2. Os Construtores Almóadas Do Castelo De Paderne
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Título Caderno do Aluno - Castelo de Paderne 1.ª edição Novembro 2008 Coordenação, edição e produção Direcção Regional de Cultura do Algarve; IGESPAR, I.P. Textos e Desenhos Técnicos Natércia Magalhães, Octávio Câmara, Jair Gonçalves, Paulo Quitério Ilustração Mariana Canelas Maquetização Francisco Canelas Revisão Gráfica Sandra Gonçalves Impressão Gráfica Comercial ISBN 978-989-95125-1-1 Depósito Legal n.º 283674/08 CADERNO DO ALUNO 3º CICLO UM SAFARI FOTOGRÁFICO PATRIMONIAL NO CONJUNTO ARQUITECTÓNICO, ARQUEOLÓGICO E PAISAGÍSTICO DO CASTELO DE PADERNE 1 Fotodaturmaoudoalunoedosamigosduranteavisita Escola________________________________________________ Nome_________________________________________________ N.º____ Turma____ Data da visita____/____/____ 2 INTRODUÇÃO Ruínas arqueológicas, monumentos, edifícios, paisagens, obras de arte ou artefactos de um antigo ou mais recente quotidiano fascinam-nos porque: · São testemunhos físicos e simbólicos do passado, · Trazem selada a identidade e o modo de vida dos seus criadores, · São matéria humanizada ou história materializada e feita presente. Mas, acima de tudo, são um privilegiado veículo de informação, que requer, da nossa parte, um complexo processo de interpretação ou a realização de um percurso para o seu conhecimento. É esse percurso que te convidamos a iniciar com a utilização deste “Caderno do Aluno”. O safari fotográfico patrimonial que, nele te propomos, pode ser realizado individualmente ou em grupo. Destina-se a que possas fotografar o Conjunto Arquitectónico, Arqueológico e Paisagístico do Castelo de Paderne na perspectiva de um conhecedor do enorme valor que este tem enquanto Património Histórico e Cultural. Durante o safari abordaremos oito temas, a saber: 1. Cronologia e Implantação do Castelo; 2. Os construtores Almóadas; 3. Portugal e os Almóadas; 4. A integração do Castelo no território de Portugal; 5. Observando a muralha: planta, técnica e elementos construtivos; 6. Observando o urbanismo e as construções no interior do castelo; 7. A paisagem e o seu valor cultural; 8. Porque é o Castelo de Paderne um património a conhecer e a preservar. 3 Para estes oito temas, programou-se um conjunto de actividades que te possibilitarão a auto descoberta deste bem patrimonial, estruturadas em três fases distintas: Fase 1- Antes da visita, deverás: · Ler os temas 1, 2, 3 e 4. · Preencher todos os itens antecedidos da palavra pesquisa (páginas 10,14 e 15). · Discutir, com o teu professor e os teus colegas de grupo de trabalho, as dúvidas que te surgiram durante a leitura e pesquisa. Fase 2- Durante a visita, deverás: · Não esquecer de levar o teu caderno. · Ler os temas 5, 6 e 7. · Só depois, entrar no espaço interno do castelo. · Fazer o conjunto das 23 fotos que correspondem às 23 legendas pré-definidas. Se preferires poderás substituir as fotos por desenhos. Fase 3- Depois da visita, deverás: · Imprimir as fotos que realizaste. · Ler o tema 8. · Escolher o teu melhor enquadramento, correspondente a cada uma das legendas e colar, no espaço demarcado, a respectiva fotografia. · Redigir os três comentários solicitados nas folhas 8, 16 e 45. E está pronto o álbum que documentará a tua visita ao Conjunto Arquitectónico, Arqueológico e Paisagístico do Castelo de Paderne. Só te resta partilhá-lo com os teus amigos e família. 4 1. Cronologia e Implantação do Castelo 5 1.1- Cronologia de fundação: O castelo de Paderne foi, no Período Almóada, um pequeno hisn, ou seja, um pequeno povoado fortificado que era o centro de um território rural. Data de 1189, o primeiro testemunho escrito da sua existência, quando é enumerado entre os castelos islâmicos do Algarve, no texto de um cruzado anónimo que, a caminho da Terra Santa, participou na primeira conquista de Silves. Fotografia 1 - O Castelo 6 É, no contexto de um estado de guerra contínuo (com movimentos militares por mar e por terra, fronteiras volúveis e grandes massas de refugiados a afluírem ao sul) mas sustentado por uma economia em que o ouro almóada africano se alçou a moeda forte nos mercados mediterrâneos, que a estrutura defensiva e urbana de Paderne foi erguida de raiz. (Nota: O Período Almóada ocorre, na Península Ibérica, entre a 2ª metade do século XII e inícios do século XIII. No território magrebino foi mais longo.) Fotografia 2 - Vista geral da envolvente do castelo 7 1.2 - Local de implantação: Planta de localização Localiza-se, estrategicamente, no cimo de uma colina de 90 m de altitude que corresponde um meandro bem demarcado do percurso da ribeira de Quarteira. As encostas, NO, SO e SE, adjacentes à muralha, são íngremes, com inclinações de cerca de 33%. O controlo visual realiza-se, a N, até à Portela de Messines e ao Castelinho de Mem Martins e, a S, apesar da obstrução causada por cerros mais altos, sobre parte do vale da Ribeira de Quarteira. As características do solo e do clima ameno, de tipo mediterrâneo, favoreceram, desde sempre, a existência da piteira, da palma e do esparto. Os terrenos prestam-se, ainda, à produção de cereais, porém, a riqueza agrícola da região tem-se baseado, principalmente, na exploração de alfarrobeiras, figueiras e amendoeiras. A N e a NO, localizam-se os terrenos mais férteis, onde se situam as hortas e os pomares. Há mantos de águas subterrâneas e fontes naturais, como a fonte de Paderne. Comentário 1: Após a visita, com base nas tuas observações e no texto, dá-nos a tua opinião sobre as razões que motivaram a escolha deste local para a implantação desta estrutura militar e urbana ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 8 2. Os Construtores Almóadas do Castelo de Paderne Os almóadas foram uma dinastia berbere (moura), originária da região do Sus (Marrocos), que tomou aos almorávidas o poder, em Marraquexe. O primeiro dos seus governadores, Abd al-Mundin sediou a capital naquela cidade e, tomou para si e seus descendentes o título de califa. Um seu exército cruzou o estreito de Gibraltar, em 1147, a pedido de governantes locais como Ibn Qaci de Silves, e impôs-se aos divididos emires muçulmanos das taifas ibéricas. Apesar da vitória de Alarcos, em 1195, os almóadas revelavam as mesmas inaptidões de que acusavam os Almorávidas, entre as quais a incapacidade de mobilizar e organizar um grande exército africano-berbere-andalusí que pudesse erradicar a ameaça que os exércitos portugueses, castelhanos e aragoneses exerciam, continuamente, a Norte. Em 1212, os almóadas sofreram derrota definitiva em Navas de Tolosa, e retiraram-se paulatinamente da península ibérica, dando lugar ao 3.º período das taifas. 1em1145 2em1147 3em1152 4em1160 9 Pesquisa1:DefineBerbere _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Pesquisa2:Definecalifado _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Pesquisa3:Colarareproduçãodeumamoedadeumdinaroumeiodinardeouroalmóada. 10 3. Portugal e os Almóadas Mouros e Cristãos- Reprodução das Cantigas de Santa Maria 11 A Reconquista está relacionada com a oposição de Castela e Leão, Aragão, Navarra e Portugal às dinastias almorávida (1042-1145) e almóada (1145-1262), ambas de etnia berbere, de religião muçulmana e provenientes de Marrocos. Quando, em 1147, os almóadas chegaram ao al-Andalus, determinados a substituir no poder os almorávidas, Portugal era recém-nascido como domínio político independente. Afonso Henriques (1128-1185) acabara de obter de Afonso VII de Leão o seu reconhecimento como rei (Tratado de Zamora/1143), prestara vassalagem ao Papa Inocêncio II, e, estava decidido a estabelecer a viabilidade do seu reino, expandindo-se estrategicamente pela conquista territorial, fosse ela em territórios cristãos ou muçulmanos. No último caso, Afonso Henriques contou com ao auxílio das cruzadas da Europa Setentrional, a caminho da Terra Santa, que por exemplo o ajudaram a conquistar Lisboa e Sintra, em 1147. Mas os almóadas também têm sucessos, em 1184, uma grande ofensiva de Abu Ya’qub Yusuf, no Alentejo, reconquista território até à linha do Tejo, e permite-lhe atacar Lisboa, por mar, e Santarém, por terra. O confronto não foi só terrestre, entre 1178-1182, regista-se uma guerra naval, no Atlântico,