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países da Europa Ocidental ainda sem um empreendimento do Inaugurado em 1972, o Autódromo do Estoril nasceu género. Corria o ano de 1968 e, como as burocracias não são de da Silva agora e estavam a demorar as decisões, Fernanda Pires do sonho e da visão de Fernanda Pires da Silva ejoi decidiu, ela própria, avançar com as obras sem as necessárias umprojeto ambicioso e revolucionário que acabou autorizações. As obras revelaram-se difíceis e complicadas; o terreno original revelou-se insuficiente e foi preciso anexar, por ficar pela metade. Ainda assim ali se viveram comprando-as aos donos, pequenas parcelas que, em conjunto, de automobilismo momentos inesquecíveis chegaram aos 823 530 metros quadrados. Para tornar as coisas ainda piores, na zona onde a pista iria ser implantada existia uma pedreira de mármore e o terreno era muito duro. Mas a palavra desistir não fazia parte do léxico de Fernanda Pires da Silva. Contratou o brasileiro Ayrton João Cornelsen, ele que tinha já uma ampla experiência de obras no género: foi quem desenhou e construiu os autódromos de Jacarepaguá e Curitiba, no Brasil e de Luanda, este inaugurado pouco antes do Estoril, a 28 de maio de 1972. Além disso, embora sem nunca ter registado as patentes respetivas, é a ele que se devem as caixas de areia das escapatórias e os elevadores panorâmicos nos hotéis - a sua outra dedicação, tendo construído um total doN_Estoril estava num muito mais abrangente. de 33 hotéis, muitos deles em Portugal. integrado projeto então dos mais Na sua génese, incluía empreendimentos de índole turística e Joaquim Filipe Nogueira, um pilotos foi habitacional, com luxos e mordomias que, garantem, apenas admirados em Portugal e jornalista especializado, designado do eram possíveis por fazerem parte do sonho de uma mulher promotor projeto. Fernanda Pires da Silva era o seu nome dessa mulher. Emigrada no Brasil, era empresária de sucesso e foi naquele Pista multtftinçftes visionário a idealizadora do do país que, pela primeira vez, viu um autódromo. A sua rara visão Tão como projeto Cornelsen de imediato as para o futuro interrogou-se por que razão não existia uma Autódromo, Ayrton percebeu semelhante zona estrutura semelhante em Portugal, que a viu nascer em 1926 e enormes vantagens de um complexo numa turística. Para o que, nessa altura - finais da década de 60 - era um dos poucos tão potencialmente ele, projeto original Uma cavalariça de automóveis DOMINGOS Piedade desfila um sonho: criar no Circuito do Estoril uma... 'cavalariça de automóveis': "Não estou a inventar nada: é uma coisa que já existe por esse mundo fora, trata-se de um sítio onde grandes carros, grandes clássicos, como Porsche 917, Porsche 908, possam estar guardados, à disposição dos seus donos quando estes quiserem dar uma volta com eles." E adianta: "Sei que, na região de Lisboa, em Cascais e arredores, existem 400 ou 500 automóveis destes, parados em auto-sitos ou em garagens." Assim, uma 'cavalariça de automóveis' no Circuito do Estoril até faria todo o sentido: "Aqui, os carros estariam guardados, seriam cuidados por mecânicos e aprendizes especializados, que teriam assim uma oportunidade única de fazerem um tirocínio naquilo que seria, também, uma escola prática, com estágios quase perfeitos. De uma assentada, criar-se-iam postos de trabalho, pois os carros necessitam de manutenção permanente." As pista diferente...), da motonáutica e da vela. Um lago artificial, com 800 metros de comprimento por 100 de largura, seria construído. Além disso, Cornelsen projetou ainda um parque de campismo e um heliporto, um hotel e campos de ténis. Um outro hotel, de categoria internacional e quatro estrelas, bem como um centro de diversões anexo e um centro comercial com 88 estabelecimentos de todo o tipo, estavam também previstos. O presente e o futuro do Autódromo inclui diversos outros projetos de menor dimensão, como No ano de 2000, a Autodril cedeu o controlo do Autódromo hotéis e parques residenciais. Porém, o polo principal seria do Estoril ao Estado português, depois de anos em que a sempre o Autódromo - que deveria incluir serviços como uma sua quota era já maioritária - 51 por cento, contra os 49 por escola de condução, local para teste de carros, pneus e outros cento da Autodril. Hoje, sob tutela do Ministério das Finanças componentes da indústria automóvel e uma escola de formação e inserido no universo da Parpública, faz parte "do setor de pilotos de competição. Com tantas vantagens aparentes, o empresarial do Estado, o que significa a impossibilidade projeto foi imediatamente aprovado e a primeira fase das obras de estarmos no mercado aberto, como os outros circuitos", foi um anel de velocidade. A partir daqui, desenhou-se a pista conforme explica Domingos Piedade, administrador daquela propriamente dita, com duas versões - uma maior que a outra infraestrutura: "Os nossos custos fixos são inferiores aos - bem como as fases seguintes: as instalações (boxes, garagens modernos circuitos, o nosso staffnão cresceu, somos uma privativas, torre de controlo, stands de exposição e venda de empresa pequena, com 17 elementos, apenas dois dos quais acessórios); e as bancadas, formadas por dois grandes corpos fazem parte da administração." Reconhecendo que "é verdade principais, um deles coberto, com 20 mil lugares; e outro, que os nossos preços de aluguer são inferiores", Domingos maior, capaz de levar 50 mil espetadores. Piedade explica que, no lado oposto, "todos os outros serviços são pagos, o que não acontece noutros locais." Por exemplo: Inaugurado em 1972 segurança, comissários, serviços médicos e de socorra, As obras, que começaram em 1971. O complexo desportivo, catering... além da pista para corridas de automóveis, deveria ter locais E remata, com uma convicção que apenas uma mente que próprios para a prática do karting, do motociclismo (seria uma sabe bem aquilo que quer e onde se movimenta, pode assumir: "Os autódromos não são para fazer corridas de automóveis! conferência que juntou mais de 3000 delegados e um corporate Se o fossem, já tínhamos fechado!" E explica melhor: "Como meetingde três dias." No horizonte imediato, já em 2013, promotor, não há qualquer hipótese de fazer uma corrida estão "um congresso com mais de 8500 participantes (não quis de automóveis sem apoios. Talvez somente o Moto GP e a Fl entrar em pormenores...) e um Festival de Carros Históricos". - mas, mesmo aqui, era preciso que o Turismo de Portugal Quanto a isto, não tem dúvidas: "Só temos vantagens!" E avançasse com 30 milhões à cabeça! Sem isso, não funciona - enumera-as, contando pelos dedos das duas mãos: "Aqui à tudo é prejuízo. Não podemos viver de organizar corridas. Dou volta, existem mais de 70 mil camas, hotéis de luxo, casino, um exemplo: para fazermos aqui uma corrida, seja do que for, aeroporto a 20 minutos, aeródromo com voos internacionais temos que entregar o autódromo limpo de toda a publicidade, a 8 minutos. Ótimas estradas, que têm sido preservadas pelas com exceção da institucional. Uma licença para organizar uma câmaras de Sintra e de Cascais. É certo que um construtor não corrida nacional custa, junto da FPAK, mais de 5 mil euros e pode fazer uma apresentação apenas num autódromo, mas uma internacional, mais de 10 mil euros. Depois, existem os nós temos a logística e a envolvente necessárias. Até mesmo serviços médicos, ambulâncias, limpeza, segurança... Tudo isso atravessar o Tejo e rumar à Arrábida..." Desvantagens? Menos, custa dinheiro e posso dizer que, para fazer aqui uma prova, muito menos: "Estamos no meio do tráfego e não podemos temos de investir nunca menos de 300 mil euros." fazer barulho." Por isso, Domingos Piedade não hesita, quando assinala Um pavilhão de congressos que "o futuro depende de o autódromo ser ou não privatizado. E a solução é: "Organizar congressos, apresentações, testes. Se fosse, teríamos maiores hipóteses de fazermos o que É disso que um autódromo tem de viver." Este ano, já passaram gostaríamos de fazer. Hoje em dia, o Governo de Portugal pelo Estoril a concentração internacional da Harley Davidson, está mais preocupado com outras coisas sem serem corridas que reuniu mais de 7 mil motos, mas já houve também "uma de automóveis. Istojá era assim antes do FMI vir para cá, Recordar os heróis mortos APESAR dos seus 40 anos de vida, foi parar a um fosso, quase no Cascais E o que envolveu os comissários do felizmente forma escassas as tragédias Shopping, com um Renault? Ou, enfim, o posto situado na longa curva que existe na vividas na pista do Circuito do Estoril. de Riccardo Patrese, quando quase levou reta Interior, durante uma prova da Copa Acidentes espetaculares, com maior consigo a passerelle superior, na reta da Renault espanhola, em 1987, e que foi fatal ou menor gravidade, sempre existiram meta? a José Paulo Cadeireiro Ferreira. - desde a Fl aosTurismos e às corridas Mas acidente mortal, numa corrida de Além destes, há ainda que lamentar nacionais. Quem nãos e lembra do automóveis, existiram somente dois: o a morte de Domingos Monteiro, 16 anos 'capotanço' múltiplo de José Zamith, nos que foi fatal a Clemente Ribeiro da Silva, e de Fernando Jorge, ambos em 1982, finais da década de 80, no final da reta da durante a prova a contar para o Europeu em provas do Campeonato Nacional meta, durante uma prova do Trofeu Visa? de Turismo, em 1977, quando, em plena de Motociclismo. E a de Pedro Mathias, Ou de Sidónio Cabanelas, no mesmo local, reta da meta, já depois da prova terminar, durante umas 24 Horas de Karting, em mas antes, quando ainda não existia ati a foi atropelado quando atravessava a pista, 1995 - mas esta foi relacionada com escapatória? Ou de Derek Warwick, que pelo carro vencedor. problemas cardíacos. Ai agora ainda é pior." E aposta: "Há que existir flexibilidade.