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Naturalmente que a presença do ex-Chefe do Governo no quartel encorajou a atitude do respectivo comandante. As forças do Movimento ocupavam Buraco no Ministério da Marinha, por posições estratégicas em edofícoos. onde fugiram alguns membros do estabelecimentos, sob ve lculos militares e governo derrubado em portais de todas as ruas que dão acesso A chegada do general Splnola ao Largo do Carmo àquele largo, nomeadamente a Rua da Outros dirigem-se ao quartel da G.N. R. no Trindade, Travessa do Ca rmo. Calçada do mesmo funcionário é autorizado a entrar no 17.40 - Chegada, ao quartel da G.N .R Fiambre, presunto, queijo e pão eram rendição incondicional dos Chefes do Carmo. A toda a volta de Lisboa e no morro Carmo e Largo Rafael Bordalo Pinheiro. quartel e ao sair confirma a presença de do Carmo, do general António da Spínola trazidos por p0pulares que, levantando os Estado e do Governo traduziu-se não só de Cristo Rei, em Almada, militares Entretanto, no Largo Luís de Camões M a r c e 1 o Caetano e de outras Apresenta-se fardado . Uma enorme géneros acima das cabeças, abriam passagem pelas vivas manifestações de apoio popular à guardavam baterias viradas sobre Lisboa. encontrava-se um numeroso contingente de individualidades, entre as q uais o multidão ocupou completamente o largo. entre a multidão com os cestos em que os acção das Forças Armadas mas também na 11 .30 - Cerco do quartel do Carmo, forças da G.N.R .. o mesmo ocontecendo ex-ministro do Interior, dr. César Moreira Po p u lores escalaram as árvores, postes transportavam. Nos rostos de todos os criação de uma Junta de Salvação Pública onde se encontram o Presidente do junto do Teatro da Trindade e noutras Baptista. Feytor Pinto fora o transmissor da eléctricos, varandas. Um grande grupo sobre militares via-se a fadiga. Mas também uma presidida pelo general António de Spínola. Conselho e membros do seu Governo. A artérias que conduzem ao Largo do Carmo. rendição das forças que se encontravam u mo viatura militar fez, com o peso grande alegria. As ovações da multidão 21.00 - A multidão enfurecida dirige-se G.N.R. fecho as portas do quartel e De certo modo. o destacamento do entrincheiradas. A conversa que aquele excessivo. abater o tejadilho. encontravam em todos sinais de orgulho. para a sede da D.G.S. A1iradores desta manifesta o propósito de resistir às forças Movimento estava emparedado, mas as suas funcionário da S.E.l.T. travou com o antigo Entretanto. numa das janelas do quartel Entre populares e membros das Forças ex-polícia disparam sobre manifestantes na sitiantes. Uma extensa coluna de populares principais atenções concentravam-se no Chefe do Governo a com os seus ministros do Carmo. o capitão Salgueiro da Maia, com Armadas trocavam-se abraç'os. Rua António Maria Cardoso. Há cinco apoia, com incitamentos, a acção das forças quartel. uma vez que da reacção do seu fora - adivinha-se dramática. Mas não um magnetofo ne. exortava os manifestantes 19.30 Consumara-se a rendição mort os. entre os quais uma jovem militares, já de posse da situação. comandante dependeria o comportamento restava outra solução além da entrega pura e a abandonar a praça. a fim de que as tropas incondicionol do prof ao universitária, e mais de duas dezenas de 1 2 horas - As forças presentes no dos restantes focos da G.N.R. E assim viria a simples das personalidades que a G.N.R. pudessem concluir as suas operações. general António de Spínola e a transmissão feridos. Ambulâncias e material de socorro Terreiro do Paço subdividem-se e dirigem·se acontecer. tinha sob sua protecção. transferência do anterior Presidente do de poderes. O ex.Chefe do Governo e outras convergem para a zona. ao Largo do Carmo, à Penha de França e à 15.10 - Os oficiais do Movimento Conselho e dos ex-ministros que o individualidades abandonam o quartel em As Forças Armadas anunciam que a Rua António Maria Cardoso. Ao mesmo entregaram um ultimato à G.N.R., para o acompanhavam. Gritos exigiam a entrega do que haviam estado sitiados, num carro D.G.S. vao ser cercada e pedem à população tempo, reforços da G.N.R. atingem a zona qual não obtiveram resposta pronta. prof. Marcello Caetano. blindado, completorr1ente escondidos do que se mantenha calma. Um agente da do Carmo e tornam posições adversas às F lzeram, então, um segundo, por um O capitão Maia, fazendo grandes esforços público. Aí, os manifestantes não se O.G.S. é morto pelas Forças Armadas tropas sitiantes. coronel do Movimento que entrou no para ser escutado. insistiu: "Senhores. contiveram. Ao fim de duas intermináveis quando tentava fugir, depois de saltar do Uma coluna motorizada toma posição no quanel a troco de um tenente da G.N.R. • estamos aqui em nome da Liberdade. i: em horas de espera, muitos dos presentes ediflcio policíal para a roa. Manifestantes Largo de Camões. Lanceiros 2, na A1uda, Como o ultimato não fosse respeitado nem nome da Liberdade que não faremos justiça gritaram: "assassinos!" concentram-se no Camões e na Rua António continua a resistir ao Movimento e recolhe o o coronel saísse, as forças s111antes abriram por nossas próprias mãos. As pessoas por Uma viatura da G.N.R. conduz o general Maria Cardoso. contidos por cordões ex-Presidente da República e alguns fogo contra os portões e fachada do que esperam devem abandonar este local em António de Spínola. O ex.Chefe do Governo militares. A multidão. enraivecida, exige a membros do Governo. edifício. inteira segurança, a fim de serem julgadas." e ministros foram levados num blindado entrega dos agentes da D.G.S. e grita: Entretanto, seguem-se comunicados Assim que começou o tiroteio gerou·$0 Cresce o mar de manifestantes. numa Chaimite chamado "Bula", com forte "vinguemos os camaradas mortos'" Só 3 militares. de quinze em quinze minutos. O cena confusão entre os milhares de pessoas proporção como não há memória em escolta militar, para o Reg imento de mui10 custo as tropas conseguem reter os Movimento apresenta-se como vitorioso e que haviam acorrido ali, as quais· se Lisboa. A população é informada de que Engenharia 1, na Pontinha, onde os populares, que recordam os últimos 40 anos informa dominar a situação em todo o País abrigaram nos portais, em estabelecimentos existem elementos da O.G.S. entre os revoltosos tinham instalado um dos da vida política repre$$iva do Pais. Muitos com excepção de alguns pequenos focos de e até em casas particulares e escritórios. manifestantes e que não é possível, por iisso. comandos operacionais. populares lamentavam que estivesse a resistência na capital. Um comunicado 16.00 - A capitulação da G.N.R. estava pedir oo general Spínola que apareça. 20.30 - Comunicado do Movimento das demorar tanto tempo a rendição da D.G.S. o indica que foi dirigido um ultimato aos próxima. Faltava saber em que termos se 18.00 - O dr. Sousa Tavares, candidato Forças Armadas. i: lida a proclamação ao que focilitaroa a destruição dos ficheiros e si tiados do Carmo, dando as 17 horas como f aria essa capitulação. A oportunidade da C.E.U.D. em 1969. dirige-se à multidão, a País, firmada em Santaróm pelo comando dos completos arquivos divulgados na posse prazo de rendição. A partir do meio-dia toda surgiu com a presença do dr. Feytor Pinto, convite das Forças Armadas, apelando para do Movimento. Anuncia-se que o almirante da mesma polícia política. a acção se concentra no Carmo. ex-d irector dos Serviços de 1nformação da que os populares se componem civlcamente Thomaz foi transp0rtado, de helicóptero, de 22.00 - A D.G.S. resiste também na • 13 horas - Populares são atingidos por Secretaria de Estado, e do dr. Nuno Távora, e anuncia a "libertação do jugo fascista". Lanceiros 2. que já se havia rendido durante prisão de Caxias. Espalha-se o boato de que tiros disparados da Direcção-Geral de funcionário daquele organismo. Feytor Soldados tomam posições nQ Largo do - Apesar dos esforços do dr. Sousa Tavores, a tarde. para as instalações da Força Aérea, serão exercidas represálias sobre os presos Segurança, na Rua António Maria Cardoso. Pinto anunciou ser portador de uma cana. Carmo, enquanto se aguarda a frequentemente interrompido pelos em Monsanto. políticos que ali se encontravam. Anuncia-se _Há feridos, entre os quais três jovens. Ainda cujo teor, no entanto, não d ivulgou. O rendição do prof. Marcelo Caetano populares, ninguém arredou pé. Após 24 horas de operações milltares, a ao mesmo tempo que a P S.P. aderiu 4 • - 3/ V/ 74 - • V. M.• •V. M.•-l/ V/ 74 s totalmente ao Movimento e deixou de oferecer qualquer resisténcla. A C.D.E., entretanto, torna pública a sua apreensão pela situação dos presos políticos encarcerados no forte de Caxias. 23.00 Anuncia-se que Marcello Caetano e alguns ex-ministros serão conduzidos para os Açores (a Madeira viria a ser o seu destino). Progressivamente, as bolsas de resistência ao Movimento vão cedendo, mas a posição da D.G.S. ainda está mal esclarecida.

26 DE ABRIL •

0.30 - Uma delegação da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Polfticos é recebida no comando do Movimento, onde lhe foi comunicada a Intenção de se libertarem todos os presos. A Comissão manifestou a sua preocupação pela segurança dos detidos na cadeia do forte de Peniche. na cadeia de Ca Kias da D.G.S. e ainda no Hospital de São Jolio de Deus até Presidentes depostos pelo Movimento das foram abertos as portas e entraram no ao momento da sua libertação. Forças Armadas e ôs membros do Governo ediflcio 3 oficiais das Forças Armadas. Por parte do Movimento das Forças que os acompanhavam estão instalados no Passado 1 minuto, saiu um indivíduo, que Armadas é garantida à Comissão Nacional Palácio de São Lourenço, sede do governo abriu as portas das garagens. de onde. acto que seriam tomadas as medidas possíveis distrital, no Funchal. enquanto os contt'nuo. saíram algumas dezenas de para protecção da vida e integridade de ex-ministros da Defesa e do Interior ficaram elementos da P.1.0.E. em filas de 2. Traziam todos os presos polfticos. A RTP transmita, alojados num hotel. um ar carrancudo e dirigiram mesmo alguns por sua vez. a partir do , as filmagens O avião da Força .Aérea em que via1aram impropérios aos circunstantes. Entraram no da ocupação do seu emissor de Monte da desde Lis_boa aterrou no aeroporto de Santa ed if 1cio principal. As 9.46, as forças Virgem. São as primeiras imagens do Catarina às 8.45. A anteceder a saída dos milt1ares ocuparam o edifício central. Movimento. dois ex-Presidentes e dos ex-ministros, com Foram presos cerca de 400 agentes. 1.25 - O general António de Spínola, os quais viajou, também, sob custódia, o 12. 00 Diversos grupos de acompanhado por outros membros da Junta comandante Benvindo da Fonseca, que foi manifeitantes dirigiram-se ao edifício do de Salvação Nacional, faz uma comunicação ajudante de campo do ex.Presidente da jornal "~poca''. que invadiram. destruindo ao País a partir dos estúdios da RTP. Pela República, desceu do aparelho um grupo de parte das instalações. Houve um princípio primeira vez o País toma contacto com os pára-quedistas para proteger o avanço dos de incêndio num dos andares em que elementos da Junta, cuja formação é a exilados até à aerogare. A chegada das funcionava o 1ornal. Próximo dali, foram seguinte: capitão-de-fragata António Alba individualidades do regime político também invadidas as instalações da A.N.P .• Rosa Coutinho, capitão-de·mar·e-guerre José derrubado constituiu inteira surpresa para a no Largo Trindade Coelho, as da Legião Bapt ista Pinheiro de Azevedo, general população madeirense, dado que não foi Portuguesa, na Travessa do Guarda-Mor, e as Francisco da Costa Gomes. general António previamente anunciada na 1mprensa local. da Comissão de Exame Prl!vio (Censura) . Às de Spínola. brigadeiro Jaime Silvério Uma correspondência de "O Seculo" de 15.5, um camião do Exército detém-se à Marques, coronel Carlos Galvão de Melo e 27 de Abril acrescentava: "A calma li total porta do ediflcio da "!:poca". Aos gritos de general Manuel Diogo Neto (então ausente na ilha da Madeira, para onde se prevê que "fascistas", a multidão vê 19 pessoas da Metrópole). venham residir mais alguns elementos do ent rarem no veículo: o director e 3.30 - Um comunicado da Junta de Governo do prof. Marcello Caetano, que, funcionários dos diversos sectores da • Salvação Nacional recomenda à população o como o almirante Américo Tomás, procura empresa . .acatamen to das indicações da Po1'cia arranjar casa na ilha da Madeira." 13.00 - A Junta de Salvação Nacional Militar. P.S.P. e da Brigada de Trânsito. O 8.30 - A cadeia política da D.G.S .• em instala-se na Cova da Moura, edifício do comunicado refere ainda a rendição do Caxias, foi tomada por uma força de Ministério da Defesa Nacional. depois de ter R.L. 2 e do Grupo de Detecção e Conduta pára.quedistas e fuzileiros navais. Foram sido transferida do seu quartel-general. de lntercepção, em Monsanto. presos sem resistência os 40 elementos que anteriormente a funcinar no Regimento de 6 horas (hora aprox imade) - O Engenharia 1, na Pontinha. Discute-se a ..durante ...... a noite haviam resistido no interior prof. Marcello Caetano, o almirante do cerco e que, apesar de terem ameaçado questão dos presos políticos. com a Américo Thomaz, os ex-ministros Moreira matar os pfisioneiros, se apresentaram aos pa rticipação de vários grupos, B aptista, Silva Cunha e outros foram pára.quedistas já desarmados e em atitude nomeadamente representações da e.O.E. - conduzidos, sob forte escolta militar, para o colaborante. constitu Ida pelo capitão Varela Gomes e Aeródromo Base 1 onde embarcam num 9 .30 - Um oficial dos fuzileiros navais engenheiro Areosa Feio - e da Comissão de DC-6 da Força Aérea, que os transportaria à comunica- aos jornalistas. na Rua António Socorro aos Presos Pollticos (Maria Eugénia ilha da Madeira. Maria Cardoso, que a D.G.S. acabava de Varela Gomes, Cecília Areoso Feio e 8 .25 - O general António de Spínola render-se; ao fim de uma noite inteira de Rogério Paulo). dirige uma mensagem de agradecimento às resistência ao cerco. Milhares de pessoas 16.00 - A partir desta ho ra, foi llários - Forças Armadas. assistiram. nas imediações, à queda de um vezes difundido pela rádio o seguinte 8.45 lhora da Madeira) - Os dos últimos redutos do regime. Às 9 .43 comunicado: "Estão a verificar-se distúrbios

6 3/ V/ 74-cV. M.» •

- IR de Fomento não fechou. A Bolsa de T(tulos, 1 p porém, encerrara. Tendo-se reunido ao fi m da manhã, por convocação do seu presidente, eng. Amaral N e 11 o. o Conselho da Presidência da Assembleia Nacional decide cancelar a reunião. A Junta de Salvação Nacional já anunciara, no entan10, no seu programa pollt ico, a dissolução da Assembleia Nacional e aguardava-se. então, a publicação do decreto que tornaria um facto de direito tal decisão. À sa (da, o vice-presidente. deputado Themudo Barata, declarou que o Parlamento não voltaria a reunir-se. Um .. despacho do presidente a cancelar a reunião é reproduzido, em " fac·simi le". pela 1mprensa diária. Os serviços de administração pública decorrem com absoluta normalidade, sendo blindado que transportou o ex-chefe do Governo, -prof. Marcelo Caetano, do o openas de assinalar o facto de nos sectores quartel da G. N. R., no Carmo, para o quartel do Regimento de Engenharia 1, na militares e militarizados haver continuado. Pontinha onde, na altura, estava instalado o Quartel-General da Junta de durante grande parte do dia, o regime de Salvação Nacional prevençl!o rigorosa, o qual, no entanto, passaria ao fim da tarde, nalguns provocados por grupos de população civil ne podiam exercer a sua função de informação depar 111mentos desses sectores, ao de par1e baixa da cidade de Lisboa, do público rodeadas das maiores facilidades prevenção simples ou unicamente ao de nomeadamente junto do jornal "~poca". e sem sofrerem a humilhante intervenção v1y1 lância reforçada. como sucedeu, por Tais atitudes contrastam de forma gritante das Comissões d.e Censura e do Exame exemplo, no Ministério da Marinha. com o c ivismo demonstrado pela Prévio. Um comunicado radiodifundido às 18.42 generalidade da população. A continuarem a Para a Junta, agora instalada na Cova da informava· "Com o objetivo de evitar verificar-se acções semelhantes, poderemos Moura, o trabalho iniciara-se extremamente quaisquer mal-entendidos, a totalidade das todos nós não somente ver o processo deste cedo, com a conferencia de Imprensa Forças Armadas, designadamente as da Movimento enlutado como sentir-se a Junta concedida, na Pontinha, pelo general Região Militar de Coimbra, aderiram ao de Salvação Nacional na necessidade de Spínola, às 8.30 da manhã. Na mesma altura Movimento Militar e cumprem, tomar medidas de excepção, o que se foi distribuído aos meios de Informação o integralmente, as ordens da Junta de pretende evitar a todo o custo." programa do Movimento, que, nas suas Salvação Nacional." O dr. Á nge lo de Almeida Ribeiro. linhas gerai.s, prevê a extinção imediata da À noite, novo comunicado da Junta de bastonário da Ordem dos Advogados, dirige D.G.S .• da Legião Portuguesa e da A.N.P .. Salvação Nacional : "Chegou ao ao presidente da Junta de Salvação Nacional O segundo comunicado divulgado, através conhecimento da Jun1a de Salvação a seguinte mensagem telegráfica: "O da Rádio, pela Junta de Salvação Nocional Nacional que elementos da D. G. S. estão a bastonário da Ordem dos Advogados, era do seguinte teor: "Na sequência das seguir os vários elemen1os e núcleos das impossibilitado de reunir, imedietemente, o medidas tomadas para completo controlo da forças que continuam no cumprimento da respectivo C~selho Geral, desde já situação e manutençãao intransigente da sua missão. Solicita-se a esses elementos que manifesta a V. Exa. o incondicional apoio ordem e tranquilidade públicas, foram avaliem perfeitamente a situação actual que dos advogados portugueses à restauração dos nomeados, respectivamente, governador da o Pa Is vive e o risco que corre a sua direitos cívicos e liberdades fundamentais, Região Militar de Lisboa, genera l Reimão 1nt egndade pessoal na continuação de às garantias de liberdade individual à Nogueira; comandante-geral da Guardo actividades usadas pelo anterior reg ime. O exti nção das jurisdições especiais e à defesa Nacional Republicana, general Alberto Movimento já mais de uma vez fez sentir à da independência e da dignificação do poder Garoupa; comandante-geral da Pollcia de Nação a sua in tenção de que tudo se judicial, pelos quais este organismo Segurança Pública, coronel Neves Cardoso, e processe dentro da maior ordem e civismo e profissional sempre tem propugnado. comandante da Guarda Fiscal, coronel que niio hesi1ará em fazer Intervir as forças Apresento a V. e aos restantes membros da António Calado. Dado que as forças que a Nação põs à sua disposição para a Junta de Salvação Nacional respeitosos militarizadas da G. N. R. e da P. S. P. estão integral ma nu 1enção da ordem." cumprimentos." sob inteiro controlo da Junta, a bem da Telegramas distribuídos pelas agências Lisboa assiste, entretanto, a gigantescas ordem pública, deve a população obedecer not iciosas relatavam que haviam assumido as manifestações de regozijo e de apoio às disciplinadamente às instruções transmitidas funções de encarregados dos Governos de Forças Armadas e seus dirigentes, pelos agentes daquelas corporações. Moçambique e da Guiné. respectivamente. o percorrendo as principais ruas da Baixa continuando. desta forma, a manifestar o coronel David Teixeira Ferreira e o entre vagas de 1rrepr imfvel, alegria. Iguais maior espírito clvico e pa1rio1ismo." Foram tenente-coronel Mateus da Silva, que manifestações se verificariam noutros nomeados. também, o coronel Manuel substituíram os governadores demitidos pela pontos do Pars. Essa onda de en1usiasmo e E smeriz e o brigadeiro José Ramires, Junta de Salvação Nacional. Entretanto. em adesão populares prolongar-se-ia depoi.s não comandantes, respectivamente, da Região Angola. ao começo da noite, o eng. Santos e só até de madrugada mas também durante Mi litar do Porto e Comando Territorial do Castro con11nuava a ocupar o lugar de os dias seguintes. Livremente os portugueses Algarve. governador-geral. Mas já às 2 horas os jornais festejavam a vitória do Movimento e Os bancos comerciais e a Caixa Geral de not1c1avam em "Últimas": "Santos e Castro - proclamavam a sua fé num Portugal novo - Depósitos mantiveram-se encerrados ao mais justo e mais humano. público em Lisboa. O Banco de Ponugal, no A Imprensa, a Rádio e a Televisão entanto, funcionou normalmente. e o Banco

• V. M.a-3/ V/74 7 INTE ACIONAL para quem conhece o mundo e o sabor das melhores coisas do mundo

Um novo cigarro. PLAZA Internacional. O novo sabor Plaza. Um cigarro de nível internacional. Um acto de escolha e de afirmação própria. O seu Pleze. Em qualquer circunstância. Sempre. Extra Longo. OFiltro Triplo Ventilado. Duas vezes mais eficaz!

• LAZA a sua afinnação pessoal 8 foi subst11uido pelo secretário.geral, deixaram de estar sob a v1g1lància dos soc1ahsta manifestou a cs1>••r.1nça de que a tenente coronel António Rio Soares. que agentes da D G S a pa1tir d.1s 9 horas da Junt.l de Salvação Nacional assuma as suas chefiava o distr to da LundJ .1n1es de ser rnanha, quando pâra-quedistas e fuzileiros responsl1b1hdades. espcc1,1lnt1!nte no que eh.ornado para aquele cargo. cm Novembro tom.,ram de assalto os redutos Norte e Sul rcspr11a à garan11a da liberdade de de 1972 elo lorte e a prisão ·hospital de Caxias. pensamento e de express.10 e .'1 res111u1ç5o Pouco depois d" rnei.1 noite, é lodo, A partir dessa altura iniciou-se um cio Pocter :is instituições const11uciona1s. au.1vós da E. N .. um comunicocto da Junta dcmo1,1do processo qu1• ~ó 1rrrn1nou com a Declaração do prof. Ruo Luís Gomes, de Sal11açiio Nacional. abolindo as "medidas libcrtacão de todos quanto~ se encontravam oxllado no Recife· "Regressarei rest tivas do pleno cxerclc10 d.1s ,1ct1vidades presos por motivos pol 111cos Centenas e imediatamente a Portugal e serei a expressão escolares e de utilização de instalações de centenas de pessoas aclamaram daquilo que o povo J>Ortuqu~s pretender de apoio social" nos estabelecimentos de cspont 1neamente os reccm hhPrtados, mim v·vo o momento mais emocionante da ensino superior. i: o seguinte o texto da rcg1stando·se cenas de compreensível minha vida" Uma de :l.1r.1ção de outro con1un1cação: emoção. Clandestino desde 1947 Hermínio exrlado, o d r "'~"º Soares, à "República'" "A Junta de Sal11açiio Nacional comunica du Palr'la Inácio e n1a1s 78 presos "Quanto ma s tarde se efectuarem - ao Pais que, em conformidade com o condenados por mo 11 vos poli11cos negociações con1 os movimentos de proqrun1<1 proclamado p!!IO Movimento das •1h.11ldunavam longo mart frio Outros presos, libertação pior será" . Forças A madas. são obolidas as mechdas internados na prisão-hospital. sairiam no dia Às O e 23, é libertado o primeiro dos 22 1m postas " alguns es1.lbelec1men1os de seguinte presos politicos detidos no Forte de ensino superior, rcstriuvas do pleno Ao fim da manhã de sexta-feira. 26, Peniche: era ele Dinis Miranda Os ult1mos exerclc10 das ac•ivid.ides escolares e da soube-se que estavam detidas no edifício do presos a serem hbenadns de um to .11 de 39 u11l1z:içfio de 1nstal<1çõt>s eh• lev dn 11r.1u de c1v1smo que n:io pode deixar Exército, ex-chefe do Estado· Maior General De toda a parte chegam not leias das de esperar-se da generosa população das Forças Armad • , ex segundo vibrantes mano festacões de ,pia 1so e adesão ,1c;. lém1Cd. professores e alunos a que neste comandante do Regimento de Cavalaria 7 e registadas em todo o pais oo Movimento moment o se dirige em particular ex-deputado Casal-Ribeiro, en .re outros. No drs.,nc P S P A lmprens.1 ele 10<10 o mundo Entretanto. da d1re<:ção da Associação eleição de nova direcc;ão numa assembleia de not1c1ara, com grande rei""º o êxito d•> dos Estudantes do 1 S T.. recebemos o emergénc1a com a sequinte ordem de Movimento e também varios porta-vozes de Sl"gu1nte comun1cpresenia um caminho em busca da so1ução Todos os presos poH11cos que se citando uma de<:laracão publicada por dos seus problemas." encontravam no 'orte de Caxias foram lideres do Partido Soc1al1sta Português em Numa das suas edições, no11cia l1lienados. às 0.30, depois de uma comissão Puros, o assistente disse que o Partido "Republica" "Estão .1v.1h.1dos Pnl mais de - de advogados rer estabelecido o critério de decidira, após deliberação do seu conselho 3 mil os agentes da extinta r LO E.·D G S cri n'e polluco, segundo de1errn1nação do governal 1vo. cham.:ir a Portugal o Nos úh11nos dias for:im presos Cflrca de 600 q t•ner a 1 Costa Gomes. Os prisioneiro< wcretário-geral, Mário Soares. O dirigente

• V. M.» - 3/ V/ 74 •

Apenas 600. o que significa que mais de que. por razões de segurança, ocupou as Modernes", "L'Espri1", "La Pensée", 2000 estão en1 hberd.:ide. Trata·se de instalações da Legião, aposS< , demissão" do prof Veiga Simão. apontado - "O Comando das Forças do Exército e da Staline. Gramsci, Garaudy, Naville, etc., e como provável monostro da Educação do Região Militar do Porto dá conhecimento de colecções das revistas "Les Temps novo Governo. 10 3/ V/ 74 - «V. M.» Não há, efectivamente, em todo o mundo, exemplo antenor de um golpe de Estado assim, em escassas 24 horas, sem sangue, sem estados de sltío, sem recolher o bo ogatór 10, sem retaliações pessoais. Derrubou-se um regime de mais de 40 anos, superctefendido por estruturas que quase todos julgávamos de pedra e cal Também já aqui re ferimos. repeudamente, o espantoso exemplo de civismo dado pelo pollO português nessas horas de dúvida, de 1nceneza, de angústia, até. Os apelos que então se fizeram à calma e ii manutenção da ordem foram inteira e prontamente correspondidos por toda a gente Pudemos, assim, dar ao mundo um belo exemplo de maturidade clv1ca de povo consciente e idóneo. Mas agora, que a v116ria do bom senso, da justiça e da verdade está consumada é que moos necessário se torna mant er Poµ11/,1res distribuindo dltn1e11 1os a soldados e marinheiros disciplinarmente a ordem das primeiras horas. Mais do que nunca. os homens dest a Simultaneamente. as assoc1oções de Regressam a Lisboa os generais gloriosa arrancada do novo Portugal estudantes convocam reun115es gerais e Be11encourt Rodrigues e Tello Poleri, o precisam de paz de esp irito para poderem algumas delas reabrem as suas portas, pnme1ro demitido do cargo de governador e levar por doante a bela obra que se enciuanto mais de uma centena de setores. comandante-chefe das Forças Armadas da propuseram. encenadores e outras 1ndovldualidades Guiné, e o segundo, ex-secretário de Estado E. no entanto, quando nada o 1ustífica, hgooas às actividades teatrais assinam um d,1 Ae1 onáut1ca, surpreendido pelo agora 4! que aqui e ali se regostam excessos documento a apoiar o programa da Junta de Movimento quando em v1s1ta de trabalho ao populares de agitação que não beneficiam Salvação Nacional nos "pontos referentes à terntóno angolano. Ao mesmo tempo é ninguém e pre1udicam todos. aboloçiio do exame prévio e da censura", feí ta o transrnossão de poderes em todos os Coda minuto de cada dia é importante esperando "poder. desde 1.t. exercer a sua territórios elo Ultramar e em muitos pontos para pensar e executar toda a reestruturação act 1v1dade profissional e an

• V. M.» -3/ V/ 74 11 tranquilidade públicas a quantos parece No primeiro domingo do Movimento. aas entregaram. no domingo, a um quererem trocar a entrega dessa aln1e1adü Forças Armadas continuaram a prender representante da Comissão Pró-Reabertura 1iberdade pelo abuso apaixonado de ondiv(duos que pertenciam á extinta da Associação Académica, as chaves do liberdades 1ndesejáve1s. Direcção-Geral de Segurança. Chegaram a edifício administrativo da assocração, A Junta de Salvação Nacional, 1nté1 prete ser disparados tiros, cuja procedência nem encerrada desde 1971. fiel do Movimento resgatador, espera que sempre foo apurada. A. Junta divulqou Reabrem outras associações em todo o essas atitudes lamentáveis não contribuam entretanto um comunicado em que se País. ao mesmo tempo que se d1strobuen1 para desvirtuar os patrióticos objectivos que afirmava: "A todos os elementos da convocatórias em profusão para reuniões de esttveram e estão nas suas intencões. O 1recção-Geral de Segurança e Legião todos os sectores 1nte1essados. A TV O momento é de unidade e de calma. já Portuguesa que ainda não se entregaram. funciona pela primerra vez como meio de que só numa e noutra poderá construir-se o pede-se a sua apresentação voluntária nas comunicação dorecta com o ob1ec11vo de Portugal do lutuoo, que o general Spínola unidades n11lttares mais p16x1mas. a fim de convocar os sectores de trabalho e nos olereoe." evnarem represálias por pane dos elementos estudan11s. No baorro da Boavista (Lisboa), O advogado Mário Soares. secret;lrio·geral da população que se mostrem mais cerca de mil pessoas que moravam em do Partido Socialista Portugués, regressa do exaltados. A todos os elementos da barracas ou casas superlotadas, ocupam 220 seu longo exílio em Franca. na companhia população aconselha-se a maior calma para habitações da Câmara Municipal de Lisboa. do dr. Francisco Ramos Costa e do eng. Tito que tudo contonue a processar-se dentro da Outro pais reconhece o novo regime de Morais. membros dirigentes daquele ordem e civismo que constituem apanilgro português: a África do Sul O partido político. Uma enorme multidão de das Forças Armadas." reconhecimento seguou·se imediatamente a muitos molhares de pessoas recebe. em Santa No meio estudant il e sindical uma doltgéncoa oficial de Lisboa para Apolónia, o lo'der socialista. Nas suas intensificam-se as reuniões e as assernbleoas informar Pretóroa da mudança do Governo declarações e antes de se encontrar com o magnas. Em Coimbra. nomeadomente, o revelou Hil9ard Muller, ministro rfn, general Spínola, afirma que o "momento reitor e o vice-reitor da Universtdade Negócios Estrangeiros sul-africano. • não é de rivalidades partidárias, mas de unidade democrática". No Palácio da Cova da Moura também estiveram, entre outros os drs. Sá Carneiro e A PREPARACAO- Pereira de Moura. Entrevistado por uma emissora estrangeira de televisão. este úlumo DO MOVIMENTO afirmou que acenava trabalhar com Mário de organização levo u ao malogro. E Soares, caso o dongcnte polit oco viesse a A preparação do Movimento das acentuaria o capitão Teófilo Bento: formar Governo. Forças Armadas conti nua ainda, "Poos, fo i sobre os erros da primeira Intensificam- se entretanto as parcial mente, envolta num mant o de manobra que construimos a vitoria de conversações da Junta com os delegados dos segredo. Poucos são os pormenores hoje. As unidades foram contactadas e, mais representanvos movimentos pol iucos, conhecidos e sobre o desenvolvimento e não há dúvida, a adesão garantia-nos o o que parece traduzir o propósito de se a e stratégia operacionais mantém-se êx110. Mais: aos oficiais do quadro, concluir rapidamente o processo de compreenslvel sigilo. No entanto, um juntamos, em trabalho paralelo. oficiais constituição do Governo. nele devendo dos oficiais, capitão Teófilo Bento, deu a mi li cianos, que estiveram sempre à altura pesar, também, a necessidade de entregar os conh ecer a lguns dos aspectos do da sua missão. Reuniões sucessivas monostéroos aos novos responsáveis, tendo Movimento e dos seus antecedentes, num fo r a m-no s p er mo ti ndo montar o sobretudo em consideração o facto de esses contacto que teve com os jornalistas logo e sq u ema, a t r avés d e comissões depao tamentos, embora com os serviços a depo is da consolidação do golpe m ilitar. coordenadoras. luncoonar normalmente. estaram apenas a Assim, identof ocandO', omed íatamente, Para se aj uizar do segredo que rodeou manter, sob a orientação dos respectivos o movimento actual com a tentativa das a operação, d iga-se que mais de 200 secretáriosi)erais, a rotina admin1sira11va. Cal d as d a Rainha, aq uele oficial pessoas estavam na posse d ele; e tudo A Junta de Salvação Nacional anuncia, pormenorizou a sua organização em correu sem uma fal ha. De segunda para entretanto, que, por escolha do Movimento termos que resumimos: o promeoro golpe falhou, porque o tempo para o organizar terça, ultimaram-se preparat ivos; de terça das Forças Armadas. foram nomeados para foi demasiado curto. Quer dizer: não para quarta, confirmaram-se; e na noite os cargos de chefes dos Estados-Maiores da seria por falta de apoio das diversas hístôroca de quarta para quinta-leira Armada, do Exército e da Força Aérea. • unidades espalhadas pelo Pais que a parecia-nos que a marcha vitoriosa seria respecuvamente, o capotão-de-mar-e-guerra revolta sucumbiria - tão-somente a falta irreversível." José Baptista Pinheiro de Azevedo (para o efeito promovido ao posto de vice-almirante). o brigadeiro Jaime Silvério Marques (promovido a general) e o general P.l.D.E.-D.G.S.: Manuel Diogo Neto, da Aeronâuttca. - O Palácio da 1ndependência. no Largo de ULTIMO REDUTO São Domingos, sede da extinta organização • da M. P.. é assaltado, na tarde de domingo, por manilestantes que pretendiarn DO REGIME FASCISTA transformar o edificio na sede da C D. E. O último reduto importante do regime sua pol f toca de "evolucão n a Membros da Comissão Executiva da C. D. E. fascista que dominava o Pa(s há 48 anos - a continuidacle"I, rendeu-se sem condições a colocaram grandes cartazes nas varandas do sede da O. G. S. - caiu na sexta-ferra, às 9 e uma força de Fuzileiros Navais comandada edifício com o emblema utilozado por 30. após um cerco que durava desde a pelo tenente Melo Saigão. aquele movimento e com os "slogans" J ~ véspera. A O G. S - Direcção-Geoal de Ao fim da tarde de quinta-ferra. mais de ,.. usados na última campanha elenoral. r 01 Segurança (nome que Marcelo Caetano deu um molhar de pessoas reunidas no Rossio entretanto sugerido que o mesmo fosse à P 1 D. E. - Pol(cia lr1ternacional e de dirigrram·se pela Rua do Ouro até ao oferecrdo ás Forças Armadas. Defesa do Estado. em 1969. no âmbito da Terreiro do Paço, concentrando-se em frente 12 3/ V/ 74 - uV. M.» 1 ...... , .,, .. ~ .

Agentes da P. 1. O. E.·D. G. S., capturados por elementos das F'.Jrças Na Rua António Maria Cardoso, após a Arn1adas rendição da P. 1. O. E. ·D. G. S. dos ministérios do Interior e do Exérc110. aclamado pela multidão. co1npareceu um Lage e tinha 32 anos. aos qiitos de "Guerra do Povo à Guerr,1 esquadrão de Cavalaria 1Regimento de Ourante a noite, mais Jgentes saíram do Colonial" e de "Morte à P.I O.E Cavalaria 3, aquanelado em Estremoz). que cdilgistaram-se, pelo menos. três mortos e correndo desesperadamente foi abatido por ~feroqráfica. o nome de P Manuel dclcnas de lcrodos Pouco dePo1s, e uma raiada de G·3. Chamava-se António • El ementos das Forças Armadas junco da sede da Uni aspecto da garagem da sede da P. 1. O. E. ·D. G. S. P. 1. O. E.·D. G. S. ·Soldados fazem buscas nas caves da Feridos em consequência do disparo de rajadas de P. 1. O. E. ·D. G. S. pistolas-metralhadoras, feito por elementos da P. 1. O. E.-0. G. S., na Rua António Maria Cardoso

A REND IÇÃO no sábado, às 22 horas. no seu domicílio, à por um primeiro-tenente da Armada e por Rua de Moçambique. onde já se encontrava um aspirante miliciano do Exército, os A rendição operou-se na presença de desde quin ta-fei ra em regime de detenção 1ornahstas puderam ver centenas de armas. elementos dos Fuzileiros Navais e do domiciliária. desde a velha Mauser à mais moderna Exército (Regimento de Infantaria 1), Os elementos da D. G. S. detidos espingarda automática, passando pela depois de terem sido enviados ao interior encontram-se na prisão de Caxias que metralhadora Madsen. Havia ainda granadas dois agentes da P.1.D.E.-0.G.S.. presos anteriormente lhes estava confiada. de mão e milhares de munições. anteriormente pelas Forças Armadas e que A sede da Rua António Maria Cardoso A visita perm1t1u ainda apreciar a levavam como missão convencer os constituia objectivo importante no plano dimensão do edifo'cio, a decoração (luxuosa "entricheirados" a renderem-se sem gizado pelo Movimento das Forças Armadas. em algumas salas) e o bom serviço de apoio condições, o que aconteceu minutos depois. O seu arquivo é sem dúvida. precioso para se existente (bares. cozinhas,. etc.). Por outro Anteriormente, o general Sp

Nacional e Comités Revolucionários Rego, Carlos António Gonçalves Tomás, Rui Comunista Ponuguês e à L. U. A. R.: Marx is ta S· Leninistas, Francisco Manins Teives Henriques, Pedro Campos Alves, Luís Ângelo Veloso, Dinis Miranda, Manuel Rodrigues. Rui d'Esp1nay, João Pulido Filipe Fraga da Silva, Luis Miguel Vilã, João Pedro, António Gervásio, Manuel Drago, Valente, José Eurico Bernardo Fernandes, Pedro ,_~endes da Ponte, João Duarte de Carlos Domingos Soares da Costa, Horácio José Brasido Palma, Carlos Cardoso Carvalho, António Metelo Perez, Nélson Rufino, José Pedro Correia Soares, Filipe Gonçalves. Lic1'nio Pereira da Silva, Raul Rosário dos Anjos, Carlos Saraiva da Costa. Viegas Aleixo, Francisco Manuel Cardoso Domingos Caixinhas, António Cândido Do terceiro piso do pavilhão B da Braga Viegas, José Simões de Sousa, Garcia Coutinho, Rui Benigno Paulo da Cruz, José prisão-forte de Peniche saíram os seguintes Neto e Joaquim Duarte !Alfaiate). • Manuel Caneira lglésias, Sebastião Lima presos, acusados de pertencerem ao Partido

TESTEMUNHO DO NOSSO CAMARADA DE REDACÇÃ O FI GUEI REDO FI LI PE ''O 25 DE ABRIL'' .. VIVIDO EM CAXIAS . O José João Louro costuma ser !ãs vezes) provinha propriamente do facto de estar en1reten1mentos. O meu foi "arranjar" um um pouco exagerado. Mas que diabo' Ali preso, pois que Já ali me encontrava há oito relógio de sol, vendo o rodar da sombra das não podia haver exagero. Ou eu sonhava {ou dias. mas sim do que poderia estar a grades duplas que decoravam o meu no\/O delirava) ou então era verdade. Algo tinha acontecer, do que estava certamente a "apartamento". De qualquer maneira, a acontecido de muito bom. Sim, porque não acontercer e que tinha começado a adivinhar tarde Já ia adiantada quando v1 surgir os é assim 1mpuncn1en1e que alguém (mesmo o na véspera, acontecimento que, para os que guardas-republicanos de capacete de aço e José João Louro) entra em Caxias, cravo estavam cá fora, poderia ser formidável, mas em número superior aos dois habituais. vermelho na lapela com gritos de "Vitória! que para mim, para nós, os que nos Alguns, transportavam metralhadoras V1tôroa' i: malta, ganhámos, visto ser tudo encontrávamos alo. em Caxias, apenas h9eiras que não cheguei a ver onde as libertado", não, nem mesmo o Louro seria poderia servir para nos tirar o sono... colocaram. Algo, pois, se passava, a quebrar capaz disso. Havia qualquer coisa. Havia Seriam cinco, seis horas da ta rde~ Não o a rotina do dia·a-dia em Caxias (para além para além da então posst'vel libertação mais posso dizer. Quando havia sol ainda fazia dos "passeios" mais ou menos inesperados ou menos imediata o findar de algumas um cálculo - na cela do isolamento, sem horas de angústia. De uma angústia que não jornais, sem nada, temos de inventar (Continua na pág. 33) 16 3/ V/ 74 -«V. M .» - •••••••••••••• •••••••••••• •• /eituro •••••••••••• •• ' •••••••• • • •••••• •• •• •••••••••••• UM SOCIALISMO 00 POSSl\IE L •••••••••• F '8nçois Mittemind •••••••••• IU attnQ(les políticas de todo o mundo cenlrem-.a nos eleições •••••••••• par11 t pmldêncla da repObllca em França. FranÇOls Mitterrond •••••••••• da •••••••••• candidato eoquer® unldo1oborda na entrevista ( 19701 que •• •• este livro reproduz temas delicadas e não espoc:lflcemente •• •• franceses, como os caminhos da passagem para o toclalismo, a •• •• luta de classes, o imperialismo, ar liberdades democmlcas, a •••••••••• autogeS11o, o planeamento e o mt

• PROFESSORES: QUE VENCIMENTOS? António Teodoro Entre as causas da desvolorlzaçlo de funçlo docente, • Indicada como básica o baixo salMio do professor. Só, pois, com um aumento generalizado dos vencimentos e a unidade de todos os • professoras pelo direito de astoclaçlo, •ri possível e rewlorização daquela funçlo. Pr9Ç0 : 35$00 EDIÇÃO DO AUTOR

-02.06 17 •V. M.•-l/ V/ 74 DOCUMENTOS • - PROCLAMACAO- DO MOVIMENTO DAS FORCAS ARMADAS

"Considerando que. ao fim de treze anos de luta em terras do Ultramar. o sistema político vigente não conseguiu definir, concreta e objectivamente. uma política ultramarina que conduza à paz entre os Portugueses de todas as raças e credos; "considerando o crescente clima de total afastamento dos Portugueses em relação às responsabilidades poh'ticas que lhes cabem como cidadãos, em crescente desenvolvimento de uma tutela de que resulta constante apelo a deveres com paralela degeneração de direitos; "considerando a necessidade de sanear as instituições, eliminando do nosso sistema de vida todas as ilegitimidades que o abuso do Poder tem vindo a legalizar; "considerando finalmente que o dever das Forças Armadas é a defesa do País, como tal se entendendo também a liberdade c1'vica dos seus cidadãos; "o Movimento das Forças Armadas. que acaba de cumprir com êxito a mais importante das missões ci'vicas dos últimos anos da nossa História. proclama à Nação a sua intenção de levar a cabo, até à sua completa realização, um programa de salvação do País e de restituição ao Povo Português das liberdades cívicas de que vem sendo privado. Para o efeito, entrega o Governo a uma J unta de Salvação Nacional. a quem exige o compromis.so. de acordo com as linhas gerais do Programa do Movimento das Forças Armadas. que, através dos órgãos informativos, será dado a conhecer à Nação. de no mais curto prazo consentido pela necessidade de adequação das nossas estruturas. promover eleições gerais de uma Assembleia Nacional Constituinte. cujos poderes. por sua representatividade e liberdade na eleição. permitam ao País escolher livremente a sua forma de vida social e política. "Certos de que a Nação está connosco e que. atentos aos fins que nos presidem. aceitará de bom grado o governo m ili tar que terá de vigorar nesta fase de transição. o Movimento das Forças Armadas apela para a calma e civismo de todos os Portugueses e espera do País adesão aos poderes instituídos em seu benefício. "Saberemos deste modo honrar o Passado no respeito pelos compromissos assumidos perante o País e por este perante terceiros. E ficamos na plena consciência de haver cumprido o dever sagrado da restituição à Na ção dos seus legítimos e legais poderes. VIVA PORTUGAL!'' Programa do Movimento das Forcas Armadas LIBERDADE DE EXPRESSAO E PENSAMENTO • SOB QUALQUER FORMA • Na madrugada de 26 de Abril - o primeiro dia no Poder do Movimento das processar·se sem convulsões internas que Forças Armadas -, durante uma conferência de Imprensa, no quartel de afectem a paz. o progresso e o bem~ tar da Engenharia 1, na Pontinha, é revelado ao Pais o programa de actuação da Junta Nação; de Salvação Nacional, no qual se enumeram as medidas a adoptar, imediatamente O Movimento das Forças Armadas Portuguesas. na profunda convicção de que ou a curto prazo. Documento histórico que aqui também transcrevemos: interpreta as aspirações e interesses da esmagadora maioria do povo português e de que a sua acção se justifica plenamente; "Considerando que, ao fim de treze anos política só é possível com o saneamento da Em nome da salvação da Pátria. e de luta em terras do Ultramar. o sistema actual política interna e das suas fazendo uso da força que lhe é conferida polltico vigente não conseguiu definir, instituições, tornando·as. pela via pela Nação através dos seus soldados, ... concreta e objectivamente. uma política democrática, indiscutidas representantes do proclama e compromete·se a garantir a ultramarina que conduza à paz entre os povo português; adop~ das seguintes medidas. plataforma portugueses de todas as raças e credos; Considerando. ainda. que a substituição que entende necessária para a resolução da Considerando que a definição daquela do sistema polltico vigente teré de grave crise nacional que o Pars atravessa:

18 3/ V/ 74 - ..v . M.»' • A) MEDIDAS IMEDIATAS enquanto durar o período de vigência da Junta de Salvação Nacional, para instrução de processo e julgamento; e) medidas que permitam uma vigilância e um controlo 1) Exercício do Poder pol ít ico por uma Junta de rigorosos de todas as operações eco nómicas e financeiras Salvação Nacional, até ã formação, a curto prazo, de um com o estrangeiro; Governo provisório civil. A escolha do presidente e do f) a amnistia imediata de todos os presos políticos. salvo vice-presidente será feita pela própria Junta; os culpados de delitos comuns, os quais serão entregues ao 2) A Junta de Salvação Nacional decretará: foro respectivo, e reintegração voluntária dos servidores do a) A destituição imediata d o Presidente da Rep(Jbl ica e Estado destituídos por motivos políticos; do actual Governo e a dissolução da Assembleia Nacional e g) a abolição da censura e exame prévio; do Conselho de Estado, med idas que serão acompanhadas ( 1) reconhecendo-se a necessidade de salvaguardar o do an(Jncio p(Jblico da convocação, no prazo de 12 meses, segredo dos aspectos militares e evitar perturbações na duma Assembleia Nacional Constituinte, eleita por sufrágio opinião p(Jblica, causadas por agressões ideológicas dos universal, directo e secreto, segundo lei eleitoral a elaborar meios mais reaccionários, será criada uma comissão "ad pelo futuro Governo provisório; hoc", para controlo da Imprensa, Rádio, Televisão, Teatro e b) a destituição de todos os governadores civis do Cinema, de carácter transitório, directamente dependente Continente, governadores dos distritos autónomos nas Il has da Junta de Salvação Nacional, a qual se manterá em Adjacentes e governadores-gerais nas províncias funções até à publicação de novas leis de Imprensa, Rádio, ultramarinas, bem como a extinção imed iata da Acção Televisão, Teatro e Cinema pelo futuro Governo provisório; • Nacional Popular; h) medidas para a reorganização e saneamento das (1 ) os governos-centrais das províncias ultramarinas Forças Armadas e militarizadas (G uarda Nacional serão imediatamente assumidos pelos respectivos Republicana, Polícia de Segurança P(Jblica, Guarda Fiscal, secretários-gerais, investidos nas funções de encarregados de etc.); Governo, até nomeação do novo governador-geral pelo i) o controlo de fronteiras será das atrib uições das Forças Governo provisório; Armadas e militarizadas. enquanto não for criado um (2) os assuntos decorrentes dos governadores civis serão serviço próprio; despachados pelos respectivos substitutos legais, enquanto j) medidas que conduzam ao combate eficaz contra a não forem nomeados novos governadores pelo Governo corrupção e a especulação. provisório; c) a extinção imediata da Direcção-Geral de Segurança, B) MEDIDAS A CURTO PRAZO da Legião Portuguesa e o rganizações políticas da juventude. No Ultramar, a Direcção-Geral de Segurança será 1) No prazo máximo de três semanas após a conquista reestruturada e saneada, o rganizando-se como polícia de do Poder, a Junta de Salvação Nacional escolherá, de entre informação militar, enquanto as operações militares o os seus membros, o que exercerá as funções de Presidente - exigirem; da Rep(Jblica, que manterá poderes semelhantes aos d ) a entrega às Forças Armadas dos indivíduos culpados previstos na actual Constituição; de crimes comet idos contra a ordem política instaurada, a) os restantes membros da Junta de Salvação Nacional

•V. M.•-3/ V/ 74 19 assumirão as funções de chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, chefe do Estado-Maior da Armada, chefe do Estado-Maior do Exército e chefe do Estado-Maior da Força Aérea e farão parte do Conselho de Estado; 2) após assumidas as suas funções, d Presidente da República nomeará o Governo provisório civil, que será composto por personalidades representativas de grupos e correntes políticas e personalidades independentes que se identifiquem com o presente programa; 3) durante o período de excepção do Governo provisório, imposto pela necessidade histórica de transformação política, manter-se-á a Junta de Salvação Nacional, para salvaguarda dos objectivos aqui proclamados; a) o perfodo de excepção terminará logo que, de acordo com a nova Constituição política, estejam eleitos o Presidente da República e a Assembleia legislativa; 4) O Governo provisório governará por decretos-leis, que obedecerão obrigatoriamente ao espírito da presente proclamação; 5) O Governo provisório, tendo em atenção que as grandes reformas de fundo só poderão ser adaptadas no âmbito da futura Assembleia Nacional Constituinte, obrigar-se-á a promover imediatamente: a) a aplicação de medidas que garantam o exercício formal da acção do Governo e o estudo e aplicação de medidas preparatórias de carácter material, económico, internos dos outros países e da defesa da paz, alargando e social e cultural que garantam o futuro exercício da diversificando relações internacionais com base na amizade liberdade política dos cidadãos; e cooperaçao;- b) a liberdade de reunião ê de associação. Em aplicação a) o Governo provisório respeitará os compromissos deste princípio, será permitida a formação de associações internacionais decorrentes dos tratados em vigor; políticas, possíveis embriões de futuros partidos políticos, e 8) a política ultramarina do Governo provisório, tendo garantida a liberdade sindical, de acordo com a lei especial em atenção que a sua definição competirá à Nação, que regulará o seu exercício; orientar-se-á pelos seguintes princípios: c) a liberdade de expressão e pensamento sob qualquer a) reconhecimento de que a solução das guerras no forma; Ultramar é política e não militar; d) a promulgação de uma nova lei de Imprensa, Rádio, b) criação de condições para um debate, franco e aberto, Televisão, Teatro e Cinema; a nível nacional, do problema ultramarino; e) medidas e disposições tendentes a assegurar, a curto c) lançamento dos fundamentos de uma política prazo, a independência e a dignificação do Poder Judicial; ultramarina que conduza à paz. (1) a extinção dos Tribunais Especiais e dignificaçãa do Processo Penal em todas as suas fases; C) CONSIDERAÇÕES FINAIS (2) os crimes cometidos contra o Estado no novo regime serão instruídos por Juízes de Direito e julgados em 1) logo que eleitos pela Nação a Assembleia Nacional Tribunais Ordinários, sendo dadas todas as garantias aos Constituinte e o novo Presidente da República, será arguidos. As averiguações serão cometidas à Polícia dissolvida a Junta de Salvação Nacional e a acção das Forças Judiciária; . Armadas será restringida à sua missão específica de defesa 6) o Governo provisório lançará os fundamentos de: externa da Soberania Nacional; a) uma nova política económica posta 'ao serviço do 2) O Movimento das Forças Armadas, convicto de que os povo português, em particular das camadas da população princípios e os objectivos aqui proclamados traduzem um até agora mais desfavorecidas, tendo como preocupação compromisso assumido perante o País e são imperativo para imediata a luta contra a inflação e a alta excessiva do custo servir os superiores interesses da Nação, dirige a todos os de vida, o que necessariamente implicará uma estratégia portugueses um veemente apelo à participação sincera, antimonopolista; esclarecida e decidida na vida p6blica nacional e exorta-os a b) uma nova política social que, em todos os domínios, garantirem, pelo seu trabalho e convivência pacífica, terá essencialmente como objectivo a defesa dos interesses qualquer que seja a posição social que ocupem, as condições das classes trabalhadoras e o aumento progressivo, mas necessárias à definição, em curto prazo, de uma política que acelerado, da qualidade de vida de todos os portugueses; conduza à solução dos graves problemas nacionais e à 7) o Governo provisório orientar-se-á, em matéria de harmonia progressiva e justiça social indispensáveis ao política externa, pelos princípios da independência e da saneamento da nossa vida p6blica e à obtenção do lugar a igualdade entre os Estados, da não ingerência nos assuntos que Portugal tem direito entre as Nações.

20 3/ V / 74 - «V. M.» PROCLAMACAO- DAJUNTA DE SALVACAO- NACIONAL Na madrugada de 26 de Abril, foi - garantir a sobrevivência da Nação apresentada. a1ravés da Rádio e da como Pátria soberana no seu todo Televisão, a Junta de Salvação Nacional. pluricontinental; cuja constituição é a seguinte: - promover desde jà a consciencialização - capitão·de· fragata António Alva Rosa dos portugueses. permitindo plena expressão Coutinho a todas as correntes de opinião, em ordem a - capitão< ccpcionais louvores da parte do ministro Espada do Valor. Lealdade e Mérito, as tirou o curso do Colégio Militar de 1925 a do Exército pela aoção que desenvolveu no quais lhe foram entregues pelo almirante 1931 e concluiu o de CaVlllaria, cm 1935. Norte. onde se manteve até Maio de 1963. Américo Thomaz. E é esse mesmo Governo Em 1948, terminou o curso d o Regressado de Angola. o então coronel que cria pela primeira vez - e lhe atribui - Estado· Maíor. Tinha-se, entretanto, António de Spínola fo r transferido para a o cargo de vice-chefe do Estado-Maior licenciado em Ciências Matemáticas, com Direcção da Arma de Cavala.-ia, onde, General das Forças Armadas. Poucos meses distinção, na Universidade do Porto. em cumulativamente com outras funções. passados. tanto o general Spínola como o 1944. chefiou o Serviço de Preboste. Mais tarde, general Costa Gomes, outro membro da Professor do Curso de Altos Comandos. foi nomeado segundo comandante.geral da actual Junta, que desempenhava o cargo de cV, M.a - 3/ V/ 74 21 no 1nst 1tuto de Altos Estudos Militares, foi OS MEMBROS DA J. S. N. - Capitão-de-fragata António Alva Rosa Coutinho, também comandante da Região M ilitar de capitão-de-mar-e-guerra José Baptista Pinheiro de Azevedo, general Costa Gomes, Moçambique, exercendo, igualmente, as general António de Splnola, brigadeiro Jaime Silvério Marques e coronel Carlos funções de subsecretário de Estado do Galvão de Melo. O general piloto-aviador Manuel Diogo Neto encontrava-se Exército, tendo, quando no exercício destas ausente em Moçambique. funções, em Abril de 1961, participado no fracassado movimento militar de que promovido âquele posto em Setembro de O coronel Carlos Galvão de Melo, também fizeram parte o general Botelho 1970. Alistou-se em 1934 e foi promovido a chamado a representar a Força Aérea na Moniz e o brigadeiro Almeida Fernandes. of1cial·superior em Março de 1954. i: desde Junta de Salvação Nocional, juntamente entre outros. Julho de 1962 comendador da Ordem de com o 9eneral Manuel Diogo Neto. Em 12 de Setembro de 1972, em Avis. encontra-se na situação de reserva. t: oficial subnituiçâ'o do general Venâncio Deslandes, O brigadeiro Jaime Silvério Marques da Ordem de Avis. que atingira o limite de idade, foi nomeado passa da chefia da Direcção do Serviço de O general Manuel Diogo Neto, antes de chefe do Estado·Maior General das Forças Transportes do Ministério do Exército para ser nomeado como um dos dois Armadas, cargo de que foi exonerado em 14 um dos lugares reservados ao Exército na representantes da Força Aérea na Junta de de Março deste ano, j untamente com o Junta de Salvação Nacional. Contando Salvação Nacional, era comandante da general António de Spínola, que era o actualmente 60 anos, o brigadeiro Joime Terceira Região Aórca (Moçambique). t: vice-chefe do mesmo Estado-Maior. Silvério Marques. que iniciou a sua carrei ra agraciado com a mais alta condecoração Oficial dos mais dist intos com que tl1m em Mcrço de 1935, foi promovido àquele portuguesa: a Ordem Militar da Torre e contado as Forças Armadas do País, o posto em Fevereiro de 1969. t: comendador Espada do Valor. Lealdade e Mérito. O general Francisco da Com Gomes, antes de da Ordem de Avis e possui a grã-cruz da general Diogo Neto é, também, comendador assumir a chefia do Estado-Maior General, Ordem do Império. da Ordem de Avi s. • exerceu o cargo de comandante-chefe das Forças A rmadas em Angola. Comendador da Ordem de Avis, é condecorado com a medalha de ouro de Serviços Distintos, com palma, a medalha O AGRADECIMENTO militar de prata de Comportamento - Exemplar e a medalha comemorativa das DO GENERAL SPINOLA Expedições a Moçambique.

O capitão-cle·fragata Antbnio Alva Rosa ÀS FORCAS ARMADAS Coutinho tem 48 anos e alistou-se em - Seterrilro de 1944 na Marinhâ. Entre os Na manhã de sexta-feira, 26 de Abril, o general António de Spínola postos que ocupou conta-se o de comandante do N. R. P. "Almirante Pereira dirigiu a seguinte mensagem ãs Forças Armadas: oo Silva". cavaleiro da Ordem de Avis e " Aos bravos mil itares dos três ramos das Forças Armadas, expresso o comendador da grã-cruz da Ordem do meu agradecimento por mais este sublime acto de patriotismo, a juntar 1mpério, o capitão-de-fragata Rosa Coutinho a tantos outros praticados na defesa do Ultramar português, e ainda foi pro movido ao actual posto em pela exemplar disciplina e alta eficiência demonstradas no cumprimento Dezembro de 1962. da transcendente missão de que fo ram incumbidos a bem da Pátria. O capitão-de-mar-e-guerra José Baptiste Bem hajam. Pinheiro Azevedo, um dos dois elementos da Viva Portugal. Marinha que pertencem ã Junta de Salvação Nacional, teve, na sua carreira, entre muitos António de Splnola carg0s de relevância. o de comandante da Força de Fuzileiros do Continente. General Contando actualmente 57 anos, foi

22 3/ V/ 74-cV. M.• Salvação Nacional, em 25 de Abril de 1974. OS PRIMEIROS Publique-se em "D iârio do Governo". O Presidente da Junta de Salvação Nacional, António Sebastião Ribeiro de DIPLOMAS Spínola.

A Junta de Salvação Nacional enviou passem e ser exercidos pela Junta de O segundo decreto-lei para a Imprensa Nacional-Casa da Moeda Salvação Nacional. as primeiras disposições legais - uma lei Art. 3 Este diploma entra Tendo a Junta de Salvação Nacional e decretos-leis - com data de 25 de imediatamente em vigor. assumido os poderes legislativos que • Abril. O texto da lei é o seguinte: Visto e aprovado pela Junta de competem ao Governo, decreta, para "O programa do Movimento das Salvação Nacional, em 25 de Abril de valer como lei, o seguinte: Forças Armadas Portuguesas prevê a 1974. Art. 1 . Número 1 São destituição imediata do Presidente da Publique-se em "Di6rio do Governo" exonerados das funções os governadores República e do actual Governo, a para ser publicado em todos os boletins civis do continente e ilhas adjacentes, dissolução da Assembleia Nacional e do em Estados e províncias ultramarinas. bem como os substitutos. Conselho de Estado. Número 2 - Até serem efectuadas as Nestes termos, a Junta de Salvação O primeiro decreto-lei: novas nomeações, as atribuições dos Nacional decreta, para valer como lei governadores civis serão exercidas pelos constitucional, o seguinte: Tendo a Junta de Salvação Nacional secretários dos governos civis. A rtigo 1 Número 1 - ~ assumido os poderes legislativos que Art. 2 - Fica suspensa a competência destituído das funções de Presidente da competem ao Governo, decreta, para constante do Artigo 99, números 4 e 10 RepClblica o almirante Américo Deus valer como lei, o seguinte: do Estatuto dos Distritos Autónomos Rodrigues Thomaz. Art. 1 - Número 1 - São exonerados das Ilhas Adjacentes, aprovado pelo Número 2 - São exonerados das suas das suas funções os governadores-gerais Decreto-Lei número 36 459, de 4 de funções o Presidente do Conselho, dos Estados de Angola e Moçambique. Agosto de 1947, enquanto não forem prof. Marcello José das Neves Alves Número 2 - As atribuições prbprias nomeados os gov~nadores dos distritos. Caetano e os ministros, secretârios e dos governadores-gerais passam a ser Art. 3 Este diploma entra sub secretârtos de Estado do seu exercidas. internamente, pelos imediatamente em vigor. Gabinete. secretãrios-gerais dos respectivos Visto e aprovado pela Junta de Número 3 - A Assembleia Nacional e Estados. Salvação Nacional. o Conselho de Estado são dissolvidos. Art. 2 Este diploma entre O Presidente da Junta de Salvação Art. 2 - Os poderes atribu Idos aos imediatamente em vigor. Nacional, António Sebastião Ribeiro de • órgãos referidos no artigo anterior Visto e aprovado pele Junte de Spfnola.

A DISSOLUCAO DA ASSEMBLEIA NACIONAL Com o regim e dissolve-se. naturalmente, um dos seus órgãos de soberania: a Assembleia Nacional. Com • uma composição exclusivamente identificada com o Governo que a elegeu A Acção Nacional Popular, que sucedeu à União Nacional como órgão de apoio ao Governo - a Assembleia Nacional limitava-se a um papel de mandatâria da orientação governamental. A experiência que constituira a lesgislatura anterior e que correspondeu à acção desempenhada por um grupo de deputados conhecido pela "ala liberal" causara alguns calafrios ao Governo de Marcelo Caetano que nisso reconheceu um lapso do sistema em que pontificava. E por essa razão, a oponunidade de novas eleições (em Outubro do ano - passadol permitiu·lhe fis calizar a escolha dos elementos atrav6s das comissões da A.N.P. A maioria dos deputados que Os ex-Chefes do Estado e do Governo na A ssembleia Nacional

• V. M.a-3/V/74 constituira a chamada "ala liberal" a sessão. nada acho de melhor pwa dizer aparecer claramente à luz do dia, a fazer afirmara desde logo que não voltaria a a V. V. Exas. do q ue recordar-lhes uma ouvir a sua voz e a dar a sua colaboração e a candidatar-se, enquanto alguns deles, frase eterna: " Tal corno noutra terra e das massas populares e trabalhadoras que o como Sá Carneiro e Miller Guerra, deram noutras circunstincias, muita gente apoiam na solução dos problemas da nação público testemunho da sua posição face espera de nós q ue cumpramos o nosso portuguesa. ao b loqueamento de iniciativas dever." Nesta confiança, nesta certeza e 2 - O Partido Socialista. consciente das parlamentares, apresentando a renúncia na esperança que ma dita, marco sessão suas responsabilidades. solidariza-se com a dos respectivos mandatos. para amanhã, à hora regimental (261. 1uta do Povo Português e saúda o O Moviment o de 25de Abril tendo como ordem do dia a ordem do Movimento das Forças Armadas e a Junta de surpreendeu a Assembleia Nacional no dia da sessão de hoje (Av iso pr6vio sobre Salvação Nacional, como expressão desse momento em que se preparava para a formação profissional agrlcola). Está Movimento. retomar os trabalhos da fase derradeira encerrada a sessão." Considera que o cumprimento do da primeira sessão legislativa. Foi uma A sessão est aria efectivamente programa do M. F. A., entendido como um curtlssima sessão dramàtica. com a encerrada - e a Assembleia também. No conjunto de medidas que é indispensável presença de 39 deputados. "quorum" dia seguinte, ouvido o Conselho da levar à prática nesta fase de transição para a insuficiente. A.s Clltimas palavras do P residência. o ex-presidente do democracia, constitui um primeiro e Clltimo presidente de um Parlamento cuja ex-Parlamento cancelava a convocação importante passo na via que, sob o impulso configuração polltica datava de hà q uase da sessão marcada para o dia 26. Era o da luta das classes trabalhadoras, há·de cinquenta anos: Cl ltimo despacho do engenheiro Amaral conduzir à instauração no nosso pa ís de uma '' R esp ond e r am à chama da Ne to, do qual foram distribuídas democracia socialista 39 srs. deputados. Não há número para a fo tocópias pelos jornais. Quase todos, 3 - O Partido Socialista define como Assembleia funcionar em perlodo de como documento hinbrico. inseriram-no object ivos m ais urgentes da nação antos da ordem do dia. Antes de encerrar em fac·símile. portuguesa. além dos que jà constam do • programa do M. F. A.: ai O fim dos guerras coloniais. com imediato cessar-fogo e abertura de negociações com o Estado da Guiné-Bissau e DECRETO DA AMNISTIA os movimentos de libertação de Angola e 1 - Moçambique, na base do reconhecimento do direito dos respect1vos povos à DOS CRIMES POLITICOS autodeterminação e à independência; ''Tendo a Junta de Salvação Nacional nas suas funções, se o requererem, os b) Amnistia imediata para todos os q ue. assumido os poderes legislat ivos que servidores do Estado, militares e civis, que por imperativos de consciência, se recusaram competem ao Governo, decreta, para valer tenham sid o demitidos. reformados, a prestar serviço militar; como lei, o seguinte: a p osentados ou passados à reserva c) Libertação de todos os presos políticos Artigo 1 - Primeiro. São amnistiados os compulsivamente e separados do serviço por nas colónias; crimes pol lticos e as infracções disciplinares motivos de natureza pol itica. d) Direito de voto a partir dos 18 anos e da mesma naturela. Segundo. As expectativas legit imas de para os emigrantes; Segundo. Para o efeito do disposto neste promcção que não se efectivaram por efeito e) Eleições u rgentes por sufrágio • decreto-lei considera m-se crimes polít icos os de demissão, reforma, aposentação ou universal e democrático para as Juntas de de 1 i n idos no artigo trigésimo nono, passagem à reserva compulsiva e separacão Freguesia e Càmaras Municipais, como parágrafo ónico do Código Processo Penal, do serviço devem ser consideradas no acto condição prévia de eleições para a com inclusão dos cometidos contra a da reintegração. Assembleia Constituinte; segurança exterior e interior do Estado. A rtigo 3 Est e diploma eniroi f) Afastamento da vida política de todas Artigo 2 - Primeiro. Serão reintegrados imediatamente em vigor." • as pessoas que têm sido a expressão do regime deposto e sua substituição por cidadãos fi éis ao programa do M. F. A.; g) Luta contra o domínio dos monopólios. inteira liberdade de PRIMEIRO COMUNICADO I organização sindical e est udantil, acompanhada da liquidação do corpora11v1smo; DO PARTIDO SOCIALISTA hJ Estabeleci manto de relaçõe s diplomáticas com todos os países. "1 - O Partido Socialista, na primeira conforme se enuncia na sua Declaração de 4 - O Partido Socialista vai dar urgente e reunião do seu Conselho Directivo após o Princípios, elaborada na clandestinidade a ampla divulgação ao seu programa. que será d errubamento do regime fascista que que a ditadura o condenou. como às demais submetid o ao Congresso, organismo oprimia o povo português, realizada em o rganizações democráticas, e que se anexa a supremo, a convocar, perante o qual todos Lisboa, em 27 e 28 de Abril, analisou a este comunicado. os seus dirigentes deporão as funções que actual con1untura política. Deliberou o Conselho Directivo, em exercem. para que o Congresso decida em Essa reunião decorreu com a participação confirmação de deliben:.ção já anteriormente todas as matérias de orientação e de membros do interior, a que se juntaram tomada, por considerar que o programa do organização. Até lá, vai proceder a uma larga os do exterior hoje regressados do exllio. Movimento das Forças A rmadas campanha de recrutamento e de ligação à O Partido Socialista é a associação publicamente divulgado e o compromisso classe operária, com a abertura de sedes pollt ica dos portugueses que procura m na tomado perante ele pela Junta de Salvação públicas, publicação de imprensa própria, democracia socialista a solução dos Nacional garantem uma via para o angariação de fundos. reforço orgânico e a problemas nacionais e a resposta às restabelecimento da Democracia em realização de todas as demais tarefas e x igênc1as históricas do nosso tempo, Portugal, emergir dessa clandestinidade, para prementes desta hora

24 3/ V/ 74 -«V. M.» 5 - Finalmente. o ConselhO D1rectivo, na Manifestou também o seu repúdio por contribuiriam para a solução do problema sua reunião, proclamou o firme propósito de qualquer tratamento p referencia l. como conduziriam inevitavelmente a um prosseguir numa política de unidade ampla. re1v1 nd1cando como para si o pleno direito novo agravamento da situação económica, pela participação franca e dedicada dos seus de todos os partidos democráticos e social e política em Portugal. companheiros e amigos na C. D. E. e outras populares se organizarem e actuarem em O P<>vo português deve ser chamado a comissões do movimento democrático co nd1çõcs de perfeita normalidade. dizer a última palavra em relação à política a unitário, no movimento sindical, nas lutas Lisboa. 28 de Abril de 1974. O seguir num tão magno problema. dos trabalhadores e estudantis. no CONSELHO DIRECTIVO." • 5. A realização de eleições livres para movimento cooperativo e na Liga dos uma Assembleia Consti tu1nte será um passo Direitos do Homem. de capital importância para abrir um processo de transformações democráticas da sociedade portuguesa. Sob nenhum pretexto esse objectivo deve ser desvirtuado. i: equívoca a proclamação da Junta ao DOCUMENTO. anunciar, por um lado, eleições para uma • Assembleia Constituinte e, por outro lado, a eleição do Presidente do República. dando DO COMITE CENTRAL portanto já como aprovada determinada disposição constitucional que só a Assembleia poderá vir a decidir. DO PARTIDO COMUNISTA El eições livres terão de implicar uma lei elei torai democrática. um recenseamento 1. - O movimento mi litar que, no dia 25 fascista e de cumprir o mandato que lhe foi honesto controlado pelo povo. o direito de de Abril, depôs Américo Tomás e o governo co n f 1ado pelo Movimento das Forças act uação do.s partidos pollticos. as de Marcelo Caetano marca uma voragem na Armadas. liberdades de 1mprensa. de propaganda e de situação política portuguesa. O golpe militar O P . C. P. declara solenemente que reunião. e a fiscalização efectiva do acto culmina o agravamento da crise do regime. apoiará activamente como vitórias da luta elei toral. de que foram factores determinantes as popular todas as medidas concretas tomadas Na situação específica agora existente. a contradições e dificuldades internas, a luta para a liquidação do fascismo e a real melhor garantia para a realização de eleições do povo português e dos povos submetidos democratização da vida política portuguesa. realmente livres seria a constituição de um ao colonialismo portugués e a condenação e 3. O Movimento das Forças Armadas governo provisório com a representação de isolamento internacionais da política do proclamou na manhã do dia 25 e a Junta todas as forças e sectores políticos governo. O golpe militar é, ao mesmo Militar confirmou na sua proclamação da democráticos e liberais. O P. C. P. declara-se tempo. a expressão da adesão de parte noite de 25 para 26 ser seu propósito a pronto a assumir as responsabilidades importante das Forças Armadas às instauração das liberdades democráticas e a respectivas. reclamações democráticas fundamentais do realização de eleições livres. Trata-se de 6. O P. C. P. adverte contra quaisquer povo ponugués. Abrem·se reais perspectivas objectivos fundamentais, por que lutaram propósitos de discriminação ant1comun1sta. para que. num curto prazo, seja liquidada a sempre, sob a ditadura fascista. o P. C. P. e Não pode haver liberdade em Portugal sem a ditadura fascista. seja posto fim à guerra as forças democráticas e que têm o activo legalidade do P. C. P., principal força na luta colonial e seja instaurado em Portugal um apoio das mais amplas massas popula res. As contra a ditadura fascista durante dezenas reg ime democrático. promessas d evem transformar-se de anos da sua existência. luta na qual os O P. C. P. saúda calorosamente todos os rapidamente em actos. Alguns pensarão comunistas fizeram sacrifícios inigualados. militares que, no vitorioso Movimento das ainda ser possível substituir a d itadura Não pede tão-pouco realizar-se as profundas Forças Armadas. agiram e agem com a firme fascista por uma ditadura militar. i: transformações democráticas da sociedade determinação de que estes objecttvos sejam necessário impedir que tal projecto possa ser que os problemas nacionais impõem. sem a plenamente alcançados. levado por diante dei raudando as esperanças activa participação do P. C. P .• partindo do 2. O governo foi deposto. mas o regime do povo português e a vontade dos militares moviment o antifascista português. A fascista não foi ainda completamente quo corajosamente se levantaram para pôr legalidade do P. C. P. será o verdadeiro destruído. Continuam de p6 muitas das suas fim ao fascismo e restituir ao povo critério da instauração das liberdades instituições e instrumentos. As liberdades português as liberdades de que foi privado democráticas em Portugal. não foram ainda instauradas. Existe o perigo ao longo de quase meio século de ditadura. 7 . A liquidação da ditadura fascista, a de um contragolpe dos elementos mais 4. A guerra colonial portuguesa tornou-se instauração das liberdades, a realização de reaccionários. i: urgente, por um lado a um dos problemas centrais da situação eleições verdadeiramente ltvres exigem que. liquidação do Estado fascista e dos ninhos e políttca portuguesa. Tratando-se de um neste momento crucial, a classe operária. as forças de conspiração contra·revolucionária problema que interessa toda a Nação. o forças democráticas, a 1uventude, as massas e. por outro lado. a participação das forças primeiro passo é acabar de vez com a populares, tomando por um lado uma democráticas e das massas populares na vida interdição do seu debate público e abrir a atitude positiva em relação a quaisquer polltica e na obra de renovação necessária e possibilidade real de que todos os medidas da Junta Militar que vão ao possível no momento presente. portugueses possam expressar e defender encontro das reclamações populares, A completa dissolução da livremente a sua opinião. desenvolvam por outro lado a mais ampla P. 1. D. E./D. G. S. e de todas as suas O P. C. P. insiste em que urge abrir acção insistindo nas reclamações essenciais estruturas, a amnistia, a libertação dos negociações e pôr rapidamente fim à guerra do Movimento Democrático. presos pollticos e o regresso dos exilados. a colonial. no reconhecimento do direito à i: necessário mais que nunca reforçar a permissão imediata da livre actuação do 1med1ata e completa independência dos unidade na acção da classe operária, das Movimento Democrático, contam-se entre as povos submetidos ao colonialismo forças democráticas. da juventude, de todos provas imediatas das reais in tenções da pon uguês. Quaisquer projectos que visassem os antifascistas e anticolonialistas Junta de Salvação Nacional e do seu nianter. sob novas formas, a dominação propósito de pôr fim completo ao regime colonial portuguesa, não só não cV. M.•-3/ V/ 74 25 portugueses. t: também necessário e poss{vel imediatamente após a proclamação à Nação No cumprimento da Agenda dos forjar uma sólida união entre as forças da Junta de Salvação Nacional. feita pela trabalhos, a Assembleia fez a revisão papulares e os militares de sen1imen1os R. T. P., na noite de 25 para 26. regulamentar das actividades do ano democrát icos (ofi ciais. sargentos e Está ao alcance do povo portugués a transaC1o nos diversos sectores da vida da soldados). que intervieram numerosos no liquidação da d itadura, o fim da guerra a Igreja em plano nacional. e tomou várias movimento militar. Essa união será nas instauração de um regime democrático. Da resoluções que oportunamente serão dadas a condições presentes uma das mais sólidas unidade, da organização e da acção pronta e conhecer. garantias do liquidação linal do lascismo, da audaciosa de todos os democratas depende Fátima, 26 de Abril de 1974." instauração de um regime democrático em fundamentalmente que tais objectivos sejam Portugal, da paz, da defesa de independência alcançados. nacional. 26 de Abril de 1974 8. Fica assim claramente definida a posiçcio do P. C. P. em relação ao O Secretariado do Comité Central dn A nota do presidente da C. E. M. aos Movimento Militar de 25 de Abril, Partido Comunista Português. su periores regionais dos Institutos Religiosos • Missionários de Moçambique é do seguinte teor: ••A propósito dos úl t imos acontecimentos, que se desenrolaram entre EPISCOPADO SOLIDÃRIO nós depois da nossa última reunião. havida em Ouelimane, de 27 a 30 de Março último. NAM PULA pareceu-me que vos devia dirigir uma palavra COM O BISPO DE simples mas esclarecedora e significativa, ai nda que a possais julgar pouco explicita. Dois documentos da Igreja Católica de particular significado foram Esta palavra que vos dirijo é da minha simultaneamente d ivulgados a 26 de Abril. ou seja, no dia imediato à eclosão do única respo nsabilidadc, mas insere-se movimento que depôs o regime de Marcello Caetano. O primeiro comunicado é o naquela ideia aceite de diálogo que da assembleia plenária da Conferência Episcopal da Metrópole, no qual se prometemos en1re nós durante a reunião formulam votos de que o movimento vitorioso contribua para o bem da acima referida. sociedade po rtuguesa, na justiça, na reconciliação e no respeito p or todas as Eis. pois, quanto vos q uero dizer por pessoas. O documento não deixa de referi r as provações e sofrimentos dos bispos agora: de Moçambique e das Igrejas que lhes estão confiadas, exprimindo a sua 1. Entre os graves dewres que impendem 1 solidariedade com o bispo de Nampula, expulso de Moçambique pelo regime sobre os Bispos, conta-se a missão de levar deposto. os homens a amarem~ uns aos outros, na verdade e na justiça. No segundo documento, emanado da Conferência Episcopal de Moçambique, Onde fal ta o amor dos homens entre si, a contém-se a nota que o bispo de Quelimane, D. Francisco Teixeira, dirig iu, na Igreja está longe de ter cumprido a sua qual idade de presidente da mesma Conferência, aos superiores relig iosos missão, por não ter conseguido t ransmitir ao missionários de Moçambique, na qual se desaprovam as manifestações violentas coração de cada um a lei essencial do que tiveram como palco Nampula, Namaacha e Songo, acontecimentos em que Evangelho de Jesus. foram desacatados sacerdotes e missionários. Onde fal ta o amor dos homens entre si, Transcrevemos a seguir o texto recebido do Secretariado-Geral da Conferência Deus não eS1á presente. Episcopal da Metrópo le: Sobre vbs, Rev.mos Superiores Regionais, ião ligados ao serviço da Igreja nas "Os Bispos da Metrópole tiveram a sua florescentes, se verem privadas ela presença respect ivas dioceses, recai também a assembleia ordinária de Abril, em Fátima, de missionários que pastoralmente as responsabilidade de levar os homens, do dia 23 ao princípio da tarde do dia 26. assistem. Não lhes é indiferente também o qualquer que seja a sua condição ou cor, a No decurso dela ocorreram os sofrimento dos pastores da Igrej a de amarem-se mutuamente. acontecimentos de c<1rácter nacional que são Moçambique tão profundamente provada. 2. Qualquer manifestação de ódio ou do conhecimento público, os quais nilo Consequentemente, a Conferência violência, seja OJld e for e contra quem for, deixarão de ter fundas repercussões na vida Episcopal da Metrópole decidiu enviar um desagrada a Deus, e está contra a lei do povo de que têm a responsabilidade telegrama ao Presidente de Conferência fundamental do Evangelho de Cristo. pastoral. Episcopal de Moçambique, D. Francisco Por isso, não posso deixar de vos Nestas circunstãncias formulam o voto de Nunes Teixeira, Bispo de Ouelimane, comunicar que desaprovo, íntima e que tais acontecimentos contribuam para o expr imindo os seus sentimentos de profundamente, as manifestações violentas bem da sociedade portuguesa, na justiça, na comunhão eclesial e participação nas levadas a efeito ultimamente em Nampula, reconciliação e no respeito por todas as provações e sofrimentos dos Bispos de Namaacha e Songo e das quais. em alguma pessoas. Apelam para as virtudes cívicas dos Moçambique e das Igrejas que lhes estão medida, se fez eco a nossa Imprensa diária. católicos e de mais portugueses de boa confiadas. Continuo convencido de que as questões vontade. E rezam a Deus pelo povo de Tendo conhecimento de que se encontra entre homens sérios se devem resolver pelo Port ugal. na Metrópole o Bispo de Nampula, direito e pela razão, em diálogo franco e Na sua reuniilo começaram por D. Manuel Vieira Pinto, a Conferdncia leal. considerar os acontecimentos recentemente resolveu enviar dois dos seus membros ô sua 3. Devemos pedir e insistir perante os verificados na Igreja de Moçambique, a residência para lhe manifestar a sua amizade cristãos conscientes mais directamente complexidade dos mesmos e a informação fraterna e lhe dizer que os bispos da ligados aos acontecimentos que se esforcem deficiente e nem sempre exacta acerca deles Metrópole, fazendo~ eco da Nota do Bispo por criar um clim<1 de concórdia e paz, e difundida t anto no País como no de Ouelimane de 20 de Abril, lamentam as roguemos aos missionários que tentem por estrangeiro. Não lhes pode ser indiferente o dolorosas ocorrências que provocaram a sua todos os modos e meios ao seu alcance facto de tantas cristandades, até há pouco saída de Moçambique. congregar entre si todos os membros do

26 3/ V/ 74- cV. M.1t PoYO de Deus, levando-os à prática da justica não acorrentando nenhuma das partes a menos de 40 anos. Estou muito e do caridade cristã. pontos de vista privativos. emocionado. Estive na pnsao e ah J Mais vos digo que vou pedir às A nota do Ministério do Ultramar, de 16 obrigaram-me a confessar ser membro do autoridades que se esmerem por exigir de Abril corrente, não parece manter a Partido Comunista. Nada mais dissemos. O ordem e disciplina, porque os levantamentos imparcialidade e a independência que acima nosso partido tem heróis que não falam, populares deseducam os homens que podem se apresenta como atitude desejável e nobre como camaradas que estiveram 23 dias sem ser levados a crer que é lícito fazer justiça e, mesmo sem haver essa intenção, pode ser dormir, como Pedro Soares, Gervã.sio, pelas próprias mãos. causa de uma campanha de acusações contra Alvaro Cunhal (9 meses no segredo) e 4. Dewmos ter como norma o respeito a Hierarquia de Moçambique, acerca ela saíram magnificamente da prisão como pelas autoridades const1tu ídas, ainda que independência respeitosa, que sempre deve muitos outros. .. algum possa ou tenha razões para considerar existir entre os dois poderes. menos digno qualquer detentor de 5. Termino por pedir as vossas orações, Só nesse momento a Imprensa autoridade ("etiam d1scoh", como ensinou penitência e sacrifícios pelas igrejas locais de estrangeira identifica o seu interlocutor: São Paulol. Tete, Beira e Nampula, desprovidas de clero, F. G. - Chamo-me Francisco George (acentua. cuidadosamente, a diferença ent re Mas o respeito não pode impedir que se e esta última com o seu Bispo na Metrópole, o "g" e o "j" do habitual nome português. diga evengelicamente a verdade, deve ser para onde se retirou contra a vontade, e muito jovem e foi. ao que se diz, o principal mó t uo e de molde a não permitir envolvido que foi por um clima hostil que se organizador ela greve de enfermeiros ambiguidades que comprometam a desencadeara, talvez, não de todo assinalada hã semanas. nos hospitais)_ independência quer do Estado quer da esponta'lleamente. Igreja, que se devem defender por seus • JORGEN SCHEILMANN Tem meios específicos e próprias razões válidas. Ouehmane, 20 de Abril de 1974." responsabilidades directivas no Partido? FRANCISCO GEORGE - Não estou autorizado a referir as minhas responsabilidades. Digo que o Partido O PARTIDO COMUNISTA Comunista é eminentemente revolucionário. - - Não com bom6istas, mas porque a sua vanguarda são os operários, e porque é a sua E A SITUACAO POLITICA luta das democracias, cujo primeiro A suspensão imediata de todas as connosco. De resto, hoje, quando Mário objectivo é a conquista da abolição de operaçõei militarei em África e a abertura Soares e alguns democratas lamentaram a classes. de negociações com o Governo da República ausência de Alvaro Cunhal - que não JORGEN SCHEILMANN - Que pensa da Guiné-Bissau e com os movimentos de sabemos agora onde está - . vinte mil do Partido Socialista 7 libertação de Angola (M. P. L. A.) e de democratas aplaudiram vibrantemente a FRANCISCO GEORGE - !! um Partido Moçambique (FRELIMOI são dois dos proposta do regresso imediato do secretário sério, mas muito jovem, que não está po ntos defendidos num manifesto da do P. C. Português. Talvez o camarada situado entre as massas. Só hã um ano que comissão executiva do "comité" central do Alvoro Cunhal possa estar aqui no primeiro se define. Partido Comunista Português, dis tribufdo de Maio. A entrevista é momentaneamente com data de 25 de Abril. FRANÇOIS PELOU (da France Press, interrompida pela entrada de José Magro - Para além deste documento em que se ex-detido no Rio de Janeiro, por recusar 2 1 anos de prisão, em Caxias e Peniche. afi rma o apoio do P. C. a todas as medidas declarar os seus encontros com os grupos de Neste longo perlodo, é a terceira vez que imediatas que sejam tomadas no sentido da guerrilheiros urbanos que entrevistara) - enfrenta a liberdade: democracia, da paz e da independência S 1gni ficam estas declarações q ue tem JOSI! MAGRO - Digo que realmente nacional, assume particular significado uma confiança total na Junta de Salvação este momento é cheio de perspectivas e de entrevista que o dr. Francisco George, jovem Nacional? perigos. As próximas semanas são decisivas. médico e elemento daquela organização até FRANCISCO GEORGE - Penso que os Podemos vencer e podemos ser mortos. agora ilegal, concedeu ã rádio dinamarquesa, militares se confundem com povo, Os dois (e outros pre$1lntes) trocam por intermédio do seu director adjunto sobretudo os soldados. Trazem também abraços, légrimas mesmo, até. Jorgen Scheilmann. De certa maneira, flores encarnadas sobre os seus tanques. JORGEN SCHEILMANN - Mário Soares embora sucintamente, como afirma "O Note que não disse que os soldados são é, para si, acei1áve l como Seculo" - que a publicaria mesmo antes da comunistas, mas que o povo quer a primei ro·m inistro7 sua divulgação no estrangeiro - , trata-se de legalidade após os cinquenta a três anos de FRANCISCO GEORGE Penso que é uma autêntica tomada de posição do Partido clandestinidade do Partido Comunista. um problema a discutir entre os movimentos Comunista Português perante a actual Entre intervenções de camaradas democráticos. Penso que é um problema situação, que importa tomar pública e vizinhos, George acrescentava: diflcil e só nos pronunciaremos após uma divulgar. A transcrição da banda magnética é - Falo individualmente. O primeiro análise profunda. A primeira função do a seguir apresentada: secretário-geral do Partido Comunista P. C. é o dever de fazer análises. O P. C. lu ta FRANCISCO GEORGE - Pela primeira Português, que reestruturou o movimento, pelo fim da guerra colonial e apoia os vez desde 1956, o Partido Comunista está Bento Gonçalves, morreu no Tarrafal, que movimentos do M. P. L. A., da Frelimo e da presente a uma reunião deste género com era um campo de concentração fascista ao República da Guiné-Bissau, ocupada pelas uma delegação de que fazem parte José serviço dos traidores salazaristas. Após a forças fascistas portuguesas, mas já Magro (21 anos de prisão, libertado apenas morte de Bento Gonçalves foi eleito o libertada. Penso que estou seguro daquilo ontem), Rogério Carvalho ( 15 anos de camarada Alvaro Cunhal. Penso que o P. C. que digo, mas faço a pergunta ao camarada cárcere) e o cama rada clandestino é a única organização em Ponugal Magro. Bernardino. Acentuemos que outras verdadeiramente representativa das forças JOSI! MAGRO - Absolutamente! delegações presentes aplaudiram de maneira antifascistas. Os operários, os primeiros JORGEN SCHEI LMAN'N - Receia os expressiva a nossa delegoçiio. Considero entre todos, representam 50 por cento dos gnupúsculos da extrema-esquerda? estes aplausos como um acontecimento seus efectivos, vinte por cento são mulheres histórico, a demonstrar que o povo está e sessenta por cento dos militantes têm

cV. M.•-2/ V/ 74 27 FRANCISCO GEORGE Aqui, a e xtrema-esquerda faz o jogo da extrema-d iretta .. . J. S. - Um pnmeoto de Maio maoista.. . Mas eu falei de grupúsculos... FRANCISCO GEORGE - Quanto ao primeiro de Maio n;)o tenho receio, porque eles são muito poucos... De resto, ontem, vinte mil democratas cantaram o hino nacional, que é um hino quase revolucionário, pois foi ele que fez a revolução de 1910, e os 1ro1sk1stas cantaram contra nós, mas as massas populares não es11veram de Jcordo com eles. Creio que o Partido Comunista de Lisboa publicou um comunicado em que se diz: "!: preciso muita vigilância contra a extrema-esquerda e a e xtrema-direita." J. S. - Co mo pode o Partido Comunista colaborar com a Junta Militar' FRANCISCO GEORGE - Não é com a Junta que estamos. E com o seu programa, que é um programa de esquerda. Os pontos essenciais são as nossas reivindicações desde há 50 anos. embora possa dizer que o problema colonial está excluído. OUTRO INTERVENIENTE NÃO IDENTIFICADO O programa d as Forças Armadas é uma co isa e a Junta outra... J. S. - Cooperação com os outros elementos da oposição tradicional? OUTRO NÃO IDENTIFICADO - Sim. Constituir um grupo alargado que será a C. D. E. . com os soc1olistas. comunistas, católicos e outros. Todos os elementos da D~NCIA luta antifascista. CORRESPON AMIGÁVEL FRANCISCO GEORGE - Todos os com Jo~s senhoras e senhores cm todo o mundo Ill!onno.ções e 150 tot.og:ro!l~ g:rãtls. · comunistas em Portugal devem afirmar-se. Hermes. Bcrlln. 11. Boz 17 / 6. A lemanha Eu estive na U. R. S. S . este ano. Posso dizer que a ·u. R. S. S. é um país livre, um pais socialista, um país admirável. Amo Portugal e a U. R. S. S. •

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32 3/ V/ 74-cV. M.» .. Não sei como, encontro-me no co1 redor, que pudesse vir a acontecer, de urna maneira 11 tal como o v1z1nho do lado, o Orlando que compensou em muito, o facto de não 0 25 DE ABRIL" Gonçalves, do "N. A.", e o Sérgio R1be1ro, e ter podido acompanhar de perto o o Tengarrinha e o Sena Lopes e todos os desenrolar do golpe militar que restabeleceu ( Continuado da pdg. 16) outros que se encontravam no corredor. E em Portugal as liberdades fundamentais, vieram os abraços e (porque não d1zé·IO). as afinal momento par que sempre lutara. ao reduto sul. onde decorro.im os 1..grimas. Abraçados ainda, chegârnos ao Percorridos os primeiros metros de interrogatórios) pátio, onde outros camaradas iá se estrada, jd fora da prisão de Caxias, passada Depois comecei a reparar no vaivém encontravam ou iam chegando a pouco e a barreira dos fuzileiros navais que constante do Trtumph do dircc1or da prisão, p ouco. e foram mais abraços e mais efusivamente nos saudaram. abriram-se alas e ainda três au1om6vc1s que, vindos do ágrimas E foi muna alegria que nem a de povo, dos que tinham esperado aquele reduto sul, p;issloc1dadc not ic1a de que teríamos de reqressar às celas, momento durante muitas horas, e que nos frente a prisJo. Havia 1:1·tt1mcnte qualqul!r porque ainda havia problemas a resolver. iria aclamarom, beijaram e abraçaram. não a coisa de estranho a ncon1cccr algures, mas roubar mim propriamente d ito, mas à vitória que não serio m cr.nomentc os gu.irdas a Agora, embora ainda 1solodos (estivemos par,1 todos nós representava o preso informar-nos Esses n';int1nham-se quedos e assim as primeiras horas de esperai, Já nJo poli11co, que neste caso era eu, estar ali nas mudos Mas a mensogem viria até nós, era a angústia ou o receio que sentíamos, era circunstâncias cm que estava. Era a transm111da pelo "claxon" de um automóvel antes a 1mpac1ênc1a de saber se vivíamos ou liberdade! Não a minha, mas de todos. dos que, e1n c6d190 n1orse .1nunciava "!JOlpc de não um sonho. Foi um dia que custou a que saiam de Caxias. como os de que ali Estado en1 Lisboa" Frase !..icónica que niio passar, este 26 de Abril. Para nós e para a estavam fisicamente ou em pensamento. podia acaln,ar quem estJva ali dentro, tal multidão que lâ fora esperava por nós, Ero. afinal, a confirmação de que "o Povo como os acenos de um g1upo do 1ovons de exigindo a nossa libertação. cantando, e que unido jamais será vencido". um bairro de lata, mesmo em 1rente ao assim se manteve de pé firme, até que o E. digo·o sinceramente, não sei o que • presidio, nos faz1a1n Sun, porque um golpe último de entre nós abandonou aquela casa mais n1c emocionou naquele momento, se o de Estado poderia vir de qucleriamos vir a ser tomados como reféns. os portugueses. chorava, chorava ainda mais do que eu! • ou, pior, a ser vitimas de represálias? Mas s .. 1 de Caxias, como nunca 11nha sonhado que podl'amos faier7 Aguardar. mas angustiadamente. Não hOuve recreio nesse dia como não MÁRIO SOARES haveria a v1s11a do encarre

para escapar à guerta colonial" e aos "2 milhões de trabalhadores que abandonaram a sua terra por não terem cond oções humanas para nela viverem". A terminar, fez um apelo à unidade: "Camaradas: temos muito que fazer na tarefa de reconstrução da nossa Pátria. Ternos de conseguir que a riqueza sej a distrobufda entre q uem trabalha i; 1nd1spensável dar ao mundo uma imagem de responsabilidade, de unidade e ri• d iscop i ona." • ''ACELERAR A DESMONTAGEM DO REGIME FASCISTA''

A cons11 tu1çJo do Governo Provisório 101 Os 1ornahstas não assistiram ao encontr• Movimento Democrático Português, o um dos pontos mais importantes tratados no mas. pouco depois, os representantes do Partido Comunista Ponugués, o Partido encontro que o general António de Sponola M. O. P deram uma conferência de Socialista Português e os cristãos presidente da Junta de Salvação Nacional. Imprensa. na qual o d r Lino Lima comecou anti-fascistas'' teve com representantes do Movimento por dizer que o encontro fora " muito Por outro lado. e "no 1n1u110 de impedir Oemocrát oco Português, na úl11ma cordoai". O general Spfnola leu o que as forças reacc1on;1rias pratiquem cromes segunda-feira. Estiveram presentes: memorando e informou os democratas de contra a sociedade democrática que se Francisco Pereira de Moura. econonllsta; que a Junta de Salvação Nacional iria deseia onstaurilr t> cornctam Jtentados contra José Tengarrinha, escritor: Lino Lima, apressar a const1tu 1çiio do Governo :1 segurança cio povo µort uguês", dese1a·se . advogado; Horácio Guimarães, técnico de Provisório, no qual apenas as pastas mo inares "a provação 1mad1ata da liberdade do desenho, Álvaro Monteiro, agente técnico; serão entregues a militares. Salientou que a e x -presidente da Repúbl ica, do Carlos Fraoão, estudante. Junta não q uer tomar posições polft oc;is e ex-presidente do Conselho de Ministros; Em memorando que foi entregue ao que estas pertencerão ao Governo a provação imediata de 1oberd ade de todos general Spínola, assinalava-se que "é Provosôroo O general Spfnola disse também os agentes da P 1. D E.'D. G S .• 1mper1oso acelerar a aclopcão de medidas que apenas o Governo Provisório poderá a apreensão de todo o material bélico da conducentes à 1nst1tuc1onalização de um criar condições para eleições livres cm que P. 1. D. E.to . G. S.. Legião Portuguesa e reg ime democrático" e que "é 1nd1spenS ex-membros do Governo; para tanto seia nomeada uma Comissão de lnquéritc Logo que assumiu a presidência d.i Junta - Houve algum loco de resisténci.1 ;i• "ad hoc.. const11uida por juristas dr de Salvação Nacional, o general Sp1'nola deu Forças Armadas? reconhecida probtdade, competência a sua primeira conferencia de 1niprensa . - Creio que não. Se houve alguns 1i1os isenção" Outra se lhe seguiria, mas esta foram esporádicos. Acções de fogo não part1culormente dirigida aos directores dos houve. COMISSÀO CENTRAL DO 1\1. O. P. 1ornais Em ambas se fizeram, contudo, - Quer o Presidente dizer algo para afirniações do maior significado para o Espanha, que vive neste momento em O documento que 101 entregue ao general conhecimento das linhas programá11cas do grande expectativa, ante os acontecimentos Ant ônio de Spin ola saiu de uma reunião Movimento. Registamos a seguir o que foi que se estão desenrolando em Portugal? ,1mpla do Mov1men10 Democrá11co esse p11meiro contacto com os órgãos da - Creio bem que a nova orientação que Português. em que part1c1p<1ran1 Informação foi imprimida ô política portuguesa mu110 representantes dos 18 distritos do - Qual é a poliuca que Portugal vai f,icilitará as relações de Portugal com a Continente e Ilhas Ad1acen1es. Na mesm.1 seguir de agora em citante em relação às Espanha. colónias do Ultramar7 reunião, foi eleita uma comissão provisória - Obrigado, sr. Presidente. - ~ a política que for del1n1da pelo daquele Movimento, cons111uid.1 por Algumas perguntas de 1ornalistns consenso do Pa 1's. Francisco Pereira de Loura (economista). portugueses e correspondentes estrangeiros. - Que foi feito do ex-presidente Américo José Tengarrinha (escritorl, Pedro Coelho - Está a ser dada alguma dtrectn.t aos Tomás e Marcelo Caetano> (engenheiro qu im1col, Modesto Navarro governos do Ultramar? (publicttáriol, Carlos Carvalho loper

LfDER : O l\10Vll\1ENTO CO LECTIVO DAS FORÇAS ARMADAS O general António de Sp/nola, durante a su<1 pri111l•1ra conferência de Imprensa, - Tudo leva a crer que sun. como presidente da Junta de Salvação Nacional. A seu lado, o general Costa - Podemos saber o nome do líder du Gomes Movimento? deixar de agor com formeza e 1ntrans1gtlnci.1 novo espinto dentro dessa loberdade. Sen1, Ai está uma pergunta de resposta e1n tudo quanto ultrapasse as man1fes1açõe' todavia, querer 1nfluenc1ar a onentação que mu110 dillc1I Não sei. ~ o Movimento colec11vo das Forços Armadas de alegria do povo. cada jornal entende dever tomar, o general V. E xa. pensa estllbelecer algum A evolução do Mundo - Segundo o António de Spínola (por o considerar um cont act o, neste momento, com os general Spinola, está-se ainda numa hora de ponto importante) não hesitou em fazer um movimentos de guerrilha? evolução - numa hora d1fic1I do rasgar de pedido. - Neste momento não. novos horizontes Afirmando que o Pais Estamos num momento d1fictl, a seguor - Qual é a sua posição relativamente ao viveu longos anos dentro de um regime que JO Movi1ncnto, que. pelo facto de ser um problema da emigração? cnou determinado clima de carência de M ov1mento que surgiu da vontade da - Por enquanto o problema está em conscienciahzacão da grande m.1ssa d .1 1na1oria do Pais, só foi possível levar a efeito auscultação. Nação. considera que a situação presente se sem um uro porque foi galvanizado pela - E em relação aos refugiados políticos. à vinda de refugiados políticos para traduz na necessidade premente de evoluç<10 vontade das Forças Armadas em Ponugal? no sen 11do de se encontrarem novas representação do País i; natural que o povo - Serão abrangidos, evidentemente, pelas fórmulas de evolução que se a1ustem ao dê largas à sua alegna e 1mpõe·se enfrentar o medidas a que há pouco n10 1efcr1 n1undo em que vivemos. como únoc:a forn1a mon1en10 d1f ic1I de urn povo que não está - Desde a vinda do capitão Sarmento de se manter a unidade da Pátna e de se consc1enc1al11ado Tem de haver um Pimentel e outros 1ransm111r às gerações vindou1as o Portugal trabalho profundo de consc1enc1ahzação - - Sun. que herdámos e, também, con10 única form.J proclJ1nou dentro de um programa que - Mais urna pergunta, sr General· qual a de não se desmerecer do eslorço do 1>assado vai ser p0s10 em prá11ca progressivamente. O sua posição ern relação às comp;inhias e do sangue generosamente derramado pelo p.1pel dil 1n1p1 ensa deverá sei. segundo o seu multinacionais? ped1ffo, etc c;ilma, ri!! serenidade Serão problemas sobre os quais nos povo português ao longo da nossa h1s1óroa e, oremos debruçar. n;i época presente, no Uhramar Na sequência da sua exposição, o general Suprimir a den1a9ogia - Ao ponderar o Spinol;i citou um lnc10 ocorrido na véspera, caso da ln1prensa. o general Spinol<1 rrisou i noite, durante a libertação dos presos " NÃO CONSENTIR dois pontos fundamentais: Lei de Imprensa, polit1cos. Essa 1de1a da hbertdção estivera NA FORMAÇÃO DE REG IMES que vai ser revista e que. no ca1npo presente ctesde a pnmeora hora. Procedeu-se, AUTORITÁRIOS" imediato. já viu concre11zada a ;ibollção da claro. a uma averiguação sumária para Censura E apontou. então, um aspecto: a f11st1ngu1r aquelrs que defendiam 1deolog1as Os p rincípios essenciais do prog r;J1na alta responsab1ltdade con1 que a ln1prensa, daqueles que unham pra11cado actos que os político do Movimento das Forças Armadas fundamcntalnlCnte as d orecções dos jornais, 1n1b1an1 de scr1?m consíder< ecuç5o .1 curto pralo, tem o cuidado muito diferente: há uma carência mutto poderes 1udic1a1s de separar as Forças Arrl'léldas e o Governo, grande de elites. Tem de se preparar a curto Esta evolução só se pode reahlar nesta em ordem a que não fique no esp1nto de prazo a Nação para acenar novas fórmulas. hora critica - Jcentuou ainda - sob uma quem quer que scia "queremos dar No Ultramar importa acelerar o processo mão muito forte, muito firme e sem conttnu1dadc ;i um rr91mr nutorttário" E para que ele possa autodeterm1nar-se, mas abdicação de autoridade de espécie alguma. af111nou "está no e~pi1ito cl.1 Junta n;io sob a bandeira portuguesa Esse é o nosso Senão corre·se o risco de se terem de tomar consentir a 1ns1 ,1u ração de reg11nes objcctivo - disse mrd1do s que seriam a negação dos autoritários. quer de direita quer da L ib crdadc e responsabilidade Ao prop6s11os do Mov1n1en 10 . • esquerda." apontar a necessidade de se encont1are1n Após afirrnar que o Junta descia respeitar os p11ncip1o s puros <ército, acabando por ser dominados. que, quando. na Guiné, defendeu " movimento m11ttar que contou com -:i Houve cerca de 40 mortos e 250 prisões. autodeterminação do povo. isso causou cumplicidade de diversas tendênc1Js, Em 1934. eclode uma greve geral. certas reacções, que não pormenorizou do monárquicas e republicanas, que em breve acompanh,1da de acções de violência Governo P,1r 1 a Junta ;unodt'1rrm1nação f' iriam ser esmagadas por Salazar e o regime revoluc1onárta, que tém a sua expressão mais o direi 'O que todo o povo tem de ltvri!mentr 1nstaurado em torno da sua pessoa ("Quem importante na Marinha Grande. O Governo escolher o seu desuno t.1as entendi. que esse vive'" - "Portugal. Portugal, Portug:il" acusou todos os grevistas de sed1c;ão povo precisa de estar consc1enc1alizado e de ' Quem manda' " - "Sa1c1zar, S,1lalar, revoluc1on,ir1a. depois de massacrar o atingir determinado n1vel cultura,. senão Salazar"), registaram-se diversas tentai 1v;is, "Soviete" da Marinha Grande Foram acabarão por serem tercctros a determinar o todas elas malogradas. para derrubar o efectuados numerosos julgamentos mais que seu desuno regime. sumários. seguidos de fuz11amen10, e Rerenndo-se. J1nd.1, à SUJ pJss.igem pelo A 3 de Feveretro de 1927. verificou-se encher.im-sc os campos de concentração. Governo d.i Guiné. recordou o generJI um movimento milttar. eclodido no Porto. f: 1n 1936, do s barcos de guerra Sp1nola que defendeu entao, per.1nte que se alargou até Lisboa. e que publicou pretenden1 SJtr do Te10 para se juntarem às estrangeiros. que um plebiscno na altura lhe um manifesto assinado pelo ')eneral Gast:io forças republ 1c.inas espanholas. que sena favorável sem qualquer dúvida Mas, Dias. seu chefe militar. por Jaime Mor11s, combatiam contra as tropas 1nsurrectas de acrescentou, não sena sério pois não brotava Ja1nie Cortesão. Sarmento Pirncntel e João Franco Mas a tentativa gorou-se. Os dois de um povo suf1c1entcmentl:' Carvalho. O movimento 101 dominado a 7 de navios foram bombardeados. consc1enc1aliladO Tan1ht!m n.io nceitoria Fevereiro.

• V. M.» - 3/ V/ 74 37 Em 1937, verifica-se um atentado bombista a Salaza r. que fal ha, recebendo o ditador fel1c 11ações de Mussolini e Hitler par ter escapado incólume. Está-se então em pleno período negro do fascismo p0nuguês Qualquer re1v1nd1cação podia trazer graves consequências para os seus autores. Brandindo o espectro do comu n1smo, um "terror branco". pan1cularmente cobarde e mesquinho, ceva o país. São os anos da guerra de Espanha, seguidos de 1med1a10 pela eclosão da segunda guerra mundial. Só em 1946 se verifica nova tentativa de derrubamento militar do Governo, aliás sem consequências nem releváncia i: a revolta da flllealhada, que consist iu na sarda ele uma única coluna do Reg11nento de Cavalaria 6, aquanelada no Porto Esta coluna 101 i nterceptada perto da Mealhada pouco Urn dos tílcimos encontros do ex-Presidente da República corn Marcelo Caetano depois. O seu principal responsável, ao que e 1ne1nbros do seu governo. Ao centro, vê-se u11nbé1n o dr Afonso Marchueta, parece um "bode expiatório" de patentes ex-governador civil de Lisboa mais elevadas, foi o tenente Oueoroga Chaves. No rescaldo das eleições de 1958 Beja, cm 1 de Janeiro de 1962. O Em A bril de 1947, o Pa1's ton1.1 regista-se o chamado Movimento Mihtc1r 1mpu ls1on,1dor mais destacado do conhecimento da demissão elas suas funções Independente. que realiza uma tentai i • ·Ir nov1mento 101 o capitão Varela Gomes de diversos militares superiores e professores sub 1evação em Lisboa. Foram det1clo: 1•r1do e detido O movimento, dep0is de universitários que estariam envolvidos numa nomeadamente Manuel Serra e o maJO• roca de uros em que perderam a vida con1ura cujos efeitos (greves. etc) se fizeram Calafate quatrQ homens. entre os quais o então sentir sobretudo na região de Tomar. No Seguem-se dois actos espectaculares subsecretário do E xérc1to, foi dominado por ano seguinte. com outras patentes. é detido empreendidos pelo capitão Hcnriqur forças de !:vora e Estremoz. Os implicados o almirante Mendes Cabeç;ldas - um dos Galvão, outro dissidente do regime. que. n5o seriam JUigados ao fim de um longo período "autores" do 28 de Maio - acusado da sendo propriamente tentativas verosímeis de (ilegall de espera. em 1964 organização de nova con1ura derrubamento imediato do . Como prelúdio ao movimento que na Tent a ti vas não propriament e mobiliLaroam as atenções gerais Trata-se do scm.in.i p;isscldo derrubou o regime. deve revolucionárias que cumpre assinalar s5o a assalto ao paquete "Santa ll.1aroa", em 1961. ci tar-se finalmente o dia 16 de Marco de candidatura à pres1déncia da República do e da posterior ocupação de um avião da 1974. cm que uma companhia do R. 1. 5. prof. Rui Luís Gomes e. mais tarde, em TAP, que voava de Casablanca para Lisboa l' aquanclada cm Caldas da Rainha. se dirigiu 1958, do general Humberto Delg3do (saído que lançou panfletos sobre a cap1t:il, sobre Lisboa. tendo sido interceptada à das fileiras do regime) e do dr Arlindo Barreiro. Beja e Faro. entrada da cap11al Pela mesma al1ura, Vicente (que desistiria cm favor do A última grande tentativa democrática. venf1car·se·1a. enire outras, a pnsão do primeiro). que se opôem .ia cand1ela10 em que estiveram implicados elementos do tenente-coronel Almeida Bruno. ao que governamental, almirante Américo Tomás, E xérc110. para derubar o fascismo parece um dos mais destacados arqu11cctos pelo qual Salazar vai substituir o marechal português. foi a do assalto ao quartel de do 25 de Abril Craveiro Lopes, que, tendo decidido. ao que • parece, e xercer cfectivamente os suns funções de chefe de Estado, perdera a sua confiança. A campanha elo general Humbeno Delgado foi ocasião de diversas manifestações populares, de uma amplitude até então 1néd11a, que f 1zeram tremer o regime. Este, só mediante uma violação s istemática da sua própria legalidade, recorrendo à maior brutalidade p0lic1al, logrou controlar a situação Depois, a eleição do chefe de Estado, para prevenir situações similares. deixou de ser feita por sufrágio universal e dorecto. Estas foram as últimas eleições pres1denc1a1s que uveram mais do que um candidato, o almorante Américo Tomás Anos depois. conforme é sabido, o general Humberto Delgado sena assassinado. segundo se JUiga, pela P 1 D. E. em Espanha l p ró x imo de B..daJOZI. depois de ter passado, no ex ilio, à oposição armada ao regime. 1 38 O 25 de Abril fez-se directamente contra os epígonos salazarentos - expressão cunhada nos últimos dias e já consagrada - que, a partir de Setembro de 1968, passaram a governar o País. Como é do conhecimento geral, nos dias que mediaram entre a notícia da doença de Salazar e a designação de l\1arcelo Caetano para a chefia do Governo, Portugal viveu horas de incerta esperança e ansiedade. Dias espcrancívagos, de homens esperancívagos (na expressão de Héli a Correia), eis os adjectivos que melhor caracterizam desde o início o novo período da vida do regime. Se a d itadura salazarista se tornara odiosa, é certo também q ue quase todos éramos levados a confundi-la, se não intelectual ao menos afect ivamente, com a pessoa de Salazar. E, fosse quem fosse o seu substituto, pensava-se que uma "liberalização" seri a inevitável. Foi assim que a liberalização, palavra-chave dos primeiros tempos do agora extinto mandato de Marcelo Caetano, foi posta à disposição do regime pela fraqueza ideológica, pela despolitização abissal, pelo esperancívago terror difuso d e um pa ís q ue vivia, há 42 anos, em regime de quase ocupação, agravado por uma guerra sangrenta em Africa em que, como é de lei em tais si tuações, nem sempre era possível às vítimas objectivas do fascismo português distinguirem, no espelho da sua consciência social, o seu próprio rosto do dos governantes "renovados". Os que procuravam o que fazer, os que tentavam saber que fazer e não sabiam. escutava1n as emissões radiofónicas da BBC em 1íngua portuguesa e, sobretudo, as emissoras dos movimentos políticos clandestinos que, a partir do estrangeiro (nomeadamente da Argélia). iam mais ou menos correctamente informando os seus ouvintes sobre aquilo que os seus pró prios meios de informação lhes não podiam dizer.

Quando o .. garboso com1s$ário dJ a qual. por força (dizia-sei do das Caldas da Rainha. Mocidade Portuguesa·· Marcelo Caetano foi condicionalismo histórico dos últimos anos, Mas, em 1 968 , ao sabor da designado para pr~ncher a vaga deixada teria de governar. Este mito manteve-se até · "liberalização" que lhe foi desde logo pelo caclélver pollt1co de Salazar. criou se sua queda. E, nos primeiros momentos do atribuid;i como programa. Marcelo Caetano uma espécie de ilusão colecuva que o falia 25 de Abril. muita gente se interrogava lançaria mão, logo no seu discurso de posse. passar por um quase libertador que. sobre quem estaria a vibrar o golpe contra de uma fórmula que caracterizaria toda a entregue a .. tarefas c1clóp1cas··, só não Marcelo Caetano - se essa extrema-direita demagogia do seu mandato: o .. crédito ao transformava o País numa democracia lantasmagórica. se o llllovimento das Forças Governo". Se se queria liberalização, se se parlamentar em vitude das pressões que. Annadas. que empr~ndera um mês antes a que o ia dcmocratíLação. diziam-nos, então sofreria de uma odiosa cxtrc1na dirc1tJ com sua primeira tentativa malograda, a panir

O último Governo de Salazar

• MOCIDADE PORTUGUESA Uma das corporizações do f,1sc1s1110

era necessário, a partir de algumas único na história do moderno direito e muito mais, que se torna impossível relerir d eclarações de "boas intenções" const1tuc1onal - a recusar uma proposta que aqui, laz1. parte do "viver habitualmente" singularmente mal definidas, dar como que lhe aumentava os poderes. por esta ser que Sal;l/ar quis impor ao Pais, o ceno é um cheque em branco ao Governo, para este contra a vontade suposta do ent:io que, com Marcelo Caet;ino, esta orientação continuar a exercer-se autoritariamente, Presidente do Conselho; se as armas das governamental só mudou substancialmente reforçando com a sua poli11ca económica, forças policiais foram os únicos num ponto a pretensão que o Governo social e mi luar, os aspectos mais odiosos da interlocutores d~s re1v1ndicacões dos passou 1 ter de incrementar a mistificação, dominação classista camponeses, operários e trabalhadores em tentando obter aval da conscoéncia popular Se, durante o tempo de Salazar. a histeria qcral deste país. se a P 1. D. E. utilizou para esta pol i11ca aberrante fascista de antes do segunda grande guerra se todos os métodos du violência como Mas as coisas não foram simples. Enl cevou impunemente nas ruas de Lisboa; se, profilaxia antidemocrática, e. sobretudo, piimeuo lugJr. a morte, primeiro política n\i11s tarde, durante o tempo do mesmo

40 3/ V/ 74 - «V. M .» País devia ser pobre, enquanto o cardeal No fim de 1968, o Instituto Superior cerejeira, o seu braço espiritual, lamentava Técnico é assaltado pela Policia, numa os tempos em que o analfabetismo demonstração de violência e num generalizado preservara a docilidade do povo desmen11do inequívoco das "intenções português perante a palavra de Deus que, na liberalizantes" de Marcelo Caetano. A boca do Estado Novo, era a palavra de todos Universidade Clássica de Lisboa e a os "legltimos superiores". "Eu sou um Universidade Técnica entram em greve e, até ruralL . .l", etc... ao fim do ano lectivo, embora sem greve de Mas os bastiões capitalistas do regime não exames generalizada, prosseguem uma luta podiam continuar a ser rurais e pobres e o desigual no seu ritmo contra o Governo. Há analfabetismo deixava de ser o espelho da uma intensa polémica de grupos de esquerda "bondade" popular. Já nos últimos anos da dentro do movimento estudantil. Estas política de Salazar, embora a luta contra "os confrontações continuarão até hoje, mas ventos da História" permanecesse o seu sendo certo que, a partir de 1968-1969, as ponto de honra, o regime tivera de começar orientações sociais-democratas - no sentido a modernizar-se ambfgua e impotentemente. em que sociais-democratas são o id eário Com Marcelo C a etano. o trabalhista britânico ou da social-democracia desenvolvimentismo económico torna-se o alemã, advogando a utilização para-exclusiva supremo valor, tomando o lugar da velha da luta legal, perderão o pé na direcção do mfstica de Fát ima. Es se movimento estudantil. d esenvolvimentismo, por outro lado, O movimento desencadeado em Lisboa, destinando-se embora nas suas orientações a prossegue em Coimbra, quando reflui na consolidar o sistema classista, pondo-o de capital. A história de todos estes acordo com o seu tempo, transformar·se·ia acontecimentos está por fazer e não é no e !emento ideológico catalisador da possfvcl improvisá-la (nem no plano da " liberalização" de Caetano. descrição, nem no plano da interpretação) Neste cl ima inicial, o Governo de Marcelo numa breve resenha histórica. Bastará dizer O Marechal Gomes da Costa, chefe do Caetano fará algumas concessões de fachada. que as "universidades a saque de um pais a "28 de Maio" Mário Soares regressa do seu exílio em saque", como foi então dito algures numa S. Tomé; o Governo promete uma reforma reunião estudantil de 1968, desencadeavam permitem compreender um pouco melhor as democrática da Educação e uma reforma uma contestação que tentava ir além do condições em que este acto eleitoral se administrativa, ao mesmo tempo que antifascismo tradicional e limitado que realizou. Do ponto de vista da oposição, anuncia "eleições livres" para a Assembleia caracterizara as não menos importantes lutas teve o mérito principal de ser ocasião para Nacional (em per iodo que seria de "revisão anteriores do Movimento Associativo. um ataque cerrado à política ultramarina constitucional") para Outubro de 1969. Em Outubro de 1969. eleições para empreendida pelos Governos de Salazar e Ent retant0, a partir dos fins de 1968, deputados. As referências anteriores ao de Marcelo Caetano relativamente à Africa. gera·se na Universidade Portuguesa uma movimento estudantil, por um lado, e aos Por outro lado, a oposição. que, nas efervescência extraordinária, cujas palavras rumos da política governamental, por outro, eleições anteriores, aparecera em bloco, de ordem até à actualidade se radicalizarão • progressiva mas abertamente, e que Salazar numa das suas primeiras aparições na cena pol/tica nacional depois do ultrapassará em muito as ambições dos dois "28 de Maio" grandes movimentos estudantis anteriores. 1962-1964. Houvera, meses atrás, o Maio 1968, em França . Corriam revoltas estudantis por toda a Europa. E explicitava-se assim, um dado sociológico fundamental dos últimos anos: a íntegração do movimento estudantil na vanguarda das lutas revolucionárias. i; o período em que, se por um lado, as contestações estudantis perdem algo da sua especif1c1dade e, entre nós e sobretudo em Coimbra, do seu folclore, elas se integram, ao mesmo tempo, num combate sem limites "a priori" nos seus objectivos, deixando expressamente de exigir a transformação das universidades, para fazerem delas um foco de acção permanente e "núcleo gerador parcial" de acções tendentes à liquidação do tradicional quadro institucional internacional. Em Portugal, o grande passo será a te matização, por parte do movimento · estudantil, não apenas do tema das 1ib erdades funda mentais, inscritas na Constitu iç ão e violadas pelas regulamentações na especialidade, mas da luta pelo socialismo e pelo fim da guerra de Africa.

•V. M.• - 3/ V/ 74 4 · • diversas vezes obrigaram o Governo a • encerrar a escola, com um aparato policial esmagador, para de algum modo "controlar" - a situação. Com todo o movimento estuda nt i 1, os alunos de Económicas contribufram assim decisivamente para desmascarar a "reforma" do Ensino, que o Governo apresentava ao Pars como prova de "boa vontade" sua e da "má-fé" estudantil, tentando ao mesmo tempo desviar o que em pane conseguia através da Censura e da calónia oficial, descentrar as reivindicações estudantis dos seus grandes novos temas: a questão ultramarina e a necessidade de uma luta popular contra os grande monopólios.

AS CONTRADIÇÕES INTERNAS

Não seria, porém, em torno do "modernizante" Ministério da Educação que se verificariam as principais contradições internas do bloco no Poder, que se manifestariam, sim, em torno da actuação parlamentar de alguns deputados embarcados na "liberalização" anunciada em 1968. Entre estes contam-se Pinto Leite, falecido num desastre de aviação na Guiné, Sá Carneiro, Magalhães Mota, Miller Guerra Salazar e o Marechal Carmona e José da Silva, entre outros menos destacados. A corrente "liberal", com surgiu cindida em dois grupos principais, a notar que a direita utilizava efeito, próxima em muitos pontos da C. O. E. e a C. E. U. O. Esta cisão, nem sistematicamente, para encobrir os seus imagem de marca dos partidos democráticos sempre clara nos seus pontos de ruptura, interesses, um chavão característico: "Não ou sociais-democratas da Europa Ocidental, verificou-se um pouco ao sabor do debate podemos permitir que os traidores (a experimentaria, na hora em que as máscaras que se travava então no seio da esquerda esquerda e a oposição em geral) assassinem da liberalização cafram, a hostilidade, por europeia. pelas costas os nossos soldados. que se vezes policial, do conjunto da Assembleia, Ourante o per(odo eleitoral, nenhum batem em África." A resposta exemplar a nomeadamente de deputados como outro movimento all!m dos citados esta demagegia foi dada pelo 25 de Abril, Casal· Ribeiro e Moura Ramos, que, com o conseguiu intervir visivelmente ao nível da em que os militares empreenderam a conluio da Mesa, que não se coibia de luta de massas. liquidação pol

42 3/ V/ 74 - cV. M.• O general Humberto Delgado, candidato oposicionista nas eleições presidenciais de 1958, que, pela grande adesão popular conseguida, obrigou o regime a intensificar os métodos repressivos para garantir a sua sobrevivência

O prof. Rui Luls Gomes~ em 1951, ao anunciar à sua candidatura à presidência da República (a seu lado, a eng. Virglnia de Moura)

definições precisas, dada a impossibilidade Nos tempos de Marcelo caetano, o caso das de apurar sequer uma plataforma cr(tica, "Três Mari as" é o mais conhecido. relativamente â ditadura, com uma Ao mesmo tempo que o regime procedia unívocidade operatória mlnima. a tal re baptizar das suas instituições. eram lançados apelos à "participação de todos os "LIBERALIZAÇÃO" portugueses de boa vontade" no "esforço comum", tentante sugerir que, na cena Vai procurar-se, seguidamente, definir política institucional, terá cabimento e alguns dos pontos em que se produziu o efectividade uma pluralidade de tendências e simulacro de "fíberalização" marcelista, a opções. O regime propunha o diálogo e seguir à substituição de Salazar. preparava-se para acusar a oposição de não o Trata·se, em suma. de toda uma série de aceitar. Foram, em suma, estas as promessas medidas demagógicas que foram aceites que iludiram os "líberais". Inclusivamente, credulamente por importantes sectores da os diversos desenvolvimentistas chegaram a população corno prova da boa vontade de transigências na sua "colaboração" que, em Alguns dos seus membros tomariam Marcelo Caetano. No essencial, estas. termos políticos objectivos, serviram de posição. no entanto. a propósito da medidas foram: a substituição do nome de apoio ao fascismo. Mas nem toda esta ''boa repressão exercida sobre iniciativas P. 1. O. E. por D. G. S. para a designação da vpntade"' pôde manter-se com o incremento elaboradas algures. Pode-se citar, por pol(cia pol(tica, cujas estruturas das acções repressivas dos recuos na exemplo, o caso da Capela do Rato. onde.' permaneceram intactas; a mesma operação · ·liberalização", da histeria que de 31 de Dezembro de 1972 para 1 de aplicada à União Nacional, que passou a progressivamente se foi tornando Janeiro de 1973, se realizou uma vigília de chamar-se Acção Nacional Popular, mas que predominante nos discursos de Marcelo católicos progressistas. destinada a alertar a em breve se revelari'! continuar a ser o Caetano - as "conversas em família". consciência cristã para a necessidade de pór mesmo partido único, hierarquizado cobro â guerra em Africa. pesadamente. que sempre fora; e, O AGRAVAMENTO DA Por ter partitipado na dita vigília. o finalmente, a promessa da extinção da SITUAÇÃO ULTRAMARINA prof. Francisco Pereira de Moura. Censura através da promulgação de uma lei E A CARESTIA DE VIDA ex-procurador à Câmara Corporativa, e que de Imprensa. Esta ú ltima prQrnessa em 1969 apareceu como dirigente no seio da traduziu-se, na prática, apenas pela mudança Entretanto, quer em virtude da actuação C. O. E.. seria afastado da docência no de nome da Comissão de Censura, que dos movimentos emancipalistas quer em 1. S. C. E. F. Outros funcionários públicos passou a chamar-se Exame Prévio, e por um presentes ao acto sofreriam semelhantes agravamento extremo da responsabilidade função d a evolução da situação consequências em virtude da sua tomada de criminal dos jornalistas, editores e escritores, internacional (nomeadamente o desaire do posição a respeito dos problemas nacionais. cuja liberdade não fora minimamente imperialismo norte-aroericano no embora esta tomada de posição não possa aumentada. Além d isso, se anteriormente os Vietname), a situação ultramarina ser qualificada de partidária nas formas de jornais e outras publicações periódicas agravava-se, traduzindo-se no luto de que se revestiu. ostentavam, na primeira página, um "Visado numerosas fam(fias portuguesas e num As contradições internas. como se prova. pela Comissão de Censura", do.ravante, nos descontentamento popular crescente à acabariam por redundar numa cisão, da qual termos da lei, ficavam pr<;> ibidos de fazer medida que os anos passavam. • resultou a formação de um grupo de qualquer alusão a existência do Exame Ao mesmo tempo, sobretudo nos últimos "liberais" que. nas vésperas das eleições de Pn!vio. tempos, formou-se um movimento de 1973, promoveria em Lisboa um encontro. Quanto às perseguições a escritores, elas repu Isa perante a forma desumana pela qual do qual não resultariam, uma vez mais, são sem fim na história do Estado Novo.

•V. M.»-3/ V/ 74 43 a guerra, sobretudo em Moçambique, estava a ser conduzida. Neste ambiente geral é que começaria a correr a possibilidade de um golpe militar, "chefiado pelo general Spínola". Mas, o que seria esse golpe eventual, sobre o qual muito se especulava, todos hesitavam, reticentes. Um princípio de clarificação só começou a surgir quando os comunicados do Movimento d as Forças Armadas passaram o ter maior divulgação, o que se verificou sobretudo dep0is da farsa eleitoral de Outubro d e 1973. Na verdada, as afeições de 1973, além da movimentação p0pular que, apesar de tudo, animaram, tiveram sobretudo o interesse de constituírem como que um novo marco na h 1 stória da o posição democrática, assinalando a reunião dos grup0s C. O. E. a C. E. U. O. na actual C. O. E. Também anteriormente, e parcialmente. ao menos, em vista do período eleitoral que se aproximava, se soubera que Mário Soares (se c retário-geral do Partido Socialista Pórtuguês) a Álvaro Cunhal (secretário-geral Salazar numa das últimas vezes que apareceu em público (votação nas eleições de do Partido Comunista Português) tinham 1969) chegado a acordo para uma actuação concertada a longo prazo. salazarismo nascente e logo monopolizador, A história das últimas eleições, que CONCLUSÕES que acabaria por se exercer contra figura.s consiste numa série de intervenções p0liciais eminenteS do 28 de Maio, incluindo, com a constantes em t o das as reun iõ es SUMÁRIAS excepção da Carmona, o marechal Gomes da democráticas, serviu, no entanto, para Costa a o almirante Mandes Cabeçadas. revalar a insegurança do Governo da De 191 O a 1926, foi surgindo e O Estado Novo teve de esmagar o caetano. consolidando-se t o d a uma rede de aguerrido movimento operário que lhe fez Pouco d epois, a intensificação manifesta organizações operárias e democráticas que, frente, mais IC.cida ou confusamente, d o Mo vimento d as Forças Armadas auto no mamente ou integradas em conforme os casos. O "soviete" da Marinha começaria a tornar-se patente, enquanto, nas movi me nt os heterogéneos, participaram Grande e a maneira brutal como foi universidades, se verificavam ocupações activamente na definição deste período. O reprimido, o assassinato de Catarina policiais permane ntes e prisões em massa (a perigo do socialismo era temido e Eufémia e o esmagamento dos camp0neses morte, já em 1972, de Ribeiro Santos); a a desencadeava já uma certa histeria em alentejanos de que ela se tornou símbolo, multiplicação das actividades de luta dos diversos grupos e dirigentes políticos trabalhadores (banc::!rios, metalC.rgicos, dos mais perto de nós a repressão exercida sobre burgueses na altura.em que se verificou o 28 as massas populares no período que se laniftcios, etc.I prosseguia, num desafio de Maio. A ditadura militar então instaurada seguiu e antecedeu as eleições presidenciais corajoso que veio a criar. ao longo dos anos, reunia aliás um naipe de tendéncias de 1958 e a fuzilaria contra os trabalhadores o terreno ideal para a convergência entre o c onservadoras que foram sendo Exército e as massas populares. sucessivamente eliminadas em proveito do • •

O últ imo Congresso da União O congresso da A. N. P. em Tomar Nacional, antecessora da A. N. P.

44 3/ V/ 74- •V. M.• regOJO• T.

1 de Pêro Pinheiro são outros tantos marcos vida, que ultimamente se faz senti r de d ificilmente impedida pelo regi me, apesar da opressão do fascismo ponuguêi. maneira panicularmente catastrófica. Por dos meios de que este dispunha. A eclosSo da guerra em África veio tornar outro lado, nestas condições económicas, Assim, neste momento, o programa do mais negro o quadro dos "possíveis" que uma legislação anti trabalhadores impedia o Movimento das Forças Armadas, que a apareciam como alternativas para o regi me. povo de lutar pelos seus direitos através dos "V.M" publica noutra parte, bem como as A propaganda governamental tentou fazer sindicatos. A duração do serviço mi litar, em d iversas declarações e o esclarecimento de desta guerra um motivo de "unidade" termos económicos, representava um posições ocorridos nos últimos dias contra o inimigo "comum". Mas são encargo dos mais pesados para as camadas interpretam, de facto, nas suas linhas gerais, conheci dos os efeitos desastrosos que ume populares, cuja emigração em proporções com justeza o descontentamento popular. guerra, sobretudo deste tipo, pode ter sobre gigantescas dá a medida da desumanidade de Se não interpreta as respectivas soluções, . ~ a consciência da população, tanto mais que uma s1tuaçao. isso é de louvar, pois se t rata da prova de tão depressa se falava de "desinteresse" no Por outro lado, a sumpt uosidade de uma que o Movimento se mantém dentro dos cum pr imento de uma "missão elite de " privilegiados", o nepotismo, a li mites que permitem defini-lo como civilizacional" como do "potencial corrupção, a especulação levavam o libertador. • económico do Ultramar". descontentamento às suas formas ültimas, Esta situação foi agravada pela carestia da sendo a sua manifestação cada vez mais P.R.S., A .F .M. e M.S.P.

COMUNICADOS HISTÓRICOS NO RADIO CLUBE PORTUGUES

Eram 4 e 30 da madrugada, quando o Tal confronto, além de desnecessériO, s6 li 1 Movimento das Forças Armadas, através dos pod erá conduzir e sérios prejuízos microfones do Rádio Clube Portugués, ind ividuais, que enlutariam e criariam Meia hora depois, ponanto às 5 e 15, o transmitiu o seu primeiro comunicado: divi sões entre os portugueses, o que há que Movimento das Forças Armadas dá a evitar a todo o custo. conhecer ao País o seu tercei ro comunicado: " As Forças Armadas portuguesas apelam Não obstante a expressa preocupação de para todos os habitantes da cidade de Lisboa não fazer co rrer a mínima gota de sangue de "Para que a gravidade da hora que no sentido de recolherem a suas casas, nas qualquer português, apelamos para o vivemos não seja t ristemente assinalada por quais se devem conservar com a máxima espíri to cívico e profissional da classe qualquer acidente pessoal, apelamos para o ca lma. médica, esperando a sua acorrllncia aos bom senso dos comandos das forças Esperamos sinceramente que a gravidade hospitais, a fim de prestar a sua event ual militarizadas, no sentido de serem evitados da hora que vivemos não seja tristemente colaboração, o q ue se deseja sinceremene confrontos com as Forças Armadas. Tal assonalada por qualquer acidente pessoal, desnecessário.·· confronto, além da desnecessário, só poderá para o que apelamos para o bom senso do conduzir a sérios preju lzos individuais que comando das fo rças militarizadas no sentido li enlutariam e criariam divisões entre os de serem evitados quaisquer confrontos com portugueses, o que há que evitar a todo o a~ Forças Armadas. Às 4 e 45, através dos microfones do custo. Não obstante a expressa preocupação mesmo emissor, é lid o o segundo de não fazer correr a mínima gota de sangue co municado, então do seguinte teor: de qualquer ponugués, apelamos para o • espírito cívico e profissional da classe "A t odos os elementos das forças médica, esperando a sua acorrência aos militarizadas e policiais q comando do hospitais a fim de prestar a sua eventual Movimento das Forças Armadas aconselha a colaboração, que se deseja si nceramente máxima prudência, a fim de serem evitados desnecessária. q uaisquer recontros perigosos. Não há A todos os e lementos das forças intenção deliberada de fazer correr sangue militarizadas e policiais o comando do desnecessário, mas tal acontecerá caso Movimento das Forças Armadas aconselha a alguma provocação se venha a verificar. máxima prudência, a fim de serem evitados Apelamos, portanto, para que reg ressem qua isquer recontros perigosos . . Não há imediatament e aos seus quartéis, intenção deliberado de fazer correr sangue aguardando as ordens que lhes serão dadas desnecessariamente, mas tal acontecerá caso pelo M.F .A. alguma provocação se venho a verificar. Serão severamente responsabilizados Apelamos, portanto, para que regressem todos os comandos q ue tentarem por imediatamente aos seus quartéis, • q ualquer forma conduzir os seus aguardando as ordens que lhes serão dadas s ubordinados à luta com as Forças pelo Movimento das Forças Armadas. Serão Armadas." severamente responsabilizados todos os

3/ V / 74 - . v. M.• comandos que tentarem por qualquer forma conduzir os seus subordinados à luta com as Forças Armadas. lnlorma·se a população de que, no sentidà de evitar todo e qualquer incidente, ainda que involuntário, deverá recolher a suas casas, mantendo absoluta calma. A todos os elementos das forças m1htarizadas. nomeadamente às forças da G.N.R. e P.S.P. • e ainda às forças da Direcção-Geral de Segurança e Legião Ponuguesa, que abusivamente foram recrutadas. lembra·se o seu dever cívico de contribulrem para a manutenção da ordem pública, o que, na presente situação. só poderá ser alcançado se não for oposta qualquer reacção às Forças Armadas. Tal reacção nada teria de vantajoso, pois conduziria a um indesejável derramamento de sangue, que em nada contribuiria para a unillo de todos os que cercam a cidade de Lisboa. A não Nos seus comunicados, as F .A. têm portugueses. Embora estando crentes no obediência a este aviso poderá provocar um apelado para a não intervenção das forças bom senso e no civismo de todos os inútil derramamento de sangue, cuja policiais, com o objectivo de se evitar portugueses, no sentido de evitarem todo e responsabilidade lhes será inteiramente derramamento de sangue. Embora este qualquer recontro armado, apelamos para atribuída. Deverão, por conseguinte, desejo se mantenha firme, não se hesitará que os médicos e o pessoal de enfermagem conservar-se dentro dos seus quartéis até em responder, decidida e implacavelmente, a se apresentem em todos os hospitais para receberem ordens do Movimento das Forças qualquer oposição que se venha a uma colaboração que fazemos votos seja Armadas. Os comandos das for9as manifestar. desnecessária." militarizadas e policiais serão severamente consciente de que interpreta verdadeiros responsabilizados, caso incitem os seus sentimentos da Nação, o M.F.A. prosseguirá subordinados à luta armada." na sua acção libertadora e pede à população I V que se mantenha calma e que recolha às suas V residl!ncias. Passada meia hora, às 6 e 45, o Rádio Viva Portugal." Clube Ponuguês emitiu a seguinte nota: Eram 7 e 30. quando foi divulgado o "Aqui posto de comando do Movimento quinto comunicado: V I das Forças Armadas. "Aqui. posto de' comando das Forças Atenção , elementos das forças Armadas. Às 8 e 45 voltou a transmitir o Rádio m1htarozadas e pohc1a1s. Uma vez que as Conforme tem sido transmitido, as Clube Português: Forças Armadas decidiram tomar a seu Forças Armadas desencadearam, na cargo a presente situação, será considerado madrugada de hoje, uma série de aoções com "As Forças Armadas iniciaram uma série delito grave qualquer oposição das forças vista à libertação do Pais do regime que há de acções com vista à libertaÇão do Pais do militarizadas e policiais às unidades militares longo tempo o domina. regime que há longo tempo o domina. Nos seus comunicados, as Forças Armadas têm apelado para a não intervenção das forças policiais, com o objectivo de se evitar derramamento de sangue. Embora este desejo se mantenha firme, não se hesitará • em responder, decidida e implacavelmente, a ~ 1. qualquer oposição que venha a • manifestar-se . Consciente de que interpreta os verdadeiros sentimentos da Nação, o movimento das Forças Armadas prosseguirá na sua acção libertadora e pede à população que se mantenha calma e que recolha às suas residências. Viva Portugal."

VII

Momentos depois era lido o comunicado seguinte:

"O Movimento das Forças Armadas verifica que a população civil não está a respeitar o apelo, já efectuado várias vezes. para se manter em casa. Mu ito embora.. o 47 Portela, Aeródromo Base número um, ultimato. para entrega do Presidente do Manutenção M1htar, posto de televisão de Conselho. às 14 horas." Fóia, Penitenciária do Fone de Peniche. XI Sua Excelência o almirante Américo Tomás, Sua Exceléncia o prof. Marcelo O décimo primeiro comunicado Caetano e os membros do Governo transmitido pelo Rádio Clube Português era encontram-se cercados por forças do do seguinte teor: Movimento, no Quartel da Guarda Nacional "O Movimento das Forças Armadas tem Republicana no Carmo e no Regimento de ocupados os estúdios da Radiotelevisão Lanceiros 2. tendo sido já apresentado um Ponuguesa. Lisboa e Porto, embora no ultimato para a sua rendição centro emissor de Monsanto se registe uma O Movimento domina a situação em todo interferência provocada palas forças da o Pa(s e recomenda, uma vez mais, a toda a reacção, que a todo o momento serão • população que se mantenha calma. dominadas. Renova-se também a indicação já difundida Logo de seguida a RTP entrará ao serviço para encerramento 1med1ato dos do Movimento das Forças Armadas e do euabelecimentos comerciais, por forma a Pafs. noticiando os seus comunicados." controlo das acções desencadeadas seja não ser forçoso o decretar do recolher quase total, tendo já o ex-ministro do obrigatório. Viva Ponugal." Exército abandonado o Ministério e entrado X II em contacto com oficiais superiores do A seguir, um aviso à populaçâ'o: Das 1 B às 18 e 40, com breves comando do Movimento, pede-se mais uma interrupções, foi lido aos microfones do vez à população para que permaneça nas "O Movimento das Forças Armadas. Rádio Clube Portugués o comunicado suas casas. a fim de não pór em perigo a sua tendo conhecimento de que elementos da seguinte: própria integridade f (sica. Guarda Nacional Republicana se fazem Em breve será transmitido um passar por elementos amigos, ov1sa que esses "O Movimento das Forças Armadas comunicado sobre a situação geral no Pa (s." elementos são adversos, por isso aconselha a informa a Nação de que conseguiu forçar a população a abandonar o Largo do Carmo, o entrada no Quartel da Guarda Nacional VIII Rossio e o Largo do Camões." Republicana, situada no Largo do Carmo. onde se encontrava o ex-presidente do Com íntervalos de meia hora foi lido o X Conselho e outros membros do seu comunicado anterior, até que às 13 horas, ex-Governo; o Regimento de Lanceiros 2, através dos microfones do Rádio Clube Às 16 e 5, o Rádío Clube Ponuguês onde se recolheram outros elementos do seu Ponugues, foi transmitido: transmitiu: ex-Governo, entregou-se ao Movimento das Forças Armadas. sem que houvesse "O Movimento das Forças Armadas "Atenção a uma gravação de necessidade de emprego da força que os informa as famílias de todos os seus conversações mantidas pelos comandos cercava. A quase totalidade da Guarda elementos que eles se encontram bem e que adversos, que bem denota o êxito que está a Nacional Republicana, incluindo o seu tudo decorre dentro do prevísto." ter o Movimento das Forças Armadas: Comando e a maioria dos elementos da • - Estd7 Sim... Largo Camões' Polfcia de Segurança Pública, jé se rendeu ao IX - Aqui pelotão de reconhecimento no Movimento das Forças Armadas. Largo de Camões. Estão tOdas as safdas O Movimento das Forças Armadas Uma hora e quarenta minutos depois. tapadas. Mantêm-se b londados nas agradece à população civil todo o carinho e ponanto às 14 e 40, novamente atra~s dos embocaduras das ruas. apoio que tem prestado aos seus soldados. microfones do Rád io Clube Ponuguês, era - Não haverá possibilidade de entrar em insistindo na necessidade de ser mantido o dito: contacto com o pelotão que se deve seu valor cívico ao mais alto grau. solicita. encontrar no Rossio? também. que se mantenha nas suas "Aqui, posto de comando das Forças - Este pelotão de reconhecimento não se residências durante a noite, a fim de não J Armadas. pode mexer. Vou, entretanto, tentar. via penu rbar a consolidação das operações em rádio, comunicar à companhia de curso, prevendo-se que possa retomar as suas Pa(s Pretendendo continuar a informar o Infantaria 1. que nunca mais deu sinal de si, actividades normais amanhã. d ia 26. sobre o desenrolar dos acontecimentos nunca mais disse nada... Sei, entretanto, mas Viva Ponugal." • históricos que se estão processando. o não tenho a ceneza. de que lhes fizeram um Movimento das Forças Armooas comunica que as operações iniciadas na madrugada de hoje se desenrolam de acordo com as previsões, encontrando-se dominados vários objectivos imponantes. entre os quais se coram os seguintes: Comando da Legião Ponuguesa, Emissora Nacional. Rádio Clube Português. Radiotelevisão Portuguesa, Rádio Marconi . Banco de Portugal . Quartel·General da Região Mil itar de Lisboa, Quanel-Ge neral da Região Militar do Pono. Instalações do Quartel-Mestre-General, Ministério do Exército, donde o respectivo ministro se pós em fuga, Aeropono da

48 DE

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PORTUGAL NA EUROPA ooseuTeMPO 15-cuio. XII •XVI Ar"""do C..1ro ~: 64soo S-•Nova PARA A HISTORIA 00 SINDICALISMO EM PORTVGAL PORTUGAL NA ESPANHA ARABE 12 volsJ A'->caodre v,,;,. O 0LTIMO REGIMENTO DA Preco: 60soo s.~. 1'8duçlo. Prttflldo • S....No.,. no1as de Aniõnlo BorllfS INOUISICÃO PORTUGUESA Codsco Monue1 de Maio AS IDEIAS POLl'TICAs E a venda nas llVJ"arfas ~ = 30$00 SOCIAIS OE ALEXANDRE o PRocesso OE DAMIÃO Este"'l>e HERCULANO OE GOEs NA INOUISICÃO J. ~c-,,., 1n1roduçfo , •ctu• litaçlo Pr8QO: 64$00 Ortag,_,lc.t POn1~ e not.. NOT1é1AS LfTERARIAS OE Seara Nove de Rou1 R9Qo PORTlJGAL/1 780 P.19o: 90$00 Jou Anastklo da Cunha Ed!Çlo do Autor P,.,klo a notas de Joel St

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01.07 O MUIDO NUMA SEIWfl Todos estes representantes sindicais acentuaram, de forma inequívoca, que a luta do povo portugués era a luta pelo socialismo. Seguiu·se no uso d a palavra Francisco Pereira de Moura, pelo Movimento Oemocrâtico Portugoos, que insistiu na urgência d a adopção de medidas anticapitalistas d estinadas a li quidar a exploração do ho me m pelo homem. sob q ualquer forma, e a pre venir contra o eventual regresso do fascismo. Entre estas SAI SEMANALMENTE medidas, o o rador d eu prioridade ao fim da guerra colonial e ao d errubamento dos bastiões monopolistas do antigo regime. Nuno Teotónio Pereira. anunciado como porta-voz dos católicos O 1º DE MAIO progressistas. declarou que não aceitava tal rótulo "perte ncendo ao passado", depo lS do q ue desenvolveu um ataque frontal à hierarquia EM li BERDADE eclesiástica portuguesa, cCimplice dos crimes fascistas. Insistiu ainda na necessidade d e um "socialismo total" e libertário , cujas Escrevendo à "(Jlt1ma hora", com "V. M.'' a fechar, não concepções d evem perspectivar a luta dos trabalhadores contra os poderemos dar à gigantesca manifestação com que os trabalhadores potentados capitalistas nacionais e estrangeiros e contra a guerra • de Lisboa feste1aram o seu primeiro de Maio, o relevo que o colonial. acontecime nto sem dúvida mereceria. ~ igualmente por absoluta O secret ário geral do Partido Socialista, Má rio Soares, impossib ilidade técnico que não referiremos as d emais manifestações dei irantemente aplaudido, acen tuou que a luta das classes que por todo o pais celebraram o derrubamento do regime e trabalhadoras não podia limitar-se à obte nção d e liberdades expressaram os anseios, esperanças e detorminação populares q uanto pollticas. Já asseguradas. devendo pelo contrário iniciar um processo à edificação das bases de uma democracia socialista e popular e da tendente à destruição dos fundamentos d a organização classista do liquidação 1med1ata da guerra colonial. capitalismo. Aclamado em uníssono p ela multidão, Soares exigiu Com efeito, se até ao dta 1 de Maio a tónica d os movimentos ainda a abertura de negociações com os movimentos. nacionalistas populares que rospondoram com a sua própria iniciativa a o impulso africanos, a liquidação da guerra colonial, e o "julgamento por decisivo dodo pelo Movime nto das Forças Armadas. foi o tribunal comum". "com todas as ga rantias de defesa", de Rapazote, amifascismo, a partir de gigantesca manifestação que culminou no Santos Júnior (ex-ministros do Interior), do almirante Tenreiro, do comlcio sindical e potltíco realizado no est6dio da F. N. A. A. T .• as "velho e sinistro almirante Tomás" o do " hipócrita Caetano". que, mesmas classes trabalhadoras de Lisboa e de outros pontos do pais enquanto a população d â uma " pequena caça aos pides re les", puseram na ordem d o d ia a marcha para o soc1altsmo. "gozam as suas férias na Madeira". Desde cedo na manhã, grupos populares, agitando cartazes e Fina lme nte, a palavra coube a Álvaro Cunhal, secretário do bandeiras, floridos com cravos vermelhos (pois só quando estes se · P. C. P., que d enunciou tod os os preconceitos anticomunistas que o esgotaram outras cores apareceram), encheram as ruas de Lisboa fascismo inculcou, saudou a aliança P. C.·P. S , exortou as classes numa inequlvoca lesta de libertação e numa não menos inequlvoca trabalhadoras à luta pela democracia, por eleições livres. pela determinação d e levar para diante o processo revolucionário participação dos comunistas nas grandes decisõe s nacionais que urge desencadeado pelo 25 de Abril. tomar a curto prazo mesmo antes do regresso à normalidade Estes grupos populares. que enchiam as ruas de Lisboa, menos constitucional e democrática. Finalmente, Cunhal exortou as FQrças policiadas do que em qualquer outra data, começaram a partir de Armadas a apoiarem a luta do povo, sendo q ue nesse caso o povo d1vBTsos pontos da cidade a caminhar para a Alameda Afonso português p ermaneceria ao seu lado. Henriques, dde onde se previa o arranque da manifestação, e dai F inalment e, rep resentantes de d iversos movimentos e para o estádio da F. N. A. T. A concentração dentro de ste estádio e confederações sindicais estrangeiras e internacionais apresentaram as em torno dos seus muros nas ruas adjacentes terá reunido sem suas comunicações. saudando 11 • queda d o fascismo português e q ualquer exagero centenas de milhares de pessoas. manifestando a e sperança na eficécia da so lidariedade trabalhadora Cartazes e bandeiras de diversos movimentos e partidos (ou internacional para a liquidação dos restantes governos fascistas de organizações pollt 1casl. De entre estes destacamos, sem preju lzo de todo o mundo e para o combate ao imperialismo. • qualquer omissão involuntãna: Partido Comunista Portugues, Partido Socialista, Movimento Democrático e COE, Movimento MIGUEL SERRAS PEREIRA Libertário Portugu6s, etc. O REGRESSO DE ÁLVARO CUNHAL Por volta d as 17 horas. depois de e ntoado em unlssono o hino nacional. coearam as comunicações e proclamações apresentadas Depois da vind a de Mário Soares, avulta significativamente o por d iversos representantes si ndicais e d irigentes partidários, regresso a Portugal do sccrotârio -ge ral do Partido Comunista saudados entusiasticamento pelo povo de Lisboa. Portugul!s, Álvaro Cunhal. Ausente do País desde 1960, ano em que, - A primeira intorvenção foi a do representante do sindicato dos a 3 de J aneiro. se evad iu do forte de Peniche, Álvaro Cunhal, que se Lanlftc1os, Manuel Lopes, que depois d e saudar o Movimento d as formou em Direito com uma das mais altas classificações at.é hoje Forças Armadas e d o his toriar brevemente as o rigens obtidas, aderiu ao Partido Comunista ainda no tempo d e estudante, internacionalistas do Prime iro da Maio, bem como de saudar os que revelando-se sempre um dos seus mais activos militantes. ao longo da noite fascista se bateram pela causa trabalhadora, O seu regresso a Portugal constitui por si só um sintoma muito vincaria a nece551dada de acabar imediatamente a guerra colonial, d e importante d a si tuação que se a lcançou em Portugal, com o obter o direito à greve. da formar um s1nd1calisrno livre, politizado, e de rrubamento do regime vigente desde 1926. A p rop ósito da sua independente na sua orgãn1ca de qualquer estrutura partidária, de chegada, q ue se verificou em a mbiente de extraordinária explosão extirpar os fundamentos económicos do fascismo e da exploração popular, a comissão executiva do Movimento Democrático capitalista, d e orientar cm direcção a uma d emocracia trabalhadora e Português fez d istribuir um comunicado em que acentuando ter-se soc ialista o processo revoluc1on6rio e m curso. atingido, finalmente, "o momento por que ansiavam todas as forças Na mes1n3 linha. acentuando a necessidade da d emocracia d e base democráticas portuguesas", se congratulava pelo regresst} ao Pais do e da decisão dos trabalhadores organizados sobre a produção e secretário.geral d o P. C., após mais de quarenta anos de luta na condições de trabalho, falaria a seguir o representante do sindicato clandestinidade. dos metalCirg1cos. Este d enunciou ainda, e com particular veemência, Também o Conselho Directivo do Partido Socialista Português o sistema corporativo fascista, como um sistema de feroz dominação d istribuiu um comunicado semelhante a associar-se à homenagem classista do poderio económico explorador sobre os trabalhadores. prestada no aeroporto a Álvaro Cunhal, o saudando o P. C. como seu cujos dinheiros e ram roubados para financiar uma "guerra colonial aliado na luta pela Democracia e pelo Socialismo. criminosa". Com a chegada de Álvaro Cunhal anuncia-se a publicação, breve, O representante do sindicato dos caixeiros insistiu, de uma como d iãrio d a ta rde, d o " Avante", órgão oficial do Partido, hé perspectiva ligeira mente mais programàtica, nas necessidades e muitos anos publicad o, na clandestinidade, com periodicidade não I aspirações trabalhadoras jâ enunciadas pelos seu s camaradas. regular. • e DIRECTOR INTERINO: MANUEL FIGUEIRA e REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO: Rua de «0 Seculo>, 63 -Telefs. PBX 36 27 51 / 5. e COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO: Rua de ecO Seculo», 41 - Lisboa-2. e PROPRIEDADE: Sociedade Nacional de Tipografia, S. A. R. L.

25 DE ABRIL DE 1974

Às cinco da tarde do dia 25 de Abril de 1974, treze horas depois de iniciado o movimento militar vitorioso que levou à queda do regime que se instalara em Portugal há quase meio século, Marcelo Caetano e o seu Governo capitulavam, no interior do Quartel do Carmo. O País estava dominado pelo Movimento das Forças Armadas, o mesmo sucedendo praticamente com todas as posições estratégicas da capital. Faltava a capitulação do antigo Governo, bem como o silenciamento das forças militares e paramilitares mais repressivas do regime - para além da G.N.R. e alguns sectores da P.S.P., nomeadamente as suas forças especiais, a Polícia de Choque, bem como a P.1 .0 .E. (D.G.S.). O Quartel do Carmo significava, simultaneamente, a resistência do Comando da G.N.R. e a última tentativa do agonizante Governo salazarista evolucionado na continuidade por Marcelo Caetano. Após mais de 47 anos de opressão, o Largo do Carmo constituiu assim palco gigantesco de memorável manifestação de incontida raiva e exuberante alegria. O povo - e nu nca como neste momento histórico se poderá dizer que foi ele mesmo - estava ali para testemunhar o estertor do regime que lhe tapara a boca mas não lhe vendara os olhos, o mesmo povo que, em serena e esperançosa expectativa, aguardava há muito o fim de longo cativei ro. Depois foi a extinção das últimas bolsas, com a O .G .S. tei mosamente entrincheirada, a consolidação da vitória, a libertação emocionante dos presos políticos de Caxias, de Peniche e de outras cadeias, a divulgação do programa do Movimento e a concretização dos primeiros passos dos seus objectivos: extinção imediata da D.G.S., da Legião Portuguesa e da A.N.P.; amnistia imediata dos presos políticos; a abolição da censura e do exame prévio; a reorganização e o saneamento das Forças Armadas, o combate eficaz contra a corrupção; a livre criação e a formação de associações políticas como embriões de futuros partidos; e a luta contra a inflação e a alta do custo de vida. A um longo e martirizante pesadelo sucedia a fundamentada esperança de dias melhores para quantos finalmente se libertavam de um regime repressivo e policial que utilizara sempre como armas as mais diversas formas de violência, privando os cidadãos dos seus mais elementares direitos humanos. Se o sangue correu, isso deveu-se apenas ao desespero extremado dos elementos da D.G.S., os t'.lltimos a ·manterem-se em posição de combate. Aqueles que tanta "decisão" mostraram ao longo de dezenas de anos contra cidadãos indefesos, exercendo os métodos mais repugnantes, tiveram de assinalar o seu fim disparando contra populares que se manifestavam frente ao edifício - sede daquela corporação. Já não dispararam, no entanto, quando as forças militares os cercaram, mostrando claramente as suas noções da "coragem". O " último baluarte", afinal, só procurava render-se de forma a salvar a vida, não podendo acreditar, depois de todos os actos de violência que cometera ao longo de dezenas de anos, que pudesse escapar ao castigo exemplarista. Mas as Forças Armadas não estavam ali como juízes nem executores, mas, sim, como representantes de um povo que, querendo justiça, sabe o que essa palavra verdadeiramente significa. • F. A.

2 3/ V/ 74- •V. M.» • • - • • -• - • - - - - • • ---· .- - - --=.. ---.. ------• -- ..... • - ·- -- - • -- - - - Dia 2S do Abril de 1974. 0.30 - 4 .45 - Novo comunicado. i: aconselhada do Rossio, terminando as suas viagens em "Grãndola, Vila Morena", de Zeca Afonso, a a máxima prudência no sentido de evitar estações intermédias da linha. senha para o desencadear das operações do quaisquer confrontos perigosos. Era o apelo No Alfeite é proibida a entrada aos movimento militar, é transmitida no para o regresso imediato aos quartéis, onde empregados civis. Os noticiários do programa Limite, de Rádio Renascença. aguardariam as ordens dadas pelo M.F .A. Movimento das Forças Armadas passam a Ent re as 0.30 e as 3 horas - Preso o Até esta hora não era poss(vel identificar as ser lidos no Rádio Clube Ponugués pelo comandante da Escola Prática de Cavalaria, vo zes dos locutores que lia m os locutor Luls Filipe Costa. director de aquartelado em Santarém, urna força desta comunicados. programas daquela estação. unidade toma o rumo de Lisboa. Ao mesmo Das 4.45 às 6 horas - Tomado sem 10.00 - Forças de trés unidades de tempo. r egistavam-se movimentações resistência o quartel da Legião Portuguesa Cavalaria concentravam·se, entretanto, no m ilitares em Tomar, Vendas Novos. na Penha de França por uma coluna de Terreiro do Paço, enquanto os ministros da unidades da Região Militar de Lisboa "comandos" dirigida pelo major Neves. Defesa, do In terior e do Exército !Caçadores 5 e Cavalaria 71, Figueira da Foz, 6.45 - Difundido novo comunicado do participavam numa reunião no Ministério do Viseu, Lamego, Mafra, Estremoz e outros Movimento a dar conta do cerco da cidade Exército, com entidades diversas, entre as pontos. por unidades militares. Os comunicados quais foi possfvel identificar o 3 h oras Verifica·se a ocupação multiplicam-se, enquanto o Rddio Clube contra·almirante Henrique Tenreiro. simulttlnea de pontos vitais da capital. Quase Por tuguês passa a transmitir música Segundo um capitão de Cavalaria, que sem resistência foram tornados o aeroporto, portuguesa e marchas militares. Adriano desempenhava as funções de pona·voz dos o Rádio Clube Portuguê$, a Emissora Correia de Oliveira, Manuel Freire e Zeca militares, a primeira força a chegar ao Nacional.' a Radiotelevisão Portuguesa e A fonso. além de outros, surgem nos Terreiro do Paço penencia à Escola Prática Rádio Marconi. Quase simultaneamente, receptores de milhões de portugueses. Ca

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