1 Entrevista Exclusiva Concedida Pelo Presidente Da República, Michel Temer, Ao Programa 90 Minutos, Da Rádio Bandeirantes
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Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Michel Temer, ao Programa 90 minutos, da Rádio Bandeirantes - Brasília/DF Fonte: http://www2.planalto.gov.br/acompanhe-planalto/entrevistas/entrevistas- concedidas-pelo-presidente-michel-temer/entrevista-exclusiva-concedida-pelo- presidente-da-republica-michel-temer-ao-programa-90-minutos-da-radio- bandeirantes-brasilia-df Brasília/DF, 23 de fevereiro de 2018 Jornalista: Eu cheguei aqui agora para essa entrevista com o senhor, muito por causa de uma pessoa que, obviamente, o senhor deve gostar muito. Eu conheci muito rapidamente a sua filha, a Luciana. Presidente: A Luciana, ela me falou. Jornalista: Que é dessas pessoas que não aparecem, primeiro que se ela não fala que é filha do presidente, ninguém ia descobrir, mas ela realiza um trabalho magnífico contra a prostituição infantil. É um trabalho assim, fora do comum, eu acho fora do comum, e ela me passou dados tão graves, e perguntou se eu podia ajudar com campanha, eu falei: é claro que sim. De que crianças a partir de nove anos de idade, meninas, estão se prostituindo voluntariamente no Brasil, a partir de nove anos de idade. Eu não vejo, é que agora nós estamos com um turbilhão de coisas para conversar, nós vamos conversar, mas eu não vejo, por exemplo, dentro do governo, projeto de se combater esse tipo de coisa, que está carcomendo a nossa sociedade, as nossas crianças com nove anos de idade, estão se prostituindo para poder ter um sapato melhor, uma camisa melhor. Isso é uma coisa muito vergonhosa que me deixa muito preocupado, tão preocupado quanto a questão de segurança pública aqui no Brasil. Porque se a gente não olhar para o nosso futuro, o futuro das nossas crianças, como é que nós vamos ter uma perspectiva de esperança no Brasil, a gente fica discutindo macro, que hoje é segurança pública, e esquece que dentro do quesito segurança pública tem casos absurdos como esse de prostituição infantil. Presidente: Primeiro, deixa eu dizer a você, Datena, eu quero repetir o elogio que você fez à Luciana, minha filha. Ela tem uma atividade social, é professora de Constitucional na PUC de São Paulo, mas tem uma atividade nesse campo social extraordinária. E agora neste tema que levou a você, e até eu peço a você que ajude nesse tema que é uma tema grandioso, primeiro ponto. Segundo ponto, é que... Jornalista: O senhor pede ou o senhor vai mandar eu, o senhor ultimamente o senhor está decretando. 1 Presidente: Mas no seu caso eu vou pedir. E até vou pedir uma outra coisa a você, no seu caso vou pedir outra coisa. Jornalista: Pode pedir a vontade, presidente. Presidente: Eu vou pedir para o Osmar Terra ligar para você, e passar lá no Desenvolvimento Social, os programas que nós estamos fazendo em favor da criança. Você sabe que tem aí um tema do Criança Feliz, que hoje tem cerca de 300 mil visitadoras de casas, etc, que estão todas coordenadas pelo Osmar Terra. Então eu vou pedir para ele ligar para você e passar uns dados, porque é importante. Aliás, você tocou em um tópico importantíssimo, se você não preparar a infância e a juventude para o dia de amanhã, não adianta preparar o Brasil. Então eu acho que isto é fundamental e é um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo governo federal mas, no particular, nesse caso, como você disse, da Luciana. Jornalista: Você sabe que eu fiquei chocado quando ela me disse: Datena, mas é voluntário, isso é voluntário, as meninas mesmo é que partem para a prostituição. E chegam com 13, 14 anos, já estão praticamente com a vida abandonada e perdida. Quer dizer, porque tem gente que explora isso, também. Até, se você não sabe, você que está assistindo a gente, o crime organizado, aquela história que aconteceu no Piauí, pouca gente sabe disso e pouca gente fala de medo do crime organizado, de um menininho que foi levado até um pedófilo dentro da cadeia, de 11 anos. É uma história muito mais frequente que a gente imagina. Tem visitação íntima em presídio em que crianças são levadas, para os caras que estão lá para explorar essas crianças. É bom para que se conheça bem a cara do crime organizado, que muitas vezes é glamourizado no Brasil. Bom, agora vamos à parte mais difícil que é conversar sério. Eu acho que a prosa é boa, é séria, mas é a parte mais difícil. Primeira coisa que o cara pergunta assim: o presidente Temer estava com 3% de popularidade, foi para 6% e daí por diante e, aí, resolveu mexer na Segurança Pública, esquecer a Previdência que não era uma pauta boa. Houve uma mudança total na pauta, a pauta era a Previdência. Como é uma medida impopular e os próprios políticos se acovardaram, o governo não ia ter os votos necessários para votar a Previdência. Aí fica aquela impressão de que o presidente Temer resolveu decretar a intervenção no estado do Rio de Janeiro usando as Forças Armadas com o objetivo eleitoral. Eu sei que o senhor fica bravo quando se pergunta isso, mas a prosa é boa para explicar para todo mundo o que aconteceu de verdade, se foi realmente toda a situação terrível que o Rio de Janeiro encontra, e não é só o Rio, que levou o senhor a decretar a intervenção? Ou isso é campanha eleitoral? 2 Presidente: Primeiro, você sabe que nós não abandonamos a Previdência. A Previdência, na verdade, nós levamos até o fim. Até porque, digamos assim, o resultado dela não seria para o meu governo, não é Datena? Seria para os próximos governos e, especialmente, para os aposentados. Você sabe que há um déficit previdenciário enorme no nosso País. Déficit quer dizer, a dívida previdenciária só neste ano passado, foi de R$ 280 bilhões. No ano que vem, a previsão é que seja de R$ 320 a 330 bilhões. Então, em um dado momento, nós temos que resolver esse tema. Agora, estava havendo de fato, como você registrou, dificuldades para a eventual votação. E nesta questão da administração, você muitas vezes tem que pesar os valores. Então o valor Previdência, que estava difícil de votar agora, e o valor Segurança Pública, que estava, digamos, inafastável lá no Rio de Janeiro e no País. Tanto que é interessante, nós acabamos decretando a intervenção, e a intervenção muitas vezes pode ser geral. Ela pode intervir no estado, até afastar o governador, mas eu não fiz isso. Eu fiz uma intervenção… Jornalista: Foi cogitado isso, de afastar o Pezão? Presidente: Claro. Cogitou-se no primeiro momento, mas eu logo afastei a ideia, porque seria… Jornalista: Pensou-se em tirar o Pezão do cargo? Presidente: Seria uma coisa muito radical e eu logo refutei. E, refutando, ficamos com a conclusão de que nós deveríamos intervir na área da Segurança Pública e do sistema penitenciário. E até, Datena, você sabe que foi uma coisa acordada, porque eu mandei dois emissários para conversar com o Pezão no Rio de Janeiro. Isso foi praticamente em dois dias, não é? Ah, e depois eles: “Não, eu quero ir falar com o presidente”. Jornalista: O ministro Jungmann foi um deles? Presidente: O Jungmann foi um deles, o Jungmann e o Moreira. Foram os dois para lá, conversaram com o Pezão e o Pezão veio com eles para cá. E lá pelas 9h da noite chegou aqui e me disse: “Olha, presidente, eu quero que decretem a intervenção nessa área, estou precisando disso”. Porque nós estamos trabalhando lá no Rio de Janeiro há quase um ano com a chamada GLO, que é Garantia da Lei e da Ordem. Jornalista: Que é diferente da intervenção? Presidente: É diferente da intervenção. 3 Jornalista: O governador pede? Presidente: O governador pede. E eu acedi o pedido dele, há quase um ano passado, há um ano atrás, e lá estão as Forças Armadas há muito tempo. Mas não tem administração da segurança pública, e se você não tem o poder de intervir na administração para regulamentar o que deve ser regulamentado, ajeitar o que deve ser ajeitado, você não tem como levar adiante uma boa política de segurança pública. Por isso que eu decretei a intervenção que eu estou chamando de intervenção cooperativa. E, como você acabou de ver, é uma intervenção acordada com o próprio governador. E devo fazer um registro, a intervenção não é militar, não, a intervenção é uma intervenção federal, portanto, uma intervenção civil que se faz no estado. Agora, veja bem, na hora de escolher o nome, escolheu-se o nome de um militar. Não há razão para, digamos assim, ignorar que um militar tem capacidade para gerir esses assuntos como, aliás, já está gerenciando há muito tempo lá no Rio de Janeiro. Jornalista: Nós vivemos uma situação ambígua no Brasil. O período democrático mesmo, me parece que no Brasil só existiu de 85 para cá, depois do governo militar. Porque antes, nós tivemos o quê? Nós tivemos República, Império, República, Estado Novo, praticamente sem liberdades democráticas totalmente asseguradas. Depois a intervenção militar, de uma forma definitiva, de 64 a 85. Período de democracia vem de 85 para cá, que a gente aproveitou muito mal. A gente teve dois presidentes “impinchados”, a política desmoralizada, presidentes com problemas na justiça, não só o Lula, o senhor também enfrentou denúncias agora e daí por diante. Mas, de repente, o senhor pega e, vou chamar meu irmão, e o meu irmão é um militar, quando o senhor fala assim: “Cogitou-se afastar o Pezão”, eu queria saber quem é que cogitou afastar o Pezão, foi uma decisão aqui dentro? Presidente: Não, conversa generalizada, essas coisas… Jornalista: Os militares fizeram parte desse aconselhamento? Presidente: Não, não, não, não, não aconselham.