Edgar Cardoso

Edgar Cardoso 1913‐2000 Engenheiro e professor universitário

Edgar António de Mesquita Cardoso nasceu no , em 11 de Maio de 1913, no primeiro andar do nº 245 da Rua Pinto Bessa, na freguesia do Bonfim. Era filho de Francisco Vítor Cardoso, Oficial de Infantaria com o Curso do Estado‐maior e Engenheiro Civil de Minas, e de Amélia Teixeira de Mesquita Cardoso, proprietária em Belém, no Pará, Brasil. Casou em 1941 (7 de Junho) com Margarida Congeol, de quem não teve filhos. Edgar Cardoso passou os primeiros anos da sua infância no Porto, mas ainda muito novo foi viver com a família para a Beira Alta, em resultado da transferência do pai, que era Alferes de Infantaria. Daí seguiriam depois para Lisboa, onde Edgar frequentou a escola primária. Quando tinha cerca de 11 anos de idade, a família voltou ao Porto. Passado pouco tempo, o seu pai, Capitão prestes a ser promovido a Major, passou à Reserva para se tornar director de Estradas da JAE, no distrito de Bragança e, depois, no de Vila Real. Nessa época, os sete filhos do casal viviam só com a mãe durante a semana e as férias grandes eram passadas na Quinta de Resende, de que Edgar tanto gostava. Em 1924, matriculou‐se na 1ª classe do ensino secundário, no Liceu Alexandre Herculano, no Porto. Terminou o curso em Junho de 1931 (na 7ª classe de Ciências), com quinze valores. Matriculou‐se, seguidamente, na Faculdade de Ciências nos preparatórios de Engenharia e, depois destes estarem concluídos, nos Cursos de Engenharia Electrotécnica e Civil, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. No último ano de licenciatura, foi obrigado a optar por um dos cursos, escolhendo, por influência paterna, o de Engenharia Civil, que concluiu em Julho de 1937, com a média de dezassete valores. Terminada a licenciatura, estagiou na Divisão de Pontes da JAE, em Lisboa, entre os meses de Agosto e Setembro. Com o relatório de estágio, louvado pelo Engenheiro Militar Silveira e Castro, presidente da JAE e da Comissão Administrativa da Urbanização Costa do Sol, foi aprovado na FEUP com dezanove valores e convidado, pelo mesmo Silveira e Castro, a trabalhar naquela Comissão; competia‐lhe o cálculo da passagem de betão armado sobre a auto‐estrada Lisboa‐Estádio Nacional, na Cruz das Oliveiras. Em Janeiro de 1938 ingressou na JAE como Engenheiro Civil de 3ª classe, trabalhando na Direcção de Pontes. Durante cerca de três anos manteve a colaboração com a Comissão, em horário pós‐laboral. Na JAE, foi nomeado Engenheiro de 2ª classe, em 1944, e de 1ª, em 1951. Nesta fase da sua vida estudou, projectou e construiu essencialmente pontes, mas também se dedicou a trabalhos de investigação, sendo o introdutor em da investigação experimental em Engenharia Civil, na área de Estruturas, tendo recebido uma bolsa de estudo do Instituto para a Alta Cultura. Em 1947 (Agosto) foi nomeado Presidente da Comissão de Estudo da Reorganização da Cerâmica de Construção, do Ministério da Economia, e participou em trabalhos do Conselho Superior de Obras Públicas. Foi igualmente vogal da Comissão de Revisão e Instituição de Regulamentos Técnicos, entre 1951 e 1983, e vogal agregado desse Conselho, entre 1956 e 1965, e 1969 e 1983. Como reconhecimento da contribuição que lhe fora prestada desde 1951, o Conselho propôs em 1987 que lhe fosse atribuído um Louvor, concedido pelo Ministro das Obras Públicas, Eng.º João de Oliveira Martins. Paralelamente à carreira no sector público, também trabalhou no privado. Em 1944 instalou o seu escritório (Laboratório de Ensaio e Estudo de Estruturas e Fundações Eng. Edgar Cardoso), no primeiro andar direito, do nº 172, da Avenida Elias Garcia (morava no terceiro andar direito do mesmo prédio), transferido em 1958 para a Rua Andrade Corvo (7º andar do nº 29) e que em 1992 se transformou numa sociedade. Desenvolveu igualmente uma brilhante carreira académica e científica. Aos 35 anos, o seu currículo era já invejável, se atentarmos na dissertação e memória apresentada no concurso de catedrático no Instituto Superior Técnico, por solicitação do Conselho Escolar, no qual constam, entre outras actividades, o projecto e acompanhamento de execução de trinta e cinco pontes, oito reparações de pontes, as estruturas das novas faculdades de Letras e de Medicina, em , e do Cine‐Teatro Império, em Lisboa. Em 22 de Dezembro de 1951 tomou posse do referido lugar de Professor Catedrático de Pontes do Instituto Superior Técnico, por dois anos, passando a nomeação definitiva logo em 1953. Em 18 de Novembro de 1960 foi admitido como sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, ocupando a cadeira deixada vaga pelo Professor Reynaldo dos Santos. Em 12 de Dezembro de 1968 tornava‐se sócio efectivo. Nesta Academia apresentou comunicações sobre temas da sua especialidade, bem como sobre fotografia e cinema de panorâmicas totais. O marcante, mas ao mesmo tempo implacável professor, foi obrigado a interromper a actividade docente entre 1974 (final de Outubro) e 1979, por ser acusado de defender o regime fascista. Readmitido depois de 1979, leccionou até se aposentar em 1983, as cadeiras semestrais de Pontes e de Estruturas Especiais que, a partir da reforma dos planos de estudo em 1970, substituíram a cadeira anual de Pontes e, ainda, a de Dimensionamento de Estruturas, também semestral. Na altura da reintegração no Técnico foi ressarcido das remunerações devidas, no valor de um milhão de escudos, dinheiro que doou ao Estado, destinando‐o a actividades de interesse nacional. O Governo usaria este dinheiro para instituir a Fundação Edgar Cardoso, com o intuito de conceder bolsas de estudo a alunos e doutorandos do IST, na área de Pontes e Estruturas Especiais, e atribuir prémios a trabalhos de investigação ou projectos de engenharia nesse domínio. Depois do reingresso no IST, a sua actividade privada como Engenheiro alargou‐se consideravelmente, tanto no país como no estrangeiro. Em 1990, o seu currículo referia cerca de 500 estudos e projectos de pontes e o estudo e projecto de estruturas especiais, como edifícios, pontes‐cais, aeroportos sobre o mar, e de consolidação de muros de suporte de taludes. Desde o início da sua carreira publicou artigos em revistas como a Técnica do IST, a Revista da Faculdade de Engenharia e o Boletim da Ordem dos Engenheiros e nas Memórias e Boletins da Academia das Ciências de Lisboa. Das suas intervenções no estrangeiro destacam‐se, além das obras projectadas, a participação no júri de apreciação dos trabalhos das pontes e viadutos das Autopistas de Barcelona, em 1969, e o convite do Governo Italiano para participar na discussão sobre o atravessamento rodo e ferroviário do estreito de Messina, em 1974. Da obra projectada devem salientar‐se as suas distintas e poéticas pontes. Verdadeiras esculturas, como lhes chamaram. Inovadoras, imponentes, leves e esteticamente modernas. Tão surpreendentes como desrespeitadoras de prazos e orçamentos. Fruto da sua impressionante capacidade inventiva e habilidade manual, nasciam a partir de modelos ou maquetas, em diversos materiais e estruturalmente estudadas com aparelhos da sua autoria. Nas memórias do engenheiro foram sempre evocadas a Ponte de Mosteirô, no Douro Médio, uma das primeiras que realizou, a da Arrábida, na Foz do Douro, que não caiu, como esperavam muitos dos especialistas que acorreram ao Porto no dia da sua inauguração (22 de Junho de 1963) ou a Ponte de S. João, a sua última ponte, inaugurada no dia de S. João de 1991.

Publicações ‐ Livros, Revistas e Actas

 CARDOSO, Edgar – Vigas hiperstáticas de momento de inércia variável, in "Técnica", nº102. Lisboa: IST, 1939, p.319‐335.

 CARDOSO, Edgar – Cálculo dos sistemas hiperstáticos com auxílio de modelos reduzidos, in "Técnica", nº106. Lisboa: IST, 1939, p. 474‐481.

 CARDOSO, Edgar – Um método para o estudo experimental dos sistemas hiperstáticos, in "Revista da Faculdade de Engenharia", Vol. IV, nº4. Porto: FEUP, 1940, p.137‐163.

 CARDOSO, Edgar – A influência da colocação inclinada dos aparelhos de apoio. Contribuição para o estudo de pintes, in "Boletim da Ordem dos Engenheiros", nº53. Lisboa: O.E., 1941, p.151‐162.

 CARDOSO, Edgar – A investigação experimental científica no estudo de estruturas hiperstáticas. Alguns ensaios com modelos reduzidos confirmativos das possibilidades da sua prática em Portugal, in "Boletim da Ordem dos Engenheiros", nº67 e nº68 Lisboa: O.E., 1942, p.250‐256 e p.289‐308.

 CARDOSO, Edgar – Estudo experimental de tabuleiros de pontes com apoios inclinados, in "Técnica", nº135 e nº136. Lisboa: IST, 1943, p.160‐175 e p.203‐225.

 CARDOSO, Edgar – O tabuleiro das pontes tipo “Bw String” de betão armado, in "Técnica", nº139. Lisboa: IST, 1943, p.393‐414.

 CARDOSO, Edgar – A aparelhagem utilizada num método de determinação mecânica das incógnitas hiperstáticas em estruturas reticuladas, in "Técnica", nº148. Lisboa: IST, 1944, p.929‐940.

 CARDOSO, Edgar – Uma aplicação dum tipo especial de pórtico simples. Contribuição para o estudo de pontes, in "Técnica", nº159. Lisboa: IST, p.595‐609.

 CARDOSO, Edgar – Um aparelho que determina duma só vez o momento flector e o esforço transverso em qualquer secção dum modelo reduzido plano ou espaço para todas as espécies de solicitações, in "Técnica", nº176. Lisboa: IST, 1947, p.511‐521.

 CARDOSO, Edgar – Alguns Métodos de Cálculo Experimental e sua Aplicação ao Estudo de Pontes. Dissertação para o concurso ao lugar de professor catedrático da cadeira de Pontes do Instituto Superior Técnico, 1950.  CARDOSO, Edgar – Concepção e economia das pontes de grande vão., in "Actas das 1as Jornadas Luso‐Brasieiras de Engenharia Civil", Vol.I, p.89‐131, "Discussão", p.513‐533. LNEC, 1960/1965.

 CARDOSO, Edgar – Cálculo Experimental de Estruturas com Base na Análise de Modelos Reduzidos – Um Auto‐influenciógrafo Mecânico‐electrónico e Outra Aparelhagem Complementar. Edição do Autor, 1968.

 CARDOSO, Edgar A. M. FRANCO e ABREU, António – A nova ponte de Santa Clara sobre o rio Mondego, em Coimbra, in "Boletim da Ordem dos Engenheiros", nº21, Vol. III, 1954.

 CARDOSO, Edgar; LIMA, Carlos M. Silva – Concepção e dimensionamento dos novos cais de Nacala. Obras de 2ª fase, in "Actas das 3as Jornadas Luso‐Brasileiras de Engenharia Civil", 1971.

Publicações ‐ Memórias e Boletins da Academia das Ciências de Lisboa

 CARDOSO, Edgar – Nota preliminar acerca da utilização do betão armado pré‐esforçado, in "Memórias da Academia das Ciências de Lisboa", Classe de Ciências. Comunicação de 16 de Março de 1961, tomo VIII, p.341‐349, 1964.  CARDOSO, Edgar – Nota preliminar da utilização do betão armado pré‐esforçado (resumo), in "Boletim da Academia de Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.33, p.51‐53, 1961.  CARDOSO, Edgar – Elogio histórico de Reynaldo Santos., in "Memórias da Academia das Ciências de Lisboa", Classe de Ciências, tomo XV, p.123‐136, 1971.  CARDOSO, Edgar – Resposta ao elogio histórico do Professor António de Carvalho Fernandes, por Maximino J. M. Correia., in "Memórias da Academia das Ciências de Lisboa", Classe de Ciências, tomo XV,p.199‐204, 1971.  CARDOSO, Edgar – Palavras de agradecimento pela sua eleição para sócio correspondente, in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. XXXII, p.290, 1960.  CARDOSO, Edgar – Pontes suspensas pré‐esforçadas com cabos funiculares ou de tirantes, sem vigas de rigidez, in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.XXXIV, p.61‐63, 1962.  CARDOSO, Edgar – Alguns casos especiais de estruturas em arco do tabuleiro superior (resumo), in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. XXXV, p.154‐155, 1963.  CARDOSO, Edgar – Traçado automático e semi‐automático de linhas de influência de estruturas especiais da Engenharia Civil (resumo), in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. XXXVI, p.381‐383, 1964.  CARDOSO, Edgar – Aplicações práticas em Portugal da teoria do pré‐esforço das estruturas mistas” (resumo), in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. XXXVIII, p.16‐17, 1966.  CARDOSO, Edgar ‐ Concepção e cálculo de um tipo especial de ponte‐cais (resumo), in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. XXXXIX, p.118‐120, 1967.  CARDOSO, Edgar – Palavras de agradecimento pela sua eleição para sócio efectivo., in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.41, p.12‐13, 1969.  CARDOSO, Edgar – Fotografia e cinema de panorâmicas totais ou parciais, contínuas, sem distorção. (resumo), in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol. 45, p.141‐143, 1972.  CARDOSO, Edgar (em co‐autoria, relator) – Proposta acerca da candidatura do Professor Pedro de Varennes Monteiro de Mendonça a sócio correspondente, in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.41, p.106‐108, 1969.  CARDOSO, Edgar (em co‐autoria, relator) – Proposta acerca da candidatura do Professor António Alves de Carvalho Fernandes a sócio efectivo, in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.41, p.199‐205,1969.  CARDOSO, Edgar (em co‐autoria, relator) – Proposta acerca da candidatura do Brigadeiro Fernando Alberto de Oliveira a sócio correspondente., in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.42, p.35‐37,1970.  CARDOSO, Edgar (em co‐autoria) – Proposta acerca da candidatura do Professor Orlando Ribeiro a sócio correspondente., in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.48, p.97‐ 101,1976.  CARDOSO, Edgar (em co‐autoria) – Proposta da candidatura do Professor João José Rodiles Fraústo da Silva a sócio correspondente., in "Boletim da Academia das Ciências de Lisboa", Nova Série, Vol.43, p.67‐68,1971.

Distinções

 Grande Oficial da Ordem de Santiago da Espada, pelo projecto e orientação da construção da ponte da Arrábida;  Oficial da Ordem de Cristo, pelo projecto e direcção da construção de obras de arte na auto‐estrada Lisboa‐Estádio Nacional;  Professor "honoris causa" da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por proposta conjunta das Faculdades de Engenharia e de Arquitectura;  Investigador honorário do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em 1972;  Prémio de Investigação Manuel Rocha, em 1982;  Prémio Aboim Sande Lemos. Identidade Portuguesa, "ex‐aqueo", em 1989;  Louvores dos Governo de e de Ministros do Governo Português;  Recebeu medalhas de ouro atribuídas pela população de Moçambique e pelas cidades do Porto e da .

Projectos

Portugal Ponte da Arrábida, sobre o rio Douro, com um arco de betão armado de 270m de corda, formando com os viadutos um monólito sem juntas, de mais de 500m de extensão (recorde mundial)

Ponte da Foz do Sousa, arco muito abatido, de betão armado de corda 115m, secção I, na sua época o maior do país nesse material

Ponte de S. Fins, arco de 70m de corda e flecha 5m (abatimento dos maiores do mundo, 1/14)

Ponte de Barca d’Alva

Ponte de Abragão sobre o rio Tâmega

Pontes do Cávado e Caldo Anteprojecto de um arco de alvenaria de 270m e corda, para uma ponte sobre o rio Douro, no Porto

Ponte da Santa Clara sobre o rio Mondego, em Coimbra; Ponte da Barra em Aveiro, Ponte de Avis e Seda; Pontes rodoviárias da zona da Aguieira; Pontes de Mértola e de Serpa, etc.

Pontes e viadutos das auto‐estradas do Estádio Nacional, de Vila Franca de Xira, da Baixa do Mondego, de Águeda‐Albergaria e de Cascais

Vários projectos da ponte internacional de Vila Real de Santo António‐Ayamonte

Ponte rodoviária de Mosteirô, sobre o rio Douro, em estrutura contínua de betão armado pré‐esforçado, de rótula aberta, losangular, com um vão central de 110m (recorde nacional)

Viaduto ferroviário de via dupla sobre as Avenidas da República e de 5 de Outubro, em Lisboa

Beneficiação das pontes de Santarém e de Abrantes

Beneficiação de ponte metálica de Penacova

Beneficiação e reforço das importantes pontes metálicas de Luís I no Porto, e de Valença

Estudos originais para a travessia do rio Tejo, em Lisboa

Pontes ferroviárias sobre o rio Sado e a ribeira de Marateca

Várias pontes rodoviárias contínuas sobre a albufeira da Aguieira

Ponte da Figueira da Foz sobre o rio Mondego

Projecto de reforço de cerca de 70 pontes, dos muros de suporte e dos taludes de escavação e aterro e dos túneis das vias‐férreas das linhas da Beira Baixa e do Douro

Projecto de ampliação do Aeroporto do Funchal

Nova ponte ferroviária sobre o Douro

Acesso à ponte anterior

Projecto base de uma nova ponte rodoviária sobre o rio Douro, na Ermida, (Março 1987)

Angola Ponte rodoviária sobre o rio Quanza

Ponte sobre os rios Cunene, Dande, Longa e Queve e outras sobre o rio Quanza e a lagoa do Panguila Pontes do Caminho‐de‐ferro de Moçâmedes

Brasil Projecto de reforço e substituição de várias pontes ferroviárias da RFFSA

Costa Rica Ponte rodoviária metálica sobre o rio Cachi

Guiné Pontes sobre os rios Corubal e Cacheu, em Farim

Concepção da ponte de Mansôa

Índia Pré‐estudos das pontes do Zuari e Mandovi

Ponte do Sanguém e reforço das pontes do caminho‐de‐ferro de Mormugão

Macau Ponte Macau‐Taipa

Análise estrutural da ponte Macau‐Taipa (depois de posta em serviço em 1974)

Estudos do Aeroporto Internacional – Solução em estrutura (1987‐1988)

Moçambique Ponte do rio Limpopo, no Xai‐Xai

Ponte do rio Pungué

Ponte de ligação da ilha de Moçambique ao continente

Pontes dos rios Save e Zambeze

Grande beneficiação da ponte ferroviária de Boane sobre o rio Umbelúzi

Grande beneficiação da ponte rodoviária de Tete, sobre o rio Zambeze

Nigéria Anteprojecto de uma ponte ferroviária sobre o rio Benué

Timor Estudos de pontes e pareceres sobre pontes existentes e a construir

Venezuela Estudos experimentais, entre os quais de destaca a execução e o ensaio de um modelo reduzido tridimensional de um edifício em torre, de cerca de 60 andares, com a secção de 40m x 40m e com mais de 200m de altura, na cidade de Caracas

Outras Grandes estruturas: os edifícios das Faculdades de Letras, de Medicina e de Matemática da Estruturas Universidade de Coimbra, as de suporte da Alameda Eduardo VII sobre a Estufa‐Fria e da Especiais encosta da Gibalta, as do Cine‐Teatro Império e dos Edifícios Avis, Sheraton (em colaboração) e Presidente, do Monumento aos Descobrimentos, em Lisboa, etc.

Ponte‐cais de Moçâmedes, e as pontes‐cais do Porto de Nacala‐Moçambique

Relator do empreendimento hidroeléctrico do Quanza, Angola

Justificação

Edgar Cardoso é considerado por muitos o maior engenheiro português do século XX. As suas mais de 500 obras são reconhecidas pela precisão e rigor com que foram projectadas e pela beleza crua com que se impõem na paisagem. Conhecido como o engenheiro das pontes, esteve envolvido na construção de pontes em Portugal, Angola, Brasil, Macau, China, Moçambique, Timor, Guiné, Venezuela e índia, devendo-se a Edgar Cardoso as mais emblemáticas pontes do Porto, a sua cidade natal, e nas ex-colónias, obras primas como a ponte Macau-Taipa, a Ponte Ferroviária de Boane sobre o rio Umbelúzi e a Ponte Zambeze em Moçambique ou a Ponte Cuanza, em Angola. Os seus projectos, testemunho de talento e arrojo e de formidáveis capacidades inventiva e intuitiva, tornaram-no um dos maiores divulgadores do betão armado e pré-esforçado no mundo.

Resumo biográfico

Edgar António de Mesquita Cardoso, 11 de Maio de 1913 - 5 de Julho de 2000, formou-se em engenharia civil na FEUP . Em Janeiro de 1938 ingressou na Junta Autónoma de Estradas onde permaneceu até 1951, ano em que foi nomeado Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico após defender a tese “Alguns Métodos de Cálculo Experimental. Sua Aplicação ao Estudo de Pontes”.

Com uma capacidade inovadora invejável, o “engenheiro das pontes", tentou soluções novas para os seus projectos: “Eu não faço uma ponte igual à outra", dizia, “porque cada obra é um momento de inovação e de busca de novas soluções mais racionais e económicas". As pontes da Arrábida e de S. João, obras icónicas da cidade do Porto são testemunhos desta recusa de soluções fáceis e testadas. A Ponte da Arrábida, projectada em 1958, e construída entre 1957 e 1963 contrariou o que se considerava possível na época. Ligando as duas margens do rio Douro, foi executada com um tabuleiro a 70 metros do nível das águas, com 500 metros de extensão suportado por dois arcos gémeos ocos em betão armado com 8m de largura cada, com uma flecha de 52m. Ninguém acreditava que fosse possível fechar o maior arco de betão armado do mundo, com um vão de 270 metros. No dia da inauguração, reuniram-se nas margens do Douro numerosos curiosos e jornalistas de todo o mundo para assistir à queda certa do maior arco em betão armado do mundo. Mas a ponte não caiu e continua uma das obras mais eloquentes da urbanidade portuense.

O último projecto de Edgar Cardoso, a Ponte de S. João, projectada em 1983 e inaugurada em 1991, é, no extremo oposto da cidade do Porto, uma das mais belas pontes ferroviárias construídas do mundo e uma notável obra de engenharia que, com o seu vão central de 250 metros, mantem ainda hoje o recorde mundial em pontes deste tipo.

Edgar Cardoso projectou ainda o prolongamento do Aeroporto da , os suportes da alameda do Parque Eduardo VII sobre a Estufa Fria, o viaduto de Entrecampos, o Cine-Teatro Império, os hotéis Aviz e Sheraton, em Lisboa, os edifícios das faculdades de Letras, Medicina e Matemática da Universidade de Coimbra.

A 5 de Agosto de 1944 foi feito Oficial da Ordem Militar de Cristo e a 12 de Junho de 1963 Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, tendo sido elevado a Grã-Cruz da mesma Ordem a título póstumo a 4 de Outubro de 2004.

Mais informação bibliográfica pode ser encontrada em https://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_Cardoso

Edgar Cardoso, o engenheiro das pontes