Acervo Kanindé DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 5 TERRA INDÍGENA PACAÁS NOVAS

Gabriel Uchida/Kanindé Associação Indígena Santo André Gabriel Uchida/Kanindé TERRA INDÍGENA PACAÁS NOVAS TERRA INDÍGENA PACAÁS

EXECUÇÃO Associação Indígena Santo André POVO ORO NAO’

POVO ORO NAO’

APOIO Fotos: Gabriel Uchida/Kanindé Fotos: Gabriel Uchida/Kanindé

Gabriel Uchida/Kanindé DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 5 TERRA INDÍGENA PACAÁS NOVAS

ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO Thamyres Mesquita Ribeiro Ivaneide Bandeira Cardozo Diego Rudieli Scheffer

1a Edição

Editora: ECAM PORTO VELHO, 2019.

EXECUÇÃO

Associação Indígena Santo André

POVO ORO NAO’

APOIO A ASSOCIAÇÃO DO POVO INDÍGENA SANTO ANDRÉ atua Aspectos do entorno na defesa da integridade física, cultural e territorial da Terra Pesquisador responsável: Dr. Adnilson Almeida Silva Indígena Pacaás Novas. Assistente de pesquisa: Laura Dominic Gazzotto S. de Almeida SUMÁRIO

Endereço: Aldeia Santo André – Terra Indígena Pacaás Meio Biológico Novas, município de Guajará Mirim – Rondônia – Brasil. Pesquisador responsável avifauna: Ma.Tatiana Lemos da Silva APRESENTAÇÃO 06 Presidente Assistente de pesquisa avifauna: Salomão Oro Nao Ma. Thamyres Mesquita Ribeiro Pesquisador responsável mastofauna: 1 SABEDORIA ANCESTRAL 08 Me. Alexsander Santa Rosa Gomes A KANINDÉ ASSOCIAÇÃO DE DEFESA ETNOAMBIENTAL é Pesquisador responsável ictiofauna: 2 NOSSA TERRA 22 uma OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Pú- Ma. Suelen Taciane Brasil de Souza blico, sem fins lucrativo, dedicada à luta em defesa dos direitos Assistente de pesquisa ictiofauna: 3 NOSSA FLORESTA 32 humanos e a conservação da natureza e ao uso sustentável da Fabiane Bazzi biodiversidade. Pesquisador responsável vegetação: Me. Luis Carlos Maretto 4 NOSSOS ANIMAIS 54 Endereço: Rua Dom Pedro II, 1892, sala 7, Bairro Nossa Sen- Assistente de pesquisa vegetação: hora das Graças. CEP 76804-116 – Porto Velho – RO. Fone: Selma Brotto Borges 5 NOSSOS VIZINHOS 74 +55-69-32292826 Parabotânico: www.kaninde.org.br Idalino Alves Nunes 6 ETNOZONEAMENTO 90 kanindé@kaninde.org.br Etnozoneamento e Plano de Gestão Conselho Deliberativo Pesquisadora responsável e facilitadora nas Oficinas de Etno- 7 PLANO DE GESTÃO 94 Aritano Cinta Larga zoneamento e Plano de Gestão: Edjales Benício de Brito Ma. Ivaneide Bandeira Cardozo REFERÊNCIAS 101 Ivanete Bandeira Cardozo Thamyres Mesquita Ribeiro PESQUISADORES INDÍGENAS

Conselho Fiscal Etnohistória: Estevão Oro Nao, Benjamim Oro Nao, Matheus Neide Faccin Oro Nao Elisabete Ribeiro Rodrigues Wladir da Cruz Vasques Meio Físico: Jousué Oro Jowin, Enos Oro Nao’, Ledson Cas- supa, Nelson Oro Waram, Zebedeu Oro Nao’, Mauricélio Oro Coordenação Administrativo-Financeiro Nao’, Dinonízio Oro Nao’, Isaque Oro Nao’, Leonel Canoé da Karen da Silva Ribeiro Silva, Pedro Oro Nao’, Eduardo Oro Nao’, Rubens Oro Nao’

Coordenação Geral Meio Biológico: Cledson Oro Eo, Henrique Oro Nao, Almir Ivaneide Bandeira Cardozo Oro Nao, Moacir Oro At, Roberval Oro Nao’, Nilton Oro Nao’, Juscelino Oro Nao, Arnaldo Oro Nao’, Maurício Oro CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS Nao, Toreim Oro Nao’, Vilmar Oro Nao’, Paulo Oro Nao’ Gabriel Uchida/Kanindé Filho, Valter Oro Nao’, Samuel Oro Nao’, Ezaquel Oro Nao’, Coordenação Técnica Avelino Oro Nao’, José Carlos Oro Nao’, Carlito Oro Nao’, Israel Correa do Vale Junior Ezequias Oro Nao’, Maurício Oro Nao’, Janice Oro Nao’, Francisco Suruí Barto Galeno Oro Nao’, Arilson Oro Nao’, Zilton Oro Nao’, Natalício Oro Nao’, Francisco Oro Nao’, Agnaldo Oro Nao’ Coordenação Logística Eli Oro Nao’, Gilmar Oro Nao’, Maristela Oro Nao’, Roberval Vicente Ferreira Lima Filho Oro Nao’, Gilberto Oro Nao’, Josimar Oro Nao’, Izaias Oro Naldo Oro Nao Nao’, Davi Oro Nao’, Elizeu Oro Nao, Maurino Oro Nao, Za- queu Oro Nao Filho, João Marcos Oro Nao, Basilio Oro Nao, Organização do Documento Oniel Oro Nao, Jasafa Oro Nao, Carlito Oro Nao Thamyres Mesquita Ribeiro Ivaneide Bandeira Cardozo Acompanhamento Técnico FUNAI: Laysa Emanuele Diego Rudieli Scheffer Pantoja e Josélio Ancelmo Cunha Leite

TEXTOS FOTOGRAFIA: Gabriel Uchida, Sergio P. Cruz, Edwilson Porde- us Campos, Alexsander Santa Rosa Gomes, Letícia de Azevedo Etnohistória Passos, Suelen Brasil, Melquizedeque de Melo Almeida, Tatiana Pesquisador responsável: Sérgio Pereira Cruz Lemos da Silva. Meio Físico Pesquisador responsável: Edwilson Pordeus Campos PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Assistente de pesquisa: Letícia de Azevedo Passos Adriana Zanki Cordenonsi

FICHA CATALOGRÁFICA T324

Terra indígena Pacaás Novas. Organizadores: Thamyres Mesquita Ribeiro, Ivaneide Bandeira Cardozo, Diego Rudieli Scheffer– Brasília : ECAM, 2018.

107 p. : il. (Diagnóstico etnoambiental participativo, etnozoneamento e plano de gestão em terras indígenas, 5).

ISBN: 978-85-99991-20-6

1. Diagnóstico etnoambiental. 2. Plano de gestão. 3. Levantamento etno-histórico . I. Título. ©2019. Proibida a reprodução de partes ou do todo desta obra sem autorização expressa da CDU: 39:616-079(=87) Associação do Povo Indígena Santo André e da Associação Kanindé. Acervo Kanindé RESUMO

Este documento apresenta o Diagnóstico Etnoambiental Participativo, o Etnozoneamento e o Plano de Gestão da Terra Indígena Pacaás Novas.

O documento traz os levantamentos da etno-história, o meio físico, o meio biológico, com os resultados da mastofau- na, ictiofauna, avifauna e vegetação, e o entorno da Terra Indígena; o etnozoneamento realizado pelos indígenas e as ações propostas no Plano de Gestão de seu território.

Palavras-chave: Indígenas, Território, Diagnóstico, Etnozoneamento, Plano de Gestão.

APRESENTAÇÃO

O Diagnóstico Etnoambiental Participativo (DEAP), recursos naturais existentes, valorização cultural, conservação O segundo capítulo, chamado Nossa Terra, apresenta dados O quinto capítulo, Nossos Vizinhos, expõe os dados socio- Etnozoneamento e Plano de Gestão em Terras Indíge- ambiental e proteção territorial. do meio físico, entre eles a geologia, solos, relevo e clima que econômicos do entorno do território. Em meio a esses da- nas (PGTA) são três produtos importantes para a gestão do fornecem informações fundamentais para ajudar o indígena a dos, encontramos diversas informações, dentre elas, saúde, território indígena, pois traz de forma planejada as demandas A metodologia para a construção de DEAP, Etnozoneamento direcionar o uso e ocupação do território, otimizando a am- educação, economia, cultura, demografia e geografia do da comunidade e possibilita a busca de apoio para ações na e PGTA em Terras Indígenas foi desenvolvida pela Associação pliação e adensamento de áreas já ocupadas, ou seja, o ade- município de Guajará-Mirim, Distrito de Surpresa e demais terra indígena que promovam o desenvolvimento sustentável de Defesa Etnoambiental Kanindé e já foi aplicada em 10 quado planejamento da gestão territorial. áreas protegidas circunvizinhas à Terra Indígena Pacaás Novas. e a valorização cultural. Terras indígenas, entre os estados de Rondônia, Amazonas, Mato Grosso e Pará. Essa metodologia respeita as condições O terceiro capítulo, Nossa Floresta, fornece informações O Etnozoneamento está exposto no sexto capítulo onde, via O DEAP cria uma visão ampla da Unidade, reunindo históricas, culturais e sociais da comunidade em questão. Ela valiosas quanto ao uso das espécies vegetais pela comuni- mapeamento da Terra indígena, puderam pensar o território dados sobre a biodiversidade, meio físico, socioeconomia e cria instrumentos para que a própria comunidade consiga dade e como se dá a composição e distribuição florística da e definir cinco zonas: zona de conservação, zona de pesca, cultura, esse último a partir das narrativas dos povos. Todos levantar dados, tomar decisões e planejar o futuro do seu floresta do Território Makarakon Oro Nao’. Este capítulo con- zona de produção, zona de recuperação e zona de caça. esses estudos são feitos através da integração do conhecimen- povo. tribuiu para pensar o território no que tange a conservação da Os indígenas planejaram como se dará o uso, quais ativi- to acadêmico com o conhecimento indígena. floresta, os benefícios de mantê-la em pé e as possibilidades dades serão permitidas e proibidas e quais são os objetivos, O presente volume apresenta os três produtos (DEAP, Etno- de geração de renda através do extrativismo, valorização da princípios, indicadores e resultados de cada uma delas. O Etnozoneamento é uma ferramenta de planejamento do zoneamento e PGTA) elaborados pela Kanindé e Associação medicina tradicional com o uso de plantas medicinais e pro- território que busca subsidiar os indígenas sobre o uso da Indígena Santo André – Povo Oro Nao’, na Terra Indígena dução de mudas. O sétimo e último capítulo dessa obra é composto pelo Plano terra, trazendo informações estratégicas necessárias à gestão Pacaás Novas, realizado entre os anos de 2016 e 2017, com de Gestão, onde os indígenas apresentam um planejamento da Terra Indígena Pacaás Novas. apoio da Gordon and Betty Moore Foundation e da Jordens No quarto capítulo, Nossos animais, apresenta a riqueza da a ser executado em dez anos, por meio de três programas Vänner – Friends of the Earth Sweden. fauna no Território Makarakon Oro Nao’. Focado na conser- temáticos: Proteção e Gestão do Território, Saúde e Produção. O DEAP e Etnozoneamento são ferramentas muito úteis para vação, este capítulo mostra que as variadas espécies de aves, Esses programas foram criados baseados em princípios que o território, pois os resultados são subsídios para a elaboração O DEAP encontra-se exposto nos primeiros cinco capítulos. peixes, e mamíferos também dependem desse território e respeitam a autonomia e hábitos culturais dos indígenas habi- do Plano de Gestão Territorial Ambiental (PGTA), que é a ide- O primeiro, nomeado Sabedoria Ancestral – Aproximação que, protegendo-as, elas ajudam os indígenas no equilíbrio tantes do Território Makarakon Oro Nao’. alização das demandas socioculturais da comunidade envolvi- Etnográfica ao Oro Nao’ – Povo Morcego, traz histórias con- ambiental. da, de forma a permitir condições para o uso responsável dos tadas por treze sabedores culturais.

6 7 A conformação atual da ocupação é resultado de movimentos CAPITULO I LOCALIZAÇÃO E históricos dos povos que habitavam a região, num passado mais distante os txapakuras ocupavam as áreas mais próximas dos grandes rios como o Mamoré - de ambos lados da fron- POPULAÇÃO teira - e Pacaás Novos, no entanto, nas últimas décadas do sé- culo XIX , por volta de 1870 com a chegada dos exploradores O Makarakon Oro Nao’ - Terrítório Oro Nao’ no idioma de látex vegetal na região os indígenas se afastaram para as txapakura ou Terra Indígena Pacaás Novas, fica localizado no cabeceiras dos pequenos rios e igarapés evitando a proximi- dade com os novos vizinhos. município de Guajará Mirim no Estado de Rondônia - Brasil. Homologada pelo Decreto 256 - 30/10/1991 possui área de As antigas áreas ocupadas, seja para aldeamento ou para roça SABEDORIA duzentos e oitenta mil hectares e mais especificamente situa- ou mesmo pontos de pesca se tornaram sedes e colocações de se no quadrante entre os rios Pacaás Novas, Sotério, rio Novo seringais, fato esse que gerou muitos conflitos entre os diversos e Mamoré sendo este último um rio binacional Brasil-Bolívia povos nativos da região e os exploradores recém-chegados. utilizado como fronteira entre os dois países. Depois de muitos conflitos e muitas baixas de ambos os lados, O Makarakon Oro Nao’ é composto por 12 aldeias com um na metade do século XX depois de duas ondas expansionistas ANCESTRAL número de habitantes próximo de 1700 pessoas (DSEI - Dis- baseadas na extração do látex sendo a última no período da trito Sanitário Especial Indígena de Guajará Mirim - 2015). segunda guerra mundial, os missionários da MNTB - Missões O Número exato de indivíduos residentes na Terra Indíge- Novas Tribos do Brasil tiveram êxito no contato pacífico com na é um dado difícil de alcançar uma vez que a mobilidade os povos de lingua txapakura. Inicialmente contataram os Oro interna é intensa tornando o número de habitantes por aldeias Nao’ e depois com o auxílio deles, aos poucos foram con- muito dinâmico, levando os servidores do DSEI - Guajará-Mirim tatando os demais povos da região. Por volta de 1960 pratica- a atuarem como os principais responsáveis pela atualização mente todos os povos daquela área já havia sido contatado. constante das alterações populacionais através do censo vacinal elaborado por eles. Com a falência do mercado de exploração do látex vege- tal e com o esvaziamento da região por parte dos explora- Na Terra Indígena moram indivíduos de diversas etnias tais dores, o SPI - Sistema de Proteção ao Índio - atual FUNAI - como Oro Mom, Oro Eo, Oro Aram, Oro At, Oro Aram Fundação Nacional do Índio incentivou a retomada das áreas Xinjein, Oro Win ou Oro Towati, Paiter/Surui, Makurap dos seringais pelos povos indígenas pela proximidade aos rios ]]]]entre outras, inclusive a presença de um Xavante, porém a navegáveis facilitando o acesso aos mesmos. predominância étnica é do povo Oro Nao’.

Tupá Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé Rubens Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé

APROXIMAÇÃO ETNOGRÁFICA AO ORO NAO’ POVO MORCEGO

O presente capítulo visa integrar o Diagnóstico capturadas em audiovisual na qual se previlegiou Etnoambiental Participativo da Terra Indigena a participação de anciãos do Povo Oro Nao’, Oro Pacaás Novas e elaboração do Plano de Gestão Mom e Oro Eo que compartilham da história co- Territorial e Ambiental do Makarakon Oro Nao’, mum entre estes povos. ou Terra Indígena Pacaás Novas. O cerne da pesquisa visa previlegiar as narrativas A metodologia aplicada foi a observação par- dos mais velhos como base da escrita uma vez que ticipante realizada em três viagens a cam- a história dos povos envolvidos continua viva na po com duração média de dez dias, onde memória dos anciãos e que juntas formam um rico foram realizadas entrevistas semi estruturadas arcabouço de informações caras ao estudo.

Localização da Terra Indígena Pacaás Novas - Makarakon Oro Nao’.

8 9 uma reunião com todos da maloca e a noticia se espalhou, até TIJÊ - MACHADO DE PEDRA QUANDO OS ORO as pessoas de outras aldeias se interessaram em saber. Baseado nas entrevistas com Rubens Oro Nao’, João Maxum Oro Nao’ e Aai Oro Nao’. Alguns dias depois as mulheres e os homens o acompanharam NAO’ APRENDERAM pela floresta, quando chegaram próximo ao local, andaram bem devagarinho e sem fazer barulho, começaram a escutar A CANTAR uma música - as mulheres falavam baixinho entre elas: “- Podemos cantar essa música também, vamos memorizar, Baseado na entrevista com Quimoy Oro Eo’ - aprender e depois cantar para os outros”. Nenhuma pessoa Anciã guardiã das músicas tradicionais - Aldeia Santo André. enxergou quem ou o quê produzia aquele som hipnotizante, mas todas e todos ali podiam ouvir. No finalzinho da tarde um homem resolveu sair para caçar nambu galinha, ele andou, andou, no final da tarde Cada mulher memorizou uma música diferente, quando vol- ele limpou as folhas no chão e sentou-se para esperar os taram para casa ficaram muito alegres e passaram a cantar pássaros aparecerem, neste momento ouviu uma voz dizendo: na própria aldeia e nas aldeias vizinhas, inclusive contando a - “Vamos cantar?”. Os Oro Eu não tinham músicas nessa história do acontecido e ensinado as músicas. Rubens Oro Nao’ mostrando um dos machados remanescentes do conjunto dos que foram presenteados pelos Oro Eu. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé. época, por isso ele ficou maravilhado com a música que passou a ouvir, ao mesmo tempo que ficou muito intrigado Este caso aconteceu com o povo Oro Eu, mas repercutiu entre sem saber de onde vinha aquele som, ficou pensando -”será os demais povos da região que mantinham relacionamento O povo Oro Nao’ era pobre tecnologicamente, para andar era pedi para ele fazer um caminho para irmos até a aldeia deles, que são os mortos que estão por aí?” com eles. Os Oro Nao’ incorporaram as músicas aprendidas só quebrando a mata, não tinha como cortar, para comer pal- vamos fazer uma festa e pegar mais machados como esse”. com os Oro Eu nos seus rituais e festas as mantém até o pre- mito tinha que bater com um pau até derrubar o pé. Um dia Pouco mais tarde, quando já estava bem escuro o som parou, sente. um Oro Nao’ foi caçar e encontrou no mato um Wari (denom- Ficaram muito eufóricos com a notícia e queriam apressar ao resolveu então retornar para sua maloca, estava muito pensa- inação do idioma Txapakura utilizada para designar “povos da máximo o encontro com os Oro Eu. Se preparam para fes- tivo e uma pergunta não saia da sua cabeça - “quem será que “Para os homens, quando acaba a chicha também aca- floresta, semelhante a mim ou gente de verdade”; Wari é o ta com pinturas corporais pretas, adornos, cocares e foram estava cantando no rio?”. Resolveu contar para os parentes o ba a festa, mas para as mulheres não, ela seguem can- antônimo de Uijam [se lê uiâm] que significa “estrangeiro, ser pela trilha deixada pelo Oro Eu. Ao chegarem, observaram que tinham ouvido, -“eu acho que as almas estão cantando tando até que o dia amanheça”. (Rubens Oro Nao’) estranho” usado para definir os “brancos”), depois do grande que tinha muita fartura lá, chicha de milho, pamonha, muita no rio, se vocês quiserem eu posso levar vocês lá!”. Fizeram susto, uma vez que as aproximações entre os diferentes povos comida, porque eles tinham roças grandes que faziam com daquela região quase nunca eram amistosas, se aproximaram os machados, plantavam milho, batata, cará, macaxeira, ba- e se apresentaram - “você é de qual povo?” - perguntou o nana e outros alimentos. Em dado momento durante a festa Oro Nao’. perguntaram se poderiam realmente oferecer machados para todos eles e a resposta foi positiva. Os Oro Eu então levaram A comunicação entre os dois foi possível, ambos eram falantes os Oro Nao’ para um lugar onde havia uma grande pedra do idioma Txapakura, embora com diversas diferenciações, preta de onde tiravam as lascas para confecção dos machados. na essência faziam parte do mesmo grupo linguístico e assim protagonizaram um marco na história de seus povos princi- [...] “Os Oro Eu presentearam os Oro Nao’ com palmente para os Oro Nao’ (Oro = Povo; Nao’ = Morcego). machados de pedra sem cabo, os Oro Nao’ que fa- ziam seus cabos no modelo dos Oro Eu. Faziam com O Oro Nao’ estranhou o objeto que o Oro Eu carregava em madeira forte, corda de envira e uma cera espes- Quimoy Oro Eo’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé uma das mãos e o questionou sobre aquilo. - “ Isso é um tijê sa chamada breu”[...] (João Maxum Oro Nao’ [se lê (se lê ticê) - um machado, e serve para cortar e derrubar mato, Matxim] - Aldeia Sotério). tirar mel entre outras coisas. Oro Nao’ ficou muito impressio- caçavam e pescavam nos arredores da maloca. Os rapazes nado e disse: – “Amigo você pode me dar esse machado?” - A mudança tecnológica trazida pelo machado de pedra NO TEMPO DAS solteiros a partir dos treze anos já construíam suas malocas “Claro que posso te dar!” - respondeu o Oro Eu e prosseguiu otimizou a vida do povo Oro Nao’ que passou a fazer roças e e moravam um pouco afastados das aldeias até se casarem - “perto da minha aldeia existe um lugar que tem uma rocha produzir alimentos de maneira mais prática do que a coleta. conforme o costume, convencendo sua futura sogra de que escura muito grande de onde tiramos as lascas para fazermos Este evento não só sinaliza o início da amizade entre os Oro MALOCAS ele seria a melhor opção para sua filha mesmo que esta ainda esses machados. Eu e os Oro Nao’ como também foi um marco na abertura estivesse no ventre. cultural do povo Oro Nao’ que passou a buscar mais conta- Baseado na entrevista com Aai Oro Nao’, Salomão Oro Nao’, Oro Nao’ então disse: - “você pode fazer um caminho até sua tos com os demais povos vizinhos como os Oro Waram, Oro Mateus Oro Nao’ e Pawiam Basílio Oro Nao’. Os homens usavam o cabelo comprido e brincos enquanto as aldeia para nós pegarmos mais machado e fazermos uma fes- Jowin, Oro Waram Xijein e os Oro Mom, a quem os Oro Nao’ mulheres usavam cabelo curto, na altura dos ombros, e não ta?”. Ele ficou muito entusiasmado com a resposta positiva, se apresentaram o machado de pedra. Experimentaram assim De manhã bem cedo, antes dos sol aparecer, as crianças eram furavam as orelhas. Haviam duas pinturas tradicionais: a preta despediram e rumaram cada um para a sua casa. No caminho um longo período de paz e cooperação mutua entre os Wari encorajadas a tomar banho nas águas geladas dos igarapés que (genipapo com carvão) que era usada nas festas e a verme- de volta o Oro Nao’ tirou mel do tronco, derrubou palmito e daquela região e os casamentos interétnicos passaram a ser margeavam as aldeias. Os mais antigos acreditavam que isso lha (urucum com óleo de tucumã) utilizada nas guerras e nas veio limpando a trilha muito muito feliz. cada vez mais frequentes. proporcionava um crescimento rápido e saudável para elas, caçadas. as crianças saíam da água gelada tremendo de frio, mas não Assim que as pessoas o viram também o questionaram sobre [...] “A minha mãe já faz tempo que faleceu, no tempo podiam se esquentar perto do fogo senão poderia ficar com Faziam muitas festas de chicha com os novos amigos de outras aquele objeto que cortava e derrubava mato tão rápido – “isso dela os Oro Nao’ não conheciam os povos vizinhos e a perna seca e ficaria muito baixinho quando fosse adulto, etnias, juntavam varios caçadores para ir pro mato enquanto é um machado” respondeu-lhes, - “encontrei um parente que havia conflitos entre eles. Até que os Oro Nao’ ganha- sendo assim elas esperavam pelos primeiros raios de sol para as mulheres faziam a chicha (azeda, alcoólica), de três em três tinha isso e ele me deu”, contou-lhes mais detalhes do seu ram o tijê (machado de pedra) dos Oro Eo e com isso poderem se aquecer, jamais o fariam perto do fogo. meses ele faziam a festa chamada Tamará. encontro acidental. Todos queriam ver o machado e ficaram foram se tornando amigos uns dos outros”[...] (João pedindo seu machado. -”Onde ele mora? Será que tem mais Maxum Oro Nao’). As mulheres trançavam as cestas de palha de wao (tucumã) Os Oro Nao’ possuíam um complexo conjunto de arco e fle- machados para nos dar?” - alguém o perguntou, - “Sim, eu e cipó de tauí sentadas perto do rio enquanto os homens cha, onde as flechas eram feitas de taracom (tracom = taboca)

10 11 usavam dente de cutia para fazer a ponta da flecha (mapat) e e viram a anta amassado o mato e a moça também estava lá, Por muito tempo ele fez isso, quando a sobrinha ia buscar com saúde, não existiam doenças como hoje, as pessoas não o arco era feito de tronco de pupunha (têmem): do outro lado da roça, atrás de alguns arbustos observando a lenha ele se transformava numa mãe-da-lua para transar com ficavam doentes à toa, era muito difícil adoecer, não havia anta trabalhar. Decidiram que pela manhã retornariam e fari- ela, e depois voltava voando para cima da maloca, fez isso por nehuma doença que o pajé não pudesse curar, algumas • Quiwo’ (quiuô): Flecha para caçar bixo de chão e am um grande buraco - uma armadilha para capturar a anta. muito tempo. Espalharam essa história para todos os povos morriam muito velhas sem nunca terem adoecido”. bixo de árvore como macaco; vizinhos como os Oro Eu, Oro Mom, entre outros. Guerreiros • Cahuru (carruirí): Flecha de passarinho ou quaisquer Na madrugada a Anta caiu na armadilha e pela manhã o gru- do povo Oro Aram Xinjen chegaram na aldeia para saber o Aai Oro Nao’ é um ancião que vive hoje na aldeia Capoei- aves serviam para peixe também, mas não era muito po chegou em silêncio e viu a Anta tentando sair do buraco e que estava acontecendo e novamente a moça saía para bus- rinha e possui lembranças da aproximação em definitivo com usado, pois tinha ponta de pupunha arredondada. a jovem preocupada observando sem poder fazer nada. Eles car lenha e lá ia o cunhado atrás, depois do sexo ele voltava os uijam, em sua memória carrega muitas informações daque- • Cawa (cauá = talo de babaçu): Flecha para matar foram cautelosamente cercando a moça que não os via, pois voando para a maloca. O Oro Oram Xijein disse que ia tentar la época, quando questionado sobre a origem do povo Oro passarinho muito pequeno; já estava com hábitos de anta, ela só olhava para a frente, com acertar, atirou as flechas, mas não acertou também. A mãe-da- Nao’ ele esclarece: • Corere (corerê): Flecha para matar bixos muito movimentos rápidos finalmente a capturaram e a levaram Lua voôu para longe. pequenos com três pontas. para a aldeia, a Anta foi abatida ainda no buraco. A vida do Oro Nao’ (longa pausa), eu não sei de onde que Depois chegou um Oro Mom: - “Deixa que eu acerto!” - falou vem o nome Oro Nao’, antigamente era pronunciado como com confiança - aguardaram a mãe-da-Lua reaparecer, mas Oro Dão. Eu não vou falar o que eu não sei, porque ninguém ele também errou. Um dia chegou na aldeia, também motiva- sabe de onde viemos precisamente. No tempo da malocas do pela história, um grupo de caçadores Oro Eu e se propuse- não haviam brancos na beira dos rios, pescávamos no rio Pa- ram a matar a mãe-da-lua. Novamente a mesma cena, a moça caás (Ae Ho), comíamos peixe e não tínhamos problemas, não saia para buscar lenha e o tio dela, sob qualquer pretexto, saia haviam inimigos, não sabíamos o que era o “branco”. Os indí- em sua direção. genas iam pescar no rio Pacaás, faziam roçados nos dois lados, e um dia chegou o branco, o branco espantou o índio da beira Assim que a mãe-da-lua apareceu os guerreiros Oro Eo do rio e disseram que iriam acabar com os indigenas porque começaram a atirar flechas, eram cinco, os quatro primeiros estavam atrapalhando o trabalho deles. O índio correu mais erraram as flechadas, mas o último, que era bem conheci- pro mato. do por sua pontaria, acertou a mãe-da-Lua bem no peito. Pawiam Basílio Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé.

Pawian Basilio Oro Nao’ nasceu na boca do igarapé Dois A moça não se lembrava mais quem eram seus pais e Irmãos, mas depois foi transferido para a aldeia Santo André e parentes, se comportava como um animal e tinha defor- mais uma vez para a aldeia Bom Futuro, onde mora há vinte mações genitais devido a prática sexual com a anta, sua vagina e dois anos, conta uma história que aprendeu com sua mãe. parecia estar pelo avesso. O Pajé resolveu fazer alguns cortes na jovem e à medida que o sangue escorria ela ia retomando Uma adolescente foi apresentada para seu marido, de acordo sua consciência e sua memória. com as tradições Oro Nao’, mas ela se recusou a consumar o casamento com aquele homem, ela não gostava dele. Um Ela voltou à total normalidade vivendo entre os seus parentes dia apareceu um rapaz muito bonito na aldeia e esta moça se e finalmente se casou com o pretendente que havia rejeitado interessou nele assim que o viu. tempos antes. Esta moça dedicou sua vida a contar sua história para as meninas e moças do seu povo para que soubessem Este rapaz a convidou para fugir com ele e ela aceitou, saíram e evitassem um problema parecido com o dela, aconselhan- correndo pela floresta e logo chegou a notícia na casa dos pais do-as a não recusarem seus futuros maridos. da moça dizendo que ela fora vista fugindo com uma anta. Os pais da jovem ficaram muito preocupados e organizaram um Pawian, em outra narrativa, conta outro fato semelhante por Salomão Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé grupo de busca, andaram por muitas horas procurando e viam sua natureza metafísica: é a história da Mãe-da-Lua que acon- apenas os rastros deles, quando já era a noite, um deles disse teceu quando um jovem solteiro procurou manter relaciona- que talvez seria melhor retornarem à aldeia, pois sentia que mento sexual com sua sobrinha. A mãe-da-lua fez um som estridente e na medida em que caía Nós estávamos indo bem, cruzando o rio, plantando, pes- não os encontrariam mais. se transformava numa pessoa. Reconheceram o rapaz e cando, caçando, comendo nosso peixe. Nós perdemos nosso Um jovem que casou tinha dois filhos, um menino e uma disseram para a moça que ela precisaria falar para os parentes território, perdemos nossa área onde comíamos peixe, onde No começo do verão, época que os Oro Nao’ começavam a menina. Ele tinha um irmão solteiro que não morava recluso quando aconteciam essas coisas e os mais velhos passaram a caçávamos, pois o branco entrou no meio. Uma parte dos Oro preparar os roçados para plantação o pai da moça desapare- como os demais jovens solteiros. Certa vez a sobrinha dele contar essa história como um alerta para que aquilo não acon- Nao’ ficou pra esse lado, outra parte ficou no outro lado do cida também começou a trabalhar a terra. Na floresta a Anta já moça foi tirar lenha e ele também foi para ajudá-la, quan- tecesse mais, e acreditam que se por acaso algum tio quisesse rio e acabaram indo para perto do rio Negro Ocaia, para lá disse para a moça: “- Vamos ajudar seu pai com o roçado, vou do eles chegaram lá, o rapaz teve vontade de transar com a manter relações sexuais com sua sobrinha, é certo que essa também ficaram os Oro Eu, os Oro Win / Towati, Oro Bone, limpar a área do roçado para ele”. E assim o fez. Durante a sobrinha. Assim que consumou o ato com a sobrinha dele, história se repetiria. Oro Wati e os Oro Waram Xijem entre outros. madrugada a Anta pisoteou uma grande área de mato, pela ele se transformou numa mãe-da-lua e voôu dali, pousou no manhã quando o pai da moça chegou no roçado percebeu teto da maloca e as pessoas que a viram atiraram flecha nela, A perpetuação desses fatos na oralidade étnica do povo Oro “Naquela época era costume entre os Oro Nao’ a que algo estranho havia ocorrido, resolveu voltar à aldeia e mas ninguém o acertou, pois ela se esquivava das flechadas, Nao’ pode ter ajudado a manter as regras sociais sob um criação de várias roças nos mais diversos pontos do chamar mais pessoas para que o ajudassem a compreender. e voava novamente. certo controle durante algum tempo, após terem suas rotinas território. Eles conseguiam prever o início do perío- alteradas pela proximidade com os uijam, as novas doutrinas, do das chuvas através do surgimento de determina- Quando retornou com seus amigos um deles falou que pode- Quando voltou para a aldeia, ele veio como gente de novo. novos costumes alimentares e novas tecnologias, fica claro das espécies de flores e quando as viam já sabiam que ria ter sido uma anta que teria feito isso, pois o mato não Quando chegou em casa ele perguntou: por que tanto ba- que muita coisa mudou nesse ínterim como as formas de era época de preparar uma roça. Andavam bastante havia sido cortado e sim amassado por toda área. Resolveram rulho aqui? - “Tinha uma mãe-da-lua aqui e tentamos flechá- casamento, ritual fúnebre, a territorialidade e principalmente procurando por terras férteis, faziam uma maloca naquela hora que voltariam a noite para ver se presenciavam -la, mas ninguém a acertou.” - algúem o respondeu; - “Se eu em relação à saúde como lembra Mateus Oro Nao’, ancião pequena e começavam a preparar a terra para plan- algo estranho. Na madrugada chegaram bem devagar no local estivesse aqui eu teria acertado esse pássaro!” - retrucou. da aldeia Santo André: - “Naquele tempo as pessoas cresciam tar milho, macaxeira e batata, quando a roça estava

12 13 pronta eles retornavam para a aldeia e só voltavam no gal. Lá ele viu vários brancos reunidos e atirou mais flechas Oro: Oro Nao’, Oro Eo, Oro Mom entre outros, no entanto roçado depois de três meses ou mais. Os Oro Nao’ MASSACRE EM contra eles matando mais uma pessoa, ele também conseguiu esses que sempre foram considerados como subgrupos wari, costumavam mudar periodicamente o local de suas pôr fogo numa casa, os brancos saíram todos correndo, todos se reconhecem como povos distintos inclusive com marcos aldeias e espalhar roçados por muitos lugares era uma espalhados com “medo de índio”. Maxun Hom correu tam- históricos que remetem à época em que iniciaram um relacio- estratégia para sua mobilidade”. (Salomão Oro Nao’) TAIN TARACOM bém, ele passou por todas as aldeias alertando sobre o que namento pacífico entre eles, wari é a denominação de “gen- estava acontecendo e veio até a de seus parentes pedir ajuda te, humano” e não era utilizado pelos povos txpakura como Baseado na narrativa de Turei Oro Nao’, ancião, residente na Esses uijam (brancos) começaram a atacar os wari (indígenas), para matar os uijam, pois haviam dizimado sua família, o povo distinção étnica. aldeia Santo André, nasceu em Om Ramí, aldeia próxima à contava meu pai que eles cortavam as pessoas com facão, inteiro ficou muito bravo e revoltado, e disseram que iriam Tain Taracom. entravam na maloca, muitos brancos, e cortavam pedaço atrás dos brancos também. Algum tempo depois, escolheram os guerreiros mais corajosos, por pedaço as pessoas que estavam lá, como eles falaram, os que não tinham mesmo medo de matar, e saíram em busca eles iriam acabar com os índios. Se esses brancos que fize- Antes Maxun Hom pretendia voltar à sua aldeia e queimar dos brancos. No meio do caminho, numa região de campos ram isso, se esses malditos brancos viessem conversar co- tudo, inclusive os corpos da sua família para limpar o lugar. naturais, encontraram uma cova com o corpo do branco que nosco eles conseguiriam entrar num acordo pacífico, mas -”Quem que é corajoso aqui? Quem tem coragem de ir até Maxun Hom havia flechado, andaram mais e mais até que isso eles não quiseram fazer, afinal eles queriam as riquezas, lá e me ajudar a queimar tudo?”- disse Maxun Hom aos seus localizaram as casas dos seringueiros. Resolveram não atacar aqui é terra de borracha, terra de poalha, terra de ouro e de parentes e como resposta pelo menos trinta guerreiros se naquela ocasião, esperariam mais um pouco, retornaram para tudo, eles queriam na verdade nos exterminar. ofereceram para acompanhá-lo até Tain Taracom, sua antiga a aldeia. aldeia. Os brancos atacavam nas malocas e os índios cada vez mais Depois de uns três meses, resolveram que iriam finalmente iam pra dentro do mato e ficavam pensando em revidar, depois Quando chegaram lá viram que os corpos já estavam em atacar os brancos: - “Vocês não podem se demorar, não que eu nasci já estavam todos assim, dispersos e com medo. decomposição, o cheiro do lugar era insuportável, mesmo podem dar espaço para que eles ajeitem suas armas, temos Minha mãe morreu quando eu era pequeno, nem a conheci assim fizeram uma fogueira e queimaram todos os corpos, era que ir bem devagar e matá-los antes que peguem nas armas” - Turei Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé direito, lembro que via meus tios e meu pai conversando sobre muito trabalhoso. Começaram a limpeza com o raiar do sol disse Maxun Hom. No lugar aonde chegaram havia aproxima- atacar, eu os ouvia falar em uijam (branco) e vi meu tio falando: e só terminaram quando já escurecia, foram mais de seten- damente quinze pessoas, os guerreiros cercaram a colocação Na história os guerreiros encontraram um tronco de copaíba - “Eu nunca vou deixar que entrem na nossa maloca!”. ta pessoas assassinadas, deixaram apenas o corpo de uma e começaram a flechar com muita velocidade, justamente seco e oco que usaram para fazer muita chicha. Quando aca- anciã chamada Wenkamai longe das chamas e foram buscar seu para não dar espaço para ninguém se armar, não deixaram baram de beber a chicha, ficaram com fome e saíram para Eu fui crescendo e um dia meu tio chegou na nossa maloca filho numa aldeia próxima para que cremasse sua mãe. ninguém vivo, aliás, apenas uma pessoa escapou mergulhando caçar, foram três caçadores, o restante ficou dormindo na trazendo um terçado, um facão de metal, “- Esse é o facão no rio. Retornaram para a aldeia e fizeram uma festa, alguns maloca. Mataram um tatu, cortaram o rabo e assaram, quando dos uijam, dos que têm atacado a gente”. Nós já tinhamos o Tain Taracon, (leia se téin tracom; fumaça de taboca) pode ser queriam comer os brancos mortos, “- Quando a gente comia estavam comendo escutaram tiros. outro machado de pedra (tijê), mas eu nunca tinha visto um considerado como o primeiro cemitério Oro Nao’, na tradição bem ficávamos fortes, mais bonitos e as mulheres gostavam desses de metal. Ele havia trazido de um seringal onde esteve do povo quando uma pessoa morria o ritual funerário era mais de nós!” - disse Turei. Assim que o sol surgiu, viram rastros no caminho, pegadas es- investigando, trouxe também um machado de aço, ou seja um uma grande festa onde convidavam os parentes, preparavam tranhas, escutaram mais um tiro, mais na frente encontraram iriquixi. As pessoas ficavam impressionadas com a velocidade pamonha de milho e chicha (cerveja de milho ou macaxeira) Turei tinha entre cinco e seis anos de idade, seu pai parti- os brancos escondidos atrás de uma sapopemba bem grande, com que se limpava uma roça com aqueles objetos. e juntos moqueavam - assavam, e comiam o corpo do recém cipou dessa guerra. Quando maior participou de um ataque então deixaram o tatu de lado e saíram correndo pela floresta. falecido. aos brancos no lago de Deolinda, onde mataram e cortaram a Fui crescendo, meu pai já estava ficando velho, depois disso os cabeça de um branco e levaram pra aldeia. Chegaram num lugar onde havia roça nos dois lados do rio, brancos atacaram mais uma maloca, aqui no rio Tain Taracom As pessoas mais antigas como Tupá Oro Nao’, lembram de tinham feito uma ponte ali, quando a estavam cruzando, ouvi- (rio Novo), atacaram a maloca e só sobreviveu uma pessoa terem participado de alguns destes rituais fúnebres e conta “Encontraram um cavalo e o flecharam, o cavalo fugiu ram os brancos se aproximarem então eles saíram correndo e que saiu no meio da madrugada para caçar e ao amanhecer que partes do corpo eram reservados para os parentes que ferido e viram que mais na margem do rio tinha um se esconderam. Quando retornaram, verificaram que os bran- escutou de loge os tiros que mataram todos da sua aldeia. moravam mais longe e que demoravam mais para chegar, barracão. Foram até lá e viram que tinha comida den- cos tinham matado algumas criações, quebrado os utensílios e acrescenta ainda que a carne humana assada acompanhada tro dele, perceberam que os brancos estavam do outro destruído os roçados. Os wari pensavam em negociar uma trégua com os brancos, com pamonha e farinha de milho é muito saborosa. lado do rio observando-os. mas depois desse massacre, o patriarca sobrevivente queria Os tiros ouvidos vieram da direção de Tain Taracom, aldeia vingança, ele mesmo atacou e matou alguns brancos sozinho “Não eram os parentes próximos que preparavam o Os Oro Nao’ vigiaram de longe a sede do seringal por Oro Nao’, da família de Maxun Hom (maxín rum) - lide- e queria ajuda dos demais parentes para expulsá-los do nosso corpo para a cerimônia, era chamado alguém que não três dias seguidos, escolheram os melhores atiradores rança, guerreiro e caçador muito respeitado entre os seus. território. tivesse tanta ligação com o falecido, esta pessoa que e aguardaram por um momento oportuno para ata- “Morreram todos, mataram todos! Os brancos - uijam, ataca- cortava e assava a carne e os miúdos, os ossos eram car. No final da tarde um homem saiu do barracão e ram no alvorecer sem dar chance para os indígenas, Maxun Hom calcinados e moídos, o pó produzido era misturado um dos guerreiros o acertou fazendo com que caísse não estava em casa, havia saído para caçar na região entre os com mel de abelha jandaíra e também era consumido no rio, nesse mesmo momento alguém disparou tiros igarapés Tain Taracom (homônimo da aldeia) e Tain Queiam, pelos familiares. Depois faziam um buraco onde en- de chumbeira contra os indígenas e os cachorros já os pois estava organizando uma festa tradicional. Acabaram com terravam todos os pertences do falecido e construiam tinham quase alcançado fazendo com que fugissem o a família dele inteira” - conta Turei. uma maloca em cima do local, passavam a morar em mais rápido possível. cima. A melhor parte era a carne dos braços e a costela Quando retornou se deparou com a cena do massacre, era a parte ruim. (Mateus Oro Nao’) Andaram por três dias até a sua aldeia, o guerreiro que ficou estupefato e consternado e foi atrás dos uijam. acertou o branco foi homenageado pela comunidade, Correu em busca dos brancos seguindo seus rastros por mui- A complexa ritualística fúnebre dos warí como um todo foi o trataram como um ser especial dando comida e chi- tos quilômetros e quando conseguiu se aproximar viu que os profundamente estudado por VILLAÇA (1991) e CONKLIN cha à sua vontade por um longo período”. (Salomão brancos estavam todos alegres por terem matado sua família, (2001), e atualmente, depois de conhecerem as normas cris- Oro Nao’). andavam assoviando e cantando. Nesse momento Maxun tãs, esse fato se tornou um tabu entre eles. Hom acertou três flechadas num deles e o matou. Os outros Algum tempo depois resolveram fazer novos ataques, dessa saíram correndo pela floresta. As etnografias existentes referem-se ao coletivo dos povos da vez investiram contra o seringal onde é a atual aldeia Santo região, generalizam os falantes do idioma txapakura como se André, chegaram de surpresa, mas demoraram muito para Maxun Hom seguiu seus rastros até encontrá-los num serin- este fosse um único povo com subgrupos denominados como atacar, deram espaço para os brancos carregarem as armas

14 15 e atirar, Uentamí foi atingido por uma rajada de chumbo, os guerreiros o levaram para aldeia, mas ele não resistiu aos Ao se aproximarem pela picada foram vistos pelos uijam que ferimentos e morreu. vieram de encontro andando bem lentamente e se despindo de tudo que vestiam, quando se aproximaram a menos de três Deixaram que algum tempo passasse e fizeram um novo ou quatro passos um dos uijam esticou o braço na menção de ataque ao mesmo seringal, chegaram em silêncio pela beira entregar um machado e aos poucos bem lentamente conse- do rio Pacaás Novos, caminhando pelo barranco, por baixo guiu que um Oro Nao’ também lhe estendesse o braço a fim das mangueiras que ainda hoje permanecem na frente da de alcançar o objeto oferecido. aldeia Santo André. No momento que o indígena segurou o machado o uijam Uma mulher estendia roupas no varal, quando um homem rapidamente o abraçou e aquele foi o gesto que marcou o notou a presença dos Oro Nao’ e se apressou para prepa- inicio da convivência pacífica entre os Oro Nao’ e os uijam, foi rar a espingarda, mas ele estava nervoso e não encontrava os assim que aconteceu, ninguém me contou, eu vi, eu estava lá. cartuchos na sacola, os guerreiros começaram flechar e por Tupá Oro Nao. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé fim mataram uma criança branca, alguns feridos e os demais Depois deste primeiro contato amistoso entre os Oro Nao’ e fugiram de canoa à remo, os brancos não tinham motores, só os uijam os encontros entre eles se tormaram cada vez mais usavam remos. Os Oro Nao’ ficaram muito felizes por matar sença, alguns queriam ir até lá, mas a maioria resolveu apenas Os uijam vestiam roupas: camisas, calças e meias, para frequentes, às vezes com algum incidente como no dia em uma criança dos brancos, tamanho era o sentimento de revol- observar. Depois de um longo tempo viram de longe alguém alguns do grupo era a primeira vez que viam um branco. que um grupo de guerreiros ao se aproximarem do barracão ta causado pelos massacres sofridos. sair da casa. Subiram numa árvore muito bonita e frondoza e Um tempo depois resolveram se reaproximar do casarão, os pensaram que não havia ninguém por lá e resolveram entrar dali continuaram sua espera. “Ficavamos lá em cima, descia, mais corajosos caminhavam pela picada limpa enquanto os por uma das janelas que estava aberta. Assim que entrou Depois de passada mais ou menos uma década retornaram à subia de novo, já impacientes queriam ir de vez a casa até que mais cautelosos seguiam pela floresta, os uijam os viram de viu que uma pessoa amedrontada estava no interior e esta o Tain Taracom, recuperaram as roças abandonadas, limparam viram os brancos sairem para o pátio aberto”. longe também, quando perceberam começaram a gritar em atacou com um facão acertando-o na perna. os pedaços de ossos espalhados por todos os lados e fizeram txapakura: “- Nos dêem mais machados! Queremos mais um novo roçado muito grande onde plantaram milho princi- Como o posto Tanajura era um local aberto e essa árvore era facões!” e os brancos respondiam aos gritos e gesticulavam “Quando o chefe dos missionários soube do ocorrido palmente. muito visível, um dos brancos notou com estranheza que com um facão para o alto. ficou muito bravo com o assistente que havia ferido havia pontos vermelhos por todos os galhos da árvore, deve a perna do índio - “Você não pode fazer isso com o ter pensado: “O que é aquilo ali?, Não tinha nada vermelho Quando o uijam começou a caminhar em direção ao índio!”. O homem foi expulso da missão. naquela árvore!“. grupo de guerreiros, eles novamente se esconderam na CONHECENDO DE loresta, então o branco veio caminhando lentamente, colocou Eu era muito pequeno quando meu pai e minha mãe Um deles veio em direção dos guerreiros, ele andava um mais machados e facões no jiral e começou a assoviar alto e me levaram lá na aldeia Tanajura, onde fizeram o pouco e parava, voltava a andar e parava, nesse momento os gesticular chamando pelos Oro Nao’. “- Ele está chamando a primeiro contato, e então eu os ví e os achei muito PERTO OS UIJAM guerreiros desceram da árvore e se distanciaram na floresta, gente para pegar machados vamos lá! Foram correndo, pega- diferente, eu era pequeno, mas me lembro que não o tio de Aai comentou - “Agora nos viram, eles nos viram! ram mais machados e voltaram correndo. Ao perceberem que gostei do cheiro deles não, nem da farinha deles, eu Baseado na narrativa de Aai Oro Nao’ - Vamos embora antes que nos ataquem e acabem com a gente!”. não foram atacados, foram descobrindo aos poucos que estes não comi a comida deles, eu não gostei não, porque é Aldeia Capoeirinha, Enoque - Uxkwá Oro Nao’, Assim fizeram, tomaram o rumo da aldeia, tão logo chegaram uijam não eram maus. muito diferente da nossa. Dorca Oro Nao’, Tupá Oro Nao’ e Pedro Oro Nao’. na trilha escureceu, montaram um acampamento de palha (rabo de jacu) e dormiram ali mesmo. Retornaram para a maloca com muitos machados e facões Nós queríamos mais machados por isso que a gente Caminhando pela floresta numa região próxima do rio Pacaás e contaram para todos e todas o que havia ocorrido. Os foi lá, fomos o meu pai, minha mãe, meu irmão, ou- Novos conhecido pelos Oro Nao’ como Ae Ho, que significa No dia seguinte retomaram a caminhada e ao chegarem na demais que não haviam participado da expedição ficaram muito tros parentes e eu. Nessa época somente. “rio Alencor” (nome uma ave de grande porte característica da maloca contaram para todos e todas o que havia acontecido. entusiasmados por uma possível visita aos uijam do barracão. região Amazônica), um grupo de guerreiros tradicionalmente Ficaram muito animados com o fato de haver facões e macha- Meu tio disse para os parentes: - nós percebemos que os bran- Alguns ganharam as ferramentas, então havia mui- pintados de vermelho urucum (pintura de guerra), faziam sua dos e se organizaram para retornar ao local da casa dos uijam. cos não querem nos fazer mal, nós vamos até lá, mas ninguém ta briga com os que não tinham ganhado nada. (Pe- patrulha/caçada quando avistaram um grande picadão aberto atira flecha, vamos tentar um contato pacífico com os uijam. dro Oro Nao’) Uxkwá Oro Nao’, nasceu em Mual, na mata. Caminharam até o acampamento que fizeram na saída do Assim o fizeram, seguiram para o barracão que ficava no nas cabeceiras do Rio Dois Irmãos - Tutáin Kaunaroi picadão e perceberam que os uijam haviam estado por ponto da atual aldeia Tanajura. Ficaram muito intrigados e conversando decidiram seguir a lá e deixaram alguns terçados. No picadão, no local onde trilha, alguns sugeriram seguir por dentro da floresta, pois o haviam pego os objetos não tinha mais nada, avançaram e caminho era largo - algo próximo de cinco metros, e compri- mais à frente já na parte de área aberta proxima ao barracão do a se perder de vista feito numa reta quase perfeita, sendo puderam avistar mais machados e facões em outro jirau, mas assim quem quer que tenha feito aquele caminho poderia a proximidade era tanta que resolveram que esperariam anoi- observá-los de longe caso optassem seguir por ele, no fim re- tecer para correrem até lá e pegar os objetos sem serem vistos. solveram caminhar pelo picadão mesmo. Antes que escurecesse, dois guerreiros resolveram que pode- riam correr muito rápido e tentar pegar e assim o fizeram, A certa distãncia eles avistaram uma espécie de jiral bem no conseguiram pegar todos os facões e machados. meio da picada e nele estavam pendurados alguns facões e machados, hesitaram por um momento, mas depois foram O grupo de guerreiros que a tudo assistiam, perceberam até lá e pegaram os instrumentos. Seguiram mais e mais, no uma movimentação na porta do barracão, era um uijam le- caminho encontraram mais facões e andaram até quase o final vantando um facão sobre a cabeça com as duas mãos. Como da picada quando eles viram de longe uma casa de branco, estavam de longe interpretaram o movimento como uma um barracão. ameaça, imaginaram que era uma arma de fogo ou coisa que o valha e recearam serem atingidos por tiros, saíram correndo Passaram horas observando tentando perceber alguma pre- para longe do campo de visão dos uijam. Dorca Oro Nao’ - Fundadora da Aldeia Barranquilha no rio Mamoré. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé 16 17 e lembra de como ficaram admirados quando viram as orações dos Uijam, ficaram curiosos pela forma que rezavam ajoelhados e com os olhos fechados. Os Uijam eram missionários da MNTB- Missões Novas Tribos no Brasil, grupo fundamentalista evangelizador estadunidense que participou e/ou promoveu diversos contatos com grupos autóctones por muitas regiões da Amazônia internacional.”

Nesse tempo começaram as doenças, catapora, saram- po, gripe e os índios começaram a morrer. Quando vivíamos sozinhos, éramos saudáveis, fortes, depois do contato começaram a morrer crianças, jovens, adultos, começou a ter muitos doenças, foi uma época de mui- ta tristeza”. (Uxkwá Oro Nao’) Aai Oro Nao’ representando a cena do primeiro contato pacífico com os uijam. Fotos: Sergio P. Cruz/Kanindé

Tupá Oro Nao’, nasceu em 1939 e morava numa das aldeias Tupá perdeu seu marido nessa época, era um homem jovem a fazer contato com os Oro Mom. Também foram os população. Os pajés se viam impotentes diante das doenças mais distantes do território, quando soube do contato entre os de pouco mais de trinta anos com quem teve um filho, que Oro Nao’ que entregaram facão e machado para os exóticas trazidas pelos Uijam que, ao passo que eram os cau- brancos e os Oro Nao’ já fazia algum tempo que havia ocorri- na primeira aproximação com os brancos fora infectado e não Oro Mom. Eles guiaram os missionários até as aldeias sadores das enfermidades também eram os que detinham os do. Ela e seus parentes também queriam ganhar machados e resistiu ao sarampo. Oro Mom. Quando os vimos chegando acampanha- poderes (remédios) para o tratamento. facões por isso foram ter com os brancos. dos dos brancos saímos todos correndo, fugindo para Ela havia se casado no sistema tradicional Oro Nao’ onde a floresta. Então os Oro Nao’ correram atrás de nós Os pajés se viram numa situação muito conflitante uma vez Chegaram gritando em Txapakura: “- Nós também quere- quando uma narimar (mulher) fica grávida e começa a apa- pedindo que ficássemos calmos, estávamos com muito que não possuíam as respostas para os surtos de doenças que mos machados!” Nisso os missionários reponderam também recer a barriga, os homens solteiros já pedem o ainda não medo” (XIm Xoy Oro Mom). dizimavam seus povos e o processo de evangelização con- na lingua indígena, eles haviam aprendido algumas palavras nascido em casamento, a partir deste momento o futuro genro comitante que os jogavam numa categoria religiosa associados em txapakura e disseram que dariam os machados se o gru- passa a sustentar a sogra, ele precisa pescar, caçar e colher Apesar do contato com os Oro Mom ter sido mais planejado e aos poderes malévolos de um demônio - cujo a história aca- po cantasse músicas para eles. Ela lembra que não gostava comida para ela. Depois que nasce a menina, ela continua precavido em relação a imunização do povo, a cena se repe- bavam de conhecer - fazia com que muitos pajés se isolas- do cheiro dos brancos, “ - eles eram peludos e fediam como com os pais por doze ou quinze anos até que o marido possa tia, uma a uma, em todas as etnias contatadas as doenças con- sem na floresta enquanto outros renunciavam de sua função animais, foi muito difícil me acostumar com o cheiro deles”. levá-la para junto dele. tagiosas se espalhavam rapidamente dizimando boa parte da para aderir à nova doutrina que se apresentava.

Quando retornaram no posto Tanajura os missionários já os Quando o homem pede em casamento, e passa a cuidar da chamavam de filhos e pediam ajuda para plantar: “-Vamos sogra ainda grávida, ele não sabe qual é o sexo do bebê, no meus filhos, nos ajudem a plantar!” Algumas mulheres fica- caso de nascer um menino todo esforço de meses para agra- vam para ajudá-los, só as mulheres, o nome do missionário dar a mãe fora em vão e o homem passar a aguardar por uma Uxkwá Oro Nao’. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé era Josias, ele sempre cuidava de nós, parecia um parente, nova gravidez na vizinhança. ele que dava comida, ele que dava conselhos, mas também haviam outros como o Abrãao, Moreno, Ricardo, Saúl, tinha Mas quando Tupá ficou viúva, seu pai a prometera em casa- Makurap também, tinha muitos. mento a um guerreiro de uma etnia vizinha e amiga, no entan- to Tupá não aceitou o casamento imposto por seu pai e com Dorca Oro Nao que nasceu em Tukwamiko, foi uma dessas apoio de sua mãe conseguiu permanecer solteira até que ela mulheres que moraram na adolescência com os missionários, mesma escolhesse seu noivo. Sua mãe dizia que não gostaria ajudou no ensino do idioma Txapakura para eles e os auxiliou que ela se casasse com alguém de outra etnia. Tupá casou-se no processo de tradução da bíblia cristã para a lingua nativa. anos mais tarde com o noivo que ela mesma escolheu e com Ela lembra da rotina em que viviam com os brancos plantan- quem teve mais sete filhos. do, ajudando na organização do espaço e principalmente aprendendo a se comunicar com os uijam. A proximidade dos Oro Nao’ com os missionários e logo após com o SPI resultou numa parceria para a aproximação com os Nesse tempo do contato começaram as epidemias das doenças demais povos com os quais os Oro Nao’ mantinham relacio- como a catapora, sarampo e gripe e os indigenas começaram namentos como os Oro Eo, Oro Mom, Oro Waram, Oro Wati a morrer em massa. entre outros.

“Quando vivíamos sozinhos eramos saudáveis, fortes. Xim Xoy Oro Mom que vive hoje na aldeia Sotério lembra da Depois do contato começaram a morrer crianças, ocasião da chegada dos Oro Nao’ acompanhados pelos Uijam jovens, adultos, começou a ter muitas doenças, foi na sua aldeia. De longe notaram a chegada do grupo e mui- uma época de muita tristeza. Quando chegaram pela tos da aldeia fugiram correndo para a floresta com medo dos primeira vez na casa dos missionários ficaram muito forasteiros que se aproximavam. Aos poucos retornavam ainda doentes e os brancos ofereceram remédios, aos pou- que amedrontados, confiando nos avisos dos Oro Nao’ que di- cos foram tomando e melhorando das doenças, de- ziam estar tudo bem e que os uijam não representavam perigo. pois voltamos pra maloca, por isso sobrevivemos. Na época do contato haviam muitas pessoas, mas morre- “Primeiro foram os Oro Nao’ que fizeram o contato ram tantas que sobrou só um pouco” (Tupá Oro Nao’). com os missionários, depois ajudaram os missionários

18 19 - “Antigamente os pajés e nós éramos enganados pelo demô- • Gongo de broca: Mulher grávida não podia nio, éramos todos enganados a crer nessas coisas sobrenatu- comer, pois se comesse a criança nascia “umbigudo” rais, depois que conhecemos a biblia, que é a palavra de (com umbigo para fora); Deus, descobrimos isso e os pajés vieram para a palavra sa- grada e deixaram essas práticas, afinal só quem cura é Jesus”. • Caranguejo: Mulher grávida não podia comer, se comesse a criança ia babar demais; Esta prática de descontrução dos pajés é recorrente nas histórias de contato entre missionários e populações indíge- • Casca de paxocwa (paxtccoá - jatobá): Remédio nas e com os Oro Nao’ não poderia ter sido diferente. Porém para ferroada de arraia, analgésico e também serve atualmente, passado pouco mais de meio século de conta- para tosse, uso via oral como chá. Para tratar ferroada to com a sociedade envolvente, os descendentes Oro Nao’ se raspa a casca e vai saindo um líquido, esse líquido anseiam por um resgate dos conhecimentos tradicionais dos passamos na ferroada. O pó da raspagem passamos Pajés como, por exemplo, alguns fragmentos deste conheci- por cima da ferida e amarramos com uma bandagem. mento que perduram até a atualidade tais como estes: Leva meia hora para fazer efeito.

Xim Xoy Oro Mom. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé • Paca: Se uma grávida comesse paca a criança Claro que estes são apenas alguns exemplos do amplo nascia com manchas, não podiam nem comer nem ver conhecimento da fauna e flora repassados aos pajés, seja por e nem tocar; seus instrutores/mestres físicos ou espirituais (metafísicos). Os Cada núcleo familiar morava a uma certa distãncia um dos missionários que chegavam com motivações religiosas e espi- PAJÉS outros e Maxum Korain sabia onde havia alguma pessoa pre- • Cutia: Mulher grávida não podia comer, se comesse rituais viam nos pajés o principal entrave para suas pretensões cisando da sua ajuda, então suas andanças eram frequentes, provocaria hemorragia nasal no bebê quando de convencimento do povo à respeito da nova doutrina. Estevão Oro Nao’ sempre de um lado para o outro. nascesse; (Neto de Maxum Korain - Pajé Oro Nao’) Xim Xoy Oro Mom é um ancião morador da aldeia Sotério, A pessoa se transforma em Pajé depois dos quarenta e cinco não sabe precisar sua idade, mas calcula algo próximo dos 90 anos de idade. Quando o pajé dorme ele sonha com espíritos anos, tem lembranças vivas desde sua infância. Conta sobre de animais, Maxum Korain sonhava que estava no corpo de a rotina na maloca onde nasceu, das brincadeiras, pescarias um porco do mato, andando pelas trilhas na floresta, pelos e caçadas que fazia com seu pai, seus irmãos e amigos. Mas barrancos de igarapés e quando acordava ele não sabia se era quando é questionado sobre sua atuação como pajé ele diz real ou um sonho. não se lembrar de absolutamente nada.

Certa vez, recebeu do espírito dono do sono e do espirito do Xim Xoy nunca nos disse que era um pajé, as pessoas que porco do mato um punhado de urucum em pó, o porco mes- o conhecem que nos contaram sobre a época em que ele mo colocou na sua mão, era uma medicina e quando tomou realizava muitas curas por todo o território. Foi um grande ele se acostumou com o fato de ser pajé. Alguns não acostu- pajé que realizava cura com a energia de suas mãos como re- Xim Xoy Oro Mom. Foto: Sergio P. Cruz/Kanindé mam e acabam por enlouquecer e se comportar de acordo lata uma das pessoas que já foram atendidas por ele há muito com os animais, andando pelas mesmas trilhas na floresta e tempo: - “Eu era criança, quase adolescente ainda e de uma comendo as mesmas coisas que eles. hora para outra comecei a sentir muita dor de cabeça, era uma dor muito forte que me impossiblitava de fazer qualquer Com o tempo Maxum Korain virou um curador que viaja um, coisa, ficava na rede o dia inteiro e já estava há dias com esse dois ou três dias a pé na floresta para as outras aldeias a fim problema, sem dormir, perdendo peso e definhando com a de atender as pessoas doentes. Nessas outras aldeias ele ficava enfermidade, até que meus pais, depois de muitas tentativas hospedado na casa dos parentes. A pessoa que pediu ajuda com as plantas medicinais, foram em busca de ajuda com um vinha conversar com Maxum Korain e explicar o que estava pajé. Quando o pajé chegou, era o Xim Xoy e ele pediu que acontecendo em detalhes e no começo da noite iniciava o todos saíssem da maloca e começou sua pajelança. Num dado ritual de cura. momento ele, sentado e com os olhos fechados, começou a esfregar as mãos uma na outra e depois de um certo tempo as O ritual era muito complexo para eu explicar, mas pelo que colocou sobre a minha cabeça. Sentia o calor das suas mãos eu sei, primeiro ele sentava e ficava pensando, começava a passar para a minha pele, podia sentir aquele calor entrando suar muito, ele ia perto da pessoa e saía. Ele ficava tremen- na minha cabeça e a dor aos poucos diminuindo. Foi diminu- do muito, talvez com medo de ser atacado pelo espírito que indo até que a dor cessou, fiquei curado mesmo sem nunca estava provocando a doença. Até que em uma hora ele retira- ter entendido como ele conseguiu fazer aquilo.” va da pessoa o que estava causando mal. Ele retirava objetos das pessoas e dizia em quanto tempo a pessoa estaria curada, Xim Xoy se afastou das práticas de cura depois do processo de se ele falava dois dias, as pessoas realmente ficavam boas em evangelização imposto pelos uijam, assim como muitos outros dois dias. pajés que perderam seus postos para os medicamentos dos forasteiros e pela “demonização” das suas práticas pregada Um dia foi chamado para atender a uma pessoa que estava pelos pastores evangelizadores. passando mal por ter comido tatu, no final do ritual ele espiri- tualmente retirou um fio de pêlo de tatu que estava na pessoa, Rubens Oro Nao’, pastor evangélico da aldeia Santo An- ele mostrou o que tinha sido retirado para todos que estavam dré, filho de um dos maiores pajés Oro Nao’, Maxum Ko- ali e disse que em três dias ele estaria bem. rain, tem uma explicação clara para o que teria acontecido:

20 21 temperatura e precipitação (dos anos 2013 a 2015) forneci- CAPITULO 2 APRESENTAÇÃO dos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2016), da Estação Meteorológica Automática de Porto velho/RO. Os estudos realizados na Terra Indígena Pacaás Novas tiveram O objetivo foi comparar esses dados com outros obtidos em o objetivo de fazer um levantamento de aspectos físico-am- entrevistas à comunidade indígena em relação aos meses mais bientais, com ênfase na aptidão agrícola das áreas de roças quentes e frios do ano na região, bem como os meses de atuais e futuras, relacionando o conhecimento científico com cheias e secas. o conhecimento tradicional. Os objetivos específicos eram: a) Determinar o tipo de solo a partir de dados secundários O levantamento da geologia foi realizado a partir de dados se- e as características das áreas de roça para aptidão agrícola, cundários relacionada à região e com base na identificação de conforme conhecimento tradicional; algumas rochas observadas ao longo da atividade de campo. b) Mapear a hidrografia que possuem importância de uso para a comunidade; O levantamento da geomorfologia foi realizado a partir de da- c) Validar os dados meteorológicos de fontes secundárias, dos secundários e através da identificação em campo. Para a partir do conhecimento da comunidade sobre as cheias, complementar o estudo, foi gerado um Modelo TIN (Trian- NOSSA TERRA secas, inverno e verão; gular Irregular Network – Rede Triangular Irregular), 2016, d) Identificar a geologia e geomorfologia da região a partir que consiste determinar o relevo da área estudada, onde de dados secundários e do modelo digital do terreno; utilizaram-se os dados do Modelo Digital de Elevação (MDE) e) Identificar as áreas de pressão antrópica; das imagens SRTM (Shuttle Radar Topography Mission), que f) Elaborar mapas temáticos voltados às áreas de estudo mostram a diferença de altimetria na Terra Indígena Pacaás do meio físico; Novas. Duas imagens foram utilizadas para o MDE: Carta SC- g) A partir de metodologia aplicada, estabelecer relação 20-Y-C e Carta SC-20-Y-A. A resolução altimétrica dessas ima- entre o conhecimento científico e o tradicional. gens é de 16 metros.

O levantamento de áreas com baixa resiliência ambiental foi realizado a partir de técnicas de sensoriamento remoto, en- MATERIAL E MÉTODOS trevistas e identificação da área “in locu”.

O trabalho de campo foi realizado nas proximidades das al- Para todas as áreas do levantamento físico foram gerados in- deias Santo André, Boa Esperança, Bom Futuro, Capoeirinha, formações coletadas em campo e mapa temáticos de geolo- Sotério, São João, Bom Jesus e Barranquilha, com observações gia, hidrografia, geomorfologia, solo, locais de roça, etc. das roças, análise da hidrografia, geomorfologia, climatologia e geologia. Também foram utilizados Calendário Sazonal, que consiste na elaboração participativa de um calendário da distribuição O levantamento da pedologia voltado para aptidão agrícola e concentração das principais atividades desenvolvidas na foi realizado a partir de observações de solo nas áreas de roça comunidade ao longo do ano, como: produção, trabalho, atuais e futuras da terra indígena. No momento da observação clima, entre outros (RUAS, 2006). Outros procedimentos foi preenchida uma tabela por meio de questionamentos feitos foram utilizados como o calendário agrícola, que mostra as aos pesquisadores indígenas, os quais compuseram a equipe estações agrícolas e as atividades produtivas da comunidade do Meio Físico e acompanharam as coletas de informações e calendário de atividades, que traz sobre o papel do homem relacionadas às características físicas da terra, como relevo, e da mulher nos trabalhos rotineiro comunidade (VERDEJO, drenagem do local, definições de cores e qualidade da terra. 2006).

Para a elaboração dos mapas temáticos de hidrografia e bacias Todas as metodologias para levantamento do meio físico apli- hidrográficas utilizou-se dos dados vetoriais da Agencia Na- cadas em campo foram participativas, onde pesquisadores cional de Águas (ANA), disponíveis em: http://www.ana.gov. indígenas indicados pela comunidade acompanharam e co- br/bibliotecavirtual/solicitacaoBaseDados.asp. laboraram com o levantamento dos dados de seu território. Foto: Acervo Kanindé O levantamento da hidrografia foi realizado a partir de ofi- Mapeamento dos rios e igarapés da Terra Indígena Pacáas Novas. cina de mapeamento, buscando identificar os principais rios Foto: Edwilson Pordeus Campos/Kanindé e igarapés de uso da comunidade da Terra Indígena Pacaás Novas, seguido da nomenclatura dos rios e igarapés tanto em A caracterização do meio físico: geologia, solos, Esse tipo de estudo surge para analisar os re- português como na língua Txapakura. Também foi aplicado relevo e clima é fundamental para o adequado cursos existentes dentro da terra indígena, com o protocolo de avaliação ecológica rápida de qualidade de águas em ambientes lóticos: aspectos físicos e químicos próxi- planejamento e gestão do território, direcionan- o objetivo de fortalecer projetos voltados ao mos às comunidades. A aplicação de Protocolos de Avaliações do o uso e ocupação, otimizando a ampliação e planejamento do uso sustentável e à proteção Ecológicas Rápidas (PAER) de qualidade de água e biodiversi- dade aquática são ferramentas importantes para estudos em adensamento de áreas já ocupadas (RODRIGUES dos recursos naturais, estabelecendo relação áreas onde há escassez de conhecimentos ecológicos específi- et al., 2005). entre o conhecimento científico e o tradicional. cos (CHERNOFF; ALONSO; HORTEGA et al., 1988).

Para o levantamento da climatologia, utilizou-se de dados de

22 23 Amazonas; e na sub-bacia dos rios Pacaás Novos, Mamoré e Sotério. A bacia hidrográfica do rio Amazonas é a mais extensa RESULTADOS AVALIAÇÃO Rápida (PAER), foi considerada a descrição do uso dos corpos rede hidrográfica do mundo, com área de 6.110.000 km², d’água pelos pesquisadores indígenas da área da amostragem. estendo-se sobre o Brasil (63%), Peru (17%), Bolívia (11%), E DISCUSSÃO Colômbia (5,8%), Equador (2,2%), Venezuela (0,7%) e Guiana ECOLÓGICA RÁPIDA O resultado da pontuação dos parâmetros indica o nível de (0,2%). No Brasil abrange uma área total de 3,89 milhões de preservação das condições ecológicas dos locais avaliados, km² encontram-se nos estados do Acre, Amazonas, Roraima, onde: de 0 a 40 pontos representam trechos impactados, 41 a HIDROGRAFIA Mato Grosso, Pará e Amapá (ANA, 2016). 60 pontos representam trechos alterados e acima de 61 pon- tos os trechos são considerados naturais. A América do Sul é subdividida em oito bacias hidrográfi- Os usos desses recursos hídricos para a comunidade são diver- DA QUALIDADE DA ÁGUA cas, sendo elas: Bacia do rio Amazonas; Bacia do rio Tocan- sos, dentre eles destacamos o deslocamento entre as comu- O tempo necessário para a aplicação do protocolo nos tins; Bacia do Atlântico, trecho norte/nordeste; Bacia do rio nidades, recreação, pesca de subsistência, bem como o con- EM AMBIENTES LÓTICOS: São Francisco; Bacia do Atlântico, trecho leste; Bacia do rio locais avaliados foi de cerca de 20 minutos para cada pon- sumo pelas as comunidades. Os principais nomes dos cursos to de amostragem. O protocolo foi aplicado nas aldeias Bom Paraná; Bacia do rio Uruguai; e Bacia do Atlântico, trecho d’água da terra indígena foram descritos a partir de oficina de ASPECTOS FÍSICOS sudeste (ANA, 2016). Futuro, Capoeirinha, Bom Jesus e Barranquilha. mapeamento junto à comunidade. E QUÍMICOS A Terra indígena Pacaás Novas encontra-se na bacia do rio Com os pontos e as informações dos rios visitados para a ava- A metodologia de avaliação rápida tem como principal objeti- liação da qualidade da água foi possível gerar, de acordo com Nome dos rios e igarapés de uso da TIPN vo a redução de custos na avaliação ambiental de um local ou a metodologia do protocolo, um resultado demonstrando os grupos de locais, sem, no entanto, privar os estudos de rigor rios impactados, alterados e naturais (Tabela abaixo). Nome em Português Nome em Txapakura Nome em Português Nome em Txapakura técnico-científico (SILVEIRA, 2004). Rio Sotério Toto Em Rio Mamoré Oquem O índice pluviométrico é de suma importância e influencia A avaliação rápida proporciona uma visão geral da qualidade diretamente o volume dos corpos de água de uma determi- - Comi Con Wém Crio Baía Cabaça Cari Asal Mana Trop de um habitat físico, atribuindo pontos em uma tabela com na região, dividindo-se em período de seca e cheia. De acor- - Comi Con Pripi’ Baía Capoeirinha - base em observações visuais (CONAMA, 2005). do com o povo da Terra Indígena Pacaás Novas, os períodos Igarapé das Antas - - Xut Terem de seca e de chuva e os períodos de temperaturas elevadas e - Comi Con Min - Cote Ne Xut Terem Plano de amostragem e resultados da avaliação baixas correspondem a meses específicos (Tabela na página se- - Comi Tocwe Lago Deolinda Xut Terem Além da aplicação do Protocolo de Avaliação Ecológica guinte). Igarapé Dois Irmãos Tapararain Comicon Lago São Paulo Xut Terem Comi Taraho Lago Meia-lua Xut Terem Igarapé Galceiro Lago Sacrifício Xut Terem Resultados nos parâmetros avaliados da hidrografia da TIPN Igarapé do Tapado Comi Wewerem Lago Futuro Xut Terem Parâmetros Pontos Igarapé Deolinda Taparain Ne Howao Lago Maria Homem Xut Terem - Cote Ne Taparain Igarapé Jorge Melo Comi Wewrem 001 002 003 004 - Tam Mexem Oro Xut Terem 1 Tipo de ocupação das margens do corpo d’água (principal atividade) 4 4 4 4 - Pepe Xam Lago Ijoma Xut Terem 2 Erosão próxima e/ou nas margens do rio e assoreamento em seu leito 4 4 4 2 - Tain Quijam Lago Calafete Xut Terem 3 Alterações antrópicas 4 4 4 4 Igarapé São Francisco Tain Ca Num Lago do Amaral Xut Terem 4 Cobertura vegetal do leito do rio 4 4 4 0 - Tarawanan Lagoa do Pinga Xut Terem 5 Odor da água 4 4 4 4 - Piwa Lagoa Grande Xut Terem Nein Comi Too 6 Oleosidade da água 4 4 4 4 Igarapé Grande - Garceiro Xut Terem 7 Transparência da água 2 2 2 2 Igarapé Santo André - Terra Firme - 8 Odor do sedimento (fundo) 4 4 4 4 Rio Novo - Castanheira - 9 Oleosidade do fundo 4 4 2 4 Rio Pacaás Novos Comi Ao He Cawho 10 Tipo de fundo 2 2 3 2 Rio Ouro Preto Alfredo - 11 Tipo de fundo 4 3 3 5 - Tutup Baía Papipi - 12 Extensão de rápidos 0 0 3 5 - Comicon Towarao Xut Terem Ona Xocwa 13 Frequência de rápidos 2 2 3 5 - Comi Wewerem Baía do Carmelo - 14 Tipos de substrato 0 0 0 0 - Tocon Can Baía Aurinete - 15 Deposição de lama 5 3 5 2 - Otaji Baía Central - 16 Depósitos sedimentares 5 3 5 2 - Caxima Palheta - 17 Alteração no canal do rio 5 5 5 5 - Comi Para Baía Central - 18 Características do fluxo das águas 5 5 5 2 - We Awi - Xut Terem Comi Con Me 19 Presença de mata ciliar 5 2 5 5 - Pan Pic - Xut Terem Nei Tarawanani 20 Estabilidade das margens 5 3 5 3 - Otaji - Xut Terem Nei Comi Tatan 21 Extensão de mata ciliar 5 5 5 5 - Ao He - Xut Terem Nein Mana Horop 22 Presença de plantas aquáticas 3 3 5 5 - Cara Pacam - Mowao Xiquin Resultado 81 72 87 78 - Winain Cawijen - Piji Man Avaliação* N N N N *N – Rios naturais. Outras categorias seriam: A – Rios alterados; I – Rios impactados. 24 25 Calendário pluviométrico e de temperatura na TIPN Os Gleissolos são característicos de áreas alagadas ou sujeitas a alagamento (margens de rios, ilhas, grandes planícies, etc.). OBSERVAÇÕES DAS ROÇAS CLIMA/ MÊS Sua coloração em geral são cores acinzentadas, azuladas ou E SEUS TIPOS DE SOLOS TEMPO esverdeadas, dentro de 50cm da superfície. Apresentam alta Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez ou baixa fertilidade natural e têm nas condições de má drena- A alimentação da comunidade na Terra Indígena Pacaás No- gem a sua maior limitação de uso (EMBRAPA, 2007). Chuva XXXX X X XXX vas provém, em parte, das roças. Por isso, o levantamento do meio físico teve um foco maior nessas áreas. Com o objetivo Cheia X Os Latossolos vermelho-amarelo possuem cores verme- de identificar as características das roças, foram feitas visitas lho-amareladas, geralmente profundos, com boa drenagem e para observar o tipo de plantio, coloração do solo e seus pro- Seca XXX normalmente baixa fertilidade natural e em alguns estudos ob- blemas. Foram priorizadas roças com coloração do solo dife- servou-se algumas ocorrências de solos eutróficos (EMBRAPA, Temperatura renciado, bem como as problemáticas e futuras roças, com o XXX 2007). alta objetivo de propor soluções e sugestões para o melhoramento da produção pela comunidade. Temperatura X X Os podzólicos vermelho-amarelo distróficos ou argissolo ver- baixa melho-amarelo (nova classificação EMBRAPA) têm como ca- No total, foram 24 os pontos de observações das roças, racterística aumento de argila do horizonte superficial A para entre 23 roças atuais e 01 (uma) futura roça, distribuído nas o subsuperficial B que é do tipo textural (Bt), geralmente aldeias Bom Futuro, Santo André, Capoeirinha, Barranquilha, acompanhado de boa diferenciação também de cores e São João, Sotério e Bom Jesus. outras características. As cores do horizonte Bt variam de CLIMA rochas foram encontradas ao longo do rio Pacáas Novos. acinzentadas a avermelhadas e as do horizonte A, são sem- pre mais escurecidas, sua profundidade é variável, geralmente A Terra Indígena Pacaás Novas está inserida no subtipo pouco profundo (EMBRAPA, 2007). Comparação entre o cultivo atual e dos antigos nos climático “Aw”, caracterizado como clima tropical seco e úmi- plantios da TIPN (caminhada transversal); RUAS (2006); do (KÖPPEN, 1948). GEOMORFOLOGIA Para relacionar o tipo de solo e de culturas de roças, foram VERDEJO (2006). realizadas oficinas para, onde se identificou o cultivo dos an- De acordo com dados do RADAMBRASIL (1981), a Terra O tipo climático “Aw” é um clima tropical seco e úmido, tigos indígenas da região (o que se plantava, em que tipo de Indígena Pacaás Novas é dividida em acumulação de planície caracterizando-se por inverno seco e verão úmido, com terra se plantava, etc.) comparando-se com o cultivo atual. Na Antigos Hoje fluvial, pediplano retocado desnudado, pediplano retocado elevados índices pluviométricos no verão e estação seca no Terra Indígena Pacaás Novas, observou-se que mais de 50% inumado e plano indiscriminado. Possui um relevo basica- inverno, podendo dividir-se em tropical continental e tropical das culturas cultivadas nas roças diferenciam-se daquelas cul- Terra preta Terra preta mente plano ondulado, sem pontos importantes de elevação marítimo (KÖPPEN, 1948). tivadas antigamente. do terreno. Terra vermelha Terra amarela Tipo de solo Terra cinza Além dos dados da classificação climática de Köppen, o com- A partir da visita às roças foi possível estabelecer a relação Para perceber o relevo da Terra Indígena Pacaás Novas, Terra vermelha ponente de climatologia contou com análises geradas a par- entre as terras de boa produção apontadas pelos indígenas e gerou-se um Modelo TIN (Triangular Irregular Network – Rede tir de dados climáticos de estação automática meteorológica a quantidade de matéria orgânica presente no solo, demons- Terra Roxa Triangular Irregular), a partir do Modelo Digital de Elevação A925 na cidade de Porto Velho, contando com os dados de trando o conhecimento da comunidade para melhores níveis Terra arenosa (MDE), com os dados de Imagens SRTM (2016). temperatura e de precipitação da região. Os dados gerados de produção. foram os índices de chuva e temperatura, com uma tempora- O relevo da Terra Indígena Pacaás Novas é, em sua maioria, Mandioca MandiocaMacaxeira lidade de três anos (2013 a 2015). plano, com suaves ondulações. Macaxeira Banana Banana Cará Durante o diagnóstico foram levantadas junto à comunidade informações sobre precipitação e temperatura mensais, com Cará Batata doce o objetivo de comparação com os dados fornecidos pelo PEDOLOGIA Batata doce Arroz INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Os dados Cultura Mamão Cana de açúcar relatados pela comunidade demonstram concordância entre a De acordo com o Zoneamento Ecológico-econômico de Milho mole Abacaxi observação da comunidade e os dados do INMET. Rondônia, existem seis tipos de solos na terra indígena: Solo - Amendoim aluviais distróficos, cambissolos distróficos, solo glei distrófi- co, latossolo vermelho-escuro eutróficos, podzólicos verme- - Melancia lho-amarelo distróficos (Argissolo vermelho-amarelo/EMBRA- - Jerimum GEOLOGIA PA) e areias quartzosas. - Milho - Café A Terra Indígena Pacaás Novas está posicionada geografi- Os solos aluviais são formados por sedimentos transformados camente na Província Estrutural Susás, onde sua unidade em lugares distantes e transportados pelas águas dos rios e tectônica é a mais jovem do extremo sudoeste do Cráton pelos ventos, sua ocorrência em geral são em áreas alagadas. Amazonas. Sua formação deu-se durante o Ciclo Orogêni- (EMBRAPA, 2007). co Sunsás, cronologicamente correlato ao Ciclo Orogênico Greenville na Laurencia e Báltica (SANTOS, 2003, in BIZZI et Os Cambissolos apresentam grande variação de profundi- al.,2003). É composta pelos terrenos/domínios: Santa Helena, dade, ocorrendo desde rasos a profundos, sua drenagem varia Faixa Colorado e Bacia/ Faixa Aguapeí. de acentuada a imperfeita e podem apresentar qualquer tipo de horizonte A sobre um horizonte B incipiente (Bi), também A formação geológica está atrelada ao tipo litológico da Terra de cores diversas, muitas vezes são pedregosos, cascalhentos Indígena Pacaás Novas tem sua litologia composta por sedi- e mesmo rochosos (EMBRAPA, 2007). mentos arenosos, siltosos e argilosos, dentre outros. Algumas

26 27 Todas essas culturas fazem parte da base alimentar do povo CARACTERÍSTICAS DAS da Terra Indígena Pacaás Novas, tendo maior destaque a man- APTIDÃO AGRÍCOLA diocaba e macaxeira, que além de base alimentar também ROÇAS DA TERRA INDÍGENA estabelece forte identidade com a cultura tradicional. Durante a atividade de campo do levantamento do meio físi- co foram relatados problemas relacionados à produção, como PACAÁS NOVAS São diversos os tipos de cultura das roças da Terra Indígena culturas que não desenvolvem ou que desenvolvem, mas Pacaás Novas, tendo cada uma delas um calendário de pro- apresentam problemas, como doenças e pragas que atingem Foram identificadas as seguintes culturas nas roças da Terra dução que define o período do preparo da terra, do plantio a produção. Indígena Pacaás Novas: mandioca, macaxeira, banana, cará, e da colheita. Dentre os problemas encontrados observados nas roças da batata doce, arroz, cana de açúcar, abacaxi, amendoim, Terra Indígena Pacaás Novas, podemos destacar as doenças, melancia, jerimum e milho. insetos, espaçamento entre culturas, “stress” hídrico, plantios Tipos de culturas identificadas nas roças da TIPN. Como outros povos indígenas, o povo da Terra Indígena consorciados inadequados, tamanhos e locais inadequados Pacaás Novas divide suas atividades relacionadas à produção das roças. Txapakura entre os homens e mulheres da comunidade. Português A avaliação da aptidão agrícola consiste na interpretação das qualidades do ecossistema por meio da estimativa das Mandioca Kaxikon koop paka` paka` ou kop Atividades relacionadas a limitações das terras para uso agrícola e das possibilidades de Macaxeira Iri koop produção e seus responsáveis. correção ou redução dessas limitações, de acordo com dife- Banana kayi xiri rentes níveis de manejo (SOUZA, 1993). Atividade Quem? Cará Xuxut Os níveis de manejo são divididos em três classes, de acordo Batata doce Tamatan Preparação da terra Homem/Mulher com o IBGE (2007): Ara yein wiri’ Arroz Plantio Mulher e homem a) Nível de manejo A (Primitivo) – baseado em práticas Cana de açúcar Arain mapak (família e mutirão) agrícolas que refletem um baixo nível técnico; Abacaxi Winakon non` Colheita Mulher e homem b) Nível de manejo B (Pouco desenvolvido) – caracteri- kayi tocwe’ zado pela adoção de práticas agrícolas que refletem um Amendoim Obs: O plantio e colheita da batata, milho nível tecnológico intermediário; Melancia Winaim kawira mole e cará é uma atribuição da mulher. c) Nível de manejo C (Desenvolvido) – baseado em práti- Jerimum Winain kawira ou Winain to cas agrícolas que refletem um alto nível tecnológico Milho mole Mapak maram É interessante observar como o povo da Terra Indígena Pacaás Mamão Memem makoyam Novas entende seu território. Para compreender essa dinâmi- Além dos níveis de aptidão agrícola, existem também os gru- Feijão Tokan maxiram ca, foi realizada uma atividade de elaboração de mapa men- pos e as classes. Os grupos identificam o tipo de utilização Milho duro Opakon tal, demonstrando o olhar da comunidade sobre os aspectos mais intensivo das terras, ou seja, sua melhor aptidão. Já as geográficos e físicos de seu território. Essa atividade foi rea- classes expressam a aptidão agrícola das terras para um de- lizada na aldeia Santo André e contou com a participação dos terminado tipo de utilização. São definidas quatro classes de pesquisadores indígenas e de membros da comunidade. aptidão: Boa, Regular, Restrita e Inapta (IBGE, 2007).

Diante dessa classificação dos níveis de manejo, a Terra Indígena Pacaás Novas se enquadra em 02 (dois) níveis, onde nível A para as roças afastadas das aldeias e nível B para as roças próximas as aldeias, principalmente próximos às mar- gens dos rios, pois nessas culturas a comunidade conta com auxílio técnico da FUNAI (Fundação Nacional do índio). O uso intensivo dessas técnicas não se adéqua ao contexto de uso do território, onde a produção é voltada para subsistência da comunidade e a produção excedente, destinada ao comér- cio na cidade de Guajará-Mirim/RO. Em relação às classes, a Terra Indígena Pacaás Novas enquadra-se em uma escala de regular a boa aptidão agrícola. Entretanto, para aumentar o nível produtivo das roças, são dadas algumas sugestões para o melhoramento da produção, combate de doenças e pragas. Sugestões gerais para melhoramento da produção Na aldeia Santo André, foram criadas as representações em forma de desenho dos tipos de cultura que a comunidade cultiva ou pretende cultivar. Foto: Edwilson Pordeus Campos/Kanindé Na produção orgânica, o enfoque das adubações está dire- cionado não só aos aspectos químicos do solo, mas também Representação das culturas cultivadas na TI Pacaás Novas, desenhadas pela comunidade Santo André. aos componentes físico-químicos e biológicos, bem como Desenhos feitos por: Roni Oro Nao, Rivaldo Oro Nao, Construindo o mapa mental dos recursos do meio físico da aos efeitos de longo prazo do manejo da matéria orgânica. Denilson Oro Nao, Cleber Oro Nao. TI Pacaás Novas. Foto: Edwilson Pordeus Campos/Kanindé Dessa forma, aspectos centrais do manejo da fertilidade são

28 29 Além destas, também fazemos algumas recomendações espe- cíficas para as doenças e pragas existentes na Terra Indígena. ÁREA DEGRADADA OU Existem diferentes defensivos agrícolas para o combate às pra- gas nos plantios, mas também existem consequências para o BAIXA RESILIÊNCIA ambiente ao usar esses produtos, principalmente para o solo e os rios. Dessa forma, são feitas aqui algumas recomendações de uso de materiais orgânicos ou de baixo impacto no ambi- AMBIENTAL ente, para diminuir ou acabar com as pragas, de acordo com Paulus, Muller e Barcellos (2000): Segundo Carpanezzi et al. (1990), um ecossistema degradado é aquele que após distúrbios, teve eliminados, com a vege- a) Sigatoka Amarela tação, os seus meios de regeneração biótica. Seu retorno ao estado anterior pode não ocorrer ou ser bastante lento. Nesse Foto: Letícia de Azevedo Passos/Kanindé Observação da roça para preenchimento da tabela morfológica (Mycosphaerella musicola) caso, a ação antrópica é necessária para a sua regeneração em Foto: Edwilson Pordeus Campos/Kanindé curto prazo. O controle natural se dá na redução do microclima favorável a a utilização de dejetos animais, a rotação de culturas (incluin- doença, onde é necessário drenar o excesso de água no solo e Foram identificadas áreas degradadas através de sensoriamen- do gramíneas e leguminosas) e o sistema de preparo de solo controlar as ervas daninhas. Também poderá ser feito o corte to remoto e visita “in locu”, as referidas áreas localizam-se (SOUZA, 2006). das partes atacadas nas folhas para reduzir a fonte de inoculo, nas aldeias Bom Futuro, Santo André, Capoeirinha e Sotério, posteriormente queimá-las. Sendo assim, as sugestões para o melhoramento da produção totalizando 1.687,93 hectares, bem como erosões acentuadas nas margens das aldeias Santo André e Tanajura. Para corrigir são: Outra forma de combate é com fungicida caseiro como a cal- os problemas encontrados, sugerimos elaboração de Plano da sulfocálcica. Para prepará-lo necessita-se de 5kg de enxofre de Recuperação de Área Degradada colaborativo ou Sistema 1. Compostagem: uma técnica simples que fitomassa” (PENTEADO, 2007). Conforme observado e 2,5 kg de cal virgem para 20 (vinte) litros de calda. nas roças, a indicação para a região para a adubação Agroflorestal, onde os métodos citados devem ser apresenta- visa à transformação de sobras de materiais vegetais dos e discutidos com a comunidade para escolha do método verde é o feijão de porco, tremoço branco e tremoço Modo de preparo: adicionar 10 (dez) litros de cal virgem em em compostos ricos em nutrientes, através da adição mais eficiente de acordo com o entendimento da comuni- azul. 10 litros de água, misturando constantemente. No início da de estercos de qualquer origem. Esses compostos dade, podendo optar por um dos métodos ou mesmos ambos. são utilizados para adubação das culturas. É indicada fervura misturar o enxofre previamente dissolvido em água 4. Consórcio de culturas: as plantas quente e colocar o restante da água, também pré-aquecida para aumentar os teores de matéria orgânica do solo, A recuperação dessas áreas propiciará aos indígenas um me- estão consorciadas entre as plantas na linha e na en- até ferver. Quando a calda passar da coloração vermelha para enriquecendo-os com componentes orgânicos que lhor aproveitamento dos solos, além da possibilidade dos trelinha. Esse sistema reduz o ataque de pragas. Por pardo-amarela, estará pronta. Após resfriar, deverá ser coa- existem na própria terra, por meio de recomendações indígenas multiplicarem essas técnicas entre outras aldeias exemplo, consorciar banana e uma leguminosa, além da em pano e guarda em recipiente por um período de no indicadas pelas “Instruções práticas para produção na região. Fato que pode melhorar em muito sua segurança de ser rica em nitrogênio pode ser incorporado ao máximo de 60 (sessenta) dias, caso a calda esteja muito densa, de composto orgânico em pequenas propriedades” alimentar e diminuir atividades de desmatamento, asseguran- solo e agir também na cobertura do solo. Na cultura diluir em água . Sua aplicação deverá ser nas áreas afetadas (Comunicado Técnico/05, 2008). do assim a conservação da biodiversidade das áreas protegi- da mandioca, recomenda-se a monocultura, pois seu num intervalo de 15 (quinze) entre as aplicações, até cessar a das da região. 2. Rotação de Culturas: uma técnica plantio absorve grandes quantidades de nutrientes. manifestação dos sintomas. agrícola que consiste em alternar, anualmente, es- pécies vegetais, numa mesma área agrícola. Em sua 5. Espaçamento para plantio: o b) Formiga cortadeiras “saúva” escolha devem ser consideradas, também, espécies adequado espaçamento no plantio da cultura de ba- (Atta spp) CONSIDERAÇÕES que possam gerar grande quantidade de biomassa nana, colabora para a incidência da luz solar, preve- nindo surgimento de fungos e outras doenças relativas e, preferencialmente, que fixem nitrogênio no solo, Para o combate deste inseto, sugerimos o uso do Timbó a locais úmidos. A média para o plantio de bananeiras FINAIS como as gramíneas e leguminosas, promovendo a (Derris spp), onde suas folhas deverão ser piladas e adiciona- são: com porte alto são 3 x 3 metros de espaçamen- reciclagem de nutrientes. Além de proporcionar a das 10g do produto diretamente dentro do olheiro principal A Terra Indígena Pacaás Novas é caracterizada por diferentes to, ressaltando que no máximo 03 (três) touceira de produção diversificada de alimentos e outros produ- do formigueiro. tipologias ambientais, que refletem uma grande riqueza em tos agrícolas, se adotada e conduzida de modo ade- banana esteja em uma mesma cova. Ainda na cultura termos de biodiversidade. O conhecimento tradicional cor- quado e por um período suficientemente longo, essa da banana, sugerimos que seja criada uma barreira c) Cochonilhas e cupins robora para a manutenção desses ecossistemas em suas terras, prática melhora as características físicas, químicas e natural ao redor das roças, com o plantio de espécies pois o valor da terra não significa apenas uma dimensão física, vegetais arbóreas e arbustivas para minimizar os mas antes de tudo é um espaço comum, ancestral, de todos biológicas do solo; auxiliando no controle de plantas No combate de cochonilhas e cupins, recomenda-se usar daninhas, doenças e pragas; repondo matéria orgâni- efeitos das grandes rajadas de ventos na região, que têm o registro da história, da experiência pessoal e coleti- Pimenta (Capsicum annuum), pois são repelentes de pulgões, va do seu povo, enfim, uma instância do trabalho concreto e ca, protegendo o solo da ação dos agentes climáticos ocasionando rachaduras nas folhas e até mesmo a cochonilhas e insetos em geral. das vivências do passado e do presente (ANJOS, 2006). e ajudando na viabilização do Sistema de Semeadura derrubada de parte do plantio. Direta e dos seus efeitos benéficos sobre a produção Modo de preparo: Coloque a pimenta numa vasilha, pilar até 6. Local para plantio: o solo adequado Nas atividades do Diagnóstico Etnoambiental Participativo agropecuária e sobre o ambiente como um todo. triturar. Cubra com água e deixe descansar 24 (vinte e qua- da Terra Indígena Pacaás Novas foram identificados alguns para as culturas encontradas na Terra indígena Pacaás tro) horas, mexa bem e coe em um pano e posteriormente aspectos desse conhecimento relativos ao meio físico, Novas são os que contêm matéria orgânica em grande 3. Adubação verde: o adubo verde é “a pulverizar no local afetado. através de entrevistas com os pesquisadores indígenas e com a planta cultivada, ou não, de preferência uma legu- quantidade ou terra preta como são chamados. Se- comunidade, através da revisão bibliográfica e das metodolo- minosa, em virtude da capacidade de fixação do ni- gundo conhecimento dos indígenas entrevistados, os gias participativas. trogênio, com a finalidade de elevar a fertilidade do melhores solos são onde existem palmeiras chamadas solo e produtividade das culturas, por meio de sua aricuri sm (tupi arikurí), pois os solos são constituídos Dessa forma, estratégias devem ser formuladas e executadas massa vegetal, produzida no local ou trazida de fora. de matéria orgânica. Ainda como sugestão, as culturas para garantir a disponibilidade e a qualidade desses recursos dentro do território. A discussão sobre a gestão territorial da Consiste no cultivo e no corte de plantas imaturas, devem ser plantadas com no mínimo de 03 (três) a Terra Indígena Pacaás Novas torna-se, então, fundamental no pleno florescimento, com ou sem incorporação da 04 (quatro) metros de distância da borda da floresta, evitando a competição entre as espécies vegetais. para a manutenção e o fortalecimento cultural e ambiental deste povo.

30 31 3. Levantamento em campo de dados CAPITULO 3 APRESENTAÇÃO primários: o levantamento de campo se deu inicial- mente com a abertura de picada, Instalação e marcação das Os subsídios gerados através deste diagnóstico etnoambiental unidades amostrais. Após isso, foi feita a coleta de dados den- participativo são instrumentos e produtos vitais para ajudar drométricos, que são todas as variáveis de estado que defi- as comunidades indígenas na tomada de decisões sobre o nem uma árvore, seus componentes e os produtos que dele próprio futuro e o uso dos recursos naturais e culturais para se originam. As variáveis de interesse coletadas em campo e obtenção de renda, conservação da biodiversidade e uso no anotadas nas fichas de campo foram: Nome regional/verná- cotidiano. Ajuda a estabelecer pontes com a sociedade envol- culo e indígena; Circunferência a altura do peito (CAP) em vente nas áreas de ciências, biodiversidade e gestão territorial, centímetro; Altura comercial e total em metro; Classe de NOSSA facilitando o diálogo com os vários segmentos da sociedade. qualidade de fuste (QF); Classe de altura ou posição sociológi- As terras indígenas são únicas pelo fato de combinarem fa- ca (PS); Forma de vida (FV); Estado físico (EF); Registro de flor tores de proteção da biodiversidade, com o uso tradicion- ou fruto presente no dia do inventário e que tipo de fauna faz al sustentável e a ligação cultural e espiritual com a floresta uso; Uso das espécies inventariadas pelos indígenas; Rastrea- (KANINDÉ, 2010). mento das Coordenadas geográficas do centro do conglome- FLORESTA rado; Descrição do tipo de fitofisionomia no local onde foram rastreadas as coordenadas. Depois foi feita a estimativa dos Parâmetros Dendrométricos Densidade, Área Basal e Volume. METODOLOGIA As fichas de campo do inventário florestal amostral foram to- 1 Para a caracterização das fitofisionomias/formações vegetais das digitadas no software Xendra específico para inventário existentes foi seguido critérios nacionais do Instituto Brasi- florestal. Após a fase de digitalização, foi realizados os cálculos leiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2012. Foram também estatísticos para obtenção das médias, desvio padrão, interva- observadas as nomenclaturas das fitofisionomias vegetais lo de confiança e as análises de variância entre as parcelas. adotadas no ZSEE/RO, 2000, que são oriundas da nomencla- tura do Sistema Fisionômico-Ecológico do IBGE e RAMBRA- 4. Identificação botânica das espécies: SIL para confrontação. Na montagem do mapa temático de para a identificação botânica, contamos com a contribuição vegetação foi utilizada como critério, a base de dados da SEDAM de um identificador botânico experiente e o registro fotográ- referente ao Zoneamento Sócio Econômico de Rondônia fico para todas as espécies encontradas, principalmente (ZSEE/RO). Datum SAD 69 - Escala:1: 60.000. para as espécies menos conhecidas, mais raras, endêmicas e desconhecidas pelo parabotânico. As fotografias foram feitas Quanto ao Inventário Florestal Amostral, este foi realizado em das partes das plantas encontradas e mensuradas como: tron- 05 etapas: co, ritidoma (casca), parte interna do ritidoma após corte com facão, presença e cor de exsudados, folhas, flor e frutos quan- 1. Planejamento: utilizando o mapa de vege- do possível, visando assim, auxiliar na identificação através da tação, visualizamos a área como um todo e a distribuição das comparação entre imagens de plantas já identificadas em vári- formações vegetais, para captar as variações nas estruturas das os herbários. Algumas plantas e arbustos com flor encontrados tipologias florestais e assim idealizar as ações em campo. ao acaso foram também fotografados avulso. A nomenclatura adotada para as famílias foi a do sistema de classificação de 2. Amostragem: foi utilizado o processo de amos- angiospermas, ou seja, Angiosperma Philogeny Group II (APG tragem mista em três estágios: O primeiro em forma de con- II 2003), adaptado por Souza & Lorenzi (2007) para a flora glomerado (unidades primárias) com distribuição aleatória brasileira. Os nomes populares das espécies levantadas foram conforme as vias de acesso possíveis e mapeadas; O segun- descritos conforme o conhecimento indígena e conforme o do estágio em forma de subparcelas amostrais (unidades conhecimento regional do parabotânico, que foi o mateiro secundárias) com as dimensões de 20 x 125 m dispostas de que auxiliou nos trabalhos de campo identificando e men- forma sistemática em 04 subparcelas formando uma cruz que surando as árvores. As imagens obtidas das plantas fotogra- representa o conglomerado; E o terceiro estágio onde foram fadas, cujos nomes indígenas e vernáculos foram registrados Foto: Acervo Kanindé lançadas parcelas amostrais (unidades terciárias) sistemáticas em campo, foram comparadas com as imagens das plantas com as dimensões de 10 x 10 m, sendo duas em cada uma contidas em outras fontes para maior precisão e certeza. das unidades secundárias, no início e fim, totalizando 08 uni- dades terciárias por conglomerado. Além dos dados primári- 5. Análises: para as análises, foram calculados os Índi- os de 04 conglomerados lançados na TIPN, foram somados a ces de Diversidade, Equitabilidade e de Riqueza de Espécies. A caracterização do meio físico: geologia, solos, Esse tipo de estudo surge para analisar os re- estes os dados primários de 150 conglomerados lançados em Além desses, foram levantados os dados de Fitossociologia 2004 na Reserva Extrativista Rio Pacaás Novos, vizinha a TIPN, que retrata o complexo: vegetação, solo e clima. relevo e clima é fundamental para o adequado cursos existentes dentro da terra indígena, com objetivando fazer o Plano de manejo da reserva extrativista planejamento e gestão do território, direcionan- o objetivo de fortalecer projetos voltados ao estadual Rio Pacaás Novos, com vistas à exploração de uso múltiplo, via Associação dos Seringueiros da Reserva Extrati- do o uso e ocupação, otimizando a ampliação e planejamento do uso sustentável e à proteção vista Rio Pacaás Novos (Primavera) e a empresa Apidiá Plane- adensamento de áreas já ocupadas (RODRIGUES dos recursos naturais, estabelecendo relação jamento Estudos e Projetos Ltda. segundo Rondônia, (2004). et al., 2005). entre o conhecimento científico e o tradicional.

1Programa de inventário e manejo florestal. Xendra Software Ltda. Versão 4.0 (2013.3.18.2). 32 33 Desenho do conglomerado Mapa das fitofisionomias vegetais da TIPN. 10m

50m 125m

NÍVEL 1: DAP > 15cm NÍVEL II: 5 < DAP <15cm 10m 20m

Fonte: SFB, 2009 adaptado pelo autor em 2016

RESULTADOS Para atingir estes objetivos foram mapeados e realizados estu- dos detalhados das formações florestais existentes e da fitosso- E DISCUSSÃO ciologia da floresta com levantamento da estrutura horizontal, diversidade de espécies, levantamento qualitativo e quanti- Na tabela a seguir é possível verificar a descrição das tipologias tativo das espécies existentes de valor econômico, cultural vegetais que incidem na TIPN com os respectivos quantitativos como aquelas raras, endêmicas, protegidas por lei e de corte em hectare, percentuais e o quantitativo de áreas desmatadas. proibido.

Os subsídios técnicos oriundos do inventário florestal, con- Inventário Florestal Amostral forme citado acima, aliado a outras informações das demais áreas temáticas, são importantes subsídios para auxiliar no O inventário florestal realizado na TIPN teve por objetivo zoneamento da área como um todo. diagnosticar a vegetação visando subsidiar o Etnozoneamento e Plano de Gestão desta área protegida. Os subsídios gerados, As informações prestadas são oriundas das espécies que inci- ao serem somados ao conhecimento tradicional disponível, diram nos 154 conglomerados lançados e nas 616 subpar- podem ser usados para estabelecer a intensidade de uso, celas amostrais com as dimensões de 20 x 125 totalizando definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão 154 hectares de áreas amostradas que foi extrapolado para a da terra indígena. área total de 279.906,3833 hectares.

Quantitativo e percentuais das formações vegetais incidentes na TIPN e percentual de área desmatada e corpos d’água.

Formação Vegetal Área (ha) (%)

Floresta Ombrófila Aberta Submontana (As) 17.3836,6782 62,10 Floresta Ombrófila Aberta Aluvial/Floresta de Áreas Inundáveis (Aa) 62.035,4057 22,16 Formação Pioneira sob influência Fluvial Arbustiva/ou Arbórea (P) 22.250,1265 07,95 Formação Pioneira sob influência Fluvial Herbácea e/ou Graminóide (Ph) 8.748,2025 03,13 Formação Pioneira sob influência Fluvial Arbustiva (Pb) 5.677,2661 02,03 Formação Pioneira sob influência Fluvial Arbórea (Pa) 4.776,9689 01,70 Contato Campinarana / Campina de Areia Branca (L) 1.353,8143 00,48 Formações não identificadas 1.178,2211 00,43 Áreas desmatadas (0,0)2 49,7000 00,02 Total 279.906,3833 100,00

2 Dados obtidos do Projeto PRODES/INPE. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/prodesdigital/prodesuc.php. Acessado em 10/05/2016. Fonte: PRODES/INPE, 2016 (Área total desmatada até 2014). Fonte: ECAM, 2016

34 35 ESTIMATIVA DA DENSIDADE, ÁREA BASAL E VOLUME DAS INVENTÁRIO FLORÍSTICO DAS ESPÉCIES LEVANTADAS E ESPÉCIES POR HECTARE. IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA

A tabela das próximas páginas mostra as espécies levantadas com a respectiva identificação botânica ao nível de família, gênero Os resultados do inventário florestal apresentado na tabela a Resultado da estimativa da densidade absoluta, área basal e a maioria das espécies. seguir foram estimados por hectare. Dentre as 450 espécies e volume por hectare das 20 espécies que apresentaram vegetais levantadas foram adotadas como critério apresentar os maiores volumes. apenas as 20 espécies que apresentaram os maiores volumes por hectare como forma de não sobrecarregar em demasia Espécie Densidade Área Basal Volume este diagnóstico. No apêndice segue as informações comple- (N/ha) (m²/ha) (m³/ha) tas de todas as espécies. Tachi 12,93 1,054 10,3161 Aparecem na tabela ao lado as 20 espécies do inventário Breu 24,44 1,574 10,2285 florestal que apresentaram os maiores volume por hectare, Pama/cega corrente 18,3 0,999 8,2677 totalizando, respectivamente, a densidade ou abundância de Castanheira 0,44 0,353 4,9708 86,28 indiv./ha, área basal ou dominância de 7,36 m²/ha e Cedro mara 0,45 0,257 3,3320 volume de 69,0220 m³/ha. Muiracatiara 1,41 0,239 3,2583 Tauari vermelho 0,99 0,256 3,1889 Segue no gráfico da próxima página3 a densidade absoluta ou abundância por hectare das 20 espécies arbóreas que apre- Garapeira 0,47 0,241 2,7272 sentaram a maior relação entre o número total de indivíduos Abiu 3,27 0,284 2,6479 por unidade de área. Este resultado representa os indivíduos Tauari 1,06 0,218 2,5528 que integraram cada uma das 20 espécies, cujo somatório foi Caucho-amarelo/c.-banha 1,99 0,276 2,4448 de 86,28 indiv./ha. Matamatá 3,55 0,249 2,1531 Guariuba 1,90 0,202 1,9266 Na calibragem estatística para processar os dados de campo, considerou uma probabilidade de confiança de 95% e limite Catuaba 1,05 0,177 1,8654 de erro de no máximo de 10%, portanto os resultados da Inga 4,61 0,233 1,7023 análise estatística apresentou um erro de apenas 4,6341E%, Tauari branco 0,60 0,124 1,6399 abaixo dos 10% previstos. A média da população por subuni- Amescla 5,36 0,226 1,6254 dade encontrada foi de 144,2352 m³/ha, o que está dentro Angelim 0,89 0,141 1,4723 do intervalo de confiança estatístico encontrado. Sumaúma 0,27 0,107 1,3761 A intensidade amostral requerida estatisticamente foi de Ucuuba 2,30 0,143 1,3259 n= 34 conglomerados, mas na prática, o número de con- Total da Estimativa 86,28 7,353 69,0220 glomerados utilizados na base de cálculos foi de 154, muito Fonte: Maretto, dados de campo, obtidos em abril de 2016 gerados além do necessário, o que torna os resultados consistentes e pelo programa Xendra. confiáveis, atendendo sobremaneira os parâmetros de limite de confiança e erro estatístico previsto.

Fonte: Maretto, dados de campo, obtidos em abril de 2016 gerados pelo programa Xendra 3Este gráfico foi gerado pelo processamento de 616 subparcelas com área de 0,25 hectare que compuseram os 154 conglomerados. 36 37 0 Nome Vulgar Nome Científico Família N Nome Vulgar Nome Científico Família N0

Abiu/Goiabão Pouteria pachycarpa Pires Sapotaceae 503,00 Bajinha/Fava-branca Stryphnodendron guianensis Fabaceae 2,00 Abiu-abacate Pouteria sp. Sapotaceae 87,00 Balatarana/abiu vermelho Pouteria trilocularis Cronq. Sapotaceae 6,00 Abiu-branco/A.-ucuubarana Pouteria oppositifolia (Ducke) Baehni Sapotaceae 4,00 Bandarra Schizolobium parahyba Fabaceae 44,00 Abiu-ferro Pouteria sp. Sapotaceae 1,00 Bandarra branca Schizolobium sp. Fabaceae 1,00 Abiu-seco Pouteria lasiocarpa ( Mart ) Radlk Sapotaceae 22,00 Barba de lontra N.I. Nyctaginaceae 7,00 Abiurana/Abiurana-abiu Pouteria guianensis Aubl Sapotaceae 171,00 Bolão Pouteria pachycarpa Pires Sapotaceae 61,00 Abiurana-leite-amarela Pouteria heterosepala Pires Sapotaceae 1,00 Bordão de velho Pithecellobium cf. saman Fabaceae 1,00 Abiurana-branca/pajura Pouteria macrophylla (A.DC.)Ey Sapotaceae 12,00 Branquilho Sebastiana klotzchiana Euphorbiaceae 17,00 Abiurana-rosa Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre Sapotaceae 1,00 Breu Protium sp. Burseraceae 3763,00 Abiurana-vermelha Chrysophyllum prieurii Sapotaceae 1,00 Breu de campina Protium sagotianum Marchand Burseraceae 1,00 Abuta branca Neea sp. Nyctaginaceae 1,00 Breu manga Protium tenuifolium Burseraceae 152,00 Acapurana-da-terra-firme/tento Batesia floribunda Spr. & Benth Fabaceae 13,00 Breu-branco Protium hebetatum D.Daly Burseraceae 40,00 Acariquara/A.-preta Minquartia guianensis Aubl. Fabaceae 24,00 Breu-de-leite Protium fimbriatum Swart. Burceraceae 1,00 Aguano-branco/Lacre-branco Vismia cayennensis (Jacq.) Pers. Hypericaceae 1,00 Breu-jitó Protium sp. Burseraceae 2,00 Amapa Brosimum parinarioides Ducke Moraceae 92,00 Breu-maxixe Trichilia sp. Meliaceae 3,00 Amapa doce Clarisia biflora R. & P. Moraceae 211,00 Breu-mescla Protium paraense Cuatrec. Burseraceae 9,00 Amarelinho/Banha de galinha Vochysia tucanorum Mart. Vochysiaceae 8,00 Breu-pitomba/Breu-sucuruba Trattinnickia burserifolia Mart. Burseraceae 3,00 Amarelão Aspidosperma polyneuron M. Arg. Apocynaceae 7,00 Breu-rosa/Breu-laranja Protium carnosum A. C. Smith Burseraceae 1,00 Amendoeira/Caripe roxo Licania apetala(E.Mey)Fritsch Chrysobalanacea 3,00 Breu-vermelho Protium apiculatum Swartz Burseraceae 31,00 Amescla Protium heptaphyllum (Aubl.) March. Burseraceae 825,00 Breu-vermelho-folha-pequena Chaetocarpus echinocarpus (Baill) Ducke Euphorbiaceae 1,00 Anani Symphonia globulifera L. Guttiferae 13,00 Burra leiteira Sapium lanceolatum Hub. Euphorbiaceae 32,00 Andiroba Carapa guianensis Meliaceae 1,00 Buxixu Mariania urceolifera Triana Melastomataceae 16,00 Andirobinha Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae 16,00 Buxixu vermelho Miconia poeppigii Triana Melastomataceae 1,00 Angelim Hymenolobium sp. Fabaceae 137,00 Cabelo de cutia/Macucu cas. fina Licania egleri Prance Chrysobalanacea 22,00 Angelim amargoso Vatairea sericea Ducke Fabaceae 210,00 Cabreuva Myrocarpus frondosus Allemao Fabaceae 27,00 Angelim doce Andira fraxinifolia Benth. Fabaceae 7,00 Cacau-da-mata Theobroma cacao L. Sterculiaceae 7,00 Angelim fava Hymenolobium CF. flavum Kleinh Fabaceae 9,00 Cacauarana Theobroma speciosum Willd. ex Sterculiaceae 28,00 Angelim manteiga Hymenolobium sp. Fabaceae 15,00 Cajarana Phyllanthus juglandifolius Wil Euphorbiaceae 1,00 Angelim rajado Marmaroxylon racemosum (Ducke) Fabaceae 36,00 Caju-açu Anarcadium giganteum Benth. ex Engl. Anacardiaceae 34,00 Angelim saia Parkia pendula Benth Fabaceae 9,00 Cajui Anarcadium spruceanum Benth. Anacardiaceae 38,00 Angelim-pedra Hymenolobium petraeum Ducke Fabaceae 51,00 Cajurana Simaba guianensis (Aubl.) Engl. Simaroubaceae 4,00 Angelim-vermelho Hemenolobium sp. Fabaceae 21,00 Cajá Spondias mombin L. Anacardiaceae 1,00 Angico-branco Piptadenia peregrina. Fabaceae 1,00 Cambará Roucheria schmburgkii Planch Linaceae 28,00 Apijo Laetia procera (Poepp. & Endl.) Eichl. Flacourtiaceae 45,00 Cambará-rosa Qualea paraensis Ducke Vochysiaceae 7,00 Apui Ficus sp. Moraceae 32,00 Canela Ocotea sp. Lauraceae 121,00 Araca puchiu Zigia cauliflora(willd)Killip. Fabaceae 1,00 Canela bosta Ocotea crymbosa (Meissn.) Mez. Lauraceae 2,00 Arapari Macrolobium acaciafolium (Benth) Benth. Fabaceae 3,00 Canela de velho Rinoreacarpus ulei (Melchior)Du Violaceae 39,00 Arara cacau/Urucurana Sloanea sp. Elaeocarpaceae 2,00 Canela preta Nectandra globosa (Aubl.) Mez Lauraceae 34,00 Araticum do mato Annona sp. Annonaceae 1,00 Canelão Ocotea sp. Lauraceae 5,00 Arura Iryanthera juruensis Warb. Myristicaceae 19,00 Capitão do campo/Folha de Lixa Physocalymma scaberrimum Pohl. Lythraceae 2,00 Algodoeiro bravo Heliocarpus americanus Tiliaceae 3,00 Capurana Cupamia scrobiculata L.C.Rich. Sapindaceae 23,00 Angico Tapirina CF. myriantha Pl. & Tr. Anacardiaceae 138,00 Carapanauba Aspidosperma carapanauba Pichon Apocynaceae 45,00 Araticum Anaxagorea montana Annonaceae 3,00 Caripe/caripe-roxo Licania apobla Chrysobalanacea 16,00 Araça puchiu Trichilia cipo ( A. Juss.) C. DC. Meliaceae 18,00 Cariperana Licania micrantha Miq. Chrysobalanacea 2,00 Ata/Falsa chicharana Molia lepidota Spruce ex Benth Tiliaceae 8,00 Caripé Licania sp. Chrysobalanacea 2,00 Açoita cavalo Luehea speciosa Tiliaceae 133,00 Caroba/c. Branca/C. Amarela Jacaranda copaia(Aubl)D.Don Bignoniaceae 66,00 Bacuri Platonia insignis Guttiferae 35,00 Carobinha vermelha Dictyloma incanescens DC. Rutaceae 1,00 Bacuri de anta Symphonia globulifera L. F. Guttiferae 41,00 Carrapatinho Swartzia ingifolia Ducke Fabaceae 53,00 Bacuri pari Rheedia macrophylla (Mart) Pl. et Tr. Guttiferae 10,00 Carvãozinho Pouteria caimito(R.et P.)Radlk Sapotaceae 3,00 Bafo-de-boi Parinari excelsa Sabine Chrysobalanacea 115,00 Casca-seca Pradosia cochlearia subsp. praealta (Ducke) Sapotaceae 1,00

38 39 Nome Vulgar Nome Científico Família N0 Nome Vulgar Nome Científico Família N0

Castanha-de-porco Glycidendron amazonicum Euphorbiaceae 5,00 Envira cascuda/Envira crespa Annona montana Macf. Annonaceae 2,00 Castanheira Bertholletia excelsa Humb. & B 68,00 Envira fofa Guatteria discolor Annonaceae 3,00 Catuaba Qualea dinisii Ducke Vochysiaceae 161,00 Envira iodo Ampelocera edentula Kuhlm Ulmaceae 6,00 Catuaba amarela Vochysia surinamensis Stafleu Vochysiaceae 2,00 Envira preta folha grande Ephedranthus sp. Annonaceae 46,00 Catuaba femea Macrolobium limbatum Spr.ex Bth Fabaceae 4,00 Envira quiabo Sterculia speciosa Sterculiaceae 4,00 Catuaba roxa Qualea sp. Vochysiaceae 5,00 Envira sangue Xylopia sp. Annonaceae 99,00 Caucho-amarelo/Caucho-banha Castilloa ulei Warb. Moraceae 306,00 Envira vassourinha Xylopia CF. longifolia(sagot)R Annonaceae 3,00 Caxeta/C.-amarela/C.-branca Simarouba amara Aubl. Bignoniaceae 69,00 Envira-ata/E.-araticum Xylopia benthami R. & Fries Annonaceae 1,00 Cedrilho Erisma uncinatum Warm. Vochysiaceae 63,00 Envira-piraquina/E.-ferro Annona tenoipes R.E. Freis Annonaceae 11,00 Cedro Cedrela odorata L. Meliaceae 8,00 Envira/ imbireira/E. anta Xylopia sp Annonaceae 430,00 Cedro mara Cedrelinga catanaeformis Ducke Fabaceae 70,00 Enviratanha-branca Annona ambotay Aubl. Annonaceae 2,00 Cedro rosa Cedrela odorata L. Meliaceae 36,00 Enviratanha-rosa/E. vermelha Xylopia amazonica Annonaceae 3,00 Cedrorana/quaruba Vochysia grandis Mart. Vochysiaceae 27,00 Escorrega macaco/Mulateiro Capirona decorticans Spruce Rubiaceae 101,00 Cerejeira Torresea acreana Ducke Fabaceae 36,00 Espeteiro Casearia sylvestris Sw. Flacourtiaceae 93,00 Chique Micropholis guianensis (A.DC)P Sapotaceae 56,00 Espinheiro Enterolobium maximum Fabaceae 132,00 Chique folha miúda Micropholis sp. Sapotaceae 1,00 Embauba/E. de Anel Cecropia concolor Willd Cecropiaceae 152,00 Cinzeiro Neea sp. Nyctaginaceae 49,00 Farinha seca Matisia ochrocalyx K. Schum Bombacaceae 53,00 Copaiba Copaífera sp. Fabaceae 57,00 Fava Vataireopsis speciosa Ducke Fabaceae 177,00 Copaiba angelim Copaifera reticulata Ducke Fabaceae 45,00 Fava amarela Vataireopsis speciosa Ducke Fabaceae 1,00 Copaiba jacaré Copaifera glycycarpa Fabaceae 1,00 Fava arara Parkia nitida Miq. Fabaceae 12,00 Copaiba marimari Copaifera multijuga Hayn. Fabaceae 7,00 Fava branca Abarema jupumba(Willd)Benth&Ki Fabaceae 8,00 Coracao-de-negro Cassia scleroxylon Ducke Fabaceae 12,00 Fava jerem-jerem N.I N. I. 21,00 Cortiça Xylopia brasiliensis Spreng. Annonaceae 45,00 Fava-amargosa Vataireopsis speciosa Ducke Fabaceae 198,00 Cramurim Franchetella cearensis Bachni Sapotaceae 16,00 Favaveira-tamboril Enterolobium maximum Ducke Fabaceae 2,00 Creole/arara-tucupi/aparari Parkia nitida Miq. Fabaceae 9,00 Faveira branca Albizia pedicelari Fabaceae 31,00 Cuiarana flh grande Buchenavia congesta Ducke Combretaceae 1,00 Faveira ferro Dipteryx alata Vog. Fabaceae 1,00 Cuiarana/ipê do cerrado Dialypetalanthus fuscenscens K Dialypetalantha 4,00 Faveirinha/Favinha-amarela Hymenolobium flavum Ducke Fabaceae 10,00 Cumaru Dipteryx odorata(Aubl.)Will Fabaceae 5,00 Feijão cru Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. Fabaceae 9,00 Cumaru ferro Dipteryx ferrea Ducke Fabaceae 14,00 Fel de paca Metrodorea flavida Krause Rutaceae 53,00 Cumarurana Diplotropis purpurea(L.C.Rich. Fabaceae 7,00 Figueira Ficus insipida Willd Moraceae 62,00 Cumatê Myrcia atramentifera Barb. Rodr. Myrtaceae 35,00 Figueirinha Margaritaria nobilis L. f. Euphorbiaceae 55,00 Cupiuba Goupia glabra Aubl. Celastraceae 117,00 Flor de são joão Pyrostegia venusta (Ker. Gawl) Miers Bignoniaceae 1,00 Cupui Theobroma obovatum Kltz ex Ber Sterculiaceae 139,00 Freijo Cordia pentandra Aubl. Boraginaceae 123,00 Curindiba/grandiuva Trema micrantha (L.) Blume Cannabaceae 3,00 Freijó-branco Cordia bicolor Boraginaceae 8,00 Capurana vermelha Salacia CF. elliptica ( Mart) G. Don. Hippocrateacea 1,00 Fruta-de-jacamim Margaritaria sp. Euphorbiaceae 5,00 Caqui Swartzia arborescens (Aubl) Pitter Fabaceae 2,00 Favinha/Bajinha Stryphonodendron pulcherrimum (Willd) Fabaceae 36,00 Casca de Açai Bamara guianensis Aubl. Flacourtyaceae 18,00 Garapeira Apuleia leiocarpa (vog.) Macbr.v Fabaceae 73,00 Cedrinho Erisma floribunda Rudge Vochysiaceae 89,00 Garrote Bagassa guianensis Aubl. Moraceae 40,00 Embauba branca Cecropia palmata Willd Cecropiaceae 19,00 Gibatão Astronium graveolens Jacq. Anacardiaceae 1,00 Embauba coracao/E. folha redondaPourouma mollis Tricul Subsp. Cecropiaceae 1,00 Gogo-de-guariba Moutabea chodatiana Huber Polygonaceae 2,00 Embauba uva Cecropia hololeuca Miq. Cecropiaceae 69,00 Goiabinha Securinega guaraiuva Kuhlm. Euphorbiaceae 4,00 Embauba-lixa Cecropia sp. Cecropiaceae 1,00 Gonçalo-alves Astronium fraxinifolium Anacardiaceae 4,00 Embaubao/e.gigante/E. Ferro Cecropia sciadophylla Mart. Cecropiaceae 128,00 Guanandi Calophyllum brasiliense Cambess. Guttiferae 2,00 Embaubarana Pourouma minor Bondist. Cecropiaceae 234,00 Guapeva Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk. Sapotaceae 13,00 Embirema Couratari oblongifolia Ducke & R.Knuth Lecythidaceae 45,00 Guarantã/Carapanauba Aspidosperma carapanauba pinchon Rutaceae 56,00 Encimeira Apeiba glabra Tiliaceae 1,00 Guariuba Clarisia recemosa R & P Moraceae 293,00 Envira banbona N.I Sapotaceae 1,00 Guariuba amarela Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Moraceae 15,00 Envira branca Rollinia exsucca(DC. ex Dunal) Annonaceae 11,00 Guariuba branca Clarisia racemosa Ruiz & Pav. Moraceae 1,00 Envira caju Guatteria insculpta R.& Fries Annonaceae 14,00 Guariuba vermelha Clarisia racemosa R. et P. Moraceae 12,00 Envira canauaru N.I. N. I. 8,00 Gogó amarelo Casearia combaymensis Telasne Flacourtiiaceae 2,00

40 41 Nome Vulgar Nome Científico Família N0 Nome Vulgar Nome Científico Família N0

Goiaba Araça Psidium acutangulum DC. Myrtaceae 2,00 Leiteira Pouteria ramiflora (Mart.) Radik Sapotaceae 10,00 Goiaba branca Trichilla CF. pallida Sw. Meliaceae 1,00 Louro / louro preto Ocotea sp. Lauraceae 96,00 Goiaba de Anta Bellucia dichotoma Cogn. Melastomataceae 1,00 Louro abacate Ocotea tomentella Sandw. Lauraceae 3,00 Imbiruçu Pseudobombax grandiflorum Bombacaceae 5,00 Louro amarelo Licaria canella (Meissn) Kost. Lauraceae 3,00 Inaja Attalea maripa (Aubl.) Mart. Arecaceae 24,00 Louro bosta Aniba panurensis (Meisn.) Mez Lauraceae 1,00 Inga Inga gracilifolia Ducke Fabaceae 710,00 Louro canela Aniba canelilla (H. B. L.) MEZ Lauraceae 71,00 Inga xixica Inga thibaudina DC. Fabaceae 29,00 Louro rosa Ocotea guianensis Aubl. Lauraceae 1,00 Ingarana Inga sp. Fabaceae 6,00 Leiteiro branco Cordia alliodora (Ruiz & Pav Boraginaceae 17,00 Ingá branco Inga cinnamomea Spruce ex Benth. Fabaceae 2,00 Louro-falso Malouetia lata Mgt. Apocynaceae 18,00 Ingá-vermelho Inga fagifolia (L) Willd Fabaceae 5,00 Libra Vochysia sp. Vochysiaceae 73,00 Inharé-branco/I.-mole Brosimum guianense Moraceae 6,00 Macucu Licania membranacea Sagot ex L Chrysobalanacea 302,00 Ipe amarelo* Tabebuia sp. Bignoniaceae 2,00 Macucu vermelho Licania canescens R. Bem. Chrysobalanacea 6,00 Ipe laranjinha Casearia pitumba Sleumer Flacourtiaceae 196,00 Macucu-branco Licania lata Macbr. Chrysobalanacea 8,00 Ipe roxo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.O. Bignoniaceae 1,00 Macucu-roxo Ouratea sp. Ochnaceae 7,00 Ipê-amarelo Handroanthus incanus (A.H. Gentry) S.O. Bignoniaceae 222,00 Macucú-casca-seca/M. Pombo Licania polita Chrysobalanacea 5,00 Itauba Mezilaurus itauba (Meissn)Taub. Lauraceae 108,00 Mameluco Eugenia flavescens DC Myrtaceae 54,00 Itauba abacate Mezilaurus itauba (Meissn) Taub. Lauraceae 32,00 Mamica de porca Zanthoxylum sp. Rutaceae 33,00 Itauba-amarela Mezilaurus synandra (Mez) Kosterm Lauraceae 8,00 Manga de anta Diclinanona sp Annonaceae 18,00 Itaubarana Acosmium nitens Fabaceae 7,00 Mangaba Hancornia speciosa Gomes Apocynaceae 16,00 Inga de Macaco Macrolobium sp Fabaceae 8,00 Mangue Clusia columnaris Engl. Clusiaceae 97,00 Ingá xixi/Ingá xixica Inga alba (SW) Willd Fabaceae 8,00 Maparajuba Manilkara bidentata Sapotaceae 2,00 Jacareuba Calophyllum brasiliensis Camb. Guttiferae 1,00 Maparajuba-branca Micropholis guyanensis Mart. Sapotaceae 1,00 Jacarezinho Piptadenia gonoacantha Fabaceae 2,00 Maparajuba/M.-vermelha Manilkara amazonica (Huber) St Sapotaceae 35,00 Jacubeira N.I Lecythidaceae 6,00 Maparajuba/maparajubinha Urbanella excelsa (A. C. Smith) Aubr Sapotaceae 4,00 Jambo-da-mata Isertia hypoleuca Rubiaceae 9,00 Maria preta Acapypha cuneta Poepp. Euphorbiaceae 17,00 Janaguba Himatanthus drasticus (Mart.) Plumel Apocynaceae 2,00 Marinheiro Guarea guidonia (L.) Sleumer Meliaceae 21,00 Jaracatia Jaracatia spinosa(Aubl.)DC. Caricaceae 59,00 Marinheiro branco/jito branco Trichilia septentrionalis C.DC Meliaceae 17,00 Jarana Holopyxidium sp. Lecythidaceae 1,00 Marirana Abarema sp. Fabaceae 3,00 Jaraninha Holopyxidium latifolium (A.C. Smith.) Lecythidaceae 1,00 Marmeleiro-branco/M.-amarelo Aparisthmium sp. Euphorbiaceae 1,00 Jatoba Hymenaea courbaril L. Fabaceae 39,00 Marmeleiro-roxo Aparisthmium cordatum (Juss.) Baill. Euphorbiaceae 2,00 Jatoba mirim Hymenaea parvifolia Huber Fabaceae 1,00 Marupa/Caxeta-branca Simaruba amara Aubl. Simaroubaceae 1,00 Jenipaparana Gustavia hexasperma Lecythidaceae 80,00 Matamata-amarelo atropetiolata Mori Lecythidaceae 1,00 Jenipapo Jenipapo americana Rubiaceae 36,00 Matamata-branco Eschweilera albiflora (A.DC.) Miers Lecythidaceae 23,00 Jequetiba Cariniana sp. Lecythidaceae 6,00 Matamata-vermelho Eschweilera carinata S.A. Mori Lecythidaceae 2,00 Jequitiba-rosa/J.-vermelho Allontoma lineata (Mart. Ex O. Beng) Lecythidaceae 3,00 Matamatá Eschweilera coriacea (DC) S.A. Mori Lecythidaceae 547,00 Jequitibá-branco/envireira Couratari guianensis Aubl. Lecythidaceae 1,00 Maçaranduba Manilkara huberi (Ducke) Stand Sapotaceae 63,00 Jinita N.I N. I. 1,00 Milho torrado Licania kunthiana Hook.f. Chrysobalanacea 21,00 Jitó Guarea triclilóides Meliaceae 264,00 Mirauba*/Araça folha fina Mouriri nervosa Pilger Melastomataceae 14,00 Jitó-branco/Marinheiro-branco Trichilia septentrionalis C. DC Meliaceae 1,00 Mirindiba Terminalia amazonia (J.gmeliw) Exel Combretaceae 49,00 Joao-mole Neea floribunda Poepp. & Endl. Nyctaginaceae 119,00 Mirindiba-amarela/Tanimbuca Buchenavia grandis Combretaceae 40,00 João-duro/Feijão-crú Pterogyne sp. Fabaceae 46,00 Miudinho N.I Rutaceae 2,00 Jutai café Hymenaea sp. Fabaceae 113,00 Mogno Switenia macrophyla Meliaceae 3,00 Jutaí Hymenaea oblongifolia Hub. Fabaceae 5,00 Monjoleiro Acacia polyphylla D.C. Fabaceae 18,00 Jutaí mirim Hymenaea parviflora Fabaceae 7,00 Moreni N.I N. I. 1,00 Juá/ feijão crú Lindackeria paraensis Flacourtiaceae 109,00 Mororó/M.-branco Bauhinia sp. Fabaceae 10,00 Lacre Vismia brasiliensis Choisy Hypericaceae 10,00 Morototo Scheflera morototoni (Aubl.)De Araliaceae 32,00 Lacre de serra Vochysia sp. Vochysiaceae 1,00 Muiracatiara Astronium lecointei Ducke Anacardiaceae 217,00 Lacre-vermelho/Llacre roxo Vismia guianensis Clusiaceae 1,00 Muiracatiara-branca Astronium SP. Anacardiaceae 2,00 Landil Calophyllum brasiliense Camb. Guttiferae 24,00 Muirajibóia-vermelha/M. preta Swartzia apetala Radali Fabaceae 1,00 Laranjinha Cassipourea CF. ulei Briq. Rhizophoraceae 44,00 Muirapiranga Brosimum rubescens Taub. Moraceae 58,00

42 43 Nome Vulgar Nome Científico Família N0 Nome Vulgar Nome Científico Família N0

Muirapiranga-amarela Ormosia sp. Fabaceae 1,00 Pau pereira Aspidosperma discolor A. DC. Apocynaceae 20,00 Mulungu Eritryna ullei Fabaceae 103,00 Pau-marfim Balfourodendron riedelianum Rutaceae 164,00 Mulungu-preto/tento-preto Ormosia flava Ducke Fabaceae 3,00 Pau-sangue/P.-sangue-casca-grossa Platycyamus ulei Harms. Fabaceae 75,00 Munguba Bombacopsis Aff. macrocalyx (Ducke) A. RobynsBombacaceae 8,00 Pente de macaco Apeiba albiflora Tiliaceae 194,00 Munguba vermelha Eriotheca globosa (Aubl.) A. R Bombacaceae 3,00 Peroba Aspidosperma sp. Apocynaceae 4,00 Munguba-branca Pachira insignis Sav. Bombacaceae 4,00 Peroba mica* Aspidosprema tomentosum Mart. Apocynaceae 4,00 Murici Byrsonima aerugo Sagot Malpighiaceae 66,00 Peroba-amarela Aspidosperma ramifolium Muller Argovien Apocynaceae 1,00 Murtinha Myrcia sp. Myrtaceae 2,00 Perobinha Aspidosperma sunbincanum Mart. Apocynaceae 6,00 Murure/murure-branco Brosimum lactescens (Moor.)C.C Moraceae 99,00 Pinha/ata Annona squamosa Annonaceae 1,00 Mutamba Columbrina acreana Rhamnaeae 23,00 Pinho cuiabano Schizolobium amazonicum Hub. E Fabaceae 30,00 Mutamba-da-mata-vermelha Guazuma ulmifoli Malvaceae 1,00 Pintadinho Poeppigia procera Fabaceae 57,00 Mutamba-da-mata/Açoita cavalo Luhea sp. Tiliaceae 6,00 Pipo de macaco Heisteria barbata Cuatrec. Olacaceae 32,00 Mututi Pterocarpus santatinoides L. H Fabaceae 66,00 Piqui bravo Caryocar sp. Caryocaraceae 1,00 Mandioqueiro Dydmopanax morototoni (Aubl) Dcne. et PlanchAraliaceae 1,00 Piqui preto Caryocar brasiliense Camb. Caryocaraceae 4,00 Maravovô/ vela branca Croton cuneatus KL. Euphorbiaceae 23,00 Piquiarana Caryocar glabrum (Aubl.) Pers. Caryocaraceae 29,00 Marmelada Erytroxylum sp Erythroxylacace 3,00 Piquiá Caryocar villosum ( Aulb.) Pers. Caryocaraceae 20,00 Muiratinga Naucleopsis amara Ducke Moraceae 201,00 Pitaíca Swartzia platygyne Ducke Fabaceae 34,00 Mulateiro Calycophyllum spruceanum Benth Rubiaceae 6,00 Pitomba/P.-amarela Toulicia guianensis Aubl. Sapindaceae 137,00 Não identificada N.I N. I. 424,00 Pombeiro Tapirira guianensis Anacardiaceae 17,00 Olho de boi/Grão-de-galo/Pitomba Talisia esculenta (A.St.-Hil.) Radlk. Sapindaceae 2,00 Pororoca Dialium guianense (Aubl.) Sandw. Fabaceae 234,00 Orelha de macaco Entorolobim Schomborgghii Bosth Fabaceae 36,00 Pororoca-branca Dialium sp. Fabaceae 1,00 Pachiubão Iriartella setigera var. pruriens (Spruce) Arecaceae 1,00 Preciosa Aniba canelilla (H.B.L.) Mez Lauraceae 12,00 Paineira Chorisia sp Bombacaceae 2,00 Pupunharana Matisia CF. ochrocalyx R. Schu Bombacaceae 13,00 Paineira branca Chorisia speciosa St. Hil Bombacaceae 3,00 Puruí branco Pagamea guianensis Aubl. Rubiaceae 4,00 Paineira vermelha Chorizia sp. Bombacaceae 19,00 Pau de Fogo Tovomita speciosa Ducke Guttiferae 1,00 Pajurana-branca/Pajurá-branco Couepia paraensis Chrysobalanacea 1,00 Periquiteira Trema sp Ulmaceae 3,00 Pajurana-vermelha Licania sp. Chrysobalanacea 3,00 Pindaiba/ Envira preta folha fina Guatteria CF. rigida R.E. Fries Annonaceae 353,00 Pajurá-rosa Couepia robusta Chrysobalanacea 1,00 Pitanga da Varzea Chrysochlamys weberbaueri Engl Guttiferae 78,00 Pama caucho/Mururé vermelho Batocarpus amazonicus (Ducke) Moraceae 1,00 Pé de jaboti Brosimum acutifolium Hub. ssp. Moraceae 1,00 Pama falsa Ampelocera ruizii Klotzsch Ulmaceae 4,00 Quariquarana Rinorea guianensis Aubl. Violaceae 1,00 Pama fl miúda Brosimum guianensis (Aubl.) Hu Moraceae 1,00 Quaruba-branca Vochisia guianensis Vochysiaceae 19,00 Pama vermelha Pseudolmedia laevis Moraceae 2,00 Quina-quina Geissospermum vellozii Al.. Apocynaceae 60,00 Pama-amarela Pseudolmedia murure Standl Moraceae 33,00 Rabo de arara Warszewiczia coccinea Klotzsch Rubiaceae 7,00 Pama-branca Pseudolmedia multinervis Moraceae 48,00 Rim-de-paca Crudia glabra Fabaceae 2,00 Pama-preta/P. fl peluda Pseudolmedia laevis (R.& P.) M Moraceae 1,00 Ripeira Eschweilera collina Eyma Lecythidaceae 31,00 Pama-pé-de-cachorro/mão-de-onça Perebea sp. Moraceae 11,00 Rosadinho/Pau sabão Meliosma herbetii Rolfe Sabiaceae 35,00 Pama/cega corrente Pseudomedia laevigata Moraceae 2818,00 Roxinho Peltogyne lecointei Ducke Fabaceae 50,00 Papa-terra/araça-de-anta Bellucia grossularioides (L.) Triana Melastomataceae 15,00 Sanguinho Buchenavia sp. Combretaceae 177,00 Para tudo Drimys winteri Forst. Winteraceae 17,00 Sapateiro Tovomita macrophylla (L.) Wms. Clusiaceae 20,00 Para-para Jacaranda copaia ( Aulb.) D. Don Bignoniaceae 1,00 Sapota/axixá Sterculia duckeana Malvaceae 2,00 Paraju Manilkara bella Sapotaceae 80,00 Sarnambi-de-índio Nealchornea yapurensis Hub. Euphorbiaceae 3,00 Paricarana Hydrochorea corymbosa Fabaceae 3,00 Seringarana Sapium marmieri Huber Euphorbiaceae 34,00 Pariri Pouteria hispida Eyma Sapotaceae 4,00 Seringueira Hevea brasiliensis (Wild) ex A. Euphorbiaceae 184,00 Pata de vaca Bauhinia macrostachya Benth. Fabaceae 34,00 Sernanbi-de-índio Dryptes amazonica Steyorn Euphorbiaceae 10,00 Pataua Oenocarpus bataua var. bataua Arecaceae 39,00 Simeira N.I N. I. 30,00 Pateiro Couepia uiti Chrysobalanacea 12,00 Sorva Couma macrocarpa Barb. Rodr. Apocynaceae 30,00 Pau colher Jacaranda semiserrata Cham. Bignoniaceae 2,00 Sorvinha Brosimum potabile Ducke Moraceae 1,00 Pau conserva/ Carne de vaca Roupala montana Proteaceae 2,00 Sucuba Himatanthus sucuuba(spruce)Woo Apocynaceae 24,00 Pau dalho Gallesia integrifolia (Spreng. Phytolacaceae 12,00 Sucupira branca Hymenolobium petracum Ducke Fabaceae 1,00 Pau de nossa senhora N.I. N. I. 52,00 Sucupira-amarela Bowdichia nitida Spr. Ex Benth Fabaceae 13,00

44 45 Conforme sintetizado nesta tabela, os resultados do inventário Nome Vulgar Nome Científico Família N0 amostral nas fitofisionomias das florestas ombrófila aberta submontana e aluvial, apontam que os 27.815,00 indivíduos Sucupira-pele-de-sapo/S.-amarela Bowdichia nitida Spruce Fabaceae 3,00 mensurados representam 450 indivíduos, distribuídas em 375 Sucupira-preta Diplotropis purpurea (Rich.) Amsh Fabaceae 71,00 espécies conhecidas, 75 não conhecidas, 223 gêneros e 62 Sumauma-barriguda Chorisia speciosa St. Hill Bombacaceae 2,00 famílias botânicas. Sumaúma Ceiba pentandra Bombacaceae 41,00 São joão do agreste N.I. N. I. 5,00 Índice de valor de importância (%) por família botânica / somatório da frequência, Tachi Sclerolobion sp Sterculiaceae 1991,00 dominância e abundância (densidade) das espécies levantadas. Tachi vermelho Sclerolobium goeldianum Fabaceae 152,00 Tachi-branco Sclerolobium paniculatum Vogel Fabaceae 144,00 Tachirana Sclerolobium sp. Fabaceae 1,00 Tamanqueira Zanthoxylum sp. Rutaceae 3,00 Tamarindo Hymenaea parvifolia Huber Fabaceae 68,00 Tanimbuca Buchenavia congesta Ducke Combretaceae 2,00 Tanimbuca-vermelha Terminalia sp. Combretaceae 41,00 Taperebá Spondias lutea L. Anacardiaceae 4,00 Taquari Mabea fistulifera Mart. Euphorbiaceae 5,00 Tatajuba Bagassa guianensis Aubl. Moraceae 1,00 Tatapiririca Tapirira guianensis Aubl. Anacardiaceae 18,00 Tauari Cariniana sp. Lecythidaceae 164,00 Tauari branco Couratari multiflora(Smith)Eym Lecythidaceae 92,00 Tauari de brejo N.I Lecythidaceae 1,00 Tauari vermelho Cariniana micrantha Ducke Lecythidaceae 153,00 Tento verm e preto* Ormosia coccinea Jackes Fabaceae 9,00 Tentorana Drypetes amazonica steyem Euphorbiaceae 17,00 Fonte: Dados obtidos pelo autor através do software Xendra Timborana Deguelia scandens Aubl. Fabaceae 7,00 Timburil Enterolobium contortisiliquus Fabaceae 29,00 O Gráfico apresenta o Índice de valor de importância (IVI) Tintarana Hirtella eriandra Benth Chrysobalanacea 1,00 de 12 famílias botânicas mais representativas. Dá para Tinteira Miconia regelii Cogn. Melastomataceae 14,00 perceber que a família Fabaceae dentro da fitossociologia da Torem de lixa/Embauba folha peluda Pourouma guianensis Aubl. Cecropiaceae 63,00 floresta foi a mais representativa agregando um número de 63,6 Torem-abacate Pouroma sp. Cecropiaceae 1,00 indivíduos amostrados. No Gráfico a seguir, a densidade Trapiara/Cachua Leonia glycycarpa R.T.P. Violaceae 89,00 absoluta ou abundância por hectare das 20 espécies da Tucuma Astrocaryum tucuma Arecaceae 2,00 regeneração que apresentaram a maior relação entre o núme- Tachi preto Tachigalia paniculata Aubl. Fabaceae 8,00 ro total de indivíduos por unidade de área. Tachi vermelho Tachigalia myrmecophilla Ducke Fabaceae 1,00 Uchirana Licania polita Spr. ex Hook f. Chrysobalanacea 1,00 Ucuuba Virola sp Myristicaceae 354,00 Densidade absoluta por espécie por hectare da regeneração. Ucuuba preta/Magnólia Virola molissima(A.DC.)Warb. Myristicaceae 157,00 Ucuuba-branca Osteophloeum platyspermum (A. DC.) Mart. Myristicaceae 36,00 Ucuuba-vermelha Otoba parvifolia (Mgf.) M.Gently Myristiaceae 17,007 Uicima* Pseudobombax sp. Bombacaceae 1,00 Unha-de-vaca Bauhinia forficata Fabaceae 43,00 Urucurana Sloanea brachysepala Ducke Elaeocarpaceae 48,00 Urucuri Attalea phalerata Mart.ex Spre Arecaceae 1,00 Uxi Endopleura uchi Humiriaceae 2,00 Uxirana Alchornea schomburgkii Kl. Euphorbiaceae 3,00 Uchi liso Endopleura uchi (Huber) Cuatr. Humiriaceae 1,00 Uchi coroa Duckesia verrucosa (Ducke) Cuatr. Humiriaceae 45,00 Urtiga Urera caracasana (Jacq) Griseb Urticaceae 2,00 Urucum de índio Bixa arborea aubl. Bixaceae 5,00 Vicente Ferdinandusa rudgeoides Hook f Rubiaceae 16,00 Virola Virola michellii Heckel Myristicaceae 352,00 Vermelhão Octocosmus barrae Hallier f. Linaceae 20,00 Violeta Martiodendron parviflorum (Amshoff) Kpeppem Fabaceae 3,00 Fonte: Maretto, dados de campo, obtidos em abril de 2016 gerados pelo programa Xendra. 450 espécies 27.815,00 Fonte: Maretto, 2016 TIPN, levantamento de campo. e dados complementares de Rondônia, 2004. 46 47 Esse gráfico representa os indivíduos arvoredos da rege- ESPÉCIES RARAS Segundo Giulietti (2009) 15 espécies raras foram encontradas A espécie buriti, Mauritia flexuosa, encontrada na região, é neração (Subparcelas de 0,01 hectares), a estimativa foi de no estado de Rondônia, conforme segue abaixo com respec- exemplo de planta bioindicadora. Ela habita locais alagados 465,68 indiv./ha. Mesmo que nem todo arvoredo chegue à tiva identificação, coordenadas geográficas e local: localizados na margens de cursos d’água e nascente. É, por- São consideradas espécies de plantas raras aqueles com dis- fase adulta, a quantidade existente por hectare é mais de cin- • Porto Velho/RO: lat. -8,8488; long. -64,0156. tanto, indicadora de locais úmidos, pantanosos servindo de tribuição restrita, menos abundante ou de menor frequência co vezes maior em relação aos indivíduos de porte arbóreo. Espécies: Ichthyothere petiolata e Merostachys rondo- alimento e refúgio para determinado tipo de fauna que ocupa por hectare. A probabilidade de encontrá-las aleatoriamente Este grande estoque de espécies por hectare, da regeneração, nienses; estes habitats. em uma área florestal é muito pequena, podendo ser até mes- vai garantir que um grande percentual de indivíduos alcance a • Rio Preto/RO: lat. -9,0366; long. -63,3162. Espécie: mo improvável. fase adulta garantindo a perpetuação das espécies. Hirtella barnebyi; Espécies presentes na área como a embaúba, Cecropia sp., • Ariquemes/RO: lat. -9,894; long. -63,0974. Espécie: ipês Handroanthus spp., dentre outras, são espécies indicado- Ao analisar os resultados do inventário florestal amostral, no Ichthyothere petiolata; ras de solo fértil. Estas espécies foram encontradas no interior ESPÉCIES DA FLORA item fitossociologia da floresta, foi observado 121 espécies • Rio Pacaás Novos/RO: lat. -10,5776; long. das formações de florestas ombrófilas aberta. com densidade absoluta de 0,01 árvore/hectare, representan- AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO -63,3121. Espécies: Raveniopsis necopinata e Turnera do 26,71% das espéceis e, 0,67% da densidade absoluta to- discors; tal, que foi de 180,60 indiv./ha. Esta realidade demonstra um USO DAS ESPÉCIES PELOS A flora compõe uma lista englobando espécies sem perigo de • Serra dos Pacáas Novos, lat. -11,1617; long. grande número de espécies com apenas 0,01 árvore/hectare extinção, criticamente em perigo de extinção, em perigo de -63,5448. Espécies: Hyptis rondonii, Raddiella lunata e INDÍGENAS E OUTROS e que raramente aparecem. Este Fato vem a corroborar com extição ou risco de extinção, vulneráveis, proibidas de corte, Retrophyllum piresii; os estudos de Steege et al (2013). SETORES SEGUNDO A raras e endêmicas, de acordo com a legislação brasileira, es- • Guajará Mirim/RO, lat. -11,2149; long. -63,2749. pecificamente, Brasil, (2014), Brasil, (1992), Martinelli & Mo- Espécie: Borreria delicatula; ETNOBOTÂNICA Se for considerar que as espécies raras encontradas no in- raes, (2013), Giulietti (2009) e IUCN (2008) conforme segue • Pimenta Bueno/RO, lat. -12,1426; long. -60,595. ventário florestal amostral foram aquelas com densidade abso- abaixo. Espécie: Turnera kuhlmanniana; O inventário florestal fornece subsídios técnicos sobre as es- luta DA ≤ 0,40 ind./ha, isto equivale a um número de 188 es- • Mutum-Paraná/RO, lat. -9,9467; long. -64,9165. pécies vegetais presentes de forma qualitativa e quantitativa, pécies, representando 41,50% das 450 espécies encontradas Segue na Tabela abaixo algumas espécies com risco de ex- Espécie: Cariniana penduliflora; o que possibilita encontrar os índices fitossociológicos como e 1,69% da densidade absoluta total. Isto leva a crer que estas tinção e de corte proibido do bioma Amazônia levantadas no • Macisa/RO, lat. -9,4044; long. -64,9491. Espécie: a abundância, dominância, frequência, valor de cobertura e 188 espécies com DA ≤ 0,40 ind./ha são prováveis espécies inventário florestal. Merostachys fimbriata; valor de importância das espécies. Estes índices são ferramen- que se classificariam como raras. Este resultado confirma a • Porto Velho/RO, Rio Curuquetê, lat. -8,1789; tas importantes na tomada de decisão sobre o aproveitamento hiperdominância de poucas espécies e a raridade na TIPN, ao A Castanheira da Amazônia (Bertholletia excelsa Bonpl.) e a long. -65,5608. Espécies: Peltogyne prancei e Virola econômico ou não de determinada espécie. se basear na hipótese de Steege et al (2013). Seringueira (Hevea spp.), encontradas no inventário flores- polyneura. tal são espécies, que segundo o Decreto 5.975 de 2006 do Para complementar as informações e trazer mais subsídios Como espécie rara e vulnerável encontrada, apontamos a MMA, são proibidas de corte e requer uma atenção especial É observado que as espécies raras Raveniopsis necopinata e técnicos, que possam contribuir no manejo da floresta, foram sucupira pele de sapo Bowdichia nitida Spruce. Esta espécie é quanto a sua preservação. A castanheira além de espécie de Turnera discors foram encontradas no rio Pacaás Novos, se- coletadas através do conhecimento tradicional dos indígenas, pouco comum no Estado de Rondônia. Sua ocorrência maior corte proibido aparece na lista de espécies de risco de ex- gundo Giulietti (2009), nas coordenadas geográficas 10°,5776’ durante o inventário florestal, informações sobre as espécies é na Mata Atlântica. tinção como vulnerável. S e 63°,3121’ W, porém muito acima da TIPN que foi o local que servem de alimento para a para o ser humano, para a da pesquisa, por isto não foi identificada no inventário flores- fauna, espécies de uso medicinal, uso em embarcações, arte- tal. Provavelmente estas espécies foram localizadas mais nas sanato, marcenaria/carpintaria, construção de casas rústicas, cabeceiras do rio Pacaás Novos. construção civil, estacas, extração de látex, envira, cobertura Espécies com risco de extinção e de corte proibido. de casas dentre outras. Algumas informações a mais sobre das espécies botânicas levantadas em campo, foram complemen- Espécie Família Nome comum Categoria de ameaça Fonte Inform. ESPÉCIES BIOINDICADORAS tadas através de pesquisas bibliográficas em especial, Caval-E cante (2007) e Viana (2011). Bertholetia excelsa Lecythidaceae Castanha-do-Brasil VU/PC MMA/LV/IBAMA QUE ATESTAM A QUALIDADE Cedrela odorata Meliaceae Cedro-rosa VU MMA/LV LOCAL Segue na próxima tabela a relação de algumas espécies utiliza- Bowdichia nitida Spr. Ex Benth Fabaceae Sucupira-amarela VU MMA/IBAMA das pelos indígenas de valor cultural e econômico levantadas Apuleia leiocarpa Fabaceae Garapeira VU MMA/LV A vegetação que cobre uma área é o reflexo das condições lo- no inventário florestal amostral. Mezilaurus itauba (Meissn)Taub. Lauraceae Itaúba-abacate VU MMA/LV cais, adaptada às variações climáticas, pedológicas e geológi- Torresea acreana/Ambura acreana Fabaceae Cerejeira VU MMA/LV/IBAMA cas-geomorfológicas, apresentando diferentes fisionomias em Swietenia macrophylla King. Meliaceae Mogno VU MMA/LV/IBAMA sua composição. Cada tipo de vegetação tem suas característi- Couratari guianenses Lecytidaceae Jequitiba-branco LR IUCN cas próprias, e algumas plantas indicam o tipo de ambiente Eschweilera carinata Lecytidaceae Matamatá-vermelho VU IUCN onde vivem. Minguartia guianensis Fabaceae Acariquara-preta LR IUCN Pouteria oppositifolia Ducke Sapotaceae Abiu-branco VU IUCN As espécies vegetais são espontâneas e ecótipos, ou seja, surgem Hevea brasiliensis(Wild)ex A. Euphorbiaceae Seringa-verdadeira PC MMA/IBAMA porque encontram condições favoráveis que lhes permitem

Fonte: Portaria Nº 443 do MMA de 2014, Portaria Nº 37-N do IBAMA de 1992, IN Nº 6 do MMA de 2008, Martinelli & Moaraes, 2013 crescer e multiplicar. Portanto, são plantas que indicam algo, (Livro Vermelho (LV) da Flora Brasileira e IUCN, (2008). logo são chamadas de plantas indicadoras, Primavesi (1992). Legenda: Vulnerável (VU), Levemente em Risco (LR) e Proibido Corte (PC)

48 49 Espécies de valor cultural e econômico utilizadas pelos indígenas. Nome Vulgar Nome Indígena Usos Diversos Densidade Nome Vulgar Nome Indígena Usos Diversos Densidade Envira-piraquina/Envira-ferro Para 1-16-19 P Envira-vassourinha Para 16-19 Abiu/Goiabão 1-4-5-6-14-15 M M Enviratanha-branca Wec 10-14 Abiu-branco/Abiu-ucuubarana 2-9-17-47 M L Enviratanha-rosa/E. Vermelha 16-19 Abiurana-branca/Pajura Maki 1-4-5-14-15-16 M M Fava-amarela 14-16-19 Abiurana-rosa Maki 1-2-9-33-47 P L Fava-branca 14-16-19 Abiurana-vermelha Maki 1-4-5-6-14-15 P L Faveira-branca 2-9-27-37-47 Açaí Iram 2-3-9-12-17-19-46 L L Flor-de-são-joão Tuão Tuão 16 Aguano-branco 9-29-42 L P Freijó-branco 5-14-15-19 Amapa Kâpe 9-15-18 M L Gogo-de-guariba Kuruane 3 Angelim-amargoso Panaji Rowam 1-4-5-6-14-15 P M Guariuba-amarela Corowan 1-3-6-11 Angelim-manteiga Panaji Ara Wam 1-4-5-15 P M Guariuba-branca Câpe 16 Angelim-saia Panaji Rowam 1-14-15 P M Inaja Memem Tonxocwa 2-3 Angelim-pedra Panaji Rowam 1-4-5-15 P L Ingá-branco Caji Waxicam 3-14-16 Angelim-vermelho Panaji Ara Wam 1-4-5-6-14-15 P M Ingá-vermelho 2-3-16 Angico-branco 3-9-17-20-25-27 P L Inharé-branco/Inharé-mole Toxene Cwic 2-3-9-24 Bacuri-pari Tarawan Xan Co 2-9-17-25-32-47 M M Inharé-amarelo Topi 1-2-3-9-24 Branquilho Panaji Morowa 1 M M Ingá-facão P. Waxicam 2-3-16 Breu Erinarane 2-9-26-27-42 M M Itauba-amarela Xipain Xirim 1-6-16 Breu-de-campina Ximiton 1-3-15-19 M P Itaubarana 1-16-19 Breu-manga Tawi Tawi 1-3-15 M P Jambo-da-mata N.I Breu-branco Panaji Naram 2-3-9-21-24-27-31-42 M N.I Janaguba Pana Waracwü 9-17-43 Breu-de-leite Tawi Tawi 1-3-14-15-16-19 M L Jequitiba-rosa/Jeq-vermelho Quine 1-4-5-10-15 Breu-jitó Oro Cao Ca 1-4-5-11-14-15 L L Jequitibá-branco/Envireira Quine 1-4-5-10-15 Breu-maxixe Erinarane 16-19 M M Joao-mole Tucuidimai 1-4 Breu-mescla Erinarane 1-3-9 M L Jutaí Tactac 1-2-4 Breu-pitomba/Breu-sucuruba Erinarane 2-3-9-19-29-30-32 M P Lacre de serra 1 Breu-rosa/Breu-laranja Erinarane 1-15- M M Lacre-vermelho/Lacre roxo 1 Cajui Panaji Wino 1-3-14 M M Louro amarelo Orojai Orojai 1-4-5-11-14-15 Cambará Panaxicon Nao 1-9 P M Louro canela 1-4-5-6-11-14-15-16 Cambará-rosa Panaxicon Topacom 1 P P Macucu-vermelho 19 Carapanauba 1-5-16-19 M P Macucu-branco Parara 1-6-19 Caripé Panaji Xe 1-14-16 M P Macucu-roxo Panaji Xe 1-6-19 Caroba/C. branca/C. amarela 1-9-17 M P Macucú-casca-seca/M. pombo Cao Irao 1-14-16 Carobinha-vermelha 1-9-17 M M Maparajuba 1-2-9-19-39-41-47 Casca-seca N.I N.I M Maparajuba-branca 1-2-9-19-39-41-47 Castanheira Tocwe 1-2-3-9-19-23-24-46 M M Maparajuba/Maparajubinha 1-6 Castanha-de-porco 1-14 M P Marmeleiro-branco/M.-amarelo Panaxicon Caoxao 16 Catuaba-amarela Caraxu 1-9 M M Marupa/Caxeta-branca 9-29-30-37-39-41-45 Copaiba-marimari 1-3-9-14-15 M L Matamata-amarelo Oro Towa 1-4-5-9-14 Creaole-roxo Panajícon Cao Huxain 2-9-27-37-47 M P Matamata-branco Cara Tocwe 1-4-5-9-14 Creole-amarelo Panajícon Cao Huxain 2-9-27-37-47 M P Matamatá 1-4-5-14 Creole/Arara-tucupi/Aparari Iram 2-9-27-37-47 M P Mirindiba-amarela/Tanimbuca Tuquimêmê 1-4-5-6-11-15 Cumaru-ferro 1-6-9-11-16 P M Miudinho Wijak Hürü Ne 19 Cupiuba Mahwirí 1-19 M P Muiracatiara Mememe 1-4-5-11-14-15 Cedrinho 1 M P Muiracatiara-branca Mememe 1-4-5-11-14-15 Embauba-lixa 2-3 L P Muirajibóia-vermelha/M. preta 3-19 Embaubao/E.gigante/E. Ferro 3-9 L P Muirapiranga-amarela 1 Envira-caju 1-2-3-14 L P Munguba-vermelha 9-14-47 Envira-fofa 2-7-46-19 L L Munguba-branca Oro Towa 9-14-47 Envira-ata/Envira-araticum 16-19 M L

50 51 Nome Vulgar Nome Indígena Usos Diversos Densidade Legenda: código de uso das espécies levantadas no inventário florestal amostral: 01. Construção civil 13. Adubo 25. Curtume 37. Papel Mutamba 1-5-14-15 M 02. Alimento do homem e da caça 14.Caixotaria/embalagem 26. Defumação 38. Parasiticida Mutamba-da-mata-vermelha 14-15 M 03. Alimento da caça 15. Laminados/compensado 27. Essência 39. Pequenos objetos Mutamba-da-mata/Açoita cav. Orotowa Neim Mi 14-15 M 04. Movelaria 16. Lenha e carvão 28. Estimulante 40. Saboaria 05. Artesanato/tornearia 17. Ornamental 29. Fungicida 41. Textil Mulateiro 1-4-5-16 P 06. Estaca 18. Látex 30. Inseticida 42. Tinturaria Orelha-de-macaco Ara Tarajixi 1-4-6-15 P 07. Fibra para corda 19. Construções rústicas 31. Insetífugo 43. Toxico Pajurá-branco 9-20-46 M 08. Cerca-viva 20. Alucinógeno 32. Isca 44. Vela 09. Medicinal 21. Calafetagem 33. Isolante 45. Veterinária Pajurá-vermelha 9-20-46 M 10. Envira 22. Cera 34. Jogos e lazer 46. Indústria Pajurá-rosa 9-20-46 M 11. Embarcações 23. Combustível 35. Lubrificante (Alimentício-química) Pama-vermelha Panati Jinan 3 M 12. Cobertura de casas 24. Cosmético 36. Narcótico 47. Outros Pama-amarela Memem Capixin 3 M Pama-branca Oro Towa 3 M cioambientais e econômicas, como mercado diversificado Pama-preta/Pama fl peluda 2-3 M para produtos florestais não madeireiros e outros que possam Pama-Jaca Parananam 2-3 M CONCLUSÃO surgir. Pataua Tarawam 2-17 M Perobinha 1-4-5-6-15 P O diagnóstico da vegetação realizado na TIPN apontam sete De um modo geral, os estudos e análises realizadas, onde foi Piquiarana 1-6-11 P fitofisionomias ou formações vegetais distintas, sendo que a identificando o potencial florestal da TIPN, suficiente para Pororoca-branca 1-16 P floresta ombrófila aberta submontana corresponde a 62,10%, gerar oportunidades e novas perspectivas de mercado, são fer- Quina-quina 9-16 P seguido da floresta ombrófila aberta aluvial/floresta de área ramentas que junto com os outros estudos das demais áreas Ripeira 1-3-10 M inundável correspondendo a 22,26%, o que implica dizer temáticas, vão auxiliar e contribuir sobremaneira na definição Roxinho Caji Cawawa 1-4-5-16-19 P que 84,26% do total da área da TIPN, que corresponde a e estratificação do zoneamento da TIPN e do plano de gestão. Seringueira Caji Pic 3-17-18-39-46-47 L 279.906,3833 hectares, são compostas por floresta ombrófila Estas são as contribuições que foram possíveis apresentar e Sororoca Xiri 5 L aberta. Os 15,74% da área total restante são composta pelas esperamos com isto que bons resultados sejam alcançados em Sorva Cao Xao 3-17-18-39-47 L formações pioneiras, 14,81%, contato campinarana/campina prol ao meio ambiente e aos povos indígenas desta área pro- Sucupira-branca Orojai Orojai 1 M de área branca 0,48%, formação não identificada 0,43% e tegida. Sucupira-amarela Orojai Orojai 1-4-6-11 P 0,20% de área desmatada. Sucupira-pele-de-sapo Panaxicon Não 1-4-6-11 P Sucupira-preta Orojai Orojai Mixem 1-4-6-11 P O resultado do levantamento da vegetação aponta que os Tachi-vermelho Carajim 1-4-5-9-14-15-19 M 27.815,00 indivíduos mensurados representam 450 indivídu- RECOMENDAÇÕES Tachi-branco Wan 1-4-5-10-14-15 P os, distribuídas em 375 espécies conhecidas, 75 não conheci- • Fazer plano de negócio para estudar o potencial de Taquari 3-12-16 M das, 223 gêneros e 62 famílias botânicas. O Índices de riqueza mercado dos produtos não madeireiros como: castanha Tauari-branco 1-4-5-10-14-15 P e diversidade de espécies de Sannon-Weaver encontrado são do Brasil (Bertholletia excelsa), Copaíba (Copaifera spp.), Tauari-vermelho 1-4-5-10-14-15 P de 4,4332. Isto implica dizer que este índice de diversidade babaçu (Attalea speciosa), açaí (Euterpe precatória), Breu Torem-abacate 1-4-12-14 L para a fitofisionomia das florestas ombrófilas abertas sub- (Protium sp.), bacaba (Oenocarpus bacaba) dentre outros Tucuma Wuau 2-3-5 P montana e aluvial é relativamentealto alto, significando uma que tem potencial econômico. Ucuuba-branca Tatao 1-14 L grande riqueza e variedade de espécies, o que explica o re- Ucuuba-vermelha Tatao 1-14-19 L sultado encontrado acima nas respectivas formações vegetais. • Fazer projeto para aquisição de maquinários e mon- Urucurana 3-19-16 M As 450 espécies levantadas no inventário florestal, apresen- tagem da planta estrutural de uma marcenaria/carpin- Uxi 2-3-9-47 M taram uma densidade ou abundância total de 86,28 indiv./ha, área basal ou dominância de 7,36 m²/ha e volume de 69,0220 taria/movelaria para a produção de móveis e peças para Fonte: Maretto, 2016. Informações levantadas no inventário florestal e complementadas através de Cavalcante, (2007) e Viana (2011) - m³/ha. As espécies Tachi Sclerolobion sp., breu Protium sp. e construção civil como portas, janelas, caixilhos etc. (ITTO/2011). pama/sega-corrente Pseudomedia laevigata, apresentaram os maiores índices de densidade, dominância, volume e índice • Caso seja comprovada a viabilidade econômica no pla- de valor de importância (IVI) por hectare se destacando sobre- no de negócios para o potencial de mercado para castanha Legenda: densidade da madeira: maneira em relação as outras espécies. do Brasil, seja in natura ou óleo e açaí, construir planta Leve (L) industrial para produção econômica de óleo de castanha Média (M) Os resultados dos estudos da vegetação aqui apresentados não e polpa de açaí. Pesada (P) são conclusivos devido a grande dimensão da terra indígena; cabendo novas incursões a área sempre que for necessário, • Estas são algumas recomendações feitas no intuito de principalmente após a definição e implementação do etno- poder colaborar com os indígenas na auto sustentabilidade zoneamento, do plano de gestão e também após mudanças econômica e financeira, bem como a na manutenção da nas políticas públicas, culminando em novas tendências so- proteção ao meio ambiente.

52 53 A espécie foi encontrada sobrevoando o rio Soterio perto da CAPITULO 4 APRESENTAÇÃO aldeia que recebe o mesmo nome.

Cada uma das equipes desenvolveram métodos específicos Espécies Endêmicas para os estudos de cada grupo. A avifauna aplicou o méto- As espécies Pyrrhura perlata (tiriba-de-barriga-vermelha) do de Redes de Neblina, Contato auditivo, Contato Visual, e Capito dayi (capitão-de-cinta) registradas na TI são consi- Entrevistas e Mapa Mental. Na ictiofauna a equipe aplicou deradas endêmicas e importantes biogeograficamente, estan- os métodos de Questionários, Mapa Mental e prática de do inserido no interflúvio Madeira - Tapajós (STOTZ et al. pesca junto aos indígenas locais, com iscas e artefatos que eles 1996). utilizam em seu dia-a-dia. Para os estudos de mastofauna NOSSOS foram utilizados armadilhamento fotográfico e oficina partici- pativa para o levantamento de informações sobre o uso das es- ETNOCONHECIMENTO SOBRE pécies de mamíferos pela comunidade (alimentação, artesan- A AVIFAUNA DA TERRA ato e remédio) e nomes das espécies na língua materna. Neste capítulo apresentaremos os resultados de cada um desses INDÍGENA PACAÁS NOVAS. ANIMAIS levantamentos. Lista de espécies com nomes tradicionais Durante as oficinas e os dias de campo foi gerada uma lista de 70 espécies de aves. Destas, 56 espécies foram relatadas AVIFAUNA durante as oficinas e 14 espécies foram relatadas durante os dias de campo pelos pesquisadores indígenas. Das 70 espécies Riqueza e composição de espécies encontradas relatadas pelos moradores, 29 espécies foram observadas em na Terra Indígena Pacaás Novas meio natural durante os dias de campo, o que demonstra que a comunidade conhece as aves da região. O levantamento resultou em uma lista com 126 espécies distribuídas em 46 famílias. Destas espécies 56 foram Durante a oficina foi possível observar tal relação dos indíge- citadas pelos moradores durante a oficina participativa 101 nas com o nome das aves. Na aldeia capoeirinha o Hamilton espécies foram amostradas durante o período de levantamen- Oro Nao fez o seguinte comentário: to de campo. Ao longo do período levantado observaram-se “A ARAMM TOCWA tem bico de colher.” espécies importantes para a conservação, como por exemplo, “A Paca Paca Tokwi o nome é porque o olho é vermelho” espécies endêmicas, migratórias, vulneráveis a extinção e es- pécies sinergéticas. Aves utilizadas como alimento Status de Conservação Os Moradores da Terra indígena Pacaás Novas, fazem uso das Quanto ao status de conservação das espécies registrados na aves como alimento. Segundo os indígenas as aves preferen- TI segundo a IUCN (2015), 5 espécies estão classificadas como cialmente caçadas são: Harpia harpyja, Pauxi tuberosa, Penelo- sofrendo um risco elevado de extinção na natureza (VU), são pe jacquacu, Aburria cumanensis, Tinamus tão, Psophia viridis. elas: Psophia viridis (Jacamim), Tinamus tao (nhambu-tona), Capito dayi, (capitão-de-cinta), Agamia agami (garça-da-ma- As espécies Anhima cornuta, Agamia agami, Cathartes aura, ta), Ramphastos tucanus (tucano-grande-de-papo-branco). Rupornis magnirostris, não são utilizadas como alimento. Os indígenas fizeram os seguintes comentários: Foram identificadas 5 espécies que estão classificadas na categoria quase ameaçadas (NT), são elas: Harpia harpyja “Aohe’ a carne parece fermento” (gavião-real); Morphnus guianensis (uiraçu-falso), Tinamus ma- (Pedro Oro Nao/Stevam Oro Não – Aldeia Santo André) jor (nhambu-galinha), Odontophorus gujanensis (uru-corcova- “Maho’horron a carne é podre não dá para comer” do); Amazona farinosa (papagaio de moleira). As outras es- (Pedro Oro Nao/Stevam Oro Não – Aldeia Santo André) Foto: Acervo Kanindé pécies foram classificadas na categoria de risco mais baixo, “Maho’horon não come porque ele come carne estraga- onde os táxons são abundantes e amplamente distribuídos da” (Maurino/Adson/Basilio- Aldeia Bom Futuro) (LC). Segundo a portaria Portaria nº 444 de 17 de dezembro de 2014 do Ministério do meio Ambiente apenas as espécies Durante a oficina na aldeia capoeirinha o Indígena A’in Oro Harpia harpyja (Gavião real) e Tinamus tao (nhambu tona) Nao fez o seguinte relato: foram consideradas como estando a sofrer um risco elevado Este capítulo apresenta uma caracterização da fau- mento científico e tradicional. Para isso, foram for- de extinção na natureza (VU). “Come todas as aves, mas o branco que diz que não pode na da área da Terra Indígena Pacaás Novas e seu madas três equipes, sendo uma para os estudos de comer ai não come”. Espécies Migratórias entorno, identificando a existência de espécies avifauna, uma para os de ictiofauna e outra para De acordo com Stotz et al. (1992), Valente et al. (2011) e O relato demonstra como a influência do homem branco endêmicas, migratórias, raras, em perigo e/ou mastofauna com foco nos animais de caça. CRBO (2015) a espécie Pandion haliaetu (Águia-pescadora), pode modificar a cultura da comunidade indígena. é considerada uma espécie migrante que vem do Hemisfério ameaçadas de extinção, considerando o conheci- Norte chegando até a Argentina e o Chile, sendo observada Quanto ao método de preparo o mais citado pelos indíge- na Amazônia no período de Março a Setembro (STOTZ 1997). nas é o “assado”, com 83 citações, seguido pelo cozido com

54 55 72 citações e frito com 27 citações. Quando observamos por Para a produção de brincos as penas mais citadas duran- relacionadas com as aves da região. Segue um dos comentári- Na aldeia Sotério os indígenas caçam em uma trilha próxima aldeia observamos uma diversificação de gostos. Nas aldeias te as oficinas são das espécies: Brotogeris sanctithomae, os realizado durante as oficinas: a aldeia que chega na mata alta no qual possui um barreiro. Bom Futuro e Santo André, o método preferido é o assado. As Amazona ochrocephala, Dendrocygna autumnalis, Cairina Na aldeia barranquilha eles utilizam para caça o Igarapé do aldeias Barranquilla, Capoeirinha e Sotério têm como método moschata, Elanoides forficatus, Ara ararauna, Ara macao, Ara “Agora que virou evangélico conheceu que são apenas Castanhal. Neste local costuma caçar Kuyu, Kamó (Penelope preferido o cozido. chloropterus, Orthopsittaca manilata, Aratinga weddellii, histórias que foi contada.” (Davi Oro Nao – Aldeia Soterio) jacquacu, Penelope superciliaris), Miak, Waram. Pionus menstruus, Pyrrhura perlata, Amazona farinosa, Os Indígenas da TI Pacaás Novas utilizam, em sua maioria, Cairina moschata, Buteo nitidus, Amazona farinosa, Phlegopsis Na página 67 encontra-se a tabela Histórias relacionadas para caçar a chumbeira também conhecida como 22 (142 nigromaculata. com as aves da região relatadas pelos indígenas da TI Principais ameaças às espécies citações). Apenas as aldeias Bom Futuro e Santo André re- Pacaás Novas. de Aves na área da Terra lataram utilizar flecha como método de caça. Em todas as Para a confecção dos cocares, as penas mais citadas du- aldeias onde crianças participaram da oficina, as baladeiras rante as oficinas são das espécies: Ardea cocoi, Brotogeris Indígena Pacaás Novas foram citadas como método de caça. Isso demonstra que sanctithomae, Ara ararauna, Ara macao, Ara chloropterus, Histórias desde muito jovem os indígenas da aldeia possuem contato Brotogeris versicolurus, Amazona ochrocephala, Elanoi- Durante o período de campo foram observados os seguintes Histórias e lendas envolvendo animais são tão comuns que é com a caça, como forma de brincadeira. As espécies citadas des forficatus, Orthopsittaca manilata, Aratinga weddellii, impactos: grandes áreas de desmatamento próximo as áreas difícil encontrar suas origens (BERLIM, 1966). O imaginário pelas crianças como preferência de caça foram Taraba major, Pyrrhura perlata, Amazona farinosa, Ardea cocoi, Buteo das aldeias. Segundo a própria informação dos indígenas, na popular é rico em explicar a cor das plumagens, seus hábitos, Dendrocygna autumnalis, Butorides striata, Aratinga weddellii. nitidus, Ara mação, Ara chloropterus, Amazona ochrocephala, aldeia Santo André ocorrem queimadas nas áreas próximas a seu canto repleto de bons e maus presságios. Essas explicações Estas espécies são comuns de ambientes abertos, de fácil visu- Amazona farinosa. aldeias para produção do roçado. Foi observado também a fazem parte do conhecimento característico da comunidade alização, podendo ser observadas próximas as aldeias. criação de gado na aldeia Santo André. que é o etnoconhecimento (SGUISSARDI, 2009). Os animais Para a Confecção de flechas as espécies de aves mais cit- personificam algumas qualidades humanas. Os povos primiti- adas pelos indígenas foram: Dendrocygna autumnalis, De acordo com o PRODES, até o ano de 2014 a Terra Indí- vos buscavam nos animais características necessárias para seus Aves utilizadas como remédio Penelope jacquacu, Penelope superciliaris, Pauxi tuberosa, Ara gena Pacaás Novas possui 49.7 ha de áreas desmatadas. Esse guerreiros. Na Amazônia muitos mitos foram preservados com ararauna, Ara macao, Ara chloropterus, Pauxi tuberosa, Buteo valor é baixo em relação a outras TI’s do estado. Contudo, o passar das gerações (PEREIRA, 2013). As aves podem ser Na terra Indígena Pacaás Novas algumas aves são utiliza- nitidus, Morphnus guianensis, Harpia harpyja, Ara ararauna, a perturbação do habitat causada por atividades antrópi- utilizadas por muitos povos como anunciadoras de um acon- das como remédio. Entre elas podemos citar Tinamus tao, Anhima cornuta, Aburria cumanensis, Phalacrocorax brasilianus, cas como o desmatamento para conversão de pastagens as tecimento climático como, por exemplo, a chuva. Esta relação Crypturellus undulatus, Brotogeris versicolurus, Tinamus Anhinga anhinga, Rupornis magnirostris, Busarellus nigricollis, queimadas e a fragmentação, são alguns fatores que ameaçam se dá pelo fato de algumas espécies sofrerem influência dos guttatus, Crypturellus soui, Odontophorus stellatus, Ara Morphnus guianensis, Harpia harpyja. áreas de ambientes restritos (SILVA et al. 2005). fatores climáticos, sobretudo da umidade, tanto na atividade ararauna, Tinamus major, Ara chloropterus. As aves são utiliza- reprodutora quanto no canto (SICK, 1997). das para tratamento, principalmente de gripe, febre, dor de As espécies citadas para confecção de espanadores para As queimadas sem controle são umas das principais formas de cabeça e picada de animais peçonhentos como cobras e escor- limpeza de casa foram: Penelope jacquacu, Penelope destruição das florestas e eliminação da biodiversidade (NEPS- pião. Foram citados ainda o uso das aves para tratamento de superciliaris, Ortalis guttata, Pauxi tuberosa. Mapa Mental TAD ET AL. 1999; MARGULIS, 2003). A queima para limpeza hepatite e malária. As principais partes das aves utilizadas de terras, manejo de pastagens e produção de carvão vegetal, pode escapar causando incêndios florestais durante a estação para o preparo são as penas, a carne, a moela, o fígado e a Ao longo do período de campo foram confeccionados 5 seca. As consequências diretas das queimadas podem ser sen- banha. Eles fazem a ingestão principalmente por chá, caldo ou Aves utilizadas como mapas mentais em 5 diferentes aldeias a saber: Aldeia San- tidas em escala regional através da lixiviação do solo, erosão e infusão. Abaixo segue alguns relatos de como eles realizam o to André, Aldeia Bom Futuro, Aldeia Copoeirinha, Aldeia animais de estimação saída de nutrientes do sistema, e da perda de espécies vegetais preparo: Soterio e Aldeia Barranquilha. Na realização do método de e animais (COCHRANE, 2002). Nessa perspectiva deve-se ter Os indígenas da TI tem o hábito de criar aves como animais de mapa mental foi possível observar que os indígenas conhecem “Pega o fígado faz moqueado na palha e a fumaça usa uma atenção especial a essa região em levantamentos futuros. estimação. As aves mais citadas na oficina foram as espécies bem seu território. Nos desenhos podemos observar a estru- para gripe” (Stevam Oro nao, Pedro Oro nao) Brotogeris sanctithomae, Brotogeris versicolurus, Amazona turação das aldeias, os principais rios e igarapés que se encon- ochrocephala, Orthopsittaca manilata, Brotogeris versicolurus, tram na TI e os principais locais utilizados por eles para caçar Recomendações “Quando mata Iamop tira as penas e guarda para fazer Amazona ochrocephala, Pyrrhura perlata, Amazona farinosa, as aves utilizadas tanto para alimento como para artesanato. chá para picada de cobra. Coloca as penas no fogo e faz Anhima cornuta, Pauxi tuberosa, Amazona farinosa, Coragyps • Realizar um incremento de estudo na área para conhecer a o chá. A pessoa tem que tomar assim que leva a picada” atratus, Eurypyga helias, Brotogeris sanctithomae, Aratinga Na aldeia Santo André o melhor local de caça é o Igarapé estrutura da comunidade de aves da região. (Stevam Oro nao, Pedro Oro nao) weddellii, Pionus menstruus. Santo André, segue o relato de um dos indígenas: • Realizar o Monitoramento das espécies associadas à caça Na página 68 encontra-se a tabela Espécies de aves utiliza- Durante os dias de campo foi possível observar as “Perto da aldeia é muito queimado tem que andar mui- principalmente as espécie da Família Tinamidae e Cracidae. das para o preparo de remédios pelos indígenas na TI Pa- espécies Pauxi tuberosa, Pionus menstruu, Amazona farinosa to para caçar. No Igarapé Santo André tem terra-firme.” Sugere-se a utilização da metodologia “Monitoramento in situ caás Novas. Eurypyga helias, Aratinga weddellii, Coragyps atratus. Um fato (José Carlos Oro Não) da biodiversidade” a qual tem o objetivo de ser adaptativas as interessante foi de que os indígenas adotam a espécie Coragyps distinta situações, conciliando a vertente ecológica e a gestão atratus (urubu preto), como animal de estimação. O urubu Na aldeia Bom futuro os indígenas relataram que os rios bons de Unidades de Conservação. Este utiliza bioindicadores sim- Aves utilizadas para Artesanato mais famoso é o da D. Rosa, da Aldeia Bom Futuro. Segundo para caça é o Rio Novo e o Igarapé Pixap (Pica-pau). Nesse plificados o que permite a comparação com dados de outras os próprios indígenas, o urubu acompanha a indígena para local eles gostam de caçar Jacu, Mutum e Nambu. Já para vi- areas protegidas. É importante ainda por que trabalha com Na TI Pacaás Novas os indígenas produzem pouco material todos os lugares indo até o município de Guajara-Mirim, nas sualização das aves o melhor local é a Baia Aurinate. o sistema onde ocorre participação da comunidade local de artesanato utilizando as aves. Quando fazem utilizam as vezes que ela necessita ir a cidade. Os indígenas possuem (PEREIRA et al, 2013). penas em sua maioria para Flecha (29 citações) seguido de uma relação de carinho com esses animais, que foi possível Na aldeia Capoeirinha eles caçam em diversos pontos Brinco (25 citações), Cocar (26 citações) e como utensílios observar durante a visita a casa do Senhor Basilio na Aldeia próximo a aldeia entre os principais estão a beira do rio • Realizar o monitoramento das espécies Capito dayi, uma doméstico como espanador (6 citações). Os Brincos e cocares Bom futuro. Este mostrou com todo cuidado as espécies Arat- Pacaás Novos; próximo a estrada da Baia do Caraizal, e após a vez que a espécie é restrita a determinados ambientes e a são produzidos apenas próximos a datas comemorativas na TI. inga weddellii, Eurypyga helias (chamado carinhosamente de baia Caraizal. Os indígenas também caçam na terra do Wiyan modificação ou diminuição da estrutura florestal pode levar Segundo relato dos indígenas, não existe restrição quanto ao João) que ele criava em casa. (Reserva vizinha). Eles costumam caçar Yamop (Tinamus a diminuição de suas populações. Uma maneira eficiente é tipo de cocar utilizado. As penas mais utilizadas são as penas tao), Towarao’ (Amazona ochrocephala), wanaram (Tinamus por meio de anilhamento com anéis metálicos, pois estes per- das asas e da cauda. Poucas histórias foram relatadas pelos indígenas da TI Pacaás major), Taramim (Ara macao), Kamo, Tona’ (Crypturellus mitem a identificação da estrutura populacional das aves ao Novas envolvendo as aves. Foram citadas apenas 5 histórias undulatus). longo dos anos.

56 57 Família Nome do Táxon Nome português Status IUCN Aldeia

Pandionidae Pandion haliaetus águia-pescadora VN LC SO Accipitridae Elanoides forficatus gavião-tesoura R LC RM Accipitridae Elanus leucurus gavião-peneira R LC BJ Accipitridae Busarellus nigricollis gavião-belo R LC CA Accipitridae Rostrhamus sociabilis gavião-caramujeiro R LC SO Accipitridae Rupornis magnirostris gavião-carijó R LC RM Malacoptila rufa - Barbudo-de-pescoço-ferrugem. Pipra fasciicauda - Uirapuru-laranja. Accipitridae Buteo nitidus gavião-pedrês R LC AS Foto: Melquizedeque de Melo Almeida/Kanindé. Foto: Melquizedeque de Melo Almeida/Kanindé. Accipitridae Morphnus guianensis uiraçu-falso R NT RM Accipitridae Harpia harpyja gavião-real R NT CA Eurypygidae Eurypyga helias pavãozinho-do-pará R LC BF Lista da avifauna da Terra Indígena Pacaás Novas. Aramidae Aramus guarauna carão R LC SO Legenda: ST (Status): R = residente (evidências de reprodução no país disponíveis), VN = Visitante do Hemisfério Norte; Status Psophiidae Psophia viridis jacamim-de-costas-verdes R, E VU RM (Status de Conservação) - LC = Segura ou pouco preocupante; NT= Quase ameaçada; VU = Vulnerável. Aldeias: RM: Relato Rallidae Porphyrio martinicus frango-d’água-azul R LC CA-SO Morador; AS: Aldeia Santo André; SO: Aldeia Soterio; BA: Aldeia Barranquilha; BJ: Aldeia bom Jesus; CA: Aldeia Capoerinha; Charadriidae Vanellus chilensis AS BF: Aldeia Bom Futuro. quero-quero R LC Jacanidae Jacana jacana jaçanã R LC AS-SO Família Nome do Táxon Nome português Status IUCN Aldeia Sternidae Phaetusa simplex trinta-réis-grande R LC SO-BA Rynchopidae Rynchops niger talha-mar R LC BA Tinamidae Tinamus tao azulona R VU RM Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa R LC BJ-CA-BA Tinamidae Tinamus major inhambu-de-cabeça-vermelha R NT RM Columbidae Patagioenas plumbea pomba-amargosa R LC BJ Tinamidae Crypturellus cinereus inhambu-preto R LC RM Opisthocomidae Opisthocomus hoazin cigana R LC AS-CA-SO Tinamidae Crypturellus soui tururim R LC RM Cuculidae Crotophaga major anu-coroca R LC AS-BF-CA-BA Tinamidae Crypturellus undulatus jaó R LC RM Cuculidae Crotophaga ani anu-preto R LC AS-BF-CA-BA Tinamidae Crypturellus variegatus inhambu-anhangá R LC AS Strigidae Glaucidium sp. caburé R LC RM Tinamidae Crypturellus parvirostris inhambu-chororó R LC RM Nyctibiidae Nyctibius griseus mãe-da-lua R LC BJ Anhimidae Anhima cornuta anhuma R LC AS-CA Caprimulgidae Hydropsalis albicollis bacurau R LC BJ Anatidae Dendrocygna autumnalis asa-branca R LC SO Caprimulgidae Chordeiles rupestris bacurau-da-praia R LC CA-BA Anatidae Cairina moschata pato-do-mato R LC AS-CA Trochilidae Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde R LC AS Cracidae Penelope superciliaris jacupemba R LC RM Trogonidae Trogon melanurus surucuá-de-cauda-preta R LC BJ Cracidae Penelope jacquacu jacu-de-spix R LC RM Trogonidae Trogon viridis surucuá-grande-de-barriga-amarela R LC BJ Cracidae Aburria cumanensis jacutinga-de-garganta-azul R LC RM Trogonidae Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha R LC AS Cracidae Ortalis guttata aracuã-pintado R LC BF Alcedinidae Megaceryle torquata martim-pescador-grande R LC AS-BF-BA Cracidae Pauxi tuberosa mutum-cavalo R LC AS Alcedinidae Chloroceryle americana martim-pescador-pequeno R LC BF-BJ-SO Odontophoridae Odontophorus gujanensis uru-corcovado R NT RM Alcedinidae Chloroceryle inda martim-pescador-da-mata R LC AS Odontophoridae Odontophorus stellatus uru-de-topete R LC RM Momotidae Momotus momota udu-de-coroa-azul R LC BJ Phalacrocoracidae Phalacrocorax brasilianus biguá R LC AS-CA-BJ-SO Bucconidae Malacoptila rufa barbudo-de-pescoço-ferrugem R LC AS Anhingidae Anhinga anhinga biguatinga R LC SO Bucconidae Monasa nigrifrons chora-chuva-preto R LC BF-CA Ardeidae Tigrisoma lineatum socó-boi R LC RM Bucconidae Chelidoptera tenebrosa urubuzinho R LC CA Ardeidae Agamia agami garça-da-mata R VU RM Capitonidae Capito dayi capitão-de-cinta R VU BF Ardeidae Nycticorax nycticorax savacu R LC BA Ramphastidae Ramphastos tucanus tucano-grande-de-papo-branco R VU AS Ardeidae Butorides striata socozinho R LC CA-SO Ramphastidae Pteroglossus inscriptus araçari-miudinho-de-bico-riscado R LC AS Ardeidae Bubulcus ibis garça-vaqueira R LC AS Ramphastidae Pteroglossus castanotis araçari-castanho R LC AS-BJ Ardeidae Ardea cocoi garça-moura R LC AS-BA Picidae Melanerpes candidus pica-pau-branco R LC BA Ardeidae Ardea alba garça-branca-grande R LC AS-BA Picidae Melanerpes cruentatus benedito-de-testa-vermelha R LC BJ Ardeidae Pilherodius pileatus garça-real R LC SO Picidae Veniliornis passerinus picapauzinho-anão R LC BJ Ardeidae Egretta thula garça-branca-pequena R LC AS-SO Picidae Celeus elegans pica-pau-chocolate R LC BA Threskiornithidae Mesembrinibis cayennensis coró-coró R LC SO Falconidae Daptrius ater gavião-de-anta R LC CA-BA Threskiornithidae Platalea ajaja colhereiro R LC RM Falconidae Ibycter americanus gralhão R LC RM Cathartidae Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha R LC SO Falconidae Caracara plancus caracará R LC SO Cathartidae Cathartes burrovianus urubu-de-cabeça-amarela R LC CA Psittacidae Ara ararauna arara-canindé R LC AS Cathartidae Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta R LC AS - BF-SO Psittacidae Ara macao araracanga R LC RM Cathartidae Sarcoramphus papa urubu-rei R LC AS-BJ Psittacidae Ara chloropterus arara-vermelha-grande R LC CA

58 59 Família Nome do Táxon Nome português Status IUCN Aldeia

Psittacidae Ara severus maracanã-guaçu R LC BA Psittacidae Orthopsittaca manilatus maracanã-do-buriti R LC RM Kai io’ Psittacidae Aratinga weddellii periquito-de-cabeça-suja R LC AS Bom Jesus Psittacidae Pyrrhura perlata tiriba-de-barriga-vermelha R LC AS Psittacidae Brotogeris versicolurus periquito-de-asa-branca R LC RM Psittacidae Brotogeris chrysoptera periquito-de-asa-dourada R LC AS-BA Psittacidae Brotogeris sanctithomae periquito-testinha R LC RM Psittacidae Pionus menstruus maitaca-de-cabeça-azul R LC BA Xai Tam Towi Kuyu Waka hehe’ Mere’ Aohe’ kwiãn Maho’ Kawao Kawao Cururu Tramim kukuruk horocan Towarao Cucuruk Psittacidae Amazona farinosa papagaio-moleiro R NT AS Oro Koö Mummun Oro macan Toromomom Capoerinha

Psittacidae Amazona ochrocephala papagaio-campeiro R LC AS Cao Hwam Maho’ ara horowa’ Psittacidae Deroptyus accipitrinus anacã R LC BJ Thamnophilidae Thamnophilus doliatus choca-barrada R LC BJ-BA Thamnophilidae Thamnophilus aethiops choca-lisa R LC BJ Thamnophilidae Taraba major choró-boi R LC RM Thamnophilidae Sciaphylax hemimelaena formigueiro-de-cauda-castanha R LC AS-BJ Tam Towi Cuju Arayi Waka Aohe’ kwiãn Kawao Kawao Kawao wuwu’ Cururu Tramim horocan Towarao Cucuruc Oro Koö

Thamnophilidae Phlegopsis nigromaculata mãe-de-taoca R LC RM Mummun Oro macan Waka horon Waka Maho’horon Bom Futuro Maho’ horowa’

Dendrocolaptidae Dendrocincla fuliginosa Cucuruk Corowa arapaçu-pardo R LC AS-BJ Ne ne Cahwerein Dendrocolaptidae Dendrocincla merula arapaçu-da-taoca R LC AS-BJ Mere’ mixem xicon Dendrocolaptidae Glyphorynchus spirurus arapaçu-bico-de-cunha R LC BJ Dendrocolaptidae Xiphorhynchus elegans arapaçu-elegante R LC AS-BJ Dendrocolaptidae Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco R LC BA Dendrocolaptidae Dendrocolaptes certhia arapaçu-barrado R LC BJ Xai Tam Araji Towí Cuju Copa Pixap Pixap Aohe’ Pipridae kwiãn Pipra fasciicauda uirapuru-laranja wuwu’ R LC AS Cururu Tramim Towarao Cucuruc Cucuruc Oro watam Waka horon Waka Pipridae Ceratopipra rubrocapilla cabeça-encarnada R LC AS Maho’horron Waka tum Waka Maho’ horowa’ Cawao’ Cotone Santo Andre Cucuruk Corowa Ca oh’ Towo Towo Towo Ca oh’ Towo Towo Ca oh’ Mummun/Mumup

Tityridae Schiffornis turdina flautim-marrom R, E LC BJ Mixenxicon/Kukukik Oro macan/Oro makan Ne ne Cahwerein/Aohe Tityridae Pachyramphus marginatus caneleiro-bordado R LC AS Cotingidae Gymnoderus foetidus anambé-pombo R LC BJ Tyrannidae Attila spadiceus capitão-de-saíra-amarelo R LC AS Tyrannidae Myiarchus sp. maria-cavaleira R LC CA

Tyrannidae Philohydor lictor bentevizinho-do-brejo R LC BJ Xai Arayi Aohe Mere Cuyu Tona’ Waka Wayo Aohe’ Kawao Tramim Korocan Sotério Towarao’

Hirundinidae Atticora fasciata Corowana peitoril R LC AS-CA Oro macan Charac charac Mumum mumum Hirundinidae Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora R Kawao towo LC AS Maho’ ana horowa Hirundinidae Progne tapera andorinha-do-campo R LC BA Hirundinidae Tachycineta albiventer andorinha-do-rio R LC AS-CA Donacobiidae Donacobius atricapilla japacanim R LC AS Icteridae Cacicus cela xexéu R LC RP Thraupidae Ramphocelus carbo pipira-vermelha R LC SO-BA Hié Coju Toná waká Arajú Waká Mahó Mahó

Thraupidae Tangara episcopus hauhé sanhaçu-da-amazônia R LC kawao AS-BA Kururu mumun Towarao Kru kruk Taramim Horo Kan Panay Trico Panay Oro makan Thraupidae Tangara palmarum Ara kon mé sanhaçu-do-coqueiro R LC BA wijiman waka Nenen kaheren Barranquilha Karawana Thraupidae Paroaria gularis cardeal-da-amazônia R LC AS Mexim Xikon Thraupidae Dacnis cayana saí-azul R LC BJ kawao/Kawao towo Ara macao Ardea alba Ardea cocoi Ara ararauna Bubulcus ibis Buteo nitidus Agamia agami Cathartes aura Ceryle torquata Anhima cornuta Butorides striata Coragyps atratus Ara chloropterus Anhinga anhinga Os nomes na língua foram organizados de acordo com as aldeias visitadas Os nomes na língua foram organizados de acordo com as aldeias Crypturellus soui Cairina moschata Amazona farinosa Aratinga weddellii Prancha/Aldeia Aburria cumanensis Busarellus nigricollis Dendrocincla merula Crypturellus cinereus Brotogeris chrysoptera Brotogeris versicolurus Crypturellus undulatus Crypturellus variegatus Dendrocincla fuliginosa Amazona ochrocephala Crypturellus parvirostris Brotogeris sanctithomae Listas das espécies de aves citadas durante as oficinas e dias de campo na Terra Indígena Pacaás Indígena Pacaás Listas das espécies de aves citadas durante as oficinas e dias campo na Terra Novas.

60 61 Kai io’ Bom Jesus Xai Tam Towi Kuyu Waka hehe’ Mere’ Aohe’ kwiãn Maho’ Kawao Kawao Cururu Tramim kukuruk horocan Towarao Cucuruk Oro Koö Mummun Oro macan Toromomom Capoerinha Cao Hwam Maho’ ara horowa’ Tam Towi Cuju Arayi Waka Aohe’ kwiãn Kawao Kawao Kawao wuwu’ Cururu Tramim horocan Towarao Cucuruc Oro Koö Mummun Oro macan Waka horon Waka Maho’horon Bom Futuro Maho’ horowa’ Cucuruk Corowa Ne ne Cahwerein Mere’ mixem xicon Xai Tam Araji Towí Cuju Copa Pixap Pixap Aohe’ kwiãn wuwu’ Cururu Tramim Towarao Cucuruc Cucuruc Oro watam Waka horon Waka Maho’horron Waka tum Waka Maho’ horowa’ Cawao’ Cotone Santo Andre Cucuruk Corowa Ca oh’ Towo Towo Towo Ca oh’ Towo Towo Ca oh’ Mummun/Mumup Mixenxicon/Kukukik Oro macan/Oro makan Ne ne Cahwerein/Aohe Xai Arayi Aohe Mere Cuyu Tona’ Waka Wayo Aohe’ Kawao Tramim Korocan Sotério Towarao’ Corowana Oro macan Charac charac Mumum mumum Kawao towo Maho’ ana horowa Hié Coju Toná waká Arajú Waká Mahó Mahó hauhé kawao Kururu mumun Towarao Kru kruk Taramim Horo Kan Panay Trico Panay Oro makan Ara kon mé wijiman waka Nenen kaheren Barranquilha Karawana Mexim Xikon kawao/Kawao towo Ara macao Ardea alba Ardea cocoi Ara ararauna Bubulcus ibis Buteo nitidus Agamia agami Cathartes aura Ceryle torquata Anhima cornuta Butorides striata Coragyps atratus Ara chloropterus Anhinga anhinga Os nomes na língua foram organizados de acordo com as aldeias visitadas Os nomes na língua foram organizados de acordo com as aldeias Crypturellus soui Cairina moschata Amazona farinosa Aratinga weddellii Prancha/Aldeia Aburria cumanensis Busarellus nigricollis Dendrocincla merula Crypturellus cinereus Brotogeris chrysoptera Brotogeris versicolurus Crypturellus undulatus Crypturellus variegatus Dendrocincla fuliginosa Amazona ochrocephala Crypturellus parvirostris Brotogeris sanctithomae Listas das espécies de aves citadas durante as oficinas e dias de campo na Terra Indígena Pacaás Indígena Pacaás Listas das espécies de aves citadas durante as oficinas e dias campo na Terra Novas.

61 yop’ Kai io’ Kai io’ Oro xijain Bom Jesus Tikio Arayi hehe’ Wayo Towin Tarara Kawik Horoc Karara Kawao Kawao Arapari Juri Cuhweo’ Makawao Pere keke Pere Me komowa Howata cao’ Capoerinha Aramam Tocwa Ne ne Cahwerein Pixan Waka Mere’ Towin Tarara Horoc Camo’ Camo’ Arapari Juri He e’ et He e’ et Tatarawi wuwreo’ Cuhweo’ Arako me Cao’ mon Oro watam Me comowa Howata cao’ Bom Futuro Waka Tama Tama Tama Waka Ne ne Cahwerein Truk Awu Wojo Wojo Pixan Mere’ Towin Tarara Horoc Horoc Camo’ Camo’ Arapari Arapari Juri Tatarawi Caji me’ Wet wet Wet Cuhweo’ Wata cao’ Wata Oro xijain Me comowa Santo Andre Ne ne Cahwerein Ca oh’ Towo Towo Towo Ca oh’ Waka Tama Tama/Waka Tama Waka Mere ye Pixan Arum Towin Kowic Horoc Camo’ Camo’ Wet wet Wet yuri yuri’ Sotério Me Comowa Wayo Kowio’ Wayo Wataca Wataca Wataca Ne ne cahwerein Kawao towo Wayo Kamó Kamó Towin Tarara kawao kawao Koweu juri Tatarawi Kaumon Wiu wiu Wiu Komowa Ara pariri Pre ke ké Oro watam Tok tok Kom Tok Tok tok Kom Tok Me Komowa wataka Nenen kaheren Barranquilha Mere nei Kayiwa Egretta thula Platalea ajaja Jacana jacana Psophia viridis Psophia Ortalis guttata Pauxi tuberosa Pauxi Harpia harpyja Rynchops niger Eurypyga helias Pyrrhura perlata Malacoptila rufa Phaetusa simplex Pionus menstruus Pionus Penelope jacquacu Penelope Ibycter americanus Elanoides forficatus Pilherodius pileatus Pilherodius Prancha/Aldeia Sarcoramphus papa Schiphornis turdinus Morphnus guianensis Penelope superciliaris Penelope Rupornis magnirostris Rhamphastus tucanus Orthopsittaca manilata Dendrocolaptes certhia Odontophorus stellatus Glyphorynchus spirurus Sciaphylax hemimelaena Dendrocygna autumnalis Phalacrocorax brasilianus Phlegopsis nigromaculata Odontophorus gujanensis

62 Pixan’ Bom Jesus Tara Waka Jamop Wanaran korowana Capoerinha Mata, deixa jogada para estragar e pegar os ossos. Guarda o osso. Olha para mulher bonita e se apaixona a pena desse animal coloca no fogo até Pega virar pó e faz chá com o para picada de qualquer cobra. Quem mata a arara depois que morre, volta no espírito da arara. Quando mata tem que esperar as penas assentarem se não o espírito vem para pegar o filho do caçador Quando canta alguém morre História Jamop Cojam Wanaran Xi tao tao’ Bom Futuro Waka tum Waka Thamyres Tatiana Selma Thamyres Thamyres Pesquisador não-Indigena Pesquisador Towí mirin Pixap Jamop Prapad horocan Wanaran Waka’ ho Waka’ Santo Andre Towí Waka Jamop Wanaran Sotério Abelino Oro Nao Oro Nao Pedro Josué Oro Jowin’ Hamilton Oro Nao Josimar Oro Nao Pesquisador Indígena Pesquisador Paca Paca Tokwi Paca Paca waká Kamak yamop Wanaran korowaná Nome na Lingua Tarara Jamop Tramim Wayo Barranquilha Espécie Eurypyga helias Tinamus tao Ara macao Harpia harpyja Glaucidium sp. Tinamus tao Taraba major Taraba Tinamus major Trogon curucuri Trogon Tinamus guttatus Tigrisoma lineatum Prancha/Aldeia Tachicineta albiventer Tachicineta Xyphorhyncus elegans Aldeia Barranquilha Santo André Santo André Capoeirinha Barranquilha Histórias relacionadas com as aves da região relatadas pelos indígenas da TI Pacaás Novas Histórias relacionadas com as aves da região relatadas pelos indígenas TI Pacaás

63 Modo de preparo Queima a pena e faz chá chá com a pena Faz chá com a pena Faz faz chá com a pena Coloca a criança sobre panela com carne cozida para pegar vapor faz moqueado na palha e usa o vapor usa o vapor usa vapor e toma o chá cha cha cozinha a carne bem para tirar banha e guarda banha e dar para pessoa que tá com gripe faz caldo gripe gripe gripe gripe febre Uso Febre/tosse gripe ou febre picada de cobra picada de cobra picada de cobra Picada de Cobra Picada febre/dor de cabeça picada de escorpião Febre/ Dor de cabeça dor de cabeça/pressão hepatite/febre/malaria/gripe Pena Pena Pena Pena Pena Pena Pena pena carne carne carne penas penas figado moela banha Nome indígena da ave utilizada Parte yamop Jamop Wanaran Tona’ Corowana Jamop Towí kwiãn Horoc Oro macan Jamop Wanaran Towi kwiãn Oro macan Arayi Tinamus tao Tinamus tao Tinamus major Crypturellus undulatus Brotogeris versicolurus Tinamus tao Tinamus guttatus Crypturellus soui Odontophorus stellatus Ara ararauna Tinamus tao Tinamus major Crypturellus soui Crypturellus undulatus Ara ararauna Ara chloropterus AldeiaBarranquilha Sotério Espécie Sotério Sotério Sotério Santo Andre Santo Andre Santo Andre Santo Andre Santo Andre Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Espécies de aves utilizadas para o preparo de remédios pelos indígenas na TI Pacaás Novas. Espécies de aves utilizadas para o preparo remédios pelos indígenas na TI Pacaás

64 EEm Baranquilha o melhor período de pesca apontado foi a ICTIOFAUNA seca. “Na cheia é difícil pegar peixe, eles ficam escondidos no O inventário ictiofaunístico foi montado utilizando o etnoco- gapó. Na seca é melhor, mas também tá difícil, porque o nhecimento, além de algumas técnicas de pescarias indígenas. pirarucu ta acabando com tudo!” Foram feitos 45 questionários os quias alcançaram seis etnias, Janice Oro Nao’ que falam a língua Txapacura, sendo a maioria da etnia Oro ToóTerie Oro Nao’ Nao’. As áreas mais utilizadas em Barranquilha na pesca são lagos, Em todas as aldeias as mulheres entrevistadas afirmaram que baías, rios, igarapés e igapós. só pescam quando os homens não podem ir, usam somente caniço e linhada e nunca vão para longe da aldeia. “Antigamente tinha muito acará-açu na seca, dava de zagaiar e agora não tem mais.” Dos 45 pescadores indígenas, 27 possuem embarcação “Mas, mesmo assim, aqui no Mamoré é muito melhor, lá acessória para auxiliar na pesca, estas são pequenas canoas de no Rio Negro Okaya era muito pobre de peixe.” madeira que normalmente são arrastadas pelas rabetas (em- Janice Oro Nao’ barcações de madeira e motor) até os locais de pesca como ToóTerie Oro Nao’ Modo de preparo Queima a pena e faz chá chá com a pena Faz chá com a pena Faz faz chá com a pena Coloca a criança sobre panela com carne cozida para pegar vapor faz moqueado na palha e usa o vapor usa o vapor usa vapor e toma o chá cha cha cozinha a carne bem para tirar banha e guarda banha e dar para pessoa que tá com gripe faz caldo nos igapós, estes são ambientes alagadiços e possuem muitas vegetações, estas canoas facilitam a entrada nessas áreas. Os Peixes Segundo os dados coletados, o melhor período para pescar apontado foi o “dia” com 32 indicações. Alguns informaram Foram identificados 52 espécies de peixes utilizados para que a escolha pelo “dia” é devido ser mais seguro e que só subsistência ou venda do excedente, sendo elas 20 da ordem saem para pescar a noite em extrema necessidade como o Characiformes, 2 Clupeiformes, 1 Meyliobatiformes, 1 Osteo- gripe gripe gripe gripe febre Uso caso de falta de comida em casa. O melhor período de pesca glossiformes e 22 Siluriformes. Esta lista corrobora com as listas

Febre/tosse citada no presente trabalho foi a “seca”. E os melhores meses de espécies encontradas por Queiroz et al. (2013) para a mes- gripe ou febre picada de cobra picada de cobra picada de cobra Picada de Cobra Picada ma área, além de corroborar com dados do LIP (Laboratório

febre/dor de cabeça para pesca foram os meses de agosto, setembro, outubro, no- picada de escorpião Febre/ Dor de cabeça dor de cabeça/pressão vembro, janeiro, fevereiro e março. de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia) hepatite/febre/malaria/gripe não publicados.

Os indígenas das Aldeias Santo André e Bom Futuro possuem Artefato de pesca e indígena pescando. Fotos: Gabriel Uchida/Kanindé. uma mesma área de pesca. Utilizam áreas de baías, igapós, igarapés e o rio Pacaás Novos.

Os indígenas da Aldeia de Capoeirinha pescam no período Pena Pena Pena Pena Pena Pena Pena

pena da seca na área da baía “do Capoeirinha” em frente a aldeia e carne carne carne penas penas figado moela banha no rio “Pacaás Novos”, na cheia entram nos igapós e igarapés para pescar, não vão muito longe, pescam sempre nas áreas próximas a aldeia.

As Aldeias do Sotério e Bom Jesus utilizam a mesma área de pesca. Utilizam áreas de baías, igapós, igarapés e o rio Negro Sotério. Na aldeia Bom Jesus possui um pescador profissional, o Cacique Ezaquel Oro Nao’ ele é filiado a colônia de Gua- jará-Mirim Z-2, paga as taxas mensais e recebe o “defeso” pago pelo Governo Federal. Nome indígena da ave utilizada Parte yamop Jamop Wanaran Tona’ Corowana Jamop Towí kwiãn Horoc Oro macan Jamop Wanaran Towi kwiãn Oro macan Arayi “Sou pescador profissional desde 1998, igual ao bran- co, eu sei remendar malhadeira, fazer malhadeira, tenho muito material de pesca.” “Pescava no rio Mamoré e nas terras indígenas também, ai, quando veio a proibição, quando não podia mais o branco entrar na área indígena, eu parei e vim morar no Sotério,” “Nos anos de 1998 e 2000 tinha muito peixe no rio

Tinamus tao Tinamus tao Tinamus major Crypturellus undulatus Brotogeris versicolurus Tinamus tao Tinamus guttatus Crypturellus soui Odontophorus stellatus Ara ararauna Tinamus tao Tinamus major Crypturellus soui Crypturellus undulatus Ara ararauna Ara chloropterus Mamoré, eu pescava de arrastão e em uma lanceada, eu pegava 1 a 2 toneladas de peixe. Pegava todo tipo de peixe, curimatã, tambaqui. E eu encontrava eles tudo junto! Enchia a caixa!! De um a dois dias já acabava a pescaria, o barco já ficava cheio!” Ezequiel Oro Nao’ – Cacique da Aldeia Bom Jesus. AldeiaBarranquilha Sotério Espécie Sotério Sotério Sotério Santo Andre Santo Andre Santo Andre Santo Andre Santo Andre Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Bom Futuro Espécies de aves utilizadas para o preparo de remédios pelos indígenas na TI Pacaás Novas. Espécies de aves utilizadas para o preparo remédios pelos indígenas na TI Pacaás

64 65 ------Pita xikin Miwat Xu xu’ Xu xu’ pakorom Ara pacun Ta hwi yan Ta hwi yan Ta Ram ram kimo Barranquilha ------Pita Xikin Miwat Xu xu’ Xu xu’ pakorom Sotério/ Ara pacun Ta hwi yan Ta hwi yan Ta Bom Jesus Ram ram kimo ------Pita Xikin Camiyi kokorop Tohwi ya Tohwi Oro naim Ara pakun Ara karapa Kao memem Capoerinha

------Nome na Língua Txapacura towo Xu xu Xi kim Mi wat Hoh hoh Tohrerjan ko rop Arapakun Arapakun ara pakun towo Arakarapa/ Trapi/xu xu Trapi/xu Pita/mexem mexem/ towo Bom Futuro mexem mexem/ Oro xiko tohrerjan ------coca Xu xu’ Mi wat Taramac wurucum Ara pacun Ara werein Ara werein homa pacarop/tacao werein cataxic Ara werein/ara Santo Andre Ti quim/ xiquin Ti Toramac toramac Toramac Towigan/toh ur jan Towigan/toh Jeju Pacu Traíra Cubiu Piranha Sardinha Matrinxã Pirandirá Jatuarana Tambaqui Pirapitinga Branquinha Piau/Aracus Cachorrinha Peixe cachorro Peixe Facão (cachorra) Facão Nome Popular Jaraqui de escama fina Quebra galho/ curimatã Jaraqui de escama grossa Flexeira / piaba do rabo vermelho taeniurus orinocensis e H. armatus e H. Curimata sp., Hemiodus sp. Schizodon sp. Leporinus spp. Leporinus Triportheus sp. Triportheus Smaprochilodus Potamorhina sp, Potamorhina Psectrogaster sp. Psectrogaster Acestrorhyncus sp. Brycon amazonicus Hidrolicus armantus Hoplias malabaricus Nome Científico Rhaphiodon vulpinus Brycon melanopterus Prochilodus nigricans Prochilodus Piaracus brachypomus Piaracus Smaprochilodus insignis Hydrolicus scomberoide trus sp e Serrasalmus sp. Colossoma macropomum Pristobrycon sp., pygocen- Pristobrycon Hoplerythrinus unitaeniatus Mylossoma sp. e Mileus Anodus elongatus e Nome das espécies Família Caracidae Erythrinidae Curimatidae Anostomidae Serrasalmidae Cynodontidae Hemiodontidae Pronchilodontidae Acestrorhynchidae Ordem Characiformes Tabela: Lista de espécies encontradas na pesca de subsistência da Terra Indígena Pacaás Novas, durante a pesquisa de campo. Indígena Pacaás da Terra Lista de espécies encontradas na pesca subsistência Tabela:

66 ------Kio Koka’ Koka’ Takao Naxo’ Nanakan Ara takao ara tarawan Ara tarawan Homa homa Kok-ta’/coc ta Kok-ta’/coc Barranquilha ------Kio Koka’ Koka’ Takao Naxo’ Nanakan Ara takao Sotério/ ara tarawan Ara tarawan Homa homa Bom Jesus Kok-ta’/coc ta Kok-ta’/coc ------Takao Ximin Katun Naxo’ Ara takat Nanakan Hon hon ara tarawan Ara tarawan Capoerinha ------Papa’ hwan Ximin Naxo’ Aratacao Arapapa’ Nanakam Araye/kio’ aratarawan Aratarawan Homa homa Oro vimain kaji Bom Futuro Ko ka’/ hon hoo’ ka’/ Ko Mama pakun urnakon ------Papa Naxo Tacao Quio’ Hot hot Aratacao Nanacan ara tarawan Aratarawan/ Nim/ara nim Homa homa Santo Andre Bodó Acará Arraia Babão Filhote Cangati Pescada Pirarucu Tamoatá Surubim Caparari Dourada Tucunaré Mandubé Acará-açu Piramutaba Bacu pedra Acará disco Nome Popular Peixe sabão/jacundá Peixe Sardinhão/apapá branco Arapapá/ apapá amarelo Cichla sp. rousseauxii A. ocellatus platynemum filamentosum aequifasciatus Liposarcus sp. Symphysodon Crenicichla sp. Arapaima gigas Brachyplatystoma Brachyplatystoma Brachyplatystoma Pellona flavipinnis Pellona Lithodoras dorsalis Ageneiosus inermis, Nome Científico Trachelyopterus spp. Trachelyopterus Pellona castelnaeana Pellona Potamotrygon motoro Potamotrygon Hoplosternum littorale Astronotus crassipinnis, A. brevis, ucayalensis Uaru amphiacanthoides, branchus sp., Hoplarchus spp., Heros Chaeto- Brachyplatystoma vaillantii sp., Chaetobranchopsis sp. Pseudoplatystoma tigrinum Pseudoplatystoma agusproximus, Satanoperca Plagioscion squamosissimos Pseudoplatystoma punctifer Pseudoplatystoma Mesonauta festivus, Geoph- Cichlidae Scianidae Doradidae Loricariidae Pimelodidae Callichthyidae Arapaimatidae Pristigasteridae Auchenipteridae Potamotrygonidae Ordem Família Perciformes Perciformes Siluriformes Clupeiformes Myliobatiformes Osteoglossiformes

67 ------Wapakan Barranquilha ------

Sotério/ Wapakan Bom Jesus ------Wapakan/opa’ Capoerinha Nome na Língua Txapacura ------Nim komeren Komeren Komeren Wapacan Kayi hwam Bom Futuro ------Wapacan Santo Andre Jau Jundiá Mandi Pirarara Mapará Peixe lenha Peixe Barba-chata Bico de pato Braço de moça Nome Popular Piracatinga/pintadinha Hemisorubim Sorubim lima, platyrhynchos hemioliopterus e H. marginatus e H. Pimelodina sp. e Pimelodina Phractocephalus Zungaro zungaro Pimelodus blochii, Pimelodus Propimelodus spp. Propimelodus Leiarius marmoratus Leiarius Nome Científico Pinirampus pirinampu Pinirampus Calophysus macropterus S. elongatus, Maniradi Sorubimichthys planiceps Hypophthalmus edentatus Nome das espécies Família Pimelodidae Ordem Siluriformes Tabela: Lista de espécies encontradas na pesca de subsistência da Terra Indígena Pacaás Novas, durante a pesquisa de campo. Indígena Pacaás da Terra Lista de espécies encontradas na pesca subsistência Tabela:

68 As espécies mais apreciadas para subsistência são: tucunaré, •a “banha” do mandi utiliza-se para “sapinho”; jatuarana, piau, tambaqui, piranha, acará, acará-açu, traíra, •o fígado da arraia é utilizado para problemas de surubim, cangati, quebra-galho, pirapitinga, mandi, pirarucu, coração e vômito. ------matrinxã respectivamente. Wapakan Para extrair a “banha” (óleo) para preparar os remédios, os

Barranquilha Algumas espécies de peixes foram apontados pelos indígenas peixes são moqueados em folhas de babaçu ou bananeira. como espécies invasoras. Na região do Rio Pacaás Novos além No caso do fígado, ele é macerado e acrescentado água para do pirarucu foram apontados o mapará, o mandubé e o jara- beber. Dos 45 entrevistados, 17 não souberam responder. ------qui. Alguns informaram que o mapará e o mandubé chega- ram depois da grande cheia de 2014. Já na área do rio Negro Sotério/ Wapakan Bom Jesus Sotério a espécie apontada foi o jaraqui, segundo os indígenas Tabus Alimentares essa espécie surgiu nos últimos oito anos. A quantidade é tão grande que no verão chegam a pular dentro das canoas, estas Alguns peixes são considerados “impuros” ou “reimoso” e por espécies comem as ovas dos peixes sedentários como a ova do isso pessoas enfermas evitam comer em períodos de processos ------tucunaré, acará e acará-açu. inflamatórios, as mulheres de resguardo também não comem, pois pode infeccionar o umbigo do bebê e o surubim também Wapakan/opa’ Capoerinha O cacique Ezaquel também informou que o jaraqui vem au- é evitado, pois alguns alegam que pode causar reumatismo. mentando durante os anos e a curimatã esta diminuindo cada vez mais. De acordo com os indígenas as espécies têm suas ocorrências

Nome na Língua Txapacura mais marcantes em períodos distintos. Na tabela a seguir está ------

Nim representada as espécies e o período de maior ocorrência na komeren Komeren Komeren Wapacan Kayi hwam Con‘itos na pesca pesca. Bom Futuro

Em todas as aldeias, os entrevistados informaram não haver conflitos relacionados com a pesca. Nem entre as Aldeias e

------nem com os “homens brancos”, mesmo com a área indígena Período em que as espécies ocorrem segundo fazendo fronteira com Reservas Extrativistas e outros países Wapacan os pescadores indígenas da T.I. Pacaás Novas

Santo Andre como no caso da Bolívia. Espécies Cheia Vazante Seca Enchente Arraia X X Artefatos de pesca Cangati X

Foram identificados 10 tipos de apetrechos utilizados pelos Acará X X X X indígenas das aldeias participantes da T.I. Pacaás Novas, con- Acará-açu X X X X Jau Jundiá Mandi forme tabela a seguir: Pirarara Mapará Jaraqui X X Peixe lenha Peixe Barba-chata Bico de pato

Braço de moça Jacundá X

Nome Popular Apetrechos de pesca utilizados pelas Piracatinga/pintadinha aldeias participantes da T.I. Pacaás Novas. Jatuarana X X X Jeju X X X Apetrecho de pesca Nome na linguaTxapacura Mandi X X Linhada macuripi - mahwiri-pí–makwipiri Mandubé X X Caniço Peppra Matrinxã X X X Flecha cahuru’ - caruhu, kahuru Matupiri X X X X Malhadeira caxicon won Pacu X X X Hemisorubim Sorubim lima, platyrhynchos

hemioliopterus Zagaia mamxucunpa wa e H. marginatus e H. Pimelodina sp. e Pimelodina Phractocephalus Zungaro zungaro Pimelodus blochii, Pimelodus Propimelodus spp. Propimelodus Piau X X X Leiarius marmoratus Leiarius Nome Científico

Pinirampus pirinampu Pinirampus Espinhel - Calophysus macropterus S. elongatus, Maniradi Sorubimichthys planiceps Hypophthalmus edentatus Piranha X X X X Arrastão - Pirapitinga X X X Nome das espécies Paneiro coco Pirarara X Timbó moWa Pirarucu X X Barragem Jihot Peixe Cachorro X X X Família Pimelodidae Quebra-Galho X X X X O uso do pescado na Sardinha X Medicina Tradicional Sardinhão X X

Surubim X X X X Alguns peixes são utilizados na medicina tradicional: • a “banha” de arraia é utilizada para doenças respi- Tambaqui X X X X

Ordem ratórias como asma e bronquite; Traíra X X X X Siluriformes • a “banha” da traíra é utilizada para dores de ouvido; Tucunaré X X X X Tabela: Lista de espécies encontradas na pesca de subsistência da Terra Indígena Pacaás Novas, durante a pesquisa de campo. Indígena Pacaás da Terra Lista de espécies encontradas na pesca subsistência Tabela:

68 69 “Os Wari não comem muito pirarucu, preferem os peixes As armadilhas ficaram ativas por um período de 180 dias, 24 cateto, jaguatirica, onça-pintada, tatu-canastra, mão-pelada, Espécies invasoras miúdos como, o cangati, branquinha, sardinha, piabas, horas/dia, totalizando 4.320 horas de armadilhamento fo- veado-roxo e queixada. Cachorro-do-mato (vídeo) e taman- mandis, traíras, esses sim são os preferidos dos Wari.” tográfico. Todas foram armadas na primeira campanha de cam- duá-bandeira (vídeo). Durante as visitas as aldeias, algumas espécies foram aponta- Os Wari só matam o que conseguem comer e dividir com po que aconteceu no período de 11 a 19 de março de 2016. das como invasoras na região do rio Pacaás Novos, segundo os seus parentes e aldeia.” Foram escolhidos locais com maior atividade de mamíferos, Uma oficina de uso da fauna de mamíferos foi realizada na indígenas das aldeias Bom Futuro, Santo André e Capoeirinha, por exemplo: barreiros, comedouros, carreiros, tocas, áreas aldeia Santo André (23 de abril de 2017), com participação de Cacique Leonel - Cacique da Aldeia Barranquilha as espécies de jaraqui (Semaprochilodus sp.) e de mapará próximas a igarapés e locais de espera de caçadores locais. representantes (crianças, jovens, adultos e idosos) de outras (Hipophthalmus sp.) apareceram após a cheia de 2014. Para maior aproveitamento das baterias, preferiu-se utilizar aldeias como: Graças a Deus, Bom Futuro, Bom Jesus, Sotério Na área de pesca das Aldeias do Sotério e de Bom Jesus, cinco (5) câmeras em modo “fotográfico”, e duas (2) câmeras e Boa Esperança. A oficina teve por objetivo o levantamento O pirarucu também foi apontado como invasor, sendo en- segundo o cacique Ezaquel Oro Nao’, no período da cheia em modo “filmagem”. das espécies de mamíferos de médio a grande porte que são contrado nas baías da aldeia de Capoeirinha, Barranquilha, o pirarucu sobe o rio Negro Sotério acompanhado de seus utilizadas tradicionalmente - alimentação, artesanato, remé- Sotério e Bom Jesus. filhotes e entra nos igarapés para encontrar baías ou lagos para Através do método de armadilhamento fotográfico (fotos/ dio - pelas comunidades. Os participantes relataram o uso de que seus filhotes possam crescer. E no período da vazante eles vídeos) foi possível registrar a ocorrência de treze (13) es- 25 espécies de médio a grande porte, conforme descrito na O Pirarucu voltam para o rio a para caçarem. pécies de mamíferos de grande porte: anta, veado-vermelho, tabela abaixo.

O pirarucu (Arapaima gigas) é um peixe territorialista encon- O Jaraqui Tabela - Lista de espécies de mamíferos caçadas para a subsistência do Povo Oro Nao trado na maioria das vezes em lagos e baías, não realiza mi- Espécie/Nome comum Nome na língua Oro Nao’ Uso grações consideráveis, pertence à Família Osteoglossidae, é O Semaprochilodus sp. é uma espécie de porte grande, de- Cuniculus paca / paca Micop alimentação e remédio um peixe com características primitivas encontrado na Améri- tritívoro, alimenta-se de matérias orgânicas, algas, bactérias e ca do Sul. É uma espécie carnívora, que consome basicamente outros microorganismos encontrados no substrato, seu perío- Alouatta seniculus / guariba Werem alimentação do de desova ocorre na enchente. Toda a espécie desse gêne- peixes e ocasionalmente camarões, caranguejos e insetos, Cerdocyon thous / cachorro-do-mato Ororoin’ não é utilizada possui respiração aérea obrigatória, o que permite ao pirarucu ro tem valor econômico no Estado, considerado um peixe de permanecer vivo fora da água por mais de 24 horas, desde segunda. Bradypus variegatus / bicho-preguiça Xomin não é utilizada que seu corpo seja mantido úmido. A tomada de ar atmosféri- Choloepus hoffmani / bicho-preguiça Xomin alimentação co é vital e os adultos não conseguem permanecer submersos O Mapará Cabassous unicinctus / tatu-de-rabo-mole Corá alimentação por mais de 40 minutos. Esta necessidade de repetidas subidas à superfície d’água acaba constituindo uma grande ameaça Esta é uma espécie planctívora, consome microcrustáceo, al- Sapajus apella / macaco-prego Jowin alimentação gas, larvas de insetos e outros itens pequenos filtrados na colu- para ele, para os adultos, que se tornam alvosda pesca, e para Atelocynus microtis / cachorro-do-mato Oro tapan alimentação osjovens que se tornam alvos fáceis para os predadores, prin- na d’água. Sua desova é parcelada no período de final de seca cipalmente as aves (Santos, 2006). e início de enchente. Não possui valor econômico na região. Coendu prehensilis / quandu Pitop alimentação e artesanato Dasyprocta variegata / cutia Piwa alimentação e artesanato Apontado pelos indígenas como um peixe intruso em alguns Recomendações Dasypus novemcinctus / tatu-galinha Crivari’ alimentação ambientes da T.I. Pacaás Novas se faz necessário um estudo mais aprofundado da espécie para implementação de um Faz – se necessário realizar um estudo de manejo de pesca Dasypus kappleri / tatu-de-quinze-quilos Picot alimentação manejo de pesca. do pirarucu e demais peixes para a região e um estudo mais aprofundado da área para avaliar as possibilidades do uso de Didhepis marsupialis / mucura Waxic alimentação Nas aldeias de Santo André e Bom Futuro o pirarucu não foi tanques escavados. Eira barbara / irara Xac tawi alimentação relacionado com a pesca. Herpailurus yaguarondi / Gato-mourisco Caxicon copacao não é utilizada Hydrochoerus hydrochaeris / Capivara Camo alimentação e artesanato Na aldeia de Capoeirinha são encontrados na “Baía Grande”. Os indígenas da aldeia de Capoeirinha não pescam o piraru- MASTOFAUNA Leopardus pardalis / jaguatirica Pa’pa’ taramin não é utilizada cu. A classe de mamíferos apresenta uma riquíssima variação de Leopardus wieddi / jaguatirica Ara xiri alimentação espécies, tamanho corpóreo, hábitos de vida e preferência de Leopardus tigrinus / gato-do-mato Caxicon copacao não é utilizada “Eles boiam bastante, mostrando o lombo fora d’água”. habitats. Assim sendo, para se realizar pesquisas e inventári- Zilton Oro Nao’ - Cacique da Aldeia de Capoeirinha. os com estes grupos, se faz necessária a utilização de várias Mazama americana / veado-vermelho Comem alimentação metodologias específicas para cada diferentes grupos de es- Mazama gouazoubira / veado-roxo Cotowa’ alimentação Em Barranquilha poucos consomem o pirarucu, então eles só pécies (CULLEN JR. et al., 2006). praticam a pesca dele próximo a períodos que eles necessitam Myrmecophaga tridactyla / tamanduá-bandeira Pijiman alimentação ir à cidade, porque podem levar o excedente do pescado para Nos últimos anos, o número de trabalhos que estudam Nasua nasua / quati Cawatá alimentação a venda complementando suas rendas. Todos os entrevistados mamíferos aumentou de forma considerável. O conhecimen- Panthera onca / onça-pintada Copacao’ ururu - ururu alimentação apontaram o pirarucu como invasor de áreas e alegam que o to da biologia dessas espécies, tem colocado em evidência mesmo esta acabando com as outras espécies. Na boca do a importância desses animais nos processos ecológicos dos Potos flavus / gogó-de-sola Xuxu alimentação igarapé Barranquilha foram visualizados pirarucus boiando. ecossistemas, principalmente na Amazônia. Espécies frugívo- Priodontes maximus / tatu-canastra Tiquipan alimentação ras e herbívoras como: antas, veados, porcos-do-mato e roe- Procyon cancrivorus / mão-pelada Aracawatá não é utilizada “A baía meia Lua antigamente era um berçário, encontra- dores de grande porte (paca, cutia…), desempenham um va todo tipo de peixe miúdo, hoje o pirarucu alastrou! Ta papel importantíssimo na manutenção da diversidade de Pteronura brasiliensis / ariranha Moromen não é utilizada comendo tudo! Não pegamos mais peixe miúdo lá! Ficou árvores, através da dispersão e predação de sementes e plântu- Puma concolor / onça-vermelha Irí’ mamop alimentação muito difícil!” las. Enquanto os carnívoros regulam as populações de frugívo- ros e herbívoros, ou seja a natureza busca sempre o equilíbrio. Tamandua tetradactyla / mambira Pic alimentação A aldeia de Barranquilha possui muitos lagos, o lago do Para tanto, durante o período de pesquisa de campo, março a Tapira terrestris / anta Min alimentação Calafate é o maior deles, tem muitos pirarucus lá”. outubro de 2016, foram utilizadas sete (7) armadilhas Tayassu pecari / queixada Mijac alimentação fotográficas (Bushell® Trophy Cam XLT).

70 71 Tabela – Lista de mamíferos de médio a grande porte da Terra Indígena Pacaás Novas, Guajará-Mirim, Rondônia. Atividades de caça do # Espécies levantadas através do método de armadilhamento fotográfico; * Espécies levantadas através de referencial bibliográfico. Povo Oro Nao’ CONCLUSÃO Ordem Família N. Cientifico N. Comum Nome Oro Nao’ Os estudos de avifauna demonstraram que a TI Pacaás No- Cebidae Sapajus apella macaco-prego O conhecimento tradicional pode ser compreendido como vas possui uma alta riqueza de espécies de aves, abrigando Saimiri ustus macaco-de-cheiro um resultado do processo natural de adaptação, resultando espécies vulneráveis de extinção, endêmicas e migratórias. Primates Saguinus fuscicollis Soim-preto Jorevin aquele da coevolução do homem com os elementos do ecos- Além disso, foi possível observar a relação que os indígenas Ateles chamek macaco-aranha sistema ao qual ele está incluso. Para os povos indígenas, a possuem com a avifauna local, na qual a utilizam como ali- Atelidae Alouatta seniculus guariba-vermelho atividade de caça é altamente valorizada. Durante o trabalho mento, remédio, para confecção de artesanato e dentro de de levantamento, percebeu-se que os Oro Nao’ praticam a Aotidae Aotus infulatus macaco-da-noite sua cultura. caça com certa frequência e que algumas espécies são apre- Pitheciidae Phitecia irrorata macaco-velho Werem ciadas e outras não. Durante a oficina de caça, os Oro Nao’ Na ictiofauna, foi verificado que os indígenas utilizam os Callicebus brunneus zogue-zogue relataram o uso de 25 espécies de mamíferos. Dentre as mais peixes basicamente para a subsistência familiar, com exceção Chiropotes albinasus Cuxiú apreciadas pôde-se registrar espécies de porco-do-mato e a mínima de pescadores indígenas que vendem seus exce- Rodentia Dasyproctidae Dasyprocta variegata Cutia-marrom Piwa anta. Espécies de grandes e pequenos primatas como o maca- dentes para auxiliar na renda familiar. Algumas espécies foram Cuniculidae Cuniculus paca Paca Micop co-aranha e macaco-de-cheiro. apontadas por estarem reduzindo de quantidade e de tama- Erethizontidae Coendou prehensilis Porco-espinho Pitop nho, preocupando algumas comunidades. Uma das causas apontadas dessa diminuição é o surgimento do pirarucu, que Hydrochaeridae Hydrochaeris Capivara Camo’ segundo os indígenas não existia na área. Hydrochaeris* Recomendações Sciuridae Sciurus spadiceus* Esquilo Os resultados do levantamento de mastofauna indicam que a Sciurus ignutus* Esquilo Recomenda-se realizar estudos mais detalhados da fauna Terra Indígena Pacaás Novas abriga uma fauna de mamíferos Erethizontidae Coendou prehensilis* Porco-espinho Pitop de mamíferos da Terra Indígena Pacaás Novas, como por com excelente diversidade. Foram registradas espécies listadas Didelphimorphia Didelphidae Didelphis albiventris Mucura Waxic exemplo: como em risco de extinção, por exemplo, tatu-canastra, ta- • A identificação da diversidade de mamíferos presentes em manduá-bandeira, anta, gato-do-mato, onça-pintada e maca- Cingulata Didelphis marsupialis Mucura, gambá Waxic diferentes tipologias da floresta, principalmente nas áreas sem co-aranha. A caça pela comunidade indígena aparentemente Dasypodidae Dasypus novemcinctus Tatu-galinha Crevar’ ocupação humana para determinar com maior precisão a não afeta de forma intensa a riqueza de grandes mamíferos, Dasypus kappleri* Tatu-15 Quilos Picot diversidade de mamíferos; pois foi possível observar espécies que desaparecem rapi- Euphractus sexcinctus* Tatu-peba Corá • A quantificação da densidade populacional de cada espé- damente quando estão sob pressão de caça intensa. Geral- Priodontes maximus* Tatu-canastra# Tiquipan cie; mente, os caçadores indígenas são os mais seletivos na coleta Cabassous unicinctus Tatu-de-rabo-mole Corá • A caracterização ecológica de cada espécie e, especialmente, de animais, respeitando por muitas vezes as crenças e tabus Artiodactyla Tayassuidae Pecari tajacu Cateto# Cataxic a identificação de fatores limitantes e de espécies-chaves para alimentares tradicionais do seu povo. a comunidade de mamíferos como um todo; Tayassu pecari Queixada# Mijac • Levantamento da fauna de mamíferos no entorno para Os resultados deste diagnóstico indicam que a Terra Indíge- Veado vermelho# Comem Cervidae Mazama americana detectar onde a pressão de caça é mais acentuada; na Pacaás Novas desempenha um importante papel na con- Mazama nemorivaga Veado roxo# Cotawa’ • Desenvolver um programa de conscientização ambiental servação da biodiversidade e apresenta um grande potencial Perissodactyla Tapiridae Tapira terrestris Anta# Min junto às comunidades locais, visando garantir sua integração para o desenvolvimento de atividades sustentáveis tanto em Carnivora Canidae Speothos Venaticus Cachorro-do-mato-vinagre Ororoin’ no processo de conservação e manejo da fauna do parque a termos ambientais, como sociais e econômicos. Atelocynus microtis Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas Ororoin’ longo prazo; • Realizar atividade de monitoramento da caça e quantificar a Cerdocyon thous Cachorro-do-mato# Ororoin’ biomassa abatida por caçadores das aldeias. Felidae Panthera onca Onça pintada# Capacao’ ururu-ururu Puma concolor Onça parda Iri’ mamop Leopardus pardalis Jaguatirica# Ara xiri Leopardus tigrinus* Gato-do-mato Caxicon copacao’ Melanerpes candidus - pica-pau-branco Leopardus wiedii Gato-maracajá Caxicon copacao’ Foto Gabriel Uchida Foto: acervo Kanindé Heipailurus yaguarondi Gato-mourisco Caxicon copacao’ Mustelidae Lontra longicaudis* Lontra Pteronura brasiliensis Ariranha Moromen Eira barbara* Irara Xac Tauvi Galictis vittata Furão Mustela africana Doninha-amazônica Procyonidae Nasua nasua Quati Cawata’ Procyon cancrivorus Mão-pelada# Ara cauvata Potos flavus* Jupará Xuxu Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira# Pijiman Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim Pic Pilosa Megalonychidae Choloepus hoffmani Bicho-preguiça, macaco-preguiça Xomin Bradypus variegatus Preguiça-comum, macaco-preguiça Xomin

72 73 de migração externa e interna, principalmente na década CAPITULO 5 PARTE I: de 1990 quando foi instalada a Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim (ALCGM) – atualmente em uma depressão CONDIÇÃO TERRITORIAL econômica profunda com a eliminação de postos de trabalho e de geração de renda. Geograficamente, Guajará-Mirim está localizado no sudoeste rondoniense, faz fronteira com a Bolívia e possui limites terri- A análise sobre a evolução populacional em Guajará-Mirim toriais com os municípios de Nova Mamoré, Governador Jorge indica que a densidade demográfica e o crescimento popula- Teixeira, Campo Novo de Rondônia, São Miguel do Guaporé, cional em números absolutos e em percentuais tem sido menor São Francisco do Guaporé e Costa Marques. do que ocorre em outros municípios, visto que no período de NOSSOS 1991-2010, o incremento foi de 27,85% ao longo de vinte Em conformidade com os dados do Censo Demográfico anos, ou seja, foram adicionadas pouco mais de 9.000 pessoas. 4 (IBGE, 2010) a população somava 41.656 habitantes, dos O relativo lento crescimento pode ser explicado pela saída quais 20.947 homens (50,28%) e 20.709 mulheres (49,72%). da população de Guajará-Mirim para outros municípios com Em termos de distribuição espacial 35.207 pessoas (84,52%) maior expressividade econômica, notadamente para áreas pi- habitam a área urbana e 6.449 moradores (15,48%) a zona oneiras rondonienses e ainda para Porto Velho em decorrência VIZINHOS rural – esta composta em sua maioria por indígenas e extra- da implantação dos empreendimentos hidrelétricos do Com- tivistas. Com área territorial de 24.855,724km², possui uma plexo Rio Madeira. densidade populacional de 1,68hab/km², sendo que a estima- tiva para 2015 era de 46.632 habitantes e apresenta o Índice Em conformidade com os dados do IBGE (2010), Gua- de Desenvolvimento Humano - IDH com 0,657, portanto jará-Mirim apresenta a seguinte estratificação etária: a) 31,65% inferior à média verificada para Rondônia situado em 0,690 entre 0-14 anos; b) 27,90% entre 15-29 anos; c) 35,52% entre (PNUD, 2013). 30-64 anos e que constitui, principalmente, a população eco- nomicamente ativa adulta; d) 4,93% com 65 ou mais anos. O município encontra-se administrativamente inserido na me- Desta forma, conclui-se que aproximadamente 2/3 da popu- sorregião Madeira-Mamoré e na Microrregião Guajará-Mirim, lação é constituída ainda por uma população bastante jovem, além da sede municipal, possui ainda os distritos de Iata e Sur- presa – este último situado nas ime- diações próximas da Terra Indígena Pacaás Novas (TIPN). Como parte do processo de evolução urbana rondo- niense, Guajará-Mirim pertence à 1ª geração e com área de ocupação que remete ao século XVIII, cujo período é marcado pela passagem dos bandeirantes em busca de dro- gas do sertão e captura de indígenas; em seguida pelos seringais e recor- tado pela extinta Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) que liga Porto Velho a Guajará-Mirim, e na atualidade pela BR-425 o qual inter- secciona com as BRs-364 e 421. An- Fonte: IBGE: Censos Demográficos 1991, 2000 e 2010; *Estimativa Populacional (2015). teriormente ao período mencionado a ocupação territorial era realizada por incontáveis etnias indígenas.

Guajará-Mirim. Foto: Alexsander Santa Rosa Gomes/Kanindé DEMOGRAFIA

Este diagnóstico apresenta os aspectos socioeco- Em virtude da dinâmica territorial que ocorre na Em Rondônia o crescimento popula- cional entre os anos de 1991 a 2010 nômicos e ambientais do entorno e da área de região, o processo de descaracterização ambien- foi da ordem de 37,08%, enquanto influência indireta da Terra Indígena Pacaás No- tal é marcado pelo avanço da “fronteira econômi- Guajará-Mirim atingiu 27,85%, re- sultado este que reflete fortemente vas (TIPN), a qual está localizada no município ca” com ações legais e ilegais, as quais culminam no que se refere aos impactos so- de Guajará-Mirim e integra o Corredor Ecológi- com o desma-tamento, embora o município de- ciais, ambientais e econômicos. É oportuno destacar que esse incre- co Binacional Brasil-Bolívia Guaporé-Itenez/Ma- tenha o menor percentual existente em Rondônia mento verificado em Guajará-Mirim moré. – aproximadamente 95% de seu território encon- não está somente restrito ao cresci- mento da população, mas a fluxos Fonte: Adaptado de IBGE, Censo 1991/2010. tram-se preservado/conservado. 4O município possui 8066 famílias o que representa uma média de 5,16 membros/família. 74 75 mas a tendência é que encontre uma estabilização e se torne trativistas a ausência do poder público é quase total, porém há geográfica e de maiores opções de cursos. A UNIR de Gua- e de recursos materiais). Em se tratando de especialidades essa idosa em sua maioria nos próximos vinte anos. raríssimas exceções em que se verifica a existência de escolas, jará-Mirim possui o mais antigo de programa de pós-gradu- relação é baixa, mesmo com o apoio do Programa Mais Médi- ainda assim atende somente o nível elementar (até o 5º ano ação do interior rondoniense que é o de Mestrado em Ciên- cos do Governo Federal que minimizou parte do problema, Em relação à faixa etária da populacional verifica-se na região do ensino fundamental, conhecida como antiga 4ª série do cias da Linguagem com três linhas de pesquisas Indigenista, especialmente por se tratar de medicina preventiva. o predomínio de crianças e jovens, isto é, entre 0-29 anos, primário). Africanista e Amazônica. que é mais da metade de todo o efetivo populacional, o que Uma das questões mais graves que se tem na região diz distingue como uma região consolidada historicamente e com Pelo histórico do município, marcada pela exclusão desde à Recentemente foi implantado o Instituto Federal de Educação, respeito à saúde bucal, onde, pelos menos na área rural fica forte identidade territorial, mas que ainda possui algumas la- época dos seringais, o número maior de pessoas que não teve Ciência e Tecnologia de Rondônia – IFRO em Guajará-Mirim evidente a presença de várias pessoas (indígenas, ribeirinhos cunas como a falta de acesso efetivo ao direito à terra. acesso à educação escolar situa-se nas faixas de idade mais conta na atualidade com 13 cursos técnicos (07 deles com e extrativistas) que não possuem dentes ou com elevado grau avançada da população. educação à distância), que atende à clientela estudantil, desde de cárie e tártaro, e que segundo especialistas a boca pode ser No efetivo total da população, 84,52% mora na zona urbana indígenas, filhos de extrativistas, agricultores e população ur- a entrada para outras doenças. Muitas dessas pessoas não têm e 15,48% na área rural, o que em relação a gênero têm-se Outra informação pertinente à educação refere-se ao núme- bana, através da oferta de educação profissional e tecnológica. sequer a noção da gravidade do problema ou não possuem a seguinte equação: a) homens (83,03% e 16,97%, respec- ro de estabelecimentos de ensino no meio urbano e escolas recursos financeiros para realizar um tratamento adequado, tivamente na cidade e no campo); b) mulheres (86,02% e no meio rural. Ressalta-se que os alunos das escolas do meio sendo que o poder público não está está atento à essa questão 13,98%, concomitantemente urbanas e rurais). rural precisam de transporte escolar (barcos, especialmente SAÚDE e com isso resta a extração dos dentes. ribeirinhos e extrativistas; e ônibus para áreas agrícolas), en- O município de Guajará-Mirim concentra o maior número de tretanto, constata-se a precariedade e a insuficiência desses A situação da saúde em Guajará-Mirim é complexa e apre- As condições ambientais, a ineficácia do sistema de saúde e a indígenas de Rondônia, que se concentram na área rural. Essa transportes. senta-se de modo bastante fragilizada tanto na estrutura física desinformação da população, tem propiciado o ressurgimento condição possibilitou que na eleição municipal de 2012 os quanto em recursos humanos, com isso a prefeitura municipal de doenças consideradas extintas em outras regiões do Pla- 5 indígenas Roberto Oro Win ou Nham-Pá (Aldeia de São Luiz Pelos dados do Censo Escolar 2014 (dados finais) que do total encaminha sistematicamente à Porto Velho. Apesar disso, são neta como a tuberculose e a hanseníase, fato esse que exige – TI Uru-Eu-Wau-Wau) e Arão Wao Hara Ororamxijein (Al- dos estabelecimentos de ensino existentes em Guajará-Mirim, atendidos os doentes das vizinhas cidades de Guayaramerin vigilância redobrada do poder público e a conscientização da deia Laje Novo, no Ramal Bom Sossego) se elegessem como a rede escolar é composta por 70 escolas, sendo 28 urbanas (Bolívia) e Nova Mamoré. população em procurar tratamento quando da fase inicial da vereadores com expressiva votação. e 42 rurais (32 delas são indígenas e pertencem ao Estado; 03 doença. municipais em áreas de RESEXs e 07 do município que atende Os hospitais atendem os serviços de pequena a média com- Constata-se, através de dados publicados pelo IBGE (2010), alunos oriundos da agricultura familiar e outros). Em relação plexidade, visto que é de responsabilidade do município, Com base nas informações do SIAB (http://www.datasus.gov. um ligeiro predomínio masculino (20.947) sobre o feminino ao sistema privado de ensino em Guajará-Mirim existem 07 bem como os atendimentos emergenciais e ambulatoriais, br, 2010), verificam-se na região outras doenças como o al- (20.709) em várias das faixas etárias, porém há uma tendência escolas, sendo que duas delas atende o ensino médio. principalmente em postos de saúde. A estrutura de saúde em coolismo, bem como a existência de jovens e adolescentes natural de envelhecimento da população, o que nos próximos sua esmagadora maioria é pública, o que de modo geral, os com hipertensão e diabete, cujas causas provavelmente se in- vinte ou trinta anos poderá se constituir em sérios problemas Com 13.722 discentes (7.658 do Estado, 4.631 do Município representantes políticos queixam-se da escassez de recursos cluem na qualidade dos produtos consumidos, aos péssimos relativos à mão-de-obra, principalmente àquela vinculada à e 1.123 da rede particular de ensino), constata-se ainda na financeiros e os recursos humanos serem insuficientes para o hábitos culturais de alimentação e a falta de exercícios físicos, agricultura familiar. Caso se confirme tal tendência, proprie- zona rural, especialmente nas RESEXs que o acesso ao ensi- atendimento da população, em razão dos recursos do Sistema o que infelizmente acompanha a tendência mundial. dades poderão ser abandonadas ou incorporadas em outras, no não é universal. Através dos dados, observamos que sem Único de Saúde (SUS) ser limitada, e o Estado não oferece a o que permitirá a formação de latifúndios. a presença do Estado na educação o município teria sérias contrapartida necessária, por meio de transferências diretas, Ainda no campo pertinente à saúde encontram-se os quesit- dificuldades na gestão do ensino que é de sua competência convênios e ou cooperações técnico-financeiras, com isso a os de moradia e salubridade, condições de abastecimento (fundamental). população sente-se desassistida. No entanto, destaca-se que e consumo de água, coleta de lixo (coleta, queima/enterro, aproximadamente 90% dos atendimentos são realizados com etc.), e energia elétrica que possuem um peso considerável EDUCAÇÃO O acesso à escola aos mais jovens encontra-se pratica- recursos do SUS. para a sanidade humana e como qualidade ambiental. É mui- mente resolvido, devido à universalização e oportunidades to comum no município o consumo de água diretamente da A realidade educacional em Guajará-Mirim indica que houve oferecidas pelo Estado e pelo município – com exceção nas Através de dados do Cadastro Nacional de Saúde, existem fonte sem nenhum tipo de tratamento (46% das famílias), melhorias em seu processo, entretanto, ao se referir especifi- RESEXs, onde a presença pública da educação é quase nula - registros de 11 estabelecimentos privados de saúde (05 con- bem como de fossas localizadas muito próximas a residências camente sobre as taxas de analfabetismo nota-se que entre a e ainda com o reforço do Governo Federal no que concerne sultórios isolados, 01 hospital geral, 05 unidades de diagnose e cursos de água, os quais se instituem como fatores predo- população adulta esses indicadores são preocupantes, ou seja, ao incentivo como Bolsa-Família, PROJOVEM, PRONATEC e e terapia) até o ano 2014. Já para o ano de 2015 os estabe- minantes para a disseminação de doenças, principalmente, parcela considerável não teve acesso ao processo de apren- PROUNI, e a oferta de transporte escolar, uniforme, merenda lecimentos de saúde tanto público quanto privado somaram parasitárias, sendo mais grave na zona rural e nas periferias dizagem formal. escolar e material didático. o quantitativo de 35. urbanas de Guajará-Mirim.

Em conformidade com as informações levantadas verifica-se Conforme dados do E-Mec (http://emec.mec.gov.br/ - aces- Merece ser referenciado ainda o papel desempenhado pelas Além da questão da água, outros agravantes são as fossas que houve a diminuição das taxas gerais de analfabetismo sado em 16 abr 2016), em relação ao ensino superior, Gua- Pastorais da Criança e da Saúde que contribuem significativa- sépticas muitas vezes localizadas próximas a poços e cursos em Guajará-Mirim (15,83 em 1991; 10,56 em 2000 e 8,99 jará-Mirim possui um Campus da Universidade Federal de mente na sanidade humana, na qualidade de vida da popu- d’água e o tratamento dispensado ao lixo e às condições em 2010) que é um pouco inferior à média nacional, todavia Rondônia - UNIR com os cursos presenciais (Administração, lação, sendo público e notório na diminuição da mortalidade sanitárias, as quais se submetem os moradores, potencializa- pode-se conjecturar que as políticas públicas educacionais não Gestão Ambiental, Letras e Pedagogia). O município é atendi- infantil. Essa atividade como medicina alternativa, de baixo dos nas áreas ribeirinhas e terras indígenas que não contam surtiram os efeitos desejados para a redução do analfabetismo do ainda por vários cursos à distância sob a responsabilidade custo econômico e grande valor social é reconhecida por par- com infraestrutura adequada que possa minimizar o proces- no período de 1991-2010. A condição apresentada faz com da Universidade Paulista – UNIP, que atende o ensino privado. cela expressiva da sociedade de ambos os municípios, o que so. Tal condição é aliada ao fator cultural na região que con- que o município apresente taxas de analfabetismo superior à sem dúvida favorece ao poder público que pode direcionar tribuem de forma decisiva para a ampliação da problemática média geral de Rondônia (7,3), o que torna indispensável à A educação superior ofertada em Guajará-Mirim é caracteri- seus orçamentos em outras ações de saúde. existente e ainda devido à ausência do poder público; no caso implementação de políticas que minimizem a problemática zada, quase em sua totalidade por cursos à distância e semi- Guajará-Mirim não possui aterro sanitário e os dejetos pro- encontrada. presenciais com a tutoria de funcionários e representantes de Embora a relação de médicos/1000hab seja 2,7/1000hab, duzidos são amontoados no lixão e em outros locais inapro- instituição privada. Em decorrência da necessidade de for- superior à média da Organização Mundial de Saúde – OMS priados do município. No caso específico dos povos originários a educação formal mação e capacitação, vários discentes do município realizam (1/1000hab), a situação da saúde é preocupante, fato esse que é mais complexa devido à barreira linguística e ainda devi- suas graduações, pós-graduações e ensino técnico superior levou em 2015 e 2016 o fechamento do Hospital Regional do à aplicação de conceitos ensinados que não faz parte de em outros municípios de Rondônia, bem como universidades por recomendação do Conselho Estadual de Saúde, em razão suas realidades, por essa razão o abandono e as taxas de anal- e faculdades bolivianas, em decorrência da proximidade da precariedade do sistema (falta de vários recursos humanos fabetismo e reprovação serem maiores. E em relação aos ex-

5São autodenominados Oro Towati (Os que comem castanhas verdes). A TI Lages situa-se no vizinho município de Nova Mamoré. 76 77 Bananeira, Pau Grande, Lage, Praia da Pedra da Morte e Praia aliza com assaltos, roubos e latrocínios. Soma-se a isso a CULTURA, ESPORTE, das Três Bocas; Parque Municipal Natural Serra dos Parecis OUTRAS problemática da precariedade do aparato repressor, o que di- com pouco mais de 1200 ha; praias fluviais); a fronteira com ficulta uma análise real sobre as formas e tipos de violência LAZER E TURISMO a Bolívia que além de oferecer atrações culturais (festa da In- INFRAESTRUTURAS que sofrem essa parcela da população. dependência e Carnavalito) e a compra de produtos impor- O município é dotado de uma rica estatura sociocultural tados; passeios de barcos; Artesanatos: indígena, ribeirinhos E SERVIÇOS Do ponto de vista do efetivo de segurança pública em Gua- muito diversificada, com destaque para a Festa do Divino e seringueiros. jará-Mirim, este é formado por policiais militares, policiais Espírito Santo (realizada há mais de 12 décadas na região A infraestrutura pública do município é composta pela segu- civis, bombeiros, do Exército e esporadicamente, em casos de do Vale do Guaporé). Tem-se ainda: o Festival Folclórico de Na área urbana do município e nos distritos existem quadras rança pública, malha viária, energia, habitação e outros que missão especial, pela Polícia Federal e Guarda Nacional. Os Guajará Mirim, conhecido como “Duelo na Fronteira” com de esportes, especialmente em escolas, onde se realizam estruturam a máquina burocrática através do centro admi- recursos humanos e materiais são insuficientes, logo se com- apresentação de bois-bumbás há mais de 20 anos; o Encontro torneios e campeonatos para as mais diferentes modalidades nistrativo com secretarias e autarquias municipais em uma prova a fragilidade institucional, além disso, existe o agravante de Filhos e Amigos de Guajará-Mirim realizado há mais de e faixas etárias, assim como também são constatados campos mesma área geográfica ou próxima, o que facilita a vida dos sobre conflitos de terra e atividades ilegais (roubo de madeira, 10 anos. Demais eventos, como a festa da castanha, o Fes- de futebol. contribuintes. Além das infraestruturas municipais se constata entre outros). No município existe o Comando de Frontei- tival de Música Popular de Guajará-Mirim; a Festa de Nossa as representações estaduais (IDARON, SEDUC, SEDAM, PM, ra-RO/6º Batalhão de Infantaria de Selva, Agência Fluvial da Senhora do Seringueiro; o Festival de Praia no rio Pacaás O município conta com um estádio de futebol, João Saldanha, SEFIN, etc.), as federais (IBAMA, ICMBIO, Receita Federal, Marinha (antiga Capitania dos Portos), Delegacia de Policia Novos, o GuajaráFolia, as festas juninas, as cavalgadas, entre com capacidade para 3000 torcedores, e dois times profissio- Exército, Capitania dos Portos, SUFRAMA, entre outros) e Federal e Inspetoria da Receita Federal - essa não possui o outros, colorem o cenário cultural do município e possibilitam nais que disputaram o campeonato rondoniense em 2016, o internacionais (Consulado da Bolívia). poder de polícia, mas atua vinculada a outros órgãos no com- criativamente a disseminação do viver guajará-mirense. Guajará Esporte Clube, fundado em 31 de outubro de 1952, bate a crimes fiscais e econômicos. e que foi campeão estadual em 2000, e o Armazém Morumbi Em Guajará-Mirim atuam as agências financeiras (Banco Além disso, Guajará-Mirim possui monumentos e lugares Futebol Clube, fundado em 1999. do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco da Essa situação demonstra a urgência da adoção de políticas históricos como o Museu da Estrada de Ferro Madeira-Ma- Amazônia), além dos Correios e outras organizações sociais publicas, especialmente para o meio rural, com o objetivo de moré, que ao lado das manifestações culturais religiosas e fol- O turismo, embora apresente grande potencialidade é pouco e sindicais (STTR, SINDSEF, SINTERO, entre outros) nas mais salvaguardar a vida das famílias agricultoras, indígenas, extra- clóricas possibilitam a divulgação cultural, lazer e turismo de explorado por empresários e comunidades, devido à carência distintas áreas de atuação – algumas ainda na informalidade tivistas, ribeirinhos e pescadores, inclusive no que se refere à maneira que gera trabalho e renda. de melhor estrutura. É uma atividade que tem gerado divisas – e em diferentes níveis de estágio de organização e atuação, segurança preventiva. ao poder público local, e oportuniza o intercâmbio com a cul- mas que se constituem como instrumento político importante Soma-se a isso a presença de indígenas, ribeirinhos e mi- tura, esporte e lazer. Guajará-Mirim, até em função das UCs, na defesa da classe trabalhadora e são fundamentais para O aumento da violência na área urbana no município tem grantes de várias regiões do Brasil e do Mundo, os quais for- TIs e propriedades rurais, possui inúmeras belezas cênicas o fortalecimento institucional e para o desenvolvimento do ocasionado grandes prejuízos econômicos, e constata-se a mam uma miscelânea cultural extraordinária, e devido à pro- naturais que poderiam ser exploradas com turismo de baixo município. Também se faz presente organizações patronais população refém e ameaçada por malfeitores, visto que uma ximidade fronteiriça recebe a influência cultural boliviana. impacto – ressalvados os tipos de legislação vigente – com a (ACRIVALE, Associação Comercial, Industrial e Serviços de nova onda de ações com viés causador de terror, como são os Essa condição reflete nas cores, nos sabores, na culinária, adoção de infraestrutura (pousadas) para a prática do ecotu- Guajará-Mirim – ACISGM, etc.) casos de assaltos com artilharia pesada, bombas em estabele- numa linguagem híbrida que é a fronteira, marcada pelo in- rismo e educação ambiental, o que contribuiria para a cimentos bancários e sequestros de clientes, que tem aconte- tercâmbio e relações profissionais, sociais, políticas e culturais. geração de renda e trabalho. Os indígenas, extrativistas, ribeirinhos e pescadores possuem cido em todo o Estado de Rondônia. O tráfico de drogas é um suas próprias organizações, em sua maioria com necessidade dos principais impulsionadores do movimento de expansão A cultura do município estabelece-se como um proeminente O artesanato como alternativa econômica é uma realidade em de serem fortalecidas institucionalmente para que consigam da violência na região. indicador do desenvolvimento local, isso porque a sua sede Guajará-Mirim. O desenvolvimento dessa atividade esbarra desenvolver a autogestão e autogovernança, o que obrigatori- administrativa depende historicamente também do meio ru- na inexistência de cursos de capacitações (pinturas, cerâmi- amente passa pela formação e capacitação de seus membros, ral para a promoção econômica, social, ambiental e política, cas, esculturas, artes plásticas em geral, entalhes em madei- frente aos novos desafios e perspectivas para o município. decorrendo daí sua importância e necessidade para a valori- MALHA VIÁRIA ra, lapidação de pedras, etc.) para melhorar a qualidade do zação da agricultura familiar e extrativista. produto. Para a expansão da atividade seria indispensável a A malha viária é formada por rodovias federais, estaduais, mu- disponibilização e/ou construção de espaços adequados no SEGURANÇA PÚBLICA 7 A diversidade cultural acompanha a diversidade étnico-lin- nicipais (linhas vicinais e travessões, ramais ou varadouros ) e município para exposição e comercialização desses artesa- guística, através de povos originários como os Wari’ (Pakaá particulares (coletoras e/ou carreadores) localizadas no interi- natos, o que valorizaria as culturas locais e as várias pessoas Guajará-Mirim, por ser município de fronteira internacional, Nova), Migueleno, Oro Waram, Oro Nao, Aikanã, Arikapú, or das propriedades. Desse modo, a construção, manutenção talentosas que se encontram invisíveis com essa atividade. padece com o principal problema relacionado à segurança Aruá, Makurap, Sakurabiat, Tupari, Wajuru, Oro Win ou Oro e conservação são de responsabilidade da União, Estado, Mu- Para o fortalecimento da cadeia produtiva do artesanato seria pública e que contribui para o aumento da violência que é o Towati, Uru-Eu-Wau-Wau ou Jupaú ou Pindobatywudjara-Gã, nicípios e proprietários. importante criar associação/cooperativa de artesãos e fomen- tráfico de drogas (maconha e crack, especialmente) que atua Cabixi, Puroborá, Djeoromitxí, Kanoê, Kujubim e outras etnias tar website para expor suas produções, de modo que pudes- de forma devastadora na cidade e no campo, e atinge alunos consideradas como de isolamento voluntário. O município é o maior detentor e responsável pela ma- sem ser acessadas de quaisquer lugares do mundo. e as mais diversas classes sociais e faixas etárias. O município é nutenção da maior parte das malhas viárias – o que inclui considerado como rota de drogas e a principal fonte fornece- O mosaico étnico e cultural compõe-se ainda por descen- pontes, bueiros, entre outros - seguidos pelo Estado e pro- Outra atividade para além do artesanato seria o estímulo à dora é o país vizinho, a Bolívia. dentes de nordestinos dentre eles pernambucanos, alagoanos, prietários. Entre as rodovias mais importantes que atendem floricultura, a qual poderia ser incorporada como fonte de cearenses e outros, sulistas, sudestinos, estrangeiros (bolivia- a região estão as BRs 364, 425, 421 (não pavimentada) e a renda e trabalho, visto a boa aceitação comercial no Estado, A sensação de insegurança é corriqueira entre as famílias nos, gregos, árabes e judeus, entre outros). projetada Rodovia Transrondoniana (RO 370). A BR 421 e a visto que atualmente o produto é adquirido do município de agricultoras, ribeirinhas, extrativistas, indígenas e população RO 370 quando concluídas exercerão forte influência com Holambra em São Paulo. urbana, policiais civis e militares, em decorrência das rotas de Como a parte cultural integra o lazer, turismo e artesanato, impactos ambientais, sociais e econômicos diretos nas UCs e drogas transportadas pelas rodovias BR-421, 425, 364 e es- não pode deixa de ser mencionado o Hotel Pakaas Palafitas TIs localizadas no território guajará-mirense. tradas vicinais que cortam ou dão acesso ao município, além Lodge, um hotel de selva localizado em frente ao encontro da facilidade de chegada e saída da droga pelos rios Gua- dos rios Pacaás Novos e Mamoré; Museu Histórico Municipal As estradas exercem as mais diversas influências no mu- poré-Mamoré-Madeira e Beni. Dessas rotas, a droga segue de Guajará-Mirim e Recanto de Dom Rey; biblioteca muni- nicípio, ressalta-se que as UCs e TIs atuam como anteparo destino para vários municípios rondonienses, outras regiões para a trafegabilidade e para a expansão do desmatamento. cipal; os atrativos naturais6 (rios; florestas; balneários; parques do país e até mesmo para o exterior. e unidades de conservação; Gruta ou caverna dos Pacaás No- Apenas as rodovias federais BRs 364 e 425 são pavimentadas, vos; Alto da Chapada dos Pacaás Novos “Torre da EMBRA- enquanto as estaduais, municipais e particulares não possuem A violência que também alcança o meio rural se materi- TEL”; Cachoeiras e Corredeiras: Guajará Mirim, Guajará-Açú, pavimentação asfáltica, o que no período chuvoso amazônico

6Aproximadamente 95% da área total de Guajará-Mirim são formadas por UCs (Terras Indígenas, Reservas Extrativistas e Biológicas), o que faz com que o município 7Essas estradas recebem outras denominações regionais como linhas vicinais, travessões, ramais ou varadouros. As rodovias municipais recebem como nominação a 78 seja um grande santuário de preservação de fauna e flora e se caracteriza como um mosaico de biodiversidade. abreviatura do município, seguidas de números de identificação. O mesmo procedimento é adotado para as rodovias estaduais e federais. 79 muitos trechos não permitem o tráfego. Na atualidade, a emissora divide o espaço com novas tec- No primeiro momento o número de famílias em condições pação tradicional indígena (que não são reconhecidas como nologias (FM, redes nacionais de TV aberta e canal fechado, econômicas de grande vulnerabilidade social (2,74%) parece de preservação e/ou conservação). As tabelas a seguir de- No âmbito urbano, várias ruas com pavimentação asfáltica internet e jornais impressos), entretanto, é muito relevante, ínfimo, todavia o que é observado in loco é que grande parte monstram como estão geograficamente distribuídas as UCs simples, ou seja, sem rede de galeria de drenagens. Gua- principalmente para a área rural (inclusive, ribeirinha e TIs), e das residências em madeira e de tijolos foram construídas há (proteção integral e uso sustentável) e TIs, bem como o ta- jará-Mirim em virtude da grande cheia ocorrida em 2013- com alcance na faixa de fronteira brasileira e boliviana. mais de 15 anos em média, e necessitam de reforma ou de manho de suas respectivas áreas e o percentual que ocupam 2014 teve enormes prejuízos com as águas que deterioraram reconstrução em virtude das condições climáticas regionais. com seus territórios no município. as vias urbanas e parte das vias rurais. Pelos registros encontrados, parte do munícipio recebe sinais Desta forma, se constata que significativa parte da população de rádios da região como Nova Mamoré (Rádio Comunitária mora em condições desfavoráveis, inclusive com risco de óbi- Essas UCs e TIs em quase sua totalidade encontram-se sobre Apesar de não se tratar de malha viária terrestre, no município FM); do próprio munícipio (Guajará, Rondônia, Educadora, tos dado à precariedade dessas residências, potencializada forte pressão externa, o que tem contribuído na descarac- é forte a presença do transporte fluvial nas bacias do Gua- Guaporé), da Bolívia e além de serem alcançadas por emisso- pelo perigo de incêndio por combustão espontânea ou por terização ambiental com os mais diferentes graus de antro- poré-Mamoré e do Pacaás Novos – no passado tiveram im- ras de outros municípios que atendem também a zona rural, descarga da rede elétrica ou ainda pelas enchentes que ocor- pização, principalmente por desmatamentos, garimpagem, portância estratégica política, social e econômica e hoje nem ribeirinha, extrativista e indígena. rem na região. invasores de terras, caçadores e pescadores que atuam ilegal- tanto assim, mas que atendem as comunidades ribeirinhas, mente, madeireiros. O problema se agrava em anos eleitorais pescadores, extrativistas e indígenas. Guajará-Mirim possui infraestrutura de telefonia pública e ÁREAS PROTEGIDAS com mobilizações de invasores com apoio de alguns políti- privada (fixa e móvel) e provedores de internet com conexões cos, o que culmina com o afrouxamento da fiscalização de Em tempos pretéritos o município contava com pista de pouso variadas (discada e banda larga). Algumas das propriedades Com 94,16% o município de Guajará-Mirim detêm o maior responsabilidade estatal e o problema se amplia com a len- e decolagem de pequenas e médias aeronaves, inclusive com rurais contam com serviços da telefonia rural e radioamador. índice de cobertura vegetal rondoniense e integra o Corredor9 tidão e “passividade” do judiciário em resolver as questões linhas aéreas regionais regulares. Atualmente isso é observado O município recebe ainda sinais das redes nacionais de tele- Binacional Brasil-Bolívia Guaporé-Itenez/Mamoré (Departa- relativas aos crimes ambientais. No geral, as UCs e TIs que em algumas grandes propriedades que possuem campo de visão e suas afiliadas regionais por meio de canais abertos, mentos de Pando, Beni e Santa Cruz, na Bolívia), e parte do estão mais próximas de estradas, da cidade e de distritos são pouso para aviões monomotores. Quando a população pre- como Globo, SBT, Band, Record e RedeTV e canais por assi- Estado de Rondônia, o qual inclui 05 UCs de Proteção Inte- as mais afetadas, como exemplo citamos o Parque Estadual de cisa se deslocar por via aérea para outros estados e/ou países natura (pagos). O município possui ainda um jornal editado gral (02 Parques Nacionais, 01 Parque Municipal, 01 Parque Guajará-Mirim (PEGM) que recebe a pressão do Distrito de utiliza-se dos aeroportos de cidades maiores como Porto na língua indígena Txapakura. Estadual, 01 Reserva Biológica), 06 UCs de Uso Sustentável Nova Dimensão (Nova Mamoré) que fica no entorno imediato Velho, Rio Branco-Acre e Guayaramerin (Bolívia). (RESEXs) e 10 Terras Indígenas no município, enquanto do do PEGM. No contexto da informação são comercializados jornais re- lado boliviano figura além de Parques as concessões florestais gionais impressos e de publicação diária, como o Diário da (Bosques de Produção e Reservas Imobilizadas) e unidades Para reprimir os problemas ambientais encontrados é indis- ENERGIA Amazônia e Alto Madeira (ambos de Porto Velho); em pesqui- de ordenamento territorial não classificadas no âmbito da pensável um posicionamento firme, enérgico e contundente sa no google.com foi constatado aproximadamente 10 jornais nomenclatura da União Internacional para a Conservação da do Estado com ações permanentes de fiscalização, educação Em conformidade com os dados do Sistema de Informação de eletrônicos em Guajará-Mirim, além de locais que oferecem Natureza e dos Recursos Naturais - IUCN). ambiental, estratégias de comunicação eficazes e a partici- Atenção Básica - SIAB8, das 8.086 famílias de Guajará-Mirim também a opção de consulta online, (lan-houses), bem como pação da sociedade local e regional, ou seja, a adoção de um 93,1% delas são atendidas com energia elétrica, o que signifi- vários sítios de entretenimento, de órgãos oficiais, de empresas Algumas das áreas se encontram em processo de reco- modelo de gestão que seja adequado às peculiaridades de ca que quase a plenitude do serviço, o que tem possibilitado e de entidades não governamentais que atuam e fornecem in- nhecimento pelo Estado brasileiro, como aquelas de ocu- cada uma das UCs e TIs. a conservação de alimentos e “qualidade de vida” moderna, formações sobre o município. A internet chegou ao município no final dos anos 1990 e tem provocado várias mudanças cul- tanto na zona urbana, quanto no meio rural. Em várias das Unidades de Conservação em Nova Mamoré e Guajará-Mirim comunidades rurais (agricultores, extrativistas e indígenas) turais, devido à rapidez ao acesso das informações, as quais devido à dificuldade de acesso e de instalação de rede elétri- trazem para dentro das casas o que acontece no mundo, bem Categorias/Nomes Área Total Área da UC no % da UC no ca, existem geradores a diesel para atendê-las, no entanto, isto como permite que os moradores locais também divulguem da UC (ha) (**) Município (ha) Município propicia maiores gastos para tais populações, consequente- suas informações a respeito do que acontece na “Pérola do Proteção Integral mente diminuindo seus rendimentos. Mamoré” (nome que a cidade também é reconhecida por seus habitantes). Parque Nacional Pacaás Novos (*) 764.801 142.494 30,04 A energia elétrica é comercializada pela CERON-Centrais, as- Parque Estadual Guajará-Mirim 216.568 5.174 2,33 sumido no dia 31/10/2018 pela empresa ENERGISA, e atende Os correios também se fazem presentes como um meio de Reserva Biológica Traçadal 22.540 22.540 100,00 a maior parte da população e empreendimentos econômicos. comunicação importante para o município e funcionam ain- 22.278 22.278 da como bancos postais, onde a população pode realizar o O atendimento poderia ser universal, se os custos de insta- Parque Nacional Serra da Cutia 283.612 283.612 100,00 lação no meio rural fossem menores, com isso torna-se res- pagamento de contas, transferência de recursos, entre outras 285.031 285.031 tritivo para muitas famílias agricultoras de pequeno porte. A atribuições. Uso Sustentável - - - energia também é fornecida pela empresa Guascor do Brasil que atua na região desde a data de 25 de outubro de 2000, Resex do Rio Ouro Preto (+) 204.583 147.720 73,45 e é produzida em usina termelétrica para atender o Distrito HABITAÇÃO Resex Rio Pacaás Novos (+) 342.904 342.904 100,00 de Surpresa (Guajará-Mirim), por meio de 03 motores com 355.558 355.558 potência total instalada de 280 Kw, sendo que a demanda 1,03% das famílias moram em casas de taipa, 0,38% em Resex Barreiro das Antas 107.234 107.234 100,00 máxima era 138 Kw em 2002 (http://www.guascor.com.br/ - residências com material aproveitável, 1,33% em construções 106.620 106.620 acessado em 19 abr 2016) e atendia ainda a área rural e outras de outros materiais, 46,90% em casas de tijolos e 50,36% em Resex Rio Cautário (Federal) 73.818 73.818 100,00 comunidades próximas ao Distrito. casas de madeira. As condições de habitabilidade refletem o poder aquisitivo das famílias, cujo quadro é muito grave para 74.751 74.751 os moradores da área rural (ribeirinha, extrativista, indígena e Resex Rio Cautário (Estadual) (++) 146.400 67.681 47,50 COMUNICAÇÃO pescadora) e das áreas peri-urbanas - especialmente aquelas Resex Curralinho 1.758 - - localizadas próximas aos rios Guaporé e Mamoré, com grande 1.763 O município tem o privilégio de ter a segunda mais antiga vulnerabilidade social tanto no padrão da construção (pala- fitas) quanto no que se refere à sanidade e à segurança da Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros.html e http://uc.socioambiental.org/mapa emissora de rádio de Rondônia, a Educadora AM de proprie- acessados em 20 abr 2016 (*) 99,72% sobreposição com a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau (**) Divergência de informações obtidas na mesma dade da Igreja Católica, estabelecida em 18 de novembro de população. fonte de informações. (+) Sobreposição 0,54% TI Rio Negro Ocaia (ampliação); (++) Sobreposição FLORSU Rio São Domingos em 10,79%. 1964. Org. Almeida Silva (2016). 9 Este Corredor Ecológico não teve reconhecimento oficial no Brasil. A proposta do Corredor na fronteira do Brasil com a Bolívia tramitou na década de 2000, incluía 8Disponível em: http://www.datasus.gov.br, outubro de 2014 aproximadamente 50% da área de Rondônia, em sua parte leste. A Bolívia, no entanto, sancionou a Lei nº 3012 em 04/04/2005 em que reconhece o Corredor, na 80 fronteira com o Brasil. Ao todo no lado brasileiro são 30 áreas protegidas, enquanto no boliviano são oito UCs. 81 Terras Indígenas: Guajará-Mirim biental e necessita urgentemente de políticas públicas mais que corroboram para o agravamento do problema. robustas para prevenir e combater tal situação. Por outro lado, Terras Indígenas Povos Área Total da % do Município a concepção de plano de manejo florestal nas UCs – que seja Os dados da Produção Agrícola Municipal de 2009-2014 TI (ha) (**) coberto pela TI ideal, mas a com melhor razoabilidade para as comunidades, relativos às lavouras temporárias indicam que ocorreram pou- em decorrência de impactos menores – e que oferece possi- cas mudanças em Guajará-Mirim, com oscilações anuais nega- Igarapé Lage Wari’ 107.321 2,07 bilidades de minimizar a problemática, como exemplo a ex- tivas tanto em quantitativo produzido, quanto em área de cul- 106.146 tração planejada e a busca do selo verde deverá ser associada tivo. Os produtos mais destacados da lavoura temporária pela Migueleno Migueleno Em identificação Em identificação a um processo de fiscalização. ordem decrescente são: a mandioca (exige menor tecnologia Pacaás Novas Wari’ 279.906 11,38 e manejos mais simples, portanto a que possui maior área, 282.771 Outros problemas ambientais enfrentado no município está maior retorno econômico, além de ser um cultivo de grande relacionado às embalagens vazias de agrotóxicos que não tradição no município), seguidos do abacaxi, melancia, arroz Puruborá Puruborá Em identificação Em identificação possui um controle adequado quanto a seu recolhimento. A e milho. Algumas produções poderão não ser cultivadas pela Rio Cautário Djeoromitxí, Kanoê, Kujubim Em identificação Em identificação extração mineral mais visível no município, na atualidade, é a agricultura familiar com vista à comercialização, e sim para o Rio Guaporé Aikanã, Arikapú, Aruá, Djeoromitxí, Kanoê, Kujubim, 115.788 4,73 retirada de areia de rio e utilizada em construção civil, poderá consumo próprio em cada propriedade ou comunidade. Makurap, Sakurabiat, Tupari, Wajuru, Wari’ 117.619 em breve se estabelecer em sérios problemas, uma vez que os Rio Negro Ocaia Wari’ 104.064 mecanismos existentes não apresentam eficácia no monitora- O comportamento das lavouras permanentes é muito se- 105.866 4,26 mento e fiscalização dessa atividade. melhante ao das lavouras temporárias ou anuais. Os dados da Produção Agrícola Municipal apontam que a banana, o coco- Rio Negro Ocaia Wari’ 131.006 da-baía, o mamão e o maracujá são os que mais se destacam (ampliada) 130.828 5,26 ASPECTOS em Guajará-Mirim. Sagarana Wari’ 18.120 19.008 0,76 ECONÔMICOS Assim, é indispensável considerar que a redução da pro- Uru-Eu-Wau-Wau (*) Oro-Win (Oro Towati), Uru-Eu-Wau-Wau (Jupaú ou 1.867.120 dução agrícola temporária e/ou permanente tem propiciado a A socioeconomia do município é dotada de razoável grau de Pindobatywudjara-Gã), Cabixi 1.876.480 23,71 elevação dos preços dos produtos destinados ao consumidor diversificação, sobretudo em sua sede urbana que concentra final, principalmente nos períodos de sazonalidades, o que Fonte: http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/pesquisa/uf/RO - acessado em 19 abr 2014. a maior parcela populacional, de modo que influencia dire- (*) habitam ainda a TI Uru-Eu-Wau-Wau os Juma, Amondawa (autodenominados Envuga) e indígenas isolados Jurureí e Yvyraparakwara. (**) A torna inevitável a importação e contribui para o déficit finan- primeira informação trata-se de dados oficiais, o segundo é do Instituto SocioAmbiental (ISA). Org. Almeida Silva (2016). tamente no quantitativo de empreendimentos e ainda pos- ceiro e a dependência do país em relação a outras economias suir uma rede logística de transporte que possibilita o acesso internacionais. à Bolívia, Acre, Amazonas, Porto Velho e demais regiões do O Estado em suas ações deverá oportunizar alternativas considerado que a abertura de novas áreas para agricultura e país. Essa diversificação foi ainda favorecida pela condição do econômicas, sociais, políticas e ambientais capazes de pro- a pecuária está associada diretamente a abertura de estradas Uma das possíveis opções estratégicas seria o incentivo para a município ter o status de ALCGM, que embora passe por uma mover o desenvolvimento com preservação e conservação que funcionam como impulsionadoras para o incremento mi- promoção de iniciativas associativo-cooperativistas, conduzi- forte depressão econômica, poderá retomar as atividades e ambiental, com a finalidade de possibilitar o exercício da ci- gratório concomitante resulta na floresta e seus recursos. das por pequenos e médios produtores, de forma a aprimorar assim atrair novos empreendedores. dadania e participação social no processo de gestão em todas e agregar valor da produção (beneficiamento de leite, carne, as suas fases. O incremento do desmatamento comparativo entre 2000 e frutas, entre outros) com respectivos certificados de inspeção A ALCGM com 82,50km² (0,33% do município) conta com 2014 em Guajará-Mirim foi de 27,9%, o que resulta numa e origem de animais e vegetais (alimentos, madeira e artesa- algumas filiais de grandes iniciativas empresariais, especial- média de 1,86% anuais. Pode-se concluir que o município nato, entre outros). mente de atacadistas. Essa condição reveste de grande rele- PROBLEMAS tem um nível de desmatamento pequeno, entretanto, devi- vância socioeconômica e marca a dinâmica da atividade do à perspectiva de implantação de projetos de infraestrutu- Do mesmo modo, um processo de gestão moderna e parti- comercial do município, visto que de janeiro a setembro de SOCIOAMBIENTAIS ra com consequente mudança na conjuntura é possível que cipativa aumentará e aprimorará a produtividade, no entan- 2013, “foram identificadas 335 empresas comerciais, 11 em- esse quadro seja alterado, visto a expansão agropecuária e to, deve-se ter como princípio basilar a diversificação da pro- presas de serviços e 6 empresas industriais, que fazem uso Os problemas ambientais mais comuns em Guajará-Mirim, agrícola, especulação imobiliária, grilagem de terra, falta de dução, de modo que promoverá a melhoria da renda, bem dos incentivos fiscais desta ALC”, e assim gerou em vendas são: garimpo, lixão, saneamento básico, perigos industriais regularização fundiária, impunidade, deficiente fiscalização como para aumentar o número de postos de trabalhos para no município R$ 1.009.475.635,77, o que corresponde a em madeireiras, marcenarias e outras atividades industriais, dos órgãos ambientais até em função de reduzido efetivo de seus associados e famílias, ao tempo que reduzirá a ação de 25,03% do total realizado em Rondônia. Desse montante, invasão de terra, apropriação ilegal de madeira das UCs e servidores, corrupção, entre outros, como forma de pressões atravessadores. 98,32% ocorreu com o comércio, 0,11% (indústria) e outros TIs que conjuntamente com os desmatamentos e queima- oriundas dos municípios vizinhos. das ilegais constituem-se como de enorme gravidade para o com 1,57% (SUFRAMA, 2014). Quanto a pecuária, não diferente de outros municípios do es- meio ambiente. Todavia, as maiores pressões advindas dos O gráfico a seguir demonstra que o desmatamento do mu- tado, entre os anos de 1980 a 2015 o plantel bovino no mu- Em relação à economia gerada pela extração vegetal e da sil- municípios vizinhos, como Nova Mamoré, Campo Novo de nicípio acompanha o verificado no Estado de Rondônia, nicípio cresceu. Aumentou de 22.560 para 127.103 cabeças vicultura, a partir de 2009 a extração de madeira tem sido a Rondônia, São Miguel do Guaporé e Costa Marques. porém com menor impulso, em função das UCs e TIs fun- de gado. Embora não detenha o maior efetivo de animais em mais representativa no quantitativo de volume e na geração cionarem como “escudo” contra a conversão de florestas em Rondônia, o aumento em 2015 é de aproximadamente 06 de recursos financeiros, seguido da castanha Bertholletia ex- Essas pressões são facilitadas em decorrência da existência de áreas de pastagens e/ou para a agropecuária. No entanto, res- vezes o inicial constatado em 1980, o que comprova a ex- celsa, do açaí Euterpe spp., da borracha Hevea brasiliensis e a estradas – inclusive a BR 425 e 421 - e de projetos implanta- salta-se que a dinâmica no setor agrícola em Rondônia – que pansão da fronteira econômica. lenha – essa aparece nos dados somente em 2014. dos pelo INCRA, que se situam próximas às UCs e TIs. Neste resulta na pressão sobre UCs e TIs de forma direta e indireta sentido, os desmatamentos realizados em Nova Mamoré, por – e passa na atualidade pela chegada da agricultura mecaniza- Guajará-Mirim só não teve maior crescimento devido os A atividade com madeira é muito representativa no município, exemplo, atingem diretamente o entorno do PEGM, que fica da, principalmente a monocultura da soja e do arroz, o que limitadores ambientais e ainda pela existência de UCs e TIs onde em 2012 foi o de maior volume extraído, o que pode ser na área de influência indireta da TIPN e integra o Corredor implica na substituição em alguns casos das áreas de pasta- que atuam como barreiras e contribuem para impedir o explicado pela regularização de vários planos de manejo nas Ecológico Binacional Brasil-Bolívia Guaporé-Itenez/Mamoré. gens que consequentemente necessitam de novos espaços, avanço da pecuária, entretanto, é indispensável considerar propriedades e nas RESEXs. Contudo, é necessária precaução de modo que potencializa o desmatamento e outras ações que o fluxo de expansão da pecuária na Amazônia tem sido em decorrência do processo histórico rondoniense marcado O avanço do desmatamento em Guajará-Mirim ao longo de antrópicas nas bordas do município de Guajará-Mirim. o mesmo independente dos quantitativos por região, estados 14 anos foi de 321,5 Km², o que pode ser considerado baixo pela economia gerada no setor ser decorrente de práticas ir- e municípios. regulares e ilegais com a pilhagem de UCs e TIs e que está quando comparados com outros municípios vizinhos, com O desmatamento é um problema com grande impacto am- isso 94,16% de sua área permanece inalterada. Deverá ser conexa a uma série de questões estruturais e administrativas

82 83 O abate de bovinos no município é realizado em um frigorífico provavelmente, pela dificuldade no processo de ensino e o único espaço demarcado que não se trata de UC ou TI, A mobilidade é elevada se analisada no contexto de comuni- privado, o qual se encontra cadastrado no Serviço de Inspeção aprendizagem e ainda pelo preconceito étnico-racial é aquela na realidade assemelha-se a uma “ilha”, em virtude dessa dade específica com pequeno número de moradores, onde a Estadual junto à Agência de Defesa Sanitária Agrossilvopastoril que apresenta a maior problemática, seguida pela população especificidade, assim essa pequena aglomeração possui uma saída de uma pessoa apenas pode representar índice alto (se do Estado (IDARON, s.d.), assim como um laticínio – ambos categorizada como amarela, negros, brancos e pardos. To- história que remete aos primórdios da fundação do município numa comunidade com 04 pessoas, duas delas mudarem para funcionam na BR-425, na zona rural. Possivelmente exista em davia se tomarmos como dados absolutos ocorrerá uma in- de Guajará-Mirim e teve grande participação na economia re- outro local, isso implicaria em 50% de déficit populacional; Guajará-Mirim, locais onde ocorram tais atividades improvisa- versão, com os pardos em quantitativo maior, seguidos pelos gional em outros tempos (CARDOZO ET AL. 2006, p.19-20): se for em termos de atração o índice também seria elevado), das e/ou clandestinas e que atendem à demanda local, ainda brancos, negros, indígenas e pardos. todavia, se considerado o efetivo da população do município que isso resulte em sérios à sanidade populacional. em termos relativos apresenta-se com pequenas taxas; ressal- DEMOGRAFIA ta-se que Guajará-Mirim é um dos municípios com maior taxa Quanto a Pesca artesanal e piscicultura, esta é uma impor- PARTE 2: ENTORNO E de moradores urbanos de Rondônia com aproximadamente tante atividade econômica, como também como segurança O Distrito de Surpresa se caracteriza como um pequeno 85%. alimentar para extrativistas, ribeirinhos, indígenas, agricultores ÁREA DE INFLUÊNCIA aglomerado urbano e possui peculiaridades semelhantes a familiares e população urbana dos dois municípios, visto que outros vilarejos ribeirinhos amazônicos com uma população Essa condição, no entanto, não significa que os moradores ur- tradicionalmente o pescado tem-se constituído como base INDIRETA DA TIPN majoritariamente composto por pessoas da própria região banos, em sua maioria, tenham qualidade de vida melhores alimentar juntamente com a mandioca/macaxeira/aipim e (85% aproximadamente). Além da área urbana, possui ainda do que aqueles que vivem nas UCs e TIs, ao contrário, princi- Esta parte demostra o perfil do entorno e da área de influên- seus derivados (farinha, polvilho e tucupi). a zona rural, e por ser relativamente isolado e padecer de palmente entre os mais pobres a miséria, a fome, a violência e cia indireta da Terra Indígena Pacaás Novas - TIPN, onde é uma série de problemas sociais, apresenta-se como um en- a desigualdade social são muito profundas. apresentado o panorama socioeconômico das populações, O tambaqui produzido em cativeiro em parte atende às clave, uma ilha cercada por UCs e TIs. Segundo os dados da no que se refere aos aspectos populacionais, educacionais, famílias através da segurança alimentar, ao mercado consu- DSEI-PVH-SIASI/2003/FUNASA/CORE-RO apud Cardozo et O processo de mobilidade populacional (migração) é mais in- educacionais, de saúde, entre outros, os quais demonstram midor local e outra parte é comercializada in natura em Porto al. (2006), o Distrito contava com 474 pessoas e 146 residên- tenso em áreas mais afastadas da TIPN, como é o caso do Dis- as dinâmicas territoriais que ocorrem nesta região fronteiriça Velho, Nova Mamoré e Guayaramerin. cias. trito de Nova Dimensão em Nova Mamoré e que se limita com com a Bolívia. Guajará-Mirim, especificamente nas bordas do Parque Esta- Guajará-Mirim possui 268 pescadores artesanais ativos, ou As demais áreas de entorno imediato ou de proximidade de dual de Guajará-Mirim e com forte presença de pessoas ori- Metodologicamente, o trabalho de diagnóstico socioeco- seja com registros iniciais na Superintendência do Desenvolvi- menor influência apresentam baixa densidade e de incipiente undas de outros estados brasileiros que vieram para Rondônia nômico foi concebido a partir do Levantamento de dados mento da Pesca (SUDEPE), no Instituto Brasileiro do Meio mobilidade populacional até em razão de se constituir como em busca de oportunidades e em virtude do incentivo à secundários e revisão bibliográfica, a partir dos seguintes Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), na UCs de uso sustentável e/ou de proteção integral e ainda de colonização dada pelo INCRA, por meio dos Projetos Integra- documentos: 1) Plano de Manejo da RESEX Rio Ouro Preto Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca (SEAP), no Ministério outras TIs. Deste modo, situamos: dos de Colonização (PICs) e Projetos de Assentamentos Dirigi- (MMA, 2014a); 2) Plano de Manejo Participativo da RESEX da Pesca e Aquicultura (MPA) e no Ministério da Agricultu- 1) Na RESEX Rio Ouro Preto em 2007 o ICMBio indicava dos (PADs), estabeleceram propriedades rurais. Este Distrito e Barreiro das Antas (MMA, 2014b); 3) Dissertação de Mestra- ra, Pecuária e Abastecimento (MAPA), dos quais 33,6% são em 583 habitantes e 157 famílias, com uma população jo- o de Jacynópolis em Nova Mamoré destacam-se pela pujança do em Geografia intitulada “Reserva Extrativista Estadual do mulheres, 65,3% são homens e 1,2% não informado. vem, sendo 56,6% são homens e 43,4% mulheres (MMA, econômica movida pela ilegalidade na extração de madeiras Rio Pacaás Novos: seringueiros e ribeirinhos – uma perspec- 2014a); de UCs e TIs e são marcados pela violência e tensão no campo tiva fenomenológica (RIBEIRO DA SILVA, 2014); 4) Tese de Sobre a atividade com o pescado nativo realizado em Gua- 2) Na RESEX Barreiro das Antas em 2009 o ICMBio iden- semelhante a outros locais de “fronteira econômica”. Doutorado em Desenvolvimento Regional intitulada “Per- jará-Mirim pelos pescadores artesanais verifica-se que utilizam tificou 12 famílias, o que corresponde um total de 40 pes- manência de práticas tradicionais em reservas extrativistas no a atividade como meio de sobrevivência e segurança alimen- soas, sendo 22 homens e 18 mulheres (MMA, 2014); Estado de Rondônia” (COSTA, 2012); 5) Revisão do plano de tar, e os excedentes são comercializados na própria região. 3) Na RESEX Pacaás Novos: 51 pessoas, sendo 26 do sexo manejo do Parque Nacional de Pacaás Novos (MMA, 2009); EDUCAÇÃO Esses pescadores possuem outras atividades complementares masculino e 25 do feminino (KANINDÉ, 2001); em 2003 6) Plano de Manejo do Parque Nacional Serra da Cutia: En- de renda, entre elas a agricultura e a pecuária (geralmente de ocorreu um incremento e a SEDAM considerou a RESEX Em conformidade com os dados apresentados por Cardozo carte 2 – Região da UC (MMA, 2006); 7) Plano de Manejo do pequenos animais), em razão de que em determinado perío- Barreiro das Antas na contagem da população e apre- et al. (2006), o nível instrucional da população do Distrito de Parque Nacional Serra da Cutia: Relatório Temático Socioeco- do do ano não podem exercer a atividade pesqueira por con- sentou um total de 140 pessoas - 56% masculino e 44% Surpresa em 2003 era muito baixo, sendo que apenas 5,46% nomia – Anexo III (CARDOZO et al., 2006); 8) Diagnóstico ta do defeso, e assim recebem auxílio ou seguro-defeso pelo feminino, abrigadas em 46 moradias (RIBEIRO SILVA, da população possui nível médio completo e 0,66% o supe- Etno-ambiental Participativo da Terra Indígena Uru-Eu-Wau- período equivalente à da suspensão da atividade, conforme o 2014); esse quantitativo foi elevado para 41 famílias e 162 rior; com 3,75% de analfabetismo num universo de 293 pes- Wau (Kanindé, 2002a); 9) Diagnóstico EtnoAmbiental da estabelecido pela Lei nº 13.134/2015. pessoas (COSTA, 2012); soas. Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau: Povo Indígena Oro Towati 4) Na RESEX Rio Cautário em 2011 a SEDAM estimou uma (Oro Win (Kanindé, 2002b); 10) Caracterização Socioeco- A atividade pesqueira é realizada de forma tradicional ou população de 194 pessoas e o trabalho de campo conclu- A explicação para esses indicadores ínfimos deve-se ao fato nômica do Traçadal: Resex Pacaás Novos - Rio Novo (in Ava- artesanal (malhadeira, anzol, isca de peixe, peixe artificial e iu desta 36% eram mulheres e 64% homens (KANINDÉ, que o Distrito possui uma única escola, a qual atende apenas liação Ecológica Rápida da Reserva Biológica Estadual Traçadal minhoca), e desenvolvida praticamente o ano todo, no caso 2014); para Costa (2012) trata-se de 48 famílias e 192 o ensino fundamental (até o nono ano), o que contribui de (Kanindé, 2001); 11) Diagnóstico socioeconômico do Parque de algumas espécies. As espécies citadas como de capturas pessoas; forma decisiva para que muitos dos moradores não alcancem Estadual de Guajará-Mirim e Entorno (Kanindé, 2015); 12) são aquelas que possuem maior valor comercial e com maior 5) No que se refere aos povos originários do entorno maior grau de ensino e deve ser considerado o fato que devido Diagnóstico socioeconômico da Reserva Extrativista Estad- procura pelo mercado consumidor. imediato e área de influência indireta11 da TIPN, existem às condições financeiras as famílias não disponibilizam de re- ual Rio Cautário e entorno (Kanindé, 2014); 13) Auditoria aproximadamente 2.000 indígenas de distintas culturas e cursos para que seus filhos possam estudar em Guajará-Mirim Operacional em Unidades de Conservação estaduais (TCE- Em relação à produção de peixes em cultivo (tanque, represa troncos linguísticos. Os dados do Museu Nacional do Ín- ou em outros municípios. RO, 2013). ou tanque-rede) o Censo Estrutural da Pesca (2006) não tem dio (2005) apontam 589 indígenas na TI Guaporé, 269 na 10 nenhuma informação a respeito. Em pesquisa na internet TI Sagarana, TI Rio Negro Ocaia com 670, TI Uru-Eu-Wau- Pelas singularidades da região de entorno e da área de in- A TI Pacaás Novas limita-se com o Parque Nacional Serra da encontramos a informação que existe a Associação dos Pisci- Wau com 214, os quais ficam próximas da TIPN. fluência indireta da TIPN é praticamente inexistente o trans- Cutia, com as RESEXs Barreiro das Antas, Pacaás Novos e Rio cultores de Guajará-Mirim com aproximadamente 150 asso- porte escolar, além do que os estabelecimentos de ensino pos- Ouro Preto, Distrito de Surpresa (Guajará-Mirim) e ainda com ciados, que provavelmente manejam o tambaqui e o pirarucu É oportuno destacar que além da baixa densidade demográfi- suem infraestrutura física desfavorável ao processo de ensino o Departamento do Beni (Estado Plurinacional da Bolívia). Faz como ocorre em outros municípios rondonienses. ca nestas UCs e TIs, a mobilidade relativa é pequena, porém e aprendizagem. parte do Corredor Binacional Brasil-Bolívia Guaporé-Itenez/ isoladamente o maior quantitativo ocorre entre a população Mamoré e encontra-se relativamente próxima das UCs e TIs. Quanto ao desemprego, os dados apontam que a média mais jovem, visto que muitos desses moradores procuram a relativa de desempregados com idade superior a 16 anos cidade como possibilidade de melhoria de vida, o que está Entre esses limites, o Distrito de Surpresa se destaca por ser no município é de 6,84%, em que a população indígena, associada a atingir melhor nível de escolaridade. a “área urbana” contígua à Terra Indígena Pacaás Novas e é 10 http://www.gentedeopiniao.com.br/lerConteudo.php?news=2508. Acessado em 12 abr 2016 11Aqui se considerou os povos originários que habitam no município de Guajará-Mirim com incidência de TIs e ainda aqueles que moram em outros municípios num 84 raio de aproximadamente 200km. 85 turada de rios e igarapés e não recebe filtragem ou colocado A energia elétrica atende em média 90% das residências lo- SAÚDE flúor e/ou cloro, o que potencializa doenças gastrointestinais. calizadas em terra firme e aquelas situadas na área ribeirinha INFRAESTRUTURA E BENS Nas residências que possuem poços – geralmente amazônicos mais próximas da cidade, enquanto as comunidades mais Os documentos consultados sobre o entorno imediato e a área – esses se localizam próximos a fossas ou sumidouros, passíveis distantes não contam com esse serviço e arcam com despe- No Distrito de Surpresa, nas comunidades das RESEXs e de influência indireta da TIPN revelam a existência de postos de contaminação no lençol freático, além de propiciarem o sas com combustível quando podem. Os 10% restantes da das TIs que possuem energia elétrica é comum encontrar de saúde em algumas RESEXs, os quais foram desativados ou surgimento de moscas e outros insetos que são propagadores população por não terem condições financeiras e o alto custo equipamentos urbanos como fogão a gás, rádio, televisão, possuem infraestrutura física e medicamentos bastante sim- de certas doenças. de instalação (transformadores, postes e fios), mesmo em terra freezer, geladeira, aparelho de som, aparelho de dvd e antena ples e servem para atender como primeiros socorros bási- firme, ficam excluído dessa benesse da modernidade. parabólica – ainda que nem todas as famílias possuam tais cos. Mesmo assim nem todas as comunidades contam com De forma global, a água utilizada para consumo humano no equipamentos é rotineiro os vizinhos mais próximos compar- esses serviços. Nas TIs, na maioria das comunidades possuem entorno da TIPN recebe tratamento com cloro em 30% dos tilharem desses bens. Somente no Distrito de Surpresa que foi pequenos postos, os quais contam com agentes de saúde e casos; enquanto 25% recebe filtragem; 10% é fervida; 25% COMUNICAÇÃO constatado entre poucas famílias a existência de computado- agentes de saneamento indígenas e regularmente são atendi- sem nenhum tipo de tratamento; 10% é coada – ou seja, mais res e forno de microondas. dos por enfermeiros. de 1/3 pode ser considerada imprópria para o uso. Um fato que chama atenção, mesmo o serviço funcionando apenas na área urbana, é que inúmeros moradores ribeiri- A televisão responde por aproximadamente 60% como meio Devido ao baixo poder aquisitivo da população é recorrente nhos, extrativistas e indígenas possuem aparelhos celulares. de entretenimento (novelas, filmes, noticiários, seriados, den- que o atendimento de saúde (Estado e Município) seja o mais Além disso, mantem páginas de relacionamento social e/ tre outros) e o rádio com 30%, isso considerando a área urba- procurado (90% dos casos) e até porque a iniciativa privada TURISMO ou de informações de suas comunidades na internet, o que na, as RESEXs e TIs e 10% não utilizam nenhum desses meios. não consegue atender certas demandas. Na avaliação dos estudos constatou-se que o Distrito de Sur- caracteriza-se como distantes fisicamente do urbano, mas não presa apresenta potencial para o turismo, todavia não conta longe do mundo, em decorrência da dinamicidade virtual. O Outros objetos como motocicletas, bicicletas e automóveis Para além da medicina curativa, no entorno da TIPN é uti- com infraestrutura básica. Entre as potencialidades tem-se a uso dos celulares é restrito apenas aos momentos quando es- também formam a teia de bens e estão em comunidades, em lizada a medicina tradicional, a qual consiste nos saberes das pesca no Vale do Guaporé e a Festa do Divino Espirito San- ses se encontram em alguma cidade que tenha a antena de sua minoria, que possuem acesso por terra até a sede muni- populações rurais, extrativistas e indígenas e que ajusta nas to, que poderia ser reorganizada – respeitando-se o modo de telefonia. cipal; por outro lado, o meio de transporte mais utilizado e relações entre os seres humanos, a natureza e as espiritua- vida local – e explorada de forma sustentável com benefícios presente em todas as comunidades do entorno ribeirinho é lidades. Existem algumas práticas realizadas que fogem ao para a população e para o Distrito, através da geração de tra- Na cidade o telefone fixo é também utilizado como meio de o aquático, por meio de pequenos barcos, canoas e motores padrão científico, que, no entanto, são representativas para balho e renda. comunicação. Em algumas comunidades das RESEXs e TIs rabetas, os quais transportam produção, mercadorias, pessoas os moradores, principalmente entre as mulheres, as quais se com populações mais concentradas, como é o caso da TI Rio e atendem ainda os serviços de saúde e educação. utilizam de várias plantas como medicamentos “caseiros”, que Em relação à essa questão do turismo, o Vale do Guaporé Negro Ocaia, conta com telefone público e que facilita o con- são cultivadas e/ou encontradas nas comunidades e destina- possui belezas cênicas e praias, onde é possível observar aves, tato com a cidade, principalmente nas situações de urgência Neste sentido pode-se pensar em uma situação problemática das ao tratamento dos mais variados males. O conhecimento botos, peixes e outros animais de espécies variadas, além do e emergência. Aquelas com população mais rarefeita, por sua em relação à locomoção dessas pessoas, pois não existe trans- sobre as funções de cada planta é repassado através do con- fato que os moradores do Distrito se mostram muito recepti- vez, em sua maioria dispõem de radioamadores. porte público que circule próximo às propriedades, apenas o hecimento tradicional. vos em relação ao desenvolvimento dessa atividade na região, ônibus escolar, isso em comunidades mais próximas à cidade pois consideram que ela possa contribuir com a conservação/ e que encontram-se em terra firme. A falta de transporte tam- Em relação à infraestrutura de saúde, o Distrito de Surpre- preservação do meio ambiente regional e com isso obterem bém compromete a venda da produção das famílias, o que sa (MMA, 2006) possui um posto para atender casos menos HABITAÇÃO melhoria da qualidade de vida por meio da geração de em- implica diretamente na diminuição de suas rendas. A moto- graves e aqueles com maior complexidade são direcionados prego e renda e dos investimentos em infraestrutura para re- cicleta, dessa forma, constitui-se como o meio de transporte para o Hospital Regional e que ainda a população recorre em Em relação às residências do entorno, podemos situá-las em ceber turistas. Para tanto, é indispensável o apoio governa- mais comum nas áreas situadas em terra firme. muitas situações em utilizar plantas caseiras nas situações de duas categorias, a primeira por ser predominante inserida em mental e da iniciativa privada, inclusive com financiamentos, pequena gravidade. Aponta ainda que o deslocamento para RESEXs e TIs, as condições de habitabilidade refletem em mui- para a implantação das bases relacionadas à essa atividade cuidados com a saúde é realizado “única e exclusivamente to o modo de vida dos povos originários e das populações econômica. ASPECTOS ECONÔMICOS por meio de transporte fluvial, o que, dependendo do tipo tradicionais (ribeirinhas, extrativistas e pescadores), ou seja, obedecem ao padrão de construções simples e com materiais de embarcação, pode levar até mais de um dia para chegar à O trabalho feminino é um importante indicador de aspectos extraídos da região. Sede do Município, que está situada a aproximadamente 200 ENERGIA econômicos, sociais e culturais, visto que a contribuição das quilômetros”. mulheres repercute também no incremento da renda familiar, Essas estruturas apesar de apresentar simplicidade (poucos cô- porém nem sempre esse dinheiro de forma direta e/ou ad- Aproximadamente 70% das comunidades do entorno, aquelas modos, arquitetura de duas águas e com aparente estrutura Sinteticamente, as doenças mais comuns no entorno e área de ministrem as finanças – geralmente esses são controlados por com energia elétrica, possuem bombas de captura de água frágil) oferecem conforto térmico na maior parte do ano – a influência indireta da TIPN, inclusive no Distrito de Surpresa, seus maridos. estão interligadas principalmente às condições ambientais e em poços, rios e cursos d’água menores, enquanto os demais exceção ocorre no meio do ano com o fenômeno da friagem, fazem o abastecimento de forma manual. quando as temperaturas sofrem queda brusca, o que ocasiona de infraestrutura existente e mudanças de hábitos alimenta- Os dados apresentados nos documentos descritos na intro- a proliferação de doenças respiratórias. res, sendo: hepatite, gripe, diarreia, verminose, amebíase, dução da parte II apontam que aproximadamente 80% das É imprescindível constatar que a falta ou baixa quantidade hipertensão, gripe, leishmaniose, pneumonia, diabetes, ane- mulheres contribuem de forma indireta para a renda familiar, de equipamentos tecnológicos, como roçadeiras e tratores, Em relação à acessibilidade constatou-se que muitas das pro- mia, epilepsia e a malária. através da produção de artesanato, geleias, farinha de man- compromete a produção e a produtividade dessas comuni- priedades sofrem dificuldades em decorrência do péssimo dioca, doces, queijos, pescado, ovos e pequenos animais, dades, além do fato que a inexistência de energia nas comuni- estado de conservação das estradas, o que nos conduz a re- Na avaliação geral dos moradores do entorno, a qualidade os quais ocasionalmente são comercializados. Na opinião dades menores ou mais distantes proporciona maiores gastos fletir que esses problemas de acesso podem contribuir para o dos serviços prestados nos postos de saúde e oferta de me- dessas mulheres tais atividades não podem ser consideradas com combustível para motores e geradores elétricos. Por não tipo de material escolhido para a edificação das casas, além dicamentos é considerada péssima (90%) e somente 10% con- como renda – inclui-se nesse conjunto a capina, o plantio e a haver também rede de irrigação e abastecimento d’água, os das questões exclusivamente financeiras. Esclarece-se que a sidera como regular. Isso se dá pelas dificuldades encontradas colheita de produtos agrícolas, principalmente mandioca; moradores necessitam de poços e bombas para prover suas maioria dos moradores e suas famílias dependem dos rios e pelas famílias em acessar os serviços e estende-se também assim consideram como trabalho e renda aquilo que é produ- residências, o que contribui para o aumento das despesas e igarapés para se movimentarem, o que dificulta o transporte quando procuram atendimento na área urbana. zido e comercializado em maior volume. consequentemente menor lucratividade – essa questão provo- de materiais de construção. ca desestímulo para a expansão e diversificação da produção Outro fator ligado à área de saúde que é muito deficitário Em relação a renda obtida por essas mulheres através de algum nas RESEXs e TIs, a qual também é prejudicada pela insufici- se relaciona a inexistência de sistemas de captação d’água e trabalho formal – o que é importante para o reconhecimento esgotos. Quase que exclusivamente a água consumida é cap- ente e/ou inexistente assistência técnica.

86 87 familiar e para o aumento de sua autoestima – ou daquele d’água), em polvilhos ou em tucupi. – ASDEFIC/GM; sua relevância e pertinência. Essa constatação ganha outras compreendido como gerador de renda, inclusive aposenta- 18. Cooperativa dos Seringueiros de Rondônia – conotações ao considerarmos a área territorial, que no caso, é doria e pensão, ficou constatado que aproximadamente 20% Sobre a mensuração da renda anual familiar no entorno e na COOSERON; superior a muitos países do mundo e a heterogeneidade social delas colaboram diretamente no aumento de receitas finan- área de influência indireta da TIPN é algo muito complexa, 19. Associação dos Criadores do Vale do Mamoré – percorre desde os povos originários, passa pelos extrativistas ceiras, o que proporciona a melhoria da qualidade de vida visto que as famílias culturalmente não realizam a contabi- ACRIVALE; das RESEXs, ribeirinhos, área urbanizada e finalmente agricul- familiar e do conforto das residências, das propriedades e/ou lidade e/ou controle das fontes produtivas. Isso decorre 20. Associação dos Agricultores do Ramal Cachoeirinha. tores familiares, logo, a compatibilização se caracteriza como das comunidades. porque o produzido, quando comercializado é realizado em um exercício de grande complexidade. pequena escala, devido ao sistema de transporte (barco) não Entre aquelas que consideram como trabalho ou outros ter capacidade adequada, além disso as infraestruturas de ar- CONFLITOS Compreendemos que alguns de nossos questionamentos não mecanismos que são incorporados e que corresponde ao mazenagem não são apropriadas. Logo, não sabem precisar puderam ser respondidos – devido à opção de não ser rea- universo descrito de atuação feminina, possui uma média quanto colheram do produto e seu valor de venda (ocorre em SOCIOTERRITORIAIS lizado trabalho de campo, o qual se tornaria dispendioso e geral aproximada situada em três extratos econômicos: qualquer tempo do ano em decorrência de cobrir despesas demandaria um tempo maior, não somente para aplicação de 1) 35% dessas mulheres percebem renda correspondente a mediante às necessidades mais urgentes) sobre a qual ocorre A região do entorno e da área de influência indireta da questionários, mas também de tabulação e análise. Os dados 12 meio salário mínimo mensal (s.m.m.) ; 2) 50% percebem en- flutuações de preços no mercado, em que impera a lei da TIPN, assim como a própria TI, como um todo se encontra secundários, ainda que não apresentem a realidade do mo- oferta e da procura. tre ½ e 1,2 s.m.m.; 3) 15% entre 1,2 a 02 s.m.m. Por esses vulnerável aos mais distintos modos de ataques, pressões e mento atual, foram importantes como resgaste histórico e para dados constata-se que a renda feminina é muito baixa e que, conflitos, em decorrência de atividades ilegais como extração a compreensão do que tem ocorrido no espaço geográfico de algum modo reflete no baixo grau de instrução/educação. É pertinente constatar que a produção agrícola tem como ilegal de madeira, garimpo, caça e pesca predatórias, grilagem do entorno e da área de influência indireta da TIPN, onde Esses valores percebidos pelas mulheres encontram-se em pa- função principal a segurança alimentar, pois se fosse somente de terras. Essas atividades ocorrem com a utilização dos rios e a região apresenta baixos indicadores sociais e econômicos tamares inferiores ao PIB per capita do município de Gua- para gerar renda as famílias estavam fadadas ao insucesso, de estradas que permitem o acesso à região. – com repercussão na qualidade de vida e nas condições de jará-Mirim, o qual apresenta um valor médio mensal de R$ devido inviabilidade econômica dos empreendimentos, visto vida das populações. 1.397,89 – de forma que contribui para entendermos as di- que não recebem de incentivos financeiros, assistência técni- Ainda que o poder público através da SEDAM, IBAMA, ficuldades socioeconômicas encontradas pelas famílias mora- ca e outros apoios, além da concorrência com outras regiões Para além dessas realidades, a região se constitui como um doras do entorno e da área de influência indireta da TIPN. produtoras do país com estruturas (tecnologias, técnicas, ar- ICMBIO, Polícia Florestal e Polícia Federal realizem fisca- mazenamento, transporte industrialização e maiores merca- lizações, o problema persiste em razão da falta de infraestru- “paiol de pólvora” com diversas explosões (roubo de madei- tura física (postos permanentes), de recursos humanos per- ra, garimpo ilegal, invasão de terra, pesca e caça ilegais, den- No caso do uso da terra pelos moradores do Distrito de Sur- dos consumidores). presa segue um padrão semelhante ao verificado em outras manentes para coibir as constantes presenças de pessoas que tre outros fatores), ou seja, como representações da fronteira regiões do Estado de Rondônia, as quais apresentam um au- atuam à margem das leis e que colocam em risco a vida dos econômica amazônica, marcada pela violência, pelo dinamis- mento crescente na criação de gado de corte e leiteiro. O moradores. Com isso se verifica em algumas porções territori- mo e pelas contradições socioeconômicas, da qual o Estado crescimento da pecuária na área rural do Distrito de Surpresa ORGANIZAÇÃO SOCIAL ais da região, desmatamento e queimada ilegais e a presença é ao mesmo tempo (re)produtor e repressor dessas desigual- só não é mais expressivo devido a limitações geográficas e de bovinos, garimpos e extração ilegal de madeiras tanto nas dades que encontra no modelo de desenvolvimento o seu condicionantes ambientais, visto que está circundado por TIs A cultura associativista/cooperativista, embora presente zonas de amortecimento quanto no interior de UCs e TIs. ponto de ancoragem. e UCs, além da dificuldade de dificuldade de acesso à sede em todo o município de Guajará-Mirim, de modo geral, as municipal que é realizada somente por barcos, o que impede instituições se apresentam fragilizadas e em diferentes graus Em algumas dessas áreas invadidas ou de ocupações irre- O que se verifica nesse espaço amazônico são invisibilidades, de comercializar animais para o abate e ainda o leite para o de gestão, atuação e organização. Pelos dados levantados as gulares a exposição de placas que mencionam a “venda” de nas quais a maioria das famílias procuram sobreviver diante laticínio. Caso se concretize a Rodovia Transrondoniana (RO organizações sociais que possuem algum tipo de ação no en- “propriedade”, bem como de indicativos que evocam um das necessidades para sustentar seus membros e se firmar 370), o cenário tende a mudar, o que implicará em maiores torno e na área de influência indireta da TIPN são: caráter religioso ou então de ameaças. Essa condição de- como referência socioterritorial, onde possa produzir, criar pressões ambientais (aumento do desmatamento e de quei- 1. Associações de povos indígenas nas TIs; monstra cenários de conflitos, o qual demonstra a instabi- seus filhos mesmo que as dificuldades e os sacrifícios sejam madas) com consequente incremento da pecuária bovina. 2. Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais- lidade fundiária e irregularidade ambiental do local – ainda enormes, inclusive no ato de sobreviver fisicamente frente às STTR; que as RESEXs e TIs estejam devidamente reconhecidas, ho- constantes ameaças. A agricultura praticada em pequena escala (mandiocultura, 3. Associações de Produtores Rurais – de atuação na agri- mologadas e registradas como patrimônio público de usufruto principalmente) aparece em aproximadamente 70% das pro- cultura familiar e localizam-se em diversas linhas vicinais das populações tradicionais e indígenas. Apesar dessas condições é pertinente constatar que as ações priedades e em muitos casos como complementar à pecuária e comunidades; produzidas por esses moradores no sentido de conservar/ leiteira. 4. Associação dos Seringueiros da RESEX Pacaás Novos e Tal condição representa a ausência ou a atuação do Estado no preservar ou utilizar devida ou inadvertidamente o meio am- RESEX Federal Barreiro das Antas Primavera – atua ainda sentido de reprimir ou de regularizar área – se for de direito biente tem repercussões que extrapolam os próprios locais de Em relação ao uso da terra para as outras de entorno e da nas comunidades extrativistas do Rio Novo; – e de implantar políticas públicas. Em resumo, a situação moradias e alcançam dimensões globais, o que faz com que a área de influência indireta da TIPN, está regulamentada in- 5. Cooperativa Vida Nova que atua no apoio à produção e remete a uma “terra sem lei”, de forma que favorece ações ação do Estado e da própria sociedade seja indispensável para ternamente nas RESEXs, através de limitadores do tamanho à comercialização dos produtos das RESEXs; delituosas e espúrias que repercute sobre os moradores do solucionar conflitos e ainda apresentar alternativas e apoios de roças por famílias e a proibição da prática de bovinocul- 6. Associação de Seringueiros e Agroextrativistas do Baixo entorno e que alcançam diretamente a TIPN e com isso con- para que possa assegurar aos indígenas, aos extrativistas de tura, pois descartaria a função social e ambiental da UC, que Rio Ouro Preto – ASAEX; tribui para uma percepção equivocada sobre a importância modo geral e aos agricultores familiares a dignidade e a con- consiste no uso sustentável dos recursos naturais. O mesmo 7. Associação de Seringueiros de Guajará Mirim – ASGM; das TIs e das RESEXs - que formam o mosaico do Corredor quista da cidadania. princípio, até por procedimento cultural também se reaplica 8. Associação de Seringueiros do Rio Ouro Preto – AS- Ecológico Binacional Brasil-Bolívia Guaporé-Itenez/Mamoré - nas TIs, embora alguns indígenas possuam bovinos – o que é ROP; em suas vidas e para a região, onde se encontram inseridos. Assim, nessa construção um elemento apresenta-se como fun- motivo de certos conflitos nas aldeias. 9. Associação dos Açaizeiros Agroextrativista de Guajará damental, o diálogo e o pacto de entendimento com essas Mirim – ASAGUAM; populações e a sociedade local com o objetivo de encontrar Desse modo, constatam-se pequenas áreas cultivadas, prin- 10.Organização de Seringueiros de Rondônia – OSR; alternativas e/ou a construção de agendas que possibilitam e cipalmente, com mandioca Manihot esculenta e macaxeira 11. União dos Seringueiros de Rondônia – USR; estabeleçam políticas públicas – ainda que iniciais – com vista Manihot utilissima, sendo que a opção desse plantio deve-se 12. Associação de Mulheres Agroextrativistas do Mu- a diminuição das mais distintas problemáticas existentes e que a fatores culturais, bem como a facilidade do manejo e da IMPRESSÕES GERAIS nicípio de Guajará-Mirim/RO – ASMAGM; impactam a TIPN e sua área de influência direta e indireta. rusticidade dessas espécies. Deve ser considerada ainda para 13. Associação dos Piscicultores de Guajará-Mirim; Retratar a questão do entorno e da área de influência indire- toda o entorno e área de influência indireta da TIPN que a 14. Associação dos Seringueiros do Vale do Guaporé – ta da TIPN não foi tarefa das mais fáceis, ainda que se trata mandioca e macaxeira não exigem solos com alta fertilidade Algumas sugestões foram apresentadas como marcos in- de trabalhar com dados secundários, teve a necessidade de para que tenham alta produtividade; outra relação é que são AGUAPÉ; trodutórios e de reflexão, todavia, devem ser ampliados e redimensioná-los, compatibilizá-los e realizar a análise exi- plantas de ciclos curtos, em geral, podem começar a ser col- 15. Associação de Moradores do Distrito de Surpresa – construídos objetivamente com planejamento e estratégias giu-se um esforço enorme, visto que muitas das informações hidas seis meses após o plantio, o que implica em até duas AMADSUR – tem atuação no meio rural e urbano do Dis- que permitam alterar a situação atual, mas sem perder as possuem um lapso de tempo superior há dez anos, então safras anuais. Desse modo, servem como subsistência alimen- trito; referências sociais, econômicas, ambientais, políticas e cul- a possibilidade de equívocos proporcionalmente se torna tar às famílias, além de ser uma das primeiras fontes de renda, 16. Colônia de Pescadores Z2 de Guajará-Mirim; turais das famílias e comunidades envolvidas no processo. através da comercialização in natura, em farinhas (torrada e 17. Associação dos Deficientes Físicos de Guajará-Mirim grande, pois incorre em risco de extrapolar ou de diminuir

12O salário mínimo mensal (s.m.m.) vigente em maio de 2016 corresponde ao valor de R$ 880,00. 88 89 CAPITULO 6 INTRODUÇÃO ETNOZONEAMENTO

A Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental O etnozoneamento foi realizado utilizando metodologia par- de Terras Indígenas – PNGATI, publicada pelo Decre- ticipativa interativa durante a Oficina realizada na aldeia Santo to nº 7.747, de 5 de junho de 2012, em seu artigo 4 diz: André, entre os dias 19 a 24 de maio de 2017, buscando que todos os indígenas e representantes das instituições presentes, Art.4º Os objetivos específicos da PNGATI, estru- se envolvessem no grupos de trabalho que foram criados e turados em eixos, são: I – eixo 1 – proteção territo- depois na plenária, expressassem suas opiniões, contribuíssem rial e dos recursos naturais: com análises e propostas. i) promover o etnozoneamento de terras indígenas como instrumento de planejamento e gestão ter- O empoderamento dos participantes foi fundamental para o ETNOZONEAMENTO ritorial e ambiental, com participação dos povos resultado final na elaboração do mapa do Etnozoneamento, indígenas; pois como diz LEROY (1997) “ a participação é uma afirmação de maturidade, de saída da cultura da assistência, clientelismo O Estado do Acre realizou o etnozoneamento com recurso e de dependência de favores para o exercício da cidadania”. governamental, nos demais estados brasileiros vem sendo re- alizado com recursos de cunho privado, pelas organizações Os indígenas em grupos definiram as zonas desenhando não governamentais. o mapa da terra indígena e com lápis de cor foram pintan- do cada local e definindo o uso, depois na plenária foram Em Rondônia a Kanindé Associação de Defesa Etnoambiental ajustando as zonas, conforme cada participante se manifes- realizou os diagnósticos, etnozoneamento e Plano de Gestão tava sobre a região. das terras indígenas Sete de Setembro, Igarapé Lourdes, Uru- eu-wau-wau e Roosevelt. No Mato Grosso realizou o da Terra Foram criadas 05 (cinco) zonas e para cada uma foram defi- Indígena Zoró e no Amazonas das Terras Indígenas Nove de nidas as normas de uso, objetivos, princípios, indicadores, Janeiro e Ipixuna. resultados e atividades, que deverão fazer parte do Plano de Gestão da Terra Indígena Pacaás Novas. Estes etnozoneamentos contribuem para a consolidação dos corredores Etnoambientais Tupi Mondé, Kwahiva e do Corre- dor Ecológico Binacional Itenez-Guaporé-Mamoré, mantendo desta forma uma vasta área de conservação e preservação da biodiversidade destas regiões.

A Terra Indígena Pacaás Novas faz parte do Corredor Ecológi- co Binacional Itenez-Guaporé-Mamoré e seus limites são com unidades de conservação promovendo a conectividade entre Foto: Alexsander Santa Rosa Gomes/Kanindé fauna, flora e a interação entre populações tradicionais e po- vos indígenas na região.

A população indígena é de aproximadamente 1700 (hum mil e setecentos) indivíduos dos povos Oro Mom, Oro Eo, Oro Aram, Oro At, Oro Aram Xinjein, Oro Win ou Oro Towati, Paiter/Surui, Makurap entre outras, inclusive a presença de um Xavante, porém a predominância étnica é do povo Oro Nao’. São falantes da língua Txapakura e estão distribuídos em 12 (doze) aldeias.

Fotos: Alexsander Santa Rosa Gomes/Kanindé

O etnozoneamento é uma ferramenta importante Segundo Little (2006), o “etnozoneamento é um para definir o uso dos recursos naturais e para a ela- instrumento de diagnóstico, zoneamento e plane- boração do Plano de Gestão das Terras Indígenas. jamento dos povos indígenas para gestão dos seus territórios...”

90 91 • Assistência técnica (analise e correção do solo das KA KERE WET XINE MI KA PA’ PA’ PE TOKWA HWAM KA KEREK WET XINE roças) e capacitação no uso de maquinas e equipamen- tos agrícolas; ZONA DE PESCA KARAMAJI XITOT • Elaborar o Plano de negócio dos produtos Oro Nao’; ZONA DE CONSERVAÇÃO • Certificar os produtos Oro Nao’; ZONA DE PRODUÇÃO • Elaborar o plano de manejo de produtos da floresta; Esta Zona é uma região ainda preservada, onde os indígenas Esta Zona é utilizada para os indígenas desenvolverem a pes- • Elaborar e certificar o plano de manejo florestal; utilizam apenas para coleta de sementes e decidiram que ca tradicional, e havendo a comercial devem os indígenas A região foi definida para produção, por ser utilizada pelos • Construir oficina de marcenaria; está área deveria ser preservada para manter os animais e a definirem em um Plano de Manejo discutido com toda a co- indígenas, e o manejo dessas áreas naturais estão voltadas para • Construção de viveiros de plantas; floresta sem pressão e sem ameaças. munidade. a segurança alimentar e a comercialização dos produtos. • Criar cooperativa Oro Nao’. NORMAS NORMAS: NORMAS • Somente Oro Nao’ poderá pescar neste lugar; • Não desmatar; • Isolar a roça com aceiro. • A comercialização interna e externa do pescado será • Não queimar; • O povo Oro Nao’ deve ser consultado sobre a im- KA KEREK WET XO permitida desde que respeite as normas legais brasilei- • Não explorar madeira; plantação de qualquer projeto ou atividade produtiva; ras e a cultura Oro Nao’; XINE XITOT • Preservar as cabeceiras dos igarapés; • O aceiro é de responsabilidade do dono da roça; • O período de desova das espécies deve ser respei- • Proibida caça por não indígenas; • O madeira de área de roça só pode ser aproveitada tado; • Caçar e pescar só para alimentação dos indígenas Oro para a subsistência da comunidade; ZONA DE RECUPERAÇÃO • Evitar jogar lixo nos rios, igarapés e lagos; Nao’ que moram na Terra Indígena Pacaás Novas. • A madeira só pode ser comercializada com certifi- • Evitar desmatar nas margens dos rios, igarapés e lagos; cação e autorização dos órgãos competentes; NORMAS • As normas de pesca comercial serão definidas no PRINCÍPIOS • Manter as roças tradicionais utilizando culturas do • Não atear fogo nessas áreas. plano de manejo de pesca. • A Zona de conservação só pode ser utilizada pelo povo Oro Nao’; povo Oro Nao’ que mora na Terra Indígena Pacaás • Priorizar cultivo tradicional Oro Nao’. PRINCÍPIO Novas; PRINCÍPIOS • Respeitar o manejo tradicional Oro Nao’. • Recuperar com espécies nativas. • Ka’ to pan kakain nahwak ki kokon Oro Nao’. PRINCÍPIOS • Capacitações serão realizadas dentro das aldeias. • Manter a forma de cultivo tradicional Oro Nao’. OBJETIVO GERAL OBJETIVO GERAL OBJETIVO GERAL • Recuperar estas áreas para a utilização pelos Oro • Conservar todos os recursos naturais dentro desta OBJETIVO GERAL • Conservar e fazer a utilização do recurso pesqueiro Nao’. zona. • Garantir a segurança alimentar e geração de renda do Makarakon Oro Nao’. povo Oro Nao’. OBJETIVOS ESPECÍFICOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Conservar as espécies de plantas, árvores e de OBJETIVOS ESPECÍFICOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS • Plantar arvores nativas e frutíferas para atrair os animais e animais; • Elaborar o plano de manejo de pesca Makarakon Oro • Beneficiamento e comercialização dos produtos Oro melhoria do solo; • Preservar as nascentes dos igarapés. Nao’; Nao’; • Elaborar e implementar sistema agroflorestal para uso da • Realizar estudo para instalação de tanques de • Certificação dos produtos Oro Nao’; comunidade; piscicultura. INDICADORES • Construção de uma unidade de beneficiamento de • Recuperar a mata ciliar nas comunidades. • 100% da zona conservada. INDICADORES alimentos; • Aumento da produção agrícola; RESULTADOS - Oro Nao’ fazendo o manejo da pesca; INDICADORES • Elaboração do plano de manejo de uso múltiplo. • Quantidade de animais que retornam para estas • Aumento da quantidade de animais; - Área de pesca conservada; áreas; • Manutenção da qualidade da água dos rios e igara- - Aumento da quantidade de peixes; INDICADORES • Tamanho das áreas recuperadas; pés; - Plano de manejo de pesca implementado. • Quantidade de produtos vendidos; • Quantidade de arvores frutíferas e nativas plantadas. • Aumento da quantidade de peixes; RESULTADOS • Aumento do valor dos produtos comercializados; • Manutenção da qualidade do ar; • Um plano de manejo elaborado; - Plano de manejo de pesca elaborado e sendo • Espécies de plantas e árvores preservadas. • Cooperativa criada e funcionando; RESULTADOS executado; • Aumento da quantidade de espécies de caça; • Unidade de beneficiamento de alimentos instalada e - Acordo de pesca; • Agregar estas áreas na zona de produção; ATIVIDADES funcionando; - Oro Nao’ comercializando o pescado; • Aumento da produção agrícola. • Formação de agentes ambientais indígenas; • Número de produtos certificados; • Realizar operações de vigilância; ATIVIDADES • Diminuição do numero de atravessadores. • Retirar os garimpeiros; ATIVIDADE • Realizar monitoramento participativo da biodiversi- • Construir maloca tradicional para hospedagem e RESULTADOS • Elaborar e implementar sistema agroflorestais nas dade (animais e plantas); lugar de venda de artesanato para os pescadores esport- • Selo Oro Nao’ emitido; aldeias; • Realizar operações de fiscalização; ivos (turistas); • Melhoria da qualidade de vida e renda dos Oro Nao’; • Capacitar indígenas em sistema agroflorestal; • Elaborar Plano de Proteção. • Elaborar plano de negocio para pesca esportiva; • Melhoramento da cultura agrícola; • Elaborar e implementar plano de recuperação de • Elaborar o plano de manejo do pirarucu e pesca • Agregação de valor nos produtos; matas ciliares. comercial; • Plano de manejo implementado; • Realizar o monitoramento participativo da pesca; • Manutenção do plantio de roças tradicionais. • Capacitação para os indígenas em legislação, criação de peixes, monitoramento, outros; ATIVIDADE • Instalar tanques de piscicultura; • Criar Brigada contra incêndio; • Elaborar o acordo de pesca. • Capacitar comunidades sobre manejo do fogo e manejo dos roçados;

92 93 Os indígenas decidiram que seu Plano de Gestão seria pen- Principio: CAPITULO 7 sado para os próximos 10 anos e que a cada 5 anos fariam a Proteger o território e seus recursos naturais. avaliação do grau de implementação das ações. Outra decisão Diretriz: tomada pelo coletivo do povo Pacaás Novas, foi de que o Promover a proteção com a participação dos indígenas. Plano trataria das prioridades atuais, possíveis de serem exe- cutadas no prazo de dez anos, portanto trabalhariam apenas O Programa é composto de 02 (dois) Subprogramas: 3 Programas Temáticos, sendo o de Proteção e Gestão do Ter- 1.1 Subprograma de Gestão Territorial, que traz as se- ritório, Saúde e Produção. guintes linhas de ação: capacitação, vigilância, intercâm- bios vigilância e fiscalização; Buscando garantir o respeito aos valores do povo indígena, 1.2 Governança socioambiental, com as linhas de ação: PLANO foram criados programas baseados em princípios que res- Gestão compartilhada com a FUNAI e SEDAM e conser- peitem a autonomia e os hábitos do povo indígena, os quais vação dos rios e igarapés; estão elencados a seguir: 1.1 Subprograma de Gestão Territorial PRINCÍPIOS • Compreender, valorizar e priorizar os conhecimentos e OBJETIVO DE GESTÃO a cultura dos indígenas; • Promover a participação do povo indígena na gestão e • Proporcionar amplo conhecimento sobre o Plano de vigilância do seu território e na conservação dos recursos Gestão; naturais. • Proporcionar o máximo de participação dos indígenas na implementação do Plano de Gestão; PROBLEMAS QUE TENTA RESOLVER: • Proporcionar a gestão indígena na gestão do território; • Danos ambientais causados nas nascentes e desmata- • Proporcionar aos indígenas cursos de formação, trein- mento na margens de rios e igarapés; amento e capacitação em gestão de território, adminis- • Danos ambientais causados a terra indígena; tração financeira, inclusão digital, legislação ambiental e • Limites da terra indígena e entrada das aldeias sem indígena; placas informativas. • Respeitar os espaços de tomadas de decisão cultural; • Caça e pesca ilegal na terra indígena; • Garantir a integridade da biodiversidade da terra Indicadores indígenas, que são fonte de recursos naturais para • Oficina de capacitação em vigilância do território re- manutenção do modo de vida do indígenas. alizada; • Terra Indígena Pacaás Novas protegida; DIRETRIZ • Vigilância e fiscalização sendo realizadas com a partic- • Garantir a proteção e o envolvimento do povo indíge- ipação de indígenas; na na defesa do território. • Indígenas capacitados e atuando na proteção do ter- ritório. OBJETIVO GERAL • Placas indicativas colocadas nos limites do território; • Implementar a Ka Kerewet Xine Mi (Zona de Conser- • Intercâmbio e experiência realizadas com outros povos vação) da Terra Indígena Pacaás Novas. e registradas em vídeos; • Capacitação em edição de vídeos;

RESULTADO ESPERADO PROGRAMAS • Terra Indígena Pacaás Novas com sua biodiversidade conservada e indígenas fazendo sua proteção.

TEMÁTICOS MEIOS DE VERIFICAÇÃO • Relatórios produzidos pelas Associações Indígenas e FUNAI; Guajará-Mirim. Foto: Alexsander Santa Rosa Gomes/Kanindé 1. PROGRAMA DE • Vídeos elaborados e sendo divulgados na mídia; PROTEÇÃO E GESTÃO • Denúncias e fotografias. DO TERRITORIO ATIVIDADES • Realizar 02(duas) Oficinas para formar Agentes Am- O Plano de Gestão Territorial Ambien- ticipativo (DEAP) e do Etnozoneamento foram O Programa de Proteção e Gestão do Território esta aliado bientais Indígenas duas vezes no ano, envolvendo legis- tal (PGTA) da Terra Indígena Pacaás Novas utilizados para a elaboração deste PGTA na com o que propõe a PNGATI (Politica Nacional de Gestão lação indigenista, ambiental, uso do gps, cartografia, pre- Territorial e Ambiental de Terras Indígenas) se desenvolve no venção a queimada, métodos de abordagem, elaboração (TIPN), tem como objetivo desenvolver ações Oficina realizada nos dias 19 e 24 de maio interior da Terra Indígena Pacaás (TIPN) e em seu entorno, en- de relatórios e denúncia; que contribuam para a implementação do de 2017 na aldeia Santo André com a parti- volvendo as Associações Indígenas e FUNAI – Fundação Na- • Realizar a cada ano 01 (uma) Oficina de elaboração cional do Índio e Policia Federal e propõe ações que propic- e edição de vídeos voltados a denúncia de danos am- etnozoneamento e visa a proteção física e terri- cipação de lideres das aldeias, diretoria da iem aos indígenas o conhecimento e o desenvolvimento de bientais; • Realizar 02 (duas) expedições de vigilância por ano, torial dos povos da Terra Indígena Pacaás Novas. Associação Indígena Santo André, representante ações de monitoramento e controle sobre os recursos naturais da TIPN. O Programa tem como princípio e diretriz: sendo 01 (uma) no período de seca e 01 (uma) na cheia Os dados do Diagnóstico Etnoambiental Par- da FUNAI e a assessoria da Kanindé. dos rios;

94 95 • Participar de fiscalização em conjunto com a FUNAI e PF; formalizar as parcerias entre as instituições; que estes possam repassar aos jovens os conhecimentos normas do mercado; • Realizar 01 intercâmbio com indígenas de outras • Termo de Parceria sendo elaborado de forma parti- sobre a medicina tradicional; • Dificuldades em armazenar, coletar, vender e transpor- regiões que sofrem os mesmos processos de invasão por cipativa; • Instalar saneamento básico e sistema de distribuição tar os produtos extrativistas; que passam os Oro Nao; • Atividades de proteção sendo realizadas em conjunto de água em todas as aldeias; • Indígenas sem saber onde colocar seus produtos a venda; • Promover a recuperação das nascentes e igarapés que otimizando recursos; • Destinar local apropriado para a destinação do lixo • Indígenas sem saber beneficiar os produtos extrativistas sofrem pressão de pescadores; • Indígenas e técnicos das instituições atuando em par- produzido nas aldeias; (copaíba, açaí). • Afixar placas indicativas nos limites da Terra Indígena ceria nos eventos, conselhos e reuniões na defesa do ter- • Promover a saúde da mulher indígena, com orien- Pacaás Novas; ritório indígena. tações sobre como prevenir o câncer de mama e colo INDICADORES • Elaborar o Plano de Proteção da Terra Indígena Pacaás do útero; • FUNAI apoiando o desenvolvimento de roças tradicio- Novas; • Atendimento psicológico aos portadores de doenças nais e a comercialização destes produtos; • Reflorestar as margens do rio Pacaás Novos; 2. PROGRAMA DE SAÚDE mentais; • Hectares plantados e/ou melhorados e quantidade de • Equipar as equipes de vigilância com barcos, motor, • Garantir exames especializados; produtos comercializados. veículos traçados, gps, máquinas fotográficas, notebook, O Programa de Saúde busca garantir o atendimento a saúde • Realizar atendimento médicos em varias modalidades • Quantidade de produtos vendidos; placar solar; indígena pela Secretaria Especial de Saúde Indígena - SESAI direto nas aldeias; • Porcentagem de aumento na venda da castanha. • Reaviventar os limites da Terra Indígena Pacaás Novas. diretamente nas aldeias. • Garantir atendimento especializado aos viciados em Princípio: álcool e outros tipos de drogas; RESULTADOS ESPERADOS 1.2 Subprograma de Governança Respeitar as concepções e valores culturais do povo indí- • Construir, reformar e equipar posto de saúde nas aldeias; • Plantio, coleta e venda dos Produtos organizada; socioambiental gena no que concerne ao atendimento a saúde. • Solicitar do Governo que abra concurso público para • Melhorada a qualidade e a venda dos produtos; Diretriz: contratar profissionais de saúde para atuarem dentro das • Produtos sendo vendidos no mercado e parte sendo A terra indígena Pacaás Novas está localizada no Corredor Promover o atendimento a saúde indígena diretamente aldeias, indígenas e não indígenas; utilizado para subsistência; Binacional Itenez-Mamoré Guaporé e possui um corredor de nas aldeias, valorizando a medicina tradicional. • Apoiar indígenas para participarem de cursos de saúde • Aumento na área de plantio e na renda familiar; Conectividade com outras terras indígenas e unidades de con- em todos os níveis; • Produção armazenada com qualidade. servação, a proteção desse corredor é muito importante para OBJETIVO • Construir rede de abastecimento água para todas as manter a floresta e os recursos naturais da região de Guajará • Garantir que o povo Oro Na tenha acesso a integral a casas nas aldeias; MEIOS DE VERIFICAÇÃO Mirim, de modo que o Subprograma busca estimular que os saúde diretamente nas aldeias. • Construção de banheiros no inteiror das casas indígenas; • Número de hectares plantados de roças nativas e indí- indígenas e seu entorno desenvolvam ações e praticas ade- • Limpeza dos pátios das aldeias e retirada do lixo para genas consumindo os frutos nativos; quada para o manejo dos recursos naturais. Foram propostas PROBLEMAS QUE TENTA RESOLVER local apropriado e colocação de lixeiras promovendo a • Planilha contendo o produto, a quantidade e o valor duas linhas de ação: • Falta de valorização da medicina tradicional. reciclagem do lixo nas aldeias. da venda; • Gestão territorial compartilhada com FUNAI e parceria • Falta de profissionais de saúde e saneamento básico • Plano de Manejo da Pesca elaborado; da SEDAM; nas aldeias; • Plano de Negocio da Cadeia Produtiva elaborado; • Conservação das nascentes de rios e igarapés. • Representantes indígenas nos Conselhos de Saúde • Infraestrutura construída. atuando sem ter conhecimento do seu papel e sem fazer 3. PROGRAMA DE OBJETIVO o controle social. PRODUÇÃO ATIVIDADES • O Subprograma visa criar o arranjo técnico-politico- • Capacitar os indígenas da TI Pacaás Novas em agro- INDICADORES ecologia; -institucional envolvendo FUNAI, SEDAM, Associações O Programa de Produção busca implementar Ka Kerek Wet Indígenas e outras instituições que trabalhem com os • Indígenas sendo atendidos por profissionais de saúde • Capacitar em comercialização e beneficiamento de Xine Karamaji Xitota (Zona de produção)do Etnozoneamento produtos agrícolas e extrativistas; Oro Nao, para que juntos possam atuar na defesa do nas aldeias; e promover a geração de renda.Tem a finalidade de incentivar • Desenvolver projetos de criação de pequenos animais; território e na conservação dos recursos naturais da Terra • Indígenas utilizando a medicina tradicional; a prática de alternativas econômicas que sejam sustentáveis e • Incentivar projetos agroecológicos e troca de sementes; Indígenas Pacaás Novas. • Diminuição das enfermidades nas aldeias; • Aldeias e residências indígenas com rede de esgoto e agregue valor aos produtos da floresta e valorizando a cultura • Fomentar a implantação de viveiros de frutíferas nati- abastamento de água. indígena. Para os indígenas o programa tem como princípio vas, medicinais e exóticas; PROBLEMAS QUE TENTA RESOLVER • Adquirir implementos agrícolas (trator Agrale, 01, grade • Indígenas utilizando a medicina tradicional. e diretriz: • A falta de articulação entre as instituições que tem o Principio: arador, 01 grade niveladora, 01 plantadeira adubadeira, papel de proteger o território indígena. 18 roçadeiras, 01 plaina dianteira e 01 trazeira, 01 per- RESULTADO ESPERADO Produzir de forma a garantir a conservação dos recursos naturais da Terra Indígena Pacaás Novas. furador de solo, 01 raspadeira agrícola, 01 carreta, 01 • Saneamento básico implantado em todas as aldeias; caminhão; INDICADORES Diretriz: • Indígenas utilizando a medicina tradicional (pajés, • Construir locais para armazenar a produção; • Arranjo técnico-politico-institucional elaborado e sen- Aproveitar a matéria prima que a floresta oferecer, ten- parteiras, plantas medicinais); • Elaborar Plano de Negócios da cadeia produtiva; do implementado; do o cuidado de diminuir a pressão sobre os recursos • Indígenas sendo atendidos por profissionais de saúde • Ampliar as estradas de castanhas; • Instituições atuando juntas na defesa da terra indígena; naturais. • Indígenas participando de conselhos, reuniões e habilitados nas aldeias; • Realizar intercâmbio com outros povos que comercia- lizem produtos extrativistas; seminários que tratem das questões que afetam a terra • Conhecimento indígena sendo valorizado pelos profis- sionais de saúde; OBJETIVOS • Produzir viveiros nas aldeias, para replantio e comer- indígena Pacaás Novas. • Desenvolver sistemas produtivos e extrativistas vege- • Rede de saneamento básico e de abastecimento de cialização de mudas; tais que não gerem impactos negativos na terra indígena, água construídos e funcionando; • Realizar cursos de manejo do solo; RESULTADO ESPERADO desenvolvendo produtos e processos produtivos viáveis • Residências indígenas com banheiro em seu interior. • Desenvolver material de propaganda e comunicação • Instituições atuando juntas na defesa da terra indígena. técnico-econômico, de modo a garantir a subsistência, dos produtos indígenas; Meios de verificação: segurança alimentar, geração de renda e conservação do • Desenvolver estudo de mercado e comercialização • Relatórios produzidos por indígenas e SESAI dis- MEIOS DE VERIFICAÇÃO meio ambiente. dos produtos; poníveis para a comunidade e suas organizações; • Relatórios elaborados de forma conjunta; PROBLEMAS QUE TENTA RESOLVER • Promover a certificação dos produtos indígenas; • Termo de Parceria elaborado entre as instituições. • Relatórios das Associações Indígenas; • Pressão sobre o território; • Realizar cursos sobre criação de pequenos animais sil- • Desmatamentos, queimadas e roçados abandonados; vestres; ATIVIDADES • Poucas roças tradicionais; •Elaborar Plano de Manejo de Pesca; • Realização de 01 (um) Seminário Integrador para ATIVIDADES • Indígena sem calendário definido e perdendo produtos; •Apoiar festas, rituais e feiras que promovam os produ- • Realizar oficinas com os indígenas mais velhos para • Pouca produção agrícola e artesanal sem atender as tos da TI Pacaás Novas.

96 97 X X X X X X X 10° ano X X X X X X X 9° ano X X X X X X X X X 8° ano X X X X X X 7° ano X X X X X X X X X 6° ano X X X X X X X 5° ano X X X X X X X X 4° ano X X X X X X X 3° ano X X X X X X X X 2° ano X X X X X X X X X X X 1° ano - Quem irá fazer e quais parceiros? INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS Funai, Polícia Ambiental, Associação Indígena Polícia Funai, Santo André, Associação Oro makan, Asso ciação Jamaito Associação Indígena Santo André Ambiental, Ass.Indígena Santo Polícia Funai, PF, André, Ass. Oro makan, Jamaito Associação Santo André, FUNAI e PF André, Associação Indígena Santo Associação Oro makan, Associação Jamaito André, Associação Indígena Santo Associação Oro makan, Associação Jamaito Funai e Associações Indígenas Funai Associações Indígenas e Associações Indígenas Funai Funai Associação Santo André Associação Santo André e parceiros e Associações Indígenas Funai Associações Indígenas e parceiros

- CRONOGRAMA FÍSICO - PROGRAMA DE PROTEÇÃO E GESTÃO DO TERRITÓRIO CRONOGRAMA FÍSICO - PROGRAMA DE PROTEÇÃO ATIVIDADES formalizar a parcerias entre as instituições sendo elaborado de forma partici - de Parceria • Termo pativa; • Atividades de proteção sendo realizadas em conjunto otimizando recursos; • Indígenas e técnicos das instituições atuando em parceria nos eventos, conselhos e reuniões na defesa do território indígena. •Realizar 02(duas) Oficinas para formar Agentes Ambien - tais Indígenas duas vezes no ano, envolvendo legislação indigenista, ambiental, uso do gps, cartografia, prevenção a queimada, métodos de abordagem, elaboração relatórios e denúncia; • Realizar a cada ano 01 (uma) Oficina de elaboração e a denúncia de danos ambien - edição de vídeos voltados tais; Realizar 02 (duas) expedições de vigilância por ano, sendo 01 (uma) no período de seca e na cheia dos rios; de fiscalização em conjunto com a FUNAI e • Participar PF; • Realizar 01 intercâmbio com indígenas de outras regiões pas por que de invasão processos os mesmos sofrem que sam os Oro Nao; • Promover a recuperação das nascentes e igarapés que sofrem pressão de pescadores; Indígena Terra da limites nos indicativas placas Afixar • Novas Pacaás Indígena Pacaás • Elaborar o Plano de Proteção da Terra Novas Novos; • Reflorestar as margens do rio Pacaás • Equipar as equipes de vigilância com barcos, motor, veículos traçados, gps, máquinas fotográficas, notebook, placar solar; Novas Indígena Pacaás • Reaviventar os limites da Terra • Realização de 01 (um) Seminário Integrador para

98 X X X X X X X X 10° ano X X X X X X X X X 9° ano X X X X X X X X 8° ano X X X X X X X X 7° ano X X X X X X X X X 6° ano X X X X X X X X X X X X 5° ano X X X X X X X X X X X 4° ano X X X X X X X X X X X 3° ano X X X X X X X X X X X X 2° ano X X X X X X X X X X X X X X 1° ano SESAI SESAI SESAI SESAI SESAI SESAI SESAI Associação Indígena e SESAI SESAI, Associação indígenas e ONGs Agentes de saneamento e comunidade Quem irá fazer e quais parceiros? INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS - CRONOGRAMA FÍSICO - PROGRAMA DE SAÚDE ATIVIDADES • Realizar oficinas com os indígenas mais velhos para que estes possam repassar aos jovens os conhecimentos sobre a medicina tradicional; • Instalar saneamento básico e sistema de distribuição água em todas as aldeias; • Destinar local apropriado para a destinação do lixo pro duzido nas aldeias; com orientações indígena, mulher da saúde a Promover • sobre como prevenir o câncer de mama e colo do útero; •Atendimento psicológico aos portadores de doenças mentais; • Garantir exames especializados • Realizar atendimento médicos em varias modalidades direto nas aldeias • Garantir atendimento especializado aos viciados em ál - cool e outros tipos de drogas reformar e equipar posto de saúde nas aldeias • Construir, • Solicitar do Governo que abra concurso público para contratar profissionais de saúde para atuarem dentro das aldeias, indígenas e não de saúde cursos participarem de indígenas para Apoiar • em todos os níveis; • Construir rede de abastecimento água para todas as ca - sas nas aldeias • Construção de banheiros no interior das casas indígenas • Limpeza dos pátios das aldeias e retirada do lixo para local apropriado e colocação de lixeiras promovendo a reciclagem do lixo nas aldeias

99 X X X X X 10° ano X X X X X 9° ano X X X X X 8° ano X X X X X 7° ano X X X XXX X X X 6° ano X X X X 5° ano X X X X X X 4° ano X X X X X 3° ano X X X X X X X XX 2° ano X X X X X X X X X X X 1° ano ONGs, SENAR FUNAI/Imaflora Contratar consultoria Contratar consultoria Contratar consultoria Contratar consultoria Associações indígenas e ONGs Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Associação Indígena Santo André Quem irá fazer e quais parceiros? INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS - CRONOGRAMA FÍSICO - PROGRAMA DE PRODUÇÃO ATIVIDADES dutos agrícolas e extrativistas • Desenvolver projetos de criação pequenos animais • Incentivar projetos agroecológicos e troca de sementes a implantação de viveiros frutíferas nativas, • Fomentar medicinais e exóticas • Adquirir implementos agrícolas(trator Agrale, 01, grade 01 grade niveladora, plantadeira adubadeira, 18 arador, roçadeiras, 01 plaina dianteira e trazeira, perfurador de solo, 01 raspadeira agrícola, carreta, caminhão; • Construir locais para armazenar a produção • Elaborar Plano de Negócios da cadeia produtiva • Ampliar as estradas de castanhas que comercia- outros povos • Realizar intercâmbio com lizem produtos extrativistas • Produzir viveiros nas aldeias, para replantio e comercia- lização de mudas • Realizar cursos de manejo do solo • Desenvolver material de propaganda e comunicação dos produtos indígenas • Desenvolver estudo de mercado e comercialização dos produtos • Promover a certificação dos produtos indígenas. sil - animais de pequenos criação sobre cursos Realizar • vestres • Elaborar Plano de Manejo Pesca os produtos feiras que promovam rituais e festas, • Apoiar Novas. da TI Pacaás • Capacitar os indígenas em agroecologia • Capacitar em comercialização e beneficiamento de pro

100 X X X X X

10° CAP.3 - NOSSA FLORESTA

ano REFERÊNCIAS (por capítulo) GIULIETTI, A.M et al. Plantas raras do Brasil / organizadores, X X X X X Ana Maria Giulietti ... [et al.]. – Belo Horizonte, MG : Conser- 9°

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102 Acervo Kanindé DIAGNÓSTICO ETNOAMBIENTAL PARTICIPATIVO, ETNOZONEAMENTO E PLANO DE GESTÃO EM TERRAS INDÍGENAS - VOL. 5 TERRA INDÍGENA PACAÁS NOVAS

Gabriel Uchida/Kanindé Associação Indígena Santo André Gabriel Uchida/Kanindé TERRA INDÍGENA PACAÁS NOVAS TERRA INDÍGENA PACAÁS

EXECUÇÃO Associação Indígena Santo André POVO ORO NAO’

POVO ORO NAO’

APOIO Fotos: Gabriel Uchida/Kanindé Fotos: