Polêmica No Financiamento a Projetos Com “Alto Poder Lucrativo”
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BELÉM, QUARTA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2016 [email protected] TEL.: 3216-1126 SHOW CULTURA GENTE "Mago" terá museu Annita chega ao topo O escritor Paulo Coelho anuncia criação de Cantoras Rihanna e Anitta lideram o top 10 das um museu pessoal em Genebra. Página 4. mulheres mais ouvidas no Spotify. Página 3. O LIBERAL Cultura ganha espaço Pesquisa aponta que J.BOSCO dobrou o número de pessoas que Entenda as mudanças propostas na vai ao cinema Lei Rouanet de Financiamento ou ao teatro afirmou Travassos. BRASÍLIA Em oito anos, o percentual Agência Brasil de brasileiros que afirmou ter feito pelo menos um progra- esquisa nacional feita pela ma cultural subiu 10 pontos PFederação do Comércio do percentuais, de 43% para 53%. Estado do Rio de Janeiro Em contrapartida, 47% dos (Fecomércio-RJ), em parceria entrevistados relataram não com o Instituto Ipsos, revela fazer nenhum programa de o crescimento de hábitos cul- lazer cultural. Christian Tra- turais nos brasileiros nos últi- vassos indicou que há ainda mos oito anos. Foram ouvidos um grande caminho a percor- 1.200 consumidores em 72 rer para elevar os hábitos cul- municípios de todo o país en- turais dos brasileiros. “É um tre os dias 2 e 14 de dezembro mercado a ser aproveitado do ano passado. O número de ainda do ponto de vista tanto pessoas que disseram ter ido das empresas quanto do po- ao cinema e ao teatro cresceu der público”. 100%, passando de 17%, em A falta de hábito foi a razão 2007, para 35%, em 2015, e de mais citada para o não consu- 6% para 12%, na mesma com- mo de bens culturais, “porque paração, mostra a pesquisa. muitas dessas atividades, co- “Para surpresa nossa, uma mo museu, show de música, ler boa notícia é que mais brasilei- um livro, não têm custo”, disse ros estão indo, principalmente, o economista. O custo não é ao cinema e ao teatro, ao con- colocado como principal fator trário do que se imaginava impeditivo. A parcela dos que com o avanço da internet, em dizem não ter hábito cultural que havia uma preocupação de varia entre 63% e 88%. “É menor o brasileiro diminuir sua ida a foram ao cinema ou ao teatro”, contribuíram para disseminar encontro de uma necessidade para 36%, em 2015. “De 2007 no caso de teatro e alcança 88% esses dois programas culturais, disse à Agência Brasil o gerente os conteúdos e dar visibilidade de oferecer cada vez mais cul- para 2015, houve um avanço no caso dos que não leram um em função de estar mais conec- de Economia da Fecomércio-RJ, a artistas, “e isso colabora”. O tura à população. na escolaridade, que foi sen- livro, na base da população co- tado à internet, vendo filmes Christian Travassos. gerente observou o crescimen- Dos sete programas cul- tido na economia como um mo um todo”. Entre os 47% que ou peças de teatro pelo celular Travassos ressaltou que os to do mercado promocional e turais pesquisados, só o item todo”. Além dos lançamentos não fizeram nenhuma atividade ou computador. A gente não percentuais ainda são tímidos, de campanhas, feitas por meio “visita à exposição de arte” editoriais de sucessos ocorri- cultural listada na pesquisa, o percebe isso na comparação em especial no caso de teatro, de parcerias entre empresas de permaneceu estável em 2015 dos no período, e de feiras lite- momento de lazer mais citado mais dilatada, em oito anos, na embora tenham mostrado diferentes ramos, como bancos em relação a 2007, com 8%. No rárias, o mercado de trabalho foi ver televisão, para 77% dos medida em que dobraram os avanço significativo. Travas- e cinemas ou academias e tea- caso da leitura, o percentual mostrou aquecimento, e isso consultados, seguido da ida à percentuais dos brasileiros que sos disse que as mídias sociais tros. Segundo ele, elas vão ao aumentou de 31%, em 2007, incentivou a adesão à leitura, igreja, com 24%. Polêmica no financiamento a projetos com “alto poder lucrativo” SÃO PAULO tão. Essa empresa não vai apli- colocações do empresário Fer- para fora do eixo Rio-São Paulo Agência Estado car o dinheiro em projetos que nando Altério referentes ao fim e faria modificações no atual não vão dar retorno apenas para do mercado de musicais caso a Fundo Nacional de Cultura, a Um dos homens mais pode- destinar o que pagaria em Im- Rouanet deixe de atender a pro- reserva que, em tese, deveria rosos do meio de entretenimen- posto de Renda. É o meu ponto jetos “com alto poder lucrativo”, dar conta da produção cultural to do País, Fernando Altério, PINHEIROROOSEWELT /ABR de vista, depois dos 15 anos em como considerou o Tribunal de feita pela gigantesca parcela do alertou: “Se não tivermos mais que mexo com esse negócio”. Contas da União (TCU). País que não é beneficiada por a Lei Rouanet, poderemos ver O jornal O Estado de S.Paulo Paiva diz que não é intenção leis de incentivo. o fim do mercado de musicais pergunta ainda se não está se do MinC acabar com setores Sobre a colocação de Alté- no País”. O anúncio foi feito, no esticando um “cabo de guerra” importantes que dependam rio, de que nenhum empresá- entanto, no mesmo instante em entre as empresas de entreteni- dos incentivos. “Um dos obje- rio iria investir em projetos fo- que sua empresa, a T4F, anuncia- mento e o MinC. Se não existi- tivos da Lei é atuar em áreas ra do eixo Rio-São Paulo, Paiva va a estreia do musical Wicked, ria a alternativa de se sentarem em que o mercado não exista, diz que essa é uma distorção um produção de R$ 15 milhões para negociar saídas, como a mas é também uma preocupa- que o novo Fundo Nacional captados pela Rouanet. redução do preço do ingresso ção criar mercados vigorosos”. de Cultura deve tentar corri- Altério se referia à decisão por parte dos produtores em A pergunta que a pasta faz, no gir. “Ele tem que contar com do Tribunal de Contas da União troca da continuidade das polí- entanto, é a seguinte: Esse ne- o mesmo volume (em verbas) (TCU) de negar a aprovação da ticas públicas. “Não existe esse gócio poderia existir sem os destinado ao incentivo fiscal”. lei para projetos com “alto po- cabo de guerra porque o mi- incentivos fiscais concedidos tencial lucrativo” e que “possam nistério não se posicionou for- pelo governo? “Isso vai deman- atrair investimentos privados”. malmente, ainda. Se ele falasse dar diálogo e estudos, vamos O Ministério da Cultura (MinC), ‘não vou mais aprovar projetos atuar no excesso”. E o que seria por sua vez, não recorreu da na Região Sudeste’ ou não vou o excesso? “O governo faz estu- decisão, sinalizando que está mais aprovar musicais’, a gente dos para levantar esses lucros, alinhado com o entendimento poderia se manifestar. saber se estão dentro dos parâ- do TCU, pelo menos até que Ministro Juca Ferreira: foco fora de SP Na contramão de todo o ce- metros adequados com aquela seja aprovada pelo Congresso a nário, Altério tem uma boa no- atividade”. Especificamente so- nova lei de incentivos, com vá- tícia para o setor de shows. Sua bre os musicais, diz que é preci- rios pontos modificados da Lei empresa sente o termômetro so avaliar o assunto. “Mas claro Rouanet, chamada Procultura. possibilidade de se substituir os Mas não seria essa a gran- atingindo altas temperaturas. que consideramos importante O termo levantado pelo TCU, patrocínios vindos da Lei Roua- de mudança de pensamento?, “É um ano bastante bom para o mercado de musicais que foi “potencial lucrativo”, é subjetivo, net por outros. Seria o fim dessa pergunta o jornal O Estado de shows internacionais”. Sua ex- criado no Brasil.” no entendimento de Altério: “Se- indústria dos musicais.” S Paulo. “Mas não vão aplicar, plicação aponta para um efeito O secretário diz que o gover- gundo dados do próprio MinC, O ministro da Cultura, Juca não adianta mudar a lei. Se colateral da própria crise. “Es- no não abriu uma caça aos pro- 43 musicais tiveram seus proje- Ferreira, tem insistido para que hoje apenas 23% dos projetos tamos nos beneficiando de um jetos lucrativos. “Nós não temos tos aprovados e captaram R$ 51 a nova lei tire o foco de concen- conseguem captação de verbas, fator específico: os gastos dos preconceitos contra o lucro, ele milhões (em 2015). Eu acredito tração dos investimentos feitos imagine sem a lei. Não vão apli- brasileiros no exterior caíram também tem que existir”. Não que todos esses 43 projetos têm pelas empresas do eixo Rio-São car. E sabe o que vai acontecer? 62% entre janeiro de 2015 e ja- haveria uma margem de nego- potencial de lucro. Quando se Paulo. Hoje, cerca de 80% dos A Lei Rouanet vai esvaziar”. Ele neiro de 2014. E muitas pessoas ciação com os empresários do diz então que eles não devem ter projetos aprovados estão na diz que aplicar dinheiro em deixaram de fazer viagens. Elas setor para que o preço das en- Lei Rouanet, entendo que todos Região Sudeste. Fernando Alté- um projeto requer investimen- precisam se divertir e acabam tradas fosse menor? Ele diz ser os musicais caem por terra”. rio é cético com relação a essa to dos empresários e gastos fazendo isso sem sair do País”. esse um assunto em pauta mais Ele diz que essa é uma mu- tentativa de se valorizar outras que garantam, por exemplo, a efetivamente desde 2015. “Não é dança de curso que viria no pior regiões. “Sabe o que vai aconte- colocação da marca e o acom- O OUTRO LADO um assunto simples, há muitas ano possível para o setor de en- cer? As pessoas (empresários) panhamento da realização.