A Interpretação Das Sonatas De Domenico Scarlatti No Piano Moderno

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A Interpretação Das Sonatas De Domenico Scarlatti No Piano Moderno A interpretação das sonatas de Domenico Scarlatti no piano moderno. Edição crítica dos seguintes manuscritos: “Essercizi per Gravicembalo (1738)”, “Manuscrito n.58 de Coimbra” e “Manuscrito F. C. R. 194.1 de Portugal” Patrizia Giliberti Tese apresentada à Universidade de Évora para obtenção do Grau de Doutor em Música ORIENTADORES: Prof. Doutor Benoi t Gibson Professor Doutor aposentado Gerhar d Doderer ÉVORA, Setembro de 2012 INSTITUTO DE INVESTIGAÇÃO E FORMAÇÃO AVANÇADA Universidade de Évora PATRIZIA GILIBERTI A INTERPRETAÇÃO DAS SONATAS DE DOMENICO SCARLATTI NO PIANO MODERNO. EDIÇÃO CRÍTICA DO MANUSCRITO P-CUG MM 58, 10 DA BIBLIOTECA GERAL DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA, DOS ESSERCIZI PER GRAVICEMBALO (1738) DA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL E DO MANUSCRITO F. C. R. 194. 1 DA BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. Dissertação apresentada à Universidade de Évora para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Música e Musicologia, realizada sob a orientação científica do Professor Doutor Benoît Gibson, Professor Auxiliar da Universidade de Évora e do Coorientador Professor Doutor Gerhard Doderer, Professor Catedrático aposentado da Universidade Nova de Lisboa. V EPÍGRAFE “Classifications have a world of their own," he continued. "After you begin to classify anything, the classification becomes alive, and it rules you. But since classifications never started as energy-giving affairs, they always remain like dead logs. They are not trees; they are merely logs.” As classificações pertencem a mundos que lhes são próprios. Quando começas a classificar qualquer coisa, a classificação torna-se viva e acaba por te dominar. Mas como as classificações nunca começam como eventos que geram energia, permanecem sempre áridos registos. Não são árvores, mas apenas cepos. (Carlos Castaneda O lado ativo do infinito) VII DEDICATÓRIA A mio padre. IX RESUMO A tese tem o objetivo de dar os fundamentos para uma interpretação atual, no piano moderno, das sonatas de Domenico Scarlatti contidas nas coleções portuguesas: Essercizi per gravicembalo, Manuscrito P-Cug MM 58,10 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e Manuscrito F. C. R. 194. 1 da Biblioteca Nacional de Portugal, originalmente compostas para os instrumentos de tecla da época. Apresenta uma nova edição crítica destas sonatas, em notação moderna e com dedilhação, que tem como base a análise formal e harmónico-estrutural, incluindo os aspetos organológicos, de ornamentação, andamento, ritmo, fraseado, articulação, dedilhação, dinâmica e uso do pedal das mesmas sonatas, o estudo comparativo de todas as fontes existentes, assim como uma análise das diversas gravações disponíveis. Do mesmo modo, o compositor e a sua obra, com especial relevo para as sonatas, encontram-se historicamente contextualizados, pois a compreensão das suas intenções, da prática da época e das suas convenções de interpretação devem ser aliadas à criatividade do intérprete. XI The Interpretation of Domenico Scarlatti’s Keyboard Sonatas on the Modern Piano. A Critical Edition of “Coimbra Manuscript P-Cug MM 58,10”, “Esssercizi per Gravicembalo (1738)” e “Manuscript F. C. R. 194.1 Of Biblioteca Nacional de Portugal”. ABSTRACT The purpose of the thesis is to provide the basis for a modern interpretation on the modern piano of Domenico Scarlatti's sonatas included in the Portuguese collections, Essercizi per gravicembalo of Biblioteca Nacional de Portugal, Coimbra Manuscript n. 58 P-Cug MM 58,10 and the Portuguese F. C. R. Manuscript 194. 1 of Biblioteca Nacional de Portugal which were originally composed for the keyboard instruments of the time. A new critical edition of these sonatas is presented, with modern notation and fingering, based on a formal, structural and harmonic analysis, including some aspects regarding organology ornamentation, tempo, rhythm, phrasing, articulation, fingering, dynamics and the use of the pedal, a comparative study of all existing sources as well as an analysis of various recordings available. The composer and his work are also historically contextualized with special focus on the sonatas, because a comprehension of his intentions and the performance practices of his time should be associated to the creativity of the interpreter. XIII PALAVRAS-CHAVE Domenico Scarlatti, análise musical, Essercizi per gravicembalo (1738), Manuscrito P-Cug MM 58,10 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Manuscrito F. C. R. 194. 1 da Biblioteca Nacional de Portugal, interpretação, edição crítica, fontes manuscritas, instrumentos de tecla. KEYWORDS Domenico Scarlatti, musical analysis, Essercizi per gravicembalo (1738), Manuscrito P-Cug MM 58,10 da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, Manuscrito F. C. R. 194. 1 da Biblioteca Nacional de Portugal, performance, critical edition, manuscript sources, keyboard instruments. XV AGRADECIMENTOS O trabalho desenvolvido no âmbito desta dissertação contou com as contribuições de algumas pessoas que me apoiaram, de forma direta e indireta, no decorrer deste trabalho. Quero expressar a todas os meus mais sinceros agradecimento: Mauro Dilema, Professor Doutor Benoît Gibson, Professor Doutor Gerhard Doderer, Emilia Fadini, Antonio Bettencourt, Luca Cori, Alessandro Deljavan, Nancy Lee Harper, Ludger van der Eerden e Carolien van der Laan. XVII ÍNDICE GERAL EPÍGRAFE VII DEDICATÓRIA IX RESUMO XI ABSTRACT XIII PALAVRAS-CHAVE XV KEYWORDS XV AGRADECIMENTOS XVII ÍNDICE GERAL XIX INTRODUÇÃO XXV PRIMEIRA PARTE 33 I. O CONTEXTO HISTÓRICO. 37 I.1. INTRODUÇÃO. 37 I.2. INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DE DOMENICO SCARLATTI (1685-1705). 37 I.2.1. A INFLUÊNCIA DO PAI E DE GIROLAMO FRESCOBALDI. 37 I.2.2. PROFISSÃO. MUDANÇA DOS ESTILOS E DAS IDEIAS MUSICAIS. NÁPOLES. FLORENÇA: FERDINANDO DE MEDICI E BARTOLOMEO CRISTOFORI. 38 I.2.3. VENEZA. 40 I.2.4. ROMA, HÄNDEL E OUTRAS INFLUÊNCIAS MUSICAIS. 41 I.2.5. PERÍODO DE TRANSIÇÃO. 45 I.3. O PERÍODO PORTUGUÊS. 47 I.3.1. PORQUE VEIO PARA PORTUGAL. A CORTE DE D. JOÃO V. AO SERVIÇO DE D. MARIA BÁRBARA E DE D. ANTÓNIO. O ENCONTRO COM CARLOS SEIXAS. 47 I.3.2. CARLOS DE SEIXAS. 51 I.4. O PERÍODO ESPANHOL. 52 I.4.1. SCARLATTI EM ESPANHA (1729-1757). 52 XIX II. CONTEXTUALIZAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DAS TRÊS COLEÇÕES PARA INSTRUMENTO DE TECLA. 61 II.1. INTRODUÇÃO. 61 II.2. MANUSCRITO N. 58 DE COIMBRA. 61 II.2.1. ESTATÍSTICA MANUSCRITO N. 58 DE COIMBRA “TOCATA 10”. 66 II.3. ESSERCIZI PER GRAVICEMBALO (1738). 68 II.3.1. INTRODUÇÃO. 68 II.3.2. SUCESSO EDITORIAL. 69 II.3.3. ANÁLISE DOS PARES. 72 II.3.4. ESTATÍSTICA SOBRA OS ESSERCIZI PER GRAVICEMBALO (1738). 73 II.3.5. UMA PEQUENA ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS ESSERCIZI PER GRAVICEMBALO. 80 II.4. LIVRO DE TOCATE PER CEMBALO DE DOMENICO SCARLATTI F.C.R MS 194.1. 82 II.4.1. ESTATÍSTICA SOBRE O LIVRO DE TOCATE PER CEMBALO DE DOMENICO SCARLATTI F. C. R MS 194. 1 86 III. O CONTEXTO ORGANOLÓGICO DAS TRÊS COLEÇÕES. 101 III.1. INTRODUÇÃO. 101 III.2. A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DOS INSTRUMENTOS HISTÓRICOS PARA A INTERPRETAÇÃO. 101 III.3. CONSTRUTORES E TIPOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DE TECLA PORTUGUESES. 102 III.3.1. CONSTRUTORES PORTUGUESES DE CORDOFONES DE TECLA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XVIII; PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE TECLA. 103 III.3.2. A TIPOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DE TECLA PORTUGUESES DA ÉPOCA. 105 III.3.3. CARACTERIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS EM TERMOS TÉCNICOS E ESTÉTICOS; O ÂMBITO. 105 III.3.3.1. Instrumentos com uma oitava curta nos graves Dó/Mi. 106 III.3.3.2. Instrumentos com Dó-ré3, um âmbito invulgarmente frequente em Portugal. 106 III.3.4. RELAÇÃO ENTRE O ÂMBITO DOS INSTRUMENTOS COM DÓ-RÉ3 E OS ESSERCIZI. 107 III.3.5. RELAÇÃO ENTRE O ÂMBITO DOS INSTRUMENTOS COM DÓ-RÉ3 E O MANUSCRITO F. C. R. 194.1. 107 III.3.6. RELAÇÃO ENTRE O ÂMBITO DOS INSTRUMENTOS COM DÓ-RÉ3 E O MANUSCRITO N. 58 DE COIMBRA. 108 III.3.7. INSTRUMENTOS COM DÓ-MI3. 108 III.3.8. INSTRUMENTOS COM DÓ-FÁ3. 108 III.3.9. INSTRUMENTOS COM TECLADO CONFIGURADO A PARTIR DE SOL (61 TECLAS). 108 III.3.10. INSTRUMENTOS COM TECLADO CONFIGURADO A PARTIR DE FÁ. 109 III.3.11. DATAÇÃO DOS INSTRUMENTOS. 109 XX III.3.12. DESCRIÇÃO DOS CLAVICÓRDIOS. 109 III.3.13. DESENVOLVIMENTO DE UM ESTILO NACIONAL. 109 III.3.14. DESCRIÇÃO DOS PIANOFORTES. 110 III.4. A TIPOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DE TECLA ITALIANOS. 111 III.4.1. CONSTRUTORES ITALIANOS: BARTOLOMEO CRISTOFORI E GIOVANNI FERRINI. 112 III.4.2. DOMENICO SCARLATTI E OS PIANOS ITALIANOS. 118 III.5. A TIPOLOGIA DOS INSTRUMENTOS DE TECLA ESPANHÓIS DA ÉPOCA. 121 III.6. CONSTRUTORES ESPANHÓIS DE CORDOFONES DE TECLA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XVIII: DIEGO FERNÁNDEZ CAPARRÓS E OS SEUS INSTRUMENTOS. 122 III.7. OUTROS INSTRUMENTOS DE TECLA ENTRE OS ANOS 1729-1757. 125 III.8. DESCRIÇÃO DOS PIANOS DE MARTELOS DO INVENTÁRIO DE D. MARIA BÁRBARA. 125 III.9. CONCLUSÕES. 127 SEGUNDA PARTE 129 IV. A INTERPRETAÇÃO PIANÍSTICA – A EXECUÇÃO NO PIANO MODERNO. 133 IV.1. APRESENTAÇÃO. 133 IV.2. SCARLATTI NO PIANO MODERNO: PUBLICAÇÕES, REVISÕES E TRANSCRIÇÕES AO LONGO DA HISTÓRIA. 138 IV.3. ALGUNS ASPETOS TÉCNICOS PARA A EXECUÇÃO. 140 IV.3.1. INTRODUÇÃO. 140 IV.3.2. ORNAMENTAÇÃO. 140 IV.3.2.1. Apogiatura. 142 IV.3.2.2. A Apogiatura breve. 144 IV.3.2.3. A apogiatura longa. 144 IV.3.2.4. Trilo. 146 IV.3.2.5. O trilo ligado. 148 IV.3.2.6. O trilo com resolução. 149 IV.3.2.7. Apogiatura superior com trilo. 150 IV.3.2.8. Apogiatura inferior com trilo. 151 IV.3.2.9. O trémulo. 152 IV.3.2.10. Outros ornamentos: mordentes, outras apogiaturas e grupetos. 156 IV.3.3. A EXECUÇÃO NO PIANO MODERNO: ANDAMENTO E RITMO. 159 IV.3.3.1. Andamento e ritmo nas sonatas inspiradas em danças populares. 162 IV.3.3.2. Fraseado e articulação: a Ligadura. 171 IV.3.3.3. Suspensão (Fermata). 176 IV.3.3.4. Dedilhação. 179 XXI IV.3.3.5.
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