Naulila – Quando O Inimigo Ainda Não O Era, Mas Já Se Combatia1

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Naulila – Quando O Inimigo Ainda Não O Era, Mas Já Se Combatia1 Actas do Colóquio Internacional “A Grande Guerra – Um Século Depois”, Academia Militar, 2015, pp. 123-152. Naulila – Quando o inimigo ainda não o era, mas já se combatia1 Miguel Freire Tenente-Coronel Academia Militar [email protected] Introdução1 Em dezembro de 1914, no sul de Angola, na região do posto fronteiriço de Naulila, forças alemãs e portuguesas confrontaram-se militarmente provocando mutuamente um considerável número de baixas, entre mortos, feridos e até prisioneiros de guerra do lado português. Datavam de 1784 os últimos combates em África, envolvendo tropas portuguesas contra forças regulares europeias (Pélissier, 1997, p. 235). Cento e trinta anos passados das invasões francesas, Portugal voltava a combater uma potência europeia. A particularidade deste combate no sul de Angola é que os dois países não estavam em guerra declarada. A Grande Guerra tinha deflagrado em agosto desse ano e embora a tensão fosse permanente, por força da aliança secular com a Inglaterra, nenhum declarou guerra ao outro, sabendo contudo, que a vizinhança de Angola com o Sudoeste Africano Alemão e de Moçambique com a África Oriental Alemã poderia vir a 1 O autor gostaria de agradecer ao Coronel Dr. Gerhard Gross, do Zentrum für Militärgeschichte und Sozialwissenschaften das Forças Armadas Alemãs por ter facultado a obra Der Feldzug in Sudwest 1914/15 de H. von Oelhafen (1923); ao TCor Björn Taube, Adido Militar na Embaixada da Alemanha em Lisboa, pela discussão sobre a perspetiva alemã em Naulila; à Sr.ª Dr.ª Maria de Jesus Caimoto Duarte pela disponibilização das fotografias particulares de Naulila em 1975. 124 Actas do Colóquio Internacional “A Grande Guerra: Um Século Depois” causar problemas, como se verificou logo em Setembro, em Moçambique, e em Angola no mês seguinte. Naulila, enquanto combate entre portugueses e alemães na frente africana da Grande Guerra foi sobejamente abordado, principalmente pelos militares que nela participaram e por outros, da mesma geração, que se sentiram impelidos a analisar este combate travado por camaradas de armas. Curiosamente foi até objeto de uma “solenidade de acto de educação militar e propaganda colonial entre alunos – oficiais e cadetes” que frequentavam o ano letivo 1946/47 na então Escola do Exército (Monteiro, 1947, p. 3). Na altura, esse acto de educação ficou a cargo do coronel Henrique Pires Monteiro, um veterano da 2ª expedição, e estando na mesa de honra uma mão cheia de veteranos das campanhas em Angola: nomeadamente, o general Freitas Soares, então comandante da Escola do Exército e que tinha sido Subchefe do estado-maior da Expedição de 19152, mas também o Almirante Afonso de Cerqueira que tinha sido comandante do Batalhão de Marinha Expedicionário (1914-15). Muitos dos que escreveram sobre Naulila fizeram-no imbuídos de um espírito de aprender com os erros cometidos para os não voltar a repetir. O general Gomes da Costa talvez tenha sido o mais perentório nessa intenção quando afirmou na introdução (intitulada “Ao Exército”) da sua obra “A Guerra nas Colónias”, que “a experiência desta guerra não deve perder-se, como se tem perdido a das guerras passadas, por não se notarem nem publicarem os erros cometidos, para não ferir suscetibilidades deste ou d’aquele,” (1925, pp. 5–6). Gomes da Costa, tal como outros autores, também não deixou dúvidas que “a maior e principal causa dos nossos desastres vem sempre dos governos, por se não preocuparem com a preparação do Exército”, acrescentando que “publicando-se com verdade a maneira como as campanhas decorrem, presta-se um serviço ao país, prevenindo a repetição dos mesmos erros: - é esta, considero eu, a principal obrigação de quem comanda, e que pela experiência adquirida tem autoridade para mostrar os erros cometidos, a fim de evitar a sua repetição” (1925, p.6). Como se observa a questão política não é acessória em todo este processo de escrever sobre o desempenho militar das unidades do Exército Português. Na elaboração desta comunicação optou-se por seguir uma abordagem tão próxima quanto possível da do general Gomes da Costa, ou seja, uma abordagem orientada para uma relevância atual desta campanha levada a cabo há cem anos. Assim, procurou-se responder à seguinte questão: Quais as observações3 pertinentes para o planeamento e condução de operações atuais que podem ser retiradas do incidente, e posterior combate, no posto fronteiriço de Naulila, no Sul de Angola, ocorridos entre outubro e dezembro de 1914? 2 Ele próprio, ainda como Brigadeiro, autor da obra com o título “As Operações Militares no Sul de Angola em 1914- -1915”, (Soares, 1937). 3 No sentido doutrinário atual do Processo de Lições Aprendidas que considera uma observação “um comentário baseado em qualquer coisa que foi ouvida, vista ou noticiada e que foi identificado e documentado como uma questão a ser melhorada ou poderá ser considerada uma boa prática” (EME, 2012). Naulila – Quando o inimigo ainda não o era, mas já se combatia 125 Considera-se que esta questão tem uma dimensão acrescida no seu interesse porquanto as expedições enviadas para os Teatros de Operações de Moçambique e Angola, ainda em 1914 e ao longo dos quatro anos de guerra, foram com o exército que realmente existia. Por outras palavras, não houve tempo para um “milagre de Tancos”, nem para um reequipamento completo ou um acompanhamento progressivo às especificidades do Teatro de Operações através de um enquadramento doutrinário, tático e técnico de uma das mais poderosas potências beligerantes, como era a aliada secular de Portugal – a Inglaterra –, e como veio a acontecer dois anos depois na preparação do Corpo Expedicionário Português para a Frente Ocidental. As Unidades Expedicionárias do Exército Português foram para África como se encontravam em termos de liderança, treino e equipamento. Uma mão cheia de egodocuments Como foi referido anteriormente muitos do que escreveram sobre as campanhas do sul de Angola foram, naturalmente, protagonistas desta campanha. Fizeram-no por obrigação – no caso dos Relatórios oficiais decorrentes das funções de comando que desempenhavam –, mas também por iniciativa de partilha da experiência profissional e humana que as privações do combate, do cativeiro ou mesmo da retirada impuseram. Umas ou outras reportam-se a “textos que o autor escreve acerca dos seus atos4, pensamentos ou sentimentos”, ou seja, tratam-se de egodocuments (Kleinreesink, 2014, p. 155 citando Dekker 2002). Num trabalho recente sobre a utilidade deste tipo de documentos na investigação histórica, a autora vem lembrar a sua importância e interesse enquanto manifestações de cultura (militar). Contudo, relembra também as desvantagens do estudo sobre estes documentos: uma análise detalhada é, muitas vezes, impossível; é incerta a verdade histórica apresentada; por vezes é complicada a sua generalização por serem muito específicos de um determinado grupo (Kleinreesink, 2014, p. 156). A maior parte das obras publicadas sobre Naulila nas décadas de 20 e 30 do século XX refletem muito da cultura militar da altura, mas revelam também o quanto ela estava minada por cisões políticas, principalmente no corpo de oficiais, consequência de uma mudança de regime ainda longe de consolidada. Pelo contrário, um estado de guerra civil larvar dilacerava a capacidade de comando dos oficiais, e minava a capacidade operacional das unidades do Exército. Aparecem assim obras escritas numa linguagem orientada para determinada interpretação política dos factos (sucessos ou insucessos) ou então para defesa do bom nome, na sequência de insucessos interpretados por determinada visão política. Esta situação, manifestada algumas vezes por uma escrita facciosa, dificulta a tentativa de hoje, cem anos após os acontecimentos, para procurar uma abordagem mais isenta e orientada para o que efetivamente se passou. 4 Mas que no exercício de funções de comando têm consequência direta na vida dos seus subordinados e também do seu inimigo. 126 Actas do Colóquio Internacional “A Grande Guerra: Um Século Depois” Para o estudo dos factos relacionados com a 1ª Expedição ao sul de Angola, comandada pelo Tenente-Coronel Alves Roçadas salientam-se os relatórios oficiais de diversos comandantes, com destaque para o do próprio comandante da expedição, escrito logo em 1915 e publicado pela Imprensa Nacional, em 1919. Trata-se de um enorme e detalhado relatório em que Roçadas faz, como era a sua obrigação de comandante, uma análise detalhada e tanto quanto é possível averiguar, verdadeira dos factos. Explica e justifica muitas das suas opções táticas, comparando, sempre que acha necessário, com a sua campanha vitoriosa de 1907. Mas existem outros relatórios não publicados mas consultáveis no Arquivo Histórico Militar (AHM). Uma outra obra interessante é “Cobiça de Angola” pois trata-se de um testemunho na primeira pessoa de um homem que combateu no posto de Naulila. Ernesto Moreira dos Santos fala do combate e de como chegou ao momento em que “jazia no chão, com a perna direita ferida por um estilhaço de granada, o ante-braço esquerdo furado por uma baioneta, o parietal direito ferido e a maxila inferior partida. (…) Estava ferido e prisioneiro” (Santos, 1959, 74). A obra, escrita num tom fortemente emotivo, tem o mérito de dar um testemunho dos combates e do cativeiro, fazendo referências, também, a fontes alemãs. Outras obras vão para além dos “atos, pensamentos ou sentimentos” dos autores e entram muitas vezes no debate e análise do que outros autores já publicaram. São o caso das obras do Brigadeiro Freitas Soares (1937), do capitão de infantaria António Fernandes Varão5 (1934), do major de cavalaria Alberto Cardoso Martins de Menezes Macedo6, esta última assumidamente para defesa do bom nome do seu autor. Estas obras têm a particularidade de citarem abundantemente e por vezes contra- -argumentarem aquela que foi a primeira obra descritiva e analítica publicada sobre Naulila, curiosamente por um veterano não de África, mas sim da Flandres. Naulila, de Augusto Casimiro, publicada em 1922, é essa primeira obra e que será estruturante do que foi a perspetiva portuguesa de tudo o que se passou no sul de Angola.
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