JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO TAG NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Corumbá-MS 2014

UFMS - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

Corumbá-MS Julho-2014

JOECI DAS DORES GONÇALVES SAMBRANA

A INSERÇÃO DO TAG RUGBY NA ESCOLA: UMA VISÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO CPAN/UFMS

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do Curso de Educação Física para obtenção do Título de Licenciado em Educação Física.

Orientador: Prof. Me. Carlo Henrique Golin.

Corumbá-MS 2014

“Que uma nova era comece!" Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, que iluminou meu caminho e me deu forças nessa longa jornada, ao meu pai Jorge Sambrana, minha mãe Darci Gonçalves, aos meus irmãos, aos meus familiares e amigos que sempre estiveram presentes e me ajudaram. Ao meu clube e aos meus amigos do Corumbá Rugby Clube, que sem a participação ativa deles essa pesquisa provavelmente não teria resultados. Em especial, ao meu orientador que não deixou de acreditar na minha capacidade, e que colaborou ativamente em relação ao meu aprendizado. A todos, o meu muito Obrigado!

RESUMO

Esta pesquisa apresenta como tema principal a introdução da prática esportiva do Rugby (via Tag Rugby) nas aulas de Educação Física. Discute-se, ainda, de que forma os acadêmicos estão sendo preparados para encarar mudanças nas aulas de Educação Física, variando o foco das atividades consideradas ‘tradicionais’ (futebol, handebol, voleibol ou basquete) para implantação de outras alternativas no conteúdos esportivos a serem desenvolvidos no âmbito escolar. A partir disso, este trabalho tem como objetivo, apresentar o jogo de Tag Rugby como uma alternativa para as aulas de Educação Física, possibilitando aos educadores uma nova perspectiva em relação aos aspectos sociais, motores e históricos sobre o ensino de mais um esporte coletivo, nesse caso a introdução do Rugby na escola. Esta pesquisa visa fornecer argumentos aos professores, observando os discursos dos acadêmicos do curso de Educação Física (CPAN/UFMS), sobre o Tag Rugby como alternativa de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física. Partindo para uma análise geral, podemos deduzir, considerando os referenciais e os dados empíricos, que o jogo de Tag Rugby pode ser uma opção interessante para ser desenvolvido no âmbito escolar, sobretudo diferenciando dos esportes coletivos "tradicionais".

Palavras-Chave: Rugby; Tag Rugby; Educação Física.

ABSTRACT

This research has as its main theme the introduction of practice Rugby (via Tag Rugby) in Physical Education classes. Furthermore, it discusses how academics are being prepared to face changes in the physical education classes, ranging activities considered 'traditional' (, , or ) for the implementation of other alternative sports in the contents to be developed in schools. From this, this paper aims to present the game of Tag Rugby as an alternative to physical education classes, enabling educators a new perspective on the social, historical and engines on teaching more a team aspects, in this case the introduction of school rugby. This research aims to provide arguments to teachers, in the speech of students of Physical Education (CPAN / UFMS) on the Tag Rugby as alternative content to be developed in physical education classes. Leaving for a general analysis, we can deduce, considering the benchmarks and empirical data, that the game of Tag Rugby can be an interesting option to be developed in school, distinguishing between the "traditional" team sports.

Keywords: Rugby; Tag Rugby; Physical education.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 ...... 31 Gráfico 02 ...... 32 Gráfico 03...... 33 Gráfico 04 ...... 34 Gráfico 05 ...... 36 Gráfico 06 ...... 37 Gráfico 07 ...... 39

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...... 11

2. A ORIGEM DO RUGBY ENQUANTO ESPORTE ...... 13 2.1 INTRODUÇÃO DO RUGBY NO BRASIL ...... 15 2.2 A INSERÇÃO DO RUGBY EM MATO GROSSO DO SUL ...... 18

3. TAG RUGBY ...... 22

3.1 OBJETIVO E FUNDAMENTOS DO TAG ...... 23 3.2 REGRAS DO TAG RUGBY ...... 23 3.3 KIT E ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTO DO TAG ...... 24 3.3.1 COMPARATIVO GERAL ENTRE TAG ...... 25 3.3.2 O TAG E AS DEMAIS VARIAÇÕES DO RUGBY ...... 26 3.4. O TAG COMO PROPOSTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...... 27

4. METODOLOGIA ...... 30

5. RESULTADOS ...... 31

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...... 41

7. REFERÊNCIAS ...... 42

APÊNDICE ...... 45 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO ...... 46

1. INTRODUÇÃO

A elaboração deste trabalho visa ressaltar a importância de outra modalidade esportiva, como, por exemplo, o Rugby. Podemos considerar que esse esporte é diferente de outras atividades ‘tradicionais’1 que os professores cotidianamente fazem nas aulas de Educação Física. Acreditamos que no contexto escolar a introdução desse esporte, via o jogo de Tag Rugby, na qual entra como uma opção didática a ser ministrada na escola, pode ser uma grande ferramenta educacional. Assim, esta pesquisa tem como intuito investigar, esclarecer e desmistificar uma modalidade esportiva (o Rugby) que por vezes é pouco acessível e descriminada, mesmo sendo rica do ponto de vista pedagógico. Historicamente o Rugby surge na Inglaterra como um esporte coletivo de intenso contato físico. Hoje é considerado mundialmente o segundo esporte coletivo mais praticado e mais assistido nos países europeus e nas ex-colônias britânicas, bem como tem o terceiro maior evento esportivo, atrás apenas da Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas. No Brasil, o Rugby chegou ao final século XIX e princípio do século XX, onde a disseminação do futebol era dominante. Entretanto, a dispersão do Rugby entre as elites locais não ficou muito distante daquela apresentada pelo futebol. Tanto que o primeiro time de Rugby, o São Paulo Athletic Club, foi idealizado por Charles Miller, o mesmo que organizou o primeiro time de futebol do Brasil. Entretanto, a equipe foi descontinuada em 1896, quando Miller passou a se dedicar apenas ao futebol (OLIVEIRA, 2004). A Confederação Brasileira de Rugby é o órgão que incentiva os diversos projetos relacionados à este desporto. Assim, uma de suas ações é o apoio a projetos de Tag Rugby, desenvolvidos pelos clubes em escolas ou organizações, por exemplo. O Tag Rugby é um jogo de iniciação ao Rugby, e tem como suas principal característica, a ausência do contato físico. As equipes do Tag Rugby são constituídas tanto por meninas quanto por meninos, o que promove integração entre os participantes, além de não possuir nenhum critério físico para a sua prática esportiva. Pode ser praticado mesmo

1 As atividades tradicionais aqui expostas, se referem as modalidade como futebol, handebol, voleibol ou basquete, que são consideradas as aplicadas rotineiramente nas aulas de Educação Física.

11 em espaços reduzidos, quadras, entre outros, locais que encontramos na realidade das escolas brasileiras. Considerando essas informações sobre a temática e sua relação com a Educação Física escolar, questionamos como os futuros professores do curso de Educação Física do Campus do Pantanal (CPAN) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) verificam a possibilidade do Rugby (via o jogo de Tag Rugby) como conteúdo diversificado para as aulas de Educação Física na escola? Assim, nossos objetivos foram: fazer levantamento histórico sobre o surgimento do Rugby como esporte, focando de maneira especial sobre o seu desenvolvimento no Brasil e a sua chegada no estado de Mato Grosso do Sul; realizamos um levantamento na literatura sobre o jogo Tag Rugby como uma possibilidade a ser desenvolvida nas aulas de Educação Física; verificamos entre os universitários do curso de Educação Física (CPAN-UFMS) se têm algum conhecimento históricos sobre o Rugby, bem como se observam a possibilidade de aplicação desse esporte ou do jogo Tag Rugby na escola; identificamos alguns motivos pelo qual a maioria dos professores, optam em desenvolver nas aulas de Educação Física cotidianamente os jogos coletivos ‘tradicionais’. Para tanto, apresentamos na primeira seção desse trabalho a origem do esporte Rugby, desde os seus primórdios na história, desmistificando os seus mitos em relação a criação do jogo, descrevendo sobre o seu início no Brasil, assim como a sua inserção no Estado de Mato Grosso do Sul. Na segunda seção, destacamos o jogo de Tag Rugby, suas regras, suas variações, fundamentos, análises comparativas, objetivos e a sua utilização como proposta pedagógica a ser aplicada nas aulas de Educação Física. Por fim, descrevemos a metodologia de pesquisa empregada, apresentando e discutindo os resultados obtidos durante a pesquisa de campo com os acadêmicos do curso de Educação Física (CPAN-UFMS). Desta forma, esperamos que este trabalho contribua para uma melhor compreensão sobre a prática dessa modalidade no contexto escolar, sobretudo desmistificando a sua inserção na escola.

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2. A ORIGEM DO RUGBY ENQUANTO ESPORTE

Há algumas contradições à respeito da origem do Rugby no mundo. Alguns historiadores afirmam que se originou durante a uma partida de football2 realizada em 1823, na Rugby School3. Onde, um londrino chamado William Webb Ellis, entediado com a monotonia do football, teria agarrado a bola em seus braços e, desrespeitando as regras do jogo vigentes da região, que não permitia que a bola fosse segurada com as mãos, avançou rumo ao campo adversário, enquanto os oponentes tentavam segurá-lo para impedir a sua progressão (COLLINS, 2009). A Rugby School é apontada como referência de marco importante para a promoção do Rugby, pois além de se situar na Cidade de Rugby4, abordava uma metodologia de ensino diferente das outras escolas públicas daquela época. Acreditavam na possibilidade do esporte como uma maneira formativa na construção do indivíduo, o ser social. Tinham pra si, ideais de que um aluno aprendia melhor dentro da escola, praticando algo mais produtivo, do que se ficasse mundo afora, rodeado de vícios e bebidas (CENAMO,2010).

[...] O esporte é o grande desafio do ser humano. O esporte ajuda a moldar a personalidade e o caráter, dando lhes mais força. O esporte ensina que não existem super-homens, mas apenas humanos. O esporte é uma constante lição de vida. O esporte é entretenimento. O esporte é lazer. O esporte é recuperação. O esporte é cultura (DUARTE, 2003, p. 11).

Cenamo (2010) relata que apesar das controvérsias sobre o início desse esporte, muitas pessoas já o praticavam retendo a bola durante a corrida, de forma ainda rudimentar, como nas cidades da Escócia e no Leste Europeu. Mesmo antes mesmo de Ellis ter nascido. Naquele tempo, as regras do football já eram diferentes. Assim, não é correto dar somente créditos ao jogador Ellis pela ousadia que durante a uma partida de football, ele ter pego a bola nas mãos e sair correndo atravessando o campo adversário e ter originado o Rugby.

2 O football é o jogo de bola com os pés, presente nesse texto como um tipo de código do esporte. 3 A Rugby School, uma escola pública situada em uma cidade chamada Rugby, na Inglaterra fundada em 1567. 4 A cidade de Rugby situada na Inglaterra. 13

Cenamo (2010) menciona que antes mesmo de existir o Rugby propriamente, já existiam outros jogos com bola nos quais permitiam contato físico. Como o jogo grego “”, e o “cálcio”, de origem italiana. Ambos com a mesma característica de jogo, no qual os atletas que o praticavam, levavam a bola de uma extremidade do campo a outra, derrubando os seus oponentes. Relatos históricos, que foram essenciais para a difusão do Rugby. Atualmente, quando se remete a modalidade esportiva Rugby, muitos leigos se assustam e interpretam mal o respectivo esporte. Como algo violento por natureza, devido ao fato do jogo permitir o contato físico e ocasiona muitas quedas, ocorrências comuns e semelhantes em outros esportes de contato corporal.

Qualquer esporte que implique contato físico possui perigos implícitos. É muito importante que os jogadores joguem a partida de acordo com as Leis do Jogo e estejam atentos a sua própria segurança e a dos outros. É responsabilidade daqueles que treinam ou ensinem o jogo assegurar que os jogadores estejam preparados de modo que seja garantido o cumprimento das Leis de Jogo e de acordo a práticas seguras. (LEYES DEL JUEGO DE RUGBY, 2004, p.4 - tradução nossa).

Cenamo (2010) aponta que no ano de 1860, algumas das escolas na Inglaterra, como, Escócia, Irlanda, entre outras, passaram a adotar as regras da Rugby School. Tendo como objetivo, de possibilitar a realização de jogos esportivos entre as demais escolas públicas na época, e que com o passar dos tempos, os alunos que se formavam nessas escolas, também pudessem continuar com a prática esportiva. E com a saída destes, passariam a fundar clubes para que houvesse continuidade do esporte. Trazendo um pouco da história da formação do Rugby, citamos a Escócia, a Irlanda e País de Gales, como entidades na época, sendo as principais federações. E destas, tornaram-se a “International Board”. Estas, sendo responsáveis pela regulamentação e desenvolvimento do esporte. O Union foi fundado em janeiro de 1871, sendo a mais antiga do mundo. Fora responsável pela padronização das regras do jogo, da organização de campeonatos e da promoção do esporte Rugby (CENAMO,2010). Cenamo (2010) cita que o desentendimento entre alguns clubes da Inglaterra, gerou modificação na formação do Rugby. Anos mais tarde, passou a ser nomeada

14 como Rugby Football League. Assim, tornando-se o Rugby Union5 e o Rugby League6, dois esportes oriundos do football, sendo como código nomeado de Rugby. Collins (2009) fomenta que em 1895, com o crescimento do esporte ocorreram vários atritos, levando à discussão sobre a liberalização ou não do profissionalismo, isto porque de acordo com a ideologia na época, o intuito financeiro desvirtuaria os ideais do esporte e, por isso, era motivo de conflitos. O Rugby com o passar dos anos demonstrou ter passado por várias modificações. Tanto pelo lado histórico, quanto ao aspecto como modalidade esportiva, oriunda de outras modalidades do football. Desde o início de sua história, o Rugby tem se mostrado como um esporte moldado por valores e tradições. Por ser um esporte de intenso contato, há um código de conduta muito rígido que deve ser respeitado por todos os envolvidos, tanto para os atletas, como também para os espectadores. A base deste código são os valores do Rugby: respeito, união, lealdade, humildade e disciplina (AGUIAR, 2011).

2.1 INTRODUÇÃO DO RUGBY NO BRASIL

Cenamo (2010) salienta que um dos fatores mais importantes para a difusão do Rugby naquela época, foram os intercâmbios estudantis dos imigrantes britânicos nas terras brasileiras, onde eles traziam consigo um pouco da cultura do football. Oliveira (2004) relata que o primeiro clube de esportes fundado no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, foi em 1875, e era conhecido como o Paissandu Crickect Clube. Ainda na cidade do Rio de Janeiro, em 1891, o Clube Brasileiro de Futebol Rugby, foi o primeiro clube a desenvolver as atividades do Rugby, tendo como seu pioneiro, o jovem brasileiro que havia recém chegado da Inglaterra, o Luiz Leonel Moura, onde lá havia tido contato com o Rugby e o com o futebol, e suas principais diferenças, foi devido a sua iniciativa que o Rugby foi inserido, e que logo encontrou outros adeptos desta modalidade.

5 O podia ser disputado na modalidade XV- que significa ter 15 (quinze) jogadores para cada equipe, com 02 (dois) tempos de 40 (quarenta) minutos jogados, e 15 (quinze) minutos de intervalo. Ou na modalidade Sevens, com divisão de 2(duas) equipes com 07(sete) jogadores pra cada lado, em 2 (dois) tempos de 07 (sete) minutos. 6 O surgiu das variações do Rugby Union, jogado 2 (duas) equipes com13 (treze) atletas pra cada lado com mesmo indício de tempo, sendo 10 (dez) minutos de intervalo. 15

Outro fato histórico interessante sobre a chegada do Rugby em terras brasileiras, foi no ano de 1896 quando um professor do Mackenzie College, chamado Augusto Shaw que voltava dos Estados Unidos, que começou a fazer propaganda e desenvolver o esporte no país (OLIVEIRA,2004). Perasso (2009) menciona que o Rugby no Brasil, decorreu por volta do século XIX, ganhando inúmeros apoiantes, local onde fundou-se a primeira União do continente, no ano de 1899, nomeada de “River Plate ”. Oliveira (2004) cita que Charles Miller7 além de ter tido grande influência no ramo futebolístico, e ser consagrado como um ótimo tenista e jogador de críquete, também foi um bom jogador de Rugby, onde organizou o primeiro time de Rugby de São Paulo, sendo nomeado como: São Paulo Atlético Club, o famoso SPAC8, contudo, somente a partir de 1925 com o surgimento de novas equipes que o Rugby começou a ser praticado com regularidade. Em maio de 1926, foi concretizado uma série de jogos interestaduais com novas equipes de Rugby da cidade de Santos e do Rio de Janeiro. A maioria dos jogadores, eram membros da colônia inglesa, outros, eram sírio-libaneses que haviam morado na Inglaterra e tiveram retorno para o Brasil. Além dos amistosos entre os cariocas e os paulistas, no período entre 1926 e 1940, realizou-se uma etapa internacional, contra os Springboks9 em 1932. Entre os anos de 1941 a 1946, a partir da Segunda Guerra Mundial, muito dos ingleses que praticavam o Rugby, e que moravam no Brasil, tiveram que voltar para a Europa pra defender o Exército Britânico, assim descontinuando o Rugby nesse período (OLIVEIRA,2004). Oliveira (2004) ressalta que o maior marco do crescimento do Rugby no Brasil, foi durante a década de 60. Os jogadores que eram sócios do São Paulo Athletic, passaram a jogar representando o clube, e formaram o Aliança Rugby Football Clube. Este, era constituído por jogadores, sendo a maioria deles, ingleses, franceses, argentinos e alguns brasileiros. No ano de 1961, o esporte conseguiu mais adeptos, com membros da colônia japonesa, o São Paulo Football Clube. O autor acima, enfatiza que no ano de 1963, a partir da ideia de Harry Donovan, foi fundada a União de Rugby do Brasil, entidade criada com a intenção de direcionar a modalidade no país, situada em São Paulo. Em 1964, patrocinou

7 Charles Miller considerado um dos mais renomados personagem no esporte brasileiro, conhecido também como o pai do futebol brasileiro. 8 SPAC – Atualmente é considerado o clube que mais possui títulos de campeonatos de Rugby. 9 Springboks é como chamamos o time de Rugby da África do Sul. 16

Campeonato Sul Americano de Rugby, e inaugurou o novo campo do SPAC, agora, localizado em Santo Amaro- SP. O torneio serviu como incentivo a formação de equipes juvenis, tais como - São Paulo Athletic, Colégio Liceu Pasteur e Bertioga Rugby Clube. Segundo este mesmo autor, no ano de 1966, que realizou-se o primeiro jogo entre as equipes da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e a Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie. Mas, no ano de 1971, que começaram a desenvolver equipes infanto-juvenis em São Paulo, considera-se o SPAC, o time mais antigo. Em dezembro de 1972, substituindo a União de Rugby do Brasil, foi fundada a Associação Brasileira de Rugby-ABR, sendo reconhecida pelo então existente Conselho Nacional de Desportos-CND. No final da década de 80, outras equipes foram formadas, inclusive as equipes femininas, mas só no ano de 1990 que puderam realizar-se por completo, ou seja, jogando. Nos seguintes anos 2000 a 2003, houveram grandes realizações do Rugby no Brasil, como - a seleção brasileira de Rugby, ter vencido o Torneio Sul Americano CONSUR B - classificatório do (OLIVEIRA, 2004). Em 2004, a Seleção Brasileira Feminina de Sevens disputou o primeiro Campeonato Sul-Americano da categoria, onde consagraram-se campeãs. Desde então, o campeonato é disputado anualmente, e o Brasil conquistou todos os títulos disputados. Em 2009, foi formada pela primeira vez a Seleção Feminina de XV, que disputou um amistoso contra a Holanda, sendo derrotada por 10 x 0. No mesmo ano, a Seleção Feminina de Sevens disputou a Copa do Mundo de , em Dubai, alcançando o 10º lugar do ranking. Com a inclusão do Rugby nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, a ABR, foi transformada em Confederação Brasileira de Rugby (CBRu)10. A Confederação Brasileira de Rugby é o órgão que incentiva os diversos projetos relacionados à este desporto, onde o Rugby será novamente incluso no programa, em sua modalidade Seven-a-side11. Uma de suas ações é o apoio a projetos de Tag Rugby, desenvolvidos pelos clubes de Rugby em escolas ou organizações sem fins lucrativos, com intuito da promoção do esporte.

10 A Confederação Brasileira de Rugby – CBRu, atua como uma entidade para a promoção do esporte em todo território nacional. 11 Seven-a-side, considerada como uma das modalidades do Rugby, jogado por 7 (sete) atletas em campo. 17

Os atuais participantes do Campeonato Brasileiro da Primeira Divisão são clubes dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais, gerando um total de oito clubes. Os Estados que possuem equipes, mas não participam do Campeonato Brasileiro são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Tocantins (11 equipes em 2003) (OLIVEIRA,2004). No mundo do Rugby, há a tradição de cada país ser conhecido por um símbolo que lhe caracteriza. No caso a seleção brasileira, o símbolos utilizado é a imagem do Tupi, ou chamados por Tupiniquins, sendo uma associação simbólica, como um conjunto de povos com ligações históricas e culturais entre si (RAMALHO, 2012). De acordo com a CBRu, o Rugby é visto como um dos esportes o qual a demanda de popularidade é inferior comparada ao futebol, e a outras modalidades esportivas como, voleibol, lutas, basquete ou handebol. Porém tem obtido um considerável crescimento desde a década de 1990, somando em 2012 mais de 30 mil praticantes, mais de 10 mil federados e 230 clubes no país. Sua popularidade é maior nos países europeus e nas ex-colônias britânicas, onde frequentemente é apontado como o esporte mais praticado e mais assistido. Na televisão o Rugby ainda é transmitido apenas em TV por assinatura. A primeira transmissão televisionada de Rugby no Brasil foi na Copa do Mundo de Rugby de 1999. A Copa do Mundo de Rugby de 2003 foi a primeira a ser apresentada com jogos ao vivo, graças ao esforço da própria ABR (na época) que pediu para a Internacional Rugby Board mandar o sinal de graça para o Brasil.

2.2 A INSERÇÃO DO RUGBY EM MATO GROSSO DO SUL

Para o público brasileiro, o Rugby ainda não é um esporte tão difundido. Em pesquisa realizada pela empresa Deloitte (2011), o Rugby aparece na 16º colocação entre os esportes preferidos das pessoas entrevistadas, à frente de esportes bem mais tradicionais como o boxe, por exemplo. Como em outros estados, há um crescente interesse a respeito do Rugby no Mato Grosso do Sul. A equipe de Campo Grande Rugby Clube, por exemplo, conquistou o vice-campeonato da Copa Brasil Central de Rugby 15 em 2010, em jogo disputado contra o time de Goiânia. Outras cidades, como Corumbá, Dourados, Bela Vista,

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Itaporã, Jardim, São Gabriel do Oeste, Ponta Porã, Maracajú e Três Lagoas também possuem times de Rugby. O Dourados Rugby Clube, por exemplo, além das equipes masculina e feminina de Sevens, possui uma equipe de XV, bem como o Campo Grande Rugby Clube. O Clube de Itaporã, na cidade de Itaporã, foi fundado em 6 de julho de 2011, criado por Antônio Jorge Filho e seu amigo chamado Matheus Muraro. Segundo o Antônio (informação verbal),12 relata que de início começaram a treinar por brincadeira, após um período de tempo, conheceram alguns integrantes do Dourados Rugby Clube, que os ajudaram a treinar e a desenvolver melhor a ideia da formação do Itaporã Rugby Clube. O clube ainda não participou de nenhum campeonato oficial ou amistoso entre os demais clubes de Rugby do MS. O Frontera Rugby Clube, proveniente da cidade de Ponta Porã, foi pensado no ano de 2011, mas foi no primeiro semestre de 2012, que começaram a programar treinamentos no município. Solicitaram para a Fundação de Cultura e Esportes da Prefeitura Municipal um campo para os treinos, criaram uma página na rede social para divulgação e começaram a espalhar cartazes com o agendamento do início dos treinos. Na data marcada na divulgação, dia 01 de setembro de 2012, compareceram ao campo do Horto Florestal mais de 30 interessados, entre brasileiros e paraguaios. No dia 29 de setembro, os jogadores se reuniram para confraternizar assistir ao jogo Los Pumas X All Blacks e escolher o nome e as cores da equipe. A partir disto, optaram utilizar o nome Frontera Rugby Clube, defendendo as cores azul e vermelha, cores estas, escolhidas por serem as oficias de Ponta Porã e também do país vizinho. O Clube de Dourados, foi fundado por um grupo de estudantes universitários que viviam na cidade de Dourados, MS. Com o passar dos anos, estes mesmos estudantes foram se formando e voltando para suas cidades natais, e como o clube não possuía nenhum time de base logo entrou em decadência por falta de jogadores, até ficar inativo. Em 2007 e em 2009, o antigo time do Dourados terminou em terceiro lugar no Campeonato Sul-mato-grossense de Rugby (torneio criado em 2005). O time era liderado por atletas que já haviam jogado algumas vezes, porém não possuíam certa bagagem de conhecimento para passar um treinamento adequado aos jogadores. Num sábado, Guilherme B. Sabardeline (ex- Seleção Brasileira) observou o treino do grupo, e resolveu ajudar nos treinos da equipe. Com isso, o grupo começou ganhar formato real

12 Comunicação pessoal com o Antonio Jorge Filho, atleta do Itaporã Rugby Clube. 19 de equipe. Ganhando corpo, o Dourados RC foi oficialmente registrado, tornando-se, assim, um clube. Hoje, o clube possui tanto equipe masculina como feminina, nas categorias Sevens e XV. O Corumbá Rugby Clube (CORC)13, criado em 2003, é a primeira equipe de Rugby na cidade de Corumbá. Foi fundada por um grupo de estudantes e professores que haviam tido contato com o esporte no estado de São Paulo (CORC, 2009). Desde sua fundação, o CORC vem participando de amistosos e torneios a nível regional e internacional. Destaca-se a participação no Torneio Internacional de Rugby, realizado em 2006 na cidade de Santa Cruz de La Sierra, Bolívia. Na modalidade Seven-a-side, o CORC disputou todas as edições da Copa Brasil de Rugby Seven organizada pela Federação de Rugby do Mato Grosso do Sul. Conquistou a vice colocação da Taça Ouro (divisão principal) na última edição do torneio de 2011. O CORC iniciou no ano de 2012 um plano de desenvolvimento, com intuito de promover a expansão da equipe em outras categorias e modalidades. Paralelamente, está em processo de consolidação o time juvenil (na faixa dos 15 a 18 anos); além de se projetar a formação de um time de Tag Rugby com atletas menores de 15 anos. O time feminino dentro do CORC, foi formado no início de 2012, seguindo em processo de seleção de atletas desde a sua formação, sendo que dentro desse período de tempo, as atletas já participaram de amistosos e campeonatos estaduais. O CORC, de uma maneira não muito organizada, protagonizou dentro da Escola Municipal Barão do Rio Branco, da cidade de Corumbá, entre os alunos do ensino fundamental, a aplicação de ações esportivas através do Tag Rugby. O que propusemos com o desenvolvimento do projeto do Tag Rugby, em parceria com o Programa PROJOVEM ADOLESCENTE14 de Corumbá/MS, fora de atender os alunos com idades entre 15 e 17 anos. Já a faixa etária atendida pelo projeto, foi entre 12 e 14 anos, com participantes de ambos os sexos, onde estes, aprenderam sobre aspectos técnicos do jogo e sua filosofia. As atividades foram desenvolvidas na quadra da instituição, no tempo das aulas de Educação Física das séries do 6º ao 9º ano, iniciando às 07h15m, com encerramento às 10h30m, duas vezes na semana. Os responsáveis pelas ações do projeto, eram os

13 O Corumbá Rugby Clube – clube de Rugby da cidade de Corumbá. 14 O programa PROJOVEM ADOLESCENTE visa expandir esta linha de trabalho aos alunos das escolas de ensino fundamental da rede pública, desenvolvendo atividades que estimulem a convivência social, participação cidadã. 20 atletas do CORC, que se disponibilizaram em assumir a tarefa de ministrar atividades sobre os fundamentos do Tag Rugby, e suas regras.

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3. TAG RUGBY

A nomenclatura ‘Rugby’, quando abordada na escola, assusta alguns docentes que não tem o real conhecimento sobre o esporte, pois é visto pela nossa cultura de maneira errônea, como uma prática esportiva violenta, e sem nenhum atributo positivo para sua prática escolar. Como já indicamos no início, essa é uma postura equivocada e preconceituosa do ponto de vista pedagógico, conforme explicaremos mais densamente a seguir. Mendes, Quintino e Ferreira (2011) apresentam o Rugby como um reforço de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, nos possibilitando a enxergar o Rugby como uma prática de socialização, sendo o professor, o responsável por buscar outros meios e propostas inovadoras a serem trabalhadas na escola. O Tag Rugby é um jogo, que é um meio de iniciação ao esporte Rugby, portanto, procedente da modalidade do Rugby. Assim, o Tag Rugby é um jogo estratégico e sem contato físico, trazendo consigo alguns valores que encontramos em diversos esportes coletivos, como: solidariedade, respeito e disciplina. O Tag Rugby é uma importante ferramenta educacional que poderá vir a ser desenvolvida dentro das aulas de Educação Física, como instrumento auxiliar no processo de formação dos indivíduos, pois é através da aplicação do jogo do Tag15 que seus praticantes terão participação ativa, demonstrando na prática, uma tentativa de inovação referente as aulas de Educação Física. Desse modo, é fundamental que antes da prática do jogo, nas aulas de Educação Física, o profissional que desenvolver o Tag em suas aulas, saiba esclarecer todos os tabus/mitos que o Rugby traz historicamente, dentre esses destacamos: um jogo extremante violento, onde somente os homens de elite poderiam jogar ou que em uma jogada de futebol mal sucedido o senhor (jogador) Webb Ellis inventou o jogo do Rugby.

15 Tag: abreviação do termo Tag Rugby. 22

3.1 OBJETIVO E FUNDAMENTOS DO TAG

O Tag Rugby, é uma variação adaptada do Rugby, que traz consigo os valores do esporte Rugby. O seu jogo consiste na utilização de um cinto, chamado Tag, daí, o nome Tag Rugby. O jogo pode ser realizado com equipes mistas, com a junção de meninos e meninas, onde o objetivo do jogo é o ensaio. Ganha o jogo a equipe que marcar mais ensaios. Há ensaio sempre que um jogador, tendo a bola em sua posse, ultrapassa a linha de ensaio da equipe adversária e apoia a bola no chão. Cada ensaio equivale a 01 (um) ponto. O Tag é um jogo fácil de se jogar devido a sua simplicidade na técnica de suas regras. Podendo ser praticado por equipes mistas, de variadas faixa etária, sendo um esporte inclusivo. É possível ser desenvolvido nos espaços reduzidos, algo que podemos encontrar nas escolas. Atua positivamente em relação a cooperação, espírito de equipe e trabalho coletivo, não desfavorecendo nenhum participante, e o principal, sem contato físico, desmistificando a violência atribuída ao Rugby. O Tag Rugby também contribui para o desenvolvimento psicomotor, já que em situações de jogo, a percepção de espaço, distância, lateralidade, além do desenvolvimento da comunicação entre os participantes, análise e capacidade de resolução de situações adversas, trabalho em equipe, entre outras características são prontamente requisitadas (CORC, 2010). O Tag se apropria da maioria dos fundamentos do Rugby, diferenciando apenas na maneira de obstrução de defesa, tempo/espaço do jogo, número de jogadores e tamanho da bola. Tem como seus principais fundamentos, o apoio, o avanço e continuidade com a posse de bola, na finalidade de marcar os ‘ensaios’16 (INTERNACIONAL RUGBY BOARD, 2008).

3.2 REGRAS DO TAG RUGBY

Garcia (2011) apresenta as regras do Tag Rugby de uma maneira mais formal, com objetivo de maior compreensão por parte dos profissionais que almejam seguir nesta área.

16 Termo utilizado nas partidas de Tag Rugby, quando uma equipe consegue marcar ponto. 23

 Iniciando o jogo com um pontapé livre, no meio de campo;  A bola só poderá ser passado para o companheiro(a) que estiver ao lado, ou atrás do jogador que estiver com a posse de bola, nunca para a frente, o que pode acarretar falta, ou segundo a linguagem do Rugby, fazendo ‘knock on’17;  Só pode retirar o cinto do Tag dos que estiverem com a posse de bola em mãos;  Não poderá haver contato físico, a única forma de parar o jogo, é retirando o cinto Tag;  A bola deve ser transportada pelas duas mãos;  Quando o portador da bola sofre um Tag18, este, tem apenas 3 segundos para passar a bola para um companheiro de equipe, ou pode trocar de lugar com outro colega do jogo;  A defesa mantém sempre uma linha reta, para que ao avançar no decorrer do jogo, consigam reduzirem o espaço dos seus adversários, movimentando-se sempre para executar o Tag;  Diferente do Rugby que possui contato físico que é o confronto chamado de tackle19, no Tag os defensores retiram a fita do portador de bola, momento este que o obriga a passar a bola;  Em cada Tag, o defensor deve respeitar a sequência: tirar a fita e gritar Tag, levantar o braço, e entregar a fita;  Quando há um Tag, todos os jogadores da equipe defensiva, devem recuar, até se posicionarem atrás do defensor que tem a fita na mão;  É marcado falta quando o jogador que está na linha de offside20 atrasa o passe à equipe que defende;

3.3 KIT E ESPAÇO PARA DESENVOLVIMENTO DO TAG

 Bolas de Rugby nº 3 e nº 4;

17 O termo knock on no jogo é quando o time comete uma falta, em relação ao passe da bola errado. 18 Maneira nomeada quando a equipe qual não está com a posse de bola, retira um dos cintos Tag, do jogador adversário. 19 Momento de defesa no jogo do Rugby, onde seus jogadores se chocam, tentando impedir a continuação do passe de bola numa partida. 20 Quando o jogador ultrapassa a linha de impedimento, ou seja, avança na frente da linha no qual deveria estar. 24

 Cintos Tag Rugby21 (12) 22;  Coletes;  Cones;  Quadra medindo 40 x 20 metros.

Segundo Garcia e Moura (2011), os itens citados acima, são os recursos utilizados para desenvolver a atividade do Tag. Porém sabemos que a realidade da escola é outra. Podemos dizer que não é possível encontrar em todas as escolas estes materiais, ou local apropriado para as atividades, cabendo ao professor, como já apontamos, arranjar formas de adaptar os recursos encontrados. Podemos também dizer, que mesmo não tendo os materiais apropriados para a prática do Tag, isso não torna um motivo para a não realização do jogo na escola. Propomos então, a reutilização de materiais para esta prática. Exemplo, ao invés de utilizarmos os cintos próprios do Tag, podemos utilizar pedaços de fita TNT23 e colocá-los na cintura dos praticantes, cada equipe com cores de fita diferentes. Ou, ao invés te utilizarmos as marcações do campo feitas pelos cones, podemos demarcar com o giz. O professor que se sentir à vontade de ministrar uma aula de Tag, tendo conhecimento de suas regras, e na escola, ou se, o mesmo não tiver a bola de Rugby, ou a bola apropriada para o Tag, podemos adaptar, utilizando as bolas de voleibol, ou de handebol, ou aquela que os alunos mais usam nas aulas de Educação Física. Ou seja, sabemos que para uma aula ter qualidade, é necessário bastante conhecimento e criatividade.

3.3.1 COMPARATIVO GERAL ENTRE O RUGBY X TAG

Descrição Rugby Tag Número de jogadores 07, 10, 13 ou 15 05, 07 ou 1224

21 O cinto do Tag Rugby são duas fitas com velcro que são colocados na cintura dos jogadores. 22 A quantidade aqui apontada doze (12), é apenas uma colocação, dependerá de quantos alunos participarem da atividade. 23 Fitas de TNT, material artesanal, um tipo de tecido que não é propriamente um tecido. 24 Os números de atletas aqui estipulados estão em forma apenas de comparação, podendo ser mais integrantes no jogo do Tag, dependendo da realidade da escola. 25

Espaço de jogo 140m x 75 m 20m x 40m Duração da partida 80 minutos 10 minutos Defesa/Ataque Com uso do Sem uso do tackle, retirando apenas o cinto do adversário Pontuação 1 = 5 pontos 1 try = 1 ponto Duração de jogo Dependendo da Podendo entre 7 -10 minutos, modalidade podendo não mais que isso chegar até 2 (dois) tempos de 45 minutos

O Tag como movimento renovador a ser aplicado nas aulas de Educação Física, tem a possibilidade de ser trabalhado na escola como algo além de conteúdo, trabalhando conjuntamente os valores que já estão dentro de alguns outros coletivos educacionais já citados anteriormente, que vem contribuir para o desenvolvimento integral de seus praticantes.

3.3.2 O TAG E AS DEMAIS VARIAÇÕES DO RUGBY

Como o Tag, existem outras modalidades oriundas do esporte Rugby, para isso vamos apresentar algumas apoiados na obra de Rocha e Cordovil (1998), que adaptaram o Rugby e o inseriram no meio ao ambiente escolar. A primeira que apresentamos é o jogo do ‘Bitoque Rugby’. Esse jogo não é muito diferente do Tag. Tem o mesmo objetivo, de marcar ensaios, mudando em relação a numeração dos pontos marcados, do tempo de jogo, número de atletas em campo e a maneira de obstrução da defesa. Outro destaque que diferencia, é que no Tag a defesa atua retirando o cinto do adversário, e no Bitoque, a defesa atua com um toque simultâneo das duas mãos na cintura do seu oponente, aquele que tenha em mãos a posse de bola. O ‘Jogo da Azeitona Rugby’, assim como o Bitoque, tem o mesmo objetivo, de marcar pontos. Com tempo de jogo e número de jogadores em campo semelhantes. Tendo diferença no método de progressão do adversário com a bola. O jogador deve agarrar o seu adversário entre a cintura e os ombros. Voltando ao jogo, com um tipo de marcação onde recomeça com um confronto de um contra um (1x1), isto é, atletas frente

26 a frente, em posição de scrum25, para que então a equipe que vencer o , ganhe a posse de bola, e continua o jogo normalmente. Tem o ‘ Rugby’, na qual o número de jogadores pode ser de acordo com o espaço, podendo chegar até (15) quinze pra cada lado. Com duração de tempo não mais que 10 minutos, e sem contato físico. O método de obstrução da defesa, é o toque no jogador que estiver com a bola em mãos. Reiniciando a partida, após aquele que foi tocado, de colocar a bola no chão, e/ou outro integrante de sua equipe colocar a bola no chão. O ‘Quad Rugby’ é uma modalidade do Rugby específica para cadeirantes, segundo a Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas. É jogado em qualquer quadra de basquete, sendo a linha central da quadra que divide o espaço da defesa e ataque. Tendo como objetivo, marcar pontos. O qual é demarcado pelas linhas de fundo, que é a linha de gol. Os pontos são marcados de acordo com as deficiências dos atletas, variando de 0,5 (maior deficiência) a 3,5 (menor deficiência), de acordo com a ABRC26 essas regras impostas no jogo, servem para equilibrar as equipes, que não podem ultrapassar 08 (oito) pontos. As cadeiras são adaptadas para este tipo de esporte, diferenciando a defesa do ataque, podendo jogar de 04 (quatro) a 12 (doze) jogadores. E a bola que eles utilizam é a de voleibol. E ainda, o ‘’ o famoso jogo de Rugby praticado na areia. Diferente do Tag, pois neste, pode haver o contato físico entre os jogadores. O try27 equivale a 01 (um) ponto, sendo demarcado na linha de fundo do campo. Podendo jogar 5x5 atletas em campo, com 2 (dois) tempos de 5 (cinco) minutos. Podendo ser equipes masculinas, ou femininas.

3.4 O TAG COMO PROPOSTA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Freire (1989), considera a criança como um ser que não apenas faz, mas que também pensa, sente e relaciona-se com os outros. Para tanto, precisamos levar para

25 Scrum: nomenclatura utilizada nos jogos de Rugby, como posição de disputa para definir com qual equipe vai obter a posse da bola. 26 A ABRC- Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas foi criada em março de 2008, com objetivo de integrar socialmente as pessoas com deficiências severas através do esporte. 27 Nome o qual referimos quando o time marca ponto. 27 sala de aula, novos conteúdos que caibam dentro da Educação Física Escolar, da maneira de possibilitar aos alunos novas formas de aprendizagem, de outras maneiras de se interagirem entre eles, assim possibilitando outras vivências, outras situações a quais estarão inseridos, deste modo, enriquecendo o desenvolvimento de suas habilidades motoras, cognitivas. Martins (2011) situa o Rugby como um conteúdo a mais a ser atribuído nas aulas de Educação Física. Como um meio de ampliação cultural do aluno, dando à ele, condições de uma melhor compreensão do mundo. De maneira que o Rugby, seja aplicado por várias dimensões, como um fenômeno social, histórico e cultural. Desmistificando e esclarecendo os variados tabus, e formas que alguns leigos tem para com o esporte. O Rugby dentro do espaço educacional viria como um reforço a ser trabalhado nas aulas de Educação Física, não desvalorizando as outras modalidades esportivas desenvolvidas na escola, mas trazendo consigo um jogo estratégico de caráter lúdico por meio do Tag. Assim, desmistificamos os mitos/tabus do Rugby que ainda é visto como um jogo violento. Um dos projetos de Tag Rugby conhecido mundialmente é o da Federação Portuguesa de Rugby que apoia o desporto escolar promovendo o Tag Rugby nas escolas. Vaz (2005) comenta sobre o papel que as nossas escolas tem para com os alunos, considerando-a como um local privilegiado, no qual devem ser executados todos os tipos de esportes. Trazendo o Rugby, como um exemplo de conteúdo diferenciado dos demais coletivos que são trabalhados nas escolas dentro das aulas de Educação Física. O autor acima, esclarece que é dever do professor de Educação Física, encontrar soluções as quais os seus alunos devam participar das aulas como seres atuantes, não passivos do ensino, tornando-os seres pensantes, não executando somente a prática das atividades como manifestação de movimento corporal, mas trazendo para sala de aula, a reflexão sobre o porquê deles estarem desenvolvendo a praticidade da atividade proposta, para que serve, e quais os benefícios. A maioria dos esportes coletivos desenvolvidos nas aulas de Educação Física, direcionados pelo professor, geralmente se enquadram entre as modalidades já conhecidas da cultura brasileira, como: o futebol, o voleibol, o handebol e o basquete. Contudo, o que queremos salientar, é o papel do Rugby via Tag na escola, na qual poderia vir a acrescentar no contexto escolar, atuando como meio de transformação integral do indivíduo dentro da escola. Isso não quer dizer que estas atividades

28 tradicionais esportivas devam ser excluídas do currículo escolar. O que estamos sugerindo, é a possibilidade pedagógica do Tag na escola. A inserção do Tag na escola, poderá servir como meio renovador da prática corporal, pois o Tag é um jogo que possui diferentes lógicas em comparação aos já trabalhados cotidianamente na escola. Cabe ao professor de Educação Física, encontrar maneiras que motivam os seus alunos a terem uma aula prazerosa, tendo o Tag como conteúdo ou não. Vaz (2005) relata em sua obra sobre as principais dificuldades que muitos docentes atribuem em relação ao aplicar o Rugby nas aulas de Educação Física. Como por exemplo, a falta de estrutura da escola onde trabalham, falta de materiais, falta de conhecimento sobre o tema, seu histórico, desconhecimento das regras do jogo, e insegurança na parte de abordagem da modalidade, ou em relação a metodologia sobre o ensino da maneira de aplicação do jogo. Mendes, Quintino e Ferreira (2011) também comentam a respeito dos docentes que atuam nas escolas, de não trabalharem com o Rugby, dentro de suas aulas de Educação Física. Trazendo, justificativas semelhantes, em relação ao autor citado acima.

29

4. METODOLOGIA

Para delimitação do estudo foi realizado uma pesquisa de campo. Este trabalho trata-se de uma pesquisa qualitativa descritiva para a delimitação do estudo e desenvolvimento sobre o fato a ser estudado (GODOY, 1995). Os sujeitos desta pesquisa foram os universitários, acadêmicos do curso de Educação Física, do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no município de Corumbá – MS. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram um questionário semiestruturado, contendo perguntas fechadas e perguntas abertas elaboradas de maneira que os pesquisados pudessem refletir acerca do tema proposto (ver apêndice). O questionário foi aplicado de maneira aleatória entre os alunos matriculados, onde se propuseram a responder o questionário de maneira organizada, após o término da aula de uma disciplina, no qual a demanda de alunos é diversificada, contendo acadêmicos dos 12 (doze) semestres do curso de Educação Física do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde 75% destes mostraram- se a vontade em colaborar com a pesquisa, com intuito de verificar como estão sendo preparados para a profissão, levando sempre em consideração, o tema proposto. Ressaltamos que os questionários foram elaborados de maneira que se obtivesse o maior número de respostas que expressassem a visão dos acadêmicos, os futuros professores acerca do Rugby (via Tag Rugby) como um novo conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física.

30

5. RESULTADOS

Foram aplicados os instrumentos de coleta de dados, onde permitiram identificar e analisar a visão dos acadêmicos (curso de Educação Física), do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sobre a inserção do Tag Rugby nas aulas de Educação Física. Para entender melhor este discurso, foi aplicado o questionário semiestruturado com questões sobre: a concepção sobre a grade curricular do curso de Educação Física; se têm conhecimento sobre o esporte Rugby; se acreditam que sairão da universidade preparados para desenvolver outras modalidades esportivas dentro da escola; se conhecem o Tag como forma de alternativa de ensino aprendizagem; se acreditam que o Rugby (via Tag Rugby) possa ser considerado como alternativa de conteúdo; e se a falta de materiais torna-se um empecilho em relação a abordagem de outros coletivos nas aulas de Educação Física.

GRÁFICO 01 – Sexo dos entrevistados

Na pesquisa analisamos as opiniões escritas dos 30 (trinta) questionários coletados, onde 25 (vinte e cinco) pessoas que se predispuseram a colaborar com a pesquisa. Salientamos que os discursos dos entrevistados estão conservados conforme foram escritos. Para manter o anonimato dos participantes, optamos por utilizar as palavras “P 01”, “P 02”, até “P 30” ao final de cada discurso do entrevistado como forma de substituição ao seu nome.

O gráfico 01 expressa a prevalência quanto ao sexo dos participantes da pesquisa.

25%

75%

FEMININO MASCULINO Fonte: Pesquisa de campo - questionário aplicado 2014.

31

GRÁFICO 02 – A grade curricular do curso de Educação Física da UFMS/CPAN pode ser considerada satisfatória em diversificadas modalidades coletivas?

A classificação da grade curricular mostra em relação a quantidade de sujeitos de como classificaram a grade curricular do curso de Educação Física da UFMS/CPAN, sendo a maioria com 64% que a classificou como ‘Não Satisfatória’ e outra parte dos sujeitos com 36% classificando como ‘Satisfatória’.

36% 64%

SATISFATÓRIO NÃO SATISFATÓRIO

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“A grade curricular do nosso campus comparado a outras universidades é completamente precária.” (P 04).

“Pois o tempo (carga horária) das atividades esportivas é muito curto para o ensino aprendizagem dos graduandos.” (P 07).

“Em diversas modalidades não, mas em muitas sim. Pois temos que levar em conta a nossa cultura voltada apenas a alguns esportes.” (P 10).

“Não. Porque tem professores, que não são da área específica a Educação Física, que deixa assim com um conhecimento defasado da matéria por ele explicado.” (P 12).

“A nossa grade só atende alguns esportes que são privilegiados pela mídia.” (P 20).

“Não. Pois não temos o conhecimento completo de todas as modalidades esportivas. Nem o básico de todos nós temos.” (P 21).

32

Podemos observar que as respostas descritas acima, são dos entrevistados que não estão muito de acordo com o que estamos tendo como conteúdo dentro da nossa grade curricular em relação as modalidades coletivas. Notamos a expressão, quando se remetem a palavra ‘tempo’, aqui no contexto, como que fora pouco, o espaço de tempo que se tem para aprender as diversas modalidades. Ou a falta de preparo dos docentes em relação a matéria ministrada. Segundo os entrevistados, muitos não se identificam com a disciplina apresentada, e consequentemente a pouca assimilação dos discentes em relação a este item.

“Considero a grade curricular do curso satisfatória porque oferece a vivência de várias modalidades.” (P 06).

“Sim, porque a gente aprende tudo o que temos que passar de mais importante na escola pra quando dermos aula.” (P 17).

Porém os trechos acima, considerando a grade curricular do curso de Educação Física do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul a respeito das modalidades coletivas, nos mostram que alguns entrevistados utilizarão no âmbito escolar, o que consideram de mais importante após sua formação.

GRÁFICO 03 – Conhece o esporte Rugby?

No gráfico 03, observa-se que a maioria dos entrevistados conhecem o esporte Rugby, onde o restante dos sujeitos da pesquisa que não conheciam, justificaram a sua resposta:

“Não conheço o esporte e nunca procurei pesquisar para ter informações sobre isso.” (P 09).

“Não sei se é Rugby ou futebol americano, seriam as mesmas coisas?” (P 13).

33

25%

75%

SIM NÃO

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

Nos discursos acima podemos identificar que em nenhum momento os entrevistados citaram conhecer o esporte, levando pelo lado pessoal de cada um deles. Ou quando possuem dúvidas, na tentativa de comparar um esporte ao outro, não procuram se informar sobre a dúvida em questão.

Já sobre como os entrevistados que corresponderam conhecer o esporte Rugby, temos opiniões, como:

“Conheço o esporte porque uma amiga querida me apresentou”. (P 20).

“Pela mídia e amigos praticantes.” (P 01).

“Conheço alguns aspectos, pra mim é similar ao futebol americano.” (P 25).

“Sim. Por breves vídeos que aparecem em canais de esporte em canais de TV’s fechada, pois o esporte não é muito falado em nosso país e também não gera mídia alguma em TV aberta.” (P 12).

Tendo em vista o discurso destes entrevistados, podemos perceber que conhecem o esporte via mídia, ou amigos/companheiros que o apresentaram a tal modalidade. Em nenhum momento da pesquisa observamos que tiveram conhecimento do esporte Rugby sob influência da universidade ou docentes.

GRÁFICO 04 – Você acredita que está sendo preparado profissionalmente para desenvolver nas aulas de Educação Física, outras modalidades esportivas, diferentes dos jogos coletivos considerados tradicionais, como o voleibol, basquete ou futebol?

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De acordo com o gráfico, podemos constatar que a maioria dos entrevistados acreditam não estarem preparados para aplicar outras modalidades esportivas diferentes das atividades consideradas ‘tradicionais’, levando em conta que muitos não estejam satisfeitos com a grade curricular.

31%

69%

NÃO SIM

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Devido à falta de ensinamento dos próprios professores, do próprio não conhecimento deles em relação de outros esportes, tidos como ‘diferentes’.” (P 11).

“Pois dentro da universidade não temos vivências de outros esportes.” (P 07).

“Devido à falta de estrutura e materiais.” (P 08).

“Não. Pois no momento estou iniciando minha licenciatura, e apenas fui apresentado as práticas esportivas de jogos coletivos.” (P 12).

“Porque não foi passado outras modalidades, como o Rugby.” (P 19).

Sobre a possibilidade de reinvenção do esporte, coloca-se em questão, a busca por outros jogos. Tendo os aspectos lúdicos como centralidade da possibilidade de construção de novo modelo social (GUAITTA,2008).

Em contrapartida, os que acreditam estarem sendo preparados, identificamos ideias como:

“Sim. Pois com o conteúdo que aprendemos serve de bagagem para aplicar nas escolas, trabalhando nisso como base e adaptando ou diferenciando.” (P 06).

“Sim. Tudo o que aprendemos na universidade é viável.” (P 13).

35

“Sim. Pois não sou muito fã dos considerados tradicionais, por isso com o tempo aprimorarei o que aprendi na universidade, para depois passar outros tipos de conteúdo, como ginástica ou capoeira.” (P 04).

GRÁFICO 05 – Conhece uma alternativa de ensino aprendizagem chamado Tag Rugby? O gráfico 05 nos mostra o quanto as pessoas desconhecem o Tag Rugby, como alternativa de ensino aprendizagem, visto que 43% dos entrevistados que conhecem a atividade, relatam a semelhança que esta alternativa tem perante aos outros esportes coletivos.

43% 57%

NÃO SIM

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Sim. Explora todos os exercícios de outras modalidades esportivas.” (P 16).

“Sim. E já desenvolvi esta atividade na prática do meu estágio.” (P 14).

Vale ressaltar também sobre as respostas dos entrevistados desconhecedores do Tag Rugby como alternativa de ensino aprendizagem, onde em nenhum momento citaram a universidade ou informação vinda dos docentes a respeito.

“Nunca ouvi falar”. (P 11).

“Já ouvi falar mas não sei explicar realmente o que é.” (P 20).

“Não conheço mas já ouvi o nome.” (P 25).

36

GRÁFICO 06 – Você acredita que o Rugby (via Tag Rugby), possa ser considerado como alternativa de conteúdo a ser ministrado no âmbito escolar?

O gráfico 06 demonstra que a grande maioria dos entrevistados acreditam que possa ser desenvolvido na escola o Rugby/ Tag Rugby como uma alternativa de conteúdo nas aulas de Educação Física, e apenas 15% dos sujeitos não enxergam a atividade como uma opção benéfica.

15%

85%

SIM NÃO

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Parece um esporte mais voltado ao treinamento.” (P 01).

“Sim. Pois por ser novidade, e por não haver no caso o contato (Tag), pode ser aliado a várias características que podem ser trabalhadas.” (P 02).

“Sim, porque também é um esporte coletivo.” (P 05).

“Deve ser ministrado por trabalhar diversas habilidades motoras e por trabalhar os valores durante o jogo, como o respeito, a cooperação, etc.” (P 09).

“Pode ser trabalhada sim, adaptando, mas seguindo suas regras de jogo mesmo.” (P 11).

A escola deve ir além dos conteúdos formais, deve-se considerar como possibilidade de intervenção de ensino, e não apenas como uma única forma de ensinar (GUAITTA,2008).

O que a autora acima coloca em questão, a respeito dos conteúdos abordados da escola, de não olhar para os conteúdos da Educação Física como uma única proposta, e

37 sim, trabalhar sobre aquilo que você pode proporcionar aos seus alunos. Trazendo o Tag, como outra possibilidade de ensino.

“Sim, pois toda atividade prática que favoreça ao aluno é de grande valia a ele, porque contribui também ao desenvolvimento de uma nova prática esportiva e favorece na saúde.” (P 12).

“Oferece uma aprendizagem motora diferenciada.” (P 15).

“Pela diversidade de características individuais dos alunos, seria interessante o implante destas práticas esportivas.” (P 18).

“É uma alternativa diferente dos esportes usados constantemente, é uma novidade e as pessoas gostam de novidade.” (P 20).

“Por ser uma modalidade desconhecida principalmente por alunos da rede pública, seria uma alternativa para que todos tenham este conhecimento.” (P 21).

“Sim. Há maneiras convencionais de se levar esportes não populares as escolas.” (P 22).

“Acredito que seria uma boa opção de inovação e conhecimento tanto para o discente quanto para o docente.” (P 23).

“Sim, pois tudo que for para contribuição de aprendizagem do aluno ela é muito válida.” (P 24).

“Todo tipo de esporte é rico em conhecimento, cabe ao professor saber utilizar em benefício do aluno e com fim pedagógico.” (P 25).

Podemos identificar entre as respostas dos entrevistados as variadas justificativas as quais o Tag Rugby possa servir de utilidade, e ser considerado como uma alternativa de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, ressaltando principalmente por ser considerados pelos sujeitos da pesquisa, denominando o Tag Rugby, como:  Uma opção inovadora, por ser uma alternativa diferente dos esportes já trabalhados no âmbito escolar;

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 Que tudo o que for contribuir em relação a aprendizagem do aluno se torna uma opção válida na escola;  Que a atividade do Tag Rugby por apresentar características individuais ao aluno possa ser interessante implantá-la nas práticas esportivas.

De acordo com o conhecimento dos sujeitos sobre a questão abordada, podemos dizer que o Rugby via Tag Rugby pode ser considerado como alternativa de conteúdo a ser desenvolvido nas aulas de Educação Física, agregando os demais valores e características dos demais esportes coletivos já trabalhados na escola, vindo este apenas somar em relação ao desenvolvimento do aluno dentro do âmbito escolar.

GRÁFICO 07 – Para você, a falta de materiais torna-se um empecilho como motivo para exclusão de abordagem a outros coletivos nas aulas de Educação Física, como por exemplo o Tag Rugby?

No gráfico 07, podemos ver que a maioria dos entrevistados acreditam que a falta de materiais possa ser um empecilho para desenvolver nas aulas de Educação Física o Tag Rugby, não deixando de comentar que estes mesmos sujeitos acreditam na possibilidade do Tag como conteúdo a ser aplicado no âmbito escolar.

29%

71%

SIM NÃO

Fonte: Pesquisa de campo- questionário aplicado 2014.

“Além de faltar recursos, o ensino acaba sendo ruim.” (P 09).

39

“Sim. Pois sem esses materiais não é possível que o professor aplique uma boa didática e possa mostrar afundo a modalidade esportiva que ele está botando em prática.” (P 12).

“Sim. Pois o pouco que aprendemos na faculdade não se remete ao jogo do Tag.” (P 17).

“Sim, porque provavelmente na escola só tem disponibilizado os materiais tradicionais, bola de vôlei, futebol, basquete, etc.” (P 19).

“O professor encara problemas desse tipo nas escolas.” (P 25).

A realidade da escola do ponto de vista material-dialético, é o que de fato encontramos nela, que existe. Diferente da possibilidade, no qual podemos explorar diante da realidade desta, pois, pensando nessas categorias: realidade e possibilidade. A realidade, podemos considerar os conteúdos e esportes que a escola te oferece, e a possibilidade, seriam as mudanças e propostas que poderiam ser aplicados nesse espaço (GUAITTA,2008).

Sobre os 29% dos entrevistados podemos destacar respostas, como:

“Não, pois temos na nossa grade curricular matérias que nos auxiliam nessas abordagens.” (P 06).

“Devemos explorar o uso de materiais alternativos.” (P 07).

“A alternativa para tudo isso é adaptar, mas não se conformar com a realidade e pedir para a direção da escola prover o material quando possível.” (P 20).

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final da pesquisa e diante dos dados obtidos podemos considerar que os universitários entrevistados, matriculados no Curso de Educação Física do Campus do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Corumbá-MS, no período de 2013 a 2014, consideram o Tag Rugby como uma alternativa de conteúdo a ser ministrado nas aulas de Educação Física. Contudo, a maioria também relatam que não estão satisfeitos com a grade curricular do curso, sobretudo no que tange a possibilidade esportiva.

Verificamos que os acadêmicos têm pouco conhecimento a respeito do Rugby, e do jogo Tag Rugby. Entretanto, acreditam na proposta do Tag e comentam sobre a possibilidade de explorar outros jogos coletivos, principalmente em relação a adaptação de outras modalidades.

Salientamos que os discursos dos entrevistados indicam que temas inovadores e/ou conteúdos os quais os alunos não estão acostumados a praticar nas aulas de Educação Física, como o Tag Rugby, pode ser uma opção pedagógica interessante. Por conseguinte, sugerimos o Tag Rugby como alternativa de jogo para ensinar habilidades variadas nas aulas de Educação Física.

Desta forma, propomos a inclusão do jogo de Tag Rugby como uma ferramenta (conteúdo) para desenvolvimento da Educação Física na escola, sobretudo como mais uma prática de esporte coletivo, considerando-o como uma introdução ao Rugby, que se diferencia das atividades ‘tradicionais’ já desenvolvidas nas aulas.

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43

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APÊNDICE

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INFORMAÇÕES GERAIS

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

QUESTIONÁRIO

01) A grade curricular do curso de Educação Física do UFMS/CPAN pode ser considerado satisfatória em diversificadas modalidades coletivas? Por que?

( )Sim ( )Não

______

02) Conhece o esporte Rugby? Por que?

( )Sim ( )Não

______

03) Você acredita que está sendo preparado profissionalmente para desenvolver nas aulas de Educação Física, outras modalidades esportivas, diferentes dos jogos coletivos considerados tradicionais, como o voleibol, basquete ou futebol? Por que?

( )Sim ( )Não

______

04) Conhece uma alternativa de ensino aprendizagem chamado Tag Rugby? Por que?

( )Sim ( )Não

______

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05) Você acredita que o Rugby/ Tag Rugby possa ser considerado como alternativa de conteúdo a ser ministrado no âmbito escolar? Justifique sua resposta.

( )Sim ( )Não

______

06) Para você, a falta de materiais, torna-se um empecilho como motivo para exclusão de abordagem a outros coletivos nas aulas de Educação Física, como por exemplo o Tag Rugby? Por que?

( )Sim ( )Não

______

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