Contos E Cantos De Resistência: Diálogos Entre Narrativas Breves De Boaventura Cardoso E Canções De Chico Buarque
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ESTEFÂNIA DE FRANCIS LOPES Contos e cantos de resistência: diálogos entre narrativas breves de Boaventura Cardoso e canções de Chico Buarque (Versão corrigida) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Letras. Área de Concentração: Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa Orientadora: Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo São Paulo 2016 FOLHA DE APROVAÇÃO Estefânia de Francis Lopes Contos e cantos de resistência: diálogos entre narrativas breves de Boaventura Cardoso e canções de Chico Buarque Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como requisito à obtenção de título de Mestre em Letras. Aprovado em: Banca Examinadora Profa. Dra. Tania Celestino Macêdo Instituição: FFLCH - USP Julgamento: ___________________________ Assinatura: _______________________ Profa. Dra. Vima Lia de Rossi Martin Instituição: FFLCH - USP Julgamento: ___________________________ Assinatura: _______________________ Profa. Dra. Anna Magdalena Begenat-Neuschäfer Instituição: RWTH - Externo Julgamento: ___________________________ Assinatura: _______________________ Àqueles que incutiram em mim desde criança a apreciação pela música brasileira: minha mãe, Francis Lopes, meu pai, Antonio Heitor Lopes (in memorian), de quem também herdei o amor pelos livros e, ao meu, malandríssimo, tio Assis (in memorian). Aos meus companheiros da vida inteira: Sérgio Estephan e Heitor Estephan. AGRADECIMENTOS A todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho. Ao companheiro Sérgio Estephan, fundamental por todo o incentivo e insistência para que eu fizesse a graduação e, depois, a pós. Ao nosso filho Heitor, com nome de compositor e verdadeiro maestro de nossas alegrias. Conselheiros de primeira, com quem sempre pude contar. À Tania Macêdo pelo apoio e confiança, e por ter me apresentado às literaturas africanas de língua portuguesa da melhor maneira possível. Ao escritor Boaventura Cardoso por ter, tão gentil e prontamente, concedido entrevista para a realização deste trabalho. Aos professores Rejane Vecchia, Vima Martin e Ivã Lopes, integrantes da banca no Exame de Qualificação, pela leitura atenta e pelos importantes comentários. Aos meus amigos de pós-graduação, Lígia Helena, Luiz Fernando e Diego Andrade, fundamentais na caminhada. Aos amigos de graduação aqui representados por Catarine Aurora, Renata Carvalho, Simone Keiko e, especialmente, Juliana Schiavoni e Samara Serralheiro, parceiras de sempre. Às amigas Jéssica Policastri, Adriele Nunes e Júlia Contreras, companheiras de luta que acompanharam o início desse processo. Aos amigos João Cardoso e Mateus Mapa, pelas trocas. A todos os meus familiares. Ao Programa de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa. À CNPq pela bolsa de estudos concedida o que tornou possível minha dedicação exclusiva à pesquisa. Não poderia deixar de agradecer aos funcionários da FFLCH, sem os quais diversas dúvidas não teriam sido esclarecidas no decorrer do percurso, da secretaria da Pós do DLCV, à Marinês, do CELP e, em especial, aos bibliotecários da Florestan Fernandes, sempre atenciosos. [...] a nossa estratégia, que pode parecer hesitação e embaraço entre o passado e o futuro, é, pelo contrário, das mais naturais, dado que se inspira na ideia de que a via mais curta para o futuro é sempre a que passa pelo aprofundamento do passado. Aimé Césaire Que se constrói? Um texto ou um percurso? [...] Assim um gesto, quero dizer, um texto. Organizar o gesto como se fosse um texto. Aliterar os actos. Rimar, quando convém, o gesto e a intenção que se tributa ao rasgo... Ruy Duarte de Carvalho RESUMO LOPES, E. F. Contos e cantos de resistência: diálogos entre narrativas breves de Boaventura Cardoso e canções de Chico Buarque. 2016. 205f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, São Paulo, Universidade de São Paulo, 2016. A presente dissertação analisa comparativamente os contos do primeiro livro do escritor angolano Boaventura Cardoso, Dizanga dia Muenhu, e canções do compositor brasileiro Chico Buarque, compostas entre o período de 1970 e 1985, com o fito de revelar, a partir das respectivas linguagens, a elaboração estética e a crítica social que emergem de obras escritas sob períodos de repressão. O trabalho busca, a partir das narrativas breves e das letras das canções, refletir sobre os caminhos da resistência à opressão e os ideais utópicos que mobilizaram os dois autores estudados. Palavras-chave: Boaventura Cardoso, Chico Buarque, Literatura angolana, Canção popular, Resistência. ABSTRACT LOPES, E. F. Tales and resistence songs: dialogues between the brief narratives of Boaventura Cardoso and the songs of Chico Buarque. 2016. 205f. Dissertation (Master’s degree) São Paulo: Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, 2016. The present dissertation analyses comparatively the tales of the first book of the Angolan writer Boaventura Cardoso, Dizanga dia Muenhu, and the Brazilian songwriter Chico Buarque, written in the period from 1970 to 1985, aiming to reveal, from the respective means, the aesthetics development and the social criticism that rise from the work written under repression periods. The project aims, from the brief narratives and the song lyrics, to reflect on the resistance ways against the opression and the utopic ideals that mobilized both authors studied. Keywords: Boaventura Cardoso, Chico Buarque, Angolan literature, Popular song, Resistance. SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................11 1. LAÇOS E DIÁLOGOS.............................................................................................15 1.1.Contos e cantos, entre especificidades e aproximações.............................................25 1.1.1.Outras conversas sobre os jeitos do Brasil e de Angola.........................................30 1.2.Boaventura Cardoso: Narrativa de um corpo coletivo e dissonante.........................38 1.2.1.O escritor................................................................................................................41 1.3.Chico Buarque: Arquiteto da linguagem...................................................................43 1.3.1.O cancionista..........................................................................................................45 2. CONTOS E CANÇÕES COMO FORMAS DE RESISTÊNCIA.........................49 2.1. Imagens dos países nos contos e nas canções...........................................................53 2.1.1.O espaço urbano e suas personagens......................................................................53 2.1.1.1. Malandros: “A chuva” e três canções de Chico Buarque...................................58 2.1.1.2. Crianças: “Meu toque!” e “Pivete”.....................................................................66 2.1.1.2.1.“Nostempo de miúdo”, “O futebol” e interlocuções com outros letristas........72 2.1.1.3. Mulher: “O sabor do fruto” e “Flor da idade”....................................................85 2.1.2. Trabalho.................................................................................................................96 2.1.2.1. “Santo Rosa”, “Deus lhe pague” e “Construção”...............................................99 2.1.3. Luta .....................................................................................................................110 2.1.3.1. “Nga Fefa Kajinvunda” e “Cálice”...................................................................112 2.1.3.2. “A Família Pompeu e Costa” e “Bom Conselho”............................................120 2.1.3.3. “Mesene” e “Apesar de você”..........................................................................137 2.1.4. Utopias.................................................................................................................147 2.1.4.1. Os modos de ser em tempos de mudança.........................................................148 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................161 BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................173 APÊNDICES................................................................................................................187 ANEXOS.......................................................................................................................194 11 INTRODUÇÃO 12 Nesta pesquisa, apontaremos o cuidadoso trabalho de Boaventura Cardoso com a escrita, exemplificado na reelaboração da linguagem presente na narrativa dos contos reunidos no livro Dizanga dia Muenhu, em uma análise comparativa à criação artística do compositor Chico Buarque, enquanto letrista e, com certeza, um dos nomes mais representativos do cancioneiro popular da música moderna brasileira quanto à aprimorada elaboração poética e crítica das suas canções. Procuraremos destacar, neste trabalho, a vertente crítica do escritor angolano ao misturar o português ao quimbundo, uma das onze línguas africanas faladas em Angola, em que apresenta um novo uso do léxico e mesmo na estrutura das frases. Falares recriados que aproximam o leitor do cotidiano das personagens e seus espaços,