CAROLINE SOARES DE ALMEIDA Do Sonho Ao Possível: Projeto E Campo De Possibilidades Nas Carreiras Profissionais De Futebolistas Brasileiras
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Caroline Soares de Almeida DO SONHO AO POSSÍVEL: PROJETO E CAMPO DE POSSIBILIDADES NAS CARREIRAS PROFISSIONAIS DE FUTEBOLISTAS BRASILEIRAS Tese submetida ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Doutora em Antropologia Social. Orientador: Prof.ª. Dra. Carmen Silvia de Moraes Rial. Florianópolis 2018 CAROLINE SOARES DE ALMEIDA Do sonho ao possível: projeto e campo de possibilidades nas carreiras profissionais de futebolistas brasileiras. Esta Tese foi julgada adequada para a obtenção do Título de “Doutora em antropologia Social” e aprovada em sua forma final Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Santa Catarina. ____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Vânia Zikan Cardoso BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Carmen Silvia Rial. (PPGAS/UFSC – Orientadora) ___________________________________________ Prof.º Dr. º Luiz Carlos Rigo (UFPel) ____________________________________________ Prof.º Dr. º Paulo Jorge Pinto Raposo (PPGAS/UFSC) ____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Simoni Lahud Guedes (PPGA/UFF) ____________________________________________ Prof.º Dr. º Fernando Gonçalves Bitencourt (Suplente – IFSC) ____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Alícia Norma Gonzalez de Castells (Suplente – PPGAS/UFSC) Florianópolis, 02 de abril de 2018. Ao meu querido Tiago, por estar sempre comigo e tornar tudo isso possível. AGRADECIMENTOS Uma pesquisa é fruto de um processo coletivo no qual procuramos atribuir palavras quando sentamos para escrevê-lo. Esse processo envolveu diversos encontros realizados durante minha trajetória e intensificados nos quatro anos que compuseram o doutoramento. Os agradecimentos são muitos, tantos quanto os afetos, carinhos e aprendizados condensados nas linhas que seguirão. Primeiro, gostaria de agradecer às minhas interlocutoras – e interlocutores – que partilharam suas experiências e momentos comigo. São pessoas incríveis, de grande talento e histórias excepcionais. A luta travada por essas futebolistas representa a luta das mulheres. Luta pelo espaço que não nos é permitido, contra o desprezo sobre nossas produções e a favor da pluralidade. À Carmen Rial, minha orientadora, por toda a dedicação, confiança, generosidade, sabedoria e paciência desde a realização da pesquisa de mestrado. Seus ensinamentos no decorrer do curso foram não só imprescindíveis, mas também extremamente aprazíveis ao meu desafio de tornar-se antropóloga. Muito obrigada por tudo! Gostaria também de agradecer às/aos demais professoras/es do PPGAS/UFSC pelas belas palestras e aulas ministradas no decorrer dos semestres e que certamente contribuíram muito para meu desenvolvimento acadêmico. Agradeço, principalmente, a Teóphilos Rifiotis, Miriam Grossi, Ilka Boaventura Leite e Jean Langdon pelo aprendizado durante as disciplinas oferecidas. Também às/aos professoras/es coordenadoras/es que estiveram à frente do PPGAS durante o período – Edviges Ioris, Evelyn Schuler, Vânia Cardoso, Rafael Devos e Letícia Cesarino – e às/aos secretárias/os que passaram pelo departamento: Zé Carlos, Janaína, João Sol, Mariana, Éder e Ana Corina. Agradeço ao querido Professor Hélio Silva, etnógrafo fantástico, que transformou parte de seu tempo em aulas preciosas. Também agradeço às/aos professoras/es Paulo Raposo, Nina Tiesler, Mario Bick, Diane Brown, Luiz Rigo, Fernando Bitencourt, Alícia Castells e Simone Guedes pelas gentis leituras e ótimas considerações sobre meu texto. À professora Cristiana Bastos e à Maria Goretti Matias pela orientação e acolhida no Instituto de Ciências Sociais da ULisboa. Às/aos queridos colegas da turma de doutorado que dividiram esse período de aprendizagem, debatendo, auxiliando e confraternizando: Hanna, Luciano, Billie, Anahi, Rocio, Charles, Ricardo, Diógenes, Tati, Edu, Lucas e Felipe. Além de outras/os talentosos colegas que estiveram presentes nesse processo: Hélder, Marcelo, Lorena, Djína, Lino, Alê, Naná, Anna, Marina, Jao, João, Fernando, Virgínia, Edilma, Janaína, Marcela, Felipe, Marinês, Lia, Sati, Matilde, Letícia, Lucas, Rodrigo, Nathália, Lari, Ju, Joca, Lays, Talita, Gabi, Isadora e Beatriz. Aos colegas do Grupo de Estudos Futebol e Sociedade: Daniel, Cris e Breno. Também a Lu Castro, Léo, Wagner, Mathias, Leda, Rojo, Enrico, Giancarlo, Martin, Verónica, e Araripe, companheiras/os de pesquisa no esporte com quem muito dialoguei e aprendi. Às/aos queridas/os Jeff, Carlinha, Matte, Francis e Nelinha, por tornarem Portugal mais doce. As/aos minhas/meus amigas/os navistas e irmãos de orientação: Cris, Alex, Yuri, Juliano, Lu, Luceni, Damaris, Julinha, Rafa e Silmara. Às/aos grandes amigas/os, Carlinha, Gui, Drika, Kamilinha, Silvinha, Chiara, Jai, Natan e Fabi, presentes que a antropologia trouxe para minha vida. Faço um agradecimento especial à Mari, parceira de escrita e amiga do coração, que construiu esta tese junto comigo. À querida Vera, por todo apoio, amizade e carinho compartilhados. À CAPES, agência de fomento que financiou esses quatro anos de pesquisa no Brasil e em Portugal. A minha família, em especial aos meus pais, pelo apoio, conversas e paciência. Também a Carla e David por atender aos meus pedidos de correções dos em inglês. Ao Tiago, guri que me tornou possível e a quem amo profundamente. RESUMO O contexto no qual se desenvolveu o Futebol Feminino no Brasil perpassa por momentos de proibições, restrições e lutas. A primeira regulamentação dessa categoria foi assinada apenas em 1983. De lá para cá, a modalidade tornou-se bastante praticada por mulheres no país. Surgiram clubes, campeonatos, mas o fantasma da proibição ainda permanece travestido na ideia de rejeição, sendo necessário grande empenho dessas atletas para que a categoria não permaneça invisibilizada. Nos últimos anos, no entanto, foram observadas grandes mudanças nos regulamentos da FIFA – tais como a introdução da igualdade de gênero no estatuto da instituição e as novas regras para intermediárias/os – que refletiram diretamente na perspectiva sobre a carreira de futebolistas mulheres. Esta tese tem como objetivo fazer uma análise dessas mudanças, bem como do próprio Futebol Feminino no país. Para tanto, levo em conta a inserção dessas futebolistas em grandes redes de relações sociais, dentro das quais são organizadas e concluídas as etapas referentes ao projeto de carreira. Desenvolvo o argumento de que mudanças as ações de controle e poder influenciam diretamente na delimitação dessa rede e, por conseguinte, na (re)formulação das trajetórias nas carreiras dessas atletas. São elementos importantes na constituição dessa rede, as agências/agentes de gerenciamento de carreiras, as entidades regulamentadoras do futebol, o mediascape, os clubes e os movimentos feministas de futebolistas. Além disso, traço um panorama da movimentação de jogadoras de futebol, tendo em vista os fluxos que levam as futebolistas brasileiras a diferentes gramados ao redor do mundo, com ênfase nos anos de 2016/2017. Palavras-chave: Futebol Feminino; Carreira; Relações de Poder; Corpo; Globalização. ABSTRACT The context of Brazilian women's football has developed was throught moments of banishment, restrictions and struggles. The first regulation of this category was signed only in 1983. Since then, the women's football has become a sport practiced by women all over the country. Clubs and championships have emerged, but the sense of worry of the ban still remains inserted into idea of rejection, needing necessary great commitment of these athletes, so this category do not remain invisible. In recent years, however, big changes have been observed in FIFA regulations - such the introduction of gender equality in the FIFA Statutes and the creation of the Regulations on Working with Intermediaries - which was directly reflected in the careers concept of the women footballers. This work aims to make an analysis of these changes, as well as of Women’s Football in Brazil. Thus, I take into account the insertion of these footballers in a large networks of social relations, in which their carreers are produced. I develop an argument about which changes the ations of control and power relations directly influence in the delimitation of this network and, consequently, in the (re) formulation of the carreer projects of these athletes. Therefore, sports management agencies / agents, football regulations, mediascape, clubs and the feminist movements of footballers are important elements in the disposition of this network. In addition, I present a landscape of the women soccer players mobility, in view of the flows that Brazilian players take abroad, with emphasis on the years 2016/2017. Keywords: Women’s Football; Career; Power Relations; Globalization; Body; LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Ilustração Henfil (Revista Mulherio1981) Figura 2 - Primeira Casa. Figura 3 - Vista lateral do alojamento atual da equipe. Figura 4 - Vista da região norte/nordeste de Araraquara. Figura 5 - Boxes do vestiário na Arena da Fonte. Figura 6 - Fotografias de "bola parada" (Falta e Lateral) tiradas durante o jogo contra o Foz Cataratas pelo Campeonato Brasileiro (06/04/2016). Figura 7 - Última partida jogada pela Ferroviária na Libertadores Feminina: início de jogo e coletiva de imprensa. Figura 8 - Aquecimento pré-jogo às margens do Rio da Prata. Figura 9 - Um dos estádios utilizados na Taça Allianz. Figura 10 - Revista Placar - Edições das décadas de 1980-90 que abordaram a temática de mulheres