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Subtexto1.Pdf A revista Subtexto nasce como uma provocação. Nossa intenção, ao colocá-la em circulação, é de abrir espaço para os grupos, profissionais e enti- dades que insistem em seguir uma trajetória coletiva de trabalho. Queremos dar voz à diversidade, à efervescência criativa, à dúvida. Queremos falar sobre um teatro que ainda se compromete com a utopia e a transformação, por mais anacrônico que isso possa parecer. Assim também nasceu o Galpão Cine Horto, de um impulso pela renovação. O velho cinema abandonado surgiu, em 1998, como um local perfeito para a busca de respostas a algumas das questões que se apresentavam aos atores do Galpão naquele momento. A intenção era reunir parceiros e criar um espaço para a pesquisa, a investigação e o compartilhamento de experiências. Passados seis anos, é possível contabilizar muitos êxitos e, naturalmente, outros tantos erros, como é de se esperar em uma casa que se abre à expe- rimentação. O Cine Horto cresceu livre de amarras formais e hoje tem algo de camaleônico que prezamos muito. Aqui, exercitamos ao máximo nossa capacidade de reinventar caminhos e de aprender com aquilo que não deu certo. Fazemos da busca do novo uma prática cotidiana e tentamos jogar luz sobre a sombra da acomodação que, sorrateira, sempre insiste em nos rondar. Agora, de um fôlego só, colocamos no ar dois projetos que consideramos plenamente afinados com esse espírito: o Redemoinho – Encontro Brasileiro de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral e esta Revista, que pretende cumprir o papel de divulgar as iniciativas realizadas no Galpão Cine Horto e de todos os seus parceiros. O Redemoinho tem a proposta de reunir pessoas, entidades e grupos espalhados por esse Brasil afora, que têm uma visão semelhante sobre o ofício teatral, carregam o vírus da inquietação, falam mais ou menos a mesma língua, mas raramente se encontram. As dimensões continentais do país se Expediente SUBTEXTO Subtexto - Revista de Teatro do Galpão Cine Horto - n° 1 ISSN 1807-5959 Conselho Editorial . .Chico Pelúcio . .Fernando Mencarelli . .Júnia Alvarenga . .Laura Bastos . .Romulo Avelar Jornalista Responsável . .Júnia Alvarenga . .(MTb 5230) Projeto Gráfico . .Glaura Santos . .Laura Guimarães Revisão . .Bento Belisário Fotolitos e Impressão . .Rona Editora Tiragem 2.000 exemplares Colaboraram nesta edição Aderbal Freire-Filho, Antônio Grassi, Antônio Rogério Toscano, Barracão Teatro, Chico Pelúcio, Cooperativa Paulista de Teatro, Eduardo Moreira, Fernando Yamamoto, Folias D´Arte, Grupo Tá na Rua, Lindolfo Amaral, Luís Alberto de Abreu, Lúcio Bezerra, Nilde Ferreira, Ói Nóis Aqui Traveiz, Regina Helena Alves da Silva, Reinaldo Maia, Teatro da Vertigem e TUSP. Fotos Laura Guimarães e Glaura Santos: capa Guto Muniz: páginas 03 (Fachada do Galpão Cine Horto); 05 (4º Festival de Cenas Curtas - cena 5 em 1 ); 06 (Oficinão 1999 - espetáculo CX Postal 1500); 11 (Grupo Imbuaça - espetáculo Antônio, meu santo/ 7ºFIT-BH); 14 e 15 (Teatro da Vertigem espetáculo O livro de Jó/ 7ºFIT-BH); 29 (3º Festival de Cenas Curtas - cena Dissertação sobre o nada); 37 e 46 (2º Festival de Cenas Curtas - cena A pipa); 40 (3º Festival de Cenas Curtas - cena Cubo imagético); 43 (5º Festival Cenas Curtas - cena Assim se fez assim se faz); 50 e 51 (1ºFestival de Cenas Curtas - cena O armário). Cláudio Etges: página 09; Lenise Pinheiro: página 10; Renato Velasco: página 13; Beto Garavello: página 16; João Caldas: pági- nas 18 e 19; Thais Stocklos, da L & T Design: página 20; Fábio Arruda: página 21; Fernando Yamamoto: página 22; Divulgação Cooperativa Paulista de Teatro: página 23; Waldir Lau: página 24; Carlos Roberto, do Jornal Hoje em Dia: 26 e 27 (Grupo Galpão - espetáculo Um Molière Imaginário/ Campanha 20 anos para o Teatro/ Praça do Papa-BH); Pedro Motta: página 28; Arnaldo Pereira: página 32; Divulgação Funarte: página 44. Galpão Cine Horto Rua Pitangui, 3613 - Horto 31.030-210 - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil Telefone 31-3481.5580 www.grupogalpao.com.br - [email protected] A revista Subtexto é uma publicação independente. As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade exclusiva de seus autores. Dezembro de 2004. impõem como um grande limite que precisa ser transposto. Romper com o isolamento não é tarefa fácil, sem dúvida. Mas se existe alguma chance de que isso realmente possa vir a acontecer, ela está na proposição de ações mais solidárias. Queremos, com o Redemoinho, "levantar a poeira" de assun- tos que dizem respeito a todos, conhecer soluções encontradas para velhos problemas comuns e discutir possíveis ações conjuntas. Neste sentido, idealizamos também o primeiro número da Subtexto, que servirá de base para as discussões que terão lugar no Redemoinho, embora os dois projetos devam seguir caminhos independentes. As reflexões sobre o fazer teatral e os espaços de criação estão apresentados em artigos espe- ciais de Chico Pelúcio, do Grupo Galpão, Reinaldo Maia, do Folias D’Arte, Aderbal Freire-Filho, do Centro de Construção e Demolição do Espetáculo e Luiz Alberto de Abreu, da Fraternal Companhia de Arte e Malas-artes. Para discutir sobre o estabelecimento de uma rede de parcerias e intercâmbios, temos o artigo da historiadora Regina Helena Alves da Silva, que trata de estratégias de organização em rede nas sociedades contemporâneas. Outro destaque é o artigo do ator Antônio Grassi, atual Presidente da Funarte, que aborda, entre outros assuntos, o esforço para recriar o espaço da cena e da política na construção de políticas públicas para a cultura. Além disso, registramos também a contribuição de vários companheiros de longa data, com suas idéias, suas trajetórias e seu modo de trabalhar: Grupo Galpão, Terreira da Tribo, Folias D’Arte, Imbuaça, Tá Na RuA, Vertigem, Escola Livre de Teatro de Santo André, Barracão Teatro, Associação dos Amigos de Guaramiranga, Casa da Ribeira e Cooperativa Paulista de Teatro. Esperamos que esta revista tenha vida longa e que junto a outras poucas, importantes e valentes publicações, contribua efetivamente para a articu- lação dos artistas, grupos e entidades que encaram o teatro como algo mais do que simples entretenimento. E que você, leitor, esteja sempre por perto. GALPÃO CINE HORTO DITORIAL E 01 Galpão CINE HORTO. Espaço de criação 03 e incentivo ao trabalho em grupo. Chico Pelúcio PROJETOS Galpão Cine Horto 06 Tribo de Atuadores “Ói Nóis Aqui Traveiz”. Tupambaé (terra sagrada) dionisíaca 08 e libertária. TERREIRA da Tribo 20 anos. FOLIAS D’Arte Imbuaça. RODA GIRA, gira a roda. 10 11 Onde estamos nessa gira? Lindolfo Amaral 13 Grupo TÁ NA RUA Teatro da VERTIGEM. Histórico14 A ESCOLA LIVRE de Teatro (ELT) de Santo André... Antônio Rogério Toscano UMÁRIO 16 S TUSP Teatro da USP 02 18 BARRACÃO Teatro. Uma semente para muitos frutos 20 Tiche Vianna Agua de GUARAMIRANGA Lúcio Bezerra e Nilde Ferreira 21 CASA DA RIBEIRA COOPERATIVA Paulista de teatro 23 22 Casa de Artista - Natal, RN Fernando Yamamoto Grupo GALPÃO. Uma história de desafios Grupo GALPÃO. Histórico Eduardo da Luz Moreira 28 24 29 Uns apontamentos PERDIDOS Aderbal Freire-Filho FRATERNAL, a comédia para ver, ouvir, rir e pensar Luís Alberto de Abreu, dramaturgo 3237 CULTURA, globalização e o que mais... Regina Helena Alves da Silva Espaço da ARTE, espaço da política Antonio Grassi O Espaço da CENA Reinaldo Maia 4543 Galpão CINE HORTO. Espaço de criação e incentivo ao trabalho em grupo. Chico Pelúcio O Grupo Galpão, ao longo de sua existência, sempre desen- volveu outras atividades além dos espetáculos, no intuito de fortalecer seu elo com a comunidade e com outros criadores. A necessidade de sobrevivência artística e organizacional nos levou a diversas experiências de troca, de encontro e de compartilhamento. Ainda no início de nossa trajetória, as oficinas e festivais cumpriram importante papel na formação dos nossos atores, assim como possibilitaram o repasse de nossas experiências a outros artistas. É bom lembrar que o Grupo nasceu de uma oficina com diretores alemães. Assentamos nossas bases de atuação orientados por uma visão coletiva e alternativa que se fortalecia nos anos 80, com o fim do período ditatorial. Participamos ativamente da criação do Movimento Brasileiro de Teatro de Grupos e, da mesma forma, do Movimento de Teatro de Grupo de Minas Gerais. Marcamos presença em diversos festivais, encontros, debates e discussões de projetos e políticas públicas. Concebemos e executamos as duas primeiras edições do Festival Internacional de Teatro de Rua de Belo Horizonte (1990 e 1992), que se transformaram, em 1994, no Festival Internacional de Teatro Palco e Rua - FIT BH - numa parceria mais estreita com a Secretaria Municipal de Cultura. Em 1995, o Galpão se desligou do Festival, por não concordar com algumas propostas que a Secretaria e seus representantes apresentavam para a realização da segunda edição. Abriu-se, desse modo, um vácuo nas relações extra- espetáculos que, de uma forma ou de outra, mantínhamos com a comunidade. Estávamos entrando na era do mercado individualista, das leis de incentivo, dos grandes eventos e do “salve-se-quem-puder”, que foi ganhando força na medida que o poder público brasileiro se retirava de cena, omitindo-se em relação às suas obrigações constitucionais com a cultura. Foi nessa mudança, nesse vácuo que surgiu a possibilidade de ocupação de um cinema antigo, abandonado: o Cine Horto, vizinho à nossa sede. No primeiro momento, não era a reforma física o maior problema, mas sim, como dar vida ao que seria um espaço voltado ao teatro. As diversas experiên- cias fracassadas de centros culturais mumificados não eram animadoras. Pedimos aos proprietários que aguardassem alguns meses enquanto providenciávamos um projeto arquitetônico e alguma parceria para a reforma. Ao mesmo tempo, abrimos uma ampla discussão com vários amigos, professores, atores e diretores, no sentido de elaborar um projeto artístico para o que chamaríamos, posteriormente, de Galpão Cine Horto. Descobrimos nessas reflexões a existência de uma grande lacuna em Belo Horizonte: a carência de opor- tunidades de reciclagem para os artistas de teatro, especialmente os atores.
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