Ferroviárias: Formas De Institucionalização Na ―Cidade Partida‖

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Ferroviárias: Formas De Institucionalização Na ―Cidade Partida‖ UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEMÓRIA SOCIAL – PPGMS LUCAS CARDOSO ALVARES MEMÓRIAS SUBURBANO – FERROVIÁRIAS: FORMAS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO NA ―CIDADE PARTIDA‖ RIO DE JANEIRO 2019 LUCAS CARDOSO ALVARES MEMÓRIAS SUBURBANO – FERROVIÁRIAS: FORMAS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO NA CIDADE PARTIDA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro como requisito parcial para a obtenção do título de doutorado em Memória Social. Orientador: Profª. Drª. Andrea Lopes da Costa Vieira RIO DE JANEIRO 2019 LUCAS CARDOSO ALVARES MEMÓRIAS SUBURBANO – FERROVIÁRIAS: FORMAS DE INSTITUCIONALIZAÇÃO NA CIDADE PARTIDA Área de Concentração: Memória Social Linha de Pesquisa: Memória e Espaço BANCA EXAMINADORA ________________________________________________ Profª Drª Andrea Lopes da Costa Vieira (Orientadora) _________________________________________________________ Prof. Dr. Amir Geiger _________________________________________________________ Prof. Dr. José Jairo Vieira _________________________________________________________ Profª Drª Ludmila Maria Moreira Lima _________________________________________________________ Profª Drª Patricia Farias RIO DE JANEIRO 2019 Em memória de José Carlos Cardoso, Dalva Lazaroni e Ricardo Oiticica, três professores que tive e que perdi antes da hora. AGRADECIMENTOS Ao suporte inestimável dos docentes do PPGMS ao longo destes anos de caminhada, nas pessoas do coordenador do PPGMS, Prof. Dr. Francisco Ramos de Farias, da Profª. Drª Andrea Lopes, minha orientadora de doutorado e do Prof. Dr. Amir Geiger, de mestrado. À amizade de Marcos Barreto, Renée Maia, Erick Carvalho, Juliana Bonomo, Sabrina Dinola e tantos outros colegas de mestrado e doutorado. Aos sonhos que sonhamos juntos, aos eventos que organizamos e às publicações que compartilhamos em periódicos e nos seminários pelo país, todos inesquecíveis. À amiga Edylane Eiterer, que vivenciou tantos desses momentos. Ao caminhar recente, mas não menos importante, ao lado dos companheiros da Frente Nacional Trabalhista, representada pelos ombros irmãos de Marcos Andrade, André Nunes, Ramez Maalouf, Erivaldo Jovino e Guilherme Ribeiro, e do Instituto da Brasilidade, semente de um novo Brasil, aqui lembrado nos nomes do Prof. Dr. Carlos Lessa, Prof. Dr. Darc Costa, Prof. Teodoro Buarque de Hollanda, Major-Brigadeiro Jorge Marones de Gusmão, do engenheiro Carlos Monte e dos colegas do PEPI-UFRJ, João Miguel Barcelos, Daniel Kosinski, Felipe Batista, Nikola Parizkova, Patrick Fontaine, Fernando Azevedo e Raisa Barbosa Dias. Ao amigo Celso Mattos, também do IB. Ao ex-deputado federal Vivaldo Barbosa e ao ex-ministro Fábio Medina Osório pelo estímulo intelectual. Ao companheiros de sempre Mario Vasconcellos, Tiago Bandeira, Carla Rosa, Isabela de Sousa, Nathália Marsal, Saulo Machado, André Lobão, Edson Mattos, Renato Xavier, Isabela Corrêa, Letícia Signorelli e Luiz Magalhães, por comigo dividirem angústias e construções. À Jussara Martins e ao Carlos Newton, casal querido, pela companhia diária. Com amor, aos meus pais e irmãos, pela compreensão que parece não ter fim. À Paula, que chegou no meio do caminho para não sair mais. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. Na vida dos subúrbios, a estação da estrada de ferro representa um grande papel: é o centro, é o eixo dessa vida. Antigamente, quando ainda não havia por aquelas bandas jardins e cinemas, era o lugar predileto para os passeios domingueiros das meninas casadouras da localidade e dos rapazes que querem casar, com vontade ou sem ela. Hoje mesmo, a gare suburbana não perdeu de todo essa feição de ponto de recreio, de encontro e conversa [...] De resto, é em torno da „estação‟ que se aglomeram as principais casas de comércio do respectivo subúrbio. A.H de Lima Barreto, 1921. RESUMO Esta tese analisou de que formas o desenvolvimento das quatro principais linhas férreas de transporte de passageiros no município do Rio de Janeiro impactou as relações entre as espacialidades de beira a linha e a Memória, por meio da produção de ruínas, vestígios e da promoção de não-ditos e silenciamentos. Para tanto, foram observados elementos da composição social de subúrbios repletos de especificidades e distinções entre si, bem como observados os elos de memória compostos em espacialidades onde o operacional e o obsoleto coabitam, produzindo ruínas visíveis aos olhos de todos, em maior ou menor grau, ao mesmo tempo em que é exercido serviço essencial para a mobilidade urbana. Como base metodológica, levantamento bibliográfico, documental e de registros dos periódicos diários cariocas. Considerou-se a possibilidade de a privatização das ferrovias de passageiros, levada a cabo em 1998, ter contribuído para a ressignificação de tais espacialidades, com a reconfiguração das relações entre os subúrbios e a as expressões de memória, concluindo-se que a privatização promoveu silenciamentos e pausterizações em substituição à proliferação de ruínas e vestígios ressignificáveis que marcava o período anterior a 1998. Palavras-chave: Subúrbios, Rio de Janeiro, ferrovias, ruínas, Memória Social. ABSTRACT This thesis analyzes how the development of the four main passenger railways in the city of Rio de Janeiro impacted the relations between the borderline and the Memoria, through the production of ruins, vestiges and the promotion of non-sayings and silencing. For this purpose, this work observed elements of social composition of suburbs full of specificities and distinctions among them and Memory links composed in spaces where the operational and the obsolete cohabit, producing visible ruins in the eyes of all, to a greater or less degree, while at the same time an essential service for urban mobility is exercised. As methodological basis, a bibliographical, documentary and record survey of daily newspapers in Rio was used. The thesis considered that the privatization of the passenger railways, carried out in 1998, contributed to re-signification of such spaces with reconfiguration of relations between the suburbs and the expressions memory, and it was concluded that privatization promoted silencing and pasteurizations in place of proliferation of ruins and traces that there was before. Keywords: Suburbs, Rio de Janeiro, railways, ruins, Social Memory. SUMÁRIO INTRODUÇÃO: PERCURSO DE VIAJANTES, SUBÚRBIOS DOS TRILHOS DE AÇO E SUAS FACES __________________________________________________15 I. SUBÚRBIOS, ESPACIALIDADES DE MUITAS DEMARCAÇÕES________27 1.1. Alarga o espaço da tua tenda, estende as cordas, reforça as estacas: Território, Espaço e Espacialidade, um debate dimensional______________________________27 1.2. Espacialidade, lugar das desigualdades: uma compreensão sobre oportunidades e resultados____________________________________________________________35 1.3. Rio de Janeiro, cidade partida? Análise de um território compartimentalizado___40 1.4. Subúrbios: o rapto ideológico da palavra. Construção de estigma?____________44 1.5. A natureza do transporte ferroviário: um retrospecto_______________________50 II – A COLMEIA E O BARRO: SUBÚRBIOS, TRAJETÓRIAS DE UM DESENVOLVIMENTO HETEROGÊNEO_______________________________55 2.1. Irajá e Inhaúma: Freguesias oriundas de uma mesma gênese_________________55 2.2 – Perfil demográfico de um par de velhas freguesias________________________58 2.3 – Inventário da precariedade: a E.F Rio D‘Ouro e a Memória como preenchedora de lacunas historiográficas_________________________________________________64 2.4 – Méier: uma nova espacialidade_______________________________________68 2.5 – Algumas observações sobre a presença ferroviária na Zona Oeste____________72 III – QUESTÕES DE MEMÓRIA SOBRE AS ESPACIALIDADES FERROVIÁRIAS CARIOCAS__________________________________________78 3.1 – Restos e rastros da E.F Rio D‘Ouro, mais de um século de vestígios__________78 3.2 – O caso do Ramal de Dona Clara: estigmatização no bairro de Madureira______83 3.3 – ―Estações-fantasma‖: lembrar para esquecer, esqueletos urbanos____________89 3.4 – A problemática dos cemitérios ferroviários______________________________93 3.5 – Ruínas: distinções entre a E.F Central do Brasil e a Linha Auxiliar__________102 IV – UM LONGO PROCESSO DE DILAPIDAÇÃO: UM INVENTÁRIO DA PRIVATIZAÇÃO DA MALHA FERROVIÁRIA DE PASSAGEIROS_______112 4.1 – Observações sobre o desprestígio ao modal ferroviário: a perda de um projeto nacional de integração pelos trilhos_______________________________________112 4.2 – A metrolização da E.F Rio D‘Ouro e seu impacto social__________________116 4.3 – Exclusão social e a performance ferroviária: o curioso caso dos surfistas ferroviários__________________________________________________________120 4.4 – Flumitrens e Supervia: apagamento de especificidades, arrasamento de vestígios ___________________________________________________________________129 CONSIDERAÇÕES FINAIS___________________________________________138 REFERÊNCIAS _____________________________________________________141 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1: Índice de Desenvolvimento Humano nos subúrbios da Central do Brasil, referente ao ano 2000, único levantamento feito na cidade. Dados retirados de INSTITUTO PEREIRA PASSOS. Coleção Estudos Cariocas - Desenvolvimento Humano e condições de vida na cidade do Rio de Janeiro. (Estudo Nº 2352). Rio de Janeiro: IPP, 2000. Tabela 2: Índice
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