Anais Eletrônicos do 14º Seminário Nacional de História da Ciência e da Tecnologia – 14º SNHCT

REPERCUSSÕES DO CASO LYSENKO NO BRASIL Marcelo Lima Loreto* Luisa Medeiros Massarani** Ildeu de Castro Moreira***

1 INTRODUÇÃO

O caso Lysenko foi emblemático na História da Ciência e ocorreu no cenário de profundas disputas ideológicas e políticas que dividiam o mundo em capitalismo e comunismo, período denominado Guerra Fria. Em 7 de agosto de 1948, em uma sessão ocorrida na Academia de Ciências da União Soviética, que ficou conhecida como Conferência de VASKhNIL, o biólogo e agrônomo ucraniano Trofim Denisovič Lysenko (1898-1976) declarou que contava com o apoio do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), dirigido por Josef V. Stalin, para sustentar a teoria michurinista na Biologia, elaborada originalmente pelo médico e pesquisador russo Ivan Vladimirovich Michurin (1855-1935).

O Michurinismo consistiu em uma variedade de experiências e iniciativas agrícolas baseadas na teoria lamarckista da hereditariedade. Defendia a ideia de que os organismos vivos poderiam ser condicionados para sobreviverem em qualquer tipo de ambiente, passando às gerações seguintes as novas características adquiridas, diferente do que afirmavam os darwinistas, que falavam em seleção natural do mais apto, sem a possibilidade de condicionamento do genótipo. Estas e outras ideias foram amplamente desenvolvidas na URSS, na época de Lysenko, especialmente a partir do Plano de Stálin para a Transformação da Natureza1, lançado em 1949, que tinha o objetivo de combater a seca e aumentar a produção de cereais na URSS, que passava por um período de fome extrema.

Lysenko retratou a Genética ocidental como sendo “burguesa”, “fascista” e que fornecia uma justificativa para o racismo e a colonização pelos países capitalistas. Na ocasião da conferência (1948), o governo soviético decidiu também censurar a pesquisa em Genética

1 Para saber mais sobre o plano ver: . Acesso 03/08/2014. Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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mendeliana por durante aproximadamente dez anos. Em seu discurso, convocou os cientistas e trabalhadores do campo a somarem esforços à teoria de Michurin, rumo à construção de “uma biologia materialista avançada”:

I call upon all Academicians, scientific workers, agronomists, and animal breeders to bend all their efforts and work in close unity with the foremost men and women in socialist farming to achieve these great and noble aims. Progressive biological science owes it to the geniuses of humankind, Lenin and Stalin, that the teaching of I. V. Michurin has been added to the treasure house of our knowledge, has become part of the gold fund of our science. Long live the Michurin teaching, which shows how to transform living nature for the benefit of the ! Long live the Party of Lenin and Stalin, which discovered Michurin for the world and created all the conditions for the progress of advanced materialist biology in our country. Glory to the great friend and protagonist of science, our leader and teacher, Comrade Stalin! (LYSENKO, 1948, Marxists Internet Archive. Disponível em . Acesso em: 07/11/2013).

Suas teorias e políticas deram origem à corrente de pensamento denominada Lysenkoísmo ou Lysenkismo, que teve repercussões em diversos países no mundo (DEJONG- LAMBERT, 2013:78). O objetivo principal do nosso trabalho é analisar as repercussões do caso Lysenko no Brasil, em particular por meio da análise de alguns dos principais jornais e revistas nacionais, bem como de documentos de pesquisadores e intelectuais brasileiros, no período de maior atividade do cientista soviético (décadas de 1940 a 1970).

Lysenko nasceu na Ucrânia, em 1898, em uma família de origem camponesa. Entre 1921 e 1925 fez o curso por correspondência em Agronomia no Instituto Agrícola de Kiev. Em 1922, foi Assistente de Engenheiro Agrônomo, na Estação de Melhoramento de Plantas Belaya Tserkov. Em 1929 tornou-se pesquisador sênior do Instituto de Genética de Odessa, sendo diretor científico deste em 1934. Em 1935 foi nomeado pelo governo como membro da Academia de Ciências Agrícolas (VASKhNIL) e eleito Vice-Presidente do Conselho Soviético Supremo da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Em 1938, presidiu a VASKhNIL e, em 1939, foi eleito para a Academia de Ciências da URSS e para membro de sua direção, tornando-se, no ano seguinte, diretor do Instituto de Genética dessa academia. Em 1948, foi nomeado chefe do Departamento de Grãos da Academia Agrícola de Moscou. Após a morte de Stalin (1953), que o favorecia, seu poder decaiu bastante (SOYFER, 2001).

No início governo de Nikita Khrushchov (de 1953 a 1964), secretário geral do PCUS, Lysenko foi afastado de vários de seus cargos de confiança. Contudo, em 1958, Lysenko Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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aproximou-se de Khrushchov, que compartilhava mesma origem ucraniana e rural, e convenceu-o de que o insucesso na agricultura soviética havia ocorrido devido à oposição de poderosos burocratas em academias e ministérios. Nos anos seguintes, o programa agrícola de Khrushchov voltou a conter formulações lysenkoístas, e em 1961/62 Lysenko retomou a presidência da VASKhNIL. Em 1963, Khrushchov estava em conflito aberto com a Academia de Ciências da URSS sobre o Lysenkoísmo, e sua saída do poder, em outubro de 1964, gerou um movimento que excluiu novamente Lysenko. No final de 1965, um relatório de uma comissão do Ministério da Agricultura e das academias teria demonstrado que os trabalhos experimentais de Lysenko foram realizados e testados de forma inadequada, e que todas as suas técnicas agrícolas eram ineficazes ou prejudiciais. Neste ano, Lysenko foi removido como diretor do Instituto de Genética, tendo falecido em 20 de novembro de 1976.

Como vimos, Lysenko possuiu durante muito tempo um prestígio elevado na URSS. No Ocidente, o Lysenkoísmo foi apresentado como um dos eventos negativos mais importantes da Ciência soviética2. Sua influência estendeu-se em biólogos, cientistas e intelectuais do mundo inteiro. Em países soviéticos, como Polônia, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, e na Hungria, o Michurinismo foi inclusive adotado como teoria oficial. Na URSS, os cientistas que eram contrários à teoria foram perseguidos, demitidos ou mesmo assassinados, como ocorreu com um de seus principais rivais, o destacado pesquisador darwinista (1887-1943) (DEJONG-LAMBERT, 2013)3. No início da década de 1940, os biólogos ligados à pesquisa agrícola, chamados agrobiólogos, especialidade de Lysenko, haviam tomado quase todas as instituições de pesquisa em Genética, expulsando os geneticistas da Academia de Ciências Agrícolas e da Academia de Ciências da URSS.

Para Gaglioti (1996), a análise da crise na agricultura soviética (década de 1930), ajuda na compreensão do contexto do surgimento de Lysenko. Desde o início da década de 1920, Leon Trotsky e a Oposição de Esquerda já alertavam sobre a política da promoção do crescimento de uma camada de camponeses ricos (Kulaks) em detrimento da agricultura

2 Esta argumentação é usada, por exemplo, por N. ROLL-HANSEN em The Lysenko effect: undermining the autonomy of science. Endeavour, v. 29, n. 4, p. 143-147, 2005. 3 Segundo Krementsov (1996), entre 1930 e 1940, vários cientistas que eram referências em estudos de Genética na URSS - como Isaak Agol, Solomon Levit, Grigori Levitskii e Georgii Karpechenko - foram presos e executados sob várias acusações, principalmente, por “afiliação como um inimigo do povo’’ (idem: 231) ou como, segundo Gaglioti (1996), "agentes trotskistas do fascismo internacional", demonstrando como a discussão Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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estatal planificada e do desenvolvimento industrial. Ao final da década, o governo se defrontou com a retenção da produção agrícola pelos Kulaks, e uma série de revoltas armadas no campo. Stálin aplicou então uma política brutal de coletivização forçada e os camponeses, em reação, queimaram suas colheitas e mataram seus animais. A produção agrícola despencou e iniciou-se um período de grande fome em extensas regiões da URSS4.

Em resposta à crise, Stalin teria exigido que os geneticistas desenvolvessem mais rapidamente plantas de cultivo eficientes para a resolução da questão da fome. Porém, impacientes com os métodos penosos e lentos da criação científica naquela ocasião, os dirigentes soviéticos apostaram em alternativas aos métodos tradicionais. Lysenko prometeu um rápido aumento no rendimento das culturas através do processo que chamou de "vernalização"5. O pesquisador afirmava também que uma espécie poderia ser convertida diretamente em outra, submetendo-a a influências externas, possibilitando, consequentemente, uma maior versatilidade na produção de grãos6. Nesse contexto, o então cultivador de plantas em Odessa, foi promovido para os cargos mais elevados da administração do campo.

As posições de Lysenko vinham sendo debatidas há algum tempo na URSS. Na Conferência sobre Genética e Seleção, ocorrida em 7 de outubro de 1939, em Moscou, onde que participaram 53 cientistas, Vavilov e Lysenko travaram suas polêmicas.

On January 6, 1939, the Commissariat of Agriculture of the USSR and the All- Union Lenin Academy of Agricultural Sciences were commissioned to produce within 2 to 3 years a cold-resistant variety of winter rye for the snowless zone of the open steppes, and, within 3 to 5 years, to furnish a high yield variety of winter wheat, biologically adapted to the sub-taiga and the northern wooded steppe regions of . If these varieties are not obtained within the given periods, our economic progress will be interrupted. Who will bear the responsibility for this? I believe, it will not be Mendelism or Darwinism in general, but principally Lysenko as head of the Academy of Agricultural Sciences and as an Academician in the Section of era perpassada também pelas disputas políticas internas e externas à União Soviética. 4 Na Ucrânia, o episódio ficou conhecido como ("matar pela fome"), ocorrendo durante os anos de 1932 - 1933. 5 Vernalização é o processo pelo qual as plantas são induzidas a florescer através da exposição a temperaturas baixas não congelantes. Alguns cereais de inverno desenvolveram mecanismos como estratégia de proteção contra o efeito danoso das baixas temperaturas. A resposta à vernalização é um desses mecanismos. O processo, utilizado na agricultura atual, permite controlar melhor a produção, diminuindo-se o tempo de floração (ALBERTO, C. M. et al, 2009). 6O pesquisador tentou demonstrar que, por meio da vernalização, uma variedade de trigo (trigo de inverno) poderia ser transformada em outra (trigo de primavera), sujeitando as sementes germinadas a temperaturas muito baixas para impedir o seu crescimento, até que fossem semeadas na primavera. Esperava-se que choque térmico pudesse causar a transformação desejada, encurtando-se o tempo de floração (Gaglioti, 1996). Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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Selection and Plant Husbandry. So that if the Mendelians, mobilising their science, would give even a hint as to how to develop varieties of rye in 2 to 3 years and of wheat in 3 to 5 years, adapted to the rigorous Siberian conditions, is it possible that I would refuse? Of course not. Instead, I should welcome the valued proposal. The three years are not so far off. It is almost a year since the task was assigned. (LYSENKO, 1939, Marxists Internet Archive. Disponível em . Acesso em: 07/11/2013).

Em seu discurso, Vavilov apontou algumas de suas diferenças com Lysenko:

[…] We have, of course, other differences. I have dwelt on the most important. The opposing point of view is in contradiction not only with a group of Soviet geneticists but with all modern biological science. I repeat that I do not know of one manual in genetics and selection which would support the views propounded by the school of Academician Lysenko. A peculiarity of our differences is also that under the name of progressive science it is suggested that we return, in essence, to views which science has outgrown, that is, to views current in the middle of the nineteenth century. (VAVILOV, 1939, Marxists Internet Archive. Disponível em . Acesso em: 07/11/2013).

As disputas com Vavilov são as mais notórias, pois, além de polemizar diretamente com Lysenko, ele cumpriu importante papel no estabelecimento de contatos com os geneticistas ocidentais. Na década de 1930, a Genética soviética tinha um prestígio considerável no cenário internacional e mantinha intercâmbio permanente de cientistas. Contudo, após a assinatura do pacto Hitler – Stalin (agosto de 1939), quase todos os contatos de cooperação foram interrompidos.

Segundo Dejong-Lambert (2013), o Lysenkoísmo se consolidava cada vez mais na URSS e se espalhou no final dos anos de 1940 para Ásia e América Latina, estendendo-se também, segundo Paul (1983), para a Europa Oriental, China, Inglaterra, França, Índia e Brasil. Em todo mundo numerosos trabalhos trataram sobre o Lysenkoísmo, desde livros a diversos trabalhos em periódicos de distintas áreas7.

Na Grã-Bretanha, por exemplo, a repercussão foi intensa. Geneticistas proeminentes, como Julian Huxley (1887-1975) e o marxista John B. S. Haldane (1892-1964) tomaram

7Livros importantes: JORAVSKY, 1986; ROLL-HANSEN, 2005. Lysenkoísmo na Europa: CASSATA, 2012; KOHLER, 2011; TEICH, 2007; PAUL, 1983; DEJONG-LAMBERT, 2007; DEJONG-LAMBERT, 2012 DEJONG-LAMBERT, 2013, ROLL-HANSEN, 2005. Estados Unidos: SELYA, 2012; MARKS, 2013; MILLER, 1995; WOLFE, 2012; SOYFER, 2001. Rússia: KOJEVNIKOV, 1998; OUSHAKINE, 2000; DEJONG- LAMBERT e KREMENTSOV, 2012; KREMENTSOV, 1996. Na América Latina (GARZA-ALMANZA, 2013) e Japão (IIDA, 2010). Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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posições opostas, com o primeiro declarando que Lysenko fazia pseudociência e Haldane afirmando que suas ideias deveriam ser analisadas seriamente (DEJONG-LAMBERT, 2013).

Nos Estados Unidos da América (EUA), Rena Selya (2012) relatou a postura dos geneticistas da Genetics Society of America (GSA) que tentaram organizar uma resposta institucional à questão. Importantes pesquisadores, como Hermann J. Muller (1890-1967), Theodosius Dobzhansky (1900-1975) (naturalizado) e Leslie Clarence Dunn (1893-1974), empenharam-se em verdadeiras campanhas contra o Lysenkoísmo no país, como também descreveu Dejong-Lambert (2013). No entanto, segundo Selya (ibid.), a ofensiva contra o Lysenkoísmo neste país não foi uma tarefa simples, os membros da GSA tiveram dificuldades para abordar publicamente o tema devido a desentendimentos internos da entidade e à complexa e tensa conjuntura política nacional e internacional naquela ocasião.

Na Itália, segundo Cassata (2012), os biólogos do Partido Comunista Italiano (PCI) também refletiram a questão, surgindo algumas controvérsias importantes entre eles. O autor afirma também que o Lysenkoísmo significou na Europa Ocidental mais do que mera propaganda da política externa soviética, consistindo também em algo como um símbolo de identidade e uma ferramenta de mobilização de massa, como no caso do PCI.

Na França, as teses de Lysenko recaíam, especialmente, na discussão conceitual relativa à definição do papel dos genes e da regulação genética, debatida pelos proeminentes biólogos Jacques Monod (1910-1976) e François Jacob (1920-2013), ambos ganhadores do Nobel em Fisiologia e Medicina em 1965. A influência do ambiente no genoma era uma questão aberta [e ainda é, em certa medida] e a ideia de que seria possível o condicionamento genético e hereditário dos seres vivos repercutiu diretamente nesse debate (MARKS, 2013).

No Japão, a Biologia de Lysenko ganhou popularidade na esquerda e nos estudantes progressistas, fato alarmante para os EUA (que ocupava o Japão durante e após a II Guerra Mundial), cuja missão era manter o país como um aliado na competição política e ideológica contra a URSS. Por causa desse temor, era frequente que nos recém-criados institutos científicos os cientistas tivessem que negociar e justificar suas atividades (IIDA, 2010).

Em países da América Latina encontramos poucas referências. No México, o biólogo e

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professor da Escola Militar de Medicina, Isaac Ochoterena Mendieta (1885-1950), pioneiro no desenvolvimento da Biologia no país foi, segundo Garza-Almanza (2013), a primeira pessoa a entrar em contato com as ideias de Lysenko no país, ao final dos anos de 1930. Sensível às ideias socialistas, Ochoterena incentivou a propagação da chamada “Biologia Proletária”, promovendo sua divulgação através de conferências, artigos, e livros didáticos.

2 AS REPERCUSSÕES NO BRASIL

No Brasil, poucos trabalhos atuais mencionam o caso Lysenko. Não encontramos artigos ou teses que tratassem diretamente da repercussão do Lysenkoísmo no país8. Em nosso trabalho, partimos de um breve contexto da evolução da Biologia no país, especialmente da Genética9, para compreendermos as particularidades da questão no Brasil.

A Genética brasileira começou a ganhar fôlego a partir da década de 1920, ligada às escolas e institutos agrícolas paulistas. Existiam no país pesquisadores já conceituados no início da década de 1930, como André Dreyfus (1897-1952), que se tornou ainda mais influente após a criação do Departamento de Biologia Geral na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP), em 1935. Ele constituiu um grupo forte de geneticistas, com nomes como Crodowaldo Pavan (1919-2009), Martha Brener e Rosina de Barros. Em Campinas, trabalhava Carlos Arnaldo Krug (1906-1973) com Genética aplicada à Agricultura, no Instituto Agronômico de Campinas (criado em 1928). E, na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), Friedrich Gustavo Brieger (1900-1985) investigava o melhoramento de hortaliças em clima tropical.

Na década de 1940, com a vinda de Dobzhansky ao Brasil, a Genética nacional experimentou um salto importante. O pesquisador estava na vanguarda das pesquisas em Genética em nível mundial e foi um dos principais responsáveis pela Teoria Sintética neodarwiniana. Sua estadia, financiada pela Fundação Rockfeller, ajudou a formar e

8Realizamos buscas no Banco de Teses da Capes, em bancos de teses e dissertações de diversos programas de pós-graduação em História das Ciências, no Portal de Periódicos da Capes e no buscador Google. Há raros livros, como o de Osvaldo B. de Menezes (1955), que se dedicam ao estudo do caso Lysenko naquele momento histórico. A obra de Menezes já foi encontrada e será analisada em nossa pesquisa posteriormente. 9Sobre a História da Biologia no Brasil ver: LORETO, M. L. A formação do campo da Biologia: origens e desenvolvimento no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação de Mestrado - Programa em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014. Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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consolidar uma geração de cientistas brasileiros, com suas constantes solicitações de viagens de estudo, recursos e equipamentos do exterior. E Dreyfus foi um importante ponto de apoio ao pesquisador no Brasil10 (SCHWARTZMAN, 2001).

Nos EUA, vimos que Dobzhansky colaborou com o rechaço ao Lysenkoísmo tendo, provavelmente, repartido suas análises com os colegas brasileiros. Estava inclusive no Brasil na ocasião da Conferência de VASKhNIL sabendo dos resultados através de jornais enviados por colegas. Em resposta, escreveu uma carta a Leslie Dunn “Você pode imaginar o que sinto. Agora, nada deve ser feito por cientistas norte-americanos? [...] Para usar a expressão bíblica, se não falamos, em seguida, as pedras falarão!" (DEJONG-LAMBERT, 2013: 99)11.

Outro importante geneticista brasileiro, Oswaldo Frota-Pessoa (1917-2010), passou um período em contato com o grupo de Dreyfus em São Paulo, como aluno de Pavan, participando ativamente das discussões no laboratório. Segundo o pesquisador, a simples menção do nome de Lysenko, por quem Dreyfus não nutria a menor simpatia, invariavelmente gerava grandes discussões (SILVEIRA, 2006).

3 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho foram consultadas principalmente matérias de jornais e revistas nacionais, além de documentos, especialmente entre as décadas de 1930 e 1970, época de atividade intensa e de relevância dos trabalhos de Lysenko. Os principais jornais consultados foram Jornal do Brasil (JB), Folha de São Paulo (FSP), O Estado de São Paulo e O Globo, por estarem entre os maiores em número médio de circulação e mais influentes, além de que todos possuem o acervo completo digitalizado na internet12, com a possibilidade de realizarmos buscas por palavras-chave e comparar os resultados. Realizamos também

10 A Escola de Genética Dreyfus-Dobzhansky, como ficou conhecida, foi a pioneira na pesquisa de Genética e Ecologia de Drosophilas, além de introduzir a Genética de populações no país, tornando-se uma referência internacional. Os desdobramentos da escola espalharam-se para várias regiões do Brasil, formando outros grupos, também apoiados pela Fundação Rockefeller e pela Sociedade Brasileira de Genética (fundada em 1955) (FORMIGA, 2007). 11 Tradução feita pelos autores. 12 Disponível em: Folha de São Paulo; < http://acervo.estadao.com.br/> Estado de São Paulo; O Globo; contém o acervo do Jornal do Brasil.

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buscas no portal da Hemeroteca Digital Brasileira13 que contém mais de uma centena de periódicos e revistas no período (por volta de 150). Analisamos também alguns jornais e revistas dos partidos comunistas e de orientação de esquerda.

Em relação aos jornais e revistas digitalizados, fizemos, inicialmente, análises quantitativas distribuindo a frequência das páginas contendo palavras-chave específicas, relacionadas ao caso Lysenko, ao longo de nove décadas. Em seguida, análises qualitativas do conteúdo de parte das matérias. A principal palavra-chave pesquisada foi “Lysenko” e sua variação na grafia “Lisenko”. Todas as páginas contendo tais termos (639) foram verificadas e as não possuíam relação com o tema não foram contabilizadas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os termos “Lysenko” e “Lisenko”, que realmente correspondiam a Trofim Lysenko, apareceram em 453 páginas dos periódicos, sendo que 145 (32%) destas estão presentes nos periódicos da Hemeroteca Digital e as restantes distribuídas nos quatro jornais: O Globo com 35 páginas (7%), JB com 58 (12%), Estado de São Paulo com 93 (20%) e FSP com 122 (26%). Está claro que os dois jornais paulistas têm quantidade muito superior de páginas (quase a metade) que acreditamos ser consequência do maior desenvolvimento da Genética no estado em seus primórdios. Eles possuem também distribuições semelhantes de ocorrências ao longo das décadas. São frequentes as matérias ou entrevistas com importantes pesquisadores paulistas, como Dreyfus, Brieger, o parasitologista Clemente Pereira (1906- 2006) e divulgadores da Ciência, como José Reis, autor de diversas matérias na FSP, além de uma série de notícias relatando em detalhes acontecimentos envolvendo Lysenko na URSS.

No Gráfico 1 abaixo apresentamos a distribuição do somatório das ocorrências contidas no conjunto dos quatro jornais do estudo e da Hemeroteca Digital14.

13Sítio eletrônico mantido pela Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: . Acesso em 12/08/2014. 14 Relembramos que os dados do JB foram retirados do portal da Hemeroteca, portanto, quando nos referimos à base de dados da Hemeroteca, estão subtraídos destes os dados do JB.

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Gráfico 1 - Número de páginas em que o termo “Lysenko” (e “Lisenko”) aparece no conjunto (somatório) dos quatro jornais e nos periódicos da Hemeroteca Digital, ao longo de nove décadas15.

Na década de 1940 é que começam a aparecer significativamente as primeiras páginas com ocorrências, representando 14% do total. Em 1950 temos o maior volume de páginas (38%), década em que Lysenko implanta suas doutrinas na URSS. Nas décadas seguintes, 1960 (15%) e 1970 (17%), há ainda um grande número de páginas, muitas delas apresentando críticas severas ao biólogo ou mesmo paródias. Na década de 1960, como vimos, Lysenko retomou parte do seu prestígio junto ao governo de Khrushchov e, 1970, década de sua morte.

Sua morte inclusive foi noticiada nos principais jornais brasileiros. Na FSP de 24 de novembro de 1976 (primeiro caderno, seção Exterior, p. 11), temos o título “Morre o pai da ´ciência proletária´”, onde se lê que Lysenko foi “[...] um dos mais discutidos cientistas deste século, e cujas dogmáticas concepções teóricas dominaram as Ciências Naturais da União Soviética durante a era stalinista”. Na edição do mesmo dia (24) de O Estado de São Paulo (p.19) noticiava-se com o título “Morre Lysenko, o biólogo que atrasou a agricultura russa”. Em O Globo (p. 20, seção O Mundo), lê-se o título “Lysenko, adversário de Mendel, morre na

15Fonte: Acervo disponível em: Folha de São Paulo; Estado de São Paulo; O Globo; contém o acervo do Jornal do Brasil. < http://hemerotecadigital.bn.br/> Hemeroteca Digital Brasileira. Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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URSS”, sendo que havia uma chamada para esta matéria na capa do jornal. E no JB (seção Internacional, p. 13), no mesmo dia, apresenta-se o título e subtítulo respectivamente “Lysenko, o biólogo favorito de Stálin, morre no ostracismo” e “Teorias Esdrúxulas”.

Percebemos o quão o biólogo era mostrado, nesse período, como um cientista desmoralizado e fracassado, mesmo perante a URSS. No entanto, em um dos primeiros artigos que mencionam Lysenko, publicado em um periódico brasileiro, Rodriguésia16, vemos Lysenko sendo apresentado sob outro perfil, mais técnico e positivamente. No longo artigo de seis páginas, com título Vernalização (edição de março-junho de 1937, ano II, nº 8), são apresentadas as teses de Lysenko no campo da Fisiologia Vegetal. No primeiro parágrafo, lemos que “[...]foram constatações [as descobertas sobre a vernalização] de grande valor as que elle conseguiu coordenar porquanto permitiam imediatamente pesquizas interessantes em torno das plantas de interesse econômico [...]” (ibid., p. 1).

Este deslocamento para um perfil de matérias mais crítico ao trabalho de Lysenko foi observado à medida que avançavam as décadas, especialmente a partir do início década 1950, quando o Lysenkoísmo se torna mais forte na URSS e também quando as tensões da Guerra Fria estão intensas. Vimos que muitas crônicas e artigos, contra ou a favor das teses lysenkoístas, tinham, além de sua componente científica, evidentes manifestações ideológicas.

Entretanto, mesmo entre as inúmeras e vigorosas críticas, encontramos, na década de 1960, uma pequena nota do jornal carioca Última Hora (Diplomáticas, 12/08/1961, p. 6) onde se anuncia que Lysenko seria convidado a vir ao Brasil “[...]a ideia de sua visita ao Brasil partiu de técnicos em triticultura [cultivo de trigo] nacional, que admitem que a aplicação de seu processo no Brasil poderia melhorar sensivelmente nossa produção.”.

Nas poucas matérias das décadas finais, o caso Lysenko estava consolidado, em boa parte dos textos de opinião, como um grande erro científico do passado, com resultados “calamitosos” para Biologia, como afirmou José Reis na FSP (Política e ciência agrícola, 5º caderno, Ilustrada, 06/01/1980, p.48) ou como uma prática de pseudociência abolida, permitindo então que a Biologia e Genética pudessem se recuperar lentamente na URSS.

Apresentamos aqui também alguns exemplos ilustrativos de como os intelectuais e

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cientistas da época refletiram sobre o Lysenkoísmo em revistas de divulgação científica e como material de propaganda política na imprensa de esquerda. Uma das críticas, talvez mais detalhada, ao Lysenkoísmo na mídia brasileira da época, e que foi cuidadosamente explicada para o grande público, veio da pena do geneticista Frota-Pessoa. Em sua coluna Biologia para Todos, no suplemento Ciência para Todos do jornal A Manhã, ele dedicou toda a página 5 (a parte final do artigo está na página 12) do dia 31 de outubro de 1948 para criticar com vigor as ideias de Lysenko e Michurin. Após apresentar as ideias destes, ele descreveu em detalhes a polêmica de Vavilov com Lysenko, explicando o que seria a “vernalização” do trigo e citando extensivamente afirmações de Dobzhansky contrárias ao Lysenkoísmo.

Um segundo exemplo vem do exame do jornal comunista Imprensa Popular que, entre os anos 1948 e 1951 e 1955 publicou várias matérias, geralmente traduzidas de textos publicados na URSS, nas quais exalta a genialidade de Lysenko e as conquistas da agricultura soviética. Uma delas é um texto traduzido de N. Vorobiev que tratava da hibridação vegetativa, publicado no dia 27 de junho de 1952. Outro exemplo é o artigo intitulado “Audazes inovadores da técnica derrubam todos os obstáculos” que ocupa toda a página 12 da edição de 26 de agosto de 1951 e no qual estão descritos supostos êxitos das experiências e dos trabalhos práticos de Lysenko, além de descreverem e elogiarem toda a família deste cientista. Na revista do Partido Comunista Brasileiro (PCB), intitulada Problemas (Revista Mensal de Cultura Política), editada por Diógenes Arruda (1914-1979), na edição de janeiro de 1949 (nº 16)17 encontra-se na íntegra o extenso informe de Lysenko apresentado na famosa conferência de agosto de 1948, ou seja, apenas seis meses antes da publicação da revista.

Em 1948, a revista Fundamentos, de orientação de esquerda, dirigida por Monteiro Lobato, publicou dois artigos do médico Plinio Ribeiro Cardoso que parecem ter sido a defesa mais clara e extensa do Lysenkoísmo feita por um autor brasileiro: “Conflitos de duas teorias na genética” (Fundamentos, vol. II, n. 6, p 434-450, novembro de 1948) e “Sobre Genética” na seção Fórum de Fundamentos (Fundamentos, vol. III n 7-8, p. 72-81, dezembro de 1948).

Já no dia 7 de novembro de 1956, no artigo Até o Fim de Cipriano Ribeiro, na página 5

16 Revista científica trimestral, fundada em 1935, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 17 Marxists Internet Archive. Disponível em . Acesso em 17/08/2014. Belo Horizonte, Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 08 a 11 de outubro de 2014 | ISBN: 978-85-62707-62-9

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da Imprensa Popular, vemos o tom crítico que aflorou após a morte de Stalin e a ascensão de Khrushchov. Nele, o autor critica com muita ênfase os “revoltantes crimes praticados”, em especial contra Vavilov, além de mencionar o “dogmatismo” e a “ignorância” de Lysenko. Para Cipriano tais acontecimentos teriam ocasionado “vergonha e opróbrio dos intelectuais e cientistas do mundo”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os primeiros resultados de nossa análise dos periódicos brasileiros nos permitiram observar a existência de um volume considerável de material a ser explorado em nossa pesquisa e que o caso Lysenko influenciou não somente as questões científicas como também nos aspectos culturais, políticos e econômicos. Uma prova disso é que as matérias que citam de Lysenko estão dispersas em variados cadernos e assuntos, como o de Cultura, Economia, Internacional etc., além de Ciência.

Observamos ainda que os partidos e agremiações de esquerda no país também refletiram a questão em sua imprensa, visto que, nos principais órgãos de propaganda política do PCB, as palavras de Lysenko estavam sendo apresentadas e debatidas. Um próximo passo importante desta pesquisa será analisar como, no Brasil, os biólogos, cientistas em geral e outros intelectuais, ligados ao PCB ou fora dele, reagiram ao caso Lysenko, no seu apogeu e no seu declínio. Tendo como base a quantidade significativa de fontes disponíveis, e ainda não estudadas, vislumbramos a possibilidade de realizar uma análise aprofundada do caso Lysenko no Brasil, permitindo comparações com seus impactos e repercussões já observados e analisados em outros países.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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