Dez Anos a Mil: Mídia E Música Popular Massiva Em Tempos De Internet

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Dez Anos a Mil: Mídia E Música Popular Massiva Em Tempos De Internet Jeder Silveira Janotti Junior Tatiana Rodrigues Lima Victor de Almeida Nobre Pires (orgs.) AUTORES Bruno Nogueira Felipe Trotta Jeder Janotti Jr. Jefferson Chagas Jorge Cardoso Filho Marcelo Kischinhevsky Micael Herschmann Nadja Vladi Simone Sá Tatiana Lima Thiago Soares Victor de Almeida Maceió/Recife 2011 Conteúdo licenciado pelo Creative Commons para Uso Não Comercial (CC BY-NC, 2.5). Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem obras derivadas sobre esta obra sendo vedado o uso com fins comerciais. As novas obras devem conter menção aos textos e autores citados nos créditos e também não podem ser usadas com fins comerci- ais, porém as obras derivadas não precisam ser licenciadas sob os mesmos termos desta licença. Revisão Tatiana Lima Projeto Gráfico Ana Clara Acioli Capa Arthur de Almeida (www.arthurdealmeida.com) Diagramação Victor de Almeida Dez anos a mil: Mídia e Música Popular Massiva em Tempos de Internet. Janotti Jr, Jeder Silveira; Lima, Tatiana Rodrigues; Pires, Victor de Almeida Nobre (orgs.) – Porto Alegre: Simplíssimo, 2011. ISBN: 978-85-63654-46-5 Sumário Apresentação....................................................................................... 5 Parte 01 - Músicos, cenas e indústria da música Entre os afetos e os mercados culturais: as cenas musicais como formas de mediatização dos consumos musicais............................................................ 8 Jeder Janotti Junior Victor de Almeida Nobre Pires Tendências da indústria da música no início do século XXI....................... 23 Micael Herschmann Marcelo Kischinhevsky Michael Jackson e o thriller das majors: trajetória e morte de um modelo......................................................................................................... 35 Tatiana Lima Cinco incertezas sobre Lady Gaga................................................................ 53 Thiago Soares O negócio da música – como os gêneros musicais articulam estratégias de comunicação para o consumo cultural....................................................... 70 Nadja Vladi Parte 02 - Práticas de consumo musical Práticas de escuta e cultura de audição...................................................... 85 Jorge Cardoso Filho Discografias – mediações musicais em uma discoteca coletiva................. 99 Jefferson Chagas Simone Pereira de Sá Critérios de qualidade na música popular: o caso do samba brasileiro.. 116 Felipe Trotta Por uma função jornalísticas nos blogs de MP3 - download e crítica ressignificados na cadeia produtiva da música........................................ 138 Bruno Nogueira Apresentação Jeder Janotti Junior Caríssimo internauta, o e-book que você tem em seu computador é fruto de uma rede de pesquisa (e pesquisadores) que trabalha os aspectos comunicaci- onais da música popular massiva. Poderíamos seguir o caminho comum e dizer que neste volume você encontrará pesquisadores renomados no Brasil que abordam a produção musical contemporânea a partir das inter-relações entre comunicação e cultura (o que de fato é verdade). Mas, para sairmos dos clichês do mundo acadêmico e reconhecermos o lugar da cultura como experiência vivida é preciso afirmar que o e-book reúne uma série de melôma- nos (loucos por música) que encontraram na pesquisa acadêmica um modo de compreender essa paixão em seus aspectos estéticos e mercadológicos. Poderíamos continuar pelos mares que seguem mais do mesmo e afirmar o pouco espaço que a música encontra nos cursos de comunicação e nos congressos científicos da área. Essa é uma meia verdade, pois se ainda não somos tão numerosos quanto os estudiosos dos audiovisuais ou se o volume 05 da produção acadêmica não segue o fluxo da produção musical atual, por outro lado, há um burburinho, um barulhinho bom que faz emergirem a todo momento novos pesquisadores na área, que vão se aliando aos que se estabe- leceram nos últimos anos. Para tentar dar conta das diversas angulações e abordagens da música como fenômeno de comunicação, dividimos o livro em duas partes. Como toda divisão, esse corte é um entre tantos possíveis. No fundo de nossos corações musicais, como organizadores, achamos os artigos aqui reunidos de ótima qualidade. Apesar da diversidade, eles compõem um mosaico que é fruto de nossos encontros nas redes virtuais e no mundo físico das bancas, congressos, seminários e encontros – talvez, depois da sala de aula, a parte mais prazerosa da vida dos pesquisadores. Bem, nos nove artigos há discussões sobre as relações entre cenas e mercados musicais, as novas configurações da indústria da música, as transformações do mundo da música, o fenecimento de antigos ícones e o aparecimento de novos, discussões sobre o que é novo (e autêntico) e o que permanece, reflexões sobre práticas de escuta, discussões sobre qualidade musical e sobre o atual papel da crítica musical. Procuramos seguir a ideia de que uma coletânea, tal como um bom álbum ou uma boa compilação, ainda tem espaço nesses tempos de tantas novidades. Por outro lado, levando-se em consideração a circulação da música na internet e a rápida transformação dos suportes de armazenamento da música, opta- mos por fazer circular um e-book gratuito, de fácil acesso e que caia facilmente nas telas (e teias) de pesquisadores, músicos, consumidores, docentes, discentes e qualquer interessado nas interfaces entre comunicação e música. Aos doze autores que aqui se apresentam restam os agradecimentos pela rapidez com que enviaram seus artigos e pela compreensão em torno da falta de pagamento de direitos autorais em uma obra de circulação gratuita. Esperamos que o capital simbólico agregado aos que aqui estão reunidos possa valer o esforço da confecção dos artigos. De resto, agradecimentos ao CNPq, que através dos editais de fomento contribui de maneira decisiva para o desenvolvimento da pesquisa acadêmica no Brasil, ao Programa de Pós- Graduação em Comunicação da UFPE e à Universidade Federal de Alagoas, instituições responsáveis, em parte, pelo encontro presencial (I Comúsica) que acabou servindo de base para a realização deste projeto. 06 PARTE 01 Músicos, cenas e indústria da música Entre os afetos e os mercados culturais: as cenas musicais como formas de mediatização dos consumos musicais Jeder Janotti Junior¹ Victor de Almeida Nobre Pires² Resumo O presente artigo propõe abordar cena musical e sua configuração a partir de práticas sociais, econômicas e afetivas de ocupação do espaço através dos processos de mediatização – que se materializam nos circuitos culturais e na cadeia produtiva da música. Com essa proposição esperamos ampliar o escopo de utilização da ideia de cena, levando em conta essa noção como um importante operador para a compreensão das novas formas de configuração da música popular massiva na cultura contemporânea. Assim, esperamos contribuir para o entendimento de que a proliferação da circulação de música na Internet e o aumento do consumo de música ao vivo, antes de serem momentos estanques da cultural musical, caracterizam-se por conexões que se materializam nas cenas musicais. Introdução 08 Entre as manifestações culturais que ganharam novas dimensões com as transformações tecnológicas dos últimos tempos, as expressões musicais estão entre as que foram mais afetadas em seus processos de circulação, consumo e produção. Mais do que entretenimento, sua apreciação está ligado a uma série de práticas políticas, econômicas, culturais e sociais que envolvem músicos, produtores, críticos e consumidores. A música ocupa um papel importante dentro das indústrias culturais e com o desenvolvimento das tecnologias de comunicação, e seus conseqüentes desdobramentos, tem seu campo de influência expandido para novos interlocutores através de novos produtos. Discutir música hoje significa pensar não só formatos residuais como a canção, bem como a emergência dos tracks da música eletrônica, as novas experiênci- as ligadas aos jogos musicais nos videogames e as transformações ocorridas ¹ Pesquisador Produtividade CNPq. Professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco. Professor do Curso de Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Alagoas. Baterista nas horas vagas, apaixonado por música, especialmente, Heavy metal. ² Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco e membro do Grupo de Pesquisa Cultura, Comunicação e Música Popular Massiva (UFAL/UFPE). nos sistemas de reprodução que, se antes dependiam de formatos de armaze- namento, como o disco, hoje circulam de maneira fluida em celulares e MP3 players, aumentando significativamente o consumo de música. Antes de atestarmos o novo em detrimento do antigo, reativando os usuais esquemas valorativos, que opõem o tradicional versus moderno, é preciso estar atento para o que se solidifica nas culturas musicais e o que se transfor- ma nas práticas da chamada cibercultura, ou como aponta Simone de Sá: Em contraponto a estas posições, gostaria primeiramente de remeter a ideia de cibercultura à noção de cultura, na tradição interpretativa da antropologia, como um conjunto de valores, crenças, formas de pensar de um grupo, entendidos em sua lógica simbólica e sujeitos a tensões, negociações, disputas e enfretamentos. Desta forma, a cibercultura não é um mundo acabado – para o bem ou para o mal; é antes o conjunto do emaranhado de códigos múltiplos e plurais, fruto de um constante apropriar e refazer social através das redes digitais, cujas teias de “significados” – conflituosas, intricadas, heterogêneas – cabe ao pesquisador
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