Dossiê Do Complexo Cultural Do Boi Bumbá Do Médio Amazonas E
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1 Universidade de Brasília Instituto de Ciências Sociais – Programa de Pós-Graduação em Sociologia Grupo de Pesquisa Cultura, Memória e Desenvolvimento Dossiê Final Processo de Instrução Técnica do Inventário de Reconhecimento do Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e Parintins Abril, 2018 2 Sumário Ficha técnica..........................................................................................03 Introdução.................................................................................................05 PARTE I – Identificação...........................................................................31 Capítulo I: O Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e Parintins............................................................32 Capítulo II: O Sítio do Médio e Baixo Amazonas.................74 Capítulo III: Formação Histórica do Contexto Amazônico....79 Capítulo IV: Contextualização histórica do folguedo na Amazônia...................................................87 Parte II – O Bem cultural como objeto de registro...................................123 Capítulo V: Do brinquedo, de Pai para Filho: expressões e formas de viver e de ser.................124 Os três formatos de um mesmo brincar na dança do tempo..................................................139 No duelo simbólico do Festival de Parintins: identidades, memórias e mercados............160 a) O apelo identitário.............................175 b) Caracterização do gênero toada e seus processos de transformação.................179 c) O festival-espetáculo.......................192 d) As galeras: acionando o enlevo coletivo..........................................203 e) Festa transamazônica fluvial.............213 As faces da festa na paisagem parintinense....................................221 Capítulo VI: Dos saberes de uma Celebração Amazônica......235 Recomendações de Salvaguarda.............................................................269 Referências Bibliográficas......................................................................279 3 MINISTÉRIO DA CULTURA Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional PRESIDENTE DA REPÚBLICA Michel Temer MINISTRO DA CULTURA Sérgio Sá Leitão PRESIDENTE DO IPHAN Kátia Bogéa DIRETOR DE PLANEJAMENTO E ADMINISTRAÇÃO Marcos José Silva Rêgo DIRETOR DO PATRIMÔNIO IMATERIAL Hermano Fabrício Oliveira Guanais e Queiroz COORDENADORA GERAL DE IDENTIFICAÇÃO E REGISTRO Deyvesson Israel Alves Gusmão COORDENADORA DE REGISTRO Marina Duque Coutinho de Abreu Lacerda COORDENADORA GERAL DE SALVAGUARDA Rívia Ryker Bandeira de Alencar SUPERINTENDENTE DO IPHAN NO AMAZONAS Karla Bitar Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional Superintendência do Iphan no Maranhão Rua do Giz, 235 – Centro 65.010-180 São Luís/MA Telefones: (98) 3231-1388 / 3221-1119 Homepage: http://www.iphan.gov.br E-mail: [email protected] 4 Instrução Técnica e Elaboração do Dossiê para Registro do Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e Parintins Coordenação Geral Edson Silva de Farias Consultoria Memória Arquitetura Ltda DBG LTDA Pesquisa Histórica Edson Farias Marcos Henrique do Amaral Saulo Nepomuceno Furtado de Araújo Memória Arquitetura Ltda DBG LTDA Pesquisa e texto Edson Farias Juliana Veloso Sá Marcos Henrique do Amaral Matheus da Costa Lavinsky Saulo Nepomuceno Furtado de Araújo Wilson Rogério Penteado Júnior Memória Arquitetura Ltda DBG LTDA Revisão, edição e texto final Edson Farias Fotografias Rogério Luiz Silva de Oliveira Agradecimentos Waldo Mafra Carneiro Monteiro (Barrô) Hiléia do Nascimento Palmeira Juliana Velloso Sá Marcos Henrique do Amaral Matheus da Costa Levinscky Rogério Luiz Silva de Oliveira Saulo Nepomuceno Furtado de Araújo Wilson Rogério Penteado Júnior 5 Introdução Definição (sucinta) do objeto do registro; Contextualização do trabalho: como/quando/onde a pesquisa foi realizada. Dificuldades encontradas; Apresentação da equipe de pesquisa; Metodologia utilizada. Resultados/informação sobre o material produzido: o que será encontrado no dossiê. O reconhecimento dos bens culturais imateriais como patrimônio a ser preservado pelo Estado e pela sociedade está previsto no artigo 216 da Constituição Federal Brasileira. Com a promulgação do Decreto nº 3.551, de 4 de agosto de 2000, instituiu-se o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, conjuntamente foi estabelecido o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial (PNPI), executado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). Os bens imateriais são caracterizados: (...) pelas práticas e domínios da vida social apropriados por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade. São transmitidos de geração a geração e constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, sua interação com a natureza e sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade. Contribuem, dessa forma, para promoção do respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Os bens culturais imateriais passíveis de registro pelo Iphan são aqueles que detém continuidade histórica, possuem relevância para a memória nacional e fazem parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira. As inscrições desses bens nos Livros de Registro atende ao que determina o Decreto 3.551. De acordo com o Decreto nº 3551 da Republica Federativa do Brasil que institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, os patrimônios contemplados podem ser inscritos nos cinco seguintes livros: I – Livro de Registro dos Saberes, onde serão inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades; II – Livro de Registro das Celebrações, onde serão inscritos rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social; III – Livro de Registro das Formas de Expressão, onde serão inscritas manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas; 6 IV – Livro de Registro dos Lugares, onde serão inscritos mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e reproduzem práticas culturais coletivas. Por sua vez, para o Manual do INRC a categoria “Celebrações” sintetiza os seguintes significados: Nesta categoria incluem-se os principais ritos e festividades associados à religião, à civilidade, aos ciclos do calendário, etc. São ocasiões diferenciadas de sociabilidade, envolvendo práticas complexas com suas regras específicas de distribuição de papéis, a preparação e o consumo de comidas, bebidas, a produção de um vestuário específico, a ornamentação de determinados lugares, o uso de objetos especiais, a execução de música, orações, danças, etc. São atividades que participam fortemente da produção de sentidos específicos de lugar e de território. Em linhas bem-gerais, o Complexo Cultural do Boi-Bumbá consiste numa expressão lúdico-artística cujas cerimonias se estendem pelo sítio geocultural delimitado entre as sub-regiões do Médio e Baixo Rio Amazonas, no Estado do Amazonas, em celebração dos santos católicos Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, constituindo-se no ápice das festividades do ciclo junino na Amazônia. Gênero de teatro popular, o auto do Boi-Bumbá envolve cantos, percussão, cantos e danças nos três formatos de apresentação que assume – Boi de Terreiro, Boi de Rua, Boi de Palco/Arena. Neles, a adoção de elementos plástico-visuais variados também promove encenações dramatúrgicas referidas à narrativa de morte e ressureição do boi. Se repuser diretrizes rituais entrelaçando o sagrado ao mundano, a brincadeira modula os mesmos protocolos na medida em que suas práticas interligam múltiplas dimensões da vida sociocultural local/regional. Com isso, nas imagens que resultam do concerto entre os seus brincantes, tendo por núcleo a figura do boi de pano, imaginários longevos de ameríndios, europeus e africanos, além dos referidos ao Nordeste brasileiro, se fazem contemporâneos de redes de significados inscritas nos cotidianos mais atuais transfigurados nas representações próprias ao folguedo. Afinal, este último atravessa e se deixa cruzar por estratificações de classe, etnicorraciais, de gênero e orientação sexual. Da mesma maneira, percorre faixas etárias distintas e comparece tanto nas socialidades rurais quanto urbanas. Em igual compasso, alia práticas artesanais a 7 soluções tecnológicas, tornando próximas comunidades ribeirinhas a circuitos cosmopolitas de circulação e consumo de bens culturais. Diante desta miríade que a constitui, justifica-se o emprego da ideia de “complexo” para sintetizar tão tamanha e diversa proporção de elementos entretidos nessa expressão cultural amazonense. Como forma de expressão lúdico-artística na qual estão reunidas dimensões cênicas, plástico-coreográficas e melódico-percussivas, o Complexo Cultural do Boi-Bumbá do Médio Amazonas e de Parintins congrega, na sua natureza de folguedo, saberes, ofícios e modos de fazer que delimitam um domínio de práticas que os transubstanciam em diversão e celebração, incluídas no ciclo dos festejos juninos, do calendário católico, em louvor a Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. O objeto focalizado neste dossiê, portanto, é essa forma de expressão, que aqui a definiremos como a forma-boi, tendo por singularidade a figura do habitante autóctone da região – o indígena, representado tanto no agrupamento das “tribos” quanto no personagem “Pajé”. Esta forma-boi adquire formatos diferenciados na extensão da Mesorregião Amazônica do Médio Amazonas, em particular nas