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Comunicações do Museu de . Ciências e Tecnologia da PUCRS

SÉRIE ZOOLOGIA ISSN O104 -6950

OCORRÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DA FAU NA DE PEIXES DA PRAIA DE ITAPUÃ, VIAMÃO, , BRASIL. Carlos A lberto S. de Lucena, Aldo da Silva Jardim & Edson Sidnei Vi dai ...... 3

DINÂMICA DA ALIMENTAÇÃO DE O dontesthes aff. perugiae (EVERMANN & KENDALL, 1906) DA LAGOA EMBOABA, RS BRASIL (ATH ERINIFO RMES, ATHER INIDAE). Clarice Bern hardt Fialho & José Roberto Verani ...... 29

LISTA COMENTADA DOS- RÉPTEIS OCORRENTES NO RIO GRANDE DO SU L, BRASIL. Th ales de Lema...... 41

O GÊNERO Rineloricaria BL EEKER, 1862 (OSTARI OPHYSI, SILURIFORMES) NA BACIA DO RIO PARANÁ SUPERIOR: Rine­ loricaria pentamaculata sp. n. e Rinelori ca ria latirostris (BOULEN - GER, 1900). Francisco Langeani & Renato Braz de Araújo ...... 151

COMPARAÇÃO DA ICTIO FAUNA DE TR ÊS LOCAIS DO RIO VACACAÍ-.MIRIM, RIO GRAN DE DO SUL, BRAS IL. Everton Rodolfo Behr & Bernardo Baldisserotto...... 167

DESCRIÇÃO DE UMA NOVA ESPÉCIE DO GÊNERO Shizodon AGASSIZ DA BACIA DO RIO URUGUAI, BRASIL (OSTA- RIO PH YSI, ANOSTOMIDAE). Julio Cesar Garavello ...... 179

REDESCRIPCIO N DE Chordodes jandae CAMERANO, 1895 (N E­ MATOMORPHA). Delma B. de Miralles & Cristina de Villalobos ... 195

LA PRESENCIA DE Arctocepha!us tropical is (Gray, 1872) (MAM­ MALIA, CARNIVORA, OTARIIDAE), EN URUGUAY, Julio C. Gonzá les, A. Saralegui; E. M. Gonzá les e Raul Vaz Ferreira ...... 205

HÁBITOS D E FORRAGEAMENTO DE Myiopsitta monachus (BODDAERT, 1783) (AVES, PSITTACI FORMES) EM POMA RES E LAVOURAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Carmem E. Caye Dahlem ...... ·211

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 1-223, dezembro 1994 ISSN 0104-6950 COMUNICAÇÕES DO MUSEU DE CIENCIAS E TECNOLOG IA DA PUCRS - SÉRIE ZOOLOGIA

Chanceler Pedidos de assinaluras devem ser Dom Altamiro Rossato encaminhados para EDIPCURS. Reitor Professor Irmão Norberto Francisco Rauch Assinatura atual: Vice-Reitor Professor Irmão Avelino Madalozzo Brasil ...... R$ 9,00 Pró-Reitor de Administração Professor Antonio Mario PascuaJ Bianchi Exterior ...... US$ 20 Pró-Reitor de Graduação Professor Francisco Alfredo Garcia Jardim Número avulso ...... R$ 5,00 Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Professor Monsenhor Urbano Zilles Formas de pagamento: Pró-Reitor de Extensão Universitária Professor Irmão Etvo Clemente Pró-Reitor de Assuntos Comunitários Professor João Carlos Gasparin Cheque ou vale postal em nome da Di retor do Museu de Ciências e Tecnologia Revista para EDIPCURS da PUCRS Av. lpiranga, 6681 - Prédio 33 Professor Dr. Jeler J. Bertoletti Caixa Postal 1429 Consultores Científicos 90001 -970 Porto Alegre RS Dr. Ângelo Agostinho, Univ. Est. Maringá Dr. Carlos A. de Lucena, PUCRS Os artigos para publicação devem ser Dr. Geraldo Barbieri, UFS Carlos encaminhados para: Dr. Jader Marinho-Filho, UnB Dr. Luiz R. Malabarba, PUCRS Conselho Editorial Dr. Naercio Menezes, USP Museu de Ciências e Tecnologia, PUCRS Dr. Richard Vari, USNM, EUA Prédio 40, Caixa Postal 1429 Dr. Roberto Reis, PUCRS 90001 -970 Porto Alegre RS Ms. Zilda Margarele de Lucena, PUCRS Dra. Maria C. Pinedo, FURG Conselho Editorial Jeler J. Bertolelli (Direlor-responsávei) Composição: Impressão: Carlos Alberto S. de Lucena SUPER NOVA EPECÊ

C741 Comunicações do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS: Série Zoologia. Vol. 7 (1994)- - Porto Alegre: PUCRS 1994 -

Anual

Continuação a partir de 1994, v.7, de Comunicações do Museu de Ciências da PUCRS. Série Zoologia.

1. Zoologia - Periódicos. 1.PUCRS

CDD 591 .05 CDU 59(05)

Índices para Calálogo Sistemático Zoologia: Periódicos 59 (05) Catalogação elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Biblioleca Central - PUCRS Comunicaçõe_s do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS

SÉRIE ZOOLOGIA ISSN O104-6950

OCORRÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DA FAUNA DE PEI­ XES DA PRAIA DE 1T APUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Carlos Alberto S. de Lucena, Aldo da Silva Jardim & Edson Sidnei Vidal 3

DiNÂMICA DA ALIMENTAÇÃO DE Odontesthes aff. perugiae (EVER­ MANN & . KENDALL, 1906) DA LAGOA EMBOABA, RS BRASIL (ATHERINIFORMES, ATHERINIDAE). Clarice Bernhardt Fialho & José Roberto Verani ...... 29

LISTA COMENTADA DOS RÉPTEIS OCORRENTES NO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.Thales de Lema...... 41

O GÊNERO Rineloricaria BLEEKER, 1862 (OSTARIOPHYSI, SILURIFOR­ MES) NA BACIA DO RIO PARANÁ SUPERIOR: Rineloricaria pentama­ culata sp. n. e Rineloricaria latirostris (BOULEN-GER, 1900). Francisco Langeani & Renato Braz de Araújo ...... 151

COMPARAÇÃO DA ICTIOFAUNA DE TRÊS LOCAIS DO RIO VACACAÍ­ MIRIM, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Everton Rodolfo Behr & Bernardo Baldisserotto...... 167

DESCRIÇÃO DE UMA NOVA ESPÉCIE DO GÊNERO Shizodon AGASSIZ DA BACIA DO RIO URUGUAI, BRASIL (OSTARIOPHYSI, ANOSTO- MIDAE). Juli0 Cesar Garavello ...... 179

REDESCRIPCION DE Chordodes jandae CAMERANO, 1895 (NEMATO- MORPHA). Delma B. de Miralles & Cristina de Villalobos ...... 195

LA PRESENCIA DE Arctocephalus tropicalis (Gray, 1872) (MAMMALIA, CARNIVORA, OTARIIDAE), EN URUGUAY, Julio C. Gonzáles, A. Sara­ legui, E. M. Gonzáles e Raul Vaz Ferreira...... 205

HÁBITOS DE FORRAGEAMENTO DE Myiopsitta monachus (BODDAERT, 1783) (AVES, PSITTACIFORMES) EM POMARES E LAVOURAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL. Carmem E. Caye Dahlem ...... 211

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. S6r. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 1-223, dezembro ,994

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OCORRÊNCIA, DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA DA FAUNA DE PEIXES DA PRAIA DE ITAPUÃ, VIAMÃO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Carlos Alberto Santos de Lucena* , * * Aldo da Silva Jardim** Edson Sidnei Vida/**

RESUMO

Através de arrastos de margem feitos quinzenalmente durante o período de abril/90 a abril/91, foi analisada a ocorrência, distribuição e abundância da população de peixes da praia de ltapuã, município de Viamão. Foram capturados 7.929 indivíduos pertencentes a 36 espécies. A abundância abs~luta máxima foi registrada durante o verão nos meses de janeiro/fevereiro/março. As espécies que mais contribuíram percentualmente no total de exemplares capturados foram Astyanax albumus (62,98%), Pimelodus maculatus (4,98%), Platanichthys platana (4,87%), e Astyanx Jasciatlls (4,59%). O total em peso obtido foi de 25,71 kg, sendo que a biomassa (g/arrastos/mês) apresentou seu pico máximo nos meses de dezembro/janeiro correspondendo ao final da primavera e início do verão.

ABSTRACT

From April/90 to April/91 were made sampled with a beach seine at Itapuã beach Oocalized at Guaíba laggon), Rio Grande do Sul, , to study the occurence, distribution and abundance of its fish fauna. The value maximum of abundance was registered to the months January/February/March (summer season). The Astyanax albumus (62,98%), Pimelodus maculat11S (4,98%), Platanichthlys platana (4,87%) and Astyanax fasciatus

• Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária, Rua Gonçalves Dias 570. CEP 90130-060. Porto Alegre, RS. •• Laboratório de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Av. Ipiranga, 6681, CEP 90619-900. Porto Alegre.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 4

(4,59%) were lhe most abundantf! of lhe total individuais catched. The total weiglh captured was 25,71 Kg and lhe greatest biornas was registered in December/January.

INTRODUÇÃO

A fauna de peixes do lago Guaíba, embora bem conhecida do ponto de vista taxonômico (ver p. ex. Malabarba, 1989), apresenta-se quase total­ mente desconhecida quanto ao seu aspecto biológico. lnfo~ções como reprodução, variações sazonais de jovens/adultos e regime aiimentar são alguns dos itens que até o momento não foram devidamente analisados. A necessidade do estudo dos tópicos acima toma-se ainda mais premente se observarmos a posição geográfica do lago Guaíba, recebendo a totalidade da drenagem do rio Jacu{ e seus afluentes por um lado e a laguna dos Patos por outro. A conseqüência mais imediata desta posição são as variações que devem ocorrer na sua composição ictiofaunística. Ocorrências de espécies aliadas provavelmente à sazonalidade, tem sido verificadas (0bs. pess.) principalmente com a tainha (Mugil platanus), o peixe-rei (Odontesthes spp) e a corvina (Micropogonias furnieri) mas sem nenhum acompanhamento criterioso e períodico das mesmas. Conseqüentemente sem utilidade prática para uma melhor administração da pesca da região. A posição geográfica aliada aos despejos doméstico e industrial tomam, sem dúvida, o lago Guaíba e todo o seu ecossistema vulnerável, necessitando estudos urgentes a fim de possibilitar um manejo adequado especialmente de sua fauna aquática. Este trabalho foi desenvolvido na praia de ltapuã e teve como principal objetivo verificar a composição e a variação quali-quantitativa da fauna de peixes que ali ocorre. Pela metodologia empregada o estudo se restringiu aos indivíduos de pequeno porte, no entanto, deve servir como subsídio para uma análise mais ampla e abrangente da ictiofauna que utiliza o lago Guaíba.

MATERIAL E MÉTODOS

Local das amostragens

O trabalho foi desenvolvido na praia de Itapuã (Fig. 1), município de Viamão, localizada na margem esquerda do lago Guaíba próxima a sede da colônia de pescadores Z4 (ltapuã). Apresenta fundo arenoso e, em alguns

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo)., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dez.embro, 1994 5 trechos, muitos j~cos (Fig. 2). A profundidade média onde foram feitos os arrastas é de 1,0 m. As coletas realii.adas quinzenalmente durante o período de um ano, foram agrupadas no mês correspondente para efeitos de cálculos e estão discriminadas na tabela 1.

Tabela 1. Datas das amostragens com as respectivas estações sazonais e dados ambientais.

Data Estação Sazonal pH Transparência (cm) Temperatura (ºC) Água Ar 11/04/1990 Outono 6,4 24 25 25/04/1990 Outono 6,4 22 24 09/05/1990 Outono 6,4 49 19 21 23/05/1990 Outono 6,2 29 12 10 25/06/1990 Inverno 6,4 24 14 12 09/07/1990 Inverno 66 17 18 26/07/1990 Inverno 58 12 13 08/08/1990 Inverno 56 18 22 22/08/1990 Inverno 6,5 60 17 18 06/09/1990 Inverno 6,5 38 17 20 19/09/1990 Inverno 6,4 30 17 20 03/10/1990 Primavera 42 22 26 24/10/1990 Primavera 6,4 31 21 20 09/11/1990 Primavera 6,4 18 23 25 21/11/1990 Primavera 6,4 22 24 27 11/12/1990 Primavera 20 23 24 28/12/1990 Verão 23 24 27 19/01/1991 Verão 34 23 27 01/02/1991 Verão 46 24 25 20/02/1991 Verão 90 27 25 14/03/1991 Verão 80 25 04/1991 Outono 95 21 23 16/04/1991 Outono 81 21 23

Os arrastos, sempre que possível em número de seis, foram feitos perperdicularmente à margem e cobriram uma extensão aproximada de 100 metros quadrados de área alagada. Foi utili:zada para isto uma rede de margem tipo picaré com 14 m de comprimento, 1, 10 m de altura e malha de 0,5 mm entre-nós adjacentes. No momento das amostragens foram registradas as temperaturas da água e do ar e medidos a transparência, através do disco de Sechi, e o pH da água com papel-indicador da Merck (Tab. 1).

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Os exemplares capturados foram pesados na sua totalidade, identificados e medidos individualmente os seus comprimentos totais. No caso particular da espécie Astyaax alburnus sempre que o seu número de indivíduos ultrapassou 200, foi medido 1/4 do total do mês. Uma amostra das espécies capturadas está depositada na coleção do Laboratório de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. A participação de uma dada espécie na comunidade é fornecida através da constância de sua participação, considerando o período total de amostragens. O seguinte critério foi seguido para isto: espécies constantes foram aquelas que estiveram presentes em mais de 50 % dos meses amostrados; acessórias, aquelas presentes de 25 % a 50 % inclusive e acidentais as inferiores a 25 % (Nupelia, 1987). Somente as espécies consideradas constantes para a área explorada e que contribuíram com mais de 100 indivíduos, foram analisadas através das freqüências da distribuição dos comprimentos totais e comentadas indi­ vidualmente no texto. Estas freqüências estão agrupadas em classes de 5mm e expressas graficamente em logarítimos decimais de (X + 1). A abundância relativa e a biomassa estão expressas em números de indivíduos e peso, respectivamente, por unidade de esforço (CPUE) (número de arrastas). Como este trabalho pretende também fornecer dados que contribuam em futuras análises da ictiofauna do lago Guaíba, é fornecida para as espécies consideradas constantes a variação da abundância relativa durante todo o período. Esta variação está indicada nas figuras 5 e 6 sob forma logaritímica decimal. Para os cálculos da diversidade foi seguido Schaefer (1980). Na listagem das espécies a seqüência das fanu1ias segue Nelson (1976).

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LA G O

GUAIBA

lagoa Negra

laguna dos P a l o s

Figura 1 - Mapa com a localização da praia de ltapuã no lago Guaíba.

Figura 2 - Foto do local onde foram realizadas as amostragens, praia de ltapuã.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período amostrado (abril/90-abril/91) foram capturados na praia de Itapuã 7. 929 exemplares de peixes, pertencentes a 36 espécies (Tab. 2). A lista das espécies, com as respectivas ordens e famílias, é a seguinte:

Clupeiformes Clupeidae Platanichthys platana (Regan, 1917) - savelhinha Engraulidae Lycengraulis grossidens (Agassiz, 1829) - manjuba Characiformes Curimatidae Cyphocharax voga (Hensel, 1870) - biní Erytrhinidae Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) - traíra Crenuchidae Characidium tenuis (Cope, 1894a) Characidae Astyanax alburnus (Hensel, 1870) - lambari Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758) - lambari Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) - lambari Astyanaxfasciatus (Cuvier, 1819) - lambari Bryconamericus iheringii (Bóulenger, 1887) - lambari Cheirodon ibicuihiensis (Eigenmann, 1915) - lambari Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887) - lambari Oligosarcus jenynsii (Güntber, 1864) - dentuça Oligosarcus robustus (Menezes, 1969) - dentuça Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891 - lambari Siluriformes Pimelodidae Parapimelodus nigribar:bis (Boulenger, 1889) - mandi Pimelodella laticeps Eigenmann, 1917 - mandi Pimelodus maculatus Lacépede, 1803 - pintado Tricomycteridae Homodieatus vaeferreirae (Devincenzi, 1939) Callichthydae Corydoras paleatus (Jenyns, 1842) - limpa-vidro Hoplosternum littorale (Hancock, 1828) - tamboatá

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Loricariidae Hypostomus commersonii Valenciennes, 1840 - cascudo Microlepidogaster nigricauda (Boulenger, 1891) Rineloricaria cadeae (Hensel, 1868) - violinha Rineloricaria strigilata (Hensel, 1868) - violinha Loricariichthys anus (Valenciennes, 1840) - viola Cyprinodontiformes ~ablepidae Jenynsia lineata (Jenyns, 1842) - barrigudinho Atheriniformes Atherinidae Odontesthes humensis De Buen, 1953 - peixe-rei Odontesthes perugiae Evermann & Kendall, 1906 - peixe-rei Perciformes Sciaenidae Micropogonias fumieri (Desmarest, 1823) - corvina Chichlidae punctata Hensel, 1870 - joaninha Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824) - cará Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) - cará Gymnogeophagus labiatus (Hensel, 1870) - cará Mugilidae Mugil platanus Günther, 1880 - tainha Gobiidae Gobionellus shufeldti (Jordan & Eigenmann, 1886)

Do total de 36 espécies coletadas na área, 18 foram consideradas constantes, onze acessórias e sete acidentais (Tab. 2). Somente duas espécies, entre as 18 constantes, ocorreram em todos os meses: Astyanax alburnus e Bryconamericus iheringii. Dentres as espécies capturadas, duas delas, Micropogonis furnieri (corvina) e Mugil platanus (tainha) podem ser classificadas como peixes marinhos semi-catádromos (Chao et al., 1982) ou seja, seus jovens utilizam o ambiente estuarino da laguna dos Patos como criatório e área de alimentação. A presença de tainhas com comprimento total menor que 35 mm, durante todo o ano na região sul da laguna dos Patos (Cunha, 1981; Vieira, 1985) é atribuída a vários fatores, entre eles a de um longo período de desova e a variações no padrão da circulação das correntes superficiais costeiras (Viera & Scalabrin, 1991). A presença nas coletas de Itapuã de um exemplar de tainha de 31 mm de comprimento total (abril/90), parece

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27. dezembro, 1994 10 indicar que o lago Guaíba constitui-se também numa região de de­ senvolvimento de pré-juvenis da espécie. Semelhante conclusão pode ser extendida à corvina, pois no mês de abril/90 foram capturados dois exemplares medindo 11 O mm de comprimento total Guvenis segundo Castello, 1982). . Estas espécies, juntamente com Hoplias malabaricus (traíra) que foi representada por três indivíduos medindo entre 170 e 200 mm de comprimento total, tiveram uma baixa ocorrência na área explorada. Isto pode indicar que o tipo de local amostrado (aberto e com fundo arenoso) não é o preferido para o desenvolvimento de seus exem­ plares menores. Outra espécie de grande porte e que apresentou uma baixa captura de indivíduos é Hypostomus commersonii (cascudo); esteve re­ presentada por exemplares que medem de 20 l mm a 660 mm de comprimento total. É comercializada sob forma de filés no mercado de Porto Alegre. O número de espécies registrado para o local durante o perído de amostragens (Fig. 3) apresentou uma diminuição gradativa de abril/90 (outono) até agosto/90 (meados do inverno), quando, após um aumento, se manteve mais ou menos estável. Depois desta fase de estabilidade ocorreu um decréscimo abrupto de 22 (fevereiro/91) para 9 espécies (março/91) cuja explicação provável é o fato de que neste mês tenha ocorrido somente uma coleta (Tab. 1). O retrospecto praticamente descarta qualquer relação desta diminuição com a sazonalidade. Os maiores índices de diversidade foram verificados nos meses de outubro/90 e novembro/90 (primavera), mostrando a presença concomitante de um alto número de espécies com um número relativamente baixo de indivíduos. Os índices de diversidade verificados em janeiro/91 e fevereiro/91 (verão), ao contrário do esperado, foram relativamente baixos, mostrando um alto número de indivíduos distribuídos em poucas espécies. Somente três espécies, Astyanax alburnus. A. fasciatus e Platanichthys platana, representaram aproximadamente 88 % do total de indivíduos capturados neste período. O índice de diversidade calculado para a á~ea estudada foi de 1,7427 (Tab. 2). A abundância relativa no período de coletas (indivíduos/arrasto) foi maior principalmente nos meses de janeiro/fevereiro/91, correspondentes ao verão, e menor nos meses de maio/junho/julho/90, equivalentes ao final do outono e parte do inverno (Fig. 3). No final do inverno (agosto) e início da primavera (setembro) ocorreu um pequeno aumento da abundância relativa, decrescendo a seguir nos meses de outubro e novembro ( meados da primavera).

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. Slfr. Zool., Porto Alegre. v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 li

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01 X Figura 3 - Variação ·do número de espécies, exemplares e da biomassa, durante o período de amostragens (abril/90-abril/91)

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Filura 4 - Gmficoa daa variações da abundância relativa durante o período de coletas (abril/90 a abril/91) para as espécies consideradas constantes durante o período de amostragens. A-Astyanax alb11mus, B-Astyanax bimac11latus, ·c-Bryconamericus iheringii, D­ Cheirodon ibicuhiensis, E-Gobionellus shufeldti, F-Gymnogeophagus gymnogenys, G­ Gymnogeophagus labiatus, H-Homodiaetus vaiferreirae, l-Jenynsia lineata.

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O peso total capturado foi de 25,71 kg e a biomassa (g/arrastos/mês) teve seus picos máximos nos meses de dezembro e janeiro (final da primavera e início do verãq) (Fig. 3). Outro grande pico da biomassa ocorreu em abril/90 em conseqüência do alto número de exemplares capturados de Pimelodus maculatus (pintado) e Pimelodella laticeps (mandi) o que não se repetiu em abril/91. A seguir passamos a fazer alguns comentários sobre as espécies consideradas constantes para a região durante o período de coletas e que contribuíram com significativos percentuais sobre o total capturado. A maioria delas são de pequeno porte e constituem os chamados lambaris (Astyanax alburnus, A. bimaculatus e A. ' fasciatus) e mandis (Parapimelodus nigribarbis e Pimelodella laticeps). De médio porte podem ser comparativamente considerados, o biru (Cyphocharax voga) e a manjuba (Lycengraulis grossidens) e as de porte grande o peixe-rei (Odontesthes perugiae) e o pintado (Pimelodus maculatus).

Astyanax alburnus (lambari)

Esta espécie contribuiu com 4.994 indivíduos representando 62,98% do total capturado e foi abundante praticamente durante todo o período (Fig. 4A) com leves declíneos em junho/90 (inverno), outubro/90 e novembro/90 (primavera). As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 6) demonstrou que nestes dois últimos meses não foram registrados exemplares pequenos (menores do que 30 mm de comprimento total), presentes em praticamente todo o restante das amostragens. Isto pode demonstrar que o recrutamento da espécie na região inicie a partir de dezembro (final da primavera e início do verão).

Astyanax bimaculatus (lambari)

A espécie A. bimaculatus representou um percentual de 2,66 % do total capturado e contribuiu com 211 indivíduos no período. Sua abundância relativa apresentou picos máximos em abril/90-junho/90 (outono e início de inverno) e em setembro/90 (final de inverno), a partir de então decresceu paulatinamente. Nos meses de julho/90 e agosto/90 praticamente esteve ausente na área (Fig. 48). As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 7) indica duas fases distintas do aparecimento dos exemplares menores, abril-maio/90 e setembro/90. Os exemplares maiores estiveram mais representados na primavera (a partir de setembro/90) e início do verão (dezembro/90).

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Figura 5 - Gráficos das variações da abundância relativa durante o período de coletas (abril/90 a abril/91) para as espécies coinsideradas constantes durante o período de amostragens. A-Astyantu fascialUS, B-Lycengraulis grossidens, C-Microlepidogaster nigricauda, D-Odomesthes perugiae, E-Pimelodella laticeps, F-Pimelodus maçulalUS, 0- Platanichthys platana, H-Rineloricaria cadeae, 1-Rineloricaria s1rili1a1a.

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Astyanax fasciatus (lambari)

Esta espécie contribuiu com 364 indivíduos durante todo o período de amostragens, representando 4,59 % do total capturado. A. fasciatus, embora considerada uma espécie constante para a região, apresentou um baixo número de indivíduos em praticamente todo o período (Fig. 5A). Foi principalmente nos meses de dezembro/90 e janeiro/90 que o número de indivíduos apresentou-se significativamente alto, elevando em conseqüência o percentual da espécie. O padrão de ocorrência de A. f asciatus indica que ela é típica de verão.

Lycengraulis grossidens (manjuba)

Esta espécie contribuiu com 147 indivíduos durante o período de amostragens, representando 1,85% do total capturado. Foi considerada uma espécie constante para a área, ocorrendo em 76 % dos meses amostrados. A abundância relativa máxima da espécie ocorreu em abril/90 (outono), decaindo até agosto/90 (inverno) quando esteve ausente nas capturas. Voltou a ocorrer em setembro/90-novembro/90 (primavera), decaindo e ausentando-se novamente em março/91 (final de verão) (Fig. 5B). As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 8) indica que os exemplares de menor tamanho de L. grossidens apareceram entre abril/90 e junho/90 (final de outono e início do inverno) e, em menor número, em janeiro/91 (verão). Os exemplares maiores (acima de 120 mm de comprimento total) ocorreram entre os meses de outubro/90 a dezembro/90 (primavera e início do verão) quando então ausentaram-se da área. Algumas populações da manjuba já foram objetos de estudo em outras regiões da laguna dos Patos, seja ao sul, no estuário (Castello & Krug, 1978; Buckup, 1984) como ao longo da praia ao sul da barra da laguna dos Patos (Cunha, 1981). A população que ocorre na região estuarina foi identificada por Buckup (1984) como Lycengraulis sp e possui idênticos padrões de flutuação temporal que a estudada por Cunha (1981). De acordo com Buckup ( 1984) a hipótese do ciclo de vida para Lycengraulis sp. constitui-se, resumidamente, na ocorrência da desova na primavera (outubro e novembro) com um recrutamento dos jovens de pequeno porte, nas zonas de baixios, a partir do mês de dezembro. Ao atingirem cerca de 50 mm de comprimento total, o que ocorre em fevereiro. estes jovens passam a se dispersar da zona de baixios. Durante o inverno grande parte da população ausenta-se do estuário. Os jovens usualmente voltam a ser capturados em grande abundância no mfcio da primavera.

Comun. Mus. Cianc. Tc=cnol. PUCRS, Sl!r. Zoo!., Porto AJ.:gn:. v. 7. p. 3-27. dl!umbro, 1994 16

ABR/90 1.5 N:96

MAIO N•127

JUN N=35

JUl. Nn168

AGO N•104

SET -... Na69 ~ § OUT \ N=44

NOV N=44

DEZ N:2103

JAN/91 N:::103

FEV N•362

MAR N::t'104

ABR t.a N:278

20 40 80 CT(pa,n)

Figura 6 - Freqüência relativa da distribuição do comprimento total de htymua albumus. Freqüência expressas com log(X + 1), agrupadas para classes de 5mm. N =número de indivíduos.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, ~- Zoot., Porto Alep, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 17

Allll/tO N•48

MAIO N=17

.LN N=23

JUl. N=1

ll1JJ N=O

SET N:a:32

OUT N:::22

Nt:N N:31

DEZ N=20 ...,.,., N=O

FEV N=O

MAR N=O

.1811 N=3

80 90 O) cn-1

Figura 7 - Freqilência relativa da distribuição do comprimento total de AstyanaK bimaculal,u. Freqüências expressas com log(X+ 1), agrupadas para classes de Smm. N=número de indivíduos.

A população da praia de Itapuã apresentou algumas discordâncias quando comparada àquela do sul da laguna dos Patos. Por exemplo, o recrutamento dos exemplares pequenos ocorre enfre abril-junho/90 e não·em dezembro. Neste mês, como no resto do verão e início do outono (abril/91), a espécie praticamente esteve ausente da área estudàda e os indivíduos maiores (acima de 130 mm) foram registrados em maior número em outubro e novembro (primavera). Tamanho aproximado (120 mm de comprimento total) é alcançado por Lycengraulis sp. no segundo ano de vida durante o mês de março (Buckup, 1984).

Comun. Mus. Ciênc. Tccnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, d~mbro, 1994 18 5i ~ i ~ ~ i i ã i ~ f ~ i ~ J ~;

{l+X)001

Fipra 8 - FreqOência relativa da distribuição do comprimento total de Lycengraulls grossidms. FreqOências expressas com log(X + 1), agrupadas para classes de Smm. N=número de indivíduos.

Coll\llD. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 19

Odontesthes perugiae (peixe-rei)

É uma das espécies de peixe-rei que ocorre na praia de ltapuã, a outra, O. humensis foi considerada acessória e contribuiu com somente 24 indivíduos durante o período de amostragens. Ambas são espécies importantes para a pesca da colônia de pescadores de ltapuã. O. perugiae, com 140 indivíduos, representou, 1, 77 % do total capturado e apresentou seu pico máximo de abundância relativa em setembro/90-outubro/90 (final do inverno e início da primavera). Teve um decréscimo na abundância relativa e ausentou-se da região no final do verão e no outono (Fig. 5D). As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 9) mostra que os exemplares de menor tamanho da espécie apareceram entre agosto/90-outubro/90 (meados do inverno e início da primavera) e que os exemplares maiores (acima de 140 mm de comprimento total) ocorreram em setembrq/90 e outuoro/90 (primavera). Uma espécie de peixe-rei bem estudada na região estuarina de laguna dos Patos é Odontesthes sp. analisada por Bemvenuti ( 1987) (provavelmente trata-se de O. argentinensis espécie que se distribui para o sul a partir da região sudeste brasileira). Os problemas de ordem taxonômica existentes com os peixes-rei do gênero Odontesthes limitam qualquer análise crítica comparativa. Como registro vale mencionar que ambas as espécies apresentam seus picos máximos de abundância no final do inverno e início da primavera, com os indivíduos pequenos (menores que 100 mm de comprimento total) de O. perugiae mais abundantes no período de agosto/90 a fevereiro/91 (até dezembro em Odomesrhes sp.), principal­ mente nos meses da primavera.

Pimelodella laticeps (mandi) Esta espécie contribuiu com 167 indivíduos, representando 2, 11 % do total capturado do período. Seu pico máximo de abundância relativa foi em abril/90 (outono), decaindo até junho/90 (início do inverno) e a partir daí com pequenas alternâncias de presença e ausência, mas sempre com uma abundância baixa. Somente em março/91 (final do verão) eleva-se um pouco mais (Fig. 5E). As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 10) indica que os exemplares menores de P. laticeps utilizam a área em setembro/90 (final do inverno) no entanto, com um baixo número de indivíduos. Os indivíduos maiores (acima de 90 mm de comprimento total) apareceram em maior número em dois períodos distintos, abril/90 e janeiro/91 correspondendo, respectivamente, ao outono e verão.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS. S!Sr. Zool.. Porto All!gre. v. 7. p. 3-27. dl!zembro. 1994 20

i 1 1 G

a

.,:

(~•X)D01

Figura 9 - Freqüência relativa da distribuição do c,omprimento total de Odentesthes perugiae. Freqüências expressas c:om log(X+l), agrupadas para classes de 5mm. N=número de indivíduos.

Conmn. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dez.embro, 1994 21

Pimelodus maculatus (pintado)

É uma espécie de importância econorruca na pesca da colônia de pescadores de ltapuã, sendo freqüentemente oferecida no Mercado Público de Porto Alegre. Um total de 395 indivíduos foi capturado, o que representa 4,98% do período. A abundância relativa da espécie teve um comportamento semelhante a de P. laticeps. Como esta espécie, apresentou seu pico máximo de abundância relativa em abril/90 (Fig.~ com um ~eve declínio durante maio/90 e junho/90 (final do outono e início do inverno). A partir daí praticamente ausentam-se da região, retomando em novem­ bro/90 (primavera) e ausentando-se novamente de fevereiro/91 em diante. As freqüências da distribuição dos comprimentos totais (Fig. 11) mostra que os exemplares menores de P. maculatus apareceram na região em abril/90 (outono) e os exemplares maiores (acima de 145 mm de comprimento total) no outono e início do inverno (abril/90 ajunho/90) e no final da primavera e início do verão (novembro/90 e dezembro/90).

Platanichthys platana (savelhinha)

Esta espécie contribuiu com 386 indivíduos correspondendo a 4,87 % do total capturado no período. Esta alta representatividade, no entanto, foi alcançada devido ao número expressivo de exemplares pegos (76 % do total) em fevereiro/março/91. A abundância relativa de P. platana, excetuando-se o pico registrado nestes meses, não apresentou acentuadas alterações quantitativas mas sim alternâncias nas suas ocorrências (Fig. 5G). As distribuições de freqüências dos comprimentos totais mostram que os exemplares de menor tamanho, em pequena quantidade, apareceram em abril/90 e 91 (outono) e que a região é habitada preferencialmente por exemplares maiores (acima de 50 mm). Estes concentram-se desde o final de outono (abril/90) até o início do inverno (junho/90); a· partir daí, ausentam-se e voltam a aparecer somente no final do inverno (setembro/90), permanecendo até o final da primavera (novembro/90) (Fig. 12). O retomo da espécie com um expressivo número de indivíduos (295) abaixo de 50 mm ocorrido em fevereiro, especialmente na coleta do dia 20, e março/91 (verão) pode ser explicado pela elevação da temperatura da água (de 24 ºC para 27 °C) acompanhada de um aumento da transparência (de 46 cm para 90 cm) (Tab. 1). Em março/91, apesar de não ter sido registrada a temperatura da água, a transparência se manteve alta e igualmente o número de indivíduos capturados. Em abril/91, embora a transparência tenha se

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 22 mantido alta (95 cm) a temperatura da água caiu (21 ºC) e o número de exemplares capturados baixou para 19. Examinando-se a ocorrência da espécie no seu retrospecto, o-aumento da temperatura da água associado a uma elevada transparência parece favorecer o aparecimento da espécie na região estudada.

1.5 ABR/90 N=112

MAIO N=10

IUN N•1

1.5 JUL N=O

AGO N=O .. SET ♦ N"'6 :!.$ e, t.5 9 OUT N•O

NOV N=O

DEZ N=O 1.5 JAN/91 N=7

FEV N=-5

MAR N=23

1.5 ABR N:3

40 60 80 100 120 CT(-,)

Figura 10 - FreqOência relativa da distribuição do comprimento total de Pimelodella lati­ ceps. Freqüências expressas com log(X + 1), agrupadas para classes de 5mm. N = número de indivíduos.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, &Sr. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 23

3.0 ABR/90 N•238

MAIO N:50

JUN

N ■ 44

JUL N•O

AGO N ■O ... SET ♦ N•3 ~ CI 3.0 OUT

9 N ■ O

NOV

N ■ 32

DEZ N:28

3.0 JAN/91 Na4

FEV NsO

MAR N:O

3.0 ABR N:O

75 IOO 125 150 t85 CT(mm)

Figura 11 - Freqüência relativa da distribuição do comprimento total de Pimelodus maculalUS. Freqüências expressas com log(X + 1), agrupadas para classes de 5mm. N = número de indivíduos.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 24

30 - ABA/80 N=-34 -- 1 MAIO N=6 -- JUN N=3 ,------, -- 3.0 .lJL N:O

N:Jl) N:O .. ♦ )( ,----, ~ OUT N=9

NOV N=18

DEZ N=O

3.0 JAN/91 N=O

FEV N=141 ~ L-,_____, MAR L N:154 30 --

15 35 55 75 90 CTfmm>

Figura 12 - FreqOência relativa da distribuição do comprimemo toeal do fflllillrldtllry6 platana. Freqüências expressas com log(X + 1), agrupadas para classes de 5mm. N = mtmcro de indivíduos. ·

Conmn. Mus. Ciênc.·Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Pol10 Alegre, v. 7, p. 3-27, deumbro, 1994 25

Tabela 2 Distribuição mensal das capturas e cálcufos referentes ao período total das amostragens, (cons = constância; coo = constante; ace = acessória; aci = acidental; g =· gramas). Veja Material e Métodos para detalhes.

PERiODO DE AIIOSTRAGENS

1991 1991

ESPíCIE abr. ■aio ,jun. ,jul. 110. set. out. nov. dez. jan. rev. aar. abr. cons total do período

Ast,anax alburnus 96 127 35 168 416 276 44 44 412 495 l. ◄ 47 414 l.ut con 4.994

Ast,anax bi ■aculatus 48 16 22 35 23 29 22 6 con 2ll

Ast,an~ ei1en■annioru1 12 acr 32

AshlllllC fasciastus 37 144 151 26 con 36◄

Br,canuericus iherin1ii 19 6 14 t9 te 16 con 94

Char1cidi1m tenuís 31 19 ac, 44 ---i-- Chrfrodon ibicuihieuis 61 con 75

Cor,dôns palntus 13 21 acr 42 Crt11icichl1 p1111ctata "\ '· acr Csphocharax vot• 193 42 ace 169 Gto,h11111 brasi liensi s acr " 6olli111ellus shufeldti con te

Gsao110,h11us !15IIIO!ltn!IS 2 14 con 5t

S,111ogeophasus llbiatus 11 17 13 con 59

Hoeildiartus vazferreirai 11 12 con '3

Haplias ulabaricus ICÍ 3 llaplostem1m littonle aci

11Wrnsobr5can lurUtnii 27 46 acr 82

Hwottoaas c-sonii aci

Jffls111i1 lin11ta 14 con 37

Loricarilchthss &nus ace 11

Licensnulis grossidens 53 li! 13 22 34 con 147 fticrolepidogastrr nigricauda 19 17 li! li! 13 15 con 86 llicropogonias f1m1i1ri aci . \ ., 11111u-,tatllllll' " aci Od1111tnthn hulCIISÍS i! 2 H ac, 24

Conwn. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo)., Porto Alegre, v. 7, p. 3-27, dezembro, 1994 ------t-,J r PERiODO DE AIIOSTRAGENS °' :' ----- Tabela 2 (cont. > 1991 1991 :::e: ------!I> ESPiCIE abr. ■ aio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abnl const t oh 1 do período ;:;;n , ------Odontesthes perugiae 1 1 11 \ 18 49 36 s 2 2 1S \ \ con 141 ~ ------OI isosarcus jen:1nsi i \ \ \ \ \ \ \ \ 1 \ 3 \ 1 aci ~ ------Oligosarcus robust us 2 \ \ \ \ \ 4 13 7 \ 11 \ \ ace 37 ~ ------Parapi ■elodus nigribarbis 19 \ 17 \ \ \ 83 \ 14 \ \ \ \ ace 133 ~ ----- ~ Pi ■ elodel la lat iceps 112 te 1 \ \ 6 \ \ \ 7 s 23 3 con 167 CI) ------n- Pi ■elodus ■ aculatus 236 se 44 \ \ 3 \ 32 26 4 \ \ \ con 395 =" Plahnichth:ts platana 34 6 3 \ \ 2 9 18 \ \ 141 154 19 con 386 J Pseudocor,nop011 doriae \ \ \ \ \ \ \ 2 2 \ \ \ l aci 5 "3 ------s Rineloricaria cadeae 3 3 \ 5 3 4 l ------4 2 1 2 \ 1 con 29 ~ Rine 1oricaria st ris i 1ata 4 7 1 \ \ 2 \ l \ \ 4 3 \ con 22 a::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: ======::: Nü■ero de indivíduos 671 282 158 218 472 471 273 283 825 637 1.793 613 1.235 7.929 ~ ~ Abundância relativa 111.7 47,e S2,7 36,3 78,7 78,3 45,S '17,2 137,5 212,3 298,8 214,3 21S,8 114,9 :' ( indi viduos\arrut os 1 w ' Múuro de espécies 27 19 14 12 9 19 22 24 26 18 22 9 21 36 ~ ~ ------índice de diversidade 2,1189 1,883 2,1352 1,1319 e,5546 1,4936 2,2511 2,6143 1,7584 1,1356 1,1841 e,4859 e,5615 1,7427 ------s Nü■ero 8- de arrastas 6 6 3 6 6 6 6 6 6 3 6 3 6 69 wa Peso (gl 4.113 685 l.171 355 631 1.651 1.795 2.799 5.175 3.551 2.145 565 1.191 25.713

Bio■assa (g/arrastol 685,5 114,2 391 59,2 115 275 299,2 465 862,5 1.183 357,5 198,3 181,7 372,7 i ------27

AGRADECIMENTOS O autor sênior agradece a Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela bolsa de Iniciação Científica concedida (Proc. número 90.1965.0) e que beneficiou a um dos autores júnior (ESV) e a Patrícia Sesterheim; a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul pela bolsa de iniciação a pesquisa concedida ao projeto e que beneficiou a ASJ. José Pezzi da Silva, Gizelaine Guazzelli e Hugo Heinrichs auxilia­ ram nos trabalhos de campo ou de laboratório. Leram e forneceram contribuições à forma final do trabalho Zilda Margarete S. de Lucena, do Laboratório de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS e Carlos Porto da Silva, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Rio Grande do Sul. Carlos Porto da Silva forneceu programa específico para os cálculos da diversidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bemvenuti, M. 1984. Abundância, distribuição e reprodução de peixes rei na região estuarina da lagoa dos Patos, RS, Brasil. Atlântica, 9(1):5-32. Buclrup, P. A. 1984. Distribuição e Abundância de Engralu(deos (Osteichthyes, Clupei­ fonnes) na Regillo Estuarial da lagoa dos Patos, RS. Brasil. Dissertação de Mestrado. Fundação Universidade de Rio Grande. I0Op. (não publicada). Castello, L. P. 1991. Distribuição, crescimento e maduração sexual da corvina juvenil (Micropogonias fumieri) no estuário da Lagoa dos Patos. Simpósio Internacional sobre utilização de ecossistemas costeiros: planejamento, poluição e produtividade. Atlântica, 5(2): 24-25. Castello, L.P. & Krag, L.C. 1978. Distribution, growth and spawning groups of the manjuba (Lycengraulis grossidens) estuary of the Lagoa dos Patos-Rio Grande Sul - Brazil. Atlântica, 3;1-92. Chao, L.N.; Pereira, L.E.; Vieira, J.P.; Bemvenutti, M.A. Cunha, L.P.R. 1982. Bio­ ecology of fishes in the estuary and the adjacent coastal region of the Lagoa dos Patos. Simpósito Internacional sobre utilização de ecossistemas costeiros: planejamento, poluição e produtividade. Atlântica, 5(2): 27. Cunha, L.P.R. 1981. Variação sazonal da distribuiçdo, abundância e diversidade dos peixes na zona de an-ebentaçllo da praia do Cassino, RS - Brasil. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do , 47p. (Não publicada). Malabarba, L. R. 1989. Histórico sistemático e lista comentada das espécies de peixes de água doce do sistema da Laguna dos Patos, Rio Grande do Sul, Brasil. Comun. Mus. Ciênc. PUCRS, sér. zool., 2(8): 107-180. Nelson, J. 1976 Fishes ofthe World. New York. John Wiley & Sons. 416 p. Nupelia, 1987. lctiofauna e biologia pesqueira I e //. Relatório Anual do Projeto-ltaipu Binacional. Fundação Universidade Estadual de Maringá. xiii + 638p. Schaefer, A. 1980. Critérios e métodos para a avaliação das águas superficiais - análise da diversidade de biomassa. Série Taim, UFRGS, (3):5-44. Vieira, J. P. & Scalabrin, C. 1991. Migração reprodutiva da "tainha" (Mugi/ platanus Günther, 1908) no sul do Brasil. Atlântica, 13(1):131-141.

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DINÂMICA DA ALIMENTAÇÃO DE Odontesthes aff. perugiae (EVERMANN & KENDALL, 1906) DA LAGOA EMBOABA, RS, BRASIL. (ATHERINIFORMES, ATHERINIDAE)

Clarice Bernhardt Fialho* José Roberto Verani**

RESUMO

Os aspectos da dinâmica alimentar de Odonresthes aff. peruglae d~ lagoon Emboaba, foram analisados com base nos dados de 320 exemplares coletados mensalmente durante o período de julho/89 a outubro/90. A época de maior ou menor intensidade alimentar foi determinada pela análise da variação bimestral dos índices de rcpleção e hepatossomático. Estes demonstraram que os indivíduos estão em melhores condições alimentares no período compreendido entre os bimestres jan/fev e jul/ago. O fator de condição foi determinado e mostrou estar sendo influenciado pelo peso das gônadas durante a época de reprodução, principalmente nas fêmeas. Por outro lado é o peso do estômago, nos machos, que tem maior influência sobre o fator de condição.

ABSTRACT

The aspects of nutritional dynamics of Odontesthes aff. peruglae of lagoon Emboaba, were analysed based on data of 320 exemplars collected monthly from July/89 to october/90. The time of lhe year of greater or smaller nutritional intensity was determined by analisys of bimonthly variations of repletion and hepatossomatic ind~xes. These proved that lhe specimens are in better nutritional conditions in lhe period from Jan/Feb until July/ Aug. The condition factor was determined and it showed to have been influenced by gonadal weight

• Lab. de Ecologia de Populações/Centro de Ecologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Av. Bento Gonçalves, 9500, CEP 90540-000. Porto Alegre, RS, Brasil. ..Depl de Hidrobiologia, Universidade Federal de São Carlos, Caixa Postal 676, CEP 13560. São Carlos, SP, Brasil.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 29-40, dezembro, 1994 30 during the reproduction period, mainly in the females. On the other hand, in the males, it is stomach weight that has the biggest influence on the condition factor.

INTRODUÇÃO

A família Atherinidae possui uma ampla distribuição geográfica, disseminando-se na maioria das costas marinhas temperadas e tropicais, águas doces de rios, lagos e lagunas (Prince & Potter, 1983). A espécie em estudo, Odontesthes aff. perugiae (Evermann & Kendall, 1906), conhecida popularmente por "peixe-rei", é uma espécie nova cuja distribuição ocorre nas lagoas costeiras do Rio Grande do Sul, Rio Uruguai e lagoas Mirim e dos Patos (Bryan Dyer, com. pes.). Os trabalhos sobre biologia de aterinídeos são relativamente escassos, os quais se restringem mais às listas de espécies (Evermann & Kendall, 1906; De Buen, 1953; Figueiredo & Menezes, 1978). Estudos sobre ecologia trófica têm os considerado como planctófagos ou consumidores primários e/ou secundários (Bemvenuti, 1990; Carvalho, 1953; Ringuelet, 1942; Paiva & Scheffer, 1982). O objetivo principal do presente trabalho é observar as variações dos índices de repleção e hepatossomático, bem como do fator de condição ao longo do tempo, determinando a época em que os indivíduos encontram-se em melhores condições alimentares na lagoa_ Emboaba.

MATERIAL E MÉTODOS O material estudado constituiu-se de 320 exemplares de Odontesthes aff. perugiae, amostrados mensalmente na lagoa Emboaba (29º57'S - 50° 12'W), Osório, RS. A caracterização do ambiente onde se efetuaram as capturas encontram-se em Fonseca (1991). Para a captura, foram utilizadas 2 baterias de redes de emalhar. Cada bateria constituía-se de cinco redes com malhagens de 1,2, 2,5, 3,5 e 4,0 cm entre-nós. Imediatamente após a coleta dos exemplares, registrava-se, para cada indivíduo, os dados de comprimento total (Lt), em cm, peso total (Wt), em g, pesos do estômago (we) e fígado (wt), em g; sexo e estádio de repleção. A pesagem do fígado foi efetuada somente a partir do mês de novembro/90. Os estádios de repleção foram considerados, em relação à quantidade de alimento presente, como: 1- cheio; II- parcialmente cheio e III- vazio. A partir dos dados de peso total e peso do estômago (oi calculado, para machos e fêmeas, o índice de repleção com base em Santos (1978). Por·

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 29-40, dezembro, 1994 31 se tratar de índice biométrico, esta ra.zão somente foi considerada válida após verificada a existência de relação linear entre as duas variáveis t:nvolvidas para cada estádio de repleção. Assim, foram estimados os valores médios bimestrais do índice de repleção (IR) sendo seus valores colocados em gráficos. Obteve-se, também, a distribuição das freqüências relativas de ocor­ rência bimestral para cada estádio de repleção e, aplicou-se o teste X2 (alfa= 0,05), para confirmar a existência de associação entre tais eventos. O índice hepatossomático (IHS) foi definido através da fórmula: IHS = (wf/Wt)xl00. A determinação da variação média bimestral do índice hepatossomático seguiu o mesmo procedimento de cálculo do índice de repleção, sendo também testada a validade da expressão matemática acima através da relação linear entre wf e Wt (Santos, 1978). O fator de condição (FC) foi estimado para machos e fêmeas através da relação peso/comprimento encontrada em Fialho (1992). Com isso foram determinados os valores médios bimestrais do fator de condição total (FC), bem como sem a influência do peso das gônadas (wg) (FCl) e sem influência do peso do estômago (FC2). A partir dos valores obtidos para FC, FC 1 e FC2, foram elaborados grá­ ficos que mostram as variações de seus valores médios bimestrais ao longo do tempo. Para se evidenciar a época de maior influência por parte de cada órgão no fator de condição (FC), foram calculadas as diferenças entre FC - FCl = FCI (influência das gônadas) e FCI- FC2 = FCII (influência do estômago). Os resultados destas diferenças foram lançados em gráficos em função dos bimestres.

RESULTADOS As regressões lineares entre o peso do estômago (we) e o peso total (Wt), bem como o índice médio de repleção, para cada estádio são mostradas na Tabela 1. Os valores médios bimestrais do índice de repleção (IR) foram lançados em gráficos (Fig. 1) mostrando a variação durante o período estudado. As distribuições das freqüências relativas dos estádios de repleção (Fig. 2), corroboram a variação do fndice de repleção médio. O teste X2 (alfa = 0,05) aplicado resultou em alta significância, constatando-se haver uma associação entre os períodos bimestrais e os estádios de repleção. A existência da relação linear pela origem entre as variáveis peso do fígado (wt) e peso total (Wt) é observada na Tabela 2. Essa condição

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 29-40, dezembro, 1994 32 permitiu estabelecer o índice hepatossomático médio (IHS), cuja variação bimestral é apresentada na Fig. 3. A distribuição bimestral dos valores médios do fator de condição (FC), deste sem o peso das gônadas (FC-G) e sem o peso das gônadas e estômado (FC-G-E) é mostrada nas Figs. 4 e 5. As diferenças efetuadas entre FC - FCl = FCI e FCl - FC2 = FCII evidenciam as épocas de influência por parte de cada órgão no fator de condição. A variação do FCI indicando a época onde as gônadas estariam influenciando o fator de condição (FC), é maior nos bimestres set/out 89 e jul/ago 90 nos machos e jul/ago 89 e 90 para fêmeas (Figs. 4b e 5b) correspondendo, portanto, ao período reprodutivo da espécie. As diferenças entre FC1-FC2= FCII são maiores, principalmente, no bimestre jul/ago 90 para machos e fêmeas, período este em que os estômagos encontram-se mais cheios. Por conseguinte, verifica-se que nos machos o fator de condição está sendo mais influenciado pelo peso do estômago (4b), enquanto que nas fêmeas é o peso das gônadas que o influência sobre­ maneira (Fig. Sb).

Tabela 1 - Dados das regressões lineares entre o peso do estômago (we) e o peso total (Wt) e valores médios do índice de repleção (IR}por estádios, para machos e fêmeas de

Tabela 2 - Dados das regressões lineares entre o peso do ffgado (wf) e o peso total (Wt) para machos e fêmeas de Odontesthes aff. perogiae, durante o período de novembro/89 a outubro/90.

MACHOS N 171 83 b 0,0160 0,0175 r 0,74 0,82 N = número de exemplares b = valor do coeficiente de regressão r = coeficiente de correlação linear de Pearson

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DISCUSSÃO

Pode-se observar através da variação bimestral dos valores médios do índice de repleção que há um aumento da atividade alimentar nos períodos de jan/fev 90 a jul/ago 90 para machos e fêmeas. Tal período antecede à reprodução, a qual ocorre durante os meses de julho a dezembro (Fialho, 1992). Este mesmo comportamento também foi verificado por Urzúa et al. (1977), para Basilichthys australis,- Bahamondes et al. (1979) para Basilichthys australis, Odontesthes bonariensis e Odontesthes aff. mauleanum. Ao se analisar a distribuição das freqüências dos estádios de repleção, observa-se que as maiores freqüências de estômagos vazios se encontram nos bimestres jul/ago 89 e set/out 89, período este em que os indivíduos apresentaram um maior desenvolvimento gonadal. Esta diminuição da atividade alimentar durante a reprodução pode ser devida a um aumento do volume das gônadas que reduz o espaço da cavidade abdominal, principalmente nas fêmeas. Entretanto, observou-se que no bimestre jul/ago 90 ocorreram freqüências elevadas de indivíduos com estômagos cheios e/ou parcialmente cheios. Neste período, os indivíduos capturados apresen­ tavam, na sua maioria, estômagos contendo peixes. Segundo Nikolsky (1963) uma dieta à base de peixes tem um coeficiente nutricional superior as demais. Conseqüentemente, os indivíduos, principalmente as fêmeas, pode­ riam estar se alimentando de um item com alto valor energético, disponível na lagoa durante este período, e que lhes garantiria permanecer o período reprodutivo sem se alimentar. Através do teste X2 , constatou-se que há uma periodicidade no ritmo alimentar de Odontesthes aff. perugiae. Esta periodicidade pode ser devida a uma variação na disponibilidade de alimento no ambiente, explicando desta forma, as diferenças ocorridas entre os índices de repleção nos bimestres jul/ago 89 e jul/ago 90. O índice hepatossomático também apresentou valores elevados no período que antecede à reprodução onde os indivíduos estão melhores alimentados. Isto denota que há um direcionamento e reserva de energia para o fígado. Segundo Carvalho (1984), estas reservas metabólicas, em grande parte, são utilizadas para a formação dos produtos gonadais, principalmente nas fêmeas. Com isso, verifica-se que durante o verão e outono há uma maior atividade alimentar da espécie fazendo com que os produtos metabólicos sejam armàzenados no inverno para, posteriormente, serem gastos nos meses de primavera, principalmente set/out, que é quando a atividade reprodutiva de Odontesthes aff. perugia é mais intensa.

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Observa-se, porém, que no bimestre nov/dez 89 o índice hepatossomático das fêmeas ainda encontra-se elevado, o que é justificado pelo fato das mesmas terem um período longo de reprodução com desovas parceladas que podem se estender até abril (Fialho, 1992). O fator de condição tem sido amplamente utilizado em modelos matemáticos aplicados à biologia pesqueira e como medida do estado geral do peixe (Barbieri & Verani, 1987). O fator de condição apresenta oscilações durante o ano, as quais podem refletir a época e duração do período reprodutivo e a taxa de alimentação. Desta forma, o cálculo do fator de condição foi feito substraindo-se, do peso total, os pesos das gônadas e estômago, uma vez que tais valores podem alterar os resultados, fornencendo indicações não muito reais do "bem-estar" biológico ou fisiológico dos peixes. Para Odontesthes aff. perugiae, verificou-se que, para ambos os sexos, o fator de condição apresentou seus valores máximos nos bimestres jul/ago e jan/fev. As maiores diferenças observadas no fator de condição propriamente dito e este sem o peso das gônadas foi durante o período reprodutivo, indicando, com isso, uma marcada influência das gônadas no fator de condição, principalmente nas fêmeas. Por conseguinte, o período de elevação seria em conseqüência da atividade reprodutiva e não necessariamente estaria indicando um melhor aproveitamento das reservas alimentares pelos indivíduos. Por outro lado, a influência do peso do estômago no fator de condição se faz mais presente, nos machos, onde as maiores diferenças de FC1-FC2 ocorreram nos bimestres jan/fev e jul/ago 90 onde os índices de repleção estavam mais elevados. O fator de condição sendo mais influenciado pelo peso das gônadas, em aterinídeos, foi obtido por Fernandez-Delgado et al. (1988), Moreno et al. (1977) e Fernandez-Delgado & Casal (1982). Segundo Santos (1986) existe uma relação inversa entre o fator de condição (FC) e o tipo de crescimento (8) que a espécie apresenta (parâ• metros estimados pela relação peso/comprimento). Sendo assim, verifica-se que os machos apresentam a constante relaciona,da com o tipo de crescimento do indivíduo (0) menor quando comparado ao das fêmeas, 2,92 e 3,13, respectivamente, (Fialho, 1992). Por conseguinte, os mesmos apresentam valores do fator de condição mais elevados. As fêmeas, por outro lado, têm um gasto energético maior na produção de ovócitos, cointribuindo, desta forma, para um menor fator de condição.

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AGRADECIMENTOS Aos Drs. Alberto C. Peret e Geraldo Barbieri pelas sugestões no decorrer do trabalho; ao Centro de Ecologia/UFRGS pelo auxílio financeiro e aos colegas Sandra M. Hartz pela leitura crítica do manuscrito e Willi Bruschi Jr. pelo au."tílio em campo.

(o) 3.2

2.8

2.4 ~ 2

1.6

1.2 J/A. S/0 N/D J/F M/A. M/J J/A. S/0 Bl~STRES

(b)

2.5

2

1.5

5 o. J/A. S/0 N/D J/F M/A. M/J J/A. S/0 Bl~STRES

Figura 1 - Variação bimestral dos valores médios do índice de repleção (IR) para machos (a) e fêmeas (b) de Odontesthes aff. perogiae, durante o período de julho/89 a outubro/90.

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(a) 100

...... BO ..._,,~ _J 60 w o: ó 40 w o: u.. 20

o J/A S/0 N/D J/F M/A M/J J/A S/0 BM:STRES

- CHEIO ll'IJ PARC. CHElO 12'.'.2] VAZO

(b) 100

...... BO ..._,,~ _J 60 w o: ó 40 w o: u.. 20

o J/A S/0 N/D J/F M/A M/J J/A S/0 BM:STRES

- CHOO ll!.l!i!II PARC. CHEIO 12'.'.2] VAZO

Figura 2 - Distribuição bimestral das freqüências relativas {%) dos estádios de rcpleção para machos (a) e fêmeas {b) de Odonresthes aff. pem giae, durante o período de julho/89 a outubro/90.

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(a) 1.9 1.8 1.7

C/l 1.6 ~ 1.5 1.4 1.3 1.2 N/D J/F M/A M/J J/A S/0 Bl~STRES

(b) 2 1.9 1.8

C/l ~ 1.7 1.6 1.5 1.4 N/D J/F M/A M/J J/A S/0 BIMESTRES

Figura 3 - Variação bimestral dos valores m6dios do índice hepatossomático (DIS) para machos (a) e t'êmeas (b) de Odonlesthes aff. perugiae, durante o período de novcmbro/89 a outubro/90.

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(a) O.B2 O.B 0.7B 0.76 o u. 0.74 0.72 0.7 0.6B J A S/0 N/0 J f' M/A M/J BIESTRES ----rc --- rc-G ...,._ rc-GE

--- rc 1 .....,._ rc u

Figura 4 - Variação bimeatral dos valores m6dios do fator de condição (FC), do fator de condição sem o peso das gônadas (FC-G), do fator de condição sem os pesos das gônadas e do estômago (FC-GE) (a) e, as diferenças entre eles (b), FCI (FC-(FC-G)), FCll ((FC-G)­ (FC-GE)), para machos de Odonteslhes aff. pemgiae, durante o período de julho/89 a outubro/90.

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(a) 0.46 .------,

0.44

0.42

~ 0.4

0.3B

0.36

0·3 4 --J""T/A--s-,-=-0--N/-i:-D--J-.-r --M/T'"A--M.,./-J --J T"'""A--S ..... /0----' BD.ESTRES

---rc --.- íC-G _.,_ FC-GE

(b) 0.036 ,------,

0.03

0.024

~ 0.018

0.012

0.006

o -L---,..----.---~--~--r-----r----r----r----' N/0 J r M/A M/J J/A S/0 BMESTRES - rei_.,_ rcs

Fipra 5 - Variação -bimestral dos valores médios do fator de condição (FC), do fator de condição sem o peso das gônadas (FC-G), do fator de condição sem os pesos das gônadas e do estômago (FC-GE) (a) e, as diferenças entre eles (b), FCI (FC-(FC-G)), FCil ((FC-G)­ (FC-GE)), para temeas de Odontesthes aff. pe"'giae, durante o período de julho/89 a outubro/90.

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REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bahamondes, 1., Soto, D. & Vila, I. 1979. Hábitos alimentários de los pejerreys (Pisces: Atherinidae) dei embalse Rapei, Chile. Medio Ambiente, Chile, 4(1): 3-18. Barbieri, G. & Verani, J. R. 1987. O fator de condição como índice do período de desova em Hypostomus aff. plecostomus (Unnaeus, 1758) (Osteichthyes, Loricaridae), na represa do Monjolinho (São Carlos, SP). Oenc. Cull., São Paulo, 39(7): 655-658. Bemvenuti, M. de A. 1990. Hábitos alimentares de peixes-rei (Atherinidae}. na região eslUarina da lagoa dos Patos, RS, Brasil. Atlânlica, Rio Grande, 12(1): 79-102. Catvalho, F. M. 1984. Aspectos biológicos e ecofisiológicos de Curimata (Potamorhina) pristigaster, um characoidei neotropico. Amazpniana, (8(4): 525-539. Catvalho, J. de P. 1953. Alimentação de Xmomelaniris brasiliensis (QUOY & GAIMARD) (Pisces-Mugiloidei-Atherinidae). Bolm. lnst. Oceanogr., São Paulo, 4(1/2): 127-144. De Buen, F. 1953. Los pejerreys (Família Atherinidae) en la fauna uruguaya, con descripción de nuevas especies. Bolm. /nst. Oceanogr., São Paulo, 4(1/2): 3-80. Evermann, B. W. & Kendall, W. C. 1906. Notes on a colletion of fishes from , South America, with descriptions ofthree new species .. Proc. U. S. N

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LISTA COMENTADA DOS RÉPTEIS OCORRENTES NO RIO GRANDE DO SUL, BRASa

Thales de Lema*

RESUMO

Lista das espécies e subespécies de répteis registradas para o estado do Rio Grande do Sul, no Brasil meridional, contendo comentários sobre a distribuição, variação e taxonomia. Novos táxons são indicados para a área e são citados aqueles que podem ocorrer devido a sua presença em áreas vizinhas. Embora a região encontra-se fortemente impactada pelo homem, a lista contém 113 espécies e 65 gêneros dentro de 19 fanu1ias. Esta lista é preliminar porque muitos táxons está o em estudo e, brevemente, deverá ser modificada e ampliada. São descritas cinco subespécies de Lystrophis dorbignyi.

ABSTRACT

List of the species and subspecies of registered for the Rio Grande do Sul State at southem Brazil. There are new records to the area and the citation of probable occurrences based on neighbouring areas records. The list contains comrnents on the distribution, variation and . Although the strong human action on the arca, the herpetozoa is well preserved. The list contains 113 species and 65 genera into 19 families. This is a preliminary account because many taxa are in study and, briefly will be modified and amplied. Five new subspecies of Lystrophis dorbignyi are described.

INTRODUÇÃO

Lema (1958a) fez um histórico sobre a fauna de Reptilia do estado do Rio Grande do Sul (Brasil), visando listá-la a seguir. Mas, devido ao estado

• Depto. de Biologia, lnst, de Biociências. Pontifícia Universidade Católica do _Rio Grande do Sul. Bolsista do CNPq (Processo 500667/90-0/ZO) Caixa Postal 1429, 90619-900 Porto Alegre, RS.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, de:zembro, 1994 42 precário dos registros feitos até então, a lista não foi publicada até hoje. Atualmente, face ao volume de dados somados sobre esta fauna e visando incrementar os trabalhos de pesquisadores em nível de pós-graduação, lançamos uma lista com comentários sobre os problemas existentes sobre cada táxon. Outrossim, procura ir ao encontro de profissionais ligados ao conservacionismo, à Medicina sanitária e aos professores e alunos dos cursos de ciências biológicas. Para estes últimos destinam-se as chaves de determinação para cada táxon de gênero, espécie e subespécie. Faz-se uma ressalva à artificialidade das chaves que não são conclusivas mas aproximativas face ao pouco conhecimento que se tem da variabilidade das espécies deste continente, com poucas exceções (Vanzolini & Williams, 1970; Lema, 1977, por exemplo). A presente lista amplia e modifica a de Lema (1987a) para as Serpentes, como amplia a de Lema & Ferreira (1990) na ordem Testudines; altera sensivelmente as listas de Peters et al. (1970). Diversas Teses não publicadas modificaram bastante a sistemática e taxonomia das Serpentes do continente sulamericano como as de Wiest Jr. (1978) e Thomas (1977), por exemplo. Diversas pesquisas em andamento vem alterando bastante a taxonomia sulamericana, devendo-se reeditar esta lista brevemente. As mudanças que vem se operando na ~istemática e taxonomia dos Reptilia sulamericanos demonstra quão pouco conhecida é esta fauna.

MATERIAL E MÉTODOS

Os nomes de gêneros foram numerados com algarismos romanos e os de espécies e subespécies, com arábicos. Ambos foram ordenados em ordem alfabética dentro dos táxons possíveis de reconhecer seguindo-se, de um modo geral, Dowling & Duellman (1978) para ofídios, Wermuth & Mer­ tens (1961) para crocodilianos e Lema & Ferreira (1990) para testudinados. Para sáurios seguiram-se diversos autores tomando-se Porter ( 1972) e Estes & Pregill (1988) como base. Na ordenação de nomes subespecíficos seguiu­ se a alfabética, exceto para a nominal que é apresentada sempre em primeiro lugar. A ordem Testudines -vem sendo analisada com maior profundidade e aproveitamos a colocação geral dos táxons segundo Gaffney & Meylan (1988) feita com base na análise filogenética. Assim, também, na infraordem lguania para a qual seguimos Frost & Etheridge (1989).

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ú

I 20 eo 100 km

57 . 5g• 5 2° 50° 1

Figura 1 - Mapa do Estado do Rio Grande do Sul mostrando as regiões fisiográficas, segun­ do Docca-Pacheco (1956), com algumas modificações nas delimitações: 1. Campos de Cima da Serra; II. Encosta Superior de Nordeste; m. Encosta Inferior de Nordeste; IV. Depressão Central; V. Serra de Sudeste; VI. Litoral; VII. Encosta de Sudeste; Vill. Alto Uruguai; IX. Planalto Médio; X. Missões; XI. Campanha. Os números arábicos indicam rotas migratórias de elencos herpetofaunísticos: 1. Mata Atlântica; 2. Serra do Mar; 3. Planalto meridional; 4. Bacia do Paraná; 5. Chaco e Pampa argentino; 6. Nordeste do Uruguai (coxilhas); 7. Pampa uruguaio; 8. Litoral uruguaio. A flecha 2a indica passagem de fauna do planalto meridional diretamente para a Serra de Sudeste. (Vide texto).

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Evitou-se a indicação da sinonímia e bibliografia de cada táxon devido à extensão que ficaria o artigo, preferindo-se os catálogos de Peters et al. (1970) complementados por Vanzolini (1978) e Vanzolini (1986), princi­ palmente. Siglas utilizadas. Para divisão de assunto: OBS, observações; D.G., distribuição geográfica; N. V.: nome (s) vulgar (es) mais adequados, segundo Lema (1989). Para regiões florísticas e fisiográficas: EINE, En­ costa Inferior de Nordeste e DC, Depressão Central (segundo Docca­ Pacheco, 1956); MA, Mata Atlântica; PMB, Planalto Meridional do Brasil. Para divisões políticas: AR, Argentina; AS, América do Sul; BA, Bahia; BOL, Bolívia; BR, Brasil; COL, Colômbia; ES, Espírito Santo; EUA, Estados Unidos da América; GO, Goiás; GUI, Guianas; MEX, México; MG, Minas Gerais; MS, Mato Grosso do Sul; MT, Mato Grosso; PAR, Paraguai; PER, Perú; PR, Paraná; RJ, Rio de Janeiro; RS, Rio Grande do Sul; se. ; SP, São Paulo; UR, Uruguai; VEN, Venezuela. Coleções: Eventualmente são citadas algumas coleções tendo se usado as siglas: BM, Museum of Natural History, London; CHINM, Coleção do Instituto de Microbiologia (atualmente no Mseo Argentino de Ciencias Naturales, B. Aires); 1B Instituto Butantan, SP; MCN, Museu de Ciências Naturais, Porto Alegre, RS; MCP, Museu de Ciências e Tecnologia, Porto Alegre, RS; MHNCI, Museu de História Natural de Capão da Imbuia, Curitiba, PR; MNRJ, Museu Nacional, RJ, Museo· Nacional de Historia Natural de Montevideo. Diversas espécies ou subespécies apresentam suas localidades-tipos erradas ou incompletas ou mesmo não indicadas. Muitas foram anotadas por herpetólogos não brasileiros ou de outras regiões do país, o que não justifica os erros. Para esclarecimento de algumas delas utilizamos algumas obras, além de nossa experiência; das obras citamos o dicionário geográfico de Borges-Fortes et al. (1967), o atlas da Codex (1968), da Enciclopaedia Britannica (1982) e do Instituto Brasileiro de Geografia (1968). Nos comentários sobre a variação apenas são citadas as mais notáveis. Nos táxons em que há pesquisadores trabalhando, são apostas as palavras "Em estudo", evitando-se citar os mesmos por não termos certeza de sua publicação. Para novos táxons, ainda não descritos ou publicados, usam-se as siglas "sp." ou "ssp. ", significando espécie e subespécie, respectivamente.

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Crocodilia Am~hisb~nia Testudinata I

Serpentes

Figura 2 - Representação gráfica do percentual de esp6cies de Reptilia no Rio Grande do Sul.

LISTA COMENTADA

"REPTILIA" Laurenti Reptiles Linnaeus, 1758, Syst.nat.(10ª ed.)J:197 Reptilia Laurenti, 1768, Synops.rept.:17

ANAPSIDA Williston Anapsida Williston, 1917, J.Geol., 25:419

Conw.n. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo)., Porto Alegte, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 46

TESTUDINATA Oppel Testudines Batsch, 1788, Thiere Mineral., J :437 Testudinata Oppel, 1811, Ordnungen, 3:234

OBS. Prefere-se este nome é Chelonia McCartney, 1802 para evitar homo­ nimia com Chelonia Brongniart, 1800

CASICHELYDIA Gaffney Casichelydia Gaffney, 1975, Bull. amer. Mus. nat. hist., 155:425

PLEURODIRA Cope Pleurodira Cope, 1870, Trans. amer. philos. Soe., 14(1869): 156

EUPLEURODIRA Gaffney et Meylan Eupleurodira Gaffney & Meylan, 1988, Phylog. & class. tetrap., J(Amph. & Rept.): 164

CHELIDAE Gray Chelydae Gray, 1831, Synop.rept.:3, 7, 37. Chelidae Wermuth & Mertens, 1961, Schildkr.Krokod.Brücke.:283,300

CHELINAE Gaffney et Meylan Chelidina Gray, 1825, Ann.Philos.(n.s.)10;210,211 Chelinae Gaffney & Meylan, 1988, Phylog. class. tetrap., 1 (Amph. & Rept.):169

Chave para os gêneros: 1. Cabeça com pescoço de comprimento maior que a coluna vertebral do tronco. Escudo nucal interno não tocando a margem da carapaça, sendo largo e situado atrás do primeiro par de marginais. Bárbulas ausentes. Patas anteriores e posteriores com 4 unhas ...... Hydromedusa Cabeça e pescoço juntos mais curto que a coluna vertebral. Nucal pequeno, geralmente na margem da carapaça. Bárbulas mento­ neanas presentes. Patas anteriores com 5 unhas, posteriores com 4 ...... 2 2. Carapaça sulcada vertebralmente ("canal"), placas neurais ausentes, intergular triangular. Escudos dermais esculturados com linhas concêntricas e radiais nos jovens. Pescoço com espinhos cônicos ...... Acanthochelys

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Carapaça convexa na zona vertebral. Neurais presentes, intergular não triangular. Escudos dennais lisos. Pescoço sem espinhos cônicos. Barbelas bem desenvolvidas ...... Phrynops

ACANTHOCHELINI n. OBS. Sinônima de Platemyni Gaffney, 1977 pela preferência gené­ rica. I. Acanthochelys Gray Acanthocelys Gray, 1873, Am1. & Mag. nat. Hist. (4)11::305. Espécie­ tipo: Platemys spixii Duméril et Bibron

1. Acanthocelys spixii (Duméril et Bibron) Emys depressa Spix, 1824, Sp. nov. test.: 4, est. 3 (fig. 2-3). Localidade­ tipo: "Rio de Janeiro e rio São Francisco", BR - além de precisar de restrição deve ser um composto. Platemys spixii Duméril & Bibron, 1835, Erp. gén., 2:409 (Nom. subst. pro Emys depressa Spix). D. G.: Sudeste do BR para o sul e sudoeste, atingindo o PAR, AR e UR. OBS.: Na área é mais frequente a este do RS ao UR, na rede oriental de lagoas e lagunas costeiras e litoral gramado. A variação comentada por Lema & Ferreira (1990) parece indicar a presença de mais um táxon. N. V.: Cágado preto; tortuga canal (UR).

CHELINI Bonaparte Chelini Bonaparte, 1836, Tav.analit.chelon.

II. Phrynops Wagler Phrynops Wagler, 1830, Syst. amph.: 135. Espécie-tipo: Emys geojfroana Schweigger OBS.: Não seguimos a divisão de gêneros e subgêneros conforme Pritchard (1979) e Lema & Ferreira (1990), por não aceitarmos esse grau hierárquico. Chave para as espécies: 1. Mento com faixa preta em forma de ferradura ...... 2 Mento sem mancha. Carapaça cinzenta ou parda unifonne, plastrão branco com manchas pretas pequenas circulares a irregula- res...... hilarii 2. Plastrão manchado irregularmente de preto ...... geojfroanus Plastrão imaculado, amarelo pálido ...... williamsi

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2. Phrynops geo.ffroanus (Schweigger) Emys gro.ffroana Schweigger, 1812, Prodr. monogr. chel.:302. Localidade­ tipo: "Brasil" D.G.: AS a leste dos Andes até o norte da AR e BR meridional. Atinge o norte a noroeste da área. OBS.: Waller & Chebez (1987) não aceitam s~ ocorrência em Misiones, AR, nem em qualquer parte desse país, negando a indicação de Rhodin & Mittermeier (1983). Vímo-la em Erechim, ao norte da área. Por sua distribuição do tipo continental deve estar raciada, podendo ser até um composto, carecendo, pois, de revisão. N. V.: Cágado de barbelas pintado. 3. Phrynops hilarii (Duméril et Bibron) Platemys hilarii Duméril & Bibron, 1835, Erp. gén, 2:428. Localidade­ tipo: Brasil" D.G.: BR sul para o UR e nordeste da AR. Abundante na área, princi­ palmente na região do delta do Jacuí. OBS.: Própria de águas lênticas de terras baixas. Encontrâmo-la na área apresentando dois padrões cromáticos na carapaça: cinzento e castanho (Lema & Ferreira, 1990). N. V.: Cágado comum, cágado de barbelas cinzento; tortuga de rio (AR). 4. Phrynops williamsi Rhodin et Mittermeier Phrynops williamsi Rhodin & Mittermeier, 1983, in Rhodin & Miyata - Adv. Herp. :59, fig. Localidade-tipo: rio Cadeia, Picada Verão, Dois Irmãos, RS, BR (Lema & Ferreira, 1990). D.G.: Sul do PMB ao UR e nordeste da AR. OBS.: A maioria das citações como "P. geoffroanus" para a AR, UR e RS referem-se a esta espécie. Não se conhece a variação de P. geoffroanus que é muito grande. N. V.: Cágado de ferradura. III. Hydromedusa Wagler Hydromedusa Wagler, 1830, Syst. rept.:135. Espécie-tipo: Emys Maximi­ liani Mikan. 5. Hydromedusa tectifera Cope Hydromedusa tectifera Cope, 1870, Proc. amer. philos. Soe., 11(1869): "margem do rio Paraná ou do Uruguai", AR - apesar de necessitar restrição, é a mesma área ecofisiográfica. D.G.: BR meridional e países vizinhos: para oeste atinge a BOL.

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OBS.: Própria de águas lênticas e de hábitos noturnos. Confundida durante muito tempo com H. maximiliani, conforme Wagler (1830: 135) e Hensel (1868:355), devido ao arredondamento das pontas posteriores da carapaça com a idade. OBS. l: Freiberg (1977) indicou H. maximiliani (Mikan, 1820) para o nordeste da AR. Caso isso se confirme, poderá ocorrer a noroeste da área decorrente da dispersão para sudoeste pelo rio Paraná. OBS.2: Waller & Chebez (1987:56) indicam Batraehemys van­ derhaegei (Bour, 1973) para o nordeste da AR, afirmando ser comum em Misiones. Deve, pois, ocorrer a noroeste da área.

CRYPTODIRA Cope Cryptodira Cope, 1870, Proc. amer. Assoe. Adv. Sei., 19:235.

EUCRYPTODIRA Gaffney Eueryptodira Gaffney, 1975, Buli. Amer. Mus. nat. Hist., 155:421.

CHELONIOIDEA Baur Chelonioidea Baur, 1893, Amer. Naturalist, 27:673.

CHELONIIDAE Bonaparte Cheloniidae Bonaparte, 1832, Syst. gen. Herpet.:80. Cheloniidae Cope, 1882, Proe. Amer. philos. Soe. , 22: 143. Chave para os gêneros: 1. O par posterior de costais contata com o nucal na carapaça ...... 2 O par anterior de costais não contata com o nucal...... 3 2. Ponte com 3 escudos inframarginais aumentados. 5 escudos costais de cada lado da carapaça. Plastrão com escudo intergular pequeno ou rudimentar...... Caretta Ponte com 4 escudos inframarginais aumentados ...... Lepidoehelys 3. Mandíbulas não em bico adunco. Geralmente com uma unha em cada membro. Escudos da carapaça justapostos; escudos margi- nais pouco serrilhados. l / l prefrontais interoculares ...... Chelonia Mandíbulas em bico adunco como gancho. Geralmente com 2 unhas em cada membro. Escudos da carapaça fortemente imbricados e marginais fortemente serrilhados. 2/2 prefrontais interocula- res...... Eretmochelys

CHELONIN AE Wieland Chelonillae Wieland, 1903, Amer. J. Sei., 165:211.

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IV. Chelonia Brongniart Chelonia Brongniart, 1800 (part.), Buli. sei. Soe. philom. Paris, 11(2):89. Espécie-tipo: Testudo mydas Linnaeus.

6. Chelonia mydas (Linnaeus) Testudo mydas Linnaeus, 1758, Syst. 11at. (10ª )J: 197. Localidade-tipo: Ilha da Ascenção, Atlântico (Mertens & Müller, 1928). 6. I. Chelonia mydas mydas D.G.: Atlântico e Mediterrâneo. Para o Atlântico sul-ocidental atinge o Río. de La Plata. OBS.: Rara na área. aumentando sua frequência para SC, BR. N. V.: Tartaruga de sopa, falso carei, tartaruga verde. V. Eretmochelys Fitzinger Eretmochelys Fitzinger, 1843, Syst. rept. Ambl. I:30. Espécie-tipo: Testudo imbricara Linnaeus.

7. Eretmochelys imbricara (Linnaeus) Testudo imbricara Linnaeus, 1766, Syst. 11at.(12ª )J:350. Localidade-tipo: Ilhas Bermudas (Smith & Taylor, 1950). D.G.: Setentrional; própria çle águas tropicais. Muito rara ao sul do BR onde aparece excepcionalmente. 7 .1. Eretmochelys imbricara imbricara D.G.: Atlântico e Mediterrâneo. Apenas um registro para Rio Gran­ de, ao sul da costa da área (Lema & Ferreira, 1990). OBS.: Segundo Rodrigo Behregaray (Projeto Tamar, Brasil), foi encontrada em pesca ao longo dos molhes de Rio Grande. N. V.: Tartaruga de pente, verdadeiro carei. CARETIINAE Deraniyagala Carettinae Deraniyagala, 1953, Calor. atlas vert. Ceylan., 2, Tetrap.Rept. VI. Caretta Rafinesque Caretta Rafinesque, 1814, Specc. Sei. Palermo, 2(9):66. Espécie-tipo: Caretta 11asuta Rafinesque (C. caretta) 8. Caretta caretta (Linnaeus) Testudo caretta Linnaeus, 1758, Syst. nat.(10ª)1: 197. Localidade-tipo: Ilhas Bermudas (Smith & Taylor, 1950) D.G.:Oceanos Indico, Pacífico e Atlântico; mar Mediterrâneo.

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8.1. Caretta caretta caretta D.G.: Atlântico e Mediterrâneo; do Canadá à AR pelo Atlântico oci­ dental até Rio de La Plata, entrando no delta do Paraná junto a Buenos Aires. OBS.: Visitante da costa do RS. Vimos espécimes mortos em praia aberta ao norte da área e extremo-sul, região da Estação Ecológica do Taim. N. V.: Tartaruga franca (AR); tartaruga marinha comum. VII. Lepidochelys Fitzinger Lepidochelys Fitzinger, 1843, Syst. rept. Ambl. 1:30. Espécie-tipo: Che­ lonia olivacea Eschscholtz. 9. Lepidochelys olivacea (Eschscholtz) Chelonia olivacea Eschscholtz, 1829, Zool. Atlas, 1:3, est. 3. Localidade­ tipo: "baia de Manila, Filipinas" - erro. D. G.: Antílhas; dispersão para o nordeste do BR normalmente. Excepcionalmente mais ao sul. Consta ter sido capturada no PR e RS por integrantes do Projeto "T AMAR" do Brasil (na área, em Tramandaí). N.V.: Xibirro (Nordeste); falsa carreta; "green ridley" (intem.)

DERMOCHELYO/DEA Willians Dermochelyoidea Williams, 1950, Bull.amer.Mus.nat.Hist., 94:554.

DERMOCHELYIDAE Baur Dermochelyidae Baur, 1890, Amer.Naturalist, 24:534.

VIII. Dennochelys Blainville Dermochelys Blainville, 1816, Buli. Sei. Soe. philom., Paris, 1816: 111. Espécie-tipo: Testudo coriacea Linnaeus.

10. Dermochelys coriacea (Linnaeus) Testudo coriacea Linnaeus, 1766, Syst.nat. (12ª ed.)J:350. Localidade­ tipo: Palermo, Sicília, Itália (Smith & Taylor, 1950). D.G.: Cosmopolita. OBS.: Muito variável, faltando estudo populacional para me­ lhor estabelecimento de possíveis subespécies. A subespécie nomi­ nal é indicada pela maioria dos AA para o Atlântico e Mediterrâneo. Lema & Ferreira (1990) não usam o nome subespecífico em função desta variação. N.V.: Tartaruga de couro; tortuga laúd (AR).

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TESTUDINOIDEA Fitzinger Testudinoidea Fitzinger, 1826, N.Class.rept.:5 (emend. Baur, 1893, Amer. Naturalist, 27:675.

EMYDIDAE Gray Emydidae Gray, 1825, Amer. Philos. (n.s.)J0:210 (emend. Mertens & Wermuth, 1955, Z,ool. Jahrb. (Syst.)83(5).

EMYDINAE Gray Emydina Gray, 1825, Ann. Philos. (n.s.)10 :210 Emydinae Lydekker, 1889, in Nicholson & Lydekker, Man Palaeont., 2: 1117

IX. Trachemys Agassiz Trachemys Agassiz, 1857, Contr. nat. Hist. U.S. Amer.: 743. Espécie-tipo: Testudo scripta Schoepf, 1792.

11. Trachemys dorbigni' (Duméril et Bibron) Emys dorbigni Duméril et Bibron, 1835, Erp. gén., 2 :272. Localidade­ tipo: Buenos Aires, AR. D.G.: Pampas do BR, AR e UR. OBS.: É o segundo táxon de Emydini encontrado na AS, sendo T. scripta callirostris (Gray, 1855) o primeiro, ocorrendo a noroeste do continente e que pelo seu isolamento das demais subespécies, deve ser uma espécie (T. callirostris). Apresenta duas subespécies que estão carentes de confirmação, ambas atingindo a área. Chave para as subespécies: Coloração juvenil persistente no adulto, sendo os machos iguais às fêmeas. Contorno da carapaça ovalado a circular em vista dorsal ... dorbigni Coloração juvenil persistente apenas na fêmea adulta, melanizando o plastrão;o macho toma-se cinza-oliváceo na carapaça com a idade. Contorno da carapaça tende a retangular ...... brasiliensis

11.1. Trachemys dorbigni dorbigni Emys dorbigni -d'Orbigny (emend. pro. E. dorbigni Duméril et Bibron), 1847, Voy. Amér. mér., 5 (Rept.):6, est.1. D.G.: UR - dispersando-se para a DC do RS e nordeste da AR pelo rio Uruguai e rio Paraná. Intergrada com T. dorbigni brasiliensis (Lema & Ferreira, 1990). N.V.: Morrocoyo, tigre-d'água (AR); tortuga pintada (UR).

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11.2. Trachemys dorbig11i brasiliensis (Freiberg) Pseudemys dorbig11yi brasiliensis Freiberg, 1969, Mem. Mus. Entre Ríos (Zool.) (1938) (11):299, fig. Localidade-tipo: Rio Guaiba, Porto Alegre, RS,BR. D.G.: RS para o norte do UR e, provavelmente, para o nordeste da AR. OBS.: Integrada com a nominal ao sul da área. Introduzida no Par­ que da Guarita, em Torres (RS). Lema & Ferreira ( 1990) comentam a varia­ ção._ N. V.: Tartaruga, tartaruga imperial, tartaruga verde e amarela. OBS.: Da farm1ia Testudinidae a espécie que atinge mais pro­ ximamente a área é Chelo11oidis carbo11aria (Spix, 1824). Atinge o norte e nordeste da AR pelas florestas que são contínuas ao noroeste do RS. Koslowsky (1898) registrou-a em Misiones, AR. Da mesma família (Testudinidae Gray, 1822) era citada para o nordeste da AR, Chelo11oidis chile11sis (Gray, 1870), baseando-se os AA em uma citação errada de Boulenger (1889), pois esta espécie é do lado ocidental da AR (Lema & Ferreira, 1990).

SAUROPSIDA Huxley Sauropsida Huxley, 1864, El. comp. A11at.

LEPIDOSAUR/OMORPHA Bell1011 Lepidosauriomorpha Benton, 1983, Quart. Rev. Biol., 58.

LEPIDOSA URIA Haeckel Lepidosauria Haeckel, 1866, Ge11. Morphol., 2: 136.

SQUAMATA Oppel Oppel, 1811, Ord11u11gen: 14.

SAURIA McCartney Sauria McCartney, 1802, i11 Ross, Uebersetzu11g. Cuvier Lect. comp. a11at., 1 :est.3. IGUANIA Cope lgua11ia Cope, 1864, Proc. Acad. 11at. Sei. Phila., 1864-:226.

Chave para os gêneros: 1. Crista dorsal presente sob a forma de uma fila vertebral de escamas ponteagudas ...... Enyalius Crista dorsal ausente ...... 2

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2. Escamas ventrais carenadas ...... 3 Escamas ventrais lisas ...... 4 3. Prega guiar transversal presente. Ventrais maiores que dorsais, sendo estas de diferentes tamanhos. Cauda preênsil. Poros anais presentes ...... Prega guiar ausente. Ventrais iguais ou menores que dorsais. Cauda curta. Poros anais ausentes ...... Stenocercus 4. Prega guiar ausente. Macho com poros anais ...... Liolaemus Prega guiar presente, transversal ...... 5 5. Escamas dorsais lisas e de margens arredondadas, sendo granulares e iguais entre si. Cauda curta ...... Urostrophus Dorsais carenadas. Cauda longa e afilada, às vezes eriçadas. Bolsas de ácaros presentes ...... Tropidurus

POLYCHRIDAE Fitzinger Polychri Fitzinger, 1843, Syst. Rept., 1 : 16. Polychridae Frost & Etheridge, 1989, Misc. Publ. Mus. nat. Hist. Kansas (81):41.

X. Anisolepis Boulenger Anisolepis Boulenger, 1885, Ann. & Mag. nat. Hist. (5)16:85. Espécie­ tipo: A. iheringii Boulenger ( = A. undulatus (Wiegmann)). Chave para as espécies: Patas posteriores voltadas para diante atingem as anteriores voltadas para trás. Dorso pardacento manchado de castanho escuro, cauda anelada de escuro ...... undulatus Patas posteriores voltadas para diante não atingem as anteriores. Coloração dorsal pardo-olivácea manchada de escuro em ziguezague ...... grillii

12. Anisolepis grillii Boulenger Anisolepis grillii Boulenger, 1891, Ann. Mus. St. nat. Genova (2)10: 909. Localidade-tipo: Palmeira, PR, BR. D.G.: PMB. Na área apenas a vimos nos vales dos rios Canoas e Pelotas, divisa de SC com RS. N. V.: Papa-vento.

13. Anisolepis undulatus (Wiegmann) Laemanctus undulatus Wiegmann, 1834, Herp. mexic. :46. Localidade-tipo: "Brasil". D. G.: PMB para o UR e AR oriental.

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O8S.: Comum nas matas do planalto e axilares de coxilhas. É comum nas plantações de videira no extremo nordeste da área onde os colonos a chamam de "lagartixa das uvas", afirmando que comem uvas. N. V.: Papa-vento comum; papa-vento de rabo rajado.

XI. Enyalius Wagler Enyalius Wagler, 1830, Syst. Amph.: 150. Espécie-tipo: Agama catenata Wied-Neuwied (E. catenatus)

14. Enyalius iheringii Boulenger Enyalius lheringii Boulenger, 1885a, Arm. & Mag. Nat. Hist.(5)15: 192. Localidade-tipo: RS, BR. D.G.: MA. Na área somente em Torres. OBS.: Variação ontogênica acentuada, sendo o filhote brancacento com traços pretos, às vezes em ziguezague vertebral; adulto verde metálico com estria pleural amarela. Comum na área nas matas mescladas de plantações de bananeiras e mamoeiros. Abundante no litoral florestado de SC, principalmente na Ilha de Santa Catarina em elevação entre a Lagoa da Conceição e a rodovia Florianópolis-Canasvieiras. Foi estudada por Jackson (1978) que ilustrou aspetos da coloração. N. V.: Sinimbú verde, iguaninha. OBS.l: E. brasiliensis (Lesson, 1828) ocorre a sudeste de SC na MA; assim também E. catenatus (Wied-Neuwied, 1821), podendo ambas ocorrer na MA de Torres, na área. OBS.2: Outro Polychridae, Polychrus acutirostris Spix, 1825, pode atingir o noroeste da área tendo sido registrada em Misiones, AR. A distribuição desta espécie tem sentido nordeste-sudoeste (das caatingas ao Gran Chaco ).

XII. Urostrophus Duméril et Bibron Urostrophus Duméril et Bibron, 1837, Erp. gén., 4 :77. Espécie-tipo: U. vautieri Duméril et Bibron.

15. Urostrophus vautieri Duméril et Bibron Urostrophus Vautieri Duméril & Bibron, 1837, Erp. gén., 4 :78. Localida­ de-tipo: Rio de Janeiro, BR (Guibé, 1954:51). D.G.: PMB florestado para o PAR e AR. Rara na área; vímo-la no ltaimbezinho, a nordeste, em um pé de Orchideae aérea. O8S.: Espécie pouco conhecida carente de revisão, sendo própria da Província Guaraní. N. V.: Iguana ~jada.

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OBS.: Aptycholaemus longicauda Boulenger, 1891 ocorre na AR (de Buenos Aires a Misiones) devendo ocorrer no lado ocidental do RS, zona de mato. Etheridge & Williams (in Frost & Etheridge, 1989) afirmam que sua alocação correta é no gênero Anisolepis. (Em estudo)

TROPIDURIDAE Bell Tropiduridae Bell, 1843, Zool. Voy. Beagle, Rept.: 1.

LIOLAEMINAE Frost et Etheridge Liolaeminae Frost & Etheridge, 1989, Misc. Publ. Mus. nat. Hist. Kansas (81):45. XIII. Liolaemus Wiegmann Liolaemus Wiegmann, 1834, Herp. mexic.: 18. Espécie-tipo: Calotes chi­ liensis Lesson, 1830. Chave para as espécies: Ventrais menores que dorsais; escamas da cinta média do tronco em 45-54. Sem estrias longitudinais, mas com séries de manchas retangulares dorsais em número de 4; zona guiar com numerosas manchinhas escuras ...... wiegmannii Ventrais maiores que dorsais; cinta média do tronco com mais de 55 es­ camas. Estrias escuras dorsais presentes, sendo a lateral ladeada de manchas...... ocdpitalis

16. Liolaemus occipitalis Boulenger Liolaemus occipitalis Boulenger, 1885, Anti. & Mag. nat. Hist. (5)15: 192. Localidade-tipo: RS, BR. D.G.: BR extremo-sul ao UR pelo litoral arenoso. OBS.: Abundante na área sendo muito variável na coloração. Vive nas dunas de areia onde escava galerias ou aproveita as de tuco­ tuco (Ctenomys). Seus rastros são visíveis nas dunas principalmente naquelas em que há alguma vegetação. Parece ser o alimento de Lystrophis dorbignyi que forrageia nas dunas. N. V.: Lagartixa das dunas, lagartixa da areia.

17. Liolaemus wiegmam,ii (Duméril et Bibron) Proctotretus Wiegmanni Duméril & Bibron, 1837, Erp. gén., 4 :284. Localidade-tipo: 11 Chile" - erro; provavelmente Montevideo, UR, porque faz parte de lote trazido por Charles Darwin junto com o holótipo de Phalotris lemniscatus (Lema, 1977). D.G.: Litoral do UR entrando no extremo sudeste da área (Paul Müller, com. oral).

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TROPIDURINAE Bell Tropiduridae Bell, 1843, Zool. Voy. Beagle, Rept.:1. Tropidurinae Frost et Etheridge, 1989, Misc. Publ. Mus. nat. Hist. Kansas (81): 47. STENOCERCINI Frost Stenocercini Frost, 1992, Amer.Mus.Novit. (3033):43.

XIV. Stenocercus Duméril et Bibron Proctotretus Duméril et Bibron, 1837, Erp. gén., 4:266. Espécie-tipo: P. pectinatus Duméril et Bibron, 1837 Stenocercus Duméril & Bibron, 1837, Erp. gén., 4:349. Espécie-tipo: S. rosei-ventris Duméril et Bibron.

18. Stenocercus azureus (Müller) TropidocephaliJS azureus Müller, 1880, Verh. Naturf. Ges. Basel, 7: 162. Espécie tipo: Uruguay Proctotretus azureus - Burt & Burt, 1930, Proc. U.S.Nat. Mus., 78:21. Stenocercus [azureus] - Frost, 1992, Amer. Mus. Novit. (3033):43. Localidade-tipo: "Uruguai". D.G.: PMB para o PAR e nordeste da AR. OBS,: Observamos adulto em cativeiro e notamos grande agressividade, procurando morder a pessoa abaixada para o solo, dando pulos. Possuia coloração dorsal azul celeste (opala) com manchas negras orladas de branco. Vimos esta espécie na área somente em Tupanciretã mas tivemos referências de sua ocorrência a oeste do PMB (com. oral de moradores locais). N. V.: Lagartixa azul, iguaninha azul. OBS.: P. pectinatus Duméril et Bibron, 1837 tem distribuição norte a sul, ocorrendo até Buenos Aires, AR. Há registros para noroeste do UR devendo, pois, ocorrer a oeste da área.

TROPIDURINI Bell Tropiduridae, Bell, 1843, Zool. Voy. Beagle, Rept.: 1

XV. Tropidurus Wied-Neuwied Tropidurus Wied-Neuwied, 1824, Abb. Nat. Bras. :6. Espécie-tipo: Stellio torquatus Wied-Neuwied.

19. Tropidurus torquatus (Wied-Neuwied) Stellio torquatus Wied-Neuwied, 1820, Reise Bras.: 106. Localidade-tipo: Não dada.

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D.G.: BR central para o sul atingindo países vizinhos (PAR, AR e UR). OBS.: Táxon complexo, pouco conhecido, devendo ser um composto. Seguimos Rodrigues (1987) que afirmou ser todo o material do sul da área desta espécie. Gudynas & Skuk (1983) descreveram T. catalanensis com espécimens do noroeste do UR e colecionamos exemplares no extremo sudoeste da área (Quaraí, Serro do Jarau) onde é abundante, e Rodrigues (1987) igualou-a a esta. Encontramos nas matas de galeria do vale do Pelotas-Uruguai, divisa RS e SC e também na região do Alto Uruguai, e Foz do Iguaçu, no PR, sendo abundante nesses locais. Ao norte da área vimos alguns exemplares com padrão de T. hispidus (Spix, 1825) e outros exemplares semelhantes dessa região foram identificados com este nome por diferentes AA. (Em estudo). N. V.: Lagartixa espinhosa, lagartixa cinzenta, lagartixa preta. OBS.1: Amaral (1937) apontou T. spinulosus Cope, 1862 para o RS como uma dispersão de MT. Rodrigues ( 1988) diz que a distribuição desta espécie é similar a de T. etheridgei Cei, 1982, isto .é, a região do Chaco, mas Rodrigues (1987, 1988) não a indica para o RS. Para Etheridge (1970) ocorre até o nordeste da AR devendo pois, atingir o noroeste da área. OBS.2: Vimos muitos indivíduos a sudoeste do RS (Quara{) e noroeste do UR (Artigas) que apresentam o mesmo fenótipo; indivíduos de Foz do Iguaçu (PR), lguazú e Aguirre (AR) e Puerto Strõssner (PAR) tinham outro padrão. No primeiro caso o era aberto, de campos com pequenas elevações gramadas e, no segundo, de floresta subtropical chuvosa com grandes fendas e paredões de rocha. Com uso de binóculos não foi possível detectar diferenças maiores devido à velocidade dos animais deslocando-se nas muralhas, troncos de árvores ou pedras.

GEKKOMORPHA Fürbringer Geckonomorpha Fürbringer, 1900, Jenaische Z. Naturw., 34:601. Gekkomorpha Kluge, 1987, Misc. Publ. Mus. Zoo/. Michigan (173):39.

GEKKOT A Camp Geckotiens Cuvier, 1817, Regne an., 2 :44. Gekkota Camp, 1923, Bull. Amer. Mus. nat. Hist., 48:295, 304.

GEKKONOIDEA Kluge Geckotidae Gray, 1825, Ann. Philos.(ser.2)10 :198. Gekkonoidea Kluge, 1987, Misc. Publ. Mus. Zoo/. Michigan (173):39.

GEKKONIDAE Gray Geckotidae Gray, 1825, Ann. Philos.(ser.2)10: 198. Gekkonidae Kluge, 1987, Misc. Publ. Mus. Zoo/. Michigan (173):39.

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GEKKONIN AE Gray Geckotidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10 :198. Gekkoninae Kluge, 1987, Misc. Publ. Mus. 'Zool. Michigan (173):39.

GEKKONINI Gray Geckotidae Gray, 1825, Ami. Philos.(ser.2)10 :198. Gekkonini Kluge, 1987, Misc. Publ. Mus. Zool. Michigan (173):39.

XVI. Hemidactylus Gray Hemidact.[ylusj Oken, 1817, Isis v. Oken, 1817:118. Espécie-tipo: Gekko tuberculosus Daudin. Hemidactylus Gray, 1845, Cat. liz.: 199 (emend. pro Hemidact. Oken). Espécie-tipo: Gekko tuberculosus Daudin.

20. Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnes) Gekko Mabouia Moreau de Jonnes, 1818, Buli. Sei. soe. philom. Paris, 1818: 138. Localidade-tipo: Antilhas - restr.pro Ilha Saint Vincent, Antilhas Menores (Smith & Taylor, 1950). D.G.: Sul da Europa e norte da Africa; daí para as Américas, transportada em navios. OBS.: Tudo indica que foi introduzida no continente pelos imigrantes, havendo, entretanto, dúvidas. É abundante nas residências de Porto Alegre e está aparecendo em cidades mais para dentro da região leste, como Caxias do Sul, Santa Maria, etc. No litoral norte do RS não ocorria e está aparecendo de poucos anos para cá, como Oipão da Canoa, Atlântida, etc. Coletamos esta espécie desde o Morro da Urca, Rio de Janeiro, até SC, em Morro dos Conventos. É abudante nos morros de Garopaba (SC) que ficam junto ao litoral rochoso. N. V.: Geco das casas, lagartixa das paredes, lagartixa de casa. OBS.: Achaval & Gudynas (1983) registraram Taremola mauritanica Gray, 1845 em Montevideo, UR, sendo de recente introdução.

XVII. Homonota Gray Homonota Gray, 1845, Cat. liz.: 171. Espécie-tipo: Gymnodactylus Guidi­ chaudi Duméril et Bibron (ex-errore pro G. Gaudichaudii) H. danvinii Boulenger.

21. Homonota uruguayensis (Vaz-Ferreira et Sierra de Soriano) Wallsaurus uruguayensis Vaz-F. e Sierra-de-S., 1961, Comun. zoai. Mus. Momevideo, 5 (91):2, est.1-2. Localidade-tipo: Arroyo La Invernada, Artigas, UR. D.G.: Do oeste e noroeste do UR ao sul-sudoeste do RS. Provavel­ mente nordeste da AR.

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OBS.: Abundante em campos e pequenas elevações gramadas na região de Quarai, RS. N.V.: Geco do campo, geco uruguaio. OBS.: Pode atingir a área pelo sudoeste também H. danvinii Bou­ lenger, 1885, por dispersão da AR. SCINCOMORPHA Camp Scincomorpha Camp, 1923, Buli. Amer. Mus. nat. Hist., 48:295. LACERTOIDEA Fitzinger Lacertoidea Fitzinger, 1826, N. class. rept.: 11 (emend. Gill, 1886, Smiths. Report , 1855). TEIIDAE Gray Teiidae Gray, 1827, Philos. Mag.(ser.2)2 :55.

XVIII. Cercosaura Wagler Cercosaura Wagler, 1830, Syst. Amph.: 158. Espécie-tipo: C. ocellata.

22. Cercosaura ocellata Wagler Cercosaura ocellata Wagler, 1830, Syst. Amph.: 158. Localidade-tipo: "Ásia", [~i, D.G.: AS a leste dos Andes, da Amazônia para o sul pelo centro atingindo o Brasil Sul. OBS.: Segundo Peters & Donoso-Barros (1970) apenas foi vista na área uma subespécie das tres conhecidas.

22.1. Cercosaura ocellata petersi Ruibal Cercosaura ocellata petersi Ruibal, 1952, Bull. Mus. comp. Zaol., 106:497. Localidade-tipo: Santa Maria, RS, BR. D.G.: Registrada na BOL e BR, oeste de SP e RS, cuja dispersão deve ser pelo centro do PMB. OBS,: Aparentemente com distribuição disjunta, entretanto, pode ser falta de coleta. N. V.: Lagartixa listada. XIX. Cnemidophorus Wagler Cnemidophorus Wagler, 1830, Syst. Amph.: 154. Espécie-tipo: Seps murinus Laurenti, 1768 ( C. murinus).

23. Cnemidophorus lacertoides Duméril et Bibron Cnemidophorus lacertoides Duméril & Bibron, 1839, Erp. gén., 5: 134. Localidade-tipo: Montevideo, UR

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D.G.: Nordeste da AR, em Buenos Aires, ao UR e RS. OBS.: Encontramos no litoral norte e campos adjacentes (Torres, Capão da Canoa e Atlântida). N. V.: Tiú da areia, lagartixa verde. OBS.: Encontramos outra espécie e que estamos descrevendo como nova, na região mais elevada da área, em Vacaria. (Em estudo).

XX. Pantodactylus Duméril et Bibron Pantodactylus Duméril e Bibron, 1839, Erp. gén.,5:428. Espécie- tipo: P. dorbignyi Duméril et Bibron ( = P. schreibersii (Wiegmann)).

24. Pantodactylus schreibersii (Wiegmann) Cercosaurus Schreibersii Wiegmann, 1834, Herp. mexic.: 10. Localidade­ tipo: "Brasil". D.G.: Do sudeste do PER à BOL, PAR, AR e BR meridional e daí ao UR. OBS.: Ruibal (1952) afirma ocorrer apenas a subespécie nominal na área.

24.1. Pantodactylus schreibersii schreibersii Pantodactylus d'Orbignyi Duméril e Bibron, 1839, Erp. gén., 5 :431. Lo­ calidade-tipo: Buenos Aires, AR. D.G.: Do PMB aos países vizinhos através dos pampas. OBS.: Abundante na área, principalmente nos Campos de Cima da Serra (PMB), sob pequenas lascas de rochas em gramado. A cor varia do castanho oliváceo ao rosado, sendo o ventre pardo a cinza e alaranjado, as estrias ora nítidas ora quasi indistintas; subventre do alarajnado ao salmão. N. V.: Lagartixa comum, lagartixa marrom, lagartixa.

XXI. Teius Merrem Teius Merrem, 1820, Syst. Amph.: 13, 60. Espécie-tipo: T. viridis Merrem ( T. oculatus (d'Orbigny et Bibron)). D.G.: Da BOL para o sul e sudeste do BR meridional, PAR, AR e UR. OBS.: Parece competir com Ameiva Meyer na ocupação geográfica porque, até o momento, não encontramos simpatria entre os dois gêneros. Cei & Lescure (1985) reviram a taxonomia e concluiram haver duas espécies. (Em estudo)

25. Teius oculatus (d'Orbigny et Bibron) Ameiva oculata d'Orbigny e Bibron, 1837, in d'Orbignyi, Voy. Amér mér., 5 (l):est.5, fig.1-5. Localidade-tipo: Buenos Aires, AR (Cei & Lescure, 1985).

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D.G.: Indicada para a AR oriental, UR e BR sul (Cei & Lescure, 1985). Comum na área em campos, fazendo tocas de abertura oval no sentido horizontal, principalmente em barrancos. OBS.: Cei & Lescure (1985) indicam T. teyou (Daudin, 1802) para a AR ocidental, PAR e BOL. Alocamo T. viridis Merrem, 1820 e Ameiva coelestis Bibron, 1847 na sinonímia de T. oculatus. Temos visto grande variação cromática, que vai de um padrão pardo a um verde metálico, com tipos interm~iários pardo-esverdeados. O padrão verde metálico uniforme com manchas pr~tas pleurais reduzidas, só o vimos em espécimens de grande porte. Ouvimos relato de bipedalia observada por uma empregada do Jardim Botânico em Porto Alegre, nas horas mais quentes do dia no verão, viu mais de uma vez indivíduos cruzarem a avenida de paralelepípedo em posição bipedal o que deve ser provocado pela alta temperatura das pedras de granito aquecidas. (Em estudo) N. V.: Tiú verde, tiú verdadeiro, lagarto verde.

XXII. Tupinambis Daudin Tupinambis Daudin, 1802, Hist. nat. Rept., 3 :20. Espécie-tipo: T. monitor Daudin ( = T. teguixin (Linnaeus)). D. G.: AS a leste dos Andes. O8S.: Presch (1973) revisou o gênero apontando T. teguixin (L.) para a região setentrional e T. rufescens (Gnther) para as regiões centrais e sul mas, no concenso dos AA atuais T.. teguixin é a espécie de mais ampla distribuição geográfica, não seguindo Presch; Vanzolini (1978) afirma que não se deve levar em consideração o trabalho de Presch. Marcos Di Bernardo (MCP) examinou exemplares da área à luz de Presch, e encontrou mistura dos caracteres das duas espécies (com. oral). Knickmeier (1989) encontrou as duas espécies em simpatria ao norte da AR, conferindo com o que nos disse José Maria Gallardo (M useo Argentino de Ciencias Naturales, Buenos Aires, AR) de que T. rufescens é própria da AR e a outra espécie entra naquele país pelo norte e nordeste. Tivemos alguns exemplares vivos de T. rufescens da AR e todos apresentavam coloração rosada geral. N. V.: Monitores americanos (intem.).

26. Tupinambis teguixin (Linnaeus) Lacerta teguixin Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.)J :368. Localidade­ tipo: "Indiis" ( = lndias Ocidentais). D.G.: Toda a área, em zonas florestadas, incluindo os capões da região pampeana.

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OBS.: Apesar de ter abrigo na mata, costuma frequentar os campos quando forrageando, inclusive praias de mar. Segundo Achaval & Languth (1973) é bom nadador. Apresenta conspícua variação ontogênica e geográfica e, conforme a região, vimos filhotes e jovens ou verdes, pardos, ou ambas cores e até melânicos. Com a idade ficam com o padrão mais claro, diminuindo a taxa de melanina e surgindo um tom quase amarelado na garganta ("lagarto do papo amarelo"). Nos adultos bem desenvolvidos as manchas pretas são estreitas e falhadas. Através de contribuições isoladas sua biologia vem sendo conhecida, entretanto oferece um vasto campo de observações ainda por fazer. Ecogenizamos exemplares, tomando-os dóceis; vimos enfrentarem cães de caça; retirar ovos de galinhas chocas nos galinheiros; enfrentar pessoas e ouvimos muitos relatos de bipedalia quer em fuga quer em ataque a pessoas (Lema, 1983). N. V.: Lagarto comum, tejú, tejú-açu. OBS.1: Marcos Di Bernardo (MCP) capturou espécimen de porte médio· com a coloração dominante castanha e padrão diverso de todos os muitos espécimens que vimos até o momento, sendo inidentificável por Peters & Danoso-Barros (1970) ou Presch (1973). Foi encontrado em Bento Gonçalves, RS, a nordeste da área. (Em estudo) OBS.2: Ameiva ameiva laeta Cope, 1862 foi registrada para Entre Ríos, AR, por Freiberg (1939) e, segundo Peters & Donoso-Barros (1970) é o táxon mais meridional do gênero, indicando-a para até SP (BR) - parece que não viram ou não consideraram a indicação de Freiberg. Por outro lado, no nordeste da AR ocorre Teius o que, si for certo, indicaria simpatria entre esses dois gêneros. Achamos viável a ocorrência de A. ameiva laeta no nordeste da AR devido à dispersão que ocorre com outras espécies pela bacia do Paraná (Lema, 1982a).

SCINCOIDEA Fitzinger Scincoidea Fitzinger, 1826, N. class. rept.: 11.

SCINCIDAE Gray Scincidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10 :201.

XXIII. Mabuya Fitzinger Mabuya Fitzinger, 1826, N. class. Rept. :23. Espécie-tipo: M. dominicen- sis Fitzinger ( = M. mabouya (Lacépde)).

Chave para as espécies: Escudo frontoparietal único. Coloração cinzenta ...... frenara Escudo frontoparietal par. Coloração castanha ...... dorsivittata

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27. Mabuya dorsivittata Cope Mabuya dorsivittata Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862: 350. Localidade-tipo: Paraguai - provavelmente, oriental. D.G.: BR meridional, ao PAR, AR e UR. OBS.: Encontramos a espécie principalmente em manchas de gravatás de campo na zona dos Campos de Cima da Serra (PMB central), em elevações meridionais em Santa Maria, onde a vimos andando em muralhas naturais de ruinas de residências. N. V.: Scinco comum, sinco dourado, lagartixa das paredes. 28. Mabuyafrenata (Cope) Emoeafrenata Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862:187. Loca­ lidade-tipo: Vale do rio Paraguai, PAR - apesar de ser uma área exten­ sa, é homogênea fisionomicamente. 28.1. Mabuyafrenatafrenata D.G.: Da BOL amamnica para o nordeste da AR pelo MT e PAR. Vimos a oeste do RS em mata junto ao rio Uruguai (São Borja). OBS.: Vista em Misiones (AR) por diversos AA. ·Encontramos exem­ plares dentro de mata inundada periodicamente pelo rio Uruguai ("Mata do Barreiro"), em São Borja, sob casca de árvore tombada, e também sob pilha de lenha recém cortada, dentro de capão de mato ao sul de Misiones, AR, junto ao litoral do rio Uruguai. N. V.: Scinco cinzento, cinco prateado. OBS.: Vimos mais uma espécie, na área, de coloração castanha, similar à M. dorsivittata, e que está em estudo. ANGUINOMORPHA McDowell et Bogert Anguinomorpha McDowell & Bogert, 1954, Buli. amer. Mus. nat. Hist.; 105: 126. ANGUOIDEA Romer Anguoidea Romer, 1956, Osteol. rept.:554. ANGUIDAE Gray Anguidae Gray, 1825, Ann.Philos. (ser.2)10:213.

DIPLOGLOSSINAE Cope Diploglossinae Cope, 1864, Proc. Acad. nat. Sei., 1864:224.

XXIV. Ophiodes Wagler Ophiodes Wagler, 1828, lsis v. Oken, 21:140. Espécie-tipo: Pygopus stria­ tus Spix (O. striatus) OBS.: Carente de revisão (Em estudo).

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Chave para as espécies: Supralabiais imaculadas; dorso pardo-metálico com estrias finas .. vertebralis Supralabiais tarjadas verticalmente de preto. Dorso pardo a verde, com estrias negras nítidas, com uma delas mais larga que as demais e uma estria branca entre elas ...... striatus

29. Ophiodes striatus (Spix) Pygopus striatus Spix, 1824, Sp. nov. l acert.: 25, est. 28, fig.1. Localida­ de-tipo: Rio de Janeiro, BR. D.G.: Sudeste a sul do BR atingindo a AR e o UR. OBS.: Comum em toda a área em ambientes abertos. Era comum dentro da cidade de Porto Alegre, em terrenos abandonados entre resi­ dências. Em terreno da rua Lima e Silva, de 25x70m, abandonado e inva­ dido por vegetação secundária (brejo), crescida sobre restos de casas destruídas, capturamos cerca de 200 exemplares num período de três meses. Esses exemplares foram conservados em álcool a cerca de 50 C e, estando um dia dentro de uma bandeja para exame, foram comidos por gato doméstico e que, após isso cambaleava, mas não morreu. É a espécie de maior porte que ocorre na área e também a mais frequente. Espécimens de grande porte tem a coloração verde bem acentuada. N. V.: Cobra de vidro verde, cobra de vidro grande ou comum.

30. Ophiodes vertebralis Bocourt Ophiodes vertebralis Bocourt, 1881, in Duméril et ai, Miss. scient., Zool., 7 :459, est. 22, fig. 3. Localidade-tipo: "BR meridional e UR" - deve ser restrita. D.G.: Do BR meridional ao UR e AR (Peters & Donoso-Barros, 1970). OBS.: Muito rara na área. Só a vimos a sudoeste. N. V.: Cobra de vidro uruguaia. OBS.l: O. yacupoi Gallardo, 1966 ocorre em Misiones, AR, estando re­ gistrada para o sudoeste do BR até MS. Deve, pois, ocorrer a noroeste da área. OBS.2: Vimos mais dois fenótipos na área e que acreditamos serem espécies ainda não descritas: (a) porte pequeno, corpo reforçado, curto, coloração pardo-metálica com as estrias pretas finas, quasi vestigiais; esse táxon pode ser Pygopus cariococca Spix, 1825 segundo Márcio B. Martins (Com. oral). (b) porte delgado, mas grande, cor verde-pálido a pardo-clara com estrias finas - os dois padrões ostentam labiais manchadas de preto como O. striatus. (Em estudo)

AMPHISBAENIA Gray Amphisbaenia Gray, 1844, Cat. tort.:68.

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AMPHISBAENIDAE Gray Amphisbaenidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10 :203.

AMPHISBAENINAE Fürbringer Amphisbaeninae Fürbringer, 1900, Jenaische Z. Naturwiss., 34:622. Chave para os gêneros: Focinho arredondado ...... Focinho comprimido com aresta vertical em forma de crista ...... Anops

XXV. Amphisbaena Linnaeus Amphisbaena Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10)1 :229. Espécie-tipo: A. fuligi­ nosa Linnaeus.

Chave para as espécies: 1. Segundo supralabial é o menor de todos. Mais de 196 anéis no corpo ...... munoai O segundo supralabial é maior que os três primeiros. Menos de 208 anéis no corpo ...... 2 2. Geralmente mais de 24 segmentos no anel caudal imediatamente anterior à constrição autotômica. Coloração clara ...... darwinii. Geralmente 23 ou menos de 23 segmentos no anel caudal anterior ao autotômico. Coloração escura invadindo lados do ventre ...... prunicolor

31. Amphisbaena darwinii Duméril et Bibron Amphisbaena darwinii Duméril & Bibron, 1839, Erp. gén., 5:490. Locali­ dade-tipo: Montevideo, UR. D.G.: BR meridional para os países vizinhos. OBS.: As raças geográficas foram analisadas por Gans (1966) e as distinguimos pela chave: Anéis caudais com segmentos planos, não salientes...... darwinii Anéis caudais posteriores com segmentos tuberculares arredondados que se tomam pontas salientes no extremo-caudal, dirigidas para trás. Jrachura

31. 1. Amphisbaena darwinii darwinii D.G.: Própria do UR com dispersões para o sul do RS e nordeste da AR. OBS.: Encontra-se e intergrada com a subespécie do RS ao longo da divisa BR-UR e BR-AR, tendo visto exemplares intermediários o que confere com Gans (1966). É de porte menor e mais delgado que a do RS. N. V.: Cobra cega uruguaia.

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31.2. Amphisbaena darwinii trachura Cope Amphisbaena Mildei Peters, 1878, (nom. oblit.) Monats. Akad. Wiss. Berlin, 1878:779, fig.3. Localidade-tipo: Porto Alegre, RS, BR. Amphisbaena trachura Cop~, 1885, Proc. amer. philos. Soe., 22 (1884): 189. Localidade-tipo: Montenegro, RS, BR. Amphisbaena darwi11iii trachura - McCoy, 1974, Buli. Z.Ool. Nomencl. 31(4):203 D.G.: PMB para o pampa do RS, dispersando-se para o norte do UR e nordeste da AR. OBS.: Como dito anteriormente, sua área sobrepõe-se com a ,;la nominal,ocorrendo intensa intergradação. De acordo com Gans & Die­ fenbach (1970), o nome de Peters tem prioridade sobre o de Cape tendo esses AA proposto à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, que se pronunciou contrária à proposta, conforme citação linhas acima. Apresenta peculiaridades tais que sugere tratar-se de uma espécie, não fosse a intensa intergradação com a nominal e com A. heterozonata (Burmeister, 1861) a nordeste da AR. Esta última pode atingir a região do Alto Uruguai, mas só como intergradante. Essa faixa de intergradação ao sul e oeste poderia ser interpretada como um mecanismo de barreira à dispersão, reciprocamente, como sugere Gans (1966). N. V.: Cobra cega comum, cobra cega do rabo grosso, cobra cega grande.

32. Amphisbaena munoai Klappenbach Amphisbae11a munoai Klappenbach, 1960, Comu11. zool. Mus. Montevideo, 4 (84):3, est.1, fig.1-3, est.3, fig.4-7. Localidade-tipo: Cerro de Ani­ mas, Maldonado, UR. D.G.: Rara na área. Vimos ao sul no litoral interno da Laguna dos Patos. N. V.: Cobra cega branca, cobra cega pequena, cobra cega uruguaia pequena.

33. Amphisbaena prunicolor (Cape) Aporarchus pru11i color Cope 1885, Proc. amer. philos. Soe., 22(1884): 189. Localidade-tipo: Montenegro, RS, BR. D.G.: PMB oriental para o PAR e nordeste da AR.

Chave para as subespécies: Cabeça relativamente curta. Meio anel dorsal intercalado no pescoço. Pigmentação geralmente em desenho quadriculado que desaparece no ventre ...... prunicolor

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Cabeça relativamente alongada. Sem meio anel intercalado na região nucal. Pardo clara uniforme dorso-ventralmente ...... albocingulata

3.3.1. Amphisbaena prunicolor prunicolor D.G.: PMB oriental para o RS e, para sudoeste atinge o nordeste da AR. Na região do planalto norte e ocidental intergrada com albocingulata. OBS.: Comum no lado oriental elevado do PMB desde a EINE. (Em estudo) N. V.: Cobra cega marrom

33 .2. Amphisbaena prunicolor albocingulata Boettger Amphisbaena albocingulata Boettger, 1885, ãitsehr. Naturw., 58: 219. Lo­ calidade-tipo: Paraguai. D. G.: Do PAR para sudeste atingindo o sudoeste do BR. Gans & Diefenbach (1970) dizem que deve ocorrer em MT e GO, no BR; se for assim é uma espécie centro-ocidental. Vimos intergradantes com a nominal na região do rio Uruguai superior, onde não era conhecida. OBS.: O padrão cromático ventral é creme com margens escuras e regu­ lares de contorno reto variando conforme o grau de intergradação. (Em estudo) N. V.: Cobra cega marrom.

XXVI. Anops Be11 Anops Bell, 1833, Proe. zool. Soe .London, 1833(1):99. Espécie-tipo: A. kingii Bell.

34. Anops kingii Bell Anops kingii Bell, 1833, Proe. zool. Soe. London, 1833(1):99. Localidade­ tipo: "América Austral"; -Bell, 1835, Zool.J., 5:391 - vide Obs. D.G.: Espécie pouco conhecida e com distribuição disjunta: (a) RS e UR e (b) Córdoba e Rfo Negro, AR. Estas duas populações devem ser espécies diferentes. OBS.: Táxon carente de revisão e bastante comum em certos locais da área. Encontramos dois padrões: com zona vertebral mais escura e com coloração uniforme. Não vimos exemplares da população subandina. Se "América Austrcll" de Bell (1833) indica AR, então a população do RS-UR deve ser nomeada diferentemente ( = outra espécie). N. V.: Cobra cega de crista.

OBS.: Leposternon microeephalum Wagler, 1824 deve ocorrer no lado ocidental da área pois é conhecida desde o Amazonas, BR até o noroeste do UR, passando pela BOL, PAR e AR.

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SERPENTES Linnaeus Serpentes Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.)J :194, 214.

BOOIDEA Gray Boidaea Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10 :209.

BOIDAE Gray Boidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10 :209 (part.).

BOINAE Gray Boidae Gray, 1827, Philos. Mag. (ser.2)2(part.). Boinae Boulenger, 1890, Fauna Ind., Rept.:244.

BOINI Gray Boini Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10:209.

XXVII. Eunectes Wagler Eunectes Wagler, 1830, Syst. Amph.:161. Espécie-tipo: Boa murina Lin­ naeus.

35. Eunectes 11otaeus Cope Eunectes notaeus Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862:10. Lo­ calidade-tipo: "rio Paraguai e seus tributários" - apesar de ser uma área homogênea deve ser restrita. D.G.: Bacia do rio Paraguai; para o norte até o sul da Amazônia e para o sul até o norte da AR. Dispersa-se para o sul pelas cheias dos rios. OBS.: Nas cheias é arrastada para o rio Paraná e Uruguai atingindo toda a bacia do Prata. Quando o rio Uruguai recebe muita água das fortes chuvas que caem nas cabeceiras, aumenta sensivelmente de volume, tomando-se sujo e transportando muitos troncos e grandes jangadas de aguapés (Eichomia sp.). Nesse material vão muitos animais, inclusive anfíbios e répteis que assim são levados até o Río de La Plata. Nas cheias de julho de 1990 diversos ofídios foram apanhados em U ruguaiana, a oeste do RS, estando colecionados na Faculdade de Zootecnia daquela cidade. Entre esses ofídios há exemplares de E. notaeus. N. V.: Sucuri amarela, sucuri do pantanal.

TYPHLOPOIDEA Gray 1yphlopidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2)10:203. Typhlopoidea Fitzinger, 1826, N. class. Rept.:11, 25.

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LEPTOTYPHLOPIDAE Stejneger Leptotyphlopidae Stejneger, 1891, Proc. U.S. nat. Mus., 14:501.

XXVIII. Leptotyphlops Fitzinger Leptotyphlops Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Ambl.1:24. Espécie-tipo: Ty­ phlops nigricans Schlegel.

Chave para as espécies: Notostegas em número menor que 230. Anel negro término-cau- dal ausente ...... munoai Notostegas em mais de 230. Presença do anel negro na metade posterior da cauda ...... australis

36. Leptotyphlops australis Freiberg et Orejas-Miranda Leptotyphlops australis Freiberg e Orejas-Miranda, 1968, Physis, 28(16): 145, fig.1-2. Localidade-tipo: Valcheta, Río Negro AR. D.O.: Da AR ocidental para nordeste. Vimos exemplar do sudoeste da área, ocorrência que deve ser confirmada. (Em estudo) . N. V.: Cobra cega minhoca, cobra minhoca austral.

31. Leptotyphlops munoai Orejas-Miranda Leptotyphlops munoai Orejas-Miranda, 1961, Acta biol. venez., 3(5):85, fig.1. Localidade-tipo: Pozo Hondo, Tambores, Tacuarembo, UR. D.G.: Do UR para o RS e nordeste da AR. OBS.: Segundo Orejas-Miranda (1970), L. albifrons (Wagler, 1824) ocorre na região setentrional e, a maioria dos registros feitos com esse no­ me para a região meridional, são de L. munoai. Entretanto, as diferentes espécies conhecidas na região do Prata e Brasil são mal conhecidas. Parece­ nos, inclusive, haver variação ontogenética. Encontrâ-mo-la desde o PMB (Cambará do Sul e São Francisco de Paula) até norte do UR. Abundante em termiteiros nos lados elevados e ao longo da rodovia Bajé-Jaguarão. Vimos também em São Borja, a oeste da área. Era comum nas elevações graníticas de Porto Alegre. (Em estudo) N. V.: Cobra cega minhoca comum.

ANOMALEPIDIDAE Taylor Anomalepidae Taylor, 1939, Proc. New England zaol. Club, 17:95. Anomalepididae Robb & Smith, 1966, Nat. Hist. Misc. Acad. Sei., 184:1-8.

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XXIX. Liotyphlops Peters Rhinotyphlops Peters, 1858, Monats. Akad. Wiss. Berlin, 1857:402 (preoc. Rhinotyphlops Fitzinger, 1843). Espécie-tipo: Rhinotyphlops al­ birostris Peters 1857. Liotyphlops Peters, 1881, Sitzber. Ges. Nat. Fr. Berlin, 1881:69 (11. subst. pro Rhinotyphlops Peters). Espécie-tipo: R. albirostris. D.G.: Da Costa Rica ao sul da AS, norte da AR e UR.

38. Liotyphlops beui (Amaral) Helminthophis beui Amaral, 1924, Proc. New England Zoo/. Club, 8:29. Localidade-tipo: Butantan, São Paulo, SP, BR. D.G.: Sudeste do BR e PAR meridional, para o nordeste da AR. A distribuição conhecida mais ao sul do BR é PR, este é, pois, um novo re­ gistro (Em estudo). OBS.: Espécie de história taxonômica confusa devido ao próprio descritor original que a sinonimizou com L. ternetzii (Boulenger, 1896). Graças à revisão de Dixon e Kofron 0983) esta espécie foi revalidada. Vi-mos exemplares da região do Alto Uruguai e do PR e concordamos com Dixon e Kofron considerando-a uma boa espécie. A nosso ver, não pro-ce.dem as considerações de Amaral (1955) porque não é a folidose cefálica que importa e a qual, inclusive, pode variar, mas a média do número de escamas vertebrais e a coloração. Grande parte dos exemplares descritos na bibliografia foram usados já com a coloração descorada ou mesmo muito velhos, bastante alterados, tornando-se a cor negra pardo-ferrugfuea. A figura de Amaral (1977), cuja legenda é "L. temetzii", é, na verdade, de L. beui, conforme nos e James R. Dixon (com. espist.) (Em estudo) N. V.: Cobra cega preta. OBS.: L. ternetzii foi registrada para o UR por Melgarejo & Meneghel (1984), em Salto, a noroeste desse país e vizinho ao sudoeste da área, onde de­ ve ocorrer. Descrevem a coloração como castanha para os três exemplares encontrados e fornecem dados merísticos que confirmam a determinação à luz de Dixon & Kofron. O holótipo de Boulenger (1896) procede do PAR e, para os AA em geral, é a espécie mais frequente no Brasil sudeste e sul. É possível que nessa afirmativa esteja inclui da L. beui. (Em estudo)

TYPHLOPIDAE Gray Typhlopidae Gray, 1825, Ann. Philos. (n.s.)10:203.

XXX. Typhlops Oppel Typhlops Oppel, 1811, Ordnungen: 54. Espécie-tipo: Anguis lumbricalis Linnaeus.

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D.G.: Mais de 150 espécies conhecidas, sendo que as da AS foram revistas por Dixon & Hendricks (1979), deixando entrever muita análise por fazer.

39. Typhlops brongersmianus Vanzolini Typhlops brongersmai Vanzolini, 1972, Zool. Medded., 47-.27, fig. 1-3. Localidade-tipo: Bahia, BR. Typhlops brongersmianus Vanzolini, 1976, Pap. avulsos Depto. Zool. S. Paulo (29): 247 (n. subst. pro T. brongersmai Vanzolini). D.G.: Norte da AS ao BR oriental, central e sul, atingindo o PAR e AR. V ímo-la a nordeste da área, na planície costeira. OBS.: Encontramos a espécie em Tramandaí, Arroio Teixeira e Terra de Areia. É a espécie do gênero com mais ampla distribuição. Pode estar raciada (Lema, 1982b). Os registros para T. reticulatus (Linnaeus, 1766) para o Brasil sul e países vizinhos, devem ser de T. brongersmianus (Dixon & Hendricks, op. cit. ). Com tão ampla distribuição deve estar raciada geo­ graficamente, (Lema, 1982b). N. V.: Cobra cega de espinho marrom,cobra cega de espinho comum.

OBS.: Encontramos uma outra espécie na região do Alto Uruguai, RS, que nos parece ser uma nova espécie. (Em estudo)

COLUBROIDEA Fitzinger Colubroidea Fitzinger, 1826, N. class. Rept.: 11.

COLUBRIDAE Oppel, 1811 Oppel, 1811, Ordnungen: 4 7. Colubridae Gray, 1825, Ann.Philos. (n.s.)J0:207. OBS.: Adotamos Dowling & Duellman (1978) para a distribuição dos gêneros em subfamílias e tribos, face à precariedade em que se encontram os conhecimentos sobre esse táxon na AS. Introduzimos algumas modi­ ficações na distribuição de alguns gêneros que temos analisado mais, in­ dicando o A ou AA que seguimos em cada caso. Apresentamos uma chave para os gêneros, diretamente, deixando de fazê-lo pàra os graus interme­ diários porque, para esse conceito, são usados caracteres que nem sempre se podem contar quando se dispõe de um exemplar.

Chave para os gêneros: 1. Focinho cuneiforme, com rostral proeminente e quilhado. Maxi- lar curto com presas lisas posteriores. Corpo grosso e curto ... Lystrophis Focinho normal, com rostral normal...... 2

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2. Notostegas vertebrais nitidamente maiores que as paravertebrais ...... 3 Notostegas vertebrais semelhantes às paravertebrais ...... 4 3. Sulco mental ausente ou mal definido. Pupila eliptico-vertical. Presas maxilares lisas. Corpo com nítida aresta vertebral...... 5 Sulco mental nítido. Pupila circular. Presas lisas. Corpo muito longo e fino, cauda preênsil...... Uromacerina 4. Sulco mental ausente ou indistinto. Pupila eliptico-vertical. Aresta dorsal nítida...... Sibynomorphu.v turgidus. Sulco mental presente, nítido ...... 6 5. Corpo fortemente comprimido e cabeça bem destacada do pescoço muito fino. Olhos grandes, salientes ...... Dipsas Corpo cilíndrico e cabeça pouco destacada do pescoço normal. Olhos normais, pouco salientes ...... Sibynomorphus 6. Internasal único. Olhos e narinas voltados para cima e para dian- te. Aglifodontes ...... Helicops Internasais em par. Olhos e narinas não voltados para cima ...... 7 7. Loreal ausente ...... 8 Loreal presente ...... 12 8. Dorsais oblíquas em número ímpar e com redução. Intemasais e prefrontais pares. Mucosas buco-cloacal pretas. Ma­ xilar curto com O a 5 dentes pré-diastemais pequenos e duas pre- sas muito grandes e sulcadas ...... Tomodon dorsatus Dorsais normais, sem redução, Mucosa buco-cloacal na cor normal. Pileus presente ...... 9 9. Prefrontal único; dorsais em 15 filas, sem redução. Ca\leça e cau­ da curtas, obtusas; corpo longo e de um só diâmetro Maxilar curto com 3 a 5 dentes pré-diastemais pequenos e presas grandes posteriores sulcadas ...... Phalotris Prefrontais em par. Ventrais imaculadas ...... 10 10. Cauda curta e grossa com ponta obtusa. Maxilar curto com 3 a 5 dentes pré-diastemais seguidos de longas presas sulcadas. Dorsais em 15 filas, sem redução. Padrão cromático pentalineado. Elapomorphus Cauda curta e afilada. Maxilar alongado com mais de 10 dentes ...... 11 11. Escama cloacal única; dorsais em 15 ou 17 filas, sem redução. Aglifodonte ...... Atractus Cloacal par, dorsais em 15 filas sem redução. Opistoglifodonte. Pileus presente ...... Tantilla 12. Escamas dorsais oblíquas. Aglifodonte ...... 13 Dorsais normais ...... 15 13. Dorsais em 12 ou 10 filas, com redução; quando carenadas as ca­ renas aparecem apenas nas linhas da zona vertebral (duas ou

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mais filas). Corpo muito longo, cauda mais que 1/3 do total, preênsil. Maxilar longo com mais de 20 dentes subiguais ...... Chironius Dorsais em 17 ou 19 filas, lisas. Corpo curto e grosso; cauda menos de 1/4 do total. Maxilar curto, com menos de 20 dentes pré-diastemais e presas grandes. Mimetii.am Bothrops ...... 14 14. Dentes maxilares pré-diastemais em número de 12 ou mais. Fai- xa preta sobre infralabiais ...... Xenodon Dentes pré-diastemais em 8-9. Sem manchas na face ventral cefá- lica ...... Waglerophis 15. Pupila elptico-vertical. Aglifodonte ...... 16 Pupila circular ...... 22 16. Dorsais em 25 séries. Corpo reforçado com aresta dorsal acen- tuada. Coloração negra uniforme ...... Rhachidelus Dorsais em menos de 20 filas ...... 17 11. Cloacal e subcaudais simples; dorsais em 19 séries, com redu- ção. Cor preta vertebral com lados vermelhos nos jovens ..... Pseudoboa Subcaudais pares ...... 18 18.Mucosa buco-cloacal preta. Dorsais em 15 filas sem redução. Coloração dorsal xadrez.ada e ventre com tarja preta em cada ventral ...... Calamodontophis Mucosa buco-cloacal de cor normal ...... 19 19. Dentição maxilar proteromegadonte; mandibular mesomegadon­ te; Dorsais em 17 filas com. redução; cloacal única. Cauda mais longa que 1/3 do total; cabeça muito mais larga que o pescoço. Corpo muito longo e cauda preênsil...... Siphlophis Dentição maxilar opistomegadonte; mandibular proteromegadonte ou subisodonte. Cauda menos longa que 1/3 do comprimento total ...... 20 20. Cloacal dupla; dorsais lisas ou carenadas, em 19 filas com redu­ ção. Padrão dorsal e ventral estriado, com linha escura posto- cular ...... 1hamnodynastes Cloacal única, dorsais lisas em 17 ou 19 séries, com redução. Padrão cromático dorsal não estriado ...... 21 21. Padrão anelado de preto dorsalmente, ventre imaculado e alguns espécimens melânicos. Sub-caudais pares ...... Oxyrhopus Coloração dorsal uniforme em adultos, parda ou negra; jovens com os lados avinhados em algumas espécies. Subcaudais ímpa- res entre as pares, geralmente ...... Clelia 22. Opistoglifodonte ...... 23 Aglifodonte ...... 28 23. Dentes maxilares pré-diastemais até 8. Dorsais lisas em 19 filas com redução. Duas séries de manchas dorsais que se justapoem

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ao longo da linha vertebral luminosa. Manchas ventrais oce- ladas dispostas em séries ...... Tomodon ocellatus Dentes pré-diastemais em mais de 10 ...... 24 24. Coloração dorsal complexa mas destacando-se um par de estrias claras ligadas por barras transversais escuras vertebrais; ventre quase preto com ziguezague claro dos lados ou, menos fre­ quentemente, claro com tarjas escuras transversais. Grupo de escamas eriçadas no terço final caudal. Corpo muito longo com cauda preênsil ...... Tropidodryas Coloração dorso-ventral não como acima. Sem escamas eriça- das na cauda ...... 25 25. Dorsais em 19 ou 21 filas, com redução, geral mente lisas. Den- tição mandibular subisodonte. Cor verde ou parda ...... Philodryas Dorsais em 17 filas, com rudeção ...... 26 26. Dorsais carenadas. Coloração pardo-olivácea com um par de estrias pleurais luminosas ...... Ptychophis Dorsais lisas ...... 27 27. Padrão bilineado, geralmente. Corpo grosso e curto, e assim a cauda ...... Gomesophis Padrão dorsal trilineado. Corpo ·e cauda longos ...... Ditaxodon 28. Dorsais em 13 filas, sem redução. Dentição maxilar subiso- donte ...... Pseudablabes Dorsais em mais de 13 filas ...... 29 29. Dorsais em número par (14 ou 16), com redução, fortemente carenadas. Cauda longa e preênsil ...... Spilotes Dorsais lisas em número ímpar de filas ...... 30 30. Dentição maxilar sincranteriana, subisodonte. Coloração dorsal com manchas castanho-escuras sobre fundo amarelado. Corpo muito longo e musculoso ...... Mastigodryas Dentição maxilar geralmente diacranteriana, opistomegadonte ...... 31 31. Padrão cromático de anéis escuros duplos (díades) que se frag­ mentam com a idade; faixa preta postocular larga. Corpo ro­ busto, grosso, com cauda curta, cabeça larga. Maxilar curto com grandes presas posteriores ...... Hydrodynastes Padrão sem díades ou faixa preta larga post-ocular. Corpo delgado, cauda algo alongada ...... 32 32. Hemipênis discado. Ventrais sem ponto preto lateral; canthus rostralis sem linha luminosa ...... Liophis Hemipênis capitado ou subcapitado. Ventrais com um ponto preto em cada lado, formando duas séries longitudinais ...... Echinantera

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COLUBRINAE Oppel, 1811 Colubrini Oppel, 1811, Ordnungen: 47. Colubrinae Günther, 1858, Cat.col.sn.: 1. Colubrinae Cope, 1893, Amer.Naturalist, 27:480.

COLUBRINI Oppel Colubrini Oppel, 1811, Ordnungen:47.

XXXI. Chironius Fitzinger Chironius Fitzinger, 1826, N. class. Rept.:31. Espécie-tipo: Coluber cari­ natus Linnaeus. OBS.: Revisto em tese por Wiest,Jr.(1978) com novidades no Brasil sul, algumas aqui apresentadas previamente. (Em estudo)

Chave para as espécies: 1. Dorsais com 10 filas no meio do corpo; uma cloacal. Supralabiais completamente escuras ...... ·...... •. laevicollis Dorsais em 12 filas no meio do corpo ...... 2 2. Uma cloacal presente; um par de filas dorsais quilhadas. Cauda sem estria escura pleural ...... 3 Duas cloacais ...... 4 3. Supralabiais claros, total ou parcialmente; temporais, geralmen­ te, 1 + 2, menos frequentemente 1 + 1, ventrais nos machos, de 123 a 155, nas fêmeas, 111 a 154. Dorsais 12-12-8 ...... pyrrhopogon Supralabiais totalmente escuros. Temporais 1 + 1 ...... laevicollis 4. Estria vertebral amarelo brilhante com lados castanho-anegrados anteriormente ...... flavolineatus. Estria vertebral, quando presente, não luminosa e sem os lados escuros ...... 5 S. Filas quilhadas de dorsais 4 ou mais de 4 ...... 6 Filas quilhadas 2 (paravertebrais) ...... 7 6. &tria vertebral branca geralmente presente; dorso oliva; zigue­ mgue urostegal presente ou não. Dorsaisnos machos em 12-12-10, nas f'ameas 12-10-10 ...... bicarinatus Estria clara vertebral ausente ou pouco visível; ziguezague cau­ dal ausente; ventrais manchadas de escuro. Dorsais de 12-12-10 nas fêmeas ou 12-12-8 nos machos ...... quadricarinatus 7. Dorsais 12-12-8 ...... 8 Dorsais 12-12-10 ...... : ...... 9

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8. Ventrais mais subcaudais menos de 317. Dorso geralmente uni- forme no adulto ...... pyrrhopogon Ventrais mais subcaudais mais de 316. Faixa vertebral geralmen- te presente. Sempre machos ...... foveatus 9. Estria vertebral clara geralmente presente; subcaudais amare­ las ou brancas com margens pretas e ziguezague geralmente presente. Ventrais, nos machos, em 149 a 164 e nas fêmeas, 154 a 169; subcaudais nos machos,125 a 157; nas fêmeas, 121 a 153. Dorso oliva uniforme ...... bicarinatus Estria vertebral geralmente presente, zigu~zague caudal ausente. Ventrais, nos machos, 163 a 196; nas fêmeas, 161 a 190; sub- caudais de 156 a 208, média 180. Sempre fêmeas ...... foveatus

40. Chironius bicarinatus (Wied-Neuwied) Coluber bicarinatus Wied-Neuwied, 1820, Reise Bras.: 181. Localidade­ tipo: lago próximo ao rio Jucu, 5 léguas sul da "cidade de Es­ pírito Santo"- não encontramos cidade com esse nome no Brasil sudeste podendo ser o nome do Estado ou sua principal cidade, Vi­ tória. D.G.: BR oriental para o PMB florestado e ao PAR; nordeste da AR e noroeste do UR. OBS.: Comum em todas as formações florestais da área. Os jovens podem apresentar manchas escuras oblíquas. Wiest, Jr (1978) indica três populações diferenciáveis entre si e que, a nosso ver, podem ser sub­ espécies. Vimos dois padrões: (a) notostegas orladas de preto e urostegas entremeadas de preto formando linha em ziguezague em toda a cauda; (b) notostegas sem orladura preta e urostegas com ziguezague mediano apenas posteriormente na cauda. A primeira é das florestas meridionais de galeria e costeiras e a segunda setentrional, nas florestas tropicais chuvosas e subtropicais decíduas mesoffticas. Esta espécie esteve confundida muitos anos com C. carinatus (Linnaeus, 1758) e daí a confusão que encontramos ao examinar a bibliografia, inclusive nas listas de Amaral (1930b-c, 1937). Na região da "Grande Porto Alegre encontramos (Lema et al, 1980) fenótipo com a linha clara vertebral acentuada por orladura preta de cada lado até fim do primeiro terço. (Em estudo) N. V.: Caninana verde, caninana verde comum; voadeira (Torres, RS).

41. Chironius jlavolineatus (Jan) Coluber jlavolineatus Reinwardt (11. nudum): Fitzinger (n.nudum), 1826, N. class. Rept.:58. Localidade-tipo: "Asia" - erro.

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Coluber flavolineatus Reinw.[ardt] (n. nudum); Boie, 1826 (n. nudum), Bull. Sei. nat. Geol. Paris, 9:237. Herpetodryas carinatus var. flavolineata Fitz.[inger] Jan, 1863, Elenco sist.: 80. Localidade-Tipo: BA ou BR - precisa restrição (no caso po­ deria ser Bahia). Herpetodryasflavolineatus Jan --Boettger, 1885, Zeitschr. Natww. Thürin• gen, 58:234. Localidade-tipo: PAR. D.G.: Da BA ao BR central, do oeste de SP ao nordeste de MT e PAR, bacia do rio Paraguai. Na área vímo-la na EINE, sendo este um novo registro. Wiest, Jr (1978) apontou-a para a Ilha de Marajó, no Pará e para a BOL central, também. OBS.: Conforme Wiest, Jr (1978), a autoria da espécie é de Jan (1863) que erra na citação mas dá caracteres do táxon, sendo as citações anteriores nomina mllia. Vimos sete ovos embrionados prontos para a eclosão no vão entre raízes tabulares de grande árvore de mata nativa inundável no curso superior do Rio dos Sinos, local Poço do Carvão, S. Leopoldo, RS. Examinamos dois embriões com a coloração igual a do adulto. Esse material foi desprezado no MCN. Essa ocorrência mostra uma dispersão da MA para a EINE conforme Lema (1982a). Para Wiest, Jr (1978) a população mais ao sul (SP, MT, MS, PR, SC, RS) diferencia-se nitidamente das demais e que poderia ser uma subespécie. N. V.: Caninana marrom listada.

42. Chironius laevicollis (Wied-Neuwied) Coluber laevicollis Wied-Neuwied, 1824, Isis v.Oken, 1824(6):666. Loca­ lidade-tipo: não dada-Wied-Neuwied(l825:299) indicou-a como Fazenda M uriboca, rio Itabapoama, curso inferior, entre ES e RJ, BR sudeste. D.G.: BR sudeste a sul, pela MA, atingindo SC. Vimos na EINE (Le­ ma, 1987a) Exemplar do PAR colecionado deve ter sua procedência errada (Wiest, Jr, 1978). · OBS.: Lema (1987a) registrou como C. pyrrhopogon em erro. Não se conseguiu outro exemplar e este difere do que vimos no Parque do Rio Vermelho, na Ilha de Santa Catárina, SC por ter coloração uniforme castanho­ anegrada em todo o corpo. Os de Rio Vermelho são claros ventralmente e o dor­ so é pardo do meio para trás com manchas escuras oblíquas posteriormente até nos adultos. É a espécie de maior porte no sul do Brasil. N. V.: Caninana marrom.

43. Chironius pyrrhopogon (Wied-Neuwied) Coluber pyrrhopogon Wied-Neuwied, 1824, /sis v. Oken, 1824 6):666. Localidade-tipo: não dada - Wied-Neuwied (1825:296) diz que a

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capturou na mata do rio Iritiba ou Benavente, ES, BR (Peters & Orejas­ Miranda, 1970:61) D.G. :MA para as matas do PMB e para sudoeste até nordeste da AR. Estendendo-se pela costa brasileira da BA a RS (Bailey, 1955; Wiest Jr, 1978). OBS.: Há uma grande confusão na definição deste táxon que, para Wiest Jr. (1978) é sinônima de C. exoletus. Aliás, Dixon (1979:224), reco­ nhece que a população meridional corresponde a outro táxon ( C. pyrrho­ pogon exoletus ). Vimos em Torres e no vale do Pelotas-Uruguai. Apesar de muito parecida com C. bicarinatus tem a forma do focinho característica, diferente daquela. N. V.: Caninana verde oriental; voadeira (Torres, RS). OBS.l: C. foveatus Bailey, 1955 pode ocorrer na área pois foi encon­ trada por seu descritor em SC. Wiest, Jr (1978) sugeriu ser uma subespécie de C. multiventris Schmidt et Walker, espécie com área de ocorrência afastada desta, com nítida disjunção na distribuição das duas o que configura espécies diferentes em nosso entender, o que foi exposto por Fernandes (1991). Pode ocorrer em Torres, a nordeste da área. na MA. OBS.2: C. quadricarinatus (Boie, 1827) foi vista por Wiest (1978) ao norte e nordeste da AR nas Províncias de Misiones e Corrientes - deve, pois ocorrer a noroeste da área. Wiest Jr (1978), descreve esta população como sendo de uma nova subespécie.

XXXII. Mastigodryas Amaral Eudryas Fltzinger, 1843, Syst. Rept. Amblyg.1:26 (pr~c. por Eudryas Boisduval, 1836). Espécie-tipo: Coluber Boddaerti Sentzen, 1796. Mastigodryas Amaral, 1935, Mem. /nst. Butantan, 8(1933-34):157. Espé­ cie-tipo: M. danieli Amaral, 1935. Dryadophis Stuart, 1939, Copeia, 1939:55 (nom. subst. pro Eudryas Fit­ zinger). OBS.: Tanto os nomes Mastigodryas como Dryadophis, foram con­ siderados válidos pela Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica. Peters & Orejas-Niranda ( 1970) afirmaram que são iguais mas Peters viu o holótipo externamente de M. danieli. Está em ultimação no Museu Paraense Emílio Goeldi estudo da osteologia craniana e dos hemipênis das espécies principais, e as conclusões prévias mostram a igualdade entre ambas. (Em estudo)

44. Mastigodryas bifossatus (Raddi) Coluber bifossatus Raddi, 1820, Atti Soe. ital. Sei. Modena.(2 Mem. Fisi­ ca)JB:333.Localidade-tipo:Rio de Janeiro, BR.

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D.G.: AS a leste dos Andes até o BR meridional, BOL, PAR e AR setentrional. OBS.: Stuart (1941) revisou o gênero dividindo esta espécie em subespécies mas viu ·muito poucos exemplares do sul da área da espécie. No caso do RS nos temos visto muito material e vimos duas subespécies, mas os AA apenas indicam uma (Peters & Orejas-Miranda, 1970). Não vimos intergradantes entre as duas e elas são simpátricas a leste da área, necessitando, pois, d~ uma análise populacional dos dois taxons. (Em estudo)

Chave para as subespécies: Com três séries de manchas castanhas ao longo do dorso sobre fundo amarelado ...... triseriatus Manchas escuras transversais largas de aspeto anelar, podendo, as pri- meiras, serem estranguladas lateralmente ou em três séries ...... bifossatus

44.l. Mastigodryas bifossatus bifossatus 44.2. Mastigodryas bifossatus triseriatus (Amaral) Drymobius triseriatus Amaral, 1931, Buli. Antiven. /nst. Amer., 4(4):86. Localidade-tipo: Taunay, MT, BR. D.G.: As duas estão registradas para o nordeste do BR e daí para o centro, sul e sudoeste atingindo o PMB; para a BOL, PAR e AR se­ tentrional. Peters & Orejas-Miranda (1970) indicam a distribuição dada por Stuart (1941), isto é, triseriatus é ocidental, enquanto que a outra é orien­ tal, mas ocorrendo as duas na área sendo simpátricas, ao menos a leste. Muito frequente em áreas abertas em coleções de água, daí nome vulgar. OBS.: É o segundo maior Colubridae da área (o primeiro é Spilotes pullatus). O crânio foi descrito por Souza & Lema (1990), e no trabalho supra citado está sendo comparado com o das principais espécies do gênero, bem como os hemipênis. N.V.: Jararaca do banhado, cobra nova, terra nova, cobra bagual; jararacuçu ou jaracuçu (norte e nordeste da área). O primeiro é o mais difundido (Lema, 1989).

XXXIII. Spilotes Wagler Spilotes Wagler, 1830, Syst. Amph.: 179. Espécie-tipo: Coluber pullatus Linnaeus. OBS.: Revisto por Amaral (1930b) mas necessita de nova revisão com base no aporte imenso de exemplares desde aquela época. Até o momento é considerado monotípico. Abe & Fernandes (1977) citaram caso de poli­ morfismo, pondo em dúvida uma das subespécies. Material que vimos da

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 81 parte ocidental do continente pareceu-nos pertencer a outra espécie. Tende à extinção pela destruição das florestas.

45. Spilotes pullatus (Linnaeus) Coluber pullatas Linnaeus, 1758, Syst.nat.(10)1:225 (ex-errore). Loca­ lidade-tipo: "Asia" - erro. Deve ter havido troca de tipos porque Alphonse Richard Hoge (com.oral) encontrou um exemplar destas serpentes como tipo de um do grupo das" najas no Museu de História N aturai de Paris. Spilotes pullatus-Wagler, 1830, Syst. Amph.:19 (emend pro Coluber pulla­ tas Linnaeus). D.G.: Do sul do MEX à AR, ao norte, e BR sul até o norte florestado doRS.

45.l. Spilotes pullatus anomalepis Bocourt Spilotes pullatus var. anomalepis Bocourt, 1888, in Duméril et al., Miss. sei: Méx., Zool., 7:685, est.44, fig. 3-4. Localidade-tipo: "Brasil". D.G.: BR oriental e meridional, da BA ao RS pela MA e mata oriental do PMB; para sudoeste dispersa-se pelas matas de galeria até a bacia do Paraná, Pelotas e Uruguai. Todo o norte florestado da área. OBS.: Atinge até a EINE e elevações adjacentes mais ao sul. No mor­ ro de Itacolomí vimos a pele do maior exemplar que tivemos conhecimento. Em Siderópolis, SC, encontramos uma população bifásica cromaticamente: um padrão normal e outro mais claro, com a cor amarela entremeada nas faixas pretas oblíquas. Mais ao sul de Criciuma (SC), vimos exemplares com a cor amarela predominante. N. V.: Caninana preta meridional. OBS.l: S. pullatus pullatus atinge o PAR e norte da AR, segundo os AA e, para o lado ocidental do BR deve haver sobreposição de áreas das duas subespécies. Pode, pois, entrar a noroeste da área e aí, também, deverão ser encontrados intergradantes. O8S.2: Pela bacia do Paraná dispersa-se para o sul, Leptophis ahaetulla marginatus (Cope, 1862) própria do BR ocidental à BOL. Deze­ nas de espécimens foram enviados ao Instituto Butantan procedentes da represa de ltaipú. Deve atingir a região do Alto Uruguai que tem biota comum àquela área.

XXXIV. Tantilla Baird et Girard Tantilla Baird & Girard, 1853, Cat. N. Amer. Repu.: Espécie-tipo: T. coronata Baird et Girard.

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OBS.: Gênero com distribuição do tipo continental, desde os E. U.A. meridional até o norte da AR e UR, atingindo todo o BR. Os conhe­ cimentos sobre este táxon em termos de AS, ainda estão em estágio inicial sendo citada apenas uma espécie para a região meridional.

46. Tantilla melanocephala (Linnaeus) . Coluber melanocephalus Linaeus, 1758, Syst. Nat. (10ª ed.)J:218. Loca­ lidade-tipo: "América". D.O.: Da Ac para AS atingindo a AR setentrional e UR, todo o BR, si bem que não foi registrada em todos os Estados. OBS.: Vimos material de EINE, SP, sul da área (Lema, 1978). Achaval & Vaz Ferreira (1974) registraram-na para o UR e Gudynas & Achaval (1979) reviram seus exemplares a luz do artigo de Lema. Pela literatura e exemplares observados, notamos que a variação é grande, na cor e morfologia, parecendo-nos que ultrapassa os limites específicos, como já sentira Güntther (1895). O material de SP e PR parece enquadra-se em T. pallida Cope, 1887 e cujo tipo é de MT (BR) e cuja validade deveria ser reexaminada. Examinamos forma da cabeça, folidose, coloração e dentição maxilar de exemplares do RS, SP e sem procedência e sentimos que uma revisão impõe-se, rai.ão porque não comunicamos aqueles dados. N. V.: Falsa cabeça preta

XENODONTINAE Bonaparte Bonaparte, 1845, Spec. erpet. - 6 Riun.Sci.Ital. Xenodontinae Cope, 1893, Amer. Naturalist, 27:481.

ALSOPHIINI Dowling et Duellman Alsophiini Dowling & Duellman, 1978, Syst. Herp.: 112.

XXXV. Echinantera Cope Rhadinaea Cape, 1863 (part.), Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1863: 1015. Echinantera Cope, 1894, Amer. Naturalist, 28:841. Espécie-tipo: Aporo­ phis cyanopleurus Cope. D.O.: AS cisandina (Di Bernardo, 1991). OBS.: Myers (1974) reviu o gênero Rhadinaea e distribuiu as espécies em grupos, sendo o Grupo brevirostris composto de espécies do gênero Echinantera, revisto por Di Bernardo (1991). Sendo assim, Rhadinaea entra apenas ao norte do continente, ex tendendo-se à AN. Por aquela revisão fica alocada neste gênero, Natrix melanostigma Wagler, 1824 que Dixon (1980) considerou como incertae sedis. (Em estudo)

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Chave para as espécies: 1. Notostegas em 15 filas no meio do tronco. Padrão cromático ân- tero-dorsal de uma série de manchas escuras grandes ...... sp. Notostegas em 17 filas no meio do tronco. Padrão dorsal sem manchas escuras grandes ...... 2 2. Canthus rostralis amarelo em forma de linha desde o focinho à regiijo temporal ...... •.. 3 Sem a linha clara cantai ...... 4 3. Píleus projetado sobre ângulo oral e projetando-se para diante como suíça; ventre vermelho. Dentes maxilares 13-15 + 2 poecilopogon Pileus sem projeçao inferior em suiça; ventre brancacento. Den- tes maxilares prediastemais 18-23 ...... bilineata 4. Menos de 20 dentes maxilares prediastemais. Labiais e região gu- iar geralmente manchados de preto. Urostegas 51-82 ...... 5 Mais de 20 dentes maxilares prediastemais. Labiais e região gu- iar geralmente imaculados. Urostegas 77-108 ...... 6 5. Mais de 140 gastrostegas. Geralmente com mancha clara pos- tocular em forma de galhada de cervo ...... affinis Menos de 140 gastrostegas. Sem mancha clara postocular. Corpo reforçado e coloração geral dorsal escura. Uma fila de notostegas claras de cada lado ...... persimilis 6. Notostegas da IV fila com mancha clara central formando linha luminosa em toda extensão do corpo. Pileus prolongado em mancha nucal, geralmente losangular. Gastrostegas tarjadas de es- curo para trás e assim as urostegas ...... cyanopleura Sem mancha clara na IV fila de notostegas ...... 7 7. Faixa escura vertebral no pescoço. Pontos claros na III e IV filas de notostegas ( ou na II e III). Com ou sem grandes manchas escuras de cada lado do pescoço ...... undulata Sem faixa escura vertebral cervical, que pode aparecer poste- riormente, formando ou não linha escura vertebral ...... amoena

47. Echinantera affinis (Günther) Dromicus affinis Günther, 1858, Cat. col. sn.:128. Localidade-tipo: Rio de Janeiro, BR (Boulenger, 1894) D.G.: MA e PMB oriental florestado - do ES ao nordeste do RS. OBS.: Oi Bernardo-& Lema (1988) analisaram a variação. É a espécie de porte mais reforçado do gênero. N. V.: Corredeira do mato comum.

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48. Echinantera bilineata (Fischer) Enicognathus bilineatus Fischer, 1885, Jahrb. Hamburg Wiss. Anst., 2:98, est.3, fig.5. Localidade-tipo: Santos, [SP], BR. O.G.: PMB florestado oriental - do RJ ao RS. OBS.:Muito tempo confundida com E. poecilopogon o que foi eluci­ dado por Myers (1974) e confirmado por Oi Bernardo &_Lema (1991) que analisaram a variação. Simpátrica com E. affinis e, como ela apresentando um fenótipo pobre de melanina na região de Parati (RJ), o que poderia ser encarado como uma raça geográfica. N. V.: Corredeira do mato de duas listas.

49. Echinantera cyanopleura (Cope) Aporophis cyanopleurus Cope, 1885, Proc. Acad. nat. Sei., 1884:191. Localidade-tipo: Montenegro, RS, BR (Vanzolini, 1953: 124). Liophis melanostigma --Boulenger, 1894(part.): 142 (RJ e RS, BR). O.G.: BR sul pelo lado oriental. OBS.: Muito tempo confund~da com E. melanostigma (Wagler), tendo sido isolada por Di Bernardo (1992), que estabelece sua ocorrência como o extremo sul oriental do BR. É comum nas florestas chuvosas subtropicais do PMB oriental até a EINE, e daí à Serra de Sudeste. O. G.: Corredeira grande do mato.

50. Echinantera poecilopogon (Cope) Rhadinaea poecilopogon Cope, 1863, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1863: 100. Localidade-tipo: Paysandú, UR (Vaz-Ferreira & Sierra de Sariano, 1960). O. G.: Pampa do UR ao RS e nordeste da AR, com dispersões para o PMB a nordeste da área (Oi Bernardo & Lema, 1987) OBS.: Como dito antes, esteve muito tempo confundida com E. bili­ neata. Apesar de Myers (1974) ter elucidado o problema, confundiu-a na redescrição, incluindo dados de exemplares daquela. A frequência aumenta para o UR onde é simpátrica e semelhante à incertae sedis obtusus Cope. N. V.: Corredeira do mato de barriga vermelha.

51. Echinantera sp. Liophis occipitalis --Peters & Orejas Miranda, 1970 (part.), Bull. U. S. 11at. Mus. (297):179 (BR, UR, AR, PAR, BOL e PER oriental) O.G.: BR sudeste a sul e países vizinhos. OBS.: Vimos examinando esse taxonjunto com Marcos Oi Bernardo e todos os exemplares da região sudeste e sul para o PAR oriental, nordeste da AR e UR divergem fortemente daqueles do nordeste e norte do continente, de onde procede o holótipo de Enicognathus occipitalis Jan,

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1863 (Bahia, BR), nome com que vem sendo designado todos esses exemplares. Uma outra população que vimos é do lado ocidental da BOL, PAR e AR, com coloração achocolatada. (Em estudo) N. V.: Corredeira pintada. OBS.1: Deve ocorrer na área, Echinantera persimilis (Cope, 1868) no extremo nordeste onde ainda há MA. OBS.2: Echinantera undulata (Wied-Neuwied, 1824) foi vista no litoral sul de SC por Rejane dos Anjos Castro do MCP (com. oral) e deve ocorrer na MA da área, em Torres. A alocação genérica é de Di Bernardo (1991). OBS.3: Ainda uma terceira espécie, Echinantera amoena (Jan, 1863) pode ocorrer nessa área, no PMB, conforme Lema et ai. (1985), que identificaram um espécimen de São Leopoldo (EINE) como Lygophis sp. e cujos dados aproximam-se daquela espécie de Jan. Infelizmente há pouco material colecionado e a variação não é conhecida. Essa espécie foi colocada como incertae sedis por Dixon (1980) e realocada por Di Bernardo (1991).

XXXVI. Helicops Wagler Helicops Wagler, 1830, Syst. Amph.: 170. Espécie-tipo: Coluber carinicau­ dus Wied-Neuwied Chave para as espécies: Ventre com duas séries de manchas pretas, com ou sem série media­ na de ponto ou pontos pretos; cor de fundo ventral amarela; dor- so castanho oliváceo anegrado. Corpo grosso, reforçado .... carinicaudus Ventre com três estrias pretas longitudinais nítidas somente ou interligadas transversalmente; fundo ventral brancacento media­ namente, amarelo lateralmente e, às vezes, medianamente verme­ lha toda ou em parte. Dorso castanho com duas estrias mais claras pleurais. Corpo mais delgado que a anterior ...... infrataeniatus

52. Helicops carinicaudus (Wied-Neuwied) Coluber carinicaudus Wied-Neuwied, 1825, Beitr.Nat.Bras., 1:300. Loca­ lidade-tipo: rio Itapemirim, ES, BR. D.G.: Litoral sudeste, do ES ao RS. Na área, somente no litoral ex­ tremo norte, em Torres. OBS.: Corresponde à variedade "A" de Boulenger (1894). Própria de águas lóticas. Foi isolada de H. infrataeniatus por Deiques & Cechin (1991). Vimos grande exemplar em ilha aluviona} na foz do rio Mampituba, entre SC e RS e que tinha a coloração dorsal muito escura, quase preta, com estrias pleurais esverdeadas. Coletamos exemplares na Lagoa do Violão

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(Torres), cujas águas estão poluidas fortemente; e temos visto, ultimamente, na região da Colônia São Pedro de Alcântara (Torres). (Em estudo) N. V.: Cobra d' água do litoral.

53. Helicops infrataeniatus Jan Helicops infrataeniatus Jan, 1865, Arch. 'Zool. Anat. Fis., 3(2):253. Loca­ lidade-tipo: 11 Suriname II e "Brasil e" - o primeiro está errado e o segundo é o mesmo que sem procedência, pelas dimensões continentais deste país. Helicops pictiventris Wemer, 1897, Sitzber. Akad. Wiss. München (1897) 27:205. Localidade-tipo: Porto Alegre, RS, BR. D.G.: PMB para o.pampa do UR e AR, atingindo o PAR meridional. OBS.: Abundante em todas coleções de águas, tanto lênticas quanto lóticas, em áreas abertas. As variedades "B" e "C" de Boulenger (1894) correspondem a esta espécie, já a 11 D" sugere intergradação. A figura de Amaral (1977), legendada como H. pictiventris de um exemplar do PR é, na verdade, uma nova espécie que vimos na região nordeste daquele Estado e que está em estudo por colegas do Museu de História Natural de Capão da Imbuia, em Curitiba (PR). H. trivittatus Cope, 1878 corresponde ao tipo "B" (op.cit.) e cujo holótipo procede com toda probabilidade, da AR. O padrão "B"· é trilineado em toda a extensão do ventre, sem barras trans­ versais, sendo a cor de fundo quase branca, e atinge grande porte; esse fenótipo domina toda a AR, grande parte do UR e quase todas as partes baixas da área. O "C" ocorre no PMB e norte do RS, correspondendo à H. baliogaster Cope, 1885, sendo o tipo capturado em Montenegro (EINE). O "B" corresponde ao holótipo de Jan (1865); o "D" ocorre na área entre o PMB e pampa. Há outros padrões na área e que são variações, ou podendo ser intergradantes entre as raças representadas pelos tipos "B" e "C". (Em estudo) N. V.: Cobra d' água meridional. OBS.: Tem sido encontrada no rio Paraná e Uruguai a H. leopardi,ius (Schlegel, 1837). Possivelmente ocorre no lado brasileiro (RS), ao menos por ocasião das enchentes do rio Uruguai.

XXXVII. Hydrodynastes Fitzinger Hydrodynastes Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl.1:25. Espécie-tipo: Elaps Schrankii Wagler _( = H. bicinctus bicinctus (Herrmann)).

54. Hydrodynastes gigas (Duméril, Bibron et Duméril) Xenodon gigas Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gé,i., 7:761. Loca­ lidade-tipo: Província Corrientes, AR.

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D.O.: Bacia do Paraguai e Paraná; BR meridional ocidental, BOL, PAR; norte e nordeste da AR. Dispersa-se mais para o sul através das en­ chentes. OBS.: Na enchente de julho de 1990 do rio Uruguai, foram captu­ rados exemplares em São Borja e Uruguaiana, alguns colecionados na Faculdade de Zootecnia da PUCRS nesta última cidade. Hoge (1958) alocou esta espécie em Lejosophis Jan, 1863, gênero sinônimo de Hydrodynos­ tes. O próprio Hoge (1966b) realoca-se em Hydrodynastes, sinonimÍ7Jmdo com este Cyclagras Cope, 1885 e Lejosophis. Tais modificações não foram apoiadas por análises documentadas e seu posicionamento necessita reestudo. N. V.: Boipevaçu, surucucutinga do pantanal.

XXXVIII. Uromacerilla Amaral Uromacerina Amaral, 1930, Mem. lnst. Butantan, 4(1929): 18. Espécie-ti­ po: U. ricardinii (Peracca).

60. Uromacerina ricardinii (Peracca) Uromacer Ricardinii Peracca, 1897, Bol. Mus. Torino, 12(282):1, fig. Localidade-tipo: São Paulo, BR - deve ser litoral do Estado de SP, já que a capital situa-se sobre o PMB a cerca de 900m de altura. D.O.: MA - rara na área, vimos em Torres. OBS.: Vimos apenas um exemplar na área, nas matas da encosta do PMB, frente à Estação de Piscicultura da Lagoa dos Quadros. Paul Müller capturou diversos exemplares na Ilha de Santa Catarina (Müller, 1978). Espécie pouco estudada. (Em estudo) N. V.: Cipó liquenosa, cobra de bronze.

PHILODRYINI Jenner Philodryini Jenner, 1983, Tese, p. 270 (part.) Philodryadini Ferrarezzi, 1994, 4 erp. Br., 1:84.

XXXIX. Ditaxodon Hoge Ditaxodon Hoge, 1958, Mitt. wol. Mus. Berlin, 34(1):54, fig. 5-7. Espé­ cie-tipo: Philodryas taeniatus Hensel.

56. Ditaxodon taeniatus (Hensel) Philodryas taeniatus Hensel, 1868, Arch. Naturgesch., 37(1)(1867):331. Localidade-tipo: Porto Alegre, RS, BR. D.O.: Conhecida do holótipo.

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OBS.: No IB há mais exemplares que procedem do BR sul oriental, confirmando Peters & Orejas-Miranda (1970). Amaral (1977) ilustra um exemplar. Hoge (1958a) redescreve o holótipo, alocando-o neste novo gê­ nero. N. V.: Cobra-cipó marrom, cobra espada das árvores.

XL. Philodryas Wagler Philodryas Wagler, 1830, Syst. Amph.: 185. Espécie-tipo: Coluber olfersii Lichtenstein. Chave para as espécies: 1. Notostegas em 21 filas, carenadas. Coloração verde dorsal, ventre branco imaculado. Linha preta postocular vestigial. Cabeça um tanto afilada ...... aestivus Notostegas em 19 filas ...... 2 2. Gastrostegas marginadas de preto. Coloração parda ...... 3 Gastrotegas imaculadas. Coloração verde ...... 4 3~ Dentes maxilares 13 ou menos, geralmente 11 +2; mandibulares menos de 19, geralmente 15. Canthus rostralis salientes conspi­ cuamente. Geralmente 7 supralabiais. Parda com manchas pretas nas notostegas ...... patagoniensis Dentes maxilares 14 ou mais, geralmente 15 + 2; mandibulares mais de 19, geralmente 21. Canthus rostralis indistinto. Parda em dorsais fortemente marginadas de preto. Geralmente com 8 supralabiais ...... arnaldoi 4. Notostegas lisas; geralmente mais de 120 urostegas. Estria parda vertebral. Focinho redondo ...... olfersii Notostegas carenadas; geralmente mais de 120 urostegas. Sem estrias. Focinho um pouco afilado ...... aestivus

51. Philodryas aestivus (Duméril, Bibron et Duméril) Dryophylax aestivus Duméril, Bibron & Duméril; 1854, Erp. gén., 7: 111. Localidade-tipo: "Amérique du Sud".

Chaves para as subespécies: Notostegas em 19 filas no meio do corpo ...... aestivus Notostegas em 21 filas ...... subcarinatus

51. 1. Philodryas aestivus aestivus D.G.: THOMAS (1977) aponta-a para o PMB até BOL. Vimos ao norte da área e sul de SC, no vale do Pelotas-Uruguai.

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57 .2. Philodryas aestivus subcarinatus Boulenger Philodryas subcarinatus Boulenger, 1902, Ann.& Mag. nat. Hist.(1)9: 287. Localidade-tipo: Colônia Benítez, PAR. Philodryas aestivus manegarzoni Orejas-Miranda, 1959, Comun. zool. Mus. Montevideo, 4(82):2. Localidade-tipo: próxima à Zapicán, La­ valleja, UR. D.G.: Do UR para o RS atingindo o norte da área, nordeste AR, PAR oriental, SP ocidental e BOL. OBS. : A distribuição geográfica indicada por Thomas (1977) deixa a desejar porque implica numa série de simpatrias. No RS ocorrem todas as matas. Parece predominar no PMB centro-ocidental. Ao norte da área ocorre jllllto à nominal e, até o momento não vimos exemplares intergradantes. Vimos filhotes procedentes das elevações em tomo de Porto Alegre com a coloração ventral verde como o dorso. Em uma tarde de sol, ao sopé do Morro da Cruz (Porto Alegre, RS), vimos um exemplar adulto descendo de um árvore na margem de mata e, no solo, atacando adulto de Teius oculalus - a descenção foi feita quasi imperceptivelmente. Ataca galinheiros onde busca pintos de galinha doméstica. É dócil ao homem, não mordendo. N. V.: Cobra-cipó carenada.

58. Philodryas arnaldoi (Amaral) Chlorosoma arnaldoi Amaral, 1932, Mem. lnst. Butantan, 7: 100, fig. 2-4. Localidade-tipo: "São Bento [do Sul]", SC, BR. D.G.: PMB oriental, de SP ao RS. OBS.: Rara na área; vimo-la em matas primárias da área em região da Mata de Araucária (Bento Gonçalves, São Francisco de Paula). N. V.: Parelheira do mato.

59. Philodrvns olfersii. (Lichtenstein) Coluber O/fersii Lichtenstem, HS:l3, Verz. zool. Mus. Berlin: 104. Locali­ 11 dade-tipo: "Brasil •

59 .1. Philodryas oifersii oifersii D.G.: Do BR sudeste para o sul. OBS.: Abundante em todas as formações florestais da área. Todos os exemplares do RS com lista vertebral havana. Tem atitude agressiva ao homem, mas acalma-se em cativeiro. Peçonha muito ativa provocando doloroso e extenso edema, descrito por Silva Jr. (1956) e que tivemos ocasião de sofrer mais· de uma vez. O acidente mais grave que sofremos foi causado por adulto que nos mordeu no dedo anular esquerdo, entrando apenas uma presa (a direita), logo instalando-se edema muito doloroso

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 90 sendo preciso retirar com rapidez a aliança. Duas horas depois recebemos injeção anti-tetânica e ficamos acamados por 27 dias com dieta especial, tendo o edema dominado todo o membro esquerdo, com ínguas no tronco contíguo. O tratamento foi de anti-alérgicos e alimentos de fácil digestão junto com sucos de frutas. Em hospitais de Porto Alegre (principalmente o Hospital Municipal de Pronto Socorro) fomos informados ela aplicação de sôro antiofídico em acidentes causados por esta espécie. N. V.: Cobra-cipó comum, cobra cipó listada. OBS.: Thomas (1977) indicou para Misiones, AR, P. olfersii latiros­ tris Cope, 1862; essa forma deve, pois, ocorrer na região noroeste da área.

60. Philodryas patagoniensis (Girard) Callirhinus patagoniensis Girard, 1858, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 9(1857): 182. Localidade-tipo: foz do Rio Negro, Patagônia, AR. D.G.: BR, BOL, PAR, AR e UR. OBS.: Provavelmente seja a espécie de ofídio de maior frequência na área, própria de áreas abertas, sendo omnicarnívora. Vimos, pelo menos, dois padrões cromáticos na área: (a) pardo-oliváceo a verde-palha com vestígios de estrias longitudinais juvenís nos adultos novos e, (b) pardo­ amarelado a ferrugíneo, sem vestígios de estrias escuras, mas com pequenas estrias finas brancas. O último padrão é semelhante ao tipo de Liophis poecilostictus Jan, 1863 procedente do UR. Para Alphonse R. Hoge (com. oral) a espécie de Jan corresponde a uma subespécie própria do pampa BR­ UR. Lema & Fabián-Beurmann (1977) citam P. patagoniensis patago­ niensis para exemplares da região da fronteira BR-UR, mas fizeram-no com base em Laurent (1973) que descreveu uma subespécie para o noroeste da AR ao PAR e BOL ocidentais, sem localizar a população nominal. "Pela descrição original, a nominal ocorre na Patagônia (AR) atingindo Buenos Aires, cujos exemplares vistos por nos e figurado por Miranda et al. ( 1983) mostram-se muito melanizados, diferindo fortemente dos padrões que vimos na área. A população, portanto, da AR patagônica até Buenos Aires deve ser chamada Philodryas patagoniensis patagoniensis (Girard, 1858); a do noroeste árido da AR, lado ocidental do PAR e BOL, Philodryas patagoniensis haywardi Laurent, 1973 e a das partes baixas do RS e UR, Philodryas patagoniensis poecilostictus (Jan, 1863). Quanto às demais populações do PMB para o norte não sabemos ainda. (Em estudo) N. V.: Papa-pinto, parelheira comum, corre-campo.

XLI. Pseudablabes Boulenger Pseudablabes Boulenger, 1896, Cat. sn.,3:126. Espécie-tipo: Eirenis Agas­ sizii Jan.

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61. Pseudablabes agassizii (Jan) Eirenis Agassizii Jan, 1863, Arch. Zool. Anat. Fisiol., 2(2):260. Localida­ de-tipo: UR. D.G.: BR meridional e países vizinhos. OBS.: Para Francisco Luís Franco (com. oral) é polimórfica estando um artigo seu no prelo sobre isso. Apresenta ainda variação sexual. Para o sul da área e no UR temos visto um padrão pado claro, semelhante aos filhotes de Philodryas patagoniensis poecilostictus,· para o PMB, a leste, é melânica e, para oeste, quasi na fronteira com AR, é quasi imaculada dorsalmente. Vimos um exemplar em Passo Fundo (norte da área) se­ melhante em cor aos do UR. No UR, Raul Vaz Ferreira capturou muitos exemplares em formigueiros de Acromynnex sp. (Vaz-Ferreira et al.), 1970). Sua alimentação parece ser exclusivamente de aracnídeos (escor­ piões, aranhas-lobo) pois Guillermo Gnida, de Buenos Aires (AR), vem encontrando tais artrópodes em seu estômago. Sua raridade é aparente pelo fato de ter hábitos ~riptozóicos. (Em estudo) N :v.: Parelheira mirim, falsa-parelheira, parelheira dos formiguei­ ros. XLII. Tropidodryas Fitzinger Tropidodryas Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl. 1:26. Espécie-tipo: Herpetodryas serra Schlegel.

62. Tropidodryas striaticeps (Cope) Teleolepis striaticeps Cope, 1870, Proc. amer. Philos. Soe., 11(1869): 153. Localidade-tipo: "Brasil". Philodryas pseudo-serra Amaral, 1938, Mem. /nst. Butantan, J1(1937):207. Localidade-tipo: Porto Martins, SP, BR. D.G.: MA - na área somente em Torres. OBS.: Vimos exemplares da área e do Brasil sul e sudeste, tendo en­ contrado variação maior que a conhecida (Thomas & Dixon, 1977). Além do padrão normal (holótipo), vimos outros como: ventre claro com gas­ trostegas e urostegas com margens livres escurecidas, outro com manchas vertebrais típicas muito espaçadas, etc., sugerindo, alguns espécimens, haver intergradação entre esta e a outra espécie (T. serra). (Em estudo) N. V.: Jiboinha, jararaca das árvores. OBS.: T. serra (Schlegel, 1837) atinge o lado oriental de SC até ao sul de Florianópolis, pela MA, e achamos provável sua ocorrência na MA de Torres, RS.

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PSEUDOBOINI Jenner et Dowling Pseudoboini Jenner & Dowling, 1985, Herp., 41(2):161. OBS.: Isolada de Alsophiini sensu Dowling & Duellman (1978), a exemplo de Bailey (1966, 1967), que, entretanto, não fez uma apresentação do táxon. Acreditamos ser um grupo monofilético. (Em estudo)

XLIII. Clelia Fitzinger Clelia Fitzinger, 1826, N. class. Rept.:29. Espécie-tipo: Coluber clelia Daudin. Chave para as espécies vistas e prováveis de ocorrer na área: I. Coloração ventral branca ...... 2 Coloração ventral tisnada de preto a preto total...... 4 2. Coloração dorsal pardo-havana, do filhote ao adulto. Urostegas variam de 53 a 62 nos machos, e de 42 a 54 nas fêmeas, sempre inteiras. Supralabiais altos e estreitos ...... rustica Coloração dorsal preta. Urostegas mais de 75 nos machos, e cerca de 64 nas fêmeas. Filhotes vermelhos com anel nucal bran- co e cabeça escura ...... 3 3. Coloração dorsal negra. Loreal normal, raramente pequena. He- mipênis espinhosos ...... clelia Coloração dorsal preta a cin7.a escura. Loreal ausente ou vesti- gial. Hemipênis lisos ...... : ...... plumbea 4. Coloração dorsal no jovem é preta na zona vertebral com os lados paraventrais vermelhos, e com colar creme nucal. Com a idade desaparece o colar e fica o dorso negro. O ventre escurece com a idade, sendo tisnado de preto na cauda no filhote com laivos de púrpura e, com o crescimento vai escurecendo o ventre de trás para diante, ficando tisnado de preto com laivos purpurinos na zona mediana ventral. U rostegas nos machos de 59 a 79, nas fêmeas de 51 a 69, podendo haver alguns inteiros na base da cauda. Supralabiais baixos e alongados ...... occipitolutea Coloração dorsal preta e ventral escurecida irregularmente de preto. Jovens pardos que escurecem com a idade, sem anel nucal claro ...... sp.

63. Cle.lia occipitolutea (Duméril, Bibron et Duméril) Brachyruton occipito-luteum Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén, 7:1009. Localidade-tipo: não dada. D.G.: BR oriental - do nordeste ao RS e UR e, para sudoeste até o PAR e AR. OBS.: Na região do Alto Uruguai vimos exemplares totalmente negros e colegas da AR viram esse padrão no extremo nordeste daquele país

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(Misiones). Está no prelo descrição detalhada da osteologia craniana comparada com a de C. rustica (Lema & Marques, 1992). N.V.: Muçurana comum, muçurana preta, cobra preta, mamadeira, muçurana da faixa vermelha:

64. Clelia plumbea (Wied-Neuwied) Coluber plumbea Wied-Neuwied, 1820, Reise Bras.:25. Localidade-tipo: entre Cabo Frio e Rio São João, [RJ], BR. D.G.: Indicada para a foz do rio Amazonas ao Maranhão, no BR e para a região oriental do BR desde ES a SC, daí para sudoeste até Misiones, AR (Bailey, 1970a:63). lndicâmo-la aqui somente para o BR sudeste e sul e países vizinhos porque acreditamos que a população setentrional é outra espécie. (Vide Obs.) OBS.: A disjunção na distribuição mostra a presença de outra espécie confundida com esta. Outrossim, só o fato de ter hemipênis lisos isola esta de C. clelia (Daudin, 1803). Com a designação plumbea vinha sendo iden­ tificados exemplares procedentes do RS e que Boulenger (1896) iguàlouà C. clelia, indicando C. occipitolutea ~mente no PAR. O material enviado por Hennann von Ihering do RS ao BMNH ele identificou com C. ele/ia, o que é um erro. Vimos exemplares do sudoeste de SC, Florianópolis, SC e Torres, RS; temos referências de sua ocorrência leste do PMB, na EINE e planalto central do RS. N. V.: Muçurana comum do sudeste.

65. Clelia rustica (Cope) . Oxyrhopus rusticus Cope, 1878, Proc. amer. philos. Soe. '17(1877):92. Lo- calidade-tipo: Argentina. . D.G.: Do PMB ao UR e AR. A população do RJ e MG e adja­ cências pertence a outra espécie e (Bailey (1970a) dá uma distribuição muito ampla. OBS.: Comum em áreas abertas. Vimos dois padrões: (a) castanho­ amarelada com ventre branco e notostegas reticuladas de escuro, do filhote ao adulto; (b) castanho claro juvenil que melaniza de tal forma com a idade que se confunde com os adultos de C. occipitolutea - nenhuma com colar claro nucal juvenil. O tipo "b" atinge muito maior porte que o "a" e acreditamos que se trata de uma outra espécie (Clelia sp.), mas nos sentimos impedidos de descrever pela exiguidade de exemplares. dis­ poníveis, sendo difícil o colecionamento. Vimos exemplares de Santa Maria (RS). N. V.: Muçurana parda, muçurana comum do pampa, muçurana pampeana.

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OBS.: C. clelia (Daudin, 1803) foi registrada para o norte e nor­ deste da AR. Stejneger (1913) indica-a para o RS e mesmo o UR (Bailey,, 1970a). Não a vimos no RS ném no UR Vimos exemplares de uma espécie que ainda não conseguimos identificar, no centro da área, em Santa Maria. Freiberg (1970) ilustra exemplares do nordeste da AR com manchas brancas irregulares, angulosas, no dorso, semelhantemente à Pseudoboa nigra. Essa espécie deve ocorrer na região do Alto Uruguai no RS.

XLIV. Oxyrhopus Wagler Oxyrhppus Wagler, 1830, Syst. Amph.:185. Espécie-tipo: O. petola (Lin- naeus) - design. Bailey (1970b). Chave para as espécies: Geralmente com 9 infra labiais, 5 tocando mentais. Manchas pretas dorsais não atingem ventrais; interespaços vertebrais amarelos e pleurais vermelhos ...... rhombifer Geralmente 10 infralabiais, 5 a 6 tocando mentais. Manchas pretas largas atingem os lados ventrais; interespaços cor de laranja melanizando com a idade...... clathratus 66. Oxyrhopus clathratus Duméril, Bibron et Duméril Oxyrhopus clathratus Duméril, Bibron e Duméril, 1854, Erp. gén., 7: 1026. Localidade-tipo: "Brasil". D.G.: PMB oriental florestado na área. Do BR meridional com dis­ persões para oeste. Com o desmatamento está se tomando rara. OBS.: Todo o material visto da área é melânico quando adulto mas podendo-se visuali7.ar os anéis negros sob a luz solar. Filhotes com co­ loração primária alaranjada, que vai sufusando de preto com o crescimento. A maior concentração ainda possível de encontrar, é a sudeste de SC e nordeste do RS, na borda mais elevada florestada do PMB. N. V.: Falsa-coral serrana, falsa-coral laranja.

67. Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron et Duméril Oxyrhopus rhombifer Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén, 7: 1018. Localidade-tipo: Província Corrientes, AR. D.G.: Do rio Amazonas para o sul, até AR e UR e, pelo BR central, ao PMB. Politípica, sem a devida análise populacional.

67 .1. Oxyrhopus rhombifer rhombifer D.G.: Do PMB ao pampa, do sudeste de MG para o UR e nordeste da AR. OBS.: · Ocorre em toda a área, parecendo preferir elevações com capões, não a tendo encontrado dentro da mata. A cor ventral varia do

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OBS.: É possível que atinja a área, a noroeste, O. guibei Hoge et Romano, 1978 (= O. trigeminus guibei), cujo holótipo é de Londrina, PR, segundo Hussam El Dine Zaher (com.epist.). (Em estudo)

XLV. Pseudoboa Schneider Pseudoboa Schneider, 1801, Hist. amph., 2:286. Espécie-tipo: P. coronata Schneider.

68. Pseudoboa haasi (Boettger) Pseudoboa haasi Boettger, 1905, Zool. Anz., 29(11):374. Localidade-tipo: Campos de Palmas, PR, BR. D.G.: PMB para leste, atingindo a área da EINE (Lema & Ely, 1979). OBS.: Rara na área, podendo representar sua ocorrência na mesma, uma dispersão recente ao nordeste do RS. É mais freqüente a leste de SC. Recentemente a vimos em Torres, a nordeste da área, exemplar bem desenvolvido e totalmente preto na face dorsal com lado ventral branco. N. V.: Falsa muçurana, cobra preta de faixa vermelha.

OBS.: guerini (Duméril, Bibron et Duméril, 1854) foi coletada por nos em Santo Thomé (Entre Ríos, AR) em uma planície junto ao rio Uruguai, dormindo sob excremento seco de Bos taurus. Nessa região está registrada Phimophis vittatus (Boulenger, 1896) e acreditamos que as duas espécies possam ocorrer no Brasil (RS), na margem esquerda do rio Uruguai, uma vez que esse rio, nesse curso, não é barreira para a herpetofauna (LEMA, 1982). O mesmo deve ocorrer com Pseudoboa nigra (Duméril, Bibron et Duméril, 1854) que foi registrada para Corrientes, na margem argentina, na altura do RS.

XL VI. Rhachidelus Boulenger Rhachidelus Boulenger, 1908, Amz & Mag. nat. Hist. (8)2:31. Espécie-ti­ po: R. brazili Boulenger.

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69. Rhachidelus brazili Boulenger Rhachidelus brazili Boulenger, 1908, Ann. & Mag. nat. Hist. (8)2:31. Lo­ calidade-tipo: próxima a São Paulo, SP, BR. D.G.: PMB, de SP ao RS e, para sudoeste atinge Misiones, AR. OBS.: Rara na área, parece aumentar de frequência para o sul de SP. Vimos exemplar gigante exposto no antigo Museu Estadual "Júlio de Castilhos", em Porto Alegre (RS), e as indagações que fizemos sobre sua procedência levaram-nos a descobrir que este exemplar foi capturado quando da derrubada de grande e velha figueira do campo em Gravata{; media quasi dois metros, ostentando cor negra brilhosa em todo o corpo, dorso e ventralmente. Este exemplar perdeu-se naquela instituição. Carla Pinto ( com. oral) diz tê-la visto comer ratos, sendo conhecida como avívora. É uma espécie muito mal conhecida em todos os sentidos. N. V.: Falsa muçurana, cobra preta.

XL VII. Siphlophis Fitzinger Siphlophis Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl. 1:21. Espécie-tipo: Lycodon audax Boie ( = Coluber audax Daudin; = S. cervinus (Laurenti).

Chave para as espécies: Coloração dorsal cinzenta, com duas séries de manchas cinzentas que se dispõem em ziguezague ...... longicaudatus Coloração dorsal branco-am&relada com quatro séries de manchas pretas mais uma estria vermelha vertebral ...... pulcher

10. Siphlophis longicaudatus (Andersson) Tropidodipsas longicaudata Andersson, 1901, Bih. till K. Svenska Vet­ Akad. Handl., 27(4):17, est. 2, fig. 9-11. Localidade-tipo: "Brasil". Siphlophis cinereus Lema, 1964, Rev. bras. Biol., 24(2):222, fig. 1-13. Localidade-tipo: Colônia São Pedro [de Alcântara], Torres, RS, BR. D.G.: MA- do ES ao RS. Na área somente em Torres. OBS.: Vimos exemplar dentro de bromélia aérea onde vivem pequenas espécies de Hyla, Ostracoda, Aranaeida diversa, larvas de mosquitos, etc. A bromélia estava a cerca de dois metros do solo dentro de mata escura, extremo sul da MA (Lema, 1964). · N. V.: Dormideira-cipó cinzenta.

71. Siphlophis pulcher (Raddi) Coluber pulcher Raddi, 1820, Atti Soe. ital. Sei. Modena (2, Mem. Fis.) 18:537. Localidade-tipo: Rio de Janeiro, BR.

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D.G.: MA - do RJ e sudeste de MG ao RS, em Torres. OBS.: Simpátrica com a anterior. Vimos exemplares de PR, SC e RS, sendo rara nas coleções. Esta, como aquela, estão em extinção pela des­ truição da MA. N. V.: Dormideira-cipó de fista vermelha.

ELAPOMORPHINI Jan Elapomorphinae Jan (par.), 1862,. Arch. Zool. Anat. Fis. 2(1):40. OBS.: Jan (1862a~b) usou o termo com acepção muito ampla. Seguimos Savitzky (1979) porque acreditamos ser um táxon monofilético, conforme estudos de Deiques (1991) através da osteologia craniana. Iso­ lamos de Alsophiini porque acreditamos em sua monofiletia. Dowling & Duellman (1978) não citaram Elapomorphus.

XLVII. Elapomorphus Wiegmann Elapomorphus Wiegmann, 1828 (part.), Isis v. Oken, 21(3- 4):377. Espécie-tipo: Calamaria Blumii Schlegel ( = E. quinquelineatus (Raddi)). Elapomorphus Wiegmann, 1843 (part. ), in Fitzinger, Syst. Rept. Amblygl., 1:25. Elapsomorphus Duméril, 1853 (part.,· ex-errore), Mém. Acad. Sei. Paris, 23:489. Elapomorphus Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén., 7:832. Es­ pécie-tipo: Elapomorphus Blumii (Schlegel) ( = E. quinquelineatus (Raddi)). Elapocephalus Günther, 1858 (part.), Cat. col. sn.:216. Espécie-tipo: E. taeniatus Günther ( = E. quinquelineatus (Raddi)). Elapomorphus (Elapomorphus) Lema, 1984 (part.), lheringia (Zool.) (64):55, 58. OBS.: Como se pode notar, Wiegmann (1828, 1843) não chegou a apresentar seu gênero mas tão somente o nome. Foram Duméril et al. (1854) que o apresentaram. O conceito de subgênero proposto por Lema (1984), é aqui restrito tendo em vista o isolamento de Calamaria lepida Reinhardt, 1861 em novo gênero, segundo Herbert Ferrarezi (com. oral). Outrossim, o subgênero Phalotris é considerado gênero por Ferrarezi (1989), no que concordamos.

12. Elapomorphus quinquelineatus (Raddi) Coluber 5-Lineatus Raddi, 1820, Atti Soe. ital. Sei. Modena (2, Mem. Fí• sica) 18:339, est. Localidade-tipo: Próxima ao Rio de Janeiro~ RS, BR.

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Elapomorphus quinquelineatus --Hoge, 1959 (emend. pro Coluber 5- Lineatus Raddi), Mem. lnst. Butantan, 28(1957-58):270. D.G.: BR oriental, de Salvador, BA ao sul pela MA e mata mesofítica oriental do PMB. Atinge SC e RS até a Serra de Sudeste (Lema, 1992). OBS.: A ocorrência na Serra de Sudeste pode causar estranhe:za mas, vem confirmar Lema (1982a) ao afirmar que elementos florísticos e fau­ nísticos do planalto, ao se dispersarem para o sul, terminam fixando-se nessa extrema elevação antes da campanha que se extende ao sul do continente. É a espécie de maior porte da tribo. (Em estudo) N. V.: Cabeça preta de cinco listas, cabeça preta grande.

XLIX. Phalotris Cope Elapomorphus Duméril, Bibron & Duméril, 1854 (part.), Erp. gén, 7: 832. Phalotris Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1861:524. Espécie-ti­ po: Elapomorphus tricolor Duméril, Bibron & Duméril. Elapomorphus (Phalotris) Lema, 1984, lheringia (Zool.) (64):55, 61. OBS.: Lema (1984) reapresentou-o como subgênero porque ainda não dispunha dos conhecimentos para sua apresentação e seguimos Fer­ rarezi (1989). Recentes estudos de Deiques (1991) com base na osteologia craniana, autori:zam a partição de Elapomorphus. (Em estudo)

73. Phalotris lemniscatus (Ouméril, Bibron et Duméril) n. comb. Elapomorphus lemniscatus Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén.: 840. Localidade-tipo: Montevideo, UR (Lema, 1984). D. G.: Do BR sudeste, SP, ao UR pelo PMB para o pampa. Antigas referências para PAR e BOL são duvidosas. N. V.: Cabeça preta meridional.

Chave para subespécies: 1. Lados e ventre pretos. Zona vertebral vermelho-cinábria. Colares nucais branco e preto presentes ...... iheringi Dorso lineado. Manchas pretas ventrais menores que os escudos em que se situam ...... 2 2. Padrão dorsal bilineado ...... divittatus Padrão dorsal trilineado ...... 3 3. Estrias finas; coloração geral vertebral pardo-clara rosada. Anéis nucais ausentes ou vestigiais. Manchas pretas ventrais semi­ lunares a cordiformes, muito menores que cada escudo ...... trilineatus Estrias largas; coloração geral vertebral vermelha alaranjada. Anéis nucais presentes. Mancha preta ventral pouco menor que

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o escudo; urostegas manchadas súpero-internamente formando figura bipenada ...... : ...... lemniscatus

73.1. Phalotris lemniscatus lemniscatus n. comb. D.G.: Pampa do UR ao RS, com dispersões para as encostas do PMB e nordeste da AR (Entre Ríos). OBS.: Na EINE intergrada com P. lemniscatus iheringi; para leste intergrada com P. lemniscatus trilineatus, barrando a dispersão desta últi­ ma para o interior do continente (Lema, 1977). Em Entre Ríos encontramos híbridos com P. spegauinii (Boulenger). Sua frequência aumenta para o UR, onde aumenta o número de exemplares melânicos que possuem estrias pleurais mais largas que as normais e zona pleural sufusada de preto. N. V.: Cabeça preta pampeana.

73.2. Phalotris lemniscatus divittatus (Lema) n.comb. Elapomorphus (Phalotris) lemniscatus divittatus Lema, 1984, Iheringia (Zool.)(64):70, fig. 8, 14, 18. Localidade-tipo: Passo do Atalho, Canguçu, RS, Br. D.G.: Serra de Sudeste no RS (BR) para Montevideo (UR). Dispersa­ se para o norte pela encosta do PMB central. OBS.: Subespécie inquirenda, havendo sobreposição de áreas com iheringi e a nominal, sem, contudo, ter sido encontrado inter-gradantes até o momento. Pode ocorrer no PMB central. (Em estudo) N. V.: Cabeça preta de duas listas.

73.3. Phalotris lemniscatus iheringi (Strauch) n.comb. Elapomorphus lheringi Strauch, 1884, Mél. biol. Acad. impér. St. Pétersbourg, 12: 185. Localidade-tipo: Mundo Novo, Taquara, RS, BR. D.G.: PMB florestado, de SP ao RS, para sudoeste até Misiones, AR. OBS.: É a subespécie de maior porte, e sendo a única própria de floresta. Dispersa-se pela EINE para o sul onde intercruz.a com a litorânea e com a pampeana. Amaral ( 1977) ilustra um exemplar de SP. N. V.: Coralina, cab~a preta serrana.

73.4. Phalotris lemniscatus trilineatus (Boulenger) n. comb Elapomorphus trilineatus Boulenger, 1889, Ann. & Mag. nat. Hist. (6)4:265. Localidade-tipo: região do rio Camaquã, São Lourenço do Sul, RS, BR (Lema, 1984). D.G.: Litoral do UR a SC, BR.

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OBS.: Apresenta baixa taxa de melanina, sendo própria do litoral arenoso. Apresenta poucas dispersões para oeste como para o PMB a nordeste, intergradando com as subespécies dominantes nessas áreas; sua dispersão é, continuamente, barrada pelo intercruz.amento. Um exemplar no m, procedente de Cacequf (RS), deve estar com a procedência errada. Em Rio Grande e Pelotas, sudeste da área, nota-se uma fase cromática peculiar que se apresenta muito delgada, com estrias pretas muito finas e manchas pretas ventrais pequenas e cordiformes - é a forma leptolineata (Lema, 1977, 1984). Fomos mordidos por jovem desta subespécie tendo sido necessária a adoção de sôro anti-ofídico e o empeçonhamento foi do tipo botrópico com hemorragias (Lema, 1978a). N. V.: Cabeça preta da praia, cabeça preta da areia. OBS.: Outros táxons da mesma tribo atingem a região mesopotâmica da AR (entre rios Uruguai e Paraná) e cuja fisionomia é contínua com o oeste da área. É, pois, possível que também ocorram nesta área. São elas: P. spegauinii (Boulenger, 1913), que se dispersa ao nordeste da AR; P. tricolor (Duméril, Bibron et Duméril, 1854), que se dispersa da regiao da BOL, PAR, BR ocidental pela bacia do Paraná, tendo sido vista à noroeste do UR, onde foram vistos ambos táxons; Apostolepis dimidiata (Jan, 1863) e A. assimilis (Reinhardt, 1861) são espécies do cerrado do BR e que se dispersam para sudoeste atingindo o PAR e norte-nordeste da AR. É provável que também possam chegar à região do Alto Utuguai.

T ACHYMENINI Bailey Tachymenini Bailey, 1967, Herpet., 23(2):160. OBS.: Outro táxon isolado de Alsophiini sensu Dowling & Duellman (1978), seguindo Bailey (1966, 1967) e do qual estamos convencidos de sua monofiletia, exceto Ditaxodon. L. Calamodontophis Amaral Calamodon Amaral,1936a (preoc. Calamodon Cope,1875), Mem. Jnst. Butantan, 9(1935):203. Espécie-tipo: C. paucidens (Amaral). Calamodontophis Amaral (n. subst. pro Calamodon Amaral, 1935), 1963, Copeia, 1963:580. 14. Calamodontophis paucidens {Amaral) Calamodon paucidens Amaral, 1936a, Mem. Inst. Butantan, 9(1935):204, fig.l. Localidade-tipo: São Simão, RS, BR. D.O. Sudeste do PR para a DC do RSjunto ao PMB, no BR. OBS.: · Espécie pouco conhecida pelo baixo número de espécimens conhecidos. O segundo exemplar foi descrito por Pagini & Lema (1987),

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, deumbro, 1994 101 sendo que mais exemplares foram encontrados e estão sendo analisados. Notável é a presença de sulcos laterais em dentes maxilares pré-diastemais. Possue padrão cromático dorsal de Tomodon dorsatus. (Em estudo) N. V.: Falsa cobra espada, cobra espada xadrez.

LI. Gomesophis Hoge et Mertens Tachymenis Wiegmann, 1835 (part.), N. Acta Acad. caes. Leop.-Carol., 17(1)(1834):251. Espécie-tipo: T. peruviana Wiegmann. Gomesophis Hoge & Mertens, 1959, Senck. biol, 40(5-6):242. Espécie­ tipo: Tachymenis brasiliensis Gomes.

15. Gomesophis brasiliensis (Gomes) Tachymenis brasiliensis, Gomes, 1918, Mem. Inst. Butantan, J(l):78, est. 14, fig. l. Localidade-tipo: Pindamonhangaba, SP, BR. D.G.: PMB oriental, de sudeste de MG ao nordeste do RS, pelo PMB. Na área encontramos em Barracão, Fazenda Souza e nos Aparados da Serra, em zonas florestadas. OBS.:Em drenagem de banhado na Fazenda Souza foram apanhados diversos exemplares os quais foram depositados no MCN, entre eles havia diversas fêmeas grávidas (vivípara). (Em estudo) N. V.: Cobra bola, cobra d' água, cobra do lodo.

LII. Ptychophis Gomes Ptychophis Gomes, 1915, Ann. paul. Med. & Cirurg., 4(6):127. Espécie­ tipo: P. flavovirgatus Gomes. Paraptychophis Lema, 1967, Iheringia (Zool.) (35):62. Espécie-tipo: P. meyeri Lema.

16. Ptychophis flavovirgatus Gomes Ptychophis flavovirgatus Gomes, 1915, Ann. paul. Med. & Cirurg. 4(6): 128, est. 4, fig. 4-6. Localidade-tipo: São Bento [do Sul], SC, BR. Paraptychophis meyeri Lema, 1967, Iheringia (Zool.)(35):63, fig. 1-10. Localidade-tipo: Porto Alegre, RS, BR. D.G.: PMB oriental para central; do sudeste de MG para o norte do RS e Serra do Sudeste. OBS.: Própria de águas lênticas localizadas em regiões florestadas do planalto. Porto & Caramaschi (1988) invalidaram P. meyeri. Observações sobre a anatomia e a biologia foram estudadas recentemente (Lema & Deiques, 1992). N. V.: Cobra espada de água, cobra d' água.

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LIII. Thamnodynastes Wagler Thamnodynastes Wagler, 1830, Syst. Amph.: 182. Espécie-tipo: Natrix punctatissima Wagler ( = T. pallidus (Linnaeus)). OBS.: Gênero carente de revisão. Para a determinação de exemplares vem sendo largamente usado Peters & Orejas-Miranda (1970) e sendo assim, nossas coleções tem apenas duas espécies na área, identificáveis pela presença ou ausência de carenas nas notostegas. Temos notado que o material identificado apenas em duas espécies por esse aspecto são, na verdade, diversas espécies e, segundo Joseph R. Bailey (com. oral), há cerca de 21 espécies. Vimos no material isolado como de T. strigilis, três fenótipos diferentes, a julgar pelo porte e coloração. Sabemos que há, pelo menos, três herpetólogos diferentes em diferentes instituições, trabalhando com o gênero. E sabemos, também, que a revisão de Bailey está sendo ultimada para publicação por Robert Thomas (U.S.A.). (Em estudo)

Chave para as espécies: Notostegas lisas. Coloração dorsal com manchas espaçadas, variando nos sexos ...... strigatus Notostegas carenadas. Coloração dorsal estriada. Porte muito me- nor que a anterior, delgada ...... _...... strigilis

77. 1hamnodynastes strigatus (Günther) Tomodon strigatus Günther, 1858, Cat. col. sn.:52. Localidade-tipo: "ln­ dia" - erro. D.G.: PAR meridional para o nordeste da AR até Buenos Aires, e no BR meridional, até o RS. OBS.: Parece ocorrer em toda a área em zonas de campo sujo e margens de mato, mimetizando palha seca e terra lavrada. Muito agressiva mas sua mordida não produziu edema notável em alguns acidentes ob­ servados. Vimos que a cor primária dorsal varia de pardo ocre a chocolate, sendo comum em certas partes do RS um tom rosado. Amaral (1977) ilustra a cor do macho e da fêmea em material de SP (BR). N. V.: Corredeira comum, corredeira lisa, corredeira grande.

78. 1hamnody11astes strigilis (Thunberg) Coluber Strigilis Thunberg, 1787, Mus. nat. Acad. Upsala (2):22. Lo­ calidade-tipo: não dada. D.G.: AS setentrional, a leste dos Andes para o sul; no BR, BAR, AR e UR.

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OBS.: Vimos esta espécie, ou padrão de espécies, em regiões baixas e abertas ricas de banhados. É menos frequente que a anterior e nunca tentou morder, parecendo dócil. Pequena e delgada, alguns espécimens, com a cabeça visivelmente grande, tem uma mancha preta arredondada sobre o frontal; outros apresentam as estrias dorsais enquadrando uma série de pontos escuros vertebrais; etc. (Em estudo). N. V.: Corredeira pequena, corredeira carenada.

LIV. Tomodon Duméril, Bibron et Duméril Tomodon Duméril, 1853 (n. nudum), Mém. Acad. Sei. Paris, 23:495. Espécie-tipo: T. dorsatus (Duméril, Bibron et Duméril) Tomodon Duméril, Bibron et Duméril, 1854, Erp. gén., 7:933. Espécie-ti­ po: T. dorsatus. Opisthoplus Peters, 1882, Sitzber. Akad. Wiss. Berlin, 52:1148. Espécie­ tipo: O. degener Peters (T. dorsatus). Aproterodon Vanzolini, 1947, Pap. av. Z.Ool. S. Paulo(8):181, fig. Espé­ cie-tipo: A. dementei Vanzolini ( = T. dorsatus). OBS.: Dowling & Duellman (1978) alocaram-na em Hydropsini, en­ tretanto preferimos seguir Bailey ( 1966, 196 7).

Chave para as espécies: Presença de loreal. Dentes pré-diastemais 5-8. Mucosa buco-cloacal rosada. Duas séries de manchas ocelares dorsais que se justapõem dos lados de uma linha branca vertebral; ventre com manchas pretas ocelares sobre fundo claro ...... ; ...... ocellatus Loreal ausente. Dentes pré-diastemais 0-5. Mucosa buco-cloacal preta. Dorso variando do pardo oliváceo ao rosado e chocolatado, com ou sem manchas dispostas em séries oblíquas; ventre escuro, tisnado, com séries irregulares de manchinhas pretas tracejadas longitudinalmente ...... dorsatus

19. Tomodon dorsatus Duméril, Bibron et Duméril Tomodon dorsatum Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén., 7:934. Localidade-tipo: "Brasil?" Opisthoplus degener Peters, 1882, Erp .gén., 7: 1149, fig. 1-4. Localidade­ tipo: RS, BR. Tomodon dorsatus --Boulenger, 1896 (emend. pro T. dorsatum Duméril et al. ), Cat. sn., 3: 121. AproterO

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D.G.: PMB florestado, de MG (sudeste) ao RS e nordeste da AR. OBS.: Cechin (1989a-b) analisou a variação máxilo-dentária, invali­ dando O. degener que os AA vinham insistindo no uso, apesar de Bou­ lenger (1896) .e Bailey (1966) terem invalidado. Sua coloração varia muito fazendo pensar em polimorfismo ou composição de espécies. Através do exame de um lote de espécimens de toda a área de ocorrência, pudemos firmar padrões cromáticos e procuramos relacionar com a procedência, se­ xo e idade - não encontrando relacionamento. A cor geral dorsal varia de pardo-oliváceo, pardo-amarelado, pardo-avermelhada, pardo-anegrada, ocre ou vermelha; quanto à pattem pode ou não estar presente, podendo ser discretos pontos escuros na região cervical até totalmente rajada obliqua­ mente de preto entremeado de pintas brancas ou amareladas. Tem o hábito de subir em árvores. Durante três anos observa-mos uma população na base do morro Teresópolis, em Porto Alegre, na área e vimos que, quando chovia no verão, elas saiam a forragear Veronicellidae (lesmas) sendo 11 chamada de "jararaca da chuva • Quando irritada erguia-se anteriormente, achatando-se totalmente como uma Waglerophis, ficando a cabeça trian­ gular, imitando fortemente certos neárticos, o que leva as pessoas em geral a temerem-na e chamar-lhe 11jararaca 11 (Lema, 1989). N. V.: Cobra espada comum, cobra espada grande, cobra espada ver­ dadeira.

80. Tomodo11 ocellatus Duméril, Bibron et Duméril Tomodon ocellatum Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp.gén., 7:938. Localidade-tipo: 11 Brasil". Tomodo11 ocellatus --Boulenger, 1896(eme11d.pro T. ocellatum Duméril et al.), Cat. sn., 3: 121. D.G.: Pampeana - da AR ao sudoeste do RS e non .tP, do UR. OBS.: Própria da AR, exceto Patagônia, sendo ra ... na área. A loca­ lidade mais oriental que vimos foi em Livramento, divisa com Uruguai. Es­ ta espécie, a nosso ver, e com base no trabalho de Cechin (1989-b), per­ tence a outro gênero. Na própria chave aqui apresentada de diferenciação, nota-se a forte diferença entre as duas espécies, isso reforçado por caracteres cranianos e hemipenianos, sendo os hemipênis divididos até quase metade do órgão e totalmente revestidos de espinhos que diminuem da base para o ápice, não sendo discados ném capitados e o crânio tem um só diâmetro, anterior e posteriormente - o oposto de T. dorsatus. Também a ecologia e corologia são diferentes, sendo esta de áreas abertas e pampeanas e aquela de florestas umbrófilas elevadas. (Em estudo) N. V.: Cobra espada pampeana, cobra espada pintada

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DIPSADINI Bonaparte Dipsadina Bonaparte, 1838, Nuovi. Anil. Sei. nat., 1:392. Cope, 1860, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1860:264. Dipsadini Dowling & Duellman, 1978, Syst. Herp. :264.

LV. Atractus Wagler Atractus Wagler, 1828, Jsis v. Oken, 21:741. Espécie-tipo: A. trili11eatus Wagler. OBS.: Táxon complexo, com excessivo número de espécies, todas mal conhecidas, diversas delas conhecidas apenas pelo holótipo estando muitos deles descorados. Nota-se uma tendência a diminuir o número de filas de notostegas ao sul da área de distribuição do gênero. (Em estudo)

Chave para as espécies: 1. Notostegas e'll 15 filas ...... 2 Notostegas em 17 filas. Coloração dorsal vermelha manchada ir- regularmente de preto ...... guentheri 2. Coloração dorsal uniforme ...... reticulatus Coloração dorsal com estria negra vertebral ...... taeniatus

81. Atractus cf. guemheri (Wucherer) Rhabdosoma maculatum - Günther, 1858, Cat. col. sn.:241 (part.). Geophis güntheri Wucherer, 1861, Proc. wol. Soe. London, 1861:115, est. 19, fig. 1. Localidade-tipo: Canasvieiras, São Salvador, BA, BR (Amaral, 1977). D.G.: AS a leste dos Andes - da região setentrional (COL, VEN) a oriental até RS (BR) pelo PMB. É o primeiro registro para a área. OBS.: O holótipo corresponde à variedade "A" de Boulenger (1894). Vimos exemplares de MG, SP, RJ (BR) e COL. Os exemplares da área (poucos, no IB) procedem de Itatiba e ljuí, ambos na região do Alto Uruguai. A espécie varia ontogenicamente também. Entretanto, o material identificado como tal não corresponde com o holótipo depositado no Toe Natural History Museum, de Londres (Ronaldo Fernandes, com. pes.) (Em estudo). N. V.: Cobra coral da terra, falsa coral.

82. Atractus reticulatus (Boulenger) Geophis reticulatus Boulenger, 1885, Ann. & Mag. nat. Hist.(5)16:81. Lo­ calidade-tipo: "São Lourenço", RS, BR - atualmente: São Lourenço do

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Sul, margem interna ocidental-sul da Laguna dos Patos. onde morou Hermann von Ihering que enviou material ao Museu de Londres. D.G.: Do PMB para o PAR e nordeste da AR (Peters & Orejas­ Miranda, 1970) OBS.: A. paraguayensis Wemer, 1924 foi alocada por Amaral (1930a) como subespécie desta. Vimos colecionando material da área e notamos variação muito grande e, a nordeste da área, de onde procede a maioria dos exemplares colecionados no MCN e MCP, vimos os padrões: (a) rosado uniforme dorsal, com retículo regular; (b) avinhado escura na zona vertebral; (c) reticulado negro obliquado formando uma li­ nha vertebral preto e branco. É possível que haja mais de uma espécie e a colocação de uma subespécie nesse complexo desconhecido é inade­ quada. (Em estudo) N. V.: Cobra de terra comum.

83. Atractus taeniatus Griffin Atractus taeniatus Griffin, 1916, Mem. Carnegie Mus. 7(3) (1915): 173. Localidade-tipo: Santa Cruz, BOL. D.G.: Da BOL para o nordeste da AR e noroeste do RS, BR. OBS.: Apontada para a AR por Williams & Gudynas (1991). En­ tretanto, nesse trabalho, os AA confundem outro táxon que consideram forma jovem de A. taeniatus. Em verdade trata-se de uma espécie nova que vimos estudando e que encontramos ao norte da área. Outrossim, não vimos o tipo de A. taeniatus e, pela descrição original difere do material que estamos vendo de SC e RS, no BR. Sendo assim, é duvidosa a ocorrência de A. taeniatus no RS mas, com certeza, de duas espécies por descrever. (Em estudo) N. V.: Cobra de terra listada.

L VI. Dipsas Laurenti Dipsas Laurenti, 1768, Synops. rept.:89. Espécie-tipo: D. indica Laurenti.

84. Dipsas incerta (Jan) Leptognathus incertus Jan, 1863, Elenco sist.: 101. Localidade-tipo: Guiana Francesa - erro. D.G.: Area costeira do BR sudeste e sul - do ES ao RS. OBS.: Conhecida até SC e agora descoberta em Torres e de Caxias do Sul (PMB), no RS, por Marcovan Porto de três exemplares depositados no m. N. V.: 'Dormideira de árvore.

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OBS.: Outras duas Dipsas podem vir a ser encontradas na área, D. albifrons (Sauvage, 1884) e D. indica bucepahala (Boettger, 1802), sendo que a primeira tem distribuição mal definida e está registrada para SP, MT e SC (BR) segundo Peters & Orejas Miranda ( 1970); e a segunda é conhecida no sudeste do BR e em Misiones, AR.

LVII. Sibynomorphus Fitzinger Sibynomorphus Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl., 1:27. Espécie-tipo: Pipsas mikanii Schlegel OBS.: Gênero pouco estudado, carente de revisão, em que pese a contribuição de Peters (1960). A distribuição geográfica e a variação são muito maiores que o registrado, havendo dificuldade até na diferenciação de Dipsas em diversas espécies. (Em estudo). Chave para as espécies: 1. Notostegas da linha vertebral quase iguais em tamanho às pa­ ravertebrais. Manchas dorsais alcançam só a quarta ou quinta fi- las de notostegas na metade posterior do tronco ...... turgidus Notostegas vertebrais conspicuamente maiores que as para- vertebrais ...... 2 2. Subcaudais em 60 ou mais; gastrostegas em mais de 16.3; supra­ labiais 9 ou menos. Manchas dorsais pretas, estreitando poste­ riormente e atingindo apenas a primeira fila de notostegas; cor primária brancacenta ...... mikanii Subcaudais 59 ou menos ...... 3 3. Supralabiais frequentemente 7 ou mais. Manchas dorsais algo mais largas ou iguais aos interespaços claros posteriormente; cor primária cinzento clara ...... neuwiedi Supralabiais freqüentemente 6. Manchas muito mais largas que os inter­ espaços claros, posteriormente. Ventre fortemente manchado de manchas ocelares e cor primária brancacenta ou pardacenta...... ventrimaculatus 85. Sibynomorphus mikanii (Schlegel) 11 11 Dipsas mikanii Schlegel, 1837, Ess. phys., 2:277. Localidade-tipo: Brasil • D.G.: Norte da AS para o BR oriental atingindo o PMB e Encostas de Nordeste na área. OBS.: Bastante rara no RS. Acreditamos ser prematuro a descrição de subespécies tendo em vista a vasta distribuição geográfica da espécie e a grande variação que apresenta. (Em estudo) N. V.: Dormideira preta

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86. Sibynomorphus neuwiedi (lhering) Cochliophagus mikanii neuwiedi lhering. 1911, Rev. Mus. paul., 8(1910): 333. Localidade-tipo: "Estados de SP e RS" - deve ser restrita. D.G.: BR oriental - da BA à SC. OBS.: Segundo Francisco Luís Franco, é uma espécie polimórfica (com. oral) e ele aponta cinco morfos. (Em estudo) N. V.: Dormideira oriental, dormideira cinzenta, dormideira anelada.

87. Sibynomorphus turgidus (Cope) Leptognathus turgida Cope, 1868, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1868: 136. Localidade-tipo: parte setentrional do rio Paraguai. D.G.: Zona central a ocidental da AS, da BOL à AR e UR. Vista no lado oeste da área por Lema & Fabián-Beurmann (1977). OBS.: Espécie de padrão cromático muito variável segundo Francisco Luís Franco (com. oral). (Em estudo) N. V.: Dormideira rajada, dormideira tigrada.

88. Sibynomorphus ventrimaculatus (Boulenger) Leptognathus ventrimaculatus Boulenger, 1885, Ann. & Mag. nat. Hist., (5)16:87.Localidade-tipo: Serra dos Tapes, São Lourenço do Sul, RS, BR. D. G.: PMB para o sul e sudoeste, atingindo o PAR oriental e nordes­ te da AR. OBS.: Porto & Caramaschi (1990) igualaram H. poeeilolepsis comes­ ta em erro. A pretensa espécie e gênero novos de Amaral (1923), semelha um dos morfos que temos encontrado na área, sendo este morfo raro e destacando-se por apresentar as manchas dorsais em forma de faixas pretas muito próximas e interespaços brancos. Outro morfo apresenta manchas cinzentas escuras com centro claro e dispostas em duas séries isoladas pela linha vertebral clara que se apresenta ou em ziguezague, pela alternância das manchas, ou não, com algumas manchas coalescidas pela linha vertebral. Os interespaços claros podem ser cinza-claro a brancacento ou pardacento. Extremamente abundante em Porto Alegre, inclusive nas zonas urbanas e nos jardins de residências. (Em estudo) N. V.: Dormideira comum, dormideira grande.

XENODONTINI Bonaparte Xenodontini Bonaparte, 1845, Spec. erpet. -in: 6ª Reun. Sei. /tal. Xenodontini Cope, 1893, Amer. Naturalist, 27:481.

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L VIII. Liophis Wagler Liophis Wagler, 1830, Syst. Amph.: 187. Espécie-tipo: Coluber cobella Lin­ naeus. Leimadophis Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl.,1:26. Espécie-tipo: Na­ trix Almada Wagler (= Liophis almadensis (Wagler)). Lygophis Fitzinger, 1843, Syst. Rept. Amblygl.,1:26. Espécie-tipo: Herpe­ todryas lineatus Schlegel ( = Coluber lineatus L.) D.G.: Gênero revisto por Dixon (1980) que igualou os gêneros aci­ ma. Dixon chamou as espécies deste novo e grande gênero de "waters­ nak:es", entretanto poucas tem realmente hábitos aquáticos, como L. jaegeri e L. miliaris. A história taxonômica deste gênero é uma das mais confusas e complexas da biota neotropical. Infelizmente não conseguimos ver a Tese de Dixon, mas somente a 'chave (Dixon, 1989), além de artigos específicos. 1

Chave das espécies: 1. N otostegas em 17 filas ...... 2 N otostegas em 19 filas ...... 4 2. Coloração dorsal estriada; com duas estrias amarelas pleurais que · tem início no focinho. Corpo delgado e muito longo ...... flavifrenatus Cor dorsal uniforme no adulto; estria, quando presente, somente vertebral ...... 3 3. Cor dorsal verde com estria vertebral ferrugínea, ventre branco, passando para vermelho posteriormente ...... jaegeri Cor dorsal castanha e ventral branco-amarelada, com as ,escamas orladas de preto. Filhotes com manchas pretas e colar nucal preto em forma de "V" orlado de branco posteriormente ...... miliaris 4. Dorso de cor verde uniforme ...... 5 Coloração dorsal manchada ou estriada ...... 6 5. Estria vertebral ferrugínea sobre dorso verde; ventre branco pas- sando a vermelho posteriormente ...... jaegeri Adulto sem estria vertebral. U rostegas em menos de 57. Ventre brancacento ...... typhlus 6. Desenho supracefálico em forma de "Y" branco. Dorso com três séries de manchas pardo-claras; ventre branco passando a vermelho posteriormente, com barras pretas transversais ...... almadensis Sem desenho em "Y" sobre cabeça ...... 7 7. Ventre branco passando a vermelho, posteriormente, e imacula­ do. Dorso castanho claro com três séries de manchas pretas

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com algumas escamas amarelas de permeio; fina estria vermelha vertebral ...... anomalus Ventre manchado de preto sob a forma de barras transversais ...... 8 Ventre branco uniforme e dorso com três estrias longitudinais escuras ...... meridionalis 8. Mais de 75 urostegas. Padrão dorsal formado de manchas verte- brais e estrias pleurais sobre fundo pardacento ...... sagittifer Menos de 68 urostegas. Padrão juvenil com séries de manchas pretas sobre fundo amarelado e anéis nucais preto e branco. Adul- tos de cor verde ou castanha com manchas ou pontos ...... poecilogyrus

89. Liophis almadensis (Wagler) Natrix Almada Wagler, 1824, Serp. bras. sp. n.:30. Localidade-tipo: Bahia, BR. Natrix almadensis Wagler, 1824 (nom. emend. pro N. Almada), Serp. bras. sp. n.: est. 10. D.G.: BR oriental para central e sul até o UR; para sudoeste atinge a BOL, PAR e AR. OBS.: Desenho supracefálico varia, bem como o dorsal, cujas manchas podem ser bem definidas ou mal delineadas, tendendo à irregularidade. Fabián-Beurmann (1975) descreveu o_ crânio comparando-ocomode outros Colubridae e notando diferenças, mas Dixon (1980) incluiu a espécie na definição do gênero. N. V.: Jararaquinha do campo.

90. Liophis anomalus (Günther) Coronella anomala Günther, 1858, Cat. col. sn.:31. Localidade-tipo: "bancos do Paraná" - provavelmente rio Paraná, AR. D.O.: PMB até PAR, norte da AR e UR. OBS.: Parece apresentar dimorfismo sexual no desenho supra-cefálico. Esta espécie prefere andar na água para forragear (anfíbios e peixes). Tem frequência baixa na área e não conhecemos sua variação. Uma população isolada em Sierra de La Ventana, ao sul de Buenos Aires (AR), foi isolada como outra espécie, L. elegantissimus (Koslowsky), e outra, junto à Cordilheira dos Andes, na região de Córdoba, foi descrita como L. vanwlinii Dixon e cujo porte maior que as demais chamou-nos a aten­ ção, quando lá estivemos e um colega daquele país capturara alguns espécimens. N. V.: J araraquinha d' água.

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91. Liophisflavifrenatus (Cope) Lygophis flavifrenatus Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sd. Phila., 1862:80. Localidade-tipo: região do rio Vermejo, PAR - Cochran (1961:196) diz ser Buenos Aires, AR. D.G.: BR meridional, PAR e AR. OBS.: Própria de campo. Com frequência a vimos abrigar-se em man­ chas de gravatá do banhado. Parece apresentar dimorfismo sexual na colo­ ração. Pouco sabemos da variação nesta espécie. N. V.: Jararaca listada, corredeira listada, corre-campo.

92. Liophis jaegeri (Günther) Coronellajaegeri Günther, 1858, Cat. col. sn.:31. Localidade-tipo: "Brasil". D.G.: BR central a meridional e países vizinhos. OBS.: Dixon (1987) dividiu-a em subespécies, sendo que L. jaegeri coralliventris (Boulenger, 1894) ficou restrita à bacia do Paraguai, atingin­ do o PAR, AR e BR. Uma indicação para o RS foi feita com base em velho espécimen do Museu Senckenberg cuja procedência está errada. N. V.: Cobra d' água verde.

92.1. Liophis jaegeri jaegeri D.G.: Do PMB ao pampa, até AR e UR. OBS.: A cor ventral vermelho-salmão varia em extensão, podendo surgir desde a região cervical como no terço final, sempre atingindo toda a cauda. Possue hábitos aquáticos sendo comum nos campos do PMB e escassa mais para o sul. N. V.: Cobra d' água verde.

93. Liophis meridionalis (Schenkel) Aporophis lineatus meridionalis Schenkel, 1902, Verhandl. Nat. Ges., 13(1)(1901): 160. Localidade-tipo: Monte Sociedad, Bemalcue, PAR. D.G.: BR central e BOL setentrional, para o PAR meridional, extremo nordeste da AR e BR meridional, atingindo o noroeste do RS. N. V.: Corredeira listada.

94. Liophis miliaris (Linnaeus) Coluber miliaris Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.), J:220. Localidade­ tipo: "Indiis" - Santos, SP, BR (Gans, 1964:39). D.G.: AS a leste dos Andes - do Rio Negro, Amazonas à AR e UR. OBS.: Gans (1964) analisou a variação mas não descreveu subespécies, o que fez Dixon (1983a). Duas delas, pelo menos, estão indicadas para a

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área. Mas no litoral sul e sudeste, de Torres a SP, vimos outro fenótipo no qual predomina a cor amarela viva ventralmente, com zona vertebral cin- 7.enta e que, por Dixon (1983a) cairia dentro da distribuição de L. miliaris orinus.

Chave para as subespécies: 1. Porte maior, corpo reforçado, podendo atingir um metro de com­ primento. Coloração dorsal castanha escura e ventral amarela; gas- trostegas e urostegas marginadas fortemente de preto ...... semiaureus Porte menor, corpo alongado. Coloração dorsal cin7.enta na zona vertebral e gastrostegas-urostegas fracamente tingidas de preto na margem livre, às vezes faltando ...... 2 2. Dorso de fundo cin7.ento com notostegas nitidamente orladas de preto; ventre de fundo branco-amarelado ...... orinus Dorso cin7.ento somente na zona vertebral, para os lados toma-se amarelo vivo até o ventre inclusive. Porte pequeno ...... ssp.

94.1. Liophis miliaris orinus (Griffin) Rhadinaea orina. Griffin, 1916, Mem. Carnegie Mus. (1915)7(3): 195. Loca­ lidade-tipo: "Sierras de Bolivia" - São Paulo, SP, BR (Gans, 1964:39) D.G.: Sul de MG para o RS, pelo PMB. OBS.: Lema (1987a) enquadrou neste táxon a população litorânea citada antes e que acreditamos seja outra entidade. Na área vimos este fenótipo sobre o PMB e EINE. Na região de Bento Gonçalves (nordeste da á~) vimos espécimens com padrão que se aproxima do de C. rustica ocor­ rente na mesma área. N. V.: Cobra lisa serrana.

94.2. Liophis miliaris semiaureus (Cope) Opheomorphus merremii var. semiaureus Cope, i862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862:348. Localidade-tipo: "Paraguai" - provavelmente Bai­ xo Paraguai (Gans, 1964:39) D.G.: PAR meridional para nordeste da AR e pampas do RS e UR. OBS.: Abundante na área. Colecionamos exemplar gigante no bairro Petrópolis (Porto Alegre, RS) com quase um metro de comprimento, sendo muito reforçada. Foi doado ao Museu Carnegie (EUA). Parece preferir anfíbios pois, quando vem um deles, chega a comer na mão da pessoa. Sua preferência recae sobre Leptodactylus ocellatus (L.) por ser de porte grande. Vimos comer, com certa frequência, Chthonerpeton indistinctum Reinhardt et Lütken. No verão costuma dormir dentro da água rasa de

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, de7.embro, 1994 113 coleções de água e arroios nas horas de maior insolação (observações feitas principalmente na base do morro Teresópolis (Porto Alegre, RS). Vimos exemplar gigante enroscado em gato doméstico (Lema et al., 1983). Na região intermediária na área que fica entre o PMB e o pampa vimos um certo número de variações e que responsabilizamos a intergradação por isso. N. V.: Cobra lisa pampeana, cobra preta de banhado, cobra d'água. OBS.: Liophis miliaris ssp. é uma forma pequena, de coloração cin­ zenta na zona vertebral graduando para amarela pleural, paraventral e ventral e ocorrente nas coleções de águas · do litoral que se estende de Torres, RS, ao sul do PR.

95. Liophis poecilogyrus (Wied-Neuwied) Coluber poecilogyrus Wied-Neuwied, 1825, Beitr. Nat. Bras., J:37. Loca­ lidade-tipo: Barra do Jucu, "rio Espírito Santo", BR - pode ser Estado do Espírito Santo (BR). O holótipo é da subespécie própria daquela re­ gião (nominal).

OBS.: Para Amaral (1944a) é politípica e Dixon (1980) invalidou as subespécies dizendo (com. epist.) que algumas delas podem ser espécies. Apresenta notável variação ontogenética sendo os filhotes sempre muito manchados e de fundo claro, com colar nucal preto. Das subespécies reconhecidas por A~ral (op.cit.) a maioria, quando adulta, não apresenta semelhança com a coloração juvenil. Amaral (op.cit.) não dá uma chave para identificação das subespécies, não as ilustra e os dados sobrepõem-se em larga extensão. Outrossim, não indica as áreas de intergradação. Pela chave de Peters & Orejas Miranda (1970) as dúvidas aumentam porque há contradição como, por exemplo, o caminho que leva a subespécie mais comum no lado oriental (pictostriatus) a chave estabelece não ter manchas supracefálicas, não confere com o que observamos. Apesar de Dixon (op.cit.), continuamos a reconhecer subespécies na área até uma revisão completa ao menos nessa região. (Em estudo)

Chave para subespécies: 1. Ventre imaculado; coloração dorsal castanha uniforme ou manchada de escuro transversalmente ou em ziguezague alongado ...... subfasdatus Ventre manchado de preto por barras transversais inteiras ou me- tades ...... 2

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2. Coloração primária verde médio com pontos pretos vestigiais das manchas juvenís sendo os adultos bem desenvolvidos verde es- curo com as notostegas com ápice negro ...... pictostriatus Coloração primária verde escuro com notostegas de centro ama- relo que podem confluir em faixas transversais claras ...... sublineatus Coloração primária castanha no dorso com séries longitudinais de manchas castanho-escuras e coloração primária ventral verme- lho salmão ...... ssp.

95.1. Liophis poecilogyrus pictostriatus (Amaral) Leimadophis poecilogyrus pictostriatus Amaral, 1944a:77. Localidade-ti­ po: São Lourenço [do Sul], RS, BR. D.G.: BR sul oriental até UR. Na área vimos a leste e na DC para oeste, até Santa Maria. OBS.: Pela chave de Peters & Orejas Miranda (1970) os exemplares do lado oriental da área não se enquadram nesta subespécie porque a face supracefálica é manchada. Adultos verdes com notostegas manchadas de amarelo centralmente vimos mais ao sul da área. A figura de Amaral (1977) é de um adulto bem desenvolvido com tendência melânica e que vimos na região da Serra de Sudeste e daí para Montevideo (UR), sendo uma zona de melanismo populacional para várias espécies de Squamata (Lema, 1977, 1982a). Na região de Santa Maria (RS) o fenótipo dominante é verde escuro, melânico, e os jovens são semelhantes aos adultos de sublineatus; essa população centro-sul da área parece-nos ser uma intergradação da forma argentina com a oriental da área e que se dispersa para oeste pela DC. A nordeste da área temos encontrado exemplares totalmente verdes, sem sinais de preto, mimetizando bem a grama. Em uma pequena área brejada no bairro Teresópolis (Porto Alegre, RS) entre residências, encontramos uma população de grande porte com a coloração dorsal verde reticulada de preto. N. V.: Cobra verde, cobra de lixo, cobra de capim.

95.2. Liophis poecilogyrus sublineatus Cope [Liophis Merremii] var. sublineatus Cope, 1860, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1860:252. Localidade-tipo:Buenos Aies, AR Leimadophis poecilogyrus platensis Amaral, 1944, Pap. av. Zool. S. Paulo, 5(10):77. Localidade-tipo: La Plata, AR. D.G.: Pampa da AR para sudoeste do RS e norte do UR. OBS.: Adultos amarelo-esverdeados com manchas pretas irregulares. Comum na Província de Buenos Aires (AR) e vimos diversos espécimens

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 115 nas margens da rodovia Buenos Aires-Olavarria. O nome copeano tem prioridade sobre o de Amaral (1944a) (Em estudo) N. V.: Cobra verde argentina.

95.3. Liophis poecilogyrus subfasciatus Cope Liophis subfasciatus Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862: 77. Localidade-tipo: Paraguai. (Lema & Braun, 1993). OBS.: Parece predominar no PAR com dispersão para sudeste. Vimos poucos exemplares fixados descorados. N. V.: Cobra verde paraguaia.

OBS.1.: Liophis poecilogyrus ssp. é uma forma de porte médio de coloração dorsal castanha com séries de manchas escuras e ocorre no PMB da área do centro para oeste, em áreas abertas. (Em estudo) OBS.2: Dois exemplares que registramos para Uruguaiana, este do RS, como L. poecilogyrus platensis (Lema & Fabián-Beunnann, 1977), ostentavam cor verde garrafa escura com reticulado preto nas no­ tostegas. Na verdade não se trata da subespécie argentina mas, provavelmente, de um intergradante de subespécies que não sabemos quais possam ser. OBS.3: Deve atingir a área pelo PMB, L. poecilogyrus pinetincola (Amaral, 1944a), que ocorre em SC.

96. Liophis reginae (Linnaeus) Coluber Reginae Linnaeus, 1758, Syst. nat., (10 ed.), J:219. Localidade­ tipo: Indiis" - Suriname (Hoge, 1964:57) D.G.: AS a leste dos Andes, para o sul atinge o noroeste do RS. OBS.: Raciada geograficamente por Dixon (1983b).

96.1. Liophis reginae macrosoma (Amaral) Leimadophis reginae macrosoma Amaral, 1936, Mem. Inst. Butantan, 9 ( 1935):238. Localidade-tipo: Cana Brava, GO, BR D.G.: Do BR central para sudoeste atingindo a BOL, PAR e o norte da AR. Ocorre no extremo noroeste da área. N. V.: Cobra rainha meridional.

97. Liophis typhlus (Linnaeus) Coluber Typhlus Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.), 1:218. Localidade-ti­ po: "Indiis" - errado. D.G.: PMB para sudoeste, atingindo o oeste do RS.

Comun-. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, deumbro, 1994 116

OBS.: Vimos somente em São Borja, margem do Uruguai. Possue cor verde fortemente manchada de preto. N. V.: Jararaquinha verde.

LIX. Lystrophis Cope Lystrophis Cope, 1885, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1885: 199. Espécie-ti­ po: Heterodon Dorbignyi Duméril, Bibron et Duméril. OBS.: Gênero de ocorrência meridional. (Em estudo)

Chave para as espécies: 1. Olho, normalmente, isolado dos supralabiais por uma série de escudetes. Notostegas em 21 séries. Três séries de manchas escuras a pretas, orladas de claro, sendo a vertebral poligonal ou orbicular, e as pleurais mais altas que largas, geralmente desu- nidas das vertebrais ...... dorbignyi Olho em contato com dois supralabiais. Padrão dorsal anelado de preto com fundo vermelho) ...... 2 2. Notostegas em 19 séries. Gastrostegas em 133 a 144. Coloração dorsal de anéis pretos estreitos e de margens angulosas ...... histricus Notostegas em 21 séries. Gastrostegas em 153 a 173. Anéis negros largos dispostos em díades, entremeados de cor amarela ...... semidndus

98. Lystrophis dorbignyi (Duméril, Bibron et Duméril) Heterodon Dorbignyi Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén., 7: 772. Localidade-tipo: não dada - síntipos de "Brasil", "Santa Catarina", "Montevideo" e "Buenos Aires"; restrita aqui para Buenos Aires (AR) por ser a região de ocorrência da subespécie nominal. D.G.: Extremo-sul do BR para o PAR, AR e UR. OBS.: Espécie muito variável e politípica (Lema & Araujo, 1983). Vi­ mos duas subespécies na área e espécimens intergradantes entre elas e com outras de regiões vizinhas. Apresentamos aqui, previamente, quatro subes­ pécies das sete que provavelmente existem. N. V.: Nariguda comum, jararaca da praia.

Chave para as subespécies: 1. Manchas vertebrais orbiculoides. Tronco cilíndrico, com aresta vertebral pouco evidente. Cabeça larga, depressão cervical pou- co visível ...... 2

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Manchas vertebrais alongadas a poligonais. Aresta vertebral evidente, tronco prismático. Cabeça afilada, não saliente, de- pressão cervical visível mas pouco acentuada nos adultos grandes ...... 3 2. Porte pequeno; tronco cilíndrico. Coloração geral clara casta­ nho-rosada com manchas castanho-escuras; as vertebrais orbicu­ lares e as pleurais levemente angulosas, estas interespaçadas de suave sombreado castanho. Lados das gastrostegas imaculados. Cloacal vermelha ...... chacoensis Porte grande; tronco cilíndrico a subcilíndrico; cabeça saliente. Coloração geral pardo-cinzenta, com manchas dorsais castanho­ anegradas, sendo as vertebrais pequenas, orbiculares ou leve­ mente angulosas. Lados gastrostegas com pontos pretos. Cloacal preta ...... dorbignyi 3. Manchas dorsais pretas, tendendo à fusão transversal em cintas. sobre fundo creme-amarelado, com ou sem mancha vermelha entre as pleurais. Focinho preto e amarelo. Ventre branco tarjado de preto e com faixa mediana longitudinal vermelho- púrpura ...... uruguayensis Manchas dorsais castanho-escuras sobre fundo castanho-olivá­ ceo, com ou sem manchas vermelhas interpleurais. Focinho oli­ váceo com manchas pretas. Ventre vermelho-coral tingindo quase todo o ventre ...... orientalis

98.1. Lystrophis dorbignyi dorbignyi Localidade-tipo: Buenos Aires, Argentina. D.G.: Província de Buenos Aires, AR, com dispersões para as Províncias vizinhas de Buenos Aires, atingindo o oeste do RS. OBS.: É a maior, mais variável e de maior frequência das subespécies que ora apresentamos. Apresenta mimicria com Bothrops ammodytoides Leybold, 1873, que é simpátrica com ela ao centro e oeste da AR, tanto na cor, como na forma, inclusive até na forma semelhante do focinho arrebitado. Intergrada com L. dorbignyi chacoensis ao centro e ao norte da área, com L. dorbignyi uruguayensis a nordeste da AR, entrando a oeste do RS; na região da mesopotâmia dos rios Uruguai e Paraná, nordeste da AR, há fenótipos muito variados que indicam o resultado de intercruzamento de 11 11 duas ou mais subespécies. Apresenta vários morfos: amrnodytoides , cujas manchas vertebrais são muito próximas, intercaladas de cor creme (semelhante B. ammodytoides); "melânico", fortemente sufusado de preto nas manchas e áreas intermediárias pleurais, dominando o preto e o cinz.a, inclusive no ventre; "lobería", de cor castanho-anegrada e manchas

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto AlegN, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 118 semelhantes a da subespéci~ oriental do Brasil, ocorrentes ao sul da Província de Buenos Aires, onde há abate de pinipédios para paleteria, daí nome. Descrição do holótipo: CHINM 2050. Adulto grande, fêmea. Folidose: Supralabiais, 7; infralabiais, 9, 5 em contato com mentais anteriores que são o dobro mais longos que os posteriores; rostral com aresta levemente côncava, o que acentua aspeto de focinho arrebitado; pós-rostral pentagonal; temporais, 2+6/3 +3, resultando de ázigos e divisões que interpretados, fica 1 + 3/2 + 3; prefrontais paralelogrâmicos, irregulares; frontal quase tão largo quanto longo, com lados côncavos e de forma pentagonal; dorsais em 21-21-17; ventrais, 3 + 133; subcaudais, 32 pares; cloacal dividida. Medidas: comprimentos da cabeça, tronco, cauda e total, 32+568+92=692mm; larguras da cabeça, maior 26,0 e menor 6,5mm, tomadas nos parietais e narinas, respetivamente. Morfologia: Cabeça com a p~rte ântero-superior saliente (do rostral aos parietais), larga, sem distinção do _pescoço, que é muito grosso e assim o tronco, afinando para o último terço e acinturando na região cloacal; face ventral plana. Coloração: Focinho pardo claro com mancha escura de forma trapezoidal em cada intemasal; cabeça dorsalmente, pardo-brancacento com manchas quase pretas e castanho-anegradas; dorso pardo claro e brancacento ou cinzento, com 35 manchas vertebrais castanho-anegradas arredondadas, algumas irregulares no extremo posterior do tronco; manchas pleurais alongadas verticalmente e áreas entre elas melanizadas irregularmente de pequenas manchas pretas; zona paraventral cinza melanizado sobre fundo cinzento, com a cor preta falhada de pontos claros. Ventre com faixas pretas inteiras em· cada duas ventrais, isoladas duas vermelhas, havendo algumas faixas incompletas entremeadas entre as inteiras; subventre terjado regularmente de preto e vermelho suave; lados ventrais e subventrais creme. Cloacal preta. 11 Nome vulgar: "Yarará ata", "Falsa yarará , nàriguda argentina.

98.2. Lystrophis dorbignyi chacoensis ssp.n. Localidade-tipo: Malabrigo, Santa Fé, Argentina. D.G.: Região natural do Chaco, ao norte da AR para o PAR sul e oeste; dispersões para leste e sudeste da AR. OBS: É a menor das subespécies, sendo curta e grossa, de coloração clara e escura, contrastada, dominando a cor castanha; as manchas parecem cor de chocolate com leite. Pa.ra sudeste intergrada com a nominal em larga z.ona e para leste da AR intergrada com L. dorbignyi uruguayensis e L.

Conwn. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dez.embro, 1994 119 dorbignyi orientalis, entrando a oeste do RS fenótipos intergradantes de cor muito escura, achacolatada na regição noroeste da área. Descrição do holótipo: CHINM 941. Adulto grande, fêmea. Folidose: Pós-rostral trapezoidal e larga; prefrontais paralelos; frontal triangular; parietais isodiamétricos; dorsais, 21-21-17; ventrais, 1 + 133; cloacal dividida; dubcaudais, 28 pares. Medidas: Comprimento da cabeça, tronco, cauda e total, 21 + 345 +62=425mm. Morfologia: Cabeça curta, larga, com focinho curto mais pontudo; área supracefálica anterior plana; tronco grosso, curto e cilmdrico. Coloração: dorsal primária castanho clara suave, levemente rosada, com 39 manchas vertebrais pequenas 1;10 tronco e 11 sobre a cauda, de forma arredondada com algumas alongadas e menos oblíquas, ocorrendo algumas fusões nas oblíquas em "V" ou "W" (2-4 manchas); as vertebrais tem margem preta e orladura clara pouco nítida; manchas pleurais isodiamétricas ou mais altas que largas, tendo a mesma cor daquelas, isto é, castanho forte de chocolate; áreas interpleurais claras, levemente escurecidas de castanho. Ventre claro, cor vermelha salmão, com poucas manchas pretas incompletas, semilunares, com ligações irregulares entre elas e que desaparecem no final do último terço; no subventre há poucas faixas pretas e irregulares. N.V.: "Yarará nata", nariguda pequena, nariguda marrom, nariguda chaquenha.

98.3. Lystrophis dorbignyi oriemalis ssp.n. Lystrophis dorbignyi-Lema, 1961, lheringia, Zool. (17):11-4, est.3-6. Localidade-tipo: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. D.G.: Extremo sudeste do Brasil, em SC e RS, com dispersão para a Depressão Central, litoral interno e externo do RS. OBS: Subespécie de porte médio, de cor pardo-olivácea a cinzenta e manchas castanho-clatras, geralmente alongadas e obliquadas e sendo comum em "V" ou "W" ou mais (2, 3, 4 ou mais manchas em ziguezague) (Lema, 1961). Um morfo é próprio do litoral norte, tipo "Cidreira", com aspeto cromático característico na zona paraventral em forma de xadrez salpicado de claro e escuro (padrão sal e pimenta). Intergrada com a forma uruguaia para o sul do RS e oeste, onde também intergrada com a nominal e, mais para o nordeste, com a chacoensis. Sua dispersão para o sul e oeste parece estar, portanto, barrada pela intensa intergradação com as sub­ espécies dessas regiões ·vizinhas. Descrição do holótipo: 1B 17873. Adulto, macho. Folidose: supra­ labiais, 7; IV-V tocando órbita e 2/2 suboculares; infralabiais, 9, 1-IV to­ cando mentais anteriores, estas maiores que as posteriores; temporais, 1 +2;

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 120 dorsais, 21-21-17; ventrais, 2+ 138; subcaudais, 39 pares. Medidas: com­ primento da cabeça, tronco, cauda e total, 21 +348+67=436mm; cabeça: largura maior, 13, 1 (parietais); altura na narina, 6,0; altura no olho, 8,9; distância da narina ao olho, 3,3mm. Morfologia: Cabeça alongada, com focinho afilado, pontudo, depressão cervical visível, discreta; tronco alongado, com aresta vertebral nítida. Coloraçdo: Cor g~ral pardo-olivácea a cinzenta clara, com 35 manchas vertebrais no tronco· e 9 na cauda, de forma alongada tendendo à obliquidade, tem cor castanha clara, delimitada por linha preta e orladura clara suave; manchas pleurais em 33/37 no tronco e 9 no dorso da cauda em forma de anéis escuros, sendo castanhas marmoradas de branco e cinz.a, mais altas que largas, poligonais. Ventre claro de cor vermelho coral com faixas pretas inteiras e incompletas misturadas, com os lados brancos. N. V.: Jararaca da praia, jararaca das dunas, nariguda oriental.

98.4. Lystrophis dorbignyi uruguayensis ssp.n. Localidade-tipo: El Pinar, Carretera Intervalnearia, Canelones, Uru­ guay. D. G.: Própria do UR, com dispersão para as partes baixas do RS e planalto via encosta interior central; no planalto ocupa-o a oeste. Disperão para o nordeste da AR. OBS: atinge grande porte, mas não tanto quanto a nominal. Facilmente caracterizável pela coloração contrastada preta e amarela, com alta taxa de eritrina no dorso e ventre. Tende ao tipo "rajado", com fusão transversal das três séries de manchas dorsais e apresentando, também, tendências ao obliquamento das manchas vertebrais e fusões como segmentos de ziguezague vertebral, como na forma oriental. Integrada com L. dorbignyi orientalis em larga zona ao sul do RS, e com a nominal, no oeste do RS e nordeste da AR; também intergrada com a chacoensis, em menor escala, mais no extremo nordeste da AR e noroeste do RS. Descrição do holótipo: MHNM 557. Adulto, fêmea. Folidose: Supralabiais, 7, 4/5 contatando com oculatr; infralabiais, 9, 4 anteriores contatam com mentais anteriores, estas maiores que· as posteriores; sub­ oculares, 1 + 1; temporais, 2+ 1; dorsais 21-21-17; ventrais, 1 + 132; sub­ caudais, 33pares, cloacal dividida. Medidas: comprimentos da cabeça, tron­ co, cauda e total, 23 +486 + 70=579. Morfologia: Cabeça afilada, como a oriental. Corpo alongado, com aresta neural nítida. Coloraçdo: Cabeça amarela com manchas pretas e assim o focinho. Cor geral amarela vivo no dorso e lados do ventre e subventre, manchas pretas, sendo as vertebrais alongadas, algumas oblíquas; pleurais estreitas, cuneiformes, altas, e as três

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, de7.embro, 1994 121 manchas dorsais unem-se em anéis negros na cauda. Regiões interpleurais vermelho-vivo acentudado para o ventre cauda com aspeto de "cobra coral". Ventre amarelo nos lados com faixa mediana vermelho púrpura vivo, com faixas duplas largas maiores que as áreas vermelhas. N. V.: "Vípora yarará", nariguda uruguaia, falsa-coral nariguda.

99. Lystrophis histricus (Jan) Heterodon histricus Jan, 1863, Arch. Zool. Anat. Fisiol., 2(2):224. Localidade-tipo: não dada. D.G.: Sudoeste do BR para o PAR, AR e UR. OBS.: Rara na área. Vimos exemplares de Passo Fundo e Caxias do Sul no PMB; Montenegro, São Leopoldo na ElNE; São Simão, Pinheiro Machado, na Serra de Sudeste; Pampeiro em Cacequí do Sul. Há registros para a Estação Ecológica do Taim, no extremo sudeste do RS, e para Rocha, UR. N. V.: Nariguda rajada, falsa coral.

100. Lystrophis semicinctus (Duméril, Bibron et Duméril) Heterodon semi-cinctus Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén. 7:774. Localidade-tipo: "Buenos Aires e Santa Cruz" - deve ser restrita. D.G.: BOL meridional para sudoeste, atingindo o BR ocidental, PAR e AR. Indicada para o RS e UR, mas nunca a vimos na área onde, se ocorrer, deve ser no extremo oeste. OBS.: Vimos diversos exemplares da AR, onde é comum, apre­ sentando dnis padrões de coloração: (a) geral claro, com interespaços creme largos; (b) escuro, com interespaços creme estreitos' e díades largas, predominando a cor negra. Não vimos exemplares da BOL e PAR. Para Avelino Barrio (com. pessoal) é politípica. O tipo a é próprio da região norte. N. V.: Nariguda falsa coral.

LX. Waglerophis Romano et Hoge Waglerophis Romano & Hoge, 1973, Mem. Jnst. Butantan, 36 (1972):209. Espécie-tipo: Ophis Merremii Wagler OBS.: Gênero monotípico proposto por Romano & Hoge (1973) para a até então conhecida Xenodon merremii. Entretanto, há dúvidas por falta de dados do crânio e dos hemipênis de todas as espécies de Xenodon. (Em estudo)

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101. Waglerophis merremii (Wagler) Ophis Merremii Wagler, 1824, Serp. bras. sp. ,z.:47, est.17. Localidade-tipo: Bahia, BR D.O.: Ampla distribuição na AS a leste dos Andes - das Guianas ao BR, BOL, PAR e AR. OBS.: Própria de áreas florestaaas, atingindo o RS pelo PMB. Para Schreiber (1950) é polimórfica. No RS vimos variação maior que a apresentada por aquele A, e notamos que os exemplares bem desenvolvidos tem coloração uniforme, variando do pardo avermelhado ao esverdeado. Vimos que há padrões que tendem a imitar determinadas espécies de Crotalinae como Bothrops jararacussu (preta e amarela, grande porte), Bothroj,s alternatus (castanha rosada a amarelada, com manchas dorsais arredondadas), Bothrops neuwiedi (manchas angulosas, partidas, castanha), Bothrops jararaca (amareladas, manchas em "V" unidas, às vezes, em "X") e Crotalus durissus terrificus (amarelada cinzenta a parda escura com manchas em "X" formando losangos vertebrais). O padrão mais comum faz mimicria com B. jararaca e é assim tratada pelas pessoas em geral. Vimos alguns exemplares erítricos da região a oeste da Laguna dos Patos, no RS, parecendo ser uma população erítrica. Sobre o lado oriental do PMB temos encontrado, com alguma raridade, um padrão amarelo ouro com as manchas dorsais coalescidas vertebralmente e sufusadas de preto, bem espaçadas entre si. Uma fêmea com este padrão desovou em laboratório e dos ovos nasceram filhotes iguais à mãe; porém, com o crescimento, foram mudando para o padrão mais comum na área (tipo "jararaca") o que, para nós indica ter sido o pai normal. (Em estudo) N.V.: Boipeva comum.

LXI. Xenodon Boie Ophis Wagler, 1824 (preoc. por Ophis Turton, 1807; pari.), Serp. bras. sp. n. :47. Espécie-tipo: Ophis Merremii Wagler Xenodon Boie, 1827, in Schlegel, Jsis v. Oken, 20:293. Espécie-tipo: Co­ luber severus Linnaeus. D.O.: Do MEX à AC e AS, a leste dos Andes. OBS.: Gênero carente de revisão (Em estudo)

102. Xenodon neuwiedii Günther Xenodon Neuwiedii Günther, 1863, Ann. & Mag. nat. Hist. (3)12:354, est.5, fig.C. Localidade-tipo: Rio de Janeiro, BR.

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D.G.: Do BR central para meridional e, para o PAR, nordeste da AR, através de regiões tlorestadas, sendo própria da Mata de Araucária, com dispersão para a MA. OBS.: Simpátrica e mimética com Bothrops cotiara e Bothrops jarara­ ca. Notamos dois padrões: (a) claro, com faixas pouco nítidas (fig. de Amaral (1977)); (b) escura, com faixas nítidas, mimetiz.ando aquelas Bothrops, sendo o tipo comum na Mata de Araucária da área. O tipo "a" vimos, na área, em Torres e em SP. (Em estudo) D.G.: Falsa cotiara, boipeva rajada. OBS.: Xenodon guentheri Boulenger, 1894 é comum a leste de SC e acreditamos que ocorra a nordeste da área. (Em estudo)

XENODONTINAE incertae sedis OBS.: Dixon (1980) descartou diversas espécies dos gêneros em que estavam lotadas, deixando-as como incertae sedis. Dessas, ocorre na área a seguinte espécie que designamos com sua indicação original.

103. Rhadinaea. obtusa Cope Rhadinaea obtusa Cope, 1863, Proc. Acad. nat. Sd. Phila., 1863:101. Loca­ lidade-tipo: Paysandu, UR (Vaz-Ferreira & Sierra de Sariano, 1960:35) D.G.: BR sul para nordeste da AR e para o sul no UR. OBS.: Temos encontrado esta espécie com maior frequência a sudeste da área, em Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e UR adjacente. Parece ser comum no UR. Pelo padrão cromático é muito semelhante à Echinantera poecilopogon mas, segundo Júlio César de Moura Leite (com. pessoal) trata-se de outro gênero de acordo com a morfologia hemipeniana. (Em estudo) N. V.: Corredeira do banhado.

ELAPIDAE Boie Elapidae Boie, 1827, /sis v. Oken, 20:510

MICRURINAE Dowling Micruinae Dowling, 1975, Yearb. Herpet., 1(1974): 168

LXII. Wagler Micrurus Wagler, 1824, Serp. bras. sp. n.: 48. Espécie-tipo: Micrurus spixii Wagler

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D.G.: Distribuição continental - do sul dos E.U.A. à AR e UR, exceto Patagônia. OBS.: Este gênero vinha sendo revisado por Karl Patterson Schmidt do Museu de Chicago e, atualmente, por Roze (1982) e Nelson Jorge da Silva Jr. da Universidade Católica de Goiás, e este último através das peçonhas de 10 espécies sulamericanas. A primeira lista é de Schmidt (1936) e a última é de Golay (1985). Entretanto, ainda se encontra em estágio precário, sendo possível que seja composto, como, por exemplo, M. spixii, que é a espécie tipo do gênero, parece não pertencer ao mesmo gênero ·das demais espécies alocadas no mesmo. Problemas envolvendo a taxonomia de táxons meridionais continuam insolventes. Há fortes semelhanças morfo-ecológicas entre os Micrurinae e Elapomorphinae, conforme vimos observando e anotado por Savitzky (1979). Este último propoz a orígem dos Micrurinae a partir de Elapomorphinae e estes de Àparallactinae. Cadle (1982) e Cadle & Sarich (1981) viram que pela análise sanguínea de algumas espécies desses grupos, essas subfamílias afastam-se fortemente mostrando que os Micrurinae estão ligados evolutivamente a grupos afroasiáticos. Resta, pois, concluir que tais subfamílias apresentam evolução convergente adaptativa ao mesmo tipo de meio ambiente subterrâneo. Um acidente conosco por representante do gênero Phalotris, apresentou-se como do tipo botrópico. (Em estudo)

Chave para as espécies: 1. Anéis negros simples orlados de branco em número médio de 20. Pileus completo ...... corallinus Anéis negros em tríades ...... 2 2. Na primeira tríade falta o anel anterior. Interespaços claros branco­ imaculados; anel central mais largo e arredondado que os externos. Parietais imaculados. Geralmente sem temporal anterior ...... decoratus Primeira tríade completa. Interespaços claros amarelos com no- tostegas de ápice negro. Parietais manchados ...... frontalis

104. (Merrem) Elaps corallinus Merrem, 1820, Syst. Amph.: 144. Localidade-tipo: Cabo Frio, Rio de Janeiro, RS, BR (Roze, 1967:13). D.G.: Área original era desde o sul da bacia amazônica para sudeste e sul. Atualmente é encontrada mais no litoral sudeste e sul do BR e registrada também no PAR oriental e nordeste ela AR; um só registro para o noroeste do UR. Diversos exemplares da área na coleção do MCN sem a indicação de localidade.

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OBS.: Pelos registros de coleções e da literatura, deve ter se extin­ guido em grande parte da área, pois é uma espécie ligada ao biorna mato que vem sendo cortado principalmente nessa área sudeste e sul que é de grandes concentrações urbanas e de atividades agrícolas. Vimos exemplares de Porto Alegre e Don Pedrito fixados mas nunca a vimos na natureza. Achamos que a ocorrência no RS deva ser confirmada. Mas, se realmente atinge esta área e o UR, deve ser por via litoral atlântico e bacia do Paraná. É um padrão de Micrurus próprio do Alto Amazonas e norte da AS para a América Central e, segundo estudos recentes no Instituto Butantan, detentor de peçonha altamente tóxica, mais ativa em animais de laboratório do que as do grupo frontalis. N. V.: Coralina, coral de cintas simples.

105. Micrurus decoratus (Jan) Elaps decoratus Jan, 1858, Rev. & Mag. Zool., (2)10:525, est. B. Loca­ lidade-tipo: "México" - erro. D.G.: BR meridional, do RJ ao RS, para o distrito oriental do PMB e litoral, na MA de sudeste. OBS.: Esta é outra espécie cuja ocorrência deve ser confirmada. Hoge & Romano (1979) citam-na para o RS e vimos um exemplar da EINE (Le­ ma & Azevedo, 1969) e mais alguns exemplares antigos do PMB oriental. N. V.: Cobra coral de cintas brancas, cobra coral de cabeça vermelha.

106. Micr11rus frontalis (Duméril, Bibron et Duméril) Elaps frontalis Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén., 7:1223. Lo­ calidade-tipo: "Comentes e Misiones", AR - deve ser restrita. D.G.: BR central para o sul, sudeste a sudoeste, atingindo o leste do PAR, nordeste da AR e UR. OBS. 1. Espécie politípica (Amaral, 1944b; Roze, 1982) e cujas subes­ pécies estão mal conhecidas, mal delimitadas, e assim as áreas de inter­ gradação. Três ou quatro subespécies atingem a área e a dúvida principal é se M. frontalis multicinctus Amaral, 1944 é válida. Amaral (1944b) ca­ racterizou-a pelo elevado número de tríades o que toma os interespaços vermelhos muito estreitos. Para Hoge & Romano ( 1979) e Scrocchi ( 1990) esse táxon não existe e sendo os exemplares representantes intergradantes entre a subspécie nominal e M. frontalis altirostris. Mas a distribuição completa de multicinctus é desconhecida e, plotando-se as referências bibliográficas, encontra-se uma área de intergradação muito grande para a assepção dessa possibilidade. Janis Roze (com. epist.) acredita que multicinctus seja válida e que a riquez.a fenotípica que se aprecia no limite

Conwn. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alep, v. 7, p. 41-150, deumbro, 1994 126 sul da distribuição de multicinctus com o limite nordeste de altirostris, estaria a indicar a intergradação entre as duas. OBS. 2. Caso o holótipo de M. frontalis proceda do nordeste da AR, como dizem seus descritores (Duméril et ai., 1854), então a subespécie nominal deve ocorrer aí. Mas, nessa região, vive M. frontalis mesopotamicus Barrio et Miranda, 1968 e, nesse caso, ~este último nome passaria à sinonímia de M. frontalis frontalis. A subespécie atualmente conhecida como M. f. frontalis do cerrado (BR central para o sul) deve,pois, receber outro nome. Por outro lado, Elaps baliocoryphus Cope, 1859 está na sinonímia de M. f. frontalis, segundo Roze (1970), e cujo holótipo procede de Buenos Aires (AR), o que corrobora a ocorrência da subespécie nominal no nordeste da AR e não no BR central. Mas Scrocchi (1990) discute a validade de baliocoryphus e a sinonimiza com M. frontalis mesopotamicus, indicando esta para o extremo nordeste argentino, inclusive para a margem direita do rio Uruguai. Deve, pois, ocorrer a oeste da área.

Chave para as subespécies: 1. Pileus completo, atingindo todos os parietais. Anel negro cen­ tral um pouco mais largo que externos e estreitando para o ven- tre; interespaços vermelhos largos ...... fronta/is Sem pileus, mas com anéis negros e claros na cabeça ...... 2 2. Parietais tingidos de preto látero-posteriormente e vermelhos an- teriormente ...... altirostris Parietais tingidos de preto posteriormente e de branco anterior- mente ...... mesopotamicus

106.1. Micrurus frontalis frontalis D.G.: BR meridional, do centro ao sul e sudoeste, atingindo o norte e o noroeste da área. OBS.: Própria do cerrado. Vimos poucos exemplares da área, onde parece ser nitidamente menos frequente que a forma dominante (M. fron­ talis altirostris) e, talvez por isso, não tenhamos encontrado intergradantes, apesar de haver simpatria das duas. Vimos dois exemplares juntos (casal?) tendo, cada exemplar, mais de um metro de comprimento. · N. V.: Cobra coral do cerrado.

106.2. Micrurus fromalis altirostris (Cope) Elaps altirostris Cope, 1860, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1859:345. Lo­ calidade-tipo: "América do Sul" - provavelmente Uruguai, conforme dados da descrição original.

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D.G.: Do UR ao RS, pela campanha, atingindo quase toda a área e o nordeste da AR. Espécie abundante em áreas abertas e gramadas. OBS.: Lema (1982a) indicou a existência de uma população melânica ao sul da área, da Serra de Sudeste a Montevideo, notável por apresentar sufusado preto nos anéis amarelos e interespaços vermelhos. Nota-se uma variação na largura dos anéis negros, sendo o mediano um pouco mais largo que os externos; para nordeste do RS aparecem exemplares com maior número de tríades (cerca de 17), descritos como M. frontalis multicinctus por Amaral (1944b), junto com exemplares com caracteres intermediários entre esta e outra, que não sabemos, ou, sob outro ponto de vista, com riquez.a fenotípica maior. Entretanto, a variação que encontramos nessa região nordeste do RS , tem mais o aspeto do mecanismo de hibridização devido ao fato de apresentar muitas anomalias como, por exemplo, fusão ventral dos anéis negros, anéis irregulares ou incompletos, anéis circulares, pêntides, etc. Sendo assim, não estamos tão certos do desvalor de M. frontalis multicinctus. Infelizmente vimos pouco material do vizinho estado de SC. O holótipo de Cope é igual aos exemplares da região de melanismo, citada antes, e deve, pois, proceder do UR de onde foi enviado algum material. N. V.: Cobra coral uruguaia, cobra coral pampeana, cobra coral comum. OBS.: Ocorre na mesopotâmia dos rios Uruguai e Paraná a M. frontalis mesopotamicus Barrio et Miranda, 1968 e deve ocorrer no oeste da área, já que o rio Uruguai não é barreira.

VIPERIDAE Laurenti Viperae Laurenti, 1768, Synops. rept.: 20 Viperidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser.2) 10:205

CROTALINAE Cope Crotalinae Cope, 1880, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 11(1859):334

CROT ALINI Oppel Crotalini Oppel, 1811, Ordnungen: 47, 50

LXIII. Crotalus Linnaeus Crotalus Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.), J:214. Espécie-tipo: C. horri­ dus Linnaeus. OBS.: Os subgêneros Crotalus e Sistrurus Gannan, 1889, segundo Hoge & Romano (1972), não são usados aqui por não aceitarmos essa categoria taxonômica.

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107. Crotalus durissus Linnaeus Crotalus durissus Linnaeus, 1758, Syst. nat. (10 ed.}, 1:214. Localidade­ tipo: 11 América_" - restr. pro Jalapa, Veracruz, MEX (Smith & Taylor, 1950:398) D.G.: AS a leste dos Andes, da Venezuela ao norte da AR e UR. OBS.: Poli típica, com distribuição mal conhecida das subespécies. Grande quantidade de exemplares é recebida pelos serpentários sendo, a maioria deles, desprezada sem o estudo populacional que esclereceria os problemas'envolvendo este taxon. (Em estudo)

107 .1. Crotalus durissus terri.ficus (Laurenti) Caudisoma terrifica Laurenti, 1768, Synops. rept.:93. Localidade-tipo: 11 11 America infra graduum elev. 45 - restr. pro "Júlio de Castilhos, 11 Taquari, RS , segundo Hoge (1966a: 147) por eleição do neótipo. Entre­ tanto, Júlio de Castilhos não se situa em Taquari, sendo municípios distanciados entre si. Sendo assim, deve ser restrita, ou para Júlio de Castilhos, ou para Taquari, ou, simplesmente, sudeste do RS, onde se situam os dois municípios citados por Hoge. D.G.: Da BA ao UR pelo lado oriental, abrindo para sudoeste até a AR centro oriental. OBS.: De um modo muito geral é possível separar as subespécies, terri.ficus e collilineatus, usando-se os registros bibliográficos e algum ma­ terial examinado e, também, é possível visualizar-se ampla faixa geográfica de intergradação de disposição oblíqua. Entretanto, temos notado variação em ambas formas o que dificulta essa avaliação. É possível que C. durissus collilineatus Amaral, 1926 atinja o extremo noroeste da área. Vimos exem­ plares de coloração clara sobre rochas, ao sol, nas margens do rio Uruguai em Tenente Portela (Parque Florestal Estadual do Turvo). Atualmente sua distribuição está mais restrita ao norte e sudeste da área mas temos muitas informações fidedignas de sua ocorrência em todo o Estado do RS, em áreas elevadas, frias, pedregosas e semi-abertas. Onde ocorre com alta frequência na área é a nordeste, municípios de Vacaria, Bom Jesus, São Francisco de Paula e Cambará do Sul. Nas elevações florestadas ao norte da Laguna dos Patos era muito frequente, ocorrendo, ainda, uma população na Ilha da Barba Negra, atualmente reserva sob os cuidados da empresa Riocell, S.A., de celulose. Para o sul vimos crepitáculos e informações de que é comum em Santana da Boa Vista; vimos um exemplar de Livramento e soubemos de sua ocorrência em Pan de Azúcar, nordeste do UR. Na região de São Marcos, próxima à Caxias do Sul, há um serpentário onde vimos muitos

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo!., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 129 espécimens apresentando dois padrões distintos de coloração dorsal: (a, pardo-cinzento com diamantes alongados e orlados de amarelo pálido sujo; (b) pardo-anegrado com diamantes curtos orlados de pardo-amarelado nítido. Notamos, também, que o tipo "a" atinge maior porte e sendo mais alongado. N. V.: Cascavel, cascavelha, boicininga (ind.).

BOTHROPSINI Amaral Bothropini Amaral, 1977, /conogr. :22 (emend.)

LXIV. Bothrops Wagler Bothrops Wagler, 1824, Serp. bras. sp. n.:50. Espécie-tipo: Coluber lan­ ceolatus Lacépede

Chave para as esp~ies: 1. Segundo supralabial forma a margem anterior da foceta loreal ...... 2 Segunda supralabial está isolado da faceta por escamas. Faixa ne- gra postocular presente ...... 5 2. Ventre claro. imaculado ou ligeiramente manchado lateralmente nas gastrostegas. Cor dorsal fosca com manchas em "V" invertido, geralmente partido nas bases. Supralabiais altos e pardo-claros ...... moojeni Ventre manchado ...... 3 3. Ventre com manchas castanhas oceladas e pequenas ou irre­ gulares. Com faixa branca postocular. Manchas dorsais em "C" deitado orlado de preto e branco; coloração geral dorsal casta- nha. Filhote com cauda de cor igual a do adulto ...... alternatus Ventre sem manchas castanhas pequenas. Faixa preta postocu- lar presente. Manchas dorsais em "V" invertido. Filhotes com extremidade caudal amarelada, sem desenhos ...... 4 4. Internasais isolados entre si. Cabeça afilada. Manchas dorsais em "V" invertido. Ventre cinzento a manchado de preto, irregular- mente. Coloração geral pardo-escura a pardo-amarelado ...... jararaca Internasais contactando-se entre si. Cabeça larga e alta. Manchas dorsais em "V" invertido e unidas pelo vértice a manchas losan­ gulares vertebrais. Ventre branco manchado de preto lateral- mente. Coloração geral amarela a castanho-amarelado ...... jararacussu 5. Gastrostegas em menos de 153; urostegas em menos de 30. Fo­ cinho levemente arrebitado. Manchas dorsais estreitas e altas, partidas horizontalmente. Coloração geral dorsal castanho-rosa- da. Pequeno porte ...... itapetillingae

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Mais de 155 gastrostegas e de 33 urostegas. Focinho normal ...... 6 6. Coloração ventral preta, com manchas látero-ventrais equidistan­ tes. Escamas interoculares em 11 a 14 filas. Manchas dorsais trapezoidais com prolongamentos basais isolados, ou, mais rara­ mente, em "C" deitado, Desenho supracefálico em forma de cruz de dois braços ...... •.•..•...... cotiara Ventre claro, com manchas diminutas irregulares castanhas e muito juntas. Interoculares em 8-9 filas. Manchas dorsais varian­ do de triangulares a trapezoidais, com prolongamentos isolados. D~nho supracefálico em cruz simples ou outro, nunca em cruz de dois braços ...... neuwiedi

108. Bothrops altematus Duméril, Bibron et Duméril Bothrops altematus Duméril, Bibron & Duméril, 1854, Erp. gén., 7:1512, est. 82 bis, fig.1-12. Localidade-tipo: "Paraguay et Amérique du Sud" - deve ser restrita ao Paraguai. D.G.: Do sul de MG ao UR, PAR e AR. OBS.: Própria de campo. Vimos variação na cor geral e na forma das manchas dorsais. Há a crença, em algumas regiões, de que o tipo de solo influe na cor, assim, na região de "terra vermelha" (PMB) elas seriam avermelhadas por isso. As manchas podem ser arredondadas (em "C" deitado) ou em "V"; podem ser inteiras (geral) ou partidas, com as bases isoladas. Uma população que vimos na região da pré-cordilheira dos Andes (região de Córdoba, AR) possue as manchas dorsais pequenas, partidas, e M\litas manchas sob elas e pensamos que se trata de uma subespécie endêmica. Pode-se apreciar essa diferença através de Barrio & Miranda (1966). Parece cruzar-se com B. cotiara (Fernandes et al., 1986). Outra variação, menos frequente, é a presença de manchas dorsais similares às de B. neuwiedi pubescens; ainda uma outra, semelha B. jararaca, sugerindo presença de hibridização. Vimos com alguma freqüencia, anomalia cro­ mática de estriamento das manchas principais (Lema, 1958b, 1987b) o que motivou a descrição. de B. inaequalis por Magalhães (1925). Exemplares f!meas grávidas recebem o nome vulgar de "rabo de mulita" na região da campanha na área, devido ao aspeto contrastado do diâmetro do tronco com a cauda. Temos conseguido ecogenizar alguns exemplares com alguma facilidade, tomando-os dóceis. E o mesmo conseguimos com Crotalus durissus terrificus. N.V.: Urutu (PMB), CJ'\17.eira (pampa), víbora de la cruz, cruzera (UR, AR).

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109. Bothrops cotiara (Gomes) Lachesis cotiara Gomes, 19Ü, Ann. paul. Med. & Cirurg., 1(3):65, est. 8, fig.1-6. Localidade-tipo: Núcleo Colonial Cruz Machado, Marechal Mallet, PR. D.G.: Região da Mata de Araucária, de SP ao RS e nordeste da AR, em Misiones. OBS.: Espécie em extinção, parecendo estar ligada àquela formação florística da qual pouca resta atualmente. Vímo-la em Cambará do Sul (nordeste) e vale do Canoas-Pelotas (norte), como em Tenente Portela (noroeste) onde ainda parece ser bastante frequente. Um local em que está protegida é em Itaimbezinho, no Parque Nacional de Aparados da Serra. Vimos um exemplar no serpentário do IB procedente da Serra do Sudeste, o que comprova, mais uma vez, o que dissemos sobre a dispersão da fauna do PMB para aquela elevação (Lema, 1982a). Há exemplares cujo padrão cromático sugere hibridismo com B. alternatus. N. V.: Cotiara, jararaca da barriga preta.

110. Bothrops jararaca (Wied-Neuwied) Cophias jajaraca Wied-Neuwied, 1824 (ex-errore), lsis v. Oken, 14 (10): 1103. Localidade-tipo: não dada na descrição original e, sim, em Wied­ Neuwied (1825:481) em que indica "Mucuri, Lagoa da Arara, BR". Bothrops Jararaca Wagler, 1830 (nom. emend. pro Cophias jajaraca Wied-Neuwied), Sy~t. Amph.:114. D.G.: PMB florestado, para a MA e, para oeste, até a bacia do Para­ ná atingindo o PAR adjacente e nordeste da AR (Misiones). OBS.: Outra espécie que vem sendo dizimada na área, em função. do desmatamento. Todo o BR sudeste e sul florestado no PMB, incluindo SP e PR, era povoado intensamente por esta espécie, conforme os registros de entrada do IB. Ainda é muito frequente nas poucas regiões florestadas do norte, atingindo a EINE até Porto Alegre. Vimos exemplares de Goiânia e Brasília que, numa identicação tradicional, vem sendo denominadas como desta espécie. Entretanto, acreditamos ser outo táxon, cujo padrão é intermediário com B. moojeni. Durante muitos anos vimos observando material e encontramos uma variação extraordinariamente grande suge­ rindo, numa primeira apreciação, tratar-se de polimorfismo. Entretanto, separando exemplares. de toda a área de ocorrência por tipos de coloração dorsal, parece haver alguns padrões que são regionais, como na região de Rio de Janeiro. Há, pelo menos, dois padrões gerais: (a) fundo amarelado com as manchas negras; (b) fundo pardo-oliváceo a cinzento, com as manchas escuras marginadas de uma linha negra externamente. As manchas

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool .• Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 132 podem ser inteiras ou com as bases isoladas, ou ser diminutas e com espaço interno escurecido, ou, ainda, em forma de pequeno "U" invertido. O ventre varia do cinza alvacento ao preto irregularmente manchado, quase xadrei.ado. Num primeiro exame, essa coloração ventral mostrou-se inde­ pendente da idade e do sexo, e assim também a dorsal. Quanto à proce­ dência, o padrão amarelado ocorreu com maior frequência: ao norte da área. Acreditamos que também possa haver hibridii.ação dessa espécie com outras simpátricas em naturei.a, o que deverá aumentar a variação. Vimos alguns espécimens de grande porte nas matas chuvosas e escuras de São Francisco de Paula, destacando-se a pele de um exemplar com quase um e meio metro de comprimento, capturado no desmatamento para a construção de uma residência nas matas junto ao Lago São Bernardo, naquele município, estando exposta em parede da sala de estar. N.V.: Jararaca comum, jararaca do mato, jararaca verdadeira; cola branca (jovens).

111. Bothrops jararacussu Lacerda Bothrops jararacussu Lacerda, 1884, Vén. serp. Brésil: 8. Localidade-tipo: Rio de Janeiro, BR. D.G.: BOL meridional e BR oriental para o sul, atingindo o PAR e nordeste da AR (Misiones) a oeste, e da BA ao noroeste do RS. OBS.: Comum em áreas florestadas do leste de SC. Vimos dois pa­ drões na área: (a) escuro, com as manchas pretas largas e o fundo amarelo pálido sufusado de preto; (b) claro, fundo amarelo e manchas castanho­ anegradas mais delgadas. O primeiro chamado regionalmente de "urutu preto" e o outro, "urutu dourado" ou amarelo (Lema & Araujo, 1980). No RJ e sudeste de MG, o padrão é um pouco escuro e as cores ficam na gama do castanho. Os filhotes tem o padrão muito semelhante ao de B. moojeni. Na região do planalto central brasileiro (Brasília) vimos exemplares gigan­ tes de B. moojeni com padrão escuro manchado como B. jararacussu, dificultando inicialmente o reconhecimento. Encontramos espécimen grande dentro da água de banhado com cerca de 70cm de profundidade, às duas horas de uma noite muito quente, dentro de· mata no Parque do Turvo (noroeste do RS); havia grande quantidade de Leptodactylus ocellatus (Linnaeus) em cópula e pareceu-nos que estivesse forrageando. N.V.:Jararacuçu, surucucu tapete, cabeça de sapo.

112. Bothrops neuwiedi Wagler Bothrops neuwiedi Wagler, 1824, Serp. bras. sp. n.: 56, est. 22, fig. I. Lo­ calidade-tipo: Bahia, BR.

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D. G.: Sul do Amazonas a leste dos Andes, do paralelo 1O para o PAR. AR e UR. Politípica (Amaral, 1925) mas de difícil reconhecimento; Fer­ nandes et al. (1985) vem analisando a diferenciação através de proteinas hemáticas.Uma fêmea no MCN deu a luz filhotes semelhantes a B. jarara­ ca, o que pode ser explicado ·como sendo intergradantes da subespécie pampeana com a argentina. (Em estudo)

Chave para as subespécies: 1. Coloração geral dorsal pardo-olivácea com as manchas trape­ zoidais geralmente coalescidas entre si ao longo da linha ver- tebral. Paraventre pardo-claro ...... paranaensis Coloração dorsal pardo-rosada com as manchas principais ge- ralmente isoladas entre si ...... 2 2. Manchas dorsais triangulares e altas. Paraventre ocráceo ...... diporus Manchas dorsais trapezoidais, alongadas. Paraventre rosado claro ...... pubescens

112.1. Bothrops neuwiedi diporus Cope Bothrops diporus Cope, 1862, Proc. Acad. nat. Sei. Phila., 1862:347. Lo­ calidade-tipo: região do rio Vennejo, entre PAR e AR (Cochran, 1961: 151) D.G.: Norte da AR para o sul do PAR e sudoeste do BR. Na área vi­ mos a noroeste (São Borja). Amaral (1930c) encontrou intergradantes com a paranaensis em Misiones, AR, sudoeste do PR e sudeste do PAR. OBS.: Vimos adulto sob tronco de árvore tombado em banhado pró• ximo à margem do rio Uruguai, à noite, em S.Borja (RS). N. V.: "Yarará", jararaca pintada argentina.

112.2. Bothrops neuwiedi paranaensis Amaral Bothrops neuwie di paranaensis Amaral, 1925, Contr. Harvard Inst. Biol. & Med., 2:61, est. 14, fig. 17; est. 16, fig. 7. Localidade-tipo: Castro, PR, BR. D.G.: PR para o sul até o PMB do RS e, para sudoeste, atinge o PAR e AR, intergradando com as subespécies limítrofes. OBS.: Vimos na EINE, exemplares intermediários com a pampeana. A rigor não vimos na área um exemplar com caracteres somente desta subespécie, ressalvando que vimos poucos exemplares na área. Nos exemplares em que havia mais caracteres desta subespécie, as manchas dorsais são quase todas coalescidas entre si, e o paraventre (primeira fila) é ocráceo. N. V.: Jararaca pintada paranense.

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112.3. Bothrops neuwiedi pubescens (Cope) Trigonocephalus (Bothrops) pubescens Cope, 1870, Proc. amer. philos. Soe., 11(1869):157. Localidade-tipo: "Rio Grande do Sul", BR deve ser restrita. D.G.: Do RS ao UR. OBS.: Junto com B. alternatus, são os Crotalinae mais frequentes, quase abundantes, na área. Na Serra de Sudeste encontramos uma população com espécimens gigantes (Canguçu). Sua frequência aumenta em direção ao UR, principalmente nos morros em volta de Punta del Este (sudeste). Destaca-~e das demais subespécie por apresentar nítida (viva) coloração rosada na zona paraventral, tirante a lilás, além da coloração castanha escura rosada dorsal cujas . manchas são orladas ântero-posteriormente de branco contrastante. N. V.: Jararaca pintada uruguaia, jararaca cruzeira.

OBS. l: Retiramos da lista das espécies da área, B. itapetiningae (Bou­ lenger, 1907) por falta de confirmação, conforme Lema (1987a). A pri­ meira referência foi de Magalhães (1925), que indicou sua ocorrência para Pelotas (sudeste do RS), com base em lista de ofídios recebidos pelo posto ofiológico daquela cidade e que pode ter sido enviado de Minas Gerais, onde também havia posto do Instituto Oswaldo Cruz, e ele poderia ter trocado as listas dos dois postos de ~oleta de ofídios. Um exemplar do MCN, muito antigo, pode estar com procedência errada, podendo ter sido doado pelo IB. Quanto ao exemplar do 1B citado por Alphonse Richard Hoge (com. oral), não sabemos explicar, mas o próprio Dr. Hoge ficou re­ ceoso de citá-lo. Passados muitos anos nunca foi vista na área e, se real­ mente ocorrer, deverá ser bem ao norte da área, por dispersão pelo planalto central. OBS. 2: B. moojeni Hoge, 1966 ocorre em Misiones, AR, por dis­ persão pela bacia do Paraná. No resgate de fauna na represa de ltaipú (PR), quantidade de exemplares desta espécie foram enviados ao 1B. Exúvias encontradas no Parque do Turvo (noroeste da área), podem ser desta espécie, conforme informação de Janice Pilla, bióloga do Departamento de Recursos Naturais Renováveis que administra aquele parque.

ARCHOSAURIOMORPHA Huene Archosauriomorpha Huene, -1948, Robert Broom Commem. Vol.:85

ARCHOSAURIA Cope Archosauria Cope, 1891, Lect. geol. paleont.: 35

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CROCODILIA Gümelin Crocodili Gümelin, 1788, Linn. Syst. nat. (13 ed.), 1(3): 1037 Crocodilia Owen, 1842, Rept.brit.Assoc.Adv.Sci., 11(1841):65

EUSUCHIA Huxley Eusuchia Huxley, 1875, Quart. J. geol. Soe. London, 31:428

CROCODYLIDAE Gray Crocodilidae Gray, 1825, Ann. Philos. (ser. 2), 10: 195 Crocodylidae Deraniyagala, 1930, Ceylon J. Sei. B, J6: 89

ALLIGATORINAE Kaelin Alligatorinae Kaelin, 1940, Abh. Schweiz. palaeont. Ges., 62: 1

LXV. Caiman Spix Caiman Spix, 1825, Spec. n. lacert.:3. Espécie-tipo: C. fissipes Spix, 1825 (= C. latirostris (Daudin))

113. Caiman latirostris (Daudin) Crocodilus latirostris Daudin, 1802, ·Hist. nat. rept., 3:417. Localidade-ti­ po: não dada. D.G.: BR oriental para sul e sudoeste até nordeste da AR e o UR. OBS.: Freiberg & Carvalho (1965) descreveram C. latirostris cha­ coensis para a região do Chaco, AR, designando o material do lado oriental do RS como da subespécie nominal, tendo usado exemplares da região do delta do rio Jacuí. Não nomeia, porém, as demais populações.

113 .1. Caiman latirostris latirostris D.G.: Para Freiberg & Carvalho (1965) é o táxon que domina a área, ocorrendo no UR também. Pelo mapa apresentado por Brazaitis (1973), esta espécie não ocorre ném no RS ném UR, o que é um erro. OBS.: Está em extinção na área, tendo sido indicada por nos ao Red Data Book. Foi feita legislação específica no Brasil, que a coloca sob proteção oficial. A melhor conservada população que encontramos na área situa-se na Estação Ecológica do Taim, no extremo sudeste, em zona pan­ tanosa entre as lagoas Mirim e Mangueira. onde foram feitos estudos sobre a alimentação por Maria Terei.a Queiroz Melo (MCN). C. latirostris cha­ coensis apresenta diferenças cranianas dignas de nota em relação a esta subespécie e acreditamos que uma análise mais ampla da variação pode levar a seu isolamento como espécie plena.

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N.V.: Jacaré do papo amarelo, jacaré oriental. OBS.: Vimos uma população a nordeste da Laguna dos Patos, na área, mais precisamente na Lagoa do Casamento, que apresenta a forma do focinho afilada, diferente de C. latirostris. O professor Carlos Bomancini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, viu mais de um espécimen vivo portador desse tipo de cabeça. Infelizmente, não temos crânio colecionado mas, a uma primeira avaliação, pode tratar-se de C. yacare (Daudin, 1802). Entretanto, a distribuição geográfica dessa espécie situa-se longe dessa área, a não ser que tenha sido introduzida. Wermuth & Mertens (1961) e Braz.aitis (1973) indicam C. yacare para o sudoeste do RS e noroeste do UR. Freiberg (1939) viu exemplar de Posadas, Misiones, AR; o mesmo A (1977) indica-a para o rio Paraná e Alto Paraná, Províncias Chaco, Formo~a, Corrientes, Misiones, na AR, e daí para o PAR e sul da BOL. No lado oriental da área tivemos notícia apenas de C. latirostris, o que não nega a possibilidade de, como o caso de E. notaeus e H. gigas, ocorra no rio Uruguai com as cheias desse rio. Quanto às indicações citadas para a área, deixamos de aceitá-las provisoriamente, tendo em vista o que dissemos sobre a ilustração da distribuição de C. latirostris.

CONCLUSÕES

Esta lista altera sensivelmente as de Peters et al. (1970), Vanzolini (1986) e Lema (1987a),além de algumas teses e dissertações não publicadas e que revisam táxons que atingem a área geográfica em foco. É uma lista provisória porque, conforme comentários ao longo do texto, grande número de táxons precisam ser revistos. Além disso, diversas pesquísas em andamento vem alterando fortemente o status de diversos táxons, além de espécies novas por descrever, inclusive desta área. E assim também o aumento do colecionamento que vem ampliando as áreas de ocupação geográfica de inúmeros táxons. Na periferia do estado do Rio Grande do Sul não há barreiras dignas de nota, ném o rio Uruguai, o maior da área, que como temos visto, não corta a distribuição de um grande número de formas (Lema, 1982a).

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~ PROVÍNCIA TUP I ~ PROVÍNCIA CHACO ~ PROVÍNCIA BORORO. fZZ] PROVÍNCI A GUARANI

[[[] PROVÍNCIA PAMPEANA

Figura 3 - Mapa hipsográfico esquemático mostrando a distribuição dos elencos her­ pctofaunísticos que compõem a região do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. (Autor, com base em mapa da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do RGS)

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O quadro 1 resume o número de táxons indicados para a área.

Quadro 1- Nº de táxons de répteis registrados até o momento para o Rio Grande do Sul, Brasil

Táxons Testudines Sauria Amphisbaenia . Serpentes Crocodilia Reptilia Categorias Fanu1ias 4 6 1 7 1 19 Gêneros 9 15 2 38 1 68 Espécies 11 19 4 78 1 112 Subespécies 5 3 4 25 1 38 % Bso. 9.7 16.8 3,5 69,0 0,9

Pouco se teria a acrescentar aos comentários zoogeográficos de Lema (1982a) a não ser o processo veloz de impactação do meio ambiente silvestre do RS. Há poucos parques como reserva florestal e que estão sob­ a responsabilidade do governo estadual em sua maioria, havendo falhas no sistema de proteção. Algumas espécies tem dispersão forçada pelas cheias do rio Paraná provocando dispersão para o rio Uruguai, atin1tindo o lado ocidental da área (Achaval et al., 1979).

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Marcos Di Bernardo e Ronaldo Fernandes pela leitura de partes do texto e sugestões. Ao Dr. Geraldo Rodolfo Hoffmann pelos desenhos. Ao Biol. Francisco Luís Franco por colaboração no texto além de sugestões. Ao Biol. Rubens Nobuo Yuki pelo auxílio eficiente e incansável na redação.

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ÍNDICE ALFABÉTICO DOS NOMES DE GÊNEROS, ESPÉCIES E SUBESPÉCIES VÁLIDOS CITADOS NO TEXTO (O asterisco Indica táxon não registrado para a área mas de ocorrência provável)

Acanthochelys - 46, 47 brasiliensis, Trachemys dorbigni - 52 acutirostris, Polychrus* - 55 brazil~ Rhachidelus - 96 aestivus, Philodryas-:- 88 brongersmianus, Typhlops - 72 aestivus, aestivus, Philodryas - 88 bucephala, Dipsas indica• - 107 aestivus subcarinatus, Philodryas - 81, 89 Caiman-135 a!Jinis, Echinantera - 83 Calamodontophis- 14, 100 agassizi~ Pseudablabes - 91 carbonaria, Chelonoidis* - 53 ahaetulla, Leptophis* - 81 Caretta-49 ahaetulla marginatus, Leptophis* - 81 caretta, Caretta - 50 albifrons, Dipsas -101 caretta caretta, Caretta - 51 albocingulata, Amphisbaena prunicolor - carinicaudus, Helicops- 85 68 catenatus, Enyalius• - 55 almadensis, Liophis- 110 Cercosaura - 60 altematus, Bothrops- 130 . chacoensis, Caiman latirostris• -135 altirostris, Micrurus frontalis-126 chacoensis, Lystrophis dorbignyi -118 Ameiva*-61 Chelonia - 49, 50 ameiva, Ameiva• - 63 Chelonoidis* - 53 ameiva lacta, Ameiva • - 63 Chironius - 14, 76 amoena, Echinantera - 83, 85 clathratus, Oxyrhopus- 94 Amphisbaena - 66 Clelia - 14, 92 Anisolepis-54 Cnemidophorus- 60 anomalepis, Spilotes pullatus - 81 collineatus, Crotalus dwissus - 128 anomalus, Liophis- 110 corallinus, Micrurus - 124 Anops - 66, 68 coriacea, Dmnochelys - 51 Apostolepis* - 100 cotiara, Bothrops - 131 amaldoi, Philodryas- 89 Crota/us - 127 Atractus-93, 105 cyanopleura, Echinantera - 83, 84 australis, Leptotyphlops-10 darwini~ Amphisbaena - 66, 67 azureus, Stenocercus- 51 darwinii darwini~ Amphisbaena - 66 baliogaster, Helicops- 86 darwinii heterozonata, Amphisbaena • - 61 beu~ Liotyphlops - 71 darwinii mi/de~ Amphisbaena - 61 bicarinatus, Chironius - 16, 77 darwini~ Homonota• - 59, 60 bifossatus, Mastigodryas - 19, 80 decoratus, Micrurus - 125 bifossatus bifossatus, Mastigodryas- 80 Dmnochelys - 51 bifossatus triseriatus, Mastigodryas- 80 diporus, Bothrops neuwiedi - 133 bilineata, Echinantera - 83, 84 dimidiata, Apostolepis* - 100 Bothrops - 129 Dipsas - 73, 106 brasiliensis, Enyalius* - 55 Ditaxodon - 15, 87 brasiliensis, Gomesophis - 101 dorbign~ Trachemys - 52

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 148 dorbigni brasiliensis, Trachemys - 52, 53 iheringii, Enyalius- 55 dorbigni dorbigni, Trachemys- 52 imbricata, Erennochelys - 50 dorbignyi, Lystrophis-56,41, 116 imbricara imbricara, Erennochelys - 50 dorbignyi chacoensis, Lystrophis - 118 incerta, Dipsas-106 dorbignyi dorbighyi, Lystrophis - 117 indica bucephala, Dipsas• - 107 dorbignyi orienta/is, Lystrophis-119 infrataeniatus, Heücops- 85, 86 dorbignyi wuguayensis, Lystrophis - 120 itapetiningae, Bothrops- 134 dorsatus, Tomodon - 93, 103 jaegeri, Liophis - 111 dorsivittata, Mabuya - 63, 64 jaegeri jaegeri, Liophis- 111 durissus, Crotalus - 128 jararaca, Borhrops- 131 durissus collilineatus, Crotalus• - 128 jararacussu, Bothrops - 132 durissus terrijicus, Crotalus - 128 kbigii, Anops- 68 Echinantera - 15, 82, 84 /acertoides, Cnemidophorus - 60 Elapomorphus- 73, 97 /aera, Ameiva ameiva• - 63 Enyalius- 53, 55 laevicollis, Chironius - 76, 78 Eretmochelys - 49, 50 latirostris, Caiman - 135 Eunectes - 69 latirostris chacoensis, Caiman • - 135 exoletus, Chironius - 19 larirostris /arirostris, Caima,1 - 135 flavifrenatus, Liophis- 111 latirostris, Philodryas olfersü - 90 jlavolineatus, Chironius - 76, n lemniscatus, Phalotris-56, 98 jlavovirgatus, Ptychophis- 101 lemniscatus divittatus, Phalotris - 99 foveatus, Chironius - n lemniscatus iheringi, Phalotris..:.... 99 frenata, Mabuya - 63, 64 lemniscatus /emniscatus, Phalotris- 99 frenata frenata, Mabuya - 64 /emniscatus trilineatus, Phalotris - 99 fronta/is, Micrurus - 125 /eopardinus, Helicops• - 86 fronta/is altirostris, Micrurus -126 Lepidochelys -49, 51 fronta/is fronta/is, Micruru.s - 126 Lepostenwn • - 68 fronta/is mesopotamicus, Micrwus• -. Leprophis• - 81 126,127 Leptotyphlops- 70 fronta/is multicinctus, Micrurus- 125, 127 Liolaemus - 54, 56 gannani, Sibynomorphus Liophis- 15, 84, 109 geoffroanus, Phrynops-41, 48 Liotyphlops- 71 gigas, Hydrodynastes- 86 /ongicauda, Aptycho/aemus• - 56 Gomesophis- 75, 101 /ongicaudatus, Siphlophis - 96 grillii, Anisolepis - 54 Lystrophis-41, 71,116 guentheri, Atractus- 105 mabouia, Hemidacty/us - 59 guentheri, Xenodon• -123 Mabuya-63 guerini, Phimophis• - 95 macrosoma, Liophis reginae - 115 guibei, Oxyrhopus• - 95 marginatus, Leptophis ahaetulla• - 81 haasi, Pseudoboa - 95 .Mastigodryas- 15, 79 He/icops- 73, 85 mauriranica, Tarenro/a• -59 Hemidactylus- ·59 maximilimii, Hydromedusa• - 49 heterozo11ata, Amphisbaena darwinii• - 67 melanocephala, Tantilla - 82 hilarii, Phrynops - 41, 48 Melanosrigma, Natrix- 82 hispidus, Tropidurus• - 58 metremii, Waglerophis- 122 histricus, Lystrophis- 121 mesoporamicus, Micrurus fronta/is• - Homonota-59 · 126, 127 Hydrodynastes - 15, 86, 87 microcephalum, Lepostemon • - 68 Hydromedusa - 46, 48 Micrurus - 123

Comun. Mus. Ciên. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 149 mikani4 Sibynomorphus - 107 Pha/otris-13, 97, 98,124 milde4 Amphisbaena da,winii - 67 Philodryas - 15, 88 miliaris, Liophis- 111 Phimophis• - 85, 95 miliaris orinus, Liophis- 112 Phrynops-41,48 miliaris semiaureus, Liophis - 112 pictostriatus, Liophis poecilogyrus- 114 moojen4 Bothrops• -131 plumbea, Clelia - 92, 93 multicinctus, Micnuus fronta/is - 125, 127 poecilogyrus, Liophis- 113 munoa4 Amphisbaena - 66, 67 poecilogyrus pictostriatus, Liophis-114 mwioa4 Leptotyphlops- 70 poecilogyrus subfasciatus, Liophis - 115 mydas, Chelonia - 50 poecilogyrus sublineatus, Liophis-114 mydas mydas, Che/onia - 50 poecilopogon, Echinamera - 83, 84 Natrix-110 Polychrus* neuwiedi, Bothrops - 132 prunicolor, Amphisbaena - 66, 67 neuwiedi diporus, Bothrops - 133 prunicolor albocingulata, Amphisbaena - neuwiedi paranaensis, Bothrops - 133 68 neuwiedi pubescens, Bothrops - 134 prunicolor pnmicolor, Amphisbaena - 68 neuwiedi, Sibynomorphus - 108 Pseudablabes - 15, 90 neuwiedi4 Xenodon -122 Pseudoboa - 14, 95 nigra, Phimophis• - 85 Ptychophis- 15, 101 notaeus, Eunectes - 69 pubescens, Bothrops neuwiedi - 134 obtusa, Rhadinaea - 123 pu/cher, Siphlophis - 96 ocellata, Cercosaura - 60 pullatus, Spilotes- 81 ocellata peters4 Cercosaura - 60 pullatus anomalepis, Spilotes- 81 ocellatus, Tomodon - 15, 104 pullatus pullatus, Spilotes - 81 occipitalis, Echinantera - 84 pyrrhopogon, Chironius - 76, 77, 78 occipitalis, Liolaemus - 56 quadricarinatus, Chironius• - 76 occipitolutea, Clelia - 92 quinquelineatus, Elapomorphus - 91 oculatus, Teius-61 reginae, Liophis- 115 olfersi4 Philod,yas - 89 reginae macrosoma, Liophis- 115 olfersii latirostris, Philod,yas* - 90 reticulatus, Atractus-;-- 105 olfersii olfersi4 Philod,yas - 89 Rhachidelus- 14, 95 olivaceus, Lepidochelys- 51 Rhadinaea -123 Ophiodes- 64 rhombifer, Oxyrhopus- 94 orienta/is, Lystrophis dorbignyi -119 rhombifer rhombifer, Oxyrhopus- 94 orinus, Liophis miliaris - 112 ricardini4 Uromacerina ..:.... 87 Oxyrhopus - 14, 94 rufescens, Tupüiambis- 62 pai/ida, Tantilla* - 82 rustica, Clelia - 92, 93 Pantodactylus- 61 sclueibersi4 Pantodactylus- 61 paranaensis, Bothrops neuwiedi - 133 schreibersi~ schreibersi~ Pantodactylus - paraguayensis, Atractus• -106 61 patagoniensis, Philodryas - 90 semiaureus, Liophis miliaris-112 patagoniensis patagoniensis, Philod,yas - semicinctus, Lystrophis-121 90 serra, Tropidodryas• - 91 patagoniensis poecilostictus, Philodryas - Sibynomorphus - 73, 107 91 Siphlophis- 14, 96 paucidens, Ca/amodomophis- 100 spegazzbii4 Phalotris• - 99, 100 pectinatus, Proctotretus• - 51 Spilotes - 15, 80 persimilis, Echinamera• - 83, 85 spixi4 Acanthoche/ys- 47 peters4 Cercosaura ocellata - 60 Stenocercus - 54, 51

Comun. Mus. Ciên. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 41-150, dezembro, 1994 1S0 striaticeps, Tropidodryas - 91 Tropidodryas- 15, 91 striatus, Ophiodes- 65 Tropidurus- 54, 51 strigatus, Thamnodynastes - 102 Tupinambis- 62 strigilis, Thamnodynastes - 102 turgidus, Sibynomorphus-13, 108 subcarinatus, Philodryas aestivus - 87, 89 Typhlops- 71 subfasciatus, Liophis poecilogyrus - 115 typhlus, Liophis - 115 sublineatus, Liophis poecilogyrus-114 undulata, Echinantera - 83, 85 taeniatus, Atractus - 106 undulatus, Anisolepis-54 taeniatus, Ditaxodon - 87 Uromacerina - 73, 87 Tantilla - 73, 81 Urostrophus- 54, 55 Tarento!a• - 59 wuguayensis, Homonota -59 tectifera, Hydromedusa - 48 uruguayensis, Lystrophis dorbignyi - 120 teguixin, Tupinambis- 62 vautieri, Urostrophus- 55 Teius-61 ventrimaculatus, Sibynomorphus-108 temetzii, Liotyphlops• - 71 venebralis, Ophiodes- 65 teyou, Teius• - 62 vittatus, Phimophis• - 95 Thanuiodynastes - 74, 102 Waglerophis- 74, 121 Tomodon -103 wiegmannii, Liolaemus-56 torquatus, Tropidurus-51 williamsi, Phrynops-41, 48 Traçhemys- 51 Xenodon - 14, 122 tricolor, Phalotris• - 100 yacare, Caiman • - 136 triseriatus, Mastigodryas bifossatus-80 yacupoi, Ophiodes• - 65

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O GÊNERO Rineloricaria Bleeker, 1862 (OSTARIOPHYSI, SILURIFORMES) NA BACIA DO RIO PARANÁ SUPERIOR: Rineloricaria pentamaculata SP. N. E Rineloricaria latirostris (Boulenger, 1900). Francisco Langeanr Renato Braz de Araujo•

RESUMO

Analisam-se exemplares de Rineloricaria Blcckcr, 1862 da drenagem do alto curso do rio Paraná. Descreve-se Rineloricaria pentamac11lata sp. n. com base cm nove exemplares, provenientes de diversas localidades na drenagem do alto Paraná, caracterizados por possuir: margem ·anterior do focinho nua, sem placas ou odontodes; raio caudal superior com filamento pouco desenvolvido, aproximadamente igual ao diâmetro do olho; corpo com cinco faixas conspícuas dorso-transversais, castanho-escuras: uma na altura da porção anterior da base da dorsal, outra ap6s a base desta nadadeira, a terceira na altura da extremidade posterior da anal, quando adpressa ao corpo, a quarta na porção mediana do pedúnculo caudal e a última próxima à base da caudal. Rineloricaria latirostris (Boulenger, 1900) é redescrita com base em 41 exemplares (tipos incluídos) e se caracteriza por possuir: margem anterior do focinho com uma pequena área nua, circundada por placas ou somente odontodes; raio caudal superior com filamento longo que, quando inteiro, é sempre maior que aquele de R. pentamaculara; seis faixas conspícuas dorso-transversais, castanho-escuras: a primeira na altura da porção anterior da base da dorsal, outra ap6s a base daquela nadadeira, a terceira e a quarta na altura da porção final da anal adpressa ao corpo, estreitas, separadas por região mais clara ou formando uma única faixa larga e as últimas próximas à base da caudal, com o mesmo padrão das anteriores. Apresentam-se, também, algumas considerações sobre Rineloricaria lima (Kner, 1854), espécie-tipo do gênero.

ABSTRACT

Specimens of Rineloricaria Bleeker, 1862, from lhe upper Paraná River drainage are analyscd. Rineloricaria pentamaculata sp. n. is described from severa! localities on lhe

• Depto. de Zoologia, IBILCE, UNESP, C.P. 136, 150054-970, S. J. R. Preto, SP, Brasil.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, ~r. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, dezembro, 1994 152 drainage; the nine type-specimens can be diagnosed as follows: tip of snout with a large anterior naked area, not bordered by scutes or odontodes; a small filament, as long as the orbital diameter, on the upper caudal fin ray, and five conspicuous dorso-transverse dark body bands: the first on the anterior portion of dorsal fin base, the next posterior to dorsal tin base, the third posterior to anal fin (when pressed to the body), the fourth in the middle portion of caudal peduncle, and the last one near caudal fin base. The 41 specimens examined (types included) of Rineloricaria latirostris (Boulenger, 1900) have a small naked area on the snout tip bordered by scutes and odontodes; a long filament on the upper caudal fin ray, much longer than that one of R. pentamaculara; six conspicuous, dorso-transverse dark body bands: the first on the anterior porti~n of dorsal fin base, another just posterior to that fin base, third and fourth, just behind the posterior extremity of anal fin (when pressed to the body), narrow and separated by a clear area or forming a single broad band, the last two similar to the third and fourth, near caudal fin base. Additionally, some considerations are made on Rineloricaria lima (Kner, 1854), type-species of the genus.

INTRODUÇÃO Rineloricaria Bleeker, 1862 é o maior gênero de Loricariinae, apre­ sentando mais de 50 espécies nominais e distribui-se por toda a América do Sul. O estado atual da sistemática do gênero é um tanto confuso e com­ plexo (Reis, 1983) e uma revisão sistemática se faz necessária (lsbrücker & Nijssen, 1976). Boulenger (1900) descreveu do Rio Moji Guaçu (São Paulo, drenagem do Rio Grande) Rineloricaria latirostris e Rineloricaria paulina, sugerindo, entretanto, que as diferenças apontadas entre as duas espécies deviam ser devidas a dimorfismo sexual secundário. Mais tarde, Regan (1904), ana­ lisando os tipos dessas duas espécies, concluiu serem realmente apenas exemplares de sexos distintos com dimorfismo sexual acentuado, devido principalmente a um maior desenvolvimento dos odontodes· nos machos. Apresentamos aqui a descrição de uma nova espécie de Rineloricaria, a redescrição de R. latirostris, cujos exemplares-tipo foram examinados,e alguns comentários sobre Rineloricaria lima (Kner, 1854), espécie-tipo do gênero. Os dados morfométricos e merísticos foram tomados conforme Boe­ seman (1968). As abreviações usadas nas tabelas são: CP - comprimento pa­ drão, PreD - comprimento pré-dorsal, Cab - comprimento da cabeça, LCl - largura cleitral, AltCab - altura da cabeça, Foc - comprimento do focinho, O - diâmetro do olho, IO - distância interorbital, AcD - comprimento do primeiro raio da dorsal, Tor - comprimento torácico, AcP - comprimento do primeiro raio da peitoral, Abdo - comprimento abdominal, AcPel - com­ primento do primeiro raio da pélvica, Ped - comprimento do pedúnculo caudal, AltPed - menor altura do pedúnculo caudal, D - número de raios da nadadeira dorsal, A - número de raios da nadadeira anal, P - número de raios da nadadeira peitoral, Pel - número de raios da nadadeira pélvica, C -

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol..PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, dezembro, 1994 153 número de raios da nadadeira caudal, OcD - número de placas entre a margem posterior do occipital e a origem da nadadeira dorsal, DPed - número de placas entre a nadadeira dorsal e a nadadeira caudal, APed - número de placas entre a nadadeira anal e a nadadeira caudal, LLAnt - número de placas anteriores da linha lateral, LLPos - número de placas posteriores da linha lateral. No texto as proporções correspondem ao maior e menor va­ lores encontrados, seguidos da média entre parênteses, e foram calculadas como partes do comprimento padrão ou do comprimento da cabeça. Nas tabelas, o número de raios das nadadeiras é o total (indiviso mais ramificados), para a caudal são apresentados os raios para cada lobo. Os exemplares examinados estão depositados na coleção de peixes do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e no Natural History Museum, Londres (BMNH). Rineloricaria pentamaculara sp. n. Figs. 1, 2a e 5; Tab. 1 HOLÓTIPO MZUSP 43051 (122,9 mm de CP, macho) rio Turvo, Ourinhos, São Paulo, Brasil, 29 out 1990, J.L.Novelli (CESP - Salto Grande). PARÁTIPOS, São Paulo, Brasil: MZUSP 35325 (3) Ribeirão Grande, Pardinho, 5 jan 1982, U.Caramaschi, N.Cameiro e E.P.Caramas­ chi; MZUSP 35469 (4) ribeirão do Tamanduá, Itatinga, 29 dez 1981, U.Caramaschi, N.Cameiro e E.P.Caramaschi; MZUSP 43052 (1) mesmos dados do holótipo; MZUSP 43053 (2) ribeirão da Barra Grande, São José do Rio Preto, 18 jul 1987, V.Garutti. PARÁTIPOS, Minas Gerais, Brasil: MZUSP 38892 (2) rio Paranaíba, Usina Hidrelétrica de Bocaina, Minas Gerais, nov 1987 ajun 1988, Leme Engenharia S/A. Observação: Não foram efetuadas medidas e contagens em 4 parátipos menores de 30 mm CP (2 do lote 35325 e 2 do 35469). Diagnose: Diferencia-se de R. latirostris por apresentar margem anterior do focinho nua, sem placas e sem odontodes (fig. 2a); raio caudal superior com filamento pouco desenvolvido, aproximadamente igual ao diâmetro do olho; corpo com cinco faixas dorso-transversais castanho-escuras e conspícuas: uma na altura da porção anterior da base da nadadeira dorsal, outra após a base daquela . nadadeira, a terceira na vertical que passa pela extremidade posterior da nadadeira anal, quando adpressa ao corpo, a quarta na metade do pedúnculo caudal e a última próxima à base da nadadeira caudal.

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Figura 1- Rineloricaria pentamaculara sp. n., holótipo, 122,9 mm CP, MZUSP 43051,vistas dol'll81, ventral e lateral; rio Turvo, Ourinhos, São Paulo, Brasil.

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Descrição: Corpo deprimido e alongado, estreitando-se para trás gra­ dativamente desde a inserção das peitorais. Perfil dorsal ligeiramente con­ vexo, elevando-se da ponta do focinho até a placa pré-dorsal e daí descendente até o pedúnculo caudal, onde ascende e acompanha o perfil caudal superior. Perfil ventral aproximadamente reto. Cabeça aproximadamente triangular em vista dorsal; comprimento 3,9 a 4,8 (4,3) vezes no comprimento padrão; largura cleitral 4,6 a 5,4 (5) vezes. Altura da cabeça 1,5 a 3,2 (2,4) vezes no seu comprimento. Focinho rombudo, comprimento 1,7 a 3,3 (2) vezes; diâmetro do olho 6,7 a 9,9 (8,3) vezes; inter-orbital 3,3 a 4,5 (4) vezes. Orifícios nasais na parte posterior de um par de concavidades que se estendem da ponta do focinho até a margem orbital anterior, separadas entre si por uma crista elevada que vai da ponta do focinho até entre as órbitas. Comprimento do entalhe pós• orbital igual à metade do diâmetro do olho. Margem anterior do focinho nua, sem placas e sem odontodes (Fig. 2a). Dois machos adultos analisados apresentam as cerdas rostrais conspícuas e bem desenvolvidas, embora mais curtas que aquelas de R. latirostris. Barbilhão maxilar mais curto que o diâmetro do olho. Cinco a 8 dentes de cada lado em ambas as maxilas; os inferiores mais desenvolvidos. Série lateral pós-cleitral com 16 a 18 + 11 a 12 placas, normalmente 18 + 11. Corpo com três quilhas laterais que se iniciam na porção posterior do pter6tico-supracleitro: as duas mais ventrais mais conspícuas a partir da terceira placa da série até a décima-sexta ou décima-oitava; a terceira, superior às anteriores, menos conspícua, estende-se por oito a 11 placas. Seis a oito placas torácicas entre as bases das nadadeiras peitoral e pélvica. Placa pré-anal margeada anteriormente por três placas e estas por cinco. Dez.essete a 18 pares de placas entre as nadadeiras dorsal e caudal; 14 a 16 pares de placas entre as nadadeiras anal e caudal. Ventre completamente revestido por placas desde a porção anterior da cintura escapular até a nadadeira anal. Placas do corpo com odontodes desenvolvidos e com carenas. Odontodes presentes em todos os raios das nadadeiras; mais numerosos e conspícuos nos raios indivisos. Nadadeira dorsal com i + 7 raios; comprimento do primeiro raio 5 a 5 ,6 (5,3) vezes no comprimento padrão, pouco menor do que o comprimento da cabeça. Anal com i + 5 raios, peitorais com i + 6 raios e, quando adpressas ao corpo, atingem a base das pélvicas; nadadeiras pélvicas com i + 5 raios, estendendo-se até a base da anal. Nadadeira caudal com 6 + 6 raios; raio caudal superior com filamento pouco desenvolvido, aproximadamente igual ao diâmetro do olho. Pedúnculo caudal muito estreito e alongado.

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, dezembro, 1994 156 '%.;,,.:.·,, ... ' • . ,. ·~ ; -..· .t.

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Figura 2 - Desenho esquemático do focinho. A: Rineloricaria pentamoeu/ata sp. n., MZUSP 43051, holótipo, rio Turvo, Ourinhos, São Paulo, Brasil; B': 'Rineloricaria latirostris, MZUSP 24979, rio Corumbataí, Corumbataí, São Paulo, Brasil.

Colorido dos exemplares em álcool: Corpo castanho dorsalmente e amarelado ventralmente; cinco faixas dorso-transversais, castanho-escuras e conspícuas: a primeira na aitura da porção anterior da base da dorsal (segundo e terceiro raios ramificados); a segunda, após base da nadadeira dorsal, a terceira, na altura do final da nadadeira anal, quando adpressa ao

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo!. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, dezembro, 1994 157 corpo, a quarta na metade do pedúnculo caudal e a quinta próxima à base da nadadeira caudal. Nadadeiras peitorais, pélvicas e anal com manchas escuras sobre os raios. Caudal com uma mancha castanho-escura na porção proximal, seguida de região clara mediana e outra mancha castanho-escura na porção distal, às vezes com as extremidades dos raios claras. Etimologia: pentamaculara, do grego penta - cinco e do latim macula - mancha, nome dado em alusão às cinco faixas castanho-escuras conspícuas e dorsais no corpo.

Tabela 1 - Rinelorlcarla pentamaculata sp. n.: comprimento padrão (mm), proporções corporais ·como partes do comprimento padrão ou do comprimento da cabeça, número de raios de nadadeiras e placas ósseas. DESVIO CARÁTER HOLÓTIPO N MIN. MÁX. MÉDIA PADRÃO

CP 122,9 9 65,3 122,9 95,0 23,I PROPORÇÕES CORPORAIS CP/PrcD 2,6 9 2,6 5,0 3,2 0,7 CP/Cab 4,3 9 3,9 . 4,8 4,3 0,3 CP/LCI 4,6 9 4,6 5,4 5,0 0,2 CP/AltCab 9,0 9 6,2 12,5 10,2 1,9 CP/AcD 5,0 8 5,0 5,6 5,3 0,3 CPffor 8,1 9 7,5 9,6 8,4 0,6 CP/AcP 6,1 9 5,6 6,8 6,0 0,4 CP/Abdo 6,2 9 5,8 6,3 6,1 0,2 CP/AcPel 6,2 9 6,1 7,4 6,6 0,4 CP/Ped 2,2 9 1,7 2,2 2,0 0,2 Cat,/AltCab 2,1 9 1,5 3,2 2,4 0,5 Cab/Foc 1,7 9 1,7 3,3 2,0 0,5 Cab/O 7,2 9 6,7 9,9 8,3 1, 1 Cab/1O 3,7 9 3,3 4,5 4,0 0,4 Cab/LCI 1, 1 9 1,0 1,3 1,2 0,1 RAIOS DAS NADADEIRAS D 8 9 8 8 8,0 A 6 9 6 6 6,0 º·ºo.o p 7 9 7 7 7,0 o.o Pel 6 9 6 6 6,0 0,0 e 12 9 12 12 12,0 0,0 PLACAS ÓSSEAS OcD 4 9 4 4 4,0 0,0 DPed 18 9 17 18 17,8 0,4 APed 16 9 14 16 15,6 0,7 LLAnt 18 9 16 18 17,6 0,7 LLPos 11 9 li 12 11,1 0,3

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Rineloricaria larirosrris (Boulenger) Figs. 2b, 3, 4 e 5; Tab. 2 Loricaria larirosrris Boulenger, 1900: 165 - 166 (localidade-tipo: rio Moji Guaçu, São Paulo); Regan, 1904: 283 - 284 (tipos; redescrição). Loricaria paulina Boulenger, 1900: 166 (localidade-tipo: rio Moji Guaçu, São Paulo); Regan, 1904: 283 - 284 (tipos; sinônimo-júnior de Lo­ ricaria larirosrris). Rineloricaria larirosrris; Isbrücker & Nijssen, 1976: 111 (maior espécie do gênero, CP do maior exemplar examinado 230 mm); Isbrücker, 1979: 112 (designação dos lectótipos de Loricaria larirosrris e L. paulina); Isbrücker, 1980: 107 (referência apenas ao nome); Oliveira er al., 1988:601 cariótipo; ribeirão Passa-Cinco, lpeúna, São Paulo). Material examinado: Tipos - BMNH 1899-12. 18:6-7, Lectótipo e Para­ lectótipo de Loricaria latirostris, rio Moji Guaçu, Heyland; BMNH 1899- 12.18:8-9, Lectótipo e Paralectótipo de Loricaria paulina, Heyland. Não Ti­ pos - Brasil, Mato Grosso do Sul. MZUSP 22844 (1) rio Sucuriu, corredeira do Yamaguti, Três Lagoas, 11-22 nov 1964, Exc. DZ; MZUSP 24447 (15) rio Pa­ raná, Ilha Solteira (ensecadeira margem direita), 25-28 mai 1972, Exc. MZUSP. - Brasil, São Paulo. MZUSP 22471 (1) rio Corumpataí, Corumbataí, dez 1962, H.A.Britski; MZUSP 22518 (1) rio Moji Guaçu, Emas, set 1962, P.E. Vanz.olini e R.S.Rebouças; MZUSP 22864 (3) córrego do Piccoli, Corum­ bataí, 20 abr 1964, H.A.Britski e N.A.Menezes; MZUSP 24979 (4) rio Corum­ bataí, Corumbataí,19 fev 1977, H.A.Britski; MZUSP 35458 (2, 1 diafaniz.ado), ribeirão do Tamanduá, ltatinga, 8 jul 1981, U.Caramaschi, N.Carneiro e E.P. Caramaschi; MZUSP 39962 (15) represa de Água Vermelha, rio Grande, divisa de São Paulo e Minas Gerais, 27 jun 1978; MZUSP 43054 (1, diafanizado), córrego da Barra Funda (desembocadura), São José do Rio Preto, 29 ago 1987, A.A.Andreata, L.H.Branco, M.E.Carvalho e F.S.D. Martim; MZUSP 43055 (1) mesma localidade do anterior, 21 out 1987, Depto. Zool. UNESP-São José do Rio Preto; MZUSP 43056 (1) ribeirão da Barra Grande, São José do Rio Preto, 29 ago 1987, A.A.Andreata; MZUSP 43057 (3) mesma localidade do anterior, 8 out 1987, V .Garutti; MZUSP 43058 (1) rio Grande, 9 out 1966, L.D. Vimtto; MZUSP 44013, (2), Usina Hidrelétrica de Taquaruçu (enseca­ deira}, rio Paranapanema, Sandovalina, J.L.Novelli (CESP - Salto Grande). Diagnose: Diferencia-se de R. pentamaculara por possuir margem anterior do focinho com uma pequena área mia, circundada por placas ou só odontodes; em vista lateral as placas que circundam a porção ventral e anterior formam um pequeno triângulo dirigido para a frente (fig. 2b); raio caudal superior com um filamento longo que, quando inteiro, é sempre maior que aquele de R. pentamaculara; seis faixas dorso-transversais, castanho-escuras e conspícuas: a primeira na altura da porção anterior da

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, deumbro, 1994 159 base da nadadeira dorsal, outra após a base daquela nadadeira, a terceira e a quarta na altura da extremidade posterior da nadadeira anal, estreitas e separadas por uma região mais clara ou unidas em faixa larga, as últimas próximas à base da caudal, com o mesmo padrão das anteriores.

Flgura 3 - Rineloricaria lalirostris, MZUSP 44013,125,4 mm CP, vistas dorsal, ventral e lateral; Usina Hidrelétrica de Taquaruçu (ensecadeira), rio Paranapanema, Sandovalina, São Paulo, Brasil.

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Descrição: corpo deprimido e alongado, estreitando-se para trás gradativamente desde a inserção das nadadeiras peitorais. Perfil dorsal ligeiramente convexo, elevando-se da ponta do focinho até a placa pré­ dorsal e daí descendente até o pedúnculo caudal, onde ascende e acompanha o perfil caudal superior. Perfil ventral aproximadamente reto. Cabeça aproximadamente triangular em vista dorsal; comprimento 3, 7 a 5,5 (4,8) vezes no comprimento padrão; largura cleitral 3,9 a 5,9 (5,3) vezes. Altura da cabeça 1,8 a 3,5 (2,4) vezes no seu comprimento. Focinho arredondado; comprimento 1,5 a 2,2 (1,8) vezes no comprimento da cabeça; diâmetro do olho 5, 1 a 11, 1 (7,4) vezes; inter-orbital 3,5 a 5,5 (4,3) vezes. Orifícios nasais na parte posterior de um par de concavidades que se estendem da ponta do focinho até a margem orbital anterior, separadas entre si por uma crista elevada que vai da ponta do focinho até entre as órbitas. Comprimento do entalhe pós-orbital igual à metade do diâmetro do olho. Margem anterior do focinho com uma pequena área nua circundada por placas e odontodes ou às vezes só odontodes (Fig. 2b). Nos machos, as cerdas rostrais são conspícuas e fortemente desenvolvidas. Barbilhão maxilar mais curto que o diâmetro do olho. Cinco a 10 dentes de cada lado, em ambas as maxilas, os inferiores mais desenvolvidos. Série lateral p6s-cleitral com 16 a 19 + 11 a 13 placas. Corpo com três quilhas laterais que se iniciam na porção posterior do pter6tico-supracleitro: as duas mais ventrais mais conspícuas a partir da terceira placa da série lateral até a décima-sexta ou décima-oitava; a terceira, superior às anteriores e menos conspícua, estende-se por seis a 1O placas. Seis a 10 placas torácicas entre as bases das nadadeiras peitoral e pélvica. Placa pré-anal margeada anteriormente por três placas e estas por cinco. Dezesseis a 18 placas entre as nadadeiras dorsal e caudal; 14 a 16 entre a anal e caudal. Maioria dos exemplares apresenta o ventre completamente revestido por placas desde a porção anterior da cintura escapular até a nadadeira anal; os exemplares-tipo possuem as regiões da cintura escapular e médio-ventral anterior sem placas; um exemplar do lote MZUSP 22284 apresenta um padrão de placas semelhante àquele dos tipos, dado a um desgaste das placas naquelas regiões. Placas do corpo com odontodes desenvolvidos e com carenas. Odontodes presentes em todos os raios das nadadeiras, mais numerosos e conspícuos nos raios indivisos. Nadadeira dorsal com i + 7 raios (um exemplar com i + 6); primeiro raio 4,8 a 6,8 (5,3) vezes no comprimento padrão, pouco menor do que o comprimen­ to da cabeça. Anal com i + 5 raios (um exemplar com i + 4). Peitorais com i + 6 raios, quando adpressas ao corpo atingem a base das pélvicas; pélvicas comi + 5 raios, estendendo-se até a base da anal. Caudal com 6 + 6 raios; raio caudal superior com filamento longo. Pedúnculo caudal muito estreito e alongado.

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B

Figura 4 - A: Rineloricaria larirostris, BMNH 1899-12.18:6, lcctótipo, 233,7 mm CP, vistas dorsal e ventral; rio Moji Guaçu, São Paulo, Brasil. B: Rine/01icaria pa11/ina, BMNH 1899- 12.18:8, lcctótipo, 185 ,5 mm CP, vistas dorsal e ventral; rio Moji Guaçu, São Paulo, Brasil.

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ESCALA o 250Km

zõ-

24"

wl

Figura 5 - Distribuição geográfica de Rinelorlcarla pentamaculata sp. n., (■) e Rinelorlcarla ladrostris (•). Os símbolos selecionados indicam a localidade-tipo.

Colorido dos exemplares em álcool: corpo castanho dorsalmente e amarelado ventralmente; seis faixas dorso-transversais, castanho-escuras e conspícuas: a primeira na altura da porção anterior da base da n~­ deira dorsal (segundo e terceiro raios ramificados), a segunda. após a ~ase daquela nadadeira, a terceira e a quarta, na altura da extremidade posterior da nadadeira anal, separadas.por uma região clara intermediária ou unidas em faixa larga, a quinta e a sexta com o mesmo padrão das anteriores, . _próximas à base da caudal. Nádadeiras peitorais, ventrais e anal com manchas escuras. Base da caudal enegrecida; pequenas manchas castanho-escuras nas porções mediana e distal, estendendo-se por todo filamento caudal.

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Tabela 2 - Rineloricaria latirostris: comprimento padrão (mm), proporções corporais como partes do comprimento padrão ou do comprimento da cabeça, número de raios de nadadeiras e placas ósseas. A e B, respectivamente Lectótipo e Paralectótipo de R. latirostris; C e D, respectivamente Lectótipo e Paralectótipo de R. paulina.

DESVIO CARÁTER A B D N MIN. MÁX. MÉDIA c PADRÃO CP 233,7 217,5 185,5 145,5 41 51,1 233,7 96,8 43,57 PROPORÇÕES CORPORAIS CP/PreD 2,7 2,7 2,7 2,8 41 2,6 3,4 3,0 0,2 CP/Cab 3,8 3,9 4,1 4,1 41 3,7 5,5 4,8 0,5 CP/LCI 4,9 4,8 5,1 5,0 41 3,9 5,9 5,3 0,4 CP/AltCab 8,5 8,5 8,6 8,9 41 8,5 14,1 11,3 0,9 CP/AcD 5,0 5,2 5,3 4,9 40 4,8 6,8 5,3 0,5 CP/ror 6,6 6,1 5,3 5,4 41 5,3 10,2 7,8 1, 1 CP/AcP 6,2 5,9 5,6 5,8 41 4,5 6,6 5,5 0,5 CP/Abdo 6,0 6,0 5,9 5,5 41 5,4 7,1 6,3 0,4 CP/AcPel 7,0 6,8 6,6 6,6 41 5,4 7,6 6,3 0,4 CP/Ped 2,4 2,4 2,3 2,2 41 1,9 2,4 2,1 0,1 Cab/AltCab 2,2 2,2 2,1 2,1 41 1,8 3,5 2,4 0,3 Cab/Foc 1,9 1,8 1,9 1,8 41 1,5 2,2 1,8 0,1 Cab/O 11,1 10,8 9,0 8,4 41 5, 1 11,1 7,4 1,3 Cab/10 5,0 4,8 5,0 5,2 41 3,5 5,5 4,3 0,5 Cab/LCl 1,3 1,2 1,2 1,2 41 1,0 1,3 1,1 0,1 RAIOS DAS NADADEIRAS D 8 8 8 8 41 7 8 8,0 0,2 A 6 6 6 6 41 5 6 6,0 0,2 p 8 7 7 7 41 7 8 7,0 0,2 Pel 6 6 6 6 41 6 6 6,0 0,0 c 12 12 12 12 40 12 12 12,0 0,0 PLACAS ÓSSEAS

oco 4 5 4 4 41 4 5 4,0 0,2 DPed 16 17 17 17 41 16 18 17,0 0,7 APed 14 15 14 14 41 14 16 15,5 0,7 LLAnt 19 18 17 19 41 16 19 16,7 0,8 LLPos 12 11 12 11 41 11 13 11,7 0,6

DISCUSSÃO As descri~ do padrão de colorido existentes na literatura para os exemplares-tipo de R. latirostris e R. paulina não são muito claras. Boulenger (1900) descreveu R. latirostris como possuindo quatro faixas dorso-transver-

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. i>UCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, deumbro, 1994 164 sais escuras e R. paulina com cinco faixas; Regan (1904), após examinar os síntipos de ambas e sinonimizá-las, redescreveu R. latirostris como possuindo quatro faixas, a primeira através da base da nadadeira dorsal. Os exemplares-tipo das ~ies de Boulenger (op. cit.) foram exami­ nados: os de R. latirostris estão descoloridos; os de R. paulina apresentam 5 faixas dorso-tranversais castanho-escuras: a primeira através da base da na­ dadeira dorsal, a segunda após a base daquela nadadeira, a terceira e a quarta na porção intermediária do pedúnculo caudal e parcialmente separadas nas laterais por uma região clara, a última, próxima à base da nadadeira caudal. R. latirostris realmente não apresenta um padrão de colorido único com refação às faixas transversais no pedúnculo caudal. Na maioria dos exemplares examinados ocorrem quatro faixas naquela porção do corpo; as faixas, entretanto, podem unir-se duas a duas formando faixas mais largas, contínuas ou interrompidas (como nos tipos de R. paulina). Em R. pentamaculara sp. n. há no pedúnculo caudal invariavelmente três faixas estreitas, conspícuas e bem separadas. R. latirostris é assinalada por Ribeiro em lporanga, São Paulo (1907 e 1911) e em Pilões e Cubatão, São Paulo e Hansa, Santa Catarina (1918). Wosiacki & Cury (1990) e Wosiacki (1990) referem-se à ocorrência desta espécie, respectivamente, nas bacias litorâneas de Antonina e Nhundiaquara e do Cubatão (rios Arraial e Cubatãozinho), Paraná. Não analisamos os exemplares em questão. Examinamos, porém, diversos outros exemplares das drenagens estudadas pelos autores e cremos que R. latirostris não ocorre naquela região, estando restrita à bacia do alto curso do rio Paraná. Todos os exemplares de Rineloricaria do rio Paraná Superior examinados são de uma das duas espécies aqui tratadas. Não há na literatura nenhuma outra espécie de Rineloricaria descrita para a drenagem ora estudada, excetuando-se, talvez, Rineloricaria lima (Kner, 1854), que comentamos a seguir. R. lima, a espécie-tipo do gênero, foi descrita como procedente do Brasil, tendo sido coletada por Natterer (Kner, 1854). Natterer coletou em diversas drenagens brasileiras, incluindo o alto curso do rio Paraná (Papavero, 1971: 80). O exemplar-tipo da espécie de Kner está provavelmente perdido (lsbrücker, 1979: 112). Os dados da descrição original e o mau estado de conservação do exemplar, já à época da descrição, segundo informação do autor, não permitem reconhecer com certeza o táxon de K.ner (op. cit. ). O único caráter que julgamos diagnóstico para distinção com relação às espécies do alto rio Paraná é o tamanho do

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zoo!. Porto Alegre, v. 7, p. 151-166, de:r.embro, 1994 165 entalhe pós-orbital: "tão grande, que quase se iguala a um diâmetro do olho". Os exemplares do alto Paraná possuem o entalhe pós-orbital igual a aproximadamente metade do diâmetro do olho, o que nos leva a crer que R. lima é nome que não pode ser aplicado àquela drenagem. Examinamos este caráter em diversos exemplares da coleção do MZUSP, provenientes das outras drenagens visitadas por Natterer e apenas aqueles dos lotes MZUSP 2167 de Cachoeira, São Paulo (drenagem do rio Paraíba do Sul) e MZUSP 2177 de Cubatão, São Paulo (drenagem litorânea) possuem entalhe tão grande quanto o descrito por Kner. Deve-se notar, contudo, apesar da descrição de Kner, que a figura apresentada de Rineloricaria lima mostra um entalhe bem menor.

Ambiente: segundo Garutti (1988 e 1989) na região de São José do Rio Preto os er.emplares de Rineloricaria ocorrem em rios de 3ª e 5» ordem, com vazões estimadas de 0,43 e 1,22 m1/s, a mata ciliar é rala ou ausente e o substrato é arenoso ou areno-argiloso. Caramaschi (1986: 241-242) apresenta alguns dados sobre os ambientes em que ocorreram exemplares de Rineloricaria na região das "Cuestas Basálticas 11 em Botucatu, São Paulo: R. latirostris ( = Rine­ loricaria sp A) foi capturada em rios cuja largura variou de 9 a 11 m (5!! ordem), a profundidade de 0,4 a 0,6 me a altitude de 460 a 560 m. Quanto a Rineloricaria pentamaculara sp. n. ( = Rineloricaria sp B) foi coletada em rios cuja largura variou de 1 a 9 m, a profundidade de 0,2 a 0,6 m, a velocidade da água de 0,3 a 0,9 m/s, a vazão entre menos de 0,02 a 1,42 m3 /s, a temperatura de 10 a 25 ºC, o oxigênio dissolvido de 70 a 118 % de saturação, o material em suspensão (séston) entre 1,0 a 25 mg/1, a altitude de 560 a 660 m, a vegetação marginal de moderada a abundante. O fundo dos ambientes era composto de areia e argila, apenas areia ou apenas lodo.

AGRADECIMENTOS

Nossos agradecimentos a Osvaldo Takeshi Oyakawa e Heraldo A. Britski (MZUSP) pelo empréstimo dos exemplares; a José Lima de Fi­ gueiredo (MZUSP), Reinaldo José Fazzio Feres e Valdener Garutti (Departamento de Zoologia, UNESP, São José do Rio Preto), pela leitura de algumas versões do manuscrito e apresentação de valiosas sugestões e críticas; a Carlos Frankl Sperber (Departamento de Ecologia, Universidade Federal de Viçosa), pela tradução para o Português do trabalho de Kner e a

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Fundação Para o Desenvolvimento da UNESP - FUNDUNESP, pelo em­ préstimo financeiro concedido a F. Langeani (processo 015/93- DFP/F/CBS), permitindo o exame dos tipos de Loricaria latirostris e Loricaria paulina.

REFEIIBNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COMPARAÇÃO DA ICTIOFAUNA DE TRÊS LOCAIS DO RIO VACACAÍ-MIRIM, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Everton Rodolfo Beh,. Bernardo Baldisserotto••

RESUMO

O presente trabalho compara a diversidade e distribuição da ictiofauna em 3 pontos de coleta no rio Vacacaí-Mirim (RS). Cada ponto foi amostrado uma vez em cada estação do ano, sendo utilizadas diferentes artes de pesca comumente empregadas na região (redes de espera, feiticeira, de arrasto, espinheis, tarrafas, pucas). Foram capturados 5389 peixes pertencentes a 6 ordens, 13 famílias e 53 espécies. As espécies mais abundantes foram os lambaris (Diapoma speculifenun e Cheirodon ibicuhiensis). Observou-se que quanto mais próximo da foz com o rio Jacuí maior foi a diversidade encontrada.

ABSTRACT

This research compares the diversity and distribution of fish fauna in 3 locations of the Vacacaí-Mirim river (RS). Each location was sampled once during each season of the year. Different types of fishing common to the region· were used (drift tramrnel nets, drift gill nets, cast net, dip net, long line). 5389 fishes pertaining to 6 orders, 13 families and 53 species were captured. The more abundant species captured were Diapoma speculifernm and Cheirodon ibicuhiensis. The highest diversity of fishes was observed in locations that were closer to the mouth of the Jacuí river.

• Bolsista de Aperfeiçoamento da Fundação de Amparo à pesquisa do Rio Grande do Sul (ano 1992). •• Departamento de Fisiologia, Universidade Federal de Santa Maria. 97119-900 Santa Maria, RS.

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INTRODUÇÃO

Com relação aos estudos de levantamento da ictiofauna já realiz.ados no Rio Grande do Sul, Malabarba (1989) realizou uma revisão histórica dos peixes descritos ou citados para as bacias da lagoa dos Patos, lagoa Mirim e rio Jacu{, sendo o rio Vacacaí-Mirim um dos afluentes do rio Jacuí. Nesta revisão é apresentada uma listagem de 106 peixes essencialmente de água doce. O levantamento da fauna ictiológica num trecho dos rios Jacuí e Jacuizinho permitiu a identificação de vinte espécies (Bossemeyer et al., 1981). Grosser & Hahn (1981) encontraram 46 espécies ao realiz.arem o levantamento da ictiofauna da lagoa Negra, no Parque Florestal de Itapuã, município de Viamão (RS). Buckup & Malabarba (1983) apresentaram uma lista de 53 espécies de peixes encontradas na Estação Ecológica do Taim. Em estudos no Sistema do rio Uruguai, Weis et ai. (1983), no levantamento da fauna ictiológica do rio lbicuí-Mirim (RS), constataram a ocorrência de 81 espécies. Bossemeyer et ai. (1985) coletaram um total de 1345 peixes pertencentes a 53 espécies no rio Santa Maria (RS). Bertoletti et ai. (1989a) estudando a ictiofauna do rio Uruguai Superior entre os municípios de Aratiba e Esmeralda, no Rio Grande do Sul, acusaram a ocorrência de 74 espécies, sendo que 8 delas são consideradas restritas à região. Em trabalho desenvolvido no mesmo ano sobre a ictiofauna do rio Canoas, Bertoletti et ai. ( 1989b) constataram a existência de 53 espécies, havendo evidências de que esle número seja maior. Bertoletti et ai. (1990) capturaram 5638 exemplares de peixes pertencentes a 71 espécies na área de influência da futura usina hidrelétrica de Garabi, RS (rio Uruguai). Num dos trabalhos mais recentes sobre a ictiofauna do estado do Rio Grande do Sul, Malabarba & Isaia (1992), registraram 73 espécies para o sistema do rio Tramandaí, sendo que destas, 33 são citadas pela primeira vez para a referida área. O objetivo deste trabalho é conhecer e comparar a ictiofauna de três pontos com características distintas no rio Vacacaí-Mirim, nas diferentes estações do ano.

MATERIAL E MÉTODOS

O rio Vacacaí-Mirim tem sua nascente nas encostas da Serra Geral ao norte da cidade de Santa Maria e corre em direção leste até desaguar no rio Jacuí. Este rio é peculiar quanto a suas características topográficas pois se localiz.a sobre distintos tipos de relevos, um acidentado (rebordo do Planalto

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Sul Brasileiro) e um plano (planície da Depressão Central). A sub-bacia possui uma área total de 1.173,93 km2 e drena águas dos municípios de Santa Maria, Silveira Martins, Restinga Seca, Faxinai do Soturno e Júlio de Castilhos (Fuchs, 1986). As coletas foram realizadas em três pontos do rio Vacacaí-Mirim, mais ou menos equidistantes entre si (Figura 1). Ponto 1 - Próximo a Santa Maria (barragem) - 53º 46' W, 29º 40' S Ponto 2 - Próximo a Arroio do Só - 53º 34' W, 29º 46' S Ponto 3 - Próximo da barra com o rio Jacu{ - 53º 09 'W, 29º 54' S Os materiais utilizados nas coletas foram os tradicionalmente empregados para pesca na região. Redes de espera de malhas (valores em cm entre nós adjacentes): 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0 e 6,0 e feiticeiras de malha (valores em cm entre nós adjacentes): 5,0/15,0; 4,0/20,0; 5,0/20,0, puçás, espinhei com 25 anzóis, tarrafas pequenas (malha 1), e redes de arrasto, tipo picaré e de tela de "nylon", usada para captura de peixes pequenos. Foi realizada uma coleta em cada ponto nas quatro estações do ano de 1991, sempre no último mês de cada estação, sendo que cada coleta foi dividida em diurna e noturna. Em coletas noturnas somente foram utilizadas redes de espera e espinhei. Os artefatos de pesca foram dispostos no rio com auxílio de um barco. As redes de espera permaneceram na água em tomo de 20 horas sendo revisadas a cada 3 horas durante o período diurno. As tarrafas e redes picaré eram utilizadas em média 5 vez.es (lances), quando as condições do rio permitiam. No ponto 2 também foram realizadas coletas em um açude que fica adjacente ao leito do rio. Os exemplares capturados foram fixados em formol a 1O% e conservados em álcool a 70 % (Malabarba & Reis, 1987). A maior parte dos peixes coletados foram levados ao laboratório para identificação das espécies, sendo utilizadas neste trabalho chaves dicotômicas e descrições existentes nos trabalhos de Ringuelet et al. (1967); Gery (1977); Guedes (1981); Reis (1983); Weis & Bossemeyer (1981); Buckup & Reis (1985); Reis & Malabarba (1988); Malabarba (1988); Mallmann (1990); Reis et al. (1990). Na lista das espécies, ew algumas foi possível determinar somente o gênero. Em outras aparece o uso de a(f. quando não existe um nome específico disponível, mas a espécie é muito semelhante ou tradicionalmente referida como outra (Malabarba, 1989). Os nomes vulgares utilizados são os mencionados por Bertoletti (1985). Os peixes coletados foram depositados no Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de Santa Maria e na coleção ictiológjca do Museu de Ciências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

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Figura 1- Pontos de coleta no rio Vacacaí-Mirim.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O número total de exemplares capturados foi de 5389, distribuídos em 53 espécies, 13 famílias e 5 ordens (Tabela 1). As espécies mais abundantes foram os lambaris Diapoma speculiferum e Cheirodon ibicuhiensis, que juntos correspondem a 37,9% dos peixes coletados. Segundo Lowe-McConnel (1975), em riachos. tropicais ·as comu­ nidades são afetadas por mudanças estacionais, devido a expansão ou contração do ambiente aquático. Isto .pôde ser constatado no ~úmero de exemplares coletados nas diferentes estações (Tabela 2), pois quando o rio estava cheio houve um menor número de capturas (coletas de outono e primavera no ponto 3) (Tabela 1). O maior número de exemplares foi capturado no inverno, (Tabela 2) devido ao grande número de D. speculiferum (527) e C. ibicuhiensis (364), que juntos representaram 46,5 % do total de peixes coletados nesta estação. Cabe ressaltar que D. speculiferum apresentou uma captura elevada (479 indivíduos) na coleta de inverno no ponto 1, não tendo sido capturado na ~oleta ·desta estação no ponto 2. Na coleta de primavera no ponto 1, realiuda no mês de dezembro, tivemos um número bastante elevado de Crenicichla punctata devido à captura de um cardume de alevinos.

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O número de fann1ias coletadas no ponto 1 totalizou 7 e para os pontos 2 e 3 ficou em 12, sendo 11 comuns aos últimos dois pontos (Tabela 3). A farru1ia Characidae foi a mais representativa com o percentual de 77,21 % dos peixes coletados e a maior diversidade de espécies (21 distribuídas em 7 subfanu1ias). Os percentuais de cada fann1ia em cada ponto e total para o rio encontram-se na Tabela 3. Ao analisarmos o ponto 1 separadamente, observa-se a predominância dos caracídeos, mas o que se destaca e o alto percentual de ciclídeos ( 13 ,58), quando comparados com os outros pontos. Tal fato deve-se a maior captura de Gymnogeophagus labiatus e Geophagus brasiliensis (tabela 1). Segundo Bertoletti (1985), G. brasilietisis é uma espécie que adapta-se bem em águas lênticas. Seguindo a classificação de Bertoletti et al ( 1989a) quanto a constância, pode-se agrupar as espécies encontradas no rio Vacacaí-Mirim · em 19 espécies constantes, 20 acessórias e 14 acidentais. A Tabela 4 apresenta a constância das espécies em cada ponto do rio e no geral. As únicas espécies constantes em todos os pontos foram Hoplias aff. malabaricus, D. speculiferum, Astyanax aff. bimaculatus, Bryconamericus iheringii, Hyphessob,ycon luetkenii e C. ibicuhiensis. Apesar do fato de Cyphocharax voga, Astyanax alburnus, Cheirodon calliurus, Oligosarcus robustus e Loricariichthys anus serem especies constantes para os pontos 2 e 3 do rio Vacacaí-Mirim, não foram capturadas no ponto 1. Isto demonstra que existe uma variação bastante significativa entre este ponto e os demais, sendo que este menor número de espécies encontrada na barragem se deve principalmente ao tipo de ambiente (águas lênticas) e ao fato de ser o ponto que se situa mais à montante no rio, e, portanto, sofrer menor influencia do rio Jacui. Gymnogeophagus gymnogenys e Corydoras paleatus foram consideradas acessórias para o rio (embora constantes nos pontos 2 e 3) pelo fato de estarem ausentes no ponto 1. Leporinus obtusidens, Prochilodus lineatus, Aphyocharax anisitsi, Cheirodon interruptus, Macropsobrycon uruguaya11ae, Otoci11clus flexilis e Rineloricaria sp. são todas espécies acidentais no Vacacaí-Mirim, tendo sido capturadas somente no ponto 3 provavelmente devido a sua proxi­ midade com o rio Jacuí, pois a maioria encontra-se registrada para este rio. (Malabarba, 1989). Plata11ichthys platana, Cichlasoma Jacetum e Cichlasoma portalegrense foram coletadas somente no ponto 2 (as duas últimas em ambiente lêntico) e embora neste ponto sejam consideradas acessórias, para o rio de um modo geral figuram como acidentais. Nenhuma espécie foi registrada exclusivamente no ponto 1. Stei1ldach11eri11a biornara ocorreu em todas as coletas no ponto 1, sendo que somente um exemplar foi capturado no ponto 2. Isto demonstra

Comam. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre. v. 7, p. 167-178, dezembro, 1994 172 que esta espécie parece ter uma predileção por ambientes de águas lênticas. Em contrapartida foi praticamente constante a captura de C. voga nas coletas realizadas nos pontos 2 e 3, indicando que esta espécie parece preferir ambientes de águas lóticas. Aplicando-se a fórmula de Brillouin (Margalef, 1977) para estabelecer os índices de diversidade dos pontos de coleta, obteve-se os valores de 2.80; 4.06 e 4.05 para os pontos 1, 2 e 3 respectivamente. Nota-se que a diversidade de espécies é maior nos pontos 2 e 3. O número de espécies acumuladas cresceu muito pouco de uma coleta para outra em um mesmo ponto, o que demonstra que o levantamento encontra-se razoavelmente completo. Ainda assim, foram coletadas na bacia do Vacacaí-Mirim durante os anos de 1991 e 1992, quatro espécies de peixes que não foram capturadas durante as coletas deste trabalho (Syn­ branchus aff. marmoratus, Callichthys aff. callichthys, Gymnotus aff. carapo.e Heptapterus sp.). O levantamento ictiológico mais próximo ao rio Vacacaí-Mirim foi realizado por Bossemeyer et al. ( 1981) num trecho dos rios Jacuí e Jacuizinho, quando foram capturadas 20 espécies. Comparando a listagem de espécies obtida com a de Bossemeyer et al. (1981), pode-se verificar que somente as espécies Odontesthes sp., Hemiancistrus sp. e S. marmoratus não foram capturadas no Vacacaí-Mirim, durante as coletas deste trabalho, embora S. aff. marmoratus seja capturado em açudes pró• ximos do rio. Ao compararmos os resultados que obtivemos com a revisão de Malabarba (1989) temos o seguinte quadro: uma espécie de família marinha (P. platana, por isso ausente na revisão; três espécies que só foram coletadas recentemente no sistema da laguna dos Patos (SLP) (A. anisitsi, Trachelyopterus sp. e C. calliurus) que por isso não se encontram na revisão, e 49 espécies presentes no trabalho que cita 106 para o SLP. Levando-se em consideração as 4 espécies coletadas posteriormente chegamos a 57 espécies. Portanto confirmamos para o rio Vacacaí-Mirim e sua bacia, mais de 50 % da ictiofauna presente no SLP. Um fato interessante que vem ocorrendo nos últimos anos é a captura, nos rios da bacia do Jacuí, de peixes que anteriormente só ocorriam no sistema do rio Uruguai (Bertoletti et al. 1992). Durante as coletas deste trabalho foram capturados 11 exemplares de A. anisitsi no ponto 3 do rio Vacacaí-Mirim, (coletas de outono e inverno) sendo a primeira citação desta espécie para o SLP. Quanto ao aspecto de produtividade pesqueira o rio deixa bastante a desejar, pois o número de exemplares das espécies que apresentam algum

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interesse comercial, como gmmatã (P. lineatus), piava (L. obtusidens}, voga (Schizodon jacuiensis}, traíra (H. ~ff. malabaricus}, pintado (Pimelodus maculatus) e jundiá (Rhamdia sp.) é baixo. Apenas a traíra (H. ~ff. malabaricus) é encontrada com uma certa abundância no ponto 2, provavelmente pelo fato das coletas terem se extendido a um açude adjacente ao leito do rio, sendo que esta espécie prefere ambientes de águas lênticas, conforme Uieda (1984) e Bertoletti (1985). Ainda assim podemos constatar durante as coletas que existe pesca em todos os pontos que foram amostrados, -inclusive em época de piracema. Embora esta atividade seja incipiente nos pontos 2 e 3, é uma constante no ponto 1, certamente pela proximidade com a zona urbana.

Tabela 1 - Número de exemplares coletados por ponto e por estação, dentro de cada espécie nas estações de verão (V), outono (O), inverno (1), primavera {P), apresen­ tando o total de espécies, famt1ias e exemplares por ponto.

ESPOCIE PONTO 1 PONT02 PONT03 (situada na famllia) V O p V O p V O p Oupeidae Plalanichthys platana Anostomidae Lq,orinus obtusidens 1 Schir.odon jacuiensis 2 4 5 Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus 5 6 5 10 16 25 38 36 14 6 6 15 Curimatidae CyphocharaJC voga 7 8 16 15 52 12 25 Steindachnerina biomala 18 12 61 7 Prochilodontidae Prochilodus lineatus Characidae Characidium aff.Jasciatum 4 10 10 4 Oligosarcus jenynsii 5 5 31 7 s 2 Oligosarcus robustus 2 6 6 2 15 3 8 3 CharaJC stenopterus s 2 39 9 1 Diapoma speculiferum 130 147 479 4 40 85 9 48 IS 48 17 Pseudocorynopoma doriae 46 22 30 4 48 4 107 12 AphyocharaJC anisitsi 4 7 AstyanaJC albumus 213 29 9 12 91 78 43 8 AstyanaJC aff. bimaculatus 2 2 7 li 9 15 9 11 5 AstyanaJC eigenmanniorum 10 3 8 ÂSt)'anaJC a ff.fasciatus 2 3 4 5 3 AstyanaJC sp. 1 AstyanaJC sp. li s Bryconamericus iheringii 143 14 62 12 2 49 6 2 7 14 2

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Tabela 1 - (conl) ESPÉCIE PONTO 1 PONTO2 PONTO3 (§,_ituada na [.am!lial V o I p V o I p V o I p Hyphes.sobrycon luetkenii 18 5 51 3 61 6 73 25 16 18 2 Hyphes.sobrycon bifasciatus 2 Macropsobrycon uruguayanae 2 Qaeirodon iblcuhiensis 17 49 71 355 10 58 202 40 104 10 91 14 Cheirodon intenuptus 1 Daeirodotr calliunu 9 184 22 10 44 35 10 Odontostilbe sp. s 4 8 3 Auchmipteridae Trachelyoptenu sp. 8 2 Pimelodidae Pimelodella laticq,s australis 2 9 Pimelodus maculatus 8 2 2 6 2 Rluundia a.ff. sapo 2 3 1 2 Rhamdia aff. quelen 3 2 2 Trichomycteridae Homodiaetus vaqerreirae 2 7 Callichthydae C.Orydoras paleatus 17 3 2 Hoplostemum aff. littorale 2 2 17 4 6 Loricariidae Ancistnu brevipinnis 2 Microlq,idogaster sp. 2 3 0tocinclus jluilis 1 Hypostomus commersonii 2 2 5 34 3 8 14 13 7 Loricariichthys anus 46 2 22 24 29 3 12 Rineloricaria cadeae 2 1 7 2 Rineloricaria strigilata 2 17 Rineloricaria sp. Poecilidae Phalloceros caudimaculatus 3 2 3 7 s Ochlidae OchlasomafaceJum 1 Ochlasoma portalegrense 2 Crenicichla lq,idota 1 2 2 3 3 Crmicichla punctata 2 2 37 1 s G«Jphagus brasiliensis 33 12 13 29 8 3 3 GymnogMphagus gymnogmys 9 39 12 3 1 GymnogMphagus rhabdotus 2 4 4 6 10 12 2 Gymnog«Jphagus labiatus 73 12 9 47 48 9 Total Total Total Nº de espécies por coleta .JS 18 17 17 22 24 26 34 35 45 34 19 27 30 47 Nº de Jam!lias por coleta 5 7 7 7 7 10 8 10 9 12 li 5 9 li 12 Nº de exemplares por coleta 451 323 822 531 2127 507 371 759 301 1938 646 201 327 ISO 1324

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Tabela 2 - Número total de exemplares, famílias e espécies coletadas em cada estação.

VERÃO OUTONO lNVERNO PRIMAVERA EXEMPI..ARES 1329 895 1908 982 FAMfUAS 12 9 11 12 ESPOCIES 39 38 45 45

Tabela 3 - Percentuais de captura de cada família nos pontos e no total de exemplares capturados

FAMfUA PONTO 1 PONTO2 PONT03 TOTAL Characidae 79,52 71,92 73,56 77,21 Ochlidae 13,58 8,10 2,03 8,77 Curimatidae 4,60 2.42 6,72 4,34 Erythrinidae 1,22 5,93 3,09 3,37 Loricariidae 0,51 8,41 7,62 3,21 Callichthyidae 1,23 2,41 1,04 Pimelodidae 0,28 0,98 1,88 0,92 Poecilidae 0,28 0,15 0,90 0,39 Anostomidae 0,10 0,90 0,25 Auchenipteridae 0,51 0,22 0,24 Trichomicteridae 0,15 0,60 0,20 Oupeidae 0,10 0,03 Prochilodontidae 0,07 0,02

Tabela 4 - Níveis de constância das espécies nos diferentes pontos e geral. Acidental (A), acessória (B), constante (C).

ESPÉCIE PONTO 1 PONTO2 PONTO 3 GERAL Plalanichthys platana B A Leporinus obtusidens B A Schizodon jacuiensis A e B Hoplias aff. malabaricus e e e e Cyphocharax voga e e e Steindachnerina biomata e A B Prochilodus lineatus A A Characidium aff.fasciatum e 8 B Oligosarcus jenyn.sii e 8 e e Oligosarcus robustus e e e Charax stenoptenu 8 e A 8 Diapoma speculiferum e e (' e Pseudocorynopoma doriae B e 8 e Aphyocharax anisitsi 8 A Astyanax albumus e e e Astyanax aff. bimaculatus e e e e

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Tabela 4 - (cont.) ESPÉCIE PONTO 1 PONT02 PONT03 GERAL Astyanax dgenmanniorum A B e e Astyanax alf. f asciatus A e A B Astyanax sp. I A B A Astyana.i sp. li A B A B,yconamericus iheringii e e e e Hyphessob,ycon luetkenii e e e e Hyphessob,ycon bifasciatus A A A Macropsob,ycon uruguayanae B A Chdrodon ibicuhiensis e e e e Chdrodon interruptus A A Chdrodon calliurus e e e Odontostilbe sp. e B B Trachelyopterus sp. e B B Pimelodella laticeps australis A A A Pimelodus maculatus e B B Rhamdia aff. sapo e e B Rhamdia aff. quelen e B B Honwdiaetus vaqe"drae B B B Co,ydoras paleatus e e B Hoplostemum aff. littorale e B B Ancistrus brevipinnis A B A B Microlepidogaster sp. A e B 0tocinclus jlexilis A A Hypostomus commersonii e e B e Loricariichthys anus e e e Rineloricaria cadeae B B B Rineloricaria strigilata B B B Rineloricaria sp. A A Phalloceros caudimaculatus e A B B Ochlasoma facetum B A Cichlasoma portalegrense B A Crenicichla lepidota B e A B Crenicichla punctata e A B e Gwphagus brasiliensis e e A e Gymnogwphagus gymnogenys e e B Gymnogwphagus labiatus e B B e Gymnogwphagus rhabdotus e e e

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à F APERGS pela concessão da bolsa de aperfeiçoamento e aos pesquisadores Roberto Reis, Luiz R. Malabarba e Carlos Lucena pela orientação na determinação das espécies.

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DESCRIÇÃO DE UMA NOVA ESPÉCIE DO GÊNERO Sch!zodon AGASSIZ DA BACIA DO RIO URUGUAI, BRASIL (OSTARIOPHYSI, ANOSTOMIDAE).

Júlio Cesar Garavello*

RESUMO

Schizodon ausrralis sp. n. é descrita da bacia do rio Uruguai, com indicações que venha a ser exclusiva das bacias hidrográficas do médio Paraná abaixo de ltaipú, Paraguai e Uruguai. As espécies de maior similaridade a Schizodon ausrralis sp. n. são Schizodon platae (Garman, 1890) e Schizodon borelli (Boulenger, 1900), que possuem quatro barras verticais negras e como ausrralis possuem a mesma distribuição geográfica. S. auslralis possui boca terminal; focinho longo e truncado; 44-46 escamas perfuradas na linha lateral; 6,5/1/6 séries transversais de escamas entre as nadadeiras dorsal e anal; 33-34 escamas pré-anais e 19 séries de escamas em tomo do pedúnculo caudal, merística sempre superior à de platae e borelli. Padrão de colorido com quatro barras transversais negras ou castanho-escuro sobre os flan~os, antes e sob a nadadeira dorsal e mais duas entre a dorsal e a adiposa; uma mácula negra sobre a base do pedúnculo caudal e várias riscas escuras finas e inconspícuas ao longo das séries de escamas dorsais. Uma análise das variáveis canônicas livre do tamanho foi realizada em amostras combinadas de aus1ralis, platae e borelli, revelando que a nova espé­ cie é morfologicamente diferenciada das edemais em questão, por possuir o focinho mais longo, o corpo mais baixo e afilado bem como o pedúnculo caudal mais alto.

ABSTRACT

Schizodon ausrralis n. sp. is described on lhe basis of several specimens collected in lhe Uruguay river basin, in lhe state of Rio Grande do Sul state, giving indications it could be an endemic species of lhe middle Paraná, Paraguay and Uruguay basins. The nearesl species of ausrralis wilh four large black bars on dorsum are Schizodon platae (Garman, 1890), and Schizodon borelli (Boulenger, 1900) bolh wilh lhe sarne geographical distribution of australis. S. australis has anterior mouth and long snout; 45 to 46 perforated scales on the lateral line; 6,5/1/6 longitudinal rows of scales on lhe side trunk, beyond the dorsal and pelvic fins; 33 to

~ Departamento d~ Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade Federal de São Carlos. Çaixa Postal 676, 13565-905, São Carlos, SP, Bolsista do CNPq

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34 preanal scales and 19 series of sca)es around the caudal peduncle, with all the counts mostly numerous than platae and borelli. Four transversal black or dark brown bars crossing the trunk before and under the dorsal fin, and two other beyond lhe dorsal and adipose fins; a black blotch on the base of causal peduncle and several fine stripes along each row of trunk scales. A size free canonical variates analysis were carried out with combined populations of these three species and it revealed morphological differentiation pattem for australis. When compared to platae and borelli, australis has longer snout, higher body depth and higher caudal peduncle depth.

INTRODUÇÃO

Entre os gêneros da família Anostomidae, o gêmero Schizodo11 Agassiz, 1829, apesar do número relativamente baixo de espéciéS descritas que possui, apresenta ampla distribuição pelas bacias hidrográficas maiores da América do Sul. Peixes desse gênero são encontrados na bacia Amazônica, no rio Orenoco. no sistema hidrográfico Paraná-Paraguai e Uruguai, no sistema da Laguna dos Patos, como definida por Malabarba (1989), nas bacias dos rios Mearim, Itapecurú, Parnaíba, do isolado sistema hidrográfico do nordeste do Brasil e no rio São Francisco. Estão ausentes dos demais rios da costa leste da América do Sul, bem como na região a oeste da Cordilheira dos Andes. Este gênero, como a maioria dos gêneros da fanu1ia Anostomidae. possui espécies com padrões de colorido exclusivos, formados basicamente por quatro arranjos: ( 1) barras negras ou castanho­ escuro transversais conspícuas; (2) listras longitudinais finas e inconspícuas combinadas com uma mácula caudal negra conspícua; (3) barras transversais negras ou castanho-escuro, combinadas com uma listra longitudinal castanho-escuro ao longo da linha lateral e (4) apenas uma mácula negra conspícua no pedúnculo caudal sobre cor de fundo castanho claro uniforme. Esses arranjos aqui descritos, podem eventualmente se apresentar de maneira inconspícua, porém sempre constantes para cada grupo de espécies de Schizodon, oferecendo boa diagnose em relação aos gêneros Leporinus Spix, Abramites Fowler, Leporellus Luetken, Laemolyta Cope e Anostomus Gronov que apresentam outras combinações de colorido. Desde a última revisão da fanu1ia Anostomidae realizada por Myers (1950) que incluiu o gênero Schizodon, poucas foram as contribuições para a sistemática desse gênero. A revisão de Myers redefine o gênero Schizodon e inclui uma lista de espécies que nele se enquadram, além de invalidar nomes genéricos como Lahiliella Eigenmann & Kennedy e Nannognathus Boulenger. Faz menção aos trabalhos revisionais de Garman (1890) como sendo uma obra de diagnoses excessivamente breves e desprovida de figuras e ao de Borodin (1929), como sendo mal feito, salvo apenas pelas excelentes

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 179-193, deumbro, 1994 181 pranchas feitas sob a orientação de Louis Agassiz e copiadas da obra de Kner (1859). Os trabalhos de Schultz (1944) sobre Schizodon na Venezuela, Géry, et alli, (1987) nas espécies do rio Paraguai, Bergmann (1988) nas espécies das bacias hidrográficas do rio Uruguai e Laguna dos Patos, Garavello & Britski (1990) nas espécies da bacia do alto Paraná e Vari (1991) em Schizodon corti Schultz do Lago Maracaíbo, na bacia do rio Orenoco, basicamente foram as obras sobre este gênero que se sucederam à revisão de Myers. As espécies Anostomus platae Garman, 1890, descrita da localidade de Rosário na Argentina e Anostomus borelli Boulenger, 1900, descrita de Carandazinho, no estado do Mato Grosso, Brasil, por possuírem a fórmula dentária de 8/8 dentes penta ou hexacuspidados horizontalmente alinhados em ambas maxilas são, com base nessa associação de caracteres, aqui consideradas pertencentes ao conjunto natural de espécies que compõem o gênero Shizodon dentro de Anostomidae. O estudo que realizamos há alguns meses no material de Anostomidae da ótima coleção ictiológica obtida pelo Museu de Ciências e Tecnologia da Ponti­ fícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul no rio Uruguai, permitiu-nos detectar a nova espécie. As análises realizadas com suas congêneres sintópicas das coleções do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo e da Universidade Federal de São Carlos bem como o exame do material-tipo de Schizodon platae deram-nos as precisas informações que necessitávamos para que ela pudesse vir a ser descrita nesse artigo.

MATERIAL E MÉTODOS

Os exemplares estudados encontram-se depositados nas seguintes insti­ tuições: Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil (MCP); Museu de Zoologia Comparada de Harvard, Massachussetts, Estados Unidos da América (MCZ); Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil (MZUSP); Laboratório de Ictiologia Sistemática da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Ao apêndice é apresentada a lista de material comparativo examinado com o número de exemplares de cada amostra figurado entre parênteses. As contagens de escamas, dentes e rastros foram feitas sob estereomicroscópio e as medidas foram obtidas com o auxílio de paquímetro e conferidas até o milímetro mais próximo. Ambas, medidas e contagens,

Conwn. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 179-193, deumbro, 1994 182 seguem as indicações de Garavello & Britski (1988) para o gênero Leporinus Spix e afins. Como machos e fêmeas não apresentaram diferenças significativas de proporções corporais, foram analisados em conjunto. A análise das variáveis canônicas livres do tamanho utili:zadas neste trabalho, seguem a orientação da metodologia descrita em Bookstein, Chemoff, Elder, Humphies, Smith & Strauss (1985) e Reis, Pessoa & Strauss (1990), tendo sido processadas com o auxílio de microcomputador compatível com o sistema IBM-PC e com o programa SAS-PC.

Schizodon australis sp. Dr (Fig. 1.a.)

Schizodon cf. platae (Gannan, 1890): Gery, Mahnert & Dlouhy, 1987:375 (Rio Piribebuy, afluente do rio Paraguai, Paraguai). Schizodon sp.: Bergmann, 1988: 15 (Bacia do rio Uruguai).

Holótipo-MCP 12931, rio Uruguai, no Porto de Santo lzidro, município de São Nicolau, estado do Rio Grande do Sul, Brasil, (3.1.1989). Parátipos-MCP (1) 12793, rio Uruguai, no Porto de Santo Izidro, município de São Nicolau, RS, (4.IX.1988); (3) _MCP 12936, Rio Uruguai, no Porto de Santo Izidro, município de São Nicolau, RS, (l 1.III.1989); (2) MCP 12929, barra do rio ljuí, afluente do rio Uruguai, município de Roque Gon:zales, RS, (03.1.1989); (1) MCP 13279, rio Uruguai, no Porto de Santo lzidro, município de São Nicolau, RS, (21. V.1989); (1) MZUSP 47445, rio Uruguai, no Porto de Santo Izidro, município de São Nicolau, RS (3.1.1989); (1) MZUSP 47446, rio Uruguai, no Porto de Santo lzidro, município de São Nicolau, RS (4.Xl.1988).

Diagnose

Boca estreita e terminal, em nível com região mediana da órbita em vista lateral. Nadadeira ventral comi + 8 raios; 44 a 46 escamas perfuradas na linha lateral; seis a seis e meio séries de escamas entre a origem da nadadeira dorsal e a linha lateral e seis abaixo, entre esta e a origem da nadadeira ventral. Cabeça longa e afilada, contida cerca de 4,8 a 5,2 vezes no comprimento padrão; focinho longo, seu comprimento contido cerca de 2,5 vezes no comprimento da cabeça; corpo baixo e afilado, sua altura contida cerca de 4,0 a 4,5 vezes no comprimento padrão; pedúnculo caudal

Comun. Mus. Ciêitc. Tecnor. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, p. 179-193, dezembro, 1994 183 alto, sua altura contida cerca de 2 a 2,2 vezes na altura do corpo, circundado por 19 séries de escamas. Colorido de quatro barras verticais negras ou castanho-escuro largas sobre o tronco, que alcançam apenas uma ou duas séries ~e escamas abaixo da linha lateral. As duas primeiras antes e sob a nadadeira dorsal, a terceira e a quarta, antes e quase sob a nadadeira adiposa; uma mácula negra conspícua sob a base do pedúnculo caudal e várias estrias longitudinais finas e escuras ao longo das séries de escamas do dorso.

Descrição

Porte grande, até cerca de 32,0 centímetros de comprimento padrão. Corpo baixo e comprimido, cabeça longa e afilada, baixa em relação ao tronco, contida cerca de 4, 8 a 5 ,2 vezes no comprimento padrão; focinho longo e afilado, contido cerca de 2,5 vezes no comprimento da cabeça; órbitas grandes, contidas cerca de 4,5 vezes no comprimento da cabeça. Perfil dorsal quase reto da ponta do focinho até o extremo distal do supra-occipital; levemente convexo daí até o início da nadadeira dorsal; perfil ventral em curva suave e convexa da ponta da mandíbula até a origem da nadadeira ventral, quase reto entre a ventral e a anal e levemente côncavo no pedúnculo caudal. Nadadeira dorsal alcançando a quarta escama dorsal posterior à sua base, quando adpressa ao corpo; ponta da nadadeira peitoral quando adpressa, alcançando a quinta escama do tronco, posterior à sua base; ponta da nadadeira ventral quando adpressa, alcançando a quinta ou sexta escama posterior à sua base; nadadeira anal quando ereta, com a borda posterior levemente côncavo, distante sete ou oito escamas da base da nadadeira caudal; nadadeira caudal profundamente entalhada, com o lobo superior maior que o inferior. Boca terminal estreita, a fenda bucal em nível com a orla inferior da órbita; lábios finos; quatro dentes pentacúspides no pré-maxilar e quatro no dentário, perfazendo um total de oito dentes para cada maxilar; os do pré­ maxilar largos, quase de mesmo tamanho. apenas o última de cada lado é um pouco menor, formando uma borda cortante uniformemente cuspidada. Dentes mandibulares igualmente largos e formando uma borda cortante uniforme como no pré-maxilar. 26 a 28 rastros no primeiro arco branquial. Linha lateral com 44 a 46 escamas perfuradas, quatro delas sobre os raios caudais medianos; seis a seis e meio séries transversais de escamas acima da linha lateral, entre ela e a nadadeira dorsal; seis séries transversais de escamas abaixo da linha lateral entre ela e a nadadeira ventral. Escama

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre. v. 7, p. 179-193. dezembro, 1994 184 axilar longa, seu comprimento alcançando o primeiro têrço do raio indiviso da nadadeira ventral. Pedúnculo caudal circundado por 19 séries de escamas. Raios da nadadeira dorsal iii + 9 + ii raios; o primeiro raio indiviso reduzido e ligado à base do segundo; nadadeira peitoral com i + 12 a i + 14 raios; nadadeira ventral truncada, com i + 8 raios; nadadeira anal enta­ lhada, com iii + 7 + ii; último raio da anal, contido cerca de 3,5 a 4,0 ve­ zes no comprimento do raio anterior mais longo.

Colorido em álcool

Espécimes recém coletados têm a cor de fundo castanho-claro na região dorsal e amarelo-vivo na região abdominal; região mediana do tronco prateada ao fundo, ao longo de toda a linha lateral bem como na região opercúlar até as imediações do istmo. Quatro largas barras transversais negras ou castanho-escuro sobre a região dorsal, alcançando uma ou duas escamas abaixo da linha lateral; a primeira a meia distância entre o supra­ occipital e a base da nadadeira dorsal; ·a segunda sob a dorsal; a terceira a meia distância entre as nadadeiras dorsal e adiposa, iniciando-se mais próxima da dorsal; a quarta, na região do dorso imediatamente anterior à nadadeira adiposa ou incluindo-a. Uma mácula negra ou castanho-escuro ovalada, alongada ou difusa, sobre a base do pedúnculo caudal, marcando apenas o início da base dos raios caudais medianos. Região superior da cabeça, bem como toda a região dorsal castanho-escuro uniforme, clareando em direção à região ventral. Séries de escamas normais do dorso, com ris­ cas horizontais castanho-escuro muito finas e inconspícuas que desaparecem nas escamas abdominais. Nadadeira dorsal hialina, com os raios castanho­ claro; nadadeira adiposa orlada de pigmento castanho-escuro; peitorais, ventrais e anal totalmente amarelas; nadadeira caudal castanho-claro na base, com uma larga mácula castanho-escura difusa na região mediana, que se prolonga mais intensamente no lobo inferior; região distal com a orla castanho-claro.

Etimologia: O nome australis é aposto a esta espécie do gênero Schizodon, em raz.ão de sua distribuição restrita às bacias hidrográficas do rio Paraná abaixo de Itaipú, Paraguai e Uruguai, todas situadas na região sul da América do Sul.

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DISCUSSÃO

Reconhecemos a população do gênero Schizodon Agassiz procedente da bacia do rio Uruguai como pertecente a uma distinta espécie, em virtude dela reunir características próprias, como já se pode observar nos itens diagnósticos das seções anteriores desse trabalho. Das espécies desse gênero descritas ou assinaladas para a baixa do rio Uruguai a mais antiga conhecida, apesar de ter sido apenas recentemente citada por Bertoletti, et alli (1989) é Schizodon nasutus Kner, 1859. Esta espécie.distingue-se das demais do gênero Schizodon por possuir 42 ou 43 escamas na linha lateral; 5 a 5,5/1/4 a 5 séries transversais de escamas; cabeça e órbitas muito pequenas e uma acentuada curvatura do focinho que lhe confere caracteristicamente a boca em posição sub-inferior. Esta espécie encontra-se ainda citada por Géry et alli. ( 1987) para um afluente da bacia Paraná-Paraguai abaixo de ltaipú o que segundo Garavello & Britski (1990) necessita de confirmação. S. nasutus é uma espécie completamente diferen­ ciada deste grupo de espécies barradas d~ negro ou castanho-escuro aqui estudado. Foi recentemente diagnosticada e teve sua sinonimia revista por Garavello & Britski (1990). As referências dadas a Schizodon fasciatus Agassiz, para a bacia do rio Uruguai, feitas por Devicenzi (1924); Devicenzi & Teague (1942) e Devicenzi & Legrand (1940), como indicam ainda Garavello & Britski (op. cit.), tratam-se de prováveis equívocos com a espécie Schizodon borelli (Boulenger, 1900). A espécie de Boulenger (1900), apresenta o padrão de colorido de barras transversais castanho-escuro, porém difere significativa­ mente da espécie de Agassiz pois possui número menor de escamas nas linhas lateral, transversal e pré-anal, bem como diferenças relativas às proporções corporais, como diagnosticaram aqueles autores. Excluden­ temente, S. fasciatus é amazônica, enquanto S. ~orelli distribui-se pelas bacias Paraná-Paraguai e Uruguai. O material ictiológico estudado por Géry et alli. ( 1987) procedente da bacia do rio Paraguai enquadra-se nas descrições de S. australis sp. n. = (S. cf platae) e S. borelli = (S. aff. dissimilis), respectivamente. Carlos A. S. de Lucena (comm. pess.) nos informou que a espécie de Bergmann (1988: 15), Schizodon sp. n. é na realidade S. australis sp. n., aqui descrita. Neste trabalho, estes nomes são conduzidos às suas respectivas sinonimias. Outras espécies ainda por serem descritas foram assinaladas por Vari (1991) para o rio Orenoco, bem como nossos estudos com a revisãO' das espécies amazônicas de Schizodon tem indicado que ·este gênero no futuro, deva ter o número de suas espécies acrescido pela adição de novas descrições.

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A espécie S. platae (Garman, 1890), descrita da localidade de Rosário no rio da Prata na Argent_ina, foi assinalada para o rio Uruguai por Berg­ mann (1988). Examinamos o holótipo de S. platae e também uma coleção dessa espécie, pertencente ao MCP e concluímos que ela difere das demais do rio Uruguai no seguinte conjunto de caracteres: dentes quadricuspidados; 46 a 47 escamas na linha lateral; 6,5/1/5 ou 5,5 séries de escamas transversais e 16 séries de escamas circumpedunculares. Seu padrão de colorido apresenta nos adultos, uma coloração castanho-escuro dorsal, desprovida de barras transversais negras ou listras longitudinais castanho­ escuro, que são muito freqüentes nos jovens; os adultos possuem apenas uma ampla mácula negra sobre o pedúnculo caudal, que não alcança os raios caudais medianos. Assim sendo, sentimo-nos em condições de avaliar que a citação feita para esta espécie por Géry et alli. (1987:375) para o rio Piribebuy, afluente da margem direita do rio Paraguai, provavelmente refere-se a S. australis sp. n. Este registro permite dizer que esta espécie também se distribui pela bacia do rio Paraguai, não havendo registros dela na bacia do alto Paraná. Uma análise das variáveis canônicas livre do tamanho, realizada entre amostras combinadas de S. australis, S. platae e S. borelli, as populações das duas primeiras espécies procedentes da bacia do rio Uruguai e da última do rio Paraguai, revelou diferenças de padrões morfométricos entre elas. Por essa análise pudemos constatar que a primeira variável canônica explicou 98,5 % da vatjação entre as amostras assim combinadas, enquanto a segunda variável canônica explicou apenas 1,43 % da variação, indicando que a síntese da variação morfométrica está contida no confronto das variáveis canônicas I e II. A tabela 2 e o gráfico de pontos da figura 2, mostram que os caracteres morfométricos: espaço interorbital (0,8697); comprimento do primeiro raio da nadadeira anal (0,8545); largura da mandíbula (0,8385) e comprimento do tronco (0,8338) são os que melhor discriminam as espécies estudadas ao longo da variável canônica I. Por outro lado são a distância pré-dorsal (-0,6720), a altura do corpo (0,6323) e a altura do pedúnculo caudal (0,4673) que se confirmam como caracteres morfométricos diferenciais ao longo da variável canônica II. Assim sendo, S. australis, difere de S. borelli e principalmente de S. platae, por possuir o espaço interorbital mais estreito, o comprimento do primeiro raio da nadad~ira anal mais longo, a largura da mandíbula menor e o comprimento do tronco mais longo do que nestas suas congêneres da bacia do rio Uruguai.

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I Distribuição geográfica

A bacia hidrográfica do rio Uruguai, de acordo com Lucena & Kullander (1992), mostra diferentes graus de endemismo para os grupos de ciclídeos do gênero Crenicichla. Embora não haja descrições detalhadas disponíveis sobre a história geológica dessa bacia, esses autôres identificam através da descoberta do que denominam "species flock" em Crenicichla, áreas de isolamento nas regiões superiores da bacia. Segundo eles, essas áreas foram provavelmente produzidas em razão de longos períodos geológicos nos quais algumas partes do rio Uruguai podem ter permanecido isoladas dos rios tributários da drenagem. Com efeito, a simples verificação a nível específico em grupos de peixes neotropicais mais especiosos, tem revelado algumas exclusividades. Por exemplo, os peixes da família Loricariidae na qual alguns gêneros e espécies têm sido descritos dessa área (Reis & Schaefer, 1992 e Pereira & Reis, 1992). Vari (1988) com base nas espécies da fanu1ia Curimatidae, identifica a região que engloba as bacias dos rios Paraguai, Paraná inferior, Uruguai e rios costeiros da Argentina, Uruguai e sudeste do Brasil, como sendo uma das oito áreas de endemismo para a fanu1ia Curimatidae descrita para os rios da vertente Atlântica da América do Sul. Garavello & Britski (1987) escrevem sobre evidências geográfico-geo­ lógicas de uma ligação pretérita entre as bacias do Alto Paraná e o rio Uru­ guai, até o Mioceno, quando foi desenhado o presente curso do Uruguai. Entretanto, atualmente tem-se verificado que o passado histórico da dre­ nagem do rio Uruguai pode não ter sido único, como é evidenciado pelo elevado endemismo verificado em suas partes superiores (Lucena & Kullander, op. cit.). Assim sendo, S. australis, pode perfeitamente ser considerada uma espécie endêmica dessa área identificada por Vari e que inclui o rio Uruguai. A nova espécie pode ser incluída em um hipotético grupo de espécies endêmicas do gênero Schizodon que ocorre em simpatria em parte da região Sul de Vari (1988: cf. página 351, figura 3) para Curimatidae. S. australis junta-se a S. platae e S. borelli, com as quàis compartilha o mesmo e similar padrão de colorido de barras transversais negras ou castanho-escuras sobre o dorso e uma mácula sobre a base do pedúnculo caudal. Este padrão de colorido é ainda partilhado com S. intermedius, que ocorre, acom­ panhando Vari (1988), na região de endemismo do Alto Paraná. Outras espécies com padrão de colorido similar a S. australis são: S. fasciatus e S. vittatus da região amazônica, S. corti do Orenoco e S. dissimilis dos rios da região nordeste do Brasil.

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Além disso há outro grupo de espécies quanto ao padrão de colorido de riscas horizontais negras ou castanho-escuras inconspícuas sobre o dorso e uma faixa na linha lateral que alternativamente mascara uma mácula inconspí• cua no pedúnculo caudal. Esse segundo grupo hipotético também ocorre na área de endemismo proposta por Vari, incluíria as espécies S. nasutus, S. aüo• paranae, que é endêmica do alto Paraná, S. isognathus, endêmica da bacia do rio Paraguai e uma nova espécie que deixamos de descrever em razão do nú­ mero baixo de exemplares, procedente do baixo rio Paraná e rio da Prata. Este grupo ainda compartilha esse padrão de colorido com outras espécies de ou:­ tras regiões de endemismo como por exemplo, S. kneri no rio São Francisco e S. jacuiensis no sistema da Laguna dos Patos. O compartilhamento de ambos grupos com ·caracteres de padrão de colorido respectivamente encontrados em S. intennedius e S. aüoparanae, possivelmente endêmicas do alto Paraná, pode indicar uma relação de paren­ tesco entre elas. Entretanto, isto somente poderá ser confinnado após a avalia­ ção filogenética, numa análise global de caracteres. Com a execução dos estu­ dos sobre as relações filogenéticas de todas as espécies do gênero Schizodon, também o valor do caráter padrão de colorido poderá realmente ser aquilatado na definição do parentesco das espécies desse gênero naquelas bacias.

AGRADECIMENTOS

Pelo empréstimo de material ictiológico para este estudo, somos gratos aos colegas Drs. Heraldo Antonio Britski do MZUSP, Gustavo Alves Nunan do MNRJ, Luís Roberto Malabarba do MCP, Karsten Hartel do Museum of Comparative Zoology (MCZ), Richard Peter Vari da Smithsonian lnstitution (USNM) e William G. Saul da Academy of Natural Sciences of Philadelphia (ANSP). Pelas valiosas críticas e sugestões apostas ao manuscrito, agradecemos aos Drs. Heraldo Antonio Britski do MZUSP, Sérgio Furtado dos Reis da UNICAMP-Parasitologia e Augusto Shinia Abe da UNESP-Rio Claro, que ainda nos facilitou o uso do programa SAS-PC daquela instituição. Da UFSCar, os senhores Alóis Copriva fez a foto do espécime de S. australis sp. n. e José Roberto Bertanha, confeccionou o gráfico da análise morfométrica. Agradecemos ainda à F APESP pela êoncessão de um auxílio para a compra de ·um microcomputador através do processo Biológicas 89/2698-4 e ao CNPq pela bolsa de pesquisador que temos recebido desde 1986.

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s::e: !" ;;n ~ ~ Tabela 1 - Dados morfométricos de Schizodon australis sp. n, S platae (Gannan) e S. borelli (Boulenger) ~ S. australis S.platae S. borelli Variáveis (mm) Holótipo Amplitude Média Amplitude Média Amplitude Média 1. Comprimento padrão 260,0 230,0-320,0 27S,8 170,0-260,0 · 212,0 90,0-290,0 173,3 2. Comprimeóto da cabeça S4,0 47,7-62,0 S6,0 36,8-53,6 44,6 2S,0-61,6 42,6 ~(/) e., 3. Comprimento do tronco 206,0 182,3-2S8,0 219,8 133,2-206,4 167,5 65,0-228,4 130,7 :-, 4. Altura do corpo 62,6 5S,0-13,0 65,0 48,3-67,6 S6,9 26,8-65,3 44,S S. Distância pré-dorsal 104,0 92,0-129,0 112,2 74,0-10S,4 88,7 42,0-115,0 74,2 ~ 6. Comprimento do focinho 23,0 18,S-26,3 23,4 14,3-22,0 18,2 10,2-26,6 18;1 d' 7. Espaço inter-orbital 26,0 22,4-31,0 21,S 17,0-25,0 21,l 12,8-34,0 20,l 5 8. Diâmetro da órbita 11,6 10,2-13,0 11,9 8,2-12,0 10,2 6,7-14,0 9,7 ?! 9. Altura do pendúnculo caudal 27,2 23,3-32,2 28,1 17,6-26,0 21,7 9,8-29,3 18,9 ~ 10. Comprimento do 1° raio anal 37,0 30,0-40,5 36,S 30,8-31,8 31,3 13,4-35,7 22,9 ~ 11. Comprimento do 9° raio anal 10,3 8,0-11,4 9,7 8,6-9,4 9,0 4,0-11,2 6,5 ~ ;--1 12. Espaço inter-:epercular 33,5 29,8-39,8 34,9 20,7-33,8 27,7 16,0-41,0 26,8 '? 13. Altura da cabeça 39,0 32,7-45,6 40,4 26,0-39,0 31,3 17,3-45,4 30,0 14. Comprimento pré-maxilar 11,8 I0,0-13,0 12,1 6,5-11,8 9,2 S,8-16,0 8,5 ~ 15. Largura da mandíbula 10,4 9,0-12,0 9,8 6,S-10,0 8,0 S,3-15,5 9,2 ~ e. ~ .Pª

f 00 -\O 190

Tabela 2 - Coeficiente das variáveis originais nos dois primeiros eixos canônicos (VC) VCI vc I] 1. Comprimento padrão 0,7588 0,2502 2. Comprimento da cabeça - 0,4348 0,2386 3. Comprimento do tronco 0,8338 0,2386 4. Altura do corpo 0,5209 0,6323 5. Distância pré-dorsal - 0,0327 -0,6720 6.· Comprimento do foc inho - 0,6719 0,2036 7. Espaço inter-orbital - 0,8697 0,0930 8. Diâmetro do órbita - 0,3206 0,2628 9. Altura do pendúnculo caudal 0,4341 0,4673 1O. Comprimento do 1 ° raio anal 0,8545 0,0801 11. Comprimento-do 9° raio anal 0,1686 0)239 12. Espaço inter-opercular 0,4551 0,2204 I 3. Altura da cabeça - 0,1109 0,0935 14. Comprimento pré-maxilar -0,6558 0,011 7 15. Largura da mandíbula - 0,8385 0,0687

Figura 1 - a. Schizodon australis sp. n., vista lateral (MCP 12793, 320,0mm CP) b. Schizodon platae, vista lateral (MCZ 833, 170,0 mm CP) c. Schizodon borelli, vista lateral (MZUSP 41146, 290,00 mm CP)

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6

5 a- platae b-australis c-borelli [ 4

2 a

1

o

-1

-2

-3 VCI -10.0 -7.5 -5.0 -2.5 O.O 2.5 5.0 7.5

Flpra 2 - Amlise das varüvci1 canônicas livre do tamanho das espécies de Schlzodon. -Projeção dos escores individuais no espaço da primeira e· segunda variáveis canônicaâ.

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APtNDICE

Lista de material comparativo examinado: Schizodon platae: MCZ 833 (holótipo), Rosário, La Plata, Argentina; MCP 12.676, foz do rio ljuí-Mirim, afluente do rio ljuí, bacia do rio Uruguai, Pirapó, RS, Brasil (2.XI.1988) (1 ); MCP 12.081, rio Uruguai em Garruchos, São Borja, RS, Brasil (9 .IV. 1988) (l); MZUSP 21.103, rio Paraná, abaixo dos saltos de Sete Quedas, PR, Brasil (1). Schizodon borelli: MZUSP 2.908, rio Piqueri, Coxim, MT, Brasil (X.1930) (l); MZUSP 41.144, rio Paraná, Porto Verde e arroio Miguaçú, arroio ltacoti e rio Monday, Paraguai (VI.VIl.1977) (4); MZUSP 41.145, boca do Varadouro, a mais ou menos 25 km de Barão de Melgaço, MT, Brasil (3.V.1977) ()); MZUSP 41.146, rio Coxipó da Ponte, São Gonçalo, Cuiabá, MT, Brasil (16-22.IV.1981) (2); MZUSP 41.147, Sangradouro Grande, rio Cuiabá, Barão de Melgaço, MT, Brasil (15.111.1977) (2); MZUSP 41.148, lagoas marginais da rodovia Transpantaneira, Miranda, MT, Brasil (8-12.Xl.1981) (9); MZUSP 41.149, Sangradouro Grande, rio Cuiabá, Barão de Melgaço, MT, Brasil (14-16.111.1977) (l); MZUSP 41.150, rio Cuiabá, em frente a Barão de Melgaço, MT, Brasil (14.Il.1978) (2); MZUSP 41.151, boca do Croará, rio Cuiabá, MT, Brasil (18-22.IV.1981) (l); UFSCar s/n, la3oas marginais da rodovia transpantaneira, Poconé, MT, Brasil (IX.1978) (15). Schizodon intennedius: MZUSP 1.530, rio Piracicaba, SP, Brasil, (s/data) (l); MZUSP 41.123 (Holótipo), ribeirão afluente do rio Piracicaba, Águas de São Pedro, SP, Brasil (23 .X .1983); MZUSP 41.124 (Pará tipos) mesma localidade do holótipo (1). Schizodon altoparanae: MZUSP 41.102 (Holótipo), rio Paraná, em frente a Jupiá, MT, Brasil (15-23.IX.1962); MZUSP 41.103 a 41.120 (pa_rátipos), mesma localidade do holótipo) (28); MZUSP 41.122, rio Tietê, Barra Bonita, SP, Brasil, (s/data) (3); UFSCar (s/número), rio Paraná, reservatório de Ilha Solteira, município de Ilha Solteira, SP, Brasil, (VIl.1980) (2). Schizodon isognathus: MZUSP 4.397, rio Cuiabá, Santo Antonio do Leverger, MT, Brasil, (1965) (1); MZUSP 36.719, rio Piqueri, Porto Chinelo, fazenda Santo Antônio do Paraíso, ltiquira, MT, Brasil, (17-20.IX. l 980) (I); UFSCar s/número, rio Paraguai, Ilha de Taiama, (10.Vlll.1980) (l); UFSCar s/número, rio Coxipó da Ponte, afluente do rio Cuiabá, Cuiabá, MT, (16-22.IV.1981) (1). Schizodon nasutus: MZUSP 41.155, rio Paraná, Ilha Solteira, ensecadeira da margem direita, Ilha Solteira, SP, Brasil, (25-28.V.1972); MZUSP 41.158, reservatório de ltutinga, rio Grande, MG, Brasil, (23.X.1975) (13); UFSCar s/número, rio Grande, a jusante da usina hidroelétrica de Jaguara, Jaguara, SP, Brasil (8-15.11.1989) (11); UFSCar s/número, rio Grande, porto da balsa do Felício, Conquista, MG, Brasil, (IX .1980) (11).

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195

~ESCRIPCION DE Chordodes jandae CAMERANO, 1895 (NEMATOMORPHA)

Delma B. de Miralles• Cristina de Villalobos••

RESUMO

Neste trabalho é redescrita a espécie Chordotes jandae (Nematomorpha). As caracte­ rísticas cuticulares foram estudadas através de microscópio eletrônico de varredura.

ABSTRACT

ln this paper Chordodes jandae is redescribed. The structure of the cuticule has been examined by means of electron microscopy.

INTRODUCCION

Estudiando la colección dei Museo de Zoología Comparada de la Universidad de Harvard, tuvimos la oportunidad de analizar un ejemplar hembra indeterminado procedente de Cucania Queensland (S. of Caims). Las observaciones ai microscopio electrónico nos permitieron determinar a este ejemplar como Chordodes jandae descripto por Camerano en 1895 de ejemplares pertenecíentes a la localidad de Ruscello (Timor) que fonnan parte de la colección dei M useo Zoológico de Leida.

• Facultad de Ciencias Naturales y Museo. Paseo dei Bosque S/N 1900. La Plata. Argentina. •• Professional Principal. Carrera de Apoyo a la lnvestigación. Comisión de lnvestiga­ ciones Científicas y Técnicas. Facultad de Ciencias Naturales y Museo. Paseo· dei Bosque S/N. 1900 La Plata. Argentina.

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Esta espécie se caracteriz.a por presentar una cutícula compleja con diferentes tipos areolares que, si bien, Camerano describe claramen­ te, no alcanza a visualiz.ar detalles estrcturales que se manifiestan mediante el empleo de nuevas técnicas y microscopía avanz.ada como lo es el microscopio electrónico de barrido. En base a lo anteriormente mencionado realiz.amos la redescripción de la especie a través dei análisis de la cutícula.

MATERIAL Y METODOS

Mediante corte tangencial se toman 3, 4 ó 5 porciones de cutícula de la región central dei soma, se retira el material muscular subyacente y se aclara la cutícula con lactofenol para ser observada ai microscopio óptico. Se lavan los trozos varias veces en alcohol 96° y luego tres lavados más de 15 minutos cada uno por medio de ultrasonido en alcohol 100° para eliminar impurez.as. Se montan en tacos de bronce y se metaliz.an con oro 24 en plasma de argón y examinados y fotografiados ai microscopio electrónico de barrido JEOL JSM 100. Abreviaturas usadas MCZ - Museum of Comparative Zoology, USA.

RESULTADOS

Chordodes jandae Camerano, 1895

Chordodes jandae Camerano, 1895: 8 (Localidad tipo: Ruscello (Ti­ mor); no examinado) Material examinado: MCZ 2093 (hembra), Australia, Queensland Cucania (S. of Cairns). col. W.E. Scheville IV. 1932. Det. Miralles y de Villalobos. Diagnosis: EI estrato cuticular externo permite apreciar distintos tipos de aréolas; unas pequenas (entre 6 y 8 nm), hajas (10 nm de altura), irre­ gulares, comprimidas que tapiz.an la superficie dei soma; se disponen en líneas longitudinales (Figura 1). La base de las aréolas se evidencian con proyecciones dando un aspecto ramificado que las conecta unas con otras (Figura 2). Entre estas aréolas sobresalen otras de forma papilar de mayor tamaiio (13 a 16 nm de diámetro y 18 nm de altura) que se disponen linealmente.

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La superficie de éstas en vista lateral, tiene aspecto moruloide notándose sobre ellas líneas parabólicas concéntricas que se manifiestan claramente (Figura 3). A veces se ubican formando grupos de 2 6 3 o aisladas. El ápice es semiesférico (Figura 4). De tanto en tanto entre las aréolas mencionadas se observa una aréola perforada con un poro grande (de 11 nm de diámetro), ubicado centralmente (Figura S). Es notoria la presencia de grupos sobresalientes de aréolas centrales grandes y rodeadas por 9 aréolas papilares de mayor altura que las anteriores. El par central (Figura 7) (con un diámetro de 24 a 29 nm y una altura de 30 a 34 nm) presentan en el ápice varias caronas de tentáculos, observándose unos más pequenos en el centro y más largos (6 nm) en la periferia. Se observan también (Figura 8) unas proyecciones de gran longitud (13 nm) digitiformes cuyo extremo distal se dobla bacia la superficie basal de la cutícula. En la base de los tentáculos se evidencian unas diminutas àberturas o poros de función probablemente secretora (Figura 9). La superficie lateral de las aréolas centrales es completamente rugosa. Rodeando a estas últimas se vizualiz.an aréolas muy altas (35 a 40 nm) (Figura 1O) que poseen el ápice curvado bacia el centro como protegiendo a las aréolas centrales, la superficie de las mismas es rugosa o escamada. La base de cada una de ellas emite proyecciones que le permiten conectarse con las vecinas.

Nota Chordodes jandae Camerano presenta características cuticulares muy similares a las descriptas para una especie sudamericana Chordodes staviarskii Carvalho y Feio, 1950 pero se diferencian por el menor diámetro y altura areolar de las de Chordodes jandae.

AGRADECIMENTOS

Las autoras agradecen a la Licenciada Ardis B. Jonsthon de la Universidad de Harvard, Cambridge por el prestamo dei material estudiado.

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Figura 1 - Estrato cuticular externo. Vista general. x 350.

Figural - Estrato cuticular externo. Vista gcoentl. x 750

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Figura 3 - Vista lateral de la cutícula . x 2000.

Figura 4 - Vista de la superficie apical. x 3500

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Figura 5 - Aréola perforada. x 3500

Figura 6 - Vista lateral de un grupo de aréolas aalientc1. x 2000

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Figura 7 - Grupo areolar. Par central. x 2000

Figura 8 - Grupo areolar. Par central. Corona de tentáculos. x 3500

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Figura 9 - Aréola central. Poros. x 5000

Figura 10 - Vista lateral. Aréolas rodeando ai par central. x 2000

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LA PRESENCIA DE Arctocephalus tropicalis GRAY, 1872) (MAMMALIA, CARNIVORA, OTARIIDAE), EN URUGUAY

Julio C. González' A. Saralegui** E. M González** Raul Vaz Ferreira•**

RESUMO

Primeiro registro de Arctocephalus tropicalis Gray, 1872) {Marnmalia, Camivora, Otariidae) para o Uruguai. São fornecidos dados sobre 8 exemplares Arctocephalus tropi­ calis, encontrados na Costa do Uruguai.

ABSTRACT

Records of eight specimens of Arctocephalus tropicalis {Gray, 1872) {Marnmalia, Canuvora, Otariidae) from Uruguay (1984 to 1993) are presented. Externai and cranial measurements oftwo specimens are also provided.

INTRODUCIÓN

En el género Arctocephalus, se agrupan ocho especies de lobos marinos de la familia Otariidae (Honacki et ai., 1982; Nowak et ai., 1983).

• Museu de Ciências e Tecnologia. PUCRS, Av. lpiranga, 6681. Porto Alegre, RS, Brasil. ** División Mastozoologia, Opto de Zoologia. Centro de Estudios de Ciencias Naturales, Montevideo - Uruguay. *** Dpto. Zoologia Vertebrados, facultad de Ciencias, Montevideo - Uruguay.

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La distribución de una de ellas, A. tropicalis (Gray, 1872), abarca las islas situadas ai Norte de la Convergencia Antártica (King, 1983), habiendose documentado registros en las costas de sudafrica (Shaugnnessy & Ross, 1980) Nueva Zelandia (Csordas, 1962), Brasil (Ximénez, 1980~ Castello & Pinedo, 1977~ Pinedo, 1990) y Argentina (Goodall & Schiavini, 1990~ Massoia et ai., 1991). El arribo de un ejemplar en 1984, fue comunicado oralmente por dos de los autores (Vaz-Ferreira y González), en la Reunión de Comunicaciones de la Sociedad Zoológica dei Uruguay, el 5 de octubre de 1984. Las especies uruguayas de la familia Otariidae, estan representadas por Otaria byronia (Blainville, 1820) (Otaria jlavescens Shaw, 1800) (Vide Oliv~ 1988), y Arctocephalus australis (Zimmerman, 1783, Achaval, 1989), sin embargo, en los últimos diez anos se ha registrado el arribo de ocho ejemplares de la especie Arctocephalus tropicalis (Gray, 1872) (lobo marino de garganta bianca). Arctocephalus tropicalis, presenta una coloración corporal semejante a la de A. australis, diferenciandose clara~ente de esta-y las demás especies dei género por la coloración de la zona guiar y el pecho. La extensión de dicha mancha es variable, llegando en algunos individuos hasta la car~ alcanzando hasta la altura de los ojos pero sin llegar a la región sagital de la cabeza. La nariz y los labios son de color oscuro. En la garganta y el pecho, la coloración abarca varios tonos de color crema y amarillef\tº hasta un blanco sucio, extendiéndose hasta casi la base de las aletas. Otra particularidad de la especie, consiste en el copete de pelos eréctiles que puede ser erguido cuando el se exita (observaciones personales).

MA1ERIAL Y :MÉTODOS

Los ejemplares números MNHN 2904, MNHN 3080 y MNHN 3386 están registrados en el catálogo de Mastozoología dei Museo Nacional de Historia Natural de Montevideo. El ejemplar MNHN 2904, no ha sido ubicado. Se conserva piei, cráneo, y esqueleto dei especimen MNHN 3080 y piei y cráneo dei MNHN 3386, así como las fotografias de uno de los ejemplares observados por Praderi, y los datos de los otros informantes. Las medidas externas y craneales fueron tomadas siguiendo el criterio de The Society's Committee of Marine Mammals, y están expresadas en centímetro (Tabla 1).

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Tabla 1 • Medidas craneales de los ejemplares estudiados.

MEDIDAS CRANEALES (cm) MNHN 3080 MNHN 3386 LT 21,60 21,40 Long. cóndilo basal 21,05 20,20 Long. cóndilo basilar 20,60 20,20 Long. palatal l0,37 10,55 Long. palatinar 9,20 10,25 Long. de los nasales (sobre la sutura media) 2,32 2,95 Long. mandibular 14,40 13,90 Ancho bicigomatico 13,42 13,40 Ancho constricción (orbitaria) 2,00 2,57 Ancho constricci6n (posorbitaria) 2,20 2,74 Ancho rostral (sobre los caninos) 4,41 4,32 Ancho de los nasales (máximo) 2,25 2,39 Ancho bicondiloocipital (máximo) 4,90 4,82 Ancho cóndilo mandibular derecho 3,25 3,32 Ancho caja craneana ( en la constrición poscigomática) 10,50 9,73 Altura de la mandibula en el 5° diente poscanino 3,10 2,85 Série molar de los dientes superiores 6,41 5,51 Série molar de los dientes inferiores 4,50 4,17 Série de los dientes superiores 9,05 8,31 Série de los dientes inferiores 6,60 6,13

RESULTADOS

El primer ejemplar, fue capturado en el Buceo, costa dei departamento de Montevideo, en el ano 1984. Este material, si bien, esta registrado, con el número MNHM 2904, no ha sido ubicado. En 1987 ingresó otro ejemplar de la misma procedencia que se guarda coo el número MNHN 3080. En julio de 1988 los Lic. Enrique Páez y Alberto Ponce de León, observaron un ejemplar en la isla de Lobos, Opto. de Maldonado. Este especimen fue colectado, quedando el cráneo en la isla y la piei en poder de un funcionario de la base de INAPE (Instituto Nacional de Pesca) instalada en el lugar. Oicho material no ha sido ubicado. En julio de 1990 el Ing. Agronómo Ricardo Praderi (com. pers.), tuvo oportunidad de observar un ejemplar macho. acosado por perros en Playa Grande (Cabo Polonio, Opto. de Rocha). En setiembre dei mismo ano Praderi, halló otro ejemplar macho, en la Playa Los Caracoles (5 km ai NO de la barra de la Laguna Garzón, Opto. de Maldonado). Este individuo se encontraba aparentemente en buen estado, demostrando gran agresividad siendo registrado en fotografias. En el ano 1991. el mismo informante

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool., Porto Alegre, v. 7, p. 205•210, de7.embro, 1994 208 encontr6 un nuevo especimen en la Costa de Opto. de Rocha (6 km ai E de barra de la Laguna Garzón). A principios de 1992 los autores identificar~n un ejemplar en el Zoo Municipal de Montevideo, tiempo d~ués el animal murió y fue dado de haja sin quedar registro. Por último, a mediados de 1992 fue capturado un individuo en la costa de Montevideo y cedido ai ,mismo zoológico. Posteriormente con la muerte de dicho ejemplar (5 enero de 1993), ingreso a la colección con el número MNHN 3386, conservándose cráneo, piei y báculum. Material examinado: MNHN 3080, Playa dei Buceo, Costa de Montevideo, 25-07-1987, macho; MNHN 3386, Playa dei Buceo, Costa de Montevideo, 03-01-1993, macho. Medidas externas (cm) de los ejemplares: MNHN 3080: no fueron tomadas las medidas externas; MNHN 3386: largo total - 171,0; largo cur­ vilíneo - 179,0; grosor dei cuerpo en las axilas - 128,0; cola - 13,0; lar­ go aleta delantera - 41,0; largo aleta trasera - 32,0; medida dei báculum (largo) - 9,4.

Observaciones

AI realizarse en el zoológico la autopsia dei exemplar MNHN 3386 se constató ausencia de alimentos en el tubo digestivo, y la presencia de parásitos en estómago y esófago. Dichos parásitos, de unos cinco centimetros de largo, poseen una apariencia ascariforme y color blanquesino, las cuales constituian un núcleo de más de 50 indivíduos en el estómago, y unos 1O en el esófago. Lamentablemente, los parásitos no fueron conservados.

CONCLUSIONES

Los ejemplares motivo de este trabajo, elevan a tres el númer~ de otáridos registrados en territorio uruguayo. Sin embargo, ai igual que los representantes de la Familia Phocidae, cuya presencia en nuestro país (exceptuando tal vez Mirounga), resulta ocasional o incluso accidental (Vaz Ferreira, 1965). A. tropica/is no cría en nuestro territorio, lo que lo ubica en una categoria distinta a la de las especies estrictamente autóctonas. Existen indícios que denotan traslados aparentemente migratorios en un porcentaje

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7. p. 205-210, dezembro, 1994 209 desconocido de las poblaciones de esta especie (Ximénez, 1980, Massoia et ai., 1991). A los efectos dei catálogo de la mastofauna uruguaya, seria conveniente la distinción entre las especies autóctonas en sentido estricto. Las que se reproducen en el país y las especies visitantes, categoria en la que quedarian incluidos A. tropica/is y los representantes de la Familia Phocidae. AGRADECIMENTOS

Los autores desean dejar constancia de su agradecimiento ai Ing. Agr. Ricardo Praderi y. a Graciela Praderi, así como tambiém a los Lic. Enrique Páez y Alberto Ponce de León por los datos que gentilmente nos proporcionaron.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

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HÁBITOS DE FORRAGEAMENTO DE Myiopsitta monachus (BODDAERT, 1783) (AVES, PSITTACIFORMES) EM POMARES E LAVOURAS DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Carmen E. Caye Dahlem•

RESUMO

Análises dos locais preferencialmente escolhidos para a alimentação das caturritas Myiopsitta monachus em pomares de nogueiras e lavouras de milho foram realizadas, onde constatou-se que o perfilamento, a época de plantio do milho e o ciclo reprodutivo da caturrita interferiram no somatório de danos causados. Com a análise de papos e moelas, foi possível identificar quatro itens alimentares de origem cultivada: nozes (Carya illinoensis) e arroz (Oryz.a saliva) nas aves procedentes de Cachoeira do Sul, perfazendo, respectivamente, 54% e 10,3% na análise volumétrica do conteúdo de 52 papos analisados; milho (i.ea mays e trigo (Triticum aestivum) somaram respectivamente 46,1 % e 21,5% em 40 papos de aves procedentes de Encruzilhada do Sul. Os alimentos de origem vegetal silvestres, repre­ sentaram, em média, 34, 1 % na análise volumétrica do total de papos examinados.

ABSTRACT

Analysis of lhe place preferably chosen by monk parakeets Myiopsitta monachus in walnut groves and in com crops was made, as well as the verification lhe disposition, lhe period when com is planted and lhe reproduction cycle of lhe monk parakeet interfer in the complex of damage caused to lhe foods lhat are being cultivated. By analysis lhe contents of the crops and gizzards it was possible to identify four types of food of cultivated origin: nuts (Carya illinoensis) and rice (Oryz.a sativa) in lhose birds from Cachoeira do Sul, what corresponded respectively to 54 % and 10,3 % of lhe amount of food contained in 52 crops analysed; com (Zea mays) and wheat (Triticum aestivum) made up, respectively 46, 1 % and 21,5 % of lhe amount of food contained in 40 crops of monk parakeets from Encruzilhada do

• Laboratório do Ornitologia do Museu de Ciências e Tecnologia, PUCRS. Av. lpiranga, 6681. Caixa Postal 1429. 90619-900- Porto Alegre, RS, Brasil

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Sul. The not cultivated food, all of Yegetal origin, represent an average of 34, 1 % of the volume contained in the crops analysed.

INTRODUÇÃO

A destruição da vegetação nativa para o aumento da produção agrícola tem restringido o crescimento populacional e a .distribuição de várias espé­ cies de aves, em contrapartida tem beneficiado outras. Entre as aves que se adaptaram à interferência humana no seu hábitat natural, à caturrita (Myiopsitta monachus) é um exemplo de sucesso. A exploração aos grãos e frutos cultivados, por parte das caturritas, iniciou-se devido a privação paulatina do seu alimento natural que consistia de frutos e sementes silvestres (Costa, 1953 e Convway, 1965), resultando em. sérios danos, principalmente aos cultivas de milho, sorgo, girassol e aos po~res. Os prejuízos são fortemente evidenciados em la~ouras de pequeno porte e mal perfiladas (Bucher, 1984), situição comum a maioria dos pro­ dutores gaúchos da região de ocorrência da caturrita, que na sua maioria praticam a agricultura de subsistência. São conhecidas quatro subespécies: M. m. monachus, M.m. catita, M.m. cotorra e M.m. luchsi. É um psitacideo tipicamente sul-americano, ocorrendo no Sul da Bolívia (Lanning, 1991), Paraguai, Argentina, Uru­ guai e Brasil (Bump, 1971). No Brasil, a subespécie cotorra limita-se aos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e, no Rio Grande do Sul, ocorre a subespécie nominotípica (Darrieu, 1979 e 1981). No nosso Estado a distribuição mais abundante é no Oeste e metade Sul do território (Belton, 1984). Além da incorporação de novas terras a agricultura, foi introduzido o Eucaliptus sp. nas propriedades rurais, favorecendo a· construção dos ninhos em lugares altos, inacessíveis aos predadores naturais. Navarro et ai (1992) constataram que, em Córdoba na Argentina onde os ninhos encontravam-se em eucaliptos, o sucesso reprodutivo dos filhotes era maior. Os postes de eletrificação também são usados como suportes na construção dos ninh9s, podendo gerar curto circuitos quando ocorrem contatos entre fios através dos gravetos que fu.em parte dos complexos ninhos. (Bucher e Martin, 1987). Alimentação abundante, local seguro para a construção dos ninhos que são usados como abrigo durante todo o ano e a alta capacidade de adaptação

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às alterações ambientais, dão a caturrita grande possibilidade de expansão populacional. O conhecimento da biologia da espécie é um fator primordial quando se deseja elaborar estratégias de controle, a fim de não interferir nega­ tivamente no ecossistema. Neste trabalho são apresentados alguns aspectos comportamentais, com ênfase na alimentação, para melhor conhecer a biologia desta espécie e contribuir no seu controle populacional.

MATERIAL E MÉTODOS

As observações de comportamento e as coletas ocorreram no período compreendido entre dezembro de 1990 a março de 1992. No município de Cachoeira do Sul, especificamente na Fazenda Linck (Lat. 30º 10' S e Long. 52º 48' W) que cultiva em tomo de 30 mil no­ gueiras (Carya illinoensis) numa área de 550 hectares, observou-se o comportamento de uma população de caturritas nos ninhos construídos em eucaliptos (Fig. 1). Foi dada especial atenção ao deslocamento das aves e sua distribuição geográfica nos pomares e a capacidade de danos. Men­ salmente realizou-se coletas para analisar o conteúdo dos papos e moelas. As observações foram desde o nascer até o acaso do Sol, durante um dia por mês, totalizando 153 horas. Em Encruzilhada do Sul (Lat. 30º 33'S e Long. 52° 27'W), nos me­ ses de novembro de 1991, janeiro, fevereiro e março de 1992 e em Caça• pava do Sul (Lat. 30º 26 1 e Long. 53º 15'W) no mês de março de 1992, foram visitadas lavouras de milho de pequeno porte (com 1,0 a 4,5 hec­ tares) para computar os danos causados pelas caturritas. A avaliação foi feita por contagem direta das espigas danificadas em cada grupo de cem, em fileiras amostrais. Nas quatro expedições a Encruzilhada do Sul, também foram coletados alguns exemplares para análise do conteúdo alimentar. Em laboratório, foram analisados 92 papos, sendo 52 provindos de Cachoeira do Sul e 40 de Encruzilhada do Sul e 99 moelas, 59 de caturritas coligidas em Cachoeira do Sul e 40 de Encruzilhada do Sul. O conteúdo dos papos e moelas foi medido volumetricamente conforme técnica descrita por Martin et al (1946). As sementes e outras partes de vegetais não identificados no laboratório, foram separadas e enviadas a técnicos do Instituto de Pesquisas Agronômicas (IP AGRO), ao Departamento de Pré­ Processamento de Produtos Agropecuários da UNICAMP e ao Laboratório

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, 211-223, dezembro, 1994 214 de Botânica do Museu de Ciências e Tecnologia PUCRS, para identificação ao nível taxonômico possível.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Locais preferencialmente escolhidos para o forrageamento nas nogueiras. As dezoito variedades de nogueiras da Fazenda Linck, encontram-se distribuídas em 30 blocos, perfazendo um total de 550 hectares. Durante as obervações verificou-se que as caturritas dirigiam-se preferencialmente para alguns blocos. Estes foram analisados com auxílio de fotos aéreas e inspecionados in locu, onde foi constatado que tinham em comum uma área aberta com solo encharcado e cobertura vegetal com predomínio de gramíneas, circundados por nogueiras. Os blocos mais visitados foram os de número 2 e 22 (Fig. 1) sendo que o primeiro, além da área encharcada, fazia limite com um extenso campo destinado a criação de gado. Este ambiente apresenta semelhança com o habitat original da espécie (Forshaw, 1977 e Sick, 1986).

Danos às nogueiras A ingestão de nozes, pelas caturritas, foi constatada nos doze meses do ano. As nozes não colhidas permaneciam nos pomares a disposição das aves e outros animais. Os frutos, rejeitados pelo controle de qualidade da fábrica, eram triturados e adicionados às cascas, sendo mais tarde depositados em leiras para compostagem orgânica. A avaliação de danos nas nogueiras é dificultada não só pela extensão da área cultivada mas também pela baixa densidade populacional relativa de aves (estima-se que haviam em tomo de 300 caturritas no local trabalhado). Os maiores danos percebidos às nogueiras ocorreram na época de saídas dos filhotes dos ninhos, ou seja, nos meses de janeiro e fevereiro, quando, juntamente com os adultos, empreenderam seus primeiros vôos em busca do próprio alimento. O recrutamento dos jovens aumenta o total de indivíduos nos bandos, tomando-os mais densos e menos dispersivos, gerando uma pressão predatória maior no local atacado. O hábito de "roer" constantemente, característico dos psitacídeos, é fortemente observado quando duas gerações encontram-se juntas sobre as

Comun. Mus. Ciênc. Tecnol. PUCRS, Sér. Zool. Porto Alegre, v. 7, 211-223, deumbro, 1994 215 nogueiras, provavelmente para exercitar o bico frágil dos jovens. Em conseqüência muitas folhas e galhos com cachos de nozes verdes são roídos e caem ao solo, sem contudo serem aproveitados na alimentação das caturritas e tampouco para a industrialização.

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F1gara 1 - Mapa da Fazenda Unck destacando a localizaçio doa ninhos, a delimitações doa blocos com nogueiras e as áreas encharcadas nos blocos 2 e 22.

Análise dos papos das caturritas coligidas em Cachoeira do Sul. Das 58 aves coligidas na Fazenda Linck, 6 estavam com o papo vazio e 52 continham alimentos totalmente de origem vegetal. O volume variou entre O, 1 a 7 ,O ·cm3 sendo a média de 2, 1 cm3 • Como alimento cultivado figuraram a noz (Carya illinoensis) e o arroz (Oryw sativa) sendo que o primeiro estava presente em 75 % dos papos com volume variando entre menos de 0,1 cm3 (traços).a 5,2 cm3 e média de 1,6 cm3• O arroz esteve presente em 13,4% dos papos com volume variando entre traços e 6,0 cm3 com média de 1,2 cm3 • Nos meses de maio e agosto a ingestão de nozes foi consideravelmente maior em relação aos demais meses do ano. A média do volume ingerido nestes quatro meses foi de 3,0 cm3 sendo que o maior volume ocorreu em junho com 5,2 cm3• Este aumento de consumo, presumivelmente, pode ser atribuído a maior necessidade de alimento calórico devido a um aumento na demanda energética e manutenção da temperatura corporal nesses meses frios .de inverno.

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A presença de arroz nos papos foi constatada nos meses de junho, setembro, outubro, novembro e dezembro, portanto enquanto existiam restevas nas lavouras. Após o mês de dezembro, com a aração do solo, não foi mais encontrado. O volume total dos papos procedentes de Cachoeira do Sul somou 110,4 cm3, sendo 59,6 cm3 (54,9%) de nozes e 11,4 cm3 (10,3%) de arroz, acumulando para os alimentos cultivados um percentual de 64,3 %• Os alimento de origem nativa somaram 39,4 cm3 na quantificação volumétrica dos papos, representando 35,7% do volume total (Fig. 3).

Comportamento das caturritas nas lavouras de milho. Em Encruzilhada do Sul, junto a Maltaria Navegantes e a Fazenda Quinta, situadas respectivamente nas coordenadas Latitude 30° 32' S e Longitude 52° 28'W e 30º 33'S de Latitude e 52º 27'W de,Longitude,o ataque às lavouras de milho iniciou quando as espigas estavam bem novas, na fase denominada "boneca", com grãos ainda em formação. Após abertas, outras aves, tais como asa-de-telha (Molothrus badius), vira-bosta (Molothrus bonariensis), pombão (Columba picazuro), juriti-pupu (Leptotila verreauxi) e pomba-de-bando (Zenaida auriculata), aproxima­ vam-se e comiam os restos caídos no solo. M. badius retirava os grãos da própria espiga aberta. Em Encruzilhada do Sul a predação ocorreu desde a fase de "boneca" no mês de janeiro, até quando os grãos estavam praticameQte secos, no mês de março. A predação diminuiu quando proprietários afugentavam as aves com disparos de espingarda e dobravam as espigas. Esta última medida é muito comum entre os agricultores a fim de evitar a predação por parte das aves, porém o fazem quando as espigas não estão com grãos bem formados, gerando perdas no valor comercial e nutricional dos grãos. Quando procuram locais para a alimentação, as caturritas agem com muita "cautela", voam dos ninhos até as árvores ou postes próximos a.s fontes alimentares, depois sobrevoam o local como se procurassem o melhor lugar para comer. As espigas abertas ou locais onde tenham caturritas se alimentando são preferencialmente escolhidos, pois as aves emitem sons de contato, em vôo, que são correspondidos pelos indivíduos que se encontramjunto ao alimento.

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Locais preferencialmente escolhidos para a alimentação nas lavouras de milho. Numa lavoura com 1,5 ha., situada a 300 m de um capão de eucaliptos com ninhos de caturritas, verificou-se que a predação foi generalizada, com maior intensidade próximo a uma árvore que servia de pouseiro inter­ mediário entre os ninhos e o alimento. Com a contagem da fileira mais externa, do lado oposto a árvore, e da fileira mais interna, observou-se que a primeira apresentou um percentual de 49, 89 % de espigas predadas e a fileira interna um percentual bem inferior com 14,50% de danos (Tabela 1).

Tabela l . Relação entre a localização da fileira de milho na lavoura e a wlnerabilidade l prcdação pelas caturritas .

.FILA TOTAL DE ESPIGAS PERCENTUAL ESPIGAS DANIFICADAS Externa 467 233 49,89% Interna 468 68 14,50%

Bucher (1984) coloca que áreas desnudas, grandes distâncias entre as plantas (baixa densidade) e cultivas abandonados são situações que favorecem a predação por parte da caturrita, ocasionando danos inversamente porporcionais a superfície cultivada e a densidade do plantio. No município de Caçapava do Sul, na localidade de Forninho (Lat. 30° 26'S e Long. 53° lS'W), uma lavoura com 3ha., cuja época de plantio foi na 2ª quinzena de dezembro, foi analisada quanto a predação de milho, realiz.ando-se uma contagem de fileiras amostrais, notou-se uma acentuada preferência por dois locais, gerando percentuais de 21 a 88 % de espigas danificadas. Estes dois pontos da lavoura apresentavam em comum plantas pouco perfiladas, inseridas sobre solo rochoso e pouco profundo. (Fig. 2).

Época de plantio e a relação com danos. Desde o plantio do milho até a formação de grãos leitosos transcorrem em média 11 O dias e até alcançar um ponto de desidratação para a colheita são necessários mais 50 dias, perfazendo um ciclo em aproximadamente 6 meses. . A altitude de alguns municípios do Rio Grande do Sul, como é o caso de Encruzilhada do Sul e Caçapava do Sul, 476 me 420 m respectivamente, interfere na temperatura, limitando o plantio de milho aos meses com temperaturas mais amenas, ou seja, entre setembro e dezembro.

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Pfaara 2 - Amostra de uma lavoura de milho com oa pcrcentuail de danos. Cada retinsulo representa 100 espigas e, no seu interior, o número de espigas predadas.

A tabela 2 mostra a relação entre a época de plantio e os danos registrados nas lavouras analisadas. Verifica-se que o maior percentual de danos ocorreu sobre a lavoura semeada em setembro. O milho semeado neste mês encontra-se verduengo no final de dezembro e meados de janeiro, período que ,corresponde a saída dos jovens dos ninhos, havendo formação de grupos densos e conseqüentemente uma grande predação sobre a lavoura escolhida para a alimentação.

Tabela 2. Percentual de danos em algumas lavouras de milho em relação a época da semeadura.

LOCALIDADE QUINZENA AMOSTRA EXTENSÃO MÉDIA E Mas (Nº DE FILAS) DANOS Bom Jardim 2º set total 1,0 ha 100,00% Camaquã 2° nov 6 4,5 ha 32,48% Bom Jardim 1 ° dez 6 2,5 ha 12,89% Fominho 2° dez 9 3,0 ha 15,42% Corredores 2° dez 6 2,0ha 1,78%

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Análise dos papos das caturritas de Encruzilhada do Sul. Das 40 aves examinadas, cinco encontravam-se com o papo vazio. Os 35 papos apresentavam alimento de origem vegetal. O volume do conteúdo 3 variou entre traços até 17 cm), sendo a média de 3 ,6 cm • O milho (Zes mays) foi o cereal cultivado mais abundante, esteve pre­ sente em 23 papos, perfazendo 65, 7 % de freqüência. A quantidade máxima 3 encontrada num papo foi de 10 cm • O trigo (I'riticum aestivum) apareceu em quatro papos, sendo que num deles, 1.:om volume de 17 cm3 , o trigo representava 16 cm3• 3 O volume total dos conteúdos dos papos foi de 130,8 cm , deste 46,1 % estiveram representados pelo milho, 21,5% pelo trigo e 32,4 % por alimento de origem nativa (Fig. 4). Fallavena e Silva (1988) encontraram milho nos papos em 59,4% das aves coligidas nos meses de maio, agosto de 1984 e janeiro e maio de 1985, sendo ·que o volume máximo foi de 1 lcm3 o que correspondia em média a 55 grãos de milho.

Nao cultivado (35.7%) -

Nozes (54.0%)

Nao cultivado (32.4%) Milho (46.1 %)

Trigo (21.5%) f'isura 3 - Volume percentual de no:zc1, arroz e alimentos não cultivados·encontrados nos papo, de caturritas coligidas em Cachoeira d~ Sul. Figura 4 - Volume percentual de milho, trigo e alimentos não cultivados encontrados nos papos de caturritas coligidas em Encruzilhada do Sul.

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Alimentos de origem nativa encontrados nos papos e moelas das caturritas.

Os alimentos não cultivados, principalmente sementes, em variedade e quantidade, foram significativamente importantes na dieta da caturrita (Fig. 3 e 4). Foram registrados 38 diferentes itens alimentares, identificados a nível de gênero ou espécie, classificados em 17 fanu1ias. Além dos alimentos citados na Tabela 3, observou-se, na naturei.a, que as caturritas ingeriram frutos de cinamomo (Melia azedarach), asso­ bieira (Schinus polygamus), coqueiro-do-campo (Arecastrum roman­ zoffianum), sarandi-branco (Cephalanthus sp), flores de eucaliptos (Eu­ caliptus sp), partes do gravatá-do-banhado (Eryngium sp) e sementes em germinação de cevada (Hordeum vulgare), este como integrante dos alimentos cultivados.

CONCLUSÕES

Um dos principais fatores que geram alterações ambientais no meio rural é a ampliação de novas terras a agricultura, destruindo os de várias espécies. A caturrita adaptou-se muito bem a estas alterações vindo a causar sérios problemas aos produtores de cereais e frutos. A busca de soluções para este desequilíbrio deve ser tratada com muito cuidado, evitando danos ainda maiores ao meio ambiente. Métodos de controle, ecológicos, econômicos e legalmente viáveis, não são conhecidos para o caso da caturrita, porém observações de comportamento permitiram-nos identificar algumas medidas que podem minimii.ar os danos. Verificou-se que os maiores danos, tanto nas nogueiras quanto nas lavouras de milho, ocorrem na época de saída dos filhotes dos ninhos. Estes, juntamente com os adultos, formam uma grande concentração de aves numa determinada fonte alimentar. Nas lavouras de milho, é importante evitar que o cereal esteja na fase grão-massa nos meses de dezembro e janeiro quando a maioria dos jovens deixam os ninhos em busca do próprio alimento. É apropriado atrasar o plantio para que as plantas não tenham grãos nesse período ou antecipá-lo de forma que já estejam praticamente secos.

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Tabela 3 - Alimentos de origem vegetal não' cultivados encontrados cm papos e moelas e a f!!g0ancia de ocorr&ncia de cada um em rela~ão ao número de Ó!Kãos examinados FAMÍLIA NOME CIENTfFico NOME COMUM FREQÜ~NCIA PAPO MOELA Gramineae · Eleusin,e indica 1, 1' Elerisine:sp pé-de-galinha 12,6 11,2 Orlza sàriva arroz-vcnnclho 1, 1 1,0 Avena byzantina aveia-amarela 2,2 2,0 Cynodon dactylon grama-seda 2,0 Cynodonsp grama-~eda 1,1 2,0 Paspalum spp 2,2 10,1 Nao lndentijicados 24,0 ,18,3 Rublaceae Borrerla verrlclllata poaia-rasteira 6,1 Galllum mollugo 4,6 25,5 Cyperaceae Cyperus sp 1,1 5,1 Flmbrlstylis dJchotoma 2,1 Rhynchospora· sp 1,0 Legumlnosae Aeschynomene americana - 1,1 7,1 Cassla sp 1,1 1,0 MedJcago sativa alfafa 1,1 Malvaceae Sida sp 8,0 9,2 Polygonaceae Polygonum acumlnatum erva-de-bicho ·8,0 28,6 P. hydroplperoides idem 1, 1 Ruma acetosella lingüiça-de-vaca 4,6 4,1 Rumasp lingua-de-vaca 1,0 Rypoxidaceae Hipoxls decumbens 2,3 A.maranthaceae Amar~sp 1,0 Composltae Cynara cardunculus cardo 3,4 2,0 Conyza bonarlensis mata-negra 1,1 Cirslum sp 1, 1 Flores e embriões de sementes 2,2 Não identificados 10,2 7,1 Caryophyllaceae Stellarla media Jaboti-caá 2,3 Orymaria cordata morrião 6,9 5,1 Sllene antirrhina 1,0 Sllene galUca alfinete 5,1 7,1 Sllene sp 2,0 Urrlcaceae Urrlca sp urtiga 6,1 Boraglnaceae Echlum planraglneum barragem 1, 1 C

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Cultivar sementes de boa qualidade em solo fértil, garantindo um bom perfilamento e evitando espaços abertos (falhas), pois constatou-se que lavouras mal perfiladas sofrem maior predação. Dobrar as espigas dificultando o acesso das caturritas aos grãos, porém deve ser feito quando o cereal está bem formado, evitando que este perca o valor comercial e nutricional se este processo for executado precocemente. Usar artiffci.os que deixem as aves "_inseguras", tais como: espan­ talhos, sons, etc., variando-os esporadicamente de posição e freqüência. Identificar e, se possível, retirar pouseiros usados pelas caturritas como ponto de apoio entre as investidas na lavqura. É necessário que o estudo da biologia de Myiopsina monachus tenha continuidade para melhor compreender seu comportamento e desenvolver ~os de manejo eficazes e seguros.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Dr. Geraldo Rudolfo Hoffmann e ao Ms. Flavio M.B. V. da Silva pelas críticas construtivas, a Ms. Viviani Lopes Bastos e ao Ms. M~ Antônio Hansen pelo companherismo e colaboração no trabalho de campo; · à engenheira agrônoma Anna Maria Formoso e às técnicas Anamaria e Regilisa do IPAGRO, à Dra. Doris Groth da UNICAMP, ao Ms. Nelson Matzembacher e à bióloga Carmen S.M. Freitas do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS pela identificação das sementes. E, finalmente, ao revisor desta revista pelas valiosas sugestões e críticas na análise do trabalho.

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Artigo: Vari. R.P. Serrabryco11 magoi, a new genus and species of scale-eatin·g characid (Pisces: Characiformes) from the upper Rio Negro. Proc. Biai. Soe. Wash. 99(2): 328-334.

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