4,48 (IVA incluído) e

PONTES que fazem história Ano IV – N.º 14 Abril/Maio/Junho 2002 Publicação trimestral Preço REPORTAGEM As Pontes de Lisboa num percurso milenar

CASO DE ESTUDO Reabilitação e reforço da ponte de Tavira

ENTREVISTA General Eng.º Gonçalo Sanches da Gama

Revista do Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico Tema de Capa: Pontes que fazem história

Ficha Técnica 2 32 EDITORIAL PROJECTOS E ESTALEIROS Reconhecida pelo Ministério da Uma vida nova para Cultura como “publicação de ma- a velha ponte D. Luiz, no nifesto interesse cultural”, ao abri- 4 go da Lei do Mecenato. REPORTAGEM Reabilitação de pontes de alvenaria 33 Nº14 - Abril/Maio/Junho 2002 E-PEDRA E CAL (Luciano Lobo) Quantos euros vale uma ponte? Propriedade e edição: GECoRPA – Grémio das Empresas de Sites sobre pontes na Internet Conservação e Restauro do Património (José Maria Lobo de Carvalho) Arquitectónico Rua Pedro Nunes, nº27, 1º Esqº 34 1050 - 170 Lisboa AS LEIS DO PATRIMÓNIO Tel.: 213 542 336, Fax: 213 157 996 Desburocratização e Simplificação http://www.gecorpa.pt (A. Jaime Martins) E-mail: [email protected] Nipc: 503980820 36 Director: Vítor Cóias e Silva 7 Coordenação: Alexandra Antunes e Adrião REPORTAGEM TECNOLOGIA e Leonor Silva As pontes de Lisboa Algumas medidas na construção Conselho redactorial: João Appleton, João num percurso milenar para a conservação preventiva Mascarenhas Mateus, José Aguiar, Teresa (Clementino Amaro) de colecções museológicas Campos Coelho (Nuno Moreira) Secretariado: Elsa Fonseca Colaboram neste número: 12 A. Jaime Martins, Alexandra Antunes e Adrião CASO DE ESTUDO 38 Aníbal Aurélio Pinto Santos Ribeiro, Reabilitação e reforço da ponte de DIVULGAÇÃO Clementino Amaro, J. L. Câncio Martins, Tavira A Sociedade de Geografia de Lisboa João Nunes da Silva, José Maria Lobo segundo o professor Luís Aires-Barros de Carvalho, Júlio Appleton, Luciano Lobo, (por Alexandra Antunes e Adrião) Maria Teresa Rapoula, Nuno Moreira, Nuno Teotónio Pereira, Paula Oliveira Ramos, Vítor Cóias e Silva 40 Design gráfico e produção: NOTÍCIAS Loja da Imagem Rua Poeta Bocage, 13 – B 1600-581 Lisboa 41 Tel.: 210 109 100, Fax: 210 109 199 AGENDA E-mail: [email protected] 15 Publicidade: CASO DE ESTUDO Loja da Imagem Metodologia de inspecção 42 Rua Poeta Bocage, 13 – B e monitoragem de pontes de alvenaria: VIDA ASSOCIATIVA 1600-581 Lisboa pontes romanas no Alentejo Tel.: 210 109 100, Fax: 210 109 199 E-mail: [email protected] 18 Impressão: MLD Marketing Logística CASO DE ESTUDO e Distribuição Reforço da ponte rodo-ferroviária Distribuição: Distribuidora Bertrand de Viana do Castelo Depósito legal: 128444/98 (J. L. Câncio Martins) Registo na DGCS: 122548 Tiragem: 2000 exemplares 20 44 Periodicidade: Trimestral ENTREVISTA ISTO TAMBÉM É PATRIMÓNIO Os textos assinados são da exclusiva responsabili- Entrevista a General Engenheiro Gastronomia é oficialmente reconhecida dade dos seus autores, pelo que as opiniões expres- sas podem não coincidir com as do GECoRPA. Gonçalo Sanches da Gama como património, desde 2000 (por Alexandra Antunes e Adrião) (Maria Teresa Rapoula)

Capa 24 45 OPINIÃO LIVRARIA Pontes antigas (Aníbal Aurélio Pinto Soares Ribeiro) 48 ASSOCIADOS GECoRPA 26 OPINIÃO 51 Revelações de um manuscrito PERSPECTIVAS anónimo francês: A Obra de Eiffel A tutela do património construído em (1875 –1890) DGEMN/IPPAR – Ambos necessários. (Paulo Oliveira Ramos) Ambos insubstituíveis

Foto de Telmo Miller Ponte D. Luiz I, Porto (Nuno Teotónio Pereira)

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 1 EDITORIAL

Ponte Maria Pia, Porto Projecto de Gustave Eiffel. Com os seus 160 metros, era o maior arco do mundo, quando foi inaugurada, em 1877.

Pontes que vencem o tempo As novíssimas notas de euro exibem, todas elas, gravuras de pontes e isso tem um significa- do: vencer um obstáculo, transpor uma barreira, comunicar, ligar, progredir, alcançar, che- gar. Ou então voar sobre, passar sem pisar, sem perturbar:

Tu que tens saber profundo, Que és engenheiro e vês bem, Ergue uma ponte onde o mundo Passe sem ‘smagar ninguém(1).

Há uma mística nas pontes (Pontífice: o construtor de pontes). Há uma grande nobreza nes- tas construções e nos engenheiros que as concebem e executam.

Em Portugal, há uma história escrita nas pontes: desde os romanos ao , passan- do pelos mouros e filipes; desde a pedra ao betão pré-esforçado, passando pela e pe- lo aço. Há um nobre património, há uma ténue mensagem que nos chega do passado. Patri- mónio que tantas vezes malbaratamos e mensagem que tantas vezes ignoramos. A ponto de outros, "lá fora", os valorizarem mais que nós próprios: A ASCE (American Society of Civil Engineers), por exemplo, tem uma ponte portuguesa na lista dos 28 Marcos da História Inter- nacional da Engenharia Civil, ao lado de obras como a Iron Bridge, o Farol de Eddystone ou a Torre Eiffel(2). Quantos portugueses, mesmo entre engenheiros e arquitectos, sabem disso?

Conservemos, portanto, as nossa pontes. Se o não fizermos, são vidas humanas que são pos- tas em risco, como os trágicos acontecimentos de Entre-os-Rios demonstraram; mas é tam- bém o nosso património e a nossa identidade que se vão perdendo.

Lisboa, Maio de 2002

V. Cóias e Silva

A P&C agradece ao eng.º Câncio Martins o ter aceite coordenar este número, e a todos aqueles que se prontificaram a colaborar.

(1) António Aleixo – Dedicado ao estudante de engenharia Laginha Serafim. "Este livro que vos deixo…" Vol. I – Notícias Editorial. (2) Rogers, et al. – Civil Engineering History. Engineers Make History. ASCE.

2 Pedra & Cal Nº 14 Abril . Maio . Junho 2002 GECoRPA

Para distinguir as empresas empenhadas no suces- so da revista Pedra & Cal, dentre as que reconhe- cem a importância da reabilitação do edificado e, em particular, da conservação e restauro do patri- mónio arquitectónico, o GECoRPA criou o Quadro de Honra Pedra & Cal. Pretende-se que passe a ser publicado em todos os números da revista, ocupando uma página, com o objectivo de pôr em evidência as empresas apoian- tes, através da inserção do seu nome e logótipo. Se- Conservação e restauro do Gabinete técnico Património Arquitectónico, Lda de Engenharia, Lda. rão seleccionadas, por ordem cronológica, um má- ximo de oito empresas das interessadas em aderir. O encargo anual para cada empresa é de e 5000. As a sua a sua empresa empresa contrapartidas são uma página de publicidade ao longo do ano e inserção, em cada número, de uma

notícia, até meia página, divulgando a actividade Do número apreciável de empresas que têm manifestado inte- resse na conservação do património arquitectónico português e da empresa. nas actividades do GECoRPA, foi seleccionado um grupo res- trito de patrocinadores da revista Pedra & Cal. Para distinguir essas empresas, particularmente empenhadas no sucesso da revista, foi criado o presente “Quadro de Honra”. A Direcção do GECoRPA A Direcção do GECoRPA

A representatividade e a actuação do GECoRPA assenta nos seus associados. Não basta que sejamos bons, é preciso que sejamos muitos! O GECoRPA pretende agregar empresas de conservação, restauro e reabilitação do património construído. Não só da construção, mas também do projecto, consultoria, instalações especiais. Associe-se ao GECoRPA ou, no caso de já pertencer ao nosso Grémio, traga um novo associado e contribua para o fortalecimento desta associação empresarial.

Contacte-nos! • Tel: 213 542 336 • Fax: 213 157 996 •E-mail: [email protected]

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 3 REPORTAGEM Tema de Capa

Reabilitação de pontes de alvenaria

Ponte de Idanha-a-Velha. Alçado parcial de montante. Pavimento da ponte e muros de guarda.

1• INTRODUÇÃO viais no material de enchimento dos tímpanos pende da utilização que vem sendo feita da As pontes de alvenaria são estruturalmente e desaprumo (empolamento) dos muros; ponte, isto é‚ se integrada ou não na rede ro- constituídas por abóbadas, muros de tímpa- 1.3•Elevada fendilhação, originando a saída doviária. Se a utilização é de natureza pedo- no e pegões na maioria dotados de talha-ma- de inertes, arrastados pelas águas infiltradas; nal ou de tráfego muito ligeiro como os de res a montante e por vezes também a jusante. 1.4• Infra-escavações nos pegões provoca- servidão rural, não haverá necessidade do As que ainda se encontram em serviço, re- das pelas correntes de água das cheias e tam- alargamento da faixa de rodagem, manten- montam a várias épocas desde as romanas bém pelo efeito corrosivo provocado nas ar- do-se como tal as características geométricas até aos séculos mais recentes. Há assim as gamassas, pelas águas contaminadas com o actuais quanto aos muros das guardas e lar- classificadas como "monumento nacional", desenvolvimento poluente; gura entre elas. Tal é a situação mais desejá- de "interesse público" e com a maioria da 1.5• Efeitos altamente negativos consequen- vel para as pontes classificadas ou mesmo época mais recente mas também algumas tes do tráfego rodoviário, mormente o pesa- sem o serem, de interesse histórico. Porém, com vários séculos, sem qualquer classifica- do, conduzindo através da sua acção dinâmi- em pontes integradas na rede rodoviária, ção. Salvo raras excepções, as pontes ainda ca, à deformação do pavimento, abóbadas e mormente quanto ao tráfego pesado, a exi- não objecto de trabalhos de beneficiação, so- daqui à fendilhação, assentamento das fun- guidade da largura entre muretes de guar- bretudo as que se encontram integradas na dações, deslocamento de talha-mares, etc. das, vem obrigando ao alargamento da faixa rede rodoviária, encontram-se em mau esta- 1.6• Traçados de acesso às pontes bem defi- de rodagem e quando viável à alteração em do, exigindo a sua premente reabilitação, cientes para o tráfego rodoviário actual, ori- planta do traçado rectilíneo para o curvilíneo. através de reparação, reforço e consolidação. ginando com os reduzidos raios de curvatu- 2.2• No entanto, tanto para uma situação co- Este estado precário é motivado por di- ra nas entradas das pontes o derrube dos seus mo para a outra, a metodologia seguida pelo versas causas: acrotérios ou muretes. autor, tendo em conta as causas para a degra- 1.1•Falta de manutenção regular adequada, 1.7• Largura entre guardas, bastante estreita dação apontadas de 1.1 a 1.4, assenta em: com proliferação de vegetação nociva, ac- para o tráfego actual incluindo o ligeiro, im- a) Monitorização das fendas (aplicação de tuando como por "cunha" entre as pedras, pedindo na maior parte dos casos o cruza- testemunhos) sempre que se disponha de originando o seu desmonte e deslocamento; mento dos veículos. tempo para confirmação do seu estado evo- 1.2• Deficientes condições de drenagem, por 2• METODOLOGIA SEGUIDA NA REBI- lutivo; b) reconhecimento geológico-geotéc- falta ou obstrução de goteiras(desaguadoiros) LITAÇÃO DE PONTES DE ALVENARIA nico através de sondagem rotativa nos perfis com a consequente infiltração das águas plu- 2.1• A metodologia seguida pelo autor de- dos pegões, para reconhecimento das carac-

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Ponte de Pedrinhas. Pavimento revestido Ponte de Pedrinhas. Talha-mar de jusante Ponte-velha de Mirandela, (ao fundo à direita.) da ponte nascente e muros de guarda. e nascença de uma abóbada. Alçado visto da ponte nova.

Ponte-velha de Mirandela. Fendilhação Ponte de Mação. Alçado da ponte. Ponte de Mação. Largura existente extremamente pronunciada numa das abóbadas. da faixa de rodagem. terísticas do material de enchimento dos tím- não intervencionadas, apresentam-se os ca- numento nacional) que passaria a ser, de fu- panos, das fundações e respectivos terrenos sos das pontes de Idanha-a-Velha (ponte de turo, reservada apenas ao trânsito pedonal. de fundação; c) verificação das condições de origem romana) sobre o rio Pônsul, classifi- Encontrava-se esta ponte num estado de de- estabilidade dos elementos existentes; d)con- cada de "interesse público" e da ponte de Pe- gradação extrema, com assentamento de fun- cepção estrutural e respectivo dimensiona- drinhas sobre o rio Zézere, no concelho da dações, fendas ou brechas ao longo de várias mento, para os novos elementos estruturais; Covilhã, admitida como remontando ao sé- abóbadas, desaprumo (empolamento) dos e) recalçamento de fundações, se necessário; culo XVI mas sem se saber, ainda, da razão de muros de tímpano, deslocamento de canta- f) consolidação das alvenarias das abóbadas, ser da sua não classificação. rias em vários talha-mares, etc. pegões e muros de tímpano, através de injec- 4• PONTES INTERVENCIONADAS PE- Face ao novo destino da ponte foi feito e ções de caldas de cimento ou de resinas, pre- LO AUTOR aprovado o projecto da sua reabilitação que gagens e atirantamento bem como o refecha- Das pontes intervencionadas pelo autor, previa para além dos trabalhos de consoli- mento de juntas e fendas; g) consolidação destaca ele as seguintes: dação, o restabelecimento do perfil trans- interior do material de enchimento dos tím- •Ponte velha de Mirandela sobre o rio Tua versal anterior, com a reposição dos muros panos com injecções de caldas apropriadas, (EN 15); ponte de Mação sobre a ribeira das de guarda em cantaria de granito e a reposi- para garantia de uma maior estabilidade na Eiras (EN 3); ponte de Cheleiros sobre a ribei- ção do pavimento em lajedo de granito. faixa de rodagem, tendo em vista o seu re- ra de Cheleiros (EN 9); ponte de Unhais da No entanto, tais trabalhos, que em muito va- perfilamento ou suporte de um novo tabulei- Serra sobre a ribeira de Unhais (EN 230); pon- lorizariam a ponte e a própria cidade, nunca ro que obedeça às condições do tráfego rodo- te dos Costas na Covilhã sobre a ribeira dos se realizaram, com a agravante da degrada- viário, que se quer satisfazer; h) através da Costas (EN 18); ponte da Flandres na Covilhã ção progressiva do estado da ponte. aplicação de camada (ou membrana) imper- sobre a ribeira de Flandres (EN 18); Esta situação, porém, veio a ser em termos meabilizante subjacente ao pavimento e de Sobre estes trabalhos tecem-se os seguin- estruturais alterada com a realização de tra- inclinação longitudinal e transversal apro- tes comentários: balhos de consolidação das articulações pro- priada do pavimento, provido de goteiras 4.1•PONTE VELHA DE MIRANDELA visórias da ponte nova, previstos desde o iní- (desaguadoiros); Em 1972, após a entrada em serviço da nova cio e que forçavam ao desvio do tráfego 3• EXEMPLOS DE ESTADO PRECÁRIO ponte urbana de Mirandela (projecto do au- rodoviário da ponte. Tinha, pois, para se evi- Como exemplo do estado precário existente tor) foi-lhe solicitado pela JAE a sua inter- tarem longos desvios, sobretudo para o trá- na grande maioria das pontes de alvenaria venção, na reabilitação da ponte velha (mo- fego pesado, que se voltar a utilizar a ponte

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Ponte de Mação.Trabalhos de alargamento Ponte de Mação.Montagem de armaduras Ponte de Mação.Vista do paramento de um encontro. na laje do tabuleiro. de montante.

velha, o que impunha a sua prévia consoli- suindo uma largura entre guardas de 5,53 corridos sobre essa data, ainda os trabalhos dação. Assim se salvou a velha ponte de mais metros, insuficiente para o grande movimen- se encontram por concluir, como se vê dos re- problemas, a acrescer aos tantos já sofridos to de tráfego em especial o pesado. Esta si- centes elementos fotográficos. ao longo dos séculos da sua existência. tuação era agravada com a falta de visibilida- 4.4• PONTES DE UNHAIS DA SERRA 4.2• PONTE DE MAÇÃO SOBRE A RI- de de arruamentos transversais na margem (EN 230), DOS COSTAS E DA FLANDRES BEIRA DAS EIRAS (EN 3) direita, originando vários acidentes graves. (EN 18) NO CONCELHO DA COVILHÃ A documentação fotográfica que se segue Tudo isto independentemente do estado de Destas três pontes intervencionadas entre patenteia as escassas condições de traçado e degradação da ponte, exigindo trabalhos de 1992 e 94 ao abrigo da metodologia exposta, da largura entre guardas (3,30 m) e os danos consolidação urgentes. A largura da ponte, o tendo em vista a sua reabilitação e alarga- provocados nas entradas, consequentes dos seu traçado rectilíneo e o razoável raio de cur- mento da faixa de rodagem, a que maiores exíguos raios de curvatura, mormente para vatura no acesso da margem esquerda, per- problemas apresentou foi a da ponte dos o tráfego pesado. Independentemente da mitindo a execução dum tabuleiro de betão Costas. Na realidade, a exiguidade da largu- consolidação e reforço da ponte (fundações, armado dotado de consolas simétricas de vão ra entre guardas, os raios de acesso ao tabu- pegões e muros de tímpano) haveria que uniforme e a aplicação da metodologia segui- leiro de ambos os lados e a confinação num melhorar o traçado nos acessos à ponte e no da, não resolviam por si só, a falta de visibili- dos lados com um edifício fabril, obrigou à próprio traçado do tabuleiro alargado, que dade no encontro da margem direita. Por tal concepção de um alargamento assimétrico, para tal fim haveria que passar de rectilíneo facto, o projecto aprovado e a empreitada ad- que impôs a execução num dos lados de uma para curvilíneo. Tal obrigou à execução du- judicada, previa ali a demolição do piso supe- nova estrutura de apoios de suporte da laje ma estrutura de betão armado no interior rior do imóvel extremamente degradado e de tabuleiro ali alargada substancialmente. da ponte existente, consistindo numa viga que se encontra desabitado à excepção de um 5• CONCLUSÕES de grande rigidez torsional, dando apoio à talho alugado e em sua substituição a cons- Os trabalhos de reabilitação das pontes de al- laje do tabuleiro, com consolas de vão mui- trução de um terraço que permitisse desblo- venaria não poderão ser considerados como to variável, de forma a dar o traçado curvilí- quear aos peões o acesso ao arruamento con- trabalhos de rotina. Eles exigem uma grande neo ao eixo. Esta viga apoiava em encontros finante, e ao mesmo tempo garantir ao tráfego sensibilidade pelos mais diversos elementos alargados e tinha um apoio fixo articulado, um mínimo de condições de visibilidade, co- condicionantes (com especial ênfase nos histó- no pilar de betão armado, executado sobre o mo se pode verificar da perspectiva constan- ricos e ambientais) e nos objectivos pretendi- topo do pegão, o qual garantia através du- te do projecto e dos trabalhos adjudicados. dos para o alargamento, quando imprescindí- ma sapata, devidamente ancorada ao be- Foram os trabalhos da ponte realizados em vel, da faixa de rodagem. Haverá ainda a drock rochoso, por meio de ancoragens acti- conformidade com o projecto e afim de não tomar em consideração o disposto na Carta de vas e passivas, a absorção dos esforços retardar a abertura da ponte ao tráfego rodo- Veneza, diferenciando bem os novos elemen- transmitidos pelo tabuleiro. Tal como con- viário; foi resolvido aguardar a expropriação tos estruturais acrescentados em alteração dos cebido, assim foram os trabalhos realizados, do imóvel (ou só a do piso necessário) para o já existentes à época da intervenção. com os resultados que se apresentam: prosseguimento da empreitada, o que não 4.3• PONTE DE CHELEIROS (EN 9) CER- devia retardar, já que a peritagem quanto ao LUCIANO LOBO, engenheiro civil CA DE MAFRA montante a liquidar, para efeitos do anda- (Instituto Superior Técnico). Membro Tratava-se duma ponte com um desenvolvi- mento judicial, já se encontrava feita. conselheiro da Ordem dos Engenheiros mento apreciável de cerca de 198 metros, pos- Com grande surpresa do autor, dez anos de-

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As pontes de Lisboa num percurso milenar

O desenvolvimento do comércio terá sido um dos principais impulsionadores para a gradual instalação de uma rede viária ter- restre, em articulação com as vias fluviais e as grandes rotas marítimas que, no âmbito do Mediterrâneo, foram implementadas pelos Fenícios, Gregos e Cartagineses. Os regulares contactos comerciais inicia- dos pelos primeiros, a partir do século VIII aC na procura de minérios extraídos na pe- nínsula Ibérica, irá, necessariamente, pro- mover a consolidação de caminhos que permitam escoar os minérios até às zonas costeiras e, em troca, receber produtos de cariz orientalizante.

O estuário do Tejo, com as suas condições Legenda • Vias principais excepcionais tanto naturais, económicas Vias secundárias como de porto seguro e de controle de um ••••• Trajectos prová- vasto território, estimula, desde logo, in- Figura 1 – Segundo Vasco Gil Mantas, 1996. tensos contactos comerciais com o exterior, de que resulta o desenvolvimento promis- manas com origem em Olisipo, em 1996, on- Atlas da Carta Topográfica de Lisboa, sob a sor do povoado que virá a designar-se Oli- de se evidenciam já quatro ligações que ain- direcção de Filipe Folque: 1856-1858. Tra- sipo (Lisboa) ainda antes do século II aC. da hoje são dominantes: a via marginal pa- ta-se, provavelmente, do último levanta- A ocupação romana e as campanhas de pa- ra Cascais; a antiga estrada de Sintra; as mento onde foi registado, com rigor, vários cificação dos povos indígenas vão dar uma saídas por Loures e Sacavém. Nada, até ao cursos de água, no concelho de Lisboa, e nova função e incremento à rede viária, ou momento, permite avançar que algumas que a partir de finais do século XIX desapa- seja, uma rápida deslocação dos exércitos das pontes de que há memória sejam de ori- recem paulatinamente, com a expansão da para um mais eficaz domínio e gestão do gem romana, ou que tenham sofrido re- cidade até meados do século XX, de acordo território. É neste contexto que, após a con- construções na Idade Média ou Moderna. com o plano geral da cidade desenvolvido quista de Olisipo, em 138 aC, pelo procon- No entanto, o posicionamento geo-estraté- por Ressano Carcia (Fig. 1). sul Décimo Junio Bruto, este fortifica a ci- gico de algumas delas permite-nos aceitar Nesta abordagem às pontes do território dade para base de apoio às suas operações essa hipótese de continuidade. de Lisboa apenas se referencia, por limita- militares, a norte, seguindo pela estrada pa- A área do município de Lisboa é altamente ções de espaço e de tempo, os cursos de ra Bracara (Braga). ampliada pelo Decreto-Lei de 18 de Julho água e suas ligações dos quais nos chega- Com a afirmação dum comércio local e re- de 1885, com rectificações posteriores, pas- ram mais evidências ou foram mais mar- gional, estrutura-se um sistema radial de sando a ter como limites a circunvalação cantes no quotidiano da cidade. vias principais e secundárias, com a sua ori- fiscal desde Algés até Benfica e daqui até O sistema orográfico da região de Lisboa é gem em Olisipo, promovendo a edificação Sacavém pela estrada militar. São integra- particularmente diverso, com as suas coli- de pontes. Apesar dos vários condicionalis- das as freguesias da periferia, com vastos nas, vales encaixados, a serra de Monsanto e mos que ainda se apresentam ao estudo viá- territórios agrícolas, quintas, azinhagas, o planalto. Esta realidade proporcionou rio romano, Vasco Gil Mantas avançou com atravessados por várias ribeiras. Como su- uma rede hidrográfica fantástica, como se uma proposta de interpretação das vias ro- porte geográfico e temporal, utilizou-se o pode constatar, a título de exemplo, na Car-

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ta Topographica da Linha de Defesa da Ci- ção da dita ponte sobre o caneiro, onde rá resultar de, no local, confluírem simples dade de Lisboa, levantada em 1835. Nesta igualmente figuram as Tercenas de D. Dinis linhas de água que, a partir daí, dão expres- pode observar-se, por exemplo, no sítio de e as casas das galés, numa zona exterior ao são à ribeira. Viajando agora até à zona nas- Sete Rios, topónimo em si altamente suges- muro de defesa da Baixa. cente da cidade medieval, constitui-se, en- tivo, um afluente da ribeira de Alcântara, e O caneiro vai dar lugar ao cano real, no sécu- tre outras, a freguesia de S. Miguel que a montante, perto de Palma de Baixo, lo XV, sobre o qual vai ser aberta a Rua Nova (Alfama), em 1180. Fica compreendida en- subsiste o registo de Ponte Velha, local onde de El Rei, em 1466. Seguindo para montante tre a praia, a sul, a Cerca Moura, a poente, o hoje se percorre a Estrada da Luz. Uma das a ribeira vinda de Arroios, há referências a sítio de Alfungera (mais tarde o Salvador), linhas de água que vai marcar para sempre obras de reconstrução de uma ponte no sé- a norte, e a regueira, a nascente. Actual-

Figura 2 (à esquerda): Planta de Lisboa.

Lado direito – Figura 3 (à esquerda): - Rua da Regueira, no seu troço final, junto à Ermida dos Re- médios. Figura 4 (à direita): Litografia do Aque- duto das Águas Livres no Vale de Alcântara, 1809, I. Clark, M.C.L..

Figura 2

a estrutura urbana da cidade, desde, pelo culo XVI, na actual zona do Martim Moniz. mente a Rua da Regueira delimita em gran- menos, o século V aC é o esteiro da Baixa. A toponímia local regista, em meados do sé- de parte as actuais freguesias do bairro de Neste confluem duas ribeiras por alturas da culo XIX, a Rua dos Canos, coincidindo com Alfama, – S. Miguel e S. Estevão (Fig. 3). Praça da Figueira – Rossio, uma vinda pelo o troço final da antiga ribeira. A regueira viria até ao Tejo algures entre o vale de Arroios e outra de S. Sebastião da Pe- Ao longo da Rua Direita dos Anjos existia, Largo do Chafariz de Dentro e a Ermida dos dreira, ambas bordejadas por duas antigas na segunda metade do século XIX, um vas- Remédios. No entroncamento das Ruas dos vias. Até ao século XII este braço de rio deli- to troço da ribeira a céu aberto, conhecido Remédios e da Regueira teria eventualmen- mita, em linhas gerais, a área urbana, a poen- por Regueirão dos Anjos, onde se referen- te existido uma pequena ponte integrada na te, e integra a estrutura portuária e de cons- cia uma ponte dando acesso ao Beco de Ma- via romana que grosso modo coincide com trução e reparação navais. No século XIV há ria Luísa, a partir do Campo de Santa Bár- a primeira daquelas vias (Fig. 3). referências à ponte da Galonha ou de Mor- bara. O regueirão encontra-se canalizado A estrada teria o seu ponto de partida por al- raz para transpor o que não passa já de um junto à primitiva localização da Igreja dos turas do Bairro da Sé, num local assinalado simples caneiro. A ponte de madeira faz a li- Anjos. No âmbito das obras de abertura da por um marco miliário do imperador Marco gação entre a Rua da Calcetaria, vinda de S. Avenida D. Amélia (actual Almirante Aurélio Probo (276-282), e dirigia-se a Méri- Francisco e a Rua Nova dos Ferros, por altu- Reis), na primeira década de 900, desapare- da por Santarém e Ponte de Sôr. ras do actual cruzamento da rua do Ouro ce este último vestígio. Por alturas de Chelas, a via romana atraves- com a Rua do Comércio. José de Vasconcel- O topónimo Arroios, imediatamente a saria o vale onde corria uma ribeira, com a los e Menezes, no seu estudo sobre as Terce- montante dos Anjos, – cujo significado se sua foz no início da antiga Rua Direita de Xa- nas de Lisboa, deixou-nos uma reconstitui- refere a pequena corrente de água – , pode- bregas. A linha do caminho-de-ferro do

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Norte transpõe a estrada e a ribeira através lação local por "caniço", ou seja, local com tos, dando a segunda acesso à Estrada da de dois viadutos em ferro, afortunadamen- canas delgadas que vivem nas margens dos Circunvalação (hoje Rua Maria Pia), por al- te ainda preservados. rios. Não deixou boas recordações, dados turas do Arco do Carvalhão. Esta ligação se- A ribeira corria um pouco a nascente do os cheiros intensos no Verão, por falta de ria de construção recente já que o troço de Convento de Chelas. Foi encontrado no sé- caudal! Com a abertura do caminho-de-fer- rua sobre a ponte era designado por Rua da culo XVII um fragmento de um provável ro de Sintra, nos anos 80 do século XIX, foi Ponte Nova. Neste local confluia uma ra- marco miliário (milha III) no interior da igre- edificada uma ponte em ferro sobre a ribei- zoável ribeira vinda de Monsanto e que pas- ja. É plausível ter existido uma ponte neste ra imediatamente a norte do desaparecido sa ainda hoje junto à Quinta da Pimenteira. traçado da via. Um pouco mais a nordeste apeadeiro da Cruz da Pedra, em S.Domin- Um pouco mais a juzante ficava outra pon-

Figura 3 Figura 4 corria outra linha de água, vinda do planal- gos de Benfica. Mas é o troço final da ribei- te fazendo a ligação da Rua da Fábrica da to, freguesia da Charneca, e contornava, a ra, a partir de Campolide, tendo como pano Pólvora agora com o caminho da Rua das sul, Olivais Velho, já perto da foz. de fundo o Aqueduto das Águas Livres, Quintas do Loureiro, seguindo um percur- De entre os cursos de água mais significati- que artistas nacionais e estrangeiros nos le- so tortuoso até alcançar a Circunvalação, vos, a poente da cidade, destaca-se a ribeira garam sugestivas vistas da ribeira, com suas junto ao Cemitério dos Prazeres, ou seja, de Alcântara, já que é a melhor documenta- pontes, passagem a vau bem como a vida através do Casal Ventoso. Estas duas pon- da e retratada. Nascendo a noroeste da ci- rural que aqui se desenrolava nos séculos tes não figuram nos mapas da cidade até dade, entra no actual concelho junto às Por- XVIII e XIX (Fig. 4). A ponte de dois arcos, aos anos 40 do século XIX, pelo que a sua tas de Benfica (antiga alfândega). Neste junto a uma azenha e a outras instalações construção está associada à industrializa- bairro ficou a memória da existência de uma rurais, estava numa das vias que ligava ção deste troço do vale. ponte romana, na Estrada das Garridas, a Campolide a Benfica, sensivelmente no lo- Na sequência do percurso ribeirinho, que cerca de 50 metros do chafariz erguido em cal onde hoje passa o Eixo Norte-Sul. Exis- de Lisboa se dirigia a Cascais, surge natural- 1788, na Estrada de Benfica. Ainda conheci tiam mais duas pontes nestre troço da ri- mente a ponte de Alcântara, acabando por esta ponte nos anos 60, antes da segunda fa- beira, uma delas imediatamente a sul do dar nome ao sítio que aí cresceu. Em registos se de canalização da ribeira. Para além des- aqueduto, fazendo igualmente a ligação a do século XVII, a ribeira bifurcava junto à ta, e num percurso de 500 metros, existiam Benfica, pelo sopé da serra de Monsanto. foz, abraçando uma caldeira que alimenta- mais três pontes: na Travessa do Rio, Ave- Continuando a caminhada ao longo do rio va um moinho de maré. nida Grão Vasco e Avenida Gomes Pereira. ficava a ponte que fazia a ligação da Rua da Com o crescimento urbanístico da zona, O sítio da ribeira era designado pela popu- Fábrica da Pólvora com a Rua dos Terramo- construção de casas religiosas, a edificação

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da Tapada da Ajuda, por D. João IV, a aqui- pólvora, contribuindo para uma irrecuperá- do século XX, levou a população local a de- sição de quintas, por D. João V, estes e ou- vel qualidade da água. signá-la por regueira, de acordo com o tes- tros factos contribuíram para se proceder à Com a chegada do caminho de ferro a Al- temunho de uma senhora de 72 anos, nasci- melhoria da circulação na ponte, com o seu cântara-Terra, em 1887, é construída uma da no local e a viver na Rua do Cruzeiro, alargamento, em 1743, sendo, pouco tempo ponte metálica sobre a ribeira, a sul do curiosamente no troço que em meados do depois, colocada a estátua de S. João Nepo- Aqueduto das Águas Livres, passando ago- século XIX era designada por Calçada da Ponte Nova. A regueira é canalizada na se- gunda metade do século XX, dando lugar A iconografia dos Jerónimos revela-nos uma interessante ao prolongamento da Rua D. João de Cas- ponte de um arco bem como um elegante chafariz tro. A segunda ponte dá ainda hoje passa- gem à Calçada da Boa Hora, embora actual- mente o troço da via a sudeste da ponte seja designado por Aliança Operária. A sul da segunda ponte, a rua, construída no troço do rio, designa-se por Diogo Cão, ou seja, dois prestigiados navegadores de alto mar, agora toponimicamente associados a um leito de rio seco… De entre os vários fios de água que nascem na Serra de Monsanto, refira-se agora uma pequena ribeira que delimitava, a nascente, a Quinta do Palácio de Belém, depois de pas- sar pelo Pátio das Vacas. Em meados do sé- Figura 5 – Mosteiro dos Jerónimos. Óleo sobre tela de Filipe Lobo, séc. XVII. culo XIX é conhecida por Regueira da Ajuda muceno, protector dos navegantes. ra sobre o mesmo "distraídos" condutores! e tinha a sua foz imediatamente a nascente Esta ponte é, de facto, a mais paradigmática Outra consequência imediata desta obra fer- da Praça de Dom Fernando (hoje Afonso de de todas as registadas no concelho, já que roviária foi o aterro da centenária ponte, pa- Albuquerque) já em troço canalizado. vencia um rio ainda de razoável dimensão e ra construção da estação e da ligação à linha Um pouco mais a poente há registo de mais navegável até ao século XIX, e porque guar- do Estoril. Procede-se à salvaguarda da es- uma ribeira e que veio a delimitar, a nascen- da algumas memórias da história da cidade. cultura de S. João Nepomuceno, em 1888, te, o território do Mosteiro dos Jerónimos, Foi junto a si que as tropas de D. António, com a sua entrada no Museu do Carmo, ho- vindo a herdar deste a sua última designa- Prior do Crato, tentaram, em vão, evitar a je, Associação dos Arqueólogos Portugue- ção. Também aqui existiu o topónimo Re- entrada triunfante em Lisboa das tropas de ses. Dá-se, assim, início à cobertura do ago- gueira, agora associado a um beco, paralelo Filipe II, em 25 de Agosto de 1580. Em ho- ra designado caneiro, de emanações à linha de água. menagem à figura de D. António, a antiga pútridas, obra que será concluída nos anos A iconografia dos Jerónimos revela-nos Rua Direita do Livramento, imediatamente quarenta do século XX, dando lugar à actual uma interessante ponte de um arco, bem a nascente da ponte, designa-se actualmen- Avenida de Ceuta. como um elegante chafariz, (Fig. 5). te por Rua Prior do Crato. Após um longo Nascendo na serra de Monsanto, o rio Seco Em meados do século XIX a ribeira ainda se período de história protoindustrial, com o é a única linha de água da cidade onde se po- apresenta a céu aberto ao longo da Rua de funcionamento de várias azenhas, ao longo de ainda contemplar duas pontes – hoje a San Jerónimo e mais a montante, ao longo do século XIX, vão-se instalando indústrias, funcionarem como viadutos –, e reconstituir da estrada para a Portela. Na ligação das utilizando a corrente de água, como a dos grande parte do percurso da ribeira. duas vias existia uma ponte que fazia a pas- curtumes, estamparia, chitas e a fábrica da O fio de água que ainda corria em meados sagem para a Azinhaga de Domingos Ten-

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– CALADO, Maria, FERREIRA, Vitor Matias, – MENEZES, José de Vasconcellos e, "Tercenas deiro que levava a Alcolena de Baixo, antiga Lisboa, freguesia de S. Miguel (Alfama), Lis- de Lisboa - I", Revista Municipal, nº. 16, Lis- aldeia, a poente da Igreja da Memória. A ju- boa, Guias Contexto, 1992. boa, Câmara Municipal, 1986. sante, o troço final da ribeira já está canaliza- – CONSIGLIERI, Carlos e outros, Pelas Fre- – RIBEIRO, Isabel, CUSTÓDIO, Jorge, SAN- guesias de Lisboa, O Termo de Lisboa, Lisboa, TOS Luísa, Arqueologia Industrial do Bairro do, mantendo-se como referência até aos Pelouro da Educação, Câmara Municipal de de Alcântara, Lisboa, Companhia Carris de anos 40 do século XX o Largo do Chafariz de Lisboa, 1993. Ferro, 1981. Belém, que peripécias dos tempos levou – DIAS, Marina Tavares, Lisboa Desapareci- aquele chafariz até ao Largo do Mastro. da, Lisboa, Quimera, 1988 e 1990, Vol. 1 e 2. – FIGUEIRA, Padre Francisco da Silva, Os A ribeira de Algés delimita grosso modo o Primeiros Trabalhos Literários, Lisboa, Im- concelho de Lisboa, a poente. Encontra-se prensa Nacional, 1865. CLEMENTINO AMARO, Arqueólogo da Direcção Regional de Lisboa do IP- coberta apenas no seu percurso final, e rece- – MANTAS, Vasco Gil, A Rede Viária Romana da Faixa Atlântica Entre Lisboa e Braga, tese PAR; com a colaboração de Alexandra be ainda caudal de pequenas ribeiras vindas de Doutoramento apresentada na Universida- Antunes e Adrião de Monsanto e de Carnaxide. de de , Coimbra, 1996. Das três pontes referenciadas ao longo des- ta linha de água destaca-se a que se encon- trava junto à foz e onde se veio a situar o edi- fício da alfândega. A construção da ponte PUB aconteceu em 1608, integrada numa cam- panha de melhoramentos que incluiu igualmente a construção das pontes da Cruz Quebrada e de Caxias, desempenhan- do estas ainda, de forma "sofrida", a sua fun- ção primitiva. Mais uma vez o progresso trazido ao longo do século XX levou à canalização da ribeira, na zona urbana, e ao inevitável desapareci- mento da ponte. pub Brera Desta rápida viagem pelas pontes do conce- lho, ficou evidente o papel de "fronteira" que as linhas de águas sempre oferecem, mas de simultânea doçura na oferta de água e de VAI EM passagem… até que as mais frágeis não re- sistem a uma leitura de progresso. As me- mórias de regueiras, de pontes, de sonhos, estão ainda muito vivas na população local, FOTOLITO pelo que urge fazer um trabalho sistemático de recolha, até que a idade o permita!

Bibliografia

– Atlas da Carta Topográfica de Lisboa sob a direcção de Filipe Folque: 1856-1858, Lisboa, Câmara Municipal. – Atlas de Lisboa, A Cidade no Espaço e no Tempo, Lisboa, Contexto, Editora, Lda., 1993.

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 11 CASO DE ESTUDO Tema de Capa

Zona reconstruída no séc. XVII

Reabilitação e reforço da ponte de Tavira

Figura 1 – Localização, Planta e Alçado.

1•DESCRIÇÃO DA PONTE E ANTE- -mares, a montante, ficou praticamente Para avaliar globalmente a situação pro- CEDENTES destruído e os arcos 4 e 5 (Fig. 2) muito da- cedeu-se ao estudo hidraúlico com o ob- A ponte romana de Tavira sobre o Rio Gi- nificados. As infra-escavações foram tam- jectivo de avaliar os níveis e caudais de lão é constituída por uma estrutura de al- bém significativas nas nascenças destes cheia e a um estudo geotécnico por for- venaria de pedra que inclui sete arcos de arcos (2). ma a avaliar as condições de fundação. cantaria. Tem um desenvolvimento de 86 Em Fevereiro de 1991 foi realizada uma m e uma largura total de 6,45 m, confor- protecção provisória da zona afectada e A destruição parcial da ponte e a sua de- me se apresenta na Fig. 1. preenchidas com betão as zonas infra-es- terioração, ilustradas na Fig. 2, são devi- Distinguem-se duas partes na ponte: uma cavadas que eram visíveis. das aos seguintes aspectos: constituída por três arcos provavelmente Em Março de 1992 foi solicitado ao gabi- – Acção da infra-escavação das funda- da época romana e outra constituída por nete A2P a realização do projecto de rea- ções resultando do efeitos das marés e quatro arcos e talha-mares salientes que bilitação e reforço da ponte, o qual viria a do escoamento da água do rio Gilão, resultaram da reconstrução da ponte rea- ser executado pela empresa Teixeira agravado quando em situação de cheia; lizada em 1656, conforme consta do con- Duarte, SA. – Deficientes condições do terreno de trato assinado e registado em Lisboa em fundação e fundações pouco profundas 22 de Julho de 1655 (1). A reconstrução da 2•DIAGNÓSTICO E MEDIDAS DE e incoerentes ou mal consolidadas; ponte resultou, já nessa época, do efeito INTERVENÇÃO – Deterioração da alvenaria ao longo do das cheias do rio Gilão. Tendo a causa da destruição parcial da tempo. Em 3 de Dezembro de 1989, uma grande ponte sido a referida cheia, a interven- cheia atingiu a cidade de Tavira e a ponte ção na ponte de Tavira teve como objec- Considerando a avaliação global da si- foi sujeita aos efeitos da infra-escavação e tivo dotá-la de capacidade para supor- tuação e a aceitação de que actualmen- fluxo das águas transportando objectos tar estas acções pelo que, para além da te não é possível evitar a ocorrência de de grandes dimensões, os quais emba- reconstrução da ponte, a sua estrutura cheias em Tavira, propôs-se um con- tiam na estrutura da ponte. Um dos talha- foi reforçada. junto de intervenções por forma a anu-

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Figura 2 Figura 3 Figura 4

Figura 2 – Vista da destruição de um talhamar e de dois arcos. Pode ver-se a protecção provisória realizada em Fev. 1991.

Figura 3 – Execução de uma microestaca e visualização da sua selagem após escavação para realização do maciço de fundação e ligação às microestacas.

Figura 4 – Vistas interiores da ponte, vendo-se a estrutura de reforço em betão armado.

Figuras 5a e 5b – Talha-mar com infra-escavação e perda de forro de cantaria e respectiva reposição.

Figura 5a Figura 5b

lar ou reduzir os seus efeitos na ponte exterior e a própria função resistente da A consolidação das fundações envolveu de Tavira: estrutura de alvenaria. numa 1ª fase a injecção com calda de ci- – fixação do leito do rio a montante e a ju- A solução adoptada consistiu na execu- mento, ou calda de cimento e areia do sante da ponte através da realização de ção de uma estrutura de betão armado maciço de fundações, realizada por fa- um tapete de enrocamento aplicado so- no interior da ponte e talha-mares, for- ses, e numa 2ª fase a execução de mi- bre geotêxtil e filtro de areia; rando a estrutura de alvenaria e canta- croestacas injectadas de pequeno diâ- – consolidação das fundações através de ria, estrutura que se interligou às mi- metro (diâmetro nominal de 92 mm). Na injecção da alvenaria e enrocamento das croestacas através de maciços de betão Fig. 3 apresentam-se pormenores de fundações actuais e através da introdu- armado. execução das microestacas. ção de microestacas; Por forma a fundamentar o dimensiona- – consolidação e reforço da estrutura de mento do reforço procedeu-se a uma mo- A realização da estrutura interna da pon- alvenaria da Ponte; delação da nova estrutura de betão te envolveu os seguintes trabalhos: – reconstrução do talha-mar destruído; armado e da estrutura de alvenaria, in- – remoção do pavimento e enchimento – beneficiação geral e reabilitação da pon- cluindo-se a simulação da interacção so- do interior da ponte e realização de uma te, envolvendo refechamento de juntas, lo-estrutura. nova estrutura de betão armado beto- substituição de blocos de cantaria, reboco No que se refere às fundações conside- nada contra a alvenaria-cantaria e inter- e pintura da alvenaria e realização de no- rou-se que as novas microestacas deve- ligada às microestacas através de maci- vo pavimento sobre a ponte. riam ser dimensionadas para as acções ços de encabeçamento realizados ao verticais correspondentes à nova estru- nível das nascenças dos arcos. Na Fig. 4 Com estas medidas pretendeu-se garan- tura interna, enchimento e sobrecargas, vistas do interior da ponte com o betão tir a solidez da ponte em situação de garantindo a fundação existente e conso- já protegido por pintura asfáltica; cheias para além de assegurar a sua ca- lidada a resistência para o peso próprio – enchimento do interior da estrutura de pacidade resistente para o trânsito de da estrutura de cantaria e alvenaria (ex- betão armado com um betão leve (betão veículos ligeiros, mantendo o aspecto terior) da ponte. celular 14 kN/m3).

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Figura 6a, 6b e 6c –Vistas gerais da ponte de Tavira após a reabilitação.

Figura 6b

Figura 6a

Nas zonas dos encontros, para além do tura à base de resinas de borracha clora- maciço de encabeçamento das estacas, da modificada; foi realizada uma pregagem com barras – reposicionamento de tubagens para de aço inox Ø 25, por forma a melhorar a passagem de cabos eléctricos e de teleco- Figura 6c ligação e consolidação do muro testa. municações; – realização de novo pavimento em A beneficiação geral da ponte envolveu calçada os seguintes trabalhos: da Ponte realizado em 1656, Tavira, 1985 – impermeabilização do betão armado da Nas Fig. 5a e 5b apresentam-se fotogra- (2) Câmara Municipal de Tavira, 1990 – In- ponte com uma emulsão betuminosa fias que ilustram a reposição de blocos de tervenção após as Cheias de 1989. aplicada a frio; cantaria e preenchimento de vazios na ba- – refechamento de juntas, preenchimento se de um talha-mar. de vazios na alvenaria e reposição de blo- Na Fig. 6 apresentam-se vistas gerais da cos de cantaria com argamassa de ligante obra após a reabilitação. hidráulico de base inorgânica especial- Em conclusão, importa referir que a con- mente concebido para restauro de alve- cepção adoptada e a cuidadosa realização narias e cantarias; dos trabalhos consolidaram a obra para – reboco das alvenarias com argamassa mais alguns séculos. de cal e areia e posterior caiação; JÚLIO APPLETON – Engenheiro Civil, IST. Professor Catedrático, IST. C, – reabilitação do guarda-corpos envol- 3•REFERÊNCIAS JOÃO NUNES DA SILVA, ENG. CI- vendo decapagem, primário à base de (1) A. C. Anica – Leitura Paleográfica da Es- VIS, A2P CONSULT LDA cromato de zinco e óxido de ferro e pin- critura do Contrato para a Reedificação

14 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 CASO DE ESTUDO Tema de Capa

Metodologia de inspecção e monitoragem de pontes de alvenaria Pontes romanas no Alentejo

nos arcos e nos paramentos. Verificou- -se que todas as directrizes dos arcos se apresentam estáveis, denotando a inexistência de anomalias importan- tes acima do nível das águas. Foram, ainda, detectadas algumas fissuras que, mesmo depois de seladas, vieram a reabrir. Na sequência desta inspecção prelimi- nar,foi aconselhada a monitoragem de fissuras seleccionadas como represen- tativas das anomalias detectadas, a qual decorre presentemente, tendo em vista a caracterização do seu estado Ponte de Brenhas. Paramento de jusante. evolutivo e a definição de uma estra- tégia de intervenção. Para tal, foram A Oz procedeu recentemente à inspec- preliminar, baseada no exame visual instaladas pares de bases de medição ção de três pontes de origem romana, das estruturas, registando fotografica- nas fissuras seleccionadas (pequenos tendo em vista o levantamento de ano- mente anomalias e outros aspectos re- discos metálicos protegidos contra a malias e caracterização do seu estado levantes. corrosão), para medição da sua aber- de conservação. Foram observadas as Durante estas inspecções constatou-se tura com um alongâmetro mecânico. pontes de Brenhas (Moura), Vila Ruiva (Alvito), Monforte e Vila Formosa (Al- ter do Chão). Tratam-se de monumentos classifica- dos cuja sua construção remonta à épo- ca romana, contudo verifica-se presen- temente heterogeneidade nalgumas destas obras devido às sucessivas inter- venções que foram sofrendo ao longo dos tempos. A ponte de Vila formosa e a ponte de Vila Ruiva são consideradas duas das mais importantes obras do gé- Ponte de Vila Ruiva. Vista de montante. Ponte de Monforte. Paramento de jusante. nero no país. As inspecções em análise enquadram- -se em acções de manutenção promovi- que todas as pontes beneficiaram de Os resultados obtidos da monitora- das pelo IPPAR. A metodologia destas obras de conservação, como selagem gem das fissuras seleccionadas, não inspecções consistiu numa inspecção de fissuras e refechamento de juntas indiciam movimentos significativos

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 15 CASO DE ESTUDO Tema de Capa

das estruturas, podendo-se concluir que, em geral, as fissuras se encon- tram estabilizadas, com excepção da ponte de Vila Formosa onde se regista evolução, embora pouco significativa numa das fissuras. Em construções de alvenaria de pedra como as pontes em apreço, pode ser ne- cessária a recolha de informação adi- cional. Esta necessidade pode surgir por duas razões principais: quando se detectem anomalias durante as inspec- ções preliminares ou de manutenção; ou quando se preveja uma mudança nas solicitações actuantes que introdu- za esforços superiores aos previstos na concepção original da ponte. Quando for necessário proceder a uma análise estrutural, visando o es- Ponte de Vila Ruiva. Medição da abertura de uma fissura com alongâmetro. tudo do equilíbrio da estrutura, há que aferir e validar o modelo estrutu- ral adoptado. Para tal, pode recorrer- são da alvenaria. pessura das secções, caracterizar os -se à caracterização das propriedades Com o objectivo de avaliar em porme- seus elementos constituintes e detectar mecânicas da alvenaria, através da nor a integridade das secções dos ele- eventuais descontinuidades. Outra técnica que permite detectar de- feitos em elementos de alvenaria con- siste na medição da velocidade dos impulsos mecânicos. Neste ensaio, os impulsos, ondas de tensão, são indu- zidos percutindo a alvenaria com um martelo instrumentado. Medindo o tempo de propagação da onda é possí- vel, conhecida a espessura do ele- mento, determinar velocidade de pro- pagação, que permite aferir as carac-

Macaco plano semicircular introduzido Medição das deformações da alvenaria terísticas dos materiais constituintes num entalhe previamente executado numa abobada. durante a determinação do estado de tensão. da secção. Para caracterização da qualidade da ar- realização de ensaios com macacos mentos estruturais, pode recorrer-se a gamassa de preenchimento de juntas planos. Trata-se de um ensaio in situ ensaios de observação assistida de fu- da alvenaria pode recorrer-se ao ensaio não destrutivo que permite medir o ros ou cavidades, através de técnicas de arrancamento de uma hélice. estado de tensão, estimar o módulo de de observação boroscópica ou assisti- Este ensaio consiste na cravação de elasticidade e a resistência à compres- da por vídeo, permitindo avaliar a es- uma hélice num furo previamente

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Ponte de Vila Formosa

Ponte de Monforte

Ponte de vila Ruiva

Mapa com a localização das pontes.

executado, procedendo-se de segui- cargas consideradas na sua concep- mitindo conhecer o nível de profundi- da ao seu arrancamento até se atingir ção original ou quando ocorram ano- dade a que encontra a fundação dos a rotura que ocorre por corte, regis- malias relacionadas com assenta- pilares, avaliar o seu estado de conser- vação e caracterizar geologicamente os terrenos de fundação. Em comple- mento deve realizar-se uma campa- nha de sondagens de reconhecimento, junto às fundações dos pilares com o objectivo de avaliar a capacidade de carga dos terrenos de fundação. Para reconhecimento dos materiais de enchimento dos pilares pode recorrer- -se a sondagens verticais, efectuadas a partir do tabuleiro, atravessando os

Óptica de haste boroscópica. Observação do interior de um pilar pilares e sua fundação, permitindo ca- com haste boroscópica. racterizar o material de enchimento e avaliar a estratigrafia do terreno de tando-se a força respectiva. mentos de fundação como fissuras ou fundação, em termos de composição e Os ensaios geotécnicos são recomen- juntas abertas na ligação dos pilares resistência. dados sempre que, sendo desconhe- aos arcos. cida informação geotécnica do local Neste caso é possível recorrer-se a po- TAGO RIBEIRO – Engenheiro da OZ da obra, se prevejam alterações nas ços para inspecção das fundações, per-

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 17 CASO DE ESTUDO Tema de Capa

Reforço da ponte rodo-ferroviária de Viana do Castelo

A ponte de Viana do Castelo sobre o cidade de Viana do Castelo, a inter- na ponte D. Luís em Santarém nos rio Lima foi inaugurada em 30 de Ju- venção que viesse a ser feita para au- anos 50, mas enquanto na sua solução nho de 1878. Projectada, construída e mentar a resistência das vigas princi- a componente horizontal da força de montada pela casa Eiffel, a ponte de pais da ponte teria não só que permitir pré-esforço é equilibrada pelo tabu- tráfego misto é formada por um tabu- a manutenção do tráfego ferroviário leiro de betão que substituiu o primi- leiro treliçado de ferro, contínuo, com durante a execução dos trabalhos, co- tivo, funcionando de escora, em Via- dez tramos totalizando um vão total de mo atender à decisão do IPPC de não na do Castelo não dispúnhamos de 562,44 m. Como referido na imprensa permitir soluções que desvirtuassem o tal elemento nem a estrutura da pon- da época "a via inferior é destinada à aspecto geral da ponte. te tinha disponibilidade para supor- passagem dos comboios e a superior A solução que propusemos para o re- tar o esforço de compressão necessá- ao serviço de pé e viação" (Fig. 1 – As- forço das vigas principais e que veio a rio ao equilíbrio das forças. A solução pecto da ponte após o reforço.) ser adoptada, consistiu essencialmen- que adoptámos consistiu em encami- O aumento do tráfego ferroviário na te na compensação de uma parte mui- nhar as forças directamente para o Linha do Minho levou a CP, na se- to significativa das cargas permanen- terreno recorrendo a ancoragens pré- quência de trabalhos de beneficiação e tes mediante a introdução em cada um -esforçadas fazendo-se a transmissão reforço efectuados anteriormente no dos dez tramos de cargas verticais di- das forças através de maciços de be- tabuleiro inferior e nas fundações, a rigidas de baixo para cima, em número tão armado dispostos o mais próximo proceder ao reforço das vigas princi- de oito por tramo, cargas estas que fo- possível do eixo das vigas. As forças pais para assim remover as restrições ram conseguidas através de barras de verticais que se desenvolvem nos que ainda persistiam e que prejudica- aço de alta resistência pré-esforçadas desviadores são transmitidas às vi- vam o crescente tráfego de mercado- com um traçado poligonal. gas principais através de quadros de rias que se verificava. Trata-se de uma solução que o prof. aço que repartem por igual a força Considerada como um dos ex-libris da Edgar Cardoso utilizou com sucesso vertical por dois nós da triangulação

18 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 CASO DE ESTUDO Tema de Capa

Figura 2 –Barras pré-esforçadas e desviadores. da viga principal (Fig. 2 e 3). O tabuleiro superior da ponte encon- Nos pilares, os desviadores estão colo- tra-se em mau estado, existindo desde cados no topo dos montantes que fo- 1995 um projecto por nós elaborado ram reforçados com novos perfis o que que prevê a substituição do actual ta- permitiu manter inalteradas as cargas buleiro por um tabuleiro em laje orto- nos aparelhos de apoio da ponte devi- trópica de aço que à custa de um pe- das às cargas permanentes. queno aumento da largura da faixa de Embora o pré-esforço introduzido equi- rodagem permitirá que os veículos de libre uma parte significativa das car- maiores dimensões possam cruzar-se Figura 3 –Barras pré-esforçadas gas permanentes da ponte libertando sem terem que galgar os passeios como e desviadores – pormenor. assim capacidade resistente que vai agora acontece. Consta haver a inten- possibilitar o aumento das sobrecar- ção de avançar brevemente com a obra. gas, as maiores cargas por eixos que O reforço das vigas principais da pon- tribuir para a salvaguarda de uma pe- podem actuar no tabuleiro rodoviário te decorreu de Novembro de 1992 a Fe- ça que é um marco maior do nosso pa- e no tabuleiro ferroviário e as cargas vereiro de 1994 tendo custado 370 000 trimónio industrial. do pré-esforço, dão origem a esforços contos a preços da época. importantes nas diagonais que obri- A intervenção realizada permitiu com garam ao reforço de algumas delas o o dispêndio de uma verba relativa- que foi feito substituindo as diagonais mente pequena criar as condições pa- deficientes por perfis semelhantes ra a ponte continuar a desempenhar a J. L. Câncio Martins – Engenheiro Ci- vil, IST. Professor catedrático convida- mas com maior secção mantendo-se sua função suportando cargas bastan- do da Faculdade de Ciências e Tecnolo- assim praticamente inalterado o as- te superiores àquelas para que foi di- gia da Universidade de Coimbra pecto geral da ponte. mensionada e simultaneamente con-

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 19 ENTREVISTA Tema de Capa

Entrevista a General Engenheiro Gonçalo Sanches da Gama

outros projectos em que estes cálculos foram executados por mais do que um colaborador. Tenho contudo dificuldade em eleger os "principais projectos". Se houve uns que pe- la sua dimensão e custo foram grandes obras, outros houve que pela inovação, ar- rojo ou processo construtivo foram, a des- peito do seu baixo custo, grandes obras. Vou portanto enumerar aquelas obras que entendo terem sido importantes. Começo por duas obras executadas em An- gola e que são as pontes rodoviárias na bar- ra do rio Quanza e a ponte rodoviária sobre o rio Panguila. A primeira é uma ponte sus- pensa metálica, de tirantes e com um vão central de 260 m e a segunda é um bow string com cerca de 60 m de vão e que tem a parti- cularidade de não ter contraventamento no seu banzo superior que, para suportar os es- forços horizontais transversais que a passa- gem das sobrecargas na ponte provocam, tem secção variável, crescente dos apoios para o meio do vão. A Pedra & Cal entrevistou o General Enge- cargo do professor, já na segunda comissão Como já disse, acompanhei a parte final da nheiro Gonçalo Sanches da Gama, profis- continuei a prestar colaboração dando apoio construção desta última ponte e, quando re- sional que ao longo de 35 anos trabalhou à construção das pontes rodoviárias na bar- gressei a Portugal em finais de 1973 estava a com o professor Edgar Cardoso. ra do rio Quanza e sobre o rio Panguila. ponte da barra do rio Quanza em bom an- De notar que a colaboração que prestei até damento. Após a independência de Ango- Pedra & Cal: Quantos anos trabalhou com o 1986 era em tempo parcial e que só daquele la, quando se iniciou a guerra civil e uma co- professor Edgar Cardoso? ano em diante é que passou a ser a tempo in- luna vinda do Sul marchava para a capital, Gonçalo Sanches da Gama: A minha cola- teiro. Presumo portanto concluir que esta o MPLA mandou rapidamente executar a boração com o Mestre (era assim que todos colaboração se manteve durante 35 anos, laje do tabuleiro em betão armado para que os colaboradores, e não só, o tratavam) ini- embora interrompida por dois anos. o seu material pudesse transpor o rio Quan- ciou-se em 1957 e terminou em 1992. Este P&C: Quais os principais projectos em que za. Com a pressa da execução a laje ficou período foi interrompido duas vezes, por colaborou com o professor Edgar Cardoso? bastante mais espessa na zona do meio vão força de duas comissões militares que fiz ao G.S.G.: O Mestre normalmente, depois de do tramo central de 260 m onde, por este então designado Ultramar, respectivamen- ter estudado a obra, entregava-a a um ou facto, passou a suportar uma carga a mais te de 1965 a 1967 na Guiné e de 1971 a 1973 mais colaboradores para verificarem pelo de peso superior a 100 toneladas. A acres- em . Enquanto que na primeira co- cálculo o que havia concebido. centar a este aumento, passaram colunas missão interrompi totalmente a colaboração Assim houve projectos em que eu ou outros cerradas de viaturas pesadas e de blinda- por não haver na Guiné trabalho de pontes a colaboradores executávamos os cálculos e dos, tendo daí resultado que houve escorre-

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gamento dos cabos e deformação do tabu- bida e executada em elementos pré-fabrica- Campanhã em que sobressai a ponte pro- leiro. Posteriormente executaram-se uns re- dos, desde as estacas de secção quadrada priamente dita e seus viadutos de acesso que forços provisórios ao momento, com pro- com 0,36 x 0,36 m, até aos pilares e tabulei- se desenvolve numa peça única em estrutura jecto do Eng. Armando Rito, procede-se à ro, elementos que foram colados com resi- contínua com cerca de 1100 m de extensão, recuperação da ponte. nas epóxicas. Como particularidades é de com um vão central de 250 m, em betão alta- P&C: E em Moçambique, que trabalhos rea- evidenciar que a ponte tem um viaduto em mente armado pré-esforçado. Na verificação lizaram juntos? peça monolítica única com mais de 1 km de da estabilidade de elementos estruturais da G.S.G.: Em Moçambique colaborei no cál- extensão. ponte e viaduto de acesso recorreram-se a culo da ponte rodoviária do rio Limpopo no P&C: Em Portugal houve certamente um ensaios modelos reduzidos (executaram-se Xai-Xai, uma ponte de tirantes com estrutu- conjunto muito vasto de projectos em que dois modelos, um com a ponte a alguns tra- ra mista de aço-betão tendo um vão central colaborou com o professor Edgar Cardoso. mos do viaduto e outro, numa escala maior, de 120 m e vãos marginais de 35 m bem co- G.S.G.: Nos vários projectos em que colabo- dum pilar e um troço do tabuleiro a ele liga- mo uma ponte sobre o rio Chicumbane e vá- rei no continente destaco em primeiro lugar, do). Nesta obra, o Mestre introduziu inova- rios viadutos na baixa do mesmo rio. tanto pela sua grandeza como ainda pelas ções, particularmente na fase construtiva, co- P&C: Colaborou no projecto da ponte Ma- inovações consideradas a ponte ferroviária mo foram as ensecadeiras dos pilares junto às cau-Taipa? de via dupla sobre o rio Douro – ponte de S. margens do rio, a pregagem desses mesmos G.S.G.: Sim, a ponte -Taipa, com cer- João – e seus acessos. Trata-se dum conjunto pilares no firme, a substituição das clássicas ca de 3 km de comprimento total foi conce- de obras entre as estações de Devezas e de bainhas para cabos de pré-esforço por tubos

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O professor Edgar Cardoso marcou uma geração de engenheiros e foi e deve continuar a ser uma figura de referência na história da engenharia civil em Portugal.

de aço, a construção em verdadeira grandeza utilizou parafusos toscos e furos folgados Lima com cerca de 1100 metros de compri- de um trecho do tabuleiro da ponte com cer- excêntricos, com ajuste por resinas epóxicas mento e uma só junta de dilatação no apoio ca de 21 m de comprimento, altura variando que garantem o monolitismo sem qualquer do tabuleiro no encontro da margem direita; entre 7,60 m e 8,00 m e com secção idêntica à escorregamento ou perda de resistência. Es- pontes rodoviárias de Casais e Pereira sobre o do tabuleiro. Este elemento permitiu ensaiar ta ligação é de sua invenção. rio Mondego; viadutos da Lage. Barcarena e os processos construtivos mais adequados, Outra curiosidade desta obra foi o ensaio que Vinhas na A5; viadutos da baixa do Mondego nomeadamente a montagem dos carrinhos se realizou num dos quatro poços da funda- e estacadas nesta mesma zona da A1 e no rio para a betonagem das aduelas do tabuleiro e ção do pilar da ponte da margem esquerda Vouga também na A1. a sua movimentação. Destes ensaios resulta- tendo-se deixado cair de certa altura um anel P&C:E nas regiões autónomas? Sei que cola- ram aperfeiçoamentos nos carrinhos, nas com cerca de 20 toneladas sobre o poço, ana- borou no projecto da pista de Santa Catarina. suas cofragens e competentes suspensões e lisando-se o comportamento deste. G.S.G.: No projecto do prolongamento até ainda no sistema da sua movimentação. Outra obra onde colaborei é uma das mais 200 m da pista de Santa Catarina na Madeira Outra obra em que colaborei foi no projecto belas pontes que o Mestre projectou. Trata-se executei os cálculos do prolongamento da do Viaduto Ferroviário de via dupla entre as da Ponte de Mosteirô sobre o rio Douro, que pista em aterro com muro de contenção na Avenidas da República e 5 de Outubro. Para substituiu a existente que a Barragem do Car- cabeceira 06 e em estrutura na cabeceira 24, o seu cálculo recorreu-se novamente a en- rapatelo inundou. Trata-se de uma estrutura esta em estrutura contínua de betão armado saios em modelo reduzido, tendo-se traçado contínua com três tramos de betão armado pré-esforçado sobre pilares redondos de 60 com o auto-influenciógrafo mecânico-elec- pré-esforçado, de rótula aberta, losangular, m de altura e 3 m de diâmetro. Para a verifi- trónico várias linhas de influência das ten- tendo um vão central de 110 m. A ponte apro- cação da sua estabilidade recorreu-se a en- sões-extensões em fibra de secções notáveis veitou os dois melhores pilares da velha pon- saios em modelo reduzido. Após a execução da estrutura. Esta é constituída por dois "U" te que ia substituir. O cálculo do tabuleiro foi deste prolongamento entregou-se um novo contínuos, paralelos, independentes, em be- todo efectuado em modelo reduzido. projecto em que esta última cabeceira era tão armado pré-esforçado em curva com 300 Quando da construção da barragem da prolongada por forma a que a pista passasse m de raio e com 250 m de extensão. Estes ta- Aguieira a rede viária por ela interferida im- a ter 2781 m de comprimento. buleiros encontram-se monolíticamente li- plicou a construção de várias pontes, umas P&C: Que recuperações de pontes realizaram? gadas a pilares muito esbeltos com o fuste em de pequeno porte mas outras, como por G.S.G.: Em Moçambique, muito embora "Y" na direcção transversal. Posteriormente e exemplo a da foz do Dão, Criz, Oliveira do não tenha trabalhado no projecto das pontes em virtude da remodelação do Apeadeiro de Mondego e Ribeira de Mortágua, já de gran- suspensas sobre os rios Save e Zambeze, co- Entrecampos foram construídas mais duas de porte, tendo todas pilares de grande altu- laborei no trabalho de beneficiação da ponte estruturas paralelas, iguais às existentes, pa- ra (na foz do Dão chega a cerca de 80 m), em sobre este último rio que, em virtude das ra se instalarem cais de passageiros. Mais re- secção losangular oca (paredes de 0,20 m de grandes cheias de 1983, descalçou-se a fun- centemente estas estruturas foram envolvi- espessura) e tabuleiro contínuo de betão ar- dação de uma das torres que desaprumou. das por estrutura metálica. mado pré-esforçado com vãos de 45 m. Após reforço das fundações com recurso a Prestei também colaboração no projecto da Para além destes projectos colaborei nalguns microestacas, corrigiu-se a posição do tabu- Ponte Rodoviária sobre o rio Mondego na outros tais como a ponte de Serpa sobre o rio leiro por ripagem e elevação da torre, fazen- e obras anexas, sendo a pon- Guadiana que substitui a velha ponte existen- do-a deslocar no seu coroamento cerca de 1 te propriamente dita suspensa, de tirantes, te que a barragem do Alqueva está a inundar metro. Todas estas operações foram execu- metálica, com um vão central de 220 m e os e que se trata de uma estrutura contínua de tadas sem interromper o trânsito na ponte. viadutos laterais em estruturas contínuas de betão armado pré-esforçado de secção em cai- No continente colaborei no projecto de bene- betão armado pré-esforçado. Nas ligações xão bicelular com vãos de 60 m, apoiados em ficiação, reforço e alargamento da ponte de em obra entre elementos metálicos, o Mestre pilares em "H"; ponte de Lanheses sobre o rio Abrantes sobre o rio Tejo utilizando-se solu-

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com uma solução engenhosa. O tabuleiro das pontes em causa é uma viga de rótula múltipla tendo o Mestre introduzido uma nova estrutura constituída por dois arcos metálicos exteriores às vigas existentes, do- tados de pendurais que suspendem novas travessas que atacam pelo banzo inferior as longarinas onde se apoiam as travessas dos carris da via-férrea. Aplicando um pré-esfor- ço nas nascenças dos arcos, os seus tirantes transversais através das travessas, cargas verticais de baixo para cima nas longarinas, passando a estrutura a ter maior capacidade de carga. P&C: Como definiria a personalidade do ção idêntica à já executada na ponte sobre o cargas que solicitam o novo tabuleiro. Professor Edgar Cardoso? Quais os seus mesmo rio em Santarém. Esta ponte, em es- Ainda no continente, passo a descrever a be- pontos fortes e quais os seus pontos fracos? trutura contínua metálica, com vãos extre- neficiação da ponte de Penacova sobre o rio G.S.G.: Um vencedor. Nasceu para ser gran- mos de 42 m e intermédios de 51 m, tinha fai- Mondego. Aconteceu que o pilar central da de, arrojado e inovador. Foi-o como enge- xa de rodagem em barrotes de madeira com ponte ficou descalço e desaprumou, deixan- nheiro civil estruturalista mas se porventura cerca de 4,70 m de largura e passeios sobrele- do de dar apoio à estrutura metálica contí- tivesse optado pela Engenharia Electrotéc- vados também em madeira de muito peque- nua do tabuleiro que se deformou sem con- nica, curso que frequentou em simultâneo na largura – 0,75 m – que foram alargados tudo ter colapsado. Para resolver o com a Engenharia Civil até ao 5.º ano, certa- para um tabuleiro de betão armado com fai- problema beneficiaram-se os pilares contí- mente que também teria triunfado. xa de rodagem de 6,60 m e passeios de 0,75 guos a este por encamisamento e reforço da Como estruturalista tinha uma enorme facili- m. Este tabuleiro era executado à noite em fundações e suprimiu-se o pilar desapru- dade em criar beleza, em apresentar concei- troços com a largura total e 2,00 m de com- mado por um apoio constituído por um ati- tos e concepções inovadores, em encontrar primento, eram colocados em carris ligados rantamento com cabos de pré-esforço amar- soluções engenhosas para resolver proble- aos banzos superiores das vigas principais, rados aos encontros da ponte e passando mas de beneficiação e ou reparação de estru- metálicas, existentes. Uma vez executado o sobre torres metálicas colocadas nos dois pi- turas existentes, particularmente metálicas. tabuleiro de betão de um tramo da ponte lares beneficiados. A ponte passou assim a Perguntou-me quais os pontos fracos do aplicava-se um pré-esforço que introduzia ter três tramos em vez dos quatro que tinha Mestre. Julgo que são alguns daqueles que cargas verticais, de baixo para cima, aos ter- antes do colapso do pilar central. qualquer vencedor tem. ços dos vãos das vigas metálicas, que anula- Finalmente prestei a minha colaboração no O professor Edgar Cardoso marcou uma vam a carga permanente instalada, sendo a projecto de reforço e beneficiação-substitui- geração de engenheiros e foi e deve conti- componente da compressão provocada pelo ção de 17 pontes e viadutos metálicos na via- nuar a ser uma figura de referência na his- pré-esforço suportado pela laje do tabuleiro férrea Belo Horizonte-Divinópolis no Brasil. tória da engenharia civil em Portugal. que, como se disse, estava apoiada mas des- Refiro-me à solução adoptada para as três ligada do banzo superior das vigas metálicas maiores pontes metálicas. Pretendia-se au- Entrevista realizada por existentes que, após a aplicação do pré-esfor- mentar a capacidade de carga das obras de ALEXANDRA ANTUNES E ADRIÃO ço, passavam a suportar somente as sobre- arte desta linha-férrea o que se conseguiu

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Pontes antigas

Ao abordar o tema "Pontes antigas" Mas o Homem foi progredindo e, com o re- pretende-se chamar a atenção para curso aos materiais que a natureza lhe ofere- I aquelas pontes que têm resistido me- cia foi descobrindo meios para transpor esses lhor ou pior à acção do tempo e que obstáculos. Com a madeira o Homem foi fazem parte do nosso património histórico, construindo pontes rudimentares com tron- cultural e artístico e dum modo especial aque- cos de árvore ligados entre si. A técnica de las que mereceram ser protegidas e classifica- construção destas pontes foi-se aperfeiçoan- das pelos organismos oficiais, ou que estão do e o Homem foi alargando os seus conheci- em vias de o ser. mentos no contacto com outros povos de ou- Verdadeiras obras de arte que chegaram aos tras comunidades. Todavia, as pontes de

nossos dias, algumas com mais de 20 séculos madeira cedo se revelaram inseguras e, ou Ponte celta na região de Castro Laboreiro, de existência, encontram-se espalhadas pelo eram levas pelas cheias ou eram consumidas distrito de Viana do Castelo. país quer em bom estado de conservação pelo fogo e o Homem precisava de pontes se- quer em progressiva e lenta degradação e guras e duradouras. perfeito, mas um "V" invertido; são as deno- que a nós e às gerações vindouras compete Entretanto nas civilizações orientais e dum minadas pontes celtas, segundo alguns histo- manter e beneficiar. modo especial na Grécia Antiga aparecem be- riadores, que eram utilizadas em zonas altas A sua classificação e protecção que diz respei- las construções em pedra que os gregos edifi- de montanha na travessia de pequenas linhas to aos organismos responsáveis pelas obras cavam em honra dos seus deuses, mas no ca- de água. Encontrámos há poucos anos uma públicas que zelam pelo nosso património ar- pítulo de pontes, pouco ou nada se fazia. ponte celta na região de Castro Laboreiro. tístico e cultural, tem sido levada a cabo des- Voltando agora às pontes de pedra que os ro- de os princípios do século passado. Este pro- No início do Império Ro- manos construiram com uma técnica apura- cesso de classificação de pontes antigas, mano, mesmo para as cam- da nos países ou regiões que íam ocupando, insere-se num processo mais vasto que en- III panhas militares, as pontes pode afirmar-se que elas em muito contribui- globa as mais diversas obras de arquitectura de madeira apoiadas em ram para tornar eficaz a utilização da extensa civil pública, religiosa e militar desde épocas pilares de pedra, associadas ou não a pontes rede de estradas do império estabelecendo anteriores ao domínio romano na península. de barcos foram muito usadas, mas a breve uma comunicação rápida e segura de todas Nesta classificação estão incluídas pontes de trecho e talvez na sequência das construções as províncias com a capital do império, Ro- pedra do tempo dos romanos, pontes medie- de pedra gregas e tirando partido do arco ma. E de tal modo se impuseram nos territó- vais e pontes mais recentes a que são atribuí- perfeito, apareceram as "pontes de pedra" rios ocupados que se podia afirmar que os ro- das pelos organismos oficiais as classificações que atingiram um grande desenvolvimento manos vinham para ficar. de "monumento nacional", "imóvel de interes- nas regiões dominadas pelos romanos. As Ao aplicarem o arco e a abóbada na técnica da se público" e "imóvel de interesse concelhio". principais pontes de pedra construídas na construção de pontes para ultrapassar obstá- Península pelos romanos tiveram lugar já no culos considerados difíceis, os romanos con- A história das pontes revela-nos início da era cristã ou finais da época anterior tribuiram para a execução de pontes válidas e que desde tempos imemoriais, os (século I aC). seguras que deixaram uma marca indelével II povos primitivos viviam isolados Fazendo agora um pequeno parentesis, é jus- na história das pontes de pedra. De tal forma em cavernas sem possibilidade de to recordar que antes do domínio romano na esta designação de pontes de pedra se tornou comunicações fáceis com outras comunida- Península os celtas vindos do Norte da Euro- familiar nos povos dominados, que nas po- des humanas. Os rios e os vales profundos não pa, construíram também pontes de pedra em voações ou lugares onde há uma ponte anti- eram facilmente transponíveis. que o elemento resistente não era um arco ga, essa ponte ainda mantém na toponímia

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local esse nome. É o caso de algumas das nos- que acabava de sofrer obras de beneficiação. exclusiva competência das ordens religio- sas pontes antigas, como a Ponte de Pedra so- Que perfeição a execução daquela cúpula de sas. Exemplo típico desta situação era o caso bre o rio Tuela (Bragança), a Ponte de Pedra 42 metros de altura e igual diâmetro, se nos da Ponte de Ucanha e do Mosteiro de Salce- sobre a ribeira da Venda (Portalegre), a Ponte lembramos que tinha sido construida 8 sécu- te que lhe fica próximo. Pedrinha sobre o rio Beça (Vila Real), a Ponte los antes das primeiras pontes românicas do de Pedra sobre a a ribeira da Isna (Castelo início da Idade Média!… Num trabalho elaborado pelo Branco) e outras. Nas pontes medievais, os arco são em geral de V autor e publicado em 1997, as A recomendação estética da utilização de um três centros levemente apontados (ogivais) e as pontes antigas classificadas no número ímpar de vãos nas pontes de pedra é aduelas são mais estreitas. Já não há tanto a nosso país distribuíam-se do modo seguinte: atribuída aos romanos. Todavia nem sempre preocupação pela simetria e as pontes são tam- 26 como monumento nacional, 59 como imó- foi possível respeitar essa recomendação por vel de interesse público e 9 como imóvel de razões de topografia local. É o caso da Ponte valor concelhio. de Vila Formosa (Portalegre) e da Ponte de Sabemos que este número foi aumentado Alcântara sobre o Tejo (Espanha) com seis nestes últimos cinco anos, trabalho este que vãos cada uma. vem sendo feito pela Direcção-Geral de Edi- Outra particularidade que tinham as pontes fícios e Monumentos Nacionais. romanas em arco perfeito refere-se à ausência O maior número de pontes antigas ou me- dievais situa-se no norte de Portugal e já no século XVI, conforme o historiador João de Barros refere na sua Géographie d’Entre Douro-e-Minho e Trás-os-Montes (Porto, 1919): "As pontes mais principais desta comarca são as seguintes: a de Ponte do Lima, a de Prado, a do Porto que está assima desta do Prado, a ponte de Barcelos, a de Chaves, a de Cavez, a de Mondim, a de Canavezes, a

Ponte de Vila Formosa, concelho de Alter Ponte de Ucanha, concelho de Tarouca, de Lagoncinha, a do Ave, e de Cervas, a de do Chão, distrito de Portalegre. distrito de Viseu. Donim, a dos Arcos e outras muitas que al- guns estimarão em duzentas(…)". de argamassa de interposição nas pedras dos bém em geral mais estreitas. Em certos locais as Do que acaba de referir-se resulta que ainda silhares dos arcos (aduelas) e este modo de pontes eram fortificadas, isto é, dotadas de tor- é grande o nosso património cultural e artís- execução só era possível devido à perfeição e res de defesa militar. É o caso da ponte de Uca- tico no que se refere a pontes antigas classifi- rigor com que os romanos talhavam a pedra. nha sobre o rio Varosa em Tarouca, onde a tor- cadas ou ainda por classificar, património re se mantém intacta, ao contrário de outras que há que preservar, mantendo o que ainda Com a queda do império ro- pontes como a de ponte de Lima, a de Sequei- está em bom estado de conservação e benefi- mano do Ocidente e o ad- ros e a da Ajuda onde se notam alguns vestí- ciando ou recuperando o que se está degra- IV vento da Idade Média em gios. dando. São verdadeiros marcos históricos e meados do século V dC, dei- A preocupação pela construção de pontes na culturais do nosso passado que a história nos xou de ter sentido o rigor e a perfeição do ar- Idade Média era a sua implantação em pe- legou e que devemos saber transmitir às ge- co romano de volta inteira e as invasões bár- quenos itinerários favorecendo a ligação en- rações vindouras. baras trouxeram consigo um retrocesso tre as cidades e o campo, entre os locais de pe- significativo na construção de pontes de pe- regrinação e as cidades e aldeias. dra. Sobreveio o estilo românico com a utili- Na Idade Média, a cultura ficou como que ANÍBAL AURÉLIO PINTO SOARES zação de arcos de pequenos vãos. Recente- encerrada nos mosteiros e a construção e ma- RIBEIRO – Engenheiro civil mente visítamos em Roma o velho Panteão nutenção de estradas e pontes era quasi de

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Revelações de um manuscrito anónimo francês A obra de Eiffel em

importante pesquisar outra documenta- "Le chauffeur qui connaît un peu le ção conexa existente em França e entre nós, bem como realizar um substancial français me fait une leçon d’histoire: trabalho de campo – temos protelado a di- vulgação da parte deste manuscrito res- "Là, il faut voir, c’est l’église San peitante a Portugal. Aproveitando a te- mática deste número da Pedra & Cal, ele Francisco: de l’or, de l’or partout! aqui fica, não só enquanto o rol (talvez) C’est très beau. Et là, c’est le Ponte de mais exaustivo da obra de Eiffel em Por- tugal, mas, sobretudo, como um (precio- Luis, construit par Eiffel." so) documento de uma investigação a que pensamos voltar em breve. Intitulado Registre Officiel des Comman- des de la Maison Eiffel enumera, como o seu nome indica, as encomendas – num total de 709 (9) – feitas à(s) empresa(s) Em memória de José A. Fernández Ordóñez (1) último quartel do século XIX, entre as Eiffel; mas onde, por vezes, uma obra é re- Mais, je sais que ce n’est pas exact. Le quais a própria Ponte Luiz I (6). Por fim, e ferida sob diversos números (é o caso do point imaginé par Eiffel est plus loin, à en- uma vez mais, Théophile Seyrig apare- viaduto de Viana) ou, um único número, viron deux kilomètres en amont du Dou- cer referido como um simples "colabo- abarca várias obras de arte (por exemplo en- ro, la rivière qui sépare Porto, la "ville an- rador" de Eiffel. comenda nº 330 que diz respeito aos viadu- cienne", de Gaia, "la nouvelle", sa rivale, Não sendo o propósito deste texto envol- tos de Varzeas, Milijoso, Trezoi, Breda, Cris […] Non, ce pont-là est de Seyrig, le colla- ver-se na questão da pluralidade do(s) pa- e sobre o Rio Dão). Na sua totalidade tem, borateur d’Eiffel." trimónio(s), nem na da repetida injustiça como datas extremas das encomendas, 1863 Triplamente interessante esta frase de sobre o papel desempenhado pelo enge- ("Halles de Toulouse et d’Agen") (10) e 1890 Michel Bonnette (2), expressa na cidade nheiro T. Seyrig no âmbito da G. Eiffel & ("Hausses du caisson 16 Port-Villez") (11). A do Porto aquando de um encontro inter- Cie., ingénieurs-constructeurs à Levallois- informação original encontra-se organiza- nacional sobre reabilitação urbana, e ora Perret, près Paris (7), propomo-nos, tão-só, da em quatro pontos: Número da enco- recuperada de um site na web (3). Em pri- divulgar um documento – inédito, ao que menda, Data da encomenda, Designação meiro lugar, pela convivência dos patri- sabemos, entre nós – que procura respon- da encomenda e Observações, sendo que mónios, com a talha de S. Francisco a en- der ao segundo ponto acima referido: a nem todas as entradas preenchem os qua- fileirar com um monumento industrial, obra de Eiffel. O texto em apreço é, formal- tro campos, nomeadamente a data e ou as neste caso uma ponte. Em segundo lu- mente, uma listagem cronológica das observações. gar, por evocar a costumada confusão obras da Casa Eiffel, manuscrita em fran- A informação que recolhemos referente a que atribui a Gustave Eiffel "tout ce qui cês e anónima quanto à autoria, admitindo Portugal espraia-se por 15 anos, entre ressemble à une charpente métalique" os seus actuais detentores que tenha saído 1875 e 1890, abarcando sete dezenas de (4), como seja o Elevador de Santa Justa, a da pena do próprio Gustave Eiffel. Tive- encomendas – lembro o escrito no pará- Auto-Palace (5) e a Sala Portugal da So- mos a ventura de contactar com o original grafo anterior – que se referem, em gran- ciedade de Geografia, em Lisboa; ou a em Paris em Dezembro de 1997 e, mais re- de parte, a pontes e viadutos metálicos de- nora gigante em ferro em Almada e qua- centemente, em Setembro de 2001(8). Por vidos à expansão dos transportes por se todas as nossas pontes metálicas do razões várias – sobretudo por julgarmos caminho-de-ferro. As datas referidas no

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Portugal (1875-1890)

QUADRO I – REGISTRE OFFICIEL DES COMMANDES DE LA MAISON EIFFEL

Commande 195, [1875], Pont sur le Douro Commande 340, 18 Set. [18]79, Frais d'Ensemble, Viaducs de Beira Alta Commande 196, Chantier du Pont sur le Douro Commande 367, 16 Janv. [1880], Chantier de la Beira Alta Commande 197, Frais à Paris & à Porto, sur l'ensemble des travaux du Pont du Douro Commande 371,16 Février [1880], Ponts du Canedo et du Pego Ligne de la Beira Alta Commande 210, Pont-biais de 10.m00 pour la Rua da Bendera Commande 374, 31 mars [1880], Chantier du Rio Dao Commande 211, Pont-biais de 8.m75, sur la Rua-Freixo Commande 391, 12 août [1880], Commande 213, Pont de Vianna Travée indépendante de Varzéas – Beira Alta

Commande 214, Ponts du Cavado & de la Neva (13) Commande 39, 12 aout [1880], Pont de Gouveïa K. 81+530 – Beira Alta Commande 215, Grues des piles du Douro Commande 393, 12 aout [1880], Commande 216, Caissons du Pont de Vianna Pont de Celorico K. 102+430 – Beira Alta

Commande 228, Frais sur l'ensemble des travaux Commande 399, 22 8.bre [1880], des Ponts de Vianna, Cavado & Néva Pont Biais a 45° s.[ur] le Rio Noemy

Commande 232, Chantier de Vianna (Compte de fabrication) Commande 451, [1882], Liquidation des Ponts de la Beira-Alta

Commande 234, Chantier de Vianna (Compte de fabrication) Commande 496, 9 Juillet [1884], Comprenant les ouvrages ci-aprés: 1° Viaduc de Ponte nova Commande 239, Pont sur le Taméga (14) 2° Viaduc de Santa anna Baixo & 1 pont de 8m Commande 240, Pont de Villa-Méa (15) 3° 3 Ponts sur le Ruisseau d' Alcantara 4° 1 Pont à Double voie dans la Gare Commande 245, Viaduc de Vianna – rive droite Commande 497, 9 Juillet [1884], Charpentes pour: Commande 246, Viaduc de Vianna – rive gauche Quai couvert à Marchandise PV Quai couvert – id – G. V. Commande 248, Chantier du Cavado (Fabrication) Remise à Voitures Rotunde por 10 Locomotives , Commande 254, Pont d' Ancora Halle a Voyageurs Marquise du Bâtiment des Voyageurs Commande 257, Petits ponts de la Ligne du Douro Commande 500, 27 Aout [1884], 2 Ponts sur le ramal Commande 330, 11 Juin [1879], Viaduc de Varzéas de Coimbra (C.ie Royale Portugaise) 1 de 5m & 1 de 6m

Commande 330, dº de Milijoso Commande 521, 4 aôut [1885], 15 Ponts (N.os 8 à 22) Ligne Commande 330, dº de Trezoï de Lisbonne à Cintra et Torres Vedras & Ramal de Merciana

Commande 330, dº de Bréda Commande 523, 18 [août 1885], Fers et Fontes pour La Gare de Lisbonne Alcantara Commande 330, dº de Rio Cris Commande 527, 31 [août 1885], Chantier de Portugal

Commande 334, dº de Rio Dao (16) Commande 529, 26 7bre [1885], Commande 330, 11 Juin [1879], Viaduc du Rio Coa Frais d'Ensemble Ligne de Cintra à Torres Vedras

Commande 330, 11 Juin [1879], Commande 533, 26 Xbre [1885], Pont de 41m d'ouverture (Mortagoa) Marquises & Barrières – Ligne de Cintra à Torres Védras

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 27 OPINIÃO

QUADRO I ( cont.)

Commande 538, 11 février [1886], Reconstruction Commande 651, 12 Mars [18]89, Remise à Machines de Lisbonne de la travée centra1e du Pont s/le Sever/Portugal Commande 661, 2 Juillet [1889], Magasin et remise Commande 541, 3 Mars [1886], Couverture en tôles de Villa Nova de Gaïa ondu1ées ga1vanisées d'une rotonde de Locomotives p.r la C.ie de Lisbonne à Cintra & Torres Vedras Commande 662, [2 Juillet 1889], Remise de Villa Nova de Gaïa

Commande 546, 23 avril [1886], Marquise du restaurant Commande 663, [2 Juillet 1889], de la Gare de Cintra Cie Royale (Portugal) Plateforme amovible pour ascenseur Otis

Commande 557, 9 aôut [1886], Couverture en tôle ondulée Galvanisée Commande 665, 18 Juillet [1889], de la Hall des Voyageurs de la Gare d'alcantara à Lisbonne Ponts de la Ligne de Vendas Novas, à Santarém (Portugal)

Commande 559, 15 7.bre [1886], Couverture des Marquises Commande 672, 21 août [1889], de la Ligne de Lisbonne á Cintra & Torres Vedras Pont de Ribeiro (C.ie R.le des chemins de fer Portugais)

Commande 575, 22 janvier[1887] Commande 679, 27 7bre [1889], Pont sur le Tage, à Praia (Portugal) Ponts de la seconde voie entre Carregado et Entroncamento

Commande 577, 31 janvier [1887], Commande 680, 27 [7bre 1889], Marquise du Batiment des Voyageurs pour la Gare de Cintra Magasin des wagons et ateliers de peinture de la Gare de Lisbonne

Commande 582, 23 Mars [1887], Caissons du Pont du Tage Commande 681,1 8bre [1889], Pont de Cocuminho (Portugal)

Commande 583, 2 Avril [1887], Commande 688, 18 Nov [1889], Rotonde por locomotives d'Entroncamento 3 Ponts pour la ligne de Cascaës (Portugal) C.ie Royale

Commande 584, 16 Avril [1887], Commande 690, 23 [Nov 1889], Pont de 15m à Voie Normale (Génie M.re portugais) Ponts de la Route de Vendas Novas à Santarém

Commande 590, 6 Juin [1887], Chantier du Pont du Tage Commande 691, ? Xbre [1889], Magasin et remise de Villa-Nova de Gaia Commande 59, [6 Juin 1887], Chantier de la Rotonde d 'Entroncamento Commande 692, ? [Xbre 1889], Pont d'Asseca

Commande 606, 15 9.bre [1887], Liquidation, Commande 692, 16 [Xbre 1889], travaux Ligne de Lisbonne à Cintra Agrandissement des Magasins de Villa Nova de Gaïa

Commande 640, 11 aout [1888], Commande 693, 16 [Xbre 1889], Pont d'Almonda Travée Indépendante du Pont du Tage Commande 699, 11 Jan [18]90, Pont d'Alviella Commande 643,13 9bre [1888], Remise à Machines de Pombal (Portugal) Commande 702, 14 février [18]90, Caissons pour le pont d’Alviella Commande 646, 1 [?] Xbre [1888], Ponts de la Ligne de Poco do Bispo (17) à Carregado Commande 707, 17 Mars [1890], Renforcement p.r le Lançage du Pont d'Oeiras (Ligne de Cascaës)

manuscrito são, quase sempre, as da ad- ve na ortografia, mas tecendo alguns longas. Por isso, duas palavras apenas. judicação, não as do início dos trabalhos, (poucos) comentários mais à frente. Por um lado, sabemos que número signi- conclusão ou, mesmo, inauguração des- Esta listagem (Quadro I) não deixa de ser ficativo de pontes e viadutos aqui lista- tes (12). Apresentamos de seguida esses da- o que efectivamente é pelo facto de lhe jun- dos foram já substituídos – assim aconte- dos, secamente como no original, inclusi- tarmos agora umas notas mais ou menos ceu com os viadutos da encomenda

28 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 OPINIÃO

nº 330, na linha da Beira Alta, que O Occi- dente, numa bela gravura de Alberto, re- produziu em página inteira em 1882 (18); mas também com a ponte de Canaveses sobre o Tâmega e a de Vila Meã, na linha do Douro; as pontes de Neiva e Cávado na linha do Minho ou, Caxias e Oeiras na linha de Cascais (19). Por outro, realce-se a necessidade de in- dagarmos no terreno as sobrevivências da obra "eiffeliana" entre nós – o quê, on- de, qual o estado de conservação… – sem o qual é difícil qualquer balanço. A ponte da engenharia militar (encomenda nº 584) ainda sobreviverá, passados mais de cem Ponte de Viana do Castelo sobre Rio Lima. longos anos? Das quinze pontes da linha de Lisboa a Sintra e Torres Vedras (enco- menda n.os 521) quantas restarão? Gaia n’um passeio de egual comprimento" (23). ñez (Madrid, 1933-2000) ocupou a cátedra de guardará os vestígios das encomendas Mas também, sigo de novo O Occidente, a Estética de la Ingeniería na Universidade Poli- 661, 662, 663 e 691? O viaduto de 8,75 me- "cocheira para 24 carruagens […] o gran- técnica de Madrid, tendo exercido, entre outros tros, referido na encomenda nº 211, ainda de caes coberto de mercadorias, de 90 m cargos, a presidência do Colegio de Ingenieros de passará sobre a Rua do Freixo? Em Pom- de extensão, coberto em metade […] uma Caminos e da comissão de renovação do Museu do Prado. A ele se devem várias pontes, como a bal (encomenda nº 643), no Entroncamen- rotunda para 6 [ou serão 10 ?] machinas, pedonal sobre a Castellana, em Madrid, ou a del to (encomendas nºs 583 e 591), entre o Po- com officina de reparação annexa", tudo Centenario, em Sevilha. Foi o grande animador ço do Bispo e o Carregado (encomenda nº obra da Maison Eiffel (24). E a estação de do Colóquio que, em 1986, se realizou em Ma- 646) assegurar-se-á, com diligência, o le- Sintra – "que é, depois da de Lisboa, a drid, com o patrocínio do Conselho da Europa, gado de Eiffel? mais completa da linha" – e cujos mate- sobre o Património das Obras Públicas. Autor de Tudo isto, porém, não significa – afigu- riais das coberturas metálicas, tanto do uma vasta bibliografia, entre a qual o "Catálogo ra-se-nos – que não se mencionem algu- "Batiment des Voyageurs" (encomenda de noventa presas y azudes españoles anteriores mas surpresas. Entrevemos pelo menos nº 577), como do "caes coberto para mer- a 1900" e o "Inventario de los puentes de la pro- dois casos. Se era sabido (20) que a Casa cadorias" e do restaurante (encomenda vincia de León anteriores a 1936". (2) Eiffel fora a responsável pelo viaduto de nº 546) se devem, eles também, à empre- Presidente do Comité do ICOMOS-Canada Sant’Anna, "assim como a dos demais da sa Eiffel, trinta anos depois de Hercula- sur les villes et villages historiques. (3) linha" de Lisboa a Sintra, saliente-se o no escrever: " Nenhum descobrimento http://canada.icomos.org/bulletin/vol6_no2_b onnettel_f.html seu grande envolvimento (21) – não se leia, contribuiu tanto para o aumento da civi- (4)Bertrand Lemoine, "Eiffel: un ingénieur, une de momento, autoria – na estação de Al- lização como o vapor e os caminhos-de- enterprise, une tour" in De la Toscane à l’Euro- cântara-Terra – cujas plantas se encon- -ferro" (25). pe de Gustave Eiffel. La Tour Eiffel au bord de tram perdidas… – nomeadamente na l’Arno, 1999, p. 16. (22) sua cobertura metálica (encomenda n.º (5)A edificação desta belíssima garagem está, cro- 497), essa "longa marquise envidraçada, (1)Notável estudioso espanhol do património das nologicamente, para além do terminus ad quem que descança de um lado no edifício de obras públicas em geral e das pontes em particu- deste manuscrito, ao ter sido erguida em 1906. passageiros, e do outro em columnas lar. O professor José António Fernández Ordó- Se na vasta bibliografia sobre Eiffel não lhe en-

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 29 OPINIÃO Tema de Capa

da linha do Minho, que sabemos inaugurada em 15.1.1879. (13)Neiva. (14)Tâmega. (15)Vila-Meã. (16)Dão. (17)Poço do Bispo. (18)O Occidente, 5º anno, vol. V, n.º 134, 11 de Setembro de 1882, p. 204. (19)Cf. a caixa "Memória enferrujada", no artigo de Fernando Gaspar "Eiffel: a idade do ferro", publicado n’a revista do Expresso, 1 de Abril de Ponte D. Maria no Porto. 1989, pp. 6-R e 7-R. (20)O Occidente, 10º anno, vol. X, n.º 301, 1 de contramos referência, no site dos seus actuais Manuel Lopes Cordeiro, "Ponte Maria Pia: um Maio de 1887, p. 99 e p. 109 do n.º seguinte. proprietários podemos ler que é um edifício "fa- marco histórico na evolução da Engenharia por- (21)Já chamáramos a atenção para esta hipótese em moso pela sua estrutura metálica, projectada por tuguesa", in Encontro Nacional de Construção António J. Nabais e Paulo Oliveira Ramos, Eiffel Gustave Eiffel" (www.grupoautoindustrial.pt Metálica e Mista, Porto, 1997, pp. 239-245 e a em Portugal, Institut Franco-Portugais de Lis- /corporate/historia.asp). página web de Manuel de Azeredo quando se bonne, Março de 1987, p.1. (6)Se há uns anos estes erros se encontravam em refere à Ponte Luís I (22)Que formalmente faz lembrar a "marquesina" livros e em revistas, fundamentalmente de carác- (http: //www.fe.up.pt/~azr/pontes/eiffel.htm) e da gare de San Sebastian, de 1880, projectada pe- ter turístico, agora polulam também nas páginas o espaço dedicado ao próprio Seyrig com biogra- lo engenheiro francês A. Biarez, mas erguida pe- www. Ver, por exemplo, http://multimania.com fia e bibliografia (http://www.fe.up.pt/~azr/pon- la empresa G. Eiffel & Cie. Cf. Inmaculada Agui- /jyotis/ponteluisbr.html que mostra "The Dom tes/seyrig.htm). lar Civera, La Estación de Ferrocarril Puerta de Louis bridge […] built by the famoous [sic] En- (8)Agradeço ao Sr. Stéphane Dieu, responsável la Ciudad, Valencia, Generalitat Valenciana gineer Eiffel" ou o site http://people.netscape.com pela Documentação e Exposições da SNTE, o Conselleria de Cultura, Educación y Ciencia, /tcrowe/europe/porto.htm que nos dá conta que acesso a este espólio. 1988, tomo II, p. 392. "the bridge […] Dom Luis I designed by the sa- (9)Não existe, por exemplo, a encomenda n.º 708, (23)O Occidente, 10º anno, vol. X, n.º 301, 1 de me man who designed the Eiffel Tower" e ainda sendo assim portuguesa a penúltima encomenda Maio de 1887, p. 99. http://gospain.about.com/travel/gospain/li- listada neste documento. (24)A estação de Alcântara-Terra (referida nas brary/weekly/aa021001b.htm que refere "the ele- (10)Antes dos vestíbulos das estações de Agen e "commandes" 496, 497, 523, 541, 557, 680) não vator de Santa Justa, designed by Eiffel…". Toulouse, pode fazer-se recuar a obra de Eiffel a deveria ser transformada, mesmo que parcial- (7)Sobre a "colaboração" de Seyrig com Eiffel ver 1856. Ver, por todos, Bertrand Lemoine, Eiffel, mente, em secção museológica da CP dedicada ao o n.º 398 de Arts et Manufactures (Junho de pp. 124 e 126. nosso (importante) quinhão no que Bertrand Le- 1988, p. 56), orgão da Association des Centra- (11)Depois de 1890-1893 o seu nome ficou sobre- moine designou como o "mythe Eiffel" ou, dito liens, onde se pode ler: "Le viaduc Maria Pia á tudo ligado a estudos sobre aerodinâmica. por outras palavras, à memória da obra de Eiffel Porto sur le Douro. Ing.: Th. Seyrig. Ent.: Eif- (12)Tomemos como exemplo a cronologia da Ponte em Portugal? fel & Cie, 1876-1877. Eiffel gagne ce concours D. Maria: adjudicação (22.6.1875), início da (25)Alexandre Herculano, Opúsculos, t. IV, ed. de international sur le projet dessiné par son asso- construção (5.1.1876), conclusão (30.10.1877) e 1901, p. 10. cié, Th. Seyrig, Centralien comme lui, mais dix inauguração (4.11.1877). A título de curiosida- ans son cadet." Ver, também, Bertrand Lemoi- de, indica-se a data de inauguração de outras pon- ne, Eiffel, Editorial Stylos, 1986 (trad. esp.), tes ferroviárias de Eiffel: Cávado (21.10.1877), PAULO OLIVEIRA RAMOS – Histo- pp: 36-37, 42, 46-47, 52, 56 e 66 e "Eiffel: un in- Neiva (24.2.1878), Ancora (1.7.1878), Vila Meã riador e arqueólogo industrial. Assis- génieur, une enterprise, une tour" in De la Tos- (15.9.1878) e Tâmega (15.9.1878). Não encon- tente da Universidade Aberta. cane à l’Europe de Gustave Eiffel. La Tour Eif- trámos neste manuscrito referência à ponte ferro- ([email protected]) fel au bord de l’Arno, 1999, p. 18. Ainda, José viária sobre o Coura, em Caminha (ao km 104,9)

30 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 PROJECTOS E ESTALEIROS

Figura 2 – Corrosão na base do aparelho de apoio no pilar.

Figura 1 – Vista da Ponte D. Luiz I no Porto. Uma vida nova para a velha Ponte D. Luiz I, no Porto

Figura 3 – Medições no gousset superior . vo in situ da geometria e das secções trans- aparelhos de apoio e nas juntas. versais de todos os elementos da ponte (pi- Todo o levantamento foi acompanhado lares, arco e encontros), incluindo o levan- por um registo fotográfico, tanto dos ele- A OZ tem vindo a ser solicitada, nos últi- tamento de ligações e aparelhos de apoio. mentos estruturais medidos como das mos anos, para levar a cabo trabalhos de Para a medição dos elementos metálicos fo- anomalias detectadas. levantamento e diagnóstico em diversas ram utilizados paquímetros, fitas métricas A Oz orgulha-se de poder dar o seu con- pontes, em todo o território nacional. Com metálicas, esquadros e réguas metálicas. tributo para a reabilitação desta notável vista ao levantamento estrutural e de ano- Para maior rigor das medições, removeu- estrutura, e espera que seja possível man- malias da Ponte D. Luiz I, no Porto, foi-lhe se, em zonas localizadas, a pintura existen- tê-la em uso ainda durante muitos anos, recentemente solicitada a colaboração pe- te, procedendo-se, depois das medições, à dado o seu inegável valor como patrimó- la GRID – Consultas Estudos e Projectos aplicação de uma protecção anti-corrosiva nio histórico da cidade do Porto. de Engenharia Lda. Estes trabalhos desti- provisória, também por pintura. A OZ é uma empresa, fundada em 1988, nam-se a preparar uma intervenção de que se dedica à execução de levantamen- reabilitação e reforço estrutural, que tem LEVANTAMENTO DAS ANOMALIAS tos de construções e estruturas e diag- em vista permitir a passagem das compo- Foram, igualmente, levantadas as ano- nóstico das suas anomalias, recorrendo, sições do Metro do Porto. malias existentes na ponte, designada- para tal a técnicas não destrutivas. Dis- mente, as relacionadas com a corrosão põe de um sistema de garantia da quali- LEVANTAMENTO ESTRUTURAL dos elementos metálicos e com a existên- dade, concebido segundo as normas ISO A OZ efectuou um levantamento exausti- cia de deformações, por exemplo, nos 9000, certificado.

32 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 e-pedra e cal

Quantos euros vale uma ponte? Sites sobre Pontes na Internet

Entre 5 e 500 euros, acha pouco? Passo a expli- Para conhecer melhor a história deste em- conteúdo, mas penso que é de visita obrigató- car. No dia 1 de Janeiro de 2002, o espaço eu- preendimento, aconselho o site www.iron- ria para quem procura conteúdo técnico e quer ropeu conheceu uma nova moeda comum, o bridge.org.uk e em www.bbc.co.uk/his- estar informado do que se passa lá fora. Euro. Para a concepção artística da série de se- tory/3d/ironbridge.shtmlpoderá conhecer as te notas foi escolhido um motivo comum a to- várias etapas da construção desta ponte com 3•O Civilium.net é um portal dedicado à cons- dos os países da Comunidade Europeia, a ar- ilustrações ou optar pela visualização 3D. A trução civil, promovido pela Construção&Li- quitectura, representada por pórticos e janelas cronologia deste local está disponível em mitada e com ligações à Faculdade de Enge- numa face e pontes na outra. Para além de uma www.coalport.demon.co.uk/ nharia da Universidade do Porto, que se consulta atenta à sua carteira, aconselho uma Timewatch.htm, e no site institucional da ci- caracteriza por um espaço de notícias e artigos visita ao site da Comissão Nacional do Euro, dade de Telford, em www. sobre as grandes obras e empreendimentos em www.infoeuro.pt, onde poderá conhecer telford.gov.uk/heritage, poderá inteirar-se concluídos ou a decorrer. Tratando-se, na sua melhor as notas (e as pontes), símbolos do nos- sobre as questões e intervenientes da Iron- maioria de transcrições de jornais, não deixa so património comum. bridge Gorge Initiative no processo de conser- de ser merecedor de uma visita a www.civi- vação e valorização deste património. Por fim, lium/infocil/dmaria.shtml, pelo conjunto de 1•Outro símbolo de referência é a Ironbridge, se estiver curioso, pode ainda fazer uma visita informação, aliado a boas ilustrações e dina- a primeira ponte metálica do mundo, que atra- virtual ao pitoresco cenário do vale de Iron- mismo da comunidade, nomeadamente estu- vessa o rio Severn, a sul de Telford, no Shrops- bridge, através do site www.virtual-shrops- dantes de Engenharia, que encontram aqui hire, Inglaterra. Construída em 1779, repre- hire.co.uk/ironbridge-tour/map.htm. um espaço de troca de informações, software e senta o avanço tecnológico da arquitectura do emprego. A destacar, um artigo sobre o co- ferro que dominaria o século XIX, no local uni- 2•O International Association for Bridge and nhecido engenheiro "de pontes", Edgar Car- versalmente reconhecido como o Silicon Val- Structural Engineering (IABSE) é um organis- doso, textos sobre a Ponte Vasco da Gama, a ley da Revolução Industrial, devido ao suces- mo associativo sedeado em Zurique, na Suíça, Ponte D.Maria, bem como a futura travessia so na produção de ferro derretido com carvão desde 1929, empenhado na promoção da en- do Douro, a Ponte do Infante D. Henrique. em 1709. Dada a sua importância singular, foi genharia de estruturas, através de conferên- criado o Ironbridge Gorge Museum Trust, a cias, publicações e grupos de trabalho. Em fim de salvaguardar a memória deste local, www.iabse.ethz.chpoderá consultar notícias, JOSÉ MARIA LOBO DE CARVALHO com mais de 750 000 visitantes por ano. O Iron- lista de publicações e um calendário de confe- – Arquitecto, Mestre em Conservação bridge Gorge (Garganta de Ironbridge) está rências previstas para o biénio 2002/03, onde do Património pela Universidade de inscrito na lista do Património Mundial da destaco o IABMAS’02 – Conference on Bridge York, Inglaterra. Colabora actualmente na DGEMN, nos projectos da Carta de UNESCO desde Novembro de 1986 (ver rela- Maintenance, Safety and Management (Bar- Risco do Património Arquitectónico e tório em www.unesco.org/whc/sites), in- celona, 14-17 Julho 2002). Não será um site mui- Inventário dos Conjuntos Urbanos. cluindo a ponte, as minas de Coalbrookdale e to "excitante", numa perspectiva de multimé- [email protected] a envolvente paisagística. dia, dada a formalidade da sua estrutura e

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 33 AS LEIS DO PATRIMÓNIO

Desburocratização

Em especial, nos últimos dois anos, tos, entre os quais se inclui a dissolu- necessária escritura pública. assistiu-se à entrada em vigor de um ção de sociedades, a constituição de O Decreto-Lei nº 64-A/2000, de 22 de conjunto de diplomas cujo objectivo sociedades unipessoais por quotas, a Abril, veio, por seu turno, consagrar a se traduziu na desburocratização e constituição do estabelecimento indi- dispensa de escritura pública relati- simplificação do sistema de notaria- vidual de responsabilidade limitada vamente aos arrendamentos sujeitos do, reduzindo o número de actos su- e a constituição do agrupamento com- a registo (celebrados por prazo supe- jeitos a escritura pública bem como plementar de empresas. rior a 6 anos), aos arrendamentos pa- dos que carecem de certificação, pro- No que se refere à dissolução, esta não ra comércio, indústria e exercício de curando simplificar a vida a todos os carece de ser consignada em escritura profissão liberal bem como quanto ao particulares e empresas que diaria- mente, se têm que debater com exces- so de formalismos e burocracias per- O Decreto-Lei nº 36/2000, de 14 de Março, feitamente inúteis, que consomem marcou o início deste processo de simplificação ao dispensar energias e dinheiros que doutro mo- do melhor poderiam ser empregues. de escritura pública um conjunto de actos Sendo certo que, muito, ainda, haverá para fazer, atenta a particular impor- tância desta paulatina, mas ao que tu- pública caso tenha sido deliberada trespasse e cessão de exploração de do incida, efectiva tendência para a pela assembleia geral e a acta da deli- estabelecimento comercial e indus- "desformalização" de determinados beração tenha sido lavrada por notá- trial e quanto à cessão da posição de actos com claras implicações na esfe- rio ou pelo secretário da sociedade. arrendatário no arrendamento para o ra de acção das empresas, importa fa- Quanto à constituição de sociedade exercício de profissão liberal, bastan- zer uma referência específica aos unipessoal por quotas, estabeleci- do a mera celebração através de docu- principais diplomas nesta matéria, in- mento individual de responsabilida- mento escrito. dicando as mudanças mais importan- de limitada e agrupamento comple- As referidas preocupações de simpli- tes, entretanto, verificadas. mentar de empresas passa a poder ficação formal foram, por sua vez, ex- O Decreto-Lei nº 36/2000, de 14 de celebrar-se mediante documento par- tendidas às empresas cooperativas, Março, marcou o início deste proces- ticular, desde que não sejam efectua- por forma a acompanhar a evolução so de simplificação ao dispensar de das entradas em bens diferentes de operada quanto às sociedades comer- escritura pública um conjunto de ac- dinheiro para cuja transmissão seja ciais. Neste sentido, o Decreto-Lei nº

34 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 AS LEIS DO PATRIMÓNIO e Simplificação

108/2001, de 6 de Abril, veio determi- O mesmo diploma prevê o depósito das entradas nar que as alterações aos estatutos de em dinheiro já realizadas possa também ser comprovado cooperativas para cuja constituição seja exigida escritura pública apenas por declaração dos sócios, prestada sob sua responsabilidade têm de revestir essa forma caso res- peitem a alterações do montante do capital social mínimo ou do objecto da dos originais. Por último, embora já no âmbito do cooperativa e, nestes casos, quando a No seguimento deste diploma, foi sistema de registos, justifica-se, ain- acta da deliberação não tenha sido la- igualmente aprovado o Decreto-Lei da, fazer uma referência ao Decreto- vrada por notário bem como estipular nº 237/2001, de 30 de Agosto, o qual -Lei nº 12/2001, de 25 de Janeiro, o que a dissolução de cooperativas de- veio atribuir também às já referidas qual vem permitir o pedido de certi- liberada em assembleia geral não ca- câmaras de comércio e indústria e aos ficados de admissibilidade de firma rece de ser consignada em escritura advogados e solicitadores, competên- ou denominação e de certidões do re- pública. cia para fazer reconhecimentos com gisto civil, predial e comercial através Neste contexto, e agora tendo especi- menções especiais, por semelhança, da transmissão electrónica de dados. ficamente em vista introduzir formas bem como certificar ou fazer e certifi- Na medida em que o conhecimento alternativas de atribuição de valor car, traduções de documentos. Estes por parte dos interessados é factor probatório a documentos, refira-se o actos efectuados por estas entidades essencial para a prossecução destes Decreto-Lei nº 28/2000, de 13 de Mar- conferem ao documento a mesma for- objectivos, fizemos questão de dei- ço, que veio conferir competência pa- ça probatória que teria se tais actos ti- xar aqui o nosso modesto contribu- ra a certificação da conformidade de vessem sido realizados com interven- to para tal, o qual é meramente ex- fotocópias com os documentos origi- ção notarial. positivo. nais às juntas de freguesia, aos CTT – Para além disso, o mesmo diploma, Correios de Portugal, S A , às câmaras entre outras alterações prevê que, de comércio e indústria, estas desde aquando da celebração do contrato de que, reconhecidas nos termos do De- sociedade, o depósito das entradas A. JAIME MARTINS creto-Lei nº 244/92, de 29 de Dezem- em dinheiro já realizadas possa tam- – Advogado de Alcides Martins & As- bro bem como aos advogados e aos so- bém ser comprovado por declaração sociados, Sociedade de Advogados licitadores. As fotocópias conferidas dos sócios, prestada sob sua respon- – Docente universitário nestes termos têm o valor probatório sabilidade.

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 35 TECNOLOGIA

Algumas medidas na construção para a conservação

INTRODUÇÃO teriais constituintes dos objectos e o seu Das fundações à cobertura, o isolamen- A conservação preventiva é uma área de controlo é também uma das chaves para to é de importância vital para garantir a intervenção da conservação e restauro uma boa preservação. Os dados de Mi- estanquecidade do edifício. Indepen- que actua sobre as causas de degradação chalsky (1993) sobre deterioração pela dentemente do seu tipo (soluções de si- dos bens culturais, minimizando o seu humidade sintetizam esses efeitos da se- loxanos, tintas e outros líquidos imper- efeito ou mesmo eliminando-as. guinte forma: meabilizantes, subtelhas, etc.), este Em Portugal esta actividade tem encon- isolamento deve ser essencialmente ex- trado alguma resistência à sua implanta- terior. As paredes interiores devem ser ção nos museus. Os motivos são vários, de materiais que tenham níveis de hi- nomeadamente a falta de profissionais groscopicidade elevados, por forma a devidamente qualificados, a falta de pla- que estes tenham um efeito tampão (buf- nos de formação, a escassa bibliografia so- fer) na moderação dos níveis de humi- bre o assunto em português e de carácter dade relativa e da temperatura. menos técnico e a ideia pré-concebida da Figura 1 – Gráfico 1. Outro aspecto importante para a obten- dificuldade de implantação de medidas ção de estabilidade interna de um mu- de conservação preventiva, quer do pon- • deterioração por humidade relativa ex- seu é a calafetagem de portas e janelas, to de vista técnico quer financeiro – pro- cessiva; aumentando-se assim a estanquecidade vavelmente a razão mais forte, mas tam- • deterioração por valores incorrectos de do edifício. bém a mais errada. humidade relativa; • deterioração por flutuações de humida- SISTEMAS DE CONTROLO TERMO-HIGROMETRIA de relativa; A utilização de sistemas de AVAC revela- Uma forma de intervir ao nível da preser- • deterioração por valores de humidade re- se, muitas vezes, dispendiosa para as insti- vação de colecções é o controlo dos níveis lativa acima ou abaixo de valores críticos; tuições museológicas, para além do efeito termo-higrométricos nos vários espaços intrusivo da instalação destes equipamen- interiores de um museu. Essa intervenção METODOLOGIAS tos em edifícios históricos. Um dos siste- pode conjugar um ou mais aspectos dos NA CONSTRUÇÃO mas eficazes no controlo das condições ter- que se referem mais à frente neste texto. Tomando como base o trabalho de Pad- mohigrométricas consiste na pressuri- Contudo, há que saber, à partida, quais as field (1998) e alguns exemplos reais, im- zação. Sem elevar em demasia o nível de condicionantes a considerar, tendo em porta considerar a forma e a ordem como mercúrio do barómetro, é possível contro- conta que cada colecção de artefactos ne- alguns materiais de construção são e ou lar a entrada de humidade relativa no edi- cessita de condições próprias. O levanta- poderão ser empregues nos museus. Não fício por capilaridade e adsorção através mento das características materiais e o es- se pretende dar uma panacéia, mas antes das paredes e aberturas. Para além disso, tado de conservação da colecção são um contributo que é o resultado de uma promove-se uma ventilação controlada ponto chave para a definição das suas convergência de informações transdisci- que tenderá a diminuir os níveis de COV’s condições adequadas. plinares, considerando dados de ensaios bem como a presença de pó. O conhecimento dos efeitos que diversas laboratoriais e resultados práticos em Muitas vezes, o comportamento dinâmico condições higrométricas têm sobre os ma- museus portugueses. do edifício, aliado à sua construção e aos vo-

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preventiva de colecções museológicas

lumes que contém é suficiente para efectivar res simples de tijolo cerâmico e reboco que se passe das palavras aos actos, apli- um equilíbrio das condições termohigromé- areado fino, pintado e sem hidrofobação, cando metodologias adequadas e parti- tricas, bastando apenas recorrer a desumidi- uma reserva de materiais arqueológicos lhando experiências e conhecimentos por ficador(es) (em detrimento dos aquecedo- (Gráfico 3) consegue manter-se estável forma a obter as melhores condições para res) para obter uma estabilização eficaz. graças a alguns factores: a preservação dos bens culturais.

CASOS PORTUGUESES No Alentejo, num edifício histórico sem sistema de AVAC, um museu com várias salas e pisos estabeleceu a monitorização das suas condições higrométricas. Os da-

Figura 2 – Gráfico 2. Figura 3 – Gráfico 3.

dos apresentados mostram uma sala • o efeito tampão das caixas de cartão ca- Bibliografia (Gráfico 1) virada a Sul, no piso intermé- nelado em que se encerra o material; dio, mas com janelas mal calafetadas, em • o facto da sala só ser aberta quando exis- Michalsky, S., "Relative humidity: a discussion que a humidade relativa variou entre 40 e te alguém no interior e pelo tempo estrita- of correct/incorrect values", preprints of ICOM 80% num mês, claramente excessivo e a mente necessário; Commitee for Conservation 10th Triennial Mee- corrigir. Noutra sala (Gráfico 2) com vo- • a existência de um desumidificador li- ting held in Washington (1993), p. 624-629. lume semelhante mas no piso inferior, gado em permanência (refira-se que o Padfield, T., "The role of absorbent building ma- com paredes exteriores a N e NW (apenas aparelho de ar condicionado instalado es- terials in moderating changes of relative humi- com exposição solar ao final do dia) e ja- tá desligado visto não prover o controlo dity", PhD thesis for the Technical University of nelas pequenas mas bem calafetadas, a adequado) Denmark (1998), unpublished. utilização de um desumidificador permi- te um controlo adequado das condições NOTA FINAL (humidade relativa média de 65%), salvo A conservação preventiva não se encerra NUNO MOREIRA uma manutenção pouco eficaz deste, ve- só na termo-higrometria. É fundamental – Conservador restaurador do Museu rificável nos picos do gráfico. reter que envolve outros aspectos de im- Municipal de Arqueologia da Amadora Próximo de Lisboa, num edifício de portância igual ou maior a estes. Mas é – Consultor da Rede Portuguesa de Museus construção recente, com paredes exterio- preciso que se comece por algum lado e

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 37 DIVULGAÇÃO

A Sociedade de Geografia de Lisboa segundo o

A Sociedade de Geografia de Lisboa 230 000 títulos. Lisboa. Foram aqui recebidos, na Sala é uma entidade privada fundada em Sócio da Sociedade de Geografia des- Portugal – uma das mais belas salas 1875 e considerada de Interesse Pú- de há 38 anos, o professor catedrático do país –, o rei Eduardo VII, o Kaiser blico desde 1924. Com base nos ac- Luís Aires-Barros, é seu presidente Guilherme da Alemanha, o impera- tuais estatutos, que datam de 1895, desde o ano 2000. dor do Brasil D. Pedro II e o presiden- tem como objectivos: te francês Émile Loubet. • o desenvolvimento do estudo das P&C: Sendo o actual presidente da A Sociedade de Geografia é uma so- Ciências Geográficas e afins; Sociedade de Geografia de Lisboa, à ciedade privada, no entanto, foi nela • o estudo dos meios para melhorar, qual está ligado há quase quatro dé- criada a Escola Superior Colonial, que aproveitar e desenvolver as forças e cadas, qual tem sido o papel desta aqui funcionou durante 37 anos. O recursos naturais de Portugal; Sociedade? presidente da Sociedade de Geografia • a cooperação com os países de lín- LAB: A Sociedade de Geografia de era o director da Escola Superior Co- gua oficial portuguesa com vista à Lisboa, foi fundada em 1875, no auge lonial, que formava os quadros da ad- preservação do seu conhecimento dos problemas que o país tinha com ministração das colónias. Só depois científico e cultural; os territórios ultramarinos, especial- foi integrada na Universidade Técni- • a cooperação com as comunidades mente com os territórios de África. ca de Lisboa. Foi também aqui criado portuguesas existentes em países es- Tem funcionado como uma academia, o INEF, Instituto Nacional de Eucação trangeiros no intuito de nelas conser- sendo actualmente composta por Física, depois integrado na mesma var e desenvolver o sentimento e os 20 secções, onde se debatem e estu- Universidade. interesses da nacionalidade portu- dam vários domínios da cultura e das A Sociedade de Geografia tem tido guesa e o culto da lusofonia; ciências. uma vasta acção político-cultural ao • a cooperação com o Estado e a con- Grandes decisões sobre os territórios longo da História. sulta aos poderes públicos e ao país, ultramarinos foram estudadas e pro- na esfera da cultura e da ciência. postas aos governos, aqui. Os grandes P&C: Quais as actuais prioridades da A sua actividade científica e cultural homens que governaram esses terri- Sociedade de Geografia de Lisboa? desenvolve-se em comissões e sec- tórios foram sócios, e até presidentes LAB: Actualmente pretendemos, fun- ções profissionais e na promoção de desta Sociedade. O homem mais notá- damentalmente, estudar o nosso espó- conferências, simpósios e outros ac- vel foi Luciano Cordeiro, um dos fun- lio e torná-lo conhecido, publicando tos públicos. O seu património histó- dadores. catálogos e estudos sobre eles. Temos rico e cultural único está expresso no Nesta sociedade, nos primeiros anos uma valiosa cartoteca, uma biblioteca Museu Histórico e Etnográfico e na do séc. XX, eram recebidas as perso- com cerca de 6200 obras, inúmeras re- biblioteca com um acervo de cerca de nalidades de relevo que visitavam vistas e cerca de 6000 manuscritos in-

38 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 DIVULGAÇÃO

professor Luís Aires-Barros

cluindo o espólio de Silva Porto, Ser- pa Pinto e Gago Coutinho. Temos também uma fototeca com mais de 50 000 espécies fotográficas, desde 1870 até à actualidade, e um museu etno- MUSEU ETNOLÓGICO DA SOCIEDADE gráfico e histórico. Temos aqui os pa- DE GEOGRAFIA DE LISBOA drões que Diogo Cão foi pondo ao lon- go da costa de Angola. Talvez estas Rua das Portas de Stº Antão, n.º100 sejam as peças mais ricas do museu, 1150-269 Lisboa onde há um larguíssimo acervo de pe- ças de arte africana e asiática. Tel.: 213 425 068 Por outro lado, como a sociedade fun- Horário: ciona como uma academia, com sec- Segunda, quarta e sexta das 11 às 13h00 e das 15 às 18h00. ções, preocupamo-nos em estudar ou Encerra à terça, quinta e fim-de-semana. reestudar os problemas actuais, não só do país como aqueles ligados aos Entrada grátis. países de expressão portuguesa. Foi Biblioteca de Etnologia e História, em especial espécies re- aqui que o bispo Carlos Belo lançou a lativas às antigas possessões de África e de Ásia. sua fundação com o dinheiro recebi- do pelo Prémio Nobel. Esteve cá no fi- nal do mês de Outubro último o actual primeiro-ministro de Timor – Mari SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DE LISBOA Alkatiri. Mantemos relações estreitas com países como o Brasil, a Indonésia, Rua das Portas de Stº Antão, n.º100 a Índia, o Paquistão, a China, o Irão, 1150-269 Lisboa etc. Editamos, desde 1876, um bole- Tel.: 213 425 401 - 213 425 068 tim, revista cultural e científica. Fax: 213 464 553

ALEXANDRA ANTUNES E ADRIÃO

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 39 NOTÍCIAS

Reciclar o Património

O Colóquio RECICLAR O PATRIMÓNIO ção e reabilitação dos centros históricos de decorreu com um assinalável sucesso, no Guimarães e do Porto, os problemas do pa- passado dia 28 de Fevereiro no Auditório trimónio industrial, e a relação com as práti- do Laboratório Nacional de Engenharia Ci- cas arquitectónicas contemporâneas, foram vil, em Lisboa. outras das temáticas abordadas, com inter- Nele participaram dirigentes do Instituto venções de Eduardo Souto Moura, Walter Português do Património Arquitectónico Rossa, Rui Loza, Alexandra Gesta, Margari- (IPPAR), da Direcção-Geral dos Edifícios e da Alçada, Henrique Cayatte, Deolinda Monumentos Nacionais (DGEMN) bem co- Delgado, e João Luís Carrilho da Graça. mo arquitectos, historiadores, e outros O colóquio encerrou com a conferência Re- agentes ligados à defesa e salvaguarda do ciclar o Património: [O CICLO DO MISTÉ- património edificado. RIO] proferida por Manuel da Graça Dias, O repto de pensar o património, a propósito que de uma forma sintética, mas arrojada, li- da metáfora da RECICLAGEM, foi lançado gou a questão da reutilização do patrimó- pela ModusOperandi, Consultores Cultu- nio à mudança do mundo e das cidades con- rais, e forneceu matéria polémica para as vá- temporâneas. rias intervenções, vivamente correspondi- Este colóquio marca um novo ciclo de acti- da pelas questões e intervenções da vidade da ModusOperandi que, a par da assistência. sua intervenção na área de consultadoria O tom geral foi lançado por Paulo Garcia Pe- cultural e curadoria de eventos na área da reira – vice-presidente do IPPAR, na confe- arte contemporânea, prosseguirá a sua acti- rência inaugural intitulada RETOMAR O vidade de organização de colóquios, Works- CICLO, na qual foram dissecadas, nas suas hops e acções de formação em torno das várias vertentes, as políticas patrimoniais. questões da paisagem, da arte e cultura dos O inventário do património em curso pela nossos dias, no âmbito da actualização e DGEMN, as questões ligadas à reconstru- aperfeiçoamento de competências.

Aprendendo com os erros e defeitos da construção

O GECoRPA tomou a iniciativa de pro- der a evitar as opções que a eles conduzem. mover o Congresso Internacional sobre Esta iniciativa surge no quadro da colabora- Patologia, Durabilidade e Reabilitação ção do presidente do GECoRPA com o CIB, dos Edifícios, a ter lugar no LNEC, Lis- International Council for Research and In- boa, no último trimestre de 2003. novation in Building and Construction, con- De acordo com o GECoRPA pretende-se, cretamente com o seu grupo de trabalho A organização estará a cargo de uma parce- com este congresso tirar o máximo partido W086 – Building Pathology. Este grupo de ria do GECoRPA com o LNEC. dos erros que se cometem na concepção, trabalho reúne um conjunto de investigado- A iniciativa conta, desde já, com o patrocínio do construção, manutenção e reabilitação de res e profissionais, de vários países, que se IGAPHE, esperando-se que outras entidades edifícios correntes, no sentido de se apren- dedicam à patologia dos edifícios. venham a juntar-se ao grupo de apoiantes.

40 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 AGENDA

III CONGRESO INTERNACIONAL SOBRE PATRIMONIO GEOLÓGICO Y MINERO – "DEFENSA DEL PATRIMONIO Y DESARROLLO REGIO- NAL" 24 – 26 Outubro 2002, CARTAGENA (SPAIN) Org: Sociedad Española para la Defensa del Patrimonio Geológico y Minero (SEDPGYM) Info: Mercedes martinez Escudero – Departamento de Ingeniería Minera, Geológica y Cartográfica – Universidad Politécnica de Cartagena – Pº Alfonso XIII, n.º 52 – 30203 Cartagena (Murcia) – SPAIN Tel: +968 325 489 Fax: +968 325 435 Website: http://www.inicia.es/de/sedpgym

nio edificado é factor de perdas cultu- COLLOQUE INTERNATIONAL – rais, económicas e sociais, importan- PATRIMOINE MONDIAL tes, tornando-se urgente intervir em – PATRIMOINE INDUSTRIELS edificações com valor patrimonial re- 19 – 21 Setembro 2002, SEMINÁ- conhecido, permitindo a sua reutili- ARC-ET-SENANS (FRANCE) RIO A INTERVENÇÃO zação e impedindo a sua degradação Org: Royal Saltworks NO PATRIMÓNIO; PRÁTICAS e ruína. A realização do seminário of Arc-et-Senans/France DE CONSERVAÇÃO E REABILI- pretende, por isso, criar um espaço de Info: Franck Gautré TAÇÃO debate sobre a conservação e a reabi- Tel: +33-03 81 54 45 36 O Departamento de Engenharia Civil litação do património construído, Fax: +33-03 81 57 45 01 da Faculdade de Engenharia da Uni- confrontando diferentes abordagens Website: versidade do Porto (FEUP) está a pro- e técnicas, enquadradas pela apresen- http://patrimoine.saline.free.fr mover a realização dum seminário so- tação de casos práticos de aplicação. E-mail: [email protected] bre A intervenção no património. O evento contará com a presença de práticas de conservação e reabilita- cerca de três dezenas de oradores en- ção, a decorrer nos dias 2, 3 e 4 de Ou- tre os quais especialistas estrangeiros tubro de 2002, nas instalações da e nacionais de reconhecido mérito 3th TRIENNIAL MEETING OF FEUP. O seminário surge na sequên- nesta área. Estas e outras informações THE ICOM (INTERNATIONAL cia do trabalho desenvolvido por este encontram-se disponíveis no site: COUNCIL OF MUSEUMS) – departamento em parceria e ao abri- www.fe.up.pt/patrimonio. COMMITTEE FOR CONSER- go de um protocolo de colaboração VATION com a Direcção-Geral dos Edifícios e Informações: 22 – 28 Setembro 2002, Monumentos Nacionais. Tal activida- D. Clotilde Bento RIO DE JANEIRO (BRAZIL) de tem consistido no apoio a obras de FEUP – DECivil Org: ICOM – Committee for Conservation conservação e reabilitação estrutural Rua Dr. Roberto Frias, s/n Info: Isabelle Verger – c/o ICCROM de edifícios classificados na área de 4200-465 PORTO – PORTUGAL – 13 Via di San Michelle intervenção da Direcção Regional de Tel: +351 225 081 887 – 00153 Roma – ITALIA Edifícios e Monumentos do Norte. Fax: +351 225 081 835 Website: http://www.icom-cc.org A degradação da resistência e das Email: patrimó[email protected] E-mail: [email protected] condições de salubridade do patrimó- www.fe.up.pt/patrimonio

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 41 VIDA ASSOCIATIVA

GECoRPA debate conservação do património arquitectónico

Teve lugar no passado dia 27 de Mar- ço, no Palácio da Bolsa do Porto, o IV jantar GECoRPA, que reuniu cerca de 65 convidados, entre associados do Grémio, presidentes e representantes de várias câmaras municipais do Nor- te do país, representantes de outras empresas ligadas à construção, con- servação e reabilitação do edificado, e ainda, de outras associações e univer- sidades. Como convidados de honra estiveram presentes o director regional do IPPAR – Porto, dr. Lino Augusto Tavares Dias, que fez uma intervenção sobre o III Quadro Comunitário de Apoio e a rea- bilitação das cidades, e o director re- gional dos Edifícios e Monumentos do Norte, arq.º Augusto Marques da Cos- Em cima, dr. Lino Tavares Dias, director regional do IPPAR Porto, e um dos convidados de honra deste jantar, fez uma exposição sobre o III Quadro Comunitário de Apoio e a rea- ta, que abordou o tema da formação bilitação das cidades. dos agentes intervenientes na conser- Em baixo, o arq.º Marques da Costa, director regional dos Edifícios e Monumentos do vação e restauro do património arqui- Norte, na altura da sua comunicação, que focou, entre outras coisas, a formação dos inter- tectónico. venientes na conservação e restauro do património arquitectónico. Seguiram-se algumas perguntas dos convidados, respondidas pelos orado- res, o que deu lugar a uma interessante discussão de vários assuntos como o nio construído. nico e da reabilitação das construções problema da recuperação dos edifícos Os jantares GECoRPA visam reunir de- antigas ou, por outras razões, interes- nas zonas históricas das cidades, ou o cisores das empresas e das instituições sadas neste importante mercado, com já citado tema da formação na área da mais vocacionadas para actividade da o objectivo de promover o debate das conservação e reabilitação do patrimó- conservação do património arquitectó- grandes questões desta área.

42 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 VIDA ASSOCIATIVA

Acção de formação Sistema MatTec

Decorreu no passado dia 28 de Fevereiro, em Lisboa, uma acção de formação organi- zada pelo GECoRPA – GT5 (Grupo de Tra- balho 5 – Novas tecnologias e materiais), com a colaboração do Departamento de Ma- teriais de Construção do LNEC e do Depar- tamento de Engenharia Civil do IST, tendo em vista o lançamento em regime experi- mental do MatTec – Sistema de Informação Sobre Patologia e Técnicas de Reabilitação Em cima, apresentação do sistema MatTec pelo eng.º Catarino, durante a acção de formação decor- do Património Construído. rida em Lisboa. O MatTec (Materiais e Tecnologias), tem vin- Ao lado, apresentação de casos práticos na utiliza- do a ser desenvolvido por aquelas entidades, ção do sistema MatTec. no âmbito de um projecto cofinanciado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. Este sistema pretende ser uma ferramenta multi- teractivamente as vantagens deste sistema. média de apoio à decisão na área da reabilita- Antes de se dar por encerrada a acção de for- ção, envolvendo os principais agentes e as mação, o eng.º José Manuel Catarino e o eng.º principais áreas de actividade. Reconhecen- Vítor Cóias e Silva, presidente do GECoRPA, do a importância da divulgação dos conheci- sublinharam a importância da participação mentos, experiências e recursos disponíveis activa dos utentes na construção da base de que auxiliem as decisões dos engenheiros e dados MatTec, sendo aberto um período ex- arquitectos em intervenções de reabilitação, o seus objectivos e funcionamento, entre ou- perimental de algumas semanas para os inte- sistema MatTec está estruturado de forma a tras informações relevantes, tendo finaliza- ressados poderem iniciar o carregamento poder orientar ou auxiliar nessas decisões. do com exemplos de como carregar a base com informações decorrentes da sua expe- A acção de formação foi dirigida pelo eng.º Jo- de dados, simulações da sua utilização e riência prática em patologia de edifícios, uso sé Manuel Rosado Catarino do LNEC, e reu- vantagens decorrentes. de materias, etc. Esta informação será, depois, niu cerca de 30 participantes, representantes Durante a acção foi distribuído um CD- transferida para a base de dados principal, e das empresas associadas do GECoRPA. -ROM com a base de dados MatTec pronta a será feita, em data a anunciar, uma nova acção A acção iniciou-se com uma apresentação utilizar, com o qual os participantes, munidos de formação, utilizando já o conjunto de in- da ferramenta MatTec, continuando com os de PCs portáteis, puderam experimentar in- formação recolhida.

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 43 ISTO TAMBÉM É PATRIMÓNIO

Gastronomia é oficialmente reconhecida como património, desde 2000

Assim: Gastronomia, quando estiverem criadas ao abrigo do disposto na alínea b) do n.º 3 as condições técnicas para o efeito. da Resolução do Conselho de Ministros n.º 6.º – O financiamento necessário à criação, 169/2001, de 19 de Dezembro, manda o desenvolvimento e disponibilização da Governo, pelos ministros da Economia, da base de dados Gastronomia, Património Agricultura, do Desenvolvimento Rural e Cultural deve ser assegurado: das Pescas e da Cultura, o seguinte: a) pelas comparticipações financeiras 1.º – É criada uma base de dados, desig- provenientes do Programa Operacional nada Gastronomia, Património Cultural, do Ministério da Economia, no âmbito do a qual incluirá os seguintes elementos de III Quadro Comunitário de Apoio; informação: b) pelas comparticipações, dotações, a) receituário classificado; transferências e subsídios provenientes b) produtos agrícolas e agro-alimentares do Instituto de Financiamento e Apoio ao qualificados. Turismo, das entidades representadas na

Telmo Miller 2.º – A base de dados Gastronomia, Pa- Comissão Nacional de Gastronomia ou trimónio Cultural é coordenada e desen- de quaisquer outras entidades públicas volvida pela Comissão Nacional de Gas- ou privadas. A gastronomia já é, desde 2000, oficial- tronomia, com o apoio logístico da 7.º – A competência para a gestão das ver- mente reconhecida como "património" Direcção-Geral do Turismo, a qual deve bas provenientes das comparticipações, estando prevista a criação de uma base de proporcionar os meios técnicos necessá- dotações, transferências e subsídios pre- dados. Assim, apresentamos o diploma. rios para o efeito. vistos no número anterior é da responsabi- 3.º – A descrição dos produtos agrícolas e lidade da Direcção-Geral do Turismo em Portaria n.º 312/2002 agro-alimentares qualificados, a constar articulação com a Comissão Nacional de de 22 de Março da base de dados, deve respeitar os nor- Gastronomia. Pela Resolução do Conselho de Ministros mativos legais que os regulamentam. 8.º – A presente portaria entra em vigor no n.º 96/2000, de 26 de Julho, a gastronomia 4.º – A base de dados Gastronomia, Patri- dia imediatamente a seguir ao da sua pu- foi considerada valor integrante do patri- mónio Cultural, sem prejuízo do disposto blicação. Em 8 de Fevereiro de 2002. mónio cultural português. no número anterior, inclui-se no patrimó- O ministro da Economia, Luís Garcia Bra- No seguimento da aplicação da resolução nio da Direcção-Geral do Turismo. ga da Cruz – O Ministro da Agricultura, citada foi criada, através da Resolução do 5.º – A base de dados Gastronomia, Patri- do Desenvolvimento Rural e das Pescas, Conselho de Ministros n.º 169/2001, de 19 mónio Cultural é disponibilizada com ba- Luís Manuel Capoulas Santos – o ministro de Dezembro, a Comissão Nacional da se em regulamentação adequada, para da Cultura, Augusto Ernesto Santos Silva. Gastronomia, à qual compete, designada- acesso geral aos respectivos dados, me- mente, coordenar a criação, desenvolvi- diante despacho conjunto dos ministros mento e utilização de uma base de dados da Economia, da Agricultura, do Desen- MARIA TERESA RAPOULA de receitas e produtos tradicionais portu- volvimento Rural e das Pescas e da Cultu- – Jurista gueses. ra, por proposta da Comissão Nacional de

44 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 LIVRARIA

Património: Balanço e Perspectivas (2000-2006) Coordenação: Luís Ferreira Calado, Paulo Pereira e Joaquim Passos Leite Lisboa, Ippar, 2000, pp. 331. Na sequência de um outro estudo previamente realizado pelo Ippar, em 1997, intitulado, Intervenções no Património. 1995-2000. Nova Política, surge este novo estudo que pretende fazer o balanço dos trabalhos rea- lizados entre 1996 e 1999, dando conta das metas atingidas. Também nos é apresentado o plano de trabalhos para o período compreendido entre 2000 e 2006, conjugando o que se fez, como se fez e por que se fez com as perspectivas para os próximos anos. Preço: 12,47 euros - Código: IP.E.1

Edgar Cardoso 1913/2000

Edição: Fundação Edgar Cardoso e De- partamento de Engenharia Civil e Arqui- tectura. Mapa de Arquitectura do Porto De entre as obras de Engenharia Civil, as Lisboa, ARGUMENTUM, 2001, 25x10 cm. pontes ocupam um lugar à parte no ima- Edição trilingue Português/Inglês/Espanhol. ginário colectivo: elas vencem os abis- Mapa desdobrável contendo 136 obras (edifícios, conjuntos, sítios) e dez espaços urbanos localizados sobre a mos e o efeito da gravidade que é um dos planta geral da cidade, ou sobre enfoque do centro histórico, com uma numeração cronológica e um código mais básicos que o ser vivo reconhece e, de cor indicador da época de construção, apoiada por 50 fotografias originais. simultaneamente, são infra-estruturas Na lista das obras referem-se os autores, a data de projecto e de construção, a sua morada, transformações de grande utilidade pública ao facilita- posteriores e uso actual. rem a circulação de bens e pessoas. Preço: 5,99 euros - Código: AR.M.1 Este livro é um tributo a Edgar Cardoso, considerado o nosso "Engenheiro das Pontes" e ao seu trabalho. Preço: 28,50 euros – Código: ISTE.2

Paredes de Edifícios Antigos em Portugal Fernando F. S. Pinho Lisboa, LNEC, 2000, pp. 317. A presente publicação, dividida em quatro partes, aborda as técnicas construtivas da generalidade das pare- des de edifícios antigos de habitação em Portugal, a partir de meados do século XVIII, tendo-se, para o efei- to, procedido a pesquisa bibliográfica e à visita a diversos edifícios com a correspondente recolha de imagens. Tendo em vista o enquadramento legal do tema, referem-se alguns dos principais diplomas regulamentares O CD-ROM aplicáveis à actividade construtiva em Portugal desde o final do século XIX. O estudo é finalizado com a aná- Património Metropolitano lise de 340 processos de obras consultados em três câmaras municipais. Preço: 47,39 euros - Código: LN.E.5 Inventário Geo-referenciado do Patrimó- nio da Área Metropolitana de Lisboa pro- põe um registo do património edificado e arqueológico, para a sua divulgação junto dos municípios, das escolas, dos vi- sitantes e do cidadão em geral. Peça o seu CD-ROM Património Metropo- litano à Área Metropolitana de Lisboa, As rochas dos monumentos portugueses. Tipologias e patologias. sem qualquer custo, para: Rua Carlos Mayer, nº 2 – R/C Luís Aires-Barros 1700-102 Lisboa Lisboa, IPPAR, 2001, 2 vol., pp. 535. A obra organiza-se em dois volumes. No primeiro é feita uma abordagem dos princípios da mineralogia e da petrografia. É estudada a alteração das rochas sistematizando-se as suas patologias - de forma profusamen- te ilustrada com exemplos de monumentos portugueses. São abordadas as técnicas físico-químicas de análi- se. No segundo volume são apresentados alguns "estudos de casos" que tiveram lugar no Lampist (Laboratório de Mineralogia e Petrologia do Instituto Superior Técnico), tais como o Mosteiro dos Jerónimos, a Basílica da Estrela, a Torre de Belém, entre muitos outros. Preço: 52,37 euros - Código: IP.E.5

Historical Constructions 2001 Coordenação e Edição: Paulo B. Lourenço e Pere Roca As Pontes do Porto Guimarães, 2001, pp.1200, edição integralmente em inglês. Reúnem-se as comunicações do IIIº Seminário sobre Construções Históricas, realizado em Guimarães, em Editora Civilização com o apoio da Porto 2001 Novembro de 2001. Inclui dez comunicações de oradores convidados, com o estado de conhecimento actual, Paulo Jorge de Sousa Cruz e José Manuel e mais de 100 comunicações nacionais e internacionais sobre os temas: Aspectos Históricos e Metodologia Lopes Cordeiro são os autores do Livro Geral; Materiais de Construção; Técnicas de Inspecção e de Experimentação; Técnicas de Análise; Estruturas As Pontes do Porto. Históricas de Madeira; Comportamento e Reforço Sísmico; Técnicas de Consolidação e Reforço; Casos de O título diz tudo. Ao longo das várias pá- Estudo. A obra é dirigida a engenheiros, arquitectos e outros técnicos interessados na conservação, reabili- ginas que constituem esta publicação as tação e restauro de construções antigas, representando uma contribuição valiosa para a resolução dos desa- Pontes do Porto são analisadas por dois fios associados às intervenções no património construído. especialistas, com o Porto no coração. Preço: 70 euros - Código: PL.A.1 Preço: 44,99 euros – Código: CIV.E.1

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 45 LIVRARIA

Nº 0, Out/Nov/Dez 1998 Nº1, Jan/Fev/Mar 1999 Nº2, Abr/Mai/Jun 1999 Tema de Capa: Tema de Capa: Tema de Capa: Prática da Conservação e Centros Históricos - Reabilitação Urbana. Restauro do Património Recuperar e Revitalizar Lisboa é um laboratório. Preço: 3,74 euros Preço: 3,74 euros Preço: 3,74 euros Código: P&C.0 – esgotado Código: P&C.1 – esgotado Código: P&C.2 – esgotado

Nº3, Jul/Ago/Set 1999 Nº4, Out/Nov/Dez 1999 Nº5, Jan/Fev/Mar 2000 Tema de Capa: Tema de Capa: Tema de Capa: Património e Economia Património Qualificação Profissional e Preço: 3,74 euros Arquitectónico Industrial Património Arquitectónico Código: P&C.3 Preço: 4,48 euros Preço: 4,48 euros Código: P&C.4 Código: P&C.5 - esgotado

Nº6, Abr/Mai/Jun 2000 Nº7, Jul/Ago/Set 2000 Nº8, Out/Nov/Dez 2000 Tema de Capa: Tema de Capa: Tema de Capa: Arqueologia Urbana Património Cultural e Natural Sismos e Património Preço: 4,48 euros Preço: 4,48 euros Arquitectónico Código: P&C.6 Código: P&C.7 Preço: 4,48 euros Código: P&C.8

46 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 LIVRARIA

Nº9, Jan/Fev/Mar 2001 Nº10, Abr/Mai/Jun 2001 Nº11, Jul/Ago/Set 2001 Tema de Capa: Tema de Capa: Tema de Capa: Salvaguarda de Revestimentos Património de Betão Baixa Pombalina: Que Futuro? Arquitectónicos Preço: 4,48 euros Preço: 4,48 euros Preço: 4,48 euros Código: P&C.10 Código: P&C.11 Código: P&C.9

Nº12, Out/Nov/Dez 2001 Nº13, Jan/Fev/Mar2002 Tema de Capa: Tema de Capa: Intervenções em Museus Intervenções em Munumentos Preço: 4,48 euros de Pedra Código: P&C.12 Preço: 4,48 euros Código: P&C.13

Nota de Encomenda

Nome Endereço em Código Postal Localidade Telefone Fax Nº Contribuinte e-mail Associado do GECoRPA (10% de desconto) Actividade / Profissão Assinante da “Pedra&Cal” (10% de desconto) GECoRPA Código Título Preço Unitário Desconto (*) Quantidade Valor (**) do www.gecorpa.pt Total: euros Livraria Virtual Junto cheque nº sobre o banco no valor de ______euros, à ordem do GECoRPA

Data Assinatura (*) Os associados do GECoRPA ou assinantes da Revista têm direito a 10% de desconto sobre o valor de cada obra encomendada. Os descontos não são acumuláveis, nem aplicáveis aos números da Pedra&Cal já publicados. (**) Ao valor de cada livro deverão ser acrescentados 2,49 euros para portes de correio. Quando a encomenda ultrapasse as duas obras, os portes de correio fixam-se nos 4,99 euros. onde poderá encontrar estes e outros livros Quanto aos números da Pedra&Cal já publicados, são acrescidos de 0,90 euros por exemplar, para portes de correio. Consulte a FORMA DE PAGAMENTO: o pagamento deverá ser efectuado através de cheque à ordem de GECoRPA, enviado juntamente com a nota de encomenda para Rua Pedro Nunes , 27, 1.º Esqº. 1050-170 Lisboa.

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 47 LISTA DE SÓCIOS

Grupo I Actividade: Fiscalização de obras e projectos, ges- Responsável: Arq.º José Lamas Projecto, fiscalização e consultoria tão e coordenação de empreendimentos. Actividade: Projecto de arquitectura e engenharia e estudos de planeamento. A. da Costa Lima, Fernando Ho, MC Arquitectos, Ld.ª Francisco Lobo e Pedro Araújo Praça Príncipe Real, n.º 25 - 3º Humberto Vieira Arquitecto, Ld.ª - Arquitectos Associados, Ld.ª 1250-184 Lisboa Rua Joaquim Kopke, n.º 113, r/c Dto. R. de S. Paulo, n.º 202 – 2º Tel.: 213 219 950 4200-346 Porto 1200 – 429 Lisboa Fax: 213 467 995 TeL: 225 021 105 Tel.: 213 432 868 E-mail: [email protected] Fax: 225 089 022 Fax.: 213 259 553 Responsável: Arq.º Gastão da Cunha Ferreira E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Actividade: Projectos de arquitectura, Responsável: Arq.º Humberto Vieira Responsável: Arq.º Francisco Lobo levantamentos, estudos e diagnóstico. Actividade: Projectos e consultoria Actividade: Projectos de conservação na área da conservação e restauro e restauro do património arquitectónico, Consulmar Açores - Projectistas do património construído. projectos de reabilitação, recuperação e Consultores, Ld.ª e renovação de construções antigas, Avenida Infante D. Henrique, Bloco 1-5ºE LEB – Consultoria em Betões estudos especiais. 9500-150 Ponta Delgada e Estruturas, Ld.ª Tel.: 296 62 95 90 Rotunda das Palmeiras Desarcon, Ld.ª Fax: 296 62 96 68 Edifício Cascais Office, 1º piso, sala I R. Borda D'Água da Asseca, n.º 9 E-mail: [email protected] 2645-091 Alcabideche 8800 - 325 Tavira Responsável: Arq.º Jorge Kol de Carvalho Tel.: 210 331 125/6 Tel. : 281 322 404 Actividade: Projecto, consultoria e fiscalização. Fax: 210 331 127 Fax: 281 322 336 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Enge-Consult - Consultores Responsável: Eng.º Thomaz Ripper Responsável: Arq.º Miguel Mertens de Engenharia Civil, Ld.ª Actividade: Projecto, consultoria Actividade: Projectos de conservação Avenida de Berna, n.º 5 - 2º e fiscalização na área da reabilitação e restauro do património arquitectónico 1050-036 Lisboa do património construído. projectos de reabilitação, recuperação Tel.: 217 999 910 e renovação de construções antigas Fax: 217 999 917 João Castro – Arquitecto fornecedores de levantamentos, E-mail: [email protected] Rua Godinho de Faria, n.º 165 - 2º E/T inspecções e ensaios em P.A. e C.A.. Responsável: Dr.ª Maria Luísa Ribeiro Gomes 4465 S. Mamede de Infesta Actividade: Elaboração de projectos Tel: 229 028 255 Cariátides – Produçaõ de Projectos de estruturas e fundações, na área Fax: 229 028 255 e Eventos Culturais, Ld.ª do património construído. Responsável: Arq.º João Castro R. das Flores, n.º 69, sala 4 Actividade: Projectos de conservação 4050 - 265 Porto J.L. Câncio Martins - Projectos e reabilitação, recuperação e renovação Tel. : 223 326 105 de Estruturas, Ld.ª de construções antigas. Estudos especiais. Fax: 223 393 537 Rua General Ferreira Martins, n.º 10 - 3ºA Responsável: Drª Gabriela Casella, 1495-137 Algés Drª Maria Providência Tel.: 214 123 010 Grupo II Actividade: Produção e projectos de eventos cul- Fax: 214 123 011 Levantamentos, inspecções e ensaios turais, projectos de reabilitação, E-mail: [email protected] conservação e restauro do património Responsável: Eng.º Luís Câncio OZ – Diagnóstico, Levantamento e Controlo de arquitectónico e construções antigas. Actividade: Projectos de edifícios Qualidade de Estruturas e Fundações, Ld.ª e pontes e reabilitação estrutural. Rua Pedro Nunes, n.º 45 - 1º E ETECLDA – Escritório Técnico 1050-170 Lisboa de Engenharia Civil, Ld.ª José Lamas e Associados, Estudos Tel.: 213 563 371 Rua Júlio Dinis, n.º 911 - 6º E de Planeamento e Arquitectura, Ld.ª Fax: 213 153 550 4050-327 Porto Largo de Santos, n.º 1-1º Dto. E-mail: [email protected] Tel.: 226 007 107 1200-808 Lisboa Site: www.oz-diagnostico.pt Fax: 226 095 553 Tel: 213 968 484 Responsável: Eng.º Carlos Garrido Mesquita E-mail: [email protected] Fax: 213 974 946 Actividade: Levantamentos, inspecções Responsável: Eng.º Manuel Batista Barros E-mail: [email protected] e ensaios não destrutivos, estudo e diagnóstico.

48 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 LISTA DE SÓCIOS

ERA - Arqueologia - Conservação Tel.: 219 533 230 Tel.: 214 725 470 e Gestão do Património, S.A. Fax: 219 533 239 Fax: 214 725 471 Calçada da Picheleira, n.º 46-E E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] 1900-372 Lisboa Responsável: Sr. Álvaro Reis Pereira Responsáveis: Eng.º Amílcar Beringuilho Tel.: 218 461 175 Actividade: Conservação de rebocos e Sr. Paulo Raimundo Fax: 218 461 342 e estuques, consolidação estrutural, Actividade: Construção, Responsáveis: Dr. Pedro Simões Braga, carpintarias, reparação de coberturas. conservação reabilitação de edifícios. Dr. Miguel Lago Actividade: Conservação e restauro de estruturas L.N. Ribeiro Construções, Ld.ª Arnaldo Moisão – Dourador, arqueológicas e do património arquitectónico, Rua Paulo Renato, 3 r/c C/D Pinturas e Decorações, Ld.ª inspecções e ensaios, levantamentos. 2795-147 Linda-a-Velha Rua Borges Carneiro, n.º 42 c/v Tel.: 214 153 520 1200-016 Lisboa Fax: 214 153 528 Tel.: 219 834 893 Grupo III Responsável: Eng.º Luís Ribeiro Fax: 213 979 049 Execução dos trabalhos Actividade: Construção e reabilitação Responsável: Sr. Rui Moisão Empreiteiros e Subempreiteiros de edifícios, consolidação de fundações. Actividade: Conservação e restauro de talha dourada e pintura mural. STAP - Reparação, Consolidação e Modificação José Neto & Filhos, Ld.ª de Estruturas, S.A. Rua Industrial de Loulé – Lote 27 Poliobra – Construções Civis, Ldª. Rua Marquês de Fronteira, n.º 8 - 3º D 8100-272 Loulé Rua Afonso de Albuquerque, n.º 8 B 1070-296 Lisboa Tel.: 289 41 09 60 Serra do Casal de Cambra Tel.: 213 712 580 Fax: 289 41 0979 2605-192 Belas Fax:213 854 980 E-mail: [email protected] Tel.: 219 809 770 E-mail: [email protected] Responsável: Eng.º José Carlos Neto Fax: 219 809 779 Site: www.stap.pt Actividade: Construção de edifícios, E-mail: [email protected] Responsável: Eng.º José Paulo Costa conservação e restauro de rebocos Responsável: Eng.º Vítor António Farinha Actividade: Reabilitação de estruturas e estuques, carpintarias. Actividade: Construção e reabilitação de betão, consolidação de fundações, de edifícios, serralharias e pinturas. consolidação estrutural. Monumenta - Conservação e Restauro do Património Arquitectónico, Ld.ª Junqueira 220 - Sociedade Edicon - Construções Civis Rua Pedro Nunes, n.º 27 – 1ºD de Conservação, Restauro e Arte, Ld.ª e Obras Públicas, Ld.ª 1050-170 Lisboa Rua da Junqueira, n.º 220 Rua do Poder Local, 2 s/l Dtª Tel.: 213 593 361 1300-346 Lisboa 1675-156 Pontinha Fax: 213 153 659 Tel.: 213 639 163 Tel.: 214 782 417 E-mail: [email protected] Fax: 213 633 803 ou 213 627 840 Fax: 214 782 468 Responsável: Eng.º João Varandas Responsável: Sr. Luís Figueira Responsável: Sr. Carlos Batista Actividade: Conservação e reabilitação Actividade: Conservação Actividade: Consolidação estrutural, de edifícios, consolidação estrutural, e restauro de pinturas e talha dourada. reparações de coberturas, impermeabilizações. conservação de cantarias e alvenarias. A. Ludgero Castro, Ld.ª Quinagre, Construções, S.A. Lourenço, Simões & Reis, Ld.ª Rua Recarei, n.º 860 Rua Hermano Neves, n.º 22 - 4º A Rua Luciano Cordeiro, n.º 49 - 1º 4465-727 Leça do Balio 1600-477 Lisboa 1169-135 Lisboa Tel.: 229 511 116 Tel.: 217 567 570 Tel.: 213 542 137 Fax: 229 517 517 Fax: 217 567 579 Fax: 213 570 001 E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] Responsável: Dr. Paulo Ludgero Castro Responsável: Eng.º Joaquim Quintas Responsável: Eng. Carlos Manuel Granate Actividade: Consolidação estrutural, Actividade: Construção de edifícios, Actividade: Consolidação estrutural. construção e reabilitação de edifícios, reabilitação, consolidação estrutural. conservação e restauro de pintura mural. Brera - Sociedade de Construções CVF - Construtora de Vila Franca, Ld.ª e Representações, Ld.ª Listorres - Sociedade Estrada Nacional n.º 10, k/ 137,52 Rua Miguel Torga, 2C – escritório 4.6 – Alfragide de Construção Civil e Comércio, Ld.ª 2695 STª. Iria de Azóia 2720-292 Amadora Rua Brigadeiro Lino Dias Valente, n.º 8

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 49 LISTA DE SÓCIOS

2330-103 Entroncamento Pintanova – Pinturas na Contrução Civil, Ld.ª Ensul – Empreendimentos Norte Sul, SA Tel.: 249 72 00 30 Rua Amílcar Cabral, n.º 21 B Rua do Facho, n.º 26 Fax: 249 72 00 39 1750-018 Lisboa 2829-509 Monte da Caparica E-mail: [email protected] Tel.: 217 572 856 Tel.: 212 558 900 Responsável: Prof. Vasco Duarte Fax: 217 577 4 72 Fax: 212 558 976 Actividade: Construção E-mail: [email protected] E-mail: [email protected] e reabilitação de edifícios. Responsável: Sr. Vasco Paulino Responsável: Eng.º Pedro Araújo Actividade: Conservação e restauro Actividade: Construção de edifícios, Certar - Sociedade de Construções, S.A. de rebocos, estuques e cantarias, pinturas. conservação e reabilitação Rua Filipe Folque, n.º 7-1ºD de construções antigas, carpintarias. 1050-110 Lisboa Rodrigues, Cardoso & Sousa, SA. Tel.: 213 522 849 Portela do Gove - Gove DST – Domingos da Silva Teixeira, SA Fax: 213 523 177 4640 Baião Lugar de Pitancinhos Palmeira E-mail: [email protected] Tel.: 255 55 13 15 4703-767 Braga Responsável: Eng.º Fernando Llach Correia Fax: 255 55 17 23 Tel.: 253 307 200/1 Actividade: Conservação e reabilitação de edifícios. E-mail: [email protected] Telemóvel: 965 989 300 Responsável: Sr. Joaquim da Silva Sousa Fax: 253 307 210 MIU – Gabinete Técnico de Engenharia, Ld.ª Actividade: Construção, conservação E-mail: [email protected] Rua do Vale de Santo António, n.º 46 - 2º Dto e reabilitação de edifícios. Responsável: Eng.ºJosé Teixeira 1170-381 Lisboa Actividade: Construção e conservação Tel.: 218 161 620 Somafre - Construções, Ld.ª de edifícios, infraestruturas, arranjos exteriores. Fax: 218 161 629 Rua Manuel Rodrigues da Silva, n.º 7C-esc.6 E-mail: [email protected] 1600-503 Lisboa COPC - Construção Civil, Ld.ª Responsável: Eng.º Artur Correia da Silva Tel.: 217 112 370 Rua Cidade de Bafatá, n.º 18 Actividade: Construção, conservação Fax: 217 112 389 1800-060 Lisboa e reabilitação de edifícios, conservação E-mail: [email protected] Tel.: 218 537 122 de rebocos e estuques, pinturas. Responsável: Eng.º Carlos Freire Fax: 218 537 162 Actividade: Construção, conservação E-mail: [email protected] Ocre – Sociedade Comercial de e reabilitação de edifícios, Responsável: Eng.º Carlos Oliveira Arte e Restauro, Ld.ª serralharias, carpintarias, pinturas. Actividade: Construção de edifícios, Travessa da Pereira, n.º 16 A, letra F-C conservação e reabilitação de construções 1170-313 Lisboa Cruzeta – Escultura e Cantarias, Restauro, Ld.ª antigas, recuperação e consolidação estrutural. Tel.: 218 881 108 Rua da República da Bolívia, n.º 97 - 4º Dto Fax: 218 881 087 1500-545 Lisboa AMADOR, Ld.ª E-mail: [email protected] Tel.: 217 150 370 Avenida das Escolas, n.º 29 Responsável: Dr.ª Nazaré Tojal Fax: 219 824 188 2520-204 Peniche Actividade: Conservação e restauro E-mail: [email protected] Tel.: 262 78 29 64 de pintura de cavalete, pintura mural, Responsável: Sr. Eduardo Roberto Morezo Fax: 262 78 18 73 talha dourada e escultura policromada, Telemóvel: 967 094 130 E-mail: [email protected] levantamentos e diagnóstico. Actividade: Conservação e reabilitação Site: www.amadorlda.pt de construções antigas, limpeza Responsável: Eng.ª Catarina Amador Rêgo Augusto de Oliveira Ferreira & Cª., Ld.ª e restauro de cantarias, alvenarias e estruturas. Actividade: Conservação , restauro e reabilitação Largo João Penha, n.º 356 - 1º D do património construído e instalações especiais. 4710-245 Braga Gilberto Ferreira "Arte Sacra" Tel.: 253 26 36 14 Rua do Amorim, n.º 47 Sociedade de Construções José Moreira, Ld.ª Fax: 253 61 86 16 9500-020 Ponta Delgada Avenida Manuel Alpedrinha, nº 15 E-mail: [email protected] Tel.: 296 65 29 49 Reboleira Responsável: Dr.ª Maria José Carrilho Fax: 296 65 42 04 2720-352 Amadora Actividade: Conservação reabilitação E-mail: [email protected] Tel: 214 998 650 de edifícios, cantarias e alvenarias. Responsável: Sr. Gilberto Ferreira Fax: 214 959 780 Pinturas, carpintarias. Actividade: Conservação e restauro E-mail: [email protected] de talha dourada, pintura mural, Responsável: Eng.º José Moreira dos Santos rebocos e estuques. Actividade: Execução de trabalhos

50 Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 LISTA DE SÓCIOS

especializados na área do património GECOLIX – Gabinete de Estudos Tecnocrete – Materiais e Tecnologias de construído e instalações especiais. e Construções, Lda. Reabilitação Estrutural, Ld.ª Estrada Nacional, n.º 13 Rua 25 de Abril, n.º 4 – 2º Azularte, Ld.ª Casal Prioste 2795-580 Carnaxide Rua José Santos Pereira, n.º 12 A 2070 – 624 Cartaxo Tel.: 214 246 160 1500-380 Lisboa Tel.: 243 770 045 Fax: 214 161 198 Tel.: 217 741 016 Fax: 243 770 098 Responsável: Eng.º Brazão Farinha Fax: 217 789 973 E-mail: [email protected] Actividade: Produção e comercialização Responsável: Sr. José Lúcio Antunes Responsável : Carlos Abel Silva Damas de materiais para construção. Actividade: Conservação e restauro de azulejos. Actividade: Conservação e restauro do património arquitectónico, reabilitação, Alvenobra – Sociedade de Construções, Ld.ª recuperação e renovação de construções Rua Professor Orlando Ribeiro, n.º 3 - loja A antigas, instalações especiais em património 1600 - 796 Lisboa arquitectónico e construções antigas. Tel: 217 584 734 Fax: 217 584 738 Coala – Comércio de Produtos de Isolamento E-mail: [email protected] e Revestimento para a Construção Civil, S.A. Responsável: Eng.º Jorge Rodrigues Teixeira Rua Padre Joaquim das Neves, n.º 1221 Actividade: Reabilitação, recuperação 4435 – 374 Rio Tinto e renovação de construções antigas. Tel.: 224 809 867 Fax: 224 809 869 ENGIBUILT – Construções, Ld.ª E-mail: [email protected] Rua Diamantino Freitas Brás, n.º 24 r/c Dto. Responsável : Eng.º Nuno Guimarães 2615 - 070 Alverca do Ribatejo Actividade: Reabilitação de edifícios, Tel.: 219 582 582 impermeabilizações, isolamentos e restauros. Fax: 219 577 627 E-mail: [email protected] Responsáveis: Eng.º José A. Martins Grupo IV e Eng. Mário Cunha Fabrico e/ou distribuição de Actividade: Reabilitação, recuperação produtos e materiais e renovação de construções antigas. BLEU LINE – Conservação GALERIA N.E.T., Ld.ª e Restauro de Obras de Arte, Ld.ª Rua Cândido de Oliveira, n.º 13 -A, Brandoa Rua do Alecrim, n.º 111 - 1º Esq 2700 Amadora 1200-016 Lisboa Tel: 214 760 267 Tel.: 213 224 461 Fax: 214 760 267 Fax: 213 224 469 Responsável: Sr. Eduardo da Silva Ramos E-mail: [email protected] Actividade: Conservação e restauro de dourados Responsável: Dr. José Luís Marques Pereira em obras de arte, mobiliário antigo, molduras, etc. Actividade: Materiais para intervenções de conservação e restauro em construções MELIOBRA – Construção Civil antigas, conservação de cantarias. e Obras Públicas, Ld.ª Rua das Fontainhas, n.º 33-C Optiroc Portugal, Cimentos e Argamassas, Ld.ª 2700-391 Amadora Zona Industrial de Ourém Tel.: 214 759 000 2435-661 Seiça Fax: 214 753 010 Tel: 249 540 190 E-mail: [email protected] Fax: 249 540 199 Responsável: Sr. José Pedro Pires Coelho E-mail: [email protected] Actividade: Construção, Responsável: Eng.º Rui Vieira Para mais informações acerca dos associados conservação e reabilitação de edifícios. Actividade: Produção e comercialização GECoRPA, e as suas actividades, visite a rubrica de argamassas de colagem e revestimento. "associados" no nosso site em www.gecorpa.pt

Pedra & Cal n.º 14 Abril . Maio . Junho 2002 51 PERSPECTIVA

A tutela do património construído DGEMN / IPPAR – Ambos necessários. Ambos insubstituíveis

A questão das competências da DGEMN falsa questão". Foi esta a opinião que ma- zação de meios, faz-me duvidar das solu- e do IPPAR nas intervenções do patrimó- nifestei há anos num artigo no Público, e ções que são propostas. Foi no já remoto nio construído tem conhecido de tempos que continuo a sustentar. consulado marcelista, abrangendo a ha- a tempos alguma turbulência pública, a Efectivamente, as concepções antagóni- bitação social. Nessa ocasião foram dis- propósito de acções ou intervenções pon- cas e extremadas que têm sido discutidas solvidas várias instituições que opera- do em causa a actual situação. Uma delas relevam de um esquematismo organiza- vam no sector e que dispunham de uma foi quando do debate sobre o projecto da tivo geométrico e abstracto, que não tem cultura específica de intervenção, concen- Lei de Bases do Património, há alguns em conta as realidades humanas e uma trando a actividade num único organis- anos atrás, apresentado pelo então recen- prática cultural sedimentada – quando mo: o Fundo de Fomento da Habitação. E te governo do PS. Outra foi durante a últi- são estas que devem prevalecer quando com resultados nefastos. ma campanha eleitoral, a propósito do se trata de abordar problemas complexos A solução necessária terá pois que ser ou- programa do PSD para a área da cultura, e sensíveis onde a experiência crítica do tra, mantendo os dois serviços, para que no qual se propunha a atribuição ao IP- saber fazer, a existência de uma cultura as respectivas potencialidades sejam op- PAR de poderes reforçados nos planos própria e o espírito de equipa são condi- timizadas, no respeito pela experiência e normativo, programático e fiscalizador, ções para se atingirem bons resultados, pela cultura de cada qual. reservando em exclusivo para a DGEMN atestados aliás pela obra feita por cada um Ao deixar cair a controversa proposta as obras de preservação e conservação do dos organismos em causa. eleitoral do PSD, o programa de governo, património arquitectónico. Nesta última O esvaziamento de competências de in- agora apresentado pelo ministro Pedro ocasião circulou um manifesto questio- tervenção do IPPAR proposto no progra- Roseta, parece estar no bom caminho, evi- nando esta opção e propondo uma solu- ma do PSD tornaria o Instituto numa su- tando rupturas que poderiam revelar-se ção inversa – a concentração de todas as perestrutura teórica e burocrática desastrosas. E para ultrapassar a actual intervenções no Ministério da Cultura desprovida do alicerce fundamental du- situação de costas voltadas seria útil clari- (leia-se IPPAR). Artigos saídos na im- ma prática no terreno. Ao mesmo tempo, ficar algumas competências e sobretudo prensa apareceram a sustentar estas e ou- a exclusividade das intervenções no patri- coordenar as actividades, o que poderia tras opiniões. mónio a atribuir à DGEMN agigantaria es- ser concretizado através de programas O argumento das posições antagónicas te serviço, tornando-o presa fácil de con- plurianuais de intervenção, a cargo de ca- defendidas é o mesmo: acabar com a so- ceitos tecnocráticos e de soluções da um dos organismos. breposição de competências e a duplica- estereotipadas, tão contrários uns e outras Todos ficarão a ganhar, e em particular o ção de meios humanos e organizacionais, ao vasto e multiforme universo do patri- património construído, através duma evitando gastos desnecessários – ainda mónio arquitectónico. E a solução inversa, emulação saudável em que a DGEMN e o por cima sob a tutela de ministérios dife- de transferir para o IPPAR as actuais com- IPPAR poderão continuar a dar o melhor rentes, "só articuláveis a nível de Conse- petências da DGEMN em matéria de mo- de si próprios, como tem comprovada- lho de Ministros", como salienta António numentos, produziria resultados de sinal mente acontecido até agora. Lamas, ex-presidente do IPPC. Ora, como contrário, mas em tudo idênticos. defende Walter Rossa "a já velha e penosa Uma experiência anterior, que acompa- NUNO TEOTÓNIO PEREIRA questão do IPPAR versus DGEMN, ou nhei de perto, invocando também a con- – Arquitecto Cultura contra Obras Públicas… é uma centração de competências e a racionali-

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