UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS TATIANE DE ANDRADE BRAGA O Que Fica Quando O Poeta Se Vai? Sujeito E Socieda
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE LETRAS TATIANE DE ANDRADE BRAGA O que fica quando o poeta se vai? Sujeito e sociedade nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho Niterói 2014 1 TATIANE DE ANDRADE BRAGA O que fica quando o poeta se vai? Sujeito e sociedade nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho Dissertação apresentada ao Programa de pós- graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense para obtenção do título de Mestre em Literatura Brasileira Área de concentração: Estudos de Literatura Orientadora: Prof. Dra. Claudia Neiva de Matos Niterói 2014 2 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação da publicação B813 Braga, Tatiane de Andrade. O que fica quando o poeta se vai? : sujeito e sociedade nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho / Tatiane de Andrade Braga. – 2014. 113 f. Orientadora: Claudia Neiva de Matos. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense, Instituto de Letras, 2014. Bibliografia: f. 104-113. 1. Cartola, 1908-1980. 2. Nelson Cavaquinho, 1911-1986. 3. Teoria da literatura. 4. Análise do discurso. I. Matos, Claudia Neiva de. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Letras. III. Título. CDD B869.4 3 Nome: BRAGA, Tatiane de Andrade Título: O que fica quando o poeta se vai? Sujeito e sociedade nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho Dissertação apresentada ao Programa de pós- graduação em Letras da Universidade Federal Fluminense para obtenção do título de Mestre em Literatura Brasileira Aprovado em:__________________________ Banca examinadora Prof. Dra Claudia Neiva de Matos. Instituição: Universidade Federal Fluminense. Julgamento:____________________________________________. Assinatura: ____________________________________________. Prof. Dr. Roberto José Bozzetti Navarro. Instituição: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Julgamento:____________________________________________. Assinatura: ____________________________________________. Prof. Dra Celia de Moraes Rego Pedrosa. Instituição: Universidade Federal Fluminense. Julgamento:____________________________________________. Assinatura: ____________________________________________. 4 Agradecimentos Há muitas pessoas que foram fundamentais em minha vida e no processo de escrita desta dissertação. Espero lembrar de todas. Agradeço primeiramente ao meu avô Antônio, exemplo de amor, dedicação e carinho. Ao meu marido Márcio, por suportar as ausências - mesmo quando eu estava presente -, a pressa, o mau-humor e responder a todos eles com amor e companheirismo. Agradeço aos meus pais, pelo dom da vida. À minha irmã, Joice, que muitas vezes me socorreu com a infraestrutura doméstica quando eu não podia me dar ao luxo de ser dona de casa. À Andreia, por cuidar de minha casa com tanto carinho. Agradeço à minha orientadora Cláudia Matos, por ter me ensinado o verdadeiro sentido de ensinar. E também aos professores Célia Pedrosa, Roberto Bozzetti, Olga Kempinska e Paula Glenadel pelos livros, textos, leituras e críticas, fundamentais para que esta dissertação fosse o que é hoje. Agradeço a Vivivan Mendes Lopes, pelo apoio e pelo suporte que só uma mente cristalina pode dar. A Vansan Gonçalves, pelos livros emprestados e idas para as bibliotecas. Agradeço aos amigos queridos de quem tive de ficar longe, ainda que forçosamente, com mais frequência. Obrigada por darem mais cor à minha vida. À Naira Sampaio, por me ajudar a manter o equilíbrio. Aos meus alunos, todos tão queridos, pela paciência, pelas aulas remarcadas, pelas outras desmarcadas, por me permitirem descobrir o que de fato me realiza: ensinar a vocês. Agradeço aos colegas da Editora da Uff - em especial a Graça Carvalho, pela revisão destes agradecimentos, e a Fátima Corrêa, pelo auxílio com a ficha catalográfica. Obrigada a todos pelo apoio e suporte. E aos funcionários da secretaria de pós-graduação em Letras, em especial a Aparecida, pela competência. Muito obrigada a todos, sinceramente. 5 Em Mangueira Quando morre um poeta Todos choram Vivo tranquilo em Mangueira porque Sei que alguém há de chorar quando eu morrer (“Pranto do poeta”, Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito) Quando a África chora, a África canta. Japie Molatedi, em Soweto, comentando as manifestações populares pela morte de Mandela. O Globo , 7/12/2013, p. 41. 6 Resumo: BRAGA, T A. O que fica quando o poeta se vai? Sujeito e sociedade nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho. 2014. 114p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2014. O primeiro objetivo desta análise é investigar a tematização frequente da tristeza nas relações estabelecidas entre eu e outro nos sambas de Cartola e Nelson Cavaquinho. O outro costuma assumir a posição de interlocutor do eu nesses sambas, gerando diálogos cancionais. Chego, assim, ao segundo objetivo da dissertação: analisar a presença da estrutura dialógica e seu funcionamento na construção dessas canções. Com isso, os conceitos de endereçamento e alteridade têm fundamental importância para se definir o papel do outro nessa poética e analisar suas implicações nas relações sociais e afetivas. Palavras-chave: Cartola, Nelson Cavaquinho, subjetividade, sociedade, alteridade. 7 Abstract: BRAGA, T A. What remains after the poet is gone ? Subject and society in Cartola’s and Nelson Cavaquinho’s sambas . 2014. 114p. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Letras, Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro, 2014. The first objective of the analysis is to investigate the frequent thematization of sadness in the relationships between the self and the other in Cartola’s and Nelson Cavaquinho’s sambas. The other usually assumes the position of the interlocutor of the self in these sambas, creating song dialogues. Thereby, I arrive at the second objective of this dissertation: analysing the presence of a dialogical structure and its functioning in the construction of these songs. Thus, the concepts of addressing and alterity gain fundamental importance to define the role of the other in this poetics and to analyse its implications in social and affective relationships. Keywords: Cartola, Nelson Cavaquinho, subjectivity, society, alterity. 8 Sumário 1. Introdução histórica e teórica.................................................................10 1.1 Corpo, voz e a poética do samba ..............................................10 1.2 O samba e o samba-canção ......................................................17 1.3 A autoria no samba.....................................................................31 1.4 Trajetórias ..................................................................................34 1.4.1 Cartola....................................................................34 1.4.2 Nelson Cavaquinho ...............................................37 2. Poesia em “travessia para o Outro”........................................................39 2.1 Endereçamento, alteridade e construção da subjetividade lírica.....39 2.2 As relações sociais e afetivas: a mulher e o amigo .........................45 3. O pranto e o legado do poeta.......................................................................63 3.1 O princípio da busca do prazer, o princípio da realidade e a ordem social ................................................................................. ...68 3.2 “O inverno do meu tempo”: a imagística da natureza..................71 3.3 A velhice e a morte .....................................................................77 3.4 O pecador, o poeta e a redenção pela poesia............................83 4. Conclusão.............................................................................................101 5. Referências..........................................................................................104 5.1 Bibliografia...........................................................................104 5.2Discografia............................................................................110 9 1. Introdução histórica e teórica 1.1 Corpo, voz e a poética do samba O ser humano parece trazer em sua essência uma necessidade analítica que, muitas vezes, facilita a compreensão do que o cerca. Talvez seja para saciar tal necessidade que ele venha desenvolvendo os mais diversos modelos e paradigmas na tentativa de explicar o mundo à sua volta. No campo das ciências exatas, esses modelos frequentemente podem dar conta de experiências e dúvidas. Entretanto, quando se fala das ciências humanas, quadros e esquemas, na maior parte das vezes, não aplacam angústias e inquietudes. Há, porém, no âmbito das humanidades, aspectos que, por vezes, se deixam apreender, ainda que parcialmente, por meio de classificações. Os filósofos da Antiguidade deram o primeiro passo em direção a um modelo classificatório para as artes da palavra. Eles abriram espaço para uma categorização mais acurada, feita através da observação das estruturas e funções das diferentes modalidades artísticas. Aristóteles, por exemplo, deu especial atenção ao estudo da poesia. Contudo, na contemporaneidade, os hibridismos e experimentações, cada vez mais frequentes nas artes, geram infinitas possibilidades de realização das manifestações artísticas, o que faz com que modelos sejam insuficientes para dar conta de uma gama de possibilidades atribuídas às artes da palavra. Essas possibilidades às vezes se complementam, às vezes se contrapõem e outras vezes se atravessam. No que tange