Orquestra Barroca Casa Da Música

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Orquestra Barroca Casa Da Música Orquestra Barroca Casa da Música Laurence Cummings cravo e direcção musical Rowan Pierce soprano Iestyn Davies contratenor Pedro Castro oboé Andreia Carvalho oboé 17 Abr 2019 21:00 Sala Suggia CONCERTOS DE PÁSCOA CICLO BARROCO BPI MECENAS CONCERTOS DE PÁSCOA Maestro Laurence Cummings sobre o programa do concerto. https://vimeo.com/330751614 MECENAS GRANDES CANÇÕES ORQUESTRAIS A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE 1ª PARTE Arcangelo Corelli Concerto Grosso op. 6 n.º 3, em Dó menor (1714; c.12min) Largo – Allegro – Grave – Vivace – Allegro Alessandro Scarlatti Sinfonia di Concerto Grosso n.º 3, em Ré menor (1715; c.6min) Vivace – Adagio – Andante – Adagio – Allegro Antonio Vivaldi Concerto para dois oboés, em Ré menor, RV 535 (c.1724?; c.10min) Largo – Allegro – Largo – Allegro molto 2ª PARTE Giovanni Battista Pergolesi Stabat Mater, em Fá menor (1736; c.40min)* 1. “Stabat mater dolorosa” (Grave) 2. “Cujus animam gementem” (Andante amoroso) 3. “O quam tristis et afflicta” (Larghetto) 4. “Quæ mærebat et dolebat” (Allegro) 5. “Quis est homo qui no fleret” (Largo) “Pro peccatis suæ gentis” (Allegro) 6. “Vidit suum dulcem natum” (A tempo giusto) 7. “Eia mater, fons amoris” 8. “Fac ut ardeat cor meum” (Allegro) 9. “Sancta mater, istud agas” (A tempo giusto) 10. “Fac ut portem Christi mortem” (Largo) 11. “Inflammatus et accensus” (Allegro) 12. “Quando corpus morietur” (Largo assai) “Amen” (Presto assai) * Texto original e tradução nas páginas 9 a 11. GRANDES CANÇÕES ORQUESTRAIS PRÓXIMO CONCERTO: 10 MAI • WESENDONCK LIEDER DE WAGNER 3 Concertos de Igreja O terceiro concerto da colecção é composto na tonalidade séria e triste de Dó Os 12 Concertos Grossos de Arcangelo Corelli menor, e abre com ritmos pontuados que (1653-1713), publicados já postumamente em evocam a pompa magnificente de uma aber- Amesterdão em 1714, poderão ter sido compos- tura francesa, sendo particularmente apto para tos ainda nos anos de 1680, pois Georg Muffat, anteceder uma missa ou vésperas solenes. A então estudante em Roma, não só menciona os fuga vivaz do segundo andamento corres- concertos de Corelli, como os emula em várias ponde aos Ricercare usados para anteceder das suas composições, publicadas ainda na ou suceder à leitura da Epístola numa missa, década de 1690. Tal como as 48 sonatas em ou como substituto das antífonas do ofício. O trio e as 12 sonatas para violino solo de Corelli, andamento lento seguinte é particularmente também os seus concertos podem ser divi- adequado ao momento simultaneamente didos em concerti da chiesa – os oito primei- esplêndido e íntimo da Elevação da hóstia ros, aptos para a igreja – e concerti da camera consagrada, em que a devoção interior era – os quatro últimos, aptos para a câmara ou sublinhada por obras particularmente expres- o salão. Na prática foram destinados para sivas, como as tocatas para órgão destinadas serem interpretados em concertos privados – “per la levazione” escritas por Frescobaldi, ou Academias, como então eram chamados. também em Roma mas meio século antes. Os Mas há descrições contemporâneas de gran- dois andamentos finais proviam música festiva des apresentações públicas de concertos, com para o final, animando as procissões e a saída Corelli dirigindo orquestras com mais de 100 dos fiéis. A sua utilização na fronteira entre a intérpretes, nomeadamente quando do Ano- esfera sagrada e o mundo profano sugeria a -Santo de 1700. utilização de formas e ritmos de dança, como Os concertos da camera eram normal- é o caso neste concerto, em que se pode reco- mente constituídos por uma série de danças nhecer com facilidade uma esfuziante Gavota de corte com origem francesa, antecedidos por e uma energética Giga. A forma do Concerto um prelúdio lento e cerimonial. Os concertos Grosso contrapõe um pequeno grupo de instru- da chiesa derivavam da música instrumental mentos solistas (o Concertino), escrito a três usada de forma funcional nas deslumbrantes partes e constituído por dois violinos, violoncelo cerimónias litúrgicas. Eram constituídos por e pelo menos um instrumento de baixo contí- andamentos lentos, graves e solenes, alterna- nuo, ao tutti orquestral (ou Concerto Grosso), dos com outros com um tempo mais rápido, a quatro partes e constituído por outros dois em polifonia imitativa, e ainda outros de carác- violinos, viola, e baixo contínuo. ter mais esfuziante. O uso litúrgico de peças com estas características era indicado com precisão nos cerimoniais e manuais destina- dos a mestres de capela e organistas de toda a Europa católica. 4 Na época, a nomenclatura Concerto Grosso O concerto para dois oboés de António Vivaldi podia ser entendida apenas como sinónimo (1678-1741) é uma obra que aborda inventiva- de “orquestra” e é nessa acepção que é utili- mente as várias combinações possíveis dos zada por Alessandro Scarlatti (1660-1725) na dois solistas, entre si e com os diversos tipos de sua colecção manuscrita, e que compreende 12 acompanhamento. Explora também diversas obras reunidas em Nápoles em 1715. Também texturas, sobressaindo o melancólico terceiro a nomenclatura Sinfonia pode ser enganadora, andamento, ao estilo de uma sonata em trio, uma vez que era usada sobretudo para desig- ou os poderosos tuttis em uníssono do anda- nar uma introdução instrumental a uma obra mento final. A oposição dos dois solistas ao tutti vocal, mas tal não é aqui o caso. Estas sinfo- orquestral revela claras influências doconcerto nias pertencem a uma forma intermédia entre grosso ao gosto romano, óbvia também no o concerto e a sonata, típica em Nápoles nos peculiar andamento lento inicial, ainda que se alvores de Setecentos. Todas as obras desta insira numa tradição diferente: a do concerto colecção incluem partes concertantes para para solista veneziano. Mas no período barroco instrumentos de sopro, sendo a flauta o solista as definições formais eram muito flexíveis, mais usado. No entanto este não é tratado de e mais do que seguir receitas pré­‑progra- uma forma particularmente independente, madas os compositores preocupavam­‑se mas antes dialogante, partilhando do mesmo sobretudo em fornecer quantidades consi- material que as restantes partes orquestrais, e deráveis de música sempre variada e actual, sendo raramente posto em evidência por figu- que não só entretivesse e surpreendesse os rações virtuosistas. A obra, escrita na tonali- seus patronos, mas que pudesse adequar­‑se dade “séria e devota” de Ré menor – o “primeiro a uma grande variedade de funções, espa- tom” dos antigos oito modos litúrgicos – possui ços e públicos. Esta obra de Vivaldi recorre a cinco andamentos alternando tempos rápidos uma combinação instrumental pouco comum e lentos, numa estrutura simétrica que emol- no seu catálogo – apenas compôs quatro dura uma elaborada fuga a cinco partes iguais, concertos para dois oboés – mas muito explo- de gosto inequivocamente sacro, e evocativo rada por outros compositores venezianos seus do concerto da chiesa de Corelli. Tal como este, contemporâneos, como Albinoni e Marcello. A conclui com uma curta e animada Giga. ocasião para que foi composto é desconhe- cida, podendo ter sido uma solenidade religiosa – vários concertos de Vivaldi têm indicações de terem sido compostos para festas litúrgi- cas. Os solistas originais terão sido duas talen- tosas meninas órfãs recolhidas no Ospedale della Pietà em Veneza, e que eram admiradas em toda a Europa pelos seus incomparáveis talentos musicais. 5 um destes nobres, o Marquês Cardolo Maria Um talento ceifado na flor da idade Pianetti, que Pergolesi, ao evidenciar preco- ces dotes musicais, foi enviado para estu- Todos os melómanos conhecem a dramática dar música em Nápoles, num dos célebres história de como Mozart compôs a sua última conservatórios da cidade, o Conservatorio obra, o Requiem, no leito de morte, deixando dei Poveri di Gesù Cristo. Aqui estudou com incompleto um dos maiores monumentos da Gaetano Greco mas também com Leonardo música sacra ocidental. Também Giovanni Vinci e Francesco Durante, todos eles notá- Battista Pergolesi compôs a sua mais famosa veis expoentes da música napolitana. Além de obra religiosa nos últimos dias de vida, o que composição estudou também canto e violino. a torna o seu testamento estético e espiritual. A sua primeira obra é uma oratória ou drama Tal como Mozart, também Pergolesi morreu sacro – San Guglielmo Duca d’Aquitania – excessivamente jovem, com apenas 26 anos. datado de 1731, quando terminou os seus estu- Mesmo não tendo sido uma criança prodígio, é dos. A primeira ópera séria – Salustia – data do no entanto admirável que todas as suas obras mesmo ano, não demorando a tornar­‑se Maes- sobreviventes tenham sido compostas num tro di Capella do Príncipe Ferdinando Colonna brevíssimo período de apenas cinco anos. Mais Stigliano. Em 1732 estreou o seu primeiro assombroso ainda é o seu prestígio e influên- grande sucesso, a comédia em dialecto napo- cia terem sido tão grandes em toda a Europa litano Lo frate ‘nnamorato, compondo também setecentista, que lhe garantiram o estatuto de algumas das suas obras sacras mais importan- figura de proa da chamada “Escola Napolitana.” tes: uma missa e vários salmos de vésperas. De As suas obras mais famosas mantiveram­‑se no 1733 data a composição da ópera séria Il prigio- repertório de forma ininterrupta até aos dias nier superbo bem como do respectivo inter- de hoje. Uma fama que teve no entanto algu- médio cómico, apresentado nos intervalos, e mas consequências negativas, nomeadamente hoje reconhecidamente uma das mais famosas a atribuição de inúmeras obras que não são da óperas cómicas de todos os tempos: La Serva sua autoria, incluindo pastiches e falsificações, Padrona. Em 1734, uma outra missa de Pergo- que ocasionalmente perturbam a avaliação da lesi, encomendada pelo Duque de Maddaloni sua verdadeira dimensão criativa. – o novo patrono de Pergolesi – foi recebida com um enorme sucesso em Roma. Este êxito, Uma carreira agridoce bem como as boas conexões do compositor, garantiram­‑lhe uma nova encomenda em Giovanni Battista Draghi, dito Il Pergolese (rela- Nápoles, desta vez para o teatro real, e nada tivo à cidade de Pergola, de onde era originá- menos que para a celebração do aniversário ria a família), era filho de um topógrafo, o que do rei Carlos VII.
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    557459 bk Seixas US 2/13/06 12:24 PM Page 4 Débora Halász Carlos de Praised by critics in her début recordings, the Brazilian Débora Halász is among the leading South American pianists of her generation. Winner of the most SEIXAS important competitions in her native country, she made her début with the São Paulo State Symphony (1704-42) Orchestra at the age of fifteen. Four years later the Critics Prize (APCA) named her the best soloist of the year for her interpretation of Rachmaninov’s Third Harpsichord Sonatas • 1 Piano Concerto. In 1989 she went with a DAAD scholarship to Germany, and since then has been invited to many European, South and North American Débora Halász Music Festivals and Concert Series. With her husband she established in 1993 the Duo Halász, for guitar and piano/harpsichord, arousing further critical acclaim. She has also partnered musicians such as Lavard Skou Larsen, Sebastian Hess and Patrick Gallois. Her ambitious recording of the complete piano music of Heitor Villa-Lobos, a project of some eight CDs, has been enthusiastically acclaimed by the international press. She has also recorded for BIS works by Ginastera, Shostakovich and Castelnuovo-Tedesco. Her passion for baroque music led her to a search for a historically accurate instrument for that repertoire, and she plays a historic copy of a Haas instrument, dated 1734, specially made for her. It is on this instrument that she has embarked on the recording of the complete works for harpsichord by the Portuguese baroque composer Carlos Seixas, a co-production between Naxos and Bavarian Radio.
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