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 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 88 1 regravações foramEssas recolhidas sem ointuito de se esgotar por abusca reinter cuja versão se encontra original no álbum ferentes de gravações “Paula eBebeto”, de eCaetano Veloso, ent ofproposeddiscursivemateriality. threads theobjectiveofidentifyingpolysemicandparaphrasicaspectsthatoccurintothediffer and Bebetosong, Milton thathas Nascimento and authors, as with materialidade discursiva propostos. identificar polissêmicos aspectos que eparafrásicos ocorrem nos diferentes fios de de Paula eBebeto, de Milton Nascimento eCaetano Veloso com o objetivo de Veloso —em diferentes regravações — de Milton nascimento eCaetano análise discursiva de “Paula eBebeto” Qualquer maneira de amor: uma (UNIRIO). E-mail: [email protected] E-mail: (UNIRIO). Doutorando do Programa de Pós-graduação em Música da Universidade Federal do Estado do Janeiro Rio de do Estado do Federal Universidade da Música em Pós-graduação de Programa do Doutorando Neste artigo, procurarei analisar, discursiva ecomparativamente, doze di Introdução Key-words: Abstract: Palavras-chave: Resumo: Opresente discursivamente analisa artigo diferentes regravações Inthispaperweanalyzediscursivelydifferentre-recordingsof Paula Milton Nascimento; re-recording; song. Milton Nascimento; música. regravação; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Minas , de 1975, de Milton Nascimento. Luciano Cintra Silveira Cintra Luciano 1 - - - - à necessidade premissas. de explicitar algumas pretações, oque de seria, início, uma falácia. Tal me afirmação leva, inicialmente, 2 novos desses porse acobertam processos trás de produção. ramente semiótica, maquínicos aspectos os eideológicos eque que se camuflam termos como ‘versão’ ou ‘releitura’, esconde em uma abordagem enaturaliza, pu uma regravação como singular,tratar implícito algo uma expressão artística em campo de conhecimento de fato. que aexpressão artística, sacraliza Por outro lado, metodológicas de ede procedimentos naturalização científicos. de relações de einterdição; permissão relações epelas de poder que atuam sobretudo que regras vigoram pelas em diferentes campos de conhecimento; pelas aoDiscurso Musicologia, da como éproposta cautela, neste certa trabalho, exige —, onde regravações, segundo as abordagem, essa se encontram. primeiro curso que ao materializam, fim, de diferentes formas, diferentes mediações de um dis um mesmo percurso, uma mesma rede complexa de negociações ede validações produtivo aque pertencem. sintetizam, Doze gravações dizendo de outro modo, cadeia produtiva, só encontraríamos produtos determinados em processos degular releitura eautônoma, criativa pois, estando do lado de da cá te por isso, como um redizer, como discursiva. uma paráfrase constrói relações nessas maquínicas, poderíamos de pronto qualificá-las, justamen cidas como decorre Disso que, tal. assumindo que uma subjetividade coletiva se diversosos círculos de produção ede validação que permitem lhes serem reconhe mesma condição sistêmica. Todas de produção, diversas linhas as atravessaram elas vação — pertencem, digamos assim, a um mesmo universo de produção, a uma todos elementos os discursivos comparativos —aos quais me refiro como regra sujeitos, determinando seus cânones de de construção objeto, de abordagens de Foucault (2012), quando se refere aos discursos e sua relação com ocomentário, com relação esua discursos (2012), aos refere Foucault se de quando palavras Nas objeto. enquanto nascer de capaz é sociais, e históricas relações demais e memórias suas filiação, de redes suas produção, de condições próprias suas dadas que, discursiva materialidade uma como original obra a pensar disso, proponho Diferentemente origem. discursivo, uma zero marco um obra na encontrar de a ambição Referir-me à obra original como um discurso primeiro seria inaceitável, caso estivesse presente nessa proposição proposição nessa presente estivesse caso inaceitável, seria primeiro discurso um como original àobra Referir-me Tratar uma regravação como um comentário discursivo fere brios os de um Em terceiro lugar, que ressaltar cabe aaproximação do do campo Análise da Em segundo lugar, não haveríamos de ter acesso ao que se pode de fazer sin A primeira delas, em relação direta com o que acabo de dizer, é a de que 2 —aobra —edos segundos discursos original —seus comentários ção, são ditos, permanecem ditos e estão ainda por dizer (FOUCAULT, 2012: dizer por ainda eestão ditos .21). permanecem ditos, ção, são formula sua de além para indefinidamente, que, discursos seja, os ou deles, falam ou formam trans os retomam, os que fala de novos atos de número certo de origem na estão que discursos a priori pelo campo campo pelo em e através ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 89  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 90 vidade de produção de significação; não lhe esta toda pronta” étransmitida (idem). (DAVALLON, 1999: 28)e que, nesseprocesso, receptador o “desenvolveuma ati (...)[ofazem] se posicionar em meio dos social ao consumidoresgrupo desseproduto” é especialmente relevante, atítulo introdutório, objetivos os para deste trabalho. forma como o‘objeto analisa — imagético —eoprocesso perceptivo cultural’ nos documento histórico emonumento de recordação” (DAVALLON, 1999: 26). A sempre em sua “ele própria estrutura: [o objeto] indissociavelmente se tornará doele, fato —fazendo aestrutura referência àorigem do objeto —se encontrará do de dicotomias como história/memória edocumento/monumento. Segundo chama de “objeto cultural”, sobretudo no que se refere à(leitura de), partin borar ou até mesmo contradizer ojá-dito. silenciosamente, codificadamente, uma singularidade que expressiva pode corro torna uma reprodução formal uma unidade discursiva de um redizer, que acoberta, seu uma polissemia, lugar sob oponto etorna aparáfrase discursivo; de e vista semióticana música, da sintática, uma análise digamos assim. produçãona do sentido, fundamentada formal eestrutural, escapam auma análise vos, apagados ou derramados presentes obra, na que, mas embora fundamentais interpretaçãoda conectado edo —, está arranjo onão-dito aos elementos negati e, portanto, aos estruturada àlinguagem na elementos concretos composição, da relação dito/não-dito ao campo musicologia da —isto é, enquanto odito se relacio ficar, silenciosamente se expressa por meio do não-dito, portanto. Entendendo a diação, encontra apoio no produto que resulta: daí aregravação. ele próprio éum comentário, segundo, um discurso esua materialidade, sua me background ground manipulação do audível, um existe como emasterizações, tais mixagens arranjo, orquestração e interpretação; e em até mesmo demais as atividades de que eque viabiliza permite que expressão nova essa venha Esse àbaila. Sobre oprocesso perceptivo, autor esse que diz “as qualidades de um produto Davallon (1999) desenvolve uma ampla arespeito reflexão do que ele queÉ exatamente asingularidade fissuras ranhuras, nessas nessas encontra regravações, singularidadeA singularidade essa que das buscamos identi Desenvolvimento Não obstante apresença do em criativo atividades edo artístico como está na ordem na está do ideológico sujeito eestá questões às pois discursivas, back ------música, podemos entender, nos limites deste que texto, segundo perspectiva, essa 3 do objeto.trução de Orlandi, palavras Nas Decidiranálise. por quais elementos opercurso leva, construir sobretudo, àcons Não é toda questão nem todo elemento que se tornam relevantes no processo de do acontecimento, apartir Assim, se constrói ofato, ao do cultural vai-se natural do que apartir Certeaulista (2011) chama de critérios de pertinência erelevância. processo de escolha da de critérios e de parâmetros definidos “por que melódico?”, este intervalo “por que tonalidade”. esta “que tonalidade é esta?”; semântica, perspectiva na o relevante questionar seria semiológico, nos por perguntaríamos, exemplo, “que melódico intervalo éeste?”, ricamente com sua própria condição de produção. Enquanto, sob oponto de vista dessasivas produção, entendendo, pois, amúsica como conectado discurso histo melódicas etc. Nossa preocupação sobretudo, está, condições em discutir as discur o estudo semiótica da música: da tonalidades, andamentos, variações intervalos, unidadesdessas pela —que de linguagem significação éonde estruturadas se fixa segundo se preocupa, sobretudo, eenunciativa com textual ainstância (idem). Ele ainda acrescenta que, se oprimeiro se debruça sobre formais, aspectos o pelabusca “compreensão em do sua texto totalidade” (DAVALLON, 1999: 30). mento de unidades de significação previamente definidas”, no segundo uma há semiótico eosemântico. no Se, primeiro, apreocupação há com “o reconheci samente, no processo de percepção. ao receptador uma outra parcela produção da de sentido, que se constrói, silencio (como seu acontecimento, como objeto histórico), por mas, outro lado, transfere “Paula eBebeto” em si carrega —enquanto ‘objeto —“a essência cultural’ do ato interpretativa, que busca no erro e na falha reserva essencial de sentido. de essencial reserva falha ena erro no busca que interpretativa, natural ao seja,me refiro ou metafórico, sentido no argumento o tomamos Aqui naturais. paisagens de ressignificação de oprocesso como ecultural natural entre àtransladação refere se História” da “Escrita da altura aessa Certeau Com odesafio de transpor, argumentação por tal analogia, ao campo da Caberia uma breve respeito. aesse observação Oato de questionar prescin Em “Paula eBebeto”, enfim, não nos interessa formal apenas oaspecto Sobre oobjeto em si, oautor diferencia dois modos de significação, o como o processo de naturalização da interpretação sistemática, e cultural como uma abordagem discursiva discursiva abordagem uma como ecultural sistemática, interpretação da naturalização de oprocesso como certeuniano assim, a construção do aconstrução assim, o do parte corpus resulta de uma construção do próprio analista (ORLANDI,2001: do próprio 63) de construção analista uma resulta de “interrogar-se odocumento”, revela-se olugar do social ana corpus já (...) é decidir acerca de propriedades discursivas medida, em grande corpus corpus e a análise estão intimamente ligadas: decidir intimamente oque ligadas: estão faz e aanálise a priori , naturalmente. Nesse Nesse naturalmente. , 3 . ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 91  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 92 mação metodológica — vem aser multiplicidade essa aque de linguagens nos referi revelam aposição do próprio diante questões das anteriores: analista que discurso? sua leitura por processos sistemáticos de interpretação, que, em última instância, a distinção entre leitor se oprimeiro e analista: lê odocumento, osegundo ativa so deMilton Nascimento? Nessesentido que,é acredito, Orlandi (2001) explicita musical? Discurso decesso Música da análise. Discurso Popular Brasileira? Discur uma memória discursiva eauma formação discursiva revelados específica, no pro rítmico, seja no plano harmônico. ese atrela Acanção se vincula aum discurso, a número de sujeitos, seja no plano poético, seja no plano melódico, seja no plano denação semiótica sentido, fazem em um dado momento histórico, um para dado to, como enunciado no momento de internas or em estruturas que suas as todas enunciado em um contexto, não em mas outro. “Paula eBebeto” portan se realiza, exemplifica em funçãodo que por de qualidades suas modo intrínsecas, que, comoele mesmo de de significação. Foucault palavras Nas (2008), enunciado cursivo sobre por oqual se fala meio de relações suas de contradição ou de reforço combinações que resultam daí vão, no oobjeto processo construir de análise, dis em sons eem em imagens;lavras, sons eem em enão-dito imagens. palavras, As cuja materialidade se reveste em múltiplas um linguagens: enunciado dito em pa Davallon (1999), temos, portanto, sob oponto discursivo, de vista um enunciado O singular queO singular se encontra em uma canção —no que se refere aproxi aessa Um enunciado dese explica, acordo por mais suacom perspectiva, essa Considerando como agravação original ‘objeto esse aque se refere cultural’ O texto é a unidade que o analista tem de diante Oque si ele qual éaunidade eda faz parte. queO texto oanalista (...) (isto um conjunto é, de entre relações elemen não estrutura pois, é, uma pela formaçãopela ideológica dominante naquela 2001: conjuntura (ORLANDI, 63) sentido que, por porque ganha sua vez, discursiva ção de um jogo deriva definido sua referência pela ou regularidades auma forma outra em suas explicita se vez, ele Ele de diante oremete um texto? que, por imediatamente sua aum discurso e no (FOUCAULT, espaço 98). 2008: eque com possíveis des que faz com conteúdos apareçam, concretos, no tempo ede unida um domínio de que estruturas sim função unidade, cruza uma mas de unidade; éque eleenunciado não éem si estruturais mesmo critérios uma por espanto nãoou podido ter se o para escrita). Não encontrar para razão há são signos, eque de espécie por ato sua formulação encontra se realizado (oral sentido”“fazem ou não, sucedem se que segundo ou regra de justapõem, se que ou intuição, pela pode se decidir, eles se qual da análise pela empartir seguida, quetos); exclusivamente, de pertence, existência função aos éuma signos, ea de autorizando modelos um número infinito variáveis, assim tos concre talvez Arqueologia , uma mesma sequência de signos como pode se construir ------por sons, amúsica para que estariam como assim oalfabeto alinguagem para está como mos tal épreservado,tal enquanto outros elementos são passíveis de alteração: de novostrução ‘objetos culturais’. Oque oenunciado faz ser cognoscível enquanto enunciado já dito, enunciação da ainstância que historicamente se afirma cons na vação que nos interessa neste artigo. Éprecisamentemia. repetição essa enunciativa no materializada processo de regra —diferentesmétricas repetições, com diferentes ou níveis de de polisse paráfrase semiótica teia encarte, emesmo canção, aletra da no dessa forma, escrita encarte. Dessa apartir e planos diretivos operam: ouve-se osom; entende-se uma capa, lê-se otexto; um arespeitodiz, do sentido que se produz leitura, na que que enunciados seriam segundos, produzidos de algo, apartir em referência aalgo. fossem como pensadas comentários (no sentido diferenciadascias um para mesmo ato enunciativo, diferentemente do que se seriam do enunciado são original: ações concomitantes ou, melhor talvez, dizendo, instân acompanha e/ou, também, por uma imagem que Tudo oilustra. no está nível isso sons, digamos assim, se reforça —positiva ou negativamente — por que um texto o ouescrita; como Osentido cores visual. as estão alinguagem para presente nos Retomando Davallon (1999), aregravação pois, seria, arepetição de um Analogamente, podemos inferir que, em música, diversos níveis sensoriais (1998),Souza tratando de discursividades não verbais, sobretudo imagéticas,

teia semiótica teia presente no enunciado, épossível produzir-se —em progressões geo enfim, procuramos entender procuramos enfim, como imagemnão uma produz torna-se ovisível; mas é possível, sem dúvida, ir mais longe: é possível, mais podemos ir sem dúvida, mas apenas considerar que existe “leitor”. 1998: (SOUZA, 4). adireita),para imagemémultidirecionada, ada dependendo de do cada olhar direcionalidade pede uma imagem. (da Enquanto esquerda aleitura palavra da diferenteentre aimagemeoolhar. Um quando que leitura da da olhar trabalha e deao interpretação efeito do trabalho através devisível sentido que se institui ambos os casos constituem omesmo constituem enunciado casos os ambos (FOUCAULT, 117). 2008: poderemos que mesmas, são dizer as possibilidades deformativo utilização eas simplificada, ou em convencionado; um código sintaxe uma seoconteúdo in com palavras, com outras pode dada serinformação retransmitida uma ainda: um único conjunto diferentes.mas Melhor de enunciados linguísticas em formas em jogo, diferentes: enunciados línguas não tantos há são as quantas línguas três colunas em em informação uma três científico esua versão em francesa; inglês são idênticas. Consideremos esua tradução simultânea; um texto um discurso não aprópriaum único emesmo língua enunciado asintaxe, onde palavras, as . Osentido no musical discurso não se produz unicamente foucaultiano de de A ordem do discurso do A ordem ), ), ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 93  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 94 mente, entre o paradoxocerto entre o coletivo e o individual, quealgo circula, discursiva melodicamente três, das epolissêmico, parafrásico simultaneamente. diferentes: poeticamente parafrásico, formalmente polissêmico interessante e, amais objeto, colocando aregravação de “Paula eBebeto”, ao mesmo tempo, em tipologias discursivo, polissêmicode eum aspecto parafrásico vista um há aspecto em um mesmo eocontornodeste otexto artigo: melódico. disso, concluímos Apartir que, do ponto dade regravações, analisando, nas especificamente, apenas dois parâmetros nos limites nesse ponto, ordem na função enunciativa. da diferentes, em condições de produção diferentes, por sujeitos diferentes. Estamos, —são que os frase nos permitem reconhecer “Paula eBebeto” em doze regravações garante que ele seja dito, sua existência só é possível por um enunciado que causa eefeito de si mesmo. amaterialidade Se sustenta oato enunciativo e ao ato de enunciar eque em si carrega oenunciado e, ao mesmo tempo, é ao suporte concreto do enunciado, àquilo que corresponde materialmente pois noção, essa desenvolvida por Foucault na daremos o nome de — de arbitrariedade envolvido, fios diferenciados três dessa teia, aos quais consideremos, decesso análise, ainda que reconhecendo onível —necessário cujatica relação molecular ora éora eora opro énegativa. de Afim viabilizar noque sujeito. se particulariza maneira”;minha de um sujeito que se projeta no coletivo, um para coletivo modo. Do ideal de um “qualquer maneira”, um “à para real transitamos sentidos que do fazem “qualquer maneira de amor” um re-dizer, aseu mas éanossa questãoginal, de investigação; interessa-nos deslizamentos os de cisamente aapropriação essa, que, intrinsicamente, nega oenunciado ori mentos de afastamento, de negação (de negação discursiva) implícitos, epre cia arquetípica do amor; e, assim, voz dá ao coletivo em seu próprio canto. observador, narrador, sacerdote; sacralizando oseu sobre está falar aexperiên escolhe “Paula regravar eBebeto”, se apropriando está se fazendo do está texto; por uma rede de memória discursiva; sendo assim, cada intérprete, quando nele encontra sua materialização. Instâncias diferentesInstâncias de enunciação em são uma teia costuradas semió Por outro lado, vamos perceber, comparativa, análise na que elehá A questão que pretendemos problematizar neste éade haver trabalho Sendo assim, pretendo demonstrar como singularidade essa encontra materiali elementosOs que regravação da fazem uma repetição discursiva —uma pará re-dizer fios de materialidade discursiva materialidade de fios eonegar. regravações se conectam àobra As original Arqueologia . O termo parece adequado, , se refere, de fato, ------que, digamos assim, em se organizam níveis decrescentes de materialidade. Se, Aspectos musicaisAspectos esonológicos estão, de no regra, via ouvem erepetem; que todos entendendo cantam, ou não, concordando ou não. dimensão do inconsciente ou do divino: (óbvio); eoque deste uma para segue significância (obtuso), última atrelada esta à nificância geral. Ter-se-ia, portanto, omovimento que do vai signo ao significante tintos conduzem o ser desde uma atividade fisiológica até aformação de uma sig refere (1990). Barthes Para ele, éum aescuta ato psicológico, tipos dis eseus três uma correspondência fazer altura, essa fios desses com tipos os de aqueescuta se sentido sem que se perceba: estamos, pois, no nível do implícito, do não-dito. fundo de de um propaganda. texto elementos Esses conduzem aprodução de sejarial apercebida no processo de leitura, como cores de fundo, imagens de questões que produzem sentido silenciosamente, sem que sua existência mate enunciado, estaremos tratando, no terceiro, de níveis sutis eabstratos, mais de no primeiro nível, nos ateremos palpáveis visíveis, em mais mais aspectos do uma forma de silenciamento: de forma uma (1997)Souza indica que odirecionamento interpretação da também evidencia como de processo de recepção. Tratando especificamente do não discurso verbal, Natalvez. música popular, a leitura tanto de guia sentido e é estruturante, o texto tico, édominado por outro, em que em estão jogo relações de poder emercado, a produção de sentido. Curiosamente, sem dúvida, como um ambiente idiomá Consideraremos fios diferenciados três de materialidade discursiva, Na música popular, no está primeiro a palavra fio: éaquilo que todos Aplicando proposição essa ao campo do audível, poderíamos, inclusive, a outra formaoutra de silenciar se éaquela aimagem que através pode ser pensada indiretas) a variadas, formas (sob ligada infinitas está aescuta daí a partir ticos chegam aoticos homem(...) 1990: (BARTHES, 220). enigmá fragmentos de que alguns apenas como língua uma sabemos, falam entrelece oindivíduo aligação eomundo ouvinte que, dos Deuses, secreto oculto). estabe éreligiosa: Acomunicação escuta implicada segunda nesta secreto’ do sentido (aquilo intencionalizado que postulado, évivido, como ou mudo,obscuro, confuso com que àconsciência fazer venha para o‘lado hermenêutica:uma écolocar-se oque em posição escutar é de decodificar (que quer) se impõe se (SOUZA,1997: literal 8). uniforme de reduz eum se sentido interpretação aum processo distintas imagem. Acomplexidade da interpretação na de um conjunto de imagens direcionado, disciplinização uma bastante ção do determina se qual através e a imagem num entre de o espectador põe produção processo de significa de interpretação, operado interse quando mídia, de na um trabalho esta background , direcionando ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 95  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 96 e de polissemia no terceiro fio de materialidade regravações que As discursiva. norialidade segundo discursiva; de fio paráfrase de materialidade discursiva; no fio subsequente ou se será descartada: materialidade correspondente —determinará se aregravação será analisada discursivos. Apresença —no discursivas nível de polissemias de ou paráfrases comovamos analisar se comportam doze em as gravações cada um fios desses particularmentee desvios interessantes. Como método de argumentação, se inter-relacionam, ese contradizem, se confirmam evidenciando equívocos significativo (CERTEAU, 2011). contramos oerro, oequívoco (ORLANDI, 2001); eencontramos onegativo o desvio. No nível do implícito, nega o erro a repetição do enunciado: en que trataremos de musicais, aspectos onde nos interessa identificar oerro, trófica não nos interessam. etapa, essa Após chegaremos ao terceiro fio, em (A,B,C,D,E). que casos Os apresentarem em desvio relação àorganização es se determinadoem última análise, enunciado épossível, se éaceitável, se éverdadeiro. sujeito com formação essa discursiva (formas de autorização ou interdição discursiva) definem, propriedades do campo —que ele define como formação discursiva —resultantes relação da do houvesse caso o faria, uma reordenação como tal “ABC+=D” (FOUCAULT, 108). 2008: As exemplo sentença da “A+B=C+D”, que produz um sentido, enquanto enunciado, que mas não dessa ordenação de e—em signos, nossa proposta caracteres, frases —estrofes. Foucault o dá quencial que produz um determinado sentido, pode ser ressignificado quando ocorre alteração ção estrófica. Aordenação do dizer, um ato enunciativo se materializado em uma estrutura queções em permaneceram fiéis testá-las, seguida, para no original, ao segundo texto fio. produzido,desvio pois perseguindo estamos implícito. odesvio Procuraremos identificar regrava as subsequente.pertinente a análise para Interessa-nos, neste primeiro momento, qualquer descartar determinar como diferentes se comporta nas otexto estabelecendo, gravações, daí, orecorte apartir Procuraremosdiscursiva. identificar, isolar, diferentes desse primeiro agrupar apartir filtro; casos e orienta Sendo aescuta. assim, consideraremos como apalavra nosso primeiro fio de materialidade A configuração que no buscamos primeiro éade paráfrase fio de mate (3) polissemia no terceiro fio de materialidade discursiva. (2) no segundo fio paráfrase de materialidade discursiva; e (1) no primeiro paráfrase fio de materialidade discursiva; Na produção do sentido discursivo de “Paula eBebeto”, fios três esses Em nosso de caso, partimos uma canção composta de cinco estrofes O segundo ainda, forte fio preserva, conexão Nos ateremos com apalavra. àorganiza A disciplinização presente, está em nosso própria caso, na teia semiótica, que no texto ------consideradas, sucessivamente, eassim até que tenhamos o apresentarem polissemia no primeiro fio de materialidade serão, portanto, des em que houve portanto, Observamos, alteração que, textual. em onze regravações, de em original; vermelho, ao texto indicados,estão estrofes, respectivas casos os nas As colunas emAs amarelo Tabela na em 1indicam que casos os houve fidelida Tabela1: no primeiro discursiva Paráfrase fio de materialidade Estrofes C A D B E Qualquer maneiradeamorvalerá Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiradeamorvaleocanto Qual apalavraquenuncafoidita,diga Pena quepenacoisabonita,diga Qualquer maneiradeamorvalerá Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiradeamorvaleocanto Eles seamamepravidaineira,vera Eles seamamdequalquermaneira,vera Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiraqueeucanteessecanto Mas nomeucantoestarãosemprejuntos,muito poroutrosassuntos,muitos Eles partiram Qualquer maneiradeamorvalerá Qualquer maneiradeamorvaleapena Qualquer maneiradeamorvaleamar Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qual apalavraquenuncafoidita,diga Pena quepenacoisabonita,diga Qualquer maneiradeamorvaleamar Qualquer maneiradeamorvaleapena Eles amaramdequalquermaneira,vera Vida vidaqueamorbrincadeira,vera Comparativo eestrófica de “Paula organização da textual eBebeto”. Letra

Milton Nascimento Geraldo Azevedo 14 Bis / Boca Livre corpus Clara Sandroni Paulo Lepetit

Valeria Andrade para análise. MPB4 Decio Goielli Renato Spencer - - Emerson Nogueira

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 97  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 98 de eestrofes binária construção como de 1abaixo: ternária, construção aFigura ilustra de “Paula melódico-estrutural trução eBebeto”, dois observamos tipos de estrofes, estrofes no terceiroanalisadas fio de materialidade discursiva. de MPB4. Valeria regravações de Costa, Gal As Andrade eDaniela serão Mercury atento sobre aorganização estrófica echegamos ao seguinte resultado: implica em polissemia nesse fio de materialidade. Seguimos, então, um para olhar Qualquer alteraçãosecomo organiza dessa texto o ordenação original A-B-C-D-E. em que houvealteração do sob dizer ponto o estrófico, de vista istoé, gravação se na momento, por não atenderem aos critérios pré-estabelecidos. cinza), que correspondem que gravações às serão, portanto, excluídas nesse primeiro encontramos eum de de cinco (em regravação alteração casos instrumental textual Figura 1: Figura Isolando, neste momento, com oobjetivo textuais, aspectos os de identificar acons Polissemia no terceiro discursiva fio de materialidade deste ponto,A partir podemos excluir regravações de as Clara Sandroni e Tabela 2: No segundo fio de materialidade discursiva, nos interessa identificar casos os no discursiva segundo fio deParáfrase materialidade Daniela Mercury MPB4 Valeria Andrade Clara Sandroni Gal Costa Milton Nascimento a Estrofes de eternária. binária construção Comparativo macro-forma da de “Paula eBebeto”. b a 1 1 Intro Intro Intro Intro Intro Intro 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase A A A A A D B B B B B Intermezzo Intermezzo Intermezzo Intermezzo Intermezzo Intermezzo C C C C C A b D D D D D B Intermezzo Intermezzo E E E E b a c Coda Coda Coda Coda 1 1 1 1a. Frase 3a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase C C D D Intermezzo E Coda E Coda - frases melódicas (b), repetidas,frases cada uma. ternária, Analogamente, aestrutura de Valeria Andrade ede Daniela apresentam-se Mercury de maneira parafrásica, Costa), ade (Valeria 2008 Andrade) eade 2013 (Daniela Mercury). regravações As de agravação original 1975tintas: (Milton nascimento), aregravação de 1978 (Gal tos melódicos comparativos, (aa, ab, ba, bb ebc), aplicados aquatro dis gravações abaixo: tabela na sintetizado estrofes, às uma. Aplicando encontramos estrutura essa oseguinte resultado, (a’,b’se divide partes, em três ec’), melódicas com duas repetidas, frases cada A estrutura binária, (a), binária, A estrutura se divide em (a’ duas partes, eb’), com duas Temos, portanto, neste momento, o Tabela 3: Estrofes C A D B E Ternária Ternária Ternária Binária Binária Tipo Frases de estrofes binárias e ternárias em “Paula de estrofes eternárias Frases binárias eBebeto”. a b b b a Nome Forma a a b a b a b a b b c c c 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 3a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 1a. Frase 3a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 1a. Frase 3a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 2a. Frase 1a. Frase 1a. Frase Frase corpus Qualquer maneiradeamorvaleapena Qualquer maneiradeamorvaleamar Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qual apalavraquenuncafoidita,diga Pena quepenacoisabonita,diga Qualquer maneiradeamorvaleamar Qualquer maneiradeamorvaleapena Eles amaramdequalquermaneira,vera Vida vidaqueamorbrincadeira,vera Qualquer maneiradeamorvalerá Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiradeamorvaleocanto Qual apalavraquenuncafoidita,diga Pena quepenacoisabonita,diga Qualquer maneiradeamorvalerá Qualquer maneiradeamorvaleaquela Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiradeamorvaleocanto Eles seamamepravidaineira,vera Eles seamamdequalquermaneira,vera Qualquer maneiramevalecantar Qualquer maneiraqueeucanteessecanto Mas nomeucantoestarãosemprejuntos,muito poroutrosassuntos,muitos Eles partiram Qualquer maneiradeamorvalerá de análise, enfim. Cinco de análise, elemen Letra - -

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 99  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 100 4 modal Mixolídio. de RE de SOL maior, que, no pela original, presença nota da DO, no ambiente estaria amor”, quando anota por DOoriginal um troca SI, ela reforça osentido melódico subverte osentido “qualquer original, ma-nei-ra”. Além disso, onde é“de o texto ‘qualquer maneira’. assume um Costa plano Gal dual, “qualquer ma-neira”, que no terceiro tempo, reiterando a mesma ideia, uma vez que é o mesmo o texto — intermediário (materializado discursivamente pela omissão nota da de passagem) coletivo pelo apagamento singularidade, da zona minorias. de expressão das Temos aí, portanto, um “qualquer maneira” à“minha maneira”. do Aparticularização O território intermediário subjetividade da do sujeito do parece discurso ser apagado. ‘maneira’.a palavra Do sentido original foi-RE, alterado dois, para em FA-RE. Consideremos correspondente, otexto asaber, foi gravaçãona original, ignorada. um plano Assim, melódico níveis, de três FA-MI mostra como anota gravação na de Costa MI, Gal nota de passagem anota para RE lidade discursiva; epolissemia no terceiro fio de materialidade discursiva. no primeiro fio de materialidade no segundo fio discursiva; paráfrase de materia éaúnica queanalisadas, apresenta ocomportamento que buscávamos: paráfrase original. melodia à relação diferentes para rias intérpretes, duas regravações não apresentam essas em desvio nesse fio de materialidade: anulando diferenças de transposição tonal, necessá Dessa forma, podemos nos ater, especificamente, no desvio que a regravação apresenta em relação ao original. ao em relação apresenta a regravação que desvio no ater, nos especificamente, podemos forma, Dessa análise. de elemento como interessa nos não básica atonalidade vez que uma acima, tom um para Costa Gal da gravação da atranscrição transpusemos melódica, acomparação facilitar para C), (em Costa Gal de gravação da acima tom um está D) (em Nascimento Milton de original agravação Como avançarmos. de explicitar, antes Com vistas a facilitar o raciocínio e o processo comparativo, consideramos uma questão metodológica que devemos devemos que metodológica questão uma consideramos comparativo, eoprocesso oraciocínio afacilitar vistas Com A Figura 3 ilustra um caso semelhante um caso 3ilustra A Figura ao 2,oapagamento Figura da do 2:Figura Transcrição comparativa frase da Passemos, comparativa enfim, diferentes à análise das frases Ficamos, então, com que, agravação de Costa, que Gal de as todas foram ma-nei-ra , chega-se ao deslizamento a’ . 4 . A Figura 2 2 . A Figura ma-neira . - - - o idioma em tonal torno gira de um centro definido (tonalidade), conquanto a so primeiro, provocam deslocamentos diversos, desencadeando aprodução de senti fuga”. inferências As interpretativas, entendidas como efeito metafórico sobre o discur tidirecionalmente pelo processo ao qual Orlandi (2012) onome dá de “sentidos em pela rede do interdiscurso memória. e da sentidos Os são diversos eproduzidos mul e, porquecerto não dizer, permitido. reforça oapagamento: não de qualquer o amor maneira, maneira da mas certa, “qualquer maneira” éreduzido àdualidade, eoapoio nota da SOL em “amor” modo mixolídio reforça o‘valer apena’; por outro, regravação na de 1978, oplano um território intermediário, ao mesmo tempo em que no grau 1 do a finalização um lado, versão na apresença original, nota da de passagem reforça aideia de de Gal, arepresentação “QUALquer seria ma-neira de aMOR vale apena”. Por ser representado por “qualque ma-NEI-ra de amor vale APENA”, regravação na em tornocas desse centro. Enquanto, gravação na de Milton, trecho esse poderia relaçõessuas de dependência; uma hierarquização afirma-se relações das melódi histórico esocial, não tanto sonológico. digamos assim, subjetivadas: asensação de repouso no modalismo éum um centro gravitacional (nesse caso, Sol Maior), no modalismo relações essas são, tonal, sobrevêm relações as de tensão erelaxamento que direcionam para aescuta entre modalconstrução pareça oscilar diferentes centros. Enquanto, no contexto Devemos ressaltar, neste momento, que, musical, linguagem da funções pelas As diferentesAs regravações de “Paula eBebeto” se relacionam àgravação original Considerações finais um contexto um centroAo tonal, se afirmar gravitacional afirmam-se e 3:Figura Transcrição comparativa frase da b’ . constructo - - - -

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 101  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 102 Pontes, 2001. Pontes, P. E. ORLANDI, 2008. versitária, FOUCAULT, Michel. 2012. Loyola, FOUCAULT, Michel. Nunes. Campinas: Pontes, 1999. p. 23-71. VALLON, Jean-Louis. Jean; DURAND, DAVALLON, Jean. “A imagem, de memória?” uma arte In: ACHARD, Pierre; DA 1990. teira, BARTHES, Roland. Oóbvio eoobtuso. 2ª. Rio Ed. de Janeiro: Nova Fron trói, portanto, acada repetição, acada reprodução, acada regravação eacada escuta. em outras: vezes, reafirmadas tecido às tórias mãos, construído a obra avárias se cons e Bebeto” um enunciado com novo gesto de enunciação é, sem dúvida, historicizar aobra eogesto; de efaz “Paula dos fios. Pensar em como cada um deslizamentos desses enquanto pode se materializar positiva ou negativamente —emultiplicam possibilidades as de sentido em cada um possibilidadesas de produção de sentido. Orlandi(2012) de uma parte hipótese que caso, arelação regravações — com eentre das o original — multiplica, elas portanto, constrói-seAssim, oque Orlandi (2012) chama de exterioridade constitutiva: em nosso comentário oenunciado. para está pressupõeainda, regravar mais Mas, o regravado. de memória ede condições de produção: pressupõe regravar ogravado, como assim o se relacionamções entre si ecom sob discursivo agravação original oviés por efeitos dos múltiplos ou, melhor dizendo, de múltiplas variações de sentido. Todas regrava as Referências bibliográficas proposta da dosA partir fios de materialidade, regravações se relacionam as — coloca a tensão constitutiva do processo parafrástico e polissêmico como epolissêmico estando parafrástico do processo coloca constitutiva atensão to do interdiscurso (ORLANDi, 2012:to do (ORLANDi, interdiscurso 12). nochamando sentidos efeito em fuga, ideologia, da do silêncio, no funcionamen em produzindo, diferentes partindo direções, tes, oque muitas vezes, estamos movimentos os contraditórios, podem processos, ser contrários, divergenesses sentido no mesmo objeto simbólico. posição nossa Daí de que, tensão entre na relação na agorapensando diferentes adesorganização, entre os movimentos de de de sentidos, constituição base na que, no Só funcionamento linguagem. da Análise de Discurso Análise Arqueologia do saber A ordem do discurso n sentidos possíveis, propagado em : princípios eprocedimentos. Campinas: O papel memória da . 7ª. Rio Ed. de Janeiro: Forense Uni . 22ª.ed. São Paulo: Edições n . Trad. José Horta direções, contradi ------cio”. dos; Guilherme; Miriam SILVA, SANTOS, In: CARROZZA, Telma Do Eni Puccinelli.ORLANDI, “Sentidos efeitos em fuga: polissemia da edo silên mingues da (Orgs.). da mingues Veloso. In: PaulaVALERIA eBebeto ANDRADE. (3’07’’). Milton Nascimento eCaetano mento eCaetano Veloso. In: RENATO Paula SPENCER eBebeto (4’54’’). CAXAÇA. eCAFÉ Milton Nasci to eCaetano Veloso. In: PAULO Paula LEPETIT eBebeto eGIGANTE BRASIL. (4’33’’). Milton Nascimen 1 LP. EMCB-7011. NASCIMENTO, Milton. São Minas. Bernardo do Campo: EMI-ODEON, 1975. vivoao momentos. melhores MPB 4. Paula eBebeto (3’46’’). Milton Nascimento eCaetano Veloso. In: Veloso. In: Paula AZEVEDO. eBebetoGERALDO (3’35’’). Milton Nascimento eCaetano Viva. Agua COSTA.GAL Paula eBebeto (2’05’’). Milton Nascimento eCaetano Veloso. In: Veloso. In: EMERSON Paula NOGUEIRA. eBebeto (2’50’’). Milton Nascimento eCaetano In: DÉCIO GOIELLI. Paula eBebeto (2’06’’). Milton Nascimento eCaetano Veloso. Veloso. In: DANIELA MERCURY. Paula eBebeto (2’54’’). Milton Nascimento eCaetano Veloso. In: SANDRONI. PaulaCLARA eBebeto (3’31’’). Milton Nascimento eCaetano Veloso. In: E14BOCA LIVRE BIS. Paula eBebeto (4’10’’). Milton Nascimento eCaetano agosto,Aires, 1997. 2º. Colóquio Del Plata Discurso. Latinoamericano eBuenos La de Analistas T.SOUZA, “Discurso C. do C. eImagem: de não análise verbal”. perspectivas MPBaby Veloso. Caetano Referências discográficas Rio de Janeiro: Philips, 1978. 1LP. Daniela Nós eCabeça de Mercury Todos. Cantorias & Cantadores 3. Boca LivreBoca e14 Bis vivo. ao Milton, Minas emais. Cassiopéia. Na esquina. Na Sujeito, Sentidos Sociedade, São Paulo: Tratore, 2007. 1CD. : Sonhos eSons, 2005. 1CD. Música preta branca... e etc... e branca... preta Música Rio de Janeiro: CID, 1999. 1CD. Rio de Janeiro: MCD, 2010. CD. 1 Janeiro: de Rio Peneirando. Rio de Janeiro: BMG, 2005. 1CD. Rio de Janeiro: Kuarup Discos, 2003. 1CD. Rio de Janeiro: Indie Records, 1CD. 2000. Ourense: Zouma Records, 2010. 1CD. São Paulo: Eldorado, 2013. 1CD. São Paulo: Tratore, 2005. 1CD. . Campinas: RG, 2012. p.11-27 MPB 4 4 MPB - - - -

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 103  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 104 1 ject presented. which Furthermore, subjects analyzes and are caused meaning effects rock'n'roll, get young people from different to urged be classes, the social in position-sub Cristo. From her, intent how song to realize contributes this to mark the Brazilian Legion) rock different band that mixes sound of the story tells John /linguistic of Santo canção. mesma na lhe disponíveis, estão efeitos que, esses embora sejam aparentemente divergentes, estão jovens nesse inserirem-se processo discursivo e relacionarem-se aos efeitos de sentido que queo imaginário se do espera roqueiro edo próprio diferentes das do e o irrealizado real “Faroeste sociais. Assim, classes Caboclo” rompe põeem funcionamento à linguística, construção aliada oembate entre oespelho/duplo Revolução: da com banda ocorpus da Urbana, canções Legião intitulada musical ejuventude. de Opresente mestrado dissertação da em éparte Letras, trabalho (2003);ra Ferreira-Rosa (2012), (1994); Souza aliado àconceituação sobre música, estilo em Pêcheuxdo francesa, de Discurso linha (1990, 2009); Orlandi (1997, 2012); Ferrei condições de produção discursiva àluz do referencial teórico-metodológico Análise da sentada. quais sujeitos Além disso, analiso e efeitos de sentido são provocados das a partir atingindo jovens de diferentes sociais, ao serem classes posição-sujeito instados na apre jetivo perceber de que maneira canção contribui essa o marcar para sonoros/linguísticos,traços ahistória de João narra de Santo Cristo. dela, ob Apartir caboclo. faroeste em brasileiro: jovens sonoridade os a e Sujeitos do/no rock caboclo, faroeste * Mestre em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE). E-mail: [email protected] E-mail: Paraná (UNIOESTE). do Oeste do Estadual Universidade pela Letras em Mestre Abstract: Palavras-chave: Resumo: efeitos de sentido Urbana. em Legião da canções Asonoridade canção, da “”, banda da de Faroeste Caboclo (Caboclo Western) asong is Urbana by Legião (Urban Análise de Discurso, Juventude, Análise Sonoridade. rock Cleverson Lucas dos Santos rock’n’roll Legião Urbana, Legião com diferentes Geração Coca-Cola, Filhos Filhos Geração Coca-Cola, , permitindo aos sujeitos rock’n’roll brasileiro, brasileiro, 1 * - - - - ological French of Discourse Analysis Pêcheux in (2009, 1990); Orlandi (2012, 1997); from the conditions of discursive production, on the of basis theoretical and method Letras, pautada na Análise de Discurso de linha francesa, intitulada de pautada francesa, de Discurso linha Letras, Análise na that are available to you, apparently divergent, but are the in same song. subjects to young enter on that discursive process, and relate of to the effects meaning of the rocker expected that is and the rock'n'roll the imaginary breaking itself, allowing mirror double /real from different and unrealized So, classes. social Caboclo Western of the songty combined construction linguistic put with place in the the clash between revolution: of effects meaning on songs of Urbana Legião (Urban Legion)". sonori The songs of Urbana Legião (Urban Legion) band entitled "Generation sons of Coca-Cola, and youth.style work of which This part the dissertation Letters, is in corpus had the as Ferreira (2003); Ferreira-Rosa (2012), (1994) Souza the allyed concept of music, musical 2 permitem perceber odito, no plano linguístico, verbal, easonoridade, não-verbal, que canções. especificamente Nodas caso canção da tem ofuncionamento verificar discursivo presente materialidade na esonora linguística brasileiros presentes em Orlandi (1997, 2012), Ferreira (2003) e (1984),Souza que permi curso. Aqui, dialogo com estudos de os Pêcheux (2009, 1990) ecom desdobramentos os seu solo trabalho Trovador Solitário (1982). bandas.outras Contêm do canções período banda da Elétrico Aborto (1978-1982) ede viduais e/ou coletivas compostas por , líder eparticipante desse grupo de Dois (1986), Que País éEste? 1978/1987 (1987), obras conterem por essas indi canções banda da quediscografia abarcou primeiros seus Urbana três Legião trabalhos, (1985), e (ii) o analisar tude em condições suas de produção, delimitando a(s) juventude(s) evocada(s) por elas; funcionamento discursivo produção na canções dessas de efeitos de sentido da/na juven corpus Revoluçã da Filhos ciados no processo analítico. processo no ciados Tomo o termo canção enquanto composição musical que reúne letra e música e cujos termos não podem ser disso ser podem não termos e cujos e música letra reúne que musical composição enquanto canção Tomo o termo as canções da banda da Urbana. canções Legião as objetivos Os eram (i) do trabalho o refletir Este artigo fundamenta-se noEste artigo referencial teórico-metodológico de Dis Análise da de em uma mestrado dissertação realizadas em análises das éfruto Este artigo Introdução Keywords: rock’n’roll Discourse Analysis, Youth, Discourse Analysis, Sonority. o: efeitos de Sentido Urbana, em Legião da canções que teve como enquanto musical estilo jovem. Para isso, utilizei um recorte da 2 “Faroeste Caboclo”, referências essas Geração Coca-Cola, Geração Coca-Cola, ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 105  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 106 possível epassível de ser dito. independentemente de sua condição socioeconômica eapontando ecultural, odiscurso frente diferentes acontestaçãoexpandiram-se às sociais, externalizando juvenil, classes sociais. Com isso, oque se mostraéque, em “Faroeste Caboclo”, fronteiras as do processostes de identificação, e/ou irrealizado espelho do diferentes real, as para classes disso, épossível vislumbrar aposição-sujeito brasileiro, esonoros com linguísticos traços que compõem brasileira. acultura Além do no roqueiro estilo uma identificação própria que de omarca, fato, enquanto BRock efeitos os destacando-se ra, de sentido produzidos dessa eobservan construção a partir rida no período ditadura da militar. canção, situando-a em Brasília, com sua espacialidade de capital projetada do inse país, vo inicial desse tipo de composição. Além disso, retomo condições as de produção dessa autores que dialogam com questões inerentes àmúsica, ao além do do imaginário diferentesnam-se formações desencadeando discursivas, identificações diversas que vão pois, diante composição, da sonoridade da posição-sujeito eda presentes canção, na acio justamente, o que para formações se espera do as imaginárias serem produzidos. Para oBRock, em meio aadversidades eapossibilidades que lhe avida oferece: efeitos de sentido a brasileiro. a história de Em de vida sua João traz letra, de Santo Cristo, um sujeito comum, sições de paradas sucesso hoje, das Ainda época. da écultuada como um clássico do longa, sem refrão, que, ao ser lançada em 1987, alcançou imediatamente primeiras po as juventudes asignificarem(-se) com ela. maneira amaterialidade esonora linguística oalcance do alarga rock, instando diferentes dição discursiva, tendo por horizonte política aabertura earedemocratização; ede que dialoga econfronta arede significante existente ainda época, na sob efeitos os inter da que medida presente odiscurso canção na de uma banda de rock brasiliense insere-se, política.de reabertura de meados década da de 1980, que do regime ofinal eoinício marca militar do processo mento eacensura impostos durante aditadura militar, condições as dadas de produção -dito, do silêncio, enquanto fundante: possibilidade do dizer; eosilêncio osilencia local: brasilidadeda presente nessa composição. Além disso, perceber fazem do traços não os sobreatuam musical oestilo rock, colocando-o enquanto próxima uma expressão mais A partir disso, passa-se à análise da canção, da àanálise em disso, sua passa-se materialidadeA partir linguístico-sono Além do referencial teórico referente necessário retomar àAD, outros faz-se “Faroeste Caboclo” éum marco história na música da brasileira. Uma composição partindo deNessa perspectiva, conceitos inerentes àAD, busco compreender em rock . rock brasileiro, éum sucesso que coloca em questão, João provocando nos sujeitos jovens diferen rock eàjuventude, público-al rock’n’roll e do roqueiro, roqueiro, do e rock rock ------

das ciênciasdas humanas, recolocando, nesse processo, osujeito sob não um viés subjetivista: que odiscurso mas aabarca. Psicanálise em uma disciplina de entremeio, colocando em questão alíngua, não mais todológico que conceitos reterritorializa do Materialismo Linguística, da Histórico eda 2003: 39). intelectualidadeda (FERREIRA, francesa como paradigma de formatação do mundo, ideias das toda uma para coisas geração e das década da Françana em de fins 60. coincide época Essa com oauge do estruturalismo como ponto de Michel trabalhos de os partida Pêcheux. campo analítico Esse tem início rico-metodológico (doravante de francesa de Discurso linha pela Análise AD) que tem canção “Faroeste Caboclo”, banda da Urbana, Legião opto um percurso por teó realizar rem efeitos de sentido. Diante disso, compreender para ofuncionamento discursivo da ao processo discursivo em que se inserem/são inseridos sujeitos, os instados aproduzi que consideravam, também, osujeito como consciente de si mesmo, responsável pela pro questionavam oprocesso histórico em seu caráter contraditório luta da de evisto classes; teoria subjetividade da de psicanalítica, que, base visto até então, ciências as humanas não (2012):reira-Rosa isso,para recorre entre àarticulação diferentes campos teóricos. oque Éisso aponta Fer dade de fora. ao devolve-a considerar A AD análises, às enquanto o discurso seu objeto; lecer como seu objeto fecha-se sobre alíngua, de si análise mesma, deixando aexteriori 2- Fundamentação2- teórica A AD articula, assim, materialismo articula, histórico,A AD ediscurso, linguagem sob uma instaurada peloA linguística corte saussuriano nos ao estudos linguísticos, estabe nasceu combatendoA AD oexcessivo formalismo earelação linguístico idealista Pêcheux, em meio adiversos embates teóricos, constitui um aparato teórico-me Música detêm eDiscurso aproximações possíveis, pois são significantes em meio Para a A rigor, corrosivo de mais faz oque aAD lantes submetem-se ao sistema linguístico sistema ao submetem-se lantes nossos). 2003: grifos 40; (FERREIRA, em voga época na esujeito, historicidade do nos conceitos de língua, sobretu sensível deslocamento um operando de área, terreno na linguística, própria REIRA-ROSA, 2012,REIRA-ROSA, p. 15, nossos). grifos ideologia epela o sujeito materiais condições édeterminado/assujeitado pelas xismo como determinante aparece e o inconsciente e dividido, descentrado , contrário à concepção cartesiana de que osujeito dono àconcepção cartesiana , contrário de élivre, sua vontade, Linguística Estruturalista, construída a partir dos trabalhos de Saussure, dos trabalhos apartir construída Estruturalista, é abrir um campo de questões no de questões interior campo da um éabrir ; na ; na Psicanálise deixados à margem pelas correntes correntes àmargem pelas deixados de Lacan, Lacan, de o “eu” aparece ; e para o ; e para (FER os fa os Mar ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 107  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 108 MORAES, 1985:MORAES, nossos). 20; grifos remete àprópria História – audição, aquilo que veio antes eaquilo que em poderá seguida, seja vir aquela que nos memória de tipo certo sem são próprias memória: da do trabalho também acoloca em relação ao construto do tempo, em periodicidade erecorrência, que mento amemória já existente. Jota de Moraes (1985), aorganização analisando musical, sustentaçãodá atodo o dizer. Éaquilo que, através do discurso, coloca em funciona dito’” (PÊCHEUX, 2009: 147; do grifos autor). Acrescenta, ainda, que: dada, determina pelotura estado luta da de determina ‘o classes, que pode edeve ser que, numa formação ideológica de uma dada, posição isto é, apartir dada numa conjun formaçõesexistem (FD) discursivas que odeterminam. Pêcheux aponta como FD “aquilo e de musical, arranjo compondo voltado um imaginário aelementos brasileiros. consigo uma traz roupagemnas, sonora que remete nordestina, àcultura de versificação elétricas, marcadoção por centrada enorte-america bandas inglesas guitarras no das uso que éproduzido no país. Além disso, em um musical estilo que tem asua instrumentaliza remete ao típico sertanejo nordestino ou, em uma acepção tornada depreciativa, àquilo e por nativos aconquista para do território estadunidense; aliado ao termo ‘caboclo’, que queracterísticas mesclam aventura aos embates promovidos econflitos por colonizadores os americano, cinema do tradicional gênero que serão promovidas dela no apartir interior do musical estilo do pela posição-autor composição na de uma canção de delase impõe fornecem apartir elementos que para se perceba oposicionamento assumi formações em discursivas, diferentes condições de produção/fruição discursiva. pré-estabelecido. São efeitos de sentidos entre interlocutores, os inseridos em diferentes inconsciente linguagem, na que o estilhaça dução dos acontecimentos históricos. équestionado Isso pela de pelo psicanálise Lacan, Tais fenômenos, por sua vez, Pêcheux, nessa delimitação em destaque, conceitua, também, ointerdiscurso, que É importante que do destacar processo discursivo, análise na dos efeitos de sentido A canção éintitulada aser “Faroeste analisada Caboclo”. efeitos Os de sentido que o próprio de toda formação discursiva é, dissimular, na transparência do sentidoo próprio dissimular, é, transparência que deformação na toda discursiva nossos). a dominação do complexo ideológicas formações (PÊCHEUX, 2009, das p. 149, grifos (ça“algo parle) fala” sempre “antes, em outro eindependentemente” lugar que essa reside objetividade como material no fato tal, formação de discursiva queessa nela contraditória a objetividade forma, se do que interdiscurso, material determina –seja aquela que nos reconhecer, faz no mesmo instante da não há como há não relacionar se com musical odado ligam-se diretamente memória, ao da que pois ligam-se sujeito uno consciente e westerns westerns ou de filmes faroeste, com ca suas rock com título. esse Há rupturas . Além disso, sentido há rock : aponta-se um para (JOTA DE , isto é, sob é, , isto ------sociedade presentes. estão Um período ditatorial impõe sobre aqueles que sob estão seu 3 contradições que se encontram presentes do ser formações jovem. nas imaginárias com efeitos de sentido diversos. 277). Na canção, efeito esse evoca diferentes sujeitos que irão dialogar diferentemente mentos nos efeitos de sentido no interior formações (PÊCHEUX, das discursivas 2009: deocorra maneira completa, falhando nos lapsos enos atos eprovocando falhos desliza comte faz que ainterpelação dos indivíduos em sujeitos do pela discurso ideologia não o predomínio do significante eoinconsciente, percebe que aexistência do inconscien ao constituirsua a teoria não subjetiva linguagem, da retomando arelação de Lacan entre reforça odito verbal. ereafirma linguístico são própria dos identificar usuários para adroga. Otrecho de musical associado ao maconha, da uso que éconfirmado pelo termo “bagulho”, expres com sua levada jamaicana, fazendo funcionar que oimaginário sobre recai estilo esse sentido advindos dela. Trata-se polifonia da sobre a materialidade sonora, que permite perceber efeitos os de atentomais ediscursivo sobre ocampo sonoridade da enquanto significante não-verbal. permitem que se diferenciem eritmos estilos musicais, (1994) Souza propõe um olhar pausas, respiração,nas na no fôlego, espaços complementares ao que éveiculado que -verbal, que compõe acanção: além de odiálogo fazer entre som esilêncio, presentes que écolocar em silêncio, como onão-dizer interdição. mentos constitutivos do dizer, como onão-dizer possibilidade; e, ainda, osilenciamento, esilêncio.discurso Aautora aponta diferentes formas de silêncio: enquanto um dos ele lidades de diante se dizer do interdito. Orlandi (1997) com trabalhou relação essa entre enunciação,da não-ditos, os oque ficou por dizer, bem como com diferentes as possibi jugo silenciamento einterdição. necessário, Faz-se então, dialogar com espaços os ‘vazios’ frase” (COURTINE, 2009:55). Utiliza-se aqui a noção de sequência discursiva enquanto “sequências orais ou escritas de dimensão superior à superior dimensão de escritas ou orais “sequências enquanto discursiva sequência de anoção aqui Utiliza-se Por ter sido composta em meio àditadura militar, efeitos os censura da sobre a “Faroeste Caboclo” inicia-se apresentando uma posição-sujeito consigo que as traz que importanteOutro aspecto nesta análise é próprio é o de que AD da Pêcheux, Nessa sequência discursiva SD01: queOutro aspecto será analisado aqui respeito diz àrelação entre verbal enão (LEGIÃO URBANA, (LEGIÃO URBANA, Logo, logo logo Logo, os maluco Que país éeste? Que 3 (SD), asonoridade remete posta aacordes do da cidade/Souberam da novidade/Tem da bom aí! bagulho 1978/1987, “Faroeste Caboclo”, 7, Faixa 1987). reggae sonoro não verbal sonoro verbal não reggae , ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 109  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 110 4 nação:tante da planejado em todos àresidência destinava-se aspectos, os de políticos (MARCELO, 2012: 20). espaço Esse éum ambiente privilegiado, se comparado ao res o jovem, nessa residia época, em Brasília, em superquadras uma das do plano piloto presidência do Banco do Brasil, e de do Maria professoraCarmo Manfredini, de inglês, outro Elétrico grupo, Aborto (1979-1982) associados bandas eram produzidos às pelos próprios integrantes, juntamente com fãs. os material produzido: surgiram, assim, gravadoras independentes, cujas roupas ecartazes não dependência de corporações grandes elaboração, para edistribuição divulgação do acordes, do músico não exigia perfeição, bastava-lhe vontade. era a característica Outra O 2012:SA, 16; nossos). grifos pelado pela ideologia, obviamente apreendido no interior história da (FERREIRA-RO centrado marcas. de apagar. àtona um presente real traz Isso nele através do inconsciente que lhe deixa discursiva de origem. Para cada sujeito, pontos existem relevantes eoutros que se preten e de que ocontrolaria conscientemente. ilusão, através dos esquecimentos constitutivos AD, da de que éaorigem desse discurso preendido enquanto partícipe do processo de interpelação do sujeito discursivo, com a constituírem-se com ela, mesmo que os se “perdem” sujeito todos Esse dias. os écom epodetantos ser ninguém. Odescolamento significante música da inúmeros faz sujeitos a projeção coloque dessa característica aperder muitos. Quem esse seria do “medo” referente aos sujeitos, principalmente aos jovens, em não está como esenhor livre de sua vontade, punk banda com ele no baixo, Fê na bateira e Pretorius na guitarra. (A HISTÓRIA DO ABORTO ELÉTRICO, sem data). ABORTO ELÉTRICO, sem DO HISTÓRIA (A guitarra. na ePretorius baixo, no Fê bateira na ele com banda uma formar para Fê e Pretorius e convidou acontecimentos os precipitou Renato Mas Inglaterra. na morando estava Muller, que André com banda uma montar de combinado haviam Lemos) eFê (Felipe Pretorius Sul. do África na Ainda em 1978, Renato conheceu André Pretorius, que andava na cidade vestido de de vestido cidade na andava 1978, que em Pretorius, Ainda André conheceu Renato A canção écomposta por Renato Russo ainda em 1979, quando ele integrava Renato Russo eseus colegas bandas consideravam-se, de várias inicialmente, sujeito Esse Ao entrar em contato com a canção, a significação coloca à mostra sua formação Uma vivência, será delineada uma narrativa ao longo dos versos. A expectativa SD02: , pois, submetido ao sistema linguístico, é constituído pelo inconsciente e inter éuma subdivisão do ele perdeu se (LEGIÃO URBANA, Faixa 4, 1987).Faixa , diferentemente do sujeito concepção da que o concebia cartesiana, Não tinha medo o tal do João medo quando otal de Não oque Santo Cristo/Era tinha diziam todos rock . Marcado pelo ideal você “faça mesmo”, com poucos é determinado e assujeitado, melhor dizendo, des dizendo, melhor assujeitado, e determinado é 4 . Filho de Renato da assessor Manfredini, Que país éeste? Que 1978/1987, “Faroeste Caboclo”, punk e era filho de um diplomata um diplomata de filho eera João João ? Pode ser . Talvez, punks . ------bem como de representações diplomáticas de diferentes Compõe-se países. enquanto e de seus familiares; de funcionários públicos do do alto escalão governo; de militares, representante expressão jovem, da constrói do que oimaginário se dos espera artistas, vida. sua meiam Violência, preconceito, corrupção, de drogas edisputas tráfico de poder ede amor per foi direto aSalvador”, que Brasília, buscando para migra novas oportunidades de vida. um sujeito supostamente nascido no interior que Bahia da “comprou uma passagem, Santo Cristo. Nela, alternando diferentes vozes verbais, ocompositor ahistória de traça a grande maioria uma canções, para melhor das assimilação. músicaslece aquatro as para três minutos de duração. Além disso, não refrão, há como que devisto mais nove os minutos alógica desafiam do mercado fonográfico, que estabe Urbana. canção de A extensa 159 versos foi um desafio rádios às e à crítica especializada, tude. Agravação em estúdio só ocorreu em 1987, no terceiro banda da Legião trabalho emisso um que estilo tem força na opoder de simbólica mobilizar guitarras ajuven das quena, remetem, sonoridade, na ao ao cordel, repente; linguística, e, estrutura na tudo silidade tanto em sua temática quanto em sua sonoridade. do defruto um alargamento promovido pela composição, que rompe fronteiras as próprias olemaexperimentar você “faça mesmo”. Osucesso obtido pela longa musical narrativa é tético musical, jovens os em bandas de de média-alta organizaram-se garagem classe para bilidade de voz àjuventude brasiliense existente Enquanto época. na um movimento es relação entre centro urbano (des)venturas e regiões nas periféricas de João. puderam estabelecer morada no Plano Piloto. Ahistória apresentada dialoga com essa balhadores que Brasília de vieram diversas regiões construíram do porém, país, não de um professor UnB. da contava com André Pretorius, do filho diplomata do Sul, eFê África Lemos, da filho nesse mesmo período em Brasília: em sua primeira formação, abanda Elétrico Aborto Estados Unidos. condição Essa socioeconômica por bandas surgidas outras perpassa espaço de média-alta; nele, classe de afamília Renato se instalou, após residirem nos rock eatinge formações outras juventudes, outras discursivas, com seus de traços bra O A canção é uma longa musical narrativa sobre experiências de as de vida João de Na composição de “Faroeste Caboclo”, nordesti incorporam-se cultura da traços O 3- O apresentadaA narrativa canção na com também contrasta realidade: essa tra os rock’n’roll rock rock promoveu música na estéticas rupturas mundial. Colocando-se enquanto por/para brasileiros , no final da década da , no de final 1970, com sua subdivisão punk , era uma possi ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 111  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 112 5 edo canções seudas público. Além disso, o se acena. para espera se altera: o recurso tos de maior ou menor tensão, como sonora em uma trilha de um asonoridade filme, canção, que identifica logo de início asua origem nordestina. Aos poucos, nos momen plexas. Acomposição posição-sujeito da populares não sabem ler eescrever, produzem mas composições ecom bem estruturadas de informações, divertimento eenfrentamento adversidades das muitos vida: da artistas históricos em seus desafios. noconstruídas momento mesmo apresentação, da de fatos utilizando-se cotidianos e/ou sonoridades eritmos. Ainspiração no repente nordestino remete àlógica de histórias em que se constrói um processo articulado àmelodia, narrativo que diferentes alterna de “Domingoestrutura no Parque”, de Gil, ede Gilberto “Hurricane”, de , composiçãoda éproveniente tradição da nordestina do desafio: tos tradicionais do por violão, [em] mas que [ele] ésubstituído progressivamente pela entrada dos instrumen Urbana,Legião seus trabalhos. também grava bandas são apresentadas. Com oapoio dos do Paralamas Sucesso, Renato, com abanda roqueiras compostas por jovens no mercado fonográfico, no mundo eno Brasil: novas tionamento composições. as para social Na década de 1980, consolidam-se bandas as notas ao mesmo tempo, uma delas no 5º grau da escala da nota em questão. em nota da escala da 5ºgrau no delas uma tempo, mesmo ao notas Atécnica O homem do encontra sertão sonoridade na oinstrumento canções de das repasse A canção retoma alógica norte-americanos, dos filmes seguindo atemática ea Trabalha-se uma sonoridade baseada no repente, em que “[a canção] é conduzida power chords Muito nacionalmente tempo ejá consagrado depois de de como Brasília sair olíder Renato —Não. que mesmo coisas Eram sem querer, sem perceber, trabalhando já vinha —VocêLeoni antes? personagens os não imaginou Dylan, queria fazia a minha ‘Hurricane’” aminha fazia queria Dylan, outro desejo: “Eu realizava também que, aletra, aoAssumiu fazer do povo oral brasileiro com atradição Seixas Raul de coisas no de “Domingo Gil, Parque” de Gilberto de “uma mistura que tratava se da Legião Urbana, Renato falou sobre Legião da aorigem de “Faroeste Caboclo”. repente do do improviso divisão da Éem cima portuguesa. língua na muito ritmo um fácil muitohá tempo hora ena vem que direto. escrever vai Eu sei porque foi fácil. power chords power rock consiste em realizar a batida apenas em algumas das cordas do violão, realizando duas duas realizando violão, do cordas das algumas em apenas abatida realizar em consiste (SIQUEIRA JR, 2012). JR, (SIQUEIRA : guitarra, baixo ebateria” baixo : guitarra, (MARCELO, 2012: 404). Aestrutura 5 , próprio do do próprio , João punk rock punk punk rock punk ampara-se nessa simplicidade complexa da da complexa simplicidade nessa ampara-se (MARCELO, 2012: nossos). grifos 404; traz novamente traz oprotesto eoques , dá a tônica, dá intensa e violenta que : brasileiro adora história”. contar queria imitar Bob Bob imitar queria Respondeu Respondeu Ela tem tem Ela - - - - leiro, movido por sentimentos nobres, acaba por proteger do uma família campo ou, até 6 dito, ser bandido éanterior àmorte de oindicativo pai, visto do modalizador “ainda pensava em ser bandido/Ainda quando mais com um de tiro soldado opai morreu”. No cacional ereligioso. situação Essa o acompanha desde a infância: “Quando só criança com que tem contato. aordem Contraria imposta ocomportamento para social, edu inseridos. estão podem seus processos de realizar identificação, formações em das que discursivas apartir ciclo desse sujeito dos Apartir marginalizados. complexo construído, diferentes sujeitos do próprio Estado. Não se enquadra socialmente e, por fim, acaba morto, fechando o brevivência? sujeito, Esse condições nessas àmargem está sociedade da discursivas, e frentam diuturnamente luta na adversidades agreste vida da as pela so agruras eas sofrepela diferentes terra, situações até cumprir sua missão. funcionamento, reconstruindo ahistória de de vida Jesus Cristo, que, em sua passagem religiosasremetem FDs permitem aos As sujeitos perspectiva. aessa nesse inserirem-se profissão “aprendiz de carpinteiro”, “plano santo”, “sem ser crucificado” e “via-crucis”, Jesus Cristo. Ao longo SDs dos etermos, versos, como algumas “João foi lhe salvar”, a me, que, àmemória medida, em certa também traz religioso de oimaginário figura da juventude(s) a(s) para um garoto àfrente de uma banda jovem. gerais, Sua destinada canção em seria, linhas róis, que éprópria juventude, da de marca sua de busca identidade. Renato Russo era seus expandir territórios. possam de terra ros, camponeses, jagunços, os acabam por que para exterminar proprietários grandes os mesmo, uma comunidade inteira. brasileiro, No caso a história mostra que pistolei tais 6). Dessa forma, opta-se, aqui, pela expressão juventude(s), pela pluralidade de conceitos disponíveis. disponíveis. conceitos de pluralidade pela juventude(s), expressão aqui, pela opta-se, forma, Dessa 6). (FREITAS, 2005: eamaturidade” ainfância entre vital ciclo do fase de àdimensão modo, algum de vinculam, se definições essas geração... uma todas social, Mas categoria uma populacional, contingente vida, um da período “A definição de juventude pode ser desenvolvida por uma série de pontos de partida: como uma faixa etária, um etária, faixa uma como partida: de pontos de série uma por desenvolvida ser pode “Ade juventude definição Nos de filmes faroeste, vale alei do forte. mais No cinema, geralmente, opisto Diante do padrão João esperado social crianças, as para subverte instituições as SD03 Quando já ainda adura experimenta criança, do vida sertão. Quantos Joãos en Santo Cristo pode ser tanto sua cidade de origem interiorana e/ou seu sobreno cinematográfico, imaginário A esse acomposição alia-se de heróis e/ou anti-he Caboclo”, 7, Faixa 1987) (LEGIÃO do URBANA, altar caixinha na aprendeu/Iaroubar pra só igreja dinheiro/Que o colocavam para velhinhas as Era o terror da sertania onde morava/E na escola até onde oprofessor escola na morava/E com ele sertania da Era oterror 6 . Então, ésobre parcela essa que supostamente primeiro. significaria Que país é este? Que 1978/1987, “Faroeste “Faroeste 1978/1987, ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 113  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 114 consideradas sociedade: na inadequações éaexpressão das edos desajustes desses sociais emria, muitos ao campo casos, do não-dito, situações das que ocorrem, que mas não são que rompendo expostos, estão osilêncio. Orlandi (1997) aponta que osilêncio sibilidades apresentadas canção na aexposição significam violência da simbólica efísica a ao ver disso, sua da ocorre oreal história aidentificação, exposto. Apartir em que pos as de adversidades, suas uma expressão artística que podem ter um efeito de espelhamento possíveis efeitos os de sentidos relativos àqueles que àmargem estão eem contato com mercadológico. zação de São viagens. tentações proporcionadas pelo sistema que seu tornam imaginário privações ecom empenho pela mostradas coisas televisão as alcançar para e/ou areali menosnas favorecidas, um sonho expressam distante, que após pode anos de se realizar diferentes mais das e de sociais: pessoas classes confirem alimentar quanto família, da adquirir para mais produtos os que moda na estão eque aquilo que se deseja. Quando amargem, se está dão recursos os mal a subsistência para doquanto Ocaminho crime ésempre de obter sua parte para estrutura. curto omais mais”. daqueles aperspectiva seria Essa que, àmargem do en sistema, não se visualizam XIX eXX. XIX desenvolve conceitos esses com relação revoluções às dos séculos esocialistas francesa semprehá ojogo entre ou ser mais menos espelhamento e/ou irrealizado. Pêcheux (1990) formações são heterogêneas, constituídas pela contradição fluídas, epela luta de classes, duplo, que espelho FDs do sujeitos os real, nas eodo irrealizado se inserem. Como tais No exposto para aqueles Nopara exposto que estão à margem, apresentado o discurso pertence condições Dadas as de produção juventudes das diferentes das sociais, são classes favorecidas, mais classes Nas ações são corriqueiras tais equase insignificantes; SD04 A posição-sujeito Daí decorre que ofuncionamento de dois importantes: se apartir dá aspectos odo status é a possibilidade para o sujeito de trabalhar sua contradição constitutiva, aque ositua constitutiva, contradição sua osujeito para de trabalhar é apossibilidade dade significativa (ORLANDI, 1997: (ORLANDI, dade significativa nossos). 23; grifos sempre ver que todonos remete se que discurso deixam reali dá lhe aoutro discurso do ‘um’ relação na com o‘múltiplo’, país éeste? própria, escolheu asolidão escolha (LEGIÃO poder viajar/De ro para URBANA, ereconhecimento social. : Ele queria sair para ver o mar/E as coisas que televisão/Juntou na ele coisas as via dinhei ver: Ele omar/E para queria sair 1978/1987, “Faroeste Caboclo”, 7, Faixa 1987) João expressa anseios, expressa desejos próprios eincertezas juventude da a que aceita areduplicação eodeslocamento que Que Que ------cava positivamentecava sujeitos. esses para sujeitos de e, um talvez, herói que enfrentou osistema eque, mesmo morrendo, signifi Escobar nome de Pablo, “um Bolívia”, na queperuano vivia pode ser associado ao de Pablo de aperspectiva prosperar,ta-se um negócio tornando-a rentável. Na música, o cionais. fato Esse com faz que a‘normalidade’ do padrão também social seja questionada. cessidades imposições existem financeiras, de ordens: outras religiosas, educa culturais, vências com quais não as terão contato. É claro que, que sociais em classes não têm ne um submundo sem limites e/ou imposições. Veem nessa representação dificuldades e vi 7 sujeitos conjugam FDs. suas cantar. Inconscientemente, herói ou anti-herói, ou espelho irrealizado do real, os convocação sujeitos: os para échegada ahora de coro, fazer de inserir-se nesse anteriores. pessoais características sonoridade A intensamais promove, aqui, uma com uma e/ou pessoa comunidade diferente, a protegê-la, passavam negando suas comofaroeste, tal pistoleiros,os matadores dealuguel que, aoentrarem em contato rio deram contade adequá-lo sociedade.à Eleaté tentou escapar, como nos de filmes não isso comimporta: pai o assassinadoseme mãe, nem igreja, escolaou reformató que se quiser com desse ela, imaginário. éfruto novamentevem tona: à possibilidade a mão, comna de umaestar arma fazendoo fácil, sem qualquer esforço, além de respeito epoder. O mundo cinematográfico sociais. Ofascínio que do avida estruturas crime proporciona étentador: dinheiro com drogas, aindaperar mais enquanto as liberdade expressão da esubversão das era um ricos dos epoderosos mais do mundo. traficantes de dólares, sendo apontado pela revista Forbes como o terceiro homem mais rico do mundo (JAU, 2014). mundo do rico mais homem o terceiro como Forbes revista pela apontado sendo dólares, de a3bilhões superior pessoal fortuna uma eacumulou Medellín de oCartel fundou Escobar dólares. de 100 de mais milhões mensalmente amovimentar chegaram Escobar por comandadas criminosas organizações As mundial. história da criminosos maiores dos um Gaviria, Emilio Pablo Escobar etemeu conheceu aColômbia XX, século do metade asegunda Durante Luta entre de obem No e omal? João, caso como muitos, marginalidade, na SD05: Há, nesse sentido, apossibilidade aburguesia para (e época da de atual) pros À sensação de liberdade, e coragem, prazer associada ao de uso drogas, jun média JoãoPara ealta, classes as representa um irrealizado, no sentido de adentrar 7 , fundador de do Medellín cartel Colômbia na eque, já década na de 1970, Faixa 7,Faixa 1987) general (LEGIÃO URBANA, nenhum medo tinha de polícia/CapitãoFederal/Não playboy ou ou traficante, Agora o Santo Cristo era bandido/Destemido era oSanto Cristo Agora etemido no Distrito Que país éeste? Que 1978/1987, “Faroeste Caboclo”, ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 115  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 116 engajamento com odito/sonorizado. do uma sequência melódica marcante, mais que ao permita público aadesão eo buscandoo padrão talvez compensar ABAB, aausência de refrão eproporcionan versos pares. Porém, em determinadas sequências, alternadas, seguindo tornam-se quepação as ricas; são há com chamadas rimas salteadas, as colocadas dos ao final estrofes de oito versos. Com sonoridade na base expressão oral, da não apreocu há dada sua condição de marginalidade. general produzir para atentados, não aceita, sabe que mas terá implicações, isso condição não dura, esua constituição histórica ochama: ao ser procurado por um “E de todos pecados os ele se arrependeu”, fê-lo voltar aser carpinteiro. essa Mas corpo”, jogado àsua condição inicial. nível não social, escapou mas do destino epreso sofreu “violência eestupro do seu Passa afrequentar que, locais sem dinheiro antes, não podia adentrar. Mudou de é rápido; consolida-se como de um traficante renome, eliminando aconcorrência. droga comum entre ajuventude ‘descolada’ condições das de produção. Oretorno foi começar”. mais: “elaborou uma vez mais seu plano santo/E sem ser crucificado, aplantação maneiras. Diante promessas das do Estado, em geral não cumpridas, era preciso subempregos, sua dadas esua escolarização formação, era preciso encontrar outras lhador ariqueza. alcançar Considerando asituação de João, de acesso somente a a lógica capitalista de exploração do trabalho, não proporciona anenhum traba futuro, onde trabalhar, irá de forma convencional que, considerando eassalariada, O próprio Renato, comenta em entrevista, processo esse de composição: “Faroeste Caboclo”, ao alógica seguir dos desafios nordestinos, inicia-se com Terá outra chance pelo amor de Lúcia. o amor Maria Seria sua redenção? João chance terá essa ao àBrasília: espécie se dirigir de Oásis, projeção de

sor, em Salvador. ele tem que parar vindo? foram JoãoFoi: medo do ‘Não otal Santo Cristo...’ tinha efoi embora. James Dean, rebeldeJames Dean, 2012; sem (SIQUEIRA causa JR, nossos). grifos lugar. Basicamente já sabia queser. ia de tipo história Éaquela mitologia do herói, Renato — foi —O enredo também Leoni improvisado? Você saiu ideias escrevendo e as Renato —‘Faroeste Caboclo’ A riqueza então chegou. Oplantio sugerido SD na éde maconha, As coisas foram aparecendo por causa de rima. Se eu do profes falo Se de rima. foram por aparecendo causa coisas As escrevi em duas tardes sem mudar uma vírgula uma sem mudar tardes em duas escrevi Se fosse outra rima ele ia parar em ele outro parar ia rima outra fosse Se . - - - - um suaves ritmo mais evocal nos primeiros fortes versos nos emais últimos. A de faroeste ou de ação. colada do real; ela pode ser verdadeira ou não. quem Seria, um sabe, filme mais não acreditou história na que TV”. na eles Aviolência viram virou espetáculo, des quem. de No João, caso seu faroeste se real completa: “e burguesia aalta cidade/ da de e quê do independentemente entretenimento, pelo sucesso, pelo informação, sendo ele próprio o espetáculo em sua condição, a mídia é a busca dos sujeitos pela João. Desde osonho de ver até omar ofato de seu duelo ser transmitido ao vivo, cipal conector entre orações: as quais público epersonagem respiram aliviados, até opróximo embate. sonora quetrilha fílmica momentos alterna de tensão emomentos leves, mais nos de maneira muito empenhada. mais sonoridade da Aconstrução remete auma excluiu. Arevolta novamente elança é aberta osujeito ao mundo do crime, agora dades são aos policiais, várias: aos colegas de cárcere, ao próprio sistema, que lhe pessoa: “ mesclandotrecortadas, em odiscurso de pessoa 3ª um narrador com de o uso 1ª pautada een consigo sequências tradição na oral, várias traz curtas discursivas energia, com tensão, batida forte esons abafados. composição, da Aestrutura canção. da base momentosrítmica, alternam-se de uma batida intensa eoutros que compõem a 10ª da estrofe, progressivamente Apartir reflexão. insere-se a violência batida na João émandado ao inferno; acordes, os tocados de maneira dedilhada, sugerem ea18ª deestrofes tamanho. A9ª variam estrofes apresentam situações em que dinheirogue efrequenta nobres áreas cidade. da desse momento, Apartir as diretamenteassociando-se em àfase que João produz evende maconha, conse do verso 57,partir estrofe, a8ª já apresentada, éexecutada batida na de Até o verso 56 (7 estrofes com 8 versos), uma sequência segue-se que alterna Por fim, apresença midiática do sonho ilusão eda éuma constante para SD26: No relato sobre João de Santo Cristo, àconjunção recorre-se ‘e’ como prin A presença dos e, depois, militares Jeremias a do rival émarcada por essa — Vocês vão ver, eu vou vocês” pegar te Caboclo, Faixa 7, Caboclo,te Faixa 1987, nossos) grifos mas deiro com quem foi falar/ Salvador/ a direto João foi lhe salvar (LEGIÃO URBANA, Que país é este? 1978/1987, éeste? Que país João (LEGIÃO foi URBANA, salvar lhe Faroes Ficou de achar resposta/ tentar cansado E lá chegando lá foi tomar um cafezinho/ E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder e ia a viagem/ passagem o boiadeiro uma tinha . Aquem se dirige João? possibili As E comprou foi passagem, uma E encontrou um boia um encontrou reggae , ------

 Dezembro/2016  Ano I  Pagina 117  Dezembro/2016  Ano I  Pagina 118 rock mesclar tudo isso, ampliando fronteiras as daquilo que esperado seria o para oquefazer se quiser, sem limites e/ou responsabilidades. Por à sonoridade fim, cabe desencadeando o processo de catártico, estética, onde fruição se pode ser quem quiser, ciente, do anti-herói, daqueles que não vivenciaram enão vivenciarão situações, tais outro lado, produz nesses mesmos sujeitos asensação do irrealizado, do desejo incons produz em muitos sujeitos asensação de se ver representado produção na Por artística. consequênciasúltimas Lúcia, (Maria que morre junto com João). Mesmo morto, João de aventuras, ousadia, iniciativa, liberdade busca da e poder, do amor que até vai as canção,da desencadeando processos os de (contra) identificação com para ela. formações perceberão discursivas, diferentes histórias, constituindo-se enquanto sujeitos apenas acenou-lhe, não foi mas de capaz mudar seu destino. sujeitos, Os em diferentes sem ver sua realidade transformar-se; não atentativa vingou; regular de oamor trabalho Santo Cristo permanece àmargem: ao radicar-se em Taguatinga, cidade-satélite, continua por ser construído, não contaminado seria humanas. Porém, mazelas pelas oprojeto de que lhe éimposta. Acidade de Brasília surge em meio ao cerrado, como um lugar que, mocinho ou misturado. tudo isso Aposição-sujeito dialoga com uma dura realidade composições. suas detinha para zem através dela eoduplo oirrealizado do real, ampliando limites os que o norteandocas, permite Isso que FDs. suas sujeitos de diferentes reali sociais classes mostra aideologia que permeia as eque eficazmente atuam formações nas ideológi plano, permitindo que dialoguem em diferentes efeitos de sentido. próprias, além de perceber uma posição-sujeito que diferentes alia em um FDs mesmo mitiu redimensionar o repressão delas. são militar algumas decampo eafalta oportunidades cidades; nas opreconceito racial esocial; acensura ea desigualdades diferentes das regiões; o contexto a violência sócio-histórico-cultural; no memória da análise discursiva com relação aos processos migratórios dentro do Brasil; as versos edesdobramentos caminhos dessa música em possibilidades ficaram aberto. As de possibilita muitos a serem caminhos em do diversas áreas trilhados, conhecimento. Di caboclo, faroeste brasileiro. brasileiro. faroeste caboclo, Em “Faroeste Caboclo”, oespelhamento aponta acomposição para do herói, diferentesAs leituras parecem lhes únicas. João éherói eanti-herói, bandido e São juventudes que, no processo de significação diante canção, da põem à Neste recorte, optou-se amaterialidade por que trabalhar linguístico-sonora per A música “Faroeste Caboclo”, de Renato Elétrico; Russo (Aborto Urbana), Legião Considerações finais rock enquanto expressão também brasileira, com culturais marcas rock’n’roll rock’n’roll : - - - - -

LABOISSIÈRE, Marília. Marília. LABOISSIÈRE, JOTA J. DE MORAES, br/pablo-escobar/> em Acesso 11 Ago. 2016. nico. em 21 Atualizado Nov. 2014. Disponível em em Acesso 11 Ago. 2016.

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