e-ISSN: 2316-932X DOI: 10.5585/podium.v8i1.295 Data de recebimento: 24/04/2018 Data de Aceite: 18/11/2018 Organização: Comitê Científico Interinstitucional Editor Científico: Júlio Araujo Carneiro da Cunha Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS Revisão: Gramatical, normativa e de formatação

FATORES DE COMPETITIVIDADE DAS OPERADORAS DE TRENS TURÍSTICOS NO BRASIL

Nicolas Nering1 José Elmar Feger2

RESUMO

O transporte ferroviário no Brasil, em virtude da prioridade dada ao modal rodoviário, está concentrado na movimentação de cargas e ao translado de pessoas em grandes centros urbanos. Essa condição acarreta na eclosão dos trens turísticos, os quais, mais que transportar pessoas, se constituem em atrativos turísticos. Propõem-se no presente artigo investigar as operadoras dos trens turísticos, sob o prisma da competitividade, tema ainda não tratado sob esta perspectiva na literatura nacional, visto que os estudos se concentram no modal ferroviário como instrumento de mobilidade urbana. Assim, este estudo tem por objetivo compreender quais são os fatores competitivos que se destacam nos trens turísticos do Brasil. Por meio de uma investigação de cunho exploratório e abordagem qualitativa foi possível levantar um conjunto de fatores de competitividade do turismo ferroviário. Os dados foram colhidos de fontes bibliográficas e documentais, complementados por meio de uma entrevista com o presidente da Associação Brasileira de Operadoras de Trens Turísticos e Culturais. Como resultado, verificou-se que, dentre os aspectos apontados pela literatura, os que se destacam no turismo ferroviário brasileiro tem relação, principalmente com aspectos singulares dos trens, produtos inéditos, empreendedorismo das operadoras e da relação com os competidores e inovação. Isso sugere, que para esses empreendimentos especificamente, a competitividade depende de vantagens comparativas locacionais, mais que estratégias voltadas a interagir proativamente com o mercado.

Palavras-chave: Competitividade. Produto turístico. Turismo. Trens turísticos

Como referenciar em APA:

Nering, N., & Feger, J. (2019). Fatores de Competitividade das Operadoras de Trens Turísticos no Brasil. PODIUM Sport, Leisure And Tourism Review, 8(1), 81-97.https://doi.org/10.5585/podium.v8i1.295

1Mestrando em Turismo pela Universidade Federal do Paraná – UFPR, Paraná, (Brasil). E-mail: [email protected] Orcid id: https://orcid.org/0000-0002-4347-6995

2Doutor em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC, , (Brasil). E-mail: [email protected] Orcid id: https://orcid.org/0000-0002-1982-4179

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COMPETITIVENESS FACTORS OF TOURIST TRAIN OPERATOR IN

ABSTRACT

The Rail , due to the priority given to the road modal, is concentrated in the movement of cargoes and the transfer of people in large urban centre. This condition leads to the rise of tourist trains, which, more than transporting people, are themselves tourist attractions. In this article, we propose to investigate the operators of the tourist trains, under the prism of competitiveness, a theme not yet treated from this perspective in the national literature, since the studies focus on the rail modal as an instrument of urban mobility. Thus, this study aims to understand which are the competitive factors that stand out in the tourist trains of Brazil. Through an exploratory research and qualitative approach, it was possible to raise a set of factors of competitiveness of rail tourism. The data were collected from bibliographical and documentary sources, complemented by an interview with the president of the Brazilian Association of Operators of Tourist and Cultural Trains. As a result, it was verified that, among the aspects pointed out in the literature, those that stand out in the Brazilian railroad tourism are mainly related to: singular aspects of the trains, of unpublished products, entrepreneurship of the operators and the relation with the competitors and innovation. This suggests that for such ventures specifically, competitiveness depends on comparative advantages of locations rather than strategies aimed at interacting proactively with the market.

Keywords: Competitiveness. Tourist product. Tourism. Tourist trains

FACTORES DE COMPETITIVIDAD DE LAS OPERADORAS DE TRENES TURÍSTICOS EN BRASIL

RESUMEN

El transporte ferroviario en Brasil, en virtud de la prioridad dada al modal carretera, está concentrado en el movimiento de cargas y el traslado de personas en grandes centros urbanos. Esta condición, acarrea en la eclosión de los trenes turísticos, los cuales, más que transportar personas se constituyen, ellos mismos, en atractivos turísticos. Se propone en el presente artículo investigar las operadoras de los trenes turísticos, bajo el prisma de la competitividad, tema aún no tratado bajo esta perspectiva en la literatura nacional, ya que los estudios se concentran en el modal ferroviario como instrumento de movilidad urbana. Así, este estudio tiene por objetivo comprender cuáles son los factores competitivos que se destacan en los trenes turísticos de Brasil. Por medio de una investigación de cuño exploratorio y abordaje cualitativo fue posible levantar un conjunto de factores de competitividad del turismo ferroviario. Los datos fueron recolectados de fuentes bibliográficas y documentales, complementados por medio de una entrevista con el presidente de la Asociación Brasileña de Operadoras de Trenes Turísticos y Culturales. Como resultado, se verificó que, entre los aspectos apuntados por la literatura, los que se destacan en el turismo ferroviario brasileño tienen relación, principalmente con aspectos singulares de los trenes, productos inéditos, espíritu empresarial de las operadoras y de la relación con los competidores e innovación. Esto sugiere que para estos emprendimientos específicamente, la competitividad depende de ventajas comparativas locacionales, más que estrategias dirigidas a interactuar proactivamente con el mercado.

Palabras-clave: Competitividad. Producto turístico. Turismo. Trenes turísticos

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1. INTRODUÇÃO Brasil. Quando buscados os termos “turismo ferroviário” e “competitividade” no Portal O segmento de turismo ferroviário no Brasil Periódicos da Capes, nenhum resultado conclusivo reveste-se de importância, especialmente em se é apresentado. No caso do transporte e turismo tratando dos trens históricos, que aproveitam o verifica-se dois artigos, um tratando do transporte patrimônio das antigas ferrovias tornando-se um no contexto da regionalização sob a perspectiva da atrativo. Tal fato deve-se a escolha feita, no geografia de autoria de Lopes Júnior (2012) e passado, quanto ao modal de transporte que recaiu outro correlacionando o transporte e em favor do rodoviário em detrimento do desenvolvimento econômico, relacionando-o ao ferroviário, hoje restrito em grande parte ao turismo escrito por Perim; Caetano; Costa; transporte de cargas e a algumas regiões do país. Pimenta e Almeida (2017). Ao se realizar a busca Diante disso, segundo Mamede, Vieira e Santos com os mesmos termos em inglês, railway tourism (2008), Castro e Monastirski (2013), Nering e competitiveness novamente a busca não (2014), além de preservar e divulgar o patrimônio apresenta resultados diretos. Destacam-se artigos histórico, o turismo ferroviário permite resgatar a que se dedicam a demonstrar de que maneira o memória das pessoas que se utilizaram deste meio turismo ferroviário está impactando o turismo na de transporte para se deslocar pelo país em tempos Ucrânia, como os estudos de Martseniuk (2016), passados. Martseniuk e Proskurnia (2015) e Kuznetsov, No Brasil existem atualmente em atividade Pshinko, Klimenko, Gumenyuk e Zahorulko cerca de uma dezena de operadoras de trens (2015). Ressalta-se que nenhum dos referidos turísticos, sendo que destas, a Associação artigos discute o assunto sob a perspectiva da Brasileira de Preservação Ferroviária – ABPF, competitividade. organização sem fins lucrativos, se apresenta Destaca-se que o escopo do artigo não abarca o como a maior em quantidade de trens em transporte regular de passageiros. Considera-se operação. O restante das operadoras está sob o que os tipos de trens objetos desta pesquisa estão controle de empreendedores independentes ou de inseridos no contexto do turismo ferroviário, prefeituras municipais conforme dados porque de acordo com Brambatti e Allis (2010), apresentados pelo Ministério de Turismo – MTUR consiste naquela forma de turismo, em cujo cerne (2014). Diante do crescimento da oferta de da realização da viagem, está a utilização de um produtos, Dwyer e Kim (2003), Domareski-Ruiz, trem, não somente como meio de transporte, mas Akel e Gândara (2015) e Gândara, Miki, também, como atrativo turístico principal. Domareski-Ruiz e Biz (2013) asseveram que se Como orientação para esta investigação, torna relevante a capacidade que os gestores coloca-se a questão: quais são os fatores possuem de gerar atividades econômicas de competitivos das operadoras de trens turísticos no maneira organizada e superior aos concorrentes a Brasil? Para solucionar esse questionamento, fim de atender as necessidades dos turistas, em coloca-se como objetivo geral da pesquisa outros termos, que tenham competitividade. compreender os fatores competitivos das Roman, Piana, Lozano, Mello e Erdmann operadoras de trens turísticos no Brasil tomando- (2012) propõem que dentro da abordagem da se como parâmetro os pressupostos teóricos competitividade, emergem alguns aspectos que indicados por Zook e Allen (2001), Machado-da- tornam as organizações mais ou menos Silva e Barbosa (2002), Fernandes (2014). competitivas em relação às demais, os quais são A fim de atender os interesses da pesquisa, o denominados fatores de competitividade. Eles presente texto encontra-se dividido em cinco determinam o quão a organização se destaca seções, sendo a primeira, esta introdução, na qual perante as demais concorrentes de um determinado se trataram dos objetivos do estudo. A segunda, mercado. reserva-se para a discussão do marco teórico que Nesse sentido, justifica-se a realização da fundamenta a análise. Na terceira, consta os presente investigação, visto não ter sido procedimentos metodológicos utilizados para a encontrados estudos que abordam o turismo realização do estudo, seguida de uma quarta seção ferroviário sob o prisma da competitividade no na qual está a apresentação, a análise e discussão

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dos dados coletados. Finalmente, na quinta, A segunda abordagem é focada na eficiência, onde constam as considerações finais e sugestões para se leva em conta aspectos mais estruturais de um novas incursões no tema. país, destino ou empresa turística. Essas duas visões, apesar de bastante adotadas, no 2. COMPETITIVIDADE E TURISMO FERROVIÁRIO entendimento de Ferraz, Kupfer e Haguenauer

Esta seção esta reservada para a discussão dos (1997) são limitadas porque consideram aspectos fundamentos teóricos que subsidiam a estáticos das organizações. Para eles a investigação. Inicia-se por uma discussão sobre competitividade é dinâmica e se caracteriza como competitividade, desdobrando-se em seguida os a capacidade dos gestores formularem e fatores de competitividade, finalizando com o implementarem estratégias concorrenciais que lhes debate sobre turismo e turismo ferroviário. permitam ampliar ou conservar, de forma Para Domareski-Ruiz et al (2015) e Ritchie e duradoura, uma posição da organização no Crouch (2003) a competitividade pode ser descrita mercado. Crouch e Richie (1999) compactuam da como a capacidade de gerar atividades econômicas ideia de que a competitividade é dinâmica, lucrativas, de maneira organizada e superior aos alegando que por isso os destinos são pressionados concorrentes, levando em conta os aspectos de a constantemente se atualizarem para continuarem gestão e planejamento. Desta forma, sob o viés competitivos. Nesse sentido, Compans (1999) dos destinos turísticos, a competitividade leva em assevera que o estimulo a competitividade pode conta diversos aspectos, principalmente a promover o desenvolvimento econômico local, integração entre os atores locais do turismo. visto que atrai um maior número de atores ao Levando esses conceitos em conta, Gândara et destino. al (2013) afirma que os referidos atores devem se Mediante o que foi preteritamente descrito, relacionar por meio de estratégias integrativas, depreende-se que é a estratégia adotada pela para que apresentem produtos mais robustos e que empresa, ao escolher dentre várias alternativas atinjam de maneira mais eficiente seus públicos. A possíveis, aquela que vai orientar a sua atuação, é competitividade ainda pode ser entendida, segundo que determina a utilidade dos seus recursos Dwyer e Kim (2003), como um esforço dos atores acumulados, bem como a sua aplicação, para obter dos destinos para prover seus consumidores dos resultados que a destaquem no mercado (Feger, melhores produtos e serviços turísticos. Assim, o 2008). É importante considerar também que para que realmente torna um destino turístico se tornarem competitivas, as organizações competitivo é a capacidade dos gestores e atores necessitam se adequar as características do público de aumentar o gasto médio dos seus consumidores, desejado, como ensina Scott (1995), permitindo atraindo para si mais turistas que seus destinos assim maior acesso ao bens materiais e recursos concorrentes. Nesse sentido, a competição, econômicos necessários aos seu desenvolvimento. segundo Porter (1999), pode exercer influência Examinando sob a conjectura da iniciativa sobre a qualidade dos serviços exigidos pelos privada, Ferraz et al (1997) afirmam que a clientes e sobre os preços praticados pelos competitividade tem relação com a capacidade das fornecedores. Como corolário desse debate, Tsai, empresas adotarem estratégias que as mantenham Song e Wong (2009) colocam que se o destino no topo pelo maior tempo possível. Na mesma possuir capacidades de atrair e satisfazer as esteira de pensamento, numa perspectiva mais necessidades dos turistas ele é um destino mercadológica sobre competividade, Porter (1986) competitivo. O Sebrae (2014), organização voltada menciona que a estratégia competitiva busca para auxiliar os empreendedores do Brasil, adota o posicionar a empresa de maneira forte e lucrativa mesmo argumento já discutido por Ferraz, Kupfer contra seus concorrentes dentro do mercado. Desta e Haguenauer (1997), ao mencionar dois tipos de forma, Porter (1986) sustenta que existe um grupo abordagens quando se trata do estudo de de cinco forças competitivas: ameaça de novos competitividade: uma com foco no desempenho, entrantes, poder de negociação com os mais voltado ao viés econômico, utilizando dados fornecedores, poder de negociação com os de como o mercado se comporta, indicadores compradores, produto substitutos e concorrentes econômicos, números de turistas entre outros itens. existentes.

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Para Mintzberg e Quinn (1998), todas estas ponto de controle da rede que envolve esse canal forças mencionadas estão relacionadas à de distribuição. competividade de empresas, incluindo neste Levando em conta os fatores baseados nos grupo, as empresas turísticas. Levando em conta produtos, Zook (2001), afirma que os fatores estas forças, é necessário que as empresas adotem competitivos estão relacionados ao baixo custo de algum tipo de estratégia para ter força dentro do produção (aspecto que somente o produto da mercado no qual está inserido. Estratégia pode ser organização apresenta), tornando-o singular. De assumida como a coleta de informações sobre outra parte estão relacionados com produtos tecnologias, atividades e tendências do mercado, inéditos no mercado (quando a empresa tem sob que posteriormente são tratadas e analisadas para sua tutela patente dos produtos), e por fim, ter alta definir um rumo para a tomada de decisão da participação nas compras dos seus clientes. Ainda organização. Vários autores discorrem sobre existem aqueles fatores que são baseados no diferentes tipos de estratégias competitivas que as capital, os quais dizem respeito ao alto valor de empresas podem levar em conta na hora de definir mercado da organização e sua maior capacidade de seu planejamento. Segundo Miki, Gândara e investimento com relação aos seus concorrentes. Muñoz (2012), a maior parte das estratégias Estes argumentos encontram respaldo nas competitivas adotadas leva em conta o aspecto da proposições de Porter (1986) ao tratar das cinco produtividade e da eficácia em seu cerne. forças competitivas já mencionadas no presente texto. 2.1 Fatores de Competitividade Slack, Chambers e Harland (1997) argumenta que são cinco os fatores competitivos que se Os fatores de competitividade, mediante o que destacam dos demais: confiabilidade, custo, se pode depreender dos escritos de Zook e Allen flexibilidade, qualidade e velocidade. Davis (2001) e Roman et al (2012), consistem nos (2001) complementa, inserindo como fatores aspectos que tem relevância para a gestão de uma importantes o serviço e a entrega. Estes dois organização, ou seja, se constituem nos elementos autores, em parte, inclinam-se em direção ao que que influenciam a sua sobrevivência. Dessa forma, foi sugerido por Zook e Allen (2001). Isso posto, leva em conta aspectos que beneficiam e podem chegam-se a alguns fatores em comum: custo e aumentar a produtividade da organização. Assim, qualidade. Roman et al (2012) aludem que os fatores de Fernandes (2014) menciona que os fatores competitividade são as características que a competitivos podem ser divididos em grupos: organização necessita para apresentar seus mercadológicos, relacionados aos clientes, resultados e fazer-se figura de destaque em relação relacionados à gestão de recursos e ainda aos seus concorrentes. relacionados às estratégias de relacionamento. O Zook e Aleen (2001) menciona que alguns primeiro grupo, de fatores mercadológicos fatores competitivos se sobressaem dos demais, mencionados, trata dos seguintes aspectos: preço influenciando de maneira explicita o cerne do baixo do produto, flexibilidade em sua arquitetura, negócio. Esses fatores são baseados nos clientes, logística de distribuição estratégica, participação no canal de distribuição, no produto ou no capital. no mercado internacional, estratégia comercial em Para o referido autor os fatores baseados nos escala global, empreendedorismo dentre outras. O clientes levam em conta a fidelidade dos segundo grupo, dos fatores relacionados aos compradores, as informações que a empresa tem clientes, é composto por: conhecimento e acerca da sua clientela e o modelo de negócio satisfação dos desejos dos clientes, fidelização, estruturado ao redor da área de domínio valorização do relacionamento com os clientes. O mercadológico na qual a empresa se concentra. O terceiro grupo, diz respeito à gestão de recursos, autor pondera ainda, que nos fatores baseados no leva em conta: agilidade, inovação, sistema de canal de distribuição, o que torna a empresa informação de qualidade, metas financeiras competitiva, é a mesma estar presente no canal estabelecidas, investimento em pesquisa, baixos mais adequado ao seu público alvo, ter parcerias custos dentre outros. O último grupo, dos fatores com os principais membros desse canal e ser o relacionados às estratégias de relacionamento,

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propõe como fatores competitivos o metas financeiras, informatização de processos, relacionamento saudável com a concorrência, a qualidade, gestão do conhecimento, valorização dos fornecedores e a valorização da desenvolvimento e valorização das pessoas imagem institucional da empresa. envolvidas e adequação a certificações Machado da Silva e Barbosa (2002) citam que internacionais. os fatores competitivos podem ser subdivididos A quarta e última categoria tem relação com as em quatro categorias: Mercadológicos, Clientela, estratégias de relacionamento das organizações. Gestão de Recursos e estratégias de Dentre os fatores mencionados pelos autores estão relacionamento. Na primeira categoria estão a relação com os concorrentes, a valorização da inseridos os aspectos relacionados ao mercado na imagem no interior da própria organização, o qual o produto ou organização estão inseridos. relacionamento com o empresariado local e com Dentre os fatores estão preço baixo, logística, os seus fornecedores. participação no mercado internacional, Tomando por referência os fatores competitivos empreendedorismo, planejamento estratégico, acima mencionados, indicados principalmente por visão baseada no mercado. Zook e Allen (2001), Machado-da-Silva e Barbosa A segunda categoria é composta pelos fatores (2002) e Fernandes (2014), foi organizado uma que estão relacionados ao cliente, principalmente síntese dos fatores competitivos para cada um dos aqueles que buscam satisfazer as suas três grupos propostos no Quadro 1, os quais necessidades e valorizar o relacionamento com servirão de base para a coleta de dados com o eles. Segundo Machado da Silva e Barbosa (2002), representante das empresas de turismo ferroviário. a terceira categoria tem relação com a gestão dos Assim, aglutinando os pressupostos teóricos destes recursos. Desta forma, os fatores que estão autores se delineou um modelo para análise dos atrelados a este grupo são: agilidade, inovação, fatores competitivos dos trens turísticos.

Dimensões Fatores de competitividade Fidelização dos clientes Satisfazer as necessidades dos clientes Fatores baseados nos clientes Grande conhecimento sobre os clientes Valorizar o relacionamento com o cliente Prestar serviços com qualidade superior Preço baixo

Logística de distribuição estratégica

Aspectos singulares do produto Fatores de mercado e produto Produtos inéditos

Empreendedorismo

Relacionamento com os concorrentes Alto poder de investimento Investimento em pesquisa Fatores baseados na Agilidade organização Inovação Criação e gestão do conhecimento Custo Baixo Quadro 1 - Fatores de competitividade Fonte: elaborado pelos autores com base em Zook (2001); Machado-da-Silva & Barbosa (2002); Fernandes (2014);

O conteúdo do Quadro 1 se mostra interessante passageiros, que privilegia o rodoviário em como uma abordagem inicial para compreender o detrimento ao ferroviário. Pode-se comprovar isso cenário em que atuam os trens turísticos, uma vez com os dados apresentados pelo IBGE (2017), que não se encontram estudos específicos sobre onde demonstra que a matriz de transporte competitividade relacionado ao turismo brasileira é muito desequilibrada para o lado dos ferroviário. Parte desse fato, pode ser atribuído ao transportes rodoviários, destacando que esse modal de transporte brasileiro, seja de cargas ou

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modal rodoviário representa mais de 60% do total Ignarra, 2003; Page, 2008; Palhares, 2002; do volume transportado no país. Boullon, 2002; Lage & Milone, 2001; Valls, 2006). 2.2. Turismo Ferroviário Estes atrativos, juntamente com elementos de O turismo é um fenômeno multifacetado, não prestação de serviços, como equipamentos de havendo um consenso quanto a um conceito único, hospedagem, transporte e facilidades, os quais variando de acordo com a disciplina que se utiliza quando compostos de forma organizada, são para o seu estudo (Acerenza, 2002). Entre muitas adquiridos pelos turistas, constituindo-se no definições De La Torre (1997) o retrata como um produto turístico local (Organização Mundial do fenômeno social constituído pelo deslocamento Turismo, 2001; Rushmann, 2000). Sendo assim, voluntário e temporário de pessoas com uma Nakatani, Gomes e Nunes (2016) acrescentam que motivação que não seja lucrativa ou remunerada, tais produtos são influenciados pela demanda e gerando múltiplas relações sociais, econômicas e reúnem o que os destinos oferecem, podendo ser culturais. Beni (2002) o entende como um atrativos ou bens de consumo locais. elaborado e complexo processo de decisão sobre o O turismo, dada as suas características, que visitar, onde, como e a que preço, interligando apresenta uma grande segmentação de mercado fatores de motivação, estrutura e serviços para sua (Ansarah, 2005). O turismo ferroviário se realização. apresenta como um dos diversos segmentos que Nesse sentido, pode-se depreender que o existem dentro da atividade turística. Brambatti e turismo é a atividade na qual o sujeito se desloca Allis (2010) afirmam que diferente de alguns do seu entorno habitual para realizar atividades de outros segmentos que tem seu atrativo em lazer. Necessita obrigatoriamente do deslocamento paisagens, monumentos ou atividades, o turismo do seu entorno habitual para que ocorra, e envolve ferroviário tem por principal atrativo o andar de vários elementos, dentre eles transporte, trem. Neste segmento, o andar com o trem alojamento e alimentação, não necessariamente transcende a atividade, sobrepujando os demais todos ao mesmo tempo (Cooper, 2001; Barreto, atrativos, que se tornam componentes secundários 2003). Para Irving & Fragelli (2012), dadas as do destino. Dickinson e Lumsdon (2010) suas características, o turismo e seus segmentos mencionam que, os principais fatores que motivam podem ser elementos de estímulo à economia local o sujeito a selecionar um destino ou produto de como também pode estimular potenciais destinos a turismo ferroviário estão ligados a maior diversão buscarem o turismo como alternativa. proporcionada por esse meio de transporte, e, além Concordando com esse pensamento, a partir da disso, as paisagens mostradas através das janelas visão econômica Acerenza, (2002) e Urry (2001), dos carros de Passageiros são outra fonte de argumentam que por intermédio da troca entre motivação. esse conjunto de atividades sociais de que trata o Page (2001) menciona que o meio de transporte fenômeno turístico, o torna um aspecto que é pode ser o ponto focal do turismo, sendo que economicamente muito importante. exatamente nesse aspecto é que se encontram as Para se deslocar a um determinado destino, os ferrovias turísticas. Palhares (2002) afirma que o turistas necessitam de atrações que os motivem a patrimônio envolvido, juntamente com as escolher tal local. Os atrativos turísticos podem ser características presentes durante o trajeto, e em considerados os elementos motivacionais do alguns casos, a animação turística envolvida no turismo. Eles e suas especificidades atraem os passeio, tem a capacidade de transformar a ação de visitantes para determinados locais. Estes atrativos andar de trem na principal motivação da viagem, dizem respeito aos elementos naturais ou culturais sendo o trem o principal atrativo, transcendendo que são formatados de maneira a recepcionar os sua função primária de meio de transporte. visitantes. Quando os atrativos se apresentam Além de ser o ponto focal do turismo, o como os meios de transporte, o próprio modo de transporte ferroviário regular tem a capacidade de transporte utilizado se torna o ponto focal da funcionar como indutor do turismo. Graças ao viagem, motivando os turistas a ir a um destino avanço tecnológico, os trens de alta velocidade somente pela experiência no modal (Braga, 2007; vêm contribuindo de maneira direta no aumento

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do número de turistas em determinados destinos vapor do início do século XX que operam como pelo mundo. Wang, Huang, Zou e Yan (2012) trens turísticos atualmente. Existem ainda vilas apresentam o caso do trem de alta velocidade entre inteiras, como Paranapiacaba (SP), que preservam Guangzhou a Wuhan. O trem funcionou como até hoje as características das vilas ferroviárias. instrumento de distribuição de turistas, Para Nering (2014) no Brasil o turismo possibilitando que novos consumidores atingissem ferroviário ainda se mostra como um segmento os destinos em menos tempo, contribuindo assim com grande potencial, todavia, ainda pouco para o aumento da quantidade de turistas nos utilizado. Existe um interesse grande por parte do destinos pelos quais a ferrovia passa. Masson e poder público acerca do segmento, principalmente Petiot (2009) ainda usam o exemplo do Train à sobre novas operações de trens turísticos por parte Grand Vitessse (TGV) na França. Ano após ano, o das prefeituras. Porém, grande parte dos novos número de turistas utilizando o trem aumenta, projetos esbarra no parecer técnico sobre a principalmente aqueles voltados ao turismo de viabilidade da nova operação, ou ainda, na negócios. Isso demonstra que, além de poder ser o dificuldade em obter permissão das ponto focal do turismo, mesmo quando se concessionárias para viabilizar a operação. apresenta somente como meio de transporte, o Atualmente, o turismo ferroviário no Brasil é trem é um instrumento importante para o turismo. representado por pouco mais de 25 operações de Mamede, Vieira e Santos (2008), Castro e trens turísticos com certa regularidade, e além Monastirsky (2013) e Nering (2014) tratam o desses, mais alguns trens temáticos que operam patrimônio como destaque no turismo ferroviário, sazonalmente e sem uma periodicidade clara. principalmente nos casos de trens históricos. O Destes trens, se destacam as operações da ABPF, patrimônio deixado pelas antigas ferrovias se torna pela sua característica de preservação, e a Serra parte do atrativo, e, além disso, faz parte da Verde Express, pela sua preocupação direta com o memória daqueles que utilizaram originalmente os mercado. trens. A Associação Brasileira de Preservação O patrimônio faz o indivíduo relembrar a ação Ferroviária - ABPF é atualmente a operadora de humana em determinado período histórico. No trens turísticos com maior número de trens em caso dos trens, o patrimônio envolvido cria um funcionamento, contando com diversas filiais pelo sentimento de pertencimento no sujeito, Brasil. Segundo seu portal oficial na internet principalmente naqueles que tiveram uma relação (www.abpf.org.br) a associação se apresenta como direta com as ferrovias, seja na sua utilização, ou organização sem fins lucrativos, criada com o por terem exercido alguma função dentro da intuito de preservar a memória e o patrimônio estrutura ferroviária. Allis (2002), Finger (2012) e ferroviário. Seus trens têm como principal Freire, Cavalcanti, Bessoni e Freitas (n.d.) característica o conteúdo histórico-patrimonial, afirmam que no caso brasileiro de turismo sendo destaque as locomotivas a vapor utilizadas, ferroviário, dado o modelo implantado, o as popularmente denominadas “Marias Fumaças”. patrimônio ferroviário tem forte apelo, uma vez No Quadro 02 são apresentadas as operações da que existem diversas operações de locomotivas a ABPF.

EXT/ UF TRECHO KM SP Viação Férrea – Jaguariúna 25 Trem do Imigrante SP 3 (entre Brás e Moóca) M Trem das Águas 9 G (entre São Lourenço e Soledade de Minas) M Trem da Serra da Mantiqueira 10 G (entre Passa Quatro e Coronel Fulgêncio) Trem da Serra do Mar SC 42 (entre Rio Negrinho e Rio Natal) SC/ Trem das Termas 25

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Fatores de Competitividade das Operadoras de Trens Turísticos no Brasil

RS (entre Piratuba, SC e Marcelino Ramos) Trem dos Ingleses SP 0,608 (Paranapiacaba) Estrada de Ferro Santa Catarina SC 2,5 (em Apiuna, SC) inaugurado em 11/08/2013 Trem de Guararema SP 6,5 (Guararema a Luis Carlos) Quadro 2 - Trens Turísticos Da Abpf do Brasil Fonte: Adaptado de ABPF, 2013 citado por MTUR, 2014.

Quanto a outra empresa que se destaca na das únicas consideradas como meio de transporte operação de trens turísticos pelo Brasil é a Serra regular, apesar de seu apelo turístico sobrepor essa Verde Express. A Serra Verde Express (2017) é característica. uma empresa paranaense, sediada em . A Em sua composição completa, o trem chega a Serra Verde Express é hoje a operadora de trens mais de 20 carros de passageiros, transportando turísticos com maior número de turistas mais de 1000 pessoas por passeio. A Serra Verde transportados por ano no Brasil. Atualmente opera Express atualmente tem sob seus cuidados os diferentes formatos de trens turísticos, sendo uma seguintes trens:

EXT/ UF TRECHO KM PR Trem da Serra do Mar Paranaense 73 PR Litorina de Luxo (Copacabana, Curitiba e ) 73 PR Litorina Noturna 73 ES Trem das Montanhas Capixabas (Fora de operação temporariamente) - Quadro 3 - Trens Turísticos Operados pela Serra Verde Express Fonte: Adaptado de ABPF, 2013 citado por MTUR, 2014.

Apesar de ambas as operadoras, tanto a ABPF no aspecto mercadológico do passeio, visando quanto a Serra Verde Express, terem por sempre atrair o maior número de turistas. características a operação de trens turísticos, elas 3. METODOLOGIA apresentam características que as diferenciam. A primeira, a ABPF, se apresenta como uma O presente artigo se apresenta como um ensaio organização responsável por promover e realizar a teórico/empírico com enfoque conservação e preservação do patrimônio exploratório/qualitativo. Quanto a amplitude de ferroviário brasileiro. Seu enfoque principal não aproximação ao problema se caracteriza como são os passeios ferroviários, e sim o aspecto pesquisa exploratória pois visa inteirar o patrimonial envolvido na atividade. Os passeios de investigador sobre os meandros do tema discutido. trem são utilizados principalmente para difundir A pesquisa exploratória, segundo Gil (2010) tem esses ideais de preservação. A associação, por não como objetivo principal familiarizar o pesquisador apresentar fins lucrativos, não tem como um dos com o tema de sua discussão. Ela é importante objetivos a arrecadação de altas quantias. Seu também para capturar as mais variadas olhar, de certa forma, se volta para os aspectos informações sobre determinado assunto sociais da ferrovia. pesquisado. Em contraposição, a Serra Verde Express, por No tocante a abordagem a pesquisa se classifica se apresentar como uma empresa com fins como qualitativa. Malhotra (2006) afirma que esse lucrativos de caráter privado tem seus objetivos processo investigativo não-estruturado, baseia-se voltados principalmente à obtenção de lucros com em pequenas amostras, visando a exploração de os passeios de trem. Assim, apesar de apresentar um tema de forma a proporcionar ao pesquisador uma preocupação com o estado do patrimônio percepção e compreensão do contexto do ferroviário envolvido, seu principal horizonte está problema, no caso desta pesquisa, os fatores de

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competitividades das empresas que atuam no em que, não é o número de respondentes e sim a turismo ferroviário brasileiro. representatividade e a capacidade de responder as A fim de alcançar o objetivo da pesquisa, foram questões de pesquisa que torna a amostra válida, adotados dois caminhos para a coleta de dados. conforme explicam Godoy (1995) Minayo (2004) Num primeiro momento, foi feito um Gerhardt e Silveira (2009) e Mattar (2008). No levantamento de dados bibliográficos e caso, como presidente da referida associação, por documentais acerca dos fatores competitivos e ter contato direto com todos os associados, sobre os trens turísticos em livros e documentos entende-se que seu presidente detém uma boa disponibilizados pela ABPF, MTUR e Empresa noção do que ocorre no setor, de forma que possui Serra Verde Express na internet, o que determina condições de aportar um conhecimento inicial a que a pesquisa seja documental conforme explica respeito do tema aqui estudado. Além disso, o Mattar (2008). entrevistado também é diretor da Serra Verde Em um segundo momento, foi realizada uma Express, operadora referência no segmento dos entrevista em profundidade com o presidente da trens turísticos no Paraná. Esses aspectos Associação Brasileira de Operadoras de Trens credenciam o entrevistado como representativo da Turísticos e Culturais - ABOTTC, entidade que população, de forma que atende os preceitos da congrega 17 operações de trens turísticos e suas pesquisa qualitativa em relação a amostragem. respectivas operadoras. Essa organização tem Como instrumento para coleta de dados em como objetivo promover o crescimento e campo, a entrevista foi selecionada pois, segundo desenvolvimento do setor do turismo ferroviário, Ribeiro (2008), proporciona aos entrevistadores buscando incrementar o turismo no Brasil através obterem informações acerca do tema, permitindo do estimulo à utilização dos trens em operação. conhecer atitudes, sentimento e valores do Levando em conta o levantamento do Ministério entrevistado, podendo com isso ir além das ações do Turismo (2014), e ainda ponderando que do mesmo, incorporando todos esses elementos algumas operações não estão mais em para a interpretação dos dados coletados. Gil funcionamento, a ABOTTC congrega mais da (2010) menciona que uma das técnicas possíveis metade de todas as operações de trens turísticos do de serem utilizadas para a pesquisa é a pesquisa Brasil. A ABOTTC (2017) se apresenta em seu focalizada, onde não é elaborado um roteiro site como a entidade reconhecida por reunir e estruturado de perguntas justamente para que a representar as operadoras de trens turísticos e entrevista possibilite um leque maior de culturais em âmbito nacional e internacional. possibilidades de resposta, sendo bastante utilizada A seleção do entrevistado levou em conta que a para compreender mais sobre a experiência do organização que o mesmo representa congrega em entrevistado. Para a recolha dos dados, o Quadro torno de 70% das operadoras em atividade no 1, já citado anteriormente, foi apresentado ao Brasil. Nesse sentido, justifica-se a eleição de um entrevistado, de forma que ele, com sua único respondente devido a sua reputação. experiência e conhecimento sobre o setor dos trens Segundo o entendimento de Knoke e Kuklinski turísticos e culturais, comentasse e apontasse quais (1991) apud Scott et al (2008), quando um fatores de competitividade estão mais presentes indivíduo possui o poder real ou potencial de nos trens turísticos no Brasil. Tais ponderações mover ou agitar um determinado sistema possui foram anotadas e depois sintetizadas de maneira a reputação para responder por ele. No caso, como traçar evidências de quais são os fatores que tem presidente da instituição, os pesquisadores maior relevância para os trens turísticos entenderam que o mesmo possui a reputação brasileiros. Nesse caso a entrevista não foi necessária para responder os questionamentos gravada, as respostas foram sendo sintetizadas relacionados ao tema desta pesquisa. pelo próprio pesquisador a fim de contemplar os Adicionalmente, por ser de cunho qualitativo e se argumentos do entrevistado. pretender compreender a existência do fenômeno, A apresentação dos dados e sínteses efetuadas no caso os fatores de competitividade e não a sua são apresentadas na seção seguinte, retratando os frequência, tal decisão, quanto a amostra, se deve fatores de competitividade mais salientes ao que é preconizado para a pesquisa qualitativa observados nesta pesquisa.

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4. FATORES DE COMPETIVIDADE E TURISMO avaliação de empreendimentos, destinos e FERROVIÁRIO atrativos turísticos. Moretti, Zucco e Stropoli (2011) afirmam que a internet dentro do contexto Com base nos dados recolhidos conforme o que do turismo é uma das principais fontes de foi explicado na seção anterior, em seguida são informação, possibilitando o contato direto com os apresentados e analisados os dados colhidos em clientes reais e potenciais. campo.

4.1 Fatores Baseados nos Clientes 4.2 Fatores Baseados no Mercado e Produto

Quando observados os fatores baseados nos Quanto aos fatores ligados ao mercado e clientes, os trens turísticos apresentam algumas produto, as operações de trens turísticos se variações. Segundo o entrevistado, aqueles com destacam em alguns deles. O aspecto do “preço enfoque privado, principalmente a Serra Verde baixo” é o que destoa dos demais fatores. Para Express e a Giordani Turismo, apresentam uma Aaker (1998) o preço mais elevado pode ser preocupação maior com a fidelização do cliente. considerado um aspecto positivo, quando levamos Comprovação disso é a preocupação da Giordani em conta que o maior valor tende a proporcionar Turismo com a avaliação do seu serviço e passeio, uma maior qualidade percebida pelo cliente. O preocupação essa que se mostra na forma de uma valor agregado nos passeios de trens turísticos não pesquisa de satisfação disponível em seu site oficial depende somente da vontade dos operadores, (https://www.giordaniturismo.com.br/mariafumaca/). recaindo sobre as operações vários tributos e taxas. Porém, esse aspecto no interior do cenário dos trens Além disso, dada a pequena quantidade e turísticos ainda não é muito marcante, dadas as exclusividade nos passeios de trem, os valores características das organizações, especialmente as cobrados não são os aspectos principais no que tem maior preocupação com a preservação e processo de realização do passeio. manutenção do patrimônio ferroviário. Segundo o entrevistado, o fator competitivo da Quanto à satisfação da necessidade dos logística e distribuição estratégica está evoluindo, clientes, os trens estão evoluindo nesse fator de principalmente com a captação de clientes competitividade. Segundo o entrevistado, os trens nacionais e internacionais, através da participação estão se modernizando, e graças aos projetos e da ABOTTC em feiras, tanto no Brasil, quanto no programas que estão participando, estão buscando exterior. Ainda não há um canal de distribuição novas propostas para atender melhor seus clientes, muito claro de todos os trens turísticos. Cada um e assim aumentar o grau de satisfação. Porém, utiliza os meios que julga mais eficazes. Com ainda não existe um estudo claro nesse aspecto de exceção da Serra Verde Express que atua em satisfação do cliente. Um dos exemplos se dá no diversas frentes de comunicação e distribuição, os Trem da Serra do Mar (SC) que implementou demais ainda se limitam aos canais tradicionais, ações para aumentar a experiência dentro do trem, focando principalmente na venda direta ao público com o chefe do trem simulando ações que dos seus bilhetes, sem qualquer forma de recordam os anos dourados das ferrovias. intermediação. Os demais aspectos, como grande Os demais elementos, aspectos singulares do conhecimento sobre os clientes, valorização do produto, produtos inéditos, empreendedorismo e relacionamento com o mesmo e prestar serviços relacionamento com os concorrentes são fatores de com qualidade superior são características destaque. Os trens turísticos como um todo presentes nas operações ferroviárias turísticas, apresentam principalmente aspectos singulares em porém tem maior presença naquelas de cunho seus produtos. Brambatti & Allis (2010) colocam privado. O entrevistado destacou novamente a que a simples experiência de andar de trem já é um Serra Verde Express e a Giordani Turismo como aspecto singular percebido nos trens. O referências na busca por conhecer melhor seus entrevistado mencionou que todos os trens clientes. Como exemplo pode-se mencionar a turísticos apresentam características singulares preocupação da Serra Verde Express em entre si e perante os demais produtos turísticos do acompanhar e responder todos os comentários mercado local. Esse elemento pode até ser recebidos na rede social Tripadvisor, rede de considerado o principal fator competitivo, dada a

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significância da singularidade para os trens. Essas quando se constata que atualmente existem somente características são reforçadas pela exclusividade duas operações regulares de trens de passageiros no que os trens turísticos apresentam em relação à país sem conotação turística-cultural. Segundo a outros atrativos turísticos. Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT Os trens apresentam como característica muito (2017), somente os trens Paraupebas (PA) a São Luis presente a questão de buscar singularidades que os (MA), na Estrada de Ferro Carajás – EFC e Vitória distingam dos demais, seja no entretenimento a (ES) a Belo Horizonte (MG), na Estrada de Ferro bordo, como temos no caso do Trem do Vinho Vitória a Minas – EFVM se apresentam como trens (RS), seja no oferecimento de vários produtos regulares de passageiros. Inserir experiências dentro diferentes para um mesmo trem, caso do Trem da de um trem, como o Beer Train (Trem da Serra do Mar Paranaense em parceria com a Cervejaria Serra do Mar Paranaense e as diversas Bodebrown) torna o segmento inovador perante os possibilidades de ir e voltar, incluindo ou não demais. Para Pezzi & Vianna (2015) a ideia central refeição, produtos esses oferecidos no site oficial da experiência no turismo é que o sujeito quer ser o da operadora (www.serraverdeexpress.com.br), ou protagonista da sua viagem, vivenciando cada ainda, a possibilidade de visualizar a oficina onde momento. A inserção de experiências diferenciadas são restauradas as locomotivas, caso do Trem da que compensem a viagem torna-os produtos Serra do Mar (SC). inovadores para os clientes. Quanto aos produtos inéditos, o entrevistado Os demais itens destoam das características dos destacou esse fator competitivo, mencionando trens. Segundo o entrevistado, nenhuma das exemplos como o Beer Train, trem que une o operadoras tem um alto poder de investimento, passeio a degustação e harmonização de cervejas seja ele em qualquer departamento, com exceção artesanais. Em São Paulo ocorre o trem da cerveja, do Trem do Corcovado, que tem respaldo de e em Pernambuco, o Trem do Forró mostrando investidores com maior capacidade de que os trens procuram se diferenciar através de investimento no produto. Nenhuma das outras produtos singulares, inovadores e inéditos. Esse operações trabalha com esse fator competitivo. foi um dos fatores de destaque mencionados pelo Consequentemente, os demais itens que estão entrevistado. Os trens vêm buscando produtos atrelados à necessidade de realizar investimento inéditos para se posicionar dentro do mercado. O também não se apresentam como fatores relacionamento entre os operadores de trens competitivos relevantes. Eles se apresentam como turísticos é outro elemento enfatizado pelo lacunas que necessitam ser preenchidas para entrevistado. Ele menciona que os operadores de vislumbrar um desenvolvimento maior do trens estão constantemente em contato para segmento. Além disso, segundo o entrevistado, adquirir conhecimentos sobre as boas práticas para alguns aspectos como a agilidade e custo baixo, suas organizações. não dependem somente da organização em si, uma

4.3 Fatores Baseados na Organização vez que para um trem operar são necessários vários intermediários que cobram suas taxas, o que Observando os fatores baseados na organização, o encarece a operação. Caso não incidissem esses entrevistado mencionou que somente alguns fatores gastos, os custos das organizações são podem ser aplicados aos trens turísticos. Deste grupo relativamente baixos. Quanto a gestão do de fatores competitivos, se destaca somente a conhecimento, as operadoras investem inovação na criação dos produtos turísticos. A principalmente em sistemas para gerir e armazenar inserção de atividades inovadoras durante o passeio é as informações relativas a manutenção das destaque dentro do turismo ferroviário, como já locomotivas e carros de passageiros. Inclusive, mencionado anteriormente pelo inquirido nos itens criando um sistema de gestão de manutenção. de aspectos singulares e produtos inéditos, como Observando as características das operações de apresentado acima. trens turísticos, podem ser apontados alguns A criação de produtos ferroviários em um país onde o modal de transporte ferroviário de fatores competitivos mais claros. Algumas passageiros é utilizado em pequeníssima escala já categorias de sobressaem das demais e são torna a atividade inovadora. Isso é perceptível sintetizadas no Quadro 4.

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Dimensões Fator de competitividade Fatores baseados nos clientes Satisfazer as necessidades dos clientes Fatores de mercado e produto Logística de distribuição estratégica Aspectos singulares do produto Produtos inéditos Empreendedorismo Relacionamento com os concorrentes Fatores baseados na organização Inovação Quadro 4 – Fatores Competitivos Dos Trens Turísticos Do Brasil Fonte: Elaboração do autor (2016)

O entrevistado destacou principalmente os Pesquisas como a deste trabalho são importantes fatores de mercado e produto como fatores de para que se compreendam quais os aspectos que competitividade. Em geral, os trens apresentam destacam determinadas organizações perante as aspectos singulares, produtos inéditos, demais dentro do mercado. Roman et al (2012) empreendedorismo e relacionamento com os afirmam que em um mercado tão competitivo concorrentes como fatores competitivos. Isso como atual, identificar o que coloca algum produto demonstra que os pontos fortes dos trens estão nos a frente dos demais pode ser de grande produtos oferecidos por eles, e que assim, importância. No horizonte dos trens turísticos, conseguem atrair seu público para consumi-los. O observou-se que o ponto de destaque é o próprio próprio produto “trem turístico” se apresenta como produto “trem turístico”, visto que se mostram principal fator de competitividade, em detrimentos como produtos únicos e inovadores, esses foram dos fatores baseados na organização ou clientes. os fatores competitivos de destaque. Esses fatores se destacam principalmente pela Desta forma, quando observados diferentes exclusividade apresentada pelos trens turísticos no grupos de fatores de competitividade, é perceptível Brasil, e pelo diminuto número de operações que existe uma deficiência quando se trata de turísticas com alguma regularidade. entendimento sobre o cliente. Com algumas Os demais grupos de fatores não se exceções, principalmente de empresas privadas, os apresentaram como determinantes para o sucesso gestores de trens turísticos ainda não têm o das operações de turismo ferroviário, segundo o entendimento sobre a importância de conhecer entrevistado. Somente alguns fatores pontuais dos qual seu cliente e como ele se comporta. Somente outros dois grupos foram selecionados pelo as empresas privadas que operam trens tem essa presidente da ABOTTC. No quesito clientes, o preocupação, para atender melhor e buscar seu único que pode ser mencionado de uma maneira cliente nos mercados estratégicos. Observando as geral é a busca por entender e suprir as organizações, existe uma deficiência necessidades dos clientes, com a inserção de novos organizacional, porém, em grande parte em virtude serviços e facilidades para eles. Observando a das dificuldades de relacionamento com as organização, somente o aspecto da inovação, que concessionárias da via. As características das tem relação com o mercado, foi selecionado pelo organizações sem fins lucrativos, com um olhar entrevistado. mais discreto perante mercado, podem ser um dos fatores que justificam a pouca preocupação com o 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS cliente. A própria ABPF apresenta em seus A partir do presente estudo, é possível objetivos que o intuito principal é a preservação do compreender quão grande é o universo relacionado patrimônio ferroviário, e não necessariamente o à competitividade, mais especificamente quando turismo ferroviário, utilizado como um canal de se trata dos fatores de competitividade. Vários são obtenção de recursos para o cumprimento dos os autores que se aventuram nessa seara e objetivos. apresentam diversos fatores de competitividade O presente trabalho objetivou analisar quais os para produtos e organizações. A competitividade fatores competitivos de destaque nos trens pode ser vista sob diversos olhares, tanto sob a turísticos do Brasil. Desta forma, como perspectiva da iniciativa pública quanto privada. apresentado no Quadro 4, após a pesquisa

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exploratória e a entrevista com o presidente da gargalo do relacionamento com o cliente e adotar ABOTTC chegou-se aos fatores competitivos que técnicas de aproximação deste pode ser outro se destacam no cenário dos trens turísticos. elemento de diferenciação no mercado turístico Mapear esses fatores é importante para que as atual. organizações saibam onde seus produtos de Além disso, reunir fatores competitivos e destacam perante os demais produtos turísticos. aplica-los a um segmento do turismo com tantas Neste caso, investir em novos produtos especificidades como o turismo ferroviário é um envolvendo os trens, acrescentando experiências importante passo para que esses temas sejam ainda inéditas e memoráveis pode ser um dos caminhos mais explorados futuramente. Para pesquisas a serem seguidos pelas operadoras dos trens futuras, será interessante tomando-se por hipótese turísticos. Levando em conta os fatores que não se o que foi levantado nesta pesquisa, de que o destacaram, buscar a compreensão de como o próprio produto é o principal fator de cliente se comporta pode facilitar o competitividade no caso dos trens turísticos, relacionamento com o mesmo, possibilitando que aprofundar a discussão por meio de instrumentos se crie uma fidelização do indivíduo, e quantitativos, a fim de permitir a generalização consequentemente, mais procura pelos trens. dos dados. Além disso, novos fatores podem ser Tais resultados demonstram que as incorporados à pesquisa, para contemplar de organizações voltadas aos trens turísticos tem uma maneira mais ampla o tema, e dessa forma, preocupação grande com a experiência possibilitando que sejam identificados novos proporcionada pelos seus produtos, e ainda pontos fortes das ferrovias turísticas. Além disso, buscam cooperar para serem mais competitivas seria interessante analisar e comparar quais os com os demais produtos locais. Buscar tecnologias fatores de competitividade mais marcantes nas para aprimorar seu controle de vendas e lugares, e organizações operadoras de trens com e sem fins até mesmo, novos locais para comercialização dos lucrativos, traçando um comparativo entres esses produtos pode ser um fator que aumente a fatores para compreender quais as diferenças entre competitividade dos trens turísticos. Suprir o os tipos de organizações.

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