CFEMEA - Centro Feminista de Estudos e Assessoria

ANO Ili Nº 27 BRASf LIA • DF MAIOf95

Jobim nomeia Comissão Mesa-Redonda debate a Mulher para Reforma do na Reforma .da Previdência Código Penal

O Ministro da Justiça, Nélson Jobim nomeou, no último dia 25, uma Comissão responsável pela Reformulação do Código Penal A Comissão tratará com prioridade o tema da violência urbana (homicídio, latrocínio, extorsão, seqüestro, formação de quadrilha, estupro, etc). Constituída por diversos juristas, a Comissão é presidida pelo Ministro Francisco de Assis Toledo, do Superior Tribunal de Justiça, que disse estar aberto às \ sugestões da sociedade civil. Durante dois dias, 8 e 9 de A reunião resultou na maio, feministas especializ.adas em elaboração de um documento capaz Previdência Social analisar~m as de subsidiar as discussões sobre o propostam do governo Fernando tema e, principalmente expõe as PROJETOS DE Henrique Cardoso que pretendem eventuais perdas a que estão sujeitas LEI EM sanear as crises previdenciárias. as mulheres com as reformas. DISCUSSÃO O encontro realizado no A reunião, a posição do 4 NO CFEMEA contou com um número governo e mais detalhes sobre o CONGRESSO que, apesar de reduzido, era bastante documento na página 2. significativo.

DISCRIMINAR Comissão Novo Código Civil ÉCRIME. Fiscalizará garantirá igualdade SAIBA COMO PAISM de direitos USARA LEI 6 O Programa de Assistência Se a Comissão nomeada para Integral à Saúde da Mulher (PAISM) analisar a proposta de Reforma do conta com dois novos aliado~, o Código Civil demorar muito nos seus ROSISKA FALA projeto que regtJlamenta o trabalhos, terão se passado 80 anos SOBRE SEUS Planejamento Familiar e a Comissão em que os Direitos da Mulher pouco PLANOS PARA de Deputados criada para evoluíram. OCNDMEA acompanhar o programa em seus Criado em 1916, o Código 10 CONFERÊNCIA estados. atual não espelha mais a realidade A implementação do PAISM dos cidadãos. Com a Reforma, as DE PEQUIM tem agora, reais possibilidades de mulheres estarão mais próximas da implementaç~ : (Págfua 5) igualdade civil. (Página 7) 2 Fêmea - Maio/95 EDITORIAL Mulheres discutem a Reforma A Reforma da Previdência Social afeta de forma direta todas as cidadãs e cidadãos brasileiros. As mulheres, invisibilizadas neste processo, estão discutindo, se articulando e começando a ocupar maior espaço político neste debate.

O Governo, percebendo a O Ministro da Previdência Social DOCUMENTO dificuldade de aprovar sua proposta mandou um representante, o assessor Entre os objetivos da de Reforma da Previdência Social, e Celecino de Carvalho Filho, que reunião, estava a produção de um o Congresso Nacional, dando-se esclareceu os fundamentos da sua documento de análise da proposta do conta da impopularidade da matéria, proposta de emenda constitucional governo a partir de uma perspectiva resolveram dar ao debate um ritmo em relação à mulher. A Deputada de gênero. Seguindo a linha do que diferenciado daquele em que vêm Martha Suplicy (PT-SP) e assessoras havia sido definido no ano passado, sendo tocadas os demais itens da de outras parlamentares durante a Revisão Constitucional, Reforma Constitucional. acompanharam os debates. quando a palavra de ordem ''Nenhum A expectativa dos deputados O representante do direito a menos" unificou as mulheres é de começar a analisar a reforma Ministério da Previdência Social foi na RedeRevi - Rede Nacional do previdenciária no início do próximo um dos formuladores da proposta do Movimento de Mulheres na Revisão, semestre. Enquanto isto, a Comissão governo. Durante mais de duas horas a mesa-redonda consolidou de Fiscalização e Controle da apresentou e esclareceu as dúvidas argumentos que fortalecem a Câmara trabalha na produção de um apresentadas pelas participantes, proposta de manutenção da diagnóstico sobre a real situação reafirmando, inclusive, que não há aposentadoria diferenciada entre econômica,· financeira e estrutural da um colapso financeiro na homens e mulheres, e trabalhadores Previdência. A Comissão tem 120 Previdência, e que a reforma urbanos e rurais. As condições dias para apresentar suas conclusões. pretende corrigir distorções. Apesar absolutamente desiguais da mulher Para isso, estão ouvindo os da clareza da sua exposição, as no mercado de trabalho e, depoimentos de organizações e mulheres consideraram que para conseqüentemente, quanto aos especialistas na área, e pretendem atender a este objetivo a proposta do beneficios previdenciários, e ainda a ter em mãos documentos com a governo é ineficiente e não se responsabilidade assumida situação das contas, o potencial de convenceram da necessidade de solitariamente com o trabalho arrecadação, os custos do sistema, alterar a Constituição para corrigir doméstico e o cuidado com os filhos o alcance das fraudes identificadas, estas distorções. foram consideradas razões a evasão de recursos, além de uma fundamentais para justificar um análise de receitas e despesas para AUDIÊNCIA PÚBLICA tratamento diferenciado enquanto os próximos 15 anos. A Deputada Martha Suplicy prevalecerem estas desigualdades. confirmou sua intenção de requerer Este documento que, MESA REDONDA à Comissão de Seguridade Social e inclusive, apresenta dados sobre a Paralelamente, as mulheres Família a convocação de uma participação da mulher na vem aprofundando a discussão sobre audiência pública com o Ministro previdência social e o impacto a reforma previdenciária. Nos dias 8 Reinhold Stephanes e representantes financeiro dos beneficios destinados e 9 de maio, o CFEMEA promoveu de organizações· de mulheres, à população feminina, pretende-se uma mesa redonda sobre este tema. provavelmente no mês de junho, para um subsídio à discussão do Estiveram presentes a Juíza Salet'e debater a questão e chamar a aten­ movimento e do próprio Congresso Maccalóz, a socióloga Leila ção do Parlamento e do Poder Nacional. Até o final do mês de maio Linhares, da CEPIA - Cidadania, Executivo para as reivindicações das ele deverá estar pronto e será Estudo, Pesquisa, Informação e mulheres. distribuído aos parlamentares e às Ação, a economista Hildete Pereira, organizações de mulheres. da UFRJ, Nair Goulart, da Secretaria CFEMEA · CENTRO FEMINISTADE ESTUDOSEASSESSOllA Zulall Cobre Ribeiro. SCN, Ed. Venanclo 3000. a/ 802 • 70718-900 Braallla, DF • Comlll de Elp1clllllllll: ~ Mlril Coabt, Dória Loulle de da Mulher da Força Sindical, e Eva Telefone: 10811 2211-1884 Fax: 10611 226-2338 c.troNllv•. a.-.---=icteOllllelra.EllabelhGnez. Dalchiavon, da Articulação de Programa DIREITOS DA MULHER NA LEI E NA VIDA Flortsl Veruccl, IAbel Gnlln, Lellah Borges de Coate, M*cle Equipe r~: Gilda Cabral, Guaclra Cúar de Oliveira, Camargo, Mlrill cio Cermo Menezea, Marie do Socorro JO l6rls Ramalho Corda, MllO Ugockl e Merlene Uberdoni. l'lola Cepelln Glulimle, Sltlh Somnllno, 8IYill CanlllhoConailllwo: ....__ Deputada Jendirlfeghlll, Mor••· Trabalhadoras Rurais. A Pimentel, SOnla Conta 1 Suei Carneiro. Marilu Gulmerlee, Rita e-te, Sandra Starllng e Soc;orro COlll9lllo Edl&odal: Guec:lra Ollvelra. Gllde Cabral • MllO Coordenação da Mulher a-. OeputadosJodGenolno aNellonJobim. Sanedwu: Ugocld Trabalhadora da CUT-Nacional BenedlUI de Sllvll • M9rluce Pinto. Jomell9l8 ft81Pall86vll: Alexllnclre Macheclo F...... _: Dória Loulle de C.tro Nevas. Floris• Veruccl, ~·Ana RMI: AdrlenoCavaicentl também foi convidada, mas devido GllMConcenza. HelelelhSalflotl, UcliC8da Mllla,LuclCholnecld, ~: Gnillca ATAJ.AIA • Btaellla • DF Marah INgle, Maria llerenlce Godinho Oelgldo, Maria Bethanll Apalo: Fund80lo Fard•Fund80lo MlloAnhur. a imprevistos, não pôde comparecer. de Melo Ãvill, Mlril Lulu Font9tlM, Mlril Tereze Auguatl, Apalo lnoarte ,._ Pequim '91: Fundaçlo MacArtllW' • Roallka Dercy de Ollvelre, 8IYill Pimenta~ SueH Carneiro • FNUAP Fêmea - Maio/95 3 CÓDIGO PENAL Jobim nomeia Comissão para Reforma do Código Penal No dia 25 de abril o Ministro questões. da Justiça Nelson Jobim, nomeou a O Ministro Francisco de comissão responsável por apresentar Assis Toledo afirmou que a a proposta de Reforma do Código Comissão está aberta às sugestões da Penal. A comissão, presidida pelo sociedade civil. E que, numa segunda Ministro do STJ, Francisco de Assis etapa, a Comissão discutirá a Toledo, inclui juristas conhecidos descriminaliz.ação e a criminaliz.ação nacionalmente. Os nomeados terão de algumas matérias. Certamente, até 120 dias para apresentar suas questões como aborto e assédio conclusões. sexual estarão incluídas. Dai a No seu discurso , Nélson necessidade do acompanhamento Jobim expôs a necessidade de · constante dos grupos de mulheres. atuali7.aÇãO do Código Penal - o atual Integram a Comissão de foi criado em 1940 - e sugeriu que, Reforma do Código Penal, além de num primeiro momento, a seu presidente, Ministro Francisco de criminalidade urbana fosse enfocada Assis, os seguintes juristas: Elizabeth Ministro Nelson Jobim com prioridade, buscando-se Sussekind, René Ariel Dotti, Vicente mecanismos de combate aos Greco Filho, Juarez Tavares, Miguel manifesto apresentando suas homicídios, latrocínios, extorsões Reale Jr., Eduardo Antônio Ferrão e propostas, e realizaram alguns mediante seqüestro e às quadrilhas. Alceu Loureiro Ortiz. seminários e mesas-redondas com os Na sua fala, o Ministro Jobim É preciso que o movimento membros da Comissão, onde foram não incluiu as questões de interesse de mulheres retome sua mobili7llÇão debatidas, entre outras questões, a mais específicos das mulheres. e acompanhe os trabalhos de descriminalização do aborto, a Preferiu se limitar à questões de reformulação do Código Penal. Já há necessidade de que os crimes sexuais violência de forma generalizada. inclusive, um formulário para o envio fossem tratados como crimes contra Posteriormente, o Presidente de sugestões à Comissão responsável a pessoa, e não contra os costumes, da Comissão, Ministro Francisco de pela Reforma. como está hoje no Código. Assis, respondendo a um Vale lembrar que o Propôs-se, também que questionário elaborado pelo movimento de mulheres há muito fossem consideradas como estupro FÊMEA, incluiu os crimes de vem debatendo a reformulação do as relações sexuais forçadas por via estupro e atentado violento ao pudor Código Penal. Em 1992, quando o oral ou anal, posto que atualmente o como temas a serem discutidos pela então Ministro Maurício Corrêa Código só trata desta forma as Comissão na primeira fase da constituiu uma Comissão com o relações vaginais. Sugeríamos, ainda, Reforma e não se manifestou mesmo objetivo, várias organizações a inclusão do assédio sexual como definitivamente em relação às outras de mulheres encaminharam um crime. Só não vê quem não quer O Correio Brasili'e11$e,jopial jornais de mencionar os tais crimes. É muito comum as pessoas de maior circulação em Brasília, Selma Frota, responsável pela dizerem que o Distrito Federal publicou no dia 28 de abril uma nota comunicação social da SSP, disse que apresenta altos índices de crimes com o seguinte titulo: Débil. Anota, as informações estavam à disposição contra as mulheres. Mas o fato pode de autoria do jornalista Luís Cláudio de quem delas necessitasse. ter uma explicação curiosamente Cunha, referia-se a uma proibição Aliás, é interessante positiva. Como o trabalho da da Secretaria de Segurança Pública mencionar que a Delegacia Especial DEAM em Brasília tem apre­ (SSP) segundo a qual não poderiam de Atendimento à Mulher do Distrito sentado resultados satisfató-rios, os ser publicadas notícias de estupros Federal (DEAM) é uma das poucas seus números estão mais próximos e crimes cometidos por policiais ou no país capaz de fornecer dados da realidade da cidade, ao contrário por menores. estatísticos precisos sobre a situação de outros locais.Portanto, os dados Ao contactar a Secretaria de da violência contra a mulher. Por podem estar indicando a compe­ S~gurança Pública a reportagem do várias vezes Selma Frota pediu tência de um órgão em delinear seus FEMEA descobriu que não havia informações nas outras Delegacias problemas, o que toma mais fácil a sido feita nenhuma proibição aos da Mulher e nada obteve. busca de resoluções. 4 Fêmea - Maio/95 AGENDA Projetos no Congresso O Congresso Nacional mpntém um ritmo acelerado de trabalho. Por isso, é preciso que o Movimento de Mulheres não deixe de acompanhar as questões de seu interesse. Atualmente, vários projetos tramitam nas Comissões. A seguir a situação de alguns deles: ABORTO, TRAMITAM SEIS PROJETOS Sobre o tema existem cinco projetos de lei e uma (PT/MG) que objetiva ampliar as hipóteses de aborto legal, Proposta de Emenda Constitucional tramitando na Câmara incluindo os casos onde houver risco de vida para da rqae ou dos Deputados. perigo para saúde fisica ou psíquica da gestante. Inclue-se O PL 1135/91, de autoria da Deputado Eduardo Jorge também o caso de enfermidade grave ou hereditária do (PT/SP) e da Deputada Sandra Starling (PT/MG), objetiva nascitmo. Os projetos encontram-se na CSSF, onde têm corno discrimininafum o aborto, ao suprimir o art. 124 do Código relatora a Deputada Jandira Feghali (PC do B/RJ). Penal Brasileiro, que criminaliza o aborto provocado pela O PL 20/91, de autoria do Deputado Eduardo Jorge gestante e o consentimento dado por ela para outro faz.ê-lo. (PT/SP), dispõe sobre a obrigatoriedade de atendimento dos Foram anexados ao PL 1135/91 três outros projetos: casos deaborto previstos em lei (risco çlevidadamãee gravidez PL 176/95, de autoria do Deputado José Genoíno (PT/SP), resultante de estupro) pelo Sistema Unico de Saúde. Tramita que legaliza o aborto, ao dispor sobre a opção da interrupção atuahnentenaCSSFcajarelatoriatarnbém estácornal)eputada da gravidez de até 90 dias; PL 3280192, de autoria do Deputado Jandira Feghali (PC do B/RJ). Luiz Moreira (PFUBA), que amplia os casos de aborto legal A PEC 25/95 de autoria do Deputado Severino ao garantir a interrupção da gravidez, até a24ª semana, quando Cavalcanti (PFUPE), altera a redação do caput do artigo 5Q o produto da concepção seja portador de graves e irreversíveis da Constituição Federal acrescentando ao mesmo: "a anomalias fisicas ou mentais, desde que precedida de indicação inviolabilidadedavidadesdeasuaconcepção",estátramitando médica; eainda,PL 1174/91, também de autoria do Deputado na CCJR e tem corno relator o Deputado Régis de Oliveira Eduardo Jorge (PT/SP) e da Deputada Sandra Starling, (PSDB/SP).

, "' , CRECHES UNIÃO ESTÁVEL ASSEDIO SEXUAL O PLC 84/94 (PL 1888/91 ), O PL 143/95, de autoria das O PLC 112/95, de autoria da Deputada Beth Azize (PDT/AM), Deputadas (PT/SP) e da CPI do Extermínio da Criança e que regulamenta a u_nião estável Maria Laura (PT/DF), cria o crime do Adolescente, dispõe sobre a (parágrafo 3° do artigo 226 da de assédio sexual. Tem como Constituição Federal), está na modificação do artigo 398, inciso 1, apeQsados os PLS n2 242/95, 244/ Comissão de Seguridade (CSSF), 95 e 245/95, todos de autoria da da CL T - Consolidação das Leis do onde serão analisadas as ·alterações Deputada Raquel Capibaribe (PSB/ Trabalho, determinando a aprovadas pelo Senado. A refatora, · AP). Os projetos encontram-se na existência de creches nas empresas. na Comissão é a Deputada Fátima CCJR, para parecer da relatora O texto aprovado na Câmara dos Pelaes (PFUAP). Deputada Alzira Ewerton (PPR/AM). Deputados obriga as empresas " onde trabalham pelo menos 30 LICENÇA PARA MÃE ADOTIVA mulheres com mais de 16 anos a O PL 1636/89 (PLS 114/82), de autoria da ex-Senadora Eunice Michilés terem local apropriado onde seja garante licença especial (equivalente à licença-gestante) para a trabalhadora nos casos de adoção. O substitutivo aprovado na CSSF garante a licença remunerada permitido guardar, sob vigilância e de 60 dias para a empregada que adotar menor até um ano de idade e de 30 dias se assistência técnica e educacional, a criança adotada tiver de um a seis anos de idade. os seus filhos no período de O projeto foi considerado inconstitucional pela CCJR porque embora amamentação até os seis anos de estabeleça que "as despesas referentes ao pagamento dessa licença serão previstas idade. no orçamento da Seguridade Social", deixou de indicar a fonte de custeio, conforme No Plenário do Senado preconiza a Constituição Federal. Para evitar seu arquivamento, as Deputadas Fátima Pelaes (PFUAP) e Marta Suplicy (PT/SP) assinaram e articularam um Federal, o projeto recebeu duas recurso solicitando que o projeto seja apreciado pelo Plenário da Câmara, onde emendas das Senadoras Benedita deverão ápresentar emendas indicando a fonte de custeio. da Silva (PT/RJ) e Emília , Fernandez (PTB/RS), garantindo o MERCADO DE TRABALHO direito à creche para os filhos dos O PL 382/91, de autoria da Deputada Rita Camata (PMDB/ES), que trabalhadores de ambos os sexos, dispõe sobre o acesso da mulher ao mercado de trabalho, encontra-se na Comissão conforme preconiza a Constituição de Justiça (CCJR), aguardando parecer da relatora Deputada Alzira Ewerton (PPR/AM). Federal. Fêmea - Maio/95 5 AGENDA (CONT.) CONVENÇÃO PARA ERRADICAR A VIOLÊNCIA , A Comissão de Relações Mensagem do Executivo pretende JÁ É LEI Exteriores da Câmara adiou a ressalvar o artigo 12, que dispõe Os presídios femininos votação da Convenção sobre a posssibilidade da serão dotados de berçário, Interamericana para Prevenir, sociedade civil - através de onde as condenadas possam Punir e Erradicar a Violência cidadãos isolados ou organizações amamentar seus filhos. contra a Mulher (Mensagem 95/ não governamentais - fiscalizar os Isto é o que assegura a 95). A razão é a seguinte: o lei nº 9.046/95 sancionada em Estados-parte quanto ao 18.05.95. O projeto original é de parecer da relatora, deputada cumprimento dos seus deveres em autoria da Senadora Sandra Starling (PT/MG) é relação à Convenção. A votação Benedita da Silva. favorável a aprovação da da matéria deverá acontecer nos Convenção sem reservas, mas a próximos dias. " , CNDM VIOLENCIA DOMESTICA O Deputado Pedro Wilson (PT/GO) PL 132/95, de autoria da proposta elaborada pela feminista Ora. enviou à Câmara um requérimento de Deputada Maria Laura (PT/DF) e da Silvia Pimentel, do Conselho de informação, nº 431/95, solicitando Deputada Marta Suplicy (PT/SP), Especialistas do CFEMEA. informações do Ministro Nelson dispondo sobre os crimes de violência O projeto encontra-se com a Jobim sobre a jurisdição e atividades familiar tem por objetivo regúlamentar relatora Deputada Zulaiê Cobra realizadas pelo Conselho Nacional o parágrafo 8° da Constituição Federal. (PSDB/SP), na CCJR. A relatora dos Direitos da Mulher - CNDM. O projeto tem como texto a deverá requerer uma audiência pública proposição apresentada na Legislatura para discussão da temática e do projeto passada pela ex-Deputada Maria Luisa com o objetivo de subsidiar os PROJETOS DA CPI Fontenele (PSTU/CE), a partir de membros da CCJR. SÃO ARQUIVADOS Dois projetos da CPI da PLANEJAMENTO FAMILIAR Violência contra a Mulher foram para o arquivo: O PL 4429/94, que trata PLC -114/94, de autoria do Deputado Eduardo Jorge {PT/SP) e outras dos crimes sexuais e o PL 4391/94 que dispensa, no caso de crime sexual, seis deputadas, que regulamenta o artigo 226, parágrafo 7° da Constituição o inquérito policial. Está sendo Federal, que trata do planejamento familiar, já aprovado na Legislatura passada articulado com a presidente da CPI, na Câmara dos Deputados e nesta Legislatura pela CAS do Senado na forma do Deputada Sandra Starling substitutivo do relator Senador Lúcio Alcântara (PSDB/CE). (PT/MG) e os demais membros da Encontra-se tramitando na CCJ aguardando a designação do relator. Comissão que foram reeleitos um Depois de votado pela Comissão deverá ser apreciado pelo Plenário do Senado pedido de desarquivamento dos novos Federal e, em seguida, retomará à Câmara para apreciação das modificações projetos. feitas pelo Senado. COMISSÃO FISCALIZARÁ O PAISM

Deputada Martha Suplicy (PT­ (PSDB); PA - Alcione Barbalho . SP). (PMDB); PE - Humberto Costa O P AISM é um programa (PT); PR - Alexandre Ceranto do Ministério da Saúde, criado em (PFL ); RJ - Alcione Athayde (PP) 1983, e deveria atender às Cidiiiha Campos (PDT), Jandira mulheres em todas as fases de sua Feghali (PCdoB); RN - Laíre vida, mas até hoje, muito poúco Rosado (PMDB); RS - Darcísio saiu do papel. Perondi (PMDB); SP - Eduardo A sub-comissão já conta Jorge (PT), José Pinotti (PMDB) e Deputada Marta Suplicy com 19 parlamentares de 14 Marta Suplicy (PT). A Comissão de estados. Saiba quem são eles(as): Os integrantes da sub­ Seguridade Social e Família AP - Fátima Peales (PFL); AL - comissão do P AISM estão (CSSF) da Câmara decidiu Ceei Cunha (PSDB ); BA - planejando um seminário para constituir uma sub-comissão para Ursicino Queiroz (PFL ); CE - José definir as estratégias de trabalho nos fiscalizar a implantação do PAISM Linhares (PP), Arnom Bezerra estados. A idéia é convidar - Programa de Assistência Inte­ (PSDB); ES - Rita Camata representantes do movimento de gral à Saúde da Mulher nos (PMDB) ~ . MA - Márcia Marinho mulheres e da área de saúde para estados. A iniciativa partiu da (PSDB); MG - Osmânio Pereira este debate. · 6 Fêmea - Maio/95 ARTIGO DISCRIMINAR É CRIME

japoneses, chineses, etc., ou de qualquer relação de trabalho por motivo de cor: negros, brancos, morenos, pardos, qualquer . ato discriminatório amarelos, etc.; casados, solteiros, especificado nesta Lei, a( o) amigados, conviventes, pobres ou ricos, empregada( o) discriminada( o) pode jovens, adultos ou velhos estão escolher ser readmitida( o) e receber protegidos pela Lei Bené. integralmente toda sua remuneração É crime e patrão nenhum pode devida durante o período de afastamento, exigir teste, exame, perícia, laudo, corrigidas monetariamente e atestado, declaração ou qualquer outra acrescentados os juros legais ou receber, prova que diga se uma mulher ou um em dobro, a remufieração do período de homem é esterilizada( o) (não pode ter afastamento, também corrigido filhos, operou para ligar as trompas - monetariamente e acrescido dos juros ~ laqueadura, se for mulher, ou fez legais. ~ vasectomia, se for homem), ou, que A Lei Bené é o instrumento ] esteja grávida, sob pena de ser detido jurídico para impedir a discriminação no ~ (preso) de um a dois anos e pag~ uma trabalho. Se ocorrer algumas das • laris Ramalho Cortês multa. práticas consideradas como crime, nesta

/ lei, qualquer trabalhadora(or) pode Coube a uma mulher negra, apresentar queixa em uma Delegacia de nascida em uma favela do Rio de "É crime e patrão nenhum Polícia. Quando a discriminação ocorrer Janeiro, hoje Senadora da República com uma mulher, a queixa deve ser feita, Brasileira, elaborar uma lei, quando pode exigir teste, exame, de preferência, na Delegacia de Defesa Deputada Federal, que "Proíbe a perícia, laudo, atestado, da Mulher (DEAM), de sua cidade. exigência de atestado de gravidez e declaração" As(os) trabalhadoras(es) podem também esterilização e outras práticas denunciar o crime no Sindicato de sua discriminatórias, para efeitos categoria profissional. admissionais ou de permanência da É também crime, com a mesma Para que seja feita a queixa ou relação jurídica de trabalho": a Senadora pena, indµzir ou instigar à esterilização denúncia é necessário que exista a prova Benedita da Silva, ou simplesmente genética, isto é, sugerir, aconselhar, da discriminação, que pode ser: ·prova BENÉ. incitar alguém a se esterilizar para não documental ou prova testemunhal. poder mais gerar filhos. Ou ainda promover o controle de natalidade fora "Coube a uma mulher negra, dos programas e serviços de "Se ocorrer algumas das práticas nascida em uma favela do aconselhamento ou planejamento ,, elaborar familiar realizado pelo Sistema Único consideradas como crime, nesta uma lei que proíbe práticas de Saúde - SUS, ou instituições públicas lei, qualquer trabalhador(a) pode discriminatórias". ou privadas, sob suas normas. apresentar queixa em uma Esta pena pode ser tàmbém para Delegacia de Policia". o representante legal do empregador, A Lei Bené era de longa data gerente, capataz, diretor ou dirigente. E esperada ansiosamente pelos o emprego pode ser em residência, A prova documental é feita trabalhadores, principalmente pela comércio, fábrica, repartição ou empresa através de qualquer documento escrito, mulher trabalhadora, que sempre sofreu pública, municipal, estadual, federal ou por exemplo: anúncio de emprego onde com exigência de atestado de fundação. aparece a discriminação; relação de esterilização ou gravidez para ter acesso Além da pena de detenção de um documentos para admissão onde são ao trabalho ou nele permanecer. a dois anos e multa, quem vfolar esta exigidos atestados de esterilização ou A partir de agora está proibida Lei ainda está sujeito a pagar uma multa gravidez; encaminhamento para qualquer prática discriminatória que administrativa de 1O vezes o valor do operação cirúrgica ou propaganda de limite o acesso a uma relação ou a maior salário pago à(ao) empregada(o) controle de natalidade fora do SUS. pennanência em um emprego por motivo discriminada( o), podendo ser elevado em A prova testemunhal é feita pela de sexo, origem, raça, cor, estado civil, 50% em caso de repetir o crime declaração de uma pessoa, maior e situação familiar ou idade. (reincidência). responsável, que presenciou qualquer Portanto, mulheres ou homens, O empregador ou empregadora uma das discriminações apontadas como nascidos em qualquer parte ou criminoso( a) estará também proibido de crime, nesta lei. pertencentes a qualquer classe social, de obter empréstimo ou financiamento qualquer raça: descendentes de junto a instituições financeiras oficiais. • Iaris Ramalho Cortês é advogada e integra o portugueses, africanos, índios, Caso haja rompimento da colegiado do GFEMEA. .Fêmea - Maio/95 7 LEGISLAÇÃO r ~ Lei nº 9.029, de 13/04/95, DOU 17/04/95. Proíbe a exigência de atestado de Comissão de Senadores analisará gravidez e esterilização, e outras práticas discriminatórias, para efeitos admissionais ou mudança do Código Civil de permanência da relação jurídica de trabalho, e dá outras providências. O Projeto de Lei da Câmara poder", por autoridade parental, nº 222/93 será analisado pela atendendo à proposta do movimento O Presidente da República Faço saber que o Congresso Comissão do Código Civil no Senado de mulheres. Porém, a Legislatura Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Federal, recém nomeada, que analisará chegou ao fim sem que o projeto fosse Art. 1° Fica proibida a adoção de todos os projetos de lei relativos ao apreciado no Senado. qualquer prática discriminatória e limitativa de acesso a relação de emprego, ou sua Código que tramitam no Senado. O Na atual Legislatura a manutenção, por motivo de sexo, origem, raça, PLC 2221 /93 é na verdade uma Senadora Júnia Marise (PDT/MG) era cor, estado civil, situação familiar ou idade, proposta de reformulação do Código responsável pela relatoria do projeto na ressalvadas, neste caso, hipóteses de proteção Civil. E nesse documento contempla­ _CCJ. Mas, ao ser nomei:tdl:l a nova ao menor previstas no inciso XXXIII do art. 7° da Constituição Federal. se várias das reivindicações feministas. Comissão do Código Civil no Senado, Art. 2º Constituem crime as A idéia de alterar o Código o projeto, que estava no fim de seus seguintes práticas discriminatórias: Civil baseia-se na sua defasagem em trâmites, deverá passar por novas 1- a exigência de teste, exames, relação às questões atuais da avaliações. perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer procedimento relativo à esterilização sociedade. O Código atual é de 1916, É preciso agora a articulação ou estado de gravidez; portanto não reflete mais a realidade. do movimento de mulheres para que II- a adoção de quaisquer medidas, Entre os anacronismos contidos no as propostas contidas no PLC 222/93 de iniciativa do empregador, que configurem: a) indução ou instigamento à texto por exemplo, consta a sejam incorporadas à proposta da esterilização genética; possibilidade do marido anular o comissão com apenas uma alteração b) promoção do controle de casamento se comprovar a não no texto: a substituição da expressão natalidade, assim não considerado o virgindade de sua esposa. "pátrio poder"por "autoridade oferecimento de serviços e de aconselhamento ou planejamento familiar, realizados através Na sua concepção, os parental". É preciso que os de instituições públicas ou privadas, criadores do Código Civil viam a parlamentares se sensibilizem e submetidas às normas do Sistema único de mulher como uma cidadã de segunda assegurem as conquistas alcançadas na Saúde- SUS; Pena: detenção de um a dois anos e categoria. A maioria de seus direitos Constituinte. multa. estava atrelada aos de seus maridos. Parágrafo único. São sujeitos ativos Na Assembléia Nacional Constituinte SENADORES dos crimes a que se refere este artigo: os movimentos de mulheres A Comissão do Código Civil, 1- a pessoa fisica empregadora; n- o representante legal do intervieram para que essa situação que agora vai examinar o PLC 222/93 empregador, como definido na legislação fosse alterada. Na Constituição atual é composta pelos Senadores Ronaldo trabalhista; estão consagrados princípios de Cunha Lima (PMDB/PB), presidente II - o dirigente, direto ou por José Ignácio Ferreira (PSDB/ES), delegação, de órgãos públicos e entidades das igualdade entre mulheres e homens administrações públicas direta, indireta ou que obrigam a reformulação da vice-presidente Josaphat Marinho fundacional de qualquer dos Poderes da União, legislação em uso. Entretanto, o (PFL/BA), e também pelos Senadores:. dos Estados, do Distrito Federal e Municípios; Congresso ainda não regulamentou a Roberto Requião (PMDB/PR), Art. 3° Sem prejuízo do prescrito no artigo anterior, as infrações do disposto nesta Constituição. Guilherme Palmeira· (PFL/AL), Lei são passíveis das seguintes cominações: Na legislatura anterior ( 1991- Edison Lobão (PFL/MA), Espiridião 1- multa administrativa de dez vezes 1994 ), após seguidas reuniões com o Amin (PPR/SC), Luiz Alberto de o valor do maior salário pago pelo empregador, movimento de mulheres, o relator da Oliveira (PTB/ PR), Bernardo Cabral elevado de cinqüenta por cento em caso de reincidência; Comissão de Constituição e Justiça, (PP/AM) e Lauro Campos (PT/DF). II- proibição de obter empréstimo Deputado Roberto Magalhães, atendeu A Comissão conta ainda com· os junto às instituições financeiras oficiais. às reivindicações apresentadas, exceto suplentes: Ramez Tebet(PMDB/MS), Art. 4º O rompimento da relação de (PMDB/GO), Ney trabalho por ato discriminatório, nos moldes a modificação da expressão "pátrio desta Lei, faculta ao empregador optar entre: poder" para "autoridade parental", no Suassuna (PMDB/PB), Carlos 1- a readmissão com ressarcimento PL 4782/90. O movimento Patr(;)pínio . (PFL/TO)~ fosé Bianco integral de todo o período de afastamento, argumentava que o "poder" não (PFL/RO), Waldeck Ornelas mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas monetariamente, deveria ser chamado de pátrio - do pai (PFL/BA), Jefferson Peres (PSDB/ acrescidas dos juros legais; -já que poderia ser exercido tanto pelo AM), Lucídio Portella (PPRlPI), · II- a perçepção, em dobro, da homem quanto pela mulher. Aprovado Emília Fernandes (PTB/RS), Antônio remuneração do .período .de afastamento, na Câmara; o projeto tomou- se PLC Carlos Valadares-(PP/SE) e Benedita corrigida monetariamente acrescida dos juros legais; 222/93 e foi para o Senado. da Silva (PT/RJ) e José Fogaça Art.5° Esta' Lef entra em vigor na O docúmento seria submetido (PMP.l,l/RS). data de. sua publicação . à Comissão de Constituição Cidadania . A .Comissão do Código Civil Art.6° Revogaw- se as disposições em contrário. ·· · · e Justiça (CCJ), onde o relator, à época, :deverá també.J.'!l incorporar em su~ Senador Maurício Correià (PSDB/ próp'Ósta' todas as . leis feitas Fernando Henrique Cardoso DF), alterava a expressão. "pátrio anteriormente r~hltivas ao Código.;. · ' 8 Fêmea Pe

Um delegação do Fórum de ONGs Não é possível que se permita que Organizador da China, com cópia para o acaba de voltar da China, onde se certificou o autoritarismo e o desrespeito do governo Governo brasileiro, buscando uma de que o novo local proposto pelo Governo chinês, desconhecendo a legitimidade do intervenção diplomática acerca dessa Chinês não servia aos propósitos do tipo movimento de mulheres, venha situação insustentável. Caso essa ação de evento que o Fórum Paralelo pretende desvalorizar a presença e as propostas do urgente não dê resultados positivos, já realizar. O local distante da Conferência movimento de mulheres que representam existem até propostas de que o Fórum oficial (o que dificulta a participação das a sociedade civil nessa Conferência. Há um paralelo seja realizado em outro país! ONGs credenciadas nos 2 eventos) só desafio pela frente: não aceitar o novo local dispõe de alguns auditórios espalhados pela que não contempla as expectativas do área com capacidade máxima limitada a movimento, obrigando o governo chinês a 2.000 pessoas, e menos da metade das reavaliar essa mudança, voltando à Madam Peng Pefyun camas necessárias para hospedagem das primeira opção (Estádio do Trabalhador) Member State Council participantes. ou buscando outra solução (como por Chair China Organizing Committee Há uma in~tisfação generalizada exemplo a Sede Olímpica). ln care ofMr. Arthur Holcombe no movimento de mulheres a nível Todas as Coordenações das Residant Representative internacional com essa decisão tardia e Regiões e Sub-Regiões já mandaram UNDP/ Beijing atropelada de uma agenda que já está mensagens de repúdio à Convocadora do Fax: (86-61) 532 2567 decidida há mais de três anos. O Fórum Paralelo, Supatra Masdit, pedindo movimento, através de sua diversidade, para que ela não aceitasse o novo local. A Boutros Boutros Ghali ONGs, grupos de mulheres, comissões de Secretaria Executiva da Articulação de Secretary General partidos e sindicatos, núcleos acadêmicos, Mulheres Brasileiras, como uma das Sub­ United Nations vem se mobilizando e participando Regiões também já mandou uma mensagem NewYork ativamente da preparação da IV nesse sentido. Fax: (1-212) 963 4819 Conferência da Mulher, trazendo uma Mas para que essa Ação Urgente valiosa contribuição a esse processo. E tenha sentido, tenha efeito, estamos Ministro José Augusto Lindgren agora se encontra frustrado, com a fazendo, junto com o movimento de Divisão das Nações Unidas possibilidade de não poder realizar um mulheres de todo o mundo, uma campanha Ministério das Relações Exteriores evento que corresponda às suas de pressão através de faxs para o Secretário Palácio do Itamaraty -Anexo 1 - sala 429 expectativas. Geral da ONU e para o Chefe do Comitê Fax: (061) 322 6275 ENTREVISTA

No dia 10 de maio, as novas conselheiras do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher tomaram posse. O Ministério da Justiça, na pessoa de 5eu ministro, nomeu mulheres reconhecidas por suas trajetórias de luta dentro do movimento. A nova presidente, Rosiska, em passagem pelo CFEMEA, onde reuniu-se com algumas organizações de mulheres de Brasilia, deu entrevista para o FÊMEA. Na entrevista ela fala de seus planos na presidência do Conselho, suas expectativas para Pequim e da atual situação do CNDM:

Rosiska Darcy Oliveira Quais são seus planos agora que você assumiu a programa Comunidade Solidária. presidência do CNDM? Nós estamos inseridas numa luta Em que estado ,.-ocê encontrou o Conselho? O internacional que vai culminar com a Conferência de Pequim Conselho tem hoje uma estrutura administrativa praticamente para a qual foi preparado um plano de ação mundial de conquista inexistente. O que existe é conselho deliberativo, do qual eu sou da igualdade de direitos permanentes. Nós vamos fazer uma a presidente e uma coordenadoria de apoio, com funcionários adaptação dessa agenda mundial ao Brasil. Dentro dessa agenda que vão dar apoio administrativo ao Conselho e que nos há toda uma séria de prioridades. A primeira delas é o receberam com muita disponibilidade. fortalecimento das estruturas institucionais que podem suportar Do que tratam suas reuniões com os grupos um programa de real implantação da igualdade. feministas? Tratam justamente de sentir quais são as · Em segundo lugar, nós temos uma série de necessidades. expectativas do movimento em relação ao Conselho. Porque eu . E nesse sentido eu destacaria como prioridade a implementação mesma provenho do movimento de mulheres, a maioria, a quase do PAISM - Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. totalidade das conselheiras provem do movimento de mulheres, Nós temos uma imensa tarefa pela frente no que concerne à e evidentemente que o movimento é uma seiva que vai atravessar educação. Porque educação é um fator fundamental de conquista todas as políticas. Para isso eu estou fazendo uma auscultação de igualdade das mulheres. E temos uma política de participação, do movimento para colher as expectativas. não apenas nas estruturas do Estado mas na sociedade civil O que se espera para Beijing da delegação também. E um ponto essencial que está contemplado na brasileira? Nós estamos munidas de um relatório nacional. Ele plataforma de Pequim e no caso do nosso Conselho terá absoluta foi construído com um aporte muito importante do movimento prioridade, que é o combate à fome e à pobreza. Para tanto nós de mulheres e a nossa expectativa é que esse relatório nacional estamos contando com uma parceria importante que é a do venha a informar a posição brasileira em Pequim. Fêmea - Maio/95 11

Mulher Negra e Pequim'95 - da Informação à Ação Geledés - Instituto da Mulher Negra

Entre mulher-Fusca e mulher-Monza ser BMW não nos interessa

• Maria Aparecida da Silva Parece-me que neste "Quem me conheceu dirigindo York, em março passado: sórdido, processo de Avaliação da Década, Fusca e hoje me vê de Monza tem exclamamos. Depois pensei no vários homens negros, atônitos e certeza de que não sou um pé­ fato de nós mulheres negras perplexos com a organização e rapado: o carro como a mulher é estarmos sempre reagindo ao consistência do Movimento de um signo", finaliza cínico. gênero masculino que nos Mulheres Negras, vêem-se estigmatiza, oprime, reduz e obrigados a "dar a sua "Esperávamos de todos os humilha ao estabelecer o binômio contribuição", obviamente, homens negros uma atuação preterida/preferida, na falta de dentro dos limites estabelecidos crítica na destruição dos escolha que se nos apresenta: pelo gênero masculino. paradigmas que nos ascender da posição da que ficou Uma destas contribuições coisificam ". na escolha daquela que foi foi dada por Joel Rufino dos escolhida na escada enganosa da Santos, presidente da Fundação Imagino que Lélia objetificação. Cultural Palmares, órgão do Gonzalez deva ter se retorcido em Ministério da Cultura, sua cadeira de balanço, des­ "Ascender da posição da responsável pela valorização da cuidando-se momentaneamente que ficou na escolha daquela Cultura afro-brasileira, em obra dos cristais onde se espelha para que foi escolhida na escada recente publicada pela própria lançar olhos e luz sobre nossas enganosa da objetificação ". Fundação: "Atrás do Muro da pequenezas. Lélia, que agora mais Noite (Dinâmica das Culturas que sempre é só sabedoria, Afro-Brasileiras)" que em seu socorre-nos com suá lembrança Penso que ao invés de último capítulo, intenta responder de guerra para não sucumbirmos querermos passar de batatas à tão polêmica e desgastada a uma imbecilidade tão podres a batatas boas, de Fuscas pergunta: "Por que os negros que zelosamente construída. Vamos a Monzas, deveríamos sair da sobem na vida arranjam logo uma lá. condição de objeto de escolha, branca e de preferência loira?" Ainda que Joel Rufino como tão apropriadamente canta esteja refletindo a realidade Cássia Eller: "sou fera, sou bicho, "Quem me conheceu quando afirma que "mulheres sou anjo, sou mulher, sou minha dirigindo Fusca e hoje me vê de como carros são signos", mãe, minha filha, minha irmã, Monza tem certeza de que.não esperávamos de todos os homens minha menina, mas sou minha, só sou um perrapado: o carro negros, uma atuação crítica na minha e não de quem quiser". como a mulher é um signo"· destruição dos paradigmas que Entre mulher-Fusca e nos coisificam. Como já nos mulher-Monza, não há escolha O historiador responde ensinaram todas as pessoas que possível. Não nos prestaremos a textualmente que "A parte mais estão na luta, é necessário mmto ser BMW. óbvia da explicação é que a mais que constatar; e mais, a luta branca é mais bonita que a negra é mais que uma catarse pessoal. e quem prospera troca Minha reação primeira ao automaticamente de carro."E ler o texto não diferiu da • Maria Aparecida da Silva é assistente de antes que a leitora se refaça da indignação das mulheres que se coordenação do Programa de Direitos Humanos/ SOS Racismo do Geledés - Instituto da Mulher perplexidade de tão bizarra encontravam na PrepCom da Negra e mestranda no Departamento de História correlação, confessa Cândido: Conferência Mulher em Nova de Howard University, Washington, D.C. 12 Fêmea - Maio/95 (~~~~~A_C_O_N_T_EC_E_N_D_O~~~~-) NOVA DEPUTADA AUMENTA BANCADA Torna posse novo No dia 27 de abril, à bancada . feminina no Congresso Nacional Conselho da Mulher somou-se mais uma Deputada. A advogada Nair Lobo (PMDB/GO) assumiu o cargo substituindo o Deputado goiano Josias Gonzaga, que deixou o mandato para comandar a Secretaria do Estado de Goiás. \. INCA ANUNCIA SEU NOVO PROGRAMA

O Instituto Cajamar - Inca - distribuiu sua nova programação para o ano de 1995. O programa apresenta cinco cursos, denominados projetos, A posse das novas conselheiras compromissos reiteravam as e dois programas gerais de formação. do CNDM - Consdho Nacional dos preocupações expostas ao movimento Os programas gerais são para Direitos da Mulher, no dia 1O de maio, em suas viagens (ver entrevista na formação de dirigentes e os projetos foi, sem dúvida, um evento muito página 10). englobam as áreas de comunicação, prestigiado. Não só a primeira-dama, a Além da presidente e das 12 gestão democrática, movimentos socióloga Ruth Cardoso, como várias conselheiras designadas pelo Ministro e sociais e cidadania, mundos de parlamentares e representantes do empossadas no dia 1O de maio (Nélida Piíion, Margarida Bulhões Pedreira trabalho, relações sociais de gênero. movimento de mulheres fizeram da solenidade um expressivo encontro de Genovois, Maria Amélia de Lima Freire, o curso de relações sociais feministas. Fátima Pacheco Jordão, Maria Tereza de gênerq m_erece uma atenção A mesa, composta pelo Ministro Augusti, Lícia Margarida de Aguiar especial. O curso Visa a capacitação da Justiça, Nelson Jobim, Dra. Ruth Peres, Maria Filomena GregonÀ· Eva dos alunos para as -discussões das Cardoso, coordenadora do Programa da Blay, Maria Betânia de Melo vila, questões de gênero, que, ainda hoje, Comunidade Solidária, e Dra. Luíza Nilza Iraci Silva, Maria José de Oliveira dificultam a participação efetiva das Nagib Eluf, Secretária dos Direitos e de Araújo, Mara Régia Di Perna), o mulheres na sociedade. Dividindo-se Cidadania, ouviu de Rosiska Darcy de CND M deverá contar com mais 7 em duas etapas - a primeira vai de 26 Oliveira, presidente empossada do conselheiras, a serem indicadas pelo a 30 de junho e a segunda de 28 de CND M, um discurso sóbrio onde os movimento social. agosto a 1° de setembro - o curso de gênero tem como conteúdo os seguintes temas: divisão sexual do Mulher é tema em Workshop no Rio trabalho; história e memória, a mulher A cidade do Rio de Janeiro mesa que discutiu a Reforma no mercado de trabalho; gênero, sediou, no dia 5 de maio, um Workshop Constitucional e a Conjuntura Política, classe e raça; direitos sociais e promovido pelo Conselho Estadual dos juntamente com a deputada Maria da trabalhistas; negociação coletiva e Direitos da Mulher, com a finalidade de Conceição Tavares (PT/RJ) . A participação social; e organização no discutir as propostas do governo para a Deputada Jandira Feghalli (PC do B/RJ) local de trabalho. Reforma Constitucional. O Workshop e o Deputado Séfgio Arouca (PPS/RJ) As datas e outras "Reforma ConstitucioDal e Direitos da também participaram do evento. informações sobre os demais cursos Mulher" concentrou suas análises nas Ao final do evento foi elaborado podem ser obtidas junto à Secretaria áreas de previdência e trabalho, um documento com as sínteses e os de Eventos do Instituto, que fica na buscando avaliar os impactos das encaminhamentos. Nesse documento Rodovia Anhaguera, km 46,5 - reformas sobre a mulher. constam algumas estratégias de Cajamar - SP - telefone (011) 437 Marlene Libardoni, do intervenção para as mulheres na 3098 e fax (011) 437 4343. colegiado do CFEMEA, participou da Reforma Constitucional.

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