Cpi Do Futebol Audiências Públicas Nos Estados
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ANEXOS DO VOLUME 1 1 CPI DO FUTEBOL AUDIÊNCIAS PÚBLICAS NOS ESTADOS 1. As Audiências Públicas Os trabalhos da CPI do Futebol foram estruturados e vêm se desenvolvendo em três fases subseqüentes, eventualmente simultâneas. A primeira, de investigação e coleta de informações, por meio de depoimentos, a segunda, de análise de dados e diagnóstico do setor, e a terceira, a que se convencionou chamar de fase propositiva da CPI. Firmou-se consenso entre seus integrantes de que a grande contribuição que esta Comissão pode legar à sociedade brasileira é a elaboração de uma legislação justa, moderna e eficiente que possa mudar os rumos do futebol em nosso País. Mais do que simplesmente proceder a um diagnóstico de suas mazelas, esperamos, com o auxílio dos segmentos envolvidos, apontar alternativas que possam reverter os descaminhos trilhados pelo futebol brasileiro na atualidade. As audiências públicas nos estados terão como objetivo principal, portanto, colher sugestões e propostas de alteração da legislação que regulamenta o futebol, em seus aspectos técnico, trabalhista, fiscal, etc. Com vistas à ampliação do universo a ser envolvido nas discussões, as audiências serão realizadas em cinco capitais do País, de modo a incluir o maior número de interessados possível. Aliam-se à CPI do Futebol, nessa tarefa, as Assembléias Legislativas dos estados envolvidos, que disponibilizarão suas instalações para a realização dos debates. 2. A Metodologia A metodologia a ser adotada nos eventos é a de mesa redonda. As mesas serão presididas pelo Sr. Senador Presidente da CPI, Senador Álvaro Dias, e terão como motivador o Sr. Senador Relator, Senador Geraldo 2 Althoff. Tendo em vista o objetivo específico das audiências públicas, as mesas deverão contar com cronistas esportivos, juristas, jogadores, especialistas em marketing esportivo, representantes de federações e/ou de clubes, a serem escolhidos segundo o critério de representatividade junto à comunidade onde estiver sendo realizado o evento. As audiências públicas serão realizadas nas Assembléias Legislativas dos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, conforme calendário abaixo. Os debates deverão iniciar às 09:00 e encerrar às 12:00 horas. 3. Calendário Dia 05 de Junho – Assembléia Legislativa de Pernambuco - Recife Dia 12 de Junho – Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro Dia 19 de Junho – Assembléia Legislativa de São Paulo – São Paulo Dia 22 de Junho - Assembléia Legislativa do Paraná - Curitiba Dia 26 de Junho – Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul - Porto Alegre 3 CPI DO FUTEBOL AUDIÊNCIA PÚBLICA - FUTEBOL E LEGISLAÇÃO ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE PERNAMBUCO Recife - Dia 05 De Junho Debatedores: - Aderval Barros - radialista - Rádio CBN - Sebastião Couto - ex-jogador -Vasco, Santos - Sebastião Rufino - ex-árbitro da FIFA - Carlos Alberto de Oliveira - Presidente da Federação Pernambucana de Futebol ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Rio De Janeiro - Dia 12 De Junho Deputado Roberto Dinamite - ex-jogador Walter Mattos - Jornal Lance Valed Perry - advogado especializado em Desporto Fernando Capez - Promotor de Justiça 4 ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO São Paulo - 19 De Junho Juca Kfouri - jornalista Marco Aurélio Klein - sociólogo, especializado em marketing e futebol Carlos Miguel Aidar - advogado especializado em Desporto Wladimir - ex-jogador Sócrates - ex-jogador Luiz Fernando Lima - TV Globo ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARANÁ Curitiba - 22 De Junho Edson Arantes do Nascimento - ex-jogador e empresário de futebol Carlos del Campo Colas - Secretário Geral da Liga Nacional de Futebol Profissional da Espanha ASSEMBLÉIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Porto Alegre - Dia 25 De Junho Falcão - ex-jogador e comentarista Marcílio Krieger - advogado especializado em Desporto 5 Jayme Eduardo Machado - Vice-Presidente Jurídico - Grêmio Football Porto- Alegrense Sergio Roberto Junchem - Vice-Presidente Jurídico - Sport Club Internacional RESUMOS DOS DEPOIMENTOS Depoimento do Dr. Ricardo Liao, Chefe do Departamento de Ilícitos Cambiais e Financeiros do Banco Central do Brasil, ocorrido em Brasília, no dia 31 de outubro de 2000, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar fatos envolvendo associações brasileiras de futebol. O Dr. Ricardo Liao informou a esta Comissão que o Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros, criado por ato da Diretoria do Banco Central de 1999, acompanha as operações no mercado de câmbio e os procedimentos operacionais conduzidos pelas instituições financeiras que configurem ilegalidade. Segundo ele, o Banco Central, com a colaboração de outros órgãos do aparelho fiscalizador do Estado, exerce função preventiva a procedimentos que envolvam evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O Banco Central, segundo o depoente, motivado pelas notícias veiculadas na imprensa, solicitou informações à Confederação Brasileira de Futebol-CBF sobre as negociações com o exterior de passes de atletas profissionais de futebol e sobre os valores recebidos a título de cota de exibição da seleção brasileira no exterior. Conforme o depoente, a CBF informou ao Banco Central quais atletas haviam sido negociados, mas alegou não possuir legalmente a atribuição de 6 manter os registros das negociações. Sugeriu, então, que as informações relativas aos valores negociados fossem solicitadas diretamente dos clubes. As respostas obtidas dos clubes, de acordo com o Dr. Ricardo Liao, indicavam a existência de operações irregulares. Devido a isso, o Banco Central enviou correspondência à Secretaria da Receita Federal com a relação de todos os casos suspeitos. O que resultou na instauração de 22 processos. O Dr. Ricardo Liao apresentou exemplos de irregularidades detectadas nas negociações de transferência de atletas para o exterior: compensação privada de créditos (aquisição de atleta do exterior mediante a transferência de atleta do Brasil); recebimento de valores em reais diretamente na tesouraria de clubes, o que suscita dúvidas quanto à procedência do dinheiro; venda de atleta por empresa nacional para o exterior, sem que o pagamento ou recebimento desse valor tenha transitado em moeda estrangeira. Para o Dr. Ricardo Liao, os recebimentos decorrentes da venda de atletas brasileiros para o exterior podem ser realizados por contrato de câmbio ou por remessa de valores via instituição financeira com utilização de contas do tipo CC-5. Porém, salientou que há obrigatoriedade de se registrar o nome, o número do CPF e o número da conta corrente. Ressaltou ele que as penalidades imputáveis à empresa, em razão de uma possível declaração falsa, ou à instituição financeira, em razão de uma classificação incorreta de operações de câmbio, podem atingir até 300% do valor transacionado. Já quando ocorre embaraço à fiscalização, a multa pode chegar a R$ 100 mil. Indagado se o Banco Central notificou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras-Coaf a respeito das irregularidades apuradas, o Dr. Ricardo Liao declarou que ainda não houve comunicação formal alguma, pois 7 não foi confirmada a ocorrência de lavagem de dinheiro, condição necessária para que o Coaf seja acionado. Quanto à existência de ilícitos envolvendo dirigentes de clubes de futebol, o depoente afirmou que não há investigação nesse sentido, pois não chegou ao Banco Central denúncia a esse respeito. Segundo o Dr. Ricardo Liao, há necessidade de edição de legislação que possibilite melhores controles e melhores acessos às informações. Pois, em virtude de haver centenas de processos e devido à finita capacidade de trabalho do Banco, mesmo com a utilização de sistemas de informação e de cruzamento de dados, há necessidade de rigorosa formalidade para a ação processual a cargo do Banco, o que tem causado atraso no andamento da fiscalização. O restante do depoimento do Dr. Ricardo Liao foi colhido em sessão secreta. Depoimento do Ministro da Previdência Social, Dr. Waldeck Ornelas, e do Secretário de Previdência Social, Sr. Vinícius Carvalho, ocorrido em Brasília, no dia 1º de novembro de 2000, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar fatos envolvendo associações brasileiras de futebol. O Dr. Waldeck Ornelas, em seu depoimento, apresentou os percentuais de contribuições do setor esportivo à Previdência Social. Segundo ele, a contribuição previdenciária atual é de 5% da receita bruta decorrente dos espetáculos esportivos, do patrocínio, do licenciamento do uso de marcas e símbolos, da publicidade e da propaganda e transmissão; a estimativa de 8 renúncia fiscal é de R$ 61,27 milhões; a dívida total é de R$ 218,55 milhões; o recolhimento anual dos clubes, incluindo federações e patrocinadores, será, no ano de 2000, de R$ 47,8 milhões. Para o depoente, os mecanismos usados pelos clubes e federações para burlar a Previdência Social, consistem, entre outros, em: usar o clube como “fachada” para exercer outras atividades; criar empresas para administrar as receitas do clube, fugindo da incidência sobre a receita; contratar pessoas jurídicas, em vez de pessoas físicas, com a finalidade de evitar a incidência de contribuição sobre a folha de pagamento; contratar funcionários para trabalhar em empresa terceirizada da qual seja sócio, recolhendo apenas a contribuição dos segurados; estabelecer contratos de trabalho mascarados nos quais o jogador ou comissão técnica, pessoa jurídica, possa contribuir sobre o valor mínimo, como empresário, ou possa contabilizar os ganhos como se fossem antecipações