Ri f orter Consultoria em Ord enamento do Território, Lda.

PLANO

ESTRATÉGICO DE

DESENVOLVIMENTO

DE PONTE DA

BARCA

ESTUDO PRÉVIO

PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO DE PONTE DA BARCA ESTUDO PRÉVIO / Nov. 2006

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J.A. Rio Fernandes (coord.)

NovemNovembrobro de 2002006666

ÍNDICE

CARACTERIZAÇÃO

9. Turismo

(Luís Saldanha Martins)

Coordenação: José Alberto V. Rio Fernandes

AAAcçõesAcções de envolvimentoenvolvimento: Mário G. Fernandes (entrevistas e inquéritos)

ColaboraçãoColaboração: Pedro Chamusca, Bruno Pires, Ana Silva e Ângela Silva

(levantamentos de campo, com registo fotográfico e geo-referenciação)

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Caracterização

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9. TURISMO

9.1. Introdução

A componente do «turismo» que é apresentada integra o Plano Estratégico de

Ponte da Barca, pretendendo-se aqui enunciar um conjunto de linhas estratégicas que orientem o desenvolvimento do município, considerando-o como parte incontornável tanto da definição da estrutura territorial, como da projecção e notoriedade exterior. A componente do turismo será estruturada de forma objectiva e ponderada, tendo como referência um cenário temporal equivalente a dois ciclos eleitorais. A organização do texto passará por quatro alíneas, a primeira e a segunda enunciado um conjunto de aspectos de enquadramento e de diagnóstico da situação do turismo, a terceira e a quarta produzindo uma análise do quadro de referência que baliza a actividade turística desejável e futura, apontando igualmente linhas prospectivas e as grandes tendências propostas para o desenvolvimento do turismo em Ponte da Barca.

Importa, desde as primeiras linhas de desenvolvimento do tema e como afirmação de princípios, declarar o reconhecimento da importância e até da imprescindibilidade, em articular as iniciativas e as actividades associadas ao turismo com o quadro urbano, com as componentes rurais ou naturais e com a conservação e protecção das paisagens, nomeadamente humanizadas, ou com as tendências e a agenda cultural. Acresce que, na actualidade, o turismo afirma-se,

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igualmente, como uma referência para a qualidade de vida ou para as características dos serviços prestados às populações, confirmando a actividade turística ser um dos importantes vectores do ciclo de desenvolvimento que percorremos. Sublinhe-se, igualmente, que muitas das actividades de turismo bem como a criação de produtos turísticos relevantes, deverão passar pela integração em dinâmicas que ultrapassem as referências territoriais do município, sendo importante sem dúvida a afirmação da identidade local, mas também a articulação com outros territórios para a assunção da massa crítica que potencie a penetração em mercados mais amplos.

9.1. QQuadrouadro de referência e apontamentos de diagnóstico

A situação conjuntural que se atravessa, a par do desenho de um desenvolvimento estrutural assente ainda no longo e significativo processo de crescimento pós segunda grande guerra mundial – os «trinta gloriosos» – reforçam a importância da incontornável e profunda interligação entre as dinâmicas expansivas, regressivas ou de estagnação que animam os países individualmente ou no seu conjunto. Esta perspectiva de maior amplitude, permite evocar as grandes tendências que têm caracterizado o turismo internacional nas últimas décadas, sem que todavia se deixe de justificar abordagens a diferentes escalas – do país ao lugar – que permitam esmiuçar algumas linhas identificadoras que são marcas indeléveis do território em análise.

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TendênciasTen dências do turismo internacional

Longo processo de crescimento que culmina numa “indiferente incerteza”

Deslocações intra-continentais e procura de destinos «seguros»

Pulverização dos mercados e das clientelas

Explosão da comunicação entre áreas turísticas e potenciais clientes em experiências virtuais num novo mundo «on-line»

Novidade dos transportes aéreos de baixo custo

O turismo mundial percorreu desde os anos 50 até 2001, um período de crescimento quase ininterrupto, que culminou numa fase de imensa euforia, marcada pela «dupla» passagem do milénio. Na actualidade, a actividade turística, atravessa uma fase de renovada energia que se expande sobre as ondas de choque provocadas pela série «negra» de acontecimentos que esmoreceu esse longo crescimento, com epidemias, acidentes, desastres naturais e terrorismo, que marcaram em permanência o fim do século XX e o arranque do XXI. Os movimentos de turistas nos anos de 2004 e 2005, não só deixam transparecer o esmorecimento nas memórias individuais e colectivas dos acontecimentos anteriores, como evidenciam o reforço do turismo intra-continental (em 1998 na

Europa 87,4%) assente essencialmente em opções por destinos «seguros» de proximidade.

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Evolução do número de turistas em milhões (1950-2005)

900

800

700 Mundo Europa 600

500

400

300

200

100

0 1950 1955 1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Fonte: Organização Mundial do Turismo

Paralelamente, regista-se uma acentuada tendência para o aumento do número de deslocações, repartidas ao longo do ano, e uma contracção na duração, sobretudo do período mais longo. Desde os anos 90 que esta alteração se foi acentuando, sendo acompanhada pelo aumento na diversidade dos destinos, acrescentando aos mais tradicionais uma panóplia de alternativas que permitem criar domínios de forte especialização e a segmentação de mercados e clientelas.

Continuando o destino «sol e mar» a constituir a primeira e principal opção, a cidade, o rural e a montanha, assentes em fortes componentes de preenchimento cultural e ambiental – esta como clara extensão cultural – têm visto fortemente reforçadas as respectivas cotas no mercado de viagens.

A comunicação entre visitantes e destinos tem igualmente sofrido fortes transformações, sendo sucessivamente reduzida a presença de «intermediários», na medida em que os potenciais consumidores passam a utilizar pesquisas na

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«Internet» como grande meio de acesso à informação, à preparação das deslocações e à aquisição. O Reino Unido, em 2004, registava uma percentagem de reservas «on-line» já superior a 50% do total enquanto a França tinha ultrapassado os 30%, muito próximo dos valores de reservas efectuadas em

«agências de viagem».

Nas deslocações realizadas na Europa, o transporte individual continua a representar uma muito importante componente, tendo-se registado em 2004 um volume de chegadas de turistas na ordem dos 54% em veículo automóvel próprio, facto que deve merecer uma cuidada atenção sobretudo num período de crescente saturação dos transportes aéreos nos picos de férias, mas também num período em que a aviação de «baixo custo» explodiu numa ampla gama de oferta de destinos.

Tendências do turismotu rismo nacional

Apresentação do «Plano Estratégico Nacional do Turismo» e articulação com o

PNPOT

Reforço da concentração da oferta turística no Algarve, Lisboa e Madeira

Concentração da procura nos mercados espanhol, britânico, alemão, francês e holandês

Dominância do “sol e mar”, “golfe”, “circuitos” e “curta duração”

As actividades turísticas em encontram-se balizadas entre duas referências essenciais: o «Plano Estratégico Nacional do Turismo» que enuncia as linhas mestras para o desenvolvimento das actividades turísticas na componente

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territorial e na definição dos «produtos» a promover, e a consolidação dos principais indicadores da actividade turística.

O «Plano Estratégico Nacional do Turismo» foi apresentado em Janeiro de 2006, na Bolsa de Turismo de Lisboa, tendo como cenário temporal de referência 2015.

Este quadro temporal visa implementar cinco grandes eixos que permitirão ancorar a intervenção no turismo nacional: Eixo I – Território, Destinos e

Produtos; Eixo II – Marcas e Mercados; Eixo III – Qualificação de Recursos; Eixo IV

– Distribuição e Comercialização e Eixo V – Inovação e Conhecimento.

Admitindo que o quadro de referência definido para cada um dos eixos permitirá alimentar intervenções preferenciais e imprimirá uma renovada dinâmica às acções a lançar no futuro imediato, são destacáveis algumas componentes que seguramente se mostrarão da maior importância na consolidação da actividade turística do . Nesse sentido, lembrando a visibilidade que, na perspectiva territorial, é conferida à proposta de criação de novos pólos de atracção turística a desenvolver no Alqueva, no Litoral Alentejano, no Oeste, no

Douro, na Serra da Estrela, em Porto Santo e nos Açores, importa sublinhar que os «produtos» seleccionados são igualmente relevantes para outras áreas do país, a exemplo da importância da «Gastronomia e Vinho», do «Touring cultural e paisagístico», da «Saúde e Bem Estar», do «Turismo de Natureza» e do «Golfe».

No plano das «Marcas e Mercados», destaca-se a «Dinamização dos mercados de proximidade», as «Parcerias internacionais para acesso a novos mercados» e as

«Ferramentas de aproximação aos mercados», a exemplo do «e-marketing», que constituem aspectos de importância incontornável em destinos com as

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características de Ponte de Barca. Em relação à qualificação dos recursos humanos e dos serviços, as referências produzidas devem merecer a maior das atenções: «Certificação de qualidade: serviços e destinos, Sistema “Rótulo

Ecológico Europeu”, Projecto “Sinalização Turística”, Programa “Melhor Informação ao Turista”, Calendário anual de “Animação Turística” e Prémios de boas práticas». Destaque-se ainda, e finalmente, o «reforço da presença on-line dos destinos» e o «apoio a projectos de inovação» que podem constituir-se como

«imagens de marca» de um território com as potencialidades e o nível de desenvolvimento turístico de Ponte da Barca.

No que respeita à dinâmica do fenómeno turístico, Portugal encontra-se numa fase consolidada, sendo pouco significativas as alterações nos ritmos de evolução dos principais indicadores, ou nas características dos turistas chegados às fronteiras. Assim, apesar da forte turbulência dos mercados internacionais, dos acontecimentos registados ou dos eventos decorridos, o turismo nacional atingiu em 1998 um número de visitantes e de turistas relativamente elevado; nos anos seguintes conseguiu manter o valor atingido, sem grandes oscilações, e a partir de 2002 conseguiu inclusivamente aumentá-los, ainda que ligeiramente. As dimensões relativas da oferta turística não têm sofrido também alterações significativas, permanecendo uma hierarquia que atribui ao Algarve, a Lisboa e à

Madeira, cerca de 75% das dormidas, quase 70% da capacidade de alojamento e metade dos estabelecimentos hoteleiros. Estas constituem indubitavelmente as

áreas de turismo de maior densidade e intensidade de ocupação, tanto mais que o alojamento no Algarve se encontra numa estreita faixa costeira, concentrados essencialmente nos municípios de Albufeira, Loulé e Portimão, na Madeira nos

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municípios do Funchal e Santa Cruz e em Lisboa nos municípios de Lisboa e de

Cascais.

A oferta nacional continua desta forma especialmente ligada a processos de concentração, onde é possível encontrar simultaneamente os estabelecimentos hoteleiros de maior dimensão, numa estreita relação com os motivos “sol e mar”,

“golfe”, “circuitos” e “curta duração”.

Total de estabelecimentos de alojamento e hotéis por Nut’s I e II (31.7.2002)

450

400 Esta. Tot.

350 Esta. Hot.

300

250

200

150

100

50

0 Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve RA dos RA da Açores Madeira

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo.

As dinâmicas registadas no alojamento hoteleiro, nas suas múltiplas tipologias, continuam a representar um dos principais indicadores para a actividade turística, razão pela qual se sublinha a evidência de que as áreas acima mencionadas constituem os grandes focos de massificação do turismo português e,

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simultaneamente, aquelas mais responsáveis pelo contributo do turismo para a economia nacional. Nestas três áreas convivem ofertas muito diversificadas, com uma grande segmentação dos serviços prestados, entre tipos de alojamento indiferenciado e sofisticado e com uma gama de relações qualidade/preço muito ampla.

Total de estabelecimentos de alojamento e hotéis no «Norte» por Nut’s III (31.7.2002)

450

400 Esta. Tot. 350 Esta. Hot.

300

250

200

150

100

50

0 Minho-Lima Cávado Ave Grande Tâmega Entre Douro Douro Alto Trás- Porto e Vouga os-Montes

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo.

Os valores registados tornam igualmente evidente que apesar do «Norte» continuar a deter um número elevado de estabelecimentos, dominam as pequenas e micro empresas, com uma capacidade de alojamento relativamente reduzida, agudizada por taxas de ocupação significativamente baixas, pelo que se registam valores do número de dormidas pouco expressivos, tendo como consequência inevitável uma diminuição geral da diversidade de oferta, onde a sofisticação é mais difícil de encontrar e a satisfação da clientela mais difícil de alcançar.

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Capacidade de alojamento total e em hotéis por Nut’s I e II (31.7.2002)

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo.

Indicadores do alojamento hoteleiro (2002)

Estabelecimentos (31.7) Capacidade de alojamento (31.7) Dormidas Hóspedes

Nut’s Total Hotéis Total Hotéis Total Hotéis Total Hotéis

Norte 436 107 31308 16317 3262430 2093096 1845700 1179107

Centro 371 116 31242 17078 2875953 1876107 1565297 1043691

Lisboa 291 127 42591 30933 6531055 5018928 2818181 2237674

Alentejo 122 22 8432 2665 998586 384837 613775 261567

Algarve 428 79 94089 21007 14294303 4040110 2468256 892331

RA dos Açores 63 24 5388 3686 777935 595960 249179 185768

RA da Madeira 187 50 26853 13041 5468706 2603807 986504 500854

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo.

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Volume de dormidas total e em hotéis por Nut’s I e II (2002)

Fonte: INE, Estatísticas do Turismo.

O quadro geral da oferta de alojamento encontra alguns aspectos relevantes no contraponto com a procura, na medida em que uma significativa parte dos visitantes, tanto excursionistas como turistas, ou das dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, é assegurada por um número restrito de países, essencialmente cinco, todos europeus, entre os quais avulta a Espanha, numa clara manifestação da importância da proximidade nas deslocações de turismo.

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Estimativa de entradas de visitantes estrangeiros por via

1998 1999 2000 2001 2002 2003

Terrestre 21548374 21775813 22503762 22702660 21934238 22053334

Marítima 259761 293027 272179 188453 187077 316661

Aérea 4751596 4947467 5238022 5258798 5072605 5162359

Total 26559731 27016307 28013963 28149911 27193920 27532354

Fonte: DGT

Estimativa de entradas de visitantes estrangeiros por duração da estada

1998 1999 2000 2001 2002 2003

Turista 11294973 11631996 12096680 12167200 11644231 11707228

Excursionista 15029946 15119624 15690942 15813865 15388763 15535588

Em Trânsito 234812 264687 226341 168846 160926 289538

Total 26559731 27016307 28013963 28149911 27193920 27532354

Fonte: DGT

Os principais mercados de há muito estão definidos e, para além da Espanha, incluem o Reino Unido, a Alemanha, a França e a Holanda. Estes cinco países desde 1998 representam mais de 91.5% do total dos visitantes entrados em

Portugal. Os turistas provenientes destes mesmos cinco países representam mais de 81% do total, o que torna igualmente marcante até que ponto o turismo português está dependente destes mercados num processo de concentração que

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pode significar tanto vantagens, pela possibilidade de concentração dos esforços promocionais, como desvantagens, desde que possam ocorrer alterações conjunturais significativas, como já se verificou num passado recente relativamente, por exemplo, em relação ao mercado britânico.

Evolução do número de visitantes entrados nas fronteiras portuguesas

Fonte: DGT

Evolução do número de turistas entrados nas fronteiras portuguesas

Fonte: DGT

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Justifica-se, ainda, lembrar que os turistas dos diferentes países, por razões que se prendem com a organização das viagens, a forma como os operadores comercializam os diferentes produtos turísticos, a proximidade, o meio de transporte utilizado, ou a capacidade económica, apresentam comportamentos que em grande medida são materializáveis em assinaláveis diferenças nas estadas médias.

Repare-se, por exemplo, que em 2003, tendo sido registados cerca de 5,4 milhões de turistas espanhóis, apenas foram contabilizadas 2154 milhões de dormidas em estabelecimentos hoteleiros, enquanto 1874 milhões de ingleses geraram mais de 7 milhões de dormidas. De qualquer forma, os mesmos cinco países antes referidos atingem cerca de 70% do total das dormidas registadas nos estabelecimentos hoteleiros e 75% do total geral de dormidas.

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Dormidas nos estabelecimentos hoteleiros por país de residência dos turistas

40000

35000 2004 2005 30000

25000

20000

15000

10000

5000

0 França Espanha Holanda Holanda Alemanha Alemanha Reino Unido Reino PORTUGAL TOTAL GERAL TOTAL ESTRANGEIRO

Fonte: DGT, O Turismo em 2005 síntese dos principais indicadores.

Acrescentando a estes valores o peso dos turistas nacionais e o movimento gerado nas diferentes formas de alojamento, tanto mais significativo quanto constituem o principal contingente de visitantes que é possível encontrar para além das principais áreas turísticas nacionais, torna-se evidente o peso deste grupo restrito de clientes, nomeadamente em áreas como Ponte da Barca, com uma posição fronteiriça tão favorável para maximizar as potencialidades do mercado da Galiza, essencialmente como importante área emissora de visitantes.

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Sobre as principais tendências do turismo nacional, que vêm a ser definidas desde os anos noventa, e as propostas contidas no «Plano Estratégico Nacional de

Turismo», justifica-se sublinhar a importância quer do número de visitantes entrados provenientes de Espanha, quer da utilização da via terrestre. Estes factos são indissociáveis de qualquer proposta estratégica que seja definida para

Ponte da Barca ou, como município do Alto Minho, na articulação com os municípios vizinhos, muito especialmente os do interior com perspectivas de desenvolvimento idênticas e associáveis, por exemplo, ao desenvolvimento local em áreas protegidas.

Tem-se verificado também um processo de expansão de outras formas de turismo, onde sobressai o turismo em espaço rural nas múltiplas formas que o compõe. Estes «produtos» turísticos já consolidados, ou eventualmente apenas considerando os estabelecimentos de alojamento na forma mais redutora de encarar a actividade, constituem para as áreas que os acolhem e nas diferentes formas de implementação da actividade, um conjunto de práticas absolutamente essenciais até pelas dinâmicas que lhes estão associadas.

Podendo constituir para o país no seu todo algo de menos relevante, até pela diminuta expressão económica atingida, tornam-se efectivamente relevantes e consistentes com o discurso e com a prática que investe na utilização da dinâmica do turismo como vector de desenvolvimento local, tanto mais que num quadro de «boas práticas» cada vez mais serão exemplos a mencionar e a tentar seguir.

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Tendências do turismo no Minho

Projecto turístico marcado pela acção da Região de Turismo do Alto Minho

(RTAM)

Proximidade da Galiza e importância da fronteira terrestre

Exiguidade da dimensão hoteleira no contexto nacional

Expressão do turismo nacional em estagnação ou ligeira queda

Dominância do litoral face ao interior

Permanência das estadas curtas na hotelaria

Aumento do alojamento de uso sazonal ou secundário de 350% entre 1991 e

2001

A definição, o percurso e o estado actual do turismo no Alto Minho têm sido marcados por uma relevante componente organizativa, pela proximidade da

Galiza e pela expressão do turismo nacional. Na componente organizativa, a acção da Região de Turismo do Alto Minho (RTAM) tem constituído uma das principais referências do percurso do destino turístico, ao ser responsável pela formação e pela promoção dos municípios que a integram.

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Igualmente, o conjunto de

iniciativas de afirmação e

promoção lançadas pelos

municípios, têm contribuído para

individualizar o carácter e o perfil

dos vários concelhos, através de

estratégias diferenciadas de

distinção intra-regional,

nomeadamente através de vectores

culturais, apoiando-se em

processos com evidente orientação para o mercado interno.

Região de Turismo do Alto Minho

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Municípios da Região de Turismo do Alto Minho

Nos municípios da Nut Minho-Lima, em 2004, ocorreram cerca de 268 mil dormidas nos estabelecimentos hoteleiros, o que representa 0,79% do total de dormidas registadas no país. O Alto Minho, correspondendo ao conjunto de municípios que integra a Região de Turismo, registou, em 2003, cerca de 1,2% do total (cerca de 414 mil dormidas), resultando a diferença da inclusão de

Esposende e Terras de Bouro. Levando em consideração apenas as dormidas de turistas nacionais os valores são ligeiramente mais altos, ainda assim muito pouco expressivos: cerca de 1,7% e 2,3%, respectivamente para o Minho-Lima e a

RTAM.

De qualquer forma, desde finais dos anos noventa, sem colocar em causa o expressivo peso relativo dos turistas nacionais, tem ocorrido uma lenta transição

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traduzida num aumento das dormidas de estrangeiros enquanto as dormidas de nacionais registam um ligeiro decréscimo.

Entrada de visitantes nas principais fronteiras portuguesas

Vias 1998 1999 2000

Terrestre

Caia 3243613 3305730 2511168

Valença 7330638 7620666 8359638

Vilar Formoso 3491140 3469564 3912833

Aérea

Lisboa 2096218 2063217 2204564

Porto 490476 482588 522604

Fonte: Direcção – Geral do Turismo

Evolução do número de dormidas na RTAM

300000

250000 Portugueses 200000 Estrangeiros

150000

100000

50000

0 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Fonte RTAM

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De uma forma geral, os valores referidos permitem identificar uma tendência para crescimentos moderados no Alto Minho ao longo dos últimos anos, nos diferentes indicadores, seja o número de estabelecimentos hoteleiros, a capacidade de alojamento, ou o número de dormidas ou de hóspedes.

Evolução do número de dormidas nos municípios da RTAM

450000

400000 350000 Valença 300000 Terras de Bouro

250000 Ponte da Barca 200000 Monção 150000 Melgaço Esposende 100000 50000 Barcelos 0 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Norte

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Uma dificuldade tem sido, desde logo, difícil de ultrapassar, na medida em que a permanência nos estabelecimentos hoteleiros é por norma curta, dando lugar a estadas médias com valores inferiores a 2 dormidas/hóspede e apenas em 2002 e 2003 atingiram valores superiores a 2,2. Constitui uma significativa excepção o

Município de Terras de Bouro, com valores de estada média iguais ou superiores a nove dormidas por hóspede, o que se compreende pela necessidade de permanência associada à frequência termal.

Evolução do número de hóspedes nos municípios da RTAM

200000

180000

Vila Nova de Cerveira 160000 Viana do Castelo 140000 Valença Terras de Bouro 120000 Ponte de Lima 100000 Ponte da Barca Paredes de Coura 80000 Monção

60000 Melgaço Esposende 40000 Caminha Barcelos 20000 Arcos de Valdevez 0 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: INE, Anuário Estatístico da Região Norte

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Um outro indicador que traduz o dinamismo e o interesse pelo Alto Minho enquanto destino turístico relaciona-se com os serviços de informação turística das câmaras municipais, que de forma muito generalizada registam incrementos na procura. Trata-se todavia de informação difícil de validar bem como de tentar analisar, face à variabilidade das recolhas e ao comportamento diferenciado dos visitantes, mas tem, ainda que com reservas, o significado da dimensão comparativa. Dos dados, verifica-se uma maior procura de informação em

Valença, justificável pela proximidade da fronteira, e em Viana do Castelo, onde é maior a dimensão do contingente de visitantes estrangeiros hospedados. Ponte da Barca regista valores incipientes e dos mais baixos entre o conjunto de municípios abrangidos.

Movimento nos serviços de informação turística por município

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A atractividade do Alto Minho, a partir das iniciativas da RTAM, esteve baseada numa diversidade de «produtos turísticos» de matriz culturalista, avultando: o

«Artesanato do Alto Minho», o «Românico da Ribeira Minho», os «Caminhos de

Santiago», a «Gastronomia Regional», a «Rota dos Vinhos Verdes» e «A Festa». Em torno do bem-estar, de uma prática e/ou cultura física activa e da relação com o natural, destacam-se o «Termalismo», o «Turismo da Natureza» e um designado

«Turismo Activo». A acção da RTAM para além do consubstanciar de iniciativas que permitiram lançar a panóplia de actividades relacionadas com os múltiplos focos de interesse mobilizados e disponibilizados, assentou igualmente na formatação de documentos e de acções promocionais visando os mercados nacional, espanhol, inglês, alemão, francês, italiano e holandês (veja-se o Boletim nº 11 de Dezembro de 2004 da RTAM, p. 24).

A projecção exterior do Alto-Minho, essencialmente numa óptica nacional, tem sido muito marcada pelas iniciativas locais de afirmação dos diferentes municípios que tentam, dessa forma, adquirir uma notoriedade distintiva e uma projecção de imagem face a outros municípios da região e do país. Prevalecem as opções pelo «evento», ainda que de forma ponderada e consistente, acontecimentos balizados temporalmente sejam estendidos ao longo do ano de forma a fortalecer as ligações com agentes exteriores e a consolidar os processos de marketing territorial. Eventos como o incontornável festival de Vilar de

Mouros, ou o mais recente Festival de Música Moderna na Praia Fluvial Taboão em

Paredes de Coura, constituem «cartazes» obrigatórios do verão no Alto Minho, atraindo públicos, nomeadamente novos públicos, não apenas para a música, mas igualmente para a região; a «mítica» Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira,

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permitiu cultivar um segmento artístico muito expressivo que se prolonga no ensino e aprendizagem em escola que transcende um acontecimento temporalmente balizado; a intensidade e a carga espiritual dos santuários e das festividades entre o «São Bento da Porta Aberta» em Rio Caldo, a «N. Senhora da

Peneda» e a «N. Senhora da Agonia» animam um tríptico extensível às centenas de outras festividades que marcam, também, o carácter do Alto Minho e das suas gentes.

Festividades do Alto Minho por Município entre Abril e Setembro de 2005

Fonte: RTAM

A qualidade das recuperações dos espaços públicos e do edificado em Caminha,

Ponte de Lima Cerveira, ou Ponte da Barca, contribuem igualmente para consolidar uma imagem, que apesar das individualizações possíveis, constitui um conglomerado de acções identificável muito para além da região e que se insere em políticas de conservação e restauro do património tradicional. Estas políticas,

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inscritas em modelos bem fundamentados de desenvolvimento local, vão ser ancoradas por outras iniciativas que acrescentam às paisagens urbanas,

“depuradas” de intervenções “perturbadoras” do tradicional “correcto” e confortável, intervenções em áreas rurais e de montanha que reproduzem o modelo já ensaiado na componente urbana.

As recomposições de um romântico inocente, com frequência tem a vantagem de, para além da capacidade de atracção que possam exercer sobre clientelas potenciais, se transformarem em evidentes e sensíveis melhorias da qualidade de vida das populações residentes. A este facto não será igualmente alheio o interesse crescente pelo Alto Minho enquanto área de alojamento de uso sazonal ou secundário, permitindo transformações que estarão mais avançadas noutros países da Europa, e que para esta região significa já hoje um vasto mercado e motivo de dinamismo económico. Repare-se que em 2001 existiriam, segundo o

INE, 39213 alojamentos nesta tipologia, contra os 8575 em 1991, facto que traduz um aumento de 350% e, de forma apressada e contida, representa o equivalente a mais de duas vezes a capacidade de alojamento de todo o Norte de

Portugal.

Torna-se igualmente imprescindível acrescentar ao fenómeno do alojamento sazonal, até pelo carácter disperso e extensivo que revela, o alojamento na modalidade de turismo em espaço rural. Constitui indubitavelmente uma referência da qualidade da oferta turística portuguesa que, tendo arrancado no

Alto Minho e encontrando no Vale do Lima a área de maior densidade de unidades, não deverá ainda ter ultrapassado as 1000 unidades em Portugal, correspondente a uma capacidade de alojamento próxima dos 10000 lugares.

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Esta dimensão significa cerca de 3,9% do total da oferta de alojamento nacional, valor que não permitiu atingir resultados económicos particularmente expressivos, nomeadamente no plano do emprego, mesmo quando as actividades de turismo em espaço rural têm efeitos reprodutores na economia e fundamentalmente quando instigam novas dinâmicas nos espaços rurais.

Alojamento familiar de uso sazonal ou secundário nos municípios do Minho-Lima em percentagem do total de alojamento

50,00 45,00 1991 40,00 2001 35,00 30,00

% 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 Monção Valença Melgaço Caminha Ponte de Lima de Ponte Ponte da Barca da Ponte Viana do Castelo do Viana Paredes de Coura de Paredes Arcos de Valdevez de Arcos

Vila Nova de Cerveira de Nova Vila

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Estabelecimentos de TER Capacidade de alojamento no TER

1 200 Portugal 12 000 Portugal Norte Norte 1 000 10 000

800 8 000

600 6 000

400 4 000

200 2 000

0 0 2002 2003 2004 2002 2003 2004

Dormidas em estabelecimentos de TER

O turismo em espaço rural, revela em termos nacionais tendências contraditórias, na medida em que ao aumento do número de unidades e da capacidade de alojamento tem correspondido nos primeiros anos desta década uma diminuição

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do número de dormidas, facto que não será alheio à grande dependência do mercado nacional.

Estabelecimentos e capacidade de alojamento em TER nos municípios do Minho-Lima em 2002

500 Estabelecimentos 450 Capacidade de aloj. 400

350

300

250

200

150

100

50

0 Arcos de Caminha Melgaço Monção Paredes de Ponte da Ponte de Valença Viana do Vila Nova Valdevez Coura Barca Lima Castelo Cerveira

Num contraponto ao litoral

balnear encontra-se o Parque

Nacional da Peneda Gerês que

tem vindo, por iniciativas

diversas e também solicitações

dos municípios abrangidos, a

melhorar os equipamentos e

as condições de acolhimento

dos visitantes. A criação de

diferentes tipos de percursos,

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constitui porventura uma das mais sólidas ligações entre o território e os visitantes, permitindo a pé, a cavalo, de bicicleta e, inevitavelmente, em veículo automóvel, percorrer as principais áreas do parque. O PNPG disponibiliza

«percursos pedestres de curta duração, com ou sem guia», «trilhos de longo curso», a «Geira Romana», «trilho equestre de longa duração, com guia» e nove percursos automóvel, entre os quais avultam três a partir de Ponte da Barca: ao

Lindoso, à Ermida e a Germil.

Tendências do turismo em Ponte da Barca

Exiguidade da oferta turística e debilidade da procura em termos absolutos e relativos

Maior expressão dos visitantes de origem nacional

Alojamento de uso sazonal ou secundário aumentou mais de 500% e ultrapassou os 30% do total, entre 1991 e 2001

Proximidade da Galiza e importância da fronteira terrestre

O município de Ponte da Barca constitui um micro repositório das virtudes e dos defeitos, entre a exuberância da paisagem e a insuficiência de alojamento, do turismo do Alto Minho. De forma clara, à debilidade da oferta contrapõe-se a monumental riqueza das paisagens naturais e humanas e um enorme potencial de transformação.

Ponte da Barca encontra-se entre um grupo de municípios que regista uma débil oferta turística, assim como uma procura relativamente diminuta, inclusivamente dos serviços de informação turística municipais, o que constitui um referencial

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sobre o número de visitantes do concelho. Em certa medida, a prevalência de visitantes de origem nacional no município, poderá explicar uma menor procura de suporte no Posto de Turismo, mas existirão motivos mais ponderosos, inclusivamente no plano das acessibilidades.

Movimento nos serviços de informação turística de Ponte da Barca por países de origem (2004 e 2005)

De qualquer forma, entre 2004 e 2005 é particularmente evidente o aumento registado no movimento do Posto de Turismo: em 2005, foram recenseados

21241 pedidos de informação contra os 5722 do ano anterior. Este aumento é, igualmente significativo entre os visitantes portugueses, tendo o movimento, nos mesmos anos, passado de 3149 para 16331 consultas. Podendo constituir um sintoma de crescimento, seguramente traduz o resultado da «aposta da Câmara

Municipal de Ponte da Barca na dinamização do turismo do concelho…» através,

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nomeadamente, do «Centro de Exposição e Venda de Produtos Regionais

(CEVPR)» e da valorização e promoção dos produtos e dos produtores locais.

Relativamente aos restaurantes, o número – 23 restaurantes referidos pela CM de

Ponte da Barca e 14 aderentes aos domingos gastronómicos da RTAM, em Abril de 2006 –, a capacidade e, essencialmente, a qualidade, têm dado mostras de conseguir conquistar novas clientelas. De qualquer forma, talvez ainda não tenha sido atingida a notoriedade que, restaurantes de outros concelhos conseguiram consolidar sobretudo ao longo dos anos de crescimento dos gastos das famílias portuguesas e da ampla generalização de veículos automóveis privados, que melhorou a mobilidade e inundou de visitantes tantos lugares do país.

No plano do alojamento, a diferença entre os valores registados pelo INE no

último anuário publicado e os dados disponíveis no «site» da Câmara Municipal são elucidativos da maior diversidade e da segmentação que existe em Ponte da

Barca face às estatísticas oficiais. O turismo em espaço rural, nas múltiplas formas encontradas mas em especial o turismo de aldeia, o alojamento associado ao turismo de natureza, ou o parque de campismo, constituem o resultado de um processo de crescimento já iniciado, ainda que em ritmo lento.

O «alojamento de uso sazonal ou secundário» constitui, porventura, o sintoma mais acabado do processo de transformação em curso, que afectando diversos outros municípios do Alto Minho e do país, é susceptível de representar uma forte dinâmica quer no plano das obras privadas quer posteriormente na oferta de bens e serviços aos novos residentes.

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9.9.9.2.9. 2. Recursos activos e mobilizáveis

O Município de Ponte da Barca integra-se num Noroeste português, onde as características do território são mais intensas e marcantes tanto na paisagem, como nas organizações humanas. Essa intensidade passa antes de mais pela diversidade, tanto das componentes naturais como artificiais, ocorrendo transformações muito rápidas em distâncias curtas, quando não depois de uma curva da estrada, ou contornando uma qualquer elevação.

Ponte da Barca, nesta linha de caracterização, desenvolve-se em patamares de crescente altitude do litoral para o interior ao longo da margem esquerda do Rio

Lima, variando entre valores próximos dos dez metros e os 1356 do alto da

Louriça, na Serra Amarela. Estas diferenças, registadas em cerca de vinte quilómetros, permitem sublinhar uma das mais notáveis características do concelho: aquela que se prende com a grande diversidade de paisagens, em mudanças significativas e inesperadas. A vivacidade dos quadros natural e humano, vão adquirindo sucessivas variações que culminam na pujança das elevações que integram o Parque Nacional da Peneda Gerês e o alinhamento

Peneda – Soajo – Amarela – Gerês.

A estrada da Ermida

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O Município de Ponte da Barca assegura, a par de área de transição entre o litoral e o interior, a articulação entre os Baixo e o Alto minhos, entre o Vale do Cavado, de colinas mais adoçadas, e o Vale do Minho, que corre mais encaixado entre

Cevide e Monção. Mas, enquanto através das novas vias de comunicação, essas transições não causam senão comentários à rápida sucessão de cenários, pelas velhas vias, abertas muitas ainda na primeira metade do século XX, o actual estado das estradas e os novos hábitos das populações, transformam algumas travessias em penosas façanhas. Repare-se, todavia, assim como vingaram os velhos tramos de linha de caminho de ferro, por maioria de razão, com os tratamentos apropriados, com formas adequadas de interpretação, alguns desses velhos traçados viários, poderão ser transformados em mais um dos inúmeros vectores de atracção do Alto Minho.

Os projectos já implementados em Ponte da Barca, nomeadamente através de programas de apoio comunitário, entre os quais avultam o «Espaço Lazer Ponte

Barca» e o Complexo de Piscinas, para além do abastecimento de água e da ampliação de rede de saneamento de águas residuais, constituem elementos elucidativos sobre o esforço em curso e as orientações programáticas prosseguidas.

As características do território, um crescimento urbano contido, as grandes preocupações com a recuperação urbana, o tratamento dos espaços públicos, tanto urbanos como rurais, as intervenções em curso e programadas para as

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aldeias, constituem um conjunto de factores que podem ser estendidos para a captação de visitantes.

Intervenção na marginal de Ponte de Barca

Em torno destas vertentes é possível tipificar os espaços existentes entre o urbano consolidado de feição tradicional requalificado, as áreas rurais ainda activas, nomeadamente ligadas à produção vitivinícola, a área de serra em grande medida inserida no perímetro do Parque Nacional da Peneda Geres e também com tutela do ICN, e a frente de rio marcada pela intervenção nas margens de

Ponte da Barca, mas também pela represa de Touvedo e a albufeira do Alto

Lindoso.

A existência de uma gastronomia rica e diversificada bem como gentes acolhedoras constituem um elemento culminante do leque de características que marcam muito positivamente o município. No entanto, as fórmulas de promoção turística prosseguidas no Alto Minho não serão entusiasmantes, na medida em

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que a actividade turística se tem mantido numa dimensão moderada e tem existido, essencialmente, assente na oferta dos aglomerados do litoral. Desta forma, a aposta no turismo para além dos ritmos mais recentes, obrigaria a outro tipo de iniciativas susceptíveis de atrair, produzir e consolidar novos interessados e novos segmentos de clientela, eventualmente entre os mais jovens, mas também entre os mais idosos, activos e com vontade de manter, desenvolver e estimular as respectivas capacidades físicas e cognitivas.

Tradição, ambiente e cultura, frequentemente sob a capa de património natural e humano, afiguram-se fundamentais, mas também, cada vez mais, constituem componentes não distintivas, na medida em que a grande maioria das fórmulas se revestem dos mesmos ingredientes combinados do mesmo modo que hoje se pode esperar sem quaisquer surpresas que estejam presentes.

Estrutura territorial fundamental e simplificada de Ponte da Barca