ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA ESCOLAR: a Utilização De Músicas Nos Livros Didáticos E Nas Provas Do ENEM Antonio Manuel Da S
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ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA ESCOLAR: A utilização de músicas nos livros didáticos e nas provas do ENEM Antonio Manuel da Silva Junior1 RESUMO O principal objetivo desse artigo é verificar como a cultura escolar e seus fatores internos e externos podem influenciar na construção dos currículos, dos materiais didáticos e das avaliações do ENEM. No primeiro tópico iremos verificar como o Ensino e conhecimento histórico é formulado com toda a influência da cultura Escolar. Posteriormente iremos também verificar como é a elaboração do currículo escolar e suas influencias internas e externas. Por último iremos demonstrar como a música é (ou não) utilizada em algumas coleções de livros didáticos e no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Palavras-chaves: Cultura Escolar, Livro Didático, ENEM 1. Introdução O professor em suas tarefas do dia a dia utiliza-se de diversos recursos para ministrar suas aulas. Ele poderá utilizar de jornal, revista, mapas, músicas, filmes, textos complementares. Bittencourt (2011, p. 296-297) nos relata os dois tipos de materiais didáticos que podemos utilizar: Os de suporte informativo e os documentos. Trata como suporte informativo todo material que tem a intenção de comunicar elementos do saber da disciplina, que pode ser livros didáticos, paradidáticos, mapas, atlas, dicionários, apostilas e cadernos. Esses recursos fazem parte da industrial cultural que tem uma linguagem própria para a escola e tem suas divisões de idade e de níveis de aprendizagem. Os documentos são todos os conjuntos de signos, visuais ou textuais, que são produzidos em uma perspectiva diferente dos saberes das disciplinas escolares e que depois passam a ser trabalhados com a finalidade didática. Esses são produzidos sem intensão didática, mas que depois podem se tornar material didático. Os filmes, contos, revistas, músicas, jornais não são produzidos para serem utilizados na sala de aula, mas o professor utilizando-se de sua criatividade pode ser utilizado como material didático. 1 Mestre em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFPB, Professor da EJA – SESC Garanhuns – PE e da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. [email protected] Temos aqui a livro didático com principal ferramenta, a sua maior arma para o Ensino de História é o livro didático. A formulação desse livro didático passa por processos de acompanhamento das autoridades governamentais e sempre é tratado de forma polêmica. Muitas vezes o livro didático é colocado no banco dos réus e torna-se culpado por todas as mazelas que existe no Ensino de História. Bittencourt nos diz: As críticas em relação aos livros didáticos apontam para muitas de suas deficiências de conteúdo, suas lacunas e erros conceituais ou informativos. No entanto, o problema de tais análises reside na concepção de que seja possível existir um livro didático ideal, uma obra capaz de solucionar todos os problemas do ensino, um substituto do trabalho do professor. (BITTENCOURT, 2011, p. 300) Os conteúdos dos livros didáticos muitas vezes estão atrelados tanto ao PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) quanto aos PCNs e seguem as OTMs e Diretrizes Curriculares Nacionais. O que tem influenciado também a prática do professor e a elaboração do livro didático são as avaliações externas e principalmente o ENEM. O ENEM surge em 1998 com a função de avaliar o desempenho dos alunos no Ensino Médio. Com a criação do ProUni em 2004, o ENEM torna-se obrigatória para quem fosse concorrer a uma bolsa nas universidades particulares. Em 2009 as Universidades Públicas aderem ao Sisu (Sistema de Seleção Unificado). Para se legitimar nesse novo papel, foi publicada a Matriz de Referência do Enem, que apontou uma reformulação, dando maior clareza às habilidades avaliadas nas diferentes provas. Transformando-se na principal ferramenta da seleção para o Ensino Superior ― tanto em instituições privadas como públicas ―, o Enem se constituiu como o direcionador do currículo do Ensino Médio e progressivamente ocupa o lugar dos vestibulares das diversas universidades, que até então serviam de referência para as escolas. (PINTO & PACHECO, 2014, p. 77) A criação do ENEM passa pela evolução do Ensino Médio. Castro e Tiezzi (2005, p. 116) verificam que 1995, 70% dos alunos do Ensino Médio frequentavam as escolas no período noturno e 50% cursavam curso profissionalizante que não conseguia formar profissionais e não formava para a educação geral. Esse era o grande dilema do Ensino Médio como apresentamos anteriormente. Os vestibulares eram a porta de entrada para a Universidade e quem fazia vestibular era principalmente da classe médio devido as altas taxas de inscrições e a capacidade de passar nesses exames. Ensino Médio não havia sido objeto de qualquer avaliação externa a escola. Não se sabia o que o aluno aprendia ou sabia. O currículo era enciclopédico e elitista, voltado para os principais vestibulares em casa estado. A escola não estava preparada para enfrentar as novas exigências do mundo atual e excluía mais que incluía devido ao sistema inadequado. Com a implantação do ENEM em 1998 o mesmo passou a ser um valioso instrumento para a avaliação do Ensino Médio e uma possível reforma. Os dados coletados ajudam a traçar o perfil do estudante que termina a educação básica baseado em competências cobradas na avaliação. Essa avaliação está voltada para um conteúdo voltado para o desenvolvimento do raciocínio e a capacidade de aprender. Isso é possível com a construção de uma matriz de competências e habilidades que serve de referência para a avaliação e promovendo a articulação da educação básica com a formação da cidadania. O seu formato também sofreu alterações durante os anos e para adaptar-se as condições colocadas acima. De 1998 a 2008, as provas do ENEM eram compostas por uma proposta de redação e 63 questões sem divisão de áreas procurando a interdisciplinaridade nessas questões. A partir de 2009 o MEC publica a “Matriz de Referência para o ENEM de 2009” contendo cinco Eixos Cognitivos (comuns a todas as áreas de conhecimento) e para cada área do conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas) trinta habilidades distribuídas entre seis a nove competências. Passou a ser aplicado em dois dias e com 45 questões de cada área do conhecimento e uma proposta de redação, mantendo esse formato até os dias atuais. 2. Livros Didáticos e as relações com a música urbana Em nossa pesquisa, buscamos verificar em alguns livros didáticos a presenta primeiramente de canções ou referências em movimentos culturais sobre música. Buscamos também verificar se dentre essas canções haviam canções do rock. Pesquisamos em três coleções de três volumes, analisando o volume três, que apresenta o período contemporânea da história do Brasil. A análise dos livros buscava encontrar canções que fossem trabalhadas tanto no texto base como em atividades propostas pelos autores. Em alguns livros percebe-se que a música é trabalhada também como documento histórico, status este dado por Napolitano (2002, p. 32), afirmando que: …o documento artístico-cultural é um documento histórico como outro qualquer, na medida em que é produto de uma mediação da experiência histórica subjetiva com as estruturas objetivas da esfera socioeconômica. Os processos de mediação cultural, de natureza diversificada, envolvem as diversas ações de aproximação entre indivíduos ou grupos sociais e as obras da cultura, via produção cultural, meios de comunicação, crítica de arte, ações institucionais. O livro didático Oficina da História tem alguns diferencias, não nas questões de utilização da canção como documento, mas após o sumário é apresentado quadros da matriz de referências do ENEM para que seja compreendido as competências, habilidades e conteúdos propostos. Os Eixos Cognitivos têm 5 propostas a serem desenvolvidas. Quando trata-se da matriz de referência das ciências humanas e suas tecnologias, são apresentadas 6 áreas de competências dividindo 30 habilidades que terão que ser trabalhadas pelos professores. Em cada questão das atividades propostas estão indicados qual o eixo cognitivo utilizado e as habilidades. Após as referências ao ENEM, temos os Procedimentos metodológicos onde os autores explicam em diversos boxes como analisar um filme, uma imagem, como interpretar um texto e como analisar um mapa. Cada um desses boxes apresentas diversas questões que tem que ser observadas para cada uma das modalidades de documentos. Logo após temos o Mapeamento do livro. Esse mapeamento mostra toda a estrutura que se organiza o livro. Os assuntos, como é colocado nessa seção, estão espalhados por 9 capítulos e cada um dividido entre 2 e 5 temas. Antes de iniciar os capítulos, alguns conteúdos do volume anterior são revisados na seção Recapitulando. A abertura do tema 2, do capítulo 3, onde a temática é “A moldura autoritária” tem a canção de Noel Rosa, “Com que roupa” de 1931 que faz referência das formas que se deve enfrentar a vida, seja com força bruta e através da luta, mas sempre pensando de que maneira irá encarar a vida. Essa abertura do capítulo está apenas ilustrando o tema central trabalhado no item. O momento que estava vivendo o mundo e o Brasil, no decorrer da década de 1930 estava sendo ilustrado pela canção, porém, mais uma vez, o autor ilustra o momento, mas que o mesmo não estava se referindo diretamente a esse momento. A canção é de 1931, mas os fatos que poderiam ser relatados pela canção, como o Nazismo, Fascismo e o Estado Novo de Vargas, acontecem de anos após a composição da música como é apresentado no próprio texto subsequente a canção. Na seção Radar, chama a atenção uma questão elaborada pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia) que faz uma comparação entre o mundo do trabalho das décadas de 1930/1940 utilizando uma música de Wilson Batista “Nasci Cansado” e um trecho do jornal O Estado de S. Paulo de 1942. Após o enunciado segue quatro afirmações para que o vestibulando possa dizer, baseado nos textos e no contexto do período se são verdadeiras ou falsas.