMORANDO DE

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 106

ENTENDIMENTO SOBRE Signatários: pelo MCTI, Ministro de COOPERAÇÃO EM Estado da Ciência, Tecnologia e AGRICULTURA FAMILIAR Inovação, Celso Pansera; pelo MINTIC, Ministro de Tecnologias de Objetivo: cooperar para construção de Informação e Comunicações, David políticas públicas efetivas para o Luna Sánchez desenvolvimento do campo e da agricultura familiar.

Signatários: pelo lado brasileiro, Ministro de Estado das Relações Exteriores, Embaixador Mauro Vieira; pelo lado colombiano, Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Aurelio Iragorri

VI – CARTA DE INTENÇÕES DE COOPERAÇÃO EM TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ENTRE O MCTI E

O MINISTERIO DE TECNOLOGÍAS DE LA INFORMACIÓN Y LAS

COMUNICACIONES (MINTIC)

Objetivo: cooperar nas áreas de educação, pesquisa, desenvolvimento, transferência de tecnologia, treinamento de pessoal e intercâmbio de experiências no campo da Tecnologia da Informação e Comunicação.

107 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

COMUNICADOS, NOTAS, MENSAGENS E INFORMAÇÕES

RESTABELECIMENTO DE julho, pelo Conselho de Direitos RELAÇÕES ENTRE CUBA E OS Humanos das Nações Unidas (CDH). EUA 1/07/2015

O Governo brasileiro recebeu com satisfação o anúncio do O texto adotado, fruto de um restabelecimento de relações minucioso e construtivo esforço diplomáticas e da reabertura recíproca negociador que contou com ativa de Embaixadas entre Cuba e os participação brasileira, buscou Estados Unidos da América, a partir do aproximar posições e levar em conta próximo dia 20 de julho. Trata-se de preocupações de países que, como o passo importante no processo de Brasil, tinham problemas de fundo normalização das relações entre dois com o texto anterior. O resultado países com os quais o Brasil mantém apresenta maior equilíbrio em tradicionais e profundos vínculos de comparação à resolução adotada na amizade e cooperação. última sessão do CDH, em março último, o que permitiu o voto brasileiro O Governo brasileiro cumprimenta os favorável. No texto, estão Governos de Cuba e dos Estados contempladas a necessidade de buscar Unidos da América pela opção que uma solução política para o conflito e a fizeram pelo diálogo e por essa responsabilidade de todas as partes histórica decisão, que representa a pelo respeito aos direitos humanos. superação de animosidades anacrônicas e traz efeitos O Brasil vê com grande preocupação a potencialmente positivos para todo o persistência de graves violações de continente americano. direitos humanos na Síria, país ao qual está ligado por laços forjados pela numerosa comunidade de origem síria POSIÇÃO DO BRASIL SOBRE A que faz parte de sua população, e RESOLUÇÃO DO CONSELHO reitera seu firme apoio aos esforços do Representante Especial das Nações DE DIREITOS HUMANOS DAS Unidas para a Síria, Staffan de NAÇÕES UNIDAS SOBRE A Mistura, e também da Comissão SITUAÇÃO DE DIREITOS Internacional Independente de HUMANOS NA SÍRIA 02/07/2015 Inquérito sobre a Síria, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

O Brasil votou a favor do projeto de Por meio de explicação de voto, o Brasil saudou “o reconhecimento da resolução sobre a situação dos direitos necessidade de uma solução política humanos na Síria adotado hoje, 2 de negociada para o conflito”, bem como “a responsabilidade primária das

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 108 autoridades sírias pela garantia dos humanitária na Síria e em países direitos humanos do povo sírio, vizinhos. respeitando o direito humanitário internacional”. Ressaltou, igualmente, VISITA DA MINISTRA DOS que a responsabilidade de vários NEGÓCIOS ESTRANGEIROS grupos armados de oposição, incluindo o autodenominado “Estado Islâmico” e DA AUSTRÁLIA, JULIE BISHOP a Frente Al-Nusra, por graves 03/07/2015 violações de direitos humanos, não deve de modo algum ser minimizada, e A Ministra dos Negócios Estrangeiros que “todas as atrocidades e seus da Austrália, Julie Bishop, realizará perpetradores devem ser condenados”. visita a Brasília em 3 de julho de 2015, ocasião em que manterá reunião de O Governo brasileiro reafirma o seu trabalho com o Ministro das Relações repúdio a todo e qualquer ato de Exteriores, Embaixador Mauro Vieira. terrorismo, intolerância religiosa e uso de violência contra populações civis, Os Ministros tratarão de temas da qualquer que seja sua origem. agenda bilateral, como cooperação educacional, científica e tecnológica, A delegação brasileira no CDH intercâmbio cultural e promoção do reiterou o compromisso do Brasil em turismo e de investimentos, bem como apoiar “todos os esforços direcionados de temas regionais e multilaterais, à construção de solução política para o como abolição global da pena de conflito sírio, por meio de negociações transparentes, inclusivas e não morte, reforma das Nações Unidas, sectárias” e conclamou todos as partes mudança do clima e objetivos de envolvidas a assumirem o desenvolvimento sustentável. compromisso de dialogar em boa-fé e “sem pré-condições”. Brasil e Austrália celebram, em 2015, o 70º aniversário do estabelecimento Na perspectiva brasileira, cabe ao de relações diplomáticas. Os dois CDH, em conformidade com as países tornaram-se fortes aliados na conclusões da Comissão Independente defesa de interesses comuns em fóruns de Inquérito, encorajar a retomada das multilaterais, a exemplo de seus negociações em favor de uma transição esforços conjuntos pela liberalização política liderada pelos próprios sírios e do comércio agrícola. Dois dos respaldada pelas Nações Unidas, que maiores exportadores mundiais de preserve a integridade territorial e a produtos agrícolas, integram o Grupo soberania do país e conduza a uma paz de Cairns nas negociações na OMC. sustentável e duradoura. Os vínculos bilaterais têm crescido Desde 2011, além de receber rapidamente. Em junho de 2012, Brasil expressivo número de refugiados e Austrália decidiram elevar seu sírios, o Brasil realizou importantes relacionamento ao status de parceria doações de alimentos, medicamentos e estratégica. Em novembro de 2014, a fundos para aliviar a situação Presidenta Dilma Rousseff realizou a 109 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

primeira visita de um Chefe de Estado com a democracia, o Estado de Direito brasileiro à Austrália. e uma governança transparente e confiável. A resolução também Entre os setores que se destacam nas determina a realização, em março de relações bilaterais está a cooperação 2016, de painel sobre o tema, visando educacional. Os brasileiros representam o sétimo maior à identificação dos desafios e das boas contingente de estudantes estrangeiros práticas existentes. na Austrália, o único de nacionalidade não asiática a figurar entre os dez A adoção do texto insere-se no maiores países de origem. A Ministra contexto da implementação do Julie Bishop assinará com o Ministro programa de atividades da Década da Educação, , Internacional dos Afrodescendentes Memorando de Entendimento em (2015-2024) e dos esforços para Educação, Pesquisa e Formação conferir efetividade à Declaração e ao Profissional. Plano de Ação de Durban, adotados durante a III Conferência Mundial Entre março e maio de 2016, será Contra o Racismo, a Discriminação realizado o “Ano da Austrália no Racial, a Xenofobia e as Intolerâncias Brasil”, com atividades relacionadas a Correlatas (2001); ao Documento Final artes visuais, dança, música e cultura da Conferência de Revisão de Durban aborígene nas cidades de São Paulo, (2009); e à Convenção das Nações Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Unidas para a Eliminação de Todas as Curitiba e Salvador. Formas de Discriminação Racial.

O Brasil, que possui grande diversidade étnica e racial, incluindo a ADOÇÃO DA RESOLUÇÃO maior população afrodescendente do SOBRE A mundo, reitera seu compromisso com a promoção da igualdade racial em todas INCOMPATIBILIDADE ENTRE as esferas da vida pública e privada. DEMOCRAICA E RACISMO 03/07/2015 NOTA DE ESCLARECIMENTO O Governo brasileiro registra, com 07/07/2015 satisfação, a adoção em 2 de julho, por consenso, pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDH), O Ministério das Relações Exteriores em Genebra, de resolução de iniciativa rejeita categoricamente a acusação, do Brasil sobre a "Incompatibilidade veiculada na edição de hoje do jornal entre democracia e racismo". A "O Globo", de que a Embaixada do resolução reafirma que o racismo, a Brasil em Porto Príncipe, Haiti, exija discriminação racial, a xenofobia e de solicitantes de visto pagamento de intolerâncias correlatas violam os taxas indevidas ou qualquer tipo de direitos humanos e são incompatíveis "propina", como veiculado na matéria.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 110

Desde a adoção da Resolução brasileira. Como resultado, os Normativa nº 97 do Conselho Nacional demandantes de visto frequentemente de Imigração/CNIg, de janeiro de terminam como vítimas das quadrilhas 2012, que implementou política de atravessadores que agem no entorno migratória especial, de caráter do setor consular, fora da área de humanitário, para nacionais do Haiti, jurisdição da Embaixada. A foram concedidos, pela Embaixada do Embaixada em Porto Príncipe busca, Brasil em Porto Príncipe, mais de 16 sempre que possível, orientar os mil vistos permanentes para haitianos. interessados a não contratar tais O único pagamento requerido aos serviços e a não acreditar nas solicitantes desse visto diz respeito aos promessas de facilitação. emolumentos consulares, cujo valor, atualmente fixado em 200 dólares, é Essa nova acusação infundada ocorre pago via depósito bancário feito em momento no qual o MRE envida diretamente na conta da Embaixada. A grandes esforços para ampliar sua Embaixada não cobra qualquer taxa de capacidade de emissão de vistos urgência, ou qualquer outro valor, a naquela capital, tendo já logrado qualquer título. reduzir significativamente o tempo de espera e incrementado Denúncias semelhantes, sempre sem significativamente a emissão dos vistos provas contra a Embaixada, são permanentes humanitários, hoje já em frequentes desde 2012, como foi torno de 1700 vistos por mês. Uma vez salientado à profissional daquele jornal implementado o contrato com a em resposta à sua consulta. Cabe Organização Internacional para as salientar que o processo da migração Migrações (OIM), com vistas à haitiana para o Brasil é marcado por prestação de serviços pré-consulares intensa ação de grupos criminosos voltados exclusivamente aos organizados de traficantes de demandantes dos vistos humanitários migrantes (os chamados "coiotes"), (atendimento ao público, orientação, que buscam aliciar nacionais haitianos preenchimento de formulários com base, entre outros meios, em eletrônicos e compilação de acusações de corrupção contra documentos), estima-se que a funcionários da Embaixada. Esses Embaixada no Haiti estará em grupos exigem taxas indevidas com o condições de conceder mais de 2 mil objetivo de supostamente facilitar a vistos por mês. obtenção de visto para o Brasil ou de afastar os solicitantes da Embaixada a O Ministério das Relações Exteriores fim de induzi-los a recorrer a vias apurará as denúncias com rigor e irregulares de migração. Os tomará as medidas pertinentes no denunciantes que constam na matéria âmbito judicial contra acusações claramente não distinguem entre baseadas em falsos testemunhos, que funcionários do quadro do Serviço lançam dúvidas infundadas ou Exterior Brasileiro, funcionários locais condenações injustas contra e pessoas que não trabalham na funcionários do seu Quadro Embaixada, mas se apresentam como Permanente ou contratados locais em funcionários da Missão Diplomática Porto-Príncipe. O testemunho que 111 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

pode ser dado sobre o trabalho desses à consecução dos seus objetivos funcionários é o de uma intensa mútuos de paz, desenvolvimento e dedicação a suas funções, em uma prosperidade. situação de extrema pressão, sempre com elevado espírito público e humanitário, espírito esse que vem PARTICIPAÇÃO DA permitindo que milhares de haitianos PRSIDENTA DA REPÚBLICA emigrem para o Brasil em situação NA VII CÚPULA DO BRICS – legal e sem submeter-se à exploração de "coiotes" ou aos riscos de segurança UFÁ, RÚSSIA, 8 E 9 DE JULHO e saúde impostos pela imigração ilegal. DE 2015 07/07/2015

A Presidenta Dilma Rousseff participará, nos dias 8 e 9 de julho, em 40° ANIVERSÁRIO DA Ufá, na Rússia, da VII Cúpula do INDEPENDÊNCIA DA BRICS. REPÚBLICA DE CABO VERDE Com a entrada em vigor do Acordo 07/07/2015 sobre o Novo Banco de Desenvolvimento no último dia 3 de A República de Cabo Verde celebrou, julho, os líderes dos BRICS terão a em 5 de julho corrente, o 40º oportunidade de discutir sua visão para aniversário de sua independência. Nas a nova instituição, voltada para comemorações em Praia, o Governo projetos de infraestrutura e brasileiro fez-se representar por seu desenvolvimento sustentável. A Embaixador naquela capital. Cúpula contará com a participação do Presidente do Banco, o indiano K. V. Kamath, eleito hoje na primeira Cabo Verde está presente na história reunião do Conselho de Governadores brasileira desde seu início. Ao longo do Banco, realizada em Moscou. dos últimos anos, o relacionamento entre os dois países tem-se intensificado de forma notável. Os líderes terão igualmente a Estabelecidas já em 1975, logo após a oportunidade de discutir a independência cabo-verdiana, as implementação do Arranjo relações bilaterais englobam as mais Contingente de Reservas do BRICS, diversas áreas, da coordenação política cujo Tratado constitutivo entra em à cooperação técnica, passando pelos vigor no próximo dia 30 de julho. domínios da defesa, do comércio e dos Naquela data, tendo em vista os investimentos. trabalhos preparatórios já realizados, o Arranjo estará plenamente operacional. O Governo brasileiro congratula o Governo e o povo cabo-verdianos pela Entre outros resultados, a Cúpula de passagem dessa auspiciosa data e Ufá adotará o documento "Estratégia reafirma o desejo de que o para uma Parceria Econômica do relacionamento bilateral se torne ainda BRICS". Trata-se de um roteiro para o mais dinâmico e profundo, com vistas fortalecimento da cooperação entre os

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 112 países do BRICS nas áreas econômica AGRÉMENT AO EMBAIXADOS e comercial. A Estratégia prevê DO BRASIL NO URUGUAI atividades consideradas prioritárias entre os BRICS em temas como 08/07/2015 comércio, investimento, energia, mineração, agricultura, cooperação financeira, infraestrutura, educação, O Governo brasileiro tem a satisfação ciência e tecnologia, turismo e de informar que o Governo da mobilidade laboral. Também deverão República Oriental do Uruguai ser assinados acordos de cooperação concedeu agrément a Hadil Fontes da cultural e para a criação do sítio Rocha Vianna como Embaixador eletrônico conjunto do BRICS. Extraordinário e Plenipotenciário do Brasil naquele país. Dando continuidade à cooperação entre os cinco bancos de desenvolvimento dos países do De acordo com a Constituição, essa BRICS, deverá ser assinado entre eles designação ainda deverá ser submetida um Acordo para promover a interação à apreciação do Senado Federal. dessas instituições com o recém-criado Novo Banco de Desenvolvimento.

Na vertente de relacionamento externo do BRICS, os líderes dos cinco países VIAGEM DA PRESIDENTA DA manterão, no dia 9, encontro com os REPÚBLICA À ITÁLIA – ROMA líderes de países membros e E MILÃO, 10 E 11 DE JULHO DE observadores da Organização para 2015 09/07/2015 Cooperação de Xangai e da União Econômica Eurasiática, além do Turcomenistão. A Presidenta Dilma Rousseff realizará visita oficial à Itália nos dias 10 e 11 de julho próximo. Em Roma, no dia Os países do BRICS representam, 10, manterá encontros com o hoje, 22% do PIB mundial. Em 2014, Presidente da República Italiana, foram responsáveis por mais de 40% Sergio Mattarella, e com o Presidente do crescimento da economia mundial. do Conselho de Ministros, Matteo Renzi. No dia 11, a Presidenta Dilma O volume de comércio entre os países Rousseff visitará o Pavilhão brasileiro do BRICS saltou, entre 2005 e 2014, na EXPO 2015, em Milão. de 72 bilhões para 297 bilhões de dólares, um incremento de 311%, muito acima, portanto, do crescimento Será o primeiro encontro oficial da Presidenta da República com o do comércio mundial, de 80%, no Presidente Sergio Mattarella e com o mesmo período. Os países do BRICS Primeiro-Ministro Matteo Renzi. Nas dobraram a sua participação no reuniões, serão discutidos os principais comércio desde 2001, representando, temas da agenda bilateral, como hoje, 18% do comércio global. comércio, investimentos, defesa,

113 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

educação e fortalecimento das VII CÚPULA DO BRICS – parcerias na área de pequenas e médias DECLARAÇÃO DE UFÁ, empresas. Os encontros permitirão, ainda, aprofundar o exame de questões RÚSSIA, 9 DE JULHO DE 2015 multilaterais, como as negociações 09/07/2015 sobre mudança do clima e os desafios à paz e à segurança internacionais. A Itália é Parceira Estratégica do Brasil desde 2007. 1. Nós, os líderes da República Federativa do Brasil, da Federação da A EXPO Milão, cujo tema é Rússia, da República da Índia, da "Alimentar o Planeta – Energia para a República Popular da China e da Vida", busca discutir questões relativas República da África do Sul, reunimo- à alimentação e à nutrição. O Governo nos em 9 de julho de 2015, em Ufá, brasileiro participa com pavilhão que Rússia, na Sétima Cúpula do BRICS, tem por objetivo divulgar a capacidade realizada sob o tema “Parceria BRICS tecnológica do Brasil de ampliar a – Um Fator Pujante de produção de alimentos e de ajudar a Desenvolvimento Global”. Discutimos atender às demandas mundiais de questões de interesse comum a respeito forma sustentável. da agenda internacional, bem como prioridades fundamentais para Em 2014, a Itália foi um dos dez fortalecer e ampliar ainda mais nossa principais parceiros comerciais do cooperação intra-BRICS. Enfatizamos Brasil. Com mais de 1.200 empresas a importância de fortalecer a atuando no território brasileiro, solidariedade e a cooperação, e também figura entre os dez principais decidimos aprimorar ainda mais nossa países que mais investem no País. O parceira estratégica com base nos Brasil também possui importantes princípios de abertura, solidariedade, investimentos na Itália, concentrados igualdade, entendimento mútuo, nos setores bancário, alimentício, de inclusão e cooperação mutuamente transporte aéreo, de processamento de benéfica. Concordamos em intensificar couros, de comunicações, de os esforços coordenados para compressores para refrigeração e de responder a desafios emergentes, comercialização de calçados. Cerca de garantir a paz e a segurança, promover 30 milhões de brasileiros têm origem o desenvolvimento de maneira italiana, e há, na Itália, expressiva sustentável, enfrentando os desafios da comunidade de origem brasileira. erradicação da pobreza, da desigualdade e do desemprego, em De 2008 a 2014, o fluxo de comércio benefício de nossos povos e da cresceu cerca de 10%, passando de comunidade internacional. US$ 9,38 bilhões para US$ 10,33 Confirmamos nossa intenção de bilhões. De janeiro a maio de 2015, a ampliar ainda mais o papel coletivo de corrente de comércio entre os dois nossos países em assuntos países alcançou US$ 3,47 bilhões. internacionais.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 114

2. Saudamos o progresso substantivo 4. Em nosso encontro, enfatizamos que alcançado desde a Cúpula de Fortaleza, o ano de 2015 marca o 70º Aniversário em 15 de julho de 2014, ao longo da da Fundação das Nações Unidas. Presidência de turno brasileira do Reafirmamos nosso forte compromisso BRICS, especialmente o com as Nações Unidas, enquanto estabelecimento das instituições organização universal multilateral financeiras do BRICS: o Novo Banco incumbida do mandato de ajudar a de Desenvolvimento (NBD) e o comunidade internacional a preservar a Arranjo Contingente de Reservas paz e a segurança internacionais, (ACR). A Cúpula de Ufá marca sua impulsionar o desenvolvimento global entrada em vigor. Ampliamos também e promover e proteger os direitos nossa cooperação nos campos político, humanos. A ONU desfruta de econômico e social e reafirmamos composição universal e tem um papel nosso foco no fortalecimento de nossa central nos assuntos globais e no parceria. multilateralismo. Afirmamos a necessidade de abordagens 3. Visando à consolidação de nosso multilaterais abrangentes, crescente engajamento com outros transparentes e eficazes para enfrentar países, em particular países em desafios globais. A esse respeito, desenvolvimento e economias ressaltamos o papel central das Nações emergentes de mercado, bem como Unidas nos esforços em curso para com instituições internacionais e encontrar soluções comuns para tais regionais, realizaremos uma reunião desafios. Expressamos nossa intenção com os Chefes de Estado e de Governo de contribuir para salvaguardar uma dos países da União Econômica ordem internacional justa e equitativa, Eurasiática e da Organização para baseada nos objetivos e princípios da Cooperação de Xangai (OCX), bem Carta das Nações Unidas, e de valer- como os Chefes de Estados nos plenamente do potencial da observadores da OCX. Os Organização como fórum para um participantes dessa reunião debate aberto e honesto, bem como compartilham várias questões de para coordenação da política global a interesse mútuo, o que estabelece um fim de prevenir guerras e conflitos e fundamento sólido para lançar um promover o progresso e o diálogo amplo e mutuamente benéfico. desenvolvimento da humanidade. Continuamos todos comprometidos Recordamos o Documento Final da com a defesa dos objetivos e princípios Cúpula Mundial de 2005 e da Carta das Nações Unidas e do reafirmamos a necessidade de uma direito internacional e empenhamo-nos reforma abrangente das Nações para alcançar crescimento econômico Unidas, inclusive de seu Conselho de sustentável por meio da cooperação Segurança, com vistas a torná-lo mais internacional e do uso aprimorado de representativo e eficiente, de modo que mecanismos de integração regional, de possa responder melhor aos desafios modo a melhorar o bem-estar e a globais. China e Rússia reiteram a prosperidade de nossos povos. importância que atribuem ao status e papel de Brasil, Índia e África do Sul em assuntos internacionais e apoiam

115 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

sua aspiração de desempenhar um evitando que os interesses de alguns papel maior nas Nações Unidas. países sejam colocados acima dos de outros. 5. O ano de 2015 marca também o 70º Aniversário do fim da Segunda Guerra Reafirmamos nosso compromisso com Mundial. Prestamos homenagem a o cumprimento rigoroso dos princípios todos aqueles que lutaram contra o consagrados na Carta das Nações fascismo e o militarismo e pela Unidas e na Declaração de 1970 sobre liberdade das nações. Ficamos Princípios de Direito Internacional encorajados com a adoção por relativos às Relações de Amizade e consenso pela Assembleia Geral da Cooperação entre os Estados em resolução 69/267, intitulada conformidade com a Carta das Nações "Septuagésimo Aniversário do Fim da Unidas. Segunda Guerra Mundial". Saudamos que, em conformidade com essa Continuaremos a aprimorar ainda mais resolução, a Assembleia Geral tenha a nossa cooperação para defender realizado uma reunião solene especial, interesses comuns no respeito e na em 5 de maio, em memória a todas as defesa do direito internacional com vítimas da guerra. Expressamos nosso base na Carta da ONU. compromisso em rejeitar resolutamente as contínuas tentativas 7. Notamos o caráter global das de distorcer os resultados da Segunda ameaças e desafios atuais de segurança Guerra Mundial. Ao recordar o flagelo e expressamos nosso apoio aos da guerra, destacamos que é nosso esforços internacionais para enfrentar dever comum construir um futuro de esses desafios de uma maneira que paz e desenvolvimento. proporcione segurança equitativa e indivisível para todos os Estados, por 6. Assinalamos que a coexistência meio do respeito ao direito pacífica entre as nações é impossível internacional e dos princípios da Carta sem a aplicação universal, escrupulosa das Nações Unidas. e coerente dos princípios e normas amplamente reconhecidos do direito Continuaremos nossos esforços internacional. A violação de seus conjuntos na coordenação de posições princípios fundamentais resulta na sobre interesses compartilhados a criação de situações que ameaçam a respeito de questões de paz e de paz e a segurança internacionais. segurança globais para o bem-estar comum da humanidade. Ressaltamos Insistimos que o direito internacional nosso compromisso com a solução provê ferramentas para a realização da pacífica e sustentável de controvérsias, justiça internacional, com base nos de acordo com os princípios e princípios da boa fé e da igualdade objetivos da Carta das Nações Unidas. soberana. Enfatizamos a necessidade da adesão universal aos princípios e 8. Condenamos intervenções militares normas de direito internacional em sua unilaterais e sanções econômicas em inter-relação e integridade, descartando violação ao direito internacional e a o recurso a “critérios duplos” e normas universalmente reconhecidas

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 116 das relações internacionais. Tendo isso contribuiremos construtivamente para em mente, enfatizamos a importância os seus trabalhos. singular da natureza indivisível da segurança, e que nenhum Estado deve 11. A recuperação global continua, fortalecer a sua segurança à custa da apesar de o crescimento permanecer segurança de outros. frágil, com consideráveis divergências entre países e regiões. Nesse contexto, 9. Recordamos que desenvolvimento e mercados emergentes e países em segurança estão estreitamente desenvolvimento continuam a ser os interligados, reforçam-se mutuamente principais motores do crescimento e são fundamentais para a consecução mundial. Reformas estruturais, ajustes da paz sustentável. Reiteramos nossa domésticos e a promoção da inovação visão de que o estabelecimento de uma são importantes para o crescimento paz sustentável requer uma abordagem sustentável e dão uma contribuição abrangente, concertada e determinada, robusta e sustentável à economia baseada na confiança e no benefício mundial. Notamos os sinais de mútuos, na equidade e na cooperação. melhoramento das perspectivas de crescimento em algumas economias 10. Reafirmamos a intenção de avançadas importantes. Contudo, os fortalecer o princípio da cooperação riscos persistem para a economia equitativa e mutuamente respeitosa dos global. Os desafios estão relacionados Estados soberanos como a pedra a dívida pública e desemprego angular das atividades internacionais elevados, pobreza e desigualdade, para promover e proteger os direitos investimentos e comércio mais baixos, humanos. Continuaremos a tratar todos taxas de juros reais negativas os direitos humanos – civis, políticos, combinadas com sinais de inflação econômicos, sociais e culturais, bem baixa prolongada em economias como o direito ao desenvolvimento – avançadas. Continuamos preocupados na mesma medida e a dar igual atenção com a potencial repercussão dos a todos. Faremos todos os esforços efeitos das políticas monetárias não para apoiar o dialogo construtivo e não convencionais das economias politizado sobre direitos humanos em avançadas, que poderia causar todos os foros internacionais volatilidade perturbadora de taxas de relevantes, inclusive nas Nações câmbio, preços de ativos e fluxos de Unidas. capital. Conclamamos todas as economias avançadas a fortalecer seu No âmbito das instituições de direitos diálogo político e coordenação no humanos da ONU, inclusive o contexto do G20 para a redução de Conselho de Direitos Humanos e a potenciais riscos. É importante Terceira Comissão da Assembleia fortalecer o marco da cooperação Geral da ONU, fortaleceremos a financeira internacional, inclusive por coordenação de nossas posições nos meio de instrumentos tais como linhas assuntos de interesse mútuo. de swap, para mitigar os impactos Apoiaremos a revisão periódica negativos da divergência na política universal realizada pelo Conselho de monetária de países emissores de Direitos Humanos da ONU e moedas de reserva. 117 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

12. Expressamos apoio ao Arranjo Contingente de Reservas do desenvolvimento da cooperação BRICS, para apoiarmo-nos nas nossas econômica orientada para a ação e o sinergias. fortalecimento sistemático da parceria econômica para a recuperação da Saudamos e apoiamos a criação de economia global, resistindo ao uma plataforma de discussão conjunta protecionismo, promovendo empregos para cooperação comercial entre os qualificados e produtivos, reduzindo os países do BRICS por meio do diálogo possíveis riscos do mercado financeiro aprimorado entre as Agências de internacional e fortalecendo o Crédito às Exportações dos BRICS, crescimento sustentável. quais sejam: ABGF, ECGC, ECIC SA, EXIAR e SINOSURE. Estamos convencidos de que esforços Especificamente, os países do BRICS adicionais para coordenar políticas acordaram estabelecer uma reunião macroeconômicas entre todas as anual de Agências de Crédito à principais economias continuam sendo Exportação dos BRICS com o um pré-requisito importante para a propósito de explorar oportunidades recuperação rápida e sustentável da para cooperação e ação conjunta futura economia global. Também para a promoção de exportações entre trabalhamos para facilitar vínculos os BRICS e para outros países. A entre mercados, crescimento robusto e reunião inaugural nesse novo formato uma economia mundial inclusiva e teve lugar à margem da Cúpula de Ufá. aberta, caracterizada pela distribuição eficiente de recursos, movimentação 14. Reafirmamos o papel importante livre de capital, trabalho e bens, e uma desempenhado pelo Mecanismo de concorrência justa e eficientemente Cooperação Interbancária do BRICS regulada. na expansão da cooperação financeira e sobre investimentos dos países do 13. Políticas macroeconômicas sólidas, BRICS. Apreciamos os esforços mercados financeiros regulados de realizados pelos bancos membros para forma eficiente e níveis robustos de explorar o potencial de inovação do reservas têm permitido que as BRICS. Saudamos a assinatura do economias dos BRICS lidassem “Memorando de Entendimento sobre a melhor com os riscos e repercussões Cooperação com o Novo Banco de apresentadas pelas condições Desenvolvimento” entre nossos econômicas globais desafiadoras nos respectivos bancos/instituições últimos anos. Nesse contexto, as nacionais de desenvolvimento. economias dos BRICS estão tomando as medidas necessárias para assegurar 15. Saudamos a entrada em vigor do o crescimento econômico, manter a Acordo do Novo Banco de estabilidade financeira e acelerar as Desenvolvimento assinado na VI reformas estruturais. Continuaremos Cúpula do BRICS em Fortaleza. também a trabalhar para intensificar Saudamos igualmente a reunião nossa cooperação financeira e inaugural do Conselho de econômica, inclusive no âmbito do Governadores do NBD, realizada na Novo Banco de Desenvolvimento e do véspera da Cúpula de Ufá e presidida

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 118 pela Rússia, bem como os trabalhos minérios, a cooperação em ciência, realizados pelo Conselho Interino de tecnologia e inovação, a cooperação Diretores e o Pre-Management Group financeira, a conectividade e a visando ao lançamento do Banco o cooperação em TICs entre nossos quanto antes. Reiteramos que o NBD países. Instruímos os Ministérios servirá como instrumento pujante para relevantes e agências relacionadas de o financiamento de investimentos em nossos Estados a tomar medidas infraestrutura e dos projetos de práticas para a implementação desenvolvimento sustentável nos eficiente dessa Estratégia. Ressaltamos BRICS e outros países em o importante papel do Novo Banco de desenvolvimento e economias Desenvolvimento, do Mecanismo de emergentes de mercado e para Cooperação Interbancária do BRICS, aprimorar a cooperação econômica do Conselho Empresarial do BRICS, entre nossos países. Esperamos que o do Foro Empresarial do BRICS e do NBD aprove os seus primeiros projetos Conselho de "Think Tanks" do BRICS de investimento no início de 2016. para a implementação dessa Estratégia. Acolhemos a proposta de que o NBD Instruímos, também, nossos coopere estreitamente com os Ministros/Sherpas a verificar a mecanismos de financiamento novos e viabilidade do desenvolvimento de um existentes, inclusive o Banco Asiático mapa do caminho para a cooperação de Investimento em Infraestrutura. econômica, comercial e de investimentos dos BRICS para o 16. Saudamos a conclusão do processo período até 2020. de ratificação do Tratado para Estabelecimento do Arranjo 18. Daremos continuidade às nossas Contingente de Reservas dos BRICS e consultas e coordenação sobre a a sua entrada em vigor. Também agenda do G20, especialmente nos saudamos a assinatura do Acordo entre assuntos de interesse mútuo dos países Bancos Centrais do BRICS, que do BRICS. Continuaremos, também, a estabelece parâmetros técnicos para as trabalhar para imprimir atenção maior operações no âmbito do ACR do aos assuntos da agenda do G20 que são BRICS. Vemos a criação do ACR do priorizados pelos países em BRICS, permitindo que seus membros desenvolvimento e mercados forneçam apoio financeiro recíproco, emergentes, tais como a coordenação como um passo importante na de políticas macroeconômicas sob o cooperação financeira de nossos Marco do G20 para o Crescimento países. Ademais, esse novo mecanismo Forte, Sustentável e Equilibrado, a é uma contribuição valiosa para a rede contenção dos efeitos de de segurança financeira global. transbordamento, o apoio às atividades econômicas, assim como a superação 17. A Estratégia para uma Parceria de lacunas causadas pelos impactos Econômica do BRICS, que adotamos transfronteiriços da reforma da hoje, será a diretriz central para regulamentação financeira global, expandir o comércio e investimento, a adaptação às novas regras introduzidas cooperação energética, agrícola, pelo Plano de Ação para o Combate à industrial e em processamento de Erosão da Base Tributária e à 119 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Transferência de Lucros (BEPS) e o baseado em cotas, e, a esse respeito, Padrão Comum de Relatório para a instamos outros Membros a continuar Troca Automática de Informações o processo de reforma por meio da 15ª Tributárias (AEOI). Continuaremos a Revisão Geral de Cotas sem atraso. instar por consultas mais abrangentes e aprofundadas do G20 com países de 20. Compartilhamos as preocupações a menor renda sobre recomendações de respeito dos desafios da reestruturação políticas do G20 que tenham impacto das dívidas soberanas. As sobre eles. reestruturações de dívidas têm sido muito lentas e tardias, fracassando Os líderes do Brasil, Rússia, Índia e assim em reestabelecer África do Sul saúdam e apoiam a sustentabilidade de dívida e acesso a vindoura presidência da China no G20. mercados de maneira durável. O O BRICS trabalhará de forma estreita gerenciamento de reestruturações de com todos os membros para elevar o dívidas soberanas deve ser aprimorado crescimento global, fortalecer a para o benefício tanto de credores Arquitetura Financeira Internacional e quanto de devedores. Saudamos as consolidar o papel do G20 como o foro discussões atuais nas Nações Unidas principal para cooperação sobre o aprimoramento dos processos internacional financeira e econômica. de reestruturação de dívidas soberanas, bem como o trabalho atual para 19. Continuamos profundamente fortalecer a abordagem contratual de desapontados com o fracasso modo a garantir reestruturações mais prolongado dos Estados Unidos em ordenadas e tempestivas. Enfatizamos ratificar o pacote de reformas do FMI a importância de enfrentar esses de 2010, que continua a minar a desafios e clamamos todos os credibilidade, eficácia e legitimidade membros do G20, bem como as do FMI. Isso impede o aumento dos instituições financeiras internacionais a recursos da instituição oriundos das participar ativamente desses processos. cotas bem como a revisão das cotas e do poder de voto em favor dos países 21. Tomamos parte da celebração do em desenvolvimento e de mercados vigésimo aniversário da Organização emergentes conforme acordado pela Mundial de Comércio (OMC) e imensa maioria de membros, incluindo reafirmamos nosso apoio à atuação os Estados Unidos, em 2010. conjunta para fortalecer um sistema de Esperamos que os Estados Unidos comércio multilateral aberto, ratifiquem as reformas de 2010 até transparente, não discriminatório e meados de setembro de 2015 conforme baseado em regras, conforme acordado no FMI. Enquanto isso, consubstanciado na OMC. Saudamos o estamos preparados para trabalhar em fato de que o Quênia sediará 10ª medidas intermediárias na medida em Conferência Ministerial da OMC que alcancem resultados equivalentes (MC10), em Nairóbi, 15 a 18 de aos níveis acordados como parte da 14ª dezembro de 2015. Revisão Geral de Cotas. Reafirmamos nosso compromisso em manter um Ressaltamos a centralidade da OMC FMI forte, dotado de recursos e como a instituição que define as

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 120 normas multilaterais do comércio. os esforços voltados ao Notamos a importância de acordos estabelecimento e aprimoramento de comerciais bilaterais, regionais e mecanismos de cooperação em áreas plurilaterais e encorajamos as partes tais como o apoio a pequenas e médias negociadoras de tais acordos a cumprir empresas, promoção comercial, com os princípios de transparência, compartilhamento de experiências em inclusão e compatibilidade com as projetos de “single window”, entre normas da OMC de modo a garantir outros, e orientamos funcionários a que contribuam para o fortalecimento identificar atividades concretas nessas do sistema multilateral de comércio. áreas.

22. Reafirmamos o papel da 24. Reconhecemos o potencial para Conferência das Nações Unidas sobre expandir o uso de nossas moedas Comércio e Desenvolvimento nacionais nas transações entre os (UNCTAD) como um órgão da ONU países do BRICS. Pedimos às com um mandato para considerar autoridades relevantes dos países do questões interconectadas de comércio, BRICS a continuar a discutir a investimentos, finanças e tecnologias viabilidade de um uso mais amplo de relacionadas ao desenvolvimento. moedas nacionais no comércio mútuo. Conclamamos a UNCTAD a cumprir seu mandato de desenvolvimento por 25. Seguiremos nossos esforços meio da implementação mais ativa de conjuntos visando ao aprimoramento e programas de cooperação técnica e aplicação de políticas de defesa da facilitação de diálogo sobre políticas, concorrência. bem como por meio da pesquisa e capacitação. Esperamos um resultado Como importantes mercados exitoso da UNCTAD XIV. emergentes e países em desenvolvimento, os BRICS deparam- 23. Aplaudimos o progresso na se com problemas e desafios muito implementação do Marco do BRICS semelhantes em termos de de Cooperação em Comércio e desenvolvimento econômico e Investimentos. Acolhemos o Marco concorrência leal. Afigura-se para Cooperação dos BRICS em importante fortalecer a coordenação e Comércio Eletrônico como uma a cooperação entre agências de defesa ferramenta para promover iniciativas da concorrência do BRICS. correntes e futuras com vistas a construir uma parceria econômica mais Tendo isso em consideração, estreita nessa esfera. Instruímos nossos atribuímos grande importância ao Ministros a continuar a explorar meios desenvolvimento de mecanismo, e medidas para fortalecer a nossa preferencialmente por meio de cooperação sobre comércio eletrônico. Memorando de Entendimento conjunto entre os países do BRICS, para estudar Acolhemos a Iniciativa sobre questões de defesa da concorrência Fortalecimento de Cooperação em com ênfase especial em setores Direitos de Propriedade Intelectual econômicos socialmente importantes. entre os países do BRICS. Apoiamos O mecanismo proposto pode facilitar a 121 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

cooperação sobre o direito da compartilharão conhecimento e concorrência e sua aplicação. melhores práticas em tributação.

Saudamos os esforços de nossas 27. Reiteramos nossa firme agências relevantes para criar condenação ao terrorismo em todas as condições para a competição leal no suas formas e manifestações e setor farmacêutico. enfatizamos que não pode haver justificativa, de qualquer espécie, para 26. Os países do BRICS reafirmam seu quaisquer atos de terrorismo, seja compromisso em participar do baseada em justificativas ideológicas, desenvolvimento de padrões religiosas, políticas, étnicas, raciais ou internacionais de tributação quaisquer outras. internacional e cooperação para combater a erosão da base tributável e Estamos determinados a fortalecer, de a transferência de recursos, bem como forma consistente, nossa cooperação em fortalecer mecanismos para na prevenção e combate ao terrorismo garantir a transparência tributária e o internacional. Enfatizamos que a ONU intercâmbio de informações para tem papel central na coordenação de propósitos tributários. ações internacionais contra o terrorismo, que devem ser conduzidas Continuamos profundamente de acordo com o direito internacional, preocupados com o impacto negativo inclusive a Carta da ONU, o direito da evasão fiscal, práticas nocivas e internacional humanitário e dos planejamento fiscal agressivo, que refugiados, os direitos humanos e causam erosão na base tributável. Os liberdades fundamentais. lucros devem ser tributados onde as atividades econômicas que geram os Acreditamos que ameaças terroristas lucros são executadas e onde se cria podem ser enfrentadas eficazmente por valor. Reafirmamos nosso meio de uma implementação compromisso de continuar a cooperar abrangente pelos Estados e pela nos foros internacionais relevantes em comunidade internacional de todos os questões relacionadas ao Plano de seus compromissos e obrigações Ação para o Combate à Erosão da oriundos de todas as resoluções Base Tributária e à Transferência de pertinentes do Conselho de Segurança Lucros (BEPS) e à Troca Automática da ONU e da Estratégia Global de Informações Tributárias (AEOI) do Contraterrorismo. Conclamamos todos G20/OECD. Estamos engajados na os Estados e a comunidade assistência a países em internacional a aderirem aos seus desenvolvimento para fortalecer sua compromissos e obrigações e, a esse capacidade de administração tributária respeito, resistir abordagens políticas e e em promover um engajamento mais de aplicação seletiva. profundo de países em desenvolvimento no projeto do BEPS e Os países do BRICS reafirmam seu no intercâmbio de informações compromisso com os Padrões tributárias. Os países do BRICS Internacionais de Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 122

Terrorismo & Proliferação, do Grupo Cooperação Internacional em direção a de Ação Financeira (GAFI). uma Estratégia Integrada e Equilibrada para Combater o Problema Mundial Buscaremos intensificar nossa das Drogas, adotada em 2009 na 64ª cooperação no GAFI e em organismos Sessão da Assembleia Geral da ONU, regionais congêneres. bem como da Declaração Ministerial Conjunta da Revisão de Alto Nível de Reconhecemos que a colaboração 2014 pela Comissão sobre internacional ativa para combater a Entorpecentes, que proporcionam uma propagação do extremismo violento e base sólida para uma Sessão Especial suas ideologias é um pré-requisito da Assembleia Geral da ONU necessário na luta contra o terrorismo. (UNGASS) aberta e inclusiva sobre o Ao mesmo tempo, ressaltamos que a problema mundial das drogas, a ser cooperação internacional nessas linhas realizada em 2016. Exploraremos deve apoiar-se no direito internacional, convergências no processo levando em consideração que são os preparatório para a UNGASS 2016. Estados soberanos que arcam com a responsabilidade primária da Louvamos a busca por cooperação prevenção e do combate às ameaças entre nossas respectivas autoridades de violentas relacionadas ao extremismo. controle de drogas e acolhemos decisões adotadas no encontro dos 28. Expressamos profunda Chefes de Agências Antidrogas dos preocupação com o problema mundial BRICS realizado em Moscou em 22 de das drogas, que continua a ameaçar a abril de 2015, inclusive aquelas saúde, a segurança pública e humana e voltadas à criação de mecanismos de o bem-estar e a prejudicar a interação no enfrentamento do estabilidade social, econômica e problema mundial das drogas; política e o desenvolvimento tomamos nota também dos resultados sustentável. Pretendemos enfrentar da Segunda Conferência Ministerial esse problema por meio de uma Antidrogas realizada em Moscou em abordagem integrada e equilibrada de 23 de abril de 2015. estratégias de redução de oferta e demanda de drogas, em linha com as 29. Estamos convencidos de que a Convenções da ONU de 1961, 1971 e corrupção é um desafio global que 1988 e outras normas e princípios prejudica os sistemas jurídicos dos relevantes do direito internacional. Estados, afeta negativamente o Tendo presente o crescimento global desenvolvimento sustentável e pode sem precedentes na produção e facilitar outros tipos de crimes. demanda por entorpecentes, Estamos confiantes quanto ao papel conclamamos à tomada de medidas crucial que a cooperação internacional mais ativas para tratar do problema das desempenha no combate e na drogas e para discuti-lo nos foros prevenção da corrupção. Reafirmamos internacionais apropriados. nosso compromisso de empreender Reafirmamos nosso compromisso com todos os esforços para esse fim, a implementação da Declaração incluindo a assistência jurídica mútua, Política e Plano de Ação sobre de acordo com a Convenção das 123 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Nações Unidas contra a Corrupção relacionadas à prevenção e ao combate (UNCAC) e princípios e normas ao crime organizado transnacional. estabelecidas multilateralmente. A esse respeito, esperamos o êxito da sexta 31. Pirataria e roubos armados no mar sessão da Conferência das Partes na representam uma ameaça significativa UNCAC, que terá lugar em São à segurança da navegação Petersburgo, em 2-6 de novembro de internacional e à segurança e 2015. desenvolvimento das regiões afetadas. Ao reiterar que Estados Costeiros têm Nesse contexto, decidimos criar um a responsabilidade primária de Grupo de Trabalho do BRICS de combater esses tipos de crimes, Cooperação Anticorrupção. pretendemos reforçar nossa cooperação com essa finalidade e 30. Pretendemos intensificar esforços clamamos todas as partes interessadas empreendidos por nossos Estados para a continuar engajadas na luta contra combater e prevenir o crime esses fenômenos. Enfatizamos também organizado transnacional. a necessidade de uma resposta abrangente à pirataria, de modo a Trabalharemos pela inclusão de enfrentar suas causas subjacentes. questões sobre a prevenção de crimes e Enfatizamos a necessidade de uma justiça criminal entre as prioridades de avaliação objetiva de riscos em áreas longo prazo da agenda da ONU. propensas à pirataria com vistas a Apoiamos os esforços da Conferência mitigar efeitos negativos sobre a das Partes na Convenção da ONU economia e a segurança de Estados contra o Crime Organizado costeiros. Transnacional de 2000 para aprimorar a eficácia de sua aplicação, inclusive Louvamos os esforços feitos por fazendo avançar o processo de muitas nações para proteger as linhas negociação para o estabelecimento de de comunicação marítimas e um mecanismo para revisão da ressaltamos a importância da implementação dos dispositivos da continuação dos esforços conjuntos da Convenção e de seus protocolos comunidade internacional para adicionais. combater a pirataria e o roubo armado no mar. Acreditamos que a persecução Defendemos a adoção de uma penal dos piratas deve complementar abordagem integrada e abrangente para os esforços da comunidade o problema do crime organizado internacional para garantir a segurança transnacional levando em conta os da navegação. A responsabilização é resultados do 13º Congresso das um elemento fundamental para Nações Unidas sobre Prevenção de aumentar a eficácia da coalizão Crimes e Justiça Criminal, realizado antipirataria, bem como a promoção de em Doha em abril de 2015. políticas de desenvolvimento de longo prazo em terra. Sublinhamos que uma Buscamos aprofundar a interação entre solução duradoura para a questão da os países do BRICS sobre questões pirataria nas zonas afetadas exige a melhora do desenvolvimento

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 124 sustentável, da segurança e da sobre a exploração pacífica e o uso do estabilidade, e o fortalecimento das espaço exterior levando em particular instituições locais e da governança. consideração as necessidades de países em desenvolvimento. Opomo-nos a 32. Reafirmando que a exploração e o medidas unilaterais que podem impedir uso do espaço exterior devem ter a cooperação internacional bem como finalidades pacíficas, enfatizamos que atividades espaciais nacionais de as negociações para a conclusão de um países em desenvolvimento. acordo ou acordos internacionais para evitar uma corrida armamentista no Estamos firmemente convencidos de espaço exterior são uma tarefa que a comunidade internacional deve prioritária da Conferência do empreender esforços consistentes para Desarmamento e apoiamos os esforços elevar os patamares básicos de para iniciar um trabalho substantivo, segurança de atividades e operações entre outros, baseado no projeto espaciais e evitar conflitos. Dessa atualizado de tratado para a prevenção forma, nossos países podem cooperar da colocação de armas no espaço na elaboração de abordagens comuns exterior e da ameaça ou do uso da para essa área. Deve ser atribuída força contra objetos no espaço exterior, prioridade a questões relacionadas à apresentado pela China e pela segurança de operações espaciais, no Federação da Rússia. contexto mais amplo de garantir sustentabilidade em longo prazo de Reconhecemos que nossos países atividades no espaço exterior, bem podem se beneficiar de oportunidades como a meios e formas de conservar o para cooperação espacial de modo a espaço exterior para fins pacíficos, que promover a aplicação de tecnologias estão na agenda do Comitê da ONU relevantes para propósitos pacíficos. para os Usos Pacíficos do Espaço Intensificaremos nossa cooperação em Exterior (UNCOPUOS). áreas de aplicação conjunta de tecnologias espaciais, navegação por 33. As TICs estão emergindo como satélite, incluindo GLONASS e importante meio para superar a lacuna Beidou, e ciências espaciais. entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, bem como para Reiteramos que o espaço exterior deve fomentar talentos profissionais e ser livre para exploração pacífica e criativos das pessoas. Reconhecemos a para o uso de todos os Estados com importância das TICs como base na igualdade em conformidade ferramentas para a transição de uma com o direito internacional e que a sociedade da informação para uma exploração e uso do espaço exterior sociedade do conhecimento e o fato de devem ser realizados para o benefício e estarem intrinsecamente vinculadas ao nos interesses de todos os países, desenvolvimento humano. Apoiamos a independentemente de seu grau de inclusão de temas relacionados a TICs desenvolvimento científico ou na Agenda para o Desenvolvimento econômico. Enfatizamos que todos os Pós-2015 e maior acesso às TICs, de Estados devem contribuir para modo a emancipar as mulheres bem promover a cooperação internacional 125 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

como grupos vulneráveis a atingirem transparência e confiança mútua e os objetivos da agenda. defendemos o desenvolvimento de regras de conduta universalmente Também reconhecemos o potencial acordadas com respeito à rede. É dos países em desenvolvimento no necessário garantir que a ONU ecossistema das TICs e que terão desempenhe um papel facilitador no importante papel a desempenhar nos estabelecimento de uma política temas relacionados a TICs na Agenda pública internacional relativa à para Desenvolvimento Pós-2015. Internet.

Reconhecemos a necessidade urgente Apoiamos a evolução contínua do de fortalecer ainda mais a cooperação ecossistema de governança da Internet, em áreas de TICs, inclusive a Internet, o qual deve se basear em processo que sejam do interesse de nossos aberto e democrático, livre da países. Nesse contexto, decidimos influência de quaisquer considerações constituir um grupo de trabalho do unilaterais. BRICS sobre cooperação em TICs. Reiteramos a inadmissibilidade do uso 34. Tecnologias da Informação e da de TICs e da Internet para a violação Comunicação (TICs) proporcionam dos direitos humanos e liberdades novas ferramentas aos cidadãos para o fundamentais, inclusive do direito à funcionamento efetivo da economia, privacidade, e reafirmamos que os da sociedade e do Estado. As TICs mesmos direitos que as pessoas têm aprimoram oportunidades para o off-line devem ser protegidos on-line. estabelecimento de parceiras globais Um sistema garantindo para o desenvolvimento sustentável, o confidencialidade e proteção dos dados fortalecimento da paz e da segurança pessoais de usuários deve ser internacionais e a promoção e proteção considerado. dos direitos humanos. Adicionalmente, expressamos nossa preocupação com o Consideramos que a Internet é um uso de TICs para fins de crime recurso global e que os Estados devem organizado transnacional, participar em condições de igualdade desenvolvimento de instrumentos em sua evolução e funcionamento, ofensivos e realização de atos de tendo presente a necessidade de terrorismo. Concordamos que o uso e envolver atores relevantes em seus desenvolvimento de TICs por meio da respectivos papéis e responsabilidades. cooperação internacional e dos Somos favoráveis a uma Internet princípios e normas universalmente aberta, não fragmentada e segura. aceitos do direito internacional são de Respeitamos os papéis e suma importância de modo a garantir responsabilidades dos governos uma Internet e um espaço digital nacionais em relação à regulação e à pacíficos, seguros e abertos. segurança da rede. Reiteramos nossa condenação de vigilância eletrônica em massa e da Reconhecemos a necessidade de coleta de dados de indivíduos por todo promover, entre outros, os princípios o mundo, bem como a violação da do multilateralismo, democracia, soberania dos Estados e dos direitos

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 126 humanos, em particular, o direito à de segurança no uso das TICs. privacidade. Reconhecemos que os Continuaremos a considerar a adoção Estados não estão no mesmo patamar de regras, normas e princípios para o de desenvolvimento e de capacidades comportamento responsável dos com relação a TICs. Comprometemo- Estados nessa esfera. nos a concentrar na expansão do acesso universal a todas as formas de Nesse contexto, o Grupo de Trabalho comunicação digital e a melhorar a de Peritos do BRICS sobre segurança conscientização das pessoas a esse no uso das TICs iniciará cooperação respeito. Enfatizamos também a nas seguintes áreas: compartilhamento necessidade de promover a cooperação de informações e melhores práticas entre nossos países para combater o relacionadas à segurança no uso de uso das TICs para propósitos TICs; coordenação efetiva contra terroristas e criminosos. crimes cibernéticos; estabelecimento Reconhecemos a necessidade de um de pontos nodais nos Estados instrumento regulatório universal Membros; cooperação intra-BRICS vinculante sobre o combate ao uso fazendo uso dos Grupos de Resposta a criminoso de TICs sob os auspícios da Incidentes de Segurança em ONU. Ademais, estamos preocupados Computadores (CSIRT) existentes; com o potencial abuso das TICs para projetos conjuntos de pesquisa e fins que ameacem a paz e a segurança desenvolvimento; capacitação; e internacionais. Enfatizamos a desenvolvimento de normas, princípios importância central dos princípios de e padrões internacionais. direito internacional consagrados na Carta das Nações Unidas, em 35. Notando que a comunidade particular a independência política, a internacional enfrenta de modo integridade territorial e igualdade crescente graves desastres naturais e soberana dos Estados, a não causados pelo homem, acreditamos interferência em assuntos internos de firmemente que há necessidade de se outros Estados e o respeito aos direitos promover a cooperação na prevenção e humanos e às liberdades individuais. formulação de respostas a situações emergenciais. Reafirmamos nossa abordagem abrangente estabelecida nas Nesse contexto, acolhemos iniciativas Declarações de eThekwini e Fortaleza da Índia e dos países do BRICS sobre a importância da segurança no relativas à cooperação na área uso das TICs e no papel chave da ONU mencionada acima, bem como a no enfrentamento dessas questões. iniciativa da Rússia de convocar uma Encorajamos a comunidade reunião de Chefes de Agências internacional a concentrar seus Nacionais Responsáveis pela Gestão esforços em medidas de construção de de Desastres, em São Petersburgo em confiança, capacitação, não uso da 2016. força e prevenção de conflitos no uso das TICs. Buscaremos desenvolver Reconhecemos também as proveitosas cooperação prática uns com os outros discussões a respeito de desastres de modo a enfrentar desafios comuns naturais sendo conduzidas no contexto 127 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

da cooperação dos BRICS em Ciência, inclusive os princípios de respeito à Tecnologia e Inovação, as quais já soberania dos Estados. resultaram em um workshop dos BRICS nessa área, organizada pelo Reiteramos nossa condenação ao uso Brasil em maio de 2014. de qualquer produto químico tóxico como arma na Síria. Louvamos os 36. Respeitando a independência, resultados da criação de um controle unidade, soberania e integridade internacional sobre os arsenais sírios territorial da República Árabe da Síria, de armas químicas e para a expressamos profunda preocupação transferência de substâncias tóxicas e com respeito à violência em curso na seus precursores do território sírio de Síria, a deterioração da situação acordo com a resolução 2118 do humanitária e a ameaça crescente do CSNU e as obrigações da Síria sob a terrorismo internacional e do Convenção para a Proibição de Armas extremismo na região. Não há Químicas. Enfatizamos que o êxito alternativa a uma solução pacífica do nesses esforços foi resultado da conflito sírio. Apoiamos os esforços unidade de propósitos do Conselho que visam a promover uma solução Executivo da OPAQ, dos membros do política e diplomática da crise na Síria CSNU e da cooperação construtiva das por meio de um diálogo amplo entre as autoridades sírias com a missão partes sírias que reflita as aspirações de especial da OPAQ/ONU. todos os setores da sociedade síria e garanta os direitos de todos os sírios Expressamos nossa profunda independentemente de sua etnia ou preocupação com a deterioração de confissão com base no Comunicado aspectos humanitários da crise síria e Final de Genebra de 30 de junho de condenamos fortemente as violações 2012 sem precondições e interferência aos direitos humanos por todas as externa. partes no conflito. Reafirmamos a necessidade de garantir para as Condenando o terrorismo em todas as agências humanitárias o acesso seguro suas formas e manifestações, e desimpedido às populações afetadas, conclamamos pela consolidação da em conformidade com as resoluções sociedade síria diante dessa perigosa do CSNU 2139 (2014), 2165(2014), ameaça; pela implementação rigorosa 2191(2014) e com os princípios das pela comunidade internacional de Nações Unidas norteadores da todos os dispositivos das Resoluções assistência humanitária emergencial. 2170, 2178 e 2199 do Conselho de Acolhemos os passos práticos dados Segurança da ONU, particularmente pelas partes sírias para cumprir os no que diz respeito à supressão do requisitos dessas resoluções. financiamento e de outras formas de Rejeitamos a politização da assistência apoio aos terroristas; e pela humanitária na Síria e tomamos nota observância das normas do continuado impacto negativo de universalmente reconhecidas do direito sanções unilaterais sobre a situação internacional relacionadas ao combate socioeconômica na Síria. ao terrorismo e ao extremismo,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 128

Expressamos apoio pelos passos dados do patrimônio cultural e histórico do pela Federação da Rússia voltados à Iraque, tais como monumentos, promoção de uma solução política na mesquitas, igrejas, museus, palácios e Síria, em particular a organização de santuários. duas rodadas de consultas entre as partes sírias em Moscou em janeiro e Reafirmamos nosso compromisso com abril de 2015, bem como os esforços a integridade territorial, independência do Secretário-Geral da ONU, seu e soberania nacional da República do Enviado Especial à Síria, Steffan de Iraque e rejeitamos todas as formas de Mistura, e outros esforços interferência estrangeira que possam internacionais e regionais voltados à impedir a consolidação de suas solução pacífica do conflito sírio. instituições democráticas nacionais e a coexistência harmoniosa dos vários 37. Condenamos nos mais fortes segmentos que compõem o rico tecido termos o terrorismo em todas as suas social do povo iraquiano. Enfatizamos formas e manifestações, os abusos nosso apoio ao governo do Iraque em continuados, generalizados e graves seus esforços para alcançar a dos direitos humanos e as violações do reconciliação nacional e destacamos o direito internacional humanitário papel chave do processo de cometidos pelo chamado Estado reconciliação para lograr-se paz Islâmico do Iraque e do Levante (EI), a duradoura, segurança e estabilidade na frente Al-Nusrah e grupos terroristas República do Iraque. associados, em particular a perseguição de indivíduos e Clamamos a comunidade internacional comunidades com base em sua religião a ajudar o Iraque em seus esforços para ou etnia, bem como todas as formas de prover assistência humanitária para violência contra civis, em especial pessoas deslocadas internamente e mulheres e crianças. refugiados nas áreas afetadas daquele país. 38. Estamos preocupados com os efeitos do alastramento da Continuamos fortemente instabilidade no Iraque e na Síria sobre comprometidos a ajudar a República o aumento das atividades terroristas na do Iraque a alcançar a estabilidade, região e instamos todas as partes a paz, democracia, reconciliação enfrentar a ameaça terrorista de nacional e unidade, o que é do maneira consistente. Condenamos interesse para a paz e segurança enfaticamente os atos odiosos de regionais e globais. violência perpetrados por grupos terroristas e extremistas, tais como o 39. Reafirmando nosso compromisso chamado EI, no território da República em contribuir para uma solução do Iraque, especialmente aquelas ações abrangente, justa e duradoura para o consistindo no assassinato e conflito israelo-palestino com base em deslocamento forçado de civis um marco legal internacional inocentes; e/ou direcionados a vítimas universalmente reconhecido, por motivos religiosos, étnicos ou incluindo-se as resoluções relevantes culturais; e/ou resultando na destruição da ONU, os Princípios de Madri e a 129 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Iniciativa Árabe para a Paz, internacional para o povo palestino. acreditamos fortemente que a solução Saudamos os esforços da Agência das do conflito israelo-palestino pode Nações Unidas para a Assistência a contribuir tanto para uma conclusão Refugiados da Palestina (UNRWA) positiva de outras crises na região para prover auxílio e proteção aos quanto para a promoção da paz refugiados palestinos e encorajar a sustentável no Oriente Médio. comunidade internacional a dar mais apoio à Agência. Nesse contexto, Conclamamos, portanto, Israel e saudamos a recente acessão do Brasil à Palestina a continuar as negociações Comitê Consultivo da UNRWA. rumo a uma solução de dois Estados com um Estado Palestino contíguo e 40. Apoiamos os esforços voltados a viável existindo lado a lado em paz assegurar o estabelecimento sem com Israel, com fronteiras mutuamente demora de uma zona livre de armas acordadas e internacionalmente nucleares e de todas as demais armas reconhecidas baseadas nas linhas de de destruição em massa no Oriente 1967 e com Jerusalém Oriental como Médio, com base em acordos sua capital. A esse respeito, tomamos livremente concluídos pelos Estados da nota dos esforços respectivos em nome região. Reiteramos o apelo pela do Quarteto do Oriente Médio. convocação de uma conferência sobre Opomo-nos às atividades continuadas o tema com a participação de todos de assentamento israelense nos Estados da região. Exortamos os países Territórios Ocupados, que violam o do Oriente Médio a demonstrarem direito internacional e prejudicam vontade política e uma abordagem seriamente os esforços pela paz e pragmática e adotarem uma posição ameaçam o conceito de solução de dois construtiva com vistas a alcançar o Estados. Saudamos todas as iniciativas nobre objetivo de criação de um voltadas a lograr a unidade intra- Oriente Médio livre de armas palestina e clamamos todas as partes nucleares e de todas as demais armas desse processo a facilitar ao máximo a de destruição em massa. implementação das obrigações internacionais contraídas pela 41. Esperamos uma rápida conclusão Palestina. Clamamos o Conselho de do Plano Global de Ação Conjunta Segurança das Nações Unidas a (JCPA) a ser acordado entre China, exercer plenamente suas funções sob a Alemanha, França, Federação da Carta das Nações Unidas com respeito Rússia, Reino Unido, Estados Unidos e ao conflito israelo-palestino. Irã, com a participação da UE. Esse plano de ação deverá restaurar a plena Encorajamos os Estados que confiança na natureza exclusivamente participaram da Conferência pacífica do programa nuclear iraniano Internacional de 2014 de Doadores e permitir o levantamento abrangente para a Reconstrução da Faixa de Gaza, de sanções impostas ao Irã. O JCPA no Cairo, a cumprir suas promessas e deve permitir ao Irã exercer clamamos as autoridades israelenses e plenamente os seus direitos aos usos palestinas a criar as condições pacíficos da energia nuclear, inclusive necessárias para canalizar a ajuda ao enriquecimento de urânio, sob

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 130 abrigo do TNP e de maneira rápido crescimento de influência do consistente com suas obrigações Estado Islâmico do Iraque e do internacionais, sob estritas Levante, bem como a visível salvaguardas internacionais. Deve deterioração da situação de segurança também levar à normalização do ao longo das fronteiras do Afeganistão, comércio e investimentos com o Irã. provocam grande apreensão. Acreditamos que a implementação do Apoiamos os esforços na luta contra o JCPA contribuiria fortemente para o terrorismo e o extremismo no fortalecimento da segurança regional e Afeganistão. internacional. Para este propósito, confirmamos 42. Saudamos a conclusão do processo nossa prontidão e conclamamos a eleitoral no Afeganistão em 2014 e o comunidade internacional a continuar estabelecimento de um Governo de engajada no Afeganistão e a cumprir Unidade Nacional liderado pelo seus compromissos de longo prazo Presidente Ashraf Ghani e pelo "Chief sobre assistência civil e securitária, Executive Officer" Dr. Abdullah inclusive o fortalecimento das Abdhullah. Saudamos a confirmação, capacidades de suas forças de pela comunidade internacional, de suas segurança. obrigações para com o Afeganistão, a qual foi refletida nas decisões da Levando em conta o crescimento sem Conferência de Londres realizada em precedentes da produção de dezembro de 2014. entorpecentes no Afeganistão pelo segundo ano consecutivo, clamamos Acreditamos que um amplo e inclusivo por mais medidas ativas para enfrentar processo de reconciliação nacional no o problema das drogas e para discuti-lo Afeganistão que seja liderado e em todos os foros internacionais apropriado pelos afegãos é o caminho pertinentes. Defendemos o mais seguro para a paz duradoura, fortalecimento adicional do Pacto de reabilitação da estabilidade e Paris como um importante marco reconstrução do Afeganistão. interestatal para a luta contra a Conclamamos todas as partes proliferação de opiáceos oriundos do concernidas a participar na Afeganistão. reconciliação e fazemos chamado à oposição armada ao desarmamento, à As Nações Unidas têm um papel aceitação da Constituição do central a desempenhar na coordenação Afeganistão e ao rompimento de dos esforços da comunidade vínculos com a Al-Qaeda, EI e outras internacional para solucionar a organizações terroristas. situação no Afeganistão.

Continuamos preocupados com a 43. Reiteramos nossa profunda segurança no Afeganistão. Reiteramos preocupação com a situação na que o terrorismo e o extremismo Ucrânia. Enfatizamos que não há representam séria ameaça à segurança solução militar para o conflito e que o e à estabilidade do Afeganistão, da único caminho para a reconciliação é região e mais além. O surgimento e por meio do diálogo político inclusivo. 131 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

A esse respeito, clamamos a todas as contra civis e agências humanitárias. partes a dar cumprimento a todos os Clamamos todas as partes a dispositivos do Pacote de Medidas demonstrar vontade política e para a Implementação dos Acordos de compromisso com o fim da tragédia no Minsk, adotados em fevereiro de 2015 Sudão do Sul e a proporcionar em Minsk pelo Grupo de Contato condições para a prestação segura de sobre a Ucrânia, apoiado pelos Líderes ajuda humanitária à população. da Rússia, Alemanha, França e Também expressamos nossa convicção Ucrânia e endossado pelo Conselho de de que uma solução duradoura para a Segurança da ONU em sua resolução crise só é possível por meio de um 2202. diálogo político inclusivo voltado à reconciliação nacional. Apoiamos os 44. Expressamos profunda esforços sendo empreendidos pela preocupação com a escalada do Autoridade Intergovernamental sobre o conflito armado na Líbia, destacando Desenvolvimento (IGAD) e outros suas consequências extremamente atores regionais e internacionais para negativas para o Oriente Médio, Norte mediar uma solução política para a da África e a região do Sahel. Notamos crise baseada na formação de um que a intervenção militar nesse país em governo de transição de unidade 2011 conduziu ao colapso de nacional bem como esforços paralelos instituições estatais integradas, dos voltados à facilitação da mediação organismos efetivos de exército e das entre líderes das diversas facções do instituições para a aplicação da lei, o partido incumbente e lamentamos a que, por sua vez, contribuiu para o impossibilidade de se chegar a um aumento de atividades de grupos acordo sobre modalidades de terroristas e extremistas. Realçamos a compartilhamento de poder até março urgência em salvaguardar a soberania de 2015. Louvamos os esforços da do país e sua integridade territorial, e Missão das Nações Unidas para o reafirmamos a necessidade de superar Sudão do Sul (UNMIS) para cumprir os dissensos entre forças políticas seu mandato. Condenamos os ataques líbias e alcançar um acordo sobre a às instalações da UNMIS e a abrigos formação de um Governo de Unidade para deslocados internos. Nacional assim que possível. Nesse contexto, expressamos nosso apoio aos 46. Saudamos os esforços do Governo esforços para fomentar o diálogo inter- Federal da Somália voltados a líbio por parte do Secretário Geral da estabelecer autoridades estatais ONU e de seu Representante Especial capacitadas, a solucionar graves para a Líbia, Bernardino Leon, bem problemas socioeconômicos e a como por parte dos países vizinhos e estabelecer relações construtivas com da União Africana. todas as regiões da Somália. Reconhecemos as êxitos tangíveis do 45. Expressamos nossa preocupação exército somali e das unidades de com a grave crise de segurança e manutenção da paz da Missão da humanitária no Sudão do Sul. União Africana na Somália Condenamos todas as violações do (AMISOM) no combate ao grupo cessar fogo e os atos de violência extremista Al-Shabaab. Expressamos

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 132 nossa preocupação com o aumento da sociedade congolesa; com a exploração ameaça terrorista nos países do e a exportação ilegal de recursos Nordeste e do Leste da África. naturais; e com o elevado número de Condenamos fortemente o ataque refugiados de países vizinhos e de desumano por combatentes do Al deslocados internos presentes no país. Shabaab na Universidade de Garissa, Ressaltamos a necessidade de reativar Quênia, em 2 de abril de 2015, que o processo de implementação do resultou em perdas humanas Acordo Marco para a Paz, Segurança e deploráveis. Expressamos nossa Cooperação na RDC e na região e de solidariedade para com o Governo e o fortalecer suas estruturas de governo. povo do Quênia em sua luta contra o Apoiamos os esforços do Governo da terrorismo. Enfatizamos que não pode RDC, apoiados pela haver qualquer justificativa para o MONUSCO/ONU, para levar paz e terrorismo. estabilidade à RDC, e clamamos todas as partes envolvidas a honrar suas 47. Apoiamos as atividades da Missão obrigações de modo a alcançar paz e das Nações Unidas de Estabilização estabilidade duradouras na RDC. Multidimensional Integrada no Mali Louvamos os esforços para estabilizar como uma parte dos esforços da a região e proteger populações civis, e comunidade internacional de realçamos a importância de conferir solucionar a crise no Mali. Estamos especial atenção à situação de comprometidos com uma solução mulheres e crianças em áreas de política para o conflito que leve em conflito. Reiteramos a necessidade de conta posições de todas as partes; pronta e efetiva neutralização das encorajamos negociações construtivas Forças Democráticas para a Liberação voltadas a assegurar a integridade de Ruanda (FDLR) e de todas as territorial e a institucionalidade do demais forças negativas e grupos Mali. Tomamos nota da assinatura do armados. Acreditamos que a Acordo de Paz e Reconciliação no estabilidade de longo prazo na RDC Mali e saudamos os esforços de não poderá ser alcançada por meios mediação do Governo argelino e de exclusivamente militares. outros atores regionais e internacionais voltados à obtenção de uma solução 49. Estamos preocupados e política para a crise. Expressamos acompanhando de perto os profunda preocupação com as desenvolvimentos na República do tentativas por parte de várias forças de Burundi. Clamamos todos os atores desestabilizar a situação e interromper envolvidos na crise atual a exercer as negociações de paz. contenção e resolver suas diferenças políticas por meio de diálogo 48. Continuamos preocupados com a inclusivo, de tal forma que a paz e a situação de segurança e humanitária estabilidade sociais possam ser em regiões orientais da República restauradas. Apoiamos os esforços Democrática do Congo (RDC); com o regionais para encontrar uma solução ritmo lento do processo de política para essa crise e clamamos a desarmamento, desmobilização e comunidade internacional a continuar reintegração de ex-combatentes à engajada em apoiar a facilitação 133 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

regional de uma solução política, bem setor real da economia torna-se como no futuro o desenvolvimento particularmente relevante. socioeconômico do Burundi. Reconhecemos que o desenvolvimento 50. Notamos que a situação na industrial é uma fonte fundamental de República Centro-Africana (RCA) crescimento para os países do BRICS, continua instável; e que as questões que dispõem de vastos recursos relativas à segurança continuam a naturais e significativas capacidades de despertar preocupações. Realçamos a mão de obra, intelectuais e técnicas. O esse respeito que a responsabilidade aumento da produção e exportação de primária de desenvolver modalidades bens de alto valor agregado ajudará os mutuamente aceitáveis de solução para países do BRICS a aprimorar suas as partes em conflito cabe ao Governo economias nacionais, a contribuir para da RCA, que deveria criar pré- sua participação em cadeias globais de requisitos para desarmamento, valor e a incrementar sua desmobilização e reintegração de ex- competitividade. combatentes à sociedade civil. Acreditamos que um diálogo nacional Dessa forma, reafirmamos o mandato abrangente é o único caminho para singular da Organização das Nações alcançar estabilidade de longo prazo na Unidas para o Desenvolvimento RCA. Industrial (UNIDO) de promover e acelerar o desenvolvimento industrial Tomamos nota dos trabalhos do inclusivo e sustentável. recém-concluído Fórum de Bangui para a Reconciliação, realizado em 4- Estamos convencidos da importância 11 de maio de 2015 na República do crescimento econômico baseado no Centro-Africana, e conclamamos todos desenvolvimento equilibrado de todos os envolvidos a efetivamente os setores econômicos e no implementarem as suas desenvolvimento e introdução de recomendações. tecnologias avançadas e inovações, e da mobilização de recursos de 51. Também manifestamos profunda instituições financeiras e do fomento preocupação com o flagelo do ao investimento privado. terrorismo e do extremismo violento e condenamos os atos terroristas Nesse contexto, observamos o perpetrados pelo Al Shabaab, pelo potencial para impulsionar a Boko Haram e por outros grupos, que colaboração no desenvolvimento de representam grave ameaça à paz e à tecnologia e inovação em setores estabilidade na África potenciais das economias do BRICS, tai como a indústrias metalúrgica e de 52. Ressaltamos que, no contexto de mineração, farmacêutica, tecnologia da instabilidade sistema financeiro e informação, química e petroquímica, econômico global e da volatilidade dos tanto na área de exploração e extração preços nos mercados globais de de recursos naturais quanto no seu commodities, o desenvolvimento do processamento, transformação e utilização, inclusive por meio da

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 134 promoção de um ambiente favorável por meio da participação em aos investimentos e à implementação exposições, feiras e foros de de projetos comuns mutuamente investimento. Apoiamos ativamente a benéficos. decisão da Assembleia Geral das Nações Unidas de declarar 2015 o Ano Ressaltamos a importância de se Internacional dos Solos e expressamos intensificar a cooperação em nossa intenção de contribuir para a capacidades de produção industrial, implementação de políticas e ações criando parques e aglomerados eficazes destinadas a garantir a gestão industriais, parques tecnológicos e sustentável e a proteção dos recursos centros de engenharia com vistas ao do solo. desenvolvimento e à introdução de tecnologias de ponta, oferecendo Saudamos a cooperação entre as treinamento para engenheiros, técnicos nossas delegações em organismos e gestores. internacionais, inclusive na Organização das Nações Unidas para a Destacamos que o incentivo ao Agricultura e a Alimentação (FAO). investimento em áreas prioritárias, tais Ressaltamos a importância do trabalho como infraestrutura, logística e fontes do grupo consultivo dos países do renováveis de energia, é um objetivo BRICS em Roma. estratégico para o crescimento sustentável das nossas economias. 54. Confirmamos que o Reiteramos nosso interesse em aperfeiçoamento dos níveis de unirmos esforços a fim de segurança das instalações industriais e enfrentarmos o desafio da de energia é uma das áreas prioritárias competitividade. A esse respeito, os para os países do BRICS. Nesse países do BRICS concordam em sentido, saudamos a cooperação entre colaborar para a promoção de as entidades reguladoras competentes oportunidades de investimento em dos BRICS visando uma melhor ferrovias, estradas, portos e aeroportos proteção do público e do meio entre os nossos países. ambiente em nossos países. Saudamos também a iniciativa da Federação da 53. Reiteramos nosso compromisso de Rússia de realizar a reunião dos Chefes continuar a desenvolver a cooperação de Autoridades sobre Segurança agrícola, em particular relacionada Industrial e Energética dos BRICS. com as tecnologias e inovações agrícolas, o fornecimento de alimentos 55. A fim de garantir um trabalho bem para as comunidades mais vulneráveis, coordenado sobre os indicadores de a mitigação do impacto negativo da desenvolvimento sustentável pós-2015, mudança do clima sobre a segurança encarregamos os Institutos Nacionais alimentar e a adaptação da agricultura de Estatística dos BRICS a à mudança do clima, reduzindo a prosseguirem na colaboração sobre volatilidade nos mercados agrícolas, abordagens metodológicas para compartilhando informações de estabelecer esses indicadores, visando mercado atualizadas, intensificando o a assegurar sua comparabilidade e, comércio e os investimentos, inclusive nesse sentido, cooperar estreitamente, 135 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

em bases regulares, junto a comissões empregos decentes e no e comitês especializados da ONU. compartilhamento de informações sobre questões trabalhistas e de 56. Reconhecemos o significado da emprego, estabeleça uma base sólida conectividade para o aprimoramento para a nossa cooperação de longo dos vínculos econômicos e o fomento prazo na esfera das relações sociais e de uma parceria mais estreita entre os de trabalho. países do BRICS. Saudamos e apoiamos as iniciativas dos países do 58. Saudamos os resultados do BRICS na promoção da conectividade primeiro encontro de Ministros e da infraestrutura de Responsáveis por Assuntos desenvolvimento. Populacionais dos BRICS (Brasília, 12 de fevereiro de 2015) e reafirmamos Afirmamos que a conectividade deve nosso compromisso em avançar a ser fortalecida de forma abrangente, cooperação em temas relacionados a integrada e sistemática nas áreas-chave populações e desenvolvimento que de coordenação de políticas, sejam de interesse comum, de acordo instalações para a conectividade, com a Agenda do BRICS de comércio desimpedido e conexão entre Cooperação em Assuntos pessoas, juntamente com intensos Populacionais para 2015-2020 e em esforços conjuntos para aprimorar a observância aos princípios e objetivos consulta política e a coordenação entre orientadores do Plano de Ação da os países do BRICS com base no Conferência Internacional sobre benefício mútuo e na cooperação Populações e Desenvolvimento, no vantajosa para todos. Cairo, e ações-chave para o seguimento de sua implementação para Reconhecemos que a intensificação da promoção de um desenvolvimento conectividade interpessoal promoverá demográfico equilibrado e de longo ainda mais a interação entre os países, prazo. as pessoas e a sociedade dos BRICS. Estamos empenhados em criar Ressaltamos a relevância da transição condições favoráveis para a demográfica e dos desafios pós- cooperação de longo prazo na área de transição, incluindo o envelhecimento turismo. populacional e a redução da mortalidade, bem como a importância 57. Notamos com satisfação os de usar efetivamente o dividendo progressos alcançados na coordenação demográfico para promover o dos esforços em matéria de recursos crescimento e o desenvolvimento humanos e emprego, bem-estar social e econômico e enfrentar questões segurança, bem como de políticas de sociais, em particular desigualdade de integração social. gênero, cuidado com os idosos, direitos das mulheres e desafios para Esperamos que a primeira reunião dos os jovens e para pessoas com Ministros dos BRICS do Trabalho e deficiências. Reiteramos nosso Emprego, que terá lugar em fevereiro compromisso de garantir saúde sexual de 2016 e enfocará na criação de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 136 e reprodutiva e direitos reprodutivos 60. Reafirmamos os direitos de todos, para todos. sem qualquer distinção, ao mais alto padrão alcançável de saúde física e Pretendemos desenvolver nossa mental e à qualidade de vida necessária cooperação em assuntos populacionais para manter sua saúde e bem-estar, pela utilização de formatos tais como bem como a saúde e bem-estar de suas seminários anuais de peritos e famílias. funcionários e encontros regulares de ministros responsáveis pelos temas Preocupam-nos as crescentes e indicados. diversas ameaças globais representadas por doenças transmissíveis e não De modo a integrar mais efetivamente transmissíveis. Essas doenças tem um os temas populacionais a nossas impacto negativo sobre o políticas macroeconômicas, financeiras desenvolvimento econômico e social, e sociais, instruímos nossos peritos a especialmente em países realizar em Moscou, em novembro de desenvolvimento e de menor 2015, consultas regulares do BRICS desenvolvimento relativo. sobre temas populacionais dedicados a desafios demográficos e sua relação Nesse contexto, louvamos os esforços com o desenvolvimento econômico empreendidos pelos países do BRICS dos países do BRICS. para contribuir com o aprimoramento da cooperação internacional para 59. Reconhecemos a natureza apoiar os esforços dos países em transnacional da migração e, portanto, alcançar seus objetivos na área de a importância de cooperação mútua saúde, inclusive a implementação do entre os países do BRICS nessa área, acesso universal e equitativo a serviços inclusive entre as agências nacionais de saúde, e garantir prestação a preços pertinentes. A esse respeito, tomamos baixos de serviços de qualidade, nota da iniciativa da Federação da levando em conta as diferentes Rússia de realizar a primeira reunião circunstâncias e capacidades, políticas ministerial do BRICS sobre migração e prioridades nacionais. Também (Chefes de órgãos migratórios) durante buscamos o aprimoramento de a presidência de turno russa. parcerias da comunidade internacional e outros atores tanto no setor público Expressamos pesar pela perda de quanto no privado, incluindo a vidas, em grande escala, de migrantes sociedade civil e a academia, para a no Mediterrâneo. Conclamamos a melhoria da saúde para todos. comunidade internacional , em particular os países concernidos, para A comunidade internacional enfrenta fornecer a assistência necessária a uma resistência anticrobiana esses migrantes, e intensificar os aumentada, o que contribui para a esforços coletivos para resolver as multiplicação de riscos para a saúde. causas profundas da crescente Estamos preocupados também com o migração desregulada e do alastramento de doenças graves deslocamento de pessoas. (HIV/AIDS, tuberculose, malária e outras), e com a emergência de 137 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

infecções de potencial pandêmico, tais do vírus do ebola na Guiné, Libéria e como a gripe de alta patogenicidade, Serra Leoa, incluindo suas graves novo coronavírus ou ebola. consequências humanitárias, sociais e econômicas para esses países e o Os países do BRICS têm experiência potencial de alastramento dessa significativa no combate a doenças doença. Louvamos profundamente a transmissíveis. Estamos dispostos a contribuição e o compromisso das cooperar e a coordenar nossos equipes internacionais de saúde e de esforços, inclusive com organizações assistência humanitária em reagir internacionais relevantes, para imediatamente à epidemia de ebola e o enfrentar desafios globais de saúde e apoio e assistência cruciais providos garantir que os BRICS contribuam pela comunidade internacional nos conjuntamente para fortalecer a países afetados na África Ocidental. segurança sanitária global. A esse respeito, trabalharemos conjuntamente Os membros do BRICS contribuíram em áreas tais como: significativamente na resposta internacional ao ebola e no apoio aos - Gestão de riscos relacionados a países afetados. Ademais, a infecções emergentes com potencial mobilização sem precedentes de pandêmico; sistemas nacionais de saúde permitiram-nos saber quão preparados - Cumprimento de compromissos para estamos e forçaram-nos a buscar evitar o alastramento, bem como maneiras de aprimorar medidas erradicar, doenças transmissíveis que nacionais e regionais de resposta. afetam o desenvolvimento (HIV/AIDS, tuberculose, malária, doenças tropicais Apoiamos integralmente os trabalhos “negligenciadas”, poliomielite, das Nações Unidas e de outras sarampo); instituições internacionais para interromper a epidemia, limitar o - Pesquisa, desenvolvimento, produção impacto social e econômico da doença e oferta de medicamentos voltados a e evitar sua recrudescência, bem como proporcionar maior acesso à prevenção os esforços para reformar sistemas de e ao tratamento de doenças resposta internacional a emergências transmissíveis. de saúde pública para torná-los mais eficazes no futuro. Pedimos a nossas autoridades competentes a considerar medidas de Confirmamos nosso compromisso em médio prazo a serem tomadas pelos fazer o que for necessário países do BRICS nessas áreas para individualmente e coletivamente para buscar uma resposta coletiva ou apoiar esses esforços no enfrentamento individual dos países do BRICS à de emergências e de questões segurança global da saúde a partir de sistêmicas de longo prazo e lacunas na uma perspectiva de saúde pública. prontidão e resposta em níveis nacional, regional e global, e em ajudar 61. Estamos profundamente ainda mais os países afetados a preocupados com o impacto da doença combater a doença, bem como

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 138 contribuir para os esforços em curso Tendo em consideração o imenso para fortalecer setores de saúde na potencial tecnológico e de pesquisa região, inclusive por meio da OMS e dos países do BRICS e baseados nos outras organizações internacionais. dispositivos do Memorando de Entendimento sobre Cooperação em 62. Saudamos a realização da Segunda Ciência, Tecnologia e Inovação, Reunião de Ministros de Ciência, reafirmamos a importância do Tecnologia e Inovação dos BRICS, desenvolvimento de uma Iniciativa dos que teve lugar em Brasília em março BRICS de Pesquisa e Inovação. A de 2015, e celebramos a assinatura do Iniciativa dos BRICS de Pesquisa e Memorando de Entendimento sobre Inovação deve abranger ações Cooperação em Ciência, Tecnologia e incluindo: Inovação, o qual fornece um marco estratégico para cooperação nessa área. - cooperação no âmbito de grandes infraestruturas de pesquisa incluindo a Notamos com interesse o potencial do possível consideração de megaprojetos Foro de Jovens Cientistas do BRICS, científicos para lograr grandes que foi acordado entre os Ministros de descobertas científicas e tecnológicas Ciência, Tecnologia e Inovação dos nas áreas-chave de cooperação BRICS, com a Índia como seu país delineadas no Memorando; coordenador. - coordenação dos programas nacionais Reafirmamos nossa disposição de de larga escala já existentes nos países fortalecer a cooperação em ciência, do BRICS; tecnologia e inovação com vistas a promover o desenvolvimento - desenvolvimento e implementação de econômico e social inclusivo e um Programa Marco do BRICS para o sustentável, suprindo as lacunas financiamento multilateral de projetos científicas e tecnológicas entre os de pesquisa conjunta para pesquisa, países do BRICS e os países comercialização e inovação desenvolvidos, proporcionando uma tecnológicas envolvendo ministérios e nova qualidade de crescimento baseada centros de ciência e tecnologia, na complementaridade econômica, institutos de desenvolvimento de bem como encontrando soluções para institutos e fundações nacionais e, se os desafios que a economia mundial necessário, regionais para patrocinar enfrenta atualmente. projetos de pesquisa;

Tomando nota dos esforços de nossos - estabelecimento de uma Plataforma países para criar economias do de Pesquisa e Inovação conjunta. conhecimento, cujos motores são a ciência, a tecnologia e a inovação, Essas atividades devem ser expandiremos a cooperação em empreendidas conforme o Plano de pesquisa, projeto, desenvolvimento, Trabalho de C,T&I dos BRICS a ser manufatura e promoção conjuntas na endossado na próxima reunião dos área de produtos de alta tecnologia. Ministros da Ciência, Tecnologia e Inovação dos BRICS. 139 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Baseados na Declaração de Brasília Apoiamos as iniciativas independentes dos Ministros da Ciência, Tecnologia e para estabelecer a Rede Universitária Inovação dos BRICS, encorajamos dos BRICS e a Liga Universitária do participação mais intensa de empresas, BRICS. da academia e de outros atores relevantes para o desenvolvimento da 64. Levando em conta a Declaração de ciência, tecnologia e inovação entre os Princípios da Cooperação Cultural países do BRICS. Internacional da UNESCO, de 1966, e a Declaração sobre a Diversidade 63. Notamos a direta interdependência Cultural da UNESCO, de 2001, entre o investimento em educação, o reconhecendo que a diversidade desenvolvimento de capital humano e cultural é a fonte do desenvolvimento e a melhora do desempenho econômico. convencidos de que intercâmbios e Reafirmamos a necessidade de cooperação culturais facilitam o educação igualmente acessível, de alta entendimento mútuo, reiteramos a qualidade e duradoura para todos, em importância da cooperação entre os linha com a Agenda para o países do BRICS na esfera cultural. Desenvolvimento Pós-2015. Visando ao fortalecimento e ao desenvolvimento de relações Apoiamos os esforços para assegurar amigáveis entre nossos povos e países, educação inclusiva, equitativa e de continuaremos a encorajar de todo qualidade. Reconhecemos a modo possível a cooperação direta importância da Educação Vocacional e entre nossos países na esfera da arte e Treinamento como um instrumento da cultura. para melhorar as oportunidades de emprego, inclusive para os jovens que Saudamos a assinatura do Acordo ingressam no mercado de trabalho. entre os Governos dos Estados Encorajamos a mobilidade de Membros do BRICS de Cooperação na estudantes entre países do BRICS. Área de Cultura. Esse Acordo desempenhará um papel importante na Encorajamos que se explorem as expansão e no aprofundamento da possibilidades de aquisição de cooperação nas áreas da arte e da habilidades pela implementação de cultura e na promoção do diálogo entre melhores práticas internacionais, culturas, o que ajudará a aproximar as inclusive por meio de programas culturas e povos de nossos países. relevantes da WorldSkills. 65. As Nações Unidas realizarão a Realçamos a importância primária da Cúpula em setembro para avaliar o educação superior e da pesquisa e progresso dos Objetivos de clamamos pelo intercâmbio de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) experiências no reconhecimento de e adotar a Agenda de Desenvolvimento graus e diplomas universitários. Pós-2015, que irá orientar a Conclamamos que se trabalhe em cooperação internacional para o direção à cooperação entre as desenvolvimento nos próximos 15 autoridades do BRICS para o anos. Atribuímos grande importância à credenciamento e o reconhecimento. Cúpula e esperamos que a Cúpula

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 140 demonstre a visão estratégica dos e um conjunto de objetivos que são de líderes, a solidariedade de todas as natureza universal e aplicável a todos partes e seu compromisso de tratar de os países, tendo em conta as diferentes questões globais de desenvolvimento circunstâncias nacionais e o respeito às através da cooperação. políticas e prioridades nacionais. É, portanto, imperativo que trabalhemos Reafirmamos nosso compromisso com com base e em conformidade com os a ambiciosa Agenda de acordos existentes e os resultados das Desenvolvimento Pós-2015, a ser cúpulas e conferências multilaterais aprovada na Cúpula das Nações sobre o desenvolvimento. Neste Unidas. Reiteramos que a Agenda de sentido, congratulamo-nos com o Desenvolvimento Pós-2015 deve ser relatório do Grupo de Trabalho Aberto construída sobre as bases estabelecidas da Assembleia Geral das Nações pelos ODMs, garantir a conclusão dos Unidas sobre Objetivos de compromissos não atingidos e Desenvolvimento Sustentável e responder aos novos desafios. Uma enfatizamos que as propostas do Grupo Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 de Trabalho Aberto devem ser a deve, além disso, reforçar o principal base para a integração de compromisso da comunidade objetivos de desenvolvimento internacional de erradicar a pobreza e sustentável na Agenda de alcançar o crescimento econômico Desenvolvimento Pós-2015 . sustentado, equitativo e inclusivo e o desenvolvimento sustentável, 66. Esperamos o êxito da Terceira totalmente em conformidade com Conferência Internacional sobre todos os princípios da Conferência das Financiamento para o Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a ser realizada em Desenvolvimento, realizada no Rio em Adis Abeba, Etiópia, em 13-16 julho 1992, incluindo, em particular, o de 2015. Instamos todas as partes a se princípio das responsabilidades engajarem em um diálogo proveitoso comuns, porém diferenciadas. com vistas à adoção de uma estratégia Ressaltamos a importância de uma ambiciosa e eficaz para a mobilização abordagem integrada aos meios de de recursos para o desenvolvimento implementação da Agenda de sustentável. Desenvolvimento Pós-2015. A Ajuda Oficial ao Desenvolvimento Consideramos a erradicação da desempenha um papel importante no pobreza como requisito indispensável financiamento para o desenvolvimento. para o objetivo global de realização do Instamos os países desenvolvidos a desenvolvimento sustentável, e honrar os seus compromissos na ressaltamos a necessidade de uma íntegra e de forma tempestiva a esse abordagem coerente para alcançar a respeito. Reconhecemos que a integração inclusiva e equilibrada de mobilização de recursos nacionais e componentes econômicos, sociais e internacionais e um ambiente ambientais do desenvolvimento doméstico e internacional favorável sustentável. Essa abordagem envolve o são fatores-chave para o trabalho no sentido de um marco único desenvolvimento e conclamamos a 141 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

uma mobilização de recursos em larga 68. Saudamos a realização da primeira escala a partir de uma variedade de reunião de ministros do meio ambiente fontes e para a utilização eficaz do de nossos países em Moscou, em 22 de financiamento, a fim de dar um forte abril de 2015, que marcou o início de apoio aos países em desenvolvimento um novo formato de cooperação na nos seus esforços para promover o área ambiental. Apoiamos a criação de desenvolvimento sustentável. uma plataforma para o compartilhamento de tecnologias Estamos empenhados em reforçar e ambientalmente adequadas como um apoiar ainda mais a cooperação Sul- novo mecanismo internacional para as Sul, ressaltando ao mesmo tempo em parcerias público-privadas que possam que a cooperação Sul-Sul não é um ajudar a enfrentar os desafios substituto, mas sim um complemento, ambientais em nossos países. da cooperação Norte-Sul, que continua a ser o principal canal de cooperação 69. Reconhecendo a importância de se internacional para o desenvolvimento. acompanharem as tendências globais no setor da energia, inclusive fazer Temos a intenção de reforçar as previsões com relação ao consumo de parcerias para o avanço do energia, formular recomendações para desenvolvimento internacional e de o desenvolvimento dos mercados da começar a interação através do energia a fim de garantir a segurança diálogo, da cooperação e do energética e o desenvolvimento intercâmbio de experiências na econômico, conclamamos as nossas promoção do desenvolvimento autoridades relevantes a considerar as internacional de interesse mútuo para possibilidades de cooperação em os nossos países. Neste contexto, energia no âmbito do BRICS. saudamos os planos para uma reunião de altos funcionários dos países do Tendo em conta o papel do setor da BRICS encarregados da cooperação energia no sentido de garantir o internacional para o desenvolvimento. desenvolvimento econômico sustentável dos países BRICS, 67. Manifestamos a nossa disposição acolhemos a ponderação dos interesses para enfrentar a mudança do clima em dos países consumidores, produtores e um contexto global e em nível nacional de trânsito dos recursos energéticos, e para alcançar um acordo abrangente, criando as condições para um eficaz e equitativo no âmbito da desenvolvimento sustentável e Convenção-Quadro das Nações Unidas previsível dos mercados de energia. sobre Mudança do Clima. Reafirmando a importância e a Ressaltamos a importância da necessidade de avançar a cooperação transferência de tecnologia e de internacional na área da economia de conhecimento científico para enfrentar energia, eficiência energética e o a mudança do clima e seus efeitos desenvolvimento de tecnologias que adversos e, portanto, concordamos em promovam a eficiência energética, realizar pesquisas conjuntas sobre os saudamos a realização da primeira temas prioritários de interesse comum. reunião oficial sobre eficiência

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 142 energética, em maio de 2015, e inclusive por meio da eliminação de esperamos que se desenvolva a barreiras administrativas excessivas e cooperação intra-BRICS nessa área, obstáculos ao comércio. bem como o estabelecimento da plataforma pertinente. Saudamos a Tomamos nota da recomendação do proposta russa de realizar a primeira Conselho Empresarial relativa à reunião de ministros da energia do simplificação dos procedimentos de BRICS no final deste ano. Instamos as visto para viagens de negócio entre os empresas dos países do BRICS a países do BRICS e pedimos às nossas desenvolver em conjunto tecnologias e autoridades relevantes a continuar o equipamentos eficientes trabalho para essa finalidade. energeticamente e conclamamos o Conselho Empresarial do BRICS a 73. Saudamos as atividades do estudar formas de cooperação nesta Conselho de Think Tanks do BRICS e área. a Estratégia de Longo Prazo para o BRICS, assim como o 7o. Foro 70. Saudamos o desenvolvimento das Acadêmico em Moscou para a relações entre parlamentos, empresas e expansão da cooperação entre os instituições da sociedade civil dos BRICS. Valorizamos essa plataforma países do BRICS, com vistas à permanente para opiniões promoção da amizade e diálogo entre aprofundadas de especialistas e nossas nações. esperamos novas pesquisas e análises de alta qualidade, bem como 71. Saudamos a reunião do Foro discussões efetivas entre "think tanks" Parlamentar, realizada em Moscou, em sobre assuntos de interesse mútuo. junho de 2015, e a intenção de fortalecer e promover todas as formas O Conselho de Think Tanks do BRICS de cooperação interparlamentar, deve trabalhar, ainda, para fortalecer a inclusive consultas à margem de cooperação em pesquisas orientadas organizações internacionais para o futuro, o intercâmbio de parlamentares para a coordenação de conhecimentos, a capacitação e a iniciativas e posições conjuntas. assessoria em políticas entre os think tanks nos países do BRICS. 72. Saudamos as reuniões exitosas do Foro Empresarial do BRICS e do 74. Saudamos a iniciativa da Conselho Empresarial do BRICS, bem presidência de turno russa de realizar o como os seus esforços para o primeiro Foro Civil do BRICS, que fortalecimento dos vínculos entre contribui para um diálogo entre as empresas e para a promoção de organizações da sociedade civil do projetos e iniciativas entre os países do BRICS, a academia, empresas e BRICS. governos dos países do BRICS em uma ampla variedade de importantes Buscamos criar um ambiente favorável questões socioeconômicas. Também para o maior desenvolvimento do saudamos a realização do Foro comércio, investimento e cooperação Sindical, bem como o lançamento da empresarial entre os países do BRICS, “dimensão da juventude” da nossa 143 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

cooperação durante a Presidência Contingente de Reservas (Washington, russa. 14-15 de abril de 2015).

75. Saudamos a assinatura do 2. Reunião de Peritos dos Países do Memorando de Entendimento entre BRICS sobre Assuntos Aduaneiros nossos Ministérios das Relações (Moscou, 13-14 de abril de 2015). Exteriores para a Criação de Sítio Eletrônico Conjunto do BRICS. O sítio 3. Diálogo de Peritos do BRICS sobre eletrônico servirá como plataforma comércio eletrônico (Moscou, 14 de para informar o público de nossos abril de 2015). países e a comunidade internacional em geral sobre os princípios, objetivos 4. Reunião de Ministros das Finanças e e práticas do BRICS. Exploraremos a Presidentes de Bancos Centrais do possibilidade de desenvolver o Sítio BRICS (Washington, 16 de abril de Eletrônico do BRICS como um 2015; Moscou, 7 de julho de 2015). secretariado virtual. 5. Reunião de Peritos no combate ao 76. Índia, China, África do Sul e Brasil tráfico ilícito de drogas e substâncias expressam sua sincera gratidão ao psicotrópicas e seus precursores nos Governo e povo da Rússia por sediar a países do BRICS (Moscou, 20 de abril VII Cúpula do BRICS em Ufá. de 2015).

77. Rússia, China, África do Sul e 6. Reunião de Ministros do Meio Brasil comunicam seu apreço à Índia Ambiente do BRICS (Moscou, 22 de por sua oferta de sediar a VIII Cúpula abril de 2015), precedida de reunião de do BRICS em 2016 e estendem seu peritos (Moscou, 21 de abril de 2015). pleno apoio para a consecução desse fim. 7. Reunião de Chefes de Agências Antidrogas dos BRICS (Moscou, 22 de abril de 2015). VII CÚPULA DO BRICS – PLANO DE AÇÃO – UFÁ, 8. Reunião de Autoridades de Defesa RÚSSIA, 9 DE JULHO DE 2015 da Concorrência do BRICS à margem 09/07/2015 da Conferência da Rede Internacional para a Defesa da Concorrência Esperando nosso próximo encontro, a (Sydney, 28 de abril – 1º de maio de realizar-se à margem da Cúpula do 2015). G20 (Antalya, Turquia, 15-16 de novembro de 2015), tomamos nota dos 9. Consultas entre os Ministérios das seguintes eventos realizados durante a Relações Exteriores dos BRICS sobre Presidência russa antes da Cúpula de Assuntos de Política Externa (Moscou, Ufá: 15 de maio de 2015).

1. Reunião do Grupo de Trabalho 10. Consultas entre os Ministérios das sobre a criação do Arranjo Multilateral Relações Exteriores dos BRICS sobre Segurança em Atividades no Espaço

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 144

Exterior (Moscou, 20 de maio de 20. Grupo de Trabalho do BRICS 2015). sobre Segurança no Uso de Tecnologias da Informação e da 11. Reunião do Conselho de Think Comunicação (Moscou, 16-18 de Tanks do BRICS (Moscou, 21 de maio junho de 2015). de 2015). 21. Reunião do Conselho Empresarial 12. Reunião de Vice-Ministros das do BRICS (Ufá, 18 de junho de 2015). Relações Exteriores dos BRICS sobre o Oriente Médio (Ásia Ocidental) e 22. Conferência Internacional Norte da África (Moscou, 22 de maio "Ameaças comuns – ações conjuntas: a de 2015). resposta dos países do BRICS a doenças infecciosas perigosas" 13. Foro Acadêmico do BRICS (Moscou, 23-24 de junho de 2015). (Moscou, 22-23 de maio de 2015). 23. Reuniões dos Chefes de Delegação 14. Reunião de Altos Representantes do BRICS junto ao Grupo de Ação Responsáveis por Segurança Nacional Financeira (GAFI) (Paris, 24 de dos BRICS (Moscou, 26 de maio de fevereiro de 2015; Moscou, 23-24 de 2015). abril de 2015; Brisbane, 24 de junho de 2015). 15. Reunião dos Ministros da Saúde dos BRICS à margem da AMS 24. Reunião do Grupo de Trabalho do (Genebra, 26 de maio de 2015). BRICS sobre Educação (Moscou, 25- 26 de junho de 2015). 16. Reuniões do Grupo de Trabalho de Alto Nível sobre a Estratégia para uma 25. BRICS Civil (Moscou, 29 de junho Parceria Econômica do BRICS – 1º de julho de 2015). (Brasília, dezembro de 2014; março de 2015 – sob a Presidência brasileira; 26. Reunião dos Ministros ou Chefes Moscou, 16 de abril; 4-5 de junho de de Agência Responsáveis por Temas 2015 – sob a Presidência russa). de Juventude (Kazan, 4 de julho de 2015). 17. Foro Parlamentar do BRICS (Moscou, 8 de junho de 2015). 27. Cúpula da Juventude do BRICS (Kazan, 4-7 de julho de 2015). 18. Reunião de Representantes de Agências Aduaneiras dos BRICS à 28. Reuniões do Grupo de Contato margem da Conferência da sobre Assuntos Econômicos e de Organização Mundial de Aduanas Comércio (Moscou, 15 de abril de (Bruxelas, 11-13 de junho 2015). 2015; Moscou, 6 de julho de 2015).

19. Reunião dos Ministros da Cultura 29. Reunião do Conselho de dos BRICS (Moscou, 16-17 de junho Governadores do Novo Banco de de 2015).

145 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Desenvolvimento (Moscou, 7 de julho - Reuniões do Grupo de Trabalho de 2015). sobre a Criação do Arranjo Multilateral Contingente de Reservas; 30. Reunião de Ministros do Comércio dos BRICS (Moscou, 7 de julho de - Reuniões de Peritos dos Bancos 2015). Centrais dos BRICS sobre a elaboração de um acordo para a 31. Reunião das Partes Financiadoras operacionalização do Arranjo de Ciência e Tecnologia dos BRICS Contingente de Reservas. (Moscou, 6-7 de julho de 2015). 3. Reunião dos Ministros da Saúde dos 32. Conselho Empresarial do BRICS BRICS. (Ufá, 8 de julho de 2015). 4. Reunião dos Ministros do Trabalho 33. Foro Financeiro do BRICS (Ufá, 8 e Emprego dos BRICS. de julho de 2015). 5. Seminário do BRICS sobre questões 34. Foro Sindical do BRICS (Ufá, 9 de populacionais. julho de 2015). 6. Reunião dos Ministros da Educação 35. Reunião Anual de Chefes de dos BRICS. Bancos do Mecanismo de Cooperação Interbancária do BRICS (Ufá, 8 de 7. Reunião dos Ministros da julho de 2015). Agricultura e do Desenvolvimento Agrário dos BRICS. Reunião do Grupo Eventos a serem realizados durante a de Trabalho sobre Cooperação em Presidência russa: Agricultura.

1. Reunião de Ministros dos Negócios 8. Reunião de Ministros de Ciência, Estrangeiros/Relações Internacionais Tecnologia e Inovação dos BRICS do BRICS à margem da sessão da precedida de Reunião de Altos Assembleia Geral da ONU. Funcionários dos BRICS em Ciência, Tecnologia e Inovação. 2. Reuniões de temas financeiros: 9. Reunião de Chefes de Órgãos - Reunião de Ministros das Finanças e Tributários do BRICS. Precedida de de Presidentes de Bancos Centrais; Reunião preparatória de Peritos de Órgãos Tributários do BRICS. - Reunião de Vice-Ministros das Finanças; 10. Reunião do Grupo de Contato do BRICS sobre Assuntos Econômicos e - Reuniões do Conselho de Comerciais. Governadores do Novo Banco de Desenvolvimento; 11. Reunião dos Ministros das Telecomunicações dos BRICS.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 146

12. Reunião de Chefes de Agências Roma, Paris, Washington, Nairóbi e Nacionais dos BRICS responsáveis por Genebra, onde apropriado. Gestão de Desastres. 23. Grupo de Trabalho sobre 13. Reunião de Autoridades de Defesa Cooperação em TICs. da Concorrência do BRICS (novembro de 2015, Durban). 24. Foro de Jovens Diplomatas do BRICS. 14. Reunião das Autoridades responsáveis por Estatísticas Nacionais 25. Foro de Jovens Cientistas do dos BRICS. BRICS.

15. Foro sobre Sistemas de Proteção 26. Cúpula Global de Universidades do Social Abrangentes dos países do BRICS. Reuniões constituintes da BRICS à margem de reunião de peritos Rede de Universidades do BRICS e da do BRICS sobre questões sociais e Liga de Universidades do BRICS. laborais. Outras iniciativas da Presidência russa: 16. Reunião de Altos Funcionários dos BRICS responsáveis pela Assistência 1. Reunião de Chefes de Órgãos Internacional ao Desenvolvimento. Migratórios do BRICS precedida por sessão do Grupo Preparatório. 17. Reunião intermediária de Sherpas e Sub-Sherpas do BRICS. 2. Reunião dos Ministros de Energia dos BRICS precedida por reunião do 18. Lançamento do Sítio Eletrônico Grupo de Trabalho sobre Energia e Conjunto do BRICS. Eficiência Energética.

19. Reunião de Altos Funcionários dos 3. Reuniões de Alto Nível dos BRICS BRICS sobre Combate à Corrupção sobre Assuntos Industriais. (novembro de 2015, São Petersburgo). 4. Reunião dos Chefes dos Órgãos de 20. Reunião do Grupo de Trabalho Segurança Industrial e Energética do Antidrogas do BRICS. BRICS. Oficina Internacional entre Órgãos Reguladores da Segurança 21. Reunião de Chefes de Delegações Industrial dos BRICS “Regulação dos BRICS ao GAFI (estabelecimento Efetiva da Segurança Industrial como de Conselho do BRICS sobre Combate Elemento de Estabilidade da Economia à Lavagem de Dinheiro e Combate ao Nacional” em formato de engajamento Financiamento do Terrorismo no externo. GAFI). 5. Concurso Internacional de Jovens 22. Consultas entre as Missões Cientistas dos países do BRICS. Foro Permanentes e/ou Embaixadas, Internacional de Jovens Cientistas e conforme apropriado, em Nova York, Empreendedores do BRICS. 147 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

6. Reunião de autoridades responsáveis exterior. O lançamento escalonado por cooperação jurídica e Direito permitirá, ao mesmo tempo, a Internacional nos Ministérios das utilização de estoques das atuais Relações Exteriores, à margem de cadernetas remanescentes nos postos, foros multilaterais relevantes. de acordo com o princípio da economicidade na administração 7. Conferência sobre a Modernização pública. dos Sistemas de Tesouro dos países do BRICS. Em meados de agosto, as repartições consulares brasileiras da América do 8. Foro Internacional de Jovens Sul e da América Central serão as Jornalistas, Blogueiros e Repórteres primeiras a emitirem os novos Fotográficos, incluindo aqueles passaportes. Esses postos serão representando os países do BRICS. seguidos, em intervalos de uma semana, pelos postos na África, Ásia, Áreas de Cooperação a serem Europa e Oceania. Finalmente, no exploradas: início do mês de outubro, os postos da América do Norte completarão o 1. Diálogo dos BRICS sobre processo. manutenção da paz. Para o Ministério das Relações 2. Estabelecimento do Conselho de Exteriores, o lançamento do novo Regiões do BRICS. passaporte constitui um marco importante no processo de 3. Cooperação e intercâmbio de aperfeiçoamento constante dos experiências entre profissionais de serviços consulares prestados às mídia dos BRICS. comunidades brasileiras no exterior. O novo passaporte responde a uma antiga e legítima demanda da comunidade LANÇAMENTO, NO EXTERIOR, brasileira no exterior e foi objeto de compromisso firme, de parte do DO PASSAPORTE BRASILEIRO Governo brasileiro, por ocasião da COM VALIDADE DE ATÉ 10 última Conferência Brasileiros no ANOS 10/07/2015 Mundo, realizada em Salvador, em novembro de 2013. A utilização do novo passaporte terá o efeito adicional posterior de diminuir a demanda por O lançamento, no exterior, do novo esse tipo de documento no exterior, passaporte brasileiro com validade de liberando recursos humanos e 10 anos ocorrerá a partir de agosto, de materiais para outras atividades forma escalonada, em três fases. A consulares. defasagem em relação ao lançamento no Brasil decorre da necessidade de adequar as entregas do novo material Os postos consulares foram instruídos pela Casa da Moeda e os imperativos a orientar o público a respeito da logísticos para distribuir esse material implementação escalonada da emissão para os cerca de 200 postos no do novo passaporte no exterior.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 148

REUNIÃO DOS DIREITOS – 4. Os DGs ressaltaram que a GERAIS SOBRE ASSUNTOS comemoração do aniversário de setenta anos das Nações Unidas, em 2015, DAS NAÇÕES UNIDAS DO G-4 constitui importante oportunidade para – DECLARAÇÃO CONJUNTA que se alcancem resultados há muito 10/07/2015 aguardados sobre a reforma do Conselho de Segurança.

1. Os Diretores-Gerais (DGs) sobre 5. Os DGs acordaram que seu próximo Assuntos das Nações Unidas dos encontro será realizado em setembro, países do G-4 (Brasil, Alemanha, Índia em Nova York, à margem do Debate e Japão) reuniram-se, em Brasília, no Geral da 70ª Sessão da Assembleia dia 10 de julho de 2015, para trocar Geral, previamente à tradicional impressões sobre a questão da reforma reunião de Chanceleres do G-4. do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A última reunião do grupo ocorreu em Berlim, em 27 de fevereiro ATENTADO CONTRA O de 2015. CUNSULADO DA ITÁIA NO CAIRO 11/07/2015 2. Os DGs discutiram a atual situação das negociações intergovernamentais O Governo brasileiro condena o (IGN) em curso em Nova York. atentado terrorista cometido contra o Expressaram seu firme apoio aos Consulado da Itália no Cairo neste esforços envidados pelo Facilitador do sábado. IGN, Embaixador Courteney Rattray da Jamaica, e saudaram seu O recurso à violência indiscriminada, compromisso de apresentar um texto praticada sob qualquer pretexto, propício a negociações que contenha merece o mais veemente repúdio da as visões transmitidas por países e sociedade e do Governo brasileiro. grupos de países, de modo a facilitar que se iniciem brevemente negociações baseadas em texto ("text- O Governo brasileiro transmite sua based negotiations"). solidariedade aos Governos da Itália e do Egito. 3. Os DGs também expressaram sua apreciação aos esforços do Presidente ATENTADO NO CHADE da Assembleia Geral, Sam Kutesa, e reconheceram sua vigorosa liderança 11/07/2015 no avanço do processo da reforma do Conselho de Segurança da ONU, que O Governo brasileiro tomou constitui uma antiga aspiração de toda conhecimento, com consternação, do a comunidade internacional, em atentado cometido hoje no mercado direção a um caminho irreversível de público na cidade de N'Djamena, que negociações baseadas em texto. deixou dezenas de mortos e feridos.

149 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Ao reafirmar o repúdio da sociedade destaque para o Centro de Formação brasileira a todo ato de terrorismo, Profissional, cujas instalações foram quaisquer que sejam suas motivações, inauguradas em maio de 2014, em São o Governo brasileiro transmite suas Tomé. condolências e sua solidariedade aos familiares das vítimas e ao Governo do Nesse espírito de fraternidade, o Chade. Governo brasileiro congratula o Governo e o povo santomenses pelo 40º Aniversário da Independência e ANIVERSÁRIO DA reitera sua disposição de continuar INDEPENDÊNCIA DA trabalhando para promover relações REPÚBLICA DEMOCRÁTICA cada vez próximas e fecundas entre os nossos países. DE SÃO TOMÉ PRÍNCIPE 12/07/2015

A República de São Tomé e Príncipe ACORDO POLÍTICO LÍBIO celebra, hoje, o 40º aniversário de sua 14/07/2015 independência. Nas comemorações em São Tomé, o Governo brasileiro será O Governo brasileiro saúda a rubrica representado por seu Embaixador por diversos grupos líbios de Acordo naquela capital. Político, em 11 de julho corrente, na cidade de Skhirat, no Marrocos. A Brasil e São Tomé e Príncipe ocasião constitui importante marco nos compartilham história e valores esforços em favor de uma solução comuns de promoção da paz, pacífica para a estabilização da Líbia. democracia e desenvolvimento. Norteado por esses valores, o Ao felicitar as diversas lideranças relacionamento bilateral tem-se líbias engajadas nas negociações, o aprofundado e diversificado, como Brasil encoraja a plena adesão ao atesta a abertura, em 2014, do Núcleo Acordo por todas as partes envolvidas. da Missão Naval do Brasil junto à O Governo brasileiro manifesta a Embaixada brasileira em São Tomé. O esperança de que a associação dos Ministro Mauro Vieira visitou o país principais segmentos políticos líbios ao em abril último, em sua primeira instrumento possibilite a formação de viagem à África. um Governo de unidade nacional, com vistas ao enfrentamento dos grandes São Tomé e Príncipe tem sido um dos desafios que se impõem ao país. principais parceiros da cooperação brasileira com países de língua O Brasil congratula, igualmente, o portuguesa. Os projetos abrangem Representante Especial do Secretário- áreas diversas como segurança Geral das Nações Unidas para a Líbia, alimentar, apoio à elaboração de Bernardino León, assim como os políticas públicas, formação e demais atores regionais e capacitação de quadros técnicos, com internacionais envolvidos na mediação

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 150 do diálogo líbio, cujo empenho O Governo brasileiro faz votos de que contribuiu para que esse importante o êxito alcançado em Viena contribua resultado fosse alcançado. significativamente para o início de uma nova e produtiva fase nas relações entre o Irã e as demais partes do acordo, bem como para a redução de ACORDO SOBRE O conflitos e tensões, em benefício de PROGRAMA NUCLEAR toda a comunidade internacional. IRANIANO 14/07/2015 Como sempre, o Brasil está pronto e disposto a colaborar nesse sentido.

O Brasil recebeu, com grande satisfação, o anúncio de que o grupo de países conhecido como P5+1 VISITA DO MINISTRO DAS (composto por Alemanha, China, RELAÇÕES EXTRIORES DO Estados Unidos, França, Reino Unido PARAGUAI, ELADIO LOIZAGA e Rússia) e o Irã, com a facilitação da – BRASÍLIA,15 DE JOLHO DE União Europeia, concluíram hoje, em 2015 Viena, um acordo abrangente e de longo prazo sobre o programa nuclear iraniano. O Ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Embaixador Eladio Loizaga, O Governo brasileiro saúda todas as realizará visita a Brasília no dia 15 de partes pela vontade política, julho de 2015, ocasião em que manterá persistência e determinação encontro de trabalho com o Ministro demonstradas ao longo de processo das Relações Exteriores, Embaixador negociador complexo e de elevada Mauro Vieira. sensibilidade. Essas qualidades serão cruciais também para a plena e Os Chanceleres tratarão de temas da oportuna execução do acordo. agenda bilateral e regional, com destaque para comércio, integração O Brasil sempre apoiou, inclusive por física e o MERCOSUL. O Brasil meio da Declaração de Teerã de 2010, transmitirá a Presidência Pro Tempore os esforços diplomáticos destinados a do MERCOSUL ao Paraguai durante a assegurar a natureza exclusivamente próxima Cúpula do bloco, a ser pacífica do programa nuclear iraniano realizada em 17 de julho, em Brasília. e a normalização das relações do Irã com a comunidade internacional. O Brasil é o principal destino das exportações paraguaias e o principal O acordo hoje anunciado evidencia, fornecedor de produtos para o uma vez mais, a eficácia da diplomacia Paraguai. O fluxo de comércio bilateral e da negociação como os instrumentos quase dobrou nos últimos cinco anos, capazes de construir uma paz com crescimento de 94%. verdadeiramente sustentável.

151 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Em 2014, o intercâmbio bilateral Os participantes reconheceram a alcançou US$ 4,4 bilhões, o maior necessidade de tratar os migrantes que patamar da série histórica. pretendam dirigir-se à América do Sul, em qualquer circunstância, com REUNIÃO ENTRE BOLÍVIA, espírito humanitário, com pleno BRASIL, EQUADOR E PERU respeito a seus direitos fundamentais e PARA PROMOVER A a sua legítima intenção de iniciar nova MIGRAÇÃO SEGURA NA vida em outro país. Assinalaram, a propósito, a importância de que se AMÉRICA DO SUL – revestem iniciativas voltadas a ampliar COMNICADO CONJUNTO as oportunidades formais para o 14/07/2015 acolhimento, em condições regulares, de migrantes. Sublinharam ser essa a maneira mais adequada de assegurar Com vistas a examinar iniciativas e que toda pessoa interessada em migrar projetos de cooperação regional para para a América do Sul possa fazê-lo enfrentar a ação de redes criminosas em condições dignas e seguras. organizadas que vem acompanhando a intensificação dos fluxos migratórios Ressaltaram, nesse sentido, a decisão rumo à América do Sul e, em do Governo brasileiro de ampliar ainda particular, ao Brasil, reuniram-se em mais a possibilidade de concessão de Brasília, nos dias 13 de julho, em nível vistos permanentes especiais de caráter técnico, e 14 de julho, em nível humanitário para nacionais haitianos, ministerial, autoridades de Bolívia, mediante o reforço da dotação de Brasil, Equador e Peru. Os trabalhos pessoal e equipamentos da Embaixada foram presididos na etapa ministerial do Brasil em Porto Príncipe e a firma pelo Ministro da Justiça, José Eduardo de acordo com o escritório local da Cardozo, e pelo Secretário-Geral das Organização Internacional para as Relações Exteriores, Embaixador Migrações (OIM) para a execução de Sérgio Danese. As delegações de serviços pré-consulares de Bolívia, Peru e Equador foram processamento de solicitações de visto, chefiadas, respectivamente, pelo bem como amplo conjunto de medidas Ministro de Governo, Carlos Romero; em curso, que envolverá esforços de pelo Ministro do Interior, José Luis vários ministérios, com vistas a Pérez Guadalupe; e pelo Vice-Ministro ampliar e aperfeiçoar as estruturas do Interior, Diego Fuentes. oficiais de abrigamento, acolhimento, documentação e transporte dos As delegações reiteraram a relevância migrantes em território brasileiro. O da participação da comunidade Equador tomará medidas para o internacional para a necessidade de ingresso e saída seguros dos migrantes, prestar todo o apoio e colaboração bem como zelará pela proteção de seus possíveis para impulsionar o direitos durante o processo migratório, desenvolvimento interno do Haiti, de com o apoio dos países participantes. modo a proporcionar melhores Essas medidas contribuirão de forma condições de vida e bem-estar a sua expressiva para valorizar a imigração população. regular e segura e, em particular,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 152 combater o tráfico de migrantes, que Será realizada em Brasília, no dia 17 apresenta elevados riscos. de julho de 2015, a 48ª edição da Cúpula dos Chefes de Estado do As delegações convieram em apoiar ou MERCOSUL e Estados Associados. O reforçar campanha de esclarecimento encontro será precedido, no dia 16 de aos potenciais migrantes, mediante julho, pela Reunião do Conselho do difusão de informação, entre outros, Mercado Comum (CMC), que reúne os nos meios de comunicação no Haiti e Chanceleres e os Ministros de nos países de trânsito, sobre os grandes Economia e de Indústria dos Estados riscos e perigos da migração vinculada Partes do MERCOSUL. às redes de traficantes, bem como sobre as vantagens da migração A realização da Cúpula de Chefes de amparada em visto. Concordaram em Estado encerra a Presidência Pro estabelecer ou reforçar mecanismos de Tempore Brasileira (PPTB) do intercâmbio de informações nas áreas MERCOSUL, exercida durante o migratória, policial e de inteligência, primeiro semestre de 2015. Durante a com vistas a monitorar as rotas PPTB, foram realizadas cerca de 300 empregadas pelos traficantes, reuniões dos órgãos decisórios e identificar suas lideranças atuantes na especializados do MERCOSUL, em região e os pontos de passagem por temas como comércio, integração eles utilizados e colaborar para a produtiva, cidadania, desenvolvimento aplicação da justiça e a sanção dos social, meio ambiente, justiça, cultura, delitos. educação, direitos humanos, saúde e mobilidade acadêmica. Acordaram, por fim, estabelecer, retomar ou reforçar iniciativas de Paralelamente à Cúpula e a suas cooperação bilateral ou regional nas reuniões preparatórias, serão áreas de formação, treinamento e realizados, em Brasília, a Cúpula aperfeiçoamento de pessoal nos setores Social, e, em Belo Horizonte, o V mencionados, a fim de que o exercício Fórum Empresarial do MERCOSUL. de intercâmbio, o cruzamento e Entre 14 e 16 de julho, a Cúpula Social monitoramento de informações entre oferecerá espaço para debate sobre as os países participantes possam ter dimensões social e cidadã da prosseguimento em base permanente. integração regional. O Fórum Empresarial será realizado em 14 e 15 de julho, com o objetivo de discutir XLVIII CÚPULA DOS CHEFES temas como integração produtiva, DE ESTADO DO MERCOSUL E promoção comercial, atração de ESTADOS ASSOCIADOS E investimentos e micro e pequenas XLVIII REUNIÃO DO empresas. MERCADO COMUM – Integram o MERCOSUL todos os BRASÍLIA, 16 E 17 DE JULHO países sul-americanos, como Estados DE 2015 15/07/2015 Partes ou como Estados Associados. Ao final da Cúpula, a

153 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Presidência Pro Tempore do bloco será COMUNICADO CONJUNTO transferida para o Paraguai. DOS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL E ESTADOS

ASSOCIADOS – BRASILIA, 17 REUNIÃO DE TRABALHO DE JULHO DE 2015 17/07/2015 ENTRE A PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF E A PRESIDENTA Os Estados Partes do MERCOSUL e DA REPÚBLICA ANRGENTINA, Estados Associados, reunidos na CRISTINA FERNÁNDEZ DE cidade de Brasília, República KIRCHNER – BRASÍLIA, 17 DE Federativa do Brasil, no dia 16 de JULHO DE 2015 17/07/2015 julho de 2015, por ocasião da XLVIII Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC): Reiteraram A Presidenta Dilma Rousseff manterá seu compromisso com o reunião de trabalho com a Presidenta aprofundamento dos mecanismos de da República Argentina, Cristina integração e concertação regional, por Fernández de Kirchner, no dia 17 de meio de diálogo político permanente, julho, em Brasília. A Presidenta orientado a fortalecer a unidade Cristina Kirchner também participará regional e contribuir para o da XLVIII Cúpula dos Chefes de desenvolvimento econômico com Estado do MERCOSUL e Estados inclusão social, a melhoria da Associados, que será realizada no qualidade de vida de nossos cidadãos, mesmo dia. o avanço da justiça social, a erradicação da fome e da pobreza e a Durante a reunião de trabalho, as garantia dos direitos básicos, como o Presidentas passarão em revista os trabalho decente, a educação de temas da ampla agenda bilateral e qualidade e o direito a uma tratarão de assuntos da agenda regional alimentação adequada; Reiteraram a e internacional, com destaque para o importância fundamental da promoção comércio bilateral, o processo de e da proteção dos valores da integração e as negociações do Acordo democracia e dos direitos humanos de Associação entre o MERCOSUL e como eixo essencial da integração a União Europeia. regional, a fim de preservar a América do Sul como uma zona de paz e O Brasil é o principal destino das desenvolvimento; Reafirmaram a exportações argentinas e o principal necessidade de seguir impulsionando o fornecedor de produtos para o país processo de integração econômica, vizinho. Em 2014, o intercâmbio para o desenvolvimento de nossos bilateral alcançou a marca de US$ 28,4 povos, por meio da integração bilhões, tendo a Argentina sido o produtiva, do desenvolvimento da terceiro maior parceiro comercial do infraestrutura e de políticas inclusivas, Brasil. entre outros; Passaram em revista os avanços alcançados nos diferentes âmbitos do MERCOSUL, da

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 154 integração latino-americana e 5. Reconheceram a importância de caribenha e do plano multilateral; buscar alternativas para avançar na criação de mecanismos que permitam I. NO ÂMBITO DO MERCOSUL integrar esforços para utilizar o poder de compras públicas para aquisição 1. Ratificaram o compromisso de conjunta de medicamentos a preços continuar fortalecendo a dimensão mais justos; social do MERCOSUL nos seus mais variados aspectos; 6. Sublinharam a importância estratégica de trocar informações sobre 2. Registraram a adoção da ações coordenadas para coibir fraudes “Declaração das Autoridades e práticas irregulares na aquisição ou Responsáveis pela Agricultura prescrição de dispositivos médicos Familiar dos Estados Partes do implantáveis (órteses e próteses). As MERCOSUL sobre Governança da respostas dos governos a essa questão Terra”, na XXIII Reunião da saúde possibilitará aos países criar Especializada sobre Agricultura estratégias e mecanismos para o Familiar (REAF), e destacaram o desenvolvimento dos mercados importante papel que a REAF nacionais e, ao mesmo tempo, desempenha como espaço de comparar e reduzir preços praticados articulação entre os governos, os no mercado internacional; movimentos sociais, os agricultores e as estruturas próprias do sistema de 7. Ratificaram o apoio à República integração; Oriental do Uruguai em face da interferência da indústria multinacional 3. Saudaram a adoção das Declarações do fumo na implementação de políticas dos Ministros da Saúde do de controle de tabaco, o que atenta MERCOSUL e Estados Associados contra o direito soberano dos Estados a sobre "Acesso a Medicamentos", definirem suas políticas de saúde; "Mudança do Clima e Saúde Humana", "Segurança no Trânsito" e sobre a 8. Apoiaram a decisão dos Ministros "Necessidade de Priorização da de Justiça do MERCOSUL e Estados Implementação do Registro Associados de avançar na negociação MERCOSUL de Doação e Transplante da proposta de protocolo sobre (DONASUR) nos Estados Partes e cooperação jurídica em procedimentos Associados"; civis e administrativos contra a corrupção, destacando a premência de 4. Reconheceram a importância de se alinhar às mais avançadas políticas continuar a combater as doenças contra a corrupção, de modo a crônicas não transmissíveis nos países enfrentá-la com abordagem ampla; do bloco e, nesse sentido, saudaram a assinatura de acordos sobre a redução 9. Celebraram a adoção, pela Reunião do consumo de sódio, a prevenção e o dos Ministros da Justiça do controle da obesidade, e os custos MERCOSUL e Estados Associados, da econômicos associados ao tabaco; Declaração sobre o “Registro de Visitas em Estabelecimentos 155 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Penitenciários dos Países do tráfico ilícitos de armas de fogo, MERCOSUL e Associados” e da munições, explosivos e outros Declaração sobre “Acesso à Justiça”; materiais relacionados, bem como para promover a cooperação regional com 10. Concordaram quanto à necessidade vistas à implementação de políticas e de aprimorar permanentemente a programas comuns na matéria; colaboração entre as suas autoridades centrais para cooperação jurídica 14. Manifestaram satisfação com os internacional, com especial atenção às avanços nos temas da agenda oportunidades proporcionadas pelas migratória, obtidos durante as reuniões modernas tecnologias da informação e do Foro Especializado Migratório, comunicação; realizadas no âmbito das reuniões de Ministros do Interior do MERCOSUL, 11. Tomaram nota, com satisfação, da em especial com relação às discussões adoção da Declaração "O papel dos sobre a atualização do marco Ministérios Públicos na efetivação da normativo migratório regional; cooperação jurídica no MERCOSUL”, por ocasião da XVIII Reunião 15. Ressaltaram, ademais, o progresso Especializada de Ministérios Públicos na construção do Guia Regional para a do MERCOSUL; Identificação e Atenção às Crianças e Adolescentes Migrantes, e o 12. Entenderam a importância de fortalecimento da cooperação com a fortalecer, quando a legislação Organização Internacional para as nacional assim o permitir, a Migrações (OIM); independência e a autonomia dos sistemas de Defensorias Públicas com 16. Tomaram nota da criação, no o propósito de garantir o efetivo acesso âmbito da Reunião de Ministros do à justiça às pessoas em situação de Interior, da Reunião de Comitês vulnerabilidade. Nesse contexto, Nacionais para Refugiados ou seus destacam a importância de garantir, equivalentes dos Estados Partes do seja no âmbito penal ou não, um MERCOSUL e Estados Associados, serviço eficaz, livre de ingerências, como espaço de intercâmbio e intervenções ou controles por parte de discussão que reforce a cooperação outros poderes do Estado e consideram regional sobre esta temática com vistas a conveniência de promover a ao fortalecimento da proteção autonomia funcional e a autarquia internacional; financeira visando ao efetivo exercício da assistência jurídica gratuita, levando 17. Recordaram que, em 2015, em conta o Direito interno de cada completam-se 40 anos da criação da Estado; “Operação Condor”, articulação repressiva organizada no contexto dos 13. Destacaram a importante regimes de facto que assolaram a contribuição do Grupo de Trabalho região, que constituiu o processo de sobre Armas de Fogo e Munições e do repressão estatal coordenado mais Subgrupo Técnico, para prevenir, grave vivido em países da América do combater e erradicar a fabricação e o Sul. Condenaram firmemente os fatos

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 156 acontecidos nessa etapa e reafirmaram como promover sua inclusão nos o compromisso de que a preservação processos de transformação da memória, a busca da verdade e o econômica, política, social e cultural império da justiça sejam parte da como atores fundamentais para o construção atual e futura de nossas desenvolvimento da região; democracias; 21. Reiteraram seu compromisso de 18. Reconheceram a importância da implementar as Diretrizes da Política aprovação pela Organização dos de Igualdade de Gênero do Estados Americanos (OEA) da MERCOSUL aprovadas por Decisão Convenção Interamericana sobre os do Conselho do Mercado Comum e de Direitos das Pessoas Idosas, que fortalecer as políticas nacionais e estabelece elevados padrões de regionais de promoção da igualdade e proteção dos direitos fundamentais equidade entre mulheres e homens, dessas pessoas em especial situação de fator indispensável para aprofundar a vulnerabilidade. Afirmaram, democracia, a igualdade de gênero e igualmente, que esse instrumento eliminar todas as formas de violência e internacional promove verdadeira discriminação contra as mulheres. mudança de paradigma na concepção Ressaltaram a importância da tradicional que se tinha sobre as igualdade de gênero como Objetivo de pessoas idosas, que supõe novas Desenvolvimento Sustentável, bem formas de intervenção da família, da como a de raça e etnia, a ser sociedade e dos Estados. Além disso, transversalizada por todos os sublinharam o papel que tiveram indicadores e incorporada à totalidade alguns países do MERCOSUL no dos ODS que serão aprovados durante processo de redação e negociação a próxima Assembleia Geral das desse instrumento e nos esforços Nações Unidas, em setembro deste realizados para lograr sua aprovação e ano; expressaram seu apoio às iniciativas dos Estados para garantir de maneira 22. Reafirmaram o papel fundamental efetiva os direitos das pessoas idosas da cultura para o desenvolvimento em toda a região; pleno dos países da região, destacando, inclusive, o potencial econômico da 19. Além disso, comprometeram-se a atividade cultural; apoiar as negociações em curso nas Nações Unidas, com vistas a lograr um 23. Em seguimento à estratégia de instrumento jurídico de alcance reconhecer e valorizar o patrimônio universal sobre a matéria; cultural da região, congratularam-se pela realização, no dia 30 de maio de 20. Saudaram a criação da Reunião de 2015, da Cerimônia de Entrega dos Autoridades sobre os Direitos das Certificados de Reconhecimento da Populações Afrodescendentes do Ponte Internacional Barão de Mauá, MERCOSUL (RAFRO), com vistas a localizada na fronteira entre as cidades coordenar discussões, políticas e de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, iniciativas que beneficiem as no Uruguai, como primeiro bem populações afrodescendentes, bem reconhecido como "Patrimônio 157 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Cultural do MERCOSUL". Caribenhos (CELAC), da União de Felicitaram-se, igualmente, pelo Nações Sul-Americanas (UNASUL), reconhecimento das expressões do MERCOSUL e de outros foros culturais da "Pajada" e das "Missões regionais e multilaterais; Jesuíticas Guaranis, Moxos e Chiquitos" como novos bens a integrar 27. Recordaram, nesse contexto, que, a lista de "Patrimônio Cultural do em 16 de dezembro de 2015, se MERCOSUL"; completará o 50º aniversário da adoção da Resolução 2065 (XX) da 24. Concordaram que seria Assembleia Geral das Nações Unidas, conveniente estimular a criação de a primeira referida especificamente à centros culturais nacionais nos países Questão das Malvinas, renovada da região, como equipamento cultural posteriormente por meio de sucessivas privilegiado para o intercâmbio e a Resoluções da Assembleia Geral e do visibilidade da diversidade cultural Comitê Especial de Descolonização até regional; os dias de hoje, e observaram com satisfação a importante contribuição 25. Reafirmaram os termos da feita pelo Comitê Especial de “Declaração dos Presidentes dos Descolonização na consideração da Estados Partes do MERCOSUL, Questão durante os cinquenta anos Bolívia e Chile”, assinada em 25 de desde a adoção da Resolução 2065 junho de 1996, em Potrero de los (XX); Funes, República Argentina, denominada Declaração sobre as 28. Expressaram sua grave Malvinas, e reiteraram seu respaldo preocupação pelo fato de que aos legítimos direitos da República transcorreram cinquenta anos desde a Argentina na disputa de soberania adoção da Resolução 2065 (XX) sem relativa à Questão das Ilhas Malvinas; terem ocorrido progressos substantivos nas negociações e acordaram que a 26. Destacaram que a adoção de próxima Presidência Pro Tempore medidas unilaterais não é compatível realizará uma nova gestão junto ao com o determinado pelas Nações Secretário-Geral das Nações Unidas Unidas e recordaram o interesse para solicitar que renove seus esforços regional em que a prolongada disputa no cumprimento da missão de bons de soberania entre a República ofícios que lhe fora encomendada pela Argentina e o Reino Unido da Grã Assembleia Geral por meio de Bretanha e Irlanda do Norte sobre as sucessivas resoluções, a fim de reatar Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e as negociações tendentes a encontrar Sandwich do Sul, bem como sobre os na maior brevidade uma solução espaços marítimos circundantes, pacífica para a referida disputa, e alcance o quanto antes uma solução, informe os avanços produzidos no em conformidade com as resoluções cumprimento de sua missão; pertinentes das Nações Unidas e as declarações da Organização dos 29. Expressaram seu apoio à missão da Estados Americanos, da Comunidade UNASUL de acompanhamento das de Estados Latino-americanos e eleições parlamentares de 6 de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 158 dezembro, no marco do respeito aos 34. Constataram que a América do Sul princípios do Direito Internacional; vive, atualmente, a década do esporte, com a realização dos Jogos Pan- 30. Manifestaram seu repúdio ao americanos e Parapan-americanos, em Decreto Executivo do Governo dos 2007, dos Jogos Mundiais Militares, Estados Unidos da América, aprovado em 2011, da Copa das Confederações, em 9 de março de 2015 e reafirmaram em 2013, da Copa do Mundo, em seu compromisso com a plena vigência 2014, e dos Jogos Mundiais dos Povos do Direito Internacional, a solução Indígenas, em 2015. Destacaram pacífica de controvérsias e o princípio também os Jogos ODESUL, em 2014, da não intervenção; e a Copa América de Futebol, em 2015. A década culminará com a 31. Reiteraram, da mesma forma, sua realização dos Jogos Olímpicos e condenação à aplicação de medidas Paralímpicos Rio 2016; coercitivas unilaterais que violem o Direito Internacional. Em 35. Ressaltaram o papel central consequência, solicitaram a revogação desempenhado pela cooperação do referido Decreto Executivo; regional em ciência, tecnologia e inovação e a importância das 32. Reiteraram o apelo ao tecnologias da informação e aprofundamento do diálogo entre o comunicação (TICs), incluindo a governo dos Estados Unidos da Internet, para a promoção do América e o Governo da República desenvolvimento socioeconômico Bolivariana da Venezuela, com vistas a inclusivo e com equidade, tendo em uma solução mutuamente aceitável vista que o melhor uso das para as questões bilaterais; complementaridades nessa área estimulará o aumento das II. NO ÂMBITO REGIONAL, DA potencialidades econômicas dos países AMÉRICA LATINA E DO da região, sua maior inserção nas CARIBE cadeias globais de valor e a melhoria da qualidade dos bens e serviços 33. Destacaram que o esporte é um disponíveis à população; aliado no combate à discriminação racial, étnica e de gênero e instrumento 36. Reiteraram a necessidade de de promoção da paz, do diálogo e da reduzir o hiato digital, por meio de cooperação com vistas ao investimentos em infraestrutura e desenvolvimento e à inclusão social. serviços de TICs, capacitação e Nesse contexto, os eventos esportivos transferência de tecnologia, constituem oportunidades para expressando, em particular, que o uso aprofundar os laços da América do Sul das TICs deve ser promovido em todas e para difundir a imagem de uma as etapas de educação, com o propósito sociedade inclusiva, que reconhece e de garantir que cada indivíduo adquira valoriza a diversidade cultural e a as capacidades necessárias para prática esportiva; participar ativamente da Sociedade da Informação e da economia do conhecimento; 159 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

37. Salientaram a importância de MERCOSUL e o Chile, a qual ampliar a coordenação e a busca de permitiu aos Estados Partes não apenas convergências entre as diversas retomarem o intercâmbio de iniciativas regionais na área de ciência, experiências sobre políticas públicas tecnologia e inovação, tais como as voltadas para micro, pequenas e existentes nos âmbitos do médias empresas, como também MERCOSUL, da UNASUL e da reforçarem o trabalho para o melhor CELAC, a fim de otimizar os recursos, aproveitamento das preferências evitar a superposição de tarefas e tarifárias previstas no Acordo; potencializar os esforços desdobrados nos esquemas de integração na região; 41. Congratularam-se pela assinatura do texto atualizado do "Convênio de 38. Atentos ao objetivo de desenvolver Cooperação, Intercâmbio de o setor energético para o beneficio de Informação, Consulta de Dados e nossos povos e de reforçar a segurança Assistência Mútua entre as energética da região, renovaram a Administrações Aduaneiras dos determinação de avançar nos processos Estados Partes do MERCOSUL e da de integração e interconexão República do Chile", no âmbito do energética regional em consonância ACE-35; com os esforços e avanços na elaboração de uma estratégia 42. Celebraram avanços alcançados no energética sul-americana, com o processo de implementação do aproveitamento sustentável dos Certificado de Origem Digital (COD), recursos da região, por meio de em curso na região, e destacaram a intercâmbios energéticos e de importância da cooperação bilateral e investimentos mútuos nesse setor, em do intercâmbio de experiências no conformidade com as legislações âmbito da ALADI para que o COD e a nacionais, bem como com os interoperabilidade dos sistemas de compromissos internacionais vigentes; certificação eletrônica venha a ser, com a maior brevidade possível, 39. Reafirmaram seu apreço pelos utilizado no comércio regional; projetos de infraestrutura relacionados aos corredores bioceânicos, 43. Tomaram nota do êxito da "EXPO considerando-os de interesse regional. ALADI Argentina 2015, Macrorrodada Nesse sentido, reconheceram que, não de Negócios Agroalimentar", realizada obstante a situação especial do em , em 4 e 5 de junho de Paraguai e da Bolívia como Países em 2015, a qual contou com a participação Desenvolvimento Sem Litoral, eles de mais de 700 empresários, além de podem constituir-se em importante membros do corpo diplomático dos nexo entre o Atlântico e o Pacífico; países-membros da ALADI e de representantes das agências de 40. Saudaram a realização da IV promoção comercial e de Reunião do Comitê de Micro, investimentos, tendo alcançado US$ Pequenas e Médias Empresas do 172 milhões em acordos de intenções Acordo de Complementação de negócios; Econômica Nº 35 (ACE-35), entre o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 160

44. Ao reafirmar o compromisso 49. Defenderam a continuidade dos comum com a integração regional, esforços de articulação e realçaram o interesse em que se reforce complementaridade entre o o dialogo do MERCOSUL com outros MERCOSUL e a UNASUL, como os esquemas de integração que permitam verificados na Reunião de Ministros de fortalecer a complementação regional e Educação, na Reunião de Ministros de que manifestem disposição em Interior, na Reunião de Ministros e dialogar com o MERCOSUL; Autoridades de Desenvolvimento Social e no Comitê Coordenador 45. Sublinharam, nesse sentido, Regional da Reunião de Ministros de interesse em que se realize uma nova Cultura; reunião entre o MERCOSUL e a Aliança do Pacífico, bem como a 50. Saudaram a realização da II Cúpula importância da apresentação do Plano CELAC-UE, em Bruxelas, nos dias 10 de Ação encaminhado pelo e 11 de junho de 2015, com o lema MERCOSUL à Aliança do Pacífico; "Modelar nosso futuro comum: trabalhar por uma sociedade mais 46. Manifestaram sua vontade de próspera, coesa e sustentável para continuar avançando no dialogo nossos cidadãos". Na reunião, MERCOSUL- ALBA-TCP - reafirmou-se o interesse compartilhado CARICOM; pelos Estados latino-americanos e caribenhos e europeus de avançar no 47. Congratularam-se pelos esforços diálogo político sobre temas no âmbito da UNASUL em prol da multilaterais, além de fortalecer a integração regional. Priorizando o cooperação e as relações econômicas e diálogo, a UNASUL busca soluções comerciais entre as duas regiões; próprias para desafios comuns de seus Estados Membros, além de estimular a 51. Saudaram a realização da I paz, a segurança, a democracia e o Reunião Ministerial do Foro CELAC- respeito aos direitos humanos na China, na cidade de Pequim, República região; Popular da China, nos dias 8 e 9 de janeiro de 2015, que sentou as bases 48. Congratularam-se pelos avanços para uma nova associação estratégica obtidos na busca de consensos em entre a China e a América Latina e o relação à articulação e à Caribe, por meio da aprovação da complementaridade entre o Declaração de Pequim, do Plano de MERCOSUL e a UNASUL, como no Cooperação 2015-2019 e das caso da Reunião de Altas Autoridades Disposições Institucionais e Regras de de Direitos Humanos e o Grupo de Funcionamento do Foro CELAC- Alto Nível de Coordenação e China; Cooperação em Direitos Humanos da UNASUL, que resultem em uma maior 52. Demonstraram satisfação pela transversalidade e universalidade do aprovação por parte da CELAC do tema; "Plano para Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome até 2025" e pelos esforços voltados à sua 161 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

implementação. Para esse fim, traz efeitos positivos para todo o instaram a Organização das Nações continente americano e reiteraram seu Unidas para a Alimentação e a apelo a pôr fim ao bloqueio contra Agricultura (FAO), o Programa Cuba; Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA) e o Fundo Internacional III. NO ÂMBITO para o Desenvolvimento da MULTILATERAL Agricultura (FIDA) a colaborarem com a CELAC na implementação do 56. Expressaram preocupação com a referido Plano no âmbito regional; lenta e desigual recuperação da economia global, o que gera efeitos de 53. Ressaltaram a realização da VII transbordamento negativos, que afetam Cúpula das Américas, na Cidade do especialmente os países em Panamá, em 10 e 11 de abril de 2015, desenvolvimento. Reconheceram que em particular a inédita participação de persistem riscos de acentuação das todos os países do hemisfério no assimetrias e da exclusão social, e de evento, inclusive de Cuba. A VII geração de tensões geopolíticas e Cúpula possibilitou importantes instabilidades nos mercados discussões sobre cooperação nas financeiros. Nesse sentido, coincidiram Américas e como ela pode trazer na importância de assegurarem-se os prosperidade e diminuir a desigualdade ajustes necessários para a retomada do na região; crescimento num quadro de desenvolvimento sustentável nas suas 54. Manifestaram seu firme respaldo três dimensões: econômica, social e ao processo eleitoral em curso no Haiti ambiental; e sua aspiração de que as eleições presidenciais, legislativas e locais 57. Reiteraram sua firme determinação previstas para 2015 transcorram em de erradicar a pobreza em todas as suas clima de paz e tolerância. Coincidiram formas e buscar o desenvolvimento em que o sucesso das eleições será sustentável nas dimensões ambiental, determinante na construção econômica e social, de modo institucional e consolidação equilibrado e integrado. Reafirmaram, democrática do país. Reafirmaram, nesse sentido, seu compromisso por ainda, seu compromisso de longo adotar, nas Nações Unidas, uma prazo com o desenvolvimento do Agenda de Desenvolvimento Pós-2015 Haiti; que seja ambiciosa, universal e transformativa. Reconheceram que os 55. Manifestaram satisfação com o desafios incluídos na nova Agenda anúncio do restabelecimento de exigirão uma Parceria Global relações diplomáticas e da reabertura renovada, capaz de mobilizar recursos, recíproca de Embaixadas entre Cuba e financeiros e não financeiros, de fontes os Estados Unidos da América, a partir domésticas e internacionais, públicas e de 20 de julho de 2015. privadas, conforme circunstâncias e Cumprimentaram os Governos de prioridades nacionais e observando o Cuba e dos Estados Unidos da princípio das responsabilidades América pela histórica decisão, que comuns, porém diferenciadas;

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 162

58. Celebraram a realização da 61. Lamentaram o reiterado atraso na Terceira Conferência Internacional implementação das reformas de 2010 sobre Financiamento para o do Fundo Monetário Internacional e Desenvolvimento e destacaram a instaram os Estados Unidos da importância de que os países sigam América a ratificá-las o mais rápido comprometidos com a implementação possível. Coincidiram que qualquer e o seguimento dos compromissos solução provisória deve manter os acordados, com o fim de contribuir incentivos à plena implementação das com a mobilização dos recursos reformas de 2010. Reiteraram a necessários para o desenvolvimento e necessidade de obter uma para a implementação da Agenda Pós- representação mais equitativa dos 2015 das Nações Unidas e de seus países em desenvolvimento na tomada Objetivos de Desenvolvimento de decisões; Sustentável (ODS); 62. Reafirmaram o compromisso de 59. Consideraram muito positivo o outorgar o apoio necessário aos Países trabalho que vem sendo desenvolvido em Desenvolvimento Sem Litoral na no âmbito do Comitê Ad Hoc das implementação de medidas efetivas Nações Unidas sobre Restruturação da destinadas a superar vulnerabilidades e Divida Soberana, estabelecido por problemas derivados de tal condição, meio da Resolução AG/68/304(2014), facilitando-lhes a liberdade de trânsito com vistas ao estabelecimento de um através do território dos Estados de marco jurídico multilateral para os trânsito por todos os meios de processos de reestruturação, e transporte, conforme com as regras expressaram o compromisso conjunto aplicáveis do Direito Internacional, as de impulsionar este ano, como convenções internacionais e os resultado concreto inicial compatível convênios internacionais e os com o mandato da referida Resolução, convênios bilaterais vigentes; a aprovação por parte da Assembleia Geral das Nações Unidas de um 63. Destacaram que o Problema conjunto de princípios básicos que Mundial das Drogas deve ser abordado deverão ser observados na por meio de enfoque integral, reestruturação de dívidas soberanas e multidisciplinar e equilibrado, com que visam a pôr limites a atuação base no princípio das desestruturadora dos fundos de capital responsabilidades comuns e de risco ("holdouts"); compartilhadas e tomando em conta o respeito aos direitos humanos e o 60. Nesse sentido, reiteraram seu mais marco legal das três Convenções das absoluto repúdio a atitude e aos Nações Unidas sobre drogas. pedidos de um grupo minoritário de Manifestaram, ademais, a firme detentores de títulos não reestruturados condenação à aplicação da pena de da divida soberana da República morte para delitos relacionados às Argentina, cuja atuação dificulta a drogas; obtenção de acordos definitivos entre devedores e credores e põe em risco a 64. Reiteraram seu interesse em dar estabilidade financeira dos países; continuidade, no âmbito das instâncias 163 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

apropriadas do MERCOSUL, a debate 67. Saudaram a realização da 2ª integral, aberto, inclusivo, Conferência Global de Alto Nível multidisciplinar e equilibrado, baseado sobre Segurança no Trânsito, que na evidencia cientifica sobre a Sessão ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro, Especial da Assembleia Geral das em Brasília, e manifestaram seu Nações Unidas sobre o Problema compromisso com a transversalização Mundial das Drogas (UNGASS 2016), da questão nas políticas de mobilidade com vistas a construir consensos e transporte, de infraestrutura, de regionais na matéria, partindo do segurança e de saúde, a fim de alcançar reconhecimento dos avanços dos os objetivos da Década de Ação das países. Coincidiram, a esse respeito, Nações Unidas para a Segurança no sobre a importância de que esse debate Trânsito 2011-2020 e reduzir o número deve ocorrer no marco das três de lesões e mortes decorrentes da Convenções das Nações Unidas sobre violência no trânsito no âmbito do drogas e sobre a importância de bloco; fortalecer o enfoque de saúde pública, segurança cidadã, bem-estar das 68. Enalteceram os 10 anos de criação pessoas, inclusão social e respeito aos da Convenção da UNESCO para a direitos humanos na formulação das Proteção e Promoção da Diversidade politicas sobre drogas; das Expressões Culturais, como marco internacional fundamental para o 65. Ratificaram a Declaração de reconhecimento, a valorização e a Brasília “Pontos de Convergência dos difusão da riqueza cultural dos nossos Estados Partes e Associados do países; MERCOSUL Frente à UNGASS 2016”, adotada na XX Reunião 69. Congratularam o novo Secretário- Especializada de Autoridades de Geral da OEA, Luis Almagro, por sua Aplicação em Matéria de Drogas, eleição, reiterando que o MERCOSUL Prevenção do Uso Indevido e está plenamente confiante de que ele, Reabilitação de Dependentes do juntamente com todos os Estados MERCOSUL”; membros e o corpo de funcionários da OEA, saberá contribuir para o processo 66. Preocupados com recentes crises de modernização da Organização, relacionadas com fluxos migratórios iniciado na gestão do Secretário-Geral em todo o mundo, defenderam o Jose Miguel Insulza; primado dos direitos humanos nos debates sobre as migrações 70. Reafirmaram seu compromisso internacionais, reconhecendo o vinculo com o êxito das negociações para um entre migração internacional e novo acordo sobre a Convenção- desenvolvimento, a contribuição dos Quadro das Nações Unidas sobre migrantes ao desenvolvimento dos Mudança do Clima, com vistas à países de destino, colocando no centro obtenção, na Conferência das Partes de da discussão a pessoa migrante e sua Paris, em dezembro próximo, de família e não sua condição migratória; resultado abrangente, efetivo, justo e ambicioso, que dê plena implementação à Convenção-Quadro e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 164 esteja em conformidade com seus 74. Concordaram em dar continuidade princípios e dispositivos, em particular ao dialogo intercientífico entre os o princípio das responsabilidades sistemas de conhecimentos tradicionais comuns, porém diferenciadas, e e indígenas e as ciências modernas no respectivas capacidades; contexto da Plataforma Intergovernamental Cientifico- 71. Reafirmamos nossos esforços para Normativa sobre Diversidade avançar nos compromissos assumidos Biológica e Serviços dos Ecossistemas no contexto da Convenção sobre e do marco conceitual “Viver bem em Diversidade Biológica, no harmonia e equilíbrio com a Mãe cumprimento de seus objetivos, sobre a Terra”, aprovado pela Plataforma, conservação e uso sustentável da respeitando as visões dos diferentes biodiversidade e reiteramos nossa países conforme o caso; disposição em continuar os esforços para reduzir significativamente a perda Expressaram seu agradecimento à de biodiversidade; Presidenta Dilma Rousseff, ao Governo e ao povo brasileiros por sua 72. Ressaltaram a importância da hospitalidade e pela dedicação com biodiversidade e das zonas úmidas que realizaram a XLVIII Cúpula do para o desenvolvimento sustentável em MERCOSUL. harmonia com a natureza. Nesse contexto, saudaram a realização exitosa da 12ª Conferência das Partes DECLARAÇÃO da Convenção sobre Zonas Úmidas de SOCIOLABORAL DO Importância Internacional (Convenção MERCOSUL DE 2015 – I de Ramsar) em Punta del Este, REUNIÃO NEGOCIADORA – Uruguai, de 1º a 9 de junho de 2015, BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE que resultou na aprovação do Plano 2015 17/07/2015 Estratégico 2016-2024 e da Declaração de Punta del Este, em que as Partes Contratantes reiteram seu compromisso com a conservação e uso As Presidentas e os Presidentes dos sustentável das Zonas Úmidas; Estados Partes do Mercado Comum do Sul 73. Reiteraram a importância da Convenção de Minamata sobre Mercúrio e fizeram um apelo para que os países a ratifiquem, bem como PREÂMBULO salientaram a necessidade de sua imediata ratificação de modo a Considerando o estabelecido no artigo permitir sua pronta entrada em vigor, 24 da Declaração Sociolaboral do dado o significativo avanço que MERCOSUL, os Estados Partes representa para a implementação de procederam à revisão da Declaração medidas voltadas à proteção da saúde e firmada em 10 de dezembro de 1998. do meio ambiente das emissões e Considerando que os Estados Partes liberações de mercúrio; reconhecem, conforme os termos do 165 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Tratado de Assunção –1991–, que a econômica e de igualdade de integração constitui uma condição oportunidades, e que alcançar estas fundamental para o desenvolvimento condições deve ser o objetivo da econômico com justiça social; política nacional e internacional dos Considerando que os Estados Partes, países; além disso, reconhecem que a Considerando que os Estados Partes concretização da justiça social requer adotam os princípios da democracia indubitavelmente políticas que política e do Estado de Direito e do priorizem o emprego como centro do respeito irrestrito aos direitos civis e desenvolvimento e do trabalho de políticos da pessoa humana que qualidade; constituem a base inalienável do Considerando que os Estados Partes processo de integração; concordam que a plena vigência dos Considerando, ademais, que os Estados valores democráticos somente é Partes apoiaram a “Declaração da OIT possível em uma sociedade altamente relativa aos Princípios e Direitos participativa e inclusiva, nos âmbitos Fundamentais no Trabalho” (1998), a político, econômico, social e cultural, qual reafirma o compromisso de cuja construção requer promovê-la e respeitá-la; necessariamente o compromisso de Considerando que os Estados Partes todos os setores para um modelo de estão comprometidos com as desenvolvimento equitativo e declarações, pactos, protocolos e comprometido com a criação de outros tratados que integram o trabalho como fator determinante para patrimônio jurídico da Humanidade, enfrentar a pobreza e fortalecer a entre eles a Declaração Universal dos governabilidade democrática; Direitos Humanos (1948), o Pacto Considerando que reiteradamente os Internacional dos Direitos Civis e Estados Partes, em todas suas Políticos (1966), o Pacto Internacional expressões políticas internacionais, dos Direitos Econômicos, Sociais e tem evidenciado essa coincidência, Culturais (1966), a Declaração como emerge da Declaração dos Americana de Direitos e Obrigações Ministros do Trabalho do do Homem (1948), a Carta MERCOSUL, da Conferência Interamericana de Garantias Sociais Regional de Emprego do MERCOSUL (1947) e a Carta da Organização dos no ano 2004, da IV Cúpula das Estados Americanos (1948). Américas que estabeleceu a pauta de Considerando que diferentes foros um modelo de desenvolvimento internacionais, entre eles a Cúpula de sustentável e integrador da região, ou Copenhague (1995), têm enfatizado a da adesão ao Pacto Mundial de necessidade de instituir mecanismos de Emprego da OIT; seguimento e avaliação dos Considerando que os Estados Partes componentes sociais da globalização concordam com os princípios e valores da economia, com o fim de assegurar a da Declaração de Filadélfia (1944) da harmonia entre progresso econômico e OIT, particularmente, que todos os bem-estar social; seres humanos, sem distinção de raça, Considerando a decisão dos Estados credo ou sexo, tem direito a perseguir Partes de consolidar em um seu bem estar material em condições instrumento comum os progressos já de liberdade e dignidade, de segurança alcançados na dimensão social no

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 166 processo de integração, e assegurar os ARTIGO 2° avanços futuros e constantes no campo social, sobretudo mediante a Trabalho Decente ratificação e cumprimento dos principais convênios da OIT; 1. Os Estados Partes comprometem-se Considerando que a Resolução sobre a a: promoção de empresas sustentáveis (OIT, 2007) reconhece que as a) formular e pôr em prática políticas empresas sustentáveis são fonte ativas de trabalho decente e pleno principal de crescimento, criação de emprego riqueza e de emprego e que a produtivo, em consulta com as promoção dessas empresas é organizações mais representativas de ferramenta importante para se alcançar empregadores e de trabalhadores o trabalho decente, o desenvolvimento articuladas com políticas econômicas e sustentável e a inovação que melhoram sociais, de modo a favorecer a geração os níveis de vida e as condições de oportunidades de ocupação e renda; sociais; Adotam os seguintes princípios e b) elevar as condições de vida dos direitos na área do trabalho, que cidadãos; passam a constituir a Declaração Sociolaboral do MERCOSUL, sem c) promover o desenvolvimento prejuízo de outros que a prática sustentável da região; nacional ou internacional dos Estados Partes tenha instaurado ou venha a instaurar: 2. Na formulação das políticas ativas de trabalho decente, os Estados Partes devem ter presente: CAPÍTULO I a) a geração de empregos produtivos PRINCÍPIOS GERAIS em um ambiente institucional, social e economicamente sustentável; ARTIGO 1° b) desenvolvimento de medidas de Definições proteção social;

Para os efeitos do presente c) promoção do diálogo social e do instrumento, os termos “trabalhador” e tripartismo; e “trabalhadores” compreendem “trabalhador e trabalhadora” e d) respeito, difusão e aplicação dos “trabalhadores e trabalhadoras” e os princípios e direitos fundamentais do termos “empregador” e trabalho. “empregadores” compreendem “empregador e empregadora” e “empregadores e empregadoras”.

ARTIGO 3°

167 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Empresas sustentáveis ARTIGO 4°

Os Estados Partes comprometem-se a: Não discriminação

a. promover o desenvolvimento 1. Os Estados Partes comprometem-se sustentável na região; a garantir, conforme a legislação b. estimular a criação e o vigente e práticas nacionais, a desenvolvimento de empresas igualdade efetiva de direitos, o sustentáveis; tratamento e as oportunidades no c. promover o crescimento dos emprego e na ocupação, sem distinção mercados internos e regional e ou exclusão por motivo de sexo, etnia, o fortalecimento da raça, cor, ascendência nacional, competitividade das empresas nacionalidade, orientação sexual, sustentáveis para o acesso aos identidade de gênero, idade, credo, mercados internacionais; opinião e atividade política e sindical, d. promover o fortalecimento das ideologia, posição econômica ou cadeias produtivas regionais qualquer outra condição social, para conseguir maior valor familiar ou pessoal. agregado, identificar investimentos e integrá-los à 2. Todo trabalhador perceberá igual produção; salário por trabalho de igual valor, em e. promover um ambiente conformidade com as disposições propício para a criação, legais vigentes em cada Estado Parte. crescimento e transformação de empresas sobre uma base 3. Os Estados Partes comprometem-se sustentável que combine a a garantir a vigência deste princípio de busca legítima do seu não discriminação. Em particular, crescimento, com a comprometem-se a realizar ações necessidade de um destinadas a eliminar a discriminação desenvolvimento que respeite no que tange aos grupos em situação a dignidade humana, a desvantajosa no mercado de trabalho. sustentabilidade do meio ambiente e o trabalho decente; f. promover as condições básicas para o desenvolvimento de ARTIGO 5° empresas sustentáveis, compreendendo o conjunto de Igualdade de oportunidades e de fatores previstos na Resolução tratamento entre mulheres e sobre a promoção de empresas homens sustentáveis da OIT, 2007. Os Estados Partes comprometem-se,

conforme a legislação e práticas nacionais, a fomentar as políticas CAPÍTULO II públicas visando a igualdade de oportunidades e de tratamento entre DIREITOS INDIVIDUAIS mulheres e homens no trabalho, em

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 168 particular no que tange ao acesso ao à igualdade de direitos e condições de emprego ou atividade produtiva, e não trabalho, bem como direito de acesso discriminação no acesso a postos de aos serviços públicos, reconhecidos relevância nas empresas e instituições aos nacionais do país em que estiver públicas, remuneração, condições de exercendo suas atividades, em trabalho, proteção social, educação, conformidade com a legislação de cada qualificação profissional e conciliação país. de obrigações laborais e familiares, e o exercício do direito a sindicalização e a negociação coletiva. 2. Os Estados Partes terão em conta os direitos estabelecidos no Acordo sobre Residência para Nacionais dos Estados Partes do MERCOSUL, Bolívia e ARTIGO 6° Chile e demais instrumentos complementares que se firmem, na Igualdade de oportunidades e de medida em que façam parte dos tratamento para trabalhadores com mesmos. deficiência 3. Os Estados Partes comprometem-se 1. As pessoas com deficiência serão a adotar e articular medidas tendentes tratadas de forma digna e não ao estabelecimento de normas e discriminatória, favorecendo-se sua procedimentos comuns, relativos à inserção social e laboral. circulação dos trabalhadores nas zonas de fronteira e a levar a cabo as ações 2. Os Estados Partes comprometem-se necessárias para melhorar as a adotar e articular medidas efetivas, oportunidades de emprego e as especialmente no que se refere à condições de trabalho e de vida desses educação, qualificação, readaptação e trabalhadores, nos termos dos acordos orientação profissional, à específicos para essa população, tendo acessibilidade e à percepção de bens e como base os direitos reconhecidos serviços coletivos, a fim de assegurar nos acordos de residência e imigração que as pessoas com deficiência tenham vigentes. a possibilidade de desempenhar uma atividade produtiva em condições de 4. Os Estados Partes comprometem-se, trabalho decente. ademais, a desenvolver ações coordenadas no campo da legislação, ARTIGO 7° das políticas laborais, das instituições migratórias e em outras áreas afins, com vistas a promover a livre Trabalhadores migrantes e circulação dos trabalhadores e a fronteiriços integração dos mercados de trabalho, de forma compatível e harmônica com 1. Todos os trabalhadores, o processo de integração regional. independentemente de sua nacionalidade, têm direito à assistência, à informação, à proteção e

169 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ARTIGO 8° d) como punição por haver o trabalhador participado em Eliminação do trabalho forçado ou atividades sindicais ou greves; obrigatório e) como medida de discriminação racial, social, nacional, 1. Toda pessoa tem direito a um religiosa ou de outra natureza. trabalho livremente escolhido e a exercer qualquer ofício ou profissão, de acordo com as disposições nacionais vigentes. ARTIGO 9°

2. Os Estados Partes comprometem-se Prevenção e erradicação do trabalho a adotar as medidas necessárias para infantil e proteção ao trabalhador eliminar toda forma de trabalho adolescente forçado ou obrigatório exigido a um indivíduo sob a ameaça de sanção e 1. A idade mínima de admissão ao para o qual não se tenha oferecido trabalho será aquela estabelecida pelas espontaneamente. legislações nacionais dos Estados Partes, não podendo ser inferior àquela 3. Os Estados Partes comprometem-se, em que cessa a escolaridade ademais, a adotar medidas para obrigatória. garantir a abolição de toda utilização de mão de obra que propicie, autorize 2. Os Estados Partes comprometem-se ou tolere o trabalho forçado ou a adotar políticas e ações que obrigatório. conduzam à prevenção e à erradicação do trabalho infantil e à elevação 4. Os Estados Partes comprometem-se, progressiva da idade mínima para o de modo especial, a suprimir toda exercício de atividade laboral. forma de trabalho forçado, obrigatório ou degradante que possa utilizar-se: 3. O trabalho dos adolescentes será objeto de proteção especial pelos a) como meio de coerção ou de Estados Partes, especialmente no que educação política, ou como concerne à idade mínima de admissão punição por não ter ou no emprego ou trabalho e a outras expressar, o trabalhador, medidas que possibilitem seu pleno determinadas opiniões desenvolvimento físico, intelectual, políticas, ou por manifestar profissional e moral. oposição ideológica à ordem política, social ou econômica 4. A jornada de trabalho dos estabelecida; adolescentes, limitada conforme as b) como método de mobilização e legislações nacionais dos Estados utilização da mão de obra com Partes, não admitirá sua extensão fins de fomento econômico; mediante a realização de horas extras e c) como medida de disciplina no sob nenhum pretexto se permitirá sua trabalho; realização em horários noturnos.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 170

5. Os Estados Partes adotarão todas as 1. Todo trabalhador tem direito ao medidas necessárias para impedir que repouso diário, dentro e entre jornada, adolescentes executem trabalhos que, em conformidade com as disposições por sua natureza ou circunstâncias, são legais vigentes nos Estados Partes. suscetíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral. 2. Os trabalhadores, de acordo com a sua modalidade de contratação, terão 6. A idade de admissão a um trabalho direito a um dia de repouso semanal com alguma das características antes remunerado, preferencialmente aos assinaladas não poderá ser inferior a 18 domingos, em conformidade com as anos. disposições legais vigentes nos Estados Partes.

3. Todo trabalhador tem direito ao ARTIGO 10° gozo de férias anuais remuneradas, em conformidade com as disposições Direitos dos empregadores legais vigentes nos Estados Partes.

Os empregadores, em conformidade 4. Todo trabalhador tem direito aos com a legislação nacional vigente em dias feriados, estabelecidos em cada Estado Parte, têm o direito de conformidade com as disposições criar, organizar e dirigir econômica e legais vigentes nos Estados Partes. tecnicamente a empresa. 5. Os Estados Partes comprometem-se a adotar as medidas necessárias tendentes a garantir o gozo efetivo ARTIGO 11° destes direitos por parte dos trabalhadores. Jornada

Todo trabalhador tem direito à jornada não superior a oito horas diárias, em ARTIGO 13° conformidade com as legislações nacionais vigentes nos Estados Partes e Licenças o disposto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, sem prejuízo de 1. Todos os trabalhadores têm direito a disposições específicas para a proteção gozar de licenças remuneradas e não de trabalhos perigosos, insalubres ou remuneradas, em conformidade com a noturnos. legislação vigente em cada Estado Parte e nas convenções e acordos coletivos de trabalho.

ARTIGO 12° 2. Os Estados Partes comprometem-se a adotar e articular as medidas Descanso, férias e dias feriados necessárias para garantir o gozo 171 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

efetivo desse direito, por parte dos 1. Todos os empregadores e trabalhadores. trabalhadores têm o direito de constituir as organizações que considerem convenientes, assim como de se afiliar a estas organizações, em ARTIGO 14° conformidade com as legislações nacionais vigentes. Remuneração 2. Os Estados Partes comprometem-se a assegurar, mediante dispositivos 1. Todo trabalhador tem direito a um legais, o direito à livre associação, salário mínimo, em conformidade com abstendo-se de qualquer ingerência na a legislação vigente em cada Estado criação e gestão das organizações Parte, suficiente para atender as suas constituídas, além de reconhecer sua necessidades e as de sua família. legitimidade na representação e na defesa dos interesses de seus representados. 2. Os Estados Partes comprometem-se a adotar as medidas necessárias para garantir o gozo efetivo desses direitos, 3. Os trabalhadores deverão gozar de por parte dos trabalhadores. adequada proteção, contra todo ato de discriminação tendente a menoscabar a liberdade sindical, com relação a seu

emprego. ARTIGO 15° 4. Os Estados Partes deverão garantir aos trabalhadores: Proteção contra a demissão a) a liberdade de filiação, de não filiação e desfiliação, sem que 1. Todo trabalhador tem direito a isto comprometa o ingresso em uma proteção adequada em caso de um emprego, a continuidade ou a demissão, em conformidade com a oportunidade de ascensão no legislação vigente em cada Estado mesmo; Parte. b) a proteção contra demissões ou 2. Os Estados Partes assegurarão prejuízos por causa de sua disposições em suas legislações, filiação sindical ou de sua que contemplem esse direito. participação em atividades sindicais; CAPÍTULO III c) o direito de serem representados sindicalmente, conforme a DIREITOS COLETIVOS legislação, convenções e acordos coletivos de trabalho em vigor ARTIGO 16° nos Estados Partes.

Liberdade sindical 5. Os Estados Partes comprometem-se a envidar esforços para assegurar o direito à criação e à gestão das

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 172 organizações de trabalhadores e de empregadores e de reconhecer a legitimidade na representação e na ARTIGO 19° defesa de seus representados nos diferentes âmbitos. Promoção e desenvolvimento de procedimentos preventivos e de autocomposição de conflitos

ARTIGO 17° Os Estados Partes comprometem-se a fomentar e articular a criação de Negociação coletiva mecanismos válidos de autocomposição de conflitos 1. Os empregadores ou suas individuais e coletivos de trabalho, organizações representativas, inclusive mediante procedimentos os do setor público, as organizações independentes, imparciais e representativas de trabalhadores, voluntários, visando a melhoria do inclusive as do setor público, têm clima organizacional e da harmonia no direito de negociar e celebrar ambiente de trabalho; a diminuição do convenções e acordos coletivos para custo e do tempo de duração do regular as condições de trabalho, em conflito. conformidade com as legislações e práticas nacionais dos Estados Partes.

ARTIGO 20°

2. Os Estados Partes comprometem-se Diálogo social a facilitar mecanismos para fomentar o exercício da negociação coletiva nos 1. Os Estados Partes comprometem-se diferentes âmbitos. a fomentar o diálogo social em âmbito nacional e regional, instituindo ARTIGO 18° mecanismos efetivos de consulta permanente entre representantes dos Greve governos, dos empregadores e dos trabalhadores, a fim de garantir, 1. Os trabalhadores e as organizações mediante o consenso social, condições sindicais têm garantido o exercício do favoráveis para o crescimento direito de greve, observadas as econômico sustentável e com justiça disposições nacionais vigentes em cada social na região e à melhoria das Estado Parte. condições de vida de seus povos.

2. Os mecanismos de prevenção, 2. A consulta permanente, praticada solução de conflitos ou a regulação com base efetiva no tripartismo deste direito não poderão impedir seu previsto na Convenção 144 da OIT, exercício ou desvirtuar sua finalidade. deve permitir o exame conjunto de questões de interesse mútuo, a fim de

173 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

alcançar, na medida do possível, soluções aceitas de comum acordo. ARTIGO 23° 3. A consulta tem por objetivo geral incentivar a compreensão mútua e as Proteção dos desempregados boas relações entre as autoridades públicas e as organizações mais Os Estados Partes comprometem-se a representativas de empregadores e de instituir, manter e melhorar trabalhadores, bem como entre as mecanismos ou sistemas de proteção próprias organizações, visando à contra o desemprego, compatíveis com promoção do diálogo social e à as legislações e as condições internas possibilidade de gerar acordos-marco de cada país afetado pela desocupação de trabalho, como elementos essenciais involuntária e, ao mesmo tempo, para a consolidação de uma sociedade facilitar o acesso dos trabalhadores aos democrática, plural e justa. serviços de recolocação e a programas de requalificação profissional que facilitem seu retorno a um emprego ou a uma atividade produtiva, a fim de CAPÍTULO IV garantir a inclusão social.

OUTROS DIREITOS

ARTIGO 21° ARTIGO 24°

Centralidade do Emprego nas Formação profissional para Políticas Públicas trabalhadores empregados e desempregados Os Estados Partes reafirmam a centralidade do emprego nas políticas 1. Todo trabalhador tem direito à públicas para alcançar o educação, à orientação, à formação e à desenvolvimento sustentável da qualificação profissional sistemática e região. contínua ao longo de sua vida laboral.

ARTIGO 22° 2. Os Estados Partes comprometem-se a instituir, com as entidades Fomento do emprego envolvidas, que voluntariamente assim o desejem, serviços e programas de Os Estados Partes comprometem-se a formação, qualificação e orientação promover e articular o profissional contínua e permanente, de desenvolvimento econômico, a maneira a permitir aos ampliação dos mercados internos e regional, e pôr em prática as políticas trabalhadores obter as qualificações ativas referentes ao fomento e criação exigidas para o desempenho de uma do emprego, a fim de elevar o nível de atividade produtiva, aperfeiçoar, vida e corrigir os desequilíbrios sociais reciclar e atualizar os conhecimentos e e regionais. habilidades, considerando,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 174 fundamentalmente, as modificações empregadores, que permitam a sua resultantes do progresso técnico. participação efetiva na elaboração e implementação de políticas nacionais 3. Os Estados Partes comprometem-se de condições e meio ambiente de a implementar Serviços Públicos de trabalho. Emprego instalando oficinas de emprego nos seus territórios e adotarão 3. O sistema de saúde e segurança medidas destinadas a promover a deverá dispor de mecanismos de articulação entre os programas e notificação obrigatória dos acidentes e serviços de orientação, formação e doenças do trabalho, que permitam a capacitação profissional, as atividades elaboração de estatísticas anuais sobre de intermediação laboral, a proteção a matéria, devendo estar disponíveis dos desempregados e outros para o conhecimento do público componentes do sistema público de interessado. emprego, com o objetivo de melhorar o acesso a postos de trabalho para os 4. Os Estados Partes deverão instituir, trabalhadores. manter e fortalecer os serviços de inspeção do trabalho, dotando-os de 4. Os Estados Partes comprometem-se recursos materiais e legais necessários, ademais a garantir a efetiva para que possibilitem um desempenho informação sobre os mercados de efetivo no controle das condições e do trabalho e sua difusão tanto em nível meio ambiente de trabalho, para uma nacional como regional. proteção adequada da saúde física e psíquica dos trabalhadores.

5. O sistema de segurança e de saúde ARTIGO 25° no trabalho deverá prever o acesso à orientação, educação, formação e Saúde e segurança no trabalho informação em matéria de saúde e segurança no trabalho, disponíveis 1. Os Estados Partes deverão, em para trabalhadores, empregadores e consulta com as organizações mais especialistas da área. representativas de empregadores e de trabalhadores, formular, planificar, 6. O sistema de saúde e segurança no implementar, controlar e avaliar trabalho deverá prever a participação periodicamente, um sistema nacional de trabalhadores e de empregadores no de saúde e segurança no trabalho, que âmbito das empresas, com o objetivo garanta a melhora contínua das de prevenir acidentes e doenças condições e do ambiente de trabalho. originárias do trabalho, de forma a tornar compatível, permanentemente, o 2. As instituições governamentais trabalho com a preservação da vida e a responsáveis pelo sistema de saúde e promoção da saúde dos trabalhadores. segurança no país deverão criar canais permanentes de consulta às 7. A legislação e as práticas nacionais representações de trabalhadores e de deverão garantir que a fabricação, o uso e a cessão, a título oneroso ou 175 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

gratuito, de máquinas, equipamentos e 12. Os Estados Partes reconhecerão o tecnologias sejam seguros. direito à informação dos trabalhadores sobre os riscos permanentes nos 8. A adoção de medidas de proteção diversos processos de trabalho e as contra os riscos ocupacionais e o medidas adotadas para o seu controle sistema de saúde e segurança no ou eliminação. trabalho deverão criar condições que privilegiem as ações de caráter 13. A legislação e as práticas nacionais coletivo. Quando as medidas coletivas deverão prever os serviços não forem suficientes para o controle competentes de saúde e segurança no dos riscos, ou enquanto estiverem trabalho, com o objetivo de assessorar sendo implementadas ou em situações os empregadores e os trabalhadores na de emergência, as empresas deverão prevenção dos acidentes e doenças ministrar aos trabalhadores, profissionais. gratuitamente, equipamentos de proteção individual adequados aos riscos e em perfeito estado de conservação e funcionamento e instruí- ARTIGO 26° los para o seu uso. Inspeção do trabalho 9. O sistema de saúde e segurança deverá criar controles adequados de Os Estados Partes comprometem-se a substâncias, procedimentos e instituir e a manter serviços de tecnologias que, em base à evidência inspeção do trabalho, com o propósito científica, possam produzir efeitos de assegurar, em seus respectivos graves sobre a saúde dos trabalhadores. territórios, a aplicação das disposições legais e regulamentares, incluindo as 10. As legislações nacionais deverão convenções internacionais ratificadas, prever que as empresas estrangeiras as convenções e acordos coletivos de instaladas nos países do MERCOSUL trabalho e as Decisões CMC Nº 32/06 devem cumprir as mesmas condições e 33/06, no que concerne à proteção de saúde e segurança que as empresas dos trabalhadores e às condições de do MERCOSUL. Os Estados Partes trabalho. procurarão garantir que, quando aquelas empresas dispuserem de padrões superiores em suas casas matrizes ou filiais, estes sejam ARTIGO 27° aplicados nos países do MERCOSUL. Seguridade social 11. A legislação e as práticas nacionais deverão garantir que os trabalhadores 1. Os trabalhadores têm direito à possam se recusar a desenvolver suas seguridade social, nos níveis e atividades laborais, sempre que houver condições previstos nas respectivas condições de risco grave e iminente, legislações nacionais, observado, sem prejuízo para eles, conforme a quanto aos trabalhadores dos Estados legislação e usos nacionais.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 176

Partes, o Acordo Multilateral de objetivo de fomentar e acompanhar a Seguridade Social do MERCOSUL. aplicação deste instrumento.

2. Os Estados Partes comprometem-se 3. A Comissão Sociolaboral do a garantir, mediante políticas públicas MERCOSUL manifestar-se-á por articuladas e universais, uma rede consenso dos três setores, e terá as mínima de proteção social a seus seguintes atribuições e habitantes, independentemente de sua responsabilidades: nacionalidade, frente às contingências a) definir e desenvolver sociais adversas, especialmente as permanentemente metodologias motivadas por enfermidade, orientadas a promover a difusão, deficiência, invalidez, velhice e morte. uso e efetivo cumprimento da Declaração, bem como avaliar as repercussões socioeconômicas do instrumento; CAPÍTULO V b) examinar, comentar e encaminhar os relatórios periódicos, cujos APLICAÇÃO E SEGUIMENTO temas devem ser previamente definidos no âmbito regional da Comissão, preparados pelos ARTIGO 28° Estados Partes; c) analisar os relatórios apresentados Comissão Sociolaboral do periodicamente pelos Estados MERCOSUL Partes sobre o cumprimento dos direitos e compromissos contidos 1. Os Estados Partes comprometem-se na Declaração; a respeitar os direitos fundamentais d) elaborar, com base nos contidos nesta Declaração e a supracitados relatórios, análises, promover sua aplicação em diagnósticos, informes e conformidade com a legislação e as memórias a respeito da situação práticas nacionais, as convenções dos Estados Partes, tomados internacionais do trabalho ratificadas, individualmente ou como Bloco os contratos, convenções e acordos Regional, em face dos direitos e coletivos de trabalho e os atos compromissos constantes da normativos do MERCOSUL Declaração; pertinentes a esses direitos e) formular planos, programas de fundamentais. ação e projetos de recomendações tendentes a fomentar a aplicação 2. Para o atendimento desses objetivos, e o cumprimento da Declaração e os Estados Partes mantêm, como parte elevar os mesmos ao Grupo integrante desta Declaração, a Mercado Comum para sua Comissão Sociolaboral do aprovação ou orientação às MERCOSUL, órgão tripartite, auxiliar autoridades e esferas nacionais e do Grupo Mercado Comum, dotado de regionais competentes. No âmbito instâncias nacionais e regional, com o nacional se buscará que esses programas, recomendações e 177 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

cursos de ação tendentes ao b) não havendo consenso na seção cumprimento da Declaração se nacional da comissão, a integrem em todos os programas solicitação será devolvida, de promoção dos direitos instruída das razões apresentadas fundamentais do trabalho; pelos setores presentes na forma f) examinar observações, consultas, do Regulamento Interno, para dúvidas e dificuldades e exame da comissão regional. incorreções apresentadas por organizações representativas de trabalhadores, empregadores e governos, concernentes à ARTIGO 29° aplicação e cumprimento da Declaração e proporcionar os Relatórios dos Estados Partes esclarecimentos e orientações necessárias; 1. Os Estados Partes deverão elaborar, g) efetuar e receber proposições, por intermédio de seus Ministérios do acordos e compromissos para Trabalho e em consulta com as serem elevados ao Grupo organizações mais representativas de Mercado Comum, com o fim de empregadores e de trabalhadores, melhorar a aplicabilidade dos memórias anuais sobre: princípios e direitos desta a) informação sobre a normativa Declaração; e vigente e práticas nacionais h) examinar e apresentar as relacionadas à implementação propostas de modificação da de princípios, direitos e Declaração e lhes dar o compromissos enunciados encaminhamento devido. nesta Declaração; b) a indicação de políticas, 4. As formas e mecanismos de programas e ações adotados encaminhamento dos assuntos acima pelos Estados Partes para levar listados, bem como o modo de a cabo o cumprimento dos interação das instâncias nacionais e direitos e compromissos da regional da Comissão Sociolaboral do Declaração; MERCOSUL, serão adotados pelos c) a análise dos efeitos regulamentos internos das ditas resultantes da aplicação da instâncias na forma prevista no art. 34. Declaração na promoção do trabalho decente e produtivo 5. O exame das observações, consultas nos Estados Partes, em e dúvidas a que se referem as letras especial na melhoria das “c”, “d”, “f” e “g” do item 2 deverão condições de trabalho e de observar os procedimentos que se vida dos trabalhadores; seguem: d) o relato das dificuldades e a) encaminhamento à comissão obstáculos enfrentados na regional, que remeterá para aplicação da Declaração; prévio exame à comissão nacional e) a indicação de medidas do respectivo Estado Parte; tendentes a aprimorar a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 178

Declaração e impulsionar seu seguimento não poderão ser invocados cumprimento. nem utilizados para outros fins que os neles previstos, vedada, em particular, 2. As memórias deverão tratar um sua aplicação a questões comerciais, Capítulo a cada ano, seguindo o econômicas e financeiras. disposto no item 1 na sua elaboração e de acordo com o padrão definido no 4. Sem prejuízo do estabelecido no Regulamento Interno. inciso anterior, todas as pessoas físicas e jurídicas, para participarem de projetos financiados com fundos do MERCOSUL, devem observar o ARTIGO 30° conteúdo dos direitos expressos nesta Declaração, segundo os critérios Reuniões estabelecidos ou que se estabeleçam nos regulamentos dos fundos A Comissão Sociolaboral do correspondentes. MERCOSUL deverá reunir-se ordinariamente, no mínimo, duas vezes ao ano, para analisar os relatórios elaborados pelos Estados Partes e ARTIGO 32° preparar relatório e projetos de recomendação a serem elevados ao Revisão da DSL Grupo Mercado Comum. Os Estados Partes acordam que esta Declaração, tendo em conta o caráter dinâmico de seu conteúdo e o avanço ARTIGO 31° do processo de integração regional, será objeto de revisão, transcorrido seis Âmbito de Aplicação anos de sua adoção, com base na experiência acumulada no curso de sua 1. Esta Declaração se aplica a todos os aplicação ou nas propostas e insumos habitantes dos Estados Partes. formulados pela Comissão Sociolaboral. 2. Os Estados Partes comprometem-se a respeitar os direitos contidos nesta Declaração e a promover sua aplicação em conformidade com as convenções CAPÍTULO VI internacionais ratificadas, atos normativos do MERCOSUL a ela DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS pertinentes, a legislação e demais práticas nacionais, convenções e ARTIGO 33° acordos coletivos do trabalho. Financiamento 3. Os Estados Partes ressaltam que esta Declaração e seu mecanismo de 179 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Os Estados Partes acordam ativar os Irlanda do Norte, violadora do direito mecanismos necessários com o internacional e da legislação interna objetivo de alcançar financiamento argentina. para o funcionamento da Comissão Sociolaboral. A esse respeito, recordam a vigência do mandato estabelecido na resolução ARTIGO 34° 31/49 da Assembleia Geral das Nações Unidas, que insta as duas partes na Regulamento Interno disputa de soberania sobre as Ilhas Malvinas, Geórgias do Sul e Sandwich 1. A Comissão Sociolaboral do do Sul e os espaços marítimos MERCOSUL adotará em suas circundantes a abster-se de adotar instâncias nacionais e regional, por decisões que acarretem modificações consenso, seus regulamentos internos, unilaterais na situação que em nada submetendo-os à aprovação do Grupo contribuem para alcançar a solução Mercado Comum. definitiva da disputa de soberania a que reiteradamente exorta a 2. A adoção mencionada no item 1 comunidade internacional. deste artigo deverá ocorrer no prazo de um ano, prorrogável por igual período, Reafirmam, em particular, o a contar da data de assinatura da Comunicado Especial sobre Declaração revisada. Exploração de Hidrocarbonetos na Plataforma Continental aprovada pelos Chefes de Estado e de Governo por DECLARAÇÃO ESPECIAL ocasião da Cúpula da Unidade da SOBRE EXPLORAÇÃO DE América Latina e Caribe celebrada em Cancun, México, em 23 de fevereiro HIDROCARBONETOS NA de 2010, e os compromissos assumidos PLATAFORMA CONTINENTAL no Comunicado Especial sobre ARGENTINA NAS exploração de hidrocarbonetos e pesca na plataforma continental argentina nas PROXIMIDADES DAS ILHAS proximidades das Ilhas Malvinas, MALVINAS – BRASÍLIA, 17 DE adotado na XLVII Reunião Ordinária JULHO DE 2015 17/07/2015 do Conselho do Mercado Comum, celebrada em Paraná, República As Presidentas e os Presidentes dos Argentina, em 17 de dezembro de Estados Partes do MERCOSUL e 2014. Estados Associados, cientes da presença de uma plataforma Ratificam, ainda, as manifestações no semissubmersível na plataforma âmbito de outros organismos e fóruns continental argentina, que realiza regionais e birregionais que se têm atividades de exploração de pronunciado sobre a questão, mais hidrocarbonetos não autorizadas pela recentemente o Grupo dos 77 e China, República Argentina, repudiam a OLADE e a ALADI, nos quais se firmemente essa nova ação unilateral manifestou que as operações de do Reino Unido da Grã Bretanha e exploração dos recursos naturais,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 180 especialmente os hidrocarbonetos, DECLARAÇÃO COMO realizadas por empresas não CIDADÃO ILUSTRE DO autorizadas pelo Governo da Argentina na zona das Ilhas Malvinas eram MERCOSUL DO PRESIDENTE gravemente prejudiciais aos direitos de DA REPÚBLICA FEDERATIVA soberania da República Argentina DO BRASIL JOÃO GOULART – sobre sua plataforma continental. Esses BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE fóruns também reconheceram o direito da República Argentina de empreender 2015 17/07/2015 ações administrativas e judiciais, com pleno respeito ao direito internacional Considerando a importância de sua e às resoluções pertinentes, contra as trajetória política como líder atividades de exploração e extração trabalhista, parlamentar, Ministro do não autorizadas de hidrocarbonetos Trabalho, Vice-Presidente e, que realiza o Reino Unido na finalmente, Presidente Constitucional, mencionada zona. deposto pelo golpe de Estado de 31 de março de 1964, que resultou na ruptura Finalmente, as Presidentas e os da ordem democrática no Brasil por Presidentes dos Estados Partes do MERCOSUL e Estados Associados mais de duas décadas. reafirmam o manifestado em Declarações anteriores e reiteram seu Ressaltando sua coragem política, mais firme respaldo aos legítimos traduzida na defesa dos direitos dos direitos da República Argentina na trabalhadores, na continuidade da disputa de soberania com o Reino Política Externa Independente e nas Unido da Grã Bretanha e Irlanda do chamadas “Reformas de Base” Norte sobre as Ilhas Malvinas, (agrária, bancária, administrativa, Geórgias do Sul e Sandwich do Sul e fiscal, eleitoral e urbana), bem como os espaços marítimos circundantes, e sua postura conciliadora, que permitiu ratificam o permanente interesse a adoção do regime parlamentarista em regional em que o Reino Unido da Grã 1961 como forma de evitar conflitos Bretanha e Irlanda do Norte se por ocasião de sua assunção à disponha a retomar as negociações Presidência da República. com a República Argentina a fim de encontrar, na maior brevidade possível, Destacando a necessidade de que a uma solução pacífica e definitiva para Memória e a Verdade sejam essa disputa, em conformidade com os preservadas, de modo que a Justiça princípios da comunidade prospere em nossas sociedades, a fim internacional e as resoluções e de evitar a repetição dos eventos que declarações pertinentes da pisotearam as instituições Organização das Nações Unidas e da democráticas e os direitos humanos, Organização de Estados Americanos. destruindo milhares de vidas e maculando nossa história. Brasília, 17 de julho de 2015.

181 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

OS ESTADOS PARTES E OS União de Nações Sul Americanas ESTADOS ASSOCIADOS DO (UNASUL), Ricardo Malca; Diretor de MERCOSUL DECLARAM Integração Regional do Banco de Desenvolvimento da América Latina “Cidadão Ilustre do MERCOSUL Post (CAF), Juan Pablo Rodríguez; Diretor Mortem” o Presidente da República Administrativo da Organização do Federativa do Brasil Senhor João Tratado de Cooperação Amazônica Goulart. (OTCA), Carlos Aragón.

Brasília, 17 de julho de 2015. 2. Felicitaram os presidentes Evo Morales, Dilma Rousseff e Tabaré Vázquez por sua posse nos novos mandatos ocorrida no presente COMUNICADO CONJUNTO semestre e reiteraram seus votos de êxito em suas gestões. Desejaram DAS PRESIDENTAS E DOS sucesso à República Argentina na PRESIDENTES DOS ESTADOS realização de seu pleito presidencial PARTES DO MERCOSUL – marcado para este semestre. BRASÍLIA, 17 DE JULHO DE 3. Reiteraram seu firme compromisso 2015 18/07/2015 com o MERCOSUL, destacando que seus objetivos devem favorecer o A Presidenta da República Argentina, aprofundamento da integração, o Cristina Fernández de Kirchner; o desenvolvimento dos povos, a Presidente do Estado Plurinacional da consolidação da democracia e o Bolívia, Evo Morales Ayma; a respeito pelos direitos humanos. Presidenta da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff; o Presidente 4. Reiteraram sua determinação de da República do Paraguai, Horacio reforçar as dimensões social e cidadã Cartes Jara; o Presidente da República da integração, ressaltando a Oriental do Uruguai, Tabaré Vázquez importância dos trabalhos que se Rosas; e o Presidente da República desenvolvem nos distintos foros, para Bolivariana da Venezuela, Nicolás assegurar a geração de emprego e o Maduro Moros, reunidos em Brasília, crescimento econômico com justiça e em 17 de julho de 2015, por ocasião da inclusão social. XLVIII Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum: 5. Celebraram a realização da XVIII Cúpula Social do MERCOSUL, que 1. Saudaram a participação do contou com a participação ativa de Secretário Geral da Associação Latino- representantes de movimentos e americana de Integração (ALADI), organizações sociais do bloco, Carlos Álvarez; Secretário Executivo reforçando o protagonismo popular na Adjunto da Comissão Econômica para construção da unidade regional. a América Latina e o Caribe (CEPAL), Também reafirmaram a importância de Antônio Prado; Diretor de Cooperação fortalecer o intercâmbio de saberes e Internacional e Agências Técnicas da experiências de nossas sociedades, de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 182 forma a contribuir para a elaboração de ações concretas com vistas ao propostas que impulsionem a desenvolvimento de fornecedores em integração regional. nível regional, com o objetivo de buscar alternativas competitivas às 6. Felicitaram-se pelo progresso e importações de extrazona nos setores consenso alcançados no processo de de Bens de Capital para a Indústria de Adesão do Estado Plurinacional da Petróleo e Gás, Máquinas Agrícolas, Bolívia ao MERCOSUL durante a Mineração e Autopeças. Presidência Pro Tempore brasileira e comprometeram-se a avançar na 10. Tomaram nota dos resultados da III conclusão desse processo. Nesse e IV edições dos Encontros Setoriais sentido, ressaltaram o empenho da de Integração Produtiva. Manifestaram Delegação da Bolívia, cuja atuação a importância de continuar tem permitido o prosseguimento impulsionando iniciativas e ações que adequado dos trabalhos. conduzam a avançar a complementaridade das estruturas 7. Celebraram a realização, em Belo produtivas dos Estados Partes. Horizonte, nos dias 14 e 15 de julho, do V Fórum Empresarial do 11. Congratularam-se pela aprovação MERCOSUL. Salientaram que a do projeto de “Integração Produtiva, iniciativa consolidou-se como Melhoria da Competitividade e plataforma para promoção do maior Internacionalização de Micro, envolvimento da comunidade Pequenas e Médias Empresas do empresarial nas discussões sobre a MERCOSUL”, o qual irá permitir, realidade, os desafios e os rumos do com o apoio da Agência Espanhola de processo de integração e do Cooperação Internacional para o desenvolvimento regional. Desenvolvimento (AECID), aprofundar as deliberações do 8. Felicitaram-se pela renovação, por Subgrupo de Trabalho Nº 14 mais dez anos, do Fundo para a “Integração Produtiva”. Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM). Sublinharam, 12. Acolheram com satisfação o a propósito, que o FOCEM vem trabalho realizado pelo Foro cumprindo seus objetivos com pleno Consultivo de Municípios, Estados êxito e se consolidou como o mais Federados, Províncias e importante instrumento de mitigação Departamentos do MERCOSUL das assimetrias entre Estados Partes do (FCCR) durante este semestre, MERCOSUL, em particular das juntamente como os avanços economias menores e regiões menos alcançados em matéria de promoção da desenvolvidas, e como relevante fonte Integração Fronteiriça e da Integração de financiamento para projetos de Produtiva. A respeito desta última, impacto na região. salientaram o Plano de Vinculação de Clusters Produtivos, reconhecendo a 9. Destacaram a importância do Plano importância do papel protagonista dos de Trabalho do Subgrupo Nº 7 Municípios, Estados Federados, “Indústria” no sentido de impulsionar 183 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Províncias e Departamentos na Fortalecimento da Gestão de Risco Integração Regional. Aduaneiro no MERCOSUL.

13. Congratularam-se pelos avanços 16. Congratularam-se pela assinatura registrados no MERCOSUL relativos à do Projeto de Harmonização do melhoria, incorporação e consolidação Modelo de Dados, pelos Diretores de da normativa em matéria fito e Aduanas de Argentina, Brasil, zoossanitária. Salientaram as gestões Paraguai e Uruguai, no dia 13 de junho realizadas para a instalação definitiva de 2015, à margem da Sessão do dos servidores da Rede de Informação Conselho da Organização Mundial de Sanitária do MERCOSUL Aduanas (OMA), realizada em (REDISAM) no espaço previsto na Bruxelas. Secretaria do MERCOSUL em Montevidéu, bem como o treinamento 17. Reafirmaram o compromisso técnico recebido na cidade de Buenos comum com a integração regional e o Aires, considerando que a iminente diálogo com os diferentes entrada em funcionamento da referida agrupamentos sub-regionais. Rede permitirá fortalecer o intercâmbio comercial e o processo de 18. Saudaram a realização das reuniões integração do MERCOSUL em das Comissões Administradoras dos matéria de coordenação de políticas Acordos de Complementação sanitárias, fitossanitárias e de Econômica Nº 35 (MERCOSUL- inocuidade dos alimentos. Chile), Nº 36 (MERCOSUL-Bolívia) e Nº 62 (MERCOSUL-Cuba), bem como 14. Ressaltaram os avanços obtidos o encontro realizado entre Argentina, nos trabalhos das Aduanas no Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai e “Programa Piloto Intra-MERCOSUL Uruguai sobre o Acordo de de Segurança Aduaneira na Cadeia de Complementação Econômica Nº 59. Suprimento de Bens”, que permitiram Além disso, reiteraram a necessidade concretizar acordos para sua de manter-se a continuidade das implementação em nível bilateral entre reuniões das Comissões os Estados Partes. Esse programa Administradoras de todos os Acordos propicia a geração de confiança mútua de Complementação Econômica, de entre as Aduanas para alcançar modo a promover a ampliação e o procedimentos de controle aduaneiro aprofundamento dos compromissos mais eficazes, ágeis e simples, com assumidos no seu âmbito. Nesse vistas à implementação, no futuro, de contexto, destacaram a importância de Acordos de Reconhecimento Mútuo. realizar uma reunião da Comissão Administradora do Acordo de 15. Da mesma forma, acolheram com Complementação Econômica Nº 58 satisfação as tarefas conjuntas das (MERCOSUL-Peru). Aduanas na implementação, em nível regional, do Sistema SINTIA 19. Celebraram a incorporação do (Informatização do Trânsito "Convênio de Cooperação, Internacional Aduaneiro), do lacre Intercâmbio de Informação, Consulta eletrônico e o Programa para o de Dados e Assistência Mútua entre as

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 184

Administrações Aduaneiras dos voltadas para micro, pequenas e Estados Partes do MERCOSUL e do médias empresas, como também Estado Plurinacional da Bolívia" ao reforçarem o trabalho para o melhor Acordo de Complementação aproveitamento das preferências Econômica Nº 36 (MERCOSUL- tarifárias previstas no Acordo. Bolívia). 23. Congratularam-se pela assinatura 20. Celebraram avanços alcançados no do texto atualizado do "Convênio de processo de implementação do Cooperação, Intercâmbio de Certificado de Origem Digital (COD), Informação, Consulta de Dados e em curso na região, e destacaram a Assistência Mútua entre as importância da cooperação bilateral e Administrações Aduaneiras dos do intercâmbio de experiências no Estados Partes do MERCOSUL e da âmbito da ALADI para que o COD e a República do Chile", no âmbito do interoperabilidade dos sistemas de ACE-35. certificação eletrônica venham a ser, com a maior brevidade possível, 24. Ao reafirmar o compromisso utilizados no comércio regional. comum com a integração regional, realçaram o interesse em que se reforce 21. Celebraram a realização da o diálogo do MERCOSUL com outros “Macrorrodada de Negócios esquemas de integração que permitam Agroalimentar” Expo ALADI fortalecer a complementação regional e Argentina 2015, o Encontro que manifestem disposição em Empresarial dos Países Membros da dialogar com o MERCOSUL. Associação Latino-americana de Integração (ALADI), realizado em 25. Sublinharam, nesse sentido, Buenos Aires, durante o mês de junho interesse em que se realize uma nova de 2015. Destacaram a contribuição reunião entre o MERCOSUL e a direta desse evento ao fortalecimento, Aliança do Pacífico, bem como a incremento e aprofundamento dos importância da apresentação do Plano vínculos comerciais, os conhecimentos de Ação encaminhado pelo e as oportunidades que brinda a região. MERCOSUL à Aliança do Pacífico. Ademais, reconheceram o aporte desse encontro empresarial em lograr uma 26. Manifestaram sua vontade de maior integração comercial e produtiva continuar avançando no diálogo entre os países da América Latina. MERCOSUL-ALBA-TCP - CARICOM. 22. Saudaram a realização da IV Reunião do Comitê de Micro, 27. Expressaram satisfação pela Pequenas e Médias Empresas do realização da primeira reunião no Acordo de Complementação âmbito do Memorando de Econômica Nº 35 (ACE-35), entre o Entendimento de Comércio e MERCOSUL e o Chile, a qual Cooperação Econômica entre o permitiu aos Estados Partes não apenas MERCOSUL e a República do Líbano, retomarem o intercâmbio de assinado em 16 de dezembro de 2014, experiências sobre políticas públicas levada a cabo no dia 12 de maio de 185 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

2015, em Beirute, com vistas a iniciar MERCOSUL e o Japão, em 10 de os diálogos para o estabelecimento de julho de 2015, em Tóquio. uma Área de Livre Comércio. 32. Congratularam-se pelos avanços 28. Expressaram satisfação pela alcançados no âmbito de outros realização da primeira reunião no esquemas de integração, como a União âmbito do Acordo-Marco de Comércio de Nações Sul-Americanas e Cooperação Económica entre o (UNASUL) e a Comunidade de MERCOSUL e a República de Estados Latino-Americanos e Tunísia, assinado em 16 de dezembro Caribenhos (CELAC), e salientaram as de 2014, levada a cabo em 14 de maio ações promovidas a fim de aprofundar de 2015, em Túnis, com vistas a iniciar seu relacionamento externo com os diálogos para o estabelecimento de parceiros de caráter estratégico para os uma Área de Livre Comércio. países da região. Nesse sentido, salientaram a importância de continuar 29. Destacaram os entendimentos com os trabalhos de articulação entre o alcançados durante a Reunião MERCOSUL e outros foros, com Ministerial MERCOSUL-União vistas a seguir fortalecendo a Europeia, em 11 de junho de 2015, em integração na região e sua projeção no Bruxelas, e reiteraram seu cenário internacional. compromisso de realizar a troca de ofertas de acesso a mercados entre os 33. Expressaram seu apoio à missão da dois blocos no último trimestre de UNASUL de acompanhamento das 2015, com vistas à conclusão, no mais eleições parlamentares de 6 de breve prazo possível, de um Acordo de dezembro, no marco do respeito aos Associação equilibrado, ambicioso, princípios do Direito Internacional. abrangente e benéfico para ambas as partes. 34. Manifestaram seu repúdio ao Decreto Executivo do Governo dos 30. Manifestaram satisfação com os Estados Unidos da América, aprovado resultados da I Reunião do Diálogo em 9 de março de 2015, e reafirmaram Exploratório MERCOSUL-EFTA, nos seu compromisso com a plena vigência dias 8 e 9 de junho de 2015, em do Direito Internacional, a solução Genebra, com vistas a examinar a pacífica de controvérsias e o princípio viabilidade de início de negociações da não intervenção. comerciais. 35. Reiteraram, da mesma forma, sua 31. Destacaram a realização da I condenação à aplicação de medidas Reunião do Grupo Consultivo coercitivas unilaterais que violem o Conjunto para Promover Comércio e Direito Internacional. Em Investimento entre o MERCOSUL e a consequência, solicitaram a revogação República da Coreia, em 29 de maio de do referido Decreto Executivo. 2015, em Brasília, e da II Reunião do Diálogo para o Fortalecimento das 36. Reiteraram o apelo ao Relações Econômicas entre o aprofundamento do diálogo entre o governo dos Estados Unidos da

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 186

América e o Governo da República Argentina, cuja atuação dificulta a Bolivariana da Venezuela, com vistas a obtenção de acordos definitivos entre uma solução mutuamente aceitável devedores e credores e põe em risco a para as questões bilaterais. estabilidade financeira dos países.

37. Lamentaram o reiterado atraso na 39. Congratularam-se com a República implementação das reformas de 2010 Argentina pelas eleições gerais de do Fundo Monetário Internacional e parlamentares do MERCOSUL que instaram os Estados Unidos da acontecerá no próximo dia 25 de América a ratificá-las o mais rápido outubro e salientaram que esse fato possível. Coincidiram que qualquer constitui importante passo para o solução provisória deve manter os aprofundamento e a consolidação do incentivos à plena implementação das PARLASUL, órgão principal de reformas de 2010. Reiteraram a representação dos povos que necessidade de obter uma conformam o bloco. representação mais equitativa dos países em desenvolvimento na tomada 40. Tomaram nota, com satisfação, da de decisões. eleição do Dr. Florisvaldo Fier para o cargo de Alto Representante-Geral do 38. Consideraram muito positivo o MERCOSUL. Congratularam-no por trabalho que vem sendo desenvolvido sua participação no Encontro no âmbito do Comitê Ad Hoc das Ministerial de Alto Nível sobre Nações Unidas sobre Restruturação da Acompanhamento da II Conferência Dívida Soberana, estabelecido por sobre Países em Desenvolvimento Sem meio da Resolução AG/68/304(2014), Litoral, bem como no 45º Período com vistas ao estabelecimento de um Ordinário de Sessões da Assembleia marco jurídico multilateral para os Geral da OEA. Ademais, sublinharam processos de reestruturação, e sua contribuição para a intensificação expressaram o compromisso conjunto dos trabalhos em matéria de integração de impulsionar este ano, como produtiva e para a realização dos resultado concreto inicial compatível encontros setoriais em Montevidéu e com o mandato da referida Resolução, São Paulo. a aprovação por parte da Assembleia Geral das Nações Unidas de um 41. Reafirmaram o compromisso de conjunto de princípios básicos que outorgar o apoio necessário aos Países deverão ser observados na em Desenvolvimento Sem Litoral na reestruturação de dívidas soberanas e implementação de medidas efetivas que visam a pôr limites à atuação destinadas a superar vulnerabilidades e desestruturadora dos fundos de capital problemas derivados de tal condição, de risco (holdouts). facilitando-lhes a liberdade de trânsito através do território dos Estados de Nesse sentido, reiteraram seu mais trânsito por todos os meios de absoluto repúdio a atitude e aos transporte, conforme com as regras pedidos de um grupo minoritário de aplicáveis do Direito Internacional, as detentores de títulos não reestruturados convenções internacionais e os da dívida soberana da República 187 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

convênios internacionais e os Biocombustíveis e reconheceram a convênios bilaterais vigentes. relevância da produção e do uso sustentável da bioenergia, conforme o 42. Destacaram a apresentação do plano de desenvolvimento de cada Projeto FOCEM de financiamento do Estado Parte para a promoção do sistema de informação para gestão do desenvolvimento sustentável na região, Sistema Integrado de Mobilidade do com benefícios econômicos, sociais e MERCOSUL (SIMERCOSUL) e a ambientais. Nesse sentido, destacaram aprovação da Tabela de Equivalências a participação dos biocombustíveis nos e Correspondências do "Protocolo de esforços de mitigação da mudança do Integração Educativa e clima. Reconhecimento de Certificados, Títulos e Estudos de Nível Primário e 47. Renovaram sua disposição em Médio Não Técnico", incorporando o aprofundar a integração e a nível de Educação Infantil/Pré-escola. interconexão energética para o aproveitamento sustentável dos 43. Reafirmaram a importância das recursos da região, e o Tecnologias da Informação e desenvolvimento do setor energético Comunicação (TICs), da Internet, da de cada Estado Parte do MERCOSUL, nanotecnologia e da biotecnologia e em reforçar a segurança energética como ferramentas de promoção do da região, por meio do intercâmbio desenvolvimento econômico e social energético e de investimentos mútuos nos Estados Partes do MERCOSUL. nesse setor, em conformidade com as legislações nacionais e com os 44. Reiteraram a necessidade de compromissos internacionais vigentes. reduzir o hiato digital e as desigualdades existentes no campo da 48. Reconheceram mais um passo no ciência, tecnologia e inovação, por sentido da integração eletroenergética meio de investimentos em dos países do bloco, com a entrada em infraestrutura e serviços de TICs, bio e operação do sistema de transmissão em nanotecnologia, capacitação e 500 kV entre os municípios de transferência de tecnologia. Candiota, no Brasil, e San Carlos, no Uruguai. A linha de transmissão tem 45. Saudaram os resultados da I capacidade de transferência de até 500 Reunião de Autoridades sobre MW e sua entrada em operação Privacidade e Segurança da comercial está prevista para os Informação do MERCOSUL, realizada próximos seis meses. O projeto em Brasília, em 27 de abril de 2015, utilizou recursos do Fundo para a que deu margem à elaboração de plano Convergência Estrutural do de trabalho voltado a estabelecer MERCOSUL (FOCEM). cooperação em matéria de segurança cibernética e a fortalecer as 49. Reconheceram a mineração e a capacidades nacionais nessa área. geologia como atividades vitais para o crescimento e o desenvolvimento dos 46. Saudaram a realização da XII seus países, destacando que a região é Reunião do Grupo Ad Hoc sobre uma das mais dinâmicas no setor

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 188 mineral mundial. Declararam a 54. Saudaram a adoção da Declaração necessidade de trabalhar em objetivos Sociolaboral do MERCOSUL de 2015, comuns que permita ao bloco potenciar que atualiza e expande os conteúdos da os cenários a favor dos povos, Declaração homônima de 1998, construindo uma agenda de trabalho reiterando o compromisso de fortalecer que se compromete com a ainda mais a dimensão social do sustentabilidade social e ambiental, MERCOSUL. Saudaram, ainda, o bem como com o fortalecimento das lançamento do Plano Estratégico relações do setor produtivo com as MERCOSUL de Emprego e Trabalho comunidades. Decente, que reforça o empenho dos Estados Partes em promover o trabalho 50. Saudaram a criação, pelos decente e preservar empregos no Ministros da Saúde dos Estados Partes âmbito do MERCOSUL. do MERCOSUL, de grupo de trabalho com o objetivo de definir formas de 55. Saudaram a criação da Reunião de viabilizar a compra conjunta de Autoridades sobre os Direitos das medicamentos pelos Governos do Populações Afrodescendentes do bloco, instrumento relevante para MERCOSUL (RAFRO), com vistas a garantir o acesso universal a coordenar discussões, políticas e medicamentos. iniciativas que beneficiem as populações afrodescendentes, bem 51. Congratularam-se pela assinatura como promover sua inclusão nos de Memorando de Entendimento entre processos de transformação o MERCOSUL e a Organização Pan- econômica, política, social e cultural Americana de Saúde (OPS), o qual como atores fundamentais para o contribuirá para o fortalecimento das desenvolvimento da região. capacidades institucional e técnica da atuação dos Estados Partes do 56. Congratularam-se pelos trabalhos MERCOSUL na área de saúde. no âmbito da Reunião de Ministros de Economia e Presidentes de Bancos 52. Reconheceram a importância de Centrais do MERCOSUL e destacaram continuar a combater as doenças seu compromisso em prosseguir com crônicas não transmissíveis nos países as tarefas de análise da evolução da do bloco e, nesse sentido, saudaram a conjuntura econômica internacional, assinatura de acordos sobre a redução com vistas a recomendar medidas de do consumo de sódio, a prevenção e o políticas que sejam relevantes para os controle da obesidade, e os custos Estados Partes. econômicos associados ao tabaco. 57. Expressaram satisfação pelo êxito 53. Ratificaram o apoio à República das reuniões de Ministros da Justiça e Oriental do Uruguai em face da do Interior do MERCOSUL, que interferência da indústria multinacional ocorreram entre os dias 8 e 12 de junho do fumo na implementação de políticas último, em Florianópolis, ocasião em de controle de tabaco, o que atenta que se avançaram as discussões sobre contra o direito soberano dos Estados a o desenvolvimento da cooperação em definirem suas políticas de saúde. matéria penal e civil, extradição e 189 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

transferência de pessoas condenadas. 59. Ratificaram o compromisso A participação ativa dos países assumido na última Cúpula, realizada presentes à discussão demonstrou a na cidade de Paraná, Argentina, de forte convergência de entendimento aprofundar a dimensão social do sobre os temas, bem como MERCOSUL. Saudaram a realização significativo potencial de adensamento da V Reunião da Comissão de da cooperação jurídica no âmbito Coordenação de Ministros de Assuntos regional. Destacaram, ainda, a Sociais do MERCOSUL (V aprovação da Declaração acerca do CCMASM), que contou com a Registro de Visitas em presença de Ministros e de Estabelecimentos Penitenciários dos Autoridades dos Estados Partes do Países do MERCOSUL e Associados e bloco e de representantes de cada a Declaração sobre o Acesso à Justiça. reunião especializada com ações do Plano Estratégico de Ação Social Apoiaram a decisão dos Ministros de (PEAS). Justiça do MERCOSUL e Estados Associados de avançar na negociação 60. Destacaram a Declaração de da proposta de protocolo sobre Brasília da CCMASM, “Plano cooperação jurídica em procedimentos Estratégico de Ação Social: civis e administrativos contra a Consolidando o MERCOSUL Social e corrupção, destacando a premência de Participativo”, que instou as Reuniões se alinhar às mais avançadas políticas de Ministros, Reuniões Especializadas contra a corrupção, de modo a e Reuniões de Altas Autoridades da enfrentá-la com abordagem ampla. Estrutura Institucional do MERCOSUL com competência em 58. Destacaram a importância do temáticas sociais a revisar o PEAS até processo de reflexão e diálogo político o final do primeiro semestre de 2016. realizado no âmbito da XX Reunião de Ministros do Meio Ambiente do 61. Nesse contexto, reconheceram a MERCOSUL os quais expressaram a importância da criação de Grupo de conveniência de seguir reforçando as Trabalho Ad Hoc, sob coordenação do coincidências alcançadas nos foros Paraguai, no âmbito da Reunião de políticos em que participam os Estados Ministros e Autoridades de Partes e Associados, entre outros, a Desenvolvimento Social (RMADS), CELAC e o G77+China, visando ao para analisar os Eixos, Diretrizes e processo de Agenda Pós-2015 e, nesse Objetivos Prioritários do PEAS que sentido, coincidiram na pertinência de têm relação com a RMADS e avaliar a que o documento final dos Objetivos necessidade de revisão do texto. de Desenvolvimento Sustentável deve ser o principal alicerce das 62. Reiteraram a importância em negociações. Reiteraram, ainda, a continuar com as tarefas levadas a necessidade de contar com cabo pela reunião de Ministras e Altas compromissos concretos em matéria de Autoridades da Mulher (RMAAM), meios de implementação para enfrentar destacando a aprovação do Projeto de a nova Agenda sobre Objetivos de Cooperação Técnica “Apoio à Desenvolvimento Sustentável. Implementação da Política de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 190

Igualdade de Gênero no do MERCOSUL (RECS) e MERCOSUL”, apresentado junto à congratularam-se pelos avanços nas Agência Espanhola de Cooperação negociações para o estabelecimento de Internacional para o Desenvolvimento uma política de comunicação social (AECID). com base nas diretrizes aprovadas em Paraná em 2014 e para a constituição 63. Em seguimento à estratégia de de uma Unidade Técnica de reconhecer e valorizar o patrimônio Comunicação e Informação do cultural da região, congratularam-se MERCOSUL. Manifestaram, ademais, pela realização, no dia 30 de maio de interesse em avançar na criação dessa 2015, da Cerimônia de Entrega dos Unidade. Certificados de Reconhecimento da Ponte Internacional Barão de Mauá, 66. Cumprimentaram os trabalhos do localizada na fronteira entre as cidades Grupo de Cooperação Internacional de Jaguarão, no Brasil, e Rio Branco, (GCI) e a entrada em funcionamento no Uruguai, como primeiro bem de sua Unidade Técnica de reconhecido como "Patrimônio Cooperação (UTCI), cujo apoio foi Cultural do MERCOSUL". substancial para a execução das ações Felicitaram-se, igualmente, pelo em matéria de cooperação no reconhecimento das expressões MERCOSUL durante este semestre. culturais da "Pajada" e das "Missões Jesuíticas Guaranis, Moxos e 67. Congratularam-se pelo lançamento Chiquitos" como novos bens a integrar do “Manual de Defesa do Consumidor a lista de "Patrimônio Cultural do MERCOSUL e Peru” e pelo início dos MERCOSUL". Cursos MERCOSUL on-line de Defesa do Consumidor, que foram ambos 64. Saudaram e apoiaram as decisões anunciados em 17 de julho de 2015. tomadas na XII Reunião Especializada de Redução de Riscos de Desastres 68. Registraram a adoção da Socionaturais, Defesa Civil, Proteção “Declaração das Autoridades Civil e Assistência Humanitária do Responsáveis pela Agricultura MERCOSUL (REHU), no sentido de Familiar dos Estados Partes do coordenar ações para a difusão do MERCOSUL sobre Governança da Marco de Ação Sendai para a Redução Terra”, na XXIII Reunião do Risco de Desastres (2015-2030); Especializada sobre Agricultura para incrementar os mecanismos de Familiar (REAF), e destacaram o facilitação da cooperação humanitária importante papel que a REAF entre cidades de fronteira; e para a desempenha como espaço de concertação de posições na Cúpula articulação entre os governos, os Mundial Humanitária, que se realizará movimentos sociais, os agricultores e em Istambul, em maio de 2016. as estruturas próprias do sistema de integração. 65. Tomaram conhecimento dos trabalhos desenvolvidos durante as 69. Destacaram a importância de XXVI e XXVII edições da Reunião promover e consolidar a constituição Especializada de Comunicação Social de cooperativas do MERCOSUL, 191 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

assim como de estimular e facilitar o menos 28 pessoas e deixou mais de desenvolvimento de grupos uma centena de feridos. cooperativos. Ao manifestar sua solidariedade ao Expressaram seu reconhecimento à Governo e ao povo da Turquia e, em Senhora Presidenta da República especial, aos familiares das vítimas, o Federativa do Brasil, Dilma Rousseff, Brasil reitera seu repúdio a todos os e ao Governo e ao povo brasileiro por atos de terrorismo, praticados sob sua hospitalidade e pela dedicação com quaisquer motivações. que realizaram a XLVIII Cúpula do MERCOSUL.

ELEIÇÕES NO HAITI ATENTADO NO IRAQUE 20/07/2015 18/07/2015 O Governo brasileiro congratula-se O Governo brasileiro condena com o Governo haitiano pelo bom veementemente o ataque ocorrido em andamento da organização das eleições 17 de julho na cidade de Khan Bani presidenciais, parlamentares e locais, Saad, no Iraque, reivindicado pelo previstas para os meses de agosto, grupo autodenominado "Estado outubro e dezembro deste ano. Islâmico", que causou a morte de mais O Governo brasileiro também de uma centena de pessoas e deixou cumprimenta o Secretário-Geral da quase duzentos feridos. Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, pela designação Ao manifestar sua solidariedade ao do ex-Ministro das Relações Exteriores povo e ao Governo iraquianos, o Brasil e da Defesa do Brasil, Embaixador reitera seu repúdio a todos os atos de Celso Amorim, como chefe da missão terrorismo, praticados sob quaisquer de observação da OEA às eleições motivações. presidenciais e municipais no Haiti, que ocorrerão em 25 de outubro, em primeiro turno, e 27 de dezembro, em segundo turno, caso necessário. ATENTADO NA TURQUIA 20/07/2015 Nessa importante tarefa de observação eleitoral, a OEA e o Embaixador Celso O Governo brasileiro condena Amorim contam com o pleno apoio do veementemente o ataque perpetrado Governo brasileiro. em 20 de julho na localidade de Suruç, na Turquia, classificado pelas autoridades locais como atentado terrorista, que causou a morte de pelo

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 192

VIAGEM DO MINISTRO DAS soberanos, cujos ativos totais se RELAÇÕES EXTERIORES A elevam a mais de US$ 520 bilhões. CINGAPURA, TIMOR-LESTE, Entre 23 e 25 de julho, o Ministro VIETNÃ E JAPÃO – 22 A 29 DE estará em Timor-Leste, onde JULHO DE 2015 21/07/2015 participará da XX Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Entre os dias 22 e 29 de julho, o Comunidade dos Países de Língua Ministro das Relações Exteriores, Portuguesa (CPLP). Na ocasião, Embaixador Mauro Vieira, realizará formalizará a disposição brasileira de périplo pela Ásia, com agenda de assumir a Presidência da Comunidade, no período de 2016 a 2018, e de sediar encontros com autoridades em sua próxima Cúpula, em 2016. Ainda Cingapura, Timor-Leste, Vietnã e no marco das atividades da CPLP, o Japão. Ministro participará do lançamento do "Programa CPLP Audiovisual", na No dia 22 de julho, em Cingapura, o área de produção de conteúdos Ministro Mauro Vieira manterá audiovisuais, e da assinatura da reuniões de trabalho com o Vice- "Convenção Multilateral de Segurança Primeiro-Ministro e Ministro das Social da CPLP", acordo que ampliará Finanças, Tharman Shanmugaratnam, a proteção social aos trabalhadores que e com o Ministro dos Negócios migram entre os países da Estrangeiros, K Shanmugam. Os Comunidade. encontros abordarão temas da agenda bilateral, como comércio e O Ministro Mauro Vieira manterá investimentos, cooperação acadêmica, encontro com seu homólogo científica e tecnológica, e temas das timorense, Hernâni Coelho, ocasião em agendas regional e multilateral, como o tratará, entre outros temas, dos relacionamento entre o Brasil e a programas de cooperação técnica ASEAN, a reforma do Conselho de prestados pelo Brasil em áreas como o Segurança da ONU e as negociações fortalecimento da lusofonia, a sobre mudança do clima. consolidação do sistema civilista na Justiça timorense e a capacitação de Em 2014, Cingapura foi o principal recursos humanos. parceiro comercial do Brasil no âmbito da Associação das Nações do Sudeste Timor-Leste é o único país da Ásia e Asiático (ASEAN), com um Oceania que tem o português como intercâmbio da ordem de US$ 4,1 idioma oficial. Desde a constituição de bilhões e superávit brasileiro de US$ seu Estado Nacional, em 2002, o país 2,54 bilhões (o quarto maior saldo do tem consolidado as bases de um Brasil em nível global). Cingapura sistema político democrático- possui investimentos no Brasil em representativo e adotado com êxito setores como a construção naval, além programas de inclusão social, muitos de haver instalado, em São Paulo, deles inspirados na experiência escritórios de dois importantes fundos brasileira, como na área de merenda escolar. 193 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Em 27 de julho, o Ministro estará no COMUNICADO MINISTERIAL Vietnã, onde terá reunião de trabalho BRASIL-PERU – LIMA, 21 DE com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Pham Binh Minh. No JULHO DE 2015 21/07/2015 encontro, serão analisadas novas A Ministra de Comércio Exterior e oportunidades de comércio, diversificação da pauta exportadora Turismo do Peru, Magali Silva, e o brasileira e iniciativas de cooperação Ministro do Desenvolvimento, técnica prestada pelo Brasil. Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Armando Monteiro, reunidos As relações bilaterais com o Vietnã em Lima, em 21 de julho, destacaram, apresentam grandes avanços desde seu à luz dos avanços que se vêm estabelecimento, em 1989. As trocas construindo no diálogo Brasil-Peru, a comerciais saltaram de US$ 47,1 milhões para US$ 3,2 bilhões de 2003 decisão de implementar uma agenda a 2014. Há, também, oportunidades renovada e ampliada para a relação promissoras de expansão dos econômico-comercial bilateral. investimentos bilaterais. Coincidiram quanto à importância da não aplicação de restrições ao Na última escala da viagem, em 28 e comércio bilateral e de avançar em 29 de julho, no Japão, o Ministro será uma negociação para o recebido pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Fumio Kishida. A visita aprofundamento do Acordo de ao Japão ocorre no ano em que se Complementação Econômica Nº 58 comemoram os 120 anos do (ACE-58), a fim de melhorar o acesso estabelecimento das relações real e amplo aos mercados e aumentar diplomáticas. o intercâmbio comercial. Também acordaram promover a expansão As relações Brasil-Japão são marcadas temática da relação econômico- pelos fortes vínculos humanos e por comercial. importante fluxo de comércio e de investimentos. É intensa a agenda bilateral nos campos de ciência, Nesse sentido, os Ministros decidiram tecnologia e inovação. O Brasil e o negociar acordos em matéria de Japão participam, igualmente, de serviços, compras governamentais, projetos de cooperação em terceiros investimento, facilitação do comércio e países, como ilustra a atuação conjunta promover a aceleração dos na implementação do padrão nipo- cronogramas de desgravação tarifária brasileiro de TV digital em vários no marco do ACE-58. Ademais, países sul-americanos, centro- reiteraram seu compromisso para americanos, africanos e asiáticos. evitar a aplicação de medidas não tarifárias restritivas ao comércio.

Os Ministros concordaram em promover novos espaços de encontros comerciais entre pequenas e médias

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 194 empresas de ambos os países, para ser implementada prioritariamente. potencializar as oportunidades de Áreas-chave de cooperação incluíram, negócio. entre outras: comércio, agricultura, meio ambiente, usos pacíficos de As relações econômico-comerciais energia nuclear, espaço, defesa, entre Brasil e Peru apresentam amplo medicina tradicional, educação, cultura espaço a ser explorado. Em 2014, o e segurança cibernética. Ambos os fluxo comercial bilateral foi de US$3,5 lados concordaram em coordenar bilhões, sendo o Brasil o terceiro maior esforços no âmbito do G-4, grupo parceiro comercial do Peru. Ademais, composto por Brasil, Índia, Alemanha o Brasil é o terceiro provedor e Japão que atua em favor da reforma comercial e o quinto mercado de do Conselho de Segurança da ONU. destino das exportações peruanas. Reforçaram o compromisso de trabalhar conjuntamente no âmbito do BASIC (grupo de coordenação sobre mudança do clima, formado pelo VISITA AO BRASIL DO Brasil, África do Sul, Índia e China), bem como de revitalizar o IBAS SECRETÁRIO ESPECIAL PARA (agrupamento que reúne Brasil, Índia e AMÉRICA LATINA E África do Sul). ASSUNTOS CONSULARES, PASSAPORTE E VISTOS DA O Secretário Especial Swaminathan foi recebido, no dia 20 de julho, pelo ÍNDIA – COMUNICADO Ministro de Estado das Relações CONJUNTO – BRASÍLIA,20 E 21 Exteriores, Embaixador Mauro Vieira, DE JLHO DE 2015 21/07/2015 a quem transmitiu o convite da Ministra dos Negócios Externos da Índia, Sushma Swaraj, para visitar a Índia por ocasião da próxima reunião No dia 20 de julho de 2015, teve lugar, da Comissão Mista bilateral, convite em Brasília, reunião bilateral entre o que foi prontamente aceito. Estão Subsecretário-Geral de Política II, ainda previstas visitas à Índia, no Embaixador José Alfredo Graça Lima, futuro próximo, dos Ministros e sua contraparte indiana, R. brasileiros da Defesa e da Agricultura, Swaminathan, Secretário Especial para Pecuária e Abastecimento. a América Latina e Assuntos Consulares, Passaporte e Vistos. Os No dia 21 de julho, o Secretário dois lados discutiram a agenda do Especial R. Swaminathan reuniu-se relacionamento entre Brasil e Índia, com o Subsecretário-Geral das que incluiu temas bilaterais, regionais Comunidades Brasileiras no Exterior, e multilaterais. Foram recordadas as Embaixador Carlos Alberto Simas orientações dadas pela Presidenta Magalhães. Na ocasião, houve troca Dilma Rousseff e o Primeiro-Ministro dos instrumentos de ratificação do Narendra Modi, na recém-concluída Tratado de Extradição entre Brasil e Cúpula do BRICS, em Ufá, a respeito Índia. da cooperação bilateral e multilateral a 195 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

NOTA DE ESCLARECIMENTO Foram realizadas duas visitas 21/07/2015 consulares ao nacional brasileiro desde sua transferência para Lima. Detentos O Ministério das Relações Exteriores sob regime de solitária não podem receber visitas. Em momento algum rejeita qualquer alegação de que não declarou o Senhor Asteclínio Ramos estaria prestando assistência ao não estar sendo adequadamente tratado nacional brasileiro Asteclínio da Silva pelas autoridades policiais peruanas. Ramos Neto, detido no Peru desde 16 Pelo contrário, o nacional mostra-se de abril passado. O caso vem sendo grato pelo apoio que tem recebido dos acompanhado desde abril de 2015 e já agentes consulares brasileiros. foi objeto de mais de 40 comunicações oficiais entre a Secretaria de Estado, A atuação da Embaixada do Brasil em Lima sempre esteve pautada pela em Brasília, e a Embaixada do Brasil preocupação de buscar assegurar em Lima. integridade física e o mais amplo direito de defesa legal do Senhor O advogado e familiares do nacional Asteclínio da Silva Ramos Neto. brasileiro são informados, de forma constante, por documentação oficial e registrada, da intensa atuação do MRE no caso, inclusive da realização, pela SITUAÇÃO DO BRASILEIRO Embaixada brasileira, de gestões junto ISLAM HAMED 24/07/2015 à Chancelaria local, à Defensoria Pública peruana e ao Instituto Nacional O cidadão brasileiro Islam Hasan Jamil Penitenciário do Peru (INPE), com vistas a possibilitar ao cidadão detido a Hamed, também detentor de cidadania realização de exames médicos, palestina, detido desde 2010 na conforme solicitado pelos próprios Palestina, foi colocado em liberdade familiares do Senhor Ramos Neto. em Ramalá no dia 21 de julho, no mesmo dia em que firmou declaração O Senhor Asteclínio Ramos encontra- pela qual afirmava estar ciente dos se desde 14 de julho em centro de riscos de sua libertação, ou seja, detenção do Palácio de Justiça em Lima, onde aguarda transferência para possibilidade de nova prisão, desta vez estabelecimento penal no qual poderá por autoridades israelenses em realizar exames clínicos inacessíveis Território Palestino Ocupado. O no local de sua detenção anterior, em Governo brasileiro, como ressaltado na Satipo, no interior do Peru. Antes de Nota n° 225 do MRE, não tem meios sua transferência, a Embaixada legais ou materiais para exercer realizou, ao longo de 45 dias, jurisdição ou poder de polícia em numerosas gestões, no mais alto nível, de modo a viabilizar sua transferência, território estrangeiro. a pedido, para instalação hospitalar, ainda que sob custódia judicial. O Governo brasileiro tem realizado sucessivas gestões em alto nível junto ao Governo de Israel para que seja

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 196 concedido salvo-conduto ao Senhor retransmitidas prontamente a seus Hamed, o que permitiria que fosse familiares no Brasil. repatriado para o Brasil. Até o momento, não houve respostas positivas das autoridades israelenses. ATENTADO NA SOMÁLIA Sem prejuízo do prosseguimento de 27/07/2015 gestões junto ao Governo israelense pela obtenção de salvo-conduto para o O Governo brasileiro condena Senhor Hamed, o Ministério das veementemente o ataque ocorrido em Relações Exteriores esclarece que a assinatura da declaração supracitada frente ao Jazeera Palace Hotel, em 26 contou com a presença de três de julho, em Mogadíscio, na Somália, familiares em primeiro grau do reivindicado pelo grupo cidadão, bem como do Encarregado de autodenominado "Al-Shabaab", que Negócios do Brasil em Ramalá. resultou em dezenas de mortos e feridos. O Senhor Hamed manifestou, por ocasião da assinatura da declaração, interesse em deixar o local de detenção Ao manifestar sua solidariedade ao em horário de escolha sua, sem povo e ao Governo da Somália, o presença de representante do Governo Brasil reitera seu repúdio a todos os brasileiro. Caso o senhor Hamed venha atos de terrorismo, praticados sob a novamente necessitar de auxílio quaisquer motivações. O Governo consular, este lhe será prestado tão brasileiro reitera, ainda, seu apoio aos logo solicitado. esforços de consolidação das instituições somalis. O Ministério das Relações Exteriores lembra que, durante o período de aproximadamente 100 dias em que o Senhor Hamed esteve em greve de CONCESSÃO DE AGRÉMENT fome, teve sua situação assistida de AO EMBAIXADOR DO BRASIL perto e de forma constante pelos NOS FILIPINAS 27/07/2015 agentes consulares brasileiros, que envidaram todos os esforços para o O Governo brasileiro tem a satisfação devido acompanhamento médico de de informar que o Governo da sua situação e para garantir sua libertação, como consta nas Notas n° República das Filipinas concedeu 171 e n° 225 do MRE, respectivamente agrément a Rodrigo do Amaral Souza datadas de 19 de maio e 17 de junho como Embaixador Extraordinário e passados. Ao nacional foram feitas Plenipotenciário do Brasil naquele visitas consulares periódicas para país. acompanhamento de sua situação pessoal e jurídica, sendo as informações sobre seu caso

197 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

De acordo com a Constituição, essa No dia seguinte, manterá reunião de designação ainda deverá ser submetida trabalho com seu homólogo japonês, à apreciação do Senado Federal. Fumio Kishida, ocasião em que inaugurarão o Diálogo Brasil-Japão entre Chanceleres, previsto no âmbito da Parceria Estratégica e Global entre VIAGEM DO MINISTRO DAS os dois países, estabelecida no ano passado. Também no dia 29, se RELAÇÕES EXTERIORES AO encontrará com o Ministro da JAPÃO – 28 E 29 DE JULHO DE Agricultura, Floresta e Pesca, 2015 27/07/2015 Yoshimasa Hayashi.

O Ministro das Relações Exteriores, ATENTADOS NO CAMEROUN Mauro Vieira, realizará, entre os dias 27/07/2015 28 e 29 de julho, visita oficial ao Japão. O objetivo da viagem é O Governo brasileiro condena fortalecer os vínculos entre os dois veementemente os ataques terroristas países, no contexto da Parceria que deixaram como saldo pelo menos Estratégica e Global, lançada no ano passado durante encontro do Primeiro- 30 mortos e dezenas de feridos em Ministro Shinzo Abe com a Presidenta Maroua, capital da Região do Extremo Dilma Rousseff, em Brasília. Brasil e Norte do Cameroun, nos dias 22 e 25 Japão celebram, este ano, 120 anos de de julho. relações diplomáticas. Ao transmitir seus sentimentos de O Ministro manterá reuniões com solidariedade aos familiares das autoridades japonesas na expectativa vítimas e ao povo e ao Governo do de viagem da Presidenta da República Cameroun, o Governo brasileiro reitera ao Japão em dezembro próximo e seu repúdio a todo e qualquer ato de discutirá novas oportunidades de terrorismo. investimentos no Brasil e maior abertura daquele mercado para os produtos brasileiros. Em 2014, o intercâmbio comercial entre o Brasil e o Japão atingiu US$ 12,6 bilhões. SITUAÇÃO NA PALESTINA E EM ISRAEL 03/08/2015 Na terça-feira, o Ministro Mauro Vieira se encontrará com o Vice O Governo brasileiro acompanha com Primeiro-Ministro e Ministro das extrema preocupação os casos de Finanças, Taro Aso. Nesse mesmo dia, violência contra a população civil nos o Ministro se reunirá com Territórios Palestinos Ocupados, representantes da comunidade condena o ato terrorista que provocou brasileira no Japão. a morte de um bebê e ferimentos em seus familiares no último dia 30 de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 198 julho e lamenta que a ausência da ABERTURA DO MERCADO DE necessária solução política para o MYANMAR PARA CARNES longo conflito continue a provocar BOVINA E DE AVES 07/08/2015 vítimas de ambos os lados.

O Governo brasileiro considera essencial a pronta retomada do O Governo brasileiro recebeu, com processo de paz, de modo a permitir a grande satisfação, a decisão das realização da solução de dois Estados, autoridades de Myanmar de aceitar os Israel e Palestina, vivendo lado a lado, Certificados Sanitários Internacionais em paz e segurança. para carnes bovinas e de aves propostos pelo Brasil, após esforços NOTA SOBRE OS 70 ANOS DE conjuntos dos Ministérios da O BOMBARDEIO NUCLEAR DE Agricultura, Pecuária e Abastecimento HIROSHIMA 06/08/2015 e das Relações Exteriores.

Na data de hoje, 6 de agosto, que A medida propiciará a intensificação marca os 70 anos do primeiro ataque do comércio bilateral, com benefício nuclear da história, contra a cidade de para os produtores brasileiros, Hiroshima, no Japão, o Governo e o mediante geração de emprego e povo brasileiros homenageiam a aumento de renda, e para os memória das milhares de pessoas consumidores em Myanmar, que terão vitimadas por bombas nucleares. acesso à carne de alta qualidade e preços competitivos. Ao relembrar as terríveis consequências de uma detonação O mercado de Myanmar – país de 51,4 nuclear e fazer votos de que seres milhões de habitantes e PIB de US$ humanos nunca mais sejam vítimas 244 bilhões – abre consideráveis dessas armas, o Brasil reafirma sua perspectivas para os exportadores convicção de que a única maneira de brasileiros. A aprovação dos realizar esse objetivo é tornar o mundo Certificados confirma a eficácia dos livre dos arsenais nucleares. controles sanitários brasileiros, bem como a qualidade e a sanidade do produto nacional, já reconhecida por Nesse sentido, o Governo brasileiro outros parceiros comerciais. renova o chamamento aos países detentores de armas nucleares para que demonstrem real vontade política e se PRIMEIRO TURNO DAS engajem na negociação de um ELEIÇÕES LEGISLATIVAS NO instrumento juridicamente vinculante HAITI 10/08/2015 que assegure a proibição e a eliminação irreversível desses arsenais. O Governo brasileiro saúda a realização do primeiro turno das eleições legislativas no Haiti, em 9 de

199 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

agosto, e felicita o povo haitiano pela agosto corrente no Iraque, que resultou participação no pleito. em dezenas de vítimas fatais em diferentes localidades na província de Ao mesmo tempo em que reconhece os Diyala. esforços do Governo haitiano, do Conselho Eleitoral Provisório e da Polícia Nacional Haitiana, o Governo Ao se solidarizar com os familiares das brasileiro lamenta os incidentes que vítimas, o Brasil reafirma seu repúdio causaram a perda de vidas e a ao terrorismo e reitera sua confiança interrupção da votação em algumas em que o Povo e o Governo iraquianos zonas eleitorais. Juntamente com a continuarão a superar os obstáculos no comunidade internacional, o Governo processo de construção de um Iraque brasileiro mantém a expectativa de que democrático, onde convivam as autoridades competentes do Haiti harmonicamente as diversas confissões investiguem estes acontecimentos e religiosas e etnias que conformam levem os responsáveis à justiça. aquele país.

O Governo brasileiro exorta todos os VIII REUNIÃO DO GRUPO DE atores políticos a aguardar TRABALHO pacificamente os resultados do INTERMINISTERIAL SOBRE A primeiro turno, respeitando as AGENDA PARA O diretrizes e o calendário estabelecidos pelas instituições haitianas DESENVOLVIMENTO PÓS-2015 competentes. – BRASÍLIA, 14 DE AGOSTO DE 2015 11/08/2015 O Governo brasileiro felicita o trabalho realizado pela Missão das Será realizada, em 14 de agosto, a VIII Nações Unidas para a Estabilização do Reunião do Grupo de Trabalho Haiti (MINUSTAH), cujo componente Interministerial sobre a Agenda de militar é atualmente comandado pelo Desenvolvimento Pós-2015, para tratar general brasileiro José Luiz Jaborandy da implementação, no Brasil, da Junior e da qual fazem parte 982 “Agenda de Desenvolvimento militares e 8 policiais brasileiros. Sustentável para o Ano de 2030”, cujo processo negociador foi concluído, há O Governo brasileiro reitera seu apoio duas semanas, na Organização das ao Governo haitiano na realização das Nações Unidas (ONU), a partir de demais fases do processo eleitoral, as mandato da Conferência Rio+20. quais serão essenciais para a consolidação democrática do país. No evento, espera-se expressiva participação de representantes da ATENTADOS NO IRAQUE sociedade civil, que esteve presente e 10/08/2015 atuante durante toda a negociação da Agenda nos últimos dois anos. A O Governo brasileiro condena a série condução dos trabalhos caberá ao de atentados ocorrida no dia 10 de Secretário Geral do Ministério das Relações Exteriores, estando prevista a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 200 participação dos Secretários ATENTADO NA NIGÉRIA Executivos da Secretaria-Geral da 12/08/2015 Presidência da República e do Ministério da Fazenda, além de representantes de alto nível do O Brasil condena o atentado ocorrido Ministério do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social e Combate à no último dia 11 de agosto em Sabon Fome. Gari (Nigéria), que matou mais de 40 pessoas e deixou pelo menos 50 A reunião terá lugar no Auditório feridos e transmite aos familiares das Embaixador João Augusto de Araújo vítimas a solidariedade do povo e do Castro do Instituto Rio Branco (IRBr). Governo brasileiros. Profissionais de imprensa portadores de credenciais permanentes emitidas O Brasil reitera seu repúdio a atos pelo Ministério das Relações Exteriores ou pela Presidência da terroristas e se solidariza com os República poderão participar da sessão familiares das vítimas. O Governo de abertura, das 9h30 às 10h30. brasileiro reitera seu apoio ao povo e ao Governo nigerianos em seu contínuo esforço para erradicar grupos responsáveis por atos dessa natureza. O Governo brasileiro exorta todos os atores políticos a aguardar pacificamente os resultados do primeiro turno, respeitando as SITUAÇÃO NA GUINÉ-BISSAU diretrizes e o calendário estabelecidos 12/08/2015 pelas instituições haitianas competentes. O Governo brasileiro tem acompanhado atentamente O Governo brasileiro felicita o trabalho realizado pela Missão das desdobramentos políticos recentes na Nações Unidas para a Estabilização do Guiné-Bissau, país com o qual temos Haiti (MINUSTAH), cujo componente importantes vínculos históricos e militar é atualmente comandado pelo culturais e conduzimos relevantes general brasileiro José Luiz Jaborandy projetos de cooperação. Junior e da qual fazem parte 982 militares e 8 policiais brasileiros. O Brasil conclama as lideranças bissau-guineenses a buscar soluções O Governo brasileiro reitera seu apoio negociadas para a superação de ao Governo haitiano na realização das divergências, com vistas à manutenção demais fases do processo eleitoral, as quais serão essenciais para a da estabilidade política e institucional, consolidação democrática do país. de modo a permitir a integral implementação da visão estratégica e do plano operacional apresentados por

201 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ocasião da Conferência de Doadores A Chanceler da República Federal da de Bruxelas, em março último. Alemanha, Angela Merkel, acompanhada de sete Ministros e cinco O Governo brasileiro reitera sua Vice-Ministros alemães, realiza, nos disposição de continuar a apoiar a dias 19 e 20 de agosto, visita ao Brasil consolidação do regime democrático e no âmbito da primeira edição do mecanismo de Consultas de Alto Nível o desenvolvimento da Guiné-Bissau, Brasil-Alemanha. bilateralmente e em conjunto com os países da CPLP, da União Africana e A visita da Chanceler Merkel ao Brasil da CEDEAO, entre outros parceiros apresenta formato inovador, na medida internacionais, bem como no âmbito da em que, além do encontro entre as ONU, inclusive por meio da líderes, os Ministros dos dois países manterão reuniões bilaterais setoriais Configuração Guiné-Bissau da com seus homólogos. Comissão da Consolidação da Paz.

O novo mecanismo, que prevê reuniões presidenciais e ministeriais a ATENTADO NA TAILÂNDIA cada dois anos, cria oportunidade para que os diversos temas da agenda 17/08/2015 bilateral e global, inclusive meio ambiente e reforma da Organização das Nações Unidas, sejam discutidos no mais alto nível. O Governo brasileiro recebeu com consternação a notícia do atentado, A programação da Chanceler alemã ocorrido hoje, 17 de agosto, no centro inclui, hoje, jantar oferecido pela de Bangkok, na Tailândia, que deixou Presidenta Dilma Rousseff no Palácio dezenas de mortos e feridos. Não há da Alvorada. No dia 20, as Chefes de relato de brasileiros entre as Governo revisarão os temas da ampla vítimas. O Brasil reitera seu repúdio a agenda bilateral, bem como questões todo e qualquer ato de violência e regionais e globais. Serão realizadas, expressa sua solidariedade aos ainda, 24 reuniões entre Ministros familiares das vítimas. brasileiros e suas contrapartes alemãs. Dezessete instrumentos bilaterais serão assinados, promovendo a cooperação e o diálogo em áreas como inovação VISITA DA CHANCELER DA aplicada a processos produtivos, REPÚBLICA FEDERAL DA pesquisa marinha, terras raras, ALEMANHA, ANGELA bioeconomia, educação, saúde e segurança alimentar e nutricional. MERKEL – BRASÍLIA, 19 E 20 DE AGOSTO 2015 19/08/2015 Serão também adotadas Declaração Conjunta sobre mudança do clima, tendo em vista a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 202

Mudança do Clima (COP-21), em O estabelecimento de um mecanismo dezembro próximo, em Paris, e periódico de consultas de alto nível Declaração de Intenções Conjunta no eleva as relações entre Brasil e Domínio da Urbanização, com o Alemanha, parceiros estratégicos desde objetivo de fortalecer a 2002, a novo patamar. Reforça os sustentabilidade ambiental dos espaços tradicionais laços entre os dois países e urbanos nos dois países. ressalta a determinação em fortalecer e diversificar a Parceria Estratégica A Alemanha é o principal parceiro bilateral, por meio do aprofundamento comercial do Brasil na Europa e o do compromisso de dialogar sobre quarto parceiro comercial brasileiro no temas globais, em particular mudança mundo. Em 2014, o intercâmbio do clima, da ampliação e da comercial entre o Brasil e a Alemanha consolidação dos fluxos de comércio e atingiu US$ 20,4 bilhões, tendo investimentos, do aumento da praticamente triplicado desde 2005. cooperação em ciência, tecnologia, Existem cerca de 1.600 empresas inovação, cultura, mídia e educação e alemãs instaladas no território do estabelecimento de parcerias em brasileiro, que constituem o maior novas áreas, como desenvolvimento parque industrial alemão fora da urbano e saúde. Alemanha. O fortalecimento do diálogo político é consequência natural dos tradicionais vínculos entre os dois países, COMUNICADO CONJUNTO caracterizados por fluxos de comércio e investimentos importantes e um POR OCASIÃO DAS relacionamento multifacetado. PRIMEIRAS CONSULTAS Recentes investimentos alemães nos INTERGOVERNAMENTAIS DE setores automotivo e químico no Brasil ALTO NÍVEL BRASIL- são exemplos recentes das relações econômicas dinâmicas entre os dois ALEMANHA – BRASÍLIA, 20 DE países. A segunda fase do Programa de AGOSTO DE 2015 20/08/2015 Investimentos em Logística (PIL II) oferece perspectivas adicionais para fortalecer as relações econômicas bilaterais. Em 19 e 20 de agosto de 2015, a Presidenta da República Dilma As Chefes de Governo sublinharam Rousseff recebeu a Chanceler Federal seu compromisso com a promoção de da Alemanha Angela Merkel, em uma ordem internacional baseada no Brasília, por ocasião da primeira estado de direito, no multilateralismo e edição das Consultas na diplomacia. Ressaltaram, Intergovernamentais de Alto Nível igualmente, a necessidade de se Brasil-Alemanha. Os encontros enfrentarem as raízes dos conflitos e contaram com a participação de 19 das ameaças à segurança e à paz Ministros brasileiros e 7 Ministros e 5 internacionais, por meio de enfoque Vice-Ministros alemães. que reconheça as inter-relações entre 203 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

paz, segurança e desenvolvimento garanta a participação de todas as sustentável. partes interessadas.

Os dois lados trocaram impressões Tendo presente a exitosa cooperação sobre temas de interesse comum da entre Brasil e Alemanha sobre o direito agenda internacional. Estes incluem a à privacidade na era digital, as Chefes necessidade de uma solução política na de Governo decidiram estabelecer Síria, o imperativo de uma solução de mecanismo bilateral de consultas e de dois Estados para o conflito israelo- cooperação sobre temas cibernéticos. palestino, assim como a urgência de uma estratégia abrangente para lidar Os seguintes documentos foram com a crescente ameaça do terrorismo. adotados no âmbito das Consultas de Alto Nível, entre outros: A Presidenta Dilma Rousseff elogiou os esforços do Governo alemão para  Declaração Conjunta sobre encontrar uma solução pacífica e Mudança do Clima, pelo qual duradoura para o atual conflito na ambas as partes sublinham sua Ucrânia. Brasil e Alemanha determinação em contribuir sublinharam a necessidade de pôr-se para o êxito da 21ª em prática o Pacote de Medidas para a Conferência das Partes da Implementação dos Acordos de Minsk, Convenção-Quadro sobre tais como adotados em fevereiro de Mudança do Clima (COP-21); 2015.  Declaração Conjunta sobre Pesquisa, Desenvolvimento e Os dois lados acolheram com Inovação, com foco em satisfação o Plano de Ação Conjunto e Pequenas e Médias Empresas Abrangente (JCPoA), adotado em 14 (PMEs); de julho de 2015, entre o E3+3 e o Irã  Declaração Conjunta de para assegurar a natureza pacífica do Intenções sobre Cooperação programa nuclear iraniano. Bilateral em Ciência, Tecnologia, Inovação e Os Ministros das Relações Exteriores Educação; têm mantido frequente troca de pontos  Declaração Conjunta para o de vista sobre temas relacionados à paz estabelecimento da Parceria e à segurança internacionais e Brasil-Alemanha em continuarão a manter consultas Urbanização; regulares sobre esses temas.  Ata das Negociações da Cooperação em A Chanceler Angela Merkel Desenvolvimento Sustentável. congratulou o Governo brasileiro pela bem-sucedida Conferência As Chefes de Governo “NETmundial”, em São Paulo (abril de comprometeram-se a intensificar os 2014). Os dois lados concordaram em esforços para a conclusão, no mais manter a cooperação com vistas a uma breve prazo possível, de um Acordo de internet transparente e inclusiva, que Associação Inter-regional entre o MERCOSUL e a União Europeia que

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 204 seja ambicioso, abrangente e Brasil e Alemanha ressaltaram seu equilibrado. Ressaltaram, nesse interesse no estabelecimento de Centro contexto, o objetivo comum dos dois de Estudos Alemães e Europeus no blocos de intercambiar ofertas de Brasil. Ambos estão convencidos de acesso a mercados no último trimestre que tal projeto promoveria pesquisa e de 2015. treinamento nesse campo de estudo e criaria nova redes acadêmicas entre o Ambos os países também decidiram Brasil, a Alemanha e a Europa. manter consultas periódicas sobre questões multilaterais de direitos As Chefes de Governo reconheceram o humanos, com o objetivo de êxito da cooperação no âmbito do intercambiar pontos de vista e programa brasileiro Ciência sem intensificar esforços conjuntos para Fronteiras, por meio do qual mais de promover os direitos humanos no seis mil alunos brasileiros âmbito das instituições relevantes das frequentaram universidades alemãs. Nações Unidas. Em apoio a esse programa, o Ministério da Educação do Brasil e o À luz dos resultados positivos desse Serviço Alemão de Intercâmbio intercâmbio intergovernamental, os Acadêmico (DAAD) assinaram dois lados acordaram realizar memorando de entendimento para regularmente as Consultas promover a língua alemã no ensino Intergovernamentais de Alto Nível, em superior no Brasil, no marco do princípio a cada dois anos. Programa Idioma sem Fronteiras — Alemão. As áreas mais importantes para a cooperação, assim como os resultados Ambos os lados também apoiam a das primeiras Consultas Brasil- promoção do idioma alemão nas Alemanha de Alto Nível, estão abaixo escolas brasileiras por meio de projetos relacionados: de cooperação já existentes entre os estados federais brasileiros e 1. Ciência, Tecnologia, Inovação, organizações que contam com o Educação, Cultura e Mídia financiamento público alemão para esse fim. Acolhem com satisfação Ambos os lados assinaram acordos e futuros projetos de cooperação com o declarações de intenção nas áreas de objetivo de fomentar o alemão nas bioeconomia, matérias-primas escolas brasileiras. Uma declaração estratégicas (terras raras), pesquisa conjunta de intenções sobre o assunto marítima e cooperação relativa ao foi adotada. Observatório da Torre Alta da Amazônia. Expressaram satisfação Acolheram com satisfação a com as atividades em curso nas áreas assinatura, em fevereiro de 2015, de de tecnologia de manufatura, Memorando de Entendimento sobre tecnologia espacial, pesquisa em Programa de Férias-Trabalho, que agricultura e indústria, inovação e contribuirá para reforçar a integração treinamento profissional. cultural entre os dois países, por meio do intercâmbio de jovens. Sublinharam 205 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

também seu interesse mútuo no um robusto ambiente bilateral de estabelecimento de um programa para negócios. intercâmbio de diplomatas, de modo a fortalecer o diálogo entre seus As Chefes de Governo reiteraram seu Ministérios das Relações Exteriores. compromisso com uma rápida conclusão e um resultado equilibrado Expressaram o interesse em aprofundar da Rodada Doha. Concordaram que é a cooperação em esporte e cultura, chegado o momento de os membros da particularmente entre museus e OMC convergirem em um caminho de bibliotecas, e nos campos de cinema e modo a concluir a Agenda do televisão. Sublinharam a intenção de Desenvolvimento de Doha. Acordo seus países de cooperar intensamente sobre um programa de trabalho pós- no que se refere à proteção de bens Bali deve ser a base para uma bem- culturais e ao combate ao seu tráfico sucedida conferência ministerial da ilícito. OMC. As líderes também concordaram quanto à importância de se 2. Comércio, Investimentos e implementar o acordo da OMC sobre Finanças e Energia facilitação do comércio.

As Chefes de Governo expressaram o Os dois lados confirmaram a decisão interesse na expansão e diversificação do G20 de não adotar medidas que do comércio bilateral e dos fluxos de distorcem o comércio e reafirmaram investimentos. Ressaltaram a seu compromisso de manter os importância dos Encontros mercados abertos. Econômicos anuais, bem como das Reuniões da Comissão Mista de As líderes tomaram nota da assinatura Cooperação Econômica, e enfatizaram do Acordo de Cooperação entre o a cooperação no campo das pequenas e Brasil e a OCDE, que estabelece o médias empresas (PMEs). Brasil e arcabouço legal para ampliar a Alemanha concordaram em continuar e participação brasileira na Organização. aprofundar a bem-sucedida cooperação entre instituições dos dois países no Os dois lados reafirmaram seu tocante a normas técnicas e avaliações interesse na rápida conclusão das de conformidade. negociações relativas aos acordos para o intercâmbio de informações A Presidenta Dilma Rousseff recordou tributárias e para evitar a dupla o recente lançamento de novo ciclo de tributação no setor aéreo e de logística. concessões para investimentos no setor de infraestrutura no Brasil. A segunda As Chefes de Governo concordaram etapa do Programa de Investimento em em intensificar a cooperação e elevar Logística cria novas oportunidades ao nível de Vice-Ministros o atual para empresas alemãs e fortalecerá a Diálogo Bilateral, no âmbito do competitividade, permitindo uma Acordo sobre Cooperação no Setor de participação mais ampla do Energia com Foco em Energias investimento privado, no contexto de Renováveis e Eficiência Energética. Ressaltaram o potencial de expansão

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 206 da cooperação em pesquisa, Observaram que a Conferência sobre desenvolvimento e inovação em áreas Florestas, Mudança do Clima e como biocombustíveis, energia solar, Biodiversidade, no dia 19 de agosto, eficiência energética e Mecanismo de identificou possibilidades de parcerias Desenvolvimento Limpo (MDL), entre futuras em meio ambiente. Novos outros. campos de cooperação poderão ser, por exemplo, iniciativas em mudança do 3. Cooperação em temas globais clima, conservação da biodiversidade, regularização ambiental, gestão de Brasil e Alemanha ressaltaram a florestas e combate ao desmatamento. interdependência entre os esforços para a promoção do desenvolvimento As Chefes de Governo saudaram o sustentável e a erradicação da pobreza. diálogo em questões de trabalho e Ambos renovaram seu compromisso emprego, inclusão social e em buscar avanços concretos nessa mecanismos de distribuição de renda. matéria. Os dois lados consideram Comprometeram-se a prosseguir a bem-vinda a adoção da Agenda de cooperação, especialmente no âmbito Desenvolvimento Sustentável para da Organização Internacional do 2030 e de seus Objetivos de Trabalho (OIT), com vistas à Desenvolvimento Sustentável na promoção de condições justas e próxima Cúpula das Nações Unidas e seguras de trabalho e à geração de reafirmam seu compromisso em levar empregos e oportunidades iguais para a cabo todos os esforços possíveis para mulheres e homens no mercado de a implementação dessas metas. As trabalho. Chefes de Governo reafirmaram sua determinação em responder de modo Os dois lados reiteraram seu decisivo ao desafio da mudança do compromisso com os esforços clima e colaborar para o êxito da 21ª internacionais para combater a fome, Conferência das Partes da Convenção- principalmente no âmbito da Quadro sobre Mudança do Clima Organização das Nações Unidas para a (COP-21), buscando a adoção de um Alimentação e Agricultura (FAO). acordo justo, ambicioso, duradouro, Uma declaração de intenções sobre o abrangente e juridicamente vinculante, assunto foi assinada. no âmbito do UNFCCC. As Chefes de Governo referiram-se à Declaração 4. Cooperação bilateral para Conjunta sobre Mudança do Clima e desenvolvimento sustentável registraram sua satisfação com a realização de reunião do Comitê As Chefes de Governo saudaram os Conjunto sobre Mudança do Clima em resultados da recente reunião de Brasília, no dia 17 de agosto, que Negociações Intergovernamentais, que contribuiu para construir uma visão ocorreu em Brasília, em 17 e 18 de comum para o Acordo de Paris e agosto, e o anúncio da aprovação, pelo identificou projetos concretos para Governo federal alemão, de 551,5 cooperação bilateral nessa área. milhões de euros para novos projetos de cooperação em complementação aos programas prioritários em curso, 207 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

com ênfase nos temas de conservação ARPA e 23 milhões de euros para o de florestas tropicais, energias CAR. renováveis e eficiência energética. Adicionalmente, os dois lados notaram As Chefes de Governo registraram, com satisfação a assinatura de um com satisfação, os anúncios de acordo financeiro com o BNDES para diversos futuros financiamentos um empréstimo de 265 milhões de alemães para realizar projetos no euros para um programa de mobilidade Brasil no marco da cooperação urbana que leva em consideração bilateral. Estes incluem 150 milhões de questões de mudança do clima. euros, por meio da CEMIG, para projetos de promoção de energias 5. Governança Global renováveis, e 265 milhões de euros, por meio do BNDES, para projetos em As líderes expressaram energias renováveis e eficiência desapontamento ante a ausência de energética, bem como cooperação consenso para a adoção de um técnica com o Ministério de Minas e documento final substantivo na 9ª Energia, o Ministério das Cidades e o Conferência dos Estados-partes do Ministério do Desenvolvimento, Tratado de Não Proliferação Nuclear Indústria e Comércio Exterior. Na área (TNP), concluída em 22 de maio, em de proteção e uso sustentável de Nova Iorque. Brasil e Alemanha florestas, foram feitos anúncios de reiteraram sua determinação de financiamento de projetos no Brasil no trabalhar para a promoção dos total de 123 milhões de euros. A objetivos de desarmamento nuclear, Alemanha tem sido um forte apoiador não proliferação e uso pacífico da do Fundo Amazônia e continuará a energia nuclear. apoiar esse esforço financeiramente com 100 milhões de Euros até 2020, Os dois lados reiteraram seu bem como por meio de cooperação compromisso com uma reforma das técnica. Nações Unidas, incluindo a reforma do Conselho de Segurança. Referiram-se positivamente, ademais, Comprometeram-se a continuar a a duas doações alemãs para projetos intensa cooperação sobre o tema, centrais do Governo brasileiro, bilateralmente e no âmbito do G-4, inclusive 51,7 milhões de euros para o com vistas à expansão do Conselho de programa Áreas Protegidas da Segurança, com novos assentos Amazônia (ARPA), 32,4 milhões de permanentes e não-permanentes, a fim euros por meio da Iniciativa de torná-lo mais representativo, Internacional Alemã para o Clima e legítimo e eficaz. 38,5 milhões de euros para o projeto Cadastro Ambiental Rural (CAR), do Alemanha e Brasil tencionam proceder Ministério do Meio Ambiente. Dois a um intercâmbio regular de acordos financeiros nessa área foram experiências sobre sua participação em assinados durante as Consultas, no operações de manutenção da paz das total de 31,7 milhões de euros para Nações Unidas e explorar perspectivas de intensificar a cooperação nessa área.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 208

Os dois lados conferem grande 6. Temas bilaterais importância ao aprofundamento constante da parceria estratégica entre A Presidenta Dilma Rousseff convidou a União Europeia e o Brasil. a Chanceler Angela Merkel para participar da cerimônia de abertura dos Brasil e Alemanha fortalecerão sua Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em cooperação no âmbito do G20, do 2016. Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, com vistas a Com base na Declaração de Berlim da contribuir, conjuntamente, para a 5ª Conferência Mundial de Ministros estabilidade das relações econômicas e dos Esportes da UNESCO, realizada financeiras e para a reforma do sistema em Berlim, em 2013, Alemanha e monetário e financeiro internacional. Brasil buscarão dar prioridade à Reiteraram seu compromisso com a sustentabilidade de grandes eventos implementação das reformas nas esportivos, no contexto de seus instituições financeiras internacionais, projetos de cooperação bilateral. para que se tornem mais Iniciativas como a “Rio Verde – representativas e para que estejam em Hamburgo Verde: Eventos Esportivos condições de refletir o crescente peso promovendo o Desenvolvimento econômico dos mercados emergentes e Sustentável” serão examinadas por das economias em desenvolvimento. meio de estudos econômicos e científicos. Brasil e Alemanha são parte da Convenção das Nações Unidas sobre a As Chefes de Governo expressaram Eliminação de todas as Formas de satisfação com os progressos Discriminação contra a Mulher e estão registrados nas negociações relativas comprometidos com os princípios da aos acordos sobre extradição e Plataforma de Ação de Beijing, transferência de pessoas condenadas. particularmente a participação Os dois lados concordaram em realizar igualitária da mulher em todas as consultas periódicas sobre temas esferas da sociedade, o consulares, de modo a intensificar empoderamento da mulher e o ainda mais a cooperação nessa área. combate à violência contra a mulher. Tais princípios constituem pré- As Chefes de Governo ressaltaram o condição para o desenvolvimento potencial para a cooperação bilateral sustentável de qualquer sociedade. Os em defesa, inclusive equipamentos, e o dois lados continuarão a apoiar-se interesse em fortalecer o diálogo entre mutuamente na implementação de tais as três Forças Armadas: Marinha, compromissos em seus países. Exército e Força Aérea. Brasil e Alemanha comprometeram-se a Os dois lados examinarão a aperfeiçoar o intercâmbio de possibilidade de estabelecerem informações e a cooperação em iniciativas de cooperação trilateral na segurança marítima. África e aumentarão o intercâmbio de impressões sobre a África. As Chefes de Governo manifestaram satisfação com a assinatura da 209 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Declaração de Intenções de 2. Cientes dos impactos positivos Cooperação em Matéria de Saúde, com de uma robusta cooperação Brasil- vistas a, entre outros, promover o Alemanha em matéria de mudança do intercâmbio de informações e clima para as relações bilaterais e para experiências na área de assistência o regime multilateral sob a médica. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), a Presidenta Rousseff e a Chanceler Federal Merkel decidiram reforçar a DECLARAÇÃO CONJUNTA parceria bilateral em mudança do BRASIL-ALEMANHA SOBRE clima por meio do trabalho conjunto com vistas a um resultado exitoso da MUDANÇA DO CLIMA – Conferência de Paris sobre Mudança BRASÍLIA, 20 DE AGOSTO DE do Clima, no fim deste ano, e por meio 2015 20/08/2015 da expansão da cooperação bilateral em áreas de interesse comum. 1. A Presidenta da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff, 3. Brasil e Alemanha apoiam e a Chanceler da República Federal da fortemente a adoção, em Paris, de um Alemanha, Angela Merkel, acordo ambicioso, duradouro, reconhecem que a mudança do clima e abrangente e juridicamente vinculante, seus efeitos adversos são uma que reflita o princípio das preocupação comum da humanidade e responsabilidades comuns porém um dos maiores desafios dos tempos diferenciadas e respectivas atuais. Reconhecem, ainda, o papel capacidades, à luz de diferentes decisivo que ambos os países circunstâncias nacionais. Ambos os desempenham ao contribuírem para a países coincidem no imperativo de construção de respostas globais justas assegurar que o aumento da e efetivas, a fim de combater a temperatura média global fique abaixo mudança do clima e criar resiliência. de 2° C em relação aos níveis pré- Elas enfatizam que ambos os países industriais. Ambos os países renovam compartilham a visão de longo prazo sua determinação em construir um de conter o aumento da temperatura acordo que contenha provisões para média global abaixo de 2°C em relação que todas as Partes aumentem sua aos níveis pré-industriais, o que ambição ao longo do tempo, de implica uma transição para sistemas de maneira plenamente consistente com energia baseados em energias esse objetivo de longo prazo. Também renováveis e a descarbonização da deve haver transparência robusta e economia mundial no decorrer deste confiável, inclusive relato e revisão, século, tendo presentes as necessidades assim como avaliação periódica da em termos de adaptação, acesso a efetividade geral do Acordo. Cientes financiamento, tecnologia e dessa meta, Brasil e Alemanha capacitação como elementos enfatizam que profundos cortes nas necessários a essa transição, cientes emissões de gases do efeito estufa se das necessidades específicas dos países fazem necessários. em desenvolvimento.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 210

4. Ambos os países enfatizam que contexto, Brasil e Alemanha recordam é necessária a maior ambição de todos o papel de dianteira dos países os países, tanto no curto prazo quanto desenvolvidos e a necessidade de que no longo prazo, recordando o papel esses países reforcem seu apoio a dos países desenvolvidos em tomar a ações de mitigação e adaptação nos iniciativa, mediante a adoção de metas países em desenvolvimento. de redução de emissões ambiciosas Simultaneamente, Brasil e Alemanha para o conjunto da economia, e a encorajam os países em necessidade de que os países em desenvolvimento, no espírito de desenvolvimento fortaleçam sua solidariedade e de objetivos comuns de ambição ao longo do tempo, movendo- desenvolvimento sustentável, a se também em direção a metas de reforçar iniciativas de cooperação Sul- redução de emissões para o conjunto Sul, em apoio à transformação rumo a da economia, com base em suas um desenvolvimento de baixo carbono capacidades individuais e respectivos e resiliente à mudança do clima, de estágios de desenvolvimento. modo complementar.

5. Brasil e Alemanha sublinham a 6. A Presidenta Rousseff elogiou a importância do financiamento para a Alemanha por seu forte engajamento mudança do clima e enfatizam o no regime multilateral de mudança do compromisso dos países desenvolvidos clima sob a UNFCCC e seu Protocolo em mobilizar, em conjunto, US$ 100 de Quioto ao longo dos anos. A bilhões por ano até 2020, de fontes Presidenta Rousseff também públicas e privadas, para países em reconheceu os esforços de mitigação desenvolvimento. O financiamento ambiciosos da Alemanha, o que inclui para a mudança do clima também a meta de obter pelo menos 80% do desempenhará papel-chave no período consumo de eletricidade a partir de pós-2020, por meio do novo Acordo. O fontes renováveis em 2050, e sua financiamento para a mudança do liderança na pretendida contribuição clima constituirá parte importante do nacionalmente determinada da União acordo de 2015 e será fortalecido para Europeia, cuja meta é obter a redução apoiar ações de mitigação ambiciosas doméstica de pelo menos 40% das nos países em desenvolvimento, tendo emissões de gases de efeito de estufa em conta a escala e o potencial de até 2030, em relação a 1990. A redução de emissões, assim como seus Presidenta Rousseff também esforços de adaptação, com enfoque manifestou apreço pelo fato de que a particular nos mais pobres e Alemanha pretende dobrar seus vulneráveis. Em conjunto com esforços de financiamento à mudança compromissos e ações de mitigação do clima até 2020, em comparação a ambiciosas, o financiamento público 2014. Destacou-se que o êxito na deve desempenhar função catalisadora implementação do "Energiewende" é voltada à reorientação necessária e um fundamento da ação climática, o muito maior dos fluxos de que permitirá à Alemanha contribuir investimento, a fim de limitar o substancialmente para alcançar a meta aquecimento global a 2° C e criar da União Europeia de reduzir as resiliência ao redor do mundo. Nesse emissões de gases de efeito de estufa 211 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

em 80-95% até 2050, em comparação resiliência e fomentarão novos a 1990. investimentos de baixo carbono e resilientes à mudança do clima. Essas 7. A Chanceler Federal Merkel iniciativas adicionais abrangerão as destacou o papel construtivo do Brasil áreas de florestas e uso da terra, no regime multilateral de mudança do energias renováveis, eficiência clima sob a UNFCCC desde a sua energética, tecnologias de baixo assinatura, no Rio de Janeiro, em 1992, carbono, cidades sustentáveis e e suas atuais ações domésticas, adaptação à mudança do clima. Para particularmente no setor florestal, que tanto, a Alemanha destina a quantia de levaram a uma redução em 41% das até 582,4 milhões de Euros. A emissões de gases de efeito de estufa Alemanha manifesta sua disposição em entre 2005 e 2012. Destacou-se que os continuar acompanhando os esforços preparativos domésticos para brasileiros no combate à mudança do pretendida contribuição nacionalmente clima no futuro mediante contribuições determinada do Brasil estão em estágio substanciais. avançado e que esta será comunicada nos prazos acordados. A contribuição 9. Como o quinto maior país em do Brasil será abrangente, abordando extensão territorial, o Brasil já tem mitigação, adaptação e meios de prestado uma grande contribuição para implementação, refletirá o máximo a mitigação das emissões de gases de esforço em relação ao objetivo da efeito estufa, por meio da redução do Convenção e fortalecerá ainda mais desmatamento e da aplicação da suas ações, particularmente nos setores legislação doméstica. A de florestas, uso da terra, indústria e implementação das políticas públicas energia. brasileiras resultou na redução do desmatamento no bioma Amazônia em 8. A Presidenta Rousseff e a 82% desde 2004. O Brasil continuará a Chanceler Federal Merkel registraram fortalecer suas políticas, com vistas a com satisfação os resultados positivos alcançar, na Amazônia brasileira, o da cooperação bilateral em matéria de desmatamento ilegal zero até 2030 e a mudança do clima, incluindo o amplo compensação pelas emissões de gases diálogo político por meio do Comitê de efeito estufa oriundas da supressão Conjunto Brasil-Alemanha sobre legal da vegetação, permitindo, assim, Mudança do Clima e da Cooperação significativas reduções nas emissões de para o Desenvolvimento Sustentável. gases de efeito estufa. A Alemanha Cientes da necessidade de catalisar tem sido forte apoiadora do Fundo ações de mitigação e adaptação em Amazônia e continuará a apoiar aquele escala, beneficiando, assim, o sistema esforço financeiramente com 100 climático global, a Presidenta Rousseff milhões de Euros antes de 2020, além e a Chanceler Federal Merkel da cooperação técnica. A Alemanha irá decidiram fortalecer a parceria bilateral contribuir mais para o Fundo por meio de iniciativas adicionais que Amazônia, fortalecendo os pagamentos produzirão fortes resultados em por resultados de REDD+. mitigação de emissões de gases de efeito de estufa, aumentarão a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 212

10. Com o apoio do Fundo doação; 11.5 milhões de Euros de Amazônia, o Brasil fará um aumento doação na forma de apoio técnico). ambicioso de estoques de carbono por meio do reflorestamento e da 13. O Programa de Áreas Protegidas restauração de florestas. O Brasil da Amazônia (ARPA) atingiu desenvolverá, por intermédio do maturidade e permitiu que o Brasil, Instituto Nacional de Pesquisas com apoio dos parceiros do ARPA, em Espaciais (INPE), um índice de particular da Alemanha, aumentasse recuperação florestal, incluindo significativamente sua cobertura e restauração e reflorestamento, a fim de aspirasse a sua sustentabilidade aperfeiçoar políticas públicas voltadas financeira de longo prazo até 2040. ao aumento dos estoques de carbono. Atualmente, o Programa apoia esforços de conservação que cobrem 11. O Brasil restaurará e reflorestará mais de 58 milhões de hectares de 12 milhões de hectares de florestas até áreas protegidas, e, com a criação 2030. Com base no Código Florestal, iminente de novas áreas pelos serão restauradas Áreas de Preservação governos Federal e estaduais, o Brasil Permanente, particularmente nos superarará os 60 milhões de hectares – biomas Amazônia, Cerrado e Mata meta estabelecida para 2020 – Atlântica. A Alemanha apoiará a tornando o ARPA o maior esforço de restauração e o reflorestamento de conservação de florestas tropicais do áreas degradadas por meio de um mundo, cobrindo cerca de 40% do programa abrangendo 5 milhões de Sistema Nacional de Unidades de hectares, com empréstimo de até 100 Conservação. milhões de Euros a taxas de juros reduzidas. 14. Brasil e Alemanha assinaram acordo financeiro adicional para o 12. A Alemanha saúda o Brasil pelo ARPA (31.7 milhões de Euros de fortalecimento de sua posição de doação). Reconhecendo a Alemanha liderança na busca de políticas como o maior apoiador do ARPA e florestais ambiciosas que permitam a expressando seu agradecimento pela eliminação do desmatamento ilegal doação recentemente contratada, o que pela intensificação de esforços com permitirá a conservação adicional de vistas ao alcance nacional da florestas e proteção de sua implantação do Cadastro Ambiental biodiversidade, o Brasil acolhe Rural (CAR) e do Código Florestal favoravelmente o compromisso Brasileiro. O Brasil está comprometido expresso pela Alemanha com o a completar o registro total de desenvolvimento do Programa, proprietários de terras até 2016. Brasil incluindo a ambição de examinar o e Alemanha assinaram acordo apoio à replicação da experiência em financeiro para o CAR (doação de 23 outros países, sob cooperação trilateral. milhões de Euros). A Alemanha também destina apoio futuro ao CAR e 15. A Presidenta Rousseff e a ao desenvolvimento econômico Chanceler Federal Merkel honram o sustentável na região amazônica (apoio sucesso histórico da criação de terras financeiro de 10 milhões de Euros em indígenas na Amazônia brasileira, com 213 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

o apoio da Alemanha, e concordam na produção elétrica bruta em 40-45% quanto à necessidade e à disposição de até 2025 a em 55-60% até 2035. A continuar a proteger os direitos Alemanha destinará empréstimos a originais dos povos indígenas em todo juros baixos (415 milhões de Euros) e o Brasil. apoio técnico (4,5 milhões de Euros) para apoiar energias renováveis e 16. O Brasil pretende fortalecer seu soluções de eficiência energética. Plano de Agricultura de Baixo Instituições financeiras tanto Carbono (ABC), em particular com a brasileiras quanto alemãs são restauração de pastagens. parceiras-chave para fomentar investimentos em tecnologias de 17. Brasil e Alemanha reconhecem a energias renováveis sustentáveis. importância da promoção de novas tecnologias e do intercâmbio de 19. Brasil e Alemanha também experiências sobre estratégias políticas atuarão em conjunto para desenvolver de implementação que possam apoiar a e implementar soluções que fortaleçam transição dos países rumo à produção e o desenvolvimento urbano de baixo ao consumo de energia de baixo carbono, inclusive por meio de carbono e de forma resiliente à iniciativas em transição energética nas mudança do clima. Brasil e Alemanha cidades, mobilidade urbana são muito ativos no campo das climaticamente adequada, eficiência energias renováveis. As fontes energética no setor de habitação, e renováveis representam mais de 75% eficiência energética no abastecimento da matriz elétrica do Brasil e mais de urbano de água, assim como 27% da alemã. reciclagem e gestão de resíduos nas principais cidades brasileiras, entre 18. Ambos os países têm outros. Brasil e Alemanha assinaram desenvolvido e implementado acordo financeiro para empréstimo a tecnologia em áreas como energia juros baixos (265 milhões de Euros) eólica, energia solar e biocombustíveis. para apoiar projetos de O Brasil reforça seu compromisso com desenvolvimento urbano as energias renováveis, ampliando o climaticamente adequados no Brasil. A percentual de biocombustíveis Alemanha destina apoio técnico (5 avançados na oferta de combustíveis e milhões de Euros) para promover a aumentando a quota de biodiesel na eficiência energética em áreas urbanas, mistura do diesel. Além disso, o Brasil bem como cooperação técnica (4 aumentará o percentual de geração milhões de Euros) para apoiar soluções eólica na matriz elétrica até 2030. de eficiência energética no programa Ademais, o Brasil almeja aumentar o de habitação social brasileiro. ganho de eficiência no uso de eletricidade até 2030. O Brasil 20. Brasil e Alemanha continuarão a reenfatiza sua intenção de aumentar o colaborar em projetos de pesquisa percentual de renováveis – além da básica e aplicada, por exemplo, hidráulica – na sua matriz de geração relacionados à observação de gases de elétrica a 20% até 2030. A Alemanha efeito estufa e a ações de adaptação e aumentará o percentual de renováveis

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 214 mitigação, em particular relacionadas do Brasil referente à Cooperação no ao manejo sustentável da terra. âmbito de uma Parceria Brasil- Alemanha no Tema da Urbanização 21. Ambos os países esforçam-se para ampliar significativamente o desenvolvimento de baixo carbono no setor de transportes. No âmbito da nossa cooperação bilateral, Brasil e Alemanha continuarão o diálogo e o ALMOÇO DE TRABALHO DO intercâmbio de experiências. SECRETÁRIO-GERAL COM OS EMBAIXADORES DA 22. Brasil e Alemanha continuarão a ASSOCIAÇÃO DAS NAÇÕES intensificar a cooperação nas áreas DO SUDOESTE ASIÁTICO mencionadas, bem como no âmbito do Memorando de Entendimento de 3 de (ASEAN) 25/08/2015 dezembro de 2009.

O Secretário-Geral das Relações INSTRUMENTOS ADOTADOS Exteriores, Embaixador Sérgio França Danese, ofereceu no dia 25 de agosto, POR OCASIÃO DAS no Palácio Itamaraty, almoço de CONSULTAS DE ALTO NÍVEL trabalho aos sete Chefes de Missão dos BRASIL-ALEMANHA – países da ASEAN residentes em BRASÍLIA, 20 DE AGOSTO DE Brasília (Cingapura, Filipinas, Indonésia Malásia, Myanmar, 2015 20/08/2015 Tailândia e Vietnã). O Brasil conta também com Embaixadas residentes nesses sete países.

O evento teve como objetivo estreitar o Comunicado Conjunto por ocasião processo de aproximação entre o Brasil das Primeiras Consultas e a ASEAN, iniciado durante encontro Intergovernamentais de Alto Nível ministerial MERCOSUL-ASEAN, em Brasil-Alemanha Brasília, em 2008, e que teve seguimento com a designação do Embaixador em Jacarta como Embaixador junto à ASEAN, em 2011; Declaração Conjunta Brasil- com a organização do I Curso para Alemanha sobre Mudança do Clima Diplomatas da ASEAN, no Rio de Janeiro, em 2012; e com a adesão do Brasil ao Tratado de Amizade e Cooperação do Sudeste Asiático Declaração de Intenções Conjunta (TAC), em Phnom Penh, também em entre a República Federal da 2012. Alemanha e a República Federativa 215 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Integrada por dez membros (além dos multilateral. Trata-se do quarto sete mencionados, Brunei, Camboja e encontro entre os dois Chanceleres no Laos), a ASEAN foi criada em 1967 e ano de 2015, evidência da importância afirmou-se como o principal da aliança estratégica entre os dois mecanismo de integração na Ásia. países. Conta com extensa rede de mecanismos institucionais intra-bloco e canais regulares de interlocução com seus dez Parceiros de Diálogo. O VISITA DO MINISTRO DAS conjunto dos países membros da RELAÇÕES EXTERIORES A ASEAN conta com uma população de REPÚBLOCA DEMOCRÁTICA 620 milhões de habitantes e PIB de cerca de US$ 2,5 trilhões. DO COGO, CAMEROUN, CABO VERDE E SENEGAL – 29 DE Em 2014, o intercâmbio comercial AGOSTO A 2 DE SETEMBRO entre o Brasil e os países da ASEAN DE 2015 27/08/2015 alcançou aproximadamente US$ 20 bilhões, o que posicionou o agrupamento como o sexto principal O Ministro das Relações Exteriores, parceiro comercial do Brasil no mundo Embaixador Mauro Vieira, realizará e o segundo na Ásia, após a China. visita à República Democrática do Congo, Cameroun, Cabo Verde e Senegal, no período de 28 de agosto a 2 de setembro próximo. VISITA DO MINISTRO DE RELAÇÕES EXTERIORES E Trata-se da segunda série de viagens do Ministro Mauro Vieira no CULTO DA ARGENTINA, continente africano em 2015, o que HÉCTOR TIMERMAN, AO reflete o interesse do Brasil na BRASIL - BRASÍLIA 27 DE intensificação e expansão de suas AGOSTO DE 2015 relações com os países da África. Entre 26/08/2015 28 de março e 2 de abril últimos, o Ministro Mauro Vieira havia visitado Gana, São Tomé e Príncipe, O Ministro de Relações Exteriores e Moçambique e Angola. Culto da Argentina, Héctor Timerman, realizará visita oficial a Brasília, em 27 Nos dias 29 e 30 de agosto, o Ministro de agosto de 2015, ocasião em que Mauro Vieira realizará visita às manterá reunião de trabalho com o cidades de Kinshasa e Goma, na Ministro das Relações Exteriores, República Democrática do Congo Embaixador Mauro Vieira. (RDC).

A visita se insere no contexto do Em Kinshasa, no dia 29, o Ministro constante diálogo entre os Chanceleres manterá encontro de trabalho com o de Brasil e Argentina sobre temas da Chanceler Raymond Tshibanda, com agenda bilateral, regional e quem passará em revista o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 216 relacionamento bilateral e temas das homólogo, Pierre Moukoko Mbonjo, agendas regional e global. Deverá ser além de participar da abertura de recebido pelo Primeiro-Ministro encontro entre empresários dos dois Augustin Matata Ponyo. países. O Chanceler brasileiro será recebido pelo Primeiro-Ministro A agenda de cooperação entre o Brasil Philemon Yang. e a RDC inclui áreas como agricultura, educação e meio ambiente. O Brasil Em 2014, o comércio bilateral com o tem-se consolidado como um dos Cameroun somou US$ 87,4 milhões, países que mais concede vagas com superávit brasileiro de US$ 79,6 universitárias a estudantes congoleses, milhões. Há grande potencial a ser no âmbito dos Programas de aproveitado em áreas como comércio, Estudantes-Convênio de Graduação investimentos, energia, defesa e (PEC-G) e de Pós-Graduação (PEC- serviços aéreos. PG). A RDC detém a quarta maior parcela individual de estudantes No dia 1º de setembro, o Ministro beneficiados no âmbito do programa realizará visita oficial a Cabo Verde, PEC-G. Em 2014, o intercâmbio ocasião em que será realizada a III comercial entre o Brasil e a RDC Reunião do Mecanismo de Consultas atingiu US$ 56,2 milhões. Desde 2012, Políticas, criado em 2008. Além da o intercâmbio bilateral tem registrado reunião com o Chanceler Jorge superávits para o Brasil. Tolentino, o Ministro será recebido pelo Presidente Jorge Carlos Fonseca, No dia 30, em Goma, o Ministro pelo Primeiro-Ministro José Maria manterá reunião de trabalho com o Pereira Neves e pelo Presidente da Representante Especial do Secretário- Assembleia Nacional, Basílio Mosso Geral da ONU para a RDC e Chefe da Ramos. Missão de Estabilização da ONU na RDC (MONUSCO), Martin Kobler. O diálogo bilateral com Cabo Verde Também se avistará com o General desenvolve-se em várias frentes. O brasileiro Carlos Alberto Santos Cruz, país é um dos principais parceiros em que, desde maio de 2013, atua como projetos de cooperação brasileiros no Comandante da Força Militar da continente africano, bem como o MONUSCO. principal beneficiário do Programa de Estudantes–Convênio de Graduação Em Goma, o Brasil desenvolveu (PEC-G) – que, desde 2000, iniciativa de cooperação humanitária possibilitou o envio de quase três mil em parceria com a UNICEF e a estudantes cabo-verdianos para AMADE-Mondiale para a reinserção universidades brasileiras. Na área da social de crianças egressas de grupos defesa, desde 2013, está em atividade o armados. Núcleo de Missão Naval do Brasil em Cabo Verde, cujo objetivo é auxiliar a Em 31 de agosto, o Ministro Mauro formação de pessoal da Marinha cabo- Vieira realizará visita oficial ao verdiana. Cameroun. Na ocasião, manterá encontro de trabalho com seu 217 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Em 2014, o intercâmbio comercial passagem da tempestade tropical bilateral foi de US$ 21,35 milhões, dos "Erika" por Dominica, em 27 de quais US$ 21,27 milhões de agosto. exportações brasileiras. O Brasil transmite suas condolências e No dia 2 de setembro, o Ministro sua solidariedade ao povo e ao Mauro Vieira irá ao Senegal. Na Governo de Dominica. oportunidade, manterá encontro com seu homólogo senegalês, Mankeur Pelas informações disponíveis até o Ndiaye, e cumprirá agenda de momento, coletas pela Embaixada do compromissos, que inclui audiências Brasil em Dominica, não há brasileiros com o Presidente Macky Sall e com o afetados pela tormenta. Primeiro-Ministro Mohamed Ben Abdallah Dionne.

O Ministro Mauro Vieira e o Ministro NOTA DA PRESIDÊNCIA DA Mankeur Ndiaye abrirão, na mesma data, encontro entre empresários REPÚBLICA – PRESIDENTA brasileiros e senegaleses. Em 2014, o DILMA ROUSSEFF LAMENTA comércio bilateral com o Senegal FALECIMENTO DO GENERAL totalizou US$ 102,1 milhões, com JOSÉ LUIZ JABORANDY superávit brasileiro de US$ 90 milhões. Brasil e Senegal têm amplas JÚNIOR 31/08/2015 perspectivas de aprofundamento da cooperação em áreas tão diversas como educação, energia, segurança alimentar, transporte aéreo e temas Presidenta Dilma Rousseff lamenta sociais. falecimento do General José Luiz Jaborandy Júnior Entre 2002 e 2014, o intercâmbio comercial entre o Brasil e a África Foi com grande tristeza que recebi a mais do que quintuplicou, passando de notícia do falecimento do General José US$ 5,04 bilhões para US$ 26,76 Luiz Jaborandy Júnior. No comando bilhões. militar da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) desde março de 2014, o General Jaborandy contribuiu com sua PASSAGEM DA TEMPESTADE dedicação, profissionalismo e espírito TROPICAL “ERIKA” POR de liderança para os esforços de DOMINICA 30/08/2015 preservação da paz e da segurança na nação-irmã do Haiti. O País perde um grande brasileiro. Transmito minhas condolências aos familiares e amigos do General Jaborandy. O Governo brasileiro tomou conhecimento, com pesar, das perdas humanas e materiais provocadas pela

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 218

Dilma Rousseff agenda internacional, como meio Presidenta da República Federativa ambiente e mudança do clima, do Brasil cooperação agrícola no âmbito da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), desenvolvimento sustentável, ESTABELECIMENTO DE segurança energética e desarmamento. Em junho deste ano, o Brasil apoiou a RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS entrada das Ilhas Cook na Organização COM AS ILHAS COOK Internacional do Trabalho. Estabelecer 01/09/2015 um diálogo direto com as Ilhas Cook propiciará colaboração mais estreita nesses campos e permitirá abrir novas frentes de cooperação. Em 21 de agosto último, foram estabelecidas as relações diplomáticas entre a República Federativa do Brasil e as Ilhas Cook, em cerimônia “COMUNICADO CONJUNTO realizada na Embaixada do Brasil em SOBRE O ESTABELECIMENTO DE Wellington, Nova Zelândia, com o RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS Embaixador do Brasil naquela capital, ENTRE A REPÚBLICA Eduardo Gradilone, e o Primeiro- FEDERATIVA DO BRASIL E AS Ministro das Ilhas Cook, Henry Puna, ILHAS COOK ocasião em que assinaram Comunicado Conjunto, abaixo reproduzido. A República Federativa do Brasil e as Ilhas Cook, Caberá ao Embaixador em Wellington representar o Brasil junto ao governo Imbuídas do desejo de promover suas das Ilhas Cook de forma cumulativa. relações de amizade e cooperação nos âmbitos político, econômico, cultural, As Ilhas Cook são uma democracia humanitário e em outros campos, representativa de sistema parlamentar, que se associaram à Nova Zelândia. Convencidas de que o estabelecimento Nesse regime de livre associação, a de relações diplomáticas corresponde Nova Zelândia mantém a aos interesses mútuos dos dois Estados responsabilidade primária sobre a e contribuirá para a consolidação de condução de determinados temas, sua cooperação e da paz internacional, como defesa e relações exteriores, sempre em consulta com o governo do Decidiram estabelecer relações arquipélago. As Ilhas Cook mantêm diplomáticas nesta data, de acordo com relações diplomáticas com vários os princípios de respeito mútuo a Estados e são membros de diversas soberania e a integridade territorial, organizações internacionais. não-agressão, não-interferência nos assuntos internos da outra parte, Brasil e Ilhas Cook compartilham igualdade e benefício mútuo, e posições sobre importantes temas da coexistência pacífica. 219 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Feito na cidade de Wellington, Nova unidade da região e à solução pacífica Zelândia, em 21 de agosto de 2015, em e negociada de controvérsias. dois exemplares originais e idênticos, nos idiomas português e inglês.” O Ministro Mauro Vieira entregou à Ministra Holguín carta da Presidenta Dilma Rousseff dirigida ao Presidente Juan Manuel Santos.

VISITA DOS MINISTROS DAS RELAÇÕES EXTERIORES DO BRASIL E DA ARGENTINA À ATENTADOS NO CAMEROUN COLÔMBIA – BOGOTÁ, 4 DE 04/09/2015 SETEMBRO DE 2015 04/09/2015 O Governo brasileiro condena veementemente os atentados terroristas Por orientação da Presidenta Dilma que mataram dezenove pessoas e Rousseff e da Presidenta Cristina deixaram dezenas de feridos na cidade Fernández de Kirchner, o Ministro das de Kerawa, no norte do Cameroun. Ao Relações Exteriores, Embaixador mesmo tempo em que transmite suas Mauro Vieira, e o Ministro das condolências às famílias das vítimas, o Relações Exteriores e Culto da Brasil reitera seu repúdio a qualquer Argentina, Héctor Timerman, viajaram forma de terrorismo. a Bogotá, para manter reunião com a Ministra das Relações Exteriores da Colômbia, María Ángela Holguín. O objetivo do encontro foi promover o COMUNICADO CONJUNTO diálogo entre a Colômbia e a ARGENTINA, BRASIL E Venezuela. Os dois Chanceleres VENEZUELA – CARACAS, 5 DE buscam contribuir para a solução dos problemas humanitários e econômicos SETEMBRO DE 2015 na fronteira entre aqueles países.

Os dois Chanceleres viajam em seguida a Caracas para se reunir com a O Senhor Vice-Presidente Executivo Chanceler da Venezuela, Delcy da República Bolivariana da Rodríguez, com os mesmos objetivos Venezuela, Senhor Jorge Arreaza, que motivaram a visita à Ministra das recebeu os Chanceleres do Brasil, Relações Exteriores da Colômbia. Mauro Vieira, e da Argentina, Héctor Timerman, que foram enviados pelas Os Ministros Mauro Vieira e Héctor Presidentas Dilma Rousseff e Cristina Timerman buscam promover e Fernández de Kirchner, com o objetivo aprofundar o diálogo entre as partes, de conhecer mais de perto a situação dada a importância que conferem à na fronteira entre Colômbia e Venezuela e expressar sua disposição de promover um diálogo entre esses

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 220 dois países. Os dois Chanceleres O Embaixador Carlos Alfonso Iglesias buscam contribuir para a solução dos Puente também recebeu agrément da problemas humanitários e econômicos República das Seicheles e da União de na fronteira. Comores, junto às quais exercerá o cargo de Embaixador cumulativo, não Ademais, informaram ao Senhor Vice- residente. Presidente Executivo sobre a viagem realizada em 4 de setembro a Bogotá, De acordo com a Constituição, essa onde se reuniram com a Chanceler da designação ainda deverá ser submetida República da Colômbia, María Ángela à apreciação do Senado Federal. Holguín, com o mesmo objetivo que tiveram na visita à República VISITA DO MINISTRO DAS Bolivariana da Venezuela. RELAÇÕES EXTERIORES, Os Ministros Mauro Vieira e Héctor MAURO VIEIRA, AO IRÃ E AO Timerman buscam promover e LÍBANO – 13 A 16 DE aprofundar o diálogo entre as partes, SETEMBRO DE 2015 11/09/2015 dada a importância que conferem à unidade da região e à solução pacífica e negociada das controvérsias. O Ministro das Relações Exteriores, No dia de hoje, convidados pelo Embaixador Mauro Vieira, realizará Presidente Nicolás Maduro e pela visita ao Irã e ao Líbano no período de Chanceler Delcy Rodríguez, os 13 a 16 de setembro. Chanceleres viajam à Jamaica para continuar com o tratamento do tema. Em Teerã, nos dias 13 e 14, o Ministro será recebido em audiência pelo Presidente Hassan Rouhani e manterá encontros com o Ministro dos CONCESSÃO DE AGRÉMENT Negócios Estrangeiros, Mohammad AO EMBAIXADOR DO BRASIL Javad Zarif, e com o Secretário do NA TANZÂNIA, EM Supremo Conselho Nacional de SEYCHELLES E EM COMORES Segurança, Contra-Almirante Ali 08/09/2015 Shamkhani.

Nos encontros voltados para a ampliação do diálogo político e O Governo brasileiro tem a satisfação diversificação da cooperação e do de informar que o Governo da intercâmbio bilaterais, serão discutidos República Unida da Tanzânia os principais temas da agenda concedeu agrément a Carlos Alfonso internacional, tais como paz e Iglesias Puente como Embaixador segurança, desarmamento e não- Extraordinário e Plenipotenciário do proliferação, e a situação no Oriente Brasil naquele país. Médio.

221 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

O comércio entre o Brasil e o Irã, de setembro resgatou 220 imigrantes à superavitário para o Brasil, vinha deriva no mar Mediterrâneo. logrando aumentos progressivos até 2011/2012, tendo ultrapassado US$ 2 Desde 2011, o Brasil comanda a FTM- bilhões, mas foi reduzido em quase UNIFIL e fornece o navio-capitânia 50% como resultado das sanções para a missão, dando importante internacionais impostas ao Irã. A contribuição à estabilidade da região. perspectiva de levantamento das Em seus encontros, o Ministro passará sanções abre oportunidades para a em revista com as autoridades locais a expansão do intercâmbio em setores agenda bilateral, com ênfase no como o agronegócio e de incremento do comércio e investimentos nas áreas de investimentos, na situação da hidroeletricidade, mineração e comunidade brasileira no país e na infraestrutura. troca de impressões sobre o quadro político e de segurança local e O Ministro Mauro Vieira explorará regional. com seus interlocutores as perspectivas de aprofundamento do diálogo bilateral Brasil e Líbano mantêm relações em direitos humanos e iniciativas de diplomáticas desde 1944. O Brasil cooperação em setores como abriga a maior comunidade de agricultura, energia, ciência e libaneses e descendentes no mundo, tecnologia, medicamentos e estimada entre 7 milhões e 10 milhões equipamentos hospitalares. de pessoas.

Nos dias 15 e 16 de setembro o VISITA DO VICE-PRESIDENTE Ministro realizará visita oficial ao DA REPÚBLICA À RÚSSIA – 14- Líbano. Em Beirute, manterá encontros 16 DE SETEMBRO DE 2015 com o Primeiro-Ministro, Tammam Salam, com o Presidente do 11/09/2015 Parlamento, Nabih Berri, e com o

Ministro dos Negócios Estrangeiros e Expatriados, Gebran Bassil. O Vice-Presidente Michel Temer realizará visita à Rússia entre os dias Na companhia do Ministro da Defesa, 14 e 16 de setembro de 2015, com , o Ministro Mauro vistas a presidir, junto ao Primeiro- Vieira visitará a Fragata União e a Ministro russo Dimitry Medvedev, a Corveta Barroso, esta recentemente VII Reunião da Comissão Brasileiro- incorporada à Força-Tarefa Marítima Russa de Alto Nível de Cooperação da UNIFIL (FTM-UNIFIL). O (CAN). A CAN, cuja co-presidência Ministro Mauro Vieira imporá, em compete estatutariamente ao Vice- nome da Presidenta da República, a Presidente do Brasil e ao Primeiro- Insígnia da Ordem do Rio Branco à Ministro russo, foi criada em 1997 e é Corveta Barroso, que no último dia 5 o principal mecanismo periódico de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 222 diálogo da parceria estratégica entre os Ministra polonesa, Ewa Kopacz. dois países. O Senhor Vice-Presidente se encontrará com o Presidente da Além da participação na VII CAN, o República, Andrzej Duda, e abrirá, na Senhor Vice-Presidente se encontrará, capital polonesa, seminário na capital russa, com autoridades empresarial que contará com a locais, inaugurará o pavilhão brasileiro participação de empreendedores dos na Feira “World Food Moscow” e dois países. encerrará o Fórum Empresarial Brasil- Rússia. Os Ministros de Estado que A corrente de comércio entre o Brasil e farão parte da delegação oficial a Polônia dobrou no período compreendido entre 2009 e 2014, participarão da reunião plenária da totalizando, no ano passado, 1,15 Comissão e manterão reuniões de bilhão de dólares. trabalho com seus homólogos russos para a discussão de temas da agenda bilateral em suas respectivas áreas de competência. Entre os temas a serem ACIDENTE NA GRANDE tratados nesses encontros constam: MESQUITA DE MECA pesca, aviação civil, defesa, turismo, 12/09/2015 agricultura, transportes, energia, infraestrutura e logística e desenvolvimento industrial. O Governo brasileiro manifesta sua A Rússia é o maior parceiro comercial profunda consternação pelo acidente que vitimou centenas de fiéis, entre do Brasil na Europa do Leste. A mortos e feridos, e causou extensa corrente de comércio entre os dois destruição na Grande Mesquita de países cresceu 58% entre 2009 e 2014, Meca. atingindo, no ano passado, cerca de 6,8 bilhões de dólares. Nesse momento de luto e dor, o Governo brasileiro manifesta suas sinceras condolências aos familiares das vítimas e empenha sua VISITA DO VICE-PRESIDENTE solidariedade ao Governo do Reino da Arábia Saudita. DA REPÚBLICA À POLÔNIA – 16-17 DE SETEMBRO DE 2015 A Embaixada do Brasil em Riade está 11/09/2015 acompanhando a situação. Não há notícia de cidadãos brasileiros entre as O Vice-Presidente Michel Temer vítimas. realizará visita à Polônia nos dias 17 e 18 de setembro de 2015. Em Varsóvia, manterá reunião com a Primeira- 223 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ASSALTO AO PALÁCIO O Brasil permanece pronto a dar sua PRESIDENCIAL EM contribuição para esse esforço conjunto, seja na condução dos UAGADUGU 16/09/2015 entendimentos, seja na implementação das decisões, sempre e quando as

partes diretamente envolvidas assim o desejarem. O Governo brasileiro manifesta preocupação pela tomada do Palácio TERREMOTO NO CHILE Presidencial de Kosyam, em Uagadugu, Burkina Faso, no dia de 17/09/2015 hoje, e pela manutenção de altos dirigentes do Governo de Transição como reféns. O Governo brasileiro tomou O Governo brasileiro expressa seu conhecimento com grande pesar das apoio aos esforços em favor da mortes e perdas materiais provocadas tempestiva libertação dos reféns e do pelo terremoto de 8,4 graus na escala imediato retorno à normalidade Richter que atingiu o Chile no dia 16 democrática naquele país. de setembro.

O Brasil transmite suas condolências e solidariedade aos familiares das ANÚNCIO DE REUNIÃO vítimas, ao povo e ao Governo do Chile. COLÔMBIA-VENEZUELA 17/09/2015 Segundo o Consulado-Geral do Brasil em Santiago, que acompanha de perto O Governo brasileiro saúda o anúncio a situação, não há, até o momento, de que os Presidentes da Colômbia, notícia de cidadãos brasileiros entre as Juan Manuel Santos, e da Venezuela, vítimas. Nicolás Maduro, se reunirão em Quito, na próxima segunda-feira, sob os CERIMÔNIA DE ASSINATURA auspícios do Equador e do Uruguai, DE ATOS ENTRE BRASIL E para discutir a situação na fronteira entre os dois países. MONGÓLIA – BRASÍLIA, 21 DE SETEMBRO DE 2015 O Governo brasileiro, que se 21/09/2015 mobilizou em favor desse diálogo desde o início, preocupa-se em especial com a dimensão humanitária Em cerimônia no Palácio Itamaraty, da questão e entende que o âmbito em 21 de setembro de 2015, o Ministro bilateral, favorecido pelas duas partes, é o mais adequado para negociações das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que possam conduzir a uma solução e a Embaixadora da Mongólia em rápida e duradoura para o problema. Brasília, Sosormaa Chuluunbaatar,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 224 assinaram três atos bilaterais: Acordo Brasília sua primeira embaixada de Cooperação Educacional; residente na América do Sul, como Entendimento Recíproco por Troca de parte de sua estratégia de ampliar Notas para Isenção de Vistos de Curta relações com países de outras regiões. Duração; e Memorando de

Entendimento sobre cooperação entre academias diplomáticas. CONCESSÃO DE AGRÉMENT AO EMBAIXADOR DO BRASIL O Acordo de Cooperação Educacional NO MARROCOS 21/09/2015 permitirá que estudantes daquele país participem dos Programas de O Governo brasileiro tem a satisfação Estudantes Convênio de Graduação e de informar que o Governo do Reino de Pós-Graduação (PEC-G e PEC-PG), do Marrocos concedeu agrément a que oferecem oportunidades de José Humberto de Brito Cruz como formação superior a cidadãos de países Embaixador Extraordinário e em desenvolvimento com os quais o Plenipotenciário do Brasil. De acordo Brasil mantém acordos educacionais e com a Constituição, essa designação culturais. ainda deverá ser submetida à apreciação do Senado Federal. O Entendimento Recíproco por Troca de Notas para Isenção de Vistos de Curta Duração prevê a isenção de vistos para fins de turismo e negócios, VISITA DO MINISTRO MAURO para períodos de permanência de até VIEIRA AO PARAGUAI – 90 dias, prorrogáveis por igual ASSUNÇÃO, 22 DE SETEMBRO período. DE 2015 21/09/2015 O Memorando de Entendimento sobre O Ministro das Relações Exteriores, cooperação entre academias Embaixador Mauro Vieira, diplomáticas possibilitará, entre outras acompanhado do Ministro do atividades, treinamento de diplomatas, Desenvolvimento, Indústria e organização de eventos conjuntos, e Comércio Exterior, Armando intercâmbio de acadêmicos e de Monteiro, realiza, nos dias 21 e 22 de publicações entre o Instituto Rio setembro de 2015, viagem a Assunção, Branco e a Academia Diplomática da para participar de reunião ministerial Mongólia. do MERCOSUL.

Brasil e Mongólia estabeleceram O encontro tem por finalidade discutir relações diplomáticas em 1987. Em a estratégia do bloco na atual etapa das junho de 2014, a Mongólia instalou em 225 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

negociações com a União Europeia, como a cooperação em ciência, tendo em vista a realização de reunião tecnologia e inovação, em educação entre os negociadores do MERCOSUL profissionalizante e em energia. Foram e da UE, prevista para os dias 1º e 2 de tratadas, igualmente, questões do outubro, também em Assunção. interesse do empresariado dos dois países. Os Ministros do MERCOSUL e da UE, reunidos em Bruxelas, no último A reunião ocorreu paralelamente ao dia 11 de junho, definiram o objetivo 33º Encontro Econômico Brasil- de trocar ofertas de acesso a mercados Alemanha (20-22 de setembro), evento no último trimestre deste ano, com anual, sediado alternadamente pelos vistas a seguir avançando nas dois países e organizado, de forma negociações de um acordo bi-regional. conjunta, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação da Indústria Alemã (BDI), com 42ª REUNIÃO DA COMISSÃO participação de representantes dos setores governamental e privado. MISTA BRASIL-ALEMANHA DE COOPERAÇÃO A reunião da Comissão Mista ECONÔMICA – JOINVILLE, 22 aconteceu pouco mais de um mês DE SETEMBRO DE 2015 depois das Consultas 22/09/2015 Intergovernamentais de Alto Nível Brasil-Alemanha, efetivadas em agosto No dia 22 de setembro, realizou-se em último, quando esteve no Brasil a Joinville, Santa Catarina, a 42ª Chanceler Angela Merkel. Permitiu, Reunião da Comissão Mista Brasil- assim, repassar alguns dos resultados Alemanha de Cooperação Econômica. das Consultas e discutir os meios A reunião foi presidida pelo adotados ou a adotar para a Secretário-Geral das Relações implementação de alguns dos acordos Exteriores, Embaixador Sérgio firmados naquela ocasião. Danese, e pelo Secretário de Estado do

Ministério Federal de Economia e Energia da Alemanha, Matthias ACIDENTE EM MECA Machnig, contando, do lado brasileiro, 24/09/2015 com a presença de representantes do MDIC, do MCTI, do MAPA, do MTE, O Governo brasileiro expressa seu da CNI, do SENAI, da EMBRAPII e profundo pesar pela tragédia que, no da ABAG. dia de hoje, vitimou centenas de fiéis durante as celebrações do Hajj, em A agenda do encontro incluiu temas Meca. prioritários do Governo brasileiro,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 226

O Governo brasileiro apresenta suas O êxito do processo de paz na sentidas condolências aos familiares Colômbia será uma vitória não apenas das vítimas, ao Governo e ao povo para o povo colombiano, mas para toda sauditas, e se solidariza com a grande a América do Sul, que se consolida Comunidade Islâmica em todo o como região de paz, de diálogo e de mundo. cooperação.

A Embaixada do Brasil em Riade, que acompanha de perto os VISITA DA PRESIDENTA acontecimentos, não tem registro até o DILMA ROUSSEFF A NOVA momento de vítimas de nacionalidade YORK POR OCASIÃO DA brasileira. CÚPULA DAS NAÇÕES UNIDSA SOBRE PROCESSO DE PAZ NA DESENVOLVIMENTO COLÔMBIA 24/09/2015 SUSTENTÁVEL2015 E DA 70ª ASSEMBLEIA GERAL DAS O Governo brasileiro congratula o NAÇÕES UNIDAS – NOVA povo e o Governo da Colômbia pelos YORK, 25 A 28 DE SETEMBRO resultados positivos alcançados no DE 2015 26/09/2015 âmbito das negociações do processo de paz, anunciados ontem, 23 de A Presidenta Dilma Rousseff encontra- setembro. se em Nova York, onde participa da O entendimento sobre “reparação a Cúpula das Nações Unidas sobre vítimas e justiça”, que se soma à série Desenvolvimento Sustentável 2015 e de acordos alcançados anteriormente, da abertura da 70ª Assembleia Geral demonstra uma vez mais a das Nações Unidas. determinação dos colombianos de Em 26 de setembro, a Presidenta alcançar a pacificação definitiva do participará da Cúpula do G-4 sobre a país. reforma do Conselho de Segurança da O Governo brasileiro saúda o papel ONU. O encontro também deverá decisivo desempenhado pelo Governo contar com a presença do Primeiro- de Cuba nas negociações e expressa Ministro da Índia, Narendra Modi, da sua grande satisfação com o anúncio Chanceler Federal da Alemanha, do compromisso das partes em assinar, Angela Merkel, e do Primeiro-Ministro dentro de seis meses, um acordo final, do Japão, Shinzo Abe. Será a primeira com vistas ao fim da violência e à vez que os Chefes de Estado e reconciliação nacional. Governo do grupo se reúnem em torno do tema desde setembro de 2004. O

227 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

evento deverá renovar o compromisso Na manhã do dia 28 de setembro, dos quatro países com a reforma do conforme a tradição estabelecida desde Conselho de Segurança por ocasião da 1949, a Presidenta Dilma Rousseff celebração dos setenta anos da ONU. proferirá o discurso de abertura do Debate Geral. Em 27 de setembro, a Presidenta Dilma Rousseff pronunciará discurso na sessão plenária da Cúpula das REUNIÃO DOS LÍDERES DOS Nações Unidas sobre Desenvolvimento PAÍSES DO G-4 – BRASIL, Sustentável. Para o Brasil, a Cúpula ALEMANHA, ÍNDIA E JAPÃO – guarda especial significado por SOBRE A REFORMA DO encerrar o ciclo de programas e ações emanados da Conferência Rio+20 CONSELHO DE SEGURANÇA (Conferência das Nações Unidas sobre DAS NAÇÕES UNIDAS – Desenvolvimento Sustentável). A COMUNICADO CONJUNTO Cúpula aprovará a Agenda 2030, que 26/09/2015 constitui mapa do caminho para a implementação do desenvolvimento sustentável durante os próximos 15 Nova York, 26 de setembro de 2015 anos. Em seu discurso, a Presidenta Em 26 de setembro de 2015, S.E. o deverá anunciar a contribuição do Senhor Narendra Modi, Primeiro- Brasil para o novo acordo do clima, a Ministro da Índia, convidou S. E. a ser adotado em Paris em dezembro deste ano. Senhora Dilma Rousseff, Presidente da República do Brasil, S. E. a Senhora A Agenda inclui os Objetivos de Angela Merkel, Chanceler Federal da Desenvolvimento Sustentável (ODS), Alemanha, e S.E. o Senhor Shinzo conjunto de ações voltado para a Abe, Primeiro Ministro do Japão, para superação da pobreza e da fome, a um encontro do G-4 em Nova York. inclusão social e o desenvolvimento Os líderes do G-4 ressaltaram que um econômico com proteção ambiental, Conselho de Segurança mais dando seguimento e ampliando os representativo, legítimo e eficaz é mais Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). necessário do que nunca para lidar com os conflitos e crises globais, que têm De 28 de setembro a 6 de outubro, será proliferado nos últimos anos. realizado o Debate Geral da 70ª Sessão Expressaram sua visão comum de que da Assembleia Geral das Nações isso pode ser alcançado se o órgão Unidas, cujo tema será "As Nações refletir a realidade da comunidade Unidas aos 70: o caminho adiante para internacional do século XXI, em que a paz, segurança e direitos humanos". mais Estados-membros têm capacidade

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 228 e disposição para assumir maiores membros em avançar em direção a responsabilidades em relação à negociações baseadas em texto. manutenção da paz e da segurança Saudaram, em particular, os esforços internacionais. envidados pelos Estados-membros do grupo africano, da CARICOM e do Nesse contexto, os líderes notaram grupo L.69. Apoiaram a representação com preocupação que não tem havido africana em ambas as categorias de progresso substantivo desde a Cúpula membros permanentes e não Mundial de 2005, na qual todos os permanentes do Conselho de Chefes de Estado e Governo apoiaram Segurança. Notaram, ainda, a por unanimidade uma reforma urgente importância da representação adequada do Conselho de Segurança como e contínua de Estados-membros elemento essencial do esforço mais pequenos e médios, inclusive dos amplo para reformar as Nações Pequenos Estados Insulares em Unidas. Enfatizaram que o processo Desenvolvimento (SIDS), em um em curso na ONU para promover a Conselho expandido e reformado. reforma do Conselho de Segurança deveria ser conduzido, dada a sua Os líderes enfatizaram que os países do urgência, em um cronograma G-4 são candidatos legítimos a determinado. membros permanentes em um Conselho expandido e reformado e Os líderes enalteceram a liderança apoiaram suas respectivas dinâmica do Presidente da 69ª candidaturas. Reafirmaram seu Assembleia Geral e os esforços do compromisso de continuar Facilitador das Negociações contribuindo para o cumprimento dos Intergovernamentais para mover o princípios e propósitos da Carta da processo em direção a negociações ONU. Comprometeram-se a trabalhar baseadas em texto. Saudaram a adoção em parceria com todos os Estados- por consenso da Decisão 69/560 da membros e a acelerar entendimentos, Assembleia Geral, que estabelece que com vistas a alcançar uma reforma o texto apresentado pelo Presidente da rápida e significativa do Conselho de 69ª Assembleia Geral, em sua carta Segurança. Expressaram determinação datada de 31 de julho de 2015, seja em redobrar seus esforços para usado como base para as negociações assegurar resultados concretos durante intergovernamentais. Comprometeram- a 70ª Sessão da Assembleia Geral. se a apoiar e cooperar com o Presidente da 70ª Assembleia Geral. Dilma Rousseff Presidente da República do Brasil Os líderes também notaram com Angela Merkel apreço os esforços dos Estados- Chanceler Federal da Alemanha 229 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Narendra Modi Segurança, com vistas a torná-lo mais Primeiro-Ministro da Índia representativo e eficiente. Shinzo Abe Os Ministros discutiram o estado atual Primeiro-Ministro do Japão da economia e das finanças mundiais.

Reconheceram a contribuição REUNIÃO DOS MINISTROS significativa dos países do BRICS para DAS RELAÇÕES EXTERIORES a economia global e expressaram plena DOS BRICS – NOVA YORK, 29 confiança em suas perspectivas DE SETEMBRO DE 2015 econômicas. Realçaram também a 29/09/2015 importância de ações decisivas e eficazes para acelerar o crescimento Nova York, 29 de setembro de 2015 global. Reiteraram a urgência de desobstruir a reforma do FMI como

uma medida para reforçar a Os Ministros das Relações Exteriores governança econômica global, dos BRICS realizaram sua reunião consistente com os interesses e regular em 29 de setembro de 2015, necessidades de países em em Nova York, à margem desta sessão desenvolvimento. anual da Assembleia Geral das Nações Os Ministros enfatizaram a Unidas, a qual marca o 70º Aniversário importância da cooperação econômica, da fundação das Nações Unidas e do financeira e comercial mais próxima, fim da Segunda Guerra Mundial. em particular por meio da coordenação Os Ministros prestaram suas de políticas, implementação tempestiva homenagens a todos aqueles que da Estratégia para uma Parceria lutaram contra o fascismo e Econômica do BRICS e pleno militarismo e pela liberdade das funcionamento do Novo Banco de nações. Desenvolvimento e de seu Centro Regional Africano. Os Ministros reiteraram sua intenção de contribuir para salvaguardar uma Os Ministros expressaram seu pleno ordem internacional justa e equitativa, apoio por um resultado exitoso para a baseada nos objetivos e princípios da COP 21 no fim deste ano. Clamaram Carta das Nações Unidas, conforme por um acordo abrangente, equilibrado assinalado na Declaração da Cúpula de e equitativo com força jurídica para o Ufá. Recordaram o Documento Final período pós-2020 e que esteja em da Cúpula Mundial de 2005. conformidade com os princípios e Reafirmaram a necessidade de uma dispositivos da Convenção da ONU reforma abrangente das Nações sobre Mudança do Clima, a ser Unidas, incluindo seu Conselho de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 230 alcançado por um processo negociador Os Ministros saudaram os esforços aberto, transparente e inclusivo. para a resolução de conflitos na África liderados pela África. Acreditam que a Os Ministros expressaram sua Força de Prontidão Africana e a preocupação com os continuados Capacidade Africana para Resposta conflitos em várias regiões, os quais Imediata a Crises que estão sendo comprometem a estabilidade e a operacionalizadas sob o marco da segurança, proporcionam terreno fértil Arquitetura Africana de Paz e para atividades terroristas e provocam Segurança têm significativo potencial ondas migratórias. para a manutenção da paz e da Os Ministros notaram que as estabilidade no continente africano. atividades terroristas de organizações Os Ministros reiteraram sua profunda extremistas que controlam grande parte preocupação com a situação na dos territórios da República do Iraque Ucrânia. Enfatizaram que não há e da República Árabe da Síria solução militar para o conflito e que o constituem uma ameaça direta não único caminho para a reconciliação é apenas para todos os países do Oriente por meio do diálogo político inclusivo. Médio, mas para toda a comunidade Os Ministros clamaram todas as partes internacional. a dar cumprimento a todos os Os Ministros reiteraram sua firme dispositivos dos Acordos de Minsk condenação do terrorismo em todas as adotados em fevereiro de 2015. suas formas e manifestações e Instaram todas as partes a observar o expressaram sua convicção de que uma cessar-fogo e torná-lo sustentável. abordagem abrangente é necessária As Partes discutiram as possibilidades para garantir um combate eficaz ao de apoio mútuo a suas iniciativas na terrorismo. 70ª sessão da Assembleia Geral da Os Ministros instaram por esforços ONU. concertados para combater o Os Ministros louvaram a Rússia por ter terrorismo assentados em uma base sediado a VII Cúpula do BRICS em legal internacional sólida, sob os Ufá e expressaram sua satisfação com auspícios da ONU. o progresso logrado na implementação Os Ministros enfatizaram a do Plano de Ação de Ufá. necessidade de continuar a apoiar o A Ministra das Relações Exteriores da processo de resolução política do Índia informou seus parceiros sobre os conflito na Síria com base no preparativos para a VIII Cúpula do Comunicado de Genebra de 30 de BRICS. junho de 2012.

231 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

MEMORANDO DE amplamente reconhecidas, e ENTENDIMENTO PARA O confirmando a importância de manter ESTABELECIMENTO DE consultas regulares em diferentes COOPERAÇÃO E CONSULTAS níveis sobre questões de interesse POLÍTICAS ENTRE O mútuo. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES Chegaram ao seguinte entendimento: EXTERIORES DO BRASIL E A LIGA DOS ESTADOS ÁRABES – NOVA YORK, 30 DE 1. Área política: 1.1. As Partes manterão consultas SETEMBRO DE 2015 periódicas a fim de debater 30/09/2015 perspectivas sobre questões O Ministério das Relações Exteriores internacionais, regionais e bilaterais de da República Federativa do Brasil interesse comum. 1.2. As consultas tratarão dos seguintes e temas: O Secretariado-Geral da Liga dos 1.2.1. Avaliação da relação entre as Estados Árabes, doravante Partes; denominados "as Partes"; 1.2.2. Troca de ideias sobre formas e Baseados no desejo comum de meios para fortalecer e expandir essa desenvolver cooperação mútua e relação; diálogo político entre si; 1.2.3. A troca de pontos de vista sobre Considerando que a promoção de questões das agendas regional e relações entre as Partes em diversas internacional, e a coordenação de áreas reforçará a manutenção da posições sob o arcabouço das Nações segurança e estabilidade regional e Unidas e de suas Agências internacional, assim como promoverá Especializadas, particularmente em o desenvolvimento; questões de manutenção da paz, Considerando, ainda, a acreditação do segurança internacional e Embaixador da República Federativa desenvolvimento. do Brasil no Egito junto à Liga dos 1.3. As consultas serão realizadas Estados Árabes; anualmente entre as Partes, e E afirmando seus interesses mútuos em alternadamente nas sedes do Ministério desenvolver relações de cooperação das Relações Exteriores da República sob o arcabouço da Carta das Nações Federativa do Brasil e do Secretariado- Unidas, da Carta da Liga dos Estados Geral da Liga dos Estados Árabes; Árabes e de normas internacionais

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 232

1.4. As Partes deverão acordar, por outras organizações internacionais e meios diplomáticos, com antecedência regionais. suficiente, o nível da representação, 4. Este Memorando de Entendimento data, local e agenda das consultas. pode ser emendado mediante acordo 2. Área econômica: entre as Partes.

2.1. Para a realização dos objetivos 5. Este Memorando entra em vigor na econômicos comuns, as Partes data de sua assinatura e permanecerá convocarão reuniões das câmaras de em vigor até que uma das Partes comércio, por parte da Liga dos notifique a outra por escrito, por canais Estados Árabes, reconhecidas pela diplomáticos, da sua intenção de União Geral de Câmaras de Comércio, denunciá-lo, não menos de seis meses Indústria e Agricultura dos Países antes da data em que sua terminação Árabes, e por parte da República será efetivada. Federativa do Brasil, entidades 6. Todas as controvérsias relativas à legalmente constituídas no Brasil, para interpretação ou à aplicação deste promover iniciativas necessárias para a Memorando deverão ser resolvidas por promoção do comércio, investimento e negociações diretas por meios turismo, além de realizar exposições diplomáticos. comerciais nos países árabes e no Brasil. Assinado em Nova Iorque, em de 2015, em dois originais, nos idiomas 2.2. O Secretariado-Geral facilitará português, árabe e inglês, sendo todos encontros entre os representantes do os textos igualmente autênticos. Em Governo da República Federativa do caso de qualquer divergência de Brasil e dos órgãos econômicos em interpretação, o texto em inglês deverá funcionamento dentro da estrutura da prevalecer. Liga dos Estados Árabes a fim de implementar cooperação na área identificada no artigo 2.1. ESTUDO SOBRE BIOCOMBUSTÍVEIS BRASIL- 3. Área cultural: UEMOA (UNIÃO ECONÔMICA 3.1. As Partes tomarão iniciativas E MONETÁRIA DO OESTE comuns no campo cultural, bem como AFRICANO) 01/10/2015 aprofundarão as iniciativas em vigor, particularmente no diálogo entre civilizações e culturas, por meio da Estudo de Viabilidade produzido como cooperação entre as Partes e com resultado de cooperação entre o Brasil e a União Econômica e Monetária do

233 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Oeste Africano (UEMOA) aponta que impactar a sustentabilidade e a produção de etanol com base na viabilidade da produção de bioenergia. cana-de-açúcar é a melhor e mais O estudo aponta, igualmente, competitiva opção para o oportunidades para investidores e desenvolvimento sustentável de exportadores brasileiros e para o biocombustíveis na África Ocidental. fortalecimento de uma cadeia Ainda segundo o estudo, o modelo produtiva nos países que decidirem ideal para a região permite combinar a desenvolver o setor de produção de etanol, açúcar e a geração biocombustíveis, com impactos elétrica em diferentes proporções de positivos não somente sobre a balança acordo com as prioridades e comercial e a matriz energética de cada necessidades locais. país, mas também sobre suas populações. O estudo foi realizado no âmbito do

Memorando de Entendimento na Área de Biocombustíveis entre Brasil e VISITA DE ESTADO DA UEMOA, assinado em 2007. É PRESIDENTA DA REPÚBLICA resultado de parceria entre o Ministério À COLÔMBIA – ADIAMENTO das Relações Exteriores e o BNDES 02/10/2015 para a realização de estudos na área de bioenergia, assinada em 2011. Seus resultados estão sendo entregues e Os Governos do Brasil e da Colômbia apresentados oficialmente pelo acordaram, por questões de agenda, Governo brasileiro hoje, 1º de outubro adiar para os dias 8 e 9 de outubro a de 2015, em Dacar, Senegal, durante visita de Estado da Presidenta Dilma evento sobre a futura Política de Rousseff a Bogotá, inicialmente Bioenergia da Comunidade Econômica prevista para os dias 4 e 5 de outubro. dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organizado pelo Centro para Energias Renováveis e Eficiência DESLIZAMENTO DE TERRA Energética da CEDEAO (ECREEE). NA GUATEMALA 05/10/2015 O estudo compreendeu o levantamento, nos territórios de O Governo brasileiro expressa seu Benim, Burkina Faso, Côte d´Ivoire, profundo pesar pelo deslizamento de Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e terra que, na última quinta-feira, dia 1º República Togolesa, das condições de de outubro, fez mais de 130 vítimas clima, de solo, sociais, ambientais, de fatais e deixou mais de 300 pessoas mercado, de infraestrutura, de marco desaparecidas no município de Santa legal, entre outras que possam Catarina Pinula, na Guatemala.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 234

Não há, até o momento, registro de emitidos com base na política cidadãos brasileiros entre as vítimas da humanitária do Governo brasileiro. tragédia. As atividades acordadas hoje em O Governo brasileiro transmite suas Genebra serão implantadas em caráter condolências e sua solidariedade aos piloto nas representações consulares familiares das vítimas, bem como ao brasileiras na Jordânia, Líbano e povo e ao Governo da Guatemala. Turquia. Seus resultados serão avaliados pelo Governo do Brasil e PARCERIA ENTRE BRASIL pelo ACNUR em março do ano que ACNUR PARA CONCESSÃO DE vem. VISTOS A PESSOAS O acordo de cooperação entre o Brasil AFETADAS PELO CONFLITO e o ACNUR é consequência da NA SÍRIA 05/10/2015 Resolução Normativa nº 20, editada

pelo CONARE no último dia 21 de O Secretário Nacional de Justiça e setembro, que prorrogou por mais dois Presidente do Comitê Nacional para os anos a Resolução Normativa nº 17. A Refugiados (CONARE), Beto norma facilita, desde 2013, a Vasconcelos, o Alto Comissário concessão de vistos especiais a pessoas Assistente para Proteção da Agência afetadas pelo conflito na Síria. A da ONU para Refugiados (ACNUR), medida permite que vítimas daquele Volker Türk, e a Representante conflito possam vir ao Brasil e solicitar Permanente do Brasil junto à ONU em refúgio com base na Lei 9474/1997 e Genebra, Embaixadora Regina nos acordos internacionais. Dunlop, assinaram nesta segunda-feira Segundo dados do Governo brasileiro, (5), em Genebra (Suíça), um 7.976 vistos foram emitidos com base documento de cooperação sobre o nessas resoluções. Entre os cerca de processo de concessão de vistos pelo 8.530 estrangeiros presentes no Brasil a pessoas afetadas pelo conflito território brasileiro reconhecidos como na Síria. refugiados pelo Governo do Brasil, os A cooperação prevê intercâmbio de sírios representam o maior grupo, com informação, conhecimento e 2.097 pessoas. experiência, além de atividades de treinamento e capacitação, compartilhamento de material geral e específico, e também de técnicas de entrevista e de identificação de potenciais candidatos aos vistos

235 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

CONCESSÃO DE AGRÉMENT Thelma Krug é considerada uma das AO EMBAIXADOR DO BRASIL maiores autoridades mundiais em EM CINGAPURA 06/10/2015 mudança do clima e florestas. Sua eleição representa reconhecimento por O Governo brasileiro tem a satisfação seu importante trabalho à frente da de informar que o Governo da Força-Tarefa sobre Inventários do República de Cingapura concedeu IPCC. agrément a Flávio Soares Damico como Embaixador Extraordinário e O Governo brasileiro felicita o Doutor Plenipotenciário do Brasil naquele Hoesung Lee (República da Coreia) país. por sua eleição à Presidência do Painel De acordo com a Constituição, essa e parabeniza também a Doutora Ko designação ainda deverá ser submetida Barrett (EUA) e o Doutor Youba à apreciação do Senado Federal. Sokona (Mali), eleitos para as outras duas vagas de Vice-Presidência. As Doutoras Krug e Barrett são as ELEIÇÃO DA DRA. THELMA primeiras mulheres a ocuparem a Vice- KRUG PARA VICE- Presidência do IPCC. PRESITENTE DO PAINEL O Governo brasileiro reafirma seu INTERGOVERNAMENTAL apoio ao trabalho do IPCC. A SOBRE MUDAMÇA DO CLIMA participação brasileira no Painel tem (IPCC) 07/10/2015 contribuído para impulsionar a pesquisa no País e ampliar o O Governo brasileiro recebeu com entendimento científico sobre o grande satisfação a notícia da eleição fenômeno da mudança do clima, com da Doutora Thelma Krug para o cargo particular atenção à produção científica de Vice-Presidente do Painel dos países em desenvolvimento. Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês), O IPCC é o principal órgão ocorrida hoje, durante a 42ª Sessão intergovernamental para avaliação Plenária daquele Painel, em Dubrovnik científica da mudança do clima. Criado (Croácia). A cientista brasileira em 1988, sob os auspícios das Nações integrará a Mesa Diretora responsável Unidas, revisa e avalia as mais pela elaboração do próximo Relatório recentes informações científicas, de Avaliação do Painel. técnicas e sócio-econômicas para a Doutora em Estatística Espacial, compreensão da mudança do clima e Sensoriamento Remoto e Meteorologia seus impactos. Milhares de cientistas, e pesquisadora-sênior do Instituto brasileiros e estrangeiros, contribuem Nacional de Pesquisas Espaciais, voluntariamente para seus trabalhos, que oferecem informações

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 236 fundamentais para a formulação de setores petrolífero, bancário, de políticas públicas. construção civil e siderúrgico. Entre os investimentos provenientes do país vizinho, destaca-se a presença VISITA DE ESTADO DA marcante de capitais colombianos no PRESIDENTA DILMA setor de energia. ROUSSEFF À COLÔMBIA –

BOGOTÁ, 9 DE OUTUBRO DE 2015 08/10/2015

A Presidenta Dilma Rousseff realizará PRÊMIO NOBEL DA PAZ AO visita de Estado à Colômbia no dia 9 QUARTETO DO DIÁLOGO de outubro de 2015. Na ocasião, terá NACIONAL TUNISIANO encontro de trabalho com o Presidente 09/10/2015 Juan Manuel Santos, visitará o Congresso e a Suprema Corte O governo brasileiro recebeu com colombianos. Participará, ademais, do grande satisfação o anúncio da encerramento do Seminário concessão do Prêmio Nobel da Paz de Empresarial Brasil-Colômbia, que 2015 ao Quarteto do Diálogo Nacional reunirá empresários e representantes Tunisiano, formado pela União Geral dos setores produtivos dos dois países. dos Trabalhadores da Tunísia (UGTT), pela União Tunisiana da Indústria, do Os Presidentes examinarão temas das Comércio e do Artesanato (UTICA), agendas bilateral e regional, bem como pela Ordem Nacional dos Advogados avaliarão formas de incrementar e da Tunísia (ONAT) e pela Liga diversificar o intercâmbio comercial Tunisiana dos Direitos Humanos entre os dois países. Presidirão também (LTDH). cerimônia de assinatura de acordos em diversas áreas, como facilitação de O diálogo nacional promovido por investimentos, comércio automotivo, essas quatro entidades da sociedade agricultura e segurança alimentar, civil foi decisivo para a superação das educação e pesquisa científica. diferenças entre Governo e oposição ao longo do bem sucedido processo de Brasil e Colômbia estão entre as transição tunisiano. Os esforços de maiores economias sul-americanas. A mediação do Quarteto, sua capacidade corrente de comércio bilateral totalizou de construir consensos e seu US$ 4,1 bilhões em 2014, registrando incansável empenho para manter crescimento de 165% desde 2005. O abertos os canais de dialogo foram panorama dos investimentos fundamentais para a adoção da nova apresentou expressivo crescimento Constituição da Tunísia, em janeiro de entre 2010 e 2014, com destaque nos 237 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

2014, e a realização, entre outubro e pela incolumidade física da população dezembro de 2014, de eleições gerais, palestina sob sua ocupação, nos termos livres e transparentes que permitiram do direito internacional e das ao país completar de maneira exemplar resoluções das Nações Unidas. sua transição democrática. Somente a solução de dois Estados, O Governo brasileiro felicita o Palestina e Israel, convivendo em paz e Governo e o povo da Tunísia e, muito segurança dentro de fronteiras especialmente, as entidades integrantes mutuamente acordadas e do Quarteto. O Prêmio Nobel da Paz internacionalmente reconhecidas, representa não apenas merecido poderá trazer paz, estabilidade e reconhecimento do papel prosperidade de longo prazo à região. desempenhado pelo Quarteto na Por isso, o governo brasileiro condução do processo politico considera essencial que sejam tunisiano, mas também uma vitória retomadas prontamente negociações de para aqueles que, em todo o mundo, boa-fé, com base nos parâmetros defendem os valores do diálogo, da estabelecidos pelo Direito tolerância e da democracia. Internacional, que conduzam o mais rapidamente possível a um acordo de SITUAÇÃO NA PALESTINA E paz. EM ISRAEL 09/10/2015

O Brasil acompanha com preocupação EXPLOSÕES NA TURQUIA a escalada de violência contra civis em 10/10/2015 Israel e na Palestina. Nada justifica ataques contra civis, particularmente se O Governo brasileiro manifesta sua inspirados por ódios e preconceitos de profunda consternação pelas explosões qualquer natureza. O Governo que vitimaram dezenas de pessoas em brasileiro conclama as autoridades Ancara, Turquia, que participavam de israelenses e palestinas a coibir a atual manifestação pacífica e democrática. escalada de tensões e processar os responsáveis, dentro do respeito aos Ao mesmo tempo em que transmite direitos humanos. Insiste na suas sinceras condolências aos necessidade de que ambas as partes se familiares das vítimas e empenha sua abstenham de atos de retaliação e de solidariedade ao povo turco e ao declarações de retórica inflamada que Governo do país, o Brasil reitera seu possam prejudicar ainda mais a firme repúdio a qualquer forma de situação. O Governo brasileiro exorta terrorismo. Israel a cumprir seus deveres de velar

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 238

A Embaixada do Brasil em Ancara está Brasil-Suécia e da abertura do Fórum acompanhando a situação. Empresarial Brasil-Suécia.

A visita à Suécia tem como objetivo POSSE DO NOVO GOVERNO dinamizar as relações bilaterais, por DA GUINÉ-BISSAU 15/10/2015 meio da adoção do Novo Plano de Ação da Parceria Estratégica. A O Governo brasileiro transmite ao decisão do Brasil de comprar caças Governo da Guiné-Bissau os Gripen NG, no contexto do Programa cumprimentos pela posse do novo FX-2, abriu uma nova fase da Parceria Gabinete do Primeiro-Ministro Carlos Estratégica, com perspectivas muito Correia. positivas de incremento dos fluxos recíprocos de comércio e O Governo brasileiro saúda, investimentos e da cooperação em igualmente, os esforços para a defesa, ciência, tecnologia e inovação promoção do desenvolvimento social e e educação. A Presidenta da República econômico da Guiné-Bissau, tanto por e o Primeiro-Ministro Löfven também meio de iniciativas bilaterais, quanto tratarão da cooperação em energias em ações conjuntas com organismos renováveis, meio ambiente e cultura, regionais e multilaterais. assim como trocarão impressões sobre temas regionais e globais, como as negociações MERCOSUL-União VIAGEM DA PRESIDENTA DA Europeia, mudança do clima e a REPÚBLICA À SUÉCIA E À Agenda do Desenvolvimento FINLANLÂNDIA – 18 A 20 DE Sustentável 2030. OUTUBRO DE 2015 16/10/2015 Mais de 200 empresas suecas operam no Brasil, muitas delas em setores A Presidenta Dilma Rousseff visitará a intensivos em tecnologia, gerando Suécia e a Finlândia nos dias 18 a 20 empregos para aproximadamente 70 de outubro. mil pessoas no País. Em 2014, o Na Suécia, no dia 18, a Presidenta intercâmbio comercial entre o Brasil e mantém encontro com o Rei Carlos a Suécia atingiu US$ 2,1 bilhões. XVI Gustavo. No dia 19, reúne-se com No dia 20, a Presidenta realiza visita à o Primeiro-Ministro Stefan Löfven e Finlândia, onde se encontrará, em visita as instalações de fábrica da Helsinque, com o Presidente Sauli empresa Saab, em Linköping. Também Niinistö e com o Primeiro-Ministro no dia 19, a Presidenta participa de Juha Sipilä. Também está previsto reunião do Conselho Empresarial

239 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

encontro da Presidenta com De acordo com a Constituição, essa empresários finlandeses. designação ainda deverá ser submetida à apreciação do Senado Federal. A visita tem como objetivo intensificar as relações bilaterais nas áreas de comércio e investimentos, energias CONTENCIOSO NA OMC renováveis, educação, ciência, ENTRE BRASIL E INDONÉSIA tecnologia e inovação. A multiplicação SOBRE MEDIDAS de parcerias no campo da educação RESTRITIVAS ÀS básica é particularmente promissora, à EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS luz da reconhecida experiência DE FRANGO – PEDIDO DE finlandesa. A Presidenta da República ESTABELECIMENTO DE e o Primeiro-Ministro Sipilä também PAINEL 16/10/2015 deverão tratar de temas regionais e globais, como as negociações O Governo brasileiro solicitou ao MERCOSUL-União Europeia e a Órgão de Solução de Controvérsias reforma do Conselho de Segurança da (OSC) da OMC estabelecimento de ONU. painel para examinar medidas restritivas impostas pela Indonésia à Cerca de 50 empresas finlandesas importação de carne de frango e atuam no Brasil, nas áreas de energia, produtos de frango provenientes do tecnologia marítima, telecomunicações Brasil, que têm mantido o mercado e papel e celulose. Geram fechado às exportações brasileiras. No aproximadamente 20 mil empregos no entendimento brasileiro, as medidas País. Em 2014, o intercâmbio questionadas estão em desacordo com comercial entre o Brasil e a Finlândia atingiu US$ 1 bilhão. dispositivos do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT 1994), do Acordo sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (Acordo SPS), do CONCESSÃO DE AGRÉMENT Acordo sobre Barreiras Técnicas ao AO EMBAIXADOR DO BRASIL Comércio (Acordo TBT) e do Acordo NA COREIA 16/10/2015 sobre Licenciamento à Importação. Desde 2009, o Governo brasileiro, em O Governo brasileiro tem a satisfação coordenação com o setor privado, tem de informar que o Governo da realizado tentativas de negociação com República de Coreia a Indonésia, não havendo, até o concedeu agrément a Luís Fernando de momento, indicação de uma solução Andrade Serra como Embaixador por essa via. Diante desse quadro, o Extraordinário e Plenipotenciário do Brasil solicitou consultas à Indonésia Brasil naquele país.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 240 no âmbito do mecanismo de solução de de Controvérsias, prevista para controvérsias, as quais tampouco realizar-se em novembro. permitiram equacionar as dificuldades A decisão brasileira de pedir o de acesso ao mercado daquele país. estabelecimento do painel foi O Brasil é o terceiro maior produtor e comunicada com anterioridade às o maior exportador de frangos do autoridades indonésias. mundo, e seus produtos são consumidos em 155 países em todos os continentes. O Brasil segue os mais NOVO PLANO DE AÇÃO DA rigorosos padrões sanitários em toda a sua cadeia produtiva, e a produção PERCERIA ESTRATÉGICA brasileira é reconhecida BRASIL-SUÉCIA – internacionalmente por sua sanidade e ESTOCOLMO, 19 DE OUTUBRO qualidade. O setor privado brasileiro DE 2015 19/10/2015 mantém grande interesse no mercado indonésio, cuja população é de mais de O Governo da República Federativa do 250 milhões de habitantes, e estima um Brasil e O Governo do Reino da potencial de exportação de ao menos Suécia, US$ 70 milhões. Considerando os sólidos laços de A expectativa brasileira é a de que o amizade entre o Brasil e a Suécia; contencioso permita eliminar os Reafirmando a importância que ambos entraves que impedem a exportação de os países atribuem aos princípios frangos à Indonésia, propiciando dessa democráticos, aos direitos humanos e forma maiores oportunidades de ao Estado de direito; negócios entre os dois países, o que reforçaria o relacionamento bilateral Sublinhando a sua disposição para agir em bases materiais mais sólidas. de forma coordenada com vistas a fortalecer o multilateralismo, a O pedido brasileiro será examinado na preservação da paz e da segurança próxima reunião do Órgão de Solução internacional, o desarmamento e a não- de Controvérsias, que se realizará em proliferação, a promoção do respeito 28 de outubro. Pelas regras da OMC, a pelos direitos humanos e a justiça Indonésia poderá objetar ao social, o desenvolvimento sustentável estabelecimento do painel nessa e a preservação do meio ambiente; reunião. Nesse caso, o painel será estabelecido, automaticamente, na Reafirmando o interesse em reunião seguinte do Órgão de Solução aprofundar a parceria estratégica bilateral, à luz do Plano de Ação da Parceria Estratégica adotado em 6 de 241 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

outubro de 2009, particularmente nos seguinte Novo Plano de Ação da domínios de comércio e investimentos; Parceria Estratégica Brasil-Suécia: defesa; ciência, tecnologia e inovação; I – Diálogo Político Regular energia sustentável; mudança do clima Brasil e Suécia reafirmam seu interesse e desenvolvimento sustentável; e mútuo em manter diálogo político intercâmbio cultural, em benefício das permanente e regular com vistas a sociedades brasileira e sueca; desenvolver e identificar Recordando o Acordo sobre oportunidades para cooperação mais Cooperação Econômica, Industrial e estreita, bem como ações conjuntas na Tecnológica, assinado em 3 de abril de arena internacional. A esse respeito, 1984; o Memorando de Entendimento ambos os lados expressaram seu sobre Cooperação na Área de compromisso com a continuação das Bioenergia, Incluindo consultas políticas bilaterais no âmbito Biocombustíveis, assinado em 11 de do Memorando de Entendimento sobre setembro de 2007; o Protocolo o Estabelecimento de um Mecanismo Adicional sobre Cooperação em Alta de Consultas Políticas, de 2009. Tecnologia Industrial Inovadora, II – Comércio e Investimentos assinado em 6 de outubro de 2009; o Brasil e Suécia renovam seu Memorando de Entendimento sobre o compromisso com a expansão e a Estabelecimento de um Mecanismo de diversificação do comércio bilateral, Consultas Políticas, assinado em 6 de com o aumento dos fluxos de outubro de 2009; o Memorando de investimentos e a intensificação do Entendimento para Parceria e Diálogo diálogo sobre temas econômicos e sobre Desenvolvimento Global, comerciais bilaterais e globais. assinado em 29 de agosto de 2012; o Memorando de Entendimento sobre Brasil e Suécia congratulam-se com os Cooperação em Proteção ao Meio bons resultados da reunião do Ambiente, Mudança do Clima e Conselho Empresarial realizada por Desenvolvimento Sustentável, ocasião da visita da Presidenta Dilma assinado em 18 de novembro de 2013; Rousseff à Suécia, em 19 de outubro o Acordo-Quadro sobre Cooperação de 2015, com participação de empresas em Matéria de Defesa, assinado em 3 privadas e públicas e instituições de abril de 2014; e o Acordo sobre governamentais. Ambos os países Troca e Proteção Mútua de Informação também manifestam satisfação com o Classificada, assinado em 3 de abril de sucesso do relançamento da Comissão 2014; Mista sobre Cooperação Econômica, Industrial e Tecnológica, cuja primeira Decidem intensificar ainda mais os reunião foi realizada em Brasília, em laços bilaterais por meio da adoção do 21 de maio de 2015. Ambos os lados

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 242 reconhecem a importância da Exteriores e da Defesa ("Diálogo realização regular de reuniões da 2+2"), de forma a intensificar a Comissão Mista e do Conselho compreensão mútua e o intercâmbio de Empresarial. pontos de vista sobre questões relacionadas à segurança internacional III – Cooperação em Matéria de nos níveis nacional, regional e global. Defesa Ambos os países decidiram agendar Brasil e Suécia reafirmam sua para o primeiro semestre de 2016 a satisfação com a cooperação bilateral primeira reunião do mecanismo de em matéria de defesa, muito diálogo político-estratégico, com a fortalecida pela parceria industrial e previsão de que os encontros tecnológica ora sendo estabelecida no subsequentes ocorram regularmente, âmbito do projeto Gripen NG. Ambos alternadamente em uma das os países reconhecem o potencial de respectivas capitais. expansão da cooperação nesse domínio e expressam seu compromisso com a IV – Cooperação em Ciência, identificação de novas iniciativas de Tecnologia, Inovação e Educação interesse mútuo. Ambos os países salientam as oportunidades trazidas pelo aumento O Grupo de Alto Nível em da cooperação em matéria de defesa Aeronáutica, estabelecido por ocasião para desenvolver mais ações conjuntas da Comissão Mista sobre Cooperação em ciência, tecnologia e inovação ao Econômica, Industrial e Tecnológica abrigo do Protocolo Adicional sobre realizada em Brasília em 21 de maio Cooperação em Alta Tecnologia de 2015, é sinal da ambição Industrial Inovadora, de 2009, e do compartilhada de aumentar ainda mais Acordo sobre Cooperação Econômica, a cooperação bilateral em aeronáutica Industrial e Tecnológica, de 1984. de modo a incluir projetos tanto civis Com vistas a estreitar laços e tratar de como militares. O Grupo de Alto Nível questões de interesse mútuo no campo em Aeronáutica manteve seu primeiro da inovação, Brasil e Suécia expressam encontro no âmbito da visita da seu compromisso com a convocação Presidenta Dilma Rousseff à Suécia, do Grupo de Trabalho estabelecido no em 19 de outubro de 2015. mencionado Protocolo Adicional. Para fortalecer ainda mais a parceria Ambos os lados reafirmam seu bilateral em defesa, os dois países interesse mútuo em reforçar a também decidiram estabelecer cooperação bilateral no campo da mecanismo de diálogo político- educação e em promover maior estratégico bilateral entre os intercâmbio de estudantes. A fim de respectivos Ministérios das Relações promover ainda mais iniciativas nessa 243 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

área, Brasil e Suécia concordaram em Ambiente, Mudança do Clima e assinar um Memorando de Desenvolvimento Sustentável, de Entendimento nos Domínios da 2013. Pesquisa e do Ensino Superior. Ambas as partes manifestam satisfação Ambos os lados reafirmam seu com a adoção da Agenda 2030 para o interesse mútuo em fortalecer a Desenvolvimento Sustentável e cooperação bilateral na área de reafirmam seu compromisso com a mineração sustentável. Com vistas a implementação dos Objetivos de promover iniciativas nessa matéria, Desenvolvimento Sustentável, Brasil e Suécia concordaram em iniciar salientando que o Grupo de Alto Nível negociações para a adoção de convocado pela Suécia, com a Memorando de Entendimento na Área participação do Brasil, terá papel de Mineração Sustentável. importante na sensibilização e na promoção de ações concretas para esse V – Energia Sustentável fim. Ambos os lados reiteram sua Ambos os países sublinham seu determinação para responder de forma compromisso com a exploração de decisiva ao desafio da mudança do possibilidades de cooperação nas áreas clima e colaborar para o sucesso da 21ª de energia sustentável com vistas a Conferência das Partes da Convenção- acelerar a transição para um futuro de Quadro das Nações Unidas sobre energias limpas. As áreas de Mudança do Clima (COP-21), com a colaboração são energias renováveis, adoção de acordo justo, ambicioso, incluindo biocombustíveis de segunda durável e abrangente no âmbito da geração, transmissão e distribuição de UNFCCC que mantenha o aumento da eletricidade, redes inteligentes e temperatura média global muito abaixo eficiência energética. de dois graus Celsius. Ambos os lados VI – Meio Ambiente, Mudança do também comprometeram-se a manter Clima e Desenvolvimento cooperação estreita no que tange à Sustentável implementação do acordo. Brasil e Suécia reafirmam, com VII – Cooperação em Previdência satisfação, sua cooperação bilateral nos Social campos de meio ambiente, mudança do Ambos os lados reafirmam seu clima e desenvolvimento sustentável e interesse mútuo em fortalecer a renovam seu compromisso com novas cooperação bilateral na área de ações nessas áreas. Ambos os países previdência social. Com vistas a concordaram em desenvolver um promover iniciativas nesse campo, Plano de Ação Conjunto ao abrigo do Brasil e Suécia manifestaram Memorando de Entendimento sobre concordância em iniciar negociações Cooperação em Proteção ao Meio

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 244 de Acordo na Área de Previdência notícia de cidadãos brasileiros entre as Social o mais rapidamente possível. vítimas.

VIII – Cooperação em Intercâmbio Cultural CAMPANHA “TURN THE Brasil e Suécia reafirmam seu interesse WORLD UM BLUE” 22/10/2015 em trabalhar com vistas a ampliar o intercâmbio cultural bilateral com base No contexto das comemorações do 70º na divulgação cultural mútua em aniversário da Organização das Nações diferentes áreas criativas, como a Unidas, acontecerá, em 24 de outubro, literatura. a campanha “Iluminando o mundo IX – Implementação com o azul da ONU” (em inglês, Turn Por ocasião das consultas políticas the World UN Blue), que consiste na regulares, Brasil e Suécia avaliarão os iluminação, com a cor oficial das progressos realizados na Nações Unidas, de importantes implementação deste Novo Plano de monumentos e construções dos Ação da Parceria Estratégica. Os dois Estados-membros, para celebrar o Dia países podem decidir estabelecer da ONU. Grupos de Trabalho adicionais para O Governo brasileiro participa da monitorar a implementação de áreas iniciativa. Serão iluminados, na noite específicas deste Novo Plano de Ação. do dia 24 de outubro, entre outros, os seguintes monumentos e construções: Estocolmo, 19 de outubro de 2015. – em Brasília: Palácio Itamaraty, Catedral e Templo da Boa Vontade; PASSAGEM DO TUFÃO KOPPU PELAS FILIPINAS 20/10/2015 – no Rio de Janeiro: Estádio do Maracanã, Cristo Redentor e Teatro O Governo brasileiro manifesta grande Municipal; pesar pelas mortes e pelos danos – em Salvador: Elevador Lacerda, materiais provocados pela passagem Farol da Barra e Estádio da Fonte do tufão Koppu nas Filipinas, no Nova; e último dia 18 de outubro, e transmite suas condolências e solidariedade aos – no Estado de São Paulo: Viaduto do familiares das vítimas, ao povo e ao Chá, Biblioteca Mário de Andrade, Governo da República das Filipinas. Ponte das Bandeiras, Estátua do Borba Gato, Monumento às Bandeiras, Segundo a Embaixada do Brasil em Palácio dos Bandeirantes, Secretarias Manila, que acompanha com atenção a do Estado, Memorial da América situação, não há, até o momento, Latina, Memorial da Resistência, 245 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Museu Afro-brasileiro, Museu Casa de O Brasil desempenha um papel ativo Portinari, Museu da Diversidade na ONU desde a sua fundação. O País Sexual, Museu da Língua Portuguesa, participa com destaque das discussões Museu de Arte Sacra, Museu do Café, sobre os principais temas da agenda Museu do Futebol, Museu Felícia internacional, entre eles Leirner, Museu Índia Vanuíre, Fundo desenvolvimento sustentável, direitos Social de Solidariedade e Parque da humanos, mudança do clima, paz e Água Branca. segurança, reforma da governança global. Não é coincidência que tenha O evento será compartilhado com os sido, juntamente com o Japão, o seguidores da ONU no Facebook, Estado-membro que mais vezes Instagram, Twitter, Flickr e outras ocupou um assento não-permanente no redes sociais por meio Conselho de Segurança. Também das hashtags #UNBlue, #UN70 e assume responsabilidades no terreno, #ONU70. como ilustra a atual participação Informações adicionais sobre a brasileira nas operações de paz da campanha e outras atividades alusivas ONU no Haiti, na República à celebração dos 70 anos da ONU Democrática do Congo e no Líbano. podem ser encontradas no endereço eletrônico www.un.org/un70. Em homenagem aos setenta anos das Nações Unidas, o Ministério das Relações Exteriores e a Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), em DIA DAS NAÇÕES UNIDAS parceria com o Sistema ONU no 23/10/2015 Brasil, realizarão, no próximo dia 29 de outubro, em Brasília, o lançamento Será comemorado amanhã o 70º do livro “O Brasil e as Nações Unidas: aniversário da Organização das Nações 70 anos”. Na ocasião, será inaugurada Unidas. Em 24 de outubro de 1945, ao mostra fotográfica sobre a presença final da Segunda Guerra Mundial, das Nações Unidas no Brasil e a entrava em vigor a Carta de São atuação histórica do País na Francisco, assinada por 51 membros Organização. fundadores, entre os quais o Brasil. Atualmente com 193 Estados- A ONU desempenha um papel membros, a ONU busca manter vivo o fundamental e se firmou como a ideal de um mundo mais pacífico e expressão mais legítima do próspero, no qual as diferenças são multilateralismo e da legalidade superadas preferencialmente por meio internacional. Interessa à comunidade do diálogo e do entendimento. internacional que a Organização seja forte e esteja cada vez mais em

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 246 sintonia com as realidades do século O Secretário-Geral da Comunidade do XXI, tão distintas daquelas de 1945. Caribe (CARICOM), Embaixador Só assim será capaz de exercer Irwin LaRocque, realizará visita oficial plenamente seu papel insubstituível a Brasília, em 26 de outubro de 2015, como instituição universal, voltada ocasião em que manterá reunião de para a promoção da paz, do trabalho com o Ministro das Relações desenvolvimento e da cooperação entre Exteriores, Embaixador Mauro Vieira. os países. O Embaixador Irwin LaRocque Esse aniversário oferece a também proferirá palestra sobre a oportunidade de recordar as CARICOM no Instituto Rio Branco. realizações passadas, que são muitas, A CARICOM, estabelecida em 1973 e avaliar equívocos e deficiências, que com sede em Georgetown (Guiana), são reais, e, sobretudo, discutir o objetiva promover a integração e o aperfeiçoamento da Organização, para desenvolvimento econômico de seus que possa fazer frente aos desafios membros. É integrada por 14 países: globais presentes e futuros. Nesse Antígua e Barbuda, Bahamas, sentido, a reforma do Conselho de Barbados, Belize, Dominica, Granada, Segurança é tarefa de especial Guiana, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, urgência. O Brasil, que orienta a sua São Cristóvão e Névis, São Vicente e ação externa pelo respeito ao Direito Granadinas, Suriname e Trinidad e Internacional e pela busca de soluções Tobago, além de Montserrat, que é pacíficas para controvérsias, segue domínio britânico. Também é profundamente comprometido com as composta pelos seguintes territórios obrigações que decorrem da Carta das membros associados: Anguilla, Nações Unidas e com os ideais que Bermuda, Ilhas Virgens Britânicas, inspiraram a sua adoção, setenta anos Ilhas Caiman e Ilhas Turks e Caicos. atrás. O intercâmbio comercial do Brasil

com os países da CARICOM foi, em VISITA AO BRASIL DO 2014, de US$ 3,7 bilhões, tendo mais SECRETÁRIO-GERAL DA que decuplicado com relação ao ano de COMUNIDADE DO CARIBE 2000. (CARICOM), EMBAIXADOR IRWIN LAROCQUE – BRASÍLIA, 26 DE OUTUBRO DE ELEIÇÕES NO HAITI 26/10/2015 2015 23/10/2015 O Governo brasileiro saúda o Governo e o povo haitianos pela bem sucedida

247 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

realização, em 25 de outubro, das Será realizada amanhã, em Brasília, a eleições legislativas, municipais e XVI Reunião de Cooperação Consular presidenciais, etapa fundamental do e Jurídica entre o Brasil e os Estados processo democrático e condição Unidos. A delegação brasileira será indispensável para o desenvolvimento, chefiada pelo Subsecretário-Geral das o fortalecimento institucional e a Comunidades Brasileiras no Exterior, preservação dos ganhos obtidos nos Embaixador Carlos Alberto Simas últimos anos no Haiti. Magalhães, e a comitiva norte- americana pela Secretária de Estado O Governo brasileiro felicita as Assistente para Assuntos Consulares autoridades haitianas, em particular a do Departamento de Estado, Polícia Nacional do Haiti e o Conselho Embaixadora Michele Thoren Bond. Eleitoral Provisório, pelos esforços para organizar o pleito e garantir a Durante a reunião, serão discutidos participação dos eleitores haitianos. assuntos de interesse da comunidade brasileira naquele país, além de temas O Governo brasileiro ressalta a relativos à cooperação entre os dois importante contribuição da Missão das países na área jurídica e consular. Será Nações Unidas para a Estabilização do igualmente abordado o programa Haiti (MINUSTAH) e de toda a "Global Entry". comunidade internacional ao processo eleitoral. Felicita, ainda, a Missão de A comunidade brasileira residente nos Observação Eleitoral da Organização EUA é estimada em mais de um dos Estados Americanos (OEA), milhão e trezentas mil pessoas, o que chefiada pelo Embaixador Celso representa entre 35 e 40% dos Amorim. nacionais que residem no exterior.

O Governo brasileiro reitera seu apoio ao Governo haitiano para a conclusão TERREMOTO NO exitosa do processo eleitoral em curso AFEGANISTÃO E NO e exorta todos os atores políticos a PAQUISTÃO 26/10/2015 aguardar pacificamente os resultados do pleito. O Governo brasileiro expressa seu pesar pelas mortes e pelos danos materiais provocados pelo terremoto XVI REUNIÃO DE ocorrido hoje no nordeste do COOPERAÇÃO CONSULAR E Afeganistão, próximo à fronteira com JURÍDICA BRASIL-ESTADOS o Paquistão, e transmite suas UNIDOS 26/10/2015 condolências e solidariedade aos familiares das vítimas, aos povos e aos

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 248

Governos da República Islâmica do A Argélia é o segundo maior parceiro Afeganistão e da República Islâmica comercial brasileiro na África e no do Paquistão. mundo árabe. Em 2014, o intercâmbio bilateral foi de US$ 4,07 bilhões. No A situação está sendo acompanhada de campo dos investimentos, os setores de perto pela Embaixada do Brasil em máquinas e equipamentos, Islamabad. Não há, até o momento, infraestrutura e logística, notícia de cidadãos brasileiros entre as processamento de alimentos e vítimas. produção de medicamentos mostram- se particularmente promissores para parcerias entre empresas brasileiras e VISITA DO MINISTRO DAS argelinas. O Brasil e a Argélia RELAÇÕES EXTERIORES À mantêm, igualmente, agenda ARGÉLIA – ARGEL, 28 DE diversificada de cooperação técnica, OUTUBRO DE 2015 27/10/2015 que inclui, entre outras, iniciativas bem-sucedidas nas áreas de saúde e de O Ministro das Relações Exteriores, formação profissional. Embaixador Mauro Vieira, realizará, no dia 28 de outubro de 2015, visita a Argel. VISITA DA DIRETORA EXECUTIVA DO INSTITUTO O Chanceler manterá encontro com o INTERNACIONAL DA LÍNGUA Ministro de Negócios Estrangeiros e PORTUGUESA AO BRASIL da Cooperação Internacional, Ramtane 27/10/2015 Lamamra, e será recebido pelo Presidente Abdelaziz Bouteflika e pelo A Diretora Executiva do Instituto Primeiro-Ministro Abdelmalek Sellal. Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a moçambicana Marisa Os dois chanceleres co-presidirão a I Mendonça, realiza visita oficial ao Reunião do Mecanismo de Diálogo Brasil, no período de 26 a 30 de Estratégico Brasil-Argélia. Na outubro, com vistas a estreitar os laços oportunidade, examinarão iniciativas com órgãos do governo e instituições para a ampliação e diversificação das brasileiras voltadas à difusão da língua relações bilaterais, assim como os portuguesa. principais temas da agenda regional e Em sua viagem, a Diretora do IILP se internacional, em especial a situação reunirá, em Brasília, com o Secretário- no Oriente Médio e no Norte da Geral do Itamaraty, Embaixador África. Sérgio França Danese, com o

Secretário Executivo do Ministério da 249 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, COMUNICADO CONJUNTO e com o Secretário Executivo do POR OCASIÃO DA VIAGEM À Ministério da Cultura (MinC), João ARGÈLIA DO MINISTRO DAS Caldeira Brant Monteiro de Castro nos RELAÇÕES EXTERIORES, dias 27 e 28 do corrente mês (terça e EMBAIXADOR MAURO VIEIRA quarta-feira). Sua agenda inclui, ainda, ARGEL, 28 DE OUTUBRO DE visitas à Universidade da Integração 2015 28/10/2015 Internacional da Lusofonia Afro- Brasileira (UNILAB), em Redenção- A convite do Ministro dos Negócios CE, no dia 26; à Academia Brasileira Estrangeiros e da Cooperação de Letras (ABL) e à Fundação Internacional da República Argelina Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Democrática e Popular, Embaixador no Rio de Janeiro, no dia 29; e ao Ramtane Lamamra, o Ministro das Museu da Língua Portuguesa e à Relações Exteriores da República Câmara Brasileira do Livro, em São Federativa do Brasil, Embaixador Paulo, no dia 30. Mauro Vieira, realizou, nos dias 27 e 28 de outubro de 2015, visita de O IILP é o órgão da CPLP destinado à trabalho à Argélia. coordenação de esforços entre os países-membros com vistas ao A visita inseriu-se no contexto do fortalecimento e à difusão da língua fortalecimento dos tradicionais laços portuguesa no mundo. Sediado na de amizade e de solidariedade entre a cidade da Praia, Cabo Verde, o IILP Argélia e o Brasil e representa uma tem desenvolvido projetos como o etapa importante no processo de Vocabulário Ortográfico Comum, base relançamento do diálogo político e da de dados online que reúne as diferentes concertação em torno de questões variantes da língua portuguesa, e o bilaterais, regionais e internacionais de Portal do Professor, compêndio de interesse comum, bem como no material didático de português como processo de fortalecimento da língua estrangeira. O Brasil participa cooperação bilateral. do IILP por meio da sua Comissão A visita constituiu, igualmente, Nacional (CNIILP), composta por oportunidade para realizar a I Sessão representantes do MinC, do MEC, do do Mecanismo bilateral de Diálogo MRE, da ABL e da UNILAB, além de Estratégico, criado durante a IV Sessão seis especialistas. O Professor Carlos da Comissão Bilateral Mista, ocorrida Faraco, ex-reitor da UFPR, é o em Brasília, em julho de 2010. Coordenador-Geral da CNIILP. O Chanceler brasileiro foi recebido em

audiência por Sua Excelência o Sr. Abdelaziz Bouteflika, Presidente da

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 250

República Argelina. Ele também foi Os dois Ministros discutiram, com recebido em audiência pelo Primeiro- particular interesse, o desenvolvimento Ministro argelino, Abdelmalek Sellal. da cooperação bilateral no domínio da energia, em um momento em que os O Ministro Mauro Vieira e o Ministro preços internacionais do petróleo Ramtane Lamamra mantiveram sofreram uma forte depreciação, a qual reunião de trabalho aprofundada, na vem afetando significativamente as qual trataram sobre o estado das economias dos países produtores. relações bilaterais e as perspectivas Sublinharam a importância da para seu fortalecimento, especialmente estabilidade do mercado petrolífero na por meio da implementação de preservação dos interesses dos países programas, projetos e iniciativas de produtores e dos países consumidores. parceria, mutuamente benéficos, em diversas áreas. Ao abordar as questões regionais e internacionais, os dois Ministros Ambos os Ministros reafirmaram, sublinharam, com satisfação, a nesse contexto, o compromisso de convergência de suas avaliações e trabalhar no sentido de fortalecer e visões sobre diversos temas de diversificar as relações econômicas interesse comum. Reiteraram, nesse bilaterais. Convieram que as contexto, a vontade comum de complementaridades e as fortalecer a cooperação e a potencialidades das economias de coordenação das posições brasileiras e ambos os países constituem ativos que argelinas em foros multilaterais merecem ser melhor explorados. A Argélia e o Brasil sublinharam a Convergiram, ademais, na necessidade importância que atribuem ao de fortalecer o arcabouço jurídico fortalecimento do papel das Nações existente e de incentivar o Unidas, por meio, sobretudo, da desenvolvimento da cooperação e do urgente reforma do seu Conselho de intercâmbio bilateral nos domínios da Segurança, com vistas à obtenção de energia, da saúde, do comércio, das um sistema mais justo, representativo e obras públicas, da agricultura, do equilibrado. desenvolvimento social, da pesquisa científica e da cooperação Ambos os Ministros reafirmaram a universitária. necessidade de prosseguir com os esforços internacionais voltados à luta Expressaram a importância de realizar contra o terrorismo e sublinharam o reuniões de seguimento setoriais, em papel fundamental da cooperação preparação para a próxima Sessão da regional e internacional nesse Comissão Bilateral Mista, em data a contexto, em particular a estratégia das ser estabelecida de comum acordo. 251 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Nações Unidas de combate e região de uma intervenção militar prevenção contra esse flagelo estrangeira de consequências transnacional. Expressaram, ademais, imprevisíveis. sua disposição de contribuir para os Saudaram, ademais, a iniciativa dos esforços internacionais voltados à países vizinhos da Líbia para chegar a prevenção e ao combate ao crime uma solução política para o conflito. organizado transnacional. Passando à questão do Saara Referindo-se aos conflitos regionais no Ocidental, os dois Ministros Norte de África e no Sahel, o reafirmaram seu apoio aos esforços do Chanceler brasileiro saudou o papel Secretário-Geral da ONU, Ban Ki- fundamental que desempenha a moon, e de seu Enviado Especial, Argélia como um ator regional de Christopher Ross, para alcançar relevo, tanto no âmbito da União solução política justa e duradoura, que Africana quanto por meio de suas preveja a autodeterminação do povo iniciativas mediação. Ressaltou, nesse saarauí, em conformidade com as contexto, que a Argélia é um parceiro resoluções pertinentes do Conselho de de grande importância para o Brasil, Segurança e da Assembleia Geral da tendo em vista o papel estabilizador ONU. que o país desempenha na esfera regional. Os dois Ministros reiteraram seu compromisso com a soberania, a Em relação à situação no Mali, o Brasil independência, a unidade e a congratulou os esforços de mediação integridade territorial da Síria, e internacional conduzidos sob os conclamaram todas as partes auspícios da Argélia, que resultaram na envolvidas no conflito a privilegiar o assinatura, em 15 de maio de 2015, do caminho do diálogo voltado a uma Acordo de Paz e Reconciliação no solução política para a crise. Mali, ao qual se juntaram todas as partes envolvidas, em 20 de junho de No que concerne à questão da 2015. Palestina, os dois Ministros reafirmaram a urgência de se alcançar Os dois Ministros instaram as partes uma solução justa e definitiva, com líbias a engajarem-se resolutamente e base nas resoluções da ONU. de boa fé no diálogo conduzido pelo Reiteraram seu apoio inabalável ao Representante Especial do Secretário- legítimo direito dos palestinos a um Geral da ONU para a Líbia, Estado viável, independente e Bernardino Leon, com vistas a chegar soberano. a uma solução política definitiva, que preserve a unidade, a integridade Ambos os Ministros saudaram, territorial e a estabilidade do país e da ademais, a conclusão do diálogo sobre

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 252 o programa nuclear do Irã, entre o P5 + do Sul-África (ASA), cujas próximas Alemanha e o Irã, o qual contribuiu reuniões de Cúpula estão previstas para que fosse alcançada solução para ocorrer, respectivamente, em abrangente, mutuamente aceitável e Riade, nos dias 10 e 11 de novembro duradoura, capaz de preservar a paz e a de 2015, e em Quito, em maio de estabilidade no Oriente Médio. 2016.

Ao tratar da próxima Conferência das O Ministro Vieira, por fim, exprimiu Nações Unidas sobre Mudança do ao Ministro Lamamra os seus sinceros Clima, a ser realizada em Paris, de 30 agradecimentos pela calorosa de novembro a 11 de dezembro de recepção, reservada a ele e a toda a 2015, os dois Ministros convergiram delegação que o acompanhou, durante quanto à urgência de obter-se resultado a sua estada na Argélia. que favoreça a promoção do O Ministro Mauro Vieira formulou desenvolvimento sustentável e a convite para que o Ministro Ramtane prevenção do aquecimento global e de Lamamra realize visita oficial ao catástrofes naturais. Brasil, em datas a serem fixadas de Os Ministros se congratularam com o comum acordo. O Ministro Lamamra entendimento alcançado, em Cuba, em aceitou com satisfação o convite. 23 de setembro de 2015, sobre reparação a vítimas e justiça, ponto crucial nas conversações entre o VISITA AO BRASIL DE SUAS Governo colombiano e as FARC. ALTEZAS IMPERIAIS DO Nesse contexto, saudaram o papel dos JAPÃO, PRÍNCEPE E PRINCESA países garantes, Cuba e Noruega, e o AKISHINO 28/10/2015 compromisso das partes em assinar, até março de 2016, acordo final com vistas Como parte das comemorações dos à reconciliação nacional. 120 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e Os dois ministros expressaram, Japão, o Príncipe e a Princesa igualmente, sua satisfação pelos Akishino visitarão o Brasil no período progressos alcançados no processo de de 28 de outubro a 8 de novembro. normalização das relações entre os Esta é a segunda visita do Príncipe Estados Unidos da América e Cuba. Akishino, que já esteve no país por Em relação a mecanismos de ocasião das celebrações dos 80 anos da concertação inter-regionais, os dois imigração nipônica, em 1988. países reconheceram o potencial O Príncipe e a Princesa Akishino serão positivo dos Mecanismos América do recebidos pela Presidenta Dilma Sul-Países Árabes (ASPA), e América 253 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Rousseff, em Brasília, no dia 6 de O Governo brasileiro transmite os novembro, e cumprirão programação votos de sucesso à Embaixadora Lucas de eventos oficiais e encontros com em suas novas funções com a membros da comunidade nipo- convicção de que possa contribuir para brasileira nos Estados de São Paulo, avançar o processo negociador. Paraná, Mato Grosso do Sul, Pará e Também expressa seu reconhecimento Rio de Janeiro. pela significativa contribuição prestada pelo Representante Permanente da O Brasil abriga a maior comunidade Jamaica junto à ONU, Embaixador japonesa no exterior, e o Japão a Courtenay Rattray, na qualidade de terceira maior comunidade brasileira Facilitador das negociações fora do país. O Japão é nosso sexto intergovernamentais durante a 69ª maior parceiro comercial, e o Brasil o Sessão da Assembleia Geral. principal sócio comercial do Japão na América Latina. O Brasil segue firmemente comprometido com a ampliação do O Japão é um dos países que Conselho de Segurança. O participaram do desenvolvimento septuagésimo aniversário das Nações industrial brasileiro, e os capitais Unidas oferece ocasião oportuna para japoneses continuam presentes em que se alcancem progressos na tarefa setores como o de indústria naval, inadiável de reformar o órgão energia, automobilístico e agrícola, responsável pela manutenção da paz e dentre outros. da segurança internacionais, de forma a torná-lo mais representativo, legítimo REFORMA DO CONSELHO DE e eficaz. SEGURANÇA: DESIGNAÇÃO DE FACILITADORA DAS NEGOCIAÇÕES 28/10/2015 DECLARAÇÃO CONJUNTA SOBRE O PROGRAMA DE O Brasil saúda a decisão do Presidente TRABALHO BRASIL- da Assembleia Geral da 70ª Sessão das ORGANIZAÇÃO E Nações Unidas, Mogens Lykketoft, de DESENVOLVIMENTO designar a Representante Permanente ECONÔMICO (OCDE) 2016-17 de Luxemburgo em Nova York, 03/11/2015 Embaixadora Sylvie Lucas, como Facilitadora das negociações Será firmada hoje, às 16h30, no intergovernamentais para a reforma do auditório do Palácio Itamaraty, a Conselho de Segurança das Nações Declaração Conjunta sobre o Programa Unidas. de Trabalho Brasil-Organização para a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 254

Cooperação e Desenvolvimento créditos à exportação e Econômico (OCDE) 2016-17. O competitividade. documento será assinado pelo Ministro A Declaração Conjunta resulta de das Relações Exteriores, Embaixador amplas consultas com diversos setores Mauro Vieira, pelo Ministro da do Governo brasileiro, representados Fazenda, , e pelo no Grupo Interministerial de Trabalho Secretário-Geral da OCDE, Angel Brasil-OCDE, coordenado pelo Gurría. Ministério das Relações Exteriores. A Declaração Conjunta discorre sobre Reflete, também, o intenso diálogo as atividades que o Brasil e a OCDE entre o Brasil e a Organização. pretendem realizar nos próximos dois Como resultado dessas consultas, anos, incluindo indicação dos órgãos foram identificadas as seguintes áreas da OCDE de que o Brasil tenciona de interesse na cooperação: 1) participar e dos instrumentos legais da Questões econômicas, comerciais e Organização aos quais o Brasil pode financeiras; 2) Governança pública e vir a aderir. A agenda comum entre o combate à corrupção; 3) Ciência, Brasil e a OCDE tem como prioridades tecnologia, meio ambiente, agricultura desafios relacionados a políticas e energia; 4) Questões laborais, públicas, tais como a promoção da previdenciárias e sociais; 5) integração dinâmica no comércio Desenvolvimento. O documento mundial, a obtenção de um contempla mais de 100 novas crescimento inclusivo e sustentável, a iniciativas para fortalecer a cooperação criação de empregos e a qualificação entre o Brasil e a OCDE. da mão de obra, bem como o aperfeiçoamento de programas sociais A cooperação do Brasil com a OCDE e educacionais. teve início na década de 1990. Nos últimos anos, a relação bilateral Nos últimos anos, o Brasil ingressou beneficiou-se da decisão tomada pela em diversos instrumentos e órgãos da Organização de estreitar os contatos OCDE e engajou-se em número com cinco países emergentes significativo de projetos e revisões por selecionados (África do Sul, Brasil, pares nas áreas de política China, Índia e Indonésia), os chamados macroeconômica, reformas estruturais, "Key Partners". comércio, investimento, agricultura, meio ambiente, educação, tributação, Hoje, praticamente todos os ciência, tecnologia e inovação, Ministérios e muitos órgãos da estatística, combate à corrupção, administração pública federal e política de desenvolvimento, conduta estadual no Brasil estão, de alguma empresarial, governança coorporativa, forma, envolvidos na cooperação com 255 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

a Organização. O Governo brasileiro VISITA DO MINISTRO DOS tem participado de cerca de 36 NEGÓCIOS ESTRANGEIROS E instâncias da organização, como DA COOPERAÇÃO "associado", "participante" ou INTERNACIONAL DA ITÁLIA – "convidado", e já aderiu a 26 SÃO PAULO E BRASÍLIA, 3 A 6 Recomendações e outros instrumentos DE NOVEMBRO DE 2015 da Organização. 04/11/2015

O Ministro dos Negócios Estrangeiros VISITA DO MINISTRO DOS e da Cooperação Internacional da NÉGOCIOS ESTRANGEIROS República Italiana, Paolo Gentiloni, DA ALBÂNIA, DITMIR realiza visita ao Brasil entre 3 e 6 de BUSHATI – BRASÍLIA, 4 A 6 DE novembro. O Ministro italiano NOVEMBRO DE 2015 cumprirá agenda em São Paulo e 03/11/2015 Brasília, acompanhado de delegação de entidades e empresários dos setores O Ministro de Negócios Estrangeiros de energia e infraestrutura. da Albânia, Ditmir Bushati, realizará No dia 5 de novembro, em Brasília, o visita oficial ao Brasil entre 4 e 6 de Ministro italiano será recebido pelo novembro, com programação no Rio Vice-Presidente Michel Temer e terá de Janeiro e em Brasília. encontro de trabalho com o Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Em 4 de novembro, o Chanceler Mauro Vieira. albanês será recebido pelo Ministro

Mauro Vieira, ocasião em que será No encontro com o Ministro Mauro assinado Acordo de Serviços Aéreos. Vieira, serão repassados os principais Deverão ser igualmente discutidos temas da agenda bilateral, como temas das agendas bilateral e global. comércio e investimentos, defesa, O Ministro dos Negócios Estrangeiros educação e parcerias na área de albanês manterá encontros, ainda, com pequenas e médias empresas. Serão o Governador do Distrito Federal, tratados, ainda, temas regionais e Rodrigo Rollemberg, com o Presidente globais, como as negociações da Comissão de Relações Exteriores MERCOSUL-União Europeia, do Senado Federal, Senador Aloysio negociações sobre mudança do clima e Nunes Ferreira, e com o Secretário- a situação no Oriente Médio e Norte da Executivo do Ministério do Turismo, África. Alberto Alves. O Ministro Paolo Gentiloni também se

encontrará com os Ministros da

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 256

Defesa, da Ciência e Tecnologia e administrativos – no combate à Inovação, das Minas e Energia e do corrupção. Planejamento, Orçamento e Gestão. A resolução representa a principal

contribuição brasileira à instância A Itália é Parceira Estratégica do decisória máxima da ONU contra a Brasil desde 2007. Cerca de 30 corrupção. milhões de brasileiros possuem origem italiana. Há intenso fluxo turístico de A medida consagra trabalho de parte a parte e comunidades mobilização que vem sendo importantes de brasileiros na Itália e de desenvolvido pelo Brasil nas Nações italianos no Brasil. Unidas e em outros fóruns internacionais nos últimos anos, como Em 2014, a Itália foi o 9º principal os grupos de trabalho anticorrupção do parceiro comercial brasileiro. Em G20 e da Convenção da Organização 2014, o intercâmbio comercial bilateral dos Estados Americanos (OEA). alcançou US$ 10,33 bilhões. Com Desde 2011, Ministério das Relações mais de 1.200 empresas atuando no Exteriores (MRE), Ministério da território brasileiro, a Itália ocupa a 10ª Justiça (MJ), Controladoria-Geral da posição entre os países que mais União (CGU), Advocacia-Geral da investem no Brasil, com estoque de União (AGU) e o Ministério Público investimentos da ordem US$ 17,8 Federal (MPF) vinham atuando para bilhões. O Brasil possui importantes convencer a comunidade internacional investimentos na Itália, concentrados da necessidade de se avançar no uso de nos setores bancário, alimentício, de tais procedimentos para o efetivo transporte aéreo, de processamento de combate à corrupção. couros, de comunicações, de A cooperação internacional para a compressores para refrigeração e de troca de provas e informações, nos comercialização de calçados. âmbitos civil e administrativo, não é

uma obrigação dos Estados Partes da BRASIL APROVA NA ONU Convenção da ONU, ao contrário da RESOLUÇÃO DE COMBATE À colaboração em matéria criminal. Por CORRUPÇÃO 06/11/2015 isso, o Brasil tem empreendido esforços para ampliar a cooperação A 6ª Conferência das Partes da internacional, com o objetivo de criar Convenção das Nações Unidas Contra um ambiente favorável entre as a Corrupção (São Petersburgo, Rússia, autoridades empenhadas no combate à 02-06/11) aprovou resolução corrupção. apresentada pelo Brasil sobre o uso de procedimento não criminais – civis e 257 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

No Brasil, a resolução fortalece a A Convenção da ONU contra a aplicação da Lei Anticorrupção e da Corrupção é o mais importante Lei de Improbidade Administrativa, instrumento jurídico internacional de marcos dos esforços do Estado prevenção e combate à corrupção. brasileiro de combate à corrupção. Ela Conta atualmente com 177 Estados também fortalece a execução de Partes. A instância decisória máxima, a condenações do Tribunal de Contas da Conferência dos Estados Partes, se União (TCU) e a condução de reúne a cada dois anos. processos administrativos disciplinares contra agentes públicos acusados de práticas de corrupção. IV CÚPULA AMÉRICA DO SUL- PAÍSES ÁRABES (ASPA) – Na prática, a resolução abre caminho para que pedidos de cooperação RIADE, 9 A 11 DE NOVEMBRO internacional elaborados por 06/11/2015 instituições brasileiras, como AGU, CGU e o Ministério Público, na 06 de novembro de 2015 - condução desses processos, possam ser O Ministro das Relações Exteriores, atendidos por outros países. A Embaixador Mauro Vieira, participará, resolução também melhora as entre os dias 9 e 11 de novembro, em condições em que o Brasil pode ajuizar Riade, na Arábia Saudita, da reunião ações civis diretamente em tribunais ministerial e da Quarta Cúpula estrangeiros, com o objetivo de América do Sul-Países Árabes recuperar ativos decorrentes de (ASPA). corrupção. O objetivo do evento, que marca os Aprovada por consenso por todos os dez anos do mecanismo, é reforçar o Estados Partes da Convenção, a diálogo e a cooperação dos países sul- resolução foi copatrocinada por 17 americanos e dos países que integram a países. Liga dos Estados Árabes. A delegação brasileira foi integrada O plano de ação que será aprovado por representantes do Ministério das durante o encontro abrange cooperação Relações Exteriores (MRE), da em energia, saúde, educação e cultura. Controladoria-Geral da União (CGU), Serão também discutidos temas da da Advocacia-Geral da União (AGU), agenda política internacional, como a da Comissão de Ética Pública (CEP), crise na Síria e a situação da Palestina. do Ministério da Justiça (MJ) e do Ministério Público Federal (MPF). Nos dias 8 e 9 de novembro, acontecerá o IV Fórum Empresarial Convenção da ONU ASPA, que tratará de formas de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 258 incrementar os fluxos de comércio e Chefe e colega e transmitem à sua investimentos. Tema de especial mulher, Embaixatriz Tite do Rêgo interesse para o Brasil a ser tratado no Barros, aos seus filhos e à sua família, encontro empresarial será o aumento os seus mais sentidos pêsames e a dos investimentos árabes na América certeza de que o exemplo e a memória do Sul. do Embaixador seguirão vivos, inspirando-os e guiando-os no O comércio entre a América do Sul e cumprimento do seu dever. os países árabes cresceu 183% nos

últimos dez anos, tendo passado de US$ 17,6 bilhões, em 2005, para US$ 34,8 bilhões, em 2014. VISITA AO BRASIL DO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DE ANGOLA – NOTA DE PESAR SOBRE O BRASÍLIA, 12 E 13 DE FALECIMENTO DO NOVEMBRO DE 2015 EMBAIXADOR SEBASTIÃO DO 11/11/2015 RÊGO BARROS NETTO 09/11/2015 O Ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, realizará O Ministério das Relações Exteriores visita oficial ao Brasil, nos dias 12 e 13 comunica, com grande pesar, o de novembro de 2015, no contexto das falecimento, no Rio de Janeiro, em 9 comemorações dos 40 anos do de novembro corrente, do Embaixador reconhecimento brasileiro da Sebastião do Rêgo Barros Netto. Ex- independência de Angola e do Secretário-Geral das Relações estabelecimento de relações Exteriores, ex-Embaixador em Buenos diplomáticas entre os dois países. Aires e Moscou, o Embaixador Rêgo Barros foi também Diretor-Geral da No dia 13, o Ministro Georges Chikoti Agência Nacional do Petróleo e teve e o Ministro das Relações Exteriores, uma carreira diplomática de mais de 40 Embaixador Mauro Vieira, terão anos de exemplares serviços prestados reunião de trabalho para examinar os ao País e ao Itamaraty. principais temas da agenda bilateral e tratar de questões regionais e Os funcionários do Ministério, que multilaterais, dando sequência aos sempre admiraram as qualidades contatos que mantiveram, em abril pessoais e profissionais do Embaixador último, durante visita oficial do Rêgo Barros, unem-se no sentimento Ministro Mauro Vieira a Luanda. de dor e tristeza pela perda do ex-

259 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Os dois Ministros também inaugurarão dezenas de pessoas. O Brasil condena, o Seminário “40 Anos do nos mais fortes termos, o ataque, Reconhecimento da Independência de reivindicado pelo grupo terrorista Angola pelo Brasil”, organizado pelo autointitulado "Estado Islâmico", e Ministério das Relações Exteriores e transmite suas condolências às famílias pela Fundação Alexandre de Gusmão, das vítimas e ao Governo e povo do a realizar-se no dia 13, no Palácio do Líbano. Itamaraty. O Governo brasileiro reitera seu apoio O Brasil foi o primeiro país a ao empenho do Governo libanês em reconhecer a independência de Angola. manter a estabilidade do país e Desde o estabelecimento das relações respalda a política libanesa de evitar o diplomáticas, os laços de amizade e de envolvimento nos conflitos da região. cooperação têm-se fortalecido. A Não há notícias de que haja vítimas convergência de interesses e de brasileiras do atentado. A Embaixada objetivos culminou no do Brasil continua a acompanhar de estabelecimento, em 2010, da Parceria perto a situação. Estratégica entre os dois países. O diálogo entre os países é diversificado e tem se concretizado em iniciativas BRASIL E MOÇAMBIQUE bem-sucedidas, que vão desde a COMPLETAM 40 ANOS DO cooperação no campo educacional à ESTABELECIMENTO DE cooperação em defesa. RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS Angola é um dos maiores parceiros 13/11/2015 econômicos do Brasil na África. Entre 2006 e 2014, a corrente de comércio Em 15 de novembro de 1975, Brasil e bilateral cresceu mais de 80%, tendo Moçambique assinaram acordo para o alcançado no ano passado US$ 2,37 estabelecimento de relações bilhões. diplomáticas. Nestes 40 anos, os dois países construíram um relacionamento

sólido baseado em fortes laços ATENTADO EM BEIRUTE humanos, em amplas afinidades 13/11/2015 históricas e culturais, na amizade, na solidariedade e na cooperação. O Governo brasileiro tomou conhecimento, com consternação, do Brasil e Moçambique compartilham criminoso atentado ocorrido em Burj valores comuns de promoção da paz e el-Barajneh, na região sul de Beirute, do desenvolvimento e são importantes no Líbano, que resultou na morte de parceiros em programas de cooperação, em áreas como agricultura

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 260 familiar, saúde, educação e formação entendimentos sobre a cobertura e o profissional. alcance dos textos que deverão constituir o aprofundamento comercial. O Brasil celebra estes primeiros 40 anos de relações diplomáticas com Os temas de negociação abordados, Moçambique com a satisfação de um com o objetivo de avançar no caminho importante patrimônio de realizações e da adoção de uma posição comum, com a certeza de que o relacionamento foram: Acesso a Mercados, Regras de bilateral continuará a se aprofundar no Origem, Facilitação de Comércio, futuro, em benefício de brasileiros e Serviços e Investimentos, Medidas moçambicanos. Sanitárias e Fitossanitárias, Compras Governamentais, Defesa Comercial,

Barreiras Técnicas ao Comercio, PRIMEIRA REUNIÃO PARA Propriedade Intelectual, Medidas de AMPLIAÇÃO DO ACORDO DE Salvaguardas e Coerência Regulatória. COMPLEMENTAÇÃO Com estas disciplinas, busca-se ECONÔMICA Nº 53 BRASIL- incrementar a relação econômico- MÉXICO 13/11/2015 comercial das duas maiores economias da América Latina, com os benefícios Os Governos da República Federativa de um acesso a mercados amplo e real do Brasil e dos Estados Unidos para facilitar e aumentar os fluxos do Mexicanos concluíram a Primeira comércio bilateral. Reunião Negociadora para Ampliação e Aprofundamento do Acordo de Esta Primeira Reunião obedece ao Complementação Econômica no 53 mandato adotado em maio de 2015 (ACE-53), realizada na Cidade do pelos Presidentes de ambos os países, México de 10 a 12 de novembro de no marco da visita de Estado que a 2015. Presidenta Dilma Rousseff fez ao México, na qual se acordou priorizar a As equipes negociadoras foram ampliação significativa do universo chefiadas pelo Subsecretário-Geral da tarifário com preferências no âmbito América do Sul, Central e do Caribe do acordo, incluindo-se mercadorias do Itamaraty, Embaixador Paulo agrícolas e industriais, bem como o Estivallet de Mesquita, e pelo aprofundamento dos níveis de Subsecretário de Comércio Exterior da preferência outorgados entre os países, Secretaria de Economia do México, em busca de uma liberalização mais Francisco de Rosenzweig. ampla. Durante esta Primeira Reunião, foi realizada troca de opiniões e

261 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Os países procederão a uma primeira Pesquisas da Petrobras e cerimônia de troca de listas de ofertas em dezembro inauguração de fábrica da empresa de 2015. norueguesa Jotun.

A próxima Reunião Negociadora será Nos dia 18 e 19, em Belém, o Príncipe realizada no Brasil em fevereiro de Herdeiro deverá encontrar-se com o 2016. Governador do Estado do Pará e visitará o Museu Emílio Goeldi, o

Instituto Nacional de Pesquisas VISITA AO BRASIL DE SUA Espaciais e modelo de produção ALTEZA RELA O PRÍNCEPE sustentável de chocolate na HERDEIRO DA NORUEGA – propriedade de Dona Nena, em BRASÍLIA, 16 DE NOVEMBRO Combu. DE 2015 13/11/2015 A Noruega é parceiro econômico- comercial de importância crescente. O Príncipe Herdeiro Haakon, da Em 2014, o volume de comércio Noruega, realizará visita ao Brasil no alcançou US$ 1,8 bilhão (crescimento período de 14 a 19 de novembro, de 15% na comparação com 2008). acompanhado da Ministra de Mais de cem empresas norueguesas Comércio, Indústria e Pesca e dos atuam no Brasil, principalmente nos Vice-Ministros dos Negócios setores de petróleo e gás e de Estrangeiros, de Petróleo e Energia, de construção naval. Na última década, o Clima e Meio Ambiente e de Educação estoque de investimentos noruegueses e Pesquisa. saltou de US$ 280 milhões (2005) para Em Brasília, no dia 16, o Príncipe US$ 3,7 bilhões, segundo dados do Herdeiro será recebido pelo Presidente BACEN. da República em exercício, Michel A cooperação bilateral ampliou-se ao Temer. Estão também previstos evento longo dos últimos anos, abrangendo na CNI e encontro com estudantes do domínios prioritários para o Governo programa Ciência sem Fronteiras. A brasileiro, como ciência, tecnologia, Ministra do Comércio e os Vice- inovação, energia e meio ambiente. Ministros manterão reuniões de trabalho com seus homólogos. O A Noruega é o principal doador Itamaraty coordenará reunião de externo ao Fundo Amazônia. Entre Consultas Políticas Bilaterais. 2009 e 2015, US$ 882 milhões foram transferidos pelo governo norueguês. No dia 17, no Rio de Janeiro, além de encontros com autoridades estaduais e Brasil e Noruega têm coordenado municipais, a agenda inclui seminário ações em organismos internacionais, empresarial, visita ao Centro de em temas como privacidade na era

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 262 digital, saúde global e direitos dos desenvolvimento; e o aperfeiçoamento povos indígenas. de marcos legais e institucionais. Os mandatários também endossarão o

Plano de Ação do G20/OCDE sobre X CÚPULA DO G20 – ANTÁLIA, Erosão da Base Tributável e Desvio de TURQUIA, 15 E 16 DE Lucros (BEPS, em inglês) e reiterarão NOVEMBRO DE 2015 o compromisso de iniciar a troca 13/11/2015 automática de informações tributárias. Ambas as iniciativas contribuirão para A Senhora Presidenta de República reduzir a evasão e elisão de receitas participará, em 15 e 16 de novembro, fiscais e combater ilícitos. A Cúpula da X Cúpula do G20, em Antália, de Antália tratará, ainda, da Turquia. implementação de reformas em matéria de regulação financeira que Na ocasião, os Chefes de Estado e de ajudarão a garantir a solidez do sistema Governo reiterarão o compromisso do financeiro internacional. G20 com o crescimento inclusivo da economia mundial e aprovarão os Em Antália, os mandatários também resultados dos trabalhos conduzidos assumirão o compromisso do G20 de, durante o ano pelo grupo. Os coletivamente, reduzir em 15%, até mandatários também vão discutir sobre 2025, o contingente de jovens que não temas da atualidade internacional, em estão empregados nem participam de especial a agenda de desenvolvimento programas de educação ou treinamento 2030; a mudança do clima; o ou que se encontram no mercado terrorismo; a crise dos refugiados e o informal. A Cúpula endossará, sistema multilateral de comércio. igualmente, o Plano de Ação do G20 sobre Acesso à Energia, com foco na Nesse contexto, debaterão, entre outros África Subsaariana e conjunto de temas, a implementação das opções de políticas para expandir o uso Estratégias Abrangentes de das energias renováveis. Na área de Crescimento (EACs), que visam a desenvolvimento, a Cúpula do G20 elevar o PIB coletivo do G20 em 2,1 dará contribuição significativa no pontos percentuais acima da trajetória campo da segurança alimentar, em anteriormente esperada até 2018. Será especial a questão do desperdício de igualmente discutida a promoção de alimentos, que leva ao não investimentos mediante o aproveitamento de quase um terço de aperfeiçoamento do clima de todos os alimentos produzidos no investimentos; a facilitação da mundo para consumo humano. A intermediação financeira; a atuação Cúpula de Antália também dará dos bancos multilaterais de 263 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

atenção aos chamados "negócios forma de terrorismo, qualquer que seja inclusivos", ou seja, aqueles que sua motivação. incorporam populações de baixa renda O Consulado-Geral do Brasil em Paris na cadeia de produção ou se acompanha de perto a situação, de direcionam a tais segmentos como forma a prestar apoio aos cidadãos consumidores. Os membros se brasileiros. O plantão do Consulado comprometerão, ainda, com planos pode ser acessado no número: +33 6 nacionais para reduzir o custo das 80 12 32 34. remessas financeiras de imigrantes para o patamar de 5% do valor remetido. ATENTADOS EM PARIS – O tema da luta contra a corrupção INFORMAÇÕES AOS também estará presente na agenda dos BRASILEIROS [PROTUGUÉS] mandatários em Antália. Entre as 14/11/2015 principais iniciativas, encontra-se a adoção de princípios para promover a Recomendações a cidadãos integridade em compras públicas, brasileiros iniciativa promovida pelo Brasil, pela Recomenda-se a todos os cidadãos Itália e pela OCDE. brasileiros que residam ou estejam na França, especialmente em Paris, que

façam contato com seus familiares no ATENTADOS EM PARIS Brasil a fim de tranquilizá-los. 13/11/2015 As autoridades francesas recomendam evitar a circulação pelas ruas, em todo O Governo brasileiro manifesta sua o país, até que a situação se normalize. profunda consternação pela série de bárbaros atentados ocorridos na noite Não há até o momento recomendação desta sexta-feira em Paris, que oficial por parte do Governo francês no resultaram em várias dezenas de sentido de evitar viagens para a vítimas, entre mortos e feridos. França. Segundo informações das autoridades francesas, os aeroportos e Ao mesmo tempo em que transmite estações ferroviárias na França estão suas condolências aos familiares das funcionando normalmente. vítimas e empenha sua plena solidariedade ao povo francês e ao Governo da França, o Brasil condena Atendimento consular os ataques nos mais fortes termos e O Consulado-Geral do Brasil em Paris reitera seu firme repúdio a qualquer funcionará das 11:00 às 20:00 deste sábado e das 11:00 às 17:00 deste

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 264 domingo (horário local) Ministério das Relações Exteriores: 61 exclusivamente para atendimento a 2030-8006/8007 (9h às 13h) e 61 consultas de brasileiros relativas aos 8197-2229 (6h às 24h). atentados e emergências consulares. O Ministério das Relações Exteriores e o Consulado-Geral do Brasil em Paris O endereço do Consulado é Av. não divulgarão informações de caráter Franklin Delano Roosevelt, 65. pessoal de cidadãos que recebam O e-mail do Consulado atendimento consular. é [email protected]. Até o momento foram identificadas O telefone do Consulado é: + 33 6 duas vítimas brasileiras. O Consulado 45618588. está prestando apoio aos cidadãos e O celular de plantão + 33 6 80 12 32 suas famílias. Ambos estão 34 funcionará 24 horas, hospitalizados e receberam esta tarde a exclusivamente para emergências visita da Cônsul-Geral em Paris, consulares. Embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis. O celular de plantão (61 8197-2284) do Núcleo de Atendimento a Atualizações das informações serão Brasileiros (NAB) do Itamaraty, em divulgadas às 12 horas deste domingo. Brasília, funcionará 24 horas, exclusivamente para emergências consulares. REUNIÃO DOS MANDATÁRIOS Os contatos acima se destinam DO BRICS À MARGEM DA exclusivamente a atendimento a CÚPULA DO G20 – ANTÁLIA, consultas de brasileiros relativas aos TURQUIA, 15 DE NOVEMBRO atentados e a emergências consulares. DE 2015 15/11/2015

Sugere-se consultar periodicamente os Os Mandatários do BRICS reuniram-se sites e perfis do Consulado e do MRE à margem da Cúpula do G20, em no Facebook para novas informações. Antália, em 15 de novembro de 2015.

Os Mandatários condenaram nos mais Informações à imprensa sobre fortes termos os bárbaros atentados brasileiros vitimados pelos atentados terroristas em Paris. Transmitiram as Durante o fim de semana, consultas de suas condolências aos familiares das imprensa e pedidos de entrevista vítimas e estenderam os votos de devem ser dirigidos ao e-mail pronta recuperação aos feridos. [email protected], ou aos Reafirmaram o seu apoio ao povo e ao telefones da Assessoria de Imprensa do governo da França e aos esforços para 265 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

levar os responsáveis à Justiça. Os Os Mandatários instruíram as agências Mandatários reiteraram o compromisso relevantes nos países do BRICS a de fortalecer a cooperação entre os participarem ativamente da países do BRICS e com outras nações implementação da Estratégia para uma na luta contra o terrorismo. Parceria Econômica do BRICS, adotada na Cúpula de Ufá, bem como Os Mandatários louvaram a Rússia por da preparação de um Mapa do ter sediado uma exitosa VII Cúpula do Caminho do BRICS para a Cooperação BRICS, contribuindo ainda mais para o Comercial, Econômica e de aprimoramento da cooperação intra- Investimentos até 2020. BRICS, e expressaram a sua satisfação com o bom ritmo na implementação do Os Mandatários intercambiaram Plano de Ação de Ufá. perspectivas sobre os principais temas da agenda da Cúpula do G20 e Os Mandatários realçaram a concordaram em buscar assuntos de importância de fortalecer a parceria interesse mútuo aos países do BRICS. estratégica dos BRICS, baseada nos princípios de abertura, solidariedade, Os Mandatários concordaram que a igualdade, entendimento mútuo, economia global ainda estava em risco inclusão e cooperação mutuamente e que sua recuperação ainda não é benéfica. sustentável, o que realça a importância do fortalecimento da coordenação e da Os Mandatários saudaram o progresso cooperação em políticas significativo ao longo do presente ano macroeconômicas entre os membros no avanço da cooperação intra-BRICS. do G20 para evitar repercussões O Novo Banco de Desenvolvimento negativas e de modo a lograr (NBD) está começando as suas crescimento forte, equilibrado e atividades operacionais e se espera que sustentável. Os Mandatários lance os seus projetos iniciais no concordaram em que, com base nos começo de 2016. O NBD aprimorará a avanços já atingidos, todos os cooperação com instituições membros do G20 devem se concentrar financeiras existentes e novas, na implementação de suas respectivas inclusive com o Banco Asiático de estratégias nacionais de crescimento. Investimento em Infraestrutura. Além Enfatizaram a sua determinação em disso, o Arranjo Contingente de continuar a trabalhar juntamente com Reservas (ACR) do BRICS foi outros membros do G20 para estabelecido e contribuirá para a contribuir de forma contínua a uma estabilidade do sistema financeiro recuperação mais rápida e sustentável internacional, tendo em vista a maior da economia global e para a redução volatilidade da situação financeira e de riscos potenciais. econômica mundial.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 266

Os Mandatários notaram que desafios em cooperação com os seus integrantes geopolíticos, incluindo a politização - a intensificar esforços, em das relações econômicas e a introdução colaboração com o G20, para encontrar de sanções econômicas unilaterais, soluções que por fim tornariam continuam prejudicando as possível o incremento dos recursos perspectivas futuras de crescimento oriundos de quotas da instituição, bem econômico. Instaram pela necessidade como a revisão da distribuição das de assegurar que blocos econômicos e quotas e dos votos em favor de países comerciais sejam consistentes com em desenvolvimento e economias normas e princípios da OMC e emergentes. A adoção das reformas de contribuam para o fortalecimento do 2010 do FMI continua a ter a maior sistema multilateral de comércio. prioridade para salvaguardar a Decidiram trabalhar para facilitar credibilidade, legitimidade e eficácia vínculos entre mercados e por uma do FMI e os Líderes instam os Estados economia mundial aberta, inclusiva e Unidos a ratificarem essas reformas o baseada em regras. mais cedo possível.

Os Mandatários concordaram em dar Os Mandatários saudaram a adoção da seguimento a seu diálogo e à Agenda 2030 para o Desenvolvimento coordenação de posições entre os Sustentável na Cúpula das Nações países do BRICS sobre a agenda do Unidas realizada em setembro de 2015 G20, de modo a melhor acomodar os bem como da Agenda de Ação de Adis interesses de países em Abeba e reconheceram os esforços de desenvolvimento e economias coordenação e cooperação feitos entre emergentes. Nesse contexto, saudaram os países do BRICS. Manifestaram o a primeira reunião do Grupo de seu compromisso com a Trabalho do BRICS Anticorrupção em implementação da Agenda 2030 para o 1 de novembro de 2015, que também Desenvolvimento Sustentável, contribuirá para os trabalhos em foros inclusive por meio do fortalecimento multilaterais relevantes, incluindo o da cooperação entre os países do Grupo de Trabalho do G20 BRICS nesse processo, e decidiram Anticorrupção (ACWG). trabalhar para aprimorar a arquitetura da cooperação internacional para o Os Mandatários expressaram seu desenvolvimento. profundo desapontamento diante da falta de progresso na modernização de Os Mandatários esperam um resultado instituições financeiras internacionais, exitoso na COP 21 em Paris em especialmente nos acordos relativos à dezembro, e afirmam a sua reforma do Fundo Monetário determinação em adotar, na Internacional (FMI). Instaram o FMI – Conferência de Paris, um protocolo, 267 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

um outro instrumento jurídico ou um O Reino da Noruega, resultado acordado com força jurídica doravante denominados "as Partes", sob a UNFCCC que seja aplicável a todas as Partes. O acordo de Paris deve RECONHECENDO a importância e a ser justo, equilibrado, duradouro e significativa contribuição dos abrangente, refletindo princípios da transportes marítimos para o equidade e das responsabilidades desenvolvimento econômico e social comuns, porém diferenciadas, e das Partes, respectivas capacidades, à luz de RECONHECENDO o desejo mútuo distintas circunstâncias nacionais. de fortalecer e ampliar a cooperação no campo dos transportes marítimos, Os Mandatários declararam a sua DESEJANDO contribuir para o disposição em apoiar a China em sua desenvolvimento do transporte vindoura presidência de turno do G20 marítimo internacional com base no com vistas a aprimorar o papel de princípio da liberdade de navegação, liderança do fórum no enfrentamento DESEJANDO estabelecer um marco de desafios financeiros e econômicos adequado para lidar com as iniciativas globais. Encorajam os membros do de cooperação entre as duas Partes G20 a fortalecer a cooperação com vistas ao desenvolvimento de um macroeconômica, a catalisar a setor de transportes marítimos inovação, a aumentar o comércio e o eficiente, seguro e sustentável, investimento, e a liderar pelo exemplo ACORDARAM o seguinte: em cooperação global para o desenvolvimento. Seção 1 Objetivos da Cooperação MEMORANDO DE 1. As Partes envidarão esforços para ENTENDIMENTO ENTRE A expandir e aprofundar a cooperação REPÚBLICA FEDERATIVA DO em matérias relacionadas com o BRASIL E O REINO DA transporte marítimo com base em NORUEGA SOBRE entendimento e benefícios mútuos. TRANSPORTE MARÍTIMO 2. As Partes envidarão esforços para 16/11/2015 facilitar o diálogo entre os respectivos órgãos governamentais com o objetivo 16 de novembro de 2015 - de desenvolver iniciativas de cooperação mutuamente benéficas.

A República Federativa do Brasil 3. As Partes envidarão esforços igualmente para promover a e cooperação e compreensão do setor

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 268 privado, com vistas à criação de oportunidades econômicas Seção 3 mutuamente vantajosas e à promoção Implementação e Coordenação de investimentos. 6. O Comitê de Coordenação se

reunirá regularmente para definir Seção 2 atividades futuras, avaliar o progresso Áreas de Cooperação e os resultados obtidos ao amparo 4. Assuntos de interesse comum ao deste Memorando de Entendimento. amparo deste Memorando de Pelo lado brasileiro, o Comitê de Entendimento podem incluir: Coordenação deverá ser presidido pelo a) Transporte Marítimo Internacional; Ministério das Relações Exteriores com a participação do Ministério dos b) Serviços de Apoio Portuário; Transportes, da Marinha do Brasil, e c) Serviços de Navegação de Apoio da Agência Nacional de Transportes Marítimo; Aquaviários, entre outros; pelo lado norueguês, o Comitê de Coordenação d) Serviços Auxiliares de Transporte deverá ser presidido pelo Ministério do Marítimo; Comércio, Indústria e Pesca da e) Afretamento de Embarcações; Noruega. 7. Grupos de trabalho "ad hoc" f) Outras áreas a serem determinadas podem ser criados para desenvolver por acordo mútuo. iniciativas específicas de cooperação 5. Tendo em conta as áreas acima no âmbito deste Memorando de mencionadas, a cooperação pode Entendimento. Os grupos de trabalho incluir, mas não se limitar a: "ad hoc" devem, em princípio, ser criados para cumprir um objetivo claro a) Regulação e Políticas Públicas; dentro de um prazo definido. b) Intercâmbio de Experiências entre Especialistas sobre Melhores Práticas e Seção 4 Compartilhamento de Informação; Formas de cooperação c) Gestão de Segurança Operacional e de Segurança no Transporte Marítimo; 8. As duas Partes fomentarão a cooperação direta entre os respectivos d) Treinamento e Capacitação; e órgãos governamentais, a fim de e) Quaisquer outros assuntos ampliar o conhecimento sobre áreas de determinados por acordo mútuo. interesse mútuo e identificar instrumentos de cooperação para

269 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

avançar a agenda bilateral, com base Seção 7 no entendimento, respeito e benefício Modificações mútuos. 12. O presente Memorando de 9. A cooperação acima mencionada Entendimento poderá ser modificado a pode assumir, entre outras, a forma de qualquer momento, por escrito, por intercâmbio de informações, consentimento mútuo de ambas as conhecimento especializado e Partes. melhores práticas; prestação de Seção 8 cooperação técnica e administrativa; Consultas capacitação e treinamento; 13. Qualquer controvérsia acerca da desenvolvimento de projetos conjuntos interpretação e/ou implementação do e facilitação da cooperação entre as presente Memorando de Entendimento empresas e/ou organizações de ambas deve ser dirimida amigavelmente por as Partes. Tal cooperação deverá estar negociação ou consultas entre as sujeita às respectivas leis nacionais e Partes. às regras, regulamentos e diretrizes específicos do setor. Seção 9 Início e Término

14. Este Memorando de Seção 5 Entendimento surtirá efeitos a partir da Financiamento data de sua assinatura.

10. Todas as atividades no âmbito 15. Este Memorando de deste Memorando de Entendimento Entendimento poderá ser encerrado a estão sujeitas à disponibilidade de qualquer momento, mediante fundos e parcerias entre instituições notificação, por escrito, com seis (6) pertinentes. Este Memorando de meses de antecedência da data prevista Entendimento não se destina a criar para o encerramento. O encerramento compromissos ou obrigações de não deverá afetar a execução das alocação de fundos específicos por atividades em curso ou projetos que qualquer uma das Partes. tenham sido definidos antes da data do Seção 6 seu término, a não ser que as Partes Confidencialidade da Informação decidam de outra forma.

16. Este Memorando de 11. As informações obtidas em Entendimento não cria quaisquer razão da implementação deste direitos ou obrigações de direito Memorando de Entendimento serão internacional ou doméstico. As Partes protegidas de acordo com a legislação empenhar-se-ão, no entanto, para interna de cada Parte.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 270 concluir as negociações de um acordo atualidade: Brics (Brasil, Rússia, Índia, sobre transportes marítimos. China e África do Sul), Basic (Brasil, África do Sul, Índia e China), Ibas Assinado em duas vias em Brasília, em (Índia, Brasil e África do Sul) e G-4 16 de novembro de 2015, em dois (Alemanha, Brasil, Índia e Japão). originais, nos idiomas português e inglês, sendo ambos os textos Também em Nova Délhi, o chanceler igualmente autênticos. brasileiro presidirá com o assessor de Segurança Nacional Ajit Doval a VIAGEM DO MINISTRO DAS Quinta Reunião do Diálogo Estratégico Brasil-Índia. RELAÇÕES EXTERIORES À ÍNDIA – NOVA DÉLHI, 18 E19 O fluxo comercial bilateral atingiu DE NOVEMBRO DE 2015 US$ 11,42 bilhões em 2014, recorde 17/11/2015 histórico. Desse total, o Brasil exportou US$ 4,78 bilhões para a O Ministro das Relações Exteriores, Índia. Embaixador Mauro Vieira, realizará visita oficial à Índia nos próximos dias 18 e 19 de novembro, a convite da ATAQUE AO VOO METROJET Ministra dos Negócios Estrangeiros 9268 17/11/2015 indiana, Sushma Swaraj. O Governo brasileiro tomou Na ocasião, co-presidirá com a conhecimento, com consternação, da ministra indiana a sessão ministerial da confirmação, no dia de hoje, pelo 7ª Reunião da Comissão Mista de Serviço de Segurança Federal da Cooperação Política, Econômica, Rússia (FSB), de que a queda do voo Científica, Tecnológica e Cultural Metrojet 9268, em 31 de outubro Brasil–Índia, o principal mecanismo de passado, sobre território egípcio, foi coordenação entre os dois governos. causada por ataque terrorista. O Nele, serão examinadas iniciativas atentado, reivindicado pelo para incrementar o comércio e a autointitulado "Estado Islâmico", cooperação bilateral e aprofundar o resultou na morte de todos os 224 diálogo sobre os principais temas das passageiros e tripulantes. agendas regional e global. O Governo brasileiro condena, nos Em 2006, Brasil e Índia elevaram o mais fortes termos, o ataque, e reitera nível das relações ao patamar de seu repúdio a qualquer forma de parceria estratégica. Os dois países são terrorismo. O Brasil transmite suas parte de alguns dos principais condolências às famílias das vítimas e agrupamentos inter-regionais da aos Governos e povos da Federação da 271 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Rússia, da Ucrânia, da República da indutor do crescimento; e Belarus e da República Árabe do promoção de ações inclusivas de Egito. modo que os benefícios do crescimento sejam compartilhados

por todos. Também ampliamos COMUNICADO DOS nosso diálogo com países em MANDATÁRIOS DO G20 – desenvolvimento de baixa renda CÚPULA DE ANTÁLIA, 15-16 (PDBRs) como parte da DE NOVEMBRO DE 2015 implementação dessa agenda. 18/11/2015 Fortalecendo a Recuperação e Elevando o Potencial Introdução 3. O crescimento econômico global 1. Nós, Mandatários do G-20, nos tem sido desigual e permanece encontramos em Antália em 15 e aquém de nossas expectativas, 16 de novembro de 2015 para apesar das perspectivas positivas definir nossas ações coletivas com para algumas das principais vistas a alcançar crescimento forte, economias. Subsistem riscos e sustentável e equilibrado para incertezas nos mercados elevar a prosperidade de nossos financeiros, e desafios geopolíticos povos. Estamos firmemente estão tornando-se crescentemente determinados a assegurar que o uma preocupação global. Ademais, crescimento seja robusto e a uma demanda global insuficiente inclusivo e gere mais empregos e e problemas estruturais continuam de melhor qualidade. a pesar sobre o crescimento real e Reconhecemos que a promoção do potencial. crescimento inclusivo e o 4. Continuaremos a implementar fortalecimento da confiança sólidas políticas macroeconômicas requerem o uso de todos de forma cooperativa para atingir instrumentos de políticas e o firme crescimento forte, sustentável e engajamento com todos os equilibrado. Nossas autoridades interessados. monetárias continuarão a assegurar 2. Ao perseguir nossos objetivos, a estabilidade dos preços e a adotamos, este ano, agenda apoiar a atividade econômica, de abrangente em torno dos três acordo com seus mandatos. pilares de firme implementação de Reiteramos nosso compromisso nossos compromissos anteriores com a implementação flexível de com vistas a cumprir nossas políticas fiscais, levando em conta promessas; aumento de condições econômicas de curto investimentos como poderoso prazo, de modo a apoiar o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 272

crescimento e a geração de passado. Nossa maior prioridade é empregos, ao mesmo tempo em a oportuna e efetiva que colocaremos a relação implementação de nossas dívida/PIB em trajetória estratégias de crescimento, sustentável. Consideraremos a inclusive medidas de apoio à composição de nossos gastos e demanda e reformas estruturais receitas orçamentárias com vistas para elevar o crescimento real e a apoiar a produtividade, a potencial, gerar empregos, inclusão e o crescimento. promover a inclusão e reduzir Mantemos nosso compromisso de desigualdades. Desde o ano promover o reequilíbrio passado, avançamos econômico global. Iremos ajustar significativamente na direção de cuidadosamente e comunicar cumprir nossos compromissos, claramente nossas ações, tendo implementado metade de especialmente no contexto de nossos compromissos plurianuais. grandes decisões sobre política Análise realizada pelo FMI, pela monetária ou de outra natureza, OCDE e pelo Grupo Banco para mitigar incertezas, minimizar Mundial indica que, até agora, repercussões negativas e promover nossa implementação representa a transparência. Num cenário de cerca de um terço de nossa meta elevação de riscos decorrentes de de crescimento coletivo. Também fluxos voláteis e intensos de reconhecemos, porém, que é capital, promoveremos a preciso fazer mais. Redobraremos estabilidade financeira por meio de esforços e agiremos prontamente marcos adequados, inclusive por para acelerar a implementação dos meio ume rede de segurança compromissos restantes. Ao financeira global adequada, ao avançarmos, continuaremos a mesmo tempo em que extraímos monitorar de perto a os benefícios da globalização implementação de nossos financeira. Reafirmamos nossos compromissos por meio dos compromissos prévios em matéria instrumentos robustos que de taxas de câmbio e resistiremos desenvolvemos neste ano. a todas as formas de Também continuaremos a rever e protecionismo. ajustar nossas estratégias de 5. Mantemos nosso compromisso de crescimento para assegurar que alcançar nossa meta ambiciosa de permaneçam relevantes em elevar o PIB coletivo do G20 em 2 condições econômicas, prioridades pontos percentuais até 2018, como e mudanças estruturais que anunciado em Brisbane no ano evoluem ao longo de tempo, em 273 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

particular o lento crescimento da Trabalho e Emprego que revisem produtividade, e que permaneçam nossas estratégias de crescimento e em linha com nossa ambição de planos de emprego para fortalecer crescimento coletivo. O Plano de nossa ação contra a desigualdade e Ação de Antália, que contém apoiar o crescimento inclusivo. nossas estratégias ajustadas de Reconhecendo que o diálogo crescimento e cronogramas de social é essencial para alcançar implementação para nossas metas, acolhemos a compromissos-chave, reflete nossa declaração conjunta do B20 e do determinação de superar desafios L20 sobre empregos, crescimento econômicos globais. e trabalho decente. 6. Estamos comprometidos em 7. O desemprego, o subemprego e o assegurar que o crescimento seja trabalho informal são fontes inclusivo, gere grande quantidade significativas de desigualdade e de empregos e beneficie todos os podem prejudicam as perspectivas segmentos de nossas sociedades. de crescimento futuro de nossas Desigualdades crescentes em economias. Estamos concentrados muitos países podem trazer riscos na tarefa de gerar mais empregos e para a coesão social e o bem-estar de melhor qualidade, em linha de nossos cidadãos e também com o Marco do G20 sobre a podem ter efeito econômico Promoção de Empregos de negativo e prejudicar nosso Qualidade e de melhorar e investir objetivo de elevar o crescimento. na qualificação profissional por Conjunto abrangente e equilibrado meio da Estratégia de Qualificação de políticas econômicas, Profissional do G20. Estamos financeiras, trabalhistas, determinados a apoiar a maior educacionais e sociais contribuirá integração de nossos jovens ao para a redução das desigualdades. mercado de trabalho, inclusive Endossamos a Declaração de pela promoção do nossos Ministros de Trabalho e empreendedorismo. Sobre a base Emprego e nos comprometemos a de nossos compromissos anteriores implementar as prioridades ali e levando em consideração nossas estabelecidas para tornar os circunstâncias nacionais, mercados de trabalho mais acordamos o objetivo do G20 de inclusivos, conforme delineado reduzir em 15% até 2025 a parcela pela Política do G20 sobre de jovens em maior risco de serem Participação do Trabalho na Renda deixados permanentemente fora do e Desiguladades. Solicitamos aos mercado de trabalho nos países do nossos Ministros das Finanças e de G20. Pedimos à OCDE e à OIT

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 274

que nos ajudem a monitorar o de qualidade, inclusive no setor progresso em direção a essa meta. público, apoiar pequenas e médias Continuaremos a monitorar a empresas (PMEs) e ampliar o implementação de nossos Planos compartilhamento de de Emprego, bem como de nossas conhecimento. Análise da OCDE metas de redução do hiato de estima que essas estratégias participação de gênero e de contribuiriam para elevar a relação promover ambientes de trabalho investimento/PIB do G20 em 1 por mais seguros e saudáveis, também cento até 2018. no contexto de cadeias de 10. Para melhorar nossos processos de produção globais sustentáveis. preparação, priorização e execução 8. Lidaremos com as oportunidades e de investimentos, desenvolvemos os desafios atuais do mercado de diretrizes e melhores práticas para trabalho causados pela mobilidade modelos de parcerias público- internacional de mão-de-obra e privadas (PPP). Também pelo envelhecimento de nossas consideramos estruturas de populações. Em alguns países do financiamento alternativas, G20, a mobilidade nacional da inclusive financiamento garantido mão-de-obra é um importante por ativos, e securitização simples tema afeto ao mercado de trabalho. e transparente para facilitar a Reconhecemos e exploraremos melhor intermediação para PMEs ainda mais o potencial de uma e investimentos em infraestrutura. florescente "economia da terceira Com vistas a avançar, solicitamos idade". Pedimos, ainda, aos nossos a nossos Ministros que continuem Ministros de Trabalho e Emprego seu trabalho para melhorar o que nos informem sobre o ecossistema de investimentos, progresso alcançado nessas promover o financiamento de questões em 2016. longo prazo, estimular o 9. A fim de dar forte impulso ao envolvimento de investidores aumento do investimento, institucionais, apoiar o particularmente por meio da desenvolvimento de instrumentos participação do setor privado, de mercados de capitais desenvolvemos ambiciosas alternativos e modelos de estratégias nacionais de financiamento lastreado em ativos, investimento, que combinam bem como encorajar Bancos medidas de políticas concretas e Multilaterais de Desenvolvimento compromissos para melhorar o (BMDs) a mobilizar seus recursos ecossistema de investimentos, e otimizar seus balanços e atuar promover infraestrutura eficiente e como catalisador de 275 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

financiamentos do setor privado. comércio global permanece abaixo Estamos realizando esforços e dos níveis anteriores à crise. Isso é desenvolvendo instrumentos que resultado de fatores tanto cíclicos permitam aos países melhor como estruturais. preparar, priorizar e financiar Consequentemente, reafirmamos projetos de infraestrutura. nosso firme compromisso de Esperamos que o Centro melhor coordenar nossos esforços Internacional de Infraestrutura para fortalecer o comércio e os contribua significativamente para investimentos, inclusive por meio o êxito dessas iniciativas. Para de nossas Estratégias de ajudar a garantir um marco sólido Crescimento Ajustadas. Cadeias de governança corporativa que Globais de Valor (CGVs) apoie o investimento privado, inclusivas constituem um endossamos os Princípios importante vetor do comércio G20/OCDE de Governança mundial. Apoiamos políticas que Corporativa. Demos especial permitam a empresas de todos os atenção à promoção de tamanhos, particularmente PMEs, financiamento de longo prazo para em países de todos os níveis de PMEs e acolhemos, como desenvolvimento econômico, a diretrizes, o Plano de Ação participar e a aproveitar Conjunto sobre PMEs e os plenamente das CGVs e Princípios de Alto Nível encorajamos maior participação e G20/OCDE sobre Financiamento agregação de valor por parte de de PMEs. Também saudamos o países em desenvolvimento. estabelecimento do Fórum Também reafirmamos nosso Mundial de PMEs, liderado pelo compromisso de longa data de setor privado, que constitui nova congelar e desmantelar medidas iniciativa que servirá como órgão protecionistas e seguiremos global dedicado a facilitar as atentos a isso mediante o contribuições das PMEs para o monitoramente de nossos crescimento e o emprego. progressos. Para tanto, pedimos à 11. O comércio e os investimentos OMC, à OCDE e à UNCTAD que globais continuam a ser continuem a elaborar relatórios importantes motores do sobre medidas restritivas ao crescimento econômico e do comércio e a investimentos. desenvolvimento, gerando Pedimos a nossos Ministros de emprego e contribuindo para o Comércio que se encontrem bem-estar e o crescimento regularmente, no que serão inclusivo. Notamos que o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 276

apoiados por um grupo de OMC e para ele contribuam. trabalho. Sublinhamos o importante papel 12. A OMC é o pilar principal do do comércio nos esforços globais sistema multilateral de comércio e de desenvolvimento e deve continuar a desempenhar continuaremos a apoiar papel central na promoção do mecanismos tais como a ajuda crescimento econômico e do para o comércio em países em desenvolvimento. Continuamos desenvolvimento que precisem de comprometidos com um sistema assistência para capacitação. multilateral de comércio forte e eficiente e reiteramos nossa Reforçando a resiliência determinação de trabalhar em 13. O fortalecimento da resiliência das conjunto para melhorar seu instituições financeiras e o reforço funcionamento. Comprometemo- da estabilidade do sistema nos a trabalhar juntos em favor do financeiro são cruciais para êxito da Reunião Ministerial de sustentar o crescimento e o Nairobi, com um conjunto desenvolvimento. Para reforçar a equilibrado de resultados, resiliência do sistema financeiro inclusive no que tange à Agenda global, completamos os elementos de Desenvolvimento de Doha e centrais restantes da agenda de com clara orientação sobre o reforma financeira. Em particular, trabalho pós-Nairobi. Também como passo fundamental para teremos de redobrar nossos eliminar o fenômeno do “grande esforços para implementar todos demais para falir”, finalizamos a os elementos do Pacote de Bali, preparação do padrão internacional inclusive aqueles relativos a comum sobre a capacidade total de agricultura, desenvolvimento e absorção de perdas (CTAP) para estoques públicos de alimentos, bancos sistemicamente bem como a pronta ratificação e importantes. Também acordamos a implementação do Acordo de primeira versão dos requisitos Facilitação de Comércio. mais estritos de absorção de perdas Manteremos nossos esforços para para seguradoras sistemicamente assegurar que nossos acordos importantes. bilaterais, regionais e plurilaterais 14. Importante trabalho ainda terá de complementem-se uns aos outros, ser feito para construir um sistema sejam transparentes e inclusivos e financeiro mais forte e resiliente. que sejam compatíveis com um Em particular, é necessário sistema multilateral de comércio trabalho adicional sobre mais forte ao amparo das regras da resiliência, planejamento de 277 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

recuperação e resolução jurisdições. Acolhemos o primeiro de contrapartes centrais e pedimos relatório anual do Conselho de ao FSB apresentar-nos um relato Estabilidade Financeira (FSB) sobre o assunto em nossa próxima sobre a implementação de reunião. Continuaremos a reformas e seus efeitos. monitorar e, caso necessário, lidar Continuaremos a examinar a com os novos riscos e robustez do marco regulatório vulnerabilidades do sistema global e monitorar e avaliar a financeiro, muitos dos quais se implementação e os efeitos das surgem fora do setor reformas e sua compatibilidade bancário. Nesse sentido, com nossos objetivos gerais, fortaleceremos ainda mais a inclusive pelo tratamento de fiscalização e a regulação do quaisquer consequências sistema bancário paralelo para importantes indesejadas, assegurar a resiliência das finanças particularmente com relação a de mercado, de modo apropriado mercados emergentes e economias com os riscos sistêmicos em desenvolvimento (EMDEs). apresentados. Esperamos 15. Para alcançar um sistema progressos adicionais na avaliação tributário globalmente justo e e no enfrentamento, conforme moderno, endossamos o pacote de apropriado, do declínio dos medidas desenvolvido ao amparo serviços bancários do ambicioso Projeto G20/OCDE correspondentes. Aceleraremos sobre Erosão da Base Fiscal e nossos esforços para avançar na Desvio de Lucros ("BEPS" na implementação de reformas de sigla em inglês). Implementação derivativos de balcão (OTC, na ampla e consistente será sigla em inglês), inclusive pelo fundamental para a eficácia dessas incentivo a que as jurisdições medidas. Consequentemente, cedam umas às outras, quando se instamos fortemente a oportuna justificar de acordo com a implementação dessas medidas e Declaração de São Petersburgo. incentivamos todos os países e Para avançar, estamos jurisdições interessados, inclusive comprometidos com a plena e aqueles em desenvolvimento, a consistente implementação do participar. Para monitorar marco regulatório financeiro globalmente a implementação dos global nos prazos acordados e resultados do BEPS, solicitamos a continuaremos a monitorar e tratar OCDE a desenvolver, até o início o tema das diferenças de de 2016, um marco inclusivo para implementação nas várias tal fim, o qual deve envolver, em

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 278

pé de igualdade, países não 16. Em apoio a nossa agenda de membros do G20 e jurisdições crescimento e resiliência, interessados que se comprometam continuamos comprometidos a a implementar o BEPS, construir uma cultura global de particularmente economias em intolerância à corrupção por meio desenvolvimento. Saudamos os da implementação efetiva do Plano esforços do FMI, da OCDE, da de Ação Anti-Corrupção 2015- ONU e do Grupo Banco Mundial 2016 do G20. Endossamos os para oferecer assistência técnica Princípios de Alto Nível do G20 aos países em desenvolvimento sobre Integridade e Transparência interessados para superar os no Setor Privado, que ajudará desafios relativos à mobilização nossas empresas a seguir padrões nacional de recursos, inclusive internacionais de ética e anti- aqueles derivados do BEPS. corrupção. Assegurar a integridade Reconhecemos que o período de e a transparência de nossos setores implementação dos países em públicos é essencial. Nesse desenvolvimento pode ser contexto, endossamos os diferente do de outros países e Princípios de Anti-Corrupção do temos a expectativa de que a G20 sobre Dados Abertos e os OCDE garantirá que as Princípios do G20 para Promover circunstâncias de tais países sejam a Integridade em Compras devidamente consideradas naquele Públicas e saudamos o trabalho em marco. Temos progredido na curso para reforçar marcos de direção de reforçar a transparência divulgação de ativos. de nossos sistemas tributários e Trabalharemos ainda para reafirmamos nossos compromissos fortalecer a cooperação prévios sobre intercâmbio de internacional, inclusive, quando informação, incluindo de maneira apropriado e de acordo com os automática e a pedido até 2017 ou sistemas legais nacionais, em final de 2018. Convidamos outras relação a procedimentos civis e jurisdições a juntar-se a nós. administrativos, como ferramenta Apoiamos os esforços para importante para combater o fortalecer o envolvimento das suborno de modo efetivo e apoiar economias em desenvolvimento a recuperação de ativos e a com a agenda tributária negação de acolhida a funcionários internacional. corruptos e aqueles que os corrompem. Saudamos a publicação de nossos Planos de Implementação sobre 279 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

transparência de beneficiários do método de determinação do finais e continuaremos nossos valor dos SDRs. esforços nesse sentido. 18. Saudamos o progresso alcançado 17. Continuamos profundamente com relação à implementação das desapontados com o persistente cláusulas fortalecidas de ação atraso na implementação das coletiva e pari passu em contratos reformas de quotas e governança internacionais de títulos soberanos, do FMI acordadas em 2010. As que contribuirão para a ordem e a reformas de 2010 permanecem previsibilidade dos processos de nossa principal prioridade para o reestruturação de dívidas FMI e solicitamos aos Estados soberanas. Pedimos ao FMI, em Unidos ratificar essas reformas o consulta com outras partes, a mais cedo possível. Tendo em continuar a promover o uso dessas mente os objetivos das reformas de cláusulas e a explorar outros 2010, pedimos ao FMI completar enfoques de mercado que possam seu trabalho numa solução interina acelerar sua incorporação ao que possa, de modo significativo, estoque da dívida soberana fazer convergir as participações internacional. Aguardamos com nas quotas, tão logo e na medida interesse a próxima revisão do do possível, com os níveis Marco de Sustentabilidade de acordados no âmbito da 14ª Dívida para Países de Baixa Renda Revisão Geral de Quotas. do FMI-Banco Mundial. Reafirmamos nosso acordo de que Reconhecemos as iniciativas os dirigentes e funcionários existentes voltadas a melhorar as graduados de todas as instituições práticas de financiamento financeiras internacionais devem sustentável, conforme sublinhado ser indicados por meio de processo na Agenda de Ação de Adis aberto, transparente e baseado Abeba. Tomamos nota, exclusivamente no mérito e igualmente, do Paris Forum, que reiteramos a importância de contribui para fazer avançar a reforçar a diversidade de pessoal inclusão mediante a promoção do nessas organizações. Reafirmamos diálogo entre devedores soberanos que a composição da cesta de e credores. Direitos Especiais de Saque Apoiando a Sustentabilidade (SDRs) deverá continuar a refletir 19. 2015 é um ano crucial para o o papel das moedas no comércio desenvolvimento sustentável e global e no sistema financeiro continuamos comprometidos em internacional e aguardamos com assegurar que nossas ações interesse a finalização da revisão contribuam para o crescimento

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 280

inclusivo e sustentável, inclusive assim como para garantir que a em países de baixa renda. A forma pela qual produzimos, Agenda 2030, incluindo os consumimos e comercializamos Objetivos do Desenvolvimento alimentos seja econômica, social e Sustentável e a Agenda de Ação ambientalmente sustentável. de Adis Abeba, estabelece um Continuamos empenhados em marco transformador, universal e promover investimentos ambicioso para os esforços globais responsáveis em agricultura e em de desenvolvimento. Estamos sistemas alimentares, melhorando firmemente comprometidos com a a transparência de mercado, implementação de seus resultados aumentando a renda e o número de para assegurar que ninguém seja empregos de qualidade e deixado de fora de nossos esforços promovendo crescimento para erradicar a pobreza e sustentável da produtividade. construir um futuro inclusivo e Prestaremos particular atenção às sustentável para todos. Adotamos necessidades de pequenos o Marco G20 e Países em agricultores e agricultores Desenvolvimento de Baixa Renda, familiares, mulheres camponesas e com vistas a fortalecer nosso jovens. Saudamos a ExpoMilão, diálogo e nosso envolvimento em com o tema “Alimentando o temas de desenvolvimento. Planeta – Energia para a Vida”. Desenvolveremos um plano de Também nos comprometemos a ação em 2016 para alinhar ainda reduzir a perda e o desperdício de mais nosso trabalho com a Agenda alimentos globalmente. Também 2030. saudamos a decisão de nossos 20. Nosso trabalho este ano apoia Ministros da Agricultura de áreas-chave para o estabelecer nova plataforma para desenvolvimento sustentável, tais melhorar a forma pela qual nós e como acesso a energia, segurança outros países podemos medir e alimentar, desenvolvimento de reduzir a perda e o desperdício de recursos humanos, infraestrutura alimentos. de qualidade, inclusão financeira e 21. O setor privado desempenha mobilização de recursos nacionais. importante papel no Endossamos o Plano de Ação do desenvolvimento e na erradicação G20 sobre Segurança Alimentar e da pobreza. Por meio de nosso Sistemas de Alimentação Chamado sobre Negócios Sustentáveis, que sublinha nosso Inclusivos do G20, sublinhamos a compromisso para melhorar a necessidade de que todas as partes segurança alimentar e a nutrição, interessadas trabalhem em 281 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

conjunto para promover visa a fortalecer a coordenação do oportunidades para que pessoas e G20 e estabelece um marco comunidades de baixa renda voluntário de cooperação de longo participem dos mercados como prazo que pode ser aplicado a compradores e fornecedores. outras regiões ao longo do tempo, Nossos Planos Nacionais de reconhecendo que o acesso a Remessas do G20, desenvolvidos energia é fator essencial na este ano, incluem ações concretas promoção do desenvolvimento. para cumprir nosso compromisso Nesta primeira fase, iremos de reduzir a cinco por cento o cooperar e colaborar com países custo médio global de africanos e com organizações transferências de remessas, com regionais e internacionais vistas aos ODS e à Agenda de relevantes em políticas e marcos Ação de Adis Abeba. Estamos regulatórios, desenvolvimento e promovendo inclusão financeira ao difusão de tecnologias, ampliar o acesso a pagamentos, investimento e finanças, poupança, crédito e outros capacitação, integração regional e serviços. Acolhemos o trabalho cooperação, levando em continuado sobre inclusão consideração necessidades e financeira no âmbito da Parceria contextos nacionais. Global para a Inclusão Financeira. 23. Reconhecemos que ações em 22. Nossas atenções continuam energia, inclusive aquelas voltadas centradas nos Princípios do G20 a melhorar a eficiência energética, de Colaboração em Energia e aumentar investimentos em acolhemos a primeira reunião de tecnologias de energia limpa e Ministros de Energia do G20. apoiar a pesquisa relacionada a Reconhecendo que, globalmente, desenvolvimento de atividades mais de 1,1 bilhão de pessoas não serão importantes para lidar com a tem acesso à eletricidade e que 2,9 mudança do clima e seus efeitos. bilhões dependem do uso Endossamos o Conjunto de tradicional da biomassa para Instrumentos do G20 sobre cozinhar, endossamos o Plano de Opções Voluntárias para ao Ação do G20 para Acesso à Emprego de Energia Renovável. Energia: Colaboração Voluntária Também sublinhamos o progresso para Acesso à Energia, cuja alcançado este ano pelos países primeira fase concentra-se em participantes em levar adiante reforçar o acesso à eletricidade na nossa colaboração em eficiência África Subsaariana, onde o energética e concordamos em problema é mais agudo. O Plano apoiar ainda mais, em base

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 282

voluntária, os resultados obtidos Reafirmamos o objetivo de em 2015 no âmbito das linhas de “menos de 2º C” como consta do trabalho existentes sobre eficiência Chamado à Ação de Lima. e desempenho de emissões de Afirmamos nossa determinação de veículos, particularmente veículos adotar, na Conferência de Paris, pesados, aparelhos em rede, um protocolo, outro instrumento edificações, processos industriais e legal ou o resultado que se venha a geração de eletricidade, assim acordar, ao amparo da UNFCCC, como financiamento para que seja aplicável a todas as eficiência energética. Seguiremos Partes. Nossas ações apoiarão o promovendo mercados de energia crescimento e o desenvolvimento transparentes, competitivos e sustentável. Afirmamos que o funcionais, inclusive mercados de acordo de Paris deve ser justo, gás. Sublinhamos a importância da equilibrado, ambicioso, duradouro diversificação de fontes de energia e dinâmico. Sublinhamos nosso e a continuidade dos investimentos compromisso de chegar a um para o aumento da segurança acordo ambicioso em Paris que energética. Reafirmamos nosso reflita o princípio das compromisso de racionalizar e responsabilidades comuns porém gradualmente eliminar, no médio diferenciadas e das respectivas prazo, subsídios ineficientes a capacidades, à luz das diferentes combustíveis fósseis que circunstâncias nacionais. estimulam o desperdício de Reafirmamos que a UNFCCC é o energia, reconhecendo a principal organismo internacional necessidade de apoiar os pobres. intergovernamental para as Almejamos realizar maior negociações sobre a mudança do progresso no cumprimento desse clima. Saudamos o fato de que compromisso. Pedimos aos nossos mais de 160 Partes, inclusive todos Ministros de Energia que nos os países do G20, apresentaram à informem, em 2016, acerca de UNFCCC suas Contribuições progressos na implementação dos Nacionalmente Determinadas Princípios do G20 de Colaboração (INDCs) e encorajamos outros a em Energia. fazerem o mesmo, antes da 24. A mudança do clima é dos maiores Conferência de Paris. Estamos desafios do nosso tempo. preparados para implementar Reconhecemos que 2015 é um ano nossas INDCs. Instruiremos os crucial que requer ação efetiva, nossos negociadores a engajar-se firme e coletiva a respeito da de modo construtivo e flexível, mudança do clima e seus efeitos. nos próximos dias, na discussão de 283 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

assuntos-chave, entre os quais, profundas do deslocamento. mitigação, adaptação, Destacamos, nesse contexto, a financiamento, transferência e importância de soluções políticas desenvolvimento de tecnologia e para os conflitos e do aumento da transparência, de modo a chegar a cooperação para o Paris com um roteiro de como desenvolvimento. Também avançar. Comprometemo-nos a reconhecemos a importância de trabalhar juntos em favor de um criar condições que permitam aos resultado bem-sucedido da COP refugiados e às pessoas deslocadas 21. internamente retornar de maneira 25. A magnitude da atual crise de segura e voluntária a seus lares. refugiados constitui uma Trabalharemos com outros Estados preocupação global de graves para fortalecer nosso preparo e consequências humanitárias, capacidade de gerenciar fluxos de políticas, sociais e econômicas. É migrantes e de refugiados. necessária uma resposta Convidamos todos os Estados, coordenada e abrangente à crise, conforme suas capacidades bem como a suas consequências de individuais, a incrementar sua longo prazo. Comprometemo-nos assistência a organizações a continuar a fortalecer nosso internacionais relevantes de modo apoio a todos os esforços para a reforçar sua capacidade de prover proteção e assistência e a assistir os países afetados em sua encontrar soluções duráveis ao resposta a essa crise. Encorajamos número sem precedentes de o setor privado e indivíduos a refugiados e pessoas deslocadas também se juntar aos esforços internamente em várias partes do internacionais de resposta à crise mundo. Conclamamos todos os de refugiados. Estados a contribuir para a 26. Vivemos numa era de economia da resposta a essa crise e a internet que traz tanto compartilhar os encargos a ela oportunidades como desafios ao associados, inclusive por meio do crescimento global. reassentamento de refugiados, Reconhecemos que ameaças à outras formas de admissão segurança das Tecnologias da humanitária, ajuda humanitária e Informação e Comunicação esforços para garantir que os (TCIs), e em seu uso, arriscam refugiados tenham acesso a comprometer nossa capacidade serviços, educação e coletiva de usar a internet para oportunidades. Sublinhamos a promover o crescimento necessidade de lidar com as causas econômico e o desenvolvimento

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 284

em todo o mundo. condutas estatais no uso de TCIs e Comprometemo-nos a transpor o nos comprometemos com a visão fosso digital. No ambiente de de que todos os Estados devem TCIs, como em qualquer outro observar normas de ambiente, os Estados têm a comportamento estatal responsável responsabilidade especial de no uso de TCIs, de acordo com a promover segurança, estabilidade resolução da ONU e laços econômicos com outras A/C.1/70/L.45. Estamos nações. Em apoio a esse objetivo, comprometidos a ajudar a garantir afirmamos que nenhum país ambiente em que todos os atores deveria conduzir ou apoiar a sejam capazes de aproveitar os apropriação indébita de benefícios do uso seguro de TCIs. propriedade intelectual Conclusão possibilitada por uso de TCIs, 27. Permanecemos determinados a dar incluindo segredos comerciais ou prosseguimento a nossas ações outras informações empresariais coletivas para elevar o crescimento confidenciais, com o intuito de real e potencial de nossas conferir vantagens competitivas a economias, apoiar a geração de empresas ou setores comerciais. empregos, fortalecer a resiliência, Todos os Estados, ao assegurar o promover o desenvolvimento e uso seguro de TCIs, devem fortalecer a inclusividade de respeitar e proteger os princípios nossas políticas. Agradecemos à de garantia contra interferência Turquia por sua presidência do ilegal e arbitrária da privacidade, G20 e por sediar a exitosa Cúpula inclusive no contexto de de Antália este ano. Aguardamos comunicações digitais. Também com interesse nossa próxima tomamos nota do papel-chave reunião em Hangzhou em desempenhado pelas Nações setembro de 2016, sob a Unidas no desenvolvimento de presidência chinesa. Também normas e, nesse contexto, esperamos reunir-nos na acolhemos o relatório de 2015 do Alemanha em 2017. Grupo de Peritos Governamentais Questões para Ação Futura da ONU no Campo da Tecnologia É necessário continuar o trabalho em da Informação e Comunicação no matéria de investimentos, inclusive por Contexto da Segurança meio nova contribuição da OCDE e Internacional, afirmamos que o outras organizações internacionais direito internacional, relevantes a respeito das estratégias particularmente a Carta das nacionais de investimento. Nações Unidas, aplica-se a 285 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Temos a expectativa de que o Centro financeira. Solicitamos aos Ministros Internacional de Infraestrutura das Finanças e Governadores de apresente, até abril de 2016, seu Bancos Centrais que trabalhem sobre relatório sobre compartilhamento de isso e nos apresentem relatório em conhecimentos aos Ministros de nossa próxima reunião. Finanças e Presidentes de Bancos Concordamos que se deve prestar Centrais do G20. atenção a riscos globais à saúde, tais Esperamos novos trabalhos com como a resistência antimicrobial, relação a temas relativos à optimização ameaças de doenças contagiosas e dos balanços dos BMDs. sistemas de saúde débeis. Tais riscos podem impactar significativamente o Reconhecendo o papel da estrutura de crescimento e a estabilidade. Com passivos das empresas para a base na Declaração de Brisbane, estabilidade financeira, conclamamos o sublinhamos a importância de uma FSB a continuar a explorar quaisquer resposta internacional coordenada e riscos sistêmicos e a considerar opções reiteramos nossa determinação de de políticas nesse sentido. enfrentar essas questões com vistas a Solicitamos o FSB a dialogar com combater seus impactos adversos sobre atores dos setores público e privado a economia global e discutiremos os acerca de como o setor financeiro pode termos de referência para lidar com levar em conta os riscos associados à essa questão no G20 no próximo ano. mudança do clima. Agradecimentos Sobre a base de suas conclusões Agradecemos as organizações apresentadas no último relatório ao internacionais, inclusive ONU, FMI, G20, conclamamos a Força Tarefa de Grupo Banco Mundial, OCDE, OMC, Ação Financeira (FATF) a informar OIT, FSB, FATF e BIS, por suas aos Ministros da Finança e Presidentes contribuições valiosas ao processo do dos Bancos Centrais em sua primeira G20. Também agradecemos os grupos reunião de 2016 as medidas que os de engajamento do G20, em países vêm tomando para sanar particular Business 20, Civil Society deficiências identificadas para fazer 20, Labour 20, Think 20 e Youth cessar fluxos financeiros relacionados 20 por suas importantes contribuições ao terrorismo. este ano. Saudamos o estabelecimento do Women 20 e aguardamos com Uma arquitetura financeira interesse suas ativas contribuições. internacional estável e resiliente é elemento-chave para promover crescimento forte, sustentável e equilibrado, bem como estabilidade

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 286

ATENTADO NA NIGÉRIA O Tribunal de Apelações das Nações 18/11/2015 Unidas é integrado por sete magistrados eleitos para cumprir O Governo brasileiro condena mandatos de sete anos. O órgão tem veementemente o atentado terrorista por atribuição julgar, em segunda que matou 32 pessoas e deixou instância, causas trabalhistas e dezenas de feridos na cidade de Yola, administrativas envolvendo no norte da Nigéria. Ao mesmo tempo funcionários e colaboradores da em que transmite suas condolências às Organização. Foi criado pela famílias das vítimas e ao povo e Assembleia Geral das Nações Unidas Governo da Nigéria, o Brasil reitera em 2009, como resultado de reforma seu repúdio a qualquer forma de realizada para tornar mais transparente, terrorismo. independente e profissional o sistema de administração de justiça das Nações Unidas. ELEIÇÃO DA JUÍZA BRASILEIRA MARTHA HALFELD AO TRIBUNAL DE ASSALTO A HOTEL NO MALI APELAÇÕES DAS NAÇÕES 20/11/2015 UNIDAS 19/11/2015 O Governo brasileiro condena, nos A brasileira Martha Halfeld Furtado de mais veementes termos, a invasão ao Mendonça Schmidt foi eleita, em 18 de Hotel Radisson, com manutenção de novembro, para o cargo de juíza do reféns, em Bamako, capital da Tribunal de Apelações das Nações República do Mali, ocorrida hoje, 20 Unidas (UNAT, na sigla em inglês), de novembro, que resultou em dezenas para o mandato de 2016 a 2022. Foram de mortos e feridos. eleitos para as três vagas restantes o Juiz John Murphy (África do Sul), a A Embaixada do Brasil em Bamako Juíza Sabine Knierim (Alemanha) e o monitora a situação e mantém contato Juiz Dimitrios Raikos (Grécia). A Dra. com a comunidade brasileira residente Halfeld, que é Juíza Titular da 3ª Vara na capital malinesa, a qual se encontra do Trabalho de Juiz de Fora e atua em segurança. como juíza convocada do Tribunal Ao transmitir seus sentimentos de Regional do Trabalho da 3ª Região, foi solidariedade aos familiares das a candidata mais votada pela vítimas e ao povo e ao Governo do Assembleia Geral da ONU, tendo Mali, o Governo brasileiro reitera seu recebido 148 votos. repúdio, nos mais fortes termos, a todo e qualquer ato de terrorismo. 287 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

ATENTADOS NO IÊMEN SOBRE SEGURANÇA NO 20/11/2015 TRÂNSITO – BRASÍLIA, 18-19 DE NOVEMBRO DE 2015 O Governo brasileiro condena 20/11/2015 energicamente dois atentados terroristas ocorridos hoje nas cidades A Segunda Conferência Global de Alto de Shibam e Al-Qatn, na província Nível sobre Segurança no Trânsito foi iemenita de Hadramawt, reivindicados concluída na tarde do dia 19 de pelo autodenominado "Estado novembro, com a adoção, por Islâmico" e com pelo menos 30 aclamação, da Declaração de Brasília. vítimas fatais registradas até o O documento, aprovado por Governos momento, além de dezenas de feridos. de mais de 120 países, com o apoio de representantes da sociedade civil, da Ao mesmo tempo em que transmite academia e do setor privado, aponta suas condolências às famílias das caminhos para implementar os vítimas e ao povo e Governo do Iêmen, compromissos de redução de mortes e o Brasil reitera seu repúdio a qualquer lesões no trânsito previstos na Década forma de terrorismo. de Ação das Nações Unidas para a Segurança no Trânsito 2011-2020 e CONCESSÃO DE AGRÉMENT nos Objetivos do Desenvolvimento AO EMBAIXADOR DO BRASIL Sustentável. NA REPÚBLICA DOMINICANA O texto aprovado inova ao priorizar a 20/11/2015 segurança de pedestres, ciclistas, motociclistas e usuários de transporte O Governo brasileiro tem a satisfação público, grupos que respondem por de informar que o Governo da mais da metade das vítimas em todo o República Dominicana concedeu mundo. agrément a Clemente de Lima Baena Soares como Embaixador O documento ressalta, igualmente, a Extraordinário e Plenipotenciário do importância de promover a mobilidade Brasil naquele país. e os modos sustentáveis de transporte, De acordo com a Constituição, essa instrumentos essenciais na busca por designação ainda deverá ser submetida um trânsito mais seguro. à apreciação do Senado Federal. A Declaração de Brasília será levada à Assembleia Geral das Nações Unidas, para endosso. DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA – SEGUNDA CONFERÊNCIA GLOBAL DE ALTO NÍVEL

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 288

Declaração de Brasília saúde pública e uma das principais Segunda Conferência Global de Alto causas de mortes e lesões em todo o Nível sobre Segurança no Trânsito: mundo, pois mata mais de 1,25 milhão Tempo de Resultados de pessoas e lesiona até 50 milhões de Brasília, 18-19 de novembro de 2015 pessoas por ano, e que mais de 90% das vítimas são de países em desenvolvimento; Tradução não-oficial PP4. Destacando o importante papel

da saúde pública para a redução das PP1. Nós, Ministros e Chefes de mortes e lesões no trânsito e para a Delegação, reunidos em Brasília, melhoria dos resultados na área da Brasil, em 18 e 19 de novembro de saúde, assim como o papel dos 2015, para a Segunda Conferência sistemas de saúde, inclusive por meio Global de Alto Nível sobre Segurança da cobertura universal de saúde; no Trânsito, em oordenação com PP5. Também preocupados com o fato representantes de organizações de que, em todo o mundo, as lesões e internacionais, regionais e sub- as mortes no trânsito são a principal regionais; organizações não causa de morte de crianças e jovens de governamentais; instituições 15 a 29 anos, e que mais de 2/3 das acadêmicas; e o setor privado, vítimas são do sexo masculino; incluindo doadores filantrópicos e PP6. Reconhecendo que o sofrimento corporativos; humano, combinado com custos PP2. Reconhecendo a liderança do globais estimados em US$ 1,850 Governo da República Federativa do trilhão ao ano, torna a redução das Brasil para a preparação e a realização mortes e das lesões no trânsito da Segunda Conferência Global de prioridade urgente para o Alto Nível sobre Segurança no desenvolvimento, e que o investimento Trânsito e a liderança dos Governos da em segurança no trânsito tem impactos Federação Russa e do Sultanato de positivos na saúde pública e na Omã no processo de adoção das economia; resoluções da Assembleia Geral das PP7. Recordando as recomendações Nações Unidas relacionadas ao tema; da "Declaração de Moscou", adotadas PP3. Preocupados com o fato de que, na Primeira Conferência Ministerial de acordo com o Relatório sobre a Global sobre Segurança no Trânsito Situação Global da Segurança no em 2009; Trânsito 2015 da Organização Mundial PP8. Convencidos de que a cooperação da Saúde (OMS), o trânsito continua a internacional e a ação nacional representar uma grande questão de multissetoriais apropriadas são desenvolvimento, um problema de necessárias para alcançar os objetivos 289 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

de "estabilizar e então reduzir a PP12. Observando que a maioria projeção global de mortes no trânsito" expressiva das mortes e lesões no da Década de Ação para a Segurança trânsito é previsível e evitável, e que, no Trânsito 2011-2020; na metade da Década de Ação, há PP9. Saudando a inclusão de uma muito a ser feito, apesar dos progressos meta no Objetivo de Desenvolvimento e melhorias em vários países, incluindo Sustentável 3 da Agenda 2030 para o países em desenvolvimento; Desenvolvimento Sustentável de “até PP13. Reconhecendo que é 2020, reduzir pela metade o número de inapropriado e insuficiente focar mortes e lesões causadas pelo trânsito somente nos usuários das vias como em todo o mundo” e afirmando nossa causantes de acidentes de trânsito, já vontade de intensificar a ação nacional que estes resultam de múltiplas causas, e a cooperação internacional com muitas delas ligadas a determinantes vistas a atingir essa meta; sociais e a fatores de risco; PP10. Reconhecendo a necessidade de PP14. Saudando o reconhecimento, os países criarem ou melhorarem e pela Conferência das Nações Unidas fortalecerem arranjos para o sobre o Desenvolvimento Sustentável monitoramento de lesões graves de 2012 (Rio+20), de que melhorar a causadas pelo trânsito para facilitar a segurança no trânsito pode contribuir ação para atingir, até 2020, a meta de para o alcance de objetivos de reduzir pela metade o número de desenvolvimento internacional mais mortes e lesões causadas por acidentes amplos, e que o transporte e a de trânsito em todo o mundo; mobilidade são questões centrais para PP11. Saudando também a inclusão da o desenvolvimento sustentável; meta no Objetivo de Desenvolvimento PP15. Reafirmando que os governos Sustentável 11 de “proporcionar acesso têm responsabilidade primária de a sistemas de transporte seguros, prover condições básicas e serviços acessíveis, sustentáveis e a preços para garantir a segurança no trânsito; acessíveis para todos, melhorando a PP16. Reconhecendo, no entanto, que segurança no trânsito, notadamente por é responsabilidade compartilhada meio da expansão do transporte buscar um mundo livre de mortes e público, com atenção especial às lesões graves no trânsito, e que lidar necessidades daqueles em situação com a segurança no trânsito exige vulnerável, mulheres, crianças, pessoas colaboração entre múltiplos atores; com deficiências e pessoas idosas” até PP17. Tendo em conta a importante 2030, como parte integral da Agenda contribuição da segurança passiva para 2030 para o Desenvolvimento o progresso alcançado na prevenção de Sustentável; mortes e lesões de trânsito, e encorajando as indústrias de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 290 equipamentos de segurança e de das Nações Unidas sobre veículos a aprofundarem ainda mais Desenvolvimento Urbano Sustentável seus esforços para aumentar os níveis e Habitação (Habitat III), que será de segurança passiva em nível realizada em Quito, Equador, em mundial; outubro de 2016; PP18. Tendo em conta que mortes e PP21. Reafirmando o papel e a lesões no trânsito são também uma importância dos instrumentos jurídicos questão de equidade social, já que as das Nações Unidas sobre segurança no pessoas pobres e vulneráveis são, com trânsito, como as Convenções sobre maior frequência, também usuários Trânsito Viário de 1949 e de 1968; a vulneráveis das vias (pedestres, Convenção sobre a Sinalização Viária ciclistas, motoristas de veículos de 1968; os acordos de regulação de motorizados de duas e/ou três rodas e veículos de 1958 e 1998; o Acordo passageiros de transporte público sobre Inspeção Técnica de Veículos de inseguro), os quais são 1997; e o Acordo sobre Transporte de desproporcionalmente afetados e Mercadorias Perigosas de 1957; expostos a riscos e lesões e mortes no PP22. Congratulando os Estados que trânsito, que podem levar a um ciclo de adotaram legislação abrangente sobre pobreza exacerbada pela perda de os principais fatores de risco, que renda, e recordando que o objetivo das incluem o não-uso de cintos de políticas de segurança no trânsito deve segurança, de dispositivos de retenção ser o de assegurar proteção para todos para o transporte de crianças e de os usuários das vias; capacetes; a direção sob influência de PP19. Reconhecendo que a segurança álcool; o excesso de velocidade; no trânsito requer abordar questões e chamando a atenção para outros amplas de acesso equitativo à fatores de risco, como condições mobilidade, e que a promoção de médicas e medicamentos que afetam a modos de transporte sustentável, em direção segura; fadiga; uso de particular, transporte público e narcóticos, drogas psicotrópicas e deslocamentos a pé e de bicicleta substâncias psicoativas; telefones seguros, é elemento essencial para a celulares e outros aparelhos eletrônicos promoção da segurança no trânsito; e de mensagens de texto; PP20. Salientando a importância de PP23. Considerando a importância dar a devida atenção aos temas de crucial de ações de fiscalização da mobilidade urbana sustentável e legislação de trânsito, apoiadas em reforço da acessibilidade aos destinos, práticas inteligentes de monitoramento atividades, serviços e bens na de risco, e o papel de campanhas de elaboração da Nova Agenda Urbana, a sensibilização para prevenir e ser adotada na Terceira Conferência 291 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

minimizar as lesões e danos causados e de bancos regionais de pelo trânsito; desenvolvimento para a PP24. Reconhecendo o compromisso implementação de projetos e de dos Estados e da sociedade civil com a programas de segurança no trânsito, segurança no trânsito, por meio da em especial em países em celebração do Dia Mundial em desenvolvimento; Memória das Vítimas do Trânsito e das PP26. Enfatizando o papel da Semanas de Segurança no Trânsito das Colaboração das Nações Unidas para a Nações Unidas; Segurança no Trânsito como PP25. Reconhecendo os avanços mecanismo consultivo para facilitar a realizados por alguns países na cooperação internacional sobre o tema; promoção do acesso universal à saúde PP28. Saudando o estabelecimento do e ao cuidado integral pré-hospitalar, Grupo Consultivo de Alto-Nível sobre hospitalar, pós-hospitalar e na Transporte Sustentável e considerando reintegração das vítimas do trânsito, a designação do Enviado Especial do incluindo o fortalecimento da gestão Secretário Geral das Nações Unidas de eventos com elevado número de para Segurança no Trânsito como vítimas; ferramentas eficientes para apoiar PP26. Reconhecendo o trabalho do ações internacionais para reduzir o sistema das Nações Unidas, em número de mortes e lesões particular a liderança da OMS em seu relacionadas ao trânsito em todo o papel de coordenação, atuando em mundo; estreita cooperação com as comissões PP29. Convidando os Governos e regionais das Nações Unidas, em todos os atores interessados relevantes especial a Comissão Econômica das a colaborar com o Grupo Consultivo Nações Unidas para a Europa de Alto-Nível sobre Transporte (UNECE), no estabelecimento de um Sustentável e a dar a devida atenção a Plano Global para a Década de Ação suas recomendações relacionadas à para a Segurança no Trânsito 2011- segurança no trânsito; 2020; o compromisso do Programa das PP30. Tendo em conta a importância Nações Unidas para os Assentamentos de fortalecer capacidades e continuar Humanos (ONU-Habitat), do ações de cooperação internacional, Programa das Nações Unidas para o incluindo a promoção da cooperação Meio Ambiente (PNUMA), do Fundo Sul-Sul e triangular, inclusive entre das Nações Unidas para a Infância países que compartilham rodovias (UNICEF) e da Organização através de suas fronteiras, para dar Internacional do Trabalho (OIT), entre continuidade aos esforços de outras agências, para apoiar esses melhoraria da segurança no trânsito, esforços, bem como do Banco Mundial em particular nos países em

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 292 desenvolvimento, e prover, caso seja OP3. Convidar os Estados que ainda apropriado, apoio financeiro e técnico não o tenham feito a redobrar esforços para alcançar as metas da Década de para desenvolver e implementar planos Ação e da Agenda 2030 para o nacionais sobre segurança no trânsito e Desenvolvimento Sustentável; a aplicar legislação abrangente, em PP31. Determinados a aprender com consonância com o Plano Global para as experiências passadas e a avançar a a Década de Ação para a Segurança no partir dos progressos alcançados; Trânsito 2011-2020, com vistas a Renovam, neste documento, seu atingir a meta de aumentar a compromisso com a Década de Ação porcentagem de países com legislação para a Segurança no Trânsito 2011- abrangente sobre os principais fatores 2020 e com a implementação plena e de risco, incluindo o não-uso de cintos oportuna do Plano Global para a de segurança, de dispositivos de Década de Ação, e decidem: retenção para o transporte de crianças e de capacetes; direção sob a influência

de álcool; e o excesso de velocidade; Ações recomendadas para fortalecer o de 15% para, pelo menos, 50% até gerenciamento da segurança no 2020, tal como acordado na resolução trânsito e aprimorar a legislação e a da Assembleia Geral das Nações fiscalização Unidas 64/255 de 2010; OP1. Encorajar os Estados que ainda OP4. Identificar outros fatores de risco não o tenham feito a designar e/ou que levem à distração ou à diminuição fortalecer agências coordenadoras e da capacidade do condutor, tais como: mecanismos de coordenação, com condições médicas e medicamentos financiamento próprio, em nível que afetem a direção segura; fadiga; nacional ou subnacional, assim como uso de drogas narcóticas, psicotrópicas fortalecer a colaboração nessa área e substâncias psicoativas; distrações entre governos, incluindo entre visuais nas vias; celulares e outros parlamentos, sociedade civil, dispositivos eletrônicos e de instituições acadêmicas, setor privado mensagens de texto; e adotar, caso seja e fundações filantrópicas; apropriado, legislação efetiva e OP2. Incentivar a sociedade civil, as baseada em evidências; instituições acadêmicas, o setor OP5. Reforçar estratégias de privado e as fundações filantrópicas a policiamento nas vias e medidas de fortalecer seus compromissos para fiscalização de trânsito, com foco na acelerar a implementação do Plano redução de acidentes, inclusive por Global para a Década de Ação para a meio da promoção de integração entre Segurança no Trânsito 2011-2020; agências de policiamento e inspeção de trânsito, assim como a coleta de dados 293 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

sobre infraestrutura viária e Nações Unidas sobre segurança no ocorrências no trânsito; trânsito, bem como a engajar-se em OP6. Aprimorar a qualidade da coleta atividades nos foros apropriados sobre sistemática e consolidada de dados transportes das Nações Unidas; sobre a ocorrência de eventos no trânsito, incluindo informações de Ações recomendadas para promover diferentes fontes, assim como dados vias mais seguras e o uso de modos de sobre morbimortalidade e deficiências, transporte sustentáveis incluindo dados desagregados; de OP11. Promover modos de transporte modo a reduzir problemas de ambientalmente saudáveis, seguros, confiabilidade e de subnotificação, a acessíveis de qualidade e a preços coleta de dados deve ser conduzida acessíveis, em especial transporte pelas autoridades apropriadas, público e não motorizado, bem como incluindo polícia de trânsito e serviços conexões intermodais seguras, como de saúde, em consonância com padrões meio para aprimorar a segurança no e definições internacionais; trânsito, a equidade social, a saúde OP7. Convidar a OMS a reforçar a pública, o planejamento urbano, padronização das definições, incluindo a resiliência das cidades e as indicadores e práticas de notificação e ligações rurais-urbanas, e, nesse registro, incluindo sobre mortes, lesões sentido, levar em consideração a e fatores de risco no trânsito, com o segurança no trânsito e a mobilidade objetivo de produzir informações como parte dos esforços para alcançar comparáveis; em consonância com as o desenvolvimento sustentável; melhores práticas nessa área; OP12. Adotar, implementar e fazer OP8. Incentivar pesquisas e o cumprir políticas e medidas para compartilhamento de seus resultados proteger e promover, de forma ativa, a para apoiar abordagens baseadas em segurança de pedestres e a mobilidade evidências para prevenir mortes e de ciclistas, tais como calçadas, lesões no trânsito e mitigar suas ciclovias e/ou ciclofaixas, iluminação consequências; adequada, radares com câmeras, OP9. Incentivar os Estados a sinalização e marcação viária, com o introduzirem novas tecnologias de objetivo de aprimorar a segurança no gestão do trânsito e de sistemas de trânsito e a saúde de forma ampla, em transporte inteligentes para mitigar os particular agravos e doenças não riscos de lesões e mortes no trânsito e transmissíveis; maximizar a eficiência nas respostas; OP13. Estabelecer e implementar OP10. Incentivar os Estados que ainda limites de velocidade seguros e não o fizeram a considerar ratificar ou adequados acompanhados de medidas aderir aos instrumentos jurídicos das apropriadas de segurança, como

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 294 sinalização de vias, radares com usuários do trânsito, em particular câmeras e outros mecanismos de crianças, jovens, idosos e pessoas com restrição de velocidade, deficiência, em consonância com particularmente perto de escolas e de instrumentos jurídicos pertinentes das zonas residenciais, para assegurar a Nações Unidas, incluindo a Convenção segurança de todos os usuários das sobre os Direitos da Criança e a vias; Convenção sobre os Direitos das OP14. Incentivar esforços para Pessoas com Deficiência; garantir a segurança e a proteção de OP17. Tomar medidas apropriadas todos os usuários das vias, por meio da para garantir o acesso de pessoas com ênfase em infraestrutura viária mais deficiência e outros usuários com segura, em especial nas vias com alto mobilidade reduzida, em condições de índice de acidentes, envolvendo tanto igualdade, ao ambiente físico das vias, os modos de transportes motorizados a ambientes de circulação e ao quanto os não motorizados, por meio transporte, em áreas urbanas e rurais; da combinação de planejamento OP18. Integrar plenamente a apropriado, avaliação da segurança, perspectiva de gênero em todos os projeto viário, construção e processos de tomada de decisão e de manutenção das vias, tendo em conta a implementação de políticas relativas à geografia do país; mobilidade e à segurança no trânsito, OP15. Encorajar a Terceira em especial nas vias, ambientes de Conferência das Nações Unidas sobre circulação e no transporte público; Desenvolvimento Urbano Sustentável OP 19. Incentivar os Estados a e Habitação (Habitat III) a dar a devida desenvolver e implementar legislação e consideração à segurança no trânsito e políticas abrangentes sobre o uso de ao acesso a transporte público seguro e motocicletas, incluindo educação e a modos de transporte não motorizados formação, licenciamento do condutor, na futura Nova Agenda Urbana, tendo registro do veículo, condições de em conta que a maioria das mortes e trabalho e uso de capacetes e lesões no trânsito ocorrem em áreas equipamentos de proteção individual urbanas; pelos motociclistas, dado o número desproporcionalmente alto e crescente de mortes e de lesões de motociclistas Ações recomendadas para proteger os em todo o mundo, particularmente em usuários vulneráveis das vias países em desenvolvimento; OP16. Exortar os Estados a promover, adaptar e implementar políticas de segurança no trânsito para a proteção de pessoas vulneráveis entre os

295 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Ações recomendadas para particular atenção ao tema das desenvolver e promover o uso de condições de trabalho dos motoristas veículos mais seguros profissionais; OP20. Promover a adoção de políticas OP23. Aumentar a conscientização e medidas para implementar as sobre fatores de risco, medidas de regulamentações de segurança veicular prevenção e proteção; implementar das Nações Unidas ou padrões ações de "advocacy" com diferentes equivalentes de âmbito nacional, de atores interessados e campanhas de modo a garantir que todos os novos marketing social que enfatizem a veículos motorizados cumpram as importância da interrelação entre regulamentações mínimas para segurança no trânsito e estilo de vida ocupantes e para a proteção de outros saudável; usuários do trânsito, tendo como OP24. Desenvolver e implementar equipamento padrão cintos de programas educacionais e de formação segurança, “airbags” e sistemas de abrangentes, inclusivos e baseados em segurança ativa, como freio ABS e evidências, em um contexto de sistemas de controle eletrônico de educação continuada, com testes estabilidade (ESC); periódicos, para estimular OP21. Estimular a ação nacional e a comportamentos responsáveis de todos cooperação internacional para os usuários das vias, com o objetivo de assegurar que questões de segurança criar ambiente de circulação e social no trânsito, qualidade do ar e descarte pacífico, assim como a conscientização de veículos, tanto de transporte sobre os fatores de risco; individual quanto público, sejam consideradas em relação a veículos Ações recomendadas para melhorar a usados; resposta pós-acidente e serviços de

reabilitação Ações recomendadas para aumentar a OP25. Fortalecer os cuidados pré- conscientização e desenvolver as hospitalares, incluindo serviços de capacidades dos usuários das vias saúde de emergência e resposta OP22. Desenvolver políticas públicas imediata pós-acidente, diretrizes de redução de acidentes de trânsito ambulatoriais e hospitalares para relacionados com o trabalho, com a cuidado do trauma e serviços de participação de empregadores e reabilitação, por meio da trabalhadores, de forma a garantir implementação de legislação padrões técnicos internacionais de apropriada, do desenvolvimento de segurança e saúde no trabalho, capacidades e da melhoria do acesso segurança no trânsito e condições em tempo adequado aos cuidados adequadas das vias e veículos, com integrais de saúde, e solicitar à OMS

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 296 apoiar os Estados-membros em seus mecanismos existentes, processo esforços nacionais; transparente, sustentável e OP26. Prover reabilitação oportuna e participativo, com todos os atores reintegração social, inclusive no interessados, para desenvolver metas mundo do trabalho, a pessoas feridas e nacionais, regionais e globais para com deficiências causadas pelo reduzir lesões e mortes no trânsito; e a trânsito, e prover amplo apoio às engajar-se no processo que levará à vítimas e a suas famílias; definição e ao uso de indicadores para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) relacionados com a Ações recomendadas para fortalecer a segurança no trânsito; cooperação e a coordenação para a OP30. Convidar a Assembleia Geral segurança no trânsito global das Nações Unidas a endossar o OP27. Convidar governos e agências conteúdo desta declaração. responsáveis por segurança no trânsito ______a continuar e aprofundar suas ______atividades de cooperação internacional, a fim de compartilhar melhores 1. OMS, Relatório sobre a Situação práticas, lições aprendidas, transferir Global da Segurança no Trânsito conhecimento, promover acesso a 2015. tecnologias sustentáveis e inovadoras e 2. OMS, Relatório sobre a Situação desenvolver capacidades, em Global da Segurança no Trânsito consonância com a Década de Ação 2015. para a Segurança no Trânsito 2011- 3. iRAP, "O Custo Global de 2020 e a Agenda 2030 para o Acidentes de Trânsito", 2013. Desenvolvimento Sustentável; OP28. Convidar todas as partes VISITA DO MINISTRO DOS interessadas, em especial a NÉGOCIOS ESTRANGEIROS E comunidade doadora, a aumentar o DO DESENVOLVIMENTO financiamento para segurança no INTERNACIONAL DA FRANÇA, trânsito e a explorar modalidades de LAURENT FABIUS – BRASÍLIA, financiamento inovadoras, para apoiar 220 DE NOVEMBRO DE 2015 pesquisas e a implementação de 21/11/2015 políticas em nível global, regional, nacional e local; O Ministro dos Negócios Estrangeiros OP29. Incentivar a OMS, em e do Desenvolvimento Internacional da colaboração com outras agências e França, Laurent Fabius, realizará visita comissões regionais das Nações ao Brasil no dia 22 novembro. Unidas, a facilitar, por meio dos

297 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

O Ministro Laurent Fabius será em várias áreas da cooperação entre as recebido em audiência pela Presidenta duas regiões desde a III Cúpula, em Dilma Rousseff. Após a audiência, o Lima, Peru, em outubro de 2012, Ministro Fabius será recebido pelo acordaram: Ministro das Relações Exteriores, Introdução: Embaixador Mauro Vieira, para um 1- Saudar o diálogo continuado e almoço de trabalho no Palácio intensificado e a cooperação Itamaraty, do qual participará também multinacional entre ambas as regiões, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella que lhes possibilitaram não somente o Teixeira. Na ocasião, serão discutidos comprometimento com a agenda a 21ª Conferência das Partes da adotada nas Cúpulas anteriores, mas Convenção-Quadro das Nações Unidas também permitiram o incremento das sobre Mudança do Clima (COP-21), a possibilidades de cooperação, de modo realizar-se em Paris, de 30 de a promover efetivamente o novembro a 11 de dezembro de 2015, desenvolvimento e reduzir a pobreza, o estado das negociações MERCOSUL por meio da capacitação, da inovação e -UE, o combate ao terrorismo e outros dos intercâmbios técnico e cultural. temas de interesse comum. 2- Considerar a importância de O Ministro Mauro Vieira, a Ministra empreender novos e sistemáticos Izabella Teixeira e o Ministro Fabius esforços para desenvolver uma realizarão entrevista coletiva às 14h00 parceria estratégica entre as duas de amanhã, 22 de novembro, na regiões. Concordaram em buscar, Assessoria de Imprensa do Ministério promover e dar seguimento a um Plano das Relações Exteriores. de Ação para facilitar a coordenação de visões regionais a respeito de temas DECLARAÇÃO DE RIADE – IV internacionais e em apoiar a implementação de programas de CÚPULA AMÉRICA DO SUL- cooperação setorial. PAÍSES ÁRABES (ASPA) – RIADE, 10 E 11 DE NOVEMBRO Também concordaram fortalecer o DE 2015 24/11/2015 diálogo político , visando a coordenar e reafirmar posições comuns em todos Os Mandatários dos países árabes e os fóruns relevantes, com vistas a sul-americanos reuniram-se, em salvaguardar os interesses de ambas as 11/11/2015, em Riade, a convite do regiões, bem como a garantir o Guardião das Duas Mesquitas respeito aos princípios do direito Sagradas Rei Salman bin Abdulaziz Al internacional; ao papel das Nações Saud, Rei do Reino da Arábia Saudita, Unidas na solução de conflitos; à e, após revisarem o progresso realizado manutenção e à consolidação da paz e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 298 da segurança internacionais; e à 4- Tomar nota da importância da promoção do desenvolvimento inclusão social e da promoção de sustentável, em benefício de toda a solidariedade e cooperação humanidade. internacionais, para que se atinjam o desenvolvimento sustentável; a Reiterar seu compromisso com a erradicação da pobreza; o promoção e o respeito aos direitos fortalecimento de instituições humanos, às liberdades fundamentais e governamentais em seus países; a ao direito internacional humanitário, melhora da qualidade de vida de seus levando em consideração o papel das habitantes; e o respeito pela particularidades nacionais e regionais, diversidade dos povos. assim como dos variados contextos históricos, culturais e religiosos. Afirmar que a Cooperação Sul-Sul Tomar nota da importância de que desempenha importante papel na todos os Estados membros respeitem e expansão do crescimento e do implementem as resoluções das desenvolvimento de países em Nações Unidas. desenvolvimento, por meio de sua contribuição a politicas nacionais de 3- Considerando os atuais eventos e desenvolvimento, pelo desdobramentos no cenário compartilhamento de conhecimento e internacional e o papel-chave de experiências, bem como por desempenhado por blocos e grupos treinamentos e pela transferência de regionais, reafirmar seu compromisso tecnologia, nas áreas prioritárias com o incremento da cooperação entre definidas pelos Estados. A Cooperação países árabes e sul-americanos, de Sul-Sul será apoiada pela comunidade modo a maximizar os benefícios da internacional, como um complemento periodicidade das Cúpulas ASPA – a à Cooperação Norte-Sul, e não em sua serem realizadas a cada três anos - e a substituição. impulsionar atividades sociais e econômicas entre ambas as regiões, Também reafirmar que a Cooperação para o estabelecimento de uma nova Sul-Sul é guiada pelos seguintes parceria, por meio do desenvolvimento princípios: respeito à soberania de programas e políticas de cooperação nacional, apropriação e independência conjunta sócio-econômica, com a nacionais, igualdade, não- implementação de projetos de condicionalidade, solidariedade, desenvolvimento que deverão ser complementariedade, não interferência considerados a base para atingir-se a em assuntos domésticos e benefício integração desejada entre os povos das mútuo. duas regiões.

299 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Nesse sentido, pedir o fortalecimento 1- Reafirmar as resoluções da da Cooperação Trilateral como modo Declaração de Brasília, de 2005; da de melhor articular a Cooperação Declaração de Doha, de 2009; e da Norte-Sul e Cooperação Sul-Sul, tendo Declaração de Lima, de 2012, em mente os princípios acima particularmente aquelas relacionadas à mencionados. causa palestina e ao conflito Árabe- Israelense, e reafirmar a necessidade 5- Afirmar o igual direito de todos os de atingir uma paz justa, duradoura e povos a viver em um mundo livre de compreensiva no Oriente Médio, armas nucleares, o que somente será baseada no princípio de terra por paz, alcançado por meio da completa e na imediata implementação de todas as irreversível eliminação de todos os resoluções relevantes das Nações arsenais nucleares existentes. Para Unidas - em particular as Resoluções tanto, convidar a comunidade do Conselho de Segurança números internacional a adotar uma abordagem 242 (1967), 338 (1973) e 1515 (2003) - mais efetiva para implementar o Artigo , no Acordo-Quadro de Madri e na VI do Tratado de Não Proliferação de “Iniciativa Árabe para a Paz”, adotada Armas Nucleares, de modo a restaurar na Cúpula de Beirute (2002) e nas a credibilidade do Tratado, que se Cúpulas árabes subsequentes, de modo erode devido à falta de implementação a garantir que se alcancem das obrigações de desarmamento estabilidade, paz e segurança para contidas no referido artigo. Também todos os países na região. convidar a comunidade internacional a engajar-se em negociações de um Reafirmar a necessidade de tratado sobre a proibição e a implementar integralmente o Mapa do eliminação de armas nucleares sob Caminho do Quarteto para a Paz. Pedir supervisão internacional rígida e um papel renovado e proativo do efetiva. Reiterar a grande preocupação Quarteto, enfatizando a necessidade de com catástrofes humanitárias que mantenha o Conselho de decorrentes de qualquer uso dessas Segurança e a Comunidade armas. Internacional atualizados sobre seus esforços. Enfatizar que o Conselho de 6- Reafirmar que o uso da energia Segurança da Organização das Nações nuclear para fins pacíficos é direito Unidas deve desincumbir-se de suas inalienável dos Estados-Parte do TNP responsabilidades sob a Carta das e que a aplicação desse direito de Nações Unidas, visando a apoiar forma discriminatória ou seletiva ativamente e a conduzir o processo de afetará a credibilidade do tratado. paz. Coordenação Política e Relações Multilaterais:

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 300

Reafirmar, ademais, a necessidade de Território Palestino Ocupado”, assim realização dos direitos nacionais como sobre a ilegalidade e a legítimos do povo palestino, incluindo ilegitimidade da construção de a autodeterminação, de modo a assentamentos. garantir o estabelecimento de um 3- Reafirmar a necessidade de libertar Estado palestino independente, imediata e incondicionalmente todos baseado nas linhas de 1967, com os prisioneiros e detentos políticos Jerusalém Oriental como sua capital, árabes e palestinos em prisões vivendo lado a lado com o Estado de israelenses e de apoiar todos os Israel, em paz, com fronteiras seguras esforços visando a tratar dessa situação e reconhecidas; e a obtenção de uma crítica na Assembleia Geral das solução justa e compreensiva para o Nações Unidas e em outros órgãos problema dos refugiados, de acordo relevantes do Sistema das Nações com a Resolução 194 (III) da AGNU e Unidas. Conclamar Israel a por fim a com a Iniciativa Árabe para a Paz. todas as detenções arbitrárias, abusos e 2- Conclamar Israel a retirar-se maus-tratos físicos e psicológicos de imediatamente de todos os territórios palestinos, incluindo mulheres, árabes ocupados em 5 de junho de crianças e membros do Conselho 1967, incluindo o Golan sírio ocupado Legislativo palestino, o que contradiz e os territórios libaneses as normas internacionais e o direito remanescentes, e a desmantelar todos internacional humanitário, inclusive as os assentamentos - ilegais e ilegítimos Convenções de Genebra. sob o direito internacional - incluindo 4- Condenar a agressão militar aqueles na Jerusalém Oriental excessiva e desproporcional de Israel ocupada. A ocupação israelense contra civis na Faixa de Gaza que teve continuada dos territórios palestinos e início em junho de 2014 e se as crescentes atividades de prolongou por 50 dias, deixando assentamentos promovidas pelo milhares de civis mortos e feridos. governo de Israel obstruem o processo Esses eventos devem ser investigados de paz, debilitam a solução de dois de maneira independente, Estados e diminuem as chances de responsabilizando os perpetradores de atingir-se uma paz duradoura. violações do direito internacional, que Conclamar todas as partes envolvidas a resultaram na demolição de casas, levar devidamente em consideração o complexos residenciais e infraestrutura parecer consultivo exarado pela Corte do povo palestino e que podem Internacional de Justiça em 9 de julho equivaler a crimes de guerra e crimes de 2004 a respeito das “Consequências contra a humanidade, sem prazo para Legais da Construção de um Muro no prescreverem; e responsabilizando 301 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Israel – a potência ocupante – por humanitária de emergência e o acesso todos os danos humanos e materiais de pessoal médico e trabalhadores em sofridos devido às ações israelenses prol do alívio humanitário para aqueles pelo povo palestino, em Gaza. necessitados.

5- Condenar vigorosamente os ataques 8 – Saudar a declaração de cessar-fogo militares contra escolas da UNRWA anunciada no Cairo, baseada na em Gaza, que resultaram na morte de iniciativa proposta pela República civis. Essas ações representaram grave Árabe do Egito, e pedir que todas as violação das Convenções de Genebra e partes envolvidas criem um ambiente de outras normas do direito propício para a continuidade das internacional e merecem nossa máxima negociações e para a retomada de condenação. tratativas sérias e comprometidas, visando ao fim do bloqueio de Gaza e, 6- Elogiar a posição dos países sul- finalmente, à obtenção da solução de americanos a respeito da recente dois Estados, com a qual Israel e agressão em Gaza e ao uso excessivo Palestina viverão dentro de fronteiras de força militar, que resultou em seguras e internacionalmente vítimas civis, incluindo mulheres e reconhecidas. crianças, e as medidas tomadas a esse respeito. Saudar a assistência Saudar os resultados da conferência humanitária dispensada pelos países sediada pelo Egito sobre a sul-americanos aos palestinos, reconstrução de Gaza, em outubro de apoiando as vítimas e suas famílias, e 2014. Saudar os compromissos enfatizar a importância da prestação de assumidos pelos doadores e conclamá- assistência humanitária ao povo los a lhes dar cumprimento, conforme palestino pela comunidade anunciado na conferência. internacional, na reconstrução de Gaza. 9- Apreciar profundamente as posições 7- Pedir o imediato e completo dos países sul-americanos, que levantamento do bloqueio imposto por reconheceram o Estado da Palestina e Israel sobre a Faixa de Gaza, que chamar outros países a seguir seu constitui punição coletiva a seus exemplo. habitantes, em grave violação de 10- Saudar e apoiar o esforço da normas de direito internacional liderança palestina em aproximar-se humanitário e humano. Ademais, das Nações Unidas e de outras enfatizar a urgência de realizar agências internacionais e em aderir a esforços para abrir todos os pontos de tratados e organizações internacionais. passagem da fronteira para e de Gaza, supervisionados por Israel, com vistas 11- Conclamar as Nações Unidas e a permitir a entrada de assistência especialmente o CSNU a adotar um

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 302 sistema de proteção internacional para Jerusalém e o Presidente Mahmoud os palestinos desarmados, suas Abbas (Presidente da Palestina), de 31 propriedades e locais sagrados contra de março de 2013, visando a defender todas as formas de ataques e violações a mesquita sagrada de Aqsa, os locais contínuos e crescentes, de acordo com sagrados e sítios religiosos cristãos e o direito internacional humanitário e as islâmicos, bem como protegê-los Convenções e Tratados Internacionais legalmente com todos os meios relevantes. possíveis.

12- Encorajar os Estados membros da 14- Reafirmar que nenhuma medida, ASPA a evitar o comércio com os unilateral ou não, deve ser tomada de assentamentos israelenses e a abster-se modo a afetar a autenticidade e a de negociar com empresas que estejam integridade do patrimônio cultural, auferindo lucros com a ocupação histórico e religioso da Cidade de israelense. Pedir que os Estados Jerusalém ou dos sítios cristãos e membros da ASPA desencorajem seus muçulmanos lá existentes, de acordo setores privados a investir nos com a Convenção para a Proteção do assentamentos israelenses e que, Patrimônio Mundial, de 1972, e com a alternativamente, promovam negócios Convenção da Haia para a Proteção com a Palestina. dos Bens Culturais em Caso de Conflito Armado, de 1954. 13- Conclamar a UNESCO a continuar sustentando a referência legal para Demonstrar apreço pelo papel suas decisões prévias sobre a inclusão desempenhado pelo Comitê Al Quds, da Cidade Velha de Jerusalém e seus sob a presidência de Sua Majestade o Muros na Lista do Patrimônio Rei Mohammed VI, para a proteção da Mundial, em 1981 a pedido do Reino condição de Al Quds Ashareef. Hachemita da Jordânia, com amplo 15- Saudar o Acordo de Irmanamento apoio árabe e islâmico, de acordo com assinado entre Caracas, capital da a resolução do Conselho Executivo da República Bolivariana da Venezuela, e organização, em sessão de setembro de Jerusalém Oriental, capital da 1981, e com a resolução emanada em Palestina, feito em Caracas, República 1982, que incluiu Jerusalém na lista do Bolivariana da Venezuela, em 20 de Patrimônio Mundial ameaçado, devido maio de 2015. à manutenção da condição jurídica de Jerusalém como território ocupado. E 16- Condenar o terrorismo em todas as saudar o importante acordo assinado suas formas e manifestações e rejeitar entre o Rei Abdullah II bin Al-Hussein qualquer tentativa de associar (Rei do Reino Hachemita da Jordânia) terrorismo com religiões, culturas ou Guardião dos Lugares Sagrados de grupos étnicos específicos. Reafirmar 303 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

seu comprometimento com os esforços Expressar sua completa prontidão em de antiterrorismo das Nações Unidas e cooperar e fortalecer os canais de com a prevenção do fornecimento comunicação e coordenação com as direto ou indireto de armas e da várias iniciativas e esforços nos níveis prestação de consultoria ou assistência internacional, nacional e regional, para técnica para pessoas ou entidades combater o terrorismo e eliminá-lo, envolvidas com ações terroristas, particularmente no que diz respeito à conforme as resoluções do CSNU troca de informações e experiências e à pertinentes. capacitação. Igualmente, tomar todas as medidas necessárias para prevenir o Reafirmar a necessidade de combater o recrutamento de elementos, terrorismo, por meio da cooperação especialmente de crianças e jovens, internacional ativa e eficiente, atraídos a ingressar em organizações inclusive com as Nações Unidas e com terroristas. Pedir que todos os órgãos as organizações regionais envolvidas, de segurança e judiciários de acordo com a Carta das Nações intensifiquem seus esforços e Unidas e com o direito internacional - coordenem mecanismos de ação no incluindo normas internacionais de combate ao terrorismo, dentro dos direitos humanos, de refugiados e de limites da legalidade internacional. direito humanitário. 17- Saudar os resultados da Afirmar seu comprometimento com a Conferência Internacional sobre o resolução 2170 (2014) do CSNU, com Combate ao Extremismo, realizada todas os seus dispositivos, inclusive pela Argélia, em 22-23 de julho de com a obrigação de prevenir o 2015. fornecimento direto ou indireto, a venda ou a transferência de armas e 18- Saudar os resultados da materiais correlatos de todos os tipos e Conferência Internacional sobre o a prestação de consultoria, assistência Combate ao Financiamento do ou treinamentos técnicos relacionados Terrorismo, realizada pelo Bareine, em a atividades militares do grupo novembro de 2014, e as terrorista Estado Islâmico, Frente Al recomendações da Declaração de Nusrah e outros indivíduos e grupos Manama, em particular com respeito à associados com a Al-Qaeda, bem como implementação plena de sanções com a obrigação de evitar que financeiras a indivíduos ou entidades, terroristas se beneficiem direta ou de acordo com as resoluções indiretamente do pagamento de pertinentes do Conselho de Segurança, resgates e de concessões políticas em e à identificação pública daqueles que troca da libertação de reféns. financiam ou auxiliam no financiamento do terrorismo; e com

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 304 respeito ao engajamento positivo do segurança nacional árabe, inclusive setor privado nos esforços de combate ameaças realizadas por organizações ao financiamento do terrorismo e à terroristas, levando em consideração a garantia de que divisas provenientes de Carta das Nações Unidas e todas as serviços de transferência de ativos obrigações de direito internacional, sejam licenciadas, supervisionadas e incluindo o direito internacional dos sujeitas a sanções em caso de violação. direitos humanos, o direito internacional dos refugiados e o direito 19- Saudar igualmente a realização, em internacional humanitário. futuro próximo, pelo Reino do Bareine, da Conferência sobre a 24- Condenar fortemente todos os atos Proteção de Instituições Civis contra a terroristas perpetrados contra o Iraque Exploração para o Financiamento do pelo Estado Islâmico e por outras terrorismo. organizações terroristas, bem como seu envolvimento nas mortes e 20- Relembrar a Resolução 66/10 da deslocamentos forçados de Assembleia Geral da ONU, que saúda contingentes do povo iraquiano, o o estabelecimento do Centro direcionamento de ataques por motivos Antiterrorismo da ONU e encoraja religiosos ou étnicos e a destruição de todos os Estados membros a monumentos, santuários, igrejas, colaborarem com ele. Aplaudir a mesquitas, outros locais de culto, sítios doação pelo Reino da Arábia Saudita arqueológicos e sítios do patrimônio de $100 milhões para apoiar as cultural, que incluem a destruição do atividades desse centro. museu de Mosul e das antiguidades do 21- Saudar a eleição por consenso do sítio histórico de Hatra. Reino do Marrocos como co- Saudar a Resolução A/Res/69/281 da presidente do Fórum Global AGNU, intitulada “Salvando o Antiterrorista, ao lado do Reino dos Patrimônio Cultural do Iraque”. Saudar Países Baixos. os esforços das forças iraquianas no 22- Elogiar o trabalho do Centro combate a grupos terroristas e recusar Africano para Estudos e Pesquisa todas as formas de interferência sobre Terrorismo, com sede na externa no Iraque, enfatizando a Argélia. condenação a todas as práticas que possam ameaçar a integridade 23 – Tomar nota da resolução da territorial do Iraque e a harmonia de última Cúpula Árabe de endossar, em sua sociedade. Ademais, apoiar os princípio, o estabelecimento de uma esforços do governo iraquiano para Força Árabe Conjunta e seu mandato alcançar unidade nacional entre os de enfrentar desafios que ameacem a povos do país. 305 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

25- Reafirmar seu compromisso com a seu território de todas as armas soberania, a independência, a unidade químicas declaradas, além de enfatizar e a integridade territoriais sírias e com que esses desenvolvimentos devem ser uma solução política para o conflito, correspondidos por esforços paralelos baseada nos princípios do Comunicado em outras áreas. Genebra 1, de 30 de junho de 2012. Expressar seu amplo reconhecimento Apoiar os esforços de Staffan de ao trabalho excepcional da Mistura como Enviado Especial das Organização para a Proibição de Nações Unidas para a Síria e sua Armas Químicas para lograr a missão de promover a retomada de eliminação das dessas armas e, negociações, visando a alcançar uma simultaneamente, fortalecer o solução política para a crise síria, de multilateralismo como o caminho acordo com o Comunicado de Genebra primordial para a solução pacífica de 1, de 30 de junho de 2012. controvérsias internacionais. Também reconhecer o papel essencial Saudar os resultados da Conferência desempenhado pela Missão Conjunta Internacional de Viena de Ministros OPAQ-NU para o desmantelamento do das Relações Exteriores, com vistas a programa sírio de armas químicas. alcançar uma solução política para o Saudar esse importante exemplo de conflito na Síria que reflita a seriedade cooperação prática entre Estados e das ações internacionais e a Organizações Internacionais para determinação de encontrar uma alcançar o desarmamento. alternativa que ponha fim ao sofrimento do povo sírio. Relembrar os dispositivos das Resoluções 2139, 2165 e 2191 (2014) Relembrar as Resoluções do Conselho do Conselho de Segurança das Nações de Segurança números 2209 (2015) e Unidas. Expressar grave preocupação 2235 (2015), que condenam o uso de com a deterioração da situação armas químicas na Síria e destacam a humanitária na Síria e com o alto importância de que todas as partes em número de deslocados internos e conflito não usem, desenvolvam, refugiados, que alcança mais de 12 produzam, estoquem, retenham ou milhões dentro da Síria e nos países transfiram armas químicas, ademais do vizinhos, além de mais de 4,5 milhões estabelecimento de um Mecanismo que precisam de assistência Investigativo Conjunto que identifique humanitária urgente. Relembrar que e responsabilize os culpados pelo uso todas as partes do conflito na Síria dessas armas na Síria. devem facilitar a entrega imediata e Saudar a adesão da Síria à Convenção livre de assistência humanitária a sobre Armas Químicas e a remoção de pessoas em toda a Síria, conforme a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 306

Resolução 2165 (2014) do CSNU. Saudar a realização da 1ª, 2ª e 3ª Ademais, pedir apoio para os países conferência de Doadores sob os vizinhos, com vistas a ajudá-los a auspícios Sua Alteza Xeique Sabah Al suportar os custos de acolhimento dos Ahmad Al Jaber Al Sabah, Emir do refugiados sírios e melhorar a situação Kuaite, para aliviar o sofrimento do humanitária dos sírios deslocados. povo sírio, as quais se reuniram em Nesse sentido, relembrar o 2013, 2014 e 2015, no Kuaite. Comunicado Presidencial número 26- Reafirmar o compromisso com a S/PRST/2015/10 do CSNU, de 24 de soberania, independência, unidade abril de 2015. nacional e integridade territorial do Expressar sua apreciação pelos Líbano e conclamar Israel a esforços significativos e admiráveis implementar imediatamente a realizados por países árabes, europeus Resolução 1701, em sua totalidade e e sul-americanos para acomodar de maneira incondicional, e a cessar as refugiados sírios. Notar com violações à soberania do Líbano por preocupação que a crise na Síria tem terra, ar e mar. Apoiar os esforços do tido efeitos sociais, demográficos, governo libanês em defender o Líbano ambientais e econômicos em países de todas as ameaças à sua segurança e vizinhos e outras nações receptoras, expressar sua compreensão com principalmente Líbano, Jordânia, relação à política adotada pelo governo Iraque e Egito, onde a crise frente aos desenvolvimentos no mundo sobrecarregou os recursos limitados e árabe, em particular sua política de os serviços sociais básicos, como dissociação em relação à crise na Síria. saúde, água, saneamento, moradia, 27- Apoiar o Governo líbio energia e educação; agravou o reconhecido pelas Nações Unidas em desemprego; diminuiu o comércio e o seus esforços na área de segurança e na investimento; e afetou a segurança. militar, para enfrentar as organizações Destacar a importância de financiar as terroristas. Reafirmar o compromisso respostas humanitárias e de com o respeito à unidade, à soberania e desenvolvimento para a crise dos à integridade territorial da Líbia, refugiados, prevendo apoio para planos conforme o princípio da não de reação nacionais, para o interferência em assuntos internos. atendimento das necessidades Expressar grande preocupação com a humanitárias dos refugiados e expansão de atividades de grupos fortalecendo a capacidade de terroristas no país. Reiterar apoio ao resistência dos países e comunidades diálogo político em andamento sob os receptores. auspícios do Representante Especial do Secretário-Geral da ONU para a Líbia. 307 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Saudar o Acordo de Skhirat sobre uma esse diálogo e encorajar a participação solução política para a crise na Líbia, dos grupos e atores políticos, de forma que foi iniciado pela maioria das partes a alcançar uma solução permanente e líbias em julho último, apreciando os abrangente para as atuais questões esforços do Reino do Marrocos em domésticas do Sudão. Convocar a facilitar esse acordo. E conclamar comunidade internacional e as todas as partes líbias a redobrarem instituições financeiras internacionais a esforços para diminuir suas diferenças apoiar o Sudão em seus esforços para e permanecerem comprometidas com a mitigar o impacto resultante da discussão para o estabelecimento de separação do Sudão do Sul, por meio um Governo de União Nacional. do alívio do peso da dívida e da suspensão das sanções econômicas 28- Tomar nota dos esforços exercidos unilaterais impostas sobre o Sudão. pelos países árabes vizinhos da Líbia; Tunísia, Argélia, Sudão e Egito, para 32- Reafirmar seu compromisso com a facilitar o diálogo intra-líbio. unidade, a soberania, a independência e a integridade territorial da República 29- Conclamar a República Islâmica do Iêmen, bem como com as do Irã a responder positivamente à aspirações do povo iemenita por iniciativa dos Emirados Árabes Unidos liberdade, democracia, justiça social, para alcançar uma solução pacífica desenvolvimento e acesso desimpedido para a questão das três ilhas (Tunb a bens e serviços básicos. Enfatizar seu Maior e Menor e Abu Musa), por meio apoio à legitimidade de Sua Excelência de diálogo e negociações diretas, de o Presidente da República do Iêmen acordo com a Carta das Nações Unidas Abd Rabbo Mansour Hadi, e aos e com os princípios do Direito esforços promovidos por várias partes Internacional. para salvaguardar o Estado iemenita, 30- Expressar sua rejeição a qualquer bem como suas instituições, interferência em seus assuntos propriedades e infraestrutura. domésticos por potências externas, em Sublinhar o papel fundamental que violação à Carta da ONU e aos uma solução imediata, pacífica e princípios de boa vizinhança. negociada para o conflito iemenita 31- Saudar a iniciativa de diálogo teria para o processo geral de nacional abrangente lançada pelo estabilização da política e da segurança Governo sudanês em 10 de Outubro de nas regiões do Oriente Médio e do 2015, apoiada pelo Painel de Chifre da África. Implementação de Alto Nível da União Reiterar a importância da retomada do Africana (PIANUA) e pela Liga dos processo político entre todos os atores Estados Árabes, com vistas a promover legítimos da cena política iemenita,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 308 com vistas à elaboração de projeto de humanitária no Iêmen. Da mesma uma nova constituição, a forma, saudar a generosa iniciativa de implementação de uma reforma estabelecer o "Centro de Caridade e eleitoral e a realização tanto de Alívio Humanitário Rei Salman" e a referendo sobre o projeto de alocação de 266 milhões de dólares constituição quanto de eleições gerais, adicionais para financiar as ambas iniciativas que seriam necessidades urgentes do centro. instrumentais para evitar maior Enfatizar a importância e a deterioração da situação humanitária e necessidade de se adotarem todas as de segurança no Iêmen. medidas urgentes para resolver a difícil e perigosa situação humanitária no Conclamar a comunidade internacional Iêmen. a prover o apoio político, de segurança, econômico e financeiro necessário para Apoiar os esforços do Sr. Ismael Weld permitir à República do Iêmen Sheikh Ahmed como Enviado Especial enfrentar seus desafios, especialmente do Secretário-Geral das Nações Unidas os humanitários, e atender para o Iêmen para aprimorar soluções urgentemente suas necessidades de políticas para a crise. desenvolvimento, de forma a assegurar 33- Apoiar o governo somali em seus a estabilização da situação e a retomar esforços para implementar a "Visão as disposições referentes à conclusão 2016". Reconhecer a importância da da transição democrática. formação de instituições federais Enfatizar a necessidade da somalis e da estabilização de áreas implementação completa da Resolução recém-recuperadas do grupo terrorista nº 2216 (2015) do Conselho de Al Shabab, e a urgente necessidade de Segurança das Nações Unidas e prover ajuda humanitária e acesso conclamar todos os atores legítimos do seguro às áreas recém-liberadas. Iêmen a respeitar as decisões adotadas Enfatizar a importância de responder a pela Conferência de Diálogo Nacional necessidades humanitárias imediatas e, Abrangente, de acordo com a iniciativa concomitantemente, investir em do Conselho de Cooperação do Golfo e capacitação de recursos humanos e em todas as resoluções relevantes do promoção de soluções de longo prazo, Conselho de Segurança. de acordo com as prioridades do Saudar o anúncio por parte do Governo Federal. Guardião das duas Mesquitas Sagradas Agradecer a União Africana e a Liga Rei Salman bin Abdulaziz Al-Saud, dos Estados Árabes por seu Rei do Reino da Arábia Saudita, de compromisso continuado com a doar $274 milhões para a assistência Somália e aplaudir o sacrifício e a 309 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

bravura do Exército Nacional Somali Ilhas Malvinas", de acordo com as (SNA) e das tropas da Missão da resoluções relevantes das Nações União Africana na Somália (AMISON) Unidas. Reiterar que a pretensão de para alcançar a paz. considerar as Malvinas, Geórgias e Sandwich do Sul como países e Saudar a extensão do mandato da territórios sobre os quais a Parte UNSOM pelo Conselho de Segurança, Quatro do Tratado sobre o em apoio ao Governo federal somali e Funcionamento da União Europeia e as à AMISOM. decisões da União Europeia sobre a Afirmar a importância de implementar Associação Ultramarina podem ser o programa de ação governamental aplicadas está em desacordo com a "Visão 2016" e de alcançar-se existência de uma disputa de soberania progresso político significativo, para a sobre essas ilhas. Declarar ainda que as adoção de uma constituição federal em atividades de exploração unilateral de 2015 e para a realização de eleições recursos naturais não-renováveis gerais em 2016. levadas a cabo atualmente na plataforma continental argentina, no Enfatizar que o progresso politico deve entorno das Ilhas Malvinas, são desdobrar-se a partir de uma incompatíveis com os dispositivos da abordagem abrangente de construção Resolução 31/49 da AGNU. Nesse da paz na Somália, e que a promoção e contexto, reconhecer o direito de a a garantia dos Direitos Humanos e a República Argentina tomar medidas proteção dos mais vulneráveis, legais, respeitando plenamente o incluindo mulheres e crianças afetadas Direito Internacional e as resoluções pelo conflito armado, devem constituir relevantes, contra as atividades não- prioridades. autorizadas de exploração em sua Reafirmar a importância de fortalecer plataforma continental. Conclamar o as consultas e a cooperação entre as Governo do Reino Unido da Grã- Nações Unidas e os representantes Bretanha e Irlanda do Norte a abster-se especiais e enviados da LEA à Somália de levar a cabo exercícios militares em nos campos político, de segurança, territórios sujeitos a disputa por humanitário e de reconstrução. soberania reconhecida pelas Nações Unidas. 34- Conclamar a República Argentina e o Reino Unido da Grã-Bretanha e 35- Nesse sentido, recordar que o dia Irlanda do Norte a retomarem 16 de dezembro de 2015 marcará o 50º negociações de forma a encontrar, tão aniversário da adoção da Resolução logo quanto possível, uma solução 2065 (XX) da Assembleia Geral das pacífica e definitiva para a disputa de Nações Unidas, a primeira resolução soberania referida como "Questão das que abordou especificamente a

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 310

Questão das Ilhas Malvinas, renovada Conferência de Revisão e Extensão do até os dias atuais por meio de TNP de 1995. Ademais, relembrar que resoluções subsequentes adotadas pela essa resolução é parte integral do Assembleia Geral da ONU e seu pacote de extensão do Tratado e Comitê Especial para Descolonização. permanece válida até ser implementada em sua inteireza. Expressando séria preocupação com o fato de que, apesar do tempo decorrido Reiterar que a segurança regional e a desde a adoção da Resolução 2065 estabilidade no Oriente Médio (XX) da AGNU, essa disputa requerem que toda a região esteja livre prolongada ainda não foi solucionada, de armas nucleares e outras armas de os Chefes de Estado e Governo unem- destruição em massa. Nesse contexto, se a outros foros regionais para apoiar o resultado da 8ª Conferência de solicitar ao Secretário Geral que Revisão do TNP (Nova Iorque, maio renove seus esforços em sua atual de 2010) que recordou a reafirmação missão de bons ofícios confiada pela por parte da Conferência de Revisão de Assembleia Geral por meio de 2000 da importância da acessão de sucessivas resoluções, de forma a Israel ao Tratado e a colocação de assegurar que sejam retomadas todas as suas instalações nucleares sob negociações bilaterais, visando a a salvaguarda abrangente da AIEA. encontrar, tão logo quanto possível, 37- Saudar a iniciativa de Sua uma solução pacífica para a referida Excelência o Rei Hamad bin Isa Al disputa. Khalifa, Rei do Reino do Bareine, de 36- Expressar seu desapontamento e estabelecer a Corte Árabe de Direitos tristeza pelo fracasso da IX Humanos, em resposta às aspirações Conferência de Revisão do Tratado de do povo árabe e em conformidade Não Proliferação Nuclear em alcançar tanto com o princípio do Estado de consenso sobre um documento Direito, que foi reconhecido, na substantivo, apesar dos esforços Cúpula de Doha de 2013, quanto com despendidos pela República Argelina o entendimento sobre o estatuto dessa Democrática e Popular na presidência Corte, emanado do Conselho da LEA, da IX Conferência de Revisão. reunido em nível de Cúpula, no Kuaite, em março de 2014. Ademais, assegurar Reafirmar a importância da o estabelecimento de cooperação no implementação da "Resolução sobre o campo de intercâmbio de experiência e Oriente Médio" para o estabelecimento expertise entre a Corte Interamericana de uma zona livre de áreas nucleares e de Direitos Humanos e a Corte Árabe outras armas de destruição em massa de Direitos Humanos. no Oriente Médio adotada pela

311 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

38- Expressar a rejeição a qualquer culturas e do respeito mútuo entre medida unilateral contrária aos todos os Povos e Comunidades, princípios de soberania e não construção da confiança e interferência em assuntos domésticos. compreensão e fomento à renúncia ao Nesse sentido, encorajar o diálogo em ódio. curso entre o Governo da República Expressar apreciação ao Reino de Bolivariana da Venezuela e o Governo Baraine por sediar a Conferência dos dos Estados Unidos da América em Diálogos de Culturas e Civilizações relação à ordem executiva do governo entre 5-7 de Maio de 2014, e saudar os dos EUA. resultados incluídos na Declaração do 39- Expressar apreciação pelos passos Baraine. positivos alcançados pela Tunísia em 42- Saudar a assunção da Presidência sua transição democrática, por meio da do Movimento Não-Alinhado em 2016 adoção de uma nova constituição e da pela Venezuela e aprovar o convite a organização de eleições legislativas e membros e observadores para presidenciais em um quadro de comparecerem à XVII Cúpula do consenso nacional. Saudar a atribuição MNA. Saudar os resultados do do Prêmio Nobel da Paz de 2015 para encontro do MNA sediado pela o Quarteto patrocinador do diálogo Argélia em 28-29/5/2014 nacional em apreço aos esforços despendidos para assegurar a fase de 43 - Saudar a construtiva presidência transição em um quadro de conciliação do Grupo dos 77 e China por parte do nacional e afirmar a necessidade de Estado Plurinacional da Bolívia e a apoiar a Tunísia nesta fase importante realização exitosa da Cúpula de sua história. Comemorativa dos Chefes de Estado e de Governo do Grupo dos 77 e China, 40 – Saudar a indicação de Sua Alteza realizada em Santa Cruz de la Sierra, Sheikh Sabah Al Ahmed Al Jaber Al Bolívia, em 14 e 15 de Junho de 2014, Sabah, Emir do Kuaite, como "Líder por ocasião do 50º aniversário da Humanitário" e elogiar a indicação do fundação do G77. Kuaite como Centro Humanitário Internacional pelas Nações Unidas. 44 – Elogiar o papel positivo, efetivo e fundamental desempenhado pela 41 - Saudar a Concessão do Prêmio da Argélia por meio da realização de Fundação para Entendimento Étnico a rodadas de diálogo entre as partes Sua Majestade o Rei Hamad bin Isa Al malinesas, que pavimentaram o Khalifa do Bareine, em caminho para que se alcançasse a reconhecimento a suas contribuições e assinatura do acordo de Paz e por seu papel significativo na promoção do diálogo entre religiões e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 312

Reconciliação entre as partes no Mali de países em desenvolvimento e em 15/5/2015 em Bamako. assinalar que suas ações não deveriam suplantar o direito de os Estados 45- Elogiar os esforços empreendidos protegerem seu povo sob o Direito pela República Islâmica da Mauritânia, Internacional. Afirmar o direito com vistas ao estabelecimento da paz e soberano de qualquer Estado da segurança na República do Mali, no reestruturar sua dívida soberana, o qual contexto da mediação internacional. não deve ser obstaculizado ou 46- Tomar nota que a administração impedido por qualquer medida das dívidas soberanas tem sido questão emanada de outro Estado. crucial para os países em Reafirmar o apoio completo e desenvolvimento, nas últimas décadas abrangente oferecido pelos países e em anos recentes, e que crises da árabes e sul-americanos, por meio da dívida soberana são um problema Resolução da Assembleia Geral nº recorrente que acarreta consequências 69/319, para adoção de princípios políticas, econômicas e sociais muito básicos em processos de reestruturação sérias, com efeitos adversos para o de dívida soberana, com vistas a, entre desenvolvimento sustentável. outros, incrementar a eficiência, a Tomar nota, igualmente, que o estabilidade e a previsibilidade do processo de restruturação de dívidas sistema financeiro internacional; e a soberanas é fenômeno frequente no alcançar o desenvolvimento sistema financeiro internacional e que sustentável e o crescimento econômico as ações dos fundos abutre em cortes sustentável, inclusivo e equitativo, de internacionais têm revelado sua acordo com as circunstâncias e natureza altamente especulativa, prioridades nacionais. Convidar, representando um risco para todos os ademais, todos os Estados a apoiar e futuros processos de reestruturação de promover esses princípios básicos. dívidas. Tomar nota, adicionalmente, 47 – Concordar em fortalecer o diálogo que as atividades dos fundos abutre político e técnico, a cooperação e as repercutem de maneira direta e ações conjuntas, onde possível, entre negativa na capacidade de os governos os Estados membros da ASPA, para cumprirem suas obrigações com tratar do problema mundial das drogas, respeito aos Direitos Humanos, como utilizando uma abordagem integradora assinalado pela resolução 27/30 do que observe os princípios das Conselho de Direitos Humanos. responsabilidades comuns e Enfatizar a importância de não permitir compartilhadas, bem como o respeito que os fundos abutre paralisem ao Direito Internacional. esforços de reestruturação de dívidas 313 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

48 – Elogiar os esforços da República oferecendo uma base para a do Peru na preparação do Encontro estabilidade regional e para o Anual do Conselho de Governadores desenvolvimento integral de seus do Grupo Banco Mundial e do Fundo povos; contribuindo para a paz Monetário Internacional, realizado em mundial; incorporando as Lima, em 5-12 de outubro de 2015. características sub-regionais e nacionais que reforçam a unidade entre 49 - Congratular o êxito da 20ª a América Latina e o Caribe; e gerando Conferência das Partes da Convenção- consenso para fortalecer a cooperação Quadro das Nações Unidas sobre regional na área de defesa. Mudança do Clima (UNFCCC), que teve lugar em Lima, Peru, onde os 52- Elogiar o papel do Centro Global Estados membros alcançaram para o Diálogo Entre Fiéis de Religiões progresso substantivo no sentido da e Culturas Rei Abdullah Ibn Abdulaziz adoção de um protocolo ou outro Al-Saud em Viena, e conclamar todos instrumento legal, ou um resultado os Estados a colaborar com este centro acordado com força legal sob a Cooperação Setorial: Convenção, que esteja de acordo com 1- Afirmar a importância de seus princípios e dispositivos - implementar os anexos planos de incluindo as responsabilidades trabalho setoriais conjuntos, bem como comuns, porém diferenciadas - e que de ativar o trabalho dos comitês fortaleça o sistema baseado em regras setoriais conjuntos encarregados de multilaterais. Nesse sentido, traduzir em projetos e programas congratular o Governo do Peru pela conjuntos para cooperação, as condução exitosa dos trabalhos nesse resoluções resultantes de reuniões encontro. setoriais ministeriais (Anexo 1: planos 50 – Saudar o progresso alcançado no de cooperação nas áreas econômica, processo de paz na Colômbia. social, mídiática e legal). Encorajar o governo Colombiano e as 2- Saudar os resultados das reuniões FARC-EP a promoverem seus setoriais nas áreas de educação, saúde melhores esforços para concluir essas e mulheres mandatários, realizadas no negociações tão logo quanto possível e Peru, em 2013 e 2014, bem como as expressar prontidão em prestar reuniões nas áreas de energia, assistência em apoio à implementação propriedade intelectual e instituições de um acordo de paz abrangente. diplomáticas, realizadas em 2013, nos 51 - Elogiar o trabalho continuado do Emirados Árabes Unidos, no Brasil e Conselho de Defesa da América do Sul na Colômbia, respectivamente, e a (CDS) da UNASUL na consolidação reunião ministerial sobre Cultura, da América do Sul como Zona de Paz, realizada na Arábia Saudita, em 2014,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 314 sob o mandato da Declaração de Lima, 6- Saudar o acolhimento pelo Sudão que desenvolveu ampliadamente da 1ª Reunião do Subcomitê de importantes iniciativas de cooperação. Cooperação Agrícola da ASPA a ser realizado em fevereiro de 2016 e 3- Pedir que sejam estabelecidas metas conclamam pela participação ativa dos específicas para a cooperação países ASPA para garantir o sucesso birregional nas áreas de alta prioridade da reunião. de saúde, educação, redução da pobreza, meio-ambiente, mudança do 7- Reafirmar que o investimento é um clima, energia, gestão de recursos dos pilares do desenvolvimento sócio- hídricos, segurança alimentar e econômico e representa importante desemprego, a fim de expandir a mecanismo que efetivamente ajuda a cooperação, promover o reduzir as taxas de pobreza e desenvolvimento sustentável e desigualdade. Apoiar esforços públicos estabelecer mecanismos e projetos que e privados para promover contribuirão efetivamente para sua investimentos em diversas áreas, nos concretização. níveis nacionais e regionais, a fim de facilitar a criação de emprego; 4- Reafirmar que energia deve tornar- expandir a educação e o conhecimento se um dos eixos do relacionamento científico; e promover o birregional nos próximos anos, desenvolvimento sustentável. especialmente no que diz respeito aos temas de produção energética; melhora da eficiência energética; 8- Reafirmar nosso apoio à Agenda desenvolvimento do uso renovável de 2030 para o Desenvolvimento energias limpas; e desenvolvimento de Sustentável e incitar países de ambas outras estratégias para lidar com a as regiões a intensificar nossa mudança climática; tendo em mente a cooperação, com vistas a implementar importância da energia para o as Metas de Desenvolvimento desenvolvimento sustentável dos Sustentável fixadas pela Agenda. membros da ASPA. Conclamar, ademais, a comunidade 5- Pedir a expansão da coordenação e internacional a honrar seus da cooperação científicas, compromissos assumidos nesse particularmente nas áreas de sociedade âmbito. da informação; adaptação e mitigação 9- Saudar o acolhimento pelo reino do dos efeitos da mudança climática; Bareine da Conferência Ministerial combate à desertificação; gestão de sobre a implementação dos objetivos recursos hídricos; e agricultura. de desenvolvimento nos países árabes no período 6-7/12/2015, a primeira 315 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

conferência regional no mundo a ser conectividade marítima entre as realizada após a adoção do plano de regiões árabe e sul-americana, desenvolvimento sustentável realizado pela Liga dos Estados Árabes, e conclamar os países da 10- Saudar os resultados da ASPA a encorajarem seus setores Cúpula Árabe de Desenvolvimento públicos e privados a investir nessa Econômico e Social, em Riade, em área de cooperação nesse tema a ser 2013. acompanhado por ambos 11- Pedir a adoção de medidas coordenadores regionais. adicionais para facilitar e intensificar a 15- Compartilhar experiências entre transferência de tecnologia e os fluxos países árabes e sul-americanos em de comércio e investimento, diferentes áreas de turismo, patrimônio especialmente nas áreas de arquitetônico, organização de viagens alimentação, agroindústria, energia, e eventos turísticos, além de realizar inovação, infraestrutura, turismo, setor uma semana da mídia turística. de manufaturados e tecnologia da informação. 16- Saudar o crescimento significativo do comércio e do investimento globais 12- Reiterar apoio ao trabalho entre as duas regiões, desde a desenvolvido pela Biblioteca e Centro realização da Primeira, da Segunda e de Pesquisas América do Sul-Países da Terceira Cúpulas ASPA, Árabes (BibliASPA), pela Biblioteca destacando que ainda existem Árabe e Sul-Americana, na Argélia, e possibilidades inexploradas que pelo Instituto Árabe – Sul-Americano, permitiriam maiores crescimento e no Marrocos, e pedir aos países árabes diversificação do comércio e do e sul-americanos que contribuam com investimento birregionais. essas iniciativas, com vistas a garantir sua sustentabilidade. 17- Saudar a assinatura do Acordo- Quadro sobre Comércio e Cooperação

Econômica entre o MERCOSUL e a 13- Tomar nota, com satisfação, dos República da Tunísia; e o Memorando resultados positivos do IV Foro de Entendimento sobre Comércio e Empresarial América do Sul – Países Cooperação Econômica entre o Árabes, realizado em Riade, à margem MERCOSUL e a República do Líbano; da IV Cúpula ASPA, com a finalidade relembrando que o MERCOSUL de expandir a cooperação econômica também assinou Acordos de Livre entre ambas as regiões. Comércio com o Reino da Jordânia, o Conselho de Cooperação do Golfo, o 14- Tomar nota, com satisfação, dos Reino do Marrocos e a República resultados do estudo sobre Árabe da Síria. Reafirmar seu interesse

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 316 em fortalecer as relações comerciais e organização de eventos culturais econômicas entre os Estado membros semelhantes. da ASPA. Mecanismos de Seguimento e 18- Elogiar o progresso alcançado na Estrutura da ASPA: área de cooperação cultural entre Desenvolver a estrutura da ASPA países árabes e sul-americanos. mencionada no parágrafo (119) da Afirmar a importância de implementar “Declaração de Doha”, emitida pela II o que foi acordado nas reuniões Cúpula ASPA, com vistas a torná-la conjuntas de Ministros da Cultura, mais dinâmica, da seguinte maneira: realizadas na Argélia (2009), no Brasil 1. (Mais alto nível) A Cúpula, (2009) e no Reino da Arábia Saudita composta por Chefes de Estado e (2014). Recomendar que ações práticas de Governo, a reunir-se a cada três sejam tomadas para garantir a anos; implementação do Plano de Ação 2. (Segundo nível) O Conselho de adotado pelos Ministros. Ministros das Relações Exteriores, 19- Reafirmar o papel positivo de a reunir-se a cada dois anos; nacionais sul-americanos de 3. (Terceiro nível) O Conselho de descendência árabe em transmitir o Altos Funcionários dos conhecimento e a cultura de seus Ministérios das Relações países de origem e em criar ligações Exteriores, composto pelos entre as duas regiões. Relembrar que a Coordenadores Nacionais (Pontos transferência da cultura árabe para sua Focais), a reunir-se anualmente; nova pátria gerou um novo híbrido das 4. (Quarto nível – 1) Os Comitês duas culturas, criando uma nova Setoriais, compostos pelos cultura mista. especialistas em cada área (Pontos Nodais), a reunir-se, ao menos, 20- Saudar a celebração anual duas vezes por ano. Deverá ativar organizada pela Liga dos Estados o trabalho dos comitês conjuntos, Árabes e suas missões no exterior, em conforme exposto a seguir: comemoração do “Dia dos Expatriados - A Presidência do comitê deverá ser Árabes”, em 4 de dezembro, bem ocupada pelo país sede da última como apreciar as iniciativas dos países reunião ministerial setorial na área de sul-americanos em celebrar os cooperação. descendentes de origem árabe, em particular a celebração pelo Brasil do - O Presidente do Comitê deverá “Dia Nacional da Comunidade Árabe”, enviar convites, decidir sobre a data e em 25 de março, e encorajar a o local da sua reunião e determinar sua agenda e programa de trabalho, em

317 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

coordenação com o Secretariado Geral necessário, em nível Ministerial à (Coordenador para os países árabes) e margem da AGNU. o Brasil (Coordenador dos países sul- Saudar a oferta da Venezuela de sediar americanos). a V Cúpula ASPA, a realizar-se, em e) (Quarto nível – 2) O Grupo 2018. Executivo de Coordenação, composto Expressar grande apreço e gratidão aos pelo Presidente da Cúpula Árabe, pelo mandatários, governo e povo do Reino Secretariado Geral da Liga dos Estados da Arábia Saudita pela acolhida Árabes, representando os países calorosa, amável hospitalidade e pelas árabes, pela Presidência da UNASUL e excelentes organização e preparação pelo Brasil (que temporariamente irá dessa Cúpula. juntar-se a este grupo até que o Secretariado Geral da UNASUL esteja plenamente estruturado), TRATADO ENTRE A SUÍÇA E A representando os países sul- REPÚBLICA FEDERATIVA DO americanos. Adicionalmente BRASIL SOBRE A à Troika ASPA (o país sede da última TRANFERÊNCIA DAS PESSOAS Cúpula ASPA, o país sede da Cúpula ASPA atual e o país sede da próxima CONDENADAS – BRASÍLIA, 23 Cúpula ASPA), com o seguinte DE NOVEMBRO DE 2015 mandato: 24/11/2015 1- Acompanhar a implementação dos A República Federativa do Brasil e a resultados das Cúpulas ASPA e Suíça chamadas logo abaixo, as Reuniões Setoriais ASPA. “Partes”, 2- Sugerir novas iniciativas para Desejando promover as relações de fomentar as relações birregionais. amizade e favorecer a cooperação 3- Reunir-se previamente à Reunião de judiciária de natureza penal, em Altos Funcionários, para coordenar particular em termos de transferência posições entre ambas as regiões sobre das pessoas condenadas; a agenda da reunião e outros temas Considerando que esta cooperação relacionadas a ela. deve servir aos interesses de uma boa 4- Reunir-se para consultas à margem administração da justiça e favorecer a de Fóruns Internacionais, para reintegração social das pessoas coordenar posições em temas de condenadas; interesse mútuo. Considerando que estes objetos exigem 5- Convocar reuniões de consulta em que os estrangeiros que são privados nível de altos funcionários ou, se de liberdade após uma infração penal

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 318 tenham a possibilidade de cumprir a Princípios gerais sua “condenação” no seu meio social 1. As Partes comprometem-se a de origem; conceder mutuamente, tal como é previsto pelo presente Tratado, a Considerando que a melhor maneira de cooperação mais abrangente alcançar este objetivo é de transferi-los possível em termos de para os seus respectivos países de transferência das pessoas origem; condenadas. Está acordado do que segue: 2. Uma pessoa condenada no território de uma das Partes pode,

em conformidade com as Primeira parte: Disposições gerais disposições do presente Tratado, ser transferida até o território da Artigo 01 outra Parte para cumprir a Definições condenação que lhe foi infligida. Para os fins do presente Tratado, a Para este efeito, ela pode expressão: manifestar, seja para o Estado de condenação seja para o Estado de “Condenação” designa toda e execução, o seu desejo de ser qualquer pena ou medida privativa de transferida em virtude do presente liberdade pronunciada por um juiz por Tratado. um período de tempo limitado ou 3. A transferência pode ser solicitada indeterminado, em razão de uma ou pelo Estado de condenação, ou, infração penal, conforme seu direito pelo Estado de execução. interno;

“Julgamento” designa uma decisão Artigo 03 de justiça determinando uma Direitos humanos condenação; Considerando que as Partes são “Estado de condenação” designa o obrigadas a incentivar o respeito Estado onde foi condenada a pessoa universal e efetivo aos direitos que pode ser transferida ou já o foi; humanos e liberdades fundamentais, as Partes irão aplicar o presente Tratado “Estado de execução” designa o respeitando as obrigações contidas nos Estado para o qual a pessoa condenada instrumentos internacionais de pode ser transferida ou já o foi para proteção dos direitos humanos dos cumprir a sua condenação. quais elas são Partes contratantes e em particular, aquelas contidas no Pacto internacional relativo aos direitos civis Artigo 02 319 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

e políticos e na Convenção contra a partir do dia da recepção do pedido de tortura e outros tratamentos ou penas transferência, ou indeterminada; cruéis, desumanos ou degradantes, d) A pessoa condenada ou, quando bem como o seu Protocolo facultativo; em razão de sua idade ou estado físico ou mental, algum dos dois Estados o julga necessário, seu representante, Artigo 04 deve consentir na transferência; Autoridades centrais 1. Para os fins do presente Tratado, e) Os atos ou omissões que deram as Autoridades centrais são, para a origem a condenação devem constituir Suíça, o Oficio federal da justiça uma infração penal com respeito ao do Departamento federal da justiça direito do Estado de execução ou e da policia, e, para o Brasil, o deveriam constituir uma infração caso Ministério da Justiça, por acontecesse no seu território; e intermédio dos quais serão f) O Estado de condenação e o apresentados e recebidos os Estado de execução devem ter chegado pedidos de transferência bem a um acordo sobre a transferência; como as suas respostas. 2. As Autoridades centrais das Partes 2. Em casos excepcionais as Partes comunicam diretamente entre elas. podem concordar com uma A via diplomática permanece transferência mesmo se a duração contudo reservada a casos de da condenação que a pessoa necessidade. condenada ainda tem por cumprir for inferior à prevista no parágrafo Artigo 05 1, c). Condições para a transferência 1. Uma transferência apenas pode ser Artigo 06 efetivada nos termos do presente Obrigação de fornecer informações Tratado nas condições seguintes: 1. Toda e qualquer pessoa condenada a) A pessoa condenada deve ser à qual este Tratado pode se aplicar nacional do Estado de execução; deve ser informado pelo Estado de b) O julgamento deve ser condenação do teor do presente definitivo e não haver outro processo Tratado. penal pendente, no Estado de 2. Caso a pessoa condenada tenha condenação; manifestado para o Estado de condenação o desejo de ser c) A duração da condenação que o transferida em virtude do presente condenado ainda há de sofrer deve ser Tratado, este Estado deve informar de no mínimo doze meses, contados a o Estado de execução o quanto

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 320

antes, uma vez que o julgamento 2. Estas solicitações serão seja definitivo. endereçadas diretamente entre as 3. As informações devem conter: Autoridades centrais e as respostas a) O nome, a data e o local de são comunicadas pela mesma via. nascimento da pessoa condenada; A via diplomática permanece, contudo, reservada para caso de b) Se existir, o seu endereço no necessidade. Estado de execução; 3. O Estado requerido deve informar c) Uma declaração dos fatos que o Estado requerente no menor levaram a condenação; tempo possível, de sua decisão em aceitar ou recusar a transferência d) A natureza, a duração e a data do solicitada. inicio da condenação.

4. Caso a pessoa condenada tenha Artigo 08 manifestado ao Estado de Documentos em apoio execução o desejo de ser 1. O Estado de execução deve, a transferida em virtude do presente pedido do Estado de condenação, Tratado, o Estado de condenação disponibilizar para o mesmo: comunica a este Estado, a pedido, a) Um documento ou uma as informações referidas no declaração indicando que a pessoa parágrafo 3, acima. condenada é nacional deste Estado; 5. A pessoa condenada deve ser informada por escrito de toda e b) Uma cópia das disposições qualquer ação tomada pelo Estado legais do Estado de execução dos quais de condenação ou pelo Estado de resultam que os atos ou omissões que execução, em aplicação dos levaram a condenação no Estado de parágrafos anteriores, bem como condenação constituem uma infração informada de qualquer decisão penal perante o direito do Estado de tomada por um dos dois Estados a execução, ou, constituiriam uma, caso respeito de um pedido de acontecessem no seu território. transferência. 2. Caso uma transferência seja

solicitada, o Estado de condenação Artigo 07 deve disponibilizar os documentos Pedidos e respostas a seguir para o Estado de 1. As solicitações de transferência e execução, a não ser que um dos as respostas devem ser feitas por dois Estados já tenha expressado escrito. que não aprovaria a transferência:

321 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

a) Uma cópia do julgamento e das procedimento a ser seguido para disposições legais aplicadas; tal será regido pela lei do Estado de condenação. b) A indicação do tempo da 2. O Estado de condenação condenação já cumprida, inclusive concederá ao Estado de execução a informações sobre qualquer detenção possibilidade de verificar, por provisória, remissão ou outro ato intermédio de um cônsul o de relativo à execução da condenação, outro funcionário designado em bem como um atestado de conduta acordo com o Estado de execução, carcerária; que o consentimento foi dado nas c) Uma declaração notificando o condições previstas no parágrafo consentimento para a transferência tal anterior. como consta no artigo 5,1,d); Artigo 10 d) Sempre que for o caso, todo Consequências da transferência relatório médico ou social sobre a para o Estado de condenação pessoa condenada, qualquer 1. O recebimento da pessoa informação sobre o seu tratamento no condenada pelas autoridades do Estado de condenação e toda e Estado de execução resulta na qualquer recomendação para a suspensão da execução da continuação do seu tratamento no condenação no Estado de estado de execução. condenação. Quando a pessoa 3. O Estado de condenação e o condenada, uma vez transferida, Estado de execução podem, um e escapa da execução da sua outro, pedir para receber qualquer condenação, o Estado de documento ou declaração citada condenação recupera o direito de nos parágrafos 1 e 2 acima, antes executar o restante da pena que a de solicitar uma transferência ou mesma teria que cumprir no de tomar uma decisão sobre a sua Estado de execução. aprovação ou reprovação. 2. O Estado de condenação não pode Artigo 09 mais executar a condenação quando o Estado de execução Consentimento e verificação considerar a execução da 1. O Estado de condenação garantirá condenação terminada. que a pessoa que deve dar o seu

consentimento para a transferência em respeito ao artigo 5, 1. d) o Artigo 11 faça voluntariamente e com plena Consequências da transferência consciência das consequências para o Estado de execução jurídicas que dele decorrem. O

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 322

1. A sanção penal pronunciada pelo encarceramento da pessoa Estado de condenação será condenada. diretamente aplicada no Estado de execução. Artigo 12 2. O Estado de execução estará Persecução ou condenação no vinculado às constatações dos Estado de execução fatos, bem como à natureza 1. A pessoa condenada, quando é jurídica e à duração da sanção transferida para a execução de uma penal que resultam da condenação. pena ou de uma medida privativa 3. Contudo, caso a natureza ou o de liberdade conforme ao presente tempo de duração desta sanção Tratado, não pode ser processada penal forem incompatíveis com a ou condenada no Estado de legislação do Estado de execução, execução pelos mesmos fatos que ou caso a legislação deste Estado o aqueles que levaram a sua pena ou exigir, o Estado de execução pode, medida privativa de liberdade, por decisão de autoridade infligida pelo Estado de competente, adaptar esta sanção condenação. penal à pena ou medida prevista 2. Contudo, a pessoa transferida pela sua própria lei para infrações poderá ser detida, julgada e da mesma natureza. Esta pena ou condenada no Estado de execução medida corresponderá na medida para todo e qualquer outro fato que do possível, dado a sua natureza, aquele que resultou na sua àquela infligida pela condenação a condenação no Estado de executar. Ela não pode agravar condenação, quando for pela sua natureza ou pela sua sancionado penalmente pela duração a sanção penal legislação do Estado de execução. pronunciada no Estado de condenação, nem mesmo exceder Artigo 13 o máximo previsto pela lei do Entrega Estado de execução. A entrega da pessoa condenada pelas 4. A execução da sanção penal no autoridades do Estado de condenação Estado de execução será regida às autoridades do Estado de execução pela lei deste Estado. Ele é o único acontecerá no local combinado entre as competente para tomar as decisões Partes. relativas às modalidades de execução da sanção penal, Artigo 14 inclusive daquelas relativas ao Graça, Indulto ou Anistia tempo de duração e 1. A graça, o indulto ou a anistia poderão ser concedidos conforme 323 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

a Constituição ou demais normas b) Quando considerar concluída a jurídicas dos dois Estados. execução da condenação; 2. O Estado de execução somente c) Caso a pessoa condenada fuja poderá conceder graça, indulto ou antes do término da execução da anistia, em conformidade com as condenação; ou suas leis, após o consentimento do Estado de condenação. d) Caso o Estado de condenação solicite um relatório especifico.

Artigo 15 Revisão do julgamento Artigo 18 O Estado de condenação, somente, tem Trânsito o direito de se pronunciar sobre 1. Caso uma das duas Partes conclua qualquer pedido de revisão introduzido com Estados terceiros convenções contra o julgamento. para a transferência de pessoas condenadas, a outra Parte deverá facilitar o trânsito no seu território Artigo 16 das pessoas condenadas Modificação e cessação da execução transferidas em respeito a tais 1. O Estado de condenação informará convenções. o Estado de execução sobre toda 2. Uma das Partes poderá recusar o modificação da condenação trânsito, caso a pessoa condenada favorável à pessoa condenada seja nacional do seu Estado, ou transferida. caso a infração que resultou na 2. O Estado de execução deve por condenação não constitua uma fim a execução da condenação violação perante a sua legislação. assim que lhe for informado pelo 3. A Parte que tiver a intenção de Estado de condenação de toda e realizar esta transferência deverá qualquer decisão ou medida que notificar previamente a outra resulta na suspensão do caráter Parte. executório da condenação. 4. A Parte à qual o trânsito é

solicitado somente poderá manter a pessoa condenada em detenção durante o período de tempo Artigo 17 estritamente necessário para o Informações relativas à execução transito pelo seu território. a) O Estado de execução disponibilizará informações ao Estado de condenação, relativas à execução da Artigo 19 condenação: Idiomas

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 324

1. Os pedidos de transferência bem 4. O Estado de execução poderá como os seus anexos serão recuperar da pessoa condenada a redigidos no idioma do Estado totalidade ou parte dos custos da requerente e acompanhados de transferência que ele financiou. uma tradução na língua do Estado requerido indicado para cada caso Segunda parte: Disposições finais pela Autoridade central.

2. A tradução dos documentos Artigo 22 estabelecidos ou obtidos no âmbito Troca de pontos de vista da execução do pedido será A pedido de uma delas, as duas Partes responsabilidade do Estado procederão, verbalmente ou por requerente. escrito, à troca de pontos de vista sobre

a interpretação, aplicação e Artigo 20 implementação do presente Tratado, de Isenção de formalidades forma geral ou para um caso em O pedido e os respectivos documentos especifico. enviados por uma das Partes em aplicação ao presente Tratado são dispensados das formalidades de Artigo 23 legalização, bem como de qualquer Aplicação no tempo outra formalidade. O presente Tratado será aplicável à execução das condenações

pronunciadas antes ou após a sua Artigo 21 entrada em vigor. Escolta e custos

1. O Estado de execução fornecerá a escolta para a transferência. Artigo 24 2. Os custos da transferência, Relações com outras convenções e inclusive aqueles da escolta, serão acordos de incumbência do Estado de O presente Tratado não prejudica nem execução, a não ser no caso em viola os direitos e obrigações que for combinado diferentemente decorrentes dos tratados de extradição pelos dois Estados. e demais tratados de cooperação 3. Os custos ocasionados internacional em matéria penal que exclusivamente no território do disponham sobre a transferência de Estado de condenação serão de detentos para fins de acareação ou de responsabilidade deste Estado. testemunho.

325 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Artigo 25 VIAGEM DO MINISTRO DAS Entrada em vigor RELAÇÕES EXTERIORES A 1. O presente Tratado entrará em CUBA – HAVANA, 25 DE vigor no primeiro dia do segundo NOVEMBRO DE 2015 24/11/2015 mês após a data da ultima notificação atestando o O Ministro das Relações Exteriores, cumprimento das formalidades Embaixador Mauro Vieira, realizará constitucionais requeridas em cada sua primeira visita oficial a Cuba, em um dos dois Estados. 25 de novembro. 2. O presente Tratado vigerá por Em Havana, o Ministro Mauro Vieira tempo indeterminado. manterá reuniões de trabalho com o Artigo 26 Chanceler Bruno Rodriguez Parilla e Denúncia com o Ministro de Comércio Exterior e 1. Cada Parte poderá denunciar o Investimentos Estrangeiros, Rodrigo presente Tratado a qualquer Malmierca Díaz. momento por notificação escrita enviada à outra Parte. A denúncia A visita do Chanceler brasileiro a Cuba entrará em vigor seis meses após a ocorre em contexto político promissor. data da recepção desta notificação. A normalização das relações 2. Contudo, o Tratado ainda diplomáticas entre EUA e Cuba – que, continuará sendo aplicado à o Brasil espera, culmine proximamente execução das condenações das com o fim do embargo vigente – e a pessoas condenadas transferidas evolução do modelo econômico em conformidade com o presente cubano são desenvolvimentos que o Tratado antes que a denúncia entre Brasil acompanha com atenção. em vigor. Em Havana, o Ministro Mauro Vieira

tratará de temas relativos à cooperação Em fé do que os abaixo assinados, bilateral; à criação da Câmara de devidamente autorizados pelos seus Comércio Brasil-Cuba; à ampliação do respectivos Governos, assinaram o escopo do Acordo de Complementação presente Tratado. Econômica no 62 (ACE-62) entre MERCOSUL e Cuba, bem como temas Feito em Brasília, no dia 23 de regionais e globais. novembro de 2015, em duplo Em 2016, serão comemorados os 30 exemplar, na língua francesa e na anos do restabelecimento de relações língua portuguesa, sendo ambos os diplomáticas entre Brasil e Cuba. textos igualmente autênticos.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 326

ACORDO DE COOPERAÇÃO E diretos chilenos no mundo. Segundo o FACILITAÇÃO DE Banco Central do Brasil, o estoque de INVESTIMENTOS ENTRE O investimentos chilenos no Brasil BRASIL E O CHILE – totalizou, até dezembro de 2013, US$ SANTIAGO, 23 DE NOVEMBRO 5,2 bilhões. Os investimentos do Chile DE 2015 24/1/2015 no Brasil são direcionados, sobretudo, ao setor industrial, seguido pelos setores de varejo, serviços, energia, agropecuária e mineração. Estima-se Por ocasião da visita a Santiago do que tais investimentos gerem mais de Ministro do Desenvolvimento, 38 mil empregos diretos e indiretos no Indústria e Comércio Exterior, Brasil. Armando Monteiro, em 23 de novembro, foi assinado o Acordo de Por sua vez, o estoque de Cooperação e Facilitação de investimentos brasileiros diretos no Investimentos (ACFI) entre o Brasil e Chile, até 2014, era de US$ 1,5 bilhão, o Chile. concentrados nos setores financeiro, mineiro, metalúrgico, químico, Trata-se do sexto instrumento legal em alimentício e de distribuição de gás e matéria de investimentos firmado com combustíveis. base no novo modelo brasileiro de acordos de investimentos, na sequência daqueles já celebrados com Moçambique (março/2015), Angola Acordo de Cooperação e Facilitação (abril/2015), México (maio/2015), Maláui (junho/2015) e Colômbia de Investimentos entre a República (setembro/2015).

O ACFI com o Chile visa a facilitar e Federativa do Brasil e a República do promover o investimento mútuo, mediante o estabelecimento de um Chile marco de tratamento para os investidores e seus investimentos, e de A República Federativa do Brasil governança institucional para a e cooperação, assim como de mecanismos de prevenção e solução de a República do Chile, controvérsias. doravante denominadas como as O Chile é o principal investidor sul- “Partes” ou, individualmente, como americano no Brasil, e o Brasil é o “Parte”, principal destino dos investimentos 327 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Desejando reforçar e aprofundar os Reconhecendo o direito das Partes laços de amizade e o espírito de de adotar normas relativas a cooperação contínua entre as Partes; investimentos realizados em seus territórios, para alcançar objetivos legítimos de políticas públicas; Almejando estimular, agilizar e apoiar Desejando fomentar e fortalecer os investimentos bilaterais, abrindo novas contatos entre o setor privado e os iniciativas de integração entre ambos Governos das Partes; os países;

Com o objetivo de criar um Reconhecendo o papel fundamental mecanismo de diálogo técnico e do investimento na promoção do iniciativas governamentais que desenvolvimento sustentável, do contribuam para o aumento crescimento econômico, da redução da significativo de seus investimentos pobreza, da criação de empregos, da mútuos; expansão da capacidade produtiva e do desenvolvimento humano; Acordam o que Segue

Entendendo que o aprofundamento das relações entre as Partes em matéria PARTE I – Definições e Âmbito de de investimentos trará benefícios amplos e recíprocos; Aplicação

Com o propósito de alcançar uma Artigo 1º expansão contínua do investimento Definições bilateral em benefício das Partes e de melhorar o ambiente de 1. Para efeitos deste Acordo: investimentos mediante o intercâmbio de informação, a promoção e cooperação e a 1.1 “Acordo TRIPS” significa o identificação e eliminação de Acordo sobre os Aspectos dos Direitos barreiras ao investimento; de Propriedade Intelectual relacionados com o Comércio, Destacando a importância de se contidos no Anexo 1 C do Acordo pelo fomentar um ambiente transparente, qual se estabelece a Organização ágil e amigável para os investimentos Mundial do Comércio. bilaterais;

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 328

1.2 “Empresa do Estado” significa instrumento de dívida ou um uma empresa de propriedade ou empréstimo a uma empresa do Estado controlada, integral ou que não desenvolva atividades majoritariamente, por uma Parte, para econômicas em condições de mercado efeitos de exercer atividades de e, no caso do Chile, um instrumento de negócios. dívida emitido por uma empresa do Estado ou um empréstimo a uma empresa do Estado; 1.3 "Estado Anfitrião" significa a Parte em cujo território se encontra o investimento. (d) direitos contratuais, incluindo

contratos de “turnkey”, construção, 1.4 "Investimento" significa um gestão, produção, de concessão, de investimento direto, ou seja, todo ativo partilha de receitas e outros contratos de propriedade ou controlado, direta ou similares; indiretamente, por um investidor de uma Parte, estabelecido ou adquirido de conformidade com o ordenamento (e) licenças, autorizações, permissões e jurídico da outra Parte, no território direitos similares outorgados de dessa outra Parte, que permita exercer conformidade com a legislação interna a propriedade, o controle ou um grau do Estado Anfitrião; significativo de influência sobre a gestão da produção de bens ou da prestação de serviços no território do (f) direitos de propriedade intelectual Estado Anfitrião, incluindo em tal como definidos ou referidos no particular, mas não exclusivamente: Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio da Organização Mundial (a) uma empresa; do Comércio (TRIPS).

(b) ações, capital ou outros tipos de (g) direitos de propriedade, tangíveis participação no patrimônio ou capital ou intangíveis, móveis ou imóveis, e social de uma empresa; quaisquer outros direitos reais, como (c) títulos, debêntures, empréstimos hipoteca, penhor, usufruto e direitos ou outros instrumentos de dívida de similares; uma empresa, independentemente do prazo de vencimento inicial, mas não incluindo, no caso do Brasil, um 329 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

1.4.1 Para maior 1.7 “Empresa de uma certeza, "Investimento" não inclui: Parte” significa uma empresa constituída ou organizada conforme a legislação de uma Parte, que realize (a) as operações de dívida pública; atividades substanciais de negócios no território da mesma Parte.

(b) uma ordem ou sentença emitida em uma ação judicial ou administrativa; 1.8 “Nacional” significa uma pessoa natural que tenha a nacionalidade de

uma Parte, de acordo com seu (c) os investimentos de portfólio; e ordenamento jurídico.

1.9 “Medida” significa qualquer lei, (d) as reclamações pecuniárias regulamento, procedimento, requisito decorrentes exclusivamente de ou prática. contratos comerciais para a venda de bens ou serviços por parte de um investidor no território de uma Parte a 1.10 "Rendimentos" significa os um nacional ou uma empresa no valores obtidos por um investimento e território da outra Parte ou a concessão que, em particular, embora não de crédito no âmbito de uma transação exclusivamente, incluem royalties, comercial. lucro, juros, ganhos de capital e dividendos.

1.5 "Investidor" significa um 1.11 "Território" significa: nacional, residente permanente ou empresa de uma Parte, que tenha realizado um investimento no território (a) com relação ao Chile, o espaço da outra Parte. terrestre, marítimo e aéreo sob a sua 1.6 “Empresa” significa qualquer soberania, e a zona econômica entidade constituída ou organizada exclusiva e a plataforma continental conforme a legislação aplicável, tendo sobre as quais exerce direitos de ou não fins lucrativos, de propriedade soberania e jurisdição, de acordo com privada ou governamental, incluindo o direito internacional e seu direito qualquer sociedade, fundação, empresa interno; e de proprietário único, “joint venture”, (b) com relação ao Brasil, o território, e entidades sem personalidade jurídica. incluindo seus espaços terrestres e

aéreos, a zona económica exclusiva, o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 330 mar territorial, plataforma continental, (a) a exigência de uma Parte de que um solo e subsolo, dentro da qual exerce prestador de serviços da outra Parte seus direitos de soberania ou deposite uma fiança ou outra forma de jurisdição, de acordo com direito garantia financeira, como condição internacional e com sua legislação para prestar um serviço no seu interna. território, não estabelece por si só a aplicação deste Acordo à prestação

transfronteiriça deste serviço. Este 1.12 "Moeda de livre uso" significa Acordo aplica-se ao tratamento que a moeda de livre uso, tal como se outorgue essa Parte à fiança ou determina em conformidade com o garantia financeira depositada, na “Convênio Constitutivo do Fundo medida em que essa fiança ou garantia Monetário Internacional”. financeira seja um investimento;

(b) este Acordo não limitará de forma Artigo 2º alguma os direitos e benefícios que a Objetivo legislação vigente no território de uma Parte ou o direito internacional, O objetivo deste Acordo é facilitar e incluindo o Acordo sobre Medidas em promover o investimento mútuo, Matéria de Investimentos relacionadas mediante o estabelecimento de um ao Comércio (TRIMS) da Organização marco de tratamento para os Mundial do Comércio, confiram a um investidores e seus investimentos, e de investidor da outra Parte; e governança institucional para a cooperação, assim como de mecanismos de prevenção e solução de (c) o disposto neste Acordo não controvérsias. impede a adopção e implementação de novos requisitos ou restrições sobre os Artigo 3º investidores e seus investimentos, Âmbito de Aplicação desde que não sejam desconformes

com este Acordo. 1. Este Acordo aplica-se a todos

os investimentos realizados antes ou depois de sua entrada em vigor. 3. Este Acordo não se aplica a subsídios ou subvenções concedidos por uma Parte, 2. Para maior certeza, incluindo empréstimos, garantias e

seguros, garantidos pelo Estado, 331 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

sem prejuízo de que o tema possa ser tratado no Comitê Conjunto 2. Sujeito a suas leis e regulamentos previsto no Artigo 18 (Comitê vigentes no momento em que o Conjunto para a Administração do investimento seja realizado, cada Acordo). Parte outorgará aos investimentos

de investidores da outra Parte

tratamento não menos favorável do que o outorgado, em PARTE II – Tratamento Outorgado circunstâncias similares, aos investimentos de seus próprios aos Investidores e seus Investimentos investidores, no que se refere à

expansão, administração, condução, operação, venda ou outra disposição dos investimentos Artigo 4º em seu território. Admissão

Cada Parte admitirá em seu território 3. Para maior certeza, o tratamento os investimentos de investidores da ser acordado em "circunstâncias outra Parte, que sejam realizados de similares" depende da totalidade acordo com seu ordenamento jurídico das circunstâncias, incluindo que o interno. tratamento pertinente distinga entre investidores ou

investimentos com base em Artigo 5º objetivos legítimos de interesse Tratamento Nacional público.

1. Sujeito a suas leis e regulamentos 4. Para maior certeza, este Artigo não vigentes no momento em que o será interpretado no sentido de investimento seja realizado, cada obrigar as Partes a compensar Parte outorgará aos investidores da desvantagens competitivas outra Parte tratamento não menos intrínsecas, que resultem do favorável do que o outorgado, em caráter estrangeiro dos circunstâncias similares, aos seus investidores e seus investimentos. próprios investidores, no que se

refere à expansão, administração,

condução, operação, venda ou Artigo 6º outra disposição dos investimentos Tratamento de Nação Mais em seu território. Favorecida

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 332

1. Sujeito a suas leis e regulamentos (i) disposições relativas à solução vigentes no momento em que o de controvérsias em matéria de investimento seja realizado, cada investimentos constantes de um acordo Parte outorgará aos investidores da internacional de investimentos, outra Parte tratamento não menos incluindo um acordo que contenha um favorável do que o outorgado, em capítulo de investimentos; ou circunstâncias similares, aos

investidores de um Estado não Parte, no que se refere à expansão, (ii) qualquer acordo comercial administração, condução, internacional, incluindo acordos tais operação, venda ou outra como os que criam uma organização disposição dos investimentos em de integração econômica regional, área seu território. de livre comércio, união aduaneira ou mercado comum do qual uma das Partes seja membro antes da entrada 2. Sujeito a suas leis e regulamentos em vigor deste Acordo. vigentes no momento em que o investimento seja realizado, cada Parte outorgará aos investimentos (b) a possibilidade de invocar, em de investidores de um Estado não qualquer mecanismo de solução de Parte tratamento não menos controvérsias, padrões de tratamento favorável do que o outorgado, em contidos em um acordo internacional circunstâncias similares, aos de investimentos ou em um acordo que investimentos de investidores de contenha um capítulo de investimentos um Estado não Parte, no que se do qual uma das Partes seja parte antes refere à expansão, administração, da entrada em vigor deste Acordo. condução, operação, venda ou outra disposição dos investimentos em seu território. 4. Para maior certeza, este Acordo

não se aplica às disciplinas 3. Este Artigo não se interpretará relativas a comércio de serviços como: constantes de qualquer acordo (a) uma obrigação de uma Parte para internacional vigente ou subscrito dar ao investidor da outra Parte ou a até a entrada em vigor deste seus investimentos o benefício de Acordo sobre: aviação; pesca; qualquer tratamento, preferência ou assuntos marítimos, incluindo privilégio decorrente de: salvamento; e qualquer união

333 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

aduaneira, união econômica, união anterior a que a desapropriação seja monetária e acordo resultante de efetuada; tais uniões ou instituições

similares. (c) não refletir uma alteração no valor devido ao fato de que a intenção de Artigo 7º desapropriar foi conhecida antes da Desapropriação data indicada no subparágrafo (b); e

1. Nenhuma Parte expropriará (d) ser livremente pagável e nem nacionalizará os transferível, de acordo com o Artigo investimentos de um investidor da 11 (Transferências). outra Parte, exceto se:

(a) por utilidade pública ou interesse 3. A indenização referida no público; parágrafo 1 (c) não será inferior ao valor justo de mercado na data

indicada no subparágrafo (b) do (b) de forma não discriminatória; parágrafo 2, mais os juros fixados com base em critérios de mercado,

acumulados desde a data indicada (c) mediante o pagamento de uma no subparágrafo (b) do parágrafo 2 indenização, de acordo com os até a data do pagamento. parágrafos 2 a 3; e

4. Este Artigo não se aplica à expedição de licenças obrigatórias (d) de conformidade com o princípio outorgadas em relação a direitos do devido processo legal. de propriedade intelectual, ou à 2. A indenização deverá: revogação, limitação ou criação de ditos direitos na medida em que a referida expedição, revogação, (a) ser paga sem demora; limitação ou criação seja compatível com o Acordo TRIPS. Para maior certeza, o termo (b) ser equivalente ao valor justo de “revogação" de direitos de mercado que tenha o investimento propriedade intelectual expropriado na data imediatamente mencionado neste parágrafo inclui o cancelamento ou a nulidade

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 334

desses direitos, e o termo restituição, compensação ou “limitação" de direitos de ambas, segundo corresponda, propriedade intelectual também conforme o Artigo 7 parágrafos (2) inclui as exceções a esses direitos. a (3) (Desapropriação), no caso em que os investimentos dos investidores da outra Parte sofram 5. Para maior certeza, este Artigo perdas em seu território, em só prevê a expropriarão direta, em qualquer situação contemplada no que um investimento é parágrafo 1, que resultem: nacionalizado ou de outro modo

expropriado diretamente mediante a transferência formal do título ou (a) da requisição de seu investimento do direito de domínio. ou de parte dele por forças ou autoridades do Estado Anfitrião; ou

Artigo 8º (b) da destruição de seu investimento Tratamento em caso de contenda ou de parte dele pelas forças ou

autoridades do Estado Anfitrião. 1. Com respeito a medidas tais como restituição, indenização, compensação e outro mecanismo, cada Parte outorgará aos Artigo 9º investidores da outra Parte que Transparência tenham sofrido perdas em seus investimentos no território daquela Parte, devidas a conflitos armados ou contendas civis, tais como 1. Cada Parte garantirá que todas as guerra, revolução, insurreição ou suas leis e regulamentações distúrbios civis, um tratamento não relativas a qualquer assunto menos favorável que aquele compreendido neste Acordo sejam outorgado a seus próprios publicadas sem demora e, quando investidores ou investidores de seja possível, em forma eletrônica. qualquer país que não seja Parte, segundo o que seja mais favorável 2. Na medida do possível, cada Parte ao investidor afetado. deverá:

2. Sem prejuízo do estabelecido no parágrafo 1, cada Parte proverá ao (a) dar publicidade antecipada às investidor da outra Parte a medidas mencionadas no parágrafo 1 que pretenda adotar; e 335 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

1. Cada Parte permitirá que as seguintes transferências (b) conceder às pessoas interessadas e relacionadas ao investimento de à outra Parte oportunidade razoável um investidor da outra Parte sejam para comentar sobre as medidas feitas livremente e sem demoras a propostas. partir de e para seu território:

3. Cada Parte estabelecerá ou (a) a contribuição inicial ao capital ou manterá mecanismos adequados toda adição dos mesmos em relação à para responder às consultas de manutenção ou expansão desse pessoas interessadas referentes a investimento; suas normas relativas às matérias (b) os rendimentos diretamente objeto do presente Acordo, de relacionados ao investimento; conformidade com suas leis e regulamentos sobre transparência. (c) o produto da venda, liquidação total A implementação da obrigação de ou parcial do investimento; estabelecer mecanismos (d) pagamentos realizados conforme adequados levará em conta as um contrato de que seja parte o limitações orçamentárias e de investidor ou o investimento, incluídos recursos no caso de pequenas pagamentos efetuados conforme um entidades administrativas. contrato de empréstimo;

(e) os pagamentos de qualquer

empréstimo, incluídos os juros sobre o Artigo 10 mesmo, diretamente relacionados ao Regulamentação Nacional investimento; e

(f) pagamentos efetuados em Cada Parte assegurará que todas as conformidade com o Artigo 7 medidas que afetem o investimento (Desapropriação) e com o Artigo 8 sejam administradas de maneira (Tratamento em caso de contenda). razoável, objetiva e imparcial, de Quando a indenização for paga com conformidade com seu ordenamento bônus da dívida pública, o investidor jurídico. poderá transferir o valor recebido com a venda de tais bônus no mercado, de

acordo com este Artigo.

1. Cada parte permitirá que as Artigo 11 transferências relacionadas ao Transferências investimento se realizem em

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 336

moeda de livre uso de acordo com que sejam não discriminatórias e o câmbio vigente no mercado na em conformidade com o Convênio data dessa transferência. Constitutivo do Fundo Monetário internacional: iii. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1, uma parte poderá impedir (a) no caso de desequilíbrios graves do uma transferência mediante a aplicação Balanço de pagamentos ou de equitativa, não discriminatória e de boa dificuldades financeiras externas ou a fé de suas leis relativas a: ameaça dos mesmos; ou

(b) nos casos em que, por circunstâncias especiais, os (a) procedimentos falimentares, movimentos de capital gerem ou quebra, insolvência ou proteção dos ameacem gerar graves complicações direitos dos credores; para a gestão macroeconômica, em (b) cumprimento de resoluções, particular para as políticas monetárias sentenças ou laudos proferidos em ou cambiais. procedimentos judiciais, administrativos ou arbitrais. Para maior certeza, este subparágrafo inclui Artigo 12 o cumprimento de resoluções, Tributação sentenças ou laudos proferidos em procedimentos judiciais, administrativos ou arbitrais de natureza 1. Nenhuma disposição deste Acordo tributária ou trabalhista; se aplicará a medidas tributárias.

(c) infrações penais; ou 2. Para maior certeza, nenhuma (d) relatórios financeiros ou disposição deste Acordo: conservação de registros de transferências quando seja necessário para colaborar com o cumprimento da (a) afetará os direitos e obrigações das lei ou com as autoridades financeiras Partes que derivem de qualquer regulatórias. convênio tributário vigente entre as Partes; ou

1. Cada Parte poderá adotar ou manter medidas que não sejam (b) será interpretada de maneira que se consistentes com as obrigações evite a adoção ou aplicação de adquiridas nesse Artigo, sempre qualquer medida destinada a garantir a 337 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

imposição ou cobrança equitativa ou obrigações contraídos pela Parte eficaz de tributos, conforme o disposto no marco deste Acordo. na legislação das Partes. Artigo 14

Exceções de Segurança 1. Nenhuma disposição deste Acordo será interpretada no Artigo 13 sentido de: Medidas Prudenciais

1. Nada neste Acordo será (a) exigir de uma Parte que interpretado de modo a impedir proporcione qualquer informação cuja que qualquer das Partes adote ou divulgação seja considerada contrária a mantenha medidas prudenciais, seus interesses essenciais em matéria tais como: de segurança;

(b) impedir que uma Parte adote as (a) a proteção dos investidores, medidas que estime necessárias à depositantes, participantes do mercado proteção de seus interesses essenciais financeiro, detentores de apólices, em matéria de segurança, tais como beneficiários de apólices ou pessoas aquelas relativas: com quem alguma instituição (i) a matérias cindíveis ou de fusão, financeira tenha uma obrigação ou aquelas destinadas a sua fabricação; fiduciária; (ii) ao tráfico de armas, munições e (b) a manutenção da segurança, instrumentos de guerra, ou outros bens solidez, solvência, integridade ou e materiais afins ou relativos à responsabilidade de instituições prestação de serviços, destinados direta financeiras; e ou indiretamente ao abastecimento ou suprimento de estabelecimentos militares; (c) para garantir a integridade e estabilidade do sistema financeiro de (iii) às adotadas em tempos de guerra uma Parte. ou outras emergências nas relações internacionais; ou

(c) impedir que uma Parte adote 2. Quando essas medidas não medidas destinadas ao cumprimento forem conformes com as das obrigações por ela contraídas em disposições deste Acordo, não virtude da Carta das Nações Unidas serão utilizadas como meio para evitar os compromissos ou

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 338 para a manutenção da paz e da (d) fomentar a formação do capital segurança internacional. humano, em particular, por meio da criação de oportunidades de emprego e

oferecendo capacitação aos Artigo 15 empregados;

Políticas de Responsabilidade Social (e) abster-se de procurar ou aceitar isenções não contempladas no marco 1. As Partes reconhecem a legal ou regulatório, relacionadas com importância de estimular as os direitos humanos, o meio ambiente, empresas que operem em seu a saúde, a segurança, o trabalho, o território ou que estejam sujeitas a sistema tributário, os incentivos sua jurisdição para que apliquem financeiros ou outras questões; políticas de sustentabilidade e responsabilidade social e que (f) apoiar e defender os princípios de impulsionem o desenvolvimento boa governança corporativa e do país receptor do investimento desenvolver e implementar boas 2. Os investidores e seus práticas de governança corporativa; investimentos deverão realizar (g) desenvolver e implementar práticas os seus melhores esforços para de autodisciplina e sistemas de gestão cumprir as “Linhas Diretrizes para eficazes que promovam uma relação Empresas Multinacionais” da de confiança mútua entre as empresas Organização para a Cooperação e e as sociedades nas quais exercem sua o Desenvolvimento atividade; Econômico, em particular: (h) promover o conhecimento e o cumprimento, por parte dos (a) contribuir para o progresso empregados, das políticas da empresa econômico, social e ambiental com o mediante sua difusão adequada, propósito de alcançar um inclusive por meio de programas de desenvolvimento sustentável; capacitação;

(b) respeitar os direitos humanos (i) abster-se de adotar medidas internacionalmente reconhecidos discriminatórias ou disciplinares contra daqueles envolvidos nas atividades das os empregados que elaborarem, de boa empresas; fé, relatórios à direção ou, quando apropriado, às autoridades públicas competentes, sobre práticas contrárias (c) estimular a geração de capacidades à lei ou às políticas da empresa; locais, mediante uma estreita colaboração com a comunidade local; 339 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

(j) fomentar, na medida do possível, 1. Uma Parte poderá adotar, manter que seus sócios comerciais, incluindo ou fazer cumprir qualquer medida provedores de serviços e contratados, que considere apropriada para apliquem princípios de conduta garantir que as atividades de empresarial consistentes com os investimento no seu território se princípios previstos neste Artigo; e efetuem tomando em conta a legislação trabalhista, ambiental (k) abster-se de qualquer ingerência ou de saúde dessa Parte, de indevida nas atividades políticas maneira consistente com o locais. disposto neste Acordo. 2. As Partes reconhecem que não é apropriado estimular o Artigo 16 investimento diminuindo os Medidas sobre investimentos e luta padrões de sua legislação contra a corrupção e a ilegalidade trabalhista, ambiental ou de saúde.

Como consequência, as Partes não 1. Cada Parte adotará e manterá deverão se recusar a aplicar ou de medidas e esforços para prevenir e qualquer modo derrogar, combater a corrupção, a lavagem flexibilizar ou oferecer renunciar, de ativos e o financiamento ao flexibilizar ou derrogar as citadas terrorismo relacionados às medidas como meio para matérias cobertas por este Acordo. incentivar o estabelecimento, a

manutenção ou a expansão de um 2. Nada do disposto neste Acordo investimento em seu território. obrigará a qualquer das Partes a proteger investimentos realizados com capitais ou ativos PARTE III – Governança Institucional e Prevenção de de origem ilícita ou Controvérsias investimentos em cujo estabelecimento ou operação

forem verificados atos ilícitos que tenham sido sancionados Artigo 18 com a perda de ativos ou atos de Comitê Conjunto para a corrupção. Administração do Acordo Artigo 17 Investimento e medidas sobre saúde, 1. As Partes estabelecem um meio ambiente, assuntos trabalhistas Comitê Conjunto para a gestão e outros objetivos regulatórios deste Acordo (doravante designado “Comitê Conjunto”).

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 340

2. Esse Comitê Conjunto será (e) resolver amigavelmente quaisquer composto por representantes dos questões ou controvérsias sobre os Governos de ambas as Partes. investimentos, em conformidade com o Artigo 24 (Consultas e Negociações Diretas para a Prevenção de 3. O Comitê Conjunto reunir-se-á Controvérsias). nas datas, nos locais e pelos meios que as Partes acordarem. As reuniões serão realizadas pelo 5. As Partes poderão estabelecer menos uma vez por ano, com grupos de trabalho ad hoc, que se presidências alternadas entre as reunirão conjuntamente com o Partes a cada reunião. Comitê Conjunto ou

separadamente. 4. O Comitê Conjunto terá as seguintes atribuições e 6. O setor privado poderá ser competências: convidado a integrar os grupos de

trabalho ad hoc, quando assim (a) supervisionar a administração e autorizado pelo Comitê Conjunto. implementação deste Acordo;

7. O Comitê Conjunto poderá (b) compartilhar e discutir elaborar seu próprio regulamento oportunidades de investimentos em interno. seus territórios;

Artigo 19 (c) coordenar a implementação da Pontos Focais Nacionais ou Agenda para Cooperação e Facilitação Ombudsmen de Investimentos;

1. Cada Parte designará um único Ponto Focal Nacional, que terá (d) convidar o setor privado e a como função principal dar apoio sociedade civil, quando seja aplicável, aos investidores da outra Parte em para que apresentem seus pontos de seu território. vista sobre as questões específicas relacionadas com os trabalhos do Comitê Conjunto; e

341 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

2. No caso da República para melhorar o ambiente de Federativa do Brasil, o Ponto investimentos. Focal Nacional, também chamado

de Ombudsman será estabelecido na Câmara de Comércio Exterior (d) procurar prevenir diferenças em (CAMEX), que é um Conselho de matéria de investimentos, em Governo da Presidência da coordenação com as autoridades República Federativa do Brasil, de governamentais e em colaboração com natureza interministerial. entidades privadas pertinentes;

3. No caso da República do (e) prestar informações tempestivas e Chile, o Ponto Focal Nacional será úteis sobre questões normativas estabelecido na Agencia de relacionadas a investimentos em geral Promoción de la Inversión ou a projetos específicos, quando Extranjera. solicitadas, e

4. O Ponto Focal Nacional, entre outras atribuições, deverá: (f) relatar ao Comitê Conjunto suas atividades e ações, quando aplicável.

(a) buscar atender às recomendações do Comitê Conjunto e interagir com o 5. Cada Parte buscará que as Ponto Focal Nacional da outra Parte; atribuições de seu Ponto Focal Nacional sejam executadas com celeridade e de maneira (b) administrar as consultas da outra coordenada entre si e com o Parte ou dos investidores da outra Comitê Conjunto. Parte com as autoridades competentes e informar aos interessados sobre os resultados de suas gestões; 6. Cada Parte estabelecerá regras e prazos para a execução das atribuições e competências do seu (c) avaliar, em diálogo com as Ponto Focal Nacional, os quais autoridades governamentais serão comunicados à outra Parte. competentes, sugestões e reclamações recebidas da outra Parte ou de investidores da outra Parte e 7. O Ponto Focal Nacional deverá recomendar, quando aplicável, ações dar respostas precisas e oportunas

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 342

às solicitações do Governo e dos investidores da outra Parte. (e) procedimentos aduaneiros e

regimes tributários; Artigo 20

Troca de Informação entre as Partes (f) informações estatísticas sobre

mercados de bens e serviços; 1. As Partes trocarão

informações, sempre que possível e relevante aos investimentos (g) a infraestrutura disponível e os recíprocos, sobre oportunidades de serviços públicos relevantes; negócio e procedimentos e

requisitos para investimentos, em particular através do Comitê (h) regime de compras governamentais Conjunto e de seus Pontos Focais e as concessões; Nacionais.

(i) a legislação trabalhista e 2. As Partes fornecerão previdenciária; informação com celeridade, quando solicitadas, em especial sobre os seguintes aspectos: (j) a legislação migratória;

(a) o marco jurídico que regula o investimento em seu território; (k) a legislação cambial;

(b) programas governamentais em (l) informações sobre legislação dos matéria de investimentos e eventuais setores econômicos específicos; e incentivos específicos;

(c) as políticas públicas e marcos (m) informação pública sobre Parcerias legais que possam afetar o Público-Privadas. investimento;

(d) tratados internacionais relevantes, incluídos os acordos em matéria de Artigo 21 investimentos; 343 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Tratamento da Informação geral sobre investimentos, marcos Protegida normativos e oportunidades de negócio em seu território. 1. As Partes respeitarão o nível de proteção da informação 2. Sempre que possível, cada estabelecido pela Parte que a tenha Parte dará publicidade sobre este apresentado, de acordo com suas Acordo a seus agentes financeiros leis aplicáveis. públicos e privados, responsáveis

pela avaliação técnica dos riscos e 2. Nada do estabelecido no pela aprovação dos empréstimos, Acordo será interpretado no créditos, garantias e seguros sentido de exigir de qualquer das relacionados com o investimento Partes a divulgação de informação no território da outra Parte. protegida cuja divulgação pudesse dificultar a aplicação da lei ou, de

outra maneira, fosse contrária ao Artigo 23 interesse público, ou pudesse Cooperação entre organismos prejudicar a privacidade ou encarregados da promoção de interesses comerciais legítimos. investimentos Para os propósitos deste parágrafo,

a informação protegida inclui As Partes promoverão a cooperação informação sigilosa de negócios entre seus organismos encarregados de ou informação privilegiada ou promover investimentos, com o fim de protegida contra divulgação, de facilitar o investimento em seus acordo com as leis aplicáveis de territórios. uma Parte.

Artigo 24

Artigo 22 Consultas e Negociações Diretas Interação com o Setor Privado para a Prevenção de Controvérsias

1. Reconhecendo o papel 1. Antes de iniciar um procedimento fundamental que desempenha o de arbitragem nos termos do setor privado, cada Parte Artigo 25 (Arbitragem entre as disseminará, nos setores Partes) deste Acordo, as Partes empresariais pertinentes da outra procurarão resolver as Parte, as informações de caráter controvérsias mediante consultas e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 344

negociações diretas entre si, e (d) o Comitê Conjunto deverá, sempre deverão submetê-las ao exame do que possível, convocar reuniões Comitê Conjunto, de acordo com o extraordinárias para avaliar as questões procedimento seguinte. que lhe tenham sido submetidas. 2. Uma Parte poderá recusar que se (e) o Comitê Conjunto terá o prazo de discuta, no Comitê Conjunto, uma sessenta (60) dias, contados a partir da questão relativa a um investimento data de sua primeira reunião, realizado por um nacional dessa prorrogável por igual período, de Parte no território dessa Parte. comum acordo, mediante justificativa, 3. Uma Parte poderá submeter ao para avaliar as informações relevantes Comitê Conjunto uma questão do caso que tenha sido apresentado e específica que afete um investidor, preparar um relatório. de acordo com as seguintes regras: (a) para iniciar o procedimento, a Parte (f) o Comitê Conjunto apresentará seu interessada deverá apresentar, por relatório em reunião que será realizada, escrito, a sua solicitação à outra parte, no mais tardar, até trinta (30) dias após especificando o nome do investidor o transcurso do prazo previsto na afetado e a medida específica em alínea (e). questão, e os fundamentos de fato e de (g) o relatório do Comitê Conjunto direito que motivaram a solicitação. O deverá incluir: Comitê Conjunto deverá se reunir dentro de sessenta (60) dias, a partir da (i) a identificação da Parte que adotou data da solicitação; a medida;

(b) com objetivo de alcançar uma (ii) o investidor afetado, identificado solução para o assunto, as Partes conforme o parágrafo 3 (i); trocarão as informações que sejam (iii) a descrição da medida objeto da necessárias; consulta; (c) com objetivo de facilitar a busca de (iv) a relação das gestões realizadas, e solução entre as Partes, e sempre que possível, poderão participar das (v) a posição das Partes a respeito da reuniões do Comitê Conjunto: medida.

(i) representantes dos investidores (h) no caso em que uma das Partes não afetados; e compareça à reunião do Comitê Conjunto à qual se faz referência na (ii) representantes das entidades alínea (a) deste Parágrafo, a governamentais e não governamentais controvérsia poderá ser submetida à relacionadas com a medida; arbitragem pela outra Parte, nos termos

345 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

do Artigo 25 (Arbitragem entre as para a promoção dos Partes); e investimentos bilaterais. Os temas a serem inicialmente tratados

inicialmente serão determinados (i) o Comitê Conjunto realizará todos em sua primeira reunião. os esforços para alcançar uma solução 2. Os resultados que possam surgir satisfatória para ambas as Partes. de discussões no âmbito da Agenda, poderão constituir

protocolos adicionais a este Acordo ou instrumentos jurídicos específicos, conforme seja o caso. Artigo 25

Arbitragem entre as Partes Uma vez terminado o procedimento 3. O Comitê Conjunto estabelecerá previsto no Artigo 24 (Consultas e cronogramas de atividades para Negociações Diretas para a Prevenção alcançar uma maior cooperação, de Controvérsias) sem que a facilitação de investimentos. controvérsia tenha sido resolvida, qualquer das Partes poderá solicitar 4. As Partes deverão apresentar ao por escrito à outra Parte o Comitê Conjunto os nomes dos estabelecimento de um tribunal arbitral órgãos governamentais e os de para que decida sobre a mesma matéria seus representantes oficiais objeto das consultas a que se refere o envolvidos nessas atividades. Artigo 24, de acordo com as disposições do Anexo I (Arbitragem 5. Para maior certeza, o termo entre as Partes). “cooperação” entender-se-á em um sentido amplo e não no sentido de PARTE IV – Agenda para cooperação ou assistência técnica ou similar. Cooperação e Facilitação de

Investimentos PARTE V – Disposições Gerais e Artigo 26 Agenda para Cooperação e Finais Facilitação de Investimentos 1. O Comitê Conjunto desenvolverá

e discutirá uma Agenda para Artigo 27 Cooperação e Facilitação de Disposições Finais Investimentos em temas relevantes

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 346

1. Nem o Comitê Conjunto, nem os fará recomendações adicionais que Pontos Focais Nacionais forem necessárias. substituirão os canais diplomáticos existentes entre as Partes. 5. Este Acordo entrará em vigor

noventa (90) dias depois da data 2. Os anexos deste Acordo formam de recepção da última notificação parte integral do mesmo. pela qual uma Parte informa à outra o cumprimento de todos os procedimentos internos 3. As Partes não assumiram necessários para a entrada em compromissos em relação aos vigor deste Acordo. investidores e seus investimentos

em serviços financeiros, entendendo-se por serviços 6. A qualquer momento, qualquer das financeiros o definido no Partes poderá denunciar este parágrafo 5 (a) do Anexo sobre Acordo, pela via diplomática. A Serviços Financeiros do Acordo denúncia surtirá efeito na data que Geral sobre o Comércio de as Partes acordem ou, se as Partes Serviços (GATS) da Organização não alcançarem um acordo, um (1) Mundial do Comércio (OMC). ano após a data de entrega da Tendo em conta a relevância do notificação de denúncia. investimento mútuo neste setor, as Partes negociarão um Protocolo ou FEITO em Santiago, em 23 de outro instrumento jurídico novembro do ano de 2015, em dois separado, em matéria de serviços originais, nos idiomas português e financeiros, com a maior espanhol, sendo ambos os textos brevidade. A ratificação deste igualmente autênticos. Acordo e do instrumento sobre serviços financeiros será simultânea. ANEXO I

4. Sem prejuízo das suas reuniões Arbitragem entre as Partes ordinárias, depois de dez (10) anos da entrada em vigor deste Acordo, ou antes, se considerar necessário, Artigo 1º o Comitê Conjunto realizará uma Âmbito de aplicação revisão geral de sua aplicação e 1. As controvérsias que surjam entre as Partes com relação à 347 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

interpretação ou aplicação das Estabelecimento dos Tribunais disposições contidas neste Acordo Arbitrais poderão ser submetidas ao 1. Uma vez terminado o procedimento de arbitragem procedimento previsto no Artigo estabelecido neste Anexo. 24 (Consultas e Negociações 2. Não poderão ser objeto de Diretas para a Prevenção de arbitragem as medidas adotadas Controvérsias) sem que a em aplicação dos Artigos 14 – controvérsia tenha sido resolvida, (Exceções de Segurança), 16 – qualquer das Partes poderá (Medidas sobre investimento e luta solicitar por escrito à outra Parte o contra a corrupção e a ilegalidade), estabelecimento de um tribunal 17 – (Investimento e medidas de arbitral ad hoc para que decida saúde, meio ambiente, assuntos sobre a mesma matéria objeto das trabalhistas e outros objetivos consultas a que se refere o referido regulatórios) e os compromissos Artigo 24. Alternativamente, as estabelecidos no Artigo 15 – Partes poderão optar, de comum (Políticas de Responsabilidade acordo, por submeter a Social). controvérsia a uma instituição 3. Uma Parte poderá denegar a arbitral permanente para a solução submissão à arbitragem de uma de controvérsias em matéria de questão relativa a um investimento investimentos. realizado por um nacional desta 2. O tribunal arbitral será Parte no território desta Parte. estabelecido e desempenhará suas 4. Este Anexo não se aplicará a funções em conformidade com as qualquer ato ou fato que tenha disposições deste Anexo. Se as ocorrido ou qualquer situação que Partes optarem, de comum acordo, tenha cessado de existir, antes da por submeter a controvérsia a uma data de entrada em vigor deste instituição arbitral permanente Acordo; para a solução de controvérsias em 5. Este Anexo não se aplicará a matéria de investimentos, esta nenhuma controvérsia se houver instituição será regida pelo transcorrido mais de cinco (5) anos estabelecido neste Anexo, salvo a partir da data na qual a Parte teve que as Partes decidam de maneira conhecimento ou deveria ter tido diversa. conhecimento dos fatos que deram 3. A solicitação de estabelecimento causa à controvérsia. de um tribunal arbitral identificará a medida específica em questão e os fundamentos de fato e de direito Artigo 2º da reclamação.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 348

4. A data de estabelecimento do último deles, designarão um tribunal arbitral será a data em que nacional de um terceiro Estado, seu presidente for designado. com o qual ambas as Partes mantenham relações diplomáticas, e que não poderá ter sua residência Artigo 3º habitual em nenhuma das Partes, Termos de Referência dos Tribunais nem ser dependente de nenhuma Arbitrais das Partes, nem ter participado de Ressalvado que as Partes acordem de qualquer forma na controvérsia, e forma diversa no prazo de vinte (20) que, ao ser aprovado por ambas as dias seguintes à data de solicitação Partes, no prazo de trinta (30) dias para o estabelecimento do tribunal contados da data da sua nomeação, arbitral, os termos de referência do será designado presidente do tribunal arbitral serão: tribunal arbitral. “Examinar, de maneira objetiva e à luz 4. Se, dentro dos prazos das disposições pertinentes deste especificados nos parágrafos 2 e 3, Acordo, o assunto indicado na não tiverem sido efetuadas as solicitação para o estabelecimento do designações necessárias, qualquer tribunal arbitral, e formular conclusões das Partes poderá solicitar ao de fato e de direito, determinando de Secretário-Geral da Corte forma fundamentada se a medida em Permanente de Arbitragem da questão está ou não em conformidade Haia que faça as designações com o Acordo.” necessárias. Se o Secretário-Geral da Corte Permanente de

Arbitragem da Haia for nacional Artigo 4º de uma das Partes ou estiver Composição dos Tribunais Arbitrais impedido de exercer a referida e Seleção dos Árbitros função, o membro da Corte 1. O tribunal arbitral será composto Permanente de Arbitragem da por três árbitros. Haia de maior antiguidade, e que 2. Cada Parte designará, dentro do não seja nacional de qualquer das prazo de sessenta (60) dias Partes, será convidado a efetuar as seguintes à data de solicitação para designações necessárias. o estabelecimento do tribunal 5. Todos os Árbitros deverão: arbitral, um árbitro que poderá ser de qualquer nacionalidade. (a) ter experiência ou especialidade em 3. Os dois árbitros designados, dentro Direito Internacional Público, regras do prazo de sessenta (60) dias internacionais sobre investimento, ou contados a partir da designação do em solução de controvérsias que 349 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

surjam em relação a Acordos continuidade na data em que seu Internacionais de Investimentos; sucessor for designado.

(b) ser eleitos estritamente em função de sua objetividade, credibilidade e Artigo 5º reputação; Procedimentos dos Tribunais Arbitrais (c) ser independentes e não estar 1. Um tribunal arbitral, estabelecido vinculados a qualquer das Partes ou em conformidade com este Anexo, aos outros árbitros ou a potenciais seguirá as Regras de Procedimento testemunhas, direta ou indiretamente, que as Partes estabelecerão, nem receber instruções das Partes; e ressalvado que as mesmas (d) cumprir as "Normas de Conduta acordem de forma diversa. O para a aplicação do entendimento tribunal arbitral poderá relativo às normas e procedimentos estabelecer, em consulta com as que regem a resolução de Partes, regras de procedimento controvérsias" da Organização suplementares que não entrem em Mundial do Comércio conflito com as disposições deste (OMC/DSB/RC/1, de 11 de dezembro Artigo e com as Regras de de 1996), no que seja aplicável à Procedimento. controvérsia, ou qualquer outra norma 2. As Regras de Procedimento de conduta estabelecida pelo Comitê deverão assegurar que: Conjunto. (a) as Partes tenham a oportunidade de oferecer ao menos uma exposição por 6. Em caso de renúncia, incapacidade escrito e presenciar qualquer ou falecimento de algum dos exposição, declaração ou réplica árbitros designados em durante o procedimento. Toda conformidade com este Artigo, um informação ou exposição escrita sucessor será designado no prazo apresentada por uma Parte ao tribunal de quinze (15) dias de acordo com arbitral e as respostas aos o estabelecido nos parágrafos 2, 3, questionamentos do tribunal arbitral 4 e 5, que serão aplicados serão colocadas à disposição da outra respectivamente no que for Parte; cabível. O sucessor terá toda a autoridade e as mesmas obrigações (b) o tribunal arbitral fará consultas às que o árbitro original. O Partes quando necessário e oferecerá procedimento do tribunal arbitral as oportunidades adequadas para será suspenso a partir da data em alcançar uma solução mutuamente que o árbitro original renuncie, satisfatória; seja incapacitado ou faleça e terá

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 350

(c) mediante notificação prévia às 1. As Partes poderão acordar a Partes e sujeito aos termos e condições suspensão do procedimento que as Partes possam acordar nos dez arbitral a qualquer tempo, por um (10) dias seguintes, o tribunal arbitral período que não exceda doze (12) poderá buscar informações de qualquer meses contados da data da fonte pertinente e consultar comunicação conjunta ao especialistas para obter opinião ou presidente do tribunal arbitral, assessoria sobre alguns aspectos da interrompendo-se o cômputo dos matéria. O tribunal arbitral deverá prazos pelo tempo que durar a oferecer às Partes uma cópia de cada suspensão. Se o procedimento opinião ou assessoria obtida, dando a arbitral for suspenso por período oportunidade de formular comentários; superior a doze (12) meses, será considerado encerrado o (d) as deliberações do tribunal arbitral procedimento iniciado, ressalvado e os documentos entregues serão acordo em contrário. sigilosos, sempre que a Parte que os 2. As Partes poderão acordar o tenha fornecido assim os qualificar; encerramento do procedimento (e) sem prejuízo do estabelecido no arbitral por notificação conjunta ao subparágrafo (d), qualquer das Partes presidente do tribunal arbitral a poderá fazer declarações públicas qualquer tempo antes da sobre seus pontos de vista em relação à notificação do laudo às Partes. controvérsia, porém deverá tratar como sigilosa toda informação e exposições Artigo 7º escritas entregues pela outra Parte ao Laudo tribunal arbitral qualificadas como 1. O tribunal arbitral emitirá seu sigilosas; e laudo por escrito no prazo de seis (f) cada Parte assumirá os custos dos (6) meses contados do seu árbitros por ela designados, assim estabelecimento, prorrogável pelo como seus gastos. Os custos do máximo de trinta (30) dias, presidente do tribunal arbitral e outros mediante notificação prévia às gastos associados ao procedimento Partes. serão assumidos pelas partes em 2. O laudo será adotado por maioria, proporções iguais. fundamentado e subscrito pelos membros do tribunal arbitral.

3. Sem prejuízo de outros elementos Artigo 6º que o tribunal arbitral entender Suspensão ou encerramento do pertinentes, o laudo deverá conter procedimento necessariamente um sumário das

351 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

exposições e argumentos das cumprirá o laudo imediatamente, ou se Partes; e as conclusões de fato e de assim não for possível, dentro de um direito, determinando de forma prazo razoável determinado de comum fundamentada se a medida em acordo entre as Partes. Quando as questão está ou não em Partes não puderem alcançar um conformidade com o Acordo. acordo a respeito do prazo razoável no 4. O laudo será definitivo, inapelável prazo de noventa (90) dias seguintes à e obrigatório para as Partes, que data de emissão do laudo, o tribunal deverão cumpri-los sem demora. arbitral determinará tal prazo razoável. 5. O laudo será disponibilizado ao público no prazo de quinze (15) dias após a data da sua emissão, RESOLUÇÃO DO CONSELHO sujeito ao requisito de proteção de DE SEGURANÇA DAS NAÇÕES informação de grau sigiloso. UNIDAS SOBRE COMBATE AO AUTODENOMINADO “ESTADO Artigo 8º ISLÂMICO” 24/11/2016 Esclarecimento e interpretação do O Governo brasileiro manifesta sua laudo satisfação diante da aprovação 1. Sem prejuízo do estabelecido no unânime, pelo Conselho de Segurança Artigo 7º (Laudo ), qualquer das das Nações Unidas, da Resolução n° Partes poderá solicitar ao tribunal 2249, que conclama Estados Membros arbitral, no prazo de quinze (15) das Nações Unidas a tomarem todas as dias contados da notificação do medidas necessárias, em conformidade laudo, um esclarecimento ou com o Direito Internacional, para interpretação do mesmo. combater o autodenominado "Estado 2. O tribunal arbitral se pronunciará Islâmico", que constitui ameaça sem no prazo de quinze (15) dias a precedentes à paz e à segurança contar da solicitação. internacional. 3. Se o tribunal arbitral considerar que as circunstâncias assim o O objetivo da Resolução é eliminar o exigem, poderá suspender o controle do grupo sobre territórios da cumprimento do laudo até que se Síria e do Iraque, assim como redobrar decida sobre a solicitação e coordenar esforços no sentido de apresentada. prevenir e suprimir atos terroristas cometidos por indivíduos e entidades Artigo 9º ligadas a ele e a outras organizações Cumprimento do laudo designadas como terroristas pelas Salvo que as Partes decidam de Nações Unidas. maneira diversa, a Parte reclamada

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 352

A Resolução condena nos termos mais provação na luta contra o terrorismo, e fortes as violações sistemáticas de dela sairá fortalecida. Direitos Humanos perpetradas pelo autodenominado "Estado Islâmico". Sublinha que os responsáveis deverão ATENTADO NO EGITO prestar contas de seus atos. Conclama 25/11/2015 os Estados Membros das Nações Unidas a envidar esforços para deter O Governo brasileiro manifesta sua fluxo de combatentes à Síria e ao firme condenação do atentado Iraque, bem como para eliminar suas terrorista ocorrido ontem em hotel na fontes de financiamento. cidade de Al-Arish, no Egito, que vitimou ao menos sete pessoas, entre as quais um juiz e um promotor ATENTADO CONTRA A encarregados de supervisionar as GUARDA PRESIDENCIAL NA eleições legislativas no país. TUNÍSIA 25/11/2015 Ao transmitir sua solidariedade aos O Governo brasileiro condena com familiares das vítimas, ao povo e ao veemência o atentado terrorista contra Governo do Egito, o Brasil reitera seu ônibus da guarda presidencial da firme repúdio a todos os atos Tunísia, que levou à morte de pelo terroristas, praticados sob quaisquer menos doze pessoas, no centro de pretextos. Túnis.

O Brasil transmite suas condolências ELEIÇÃO DE JUIZ BRASILEIRO às famílias das vítimas e reitera seu PARA PRESIDÊNCIA DA repúdio a todos os tipos de atos CORTE INTERAMERICANA DE terroristas, praticados sob quaisquer DIREITOS HUMANOS pretextos. 26/11/2015 O Brasil renova sua solidariedade ao O Governo brasileiro acolhe com povo e ao Governo tunisianos, que, grande satisfação a eleição do juiz com coragem, e por meio de firme brasileiro Roberto Caldas para a compromisso com os valores do Presidência da Corte Interamericana de diálogo e da tolerância, vêm obtendo Direitos Humanos no período 2016- avanços importantes na consolidação 2017, ocorrida em 25 de novembro, de suas instituições. durante a 112ª sessão ordinária da O Brasil confia em que a Tunísia Corte, que tem sede em São José da democrática saberá vencer mais essa Costa Rica. O mandato do Dr. Roberto Caldas, que integra a Corte desde 353 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

2013, terá início em 1º de janeiro de o Direito Internacional e as resoluções 2016. pertinentes das Nações Unidas.

O Governo brasileiro transmite votos O Brasil acompanha com preocupação de pleno êxito para o Dr. Caldas em o recente recrudescimento da violência suas futuras funções. contra civis palestinos e israelenses. A expansão dos assentamentos ilegais e

os ataques inspirados por ódio e DIA INTERNACIONAL DE extremismo religioso constituem sérios SOLIDARIEDADE COM O obstáculos a que se alcance a solução POVO PALESTINO 26/11/2015 de dois Estados e, portanto, uma paz duradoura na região.

A falta de uma solução pacífica para a Por ocasião do Dia Internacional de questão da Palestina continua a ser Solidariedade com o Povo Palestino, uma ameaça à paz e à segurança celebrado na data de 29 de novembro, internacional. Passos concretos para a Presidenta Dilma Rousseff alcançar prontamente a solução de dois encaminhou ao Secretário-Geral das Estados devem ser tomados, de forma Nações Unidas, Ban Ki-moon, a a romper o círculo vicioso da seguinte mensagem: violência. Ambas as partes devem retomar as negociações em boa fé, com "No contexto da celebração, pela base nos princípios e parâmetros comunidade internacional, do Dia estabelecidos pelo Direito Internacional da Solidariedade com o Internacional e as resoluções Povo Palestino, o Governo brasileiro pertinentes das Nações Unidas. reitera seu total apoio ao direito legítimo à autodeterminação do povo "O Brasil continuará a apoiar palestino". ativamente os esforços para que se alcance uma paz justa e duradoura na O Brasil, que reconheceu formalmente Palestina, baseada na solução de dois o Estado da Palestina em 2010, Estados e na concretização do direito permanece comprometido com o inalienável à autodeterminação do estabelecimento de um Estado povo palestino." Palestino soberano, economicamente viável e territorialmente contíguo, com capital em Jerusalém Oriental, convivendo lado a lado, em paz e segurança, com Israel, com base nas fronteiras internacionalmente reconhecidas de 1967, de acordo com

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 354

VIAGEM DA SENHORA (COP-21), no dia 30 de novembro de PRESIDENTA DA REPÚBLICA 2015. A PARIS – REUNIÃO DE A Presidenta proferirá discurso acerca COORDENAÇÃO COM A dos resultados alcançados pelo Brasil IMPRENSA 27/11/2015 no enfrentamento da mudança do clima e das expectativas para as

negociações de Paris. Participará Informa-se aos profissionais de também de encontros com Chefes de imprensa brasileiros credenciados para Estado e de Governo. cobertura da participação da Senhora Na Conferência de Paris, a delegação Presidenta da República na 21ª brasileira defenderá um acordo que Conferência das Partes da Convenção- seja robusto, justo, ambicioso e Quadro das Nações Unidas sobre juridicamente vinculante e que Mudança do Clima e 11ª Reunião das fortaleça o regime multilateral sob a Partes no Protocolo de Quioto, que Convenção. será realizada reunião de coordenação hoje às 18h30, hora local, no auditório da Embaixada do ASSASSINATO DE LUIS Brasil (endereço: 34, Cours Albert 1er, MANUEL DÍAZ 27/11/2015 75008; estação de metrô Alma- Marceau, linha 9). O Governo brasileiro tomou conhecimento com consternação do VIAGEM DA PRESIDENTA DA assassinato de Luis Manuel Díaz, REPÚBLICA A PARIS PARA O dirigente do partido Ação Democrática EVENTO DE LÍDERES DA 21ª (AD), ocorrido no contexto de comício CONFERÊNCIA DAS PARTES eleitoral no Estado de Guárico, Venezuela. DA CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES INUDAS SOBRE O Governo brasileiro se une ao MUDANÇA DO CLIMA (COP21) comunicado emitido pela Missão – PARIS, 30 DE NOVEMBRO DE Eleitoral da UNASUL para as Eleições 2015 27/11/2015 para a Assembleia Nacional, que rechaça firmemente o recurso a A Presidenta Dilma Rousseff realizará qualquer tipo de violência que possa viagem a Paris, para participar da afetar o bom desenvolvimento do abertura da 21ª Conferência das Partes processo eleitoral e insta as na Convenção-Quadro das Nações autoridades venezuelanas a investigar Unidas sobre Mudança do Clima os fatos e punir os responsáveis.

355 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Ao condenar com firmeza esse brasileiro reitera sua condenação a lamentável incidente, o Governo qualquer ato de terrorismo. brasileiro recorda que é da responsabilidade das autoridades venezuelanas zelar para que o processo CONCESSÃO DE AGRÉMENT eleitoral que culminará com as eleições AO EMBAIXADOR DO BRASIL no dia 6 de dezembro transcorra de NA REPÚBLICA DA COSTA forma limpa e pacífica, de modo a RICA 01/12/2015 permitir que o povo venezuelano exerça com tranquilidade seu dever O Governo brasileiro tem a satisfação cívico e tenha plenamente respeitada de informar que o Governo da sua vontade soberana. República da Costa Rica concedeu agrément a Fernando Jacques de O Governo brasileiro confia em que o Magalhães Pimenta como Embaixador Governo venezuelano atuará para Extraordinário e Plenipotenciário do coibir quaisquer atos de violência ou Brasil naquele país. intimidação que possam colocar em De acordo com a Constituição, essa dúvida a credibilidade do processo designação ainda deverá ser submetida eleitoral em curso e a legitimidade dos à apreciação do Senado Federal. resultados da votação.

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 6 ATENTADO DA NIGÉRIA DE DEZEMBRO PRÓXIMO NA 27/11/2015 VENEZUELA 03/12/2015 O Governo do Brasil manifesta seu Ao aproximarem-se as eleições veemente repúdio ao atentado ocorrido legislativas de 6 de dezembro próximo hoje, 27 de novembro, no estado de na Venezuela, o Governo brasileiro Kano, na Nigéria, que vitimou mais de deseja fazer chegar ao povo e ao duas dezenas de pessoas em procissão Governo daquele País os mais sinceros religiosa. votos de que o pleito se desenvolva A Embaixada do Brasil em Abuja dentro do marco da democracia, da monitora a situação. Segundo os dados transparência e da participação plena disponíveis até o momento, não há de toda a cidadania, em benefício do cidadãos brasileiros entre as vítimas. povo venezuelano e de toda a região.

Ao mesmo tempo em que transmite O Governo brasileiro continuará a seus sentimentos de solidariedade aos acompanhar com atenção a etapa final familiares das vítimas e ao Governo e da campanha, a realização e a apuração ao povo da Nigéria, o Governo das eleições, com o espírito construtivo

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 356 que demonstrou ao longo de todo o brasileiro designou o Embaixador período em que participou como Antonino Lisboa Mena Gonçalves para integrante da comissão de Chanceleres acompanhar a missão da UNASUL. da UNASUL, encarregada de Tal participação se dará na qualidade promover o diálogo entre o Governo e de assistente do Chefe da missão, nos a oposição venezuelana. termos estabelecidos pelo convênio.

Com esse mesmo espírito, o Governo O Governo brasileiro espera que essas brasileiro participou das negociações missões, dentro do marco legal em que que culminaram com a assinatura do se realizam e com pleno respeito à “Convênio entre o Conselho Nacional soberania venezuelana, tenham a mais Eleitoral da República Bolivariana da ampla possibilidade de atuação e Venezuela e a União de Nações Sul- possam, assim, contribuir para atestar a Americanas para a missão eleitoral da credibilidade do processo eleitoral e a UNASUL para a eleição à Assembleia legitimidade de seus resultados. Nacional de 6 de dezembro de 2015”, documento que contou com a aprovação do Tribunal Superior ADESÃO DO BRASIL À Eleitoral-TSE e permitiu a “CONVENÇÃO DA APOSTILA” conformação da referida Missão 03/11/2015 Eleitoral. 03 de dezembro de 2015 - O Governo brasileiro, que havia realçado oportunamente a importância O Governo brasileiro depositou, da definição do calendário eleitoral e ontem, 2 de dezembro, junto ao celebrado o anúncio da fixação da data Ministério dos Negócios Estrangeiros do pleito pelo Conselho Nacional dos Países Baixos, o instrumento de Eleitoral da Venezuela, manifesta seu adesão do Brasil à Convenção sobre a apoio aos trabalhos da Missão Eleitoral Eliminação da Exigência de da UNASUL, sob a condução do ex- Legalização de Documentos Públicos presidente Leonel Fernández, e Estrangeiros ("Convenção da também de outros participantes do Apostila"). processo de acompanhamento eleitoral, como o Alto Representante do A adesão do Brasil à Convenção da MERCOSUL, Doutor Florisvaldo Fier, Apostila garantirá significativa e o Conselho de Peritos Eleitorais da redução do tempo de processamento e América Latina-CEELA. dos custos para cidadãos e empresas, bem como economia de recursos Em atenção a convite do ex-presidente públicos. Uma vez em vigor, a partir Leonel Fernández, o Governo de agosto de 2016, tornará mais 357 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

simples a utilização de documentos o modelo e o mecanismo de brasileiros no exterior e de documentos implementação do tratado pelo Brasil. estrangeiros no Brasil, tais como Tendo em vista o interesse em que o certificados, procurações, certidões serviço seja prestado da maneira mais notariais, documentação escolar, entre ampla e facilitada possível, houve outros. ampla convergência no sentido de que o sistema cartorial brasileiro, que já Com base nos dispositivos da possui especialização na matéria, Convenção, o instrumento somente distribuição por todo território nacional produzirá efeitos oito meses após a e integração eletrônica, seja habilitado data do depósito, em relação àqueles para emitir Apostilas em nome do Estados que não manifestarem objeção Estado brasileiro. à adesão brasileira. No âmbito interno, a vigência do instrumento ocorrerá À luz das competências do Poder após publicação do Decreto de Judiciário para fiscalização e promulgação pela Senhora Presidenta regulamentação das atividades da República, o que deverá ser notariais, a emissão de Apostilas da realizado tão logo decorrido o Haia pelos cartórios será realizada com mencionado prazo estipulado pela base em Resolução a ser editada pelo Convenção. Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o qual exercerá, igualmente, a função de A adesão brasileira simplificará o ponto focal brasileiro para tratamento trâmite internacional de documentos do tema junto a entidades nacionais e públicos entre o Brasil e os demais 108 estrangeiras. países que já aplicam o instrumento. Suprimirá a necessidade de legalização A relação dos países que são partes da consular (também conhecida por Convenção da Apostila está disponível "consularização" ou "chancela na página da Conferência da Haia de consular"), a qual será substituída pela Direito Internacional Privado. emissão da "Apostila da Haia", que será anexada ao documento público pelas autoridades competentes do país no qual foi emitido, tornando-o válido em todos os demais Estados partes da Convenção.

Tão logo aprovado o texto da Convenção pelo Congresso Nacional, o Itamaraty realizou reuniões com as VISITA DO PRESIDENTE instituições brasileiras diretamente ELEITO DA REPÚBLICA interessadas na matéria a fim de definir ARGENTINA, MAURICIO

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 358

MACRI, AO BRASIL – CONFERÊNCIA REGIONAL DA BRASÍLIA, 4 DE DEZENBRO DE AMÉRICA LATINA E DO 2015 03/12/2015 CARIBE DA DÉCADA INTERNACIONAL DOS A convite da Presidenta Dilma AFRODESCENDENTES (2015- Rousseff, o Presidente eleito da 2024) República Argentina, Mauricio Macri, realizará visita a Brasília no dia 4 de Realiza-se nos dias 3 e 4 de dezembro, dezembro, ocasião em que será em Brasília, a Conferência Regional da recebido em audiência no Palácio do América Latina e do Caribe da Década Planalto. Internacional dos Afrodescendentes O encontro entre a Senhora Presidenta (2015-2024). A Conferência contará da República e o Presidente eleito da com a presença do Alto Comissário Argentina constituirá oportunidade das Nações Unidas para os Direitos para tratar dos temas da ampla agenda Humanos, Zeid Ra'ad El Hussein. de integração bilateral, bem como de Criada por resolução da Assembleia assuntos de interesse comum nos Geral das Nações Unidas, a Década planos regional e internacional. Internacional dos Afrodescendentes O Brasil será o primeiro destino busca aprofundar a discussão sobre os internacional do Presidente eleito da direitos humanos e o bem-estar de um Argentina, em reconhecimento da dos grupos populacionais mais importância das relações entre os dois afetados pela discriminação racial. A países. No ano em que se celebram os Conferência é organizada pelo 30 anos da adoção da "Declaração do Escritório do Alto Comissário das Iguaçu", marco inicial do processo de Nações Unidas para os Direitos integração bilateral, a visita do Humanos (EACDH) em colaboração Presidente eleito Mauricio Macri com o Governo brasileiro. reforça a natureza prioritária do A Conferência de Brasília é a primeira relacionamento entre Brasil e de uma série de cinco eventos Argentina, fundamental para a regionais organizados pelo EACDH. construção de um espaço de paz e Além de representantes dos países da desenvolvimento na América do Sul e América Latina e Caribe e das Nações para a consecução dos objetivos de Unidas, participarão agências desenvolvimento nacional dos dois especializadas, organizações regionais, países. instituições voltadas à proteção de direitos humanos, acadêmicos e representantes da sociedade civil.

359 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

quanto antes, de modo a permitir a troca de ofertas e o início de nova e REUNIÃO DA PRESIDENTA definitiva fase das negociações. DILMA ROUSSEFF COM O Afirmaram, nesse sentido, o PRESIDENTE ELEITO DA compromisso de empenhar-se ARGENTINA, MAURICIO pessoalmente para fazer avançar as MACRI 04/12/2015 negociações.

A Presidenta Dilma Rousseff recebeu A Presidenta Dilma Rousseff e o o Presidente eleito da Argentina, Presidente eleito Mauricio Macri Mauricio Macri, na manhã de hoje em enfatizaram o objetivo comum de Brasília, ocasião em que reiterou seus fortalecer o MERCOSUL e expandir o cumprimentos pela vitória na eleição relacionamento econômico e comercial de 22 de novembro e confirmou sua do bloco com outros países e regiões. ida a Buenos Aires para a posse Coincidiram, nesse sentido, quanto à presidencial, no próximo dia 10. importância de agilizar e aprofundar o processo em curso de aproximação Os dirigentes analisaram o com a Aliança do Pacífico. relacionamento bilateral e, especialmente, a inserção dos dois países nos fluxos internacionais de NOTA DE ESCLARECIMENTO comércio e investimento. Lembraram 04/12/2015 que acordos ambiciosos, abrangentes e equilibrados nessas áreas contribuem Em resposta ao artigo “Diplomatas para a geração de mais e melhores relatam casos de assédio dentro do empregos em todo o mundo, inclusive Itamaraty”, publicado no jornal “O na região, e que o Brasil e a Argentina Globo”, no dia 1º de dezembro de têm um papel importante a 2015, o Ministério das Relações desempenhar em sua conformação. Exteriores encaminhou as seguintes cartas aos editores do jornal, assinadas Reiteraram que a rápida conclusão do respectivamente pelo Ministério e pelo Acordo de Associação Birregional Diretor do Instituto Rio Branco: entre o MERCOSUL e a União Europeia é prioritária para os dois países e seus sócios na união aduaneira. Tendo em vista que a oferta Carta do Ministério das Relações do MERCOSUL está pronta desde Exteriores julho de 2014, renovaram sua “O Ministério das Relações Exteriores expectativa de que a União Europeia agradece ao jornal 'O Globo' pela cumpra o compromisso assumido em pronta correção das referências ao junho de 2015 e finalize sua oferta o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 360

Diretor do Instituto Rio Branco na menos, de uma repórter desse matéria 'Diplomatas relatam casos de conceituado jornal. Agradeço a assédio dentro do Itamaraty', publicada publicação, ainda que não assinada, da tanto na versão impressa quanto na "Correção" sobre o assunto na página digital. 10 da edição de hoje mas muito O reconhecimento do erro pelo jornal agradeceria também o obséquio de contribui para atenuar a grave ofensa publicar esta carta, em nome de minha ao Embaixador Gonçalo Mourão, atual honra, bem como solicitar à repórter Diretor do Instituto, reconhecido pela Alencastro que se digne, ainda que instituição e por seus colegas como particular e pessoalmente, já que não diplomata de reputação ilibada, que se dignou a fazê-lo em público como não pode ser atingido em sua honra fez com sua matéria, manifestar pela reprodução equivocada de qualquer espécie de desculpa pelo acusações anônimas.” falso testemunho que publicou, em nome até mesmo da dignidade de sua

profissão.” Carta do Diretor do Instituto Rio Branco, Embaixador Gonçalo Mello CONFERÊNCIA REGIONAL DA Mourão DÉCADA INTERNACIONAL DE “Sou Diretor-Geral do Instituto Rio AFRODEDCENDENTES – Branco do Ministério das Relações DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA Exteriores há pouco menos de três 05/12/2015 anos. Matéria publicada na página 8 da edição de O Globo do dia 1 de A Conferência Regional da Década dezembro, assinada pela repórter Internacional de Afrodescendentes foi Catarina Alencastro, reproduz concluída na tarde do dia 4 de declaração anônima, no sentido de que dezembro, com a adoção, por uma diplomata "recém aprovada no aclamação, da Declaração de Brasília. concurso para o Itamaraty" teria A Conferência contou com a presença sofrido perseguições e assédios, que do Alto Comissário das Nações Unidas depois se repetiram com outra colega para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad sua, "pelo Diretor do Instituto Rio El Hussein, e de representantes dos Branco". Diretor do Instituto Rio países da América Latina e do Caribe, Branco em concursos recentes, sou eu ; de agências especializadas, e a afirmação anônima, endossada pelo organizações regionais, instituições artigo assinado da repórter, comporta voltadas à proteção de direitos acusação aleivosa e mentirosa, feita de humanos, acadêmicos e sociedade modo irresponsável, que não posso civil. aceitar nem de anônimos nem, muito 361 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Durante os debates, ressaltou-se, entre Caribe, que começou em 1 de Janeiro outros temas, o apoio à negociação de de 2014, um projeto de declaração das Nações Retomando o Plano de Ação para a Unidas sobre a promoção e o pleno Década de Afrodescendentes da respeito dos direitos humanos das América Latina e Caribe, aprovada em pessoas afrodescendentes e à 29 de Janeiro de 2015, convocação da IV Conferência Mundial contra o Racismo, a Recordando as resoluções da Discriminação Racial, a Xenofobia e Assembleia Geral das Nações Unidas Formas Conexas de Intolerância. 68/237 de 23 de Dezembro de 2013, na qual a Assembleia proclamou a Segue, abaixo, texto da Declaração de Década Internacional de Brasília. Afrodescendentes, que começou em 1 de Janeiro de 2015 e terminará em 31 de Dezembro de 2024, com o tema Declaração da Conferência Regional "Afrodescendentes: reconhecimento, da Década Internacional de justiça e desenvolvimento", e a AG Afrodescendentes 69/16, de 18 de Novembro de 2014, na Os Estados Latino Americanos e qual a comissão aprovou o programa Caribenhos, reunidos em Brasília, em de atividades da Década Internacional 3 e 4 de Dezembro de 2015, sob os de Afrodescendentes, auspícios das Nações Unidas, Lembrando também a Convenção Considerando os princípios da Internacional sobre a Eliminação de dignidade inerente à pessoa humana e Todas as Formas de Discriminação da igualdade entre os seres humanos Racial e outros documentos consagrados em instrumentos internacionais relevantes, internacionais para a promoção e proteção dos direitos humanos, Recordando o compromisso assumido na Declaração de Viena e Programa de Considerando que o direito à igualdade Ação sobre a eliminação do racismo, e à não discriminação é a base para o discriminação racial, xenofobia e gozo de outros direitos humanos, intolerância correlata, Recordando o Comunicado sobre a Recordando ainda a Declaração e o Década de Afrodescendentes aprovado Programa de Ação de Durban, pelos ministros de Relações Exteriores aprovado em Setembro de 2001 na da CELAC, em 27 de setembro de Terceira Conferência Mundial contra o 2013, que proclamou a Década de Racismo, a Discriminação Racial, a Afrodescendentes da América Latina e Xenofobia e Formas Conexas de Intolerância,

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 362

Reconhecendo que, apesar dos avanços 1. Reafirmar o compromisso com a alcançados, o racismo, a discriminação plena implementação da Declaração e racial, a xenofobia e intolerâncias Plano de Ação de Durban, em nível correlatas e seu impacto sobre o nacional, regional e global. usufruto de todos os direitos humanos 2. Reafirmar o apoio à criação do das pessoas Afrodescendentes da Fórum sobre Afrodescendentes, no América Latina e do Caribe persiste, âmbito do Conselho de Direitos Reconhecendo a importância da Humanos, em conformidade com o participação histórica e atual de parágrafo 29, inciso i), do anexo da indivíduos, comunidades e povos das resolução 69/16 da Assembleia Geral populações afrodescendentes na das Nações Unidas. formação social, cultural, religiosa, 3. Reafirmar também que o Fórum política e econômica do país e da sobre Afrodescendentes deverá região e da necessidade de preservar, consistir em mecanismo de consulta promover e divulgar o seu rico legado para todas as pessoas em países da América Latina e do Afrodescendentes e órgão consultivo Caribe em desenvolvimento, do Conselho de Direitos Humanos Reconhecendo a importância do sobre as dificuldades e necessidades intercâmbio, cooperação e diálogo dos das pessoas Afrodescendentes, a fim países da região com os países de: africanos, a) Garantir a plena inclusão política, Reconhecendo que todos os seres econômica, social e cultural de humanos nascem livres e iguais em Afrodescendentes nas sociedades em dignidade e direitos e têm a capacidade que vivem como cidadãs e cidadãos de contribuir construtivamente para o iguais que gozam de uma igualdade desenvolvimento e o bem-estar da substantiva de direitos; sociedade, e que todas as doutrinas de b) Fornecer assessoramento superioridade racial são especializado aos Estados e formular cientificamente falsas, moralmente recomendações, a fim de resolver os condenáveis, socialmente injustas e problemas relacionados com o racismo perigosas e devem ser rejeitadas, enfrentado pelas pessoas juntamente com as teorias que tentam Afrodescendentes e que lhes impede o determinar a existência de raças pleno usufruto de todos os seus direitos humanas distintas, humanos e liberdades fundamentais; Concordaram com o seguinte: c) Identificar e analisar as melhores práticas, desafios, oportunidades e

363 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

iniciativas para continuar a em instrumentos internacionais de implementar as disposições da direitos humanos. Declaração e Programa de Ação de 6. Apoiar em particular o Durban, que são relevantes para as desenvolvimento de um projeto de pessoas Afrodescendentes; declaração das Nações Unidas sobre a d) Acompanhar e avaliar os progressos promoção e o pleno respeito dos realizados na implementação do direitos humanos das pessoas programa de atividades da Década afrodescendentes, salientando a Internacional de Afrodescendentes e, importância de começar com os para tal recolher informação relevante trabalhos o mais rapidamente possível, por parte dos governos, órgãos e de modo a transferir as contribuições entidades das Nações Unidas, substantivas a sua redação. organizações intergovernamentais, 7. Instar a Assembleia Geral das organizações não governamentais e Nações Unidas para, no âmbito da outras fontes pertinentes; Década Internacional, convocar a IV e) Promover a integração e Conferência Mundial contra o coordenação das atividades Racismo, a Discriminação Racial, a relacionadas com as pessoas Xenofobia e Formas Conexas de Afrodescendentes no âmbito do Intolerância. sistema das Nações Unidas; 8. Apoiar a necessidade de prestar f) Facilitar a gestão dos recursos especial atenção às pessoas humanos, técnicos, tecnológicos e Afrodescendentes em situações financeiros para que os Estados particulares como crianças, implementem programas orientados adolescentes, mulheres, pessoas idosas, aos índices de desenvolvimento pessoas com deficiência e vítimas de humano das comunidades de discriminação múltipla ou agravada Afrodescendentes com indicadores que com base no sexo, língua, religião, sejam diretamente relevantes para suas opinião política ou outra, origem necessidades de desenvolvimento. social, origem nacional, posição econômica, nascimento, entre outros. 4. Apoiar a iniciativa da Comunidade do Caribe (CARICOM) sobre 9. Promover a incorporação do reparações. enfoque diferencial afrodescendente nas organizações especializadas em 5. Apoiar a adoção de medidas para matéria de cooperação internacional no que se continue promovendo e reconhecimento das assimetrias protegendo todos os direitos humanos pertinentes a tal população nos âmbitos das pessoas Afrodescendentes contidos econômico, social e cultural.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 364

10. Promover uma hora contra o o valor negado ao coletivo racismo no âmbito do Dia Mundial da Afrodescendente. Diversidade, que é comemorado a cada 16. Promover, no âmbito de suas 21 de maio, a fim de aprofundar o respectivas jurisdições, o reconhecimento de Afrodescendentes e reconhecimento dos direitos das promover a mobilização social contra comunidades afrodescendentes. o racismo e todas as formas de discriminação racial. 17. Instar os Estados, de acordo com as normas internacionais de direitos 11. Contribuir para o desenvolvimento humanos e seus respectivos sistemas e pesquisa do Volume IX da História jurídicos, a resolver os problemas de Geral da África liderada pela propriedade em relação às terras UNESCO com a União Africana, bem ancestrais habitadas por como para o projeto “Rota do afrodescendentes e promover o uso Escravo”, também da UNESCO. produtivo da terra e o desenvolvimento 12. Promover a criação ou o integral dessas comunidades, fortalecimento de mecanismos respeitando sua cultura. nacionais para a promoção da 18. Promover, nos Estados que ainda igualdade racial, a eliminação da não tenham estabelecido, a inclusão da discriminação baseada na diversidade variável étnica em sistemas estatísticos étnica e a integração dos direitos nacionais, a fim de assegurar a humanos para Afrodescendentes. visibilidade nacional estatística desta 13. Adotar ações afirmativas para população, bem como a geração de reduzir e remediar as disparidades e dados desagregados que possam desigualdades e até mesmo acelerar a explicitar a evolução da situação inclusão social e o fechamento das socioeconômica e do usufruto de lacunas no acesso à educação e ao direitos. emprego, resultantes de injustiças 19. Promover e implementar medidas históricas e atuais, de acordo com as para combater e punir a prática de particularidades de cada país. discriminação racial e promover 14. Promover o acesso à justiça e o programas de formação e de gozo efetivo dos direitos das pessoas sensibilização para a polícia e oficiais afrodescendentes nos sistemas de justiça na identificação, judiciais. investigação e punição da prática.

15. Promover iniciativas destinadas a 20. Provocar os Estados a assinar e implementar políticas de reparação ratificar instrumentos internacionais histórica para reforçar a visibilidade e contra o racismo, a discriminação

365 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

racial e intolerância correlata das A normalidade do processo, tal como organizações internacionais das quais atestado pelas diferentes missões de os Estados da América Latina e Caribe acompanhamento eleitoral, entre as são membros. quais a da UNASUL, o alto nível de comparecimento dos eleitores e o 21. Promover o intercâmbio de reconhecimento dos resultados por programas de formação, educação e todas as partes constituem uma vitória cultura que demonstrem a contribuição expressiva da democracia, para a da cultura Africana na construção de Venezuela e para a região. nossas sociedades. O Governo brasileiro ressalta a 22. Exortar aos países da região a importância do pleno respeito à incorporarem e desenvolverem, vontade popular expressa nas urnas e conforme seja o caso, a educação reitera sua disposição de continuar étnico-racial e a valorização do trabalhando com a Venezuela para patrimônio afrodescendente em seus aprofundar as relações bilaterais e sistemas educacionais. contribuir para o diálogo, a 23. Instar à criação de um Centro de estabilidade democrática, o Memória Histórica na região e desenvolvimento e a prosperidade procurar os meios para esse fim, daquele país vizinho e amigo, sócio no incluindo financiamento. MERCOSUL e ator fundamental no processo de integração latino- 24. Expressar sua gratidão ao Governo americana. do Brasil por sediar esta Conferência Regional da América Latina e do Caribe da Década Internacional de PROPOSTA INOVADORA Afrodescendentes. SOBRE MACANISMOS COOPERATIVOS SUBMETIDA ELEIÇÕES NA VENEZUELA CONJUNTAMENTE POR 07/12/2015 BRASIL E UNIÃO EUROPEIA 08/12/2015 O Governo brasileiro acompanhou de perto as eleições legislativas de ontem, Hoje o Brasil e a União Europeia 6 de dezembro, na Venezuela, e submeteram conjuntamente uma congratula o povo, as forças políticas e proposta de mecanismos cooperativos as autoridades venezuelanas pela no âmbito da COP21 para a forma ordeira e pacífica em que consideração das Partes, a fim de transcorreu a jornada eleitoral. incorporá-los ao Acordo de Paris. A proposta estabelece requisitos para a salvaguarda da integridade ambiental

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 366 das abordagens cooperativas de REUNIÃO DE TRABALHO mercado, e propõe o estabelecimento BRASIL-URUGUAI – BRASÍLIA, de um mecanismo de desenvolvimento 9 DE DEZEMBRO DE 2015 sustentável para reduções de emissões 08/12/2015 nos países em desenvolvimento. Os Ministros uruguaios de Relações Ela oferece uma solução para um dos Exteriores, Rodolfo Nin Novoa, e de assuntos mais complexos nas Indústria, Energia e Mineração, negociações – o uso de mecanismos Carolina Cosse, serão recebidos em baseados no mercado para ação Brasília, no dia 9 de dezembro, pelo climática. Se for aprovada, ela Ministro das Relações Exteriores, possibilita que entidades públicas e Mauro Vieira, e do Desenvolvimento, privadas reforcem seu empenho no Indústria e Comércio, Armando combate contra a mudança climática Monteiro. sem deixar de contribuir ao desenvolvimento sustentável. Na ocasião será assinada ata relativa à conclusão das negociações de Acordo O Brasil e a União Europeia têm Automotivo Brasil-Uruguai, que defendido veementemente a estabelece o livre comércio no setor. integridade ambiental e a promoção do Os Ministros terão, além disso, reunião desenvolvimento sustentável no de trabalho para examinar os principais Acordo de Paris. A linguagem temas da agenda comercial bilateral e proposta inspira-se na experiência, no regional. âmbito do Protocolo de Kyoto, relativa ao Mecanismo de Desenvolvimento O intercâmbio comercial com o Limpo (MDL), adaptada ao contexto Uruguai alcançou seu recorde histórico do novo Acordo de Paris. em 2014: US$ 4.863 milhões, dos quais US$ 633 milhões Ademais, a proposta abriria caminho correspondentes a produtos do setor para outras abordagens cooperativas automotivo. além do MDL, assegurando ao mesmo tempo sua coerência com os objetivos da convenção. A proposta, tal como apresentada conjuntamente pelo Brasil e a UE, está disponível no site do Secretariado da CONCESSÃO DE AGRÉMNT AO UNFCCC (abaixo de “Voluntary EMBAIXADOR DO BRASIL submissions” na parte inferior da REPÚBLICA DA CROÁCIA página). 10/12/2015

367 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

O Governo brasileiro tem a satisfação Ao mesmo tempo em que transmite de informar que o Governo da suas condolências aos familiares das República da Croácia vítimas e empenha sua solidariedade concedeu agrément a Paulo Roberto aos povos e Governos da Espanha e do Campos Garrisse da Fontoura como Afeganistão, o Brasil manifesta sua Embaixador Extraordinário e veemente condenação do atentado e Plenipotenciário do Brasil naquele reafirma firme repúdio a todos os atos país. terroristas, praticados sob quaisquer De acordo com a Constituição, essa pretextos. designação ainda deverá ser submetida

à apreciação do Senado Federal. ACIDENTE DE ÔNIBUS NA ARGENTINA 14/12/2015

PARTICIPAÇÃO DO MINISTRO O Governo brasileiro tomou DAS RELÇÕES EXTERIORES conhecimento, com grande pesar, do NA X CONFERÊNCIA acidente rodoviário ocorrido hoje na MINISTERIAL DA OMC cidade argentina de Rosario de la 15/12/2015 Frontera, na Província de Salta, que vitimou mais de 40 integrantes da O Ministro das Relações Exteriores, “Gendarmería Nacional Argentina”. Embaixador Mauro Vieira participará O Brasil manifesta sua solidariedade às da X Conferência Ministerial da famílias das vítimas, ao povo e ao Organização Mundial do Comércio Governo da Argentina. (OMC), entre os dias 14 e 18 de dezembro, em Nairóbi (Quênia).

APROVAÇÃO DO ACORDO DE PARIS 14/12/2015 ATENTADO CONTRA A EMBAIXADA DA ESPANHA NO O Governo brasileiro celebra a adoção AFEGANISTÃO 13/12/2015 do Acordo de Paris pela 21a Conferência das Partes na Convenção- O Governo brasileiro tomou Quadro das Nações Unidas sobre conhecimento, com grande pesar, da Mudança do Clima (Conferência de notícia de atentado ocorrido em 11 de Paris). dezembro, em Cabul, contra a Embaixada da Espanha no O Acordo representa resposta decisiva Afeganistão. e global ao desafio da mudança do clima, com o propósito de manter o

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 368 aquecimento global bem abaixo de 2ºC NAIRÓBI, 15 A 18 DE e de redobrar esforços para limitar o DEZEMBRO DE 2015 15/12/2015 aumento da temperatura a 1,5ºC. Oferece um marco global justo, O Ministro Mauro Vieira participa ambicioso, equilibrado e duradouro hoje da abertura e do início dos para apoiar os esforços de todos os trabalhos da X Conferência Ministerial países contra a mudança do clima, no da Organização Mundial do Comércio contexto da erradicação da pobreza e (OMC), que se realiza de 15 a 18 de da fome e da promoção do Dezembro em Nairóbi, Quênia. Os desenvolvimento sustentável. Ministros passarão em revista os 20 anos da OMC e buscarão a conclusão O Brasil participou ativamente de de novos acordos no âmbito da todas as fases das negociações que Organização. culminaram no Acordo. Na Conferência de Paris, a Delegação Em particular, os Ministros discutirão brasileira, liderada pela Ministra do a proibição dos subsídios à exportação Meio Ambiente Izabella Teixeira, de produtos agrícolas e medidas facilitou as discussões sobre equivalentes. Trata-se de antiga diferenciação e atuou junto a outros aspiração dos países em atores-chave de forma a promover o desenvolvimento que poderia, consenso em temas centrais para o finalmente, transformar-se em desfecho do Acordo, apresentando disciplina do sistema multilateral de propostas de entendimento comum que Comércio. O Brasil tem contribuído resguardam a integridade ambiental do ativamente para que se alcance este regime internacional contra a mudança objetivo e está preparado para do clima e aumentam o nível de participar construtivamente de todas as ambição global. negociações em Nairóbi.

O Governo brasileiro cumprimenta a O Brasil considera que o sucesso da presidência francesa da COP-21 pela reunião de Nairóbi, na sequência dos condução de um processo negociador importantes resultados obtidos na transparente, eficaz e inclusivo, que última Conferência Ministerial em acomodou as diferentes visões e Bali, permitiria reforçar o papel da manteve um nível de ambição elevado. OMC como centro de um sistema multilateral de comércio dinâmico e não discriminatório, que facilite uma PARTICIPAÇÃO DO MINISTRO maior inserção internacional do Brasil DAS RELAÇÕES EXTERIORES na economia mundial. NA X CONFERÊNCIA MINISTERIAL DA OMC – 369 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

CONCESSÃO DE AGRÉMENT ontem em Skhirat (Marrocos), felicita AO EMBAIXADOR DA as lideranças políticas participantes e ARGENTINA NO BRASIL insta as que ainda não o fizeram a 15/12/2015 aderir ao acordo com a brevidade possível. Encoraja ainda todas as O Governo brasileiro tem a satisfação partes a que se empenhem pela de informar que concedeu agrément ao formação do governo de unidade Senhor Carlos Alfredo Magariños previsto no texto, passo importante como Embaixador Extraordinário e para a reconciliação nacional e a Plenipotenciário da República reconstrução da Líbia. O Brasil Argentina no Brasil. cumprimenta as Nações Unidas e os governos envolvidos na facilitação do Com longa trajetória na área diálogo líbio que possibilitou esse internacional, o Embaixador importante resultado. Magariños foi eleito para dois mandatos consecutivos, entre 1997 e 2005, como Diretor-Geral da CÚPULA DE CHEFES DE Organização das Nações Unidas para o ESTADO DO MERCOSUL E Desenvolvimento Industrial (UNIDO). ESTADOS ASSOCIADOS E Anteriormente, atuara como Secretário XLIX REUNIÃO DO CONSELHO de Indústria e Mineração da Argentina DO MERCADO COMUM – (1993-1996), entre outros cargos ASSINÇÃO, 20 E 21 DE públicos. DEZEMBRO DE 2015 18/12/2015 A concessão do agrément ocorreu tão logo o Governo brasileiro foi A Presidenta Dilma Rousseff comunicado oficialmente sobre a participará, em Assunção, no dia 21 de indicação do Embaixador Carlos dezembro de 2015, da Cúpula dos Alfredo Magariños por parte do Chefes de Estado do MERCOSUL e Governo da Argentina, em sintonia Estados Associados. A Cúpula será com a relação de profunda amizade e precedida, no dia 20 de dezembro, pela confiança entre os dois países. A XLIX Reunião do Conselho do designação ainda deverá ser objeto de Mercado Comum. O MERCOSUL apreciação no Senado argentino. abrange todos os países da América do Sul seja como Estados Partes, seja como Estados Associados.

ASSINATURA DO ACORDO A realização da Cúpula de Chefes de POLÍTICO LÍBIO 18/12/2015 Estado encerra a Presidência Pro Tempore paraguaia (PPTP) do O Governo brasileiro saúda a MERCOSUL, exercida durante o assinatura do acordo político líbio

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 370 segundo semestre de 2015. Ao longo comércio internacional de produtos da PPTP, foram realizadas reuniões de agrícolas. A proibição de subsídios à órgãos decisórios e especializados do exportação de produtos agrícolas e o bloco, cobrindo ampla agenda de disciplinamento de medidas temas, como comércio, integração equivalentes, como créditos oficiais produtiva, cidadania, desenvolvimento favorecidos, ajuda alimentar distorcida social, agricultura familiar, meio e uso inadequado de empresas estatais, alcançados em Nairóbi, são antigas ambiente, justiça, trabalho, cultura, aspirações dos países em educação, direitos humanos, saúde e desenvolvimento e dos exportadores de mobilidade acadêmica. produtos agrícolas, que permitem que Também serão realizados, em haja, finalmente, nesses aspectos, Assunção, a Cúpula Social do simetria de tratamento entre bens MERCOSUL, nos dias 17 e 18 de industriais e agrícolas. No mesmo dezembro, e o VI Fórum Empresarial diapasão, recebemos com satisfação as do MERCOSUL, no dia 18. A Cúpula decisões em favor dos Países de Menor Social oferecerá espaço para debate Desenvolvimento Relativo e nas sobre as dimensões social e cidadã da demais áreas. integração regional. Os resultados alcançados em Nairóbi Ao final da Cúpula, a Presidência Pro comprovam a capacidade da OMC em Tempore do bloco será transferida ao alcançar resultados relevantes num Uruguai. contexto multilateral e não discriminatório, quando há efetivo engajamento de seus Membros. Nesse RESULTADO DA X sentido, será retomada a negociação CONFERÊNCIA MINISTERIAL dos demais temas da Rodada de Doha DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL e examinada a existência de consenso DO COMÉRCIO – NAIRÓBI, 15 para o tratamento de novos temas. A 18 DE DEZEMBRO DE 2015 A delegação brasileira, chefiada pelo 19/12/2015 Ministro Mauro Vieira, contribuiu ativamente às negociações, com

O Governo brasileiro expressa sua soluções técnicas e de linguagem, que satisfação com os resultados da X ajudaram a formar o consenso que Conferência Ministerial da emergiu. Organização Mundial do Comércio, O Brasil segue, desde logo, realizada em Nairóbi entre os dias 15 e comprometido com seguir buscando as 18 do corrente, que permitiram dar um reformas que permitam maior acesso passo importante na liberalização do de nossos produtos aos mercados 371 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

internacionais, a redução substancial 6) Disciplinas sobre regras de origem do apoio doméstico a produtos para mecanismos de preferência agrícolas que impede a justa tarifária em favor de países de menor concorrência e, em geral, a promoção desenvolvimento relativo. de condições mais justas no comércio 7) Prolongamento do “waiver” que internacional. permite conceder preferências no Foram os seguintes os resultados comércio de serviços para os países de principais: menor desenvolvimento relativo

1) Proibição imediata de conceder 8) Prolongamento da moratória sobre a subsídios à exportação de produtos cobrança de tarifas no comércio agrícolas por países desenvolvidos e eletrônico em três anos por países em 9) Prolongamento da moratória de desenvolvimento, com algumas abertura de controvérsias denominadas exceções. de “não violação” na área da 2) Disciplinas de financiamento das propriedade intelectual exportações de produtos agrícolas com 10) “Waiver” para países de menor apoio oficial, que passam a estar desenvolvimento relativo na limitadas a 18 meses de prazo, para implementação de certos dispositivos evitar distorcer as exportações por do Acordo de Direitos de Propriedade meio de crédito subsidiado. Intelectual Relacionados ao Comércio 3) Obrigatoriedade de equilíbrio de da OMC. longo prazo no seguro de crédito para produtos agrícolas e de cobrar prêmios proporcionais ao risco, de forma que os produtos agrícolas não ganhem competitividade com base no poder dos tesouros públicos. NEGOCIAÇÃO BRASIL- 4) Disciplinas iniciais para evitar que MÉXICO PARA AMPLIAÇÃO E empresas estatais exportadoras de APROFUNDAMENTO DO ACE- produtos agrícolas concedam subsídios 53 – TROCA DE LISTAS DE disfarçados e um programa de trabalho PEDIDOS RECÍPROCOS para desenvolvê-las. 19/12/2015 5) Disciplinas para evitar que a ajuda Em conformidade com a decisão da alimentar distorça a concorrência e Presidenta Dilma Rousseff e do afete os mercados locais dos países Presidente Enrique Peña Nieto de para onde vai a ajuda. ampliar e aprofundar o Acordo de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 372

Complementação Econômica N° 53 O Acordo permitirá explorar um (ACE-53), Brasil e México grande potencial de crescimento nas intercambiaram, nesta sexta-feira, relações comerciais entre os dois 18/12/2015, suas listas de pedidos e países, uma vez que a participação das ofertas em comércio de bens. As listas trocas bilaterais não ultrapassou 2% contemplam os itens de interesse, tanto dos volumes totais de comércio dos industriais quanto agrícolas, na dois países com o resto do mundo, expansão do ACE-53, e serão entre 2012 e 2014. Em 2015, de avaliadas pelas equipes técnicas dos janeiro a novembro, o México foi o dois países, em preparação para oitavo mercado de destino das próxima reunião negociadora, marcada exportações e o nono mercado de para os dias 16 a 18 de fevereiro de origem das importações brasileiras. O 2016, em Brasília. intercâmbio comercial, soma das exportações e importações, entre Para aumentar o fluxo comercial, janeiro e novembro deste ano, foi de expandir seu relacionamento US$ 7,44 bilhões. Em 2014, o econômico e promover investimentos, comércio Brasil-México alcançou US$ as duas maiores economias da América 9,03 bilhões. Latina buscam aumento substancial do universo tarifário liberalizado. Uma expansão das preferências tarifárias no DESLIZAMENTO DE TERRA acesso mútuo aos mercados dos dois EM SHENZHEN, CHINA países permitirá que o fluxo comercial 21/12/2015 bilateral seja incrementado de maneira a se tornar mais compatível com a O Governo brasileiro expressa seu dimensão das economias de Brasil e profundo pesar pelo deslizamento de México. terra, ocorrido no último domingo, dia Assim, a troca de listas em matéria de 20 de dezembro, que causou o comércio de bens representa uma etapa desaparecimento de dezenas de de grande importância, e se integra à pessoas na cidade de Shenzhen, na agenda de negociação bilateral que China. contempla um amplo conjunto de O Governo brasileiro transmite suas temas, incluindo serviços, comércio condolências e sua solidariedade aos eletrônico, compras governamentais, familiares das vítimas, bem como ao facilitação de comércio, medidas povo e ao Governo da República sanitárias e fitossanitárias, barreiras Popular da China. técnicas ao comércio, propriedade intelectual, coerência regulatória, entre outros. 373 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

PASSAGEM DO TUFÃO MELOR afinidade cultural entre as diversas PELAS FILIPINAS 22/12/2015 nações de língua portuguesa. Com justa causa, projetou-se no cenário O Governo brasileiro manifesta grande internacional, atraindo crescente pesar pelas dezenas de mortes, contingente de visitantes de múltiplas centenas de milhares de desabrigados e origens. Converteu-se em motivo de pelos danos materiais provocados pela orgulho para o Brasil e de especial passagem do tufão Melor nas Filipinas, apreço para os Estados-Membros da na última semana, e transmite suas Comunidade dos Países de Língua condolências e solidariedade aos Portuguesa-CPLP. familiares das vítimas, ao povo e ao Governo da República das Filipinas. O Ministério das Relações Exteriores expressa sua solidariedade à família do brigadista Ronaldo Pereira da Cruz e INCÊNDIO NO MUSEU DA faz votos para a pronta recuperação do LÍNGUA PORTUGUESA Museu, importante e estimado 22/12/2015 equipamento cultural, que já se tinha consolidado como patrimônio comum O Ministério das Relações Exteriores de todos os países de língua tomou conhecimento com grande pesar portuguesa. do incêndio que atingiu o Museu da

Língua Portuguesa, em São Paulo, e da morte do brigadista Ronaldo Pereira da Cruz nos esforços para debelar o fogo.

O Museu da Língua Portuguesa constituiu, desde sua inauguração, instituição singularmente importante e ADOÇÃO PELO CONCELHO DE inovadora na valorização e difusão do SEGURANÇA DAS NAÇÕES idioma. Marco histórico e UNIDAS DA RESOLUÇÃO 2254 arquitetônico da capital paulista, reinventou a linguagem museológica SOBRE A SÍRIA 22/12/2015 com sua abordagem multidisciplinar e O Governo brasileiro saúda a adoção, avivou grande interesse do público por unanimidade, da Resolução 2254 pelas singularidades da Língua do Conselho de Segurança das Nações Portuguesa. Vem desempenhando Unidas no último dia 18 de dezembro. papel relevante não só para a melhor Trata-se da primeira resolução voltada compreensão da riqueza e da exclusivamente à obtenção de uma diversidade de nossa língua, mas solução política para o conflito armado também para a valorização da na Síria, que perdura desde 2011.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 374

Entre outras medidas, a Resolução esforços na busca de uma solução 2254 solicita ao Secretário-Geral das política para a crise na Síria. Nações Unidas que promova Diante da magnitude do drama negociações formais, a serem iniciadas humanitário verificado na Síria, o em janeiro próximo, entre Brasil, que abriga a maior diáspora representantes do governo e da síria no mundo, tem expressado seu oposição com vistas a inaugurar, com a compromisso com a política de devida brevidade, um processo de acolhimento de pessoas afetadas pelo transição política. conflito por meio de uma política de O Brasil tem defendido a tese de que a "braços abertos". Até o momento, o paz na Síria deve ser alcançada por Brasil emitiu mais de 9.000 vistos em meio do diálogo e da reconciliação bases humanitárias para indivíduos nacional entre os grupos e setores afetados pelo conflito armado na Síria, reconhecidos como idôneos pela dos quais mais de 2.000 foram comunidade internacional, o que exclui reconhecidos como refugiados em grupos considerados terroristas pelo território nacional. Conselho de Segurança (entre eles, o autodenominado "Estado Islâmico"), em um processo liderado pelos próprios sírios, em linha com os termos do Comunicado de Genebra de 2012. Nesse sentido, empresta seu apoio aos esforços do Grupo Internacional de Apoio à Síria. CONCESSÃO DE AGRÉMENT O Governo brasileiro considera a AO EMBAIXADOR DO BRASIL adoção da Resolução 2254 e o NA REPÚBLICA DA ESTÔNIA estabelecimento de um cronograma 24/12/2015 para o avanço do diálogo político O Governo brasileiro tem a satisfação passos importantes na direção correta. de informar que o Governo da O Brasil une a sua voz ao chamado República da Estônia concedeu pela negociação de um cessar-fogo agrément a Roberto Colin como amplo na Síria, que possa ser Embaixador Extraordinário e implementado rapidamente. Ao fazer Plenipotenciário do Brasil naquele votos de que a Resolução 2254 país. contribua para impulsionar um processo político e diplomático De acordo com a Constituição, essa inclusivo, o Governo brasileiro reitera designação ainda deverá ser submetida sua disposição de contribuir para os à apreciação do Senado Federal. 375 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

exercerá o cargo de Embaixador APRESENTAÇÃO DO NOCO cumulativo, não residente. De acordo com a Constituição, essa PAQUISTÃO E APOIO designação ainda deverá ser submetida BRASILEIRO AO DIÁLOGO à apreciação do Senado Federal. PAQUISTÃO-ÍNDIA 29/12/2015

O Secretário-Geral das Relações ESTABELECIMENTO DA Exteriores, Embaixador Sérgio COMUNIDADE ECONÔMICA Danese, recebeu, em 28 de dezembro, o Embaixador designado pelo DA ASSOCIAÇÃO DAS Paquistão para o Brasil, Senhor NAÇÕES DO SUDOESTE Burhanul Islam, para a apresentação ASIÁTICO 31/12/2015 das cópias figuradas de suas cartas O Governo brasileiro felicita a credenciais. Na ocasião, o Embaixador ASEAN e seus integrantes pelo Danese transmitiu a satisfação do estabelecimento, na data de hoje, da Governo brasileiro pelo encontro entre Comunidade Econômica da os Primeiros-Ministros da Índia, Associação das Nações do Sudeste Narendra Modi, e do Paquistão, Nawaz Asiático, que abre nova fase do Sharif, realizado em 25 de dezembro, processo de integração naquela região. na cidade de Lahore, no Paquistão, e O Brasil considera a criação da reiterou o apoio do Brasil à construção Comunidade uma oportunidade do diálogo e do entendimento entre os renovada para o aprofundamento das dois países. relações econômicas e políticas com a associação, tendo como horizonte o CONCESSÃO DE AGRÉMENT estabelecimento de uma “Parceria de AO EMBAIXADOR DO BRASIL Diálogo”– estágio de cooperação mais elevado entre a ASEAN e países não- NA UCRÂNIA 30/12/2015 membros.

O Governo brasileiro tem a satisfação Localizada num dos polos mais de informar que o Governo da Ucrânia dinâmicos de desenvolvimento concedeu agrément a Oswaldo Biato econômico, a ASEAN apresenta Júnior como Embaixador elevados índices de crescimento Extraordinário e Plenipotenciário do econômico e expressiva participação Brasil naquele país. tanto no comércio internacional quanto O Embaixador Oswaldo Biato Júnior nos intercâmbios comerciais com o também recebeu agrément da Brasil, que totalizaram US$ 16,5 República da Moldova, junto à qual bilhões entre janeiro e novembro deste

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 376 ano, com superávit de US$ 2,7 bilhões de habitantes e um PIB de para o Brasil. aproximadamente US$ 2,5 trilhões.

Criada em 1967, com sede em Jacarta (Indonésia), a ASEAN afirmou-se como o principal mecanismo de integração da Ásia, mantendo relações econômicas e políticas privilegiadas com os principais atores globais. Integrada por dez países – Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas,

Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar, Tailândia e Vietnã –, a nova comunidade soma mais de 620 milhões

ARTIGOS

O MELHOR CAMINHO PARA A PAZ (FOLHA DE S. PULO, 27/09/2015)

377 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

27 de setembro de 2015 - Foi esse o espírito que motivou nossa parceria com a Turquia na negociação da Declaração de Teerã, em 2010, por meio da qual o Irã aceitava limitações Ao intensificar o diálogo com o Irã e a seu programa nuclear. A busca do outros parceiros do Oriente Médio, o entendimento foi um exercício Brasil contribui para um mundo mais complexo e difícil, mas os custos de próspero, justo e seguro um impasse eram –e mostraram-se– muito maiores.

Como o círculo vicioso de sanções, Uma grande avenida de cooperação ameaças e ações militares no Iraque e está sendo reaberta entre Brasil e Irã. na Líbia demonstrou de maneira Essa é a principal conclusão que trago contundente, a alternativa da de Teerã, aonde fui a missão oficial há confrontação pode ter consequências dez dias. trágicas para a ordem internacional. A crise migratória, impulsionada pelas O Irã vive uma fase de rápida guerras civis, pelo sectarismo, pela reinserção internacional. O marco fragilidade institucional e pela pobreza dessa nova etapa é o acordo nuclear é apenas a face mais evidente da que o país firmou em julho com o instabilidade que afeta diferentes grupo composto pelos cinco membros partes do mundo. permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas mais a A conclusão do acordo contribuirá Alemanha. O acordo motivou intensa para a construção de confiança entre as atividade diplomática e uma sucessão partes envolvidas e para a promoção da de visitas de alto nível ao Irã. Pontes estabilidade no Oriente Médio. Foi diplomáticas estão sendo construídas nesse cenário favorável, que abre ou reconstruídas. oportunidades para o Brasil, que realizei viagem a Teerã. O Brasil celebra o acordo. O entendimento alcançado é uma vitória O Irã é o nosso maior parceiro do diálogo sobre a confrontação. Essa comercial na região. São amplas as é uma causa tradicional e uma vocação oportunidades que empresas brasileiras permanente da política externa poderão explorar em áreas como brasileira. Há mais de meio século, ao agronegócio, energia, mineração e defender o reatamento das relações infraestrutura. Com o levantamento das sanções do Conselho de Segurança, essas perspectivas de comércio e investimento tornam-se ainda mais promissoras. entre o Brasil e a União Soviética, o chanceler San Tiago Dantas ensinava: "A paz não se manterá, se o preço que Em 2011, por exemplo, a corrente de tivermos de pagar por ela for o comércio chegou a US$ 2,3 bilhões, isolamento". antes de ser impactada pelo regime de

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 378 sanções e cair para US$ 1,4 bilhão no Ao intensificar o diálogo e o ano passado. engajamento com parceiros no Oriente Médio, o Brasil exerce a Desejamos também reforçar o diálogo responsabilidade que lhe cabe na franco que sempre caracterizou nossa construção de soluções para a região e interlocução política com o Irã. Fui na construção de um mundo mais portador de firme mensagem de apoio próspero, justo e seguro. e encorajamento do governo brasileiro à solução pacífica das controvérsias da região. Mauro Vieira, 64, é Ministro das O Brasil respondeu positivamente à Relações Exteriores. Foi embaixador proposta iraniana de criação de um nos Estados Unidos (2010-2014) e na mecanismo estruturado de diálogo Argentina (2004-2010) sobre direitos humanos. Permanecemos sempre fiéis à perspectiva brasileira de respeito pleno à universalidade, integralidade e indivisibilidade dos direitos humanos.

Minha visita a Teerã foi o ponto de partida para uma série de visitas bilaterais de alto nível, que vão estreitar a cooperação em diversos setores. A diversificação de parcerias e o fortalecimento de nossa presença no Oriente Médio são parte relevante da estratégia de política externa do governo Dilma Rousseff. A propósito, a presidenta encontrou-se com o presidente iraniano Hassan Rouhani, anteontem em Nova York, ocasião em que acertaram a realização de visitas bilaterais.

Nossos laços de solidariedade ganharam especial visibilidade há poucos dias, quando uma corveta da Marinha do Brasil a caminho do BRAZIL: CUTTING EMISSIONS Líbano para integrar a missão das BY FIGHTING Nações Unidas naquele país desviou-se DEFORESTATION (THE JAPAN de seu caminho e resgatou 220 TIMES – OCT 5TH, 2015) refugiados à deriva no mar Mediterrâneo, ação que honra nossa [INGLÊS] Marinha e nosso país. 05 de outubro de 2015 - 379 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Mauro Vieira, Minister of Foreign as Brazil, which has managed to Affairs of Brazil address what was until recently its primary source of emissions: deforestation.

BRASILIA – As we approach the On a global scale, deforestation conference on climate change to be accounts for less than 10 percent of held in Paris in December (COP-21), emissions. With an emissions profile perhaps the most intriguing question so different from the rest of the world, we might ask is this: Which country Brazil had to find its own way to fight has made the largest reductions in its it. Thus, in Copenhagen (2009), when greenhouse gases emissions? Several Brazil pledged to reduce deforestation scientific papers point to a clear by 80 percent between 2005 and 2020, answer: Brazil. almost nobody believed it was possible, despite the fact that progress With an impressive 41 percent was already under way. After all, how reduction in emissions since 2005, the could a developing country, facing so country has kept more than 3 billion many other challenges, achieve such tons of carbon dioxide out of the an unprecedented feat? atmosphere. Should the entire U.S. transport sector — including cars, The critics and naysayers were rapidly trucks, trains, ships, airplanes and proved wrong. As early as 2009, the other vehicles — switch to renewables, Nature Conservancy, one of the it would take almost two years to world’s leading environmental achieve a similar reduction. nonprofit organizations, called Brazil a “responsible agricultural superpower,” More than 20 years after the highlighting the effectiveness of its establishment of the United Nations certification system for agriculture Framework Convention on Climate crops in reducing deforestation. The Change (UNFCCC), scientific involvement of local communities was evidence of climate change has a key element in this effort, which has increased substantially, the issue has been supported by one of the world’s become a political priority in most most engaged civil societies. Indeed, countries, several economic solutions three out of four Brazilians are “very have been proposed and public concerned” with climate change, the awareness has never been higher. And second-highest proportion among 40 yet, reducing emissions remains a countries recently surveyed by the Pew daunting challenge. Research Center.

In most of the world, energy and Other bold policies — such as the transportation are the main sources of increase in protected areas and emissions. In spite of marginal gains regulations on which crops can be — for instance, by means of improved cultivated where — have helped curb energy efficiency — no country has deforestation. The success of these put forth such a “game changer” in efforts quickly made its way to the terms of the main sources of emissions headlines. In 2013, the Financial

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 380

Times suggested that after decades of consistent with REDD+, which was deforestation, Brazil’s policies might established by the Climate Change be turning the Amazon into a “paradise Convention to reduce emissions from regained.” Also in 2013, the deforestation and forest degradation as Economist described how Brazil was well as to enhance forest carbon stocks “using education, technology and in developing countries. politics to save its rain forest,” and the following year, it concluded that the Norway has been the first country to country had become “the world leader join the Amazon Fund, pledging $1 in reducing environmental billion, and is very positive about it: In degradation.” a report assessing the country’s initiatives on international climate, the In due course, the scientific Norwegian Agency for Development community decided to scrutinize Cooperation stated that “Brazil’s Brazil’s policies in order to assess their deforestation rate and corresponding results. The conclusions have been greenhouse gas emissions have unequivocal: In 2014, Science strongly decreased” and that the published an article in which 17 performance-based activities scientists analyzed how Brazil was established under the Amazon Fund successfully “slowing Amazon “are paving the way for future deforestation through public policy and emissions reductions.” Germany has interventions in beef and soy supply also contributed to the fund and in her chains.” In 2015 it was Nature that put latest visit to Brazil, Chancellor forth an in-depth study leading to the Angela Merkel announced that conclusion, published in an editorial, “Germany will further contribute to the that “the world must follow Brazil’s Amazon Fund, enhancing the results lead and do more to protect and restore based payments under the REDD+.” forests.” Also this year, a study by Meanwhile, the Overseas Development researchers from Brazil and Germany, Institute (ODI), the United Kingdom’s supported by the European leading independent think tank on Commission, found that “Brazil is international development, has carried considered to possess the most out its own independent review of the advanced deforestation monitoring and fund, with quite positive assessments. enforcement infrastructure.” As the world’s second-largest The recognition of Brazil’s success in developed and developing economies, tackling its main source of emissions respectively, Japan and Brazil are by the international scientific expected to actively engage in community is very good news — but promoting sustainable development. challenges persist. To remain vigilant, Japan has been very clear about the Brazil has established the Amazon immense challenges in reducing its Fund, a pioneering, results-based own emissions, but it is clearly initiative that seeks funding for committed to supporting the global projects that have already fight against climate change, as demonstrated their effectiveness in illustrated by its contribution to the reducing emissions. The fund is fully Green Climate Fund (which is a 381 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

powerful tool for promoting REDD+). Brazil, on its side, is conscious of the challenges it will continue to face in protecting its forests and the livelihoods of those living there and it expects that the examples of Norway and Germany will be followed by other developed countries. Our two countries share a long history of friendship, including cooperation in third countries. The preservation of forests can be a promising new frontier for bilateral and trilateral cooperation.

ENTREVISTAS

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 382

O BRICS SE EMPENHA NA nossa atuação global. O Brasil defende PROMOÇÃO DA REFORMA DO uma ordem internacional menos assimétrica, em que os países em FMI E DO BANCO MUNDIAL desenvolvimento tenham maior participação nos processos decisórios. (SPUTNIK NEWS 08/07/2015) Essa meta é compartilhada pelos parceiros do BRICS, com os quais temos trabalhado para promover uma reforma efetiva das estruturas de 08 de julho de 2015 - governança global. Sustentamos também ser imperativa uma O ministro das Relações Exteriores, revalorização da diplomacia como Mauro Vieira, está em Ufá, na Rússia, meio de solução de conflitos. O acompanhando a Presidenta Dilma recurso frequente à força e a sanções Rousseff na 7.ª Reunião de Cúpula do tem contribuído muitas vezes para BRICS. Em entrevista exclusiva à agravar conflitos e fragilizar o Sputnik Brasil, ele falou sobre as multilateralismo. relações Brasil-Rússia e o que espera do encontro de Ufá. Desejamos que o tema do A seguir, a entrevista com o Ministro desenvolvimento – em seus pilares Mauro Vieira. econômico, social e ambiental – ocupe posição central na agenda Sputnik: Em junho, a Presidenta internacional. A erradicação da Dilma Rousseff foi aos Estados pobreza em escala global ainda é o Unidos; agora, está na Rússia, para a grande desafio que temos de enfrentar, Cúpula do BRICS. Quais são as e para isso devemos buscar um prioridades da política exterior comércio mais justo e equilibrado e um brasileira? financiamento adequado para as necessidades dos países em desenvolvimento. Não é aceitável que Mauro Vieira: A política externa é milhões de pessoas ainda sofram com a um instrumento para a promoção do exclusão e a falta de oportunidades. desenvolvimento do Brasil. No plano Não é por acaso que o Brasil prioriza a regional, buscamos promover a paz e a educação e a ciência, tecnologia e cooperação. Temos avançado muito inovação: queremos preparar as novas nesse campo e contamos hoje com gerações para o futuro, e a importantes foros de diálogo. Hoje os diversificação de nossas parcerias com países de nossa região convergem na países desenvolvidos e em defesa da democracia, no combate às desenvolvimento é um importante desigualdades e na busca de maior instrumento para atingirmos essa meta. integração física e de infraestrutura. Construímos também um importante espaço de integração econômico- S: Desde o Governo do Presidente comercial. Lula o Brasil postula seu ingresso como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Este O fato de promovermos a paz em nossa região reforça as credenciais de 383 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

pleito permanece no Governo Dilma S: Ainda sobre o Conselho de Rousseff? Segurança: Há mais de 20 anos está na pauta da Assembleia-Geral das Nações MV: A defesa de uma reforma efetiva Unidas o tema da reforma do CSNU, do CSNU é um traço constante da incluindo o número de seus membros. política externa do Brasil e não está O que o Senhor Ministro pensa da associado a um governo específico. O necessidade de reforma da ONU e Brasil almeja uma reforma que particularmente do aumento do número contemple a criação de novos assentos de membros do Conselho? Seu colega permanentes e não permanentes e um russo Serguei Lavrov pensa que este aprimoramento nos métodos de número deve ser em torno de 20 trabalho do órgão, entre outros membros. aspectos de seu funcionamento. MV: Como já assinalei, é cada vez No momento em que celebramos o mais clara a necessidade de se aniversário de 70 anos das Nações proceder a uma reforma do CSNU, Unidas, a reforma do Conselho se inclusive no tocante à ampliação de apresenta como uma necessidade sua composição. Creio que não se deve ineludível para adequar a composição avaliar a eficiência de um CSNU do órgão à realidade contemporânea e reformado com base exclusivamente para preservar a credibilidade e a no número de membros que venham a capacidade de funcionamento da integrá-lo; afinal, o órgão sofre hoje de Organização no campo da paz e da inegável paralisia e imobilismo e se segurança internacional. demonstra incapaz de dar encaminhamento aos principais Cabe lembrar que, quando de sua problemas da agenda internacional de criação, a ONU contava com 51 paz e segurança, apesar de sua Estados-membros. Hoje 193 países a composição restrita. Esta combinação integram. A despeito disso, o CSNU de falta de representatividade, ainda reflete o cenário geopolítico e transparência e eficácia corrói a econômico de 1945, e regiões inteiras, própria legitimidade do CSNU, com como a América Latina e a África, não danos sensíveis ao multilateralismo. contam com nenhum assento permanente. Penso que o CSNU teria muito a ganhar, em especial, com a entrada de O Brasil é um candidato natural a novos membros permanentes com real ocupar um dos novos assentos capacidade de contribuir positivamente permanentes num Conselho reformado. para a busca de consensos no âmbito Somos, ao lado do Japão, o país que do Conselho de Segurança. O Brasil, foi eleito mais vezes (10) para um que mantém diálogo denso e maduro assento não permanente. Continuamos, com todos os P-5 e com outros países com os nossos parceiros do G-4 importantes para a agenda de paz e (Alemanha, Índia e Japão), plenamente segurança internacional, estaria engajados nas negociações plenamente capacitado a contribuir intergovernamentais em curso no para esses esforços. Temos experiência âmbito da Assembleia-Geral. comprovada em temas relativos à paz e

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 384

à segurança internacionais, haja vista Unidas. Esse é um corolário de nossa nossa atuação como membro não tradicional defesa do multilateralismo permanente em 10 mandatos e nosso e de respeito ao Direito Internacional. importante papel em operações de Consideramos que as sanções manutenção da paz. unilaterais são instrumentos de legitimidade e eficácia discutíveis, por S: Há mais de um ano a Rússia é isso, não as reconhecemos, nem as obrigada a enfrentar uma guerra de apoiamos. Esse princípio aplica-se às informações imprecisas sobre seu país. sanções e contrassanções impostas Lamentavelmente, a grande mídia unilateralmente por qualquer dos brasileira tem participação nesse lados. As sanções não contribuem para processo. O importante Fórum a construção de confiança entre as Interparlamentar do BRICS, por partes para uma solução política e exemplo, foi inteiramente ignorado pacífica e impedem a retomada do pela mídia do Brasil. O que o crescimento econômico na região. Ministério das Relações Exteriores do Devemos sempre que possível Governo brasileiro poderia fazer para privilegiar o diálogo político e a levar ao público opiniões alternativas e diplomacia como principais esclarecedoras? instrumentos para a superação de diferenças, pois é a maneira mais MV: A margem de atuação do MRE eficaz e menos custosa de solução dos para pautar e direcionar o conteúdo dos conflitos. veículos de imprensa brasileiros é limitada por ser a imprensa brasileira S: O comércio bilateral Brasil-Rússia majoritariamente privada e, portanto, está em torno de US$ 7,5 a 8 bilhões. autônoma na determinação de seus Que medidas o Brasil pretende tomar conteúdos. No entanto, o Governo para que se atinja a meta dos US$ 10 brasileiro tem sido bastante ativo e bilhões ao ano? claro em suas manifestações públicas em defesa do diálogo e da diplomacia MV: O Brasil atua em diversas frentes e contra o recurso frequente a sanções, para ampliar o comércio bilateral com especialmente aquelas que fogem do a Rússia e atingir a meta de US$ 10 quadro multilateral. Essas bilhões ao ano, estabelecida pelos manifestações oficiais e as Governos dos dois países. Na área de manifestações do BRICS têm Promoção Comercial, o Itamaraty atua, repercussões públicas e costumam ser tradicionalmente, na organização de divulgadas pela imprensa pública e missões empresariais, na participação privada no Brasil. em feiras, na prospecção de mercados, na realização de estudos e no apoio a S: Já há mais de um ano a Rússia é empresários brasileiros e russos que objeto de sanções. Qual a posição do tencionam contribuir para o Brasil a esse respeito? incremento do intercâmbio entre Brasil e Rússia. MV: O Brasil não reconhece, por princípio, sanções adotadas fora do Neste ano, apoiamos a participação marco da Organização das Nações brasileira nas principais feiras 385 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

realizadas na Rússia, como a Prodexpo Acreditamos que empresas russas e a World Food. Participamos, possam participar ativamente do novo também, da mostra MITT, importante Programa de Investimentos em feira do setor de turismo. Estamos Logística, principalmente nos setores elaborando um estudo sobre as de portos e ferrovias, em que a Rússia condições de acesso a mercados de é bastante competitiva. Nosso diálogo produtos brasileiros à Rússia, de modo em defesa já resultou na aquisição a identificar eventuais óbices para o brasileira de helicópteros MI-35, bem melhor fluxo comercial entre os dois como nas negociações em curso para a países. Devem ser organizadas também compra de unidades do sistema de missões empresariais no âmbito de defesa antiaérea russo Pantsir S1, com visitas de autoridades brasileiras à transferência de tecnologia ao lado Rússia ainda este ano. brasileiro.

Esperamos, ademais, que evoluam as A cooperação na área energética é discussões ora em curso entre o muito promissora. Tanto a Gazprom MERCOSUL e a União Eurasiática, o quanto a Rosneft, que atua na que poderia nos levar a um futuro exploração de hidrocarbonetos na acordo que amplie os fluxos Bacia do Rio Solimões, já operam no comerciais entre os dois blocos. Brasil. Destaco a recente abertura de escritório da Rosatom no Brasil, o que S: Em que áreas os projetos entre abre perspectivas interessantes de Brasil e Rússia mais têm chance de maior cooperação bilateral em usos prosperar? pacíficos de energia nuclear. Na área educacional, assinou-se, em 2013, MV: Brasil e Rússia mantêm, desde acordo para a participação da Rússia 2002, parceria estratégica de densidade no Programa Ciência sem Fronteiras. crescente, como atestam as frequentes Destaco, na cooperação cultural, a visitas recíprocas de alto nível. No bem-sucedida experiência de campo político, a Comissão de Alto instalação, em Joinville, da única filial Nível Brasil-Rússia (CAN) e a da Escola do Balé Bolshoi fora da Comissão Intergovernamental de Rússia, que completou 15 anos em Cooperação (CIC), que se realizarão março último. em Moscou no próximo mês de setembro, estruturam o relacionamento Há uma interessante coincidência de bilateral. Debatemos, nessas instâncias, megaeventos esportivos no Brasil e na a elaboração e a implementação de Rússia, o que nos tem propiciado projetos bilaterais em diferentes áreas, avançar no diálogo relativo à como comércio, investimentos, defesa, organização e ao legado das Copas do energia, cooperação espacial, Mundo FIFA 2014 e 2018, assim como educacional, cultural e esportiva. dos Jogos Olímpicos de Sochi e do Rio de Janeiro. Existem, portanto, O comércio bilateral cresceu 88,1% múltiplas oportunidades de progresso entre 2005 e 2014. Nosso desafio é em variados setores. continuar trabalhando para diversificar e ampliar nossa pauta comercial.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 386

S: O Novo Banco de Desenvolvimento O BRICS segue empenhado na e o Acordo Contingente de Reservas promoção da reforma de instituições do BRICS já foram aprovados pelo de governança internacional, como o Congresso Nacional. O que se pode FMI e o Banco Mundial, de forma a esperar do bloco BRICS a partir da torná-las mais representativas e Reunião de Cúpula de julho, em Ufá, eficazes. A vertente de cooperação na Rússia? intra-BRICS também segue se aprofundando, como é exemplificado MV: Uma vez concluído o processo de pelo documento "Estratégia para uma ratificação do acordo de criação do Parceria Econômica do BRICS", a ser Novo Banco de Desenvolvimento adotado na Cúpula de Ufá. Trata-se de (NBD), caberá agora finalizar os um roteiro ou "mapa do caminho" que trabalhos para sua operacionalização. compila atividades prioritárias em Estamos empenhados para que as áreas diversas afeitas às relações operações de empréstimo do NBD econômicas intra-BRICS, com vistas a comecem a ser realizadas no início de contribuir para elevar nossa 2016. O NBD, como se recorda, cooperação a um novo patamar. financiará projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável, nos BRICS e em outras economias emergentes e países em desenvolvimento, e será aberto, oportunamente, para adesão a todos os membros das Nações Unidas. Nessa fase inicial, espera-se que o NBD busque, em princípio, delinear sua forma de atuação, desenvolver expertise técnica e consolidar sua classificação de risco de crédito, bem como capitalizar-se adequadamente para assumir projetos de maior vulto.

O Arranjo Contingente de Reservas já foi ratificado por todos os países e entra em vigor em 30 de julho, quando já estará plenamente operacional.

Além da implementação desses dois mecanismos, o BRICS dará continuidade à sua coordenação em foros multilaterais, tais como no G20, e a seu diálogo sobre as principais questões da agenda econômica e política internacional.

A 387 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

África 4, 29, 30, 31, 32, 56, 60, 75, Biodiversidade 165, 207, 213. 77, 83, 87, 95, 98 99, 102, 103, 114, 115, 120, 132, 133, 134, 138, 144, 145, Biocombustível 12, 188, 207, 214, 148, 150, 195, 209, 216, 218, 231, 234, 233, 234, 242, 244. 249, 252, 253, 255, 256, 260, 263, 271, Bolívia 7, 49, 50, 96, 105, 152, 158, 282, 287, 308, 365, 384. 160, 169, 182, 183, 184, 185, 312. África do Sul 98, 99, 102, 103, 114, BRICS 6, 12, 16, 21, 41, 43, 57, 85, 115, 120, 144, 195, 255, 271 287. 98, 99, 101, 103, 104, 105, 112, 113, Alemanha 9, 11, 12, 75, 130, 132, 114, 115, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 149, 151, 195, 202, 203, 204, 205, 206, 124, 126, 127, 128, 134, 135, 136, 137, 207, 208, 209, 210, 211, 212, 213, 214, 138, 139, 140, 142, 143, 144, 145, 146, 215, 226, 227, 228, 229, 253, 271, 285, 147, 148, 195, 230, 231, 265, 266, 267, 287, 378, 384. 271, 383, 385, 387.

América do Sul 4, 7, 15, 23, 27, 31, Buenos Aires 160, 184, 185, 259, 360. 48, 50, 75, 76, 80, 86, 87, 148, 152,

154, 156, 159, 225, 227, 253, 258, 259, 261, 298, 314, 316, 359, 370. C

Angola 5, 15, 30, 81, 82, 83, 87, 216, Caracas 220 e 303. 259, 260, 372. CELAC 186, 190 e 362. Argentina 7, 10, 18, 19, 20, 36, 86, 154, 158, 160, 163, 180, 181, 182, 184, Chile 11, 17, 95, 158, 160, 169, 184, 185, 187, 190, 216, 220, 310, 359, 360, 185, 224, 327, 329, 330, 342. 368, 370, 379. China 20, 51, 87, 98, 99, 102, 103, Ásia 75, 145, 148, 193, 215, 216, 377. 114, 115, 120, 125, 130, 144, 151, 161, 180, 190, 195, 216, 255, 268, 271, 312, ASPA 4, 15, 17, 31, 76, 78, 79, 80, 373, 374. 253, 258, 298, 299, 303, 313, 315, 316, 317, 318. Colômbia 10, 11, 12, 13, 40, 65, 85, 95, 105, 106, 184, 220, 221, 224, 227, Assunção 5, 11, 93, 94, 96, 166, 181, 234, 237, 314, 327. 225, 226, 312, 370, 371. Cooperação econômica 11, 118, 119, ÍNDICE REMISSIVO 185, 206, 226, 230, 242, 243, 316.

CPLP 193, 202, 250, 374.

B Cuba 5, 17, 42, 51, 52, 87, 96, 108, 162, 184, 227, 253, 326.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 388

Espanha 19 e 368.

D Estados Unidos 14, 40, 42, 85, 87, 108, 120, 130, 151, 159, 162, 163, 186, Democracia 27, 47, 50, 75, 86, 87, 89, 187, 248, 253, 261, 267, 280, 312, 379, 93, 110, 126, 129, 150, 154, 157, 161, 383. 166, 182, 219, 238, 308, 356, 366, 383.

Desarmamento 69, 125, 131, 133, 134, 208, 219, 221, 241, 300, 306. F

Desenvolvimento sustentável 12, 22, FAO 135, 162, 207, 219. 31, 41, 43, 52, 67, 69, 72, 79, 81, 86, 98, 100, 101, 109, 112, 119, 123, 124, França 17, 130, 132, 151, 215, 249, 125, 126, 135, 141, 142, 157, 162, 163, 264, 265, 297. 165, 166, 167, 168, 174, 188, 190, 200, Fronteiras 27, 48, 77, 130, 131, 205, 204, 207, 209, 211, 212, 219, 227, 228, 238, 262, 292, 301, 302, 354, 386. 234, 239, 241, 242, 244, 246, 253, 267, 280, 281, 283, 288, 290, 293, 294, 297, 299, 313, 315, 316, 328, 339, 367, 396, 387. G

Direitos humanos 5, 18, 41, 42, 49, Genebra 110, 128, 145, 147, 186, 231, 58, 69, 72, 75, 81, 86, 88, 89, 108, 109, 235, 301, 302, 306, 375. 110, 115, 117, 122, 126, 127, 128, 129, Guiana 105 e 247. 153, 154, 161, 163, 164, 166, 181, 182, 205, 222, 228, 237, 238, 241, 246, 299, Guiné-Bissau 9, 13, 201, 202, 234, 304, 305, 310, 311, 313, 319, 339, 353, 239. 359, 360, 361, 362, 363, 364, 365, 371, 379.

E

Energia 45, 46, 51, 71, 72, 80, 113, 114, 130, 135, 142, 143, 147, 188, 195,

206, 207, 208, 210, 212, 214, 217, 218, 222, 223, 226, 234, 237, 239, 240, 242, H 244, 251, 254, 255, 256, 257, 258, 262, 263, 281, 282, 283, 300, 307, 314, 315, Haiti 8, 9, 14, 45, 69, 77, 110, 111, 316, 327, 378, 386. 112, 152, 153, 162, 192, 199, 200, 201, 218, 246, 247, 248. Equador 7, 152, 184, 224, 291.

389 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

I

IBAS 41, 195, 271. M

Índia 8, 12, 16, 20, 75, 87, 95, 98, 99, Malvinas 7, 158, 180, 181, 310, 311. 102, 103, 114, 115, 120, 127, 139, 144, 149, 195, 227, 228, 230, 231, 246, 255, MERCOSUL 3, 5, 7, 20, 22, 23, 24, 271, 376, 284. 25, 26, 27, 28, 43, 48, 49, 50, 51, 57, 72, 86, 93, 94, 95, 96, 97, 105, 151, Israel 8, 13, 60, 62, 77, 87, 129, 130, 153, 154, 155, 156, 157, 158, 160, 161, 196, 197, 198, 199, 204, 238, 300, 301, 164, 165, 166, 167, 169, 176, 177, 178, 302, 303, 307, 311, 354. 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185, 186, 187, 188, 189, 190, 191, 192, 204, 215, Irã 11, 23, 42, 54, 79, 83, 99, 100, 226, 239, 240, 256, 298, 316, 326, 357, 102, 105, 114, 130, 131, 151, 152, 162, 360, 366, 370, 371, 386. 204, 212, 218, 221, 222, 224, 237, 249, 253, 254, 259, 263, 280, 308, 315, 319, México 15, 20, 40, 54, 57, 65, 85, 98, 341, 347, 369, 378, 379. 99, 180, 261, 327, 373.

Moçambique 15, 30, 87, 216, 260, 261, 327. J Montevidéu 184 e 187. Japão 4, 8, 12, 14, 40, 41, 69, 74, 75, 87, 149, 186, 193, 186, 193, 194, 195, 198, 199, 227, 228, 230, 246, 253, 254, 271, 384. N

Jogos olímpicos 44, 72, 75, 159, 209, Navegação 124, 125, 268, 269. 387. Nuclear 6, 8, 42, 61, 130, 151, 195, 199, 204, 208, 253, 300, 311, 378, 386.

L

Líbano 4, 11, 58, 69, 87, 95, 185, 221, O 222, 235, 246, 260, 307, 316, 379. OMC 5, 13, 19, 31, 33, 57, 79, 88, 91, Lima 8, 46, 63, 64, 194, 195, 196, 283, 92, 109, 120, 121, 206, 240, 241, 267, 288, 298, 300, 314, 315. 276, 277, 286, 347, 350, 368, 369, 371, 372.

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 390

Oriente Médio 4, 56, 58, 60, 77, 87, Terrorismo 68, 77, 88, 109, 122, 123, 88, 130, 132, 145, 221, 231, 249, 253, 126, 128, 129, 131, 133, 134, 147, 150, 256, 300, 308, 311, 378, 379. 192, 197, 198, 200, 204, 220, 231, 238, 251, 263, 264, 266, 271, 286, 287, 288, 298, 303, 304, 305, 340, 353, 356.

P Timor-Leste 8 e 193.

Palestina 8, 13, 77, 87, 130, 196, 198, 199, 238, 252, 258, 300, 302, 303, 354.

Paraguai 5, 7, 11, 28, 93, 95, 96, 97, 151, 154, 160, 182, 184, 190, 225.

Peru 7, 8, 36, 76, 95, 152, 184, 191, U 194, 195, 196, 298, 314. Unasul 23, 26, 43, 48, 50, 78, 86, 158, Propriedade intelectual 121, 261, 160, 161, 182, 186, 314, 318, 355, 357, 285, 314, 328, 329, 334, 335, 372, 373. 366.

UNESCO 140, 164, 209, 303, 365.

R União Europeia 19, 65, 72, 86, 94, 204, 209, 211, 240, 310, 360, 366, 367. Rio+20 41, 69, 200, 228, 290. Uruguai 6, 19, 25, 95, 96, 113, 155, 157, 165, 182, 184, 188, 189, 191, 224, 367, 371. S

Santiago 17, 224, 327, 347.

Segurança alimentar 24, 30, 135, V 150, 161, 202, 218, 237, 263, 281, 315. Venezuela 10, 11, 18, 19, 49, 50, 86, 95, 96, 159, 182, 187, 220, 221, 224, Síria 5, 12, 20, 58, 77, 87, 108, 109, 303, 312, 318, 355, 356, 357, 366. 128, 129, 204, 231, 235, 252, 258, 306, 307, 316, 352, 353, 375.

Suriname 105 e 247.

Capa e ProjetoGráfico

T Karina Barreira

Vivian Fernandes 391 Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015

Diagramação

Clovis Gomes de Aguiar Junior

Mayara Cristina Félix

Formato Endereço para correspondência

20 x 26 cm

Coordenação-Geral de Documentação Diplomática (CDO) Mancha Ministério das Relações Exteriores, 15,5 x 21,5 cm Anexo II, 1°subsolo, Sala 10

CEP 70170-900, Brasília, DF Tipologia Telefones: (61) 2030-9279 / 9037 Times New Roman Fax: (61) 2030-6591 Impresso pela Gráfica do Ministério das Relações Exteriores Papel

Supremo 250 g/m2,

Plastificação fosca (capa)

e 75g/m2 (miolo)

Número de páginas

392

Resenha de Política Exterior do Brasil, nº 117, 2º semestre de 2015 392