Instituto Superior de Agronomia UNIVERSIDADETÉCNICADELISBOA

DISCIPLINA DE BIOLOGIA

MÓDULO de BOTÂNICA

Vaccinium cylindraceum J.E.Sm. FotodeAnaMonteiro

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MÓDULO de BOTÂNICA

Manual de Teóricas e Práticas

MárioLousã(coordenador) AnaMonteiro DalilaEspíritoSanto EditeSousa JoséCarlosCosta

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FotosdeAnaMonteiro

3 CONTEÚDOS I. INTRODUÇÃO I.1.OmódulodeBotânicanocontextodaBiologia I.2.Objectivosaconseguir I.3.Blocos I.3.1.Estruturatemáticaedistribuiçãotemporal I.3.2.SíntesedosBlocos I.4.Regrasdeavaliaçãoeassiduidade II. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS TEMÁTICOS II.1.BlocoI: Perspectiva e volucionária II.2.BlocoII:Alterações e adaptações estruturais das plantas ao meio II.3. Bloco III: Sistemática. Introdução à Taxonomia e à Nomenclatura Vegetal. Algas, Fungos, Líquenes, Briófitos, Pteridófitos e Gimnospérmicas II.4.BlocoIV: Sistemática de Angiospérmicas II.5.BlocoV: Sistemática de Angiospérmicas (continuação) II.6.BlocoVI: Geobotânica III. ANEXOS III.1.Instruçõesparaarealizaçãodotrabalhopráticoeelaboraçãodorelatório Azorina vidalii (H.C.Watson)Feer FotodeAnaMonteiro

4 I. INTRODUÇÃO I.1. O módulo de Botânica no contexto da Biologia Acreditamosqueoconhecimentodasplantaséfundamentalparaacompreensãodavidanaterra e a sua evolução. Com excepção de alguns organismos do fundo dos oceanos e de certos microorganismos, todos os outros seres vivos dependem das plantas e das algas, directa ou indirectamente, como fonte de alimento e oxigénio. As plantas são essenciais para a nossa existênciaesãoabasedetodasasinteracçõesdascomunidadesterrestres.Emtermosdeecologia, asplantasealgassãoosprodutoresdamaioriadascomunidadese,porisso,paraentendercomoos animaiseosecossistemasfuncionam,oconhecimentodasplantasécrítico.Finalmente,asplantas sãoeconomicamenteimportantesporqueosseusprodutos,transformadosounão,sãodeutilização diáriapelohomem. OmódulodeBotânicaprocuradaraconhecerasplantas,dandoênfase àsuaforma,funçãoe estrutura.Oconhecimentodos taxa comimportânciaalimentar,medicinaleornamentalparecenos fundamentalnosdomíniosdabiotecnologia,químicaeecologia. I.2. Objectivos a conseguir OmódulodeBotânicatemporobjectivosdesenvolver acuriosidade,interesseefinalmenteo conhecimento dos seguintes tópicos: i) evolução do mundo vegetal; ii) áreas de distribuição e conservaçãodeespéciesvegetais;iii)organizaçãointernaeexternadasplantasemfunçãodomeio; iv)osprincipaisgrupostaxonómicos;v)espéciesvegetaiscommaiorinteresseparaohomemevi) introduçãoaoestudodascomunidades. I.3. Bibliografia básica Costa,J.C.2001.TiposdevegetaçãoeadaptaçõesdasplantasdolitoraldePortugalContinental.In: AlbergariaMoreira,M.E.,CasalMoura,A.Granja,H.M.&Noronha,F.(ed.) Homenagem (in honório) Professor Doutor Soares de Carvalho. 283299.UniversidadedoMinho,Braga. (www.isa.utl.pt) EspíritoSantoM.D.,MonteiroA.1998InfestantesdasCulturasAgrícolas.ChavesdeIdentificação. Ed.ADISA.90pp(comprar) LindonF,GomesH &CamposA2001.AnatomiaeMorfologiaExternadasPlantasSuperiores. Lidel.Lisboa.(comprar) RavenPH,EvertRF&EichhornSE2005Biologyof.7ªEdição.W.H.Freemanand CompanyPublishers.NewYork.(BISA)

5 I.3. BLOCOS I.3.1. Estrutura temática e distribuição temporal A disciplina está estruturada em 6 Blocos temáticos. Dentro de cada bloco podem estar incluídosdoisoumaistemasteóricos.Algunsdestestemasincluemprincípiospráticos. Aestruturatipodotemaqueincluemaspectospráticoséaseguinte: TEÓRICA 1.QUESTÕESPRINCIPAIS 2.DESENVOLVIMENTODOS 3.ACTIVIDADESDEAPLICAÇÃO CONTEÚDOSFUNDAMENTAIS DOSCONHECIMENTOS 4. ACACTIVIDADESTIVIDADES PRÁTICAS DO TEMA 4.1. Introdução, objectivos e 4.3. Análise tempo de realização 4.4. Discussão 4.2. Trabalho de laboratório e/ou de campo 4.5. Relatório 5. FONTES DE CONSULTA PARA O ALUNO 5.1. Bibliografia básica 5.2. Bibliografia complementar 5.3. Direcções de Internet NofinaldecadaBloco(outema)apresentaseum Questionário de Autoavaliação.

6 I.3.2. Síntese dos Blocos BLOCO I. Perspectiva evolucionária A evolução das plantas ao longo das eras geológicas. Aspectos gerais de evolução ao nível da anatomiaedamorfologiaexterna.Classificaçãodasplantas sensu lato . Tema prático: VisitaaoParqueBotânicodaTapadadaAjuda. VisitaaoHerbárioLISI.Colheita, preparaçãoeregistodos taxa noHerbário. BLOCO II : Alterações e adaptações estruturais das plantas ao meio Adaptaçõesexternaseinternasdetodososórgãosdasplantasaosmeiosondevivem. Tema prático: Observaçãoedescriçãodeplantasoupartesdeplantasmicroemacroscopicamente. BLOCO III : Sistemática IntroduçãoàTaxonomiaeàNomenclaturaVegetal.Algas,Fungos,Líquenes,Briófitos,Pteridófitos eGimnospérmicas. Tema prático: Exemplosdeplantascominteresseeconómico. BLOCO IV : Sistemática de Angiospérmicas Dicotiledóneas:Principaisfamílias. Tema prático: Exemplosdeplantascominteresseeconómico. BLOCO V: Sistemática de Angiospérmicas Dicotiledóneas(cont.)Monocotiledóneas. Tema prático: Exemplosdeplantascominteresseeconómico. BLOCO VI : Geobotânica Áreadedistribuiçãodeumaplantaeoutrosconceitosdecorologia.Introduçãoaoestudodas comunidades.Índicesdediversidade.Noçõesdebioclimatologiaebiogeografia.Vegetação potencialdePortugal. Tema prático: Análiseeinterpretaçãodeinventáriosfitossociológicosefitoecológicosrealizados emcomunidadesvegetaisdaTapadadaAjuda

7 I.4. Regras de avaliação e assiduidade

Assiduidade Afrequênciaimplicaapresençaàsaulascomumatolerânciade apenas3faltas(incluindoas duassemanasderecuperação,senecessárias). Osalunostêmumatolerânciaparaaentradanasaladeaulade15minutos,sobpenadeterem faltaàaula. Avaliação contínua de conhecimentos A avaliação contínua será feita ao longo das seis semanas de aulas, através de questões colocadas sobre a matéria teórica e prática e relatórios das aulas práticas, elaboração de trabalhosesuaapresentaçãooral,etestesparciaissobreamatériateóricaeprática. Osalunosquetiveremumaclassificação igualousuperiora12valoresnaavaliaçãocontínua serãodispensadosdasduassemanasdeaulasderecuperaçãoedoTesteFinal. Teste Final e Nota O Teste Final compreenderá a avaliação de toda a matéria e é destinado aos alunos que não tenhamalcançadoaclassificaçãode12valoresna avaliaçãocontínua.Decorreránofinaldas duassemanasderecuperação.Podetambémserutilizadoparamelhoriadenota.OTesteFinal contarácom60%paraanotaFinaleanotadaavaliaçãocontínuacomumvalorde40%.

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BLOCO I: PERSPECTIVA EVOLUCIONÁRIA Mário Lousã

9 BLOCO I: PERSPECTIVA EVO LUCIONÁRIA Mário Lousã EsteprimeiromódulodaBotânicatemporobjectivosumaanálisesumáriadosseguintestemas: Evoluçãodosorganismosvegetais aolongodaseras geológicas.Aspectosgeraisdaevoluçãoao níveldaMorfologiaExternaedaAnatomianoquedizrespeitoaosórgãosreprodutivos,dostecidos vasculares,docrescimento ealongamentodocaule,dostiposdeperiantoedisposiçãodaspeças florais. Classificação dos organismos vegetais por grandes grupos.Métodos de classificação. Os maiores gruposdeorganismosesua classificação.Domíniodos eucariotas.Gruposprincipaisdas plantas vasculares com sementes: Gimnospérmicas, Magnoliídeas, Monocotiledóneas e Eudicotiledóneas. Sistemas de classificação. Aspectos a ter em conta nas classificações filogenéticas. Nomenclatura. Regras referentes à descrição e denominação dos táxones vegetais. Principais termos usados em Sistemática. Níveis taxonómicos. Introdução à Morfologia Externa (tiposfisionómicos).

TEMA 1: ASPECTOS GERAIS DE EVOLUÇÃO DAS PLANTAS AO LONGO DAS ERAS GEOLÓGICAS

1.1. QUESTÕES CENTRAIS

¿Napassagemdasplantasàvidaterrestre,anecessidadedeobtençãodeáguaimplicouo desenvolvimentodedeterminadasestruturasetecidos.Quais? ¿Nomeioterrestre,qualfoiaestratégiaqueasplantasencontraramparalimitarasperdasde água? ¿Aquelaestratégiaqueimplicaçõestrouxenastrocasgasosas? ¿Queadaptaçõesreprodutivasseregistaramnestapassagem?

1.2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS

ATerradeveterseformadohámaisde4,5milmilhõesdeanos.Oaparecimentodavidano nossoplanetasurgenoPréCâmbricohámaisde3,5 milmilhõesdeanos com asalgasazuisou cianobactériasquesãomicroorganismosprocariotaspoisnãotêmmembrananuclearnemomaterial genéticoorganizadoemcromossomasmascomumsistemafotossintéticoconstituídoporclorofila a. Esta permite, mediante a recepção da energia solar, fazer a fotossíntese através da cisão da molécula de água e libertação de oxigénio. Ao longo de milhões de anos foise verificando a acumulaçãodeoxigénioepermitindoquepartedelesetransformasseemozonoqueretémparteda

10 radiaçãoultravioletaepermiteassimaevoluçãodeorganismosmaissensíveisaestaradiação.Este processopermitiuoaparecimentodosorganismoseucariotasemqueascélulas játêmumnúcleo individualizado com membrana nuclear e cromossomas muito complexos. Estes colonizaram a Terra e foram evoluindo tirando partido da oxigenação progressiva da atmosfera. Alguns passos evolutivosessenciaisforam: ►NoOrdovícicoapassagemdosorganismosvegetaisparaaszonasemersas. ►NoSilúricoenoDevónicoaevoluçãodostecidoscondutores ►NoPérmicosurgemediversificamseasplantasvascularescomsementes ►NoCretácicosurgemasplantasvascularescomsementescujasflorestêmperianto Ospassosevolutivosmaisimportantesestãosintetizadosabaixo: ESCALADOTEMPOGEOLÓGICO/EVOLUÇÃODAFITOSFERA Eras : Pré-Câmbrico (entrecercade4.500e570milhõesdeanosB.P.) Períodos:Arcaicoaparecemasalgasazuis Proterozóicosurgemasalgascastanhaseasvermelhas Paleozóico (entrecercade570e208milhõesdeanos) Períodos:Câmbricoaparecemasalgasverdeseashepáticas Ordovícicopassagemdasplantasparaaszonasemersas Silúricosurgemasplantasvascularesterrestres Devónicoasplantasterrestresaumentamasuadiversidade Carbónicoaparecemasflorestasetornamsedominantes PérmicosurgemasCicadáceas,GinkgoáceaseConíferas Era : Mesozóico (entrecercade280e57milhõesdeanos) Períodos:TriásicoinstalamseflorestasdeGimnospérmicas JurássicoabundamasConíferaseasCicadáceas CretácicoaparecemasAngiospérmicas Era : Cenozóico ( Terciário )(entrecercade57e1,6milhõesdeanos) PeríodosPaleocénicoexpansãodasMagnoliídeas EocénicosurgemasMonocotiledóneas OligocénicoaparecemasEudicotiledóneas MiocénicodifusãodasPoáceas PliocénicoexpansãodasMonocotiledóneas Era : Cenozóico (Quaternário )(desdecercade1,6milhõesdeanosatéagora) Períodos:PlistocénicoMigraçõeseextinçõesdasflorasduranteasglaciações HolocénicoEstabelecimentodafloraedavegetaçãoactuais APaleobotânica eaPalinologia mostramcombaseemmuitosrestosfósseisasprofundas mudançasqueasfloraseascomunidadesvegetaissofreramaolongodaserasedosperíodos. APaleobotânica,queéumramodaBiologia,mostraostestemunhosdirectosdosancestrais dasplantasactuais,ouseja,asrelaçõesentrefósseiseafloraqueexistehojeemdiae indicaas mudançasprofundasqueasfloraseostiposdevegetaçãosofreramdesdeaorigemdavidanaTerra eaactualidade.

11 Umdosinstrumentosmaisutilizadosparaoconhecimentodahistóriadasfloraséaanálise dosrestosvegetaisfossilizadoscomoalgunsgruposdealgas,bocadosde caules,folhas, esporos, grãosdepólen,frutosesementes. Emtodoomundodepositamsenosolomuitosmilharesdegrânulosdepólenporcm 2que ficammetidosemsedimentos,emturfas,edevidoàssuasexinasmuitoresistenteseaspectosmuito variadosquesãofundamentaisparaseapreciarasua estratificaçãoeabundâncianossedimentos. Istopermiteadelimitaçãodosdiversosperíodos. Aevoluçãodeuse emprimeirolugar aofactodasplantasdeixaremo ambientemarinhoe passarematerrestres.Istoaconteceusobváriosaspectos:

1.3. Aspecto reprodutivo 1º.AscélulasreprodutorasnecessitaremdeáguaparapoderemunirseAlgas 2º.Ascélulasreprodutorasestarememplantasterrestresmasnecessitaremdaáguadoorvalhoou daschuvasparasepoderemencontrarBriófitos + Pteridófitos 3º.Ascélulasreprodutorasnãoprecisamdenadarparaseuniremmasapenasdeumafonteexterna àplanta Gimnospérmicas+Angiospérmicas OváriosabertosnapolinizaçãoGimnospérmicas OváriosfechadosnapolinizaçãoAngiospérmicas AEmbriãocomdoiscotilédonesDicotiledóneas BEmbriãocomumcotilédone Monocotiledóneas Umelementoevolutivoimportanteéaalternânciadegerações.AssimnosBriófitos(plantas não vasculares) verificase a dominância do gametófito (haplóide) ao passo que nas plantas vasculareséoesporófito(diplóide)queédominante.Aexpansãodosbriófitossobreaterrafoifeita com base na geração produtora de gâmetas que requer água para permitir que as células reprodutorasmasculinasnadematéaosóvulos. 1.4. Aspecto dos tecidos vasculares Outroaspectoevolutivofundamentaléotransportedaáguaedosalimentospormeiodeum eficiente sistema de vasos quepermitiu apassagem dos organismos da água em direcção à terra firme. AsplantasnãovascularesBriófitos nãotêmverdadeirasraízes,folhasecaules. Asplantas vasculares sem sementes Pteridófitos játêm elementos de transporte mais evoluídos: traqueídos

12 Nas plantas vasculares com sementes pode o xilema ser formado por traqueídos Gimnospérmicas oupor vasos lenhosos Angiospérmicas. Acapacidadeparaaproduçãode lenhina ,incorporadanasparedescelularesfoiimportante paralhesdarrigidezeassimpermitirqueasplantasvascularesatingissemgrandesalturas. 1.5. Crescimento em comprimento Nas plantas não vasculares o crescimento em comprimento é subapical, isto é abaixo da extremidadedocaule,aopassoquenasvasculareséapicalpermitindoumaramificaçãoabundante. Naquelas, cada esporófito produz um simples esporângio ao contrário das vasculares cujos esporófitossãoramificadosproduzemmúltiplosesporângios.

1.6. Perianto (cálice+corola) das flores Nas Gimnospérmicas as flores não têm perianto, são aclamídeas e são unissexuais (ou masculinasoufemininas). NasAngiospérmicasasflorespodemnãoterperiantoouesteser haploclamídeo (sópétalas ousósépalas)ou diploclamídeo (comsépalasepétalas).Quantoaosexopodemserunissexuais ou hermafroditas (ouosdoistipos,namesmainflorescência). 1.7. Disposição das peças florais Dentro dasAngiospérmicas as menos evoluídas (Subclasse Magnoliidae ) as peças florais estão dispostas em espiral (acíclicas) ou aos andares cada um dos quais com 3 peças não se distinguindocáliceoucorola( homoclamídeas ),aopassoquenasmaisevoluídas(Monocotiledóneas e as Eudicotiledóneas) as peças em número de 3,4 ou 5 e estão dispostas aos andares (cíclicas) normalmentecomcáliceecorola( heteroclamídeo ).

13 TEMA 2: A CLASSIFICAÇÃO DAS PLANTAS ( SENSU LATO )

2.1.QUESTÕES CENTRAIS ¿ Com que base é que os organismos se podem distinguir uns dos outros à vista desarmada é o objectodaMorfologiaExterna! ¿Comodistinguirostecidosunsdosoutros?AtravésdaAnatomia! ¿Comosepodemordenartaxonomicamente?ÉoobjectivodaSistemática! ¿Quaisasrelaçõesentreosorganismosactuaiseosantepassados?ÉoobjectivodaFilogenia. ¿Masquaissãoasprincipaiscaracterísticasqueseparamosváriosníveishierárquicos?

2.2.DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS

Frequentementeaoobservarmosuma árvoreumarbusto,umaervaouumaflor,umfrutoou umtroncoperguntamosanósprópriosqueespécieseráesta,aquefamíliapertenceráequalseráo seuinteresseeconómico.Éumaquestãoquedesdehá muitotem interessadonumerosaspessoas. Com quebase é que os organismos sepodem distinguirunsdosoutrosàvistadesarmada éo objectodaMorfologiaExterna! Sabemosque,emPortugal,aspessoasdocampoconhecemgrandepartedasplantascomque convivem por determinados nomes vernáculos ou vulgares que variam conforme a região. Por exemplo a corriola, muito abundante no verão na Tapada da Ajuda muda para verdizela no Ribatejo. E há plantas que têm mais de dez designações. Isto para o nossoPaís! Imaginese se englobarmos também os nomes de outrospaíses! Para evitar esta confusão de nomes vernáculos cada organismo tem uma designação científica formada por dois nomes: o do género que geralmenteéumsubstantivoeodadesignaçãoespecíficaqueéumadjectivo.Nocasodacorriolao seunomecientíficoé Convolvulus arvensis L.emque Convolvulus éonomedogénero, arvensis é oepítetoespecífico(quequerdizerqueaparecenoscamposcultivados)eL.aabreviaturadequem primeiro o classificou, neste caso Lineu. Isto é o sistema binominal. Pelo facto da corriola ter aquelenomeespecíficoquerdizerqueéparentemuitopróximodeoutrascorriolas existentesno nosso País ( Corriola spp.) e também que pertence à família das Convolvuláceas, classe Magnoliopsida ,divisão(ou phylum ) Antophyta ,Reino Plantae . A Taxonomia é apenas um dos aspectos da Sistemática. Até 1859 as diferenças e similaridades eram fundamentais. Depois da publicação da “Origem das espécies” (de Charles

14 Darwin) as diferenças e similaridades passaram a ser vistos como produtos da sua história evolucionáriaousejadasuaFilogenia. Umaspectofundamentalnafilogeniaéaobtençãode árvores filogenéticas quedescrevem porumdesenhoasrelações genealógicasentreostáxones.Aquelaspodemsertestadaserevistas quando necessário sempre que são descobertos novos fósseis e pelo exame das características estruturaisemolecularesdosorganismosvivos. Num esquema classificativo que de uma maneira fiel reflicta a filogenia cada táxone é monofilético ,istoésótemumaúnicaespécie ancestral comum.Todaviaquandoasrelaçõessão desconhecidas ou incertas pode ser prático criar um táxone artificial. Assim alguns táxones amplamenteaceitescontémmembrosquedescendemdemaisdoqueumalinhaancestral–sãoos táxones polifiléticos .Outrostáxonesexcluemumoumaisdescendentesdeumancestralcomum.– sãoostáxones parafiléticos . 2.3.M étodos de Classificação O método de classificação tradicional é baseado na morfologia externa das suas semelhanças.Todososanosaparecemnovasespécies. ¿Como se classificam actualmente? Além das semelhanças com outros membros daquele táxone são tidos em conta todos os caracterestrazidosporumgrandenúmerodelinhasdeinvestigação,comoseverámaisadiante. O método, hoje em dia, mais utilizado para classificar organismos é conhecido como cladístico (formade análise filogenética) porqueeleprocuraexplicitamenteperceber asrelações filogenéticas.Estaaproximaçãocentrasenaramificaçãodeumalinhagemparaoutranodecursoda evolução.Intentaidentificargruposmonofiléticosou clades Oresultadodeumaanálisecladísticaé um cladograma quedáorigemaumarepresentaçãográficadeummodelodetrabalhooudeuma hipótese,desequênciasderamificação.Estashipótesespodementãosertestadaspelaincorporação deplantasoucaracteresquepodemounãoestarconformeasprediçõesdomodelo.Outrosmétodos incluem a comparação de sequências de aminoácidos e a comparação das sequências de nucleótidos. 2.4. Os maiores grupos de organismos NotempodeLineuhaviasótrêsreinos:animais,plantaseminerais.Atéhápoucotempoos organismosvivossópodiamseranimais(Reino Animalia )ouplantas(Reino Plantae ).Portantoos fungos, algas, bactérias e procariotas eram agrupados com as Plantas e os protozoários com os Animais.NoséculoXX,comoadventodomicroscópioópticoeposteriormentedoelectrónicoe

15 com a aplicação de técnicas bioquímicas e moleculares, o número de reinos foi aumentando. As novas técnicas revelaram diferenças fundamentais entre as células procariotas e eucariotas. As diferençaseramsuficientementegrandesparacolocarosprocariotasnumreinoseparadoMonera . Os estudos das sequências ribosomais de RNA revelaram duas linhagens distintas de organismosprocariotas: Bacteria e Archaea. Osorganismoseucariotas ,.protistas,fungos,plantase animaissãovistosagoracomoreinosdentrodomíniode Eucharia. 2.5. Classificação dos organismos vivos (Raven et al. ,2005) Domínio Procariotas Bacteria Bactérias Archaea Arquebactérias Domínio Eucariota Eucharia Reino Fungi Fungos Divisão Chytridiomycota (chytrids) Divisão Zygomycota (zigomicetas) Divisão Ascomycota (ascomicetas) Divisão Basidiomycota (basidiomicetas) ReinoProtista ProtistasHeterotróficos Divisão Myxomicota Divisão Dictyosteliomycota Divisão Oomycota ProtistasFotossintéticos (algas )Divisão Euglenophyta (euglenóides) Divisão Cryptophyta (criptomonads) Divisão Rhodophyta (algasvermelhas) Divisão Dinophyta (dinoflagelados) Divisão Haptophyta (haptófitos) Divisão Bacillariophyta (diatomácias) Divisão Chrysophyta (crisófitos) Divisão Phaeophyta (algascastanhas) Divisão Chlorophyta (algasverdes) Reino Plantae Briófitos Divisão Hepatophyta (hepáticas) Divisão Anhocerophyta (antocerotas) Divisão Bryophyta (musgos) PlantasVasculares Sem sementes Divisão Psilotophyta (psilotófitos) Divisão Lycophyta (licófitos) Divisão Sphenophyta (cavalinhas) Divisão Pterophyta (fetos) Com sementes Divisão Cycadophyta (cicas) Divisão Ginkgophyta (ginkgo) Divisão Coniferophyta (coníferas) Divisão Gnetophyta (gnetófitos) Divisão Antophyta (angiospérmicas)

16 2.6. Domínio dos Eucariotas – Eucharia Os organismos do Reino Fungi não são móveis e são eucariotas filamentosos aos quais faltamplastídeosepigmentosfotossintéticosqueobtémosseusnutrientesdeorganismosmortosou vivos. Os fungos foram tradicionalmente agrupados com as plantas mas não há actualmente qualquerdúvidadequeosfungospertencemauma linha evolucionáriaindependente.Alémdisso comparandoassequênciasribosomaisdeRNAverificasequeestãomaispróximosdosanimaisdo que das plantas. Os ciclos reprodutivos dos fungos são muito complexos incluindo normalmente processossexuaiseassexuais.Serãoestudadosemdisciplinasposteriores. OReino Protista incluieucariotasunicelulares,emcolóniaeeucariotassimplesunicelulares. Protista é o conjunto de todos os organismos tradicionalmente vistos como Protozoa (“animais unicelulares)quesãoheterotróficosassimcomoasalgasquesãoautotróficas.Incluídostambémno Reino Protista estão alguns grupos heterotróficos de organismos que têm sido tradicionalmente colocados nos fungos como os organismos da divisão Oomycota , da Dictyosteliomycota eosda Myxomicota . Os ciclos reprodutivos dosprotistassão variados mas incluem sempre a divisão celular e a reproduçãosexuada.Osprotistaspodemsemoverporváriosflagelosoucíliosepormovimentos idênticosaosdasamibasoupodemserimóveis. Asalgasvermelhas ,algunsgruposimportantesdeprotistasunicelularescomoEuglenóides,os Mixogastrídeos,Cryptomonads,DinoflageladoseHaptophytoseosmaioresgrupos:algasverdes e as castanhas , também fazem parte do Reino Protista. As algas verdes estão muito próximas das plantas. OReino Plantae tem12divisões: • Briófitosmusgos,hepáticaseantocerotas; • Pteridófitospsilotófitos,licófitos,cavalinhasefetos; • Gimnospérmicascicas,ginkgo,coníferasegnetófitose • Angiospérmicas Constituem um Reino de organismos fotossintéticos adaptados à vida em terra. Os seus ancestraisforamalgasverdesespecializadas.Todasasplantassãomulticelularesecompostosde célulaseucariotasquetêmvacúolosesãoenvolvidosporparedescelularesquecontêmcelulose.O seuprincipalmeiodenutriçãoépelafotossínteseemborahajaalgumasheterotróficas.Asdiferenças estruturais ocorreram durante a evolução dasplantas em terra comtendência para a evolução de órgãos especializados para a fotossíntese, fixação e suporte. Em plantas mais complexas tal organização produziu tecidos fotossintéticos especializados, vasculares e de protecção. A

17 reproduçãonasplantaséfundamentalmentesexualcomciclosdegeraçõesalternadasdehaplóidee diplóide. Nos membros mais evoluídos do reino a geração haplóide (o gametófito) reduziuse duranteaevolução.

2.7. Principais grupos de plantas vasculares com semente Asfamíliasdasplantascomsementee asuaorganização em grandes gruposbaseiamseno

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II.Osgrandesgrupossãoosseguintes:

GRUPO GYMNOSPERMAE (GIMNOSPÉRMICAS) Divisões: Cycadophyta (cicas) , Ginkgophyta (ginkgo) , Coniferophyta (coníferas) e Gnetophyta (gnetófitos) Árvores ou arbustos geralmente perenifólios. Folhas normalmente aciculares ou escamiformes. Lenho geralmente constituído por traqueídos e sem vasos lenhosos. Flores unissexuais, aclamídeas. Óvulos não encerrados num ovário. Cotilédones 2 a muitos. (pinheiros, cedros,abetos,...).

DIVISÃO ANGIOSPERMAE (ANGIOSPÉRMICAS) ( ANTOPHYTA ) Plantaslenhosasouherbáceas.Lenhocomvasoslenhososecomousemtraqueídos.Flores hermafroditasouunissexuais,frequentementecomperianto.Óvulosencerradosnumpistilofechado formadoemgeralporovário,estileteeestigma.(Magnólias,macieiras,couves,trigos,tulipas,...).

SUBCLASSE MAGNOLIIDAE (MAGNOLIÍDEAS) (no Sistema de Cronquist) ou clade MAGNOLIIDAE ( no sistema APG II ) Plantas herbáceas ou arbóreas. Raiz primária geralmente aprumada. Folhas com ou sem estípulas,peninérveas.Floresacíclicas(peçasdispostasemespiral)oucíclicascomverticilosde3 peças (e.g. 3 tépalas, 3 estames, etc.); homoclamídeas (perianto não diferenciado em cálice e corola). Estames frequentemente imperfeitos (filete pouco diferenciado, sistemas invulgares de abertura das anteras, etc.). Ovário súpero. Sementes de cotilédones imperceptíveis. (Magnólias, loureiros,abacateiros...)

CLASSE MONOCOTYLEDONES (MONOCOTILEDÓNEAS) Embriãocomumcotilédone.Raizprimáriadevidacurtasendorapidamentesubstituídapor raízes adventícias, fasciculadas. Caule geralmente sem engrossamento secundário. Folhas

18 paralelinérveas,geralmenteinteiras.Floresdotipo3.Periantodotipoperigónio,geralmentecom2 verticilospetalóides,porvezescomumsó,ounulo.(Trigos,tulipas,...). CLASSE EUDICOTYLEDONES (EUDICOTILEDÓNEAS) Embrião com dois cotilédones. Raiz primária geralmente aprumada. Folhas na maioria peninérveasoupalminérveas,raramentecombaínha.Caulecomengrossamentosecundáriodevido àactividadedocâmbiovascularsituadoentreofloemaeoxilema.Floresnamaioriadotipo4ou5. Periantodiferenciadogeralmenteemcáliceecorola.(Macieiras,couves,...). 2.8. Definições Sistemática :Estudocientíficodosseresvivostendoemcontaasuadiversidadeeinterrelações. Classificação :Consistenacolocaçãodeumservivooudeumconjuntodeseres em gruposou categoriasdeacordocomdeterminadasequênciaouplanoeemconformidade com asregrasdenomenclatura. OnúmerototaldeespéciesvegetaisquevivemnaTerraaindanãoéconhecidoexactamente. Estãodescritasatéagoramaisde400000espécies.Entreestascontamse286000angiospérmicas, 700gimnospérmicas,10500pteridófitos,14000musgos,9000líquenes,42000fungos,19000 algas,...

2.9. Sistemas de classificação As plantas classificamse de acordo com certos critérios e os grupos assim formados distribuemse por diversas categorias constituindo um esquema global denominado sistema. Qualquernívelhierárquicodeumsistemadesignase taxon . Os sistemasdeclassificaçãopodemdividirseem: - Artificiais classificaçãodasplantasfeitadeummodoutilitário. Subdividemseem: Empíricos ou práticos FasepopularAtéaoséculoIVa.C. Racionais FasearistotélicaDoséc.IVa.C.até1500d.C. Aristóteles(384322a.C.) Teofrasto(372287a.C.) Plínio(70a.C.) Dioscórides(60a.C.) Dos Herboristas ou Herbalistas De 1500 a 1580 d.C. 11 sistemas de classificaçãoquantoaousodasplantasnaagriculturaounamedicina. OttoBrunfels JeromeBock LeonhartFuchs,... Dos Sistemas Mecânicos De1580a1760d.C.11sistemasemqueintervinham umoupoucoscaracteresparaformargrupos. Fase pré-lineana :

19 AndreasCesalpin(15191602) JoachinJungius(15871657) A.Q.Rivinus(16521725),... Fase lineana: CarlvonLinné(17071778) Tournefort Ray

- Naturais Para classificar as plantas utilizamse tantos caracteres quantopossível. É a fase post-lineana. Lamarck DeJussieu DeCandolle Endlicher Bentham&Hooker Sistemas horizontais

Sistemas verticais - Filogenéticos Asplantas são classificadas não só entrando em linha de conta com o maiornúmerodecaracterespossívelmastambémcomafilogenia(génesedos“troncos”domundo vegetal).De1880atéaosnossosdias.Éa fase filética .Podeserdivididaemváriosperíodos: 18591920 Período post-darwiniano Interpretaçãonosentidoevolutivodosmétodos convencionais. 19201960 Período citogenético ou biossistemático Tiram partido dos rápidos avançosdacitologiaedagenéticaeaplicaçãodosconhecimentosàTaxonomia. Apartirde1960 Período da revolução taxonómica Têm em atenção os novos conhecimentostrazidospelaSistemáticaBioquímica,pelaTaxonomiaNuméricaepelaCladística.. Wettstein Bessey EnglerPrantl Whittaker Cronquist Stebbins Takhtajan APGII

Classificações horizontais Baseiamsenasemelhançaestrutural,nãoentrandoemlinhadeconta comaevoluçãodosorganismos.Incluemqueras classificações artificiais queras naturais .Todas elas são classificações fenéticas pois baseiamse apenas na fenologia e são características do períodoprédarwiniano.

Classificações verticais Têmemconsideraçãoadimensão tempo ,ouseja,têmumaperspectiva dinâmica. Sãodesignadaspor classificações filogenéticas ou filéticas .Os sistemas filogenéticos

20 (do grego phylos raça, estirpe e geneia descendência) também são chamados evolutivos, classificamosseresquantoàascendênciaedescendênciadeacordocomasuasequênciaevolutiva. Os problemas básicos da Sistemática e da Filogenética consistem na compreensão, delimitação, comparação e reconhecimento dos planos estruturais, hierarquia e filogenia das estirpesnaturais. Um dos aspectos fundamentais é a de determinar as relações de parentesco que existem entreosindivíduosdopassadoeospresentesnaactualidade. Umdosproblemasprincipaisdaanálisesistemáticafilogenéticadeveconsistiremtratarde precisarograudeparentescorealdasestirpes.Esteédeterminadopelasrelaçõesgenealógicas(ou filogenéticas)maisoumenosestreitas. Oconhecimentodasrelações genealógicaspermiteareconstruçãodafilogeniadaestirpe. Mas aquele é, normalmente, muito inacessível pois não costumam ser conhecidas as difíceis condiçõesporqueevoluíramosantepassadosdasplantasactuais. Asistemáticamodernaapoiasenosresultadosobtidosporumgrandenúmerodelinhasde trabalhodistintas.

2.10. Nomenclatura - regras referentes à descrição e denominação dos táxones vegetais

1. Todososnomescientíficosdasplantasseusamemlatimsendoutilizadasdoistermos(odo géneroeoepítetoespecífico)Sistema binominal 2. Para denominar os géneros (e os táxones superiores) empregamse substantivos (os dos génerosiniciamsecomletramaiúscula). 3. Para designar as espécies (e os táxones infraespecíficos) costumam utilizarse adjectivos (escritoscomletrasminúsculas). 4. Osnomesdoshíbridosvãoprecedidosdosinalx( Quercus x coutinhoi ) 5. Para a descrição de táxones novos é necessária uma descrição em latim, um desenho e publicaçãoefectivadosmesmos. 6. Ainterpretaçãodecadanomeéasseguradaquandoseestabeleceoseutiponomenclatural (emgeral,umexemplardeherbário). 7. Ostáxonesinfragenéricosouinfraespecíficosqueincluemotiporepetemonomedogénero oudaespécierespectivamente(ex: Quercus faginea ssp. faginea ). 8. Para designar um táxone pode usarse o nome legítimo mais antigo publicado dentro da mesma categoria; no que diz respeito àsplantas vasculares tomase a primeira edição de “Species Plantarum ”deLineu.

21 9. Sãosinónimososnomesdiferentesqueseaplicamaomesmotáxone. 10. Os nomes de famílias ou de géneros não correctos mas muito conhecidos podem excepcionalmente ser “conservados”. Ex: Umbelíferas, Leguminosas, Crucíferas, Compostas,Gutíferas,Gramíneas. 11. Paramelhorprecisãodeumtáxoneécostumeadicionaràsuadesignaçãoonomedapessoa queodescreveupelaprimeiravez,geralmentedeformaabreviada.

2.11.Principaistermosusadosemsistemática Identificação (Determinação) - Colocação de uma planta que desconhecemos no seu lugar correctodesdequejátenhasidofeitaasuaclassificação. Utilizandoa“NovaFloradePortugal”identificase,determinase! Taxonomia - Estudo teórico da classificação tendo em conta as suas bases, princípios, procedimentoseregras. Taxon = táxone (plural taxa ou táxones) Qualquergrupotaxonómicodequalquernaturezaou nível,dependentedoestudoemcausa. Espécie (=sp.) - Conjuntodeindivíduosquesedistinguedeoutroououtrospelamesmaaparência exterior,pordarorigemaumadescendênciafértile igual aosprogenitoreseporteruma áreade distribuiçãoprópria. Espécies = spp. Subespécie (=ssp.) - Conjuntodeindivíduosdeumaespéciequesedistinguedeoutroououtrosda mesmaespécieporumouvárioscaracteres,tendoumaáreadedistribuiçãoprópria. Variedade (var.) - Grupodeindivíduosquediferemdeoutrosdeoutrogruposemelhanteapenas porumnúmerorestritodecaracteresouporumsó.Nãotemáreadedistribuiçãoprópria. Forma - Conjunto de indivíduos que se distingue de outro semelhante por alguns caracteres secundários, fisiológicos ou apenas quantitativos. Também não tem área de distribuição própria. Tendeadesaparecersubstituídoporvariedade. - Variedade obtida artificialmente ou aproveitada naturalmente pelo homem. Deve ser escritaentreplicas.

22 2.12. Níveis taxonómicos Taxon Terminação Exemplo Reino Plantae Divisão phyta Magnoliophyta (Angiospérmicas) Classe opsida Magnoliopsida (Dicotiledóneas) Subclasse idae Rosidae Ordem ales Subordem ineae Rosineae Família aceae Subfamília oideae Maloideae (Pomoideae ) Tribo eae Subtribo inae Género Pyrus L. Secção Espécie Pyrus communis L. Subespécie Variedade Forma Cultivar ‘Rocha’

23 TEMA 3 : TIPOS FISIONÓMICOS 3.1. QUESTÕES CENTRAIS ¿Quesãotiposfisionómicosoubiótiposequalasuautilidade? ¿Quetiposfisionómicossepodemdistinguir? ¿Comosedesenhamdiagramasdetiposfisionómicosparaumterritório,habitatoucomunidade vegetal? 3.2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS

A sinfisionomia é uma parte da Botânica que estuda as comunidades vegetais sem necessidade de identificar as espécies vegetais que as compõem. Baseiase no aspecto e nas adaptações externas visíveis macromorfologicamente. Assim, o seu objectivo é a fisionomia ou aparênciaexterna. Entreosaspectosrelativosàfisionomiadavegetaçãodestacase:  Tiposfisionómicos  Estratificação Tipos fisionómicos  Tipo fisionómico ou Biótipo é uma forma de desenvolvimento que manifesta as adaptaçõesecológicassofridas.O mododeclassificaçãomaisusadofundamentase nascaracterísticasdaspartesaéreasdasplantasenaduraçãodevidadasmesmas. 3.3. Sistema de tipos fisionómicos adoptado  PropostoporRaunkjaer(1905),adaptadoporMuellerDombois&Ellenberg(1974)..  Emprimeirolugardistinguimosasseguintescategorias: A. Biótipos autotróficos do meio terrestre com suporte próprio A.1.Terófitos (T) Ervaspropagadasporsementeecujavidaduramenosdeumano,tendoporissoumúnico ciclovegetativo Exemplos de terófitos Hordeum vulgare Campanula lusitanica Polygonum aviculare Poa annua Zea mays A.2. Geófitos (G) Ervasvivazescujasgemasderenovoseformamabaixodasuperfíciedosolo.Destemodo, noperíododesfavorávelsubsistemdevidoàpresençadeórgãosperenesenterradosnosolo(bolbos, rizomas,tubérculos,raízesgrossas,etc.). Exemplos de geófitos Allium cepa Lythrum salicaria Solanum tuberosum Iris germanica Narcissus bulbocodium

24 A.3. Hemicriptófitos (H) Plantasvivazesoubienaiscomasgemasderenovoàsuperfíciedosolo. Exemplos de hemicriptófitos Nardus stricta Hypericum undulatum Silene vulgaris Potentilla reptans Bellis perennis A.4. Caméfitos (C) Plantasperenes,lenhosasouherbáceas,cujasasgemasderenovoseformamamenosde25 cmdoníveldosoloouplantascomumaalturasuperiora25cmmasquemorremperiodicamente acimadestelimite. Exemplos de caméfitos Thymus zygis Psoralea bituminosa Vaccinium myrtillus Stipa tenacissima Arthrocnemum macrostachyum Sedum sediforme Helianthemum origanifolium A.5. Fanerófitos (P) Plantaslenhosasouherbáceas(árvores,arbustos,bambuseervas grandes)cujas gemasde renovoseencontramamaisde25cmdoníveldosolo. Altura Subtipos Exemplos 0,252m Nanofanerófitos Rosmarinus officinalis 2m8m Microfanerófitos Arbutus unedo 8m–30m Mesofanerófitos Quercus rotundifolia >30m Megafanerófitos Eucalyptus globulus B. Biótipos autotróficos do meio terrestre sem suporte próprio B.1. Plantas trepadoras ou lianas(também designadas fanerófitos escandentes) (L) Plantas que germinam no solo e mantêm o contacto com o mesmo,porém economizam na produçãodabiomassaaoutilizaroutrasplantasouestruturas(tutores)parasustentaroseucaule. Sãoplantastrepadoras(volúveisounão),providasdecaulesquepodemapoiarsenoutrasplantas lenhosasousuportesinertes. Exemplo de espécies trepadoras Galium aparine Vitis vinifera Bryonia dioica Salpichroa origanifolia B.2. Epifítos (E) Plantas que germinam e crescem sobre outras plantas (incluindo plantas mortas) sem as parasitarem. Exemplos de epífitos Líquenes Musgos Orquídeas Bromélias

25 C. Biótipos autotróficos do meio aquático ou ribeirinho C.1. Hidrófitos (Hyd) Plantasaquáticasenraizadas,comasgemasderenovosubmersas. Exemplo de hidrófitos Potamogeton natans; Myriophyllum aquaticum Litorella uniflora Ruppia maritima C.2. Helófitos (Hel) ou plantas anfíbias Plantas vivazes, enraizadas, ribeirinhas, cujas gemas de renovo estão indiferentemente abaixodoníveldosolooudaágua. Exemplo de helófitos Ranunculus tripartitus Caltha palustris Typha angustifolia Marsilea batardae C.3. Pleustófitos (Pl) Plantasaquáticaserrantes,fixasouflutuantesnaáguaeporvezesenraizadas. Exemplos depleustófitos Lemna minor; Eichhornia crassipes flutuantes Utricularia minor suspendidos Ceratophyllum submersum radicantesfacultativos D. Biótipos semi-autotróficos D.1. Hemiparasitas vasculares (Hemipar) Plantasvascularescomclorofila,masquevivemligadosaoutrasplantasautotróficasvivas dondeextraemaseiva( Viscum ). D.2. Carnívoras (Ca) Plantasprópriasdemeiospobresemnutrientesqueobtêmumsuplementoalimentarapartir de pequenos insectos que captam com armadilhas muito diversas ( Dionea, Drosera, Pinguicula, Utricularia ). E. Biótopos heterotróficos E.1. Parasitas vasculares Plantas vasculares sem capacidade de realizar a fotossíntese queparasitam outrasplantas vivas, das quais retiram tanto a seiva bruta como a elaborada ( Cistanche, Cuscuta, Cytinus, Orobanche ) E.2. Saprófitos vasculares (Sapr) Plantasvascularesquevivemsobrematériaorgânicamorta,dondeobtêmtantoaáguacomo os nutrientes orgânicos e inorgânicos de que precisam. Perderam a capacidade de realizar a fotossíntese( Neottia nidus-avis ). 3.1.2. Espectros de tipos fisionómicos Cada grande zona climática do globo, cada tipo de meio, cada comunidade vegetal ou inclusive cada habitat tem condições peculiares que fazem com que determinados tipos fisionómicosoubiótipospredominemsobreosoutros.Assimnaflorestaamazónicaosfanerófitos sãoostiposdominantes.Nassavanassãooshemicriptófitos.Naszonasdesérticassãoosterófitos.. Podeserquenãohajatiposdominantese,nestecaso,háumequilíbrioentreeles.Éoquesepassa nostiposdevegetaçãodonossoPaís.

26 3. ACTIVIDADES PRÁTICAS

Visita de estudo à Tapada

Observação de Líquenes, Musgos, Gimnospérmicas ( Cycadophyta , Coniferophyta , Ginkgophyta , Gnetophyta ), Magnólidas, Monocotiledóneas e Eudicotiledóneas suscitando a discussão dos alunos sobre a evolução das organismos vegetais. Execução de um relatório da visita e classificação do mesmo.

Roteiro da visita (com os diversos habitats). Pontos de paragem. Plantas a observar. Características a observar – plantas anuais, arbustos e árvores e respectivos tipos fisionómicos. 1. Saídadasaladeaula 2. Paragem A nocentrodo claustroparaobservar:carvalho alvarinho x carvalhocerquinho (Quercus x coutinhoi ), buxo ( Buxus sempervirens ), urtiga ( Urtica menbranacea ) (todas Eudicotiledóneas)ejarrovulgar( Arum italicum) . 3. SaídapelaportaPrincipaldoedifíciocentral. 4. Paragem B doladodireitodolançode escadas.Observaçãode cicas ( Cycas revoluta ) (Gimnospérmica Cycadophyta ), tuia biota ( Thuja orientalis ) (Gimnospérmica Coniferophyta ) bem como de folhado ( Viburnum tinus ), rosadachina ( Hibiscus rosa- sinensis ), azevinho ( Ilex aquifolium ) todas Eudicotiledóneas. Rampa fronteira com duas fiadasdeciprestes( Cupressus sempervirens var. horizontalis ). 5. Contornaroedifíciopeladireita.Sebede Thuja orientalis (tuiabiota) 6. Paragem C nocimodarampapequena.Observaçãodejacarandás( Jacaranda mimosifolia ), buganvílea( Buganvillea spectabilis )Eudicotiledónea,gramaamericana(Monocotiledónea), teixo ( Taxus baccata ) (Gimnospérmica Coniferophyta ), olaias ( Cercis siliquastrum ) e coroasdenoiva( Spiraea cantoniensis )(Eudicotiledóneas). 7. Continuandocomoedifícioàdireitachegaseaumadassuasreentânciasajardinadaondese faz a Paragem D. Aqui a árvore maior é uma magnólia ( Magnolia grandiflora ) (Magnoliídea). Inclui também a palmeira das vassouras ( Chamaerops humilis ) (Monocotiledónea). Do outro lado do caminho uma azinheira ( Quercus rotundifolia ), um sobreiro( Quercus suber ),osanguinhodassebes( Rhamnus alaternus),euónimo( Euonymus japónica ) todas Eudicotiledóneas, agapantos ( Agapanthus praecox ) e talhadente (Piptatherum miliaceum ) (Monocotiledóneas) e um cipreste ( Cupressus sempervirens ) (Gimnospérmica Coniferophyta ). 8. Seguindo em direcção à cantina e no início da caminheira Paragem E, do lado esquerdo duas oliveiras ( Olea europaea var. europaea ), piracanta ( rogersiana ), árvore dos rosários ( Melia azedarach ), pitósporo da china ( Pittosporum tobira ), alecrim (Rosmarinus officinalis ),freixos( Fraxinus angustifolia )... todasEudicotiledóneas,loureiro (Laurus nobilis ) (Magnoliídea), vários ciprestes ( Cupressus sempervirens e Cupressus lusitanica )(Gimnospérmica Coniferophyta ). 9. Seguese depois em direcção ao Pavilhão dos anfiteatros e, pelo caminho, observar mais ciprestes,aloés( Aloe arborescens ),bananeiras( Musa acuminata )(Monocotiledóneas). 10. Do lado W do Pavilhão dos anfiteatros a Paragem F para se verem pinheiros de Alepo (Pinus halepensis ) ( Coniferophyta ), amoreira branca ( Morus alba ) Eudicotiledónea, oliveiras 11. Daqui vamos em direcção à Biblioteca e por detrás do herbário a Paragem G para ver medronheiros ( Arbutus unedo ), aveleira ( Corylus avellana ) ambas Eudicotiledóneas, dragoeiro ( Dracaena draco ), avedoparaíso ( Strelitzia reginae ) Monocotiledóneas, entre

27 outras. Umpouco mais abaixo pinheiro das canárias ( Pinus canariensis ) ( Coniferophyta ), abacateiro ( Persea americana ) ( Magnoliidae) , trevos ( Trifolium pratense e T. repens ) Eudicotiledóneas, etc. A meio caminho encontrase o Herbário João de Carvalho e Vasconcellos que guarda, devidamente identificadas, mais de 100.000 espécimes desde meadosdoséculoXIX.Irseáveropercursodasplantasdesdequesãocolhidasatéirem paraoHerbário.Tambémnesteedifíciofuncionao Index Seminum ondeseprocuracolher, preparar e guardar sementes para posterior troca com outras nstituições nacionais e estrangeiras. 12. SegueseemdirecçãoaoHortoe aNWdoEdifícioPrincipalfarseáa Paragem H para observarpinheiromanso( Pinus pinea ),pinheiroinsígne( Pinus radiata )(Gimnospérmicas Coniferópsidas); salsadocavalo ( Smyrnium olusatrum ), pimenteirabastarda ( Schinus molle ),acanto( Acanthus mollis ),hera( maderensis ssp. iberica ),zambujeiros( Olea europaea ssp. sylvestris ) todas Eudicotiledóneas; palmeira das Canárias ( Phoenix canariensis ) Ruscus hypophyllum ambas Monocotiledóneas. Por cima do tronco dos zambujeiros e dos ciprestes: musgos (divisão Bryophyta ), líquenes foliáceos (divisão Chlorophyta ),umbigodevénus( Umbilicus rupestris ). 13. PassaseàTerraGrande– Paragem I. Aquipodemserobservadasasseguintesespécies: mostardadoscampos( Sinapis arvensis ),ervacanária( Oxalis pés-caprae ),serralha macia (Sanchus oleraceus ), labaça crespa ( Rumex crispus ) todas Eudicotiledóneas; espigão (Bromus diandrus )eaveia( Avena sp.)ambasMonocotiledóneas. 14. No Horto Paragem J. Podem ser observadas várias plantas cultivadas com interesse agronómico como: cana do açucar ( Saccharum officinarum ) Monocotiledónea; alcachofra hortense ( Cynara scolymus ), sula ( Hedysarum coronarium ) várias forrageiras ( Lathyrus spp.).

28 ZONA SUESTE DA TAPADA DA AJUDA – PASSEIO DE ESTUDO

J H I

A G B

C F E D Habitats vistos - Terras cultivadas J - Pousios I - Parques A, F, G - Jardins B,C, D,E Troncos H

15. Regressase depois à aula tendo os alunos que fazer uma ficha para responder a várias questões.

Normas para a colheita, secagem, conservação de material vegetal (abreviadas) (J.doAmaral Franco&T.Vasconcelos) Deve ser colhido um exemplar que irá ser seco. Devese tomar nota das características do local [nome do concelho, freguesia, sítio, formação geológica, data da colheita (dia, mês e ano), exposição(quandonecessário),cordasflores,portedasplantas(erecto,trepador),nomevulgarno local]. Se as plantas forem herbáceas de altura não superior a 1 metro convém colhêlas completas, incluindoasraízes,aindaquesejanecessáriodobrálasparasepoderemsecar.Seforemárvoresou arbustoscolheseumramoqualquerdesdequenãosejadiferentedosoutrosdamesmaplanta.No

29 casodeespéciesemqueaspétalascaiemfacilmenteapósacolheitaaspétalasdestacadasdevemser guardadasumenvelopeesecasjuntamentecomorestodaplanta. Asplantassão dobradas de modo a caberem entre duas folhas de jornal e depois prensadas de preferêncianumaprensaapropriadaou,nasuafalta,entreduaspranchasdemadeirasobreosquais secolocamlivrosoupedras.Asplantaspodemficarnosjornaisiniciaisduranteosprimeiros1a2 dias,apósosquaisseprocederá àsuatransferênciaparanovosjornaissecosenquantosecamos primeiros. Farseão tantas mudas quantas as necessárias até as plantas estarem secas. Depois devemserguardadasdentrodosjornaisemlocalsecoparaestudoulterior.

PLANTAS ESPONTÂNEAS DE PORTUGAL E CULTIVADAS EXISTENTES NA TAPADA (Auautóctones;AlAlóctones)

Acacia cyanophylla Al Eudicotiledóneas Acacia dealbata Al Eudicotiledóneas Acacia karoo Al Eudicotiledóneas Acacia longifolia Al Eudicotiledóneas Acacia mearnsii Al Eudicotiledóneas Acacia melanoxylon Al Eudicotiledóneas Acacia picnantha Al Eudicotiledóneas Acacia retinodes Al Eudicotiledóneas Acanthus mollis Au Eudicotiledóneas Aeonium arboreum Al Eudicotiledóneas Agapanthus paecox Al Monocotiledóneas Agave americana Al Monocotiledóneas Agrimonia eupatoria Au Eudicotiledóneas Ailanthus altissima Al Eudicotiledóneas Ajuga iva Au Eudicotiledóneas Aloe arborescens Al Monocotiledóneas Aloe parvibracteata Al Monocotiledóneas Aloysia triphylla Al Eudicotiledóneas Amaranthus albus Al Eudicotiledóneas Amaranthus blitoides Al Eudicotiledóneas Amaranthus graecizans Al Eudicotiledóneas Amaranthus retroflexus Al Eudicotiledóneas Aptenia cordifolia Al Eudicotiledóneas Arbutus unedo Au Eudicotiledóneas Araucaria bidwili Al Coniferófitos Arisarum vulgare Au Monocoliledóneas Arum italicum ssp. neglectum Au Monocotiledóneas Arundo donax Al Monocotiledóneas Asclepias fruticosa Al Eudicotiledóneas Asparagus acutifolius Au Monocotiledóneas Asparagus albus Au Monocotiledóneas Asparagus aphyllus Au Monocotiledóneas Asparagus asparagoides Al Monocotiledóneas Asparagus densiflorus Al Monocotiledóneas Asphodelus ramosus Au Monocotiledóneas Avena barbata Au Monocotiledóneas Avena sativa Al Monocotiledóneas

30 Avena sterilis Au Monocotiledóneas Beaucarnea recurvata Al Monocotiledóneas Berberis vulgaris Al Magnoliídeas Beta vulgaris ssp. maritima Au Eudicotiledóneas Bidens frondosa Au Eudicotiledóneas Boussingaultia cordifolia Al Eudicotiledóneas Bromus diandrus Au Monocotiledóneas Bryonia cretica ssp. dioica Au Eudicotiledóneas Buxus sempervirens Au Eudicotiledóneas Caesalpinia tinctoria Al Eudicotiledóneas Calamintha baetica Au Eudicotiledóneas Calendula arvensis Au Eudicotiledóneas Capsela rubella Au Eudicotiledóneas Carpobrotus edulis Al Eudicotiledóneas Casuarina equisetifolia Al Eudicotiledóneas Cedrus atlantica Al Coniferófitos Celtis australis Au Eudicotiledóneas Ceratonia siliqua Al Eudicotiledóneas Cercis siliquastrum Al Eudicotiledóneas Caesalpinea tinctoria Al Eudicotiledóneas Chamaerops humilis Au Monocotiledóneas Chenopodium album Au Eudicotiledóneas Chenopodium ambrosioides Au Eudicotiledóneas Chrysanthemum coronarium Au Eudicotiledóneas Cirsium arvense Au Eudicotiledóneas Citrus deliciosa Al Eudicotiledóneas Citrus limon Al Eudicotiledóneas Citrus sinensis Al Eudicotiledóneas Convolvulus arvensis Au Eudicotiledóneas Conyza albida Al Eudicotiledóneas Conyza bonariensis Al Eudicotiledóneas Conyza canadensis Al Eudicotiledóneas Corynocarpus laevigata Al Eudicotiledóneas Crataegus monogyna Au Eudicotiledóneas Crepis capillaris Au Eudicotiledóneas Crepis vesicaria ssp. haenseleri Au Eudicotiledóneas Crucianella angustifolia Au Eudicotiledóneas Cucurbita pepo Al Eudicotiledóneas Cupressus lusitanica Al Coniferófitos Cupressus macrocarpa Al Coniferófitos Cupressus sempervirens Al Coniferófitos Cycas revoluta Al Cicadófitos Cychorium intybus Au Eudicotiledóneas Cydonia oblonga Al Eudicotiledóneas Cymbalaria muralis Au Eudicotiledóneas Cynara cardunculus Au Eudicotiledóneas Cynodon dactylon Au Monocotiledóneas Cynossurus echinatus Au Monocotiledóneas Cyperus longus Au Monocotiledóneas Cyperus rotundus Au Monocotiledóneas

31 Daphne gnidium Au Eudicotiledóneas Datura stramonium Al Eudicotiledóneas Daucus carota Al Eudicotiledóneas Digitaria sanguinalis Au Monocotiledóneas Diplotaxis catholica Au Eudicotiledóneas Dittrichia viscosa Au Eudicotiledóneas Dracaena draco Al Monocotiledóneas Ecbaliium elaterium Au Eudicotiledóneas Eleagnus angustifolia Al Eudicotiledóneas Erigeron karvinskianus Al Eudicotiledóneas Eriobothria japonica Al Eudicotiledóneas Erodium malacoides Au Eudicotiledóneas Erodium moschatum Au Eudicotiledóneas Eucalyptus camaldulensis Al Eudicotiledóneas Eucalyptus globulus Al Eudicotiledóneas Euonymus japonica Al Eudicotiledóneas Euphorbia characias Au Eudicotiledóneas Euphorbia peplus Au Eudicotiledóneas Ficus carica Al Eudicotiledóneas Ficus elastica Al Eudicotiledóneas Ficus rubiginosa Al Eudicotiledóneas Foeniculum vulgare ssp. piperitum Au Eudicotiledóneas Fraxinus angustifolia Au Eudicotiledóneas Fraxinus excelsior Al Eudicotiledóneas Fumaria capreolata Au Eudicotiledóneas Fumaria officinalis Au Eudicotiledóneas Galactites tomentosa Au Eudicotiledóneas Galinsoga parviflora Al Eudicotiledóneas Galium aparine Au Eudicotiledóneas Geranium molle Au Eudicotiledóneas Ginkgo biloba Al Ginkgófitos Gleditsia triacamthos Al Eudicotiledóneas Grevillea robusta A1 Eudicotiledóneas ssp. iberica Au Eudicotiledóneas Heliotropium europaeum Au Eudicotiledóneas Hibiscus rosa-sinensis Al Eudicotiledóneas Hordeum murinum Au Monocotiledóneas Hordeum vulgare Al Monocotiledóneas Ipomaea acuminata Al Eudicotiledóneas Iris foetidissima Au Monocotiledóneas Iris germanica Al Monocotiledóneas Jacaranda mimosifolia Al Eudicotiledóneas Jasminum fruticans Au Eudicotiledóneas Jasminum mesnyi Al Eudicotiledóneas Juglans nigra Al Eudicotiledóneas Juglans regia Al Eudicotiledóneas Justicia adhatoda Al Eudicotiledóneas Lagurus ovatus Au Monocotiledóneas Lamium amplexicaule Au Eudicotiledóneas Lamium purpureum Au Eudicotiledóneas

32 Lantana camara Al Eudicotiledóneas Lathyrus angulatus Au Eudicotiledóneas Laurus nobilis Au Magnoliídeas Lavatera cretica Au Eudicotiledóneas Leontodon taraxacoides Au Eudicotiledóneas Ligustrum lucidum Al Eudicotiledóneas Ligustrum vulgare Au Eudicotiledóneas Lobularia maritima Au Eudicotiledóneas Lolium rigidum Au Monocotiledóneas Lolium perenne Au Monocotiledóneas Lonicera implexa Au Eudicotiledóneas Lycium barbarum Al Eudicotiledóneas Lycium europaeum Au Eudicotiledóneas Lygos sphaerocarpa Au Eudicotiledóneas Maclura pomifera Al Eudicotiledóneas Magnolia grandiflora Al Magnoliídeas Melia azedarach Al Eudicotiledóneas Mercurialis annua Au Eudicotiledóneas Mirabilis jalapa Al Eudicotiledóneas Montanoa bipinatifida Al Eudicotiledóneas Morus alba Al Eudicotiledóneas Myoporum tenuifolium Al Eudicotiledóneas Myrtus communis Au Eudicotiledóneas Nepeta tuberosa Au Eudicotiledóneas Nerium oleander Au Eudicotiledóneas Nicotiana glauca Al Eudicotiledóneas Oenothera rosea Al Eudicotiledóneas Olea europaea var. europaea Au Eudicotiledóneas Olea europaea var. sylvestris Au Eudicotiledóneas Ononis natrix ssp. ramosissima Au Eudicotiledóneas Opuntia ficus-indica Al Eudicotiledóneas Opuntia barbarica Al Eudicotiledóneas Opuntia cilindrica Al Eudicotiledóneas Opuntia tuna Al Eudicotiledóneas Oxalis pes-caprae Al Eudicotiledóneas Papaver rhoeas Au Eudicotiledóneas Parietaria judaica Au Eudicotiledóneas Partenocissus quinquefolia Al Eudicotiledóneas Paspalum dilatatum Al Monocotiledóneas Passiflora edulis Al Eudicotiledóneas Pelargonium x hortorum Al Eudicotiledóneas Pelargonium zonale Al Eudicotiledóneas Philllyrea latifolia Au Eudicotiledóneas Phoenix canariensis Al Monocotiledóneas Phytolacca americana Al Eudicotiledóneas Pinus canariensis Al Coniferófitos Pinus halepensis Al Coniferófitos Pinus pinaster Au Coniferófitos Pinus pinea Au Coniferófitos Pinus radiata Al Coniferófitos

33 Pinus sylvestris Au Coniferófitos Piptatherum miliaceum Au Monocotiledóneas Pistacia lentiscus Au Eudicotiledóneas Pittoporum tobira Al Eudicotiledóneas Pittosporum undulatum Al Eudicotiledóneas Platanus hybrida Al Eudicotiledóneas Platycladus orientalis Al Coniferófitos Polygonum arenastrum Au Eudicotiledóneas Polygonum lapathifolium Au Eudicotiledóneas Polypodium australe Au Pteridófitos Populus alba Al Eudicotiledóneas Populus nigra Au Eudicotiledóneas Portulaca oleracea Al Eudicotiledóneas Portulacaria afra Al Eudicotiledóneas Prunus armeniaca Al Eudicotiledóneas Prunus cerasifera var. atropurpurea Al Eudicotiledóneas Prunus domestica Al Eudicotiledóneas Prunus dulcis Al Eudicotiledóneas Prunus persica Al Eudicotiledóneas Prunus spinosa ssp. Insititioides Au Eudicotiledóneas Psoralea bituminosa Au Eudicotiledóneas Punica granatum Al Eudicotiledóneas Pyracantha rogersiana Al Eudicotiledóneas Quercus coccifera Al Eudicotiledóneas Quercus faginea ssp. broteroi Au Eudicotiledóneas Quercus faginea ssp. faginea Au Eudicotiledóneas Quercus ilex Al Eudicotiledóneas Quercus robur Au Eudicotiledóneas Quercus rotundifolia Au Eudicotiledóneas Quercus suber Au Eudicotiledóneas Ranunculus trilobus Au Magnoliídeas Reseda luteola Au Eudicotiledóneas Retama sphaerocarpa Au Eudicotiledóneas Reynoutria japonica Al Eudicotiledóneas Rhamnus alaternus Au Eudicotiledóneas Rhamnus lycioides ssp.o leoides Au Eudicotiledóneas Ricinus communis Al Eudicotiledóneas Robimia pseudacacia Al Eudicotiledóneas Rosa banksiae Al Eudicotiledóneas Rosa sempervirens Au Eudicotiledóneas Rosmarinus officinalis Au Eudicotiledóneas Rubia peregrina Au Eudicotiledóneas Rubus ulmifolius Au Eudicotiledóneas Rumex bucephalophorus Au Eudicotiledóneas Rumex crispus Au Eudicotiledóneas Rumex pulcher ssp. divaricatus Au Eudicotiledóneas Ruscus aculeatus Au Eudicotiledóneas Ruscus hypophyllum Al Eudicotiledóneas Ruta chalepensis Au Eudicotiledóneas Ruta montana Au Eudicotiledóneas

34 Salpichroa origanifolia Al Eudicotiledóneas Salvia microphylla Al Eudicotiledóneas Salvia officinalis Al Eudicotiledóneas Scandix pecten-veneris Au Eudicotiledóneas Schinus molle Al Eudicotiledóneas Schinus terebenthifolia Al Eudicotiledóneas Scolymus hispanicus Au Eudicotiledóneas Scolymus maculatus Au Eudicotiledóneas Senecio petasites Al Eudicotiledóneas Silene alba ssp. divaricata Au Eudicotiledóneas Silene vulgaris Au Eudicotiledóneas Silybum marianum Au Eudicotiledóneas Sinapis alba Au Eudicotiledóneas Sinapis arvensis Au Eudicotiledóneas Sisymbrium officinale Au Eudicotiledóneas Smilax aspera Au Monocotiledóneas Smyrnium olusatrum Au Eudicotiledóneas Solanum dulcamara Au Eudicotiledóneas Solanum nigrum ssp. nigrum Au Eudicotiledóneas Solanum tuberosum Al Eudicotiledóneas Sonchus asper ssp. glaucescens Au Eudicotiledóneas Sonchus oleraceus Au Eudicotiledóneas Sonchus tenerrimus Au Eudicotiledóneas Spartium junceum Al Eudicotiledóneas Spiraea cantoniensis Al Eudicotiledóneas Stellaria media Al Eudicotiledóneas Strelitzia nicolai Al Monocotiledóneas Strelitzia reginae Al Monocotiledóneas Tamus communis Au Monocotiledóneas Tecomaria capensis Al Eudicotiledóneas Tilia tomentosa var. investita Al Eudicotiledóneas Tetraclinis articulata Al Coniferófitos Tipuana tipu Al Eudicotiledóneas Torilis arvensis Au Eudicotiledóneas Tradescantia fluminensis Al Monocotiledóneas Tradescantia virginiana Al Monocotiledóneas Tradescantia multiflora Al Monocotiledóneas Trifolium arvense Au Eudicotiledóneas Trifolium pratense Au Eudicotiledóneas Trifolium repens Au Eudicotiledóneas Triticum aestivum Al Monocotiledóneas Triticum durum Al Monocotiledóneas Tropaeolum majus Al Eudicotiledóneas Ulmus minor Au Eudicotiledóneas Umbilicus rupestris Au Eudicotiledóneas Urginea maritima Au Eudicotiledóneas Urtica dubia Au Eudicotiledóneas Urtica membranacea Au Eudicotiledóneas Urtica urens Au Eudicotiledóneas Verbascum sinuatum Au Eudicotiledóneas

35 Verbascum thapsus Au Eudicotiledóneas Verbena officinalis Au Eudicotiledóneas Viburnum tinus Au Eudicotiledóneas Vicia sativa Au Eudicotiledóneas Vinca difformis Au Eudicotiledóneas Vitis vinifera ssp. vinifera Al Eudicotiledóneas Washingtonia robusta Al Monocotiledóneas Wigandia caracassana Al Eudicotiledóneas Xanthium spinosum Au Eudicotiledóneas Zantedeschia aethiopica Al Monocotiledóneas Zea mays Al Monocotiledóneas Zelkova serrata Al Eudicotiledóneas

36 4. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO

●QuandoseformaaTerra? ●QuandosedáoaparecimentodavidasobreaTerra?Quaissãoosprimeirosorganismosa surgir?Porquê? ●Emquesentidosedáaevoluçãodasplantas? ●DondeequandosurgemasAngiospérmicas? ● Como evoluíram as estruturas morfológicas dos grandes grupos taxonómicos? E as anatómicas? ●Quandosedáoestabelecimentodavegetaçãoactual? ●Oqueéumaárvorefilogenética?Eumcladograma? ●Quesãotáxonesmonofiléticos? ●Emquesebaseiamtradicionalmenteosmétodosdeclassificação?Eactualmente? ●Oquesãoorganismoseucariotas?Quantosequereinososconstituem? ●AsAngiospérmicasestãoemquedivisão?Comoestãoagrupadas? ●Asplantasditassuperiorespertencemaquegrandesgrupos? ●OreinoPlantaetemquantasdivisões?Quetiposdeorganismosestãoincluídos nos Briófitos? ●AsGimnospérmicastêmquatrodivisões.Quaissão?Oquesignificaonomedestadivisão? Assuascaracterísticasincluemárvoresearbustos.Qualéadiferença? ● Plantas geralmente perenifólias. Aponte algumas gimnospérmicas da Tapada com esta característica. ●Oquesãoespéciescaducifólias?QualaespéciedegimnospérmicaobservadanaTapadacom estapropriedade? ●Comosechamamasespéciesquenãosãonemcaducifóliasnemperenifólias?Dêexemplode algumaespécieexistentenaTapadacomesteaspecto. ●Quesãofloresaclamídeas?Dêexemplos! ●Quesãoperiantoshomoclamídeos?Eheteroclamídeos?Dêtrêsexemplosdecada. ●Quaissãoosdoisprincipaisgruposdesistemasdeclassificação?Comosedistinguem? ●Oqueéumaespécie?Eumasubespécie? ●Oqueéosistemabinominal?Escrevaonomecientíficodopineiromanso. ●Vulgarmentechamamselianasàsplantastrepadoraslenhosas.Qualéoseutipofisionómico? Indiquealgumasespécies! ●Oquesãogeófitos?Eepífitos? ●Qualéadiferençaentretáxonee taxa ?Eentrespespp.? ●Oalecrimnãoatingemaisdedoismetrosdealtura.Qualéoseutipofisionómico? Eodo milho? ●Osgeófitostêmas gemasderenovoescondidasabaixodasuperfíciedosolo,oshidrófitos abaixodonívelda água eoshelófitosindiferentementeabaixodoníveldosoloouda água. Indiqueestestiposfisionómicossócomumapalavra? ●Qualadiferençaentreumhelófitoeumplestófito? ●Otermocarnívorasestábemaplicado?Quetermosugeriria?Porquê? ●Ocarvalhoalvarinho( Quercus robur )eocarvalhocerquinho( Quercus faginea ssp. broteroi ) podematingir,nonossoPaís,respectivamentemaisde30meaté30metros.Quaisserãoos tiposfisionómcos? ●Oquesãoespectrosfisionómicos?Dêexemplos! ●Qualseráoespectrofisionómicodassavanas?Edasestepes?

37 5. FONTES de CONSULTA Bibliografia básica Lidon, F. J. C., Gomes, H. P. & Abrantes, A.C.S. (2001) – Anatomia e Morfologia Externa das Plantas Superiores .Lidelediçõestécnicas,lda.Lisboa.(comprar) Raven,P.H.Evert,R.F.&EichornS.E.(2005)–Biology of Plants .W.H.FreemanandCompany WorthPublishers.NewYork.(BISA)

Bibliografia complementar Antunes,T.&Pinto,I.S.,2006–Botânica–APassagemàVidaTerrestre.Lidelediçõestécnicas, lda.Lisboa. Franco,J.A.(1971/84)–Nova Flora de Portugal (Continente e Açores) .Vols.IeII.Ed.doautor. *Franco,J.A.(1984)–Chaves de Identificação das Dicotiledóneas. Dept.Botânica.ISA.Lisboa. Franco, J.A. (1996) –Zonas Fitogeográficas Predominantes em Portugal Continental. Anais Inst. Sup. Agronomia 44(1):3956.Lisboa. Franco, J.A. & M.L. Rocha Afonso (1994/1998/2003) Nova Flora de Portugal (Continente e Açores) .Vol.III,FascículosI,IIeIII.EscolarEditora.Lisboa. Judd, W.S., Campbell, C.S., Kellogg, E.a. & Stevens, P.F. (2002) – Systematics . A Phylogenetic Approach . Sinauer Associates, Inc. – Publishers. Sunderland. Massachusetts. USA. Knowlden,S. et al. (1993)(Trad.eadapt.deJ.C.Costa)–Dicionário Visual das Plantas .Editorial Verbo.Lisboa. MuellerDombois, D. & Ellenberg, H. (1974) – Aims and Methods of Vegetation Ecology . John Wiley&Sons.NewYork. PinheirodeMelo,M.(1977)–Elementos sobre a Sistemática de Algumas Espécies de Plantas mais Frequentes .Gab.Bot.ISA.Lisboa. Raunkjaer, C. (1905) – Types biologiques pour la geographie botanique . Bull. Acad. Sc. Danemark. Vasconcellos,J.C.(1960)–Noções sobre a Anatomia das Plantas Superiores .Dir.Ger.Serv.Agric. Lisboa. Vasconcellos,J.C.,M.C.P.Coutinho&J.A.Franco(1969)–Noções sobre a Morfologia Externa das Plantas Superiores .Dir.Ger.Serv.Agric.Lisboa. Direcções da Internet http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/welcome.html http://www.dct.fct.unl.pt/Ensino/cursos/Disc/Paleont/ProgPaleob.html http://www.fosil.cl/pbotanica.html http://www.ucmp.berkeley.edu/IB181/VPL/Dir.html http://www.fc.up.pt/pessoas/rasilva/fit3.html http://www.en.wikipedia.org/wiki/cronquit_system.html http://www.en.wikipedia.org/wiki/APGII_system.html

38

BLOCO II: ALTERAÇÕES E ADAPTAÇÕES ESTRUTURAIS DAS PLANTAS AO MEIO SISTEMÁTICA

Ana Monteiro

39 BlocoII: ALTERAÇÕ ES E ADAPTAÇÕ ES ESTRUTURAIS DAS PLANTAS AO MEIO

Ana Monteiro 1. QUESTÕES CENTRAIS  Alteraçõesestruturaiseadaptações–emqueórgãosdaplantaocorrem?  Porqueocorremadaptaçõesestruturais? 2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 2.1 O factor água Aágua éumfactorbásiconavidadetodososseresvivos,emparticulardasplantas.Sendoa águaabasequímicadavida,nasplantasdeterminaacirculaçãodenutrientesentreosoloplantae emparte,adistribuição( ombrotipos )efisionomiadavegetação.Asfontesdeáguaparaasplantas podem ser mensuráveis (chuva, neve e granizo), ocultas (nevoeiro, água freática e água de escorrência)ecompensatórias(humidadeatmosférica,nebulosidadeeneblinas). 2.1.1 Estruturas adaptadas ao excesso de água Em clima muito húmido, em solos muito encharcados ou elevada humidade atmosférica as plantastêmque“forçar”atranspiraçãoparaabsorveremosnutrientes.Nestassituaçõesasplantas desenvolveramadaptaçõesanatómicase/oumorfológicas,designadamente: √ aumentodasuperfícietranspiratória • aumentodasuperfíciedolimbo; • aumentodonºdeestomasaeríferos; • aumentodonºdetricomasquetranspiramactivamente; • posiçãosuperficialdosestomasquepodeminclusivéestarsalientes; • folhascomsuperfícierugosaoumuitorecortada( Monstera ); √ eliminaçãodaáguanoestadolíquido(gutação)atravésdehidátodos; √ morfologiadafolhaquefacilitaaescorrênciadaágua( Ficus religiosa ), √ dimorfismofolhearnasplantasaquáticas( Callitriche heterophylla ) 2.1.2. Estruturas adaptadas à aridez Consideramseáridososterritóriosouperíodosdetempoemqueasnecessidadeshídricasdas plantasnãoestãoasseguradaspelomeio. Asplantascomalteraçõesestruturaiseadaptaçõesàsecuradenominamse xerófitos . Todavia,aquelasplantasqueevitamosdéficeshídricosnãosãoverdadeirosxerófitos,porexemplo, asquesãocapazesdeabsorveráguadatoalhafreáticaouasqueacumulamágua–suculentas . Entreosxerófitospodemosencontrarosseguintestipos: • plantascujasfolhasmurchamnosperíodosdeseca,podendoinclusivécair; • plantaslenhosasdefolhaspequenas,durasecomtecidosdesuporte(escleritos),própriasde climamediterrâneo; • plantascapazesdefecharosestomasenãosuspenderafotossíntesenosperíodossecos,com ummetabolismobaixoaténovascondiçõesfavoráveis.

40 Em resumo, podemos encontrar doistipos deplantas de sítios secos: as que evitam e as que toleram osdéficeshídricos. 2.1.3 Mecanismos para evitar os défices hídrico s i.Estratégiasparaescaparàseca : • Noespaço–obtêmáguadatoalhafreática • Notempo–anuais(terófitos;geófitos) ii.Conservaçãodaáguaporreduçãodatranspiração Adaptações Morfológicas • folhasdeformaarredondada( Hakea sericea; Ammophila arenaria ) • diminuiçãodotamanhoedonúmerodefolhas( Thymbra capitata ) • corverdeclarooubrilhante reflexãodaluz • folhasenroladaspermanentemente • libertaçãodesubstânciasvoláteis( Eucalyptus ) • quedadefolhasnoperíododeseca diminuiçãodaáreatranspiratória • ausênciadefolhas caulesclorofilinos( Lithops ) • presençadetricomas( Olea europea; Quercus rotundifolia ) • armazenamentodeágua suculentas Adaptações histoanatómicas • estomasprofundos( Pinus spp.; Hakea sericea ) • superfícies epidérmicas irregulares com os estomas nas cavidades formadas e muitas vezescobertosportricomas( Nerium oleander )

• fotossínteseC 4,C 3/C 4,CAM( Cyperus spp. Panicum spp. Opuntia spp.) • fechoestomáticorápidoecompleto • cutículaespessaeimpermeável( Pinus spp.; Hakea sericea; Opuntia spp.) Manutenção da absorção da água • hipertrofia do sistema radicular – com raízes superficiais estendendose por grandes áreas,adaptadasachuvastorrenciais( Opuntia camanchia ) • raízesprofundas–captamáguadatoalhafreática • célulasxilémicascomparedesgrossas Vias fotossintéticas alternativas como adaptação à secura Consumodeáguaparaproduzir1gdematériaseca:

• C3–4a9Ldeágua • C4–1a3Ldeágua • CAM–0,5a0,6Ldeágua

C4: √ duascarboxilaçõesseparadasnoespaço √ anatomiafolhearemcoroa,tipoKranz √ temperaturasóptimasdecrescimentomaiselevadas √ menorgastodeágua maioreficiênciadousodeágua

41 √ exemplodealguns taxa: Cynodon dactylon (grama), Cyperus spp.

CAM: √ duascarboxilaçõesseparadasnotempo √ cicloestomáticoinvertido(estomasabremdenoiteefechamdedia) √ emgeralsuculentascomparênquimaaquíferocentralincolor √ mesófilo fotossintético externo, formado por células grandes que deixam entre si grandes espaçosintercelulares,deparedesfinasecomumgrandevacúolocentral √ exemplo de alguns taxa: Crassuláceas ( Bryophyllum, Kalanchoë, Sedum ), Welwitschia mirabilis, Isoetes storkii, ananás 2.2 O factor vento O vento tem importância principalmente nas zonas costeiras, planícies e cristas dos montes porqueinfluinadistribuição(transportedediásporas)enamorfologiadeplantasedavegetação. Asuaacçãosobreasplantaspodeserdediversostipos: • acçãofisiológica, • física, • anatómicaemecânica, • dissecação, • resfriamento, • nanismo, • deformação, • prostração(gramíneas), • erosãocuticularporfricçãofolheareabrasão(poeiras,neve,sal,águasalgada), • desenterramentooucoberturaporareia. Quandoavelocidadedoventoa10mdealturaéigualousuperiora6m/snãoseformaum bosque. Nas zonas costeiras, a maresia provoca a dessecação e plasmólise e interferências na absorçãoradiculardaágua.Influinos limitesdosbosquesaodessecarosmeristemasapicais caulinaresnosperíodosfrios. 2.3 Adaptações das plantas aos meios salinos e dunares Nosmeiossalinosedunaresasplantasenfrentamdiversosproblemas,designadamente: i)oefeitoosmótico diminuiopotencialhídricodosoloeconsequentementecriaproblemasfisiológicos; ii)aexcessivaconcentraçãodeNaeCl alteraagerminaçãoecrescimento; osbalançosiónicostambémsealteram; osolodesenvolveumaestruturaasfixiante. iii)adeposiçãodeareiasobreaplanta aptidãoecapacidadeparaformarentrenósourizomashorizontaiseverticais.

42 namaiorpartedoanoapresentamasfolhasreduzidasaumarosetabasilarsóemitindoum escapofloralnumpequenoperíododoano. 2.3.1 Principais adaptações dos halófitos ao seu habita t Adaptações Fisiológicas • atrasonagerminaçãoe/oumaturaçãosobcondiçõesdesfavoráveis; • estaçãodecrescimentomaiscurta(anuais); • cutículamaisespessaparadiminuiratranspiração; • selectividadeaiõesespecíficosparacompensardesequilíbrios. o acumulamsaisnostecidos(absorçãoemaltograudecertosiões,comopotássio,na presença de elevadas concentrações de sódio no meio exterior – algas marinhas (Halobacteria ), Arthrocnemum, Salicornia, Sarcocornia o armazenamsaisemestruturasespeciais–Atriplex halimus, Salsola oppositifolia Adaptações Morfológicas • diminuiçãodotamanhodafolhaparareduziratranspiração; • caulese/oufolhascarnudos(acumulameexpelemsaisparaevitaratoxicidadeecompensar diferençasdepressãoosmóticacomosolo)compresençadeparênquimaaquífero; • reduçãodonúmerodenervuras: • reduçãodonúmerodeestomas; • tricomaseglândulasexcretorasdesalAtriplex spongiosa, Limonium, Tamarix • raízes muito profundas para captar água em profundidade e/ou sistemas radiculares superficiaisdemodo arecolherde imediatoaáguaquechega aosoloeacondensaçãodo orvalho e neblinas nas épocas de maior secura;presença de microrrizas nas raízes que ajudamasobreviver asplântulaseposteriormentecolonizar asdunas;formaprostradaou pulviniformepararesistiraovento Adaptações Fenológicas • atrasonafloração.

43 3. ACTIVIDADES PRÁTICAS Nesta prática deverá examinar diferentes adaptações estruturais das plantas ao meio, que seleccionar.Noqueconcerne àfolha considere asuaestruturaemrelação àsfunçõesquetem que desempenhar: absorção de luz e de dióxido de carbono e manutenção de água. Faça esquemasdoqueobservoubemcomoarespectivalegenda.

A. RecolhanovamenteaplantaqueseleccionounomóduloI. B. Estudeaestruturaefunçãodafolha. C. Analiseacomposiçãoquímicadaparedecelular Faça cortes transversais da folha para observação ao microscópio e coloqueos num pequeno cristalizadorcomumasgotasdeágua. 1. Procedimento experimental para observação da via fotossintética Monteumasecçãotransversalfinadafolhadasuaplantanumalâminacomuma gotadeágua ouglicerinaeexamineasobaampliaçãomédiadomicroscópio. Verifique que células contêm cloroplastos e, com base nas suas observações, identifique os tecidos fotossintéticos. Em que medida é que a localização de cloroplastos nessas células é vantajosaparaaabsorçãodaluz?Observeaáreademesofilo. 2. Procedimento experimental para observação da parede celular Aepidermedosórgãos aéreospossuicélulasmuitodiferenciadasnaformaefunções:células epidérmicas propriamente ditas (semelhantes na forma, mais ou menos tubulares ou de contorno sinuoso),estomas,tricomaseemergências.Ascélulasepidérmicastêmemcomumumrevestimento na sua parede exterior, contínuo de célula para célula, denominado cutícula. Sobre a cutícula distingueseumrevestimentodeceras,ditasepicutilares,comespessuravariável. Cutinização: Acutinizaçãoconsistenodepósitodecutinanassuperfíciesdasparedescelulares que estão em contacto com a atmosfera. A suberina (súber e endoderme) e a cutina são das substânciasorgânicasmaisresistentesqueseconhecemesãoambashidrofóbicas. Mineralização: Consiste na deposição de substâncias inorgânicas minerais tais como a sílica e carbonatodecálcio.NasparedescelularesdasGramíneaseJuncáceas,porexemplo,encontrase ácidosilícicoamorfo(sílica)queconfereuma granderigidezaessascélulas.Acalcificaçãopode darseinternamenteemrelaçãoàparedecelular,formandoos cistólitostalcomoseobserva,por exemplo,nasfolhasdeMoráceas,AcantáceaseCucurbitáceas. Tipo de célula Composto Propriedades especiais Colênquima pectinas plasticidade(?) Esclerênquima lenhina resistência;impermeávelàágua Epiderme cutina/ceras impermeávelàágua; dificilmentedestruídapor bactérias,fungoseanimais Endoderme suberina/lenhinha impermeáveisàágua Súber suberina impermeávelàágua i) células com lenhina Coloqueumasecçãotransversalfinadafolhadasuaplantanumpequeno cristalizadorcomuma solução alcoólica (90º) concentrada de floroglucinol. Passados alguns minutos (até evaporar) adicioneuma gotadeácidoclorídricoconcentrado.Retireasecçãoemonteadepoisnumalâmina

44 comumagotadeáguaouglicerinaeexamineasobaampliaçãomédiadomicroscópio.Asparedes comlenhinacoramdevermelho. Verifiquequecélulascontêmlenhina.Identifiqueosrespectivostecidos.Façaumesquemacom arespectivalegenda. ii) detecção de cutina Coloqueumasecçãotransversalfinadafolhadasuaplantanumpequenocristalizadorcom solutodeSudãoIII.Passados15ou20minutosretireasecção,lavebememáguadestilada,monte adepoisnumalâminacomuma gotade águaou glicerinae examineasoba ampliaçãomédiado microscópio.Acutinacoradevermelhoalaranjado. Emqueparteexistecutina?Umavezqueo SudãoIII corasó compostosdotipogordura,oque podeconcluiracercadosignificadofisiológicodacutina? 3. Procedimento experimental para observação de estomas Retire,comumapinça,umaporçãodaepidermeinferiordafolha,queconsistenumacamadafinae incolor.Corteumpequenopedaçoecoloqueoimediatamentenumalâminacomumagotadeágua. Examineosobaampliaçãomédiadomicroscópio. Ilustre as células epidérmicas que observa. Descreva o tipo de estoma presente, bem com a densidadedeestomas(Índiceestomático).Observeaindaoindumentoaomicroscópio. 4. Procedimento experimental para observação do indumento Observe de novo a epiderme da folha. Se a epiderme inferior da folha da sua planta tiver um indumento muito denso, proceda do seguinte modo para observar os tricomas. Raspe com um bisturi a superfície da folha e coloque o resíduo directamente numa lâmina, numa gota de água. Observeedesenhe. Verificará a presença de pêlos unicelulares ou multicelulares resultantes do alongamento da epiderme. Observando folhas de diversas espécies verificase que a forma dos pêlos difere de espécieparaespécie.Alémdefunçõesdedefesaaoataquedeinsectosedepólosdeatracçãopara osanimaispolinizadoresospêloscontribuemnocontroledatranspiração.Digaquaisasrazõesque permitemestaúltimaafirmação. Após as observações efectuadas indique as funções da folha que observou nesta aula e quais as estruturasaqueessasfunçõesseencontramassociadas?

45 4. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO • Descrevaasdiferençasestruturaisentrefolhasdesombraedesol. • Emquediferemasepidermesdapáginainferioresuperiordumafolhadorsiventraltípica? • Oqueéabainhaparenquimatosa? • Porqueéqueasplantasprecisamdeseprotegerdospredadores?Como? • Quetipodeadaptaçõesexistem? • Quaissãoasfontesdeáguaparaaplanta? • Quaisosmecanismosqueasplantasusamparaaceleraraperdadeágua? • Quesãoxerófitosequetipospodemosdistinguir? • Quemecanismosapresentamasplantasparaevitare/outolerarostresshídrico? • Quaissãoasdiferençasadaptativasemorfológicasentreplantasdedunas,demeioaquático edezonasventosas(costeirasemontanhosasdeinterior)? • Queproblemasapresentamparaasplantasosmeiossalinos? • Quaisasprincipaisadaptaçõesdoshalófitosaoseuhabitat? • Indiqueedescrevahistologimenteosdiferentestiposdecélulasdaepidermedosórgãos aéreos. • Relacioneaestruturadamembranacuticularcomassuasfunções. • Descrevaosprincipaistiposdecomplexosestomáticosdasangiospérmicas. • Quaissãoasfunçõesdecélulasdeesclerênquimanasfolhasdaoliveira,porexemplo?

5. FONTES de CONSULTA Bibliografia básica LindonF,GomesH&CamposA2001. Anatomia e Morfologia Externa das Plantas Superiores . Lidel.Lisboa.(Comprar) MoreiraI.1983 Histologia Vegetal .Didáctica.Lisboa.(BISA). Raven PH, Evert RF & Eichhorn SE 2005 Biology of plants . 7ª Edição. W.H. Freeman and CompanyPublishers.NewYork.(BISA) Bibliografia complementar AntunesT&SevinatoPintoI2006. Botânica. A Passagem à Vida Terrestre .Lidel.Lisboa.(BISA) Campbell, N.A., Reece, J.B., & Mitchell, L.G. 2005. Biology. (7th ed.). Menlo Park, Calif., BenjaminCummings(BISA) EsauK1977Anatomyofseedplants.JohnWiley,NewYork(BISA) Fahn,A.1990PlantAnatomy.PermanPress.London.(BISA) MooreR,ClarkWD&SternKR1995 . WCBWm.C.BrownPublishers.Dubuque.USA (Herbário) TeixeiraG&BrancoM.2006 Pólen .SérieDidácticaBotânica.ISA Press .Lisboa.(BISA) Direcções da Internet http://www.biologie.unihamburg.de/bonline/library/onlinebio/BioBookPLANTANAT.html

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BLOCO III: SISTEMÁTICA Algas a Gimnospérmicas

Edite de Sousa

47 BLOCOIII: SISTEMÁTICA Algas a Gimnospérmicas

Edite de Sousa

TEMA 1: INTRODUÇÃO À TAXONOMIA E NOMENCLATURA VEGETAL

1. QUESTÕESCENTRAIS ▪Oqueéosistemabinomialdenomenclatura? ▪Porqueseusaotermo“hierárquico”paradescreverascategoriastaxonómicas,equaissão asprincipaiscategoriasentreasespécieseoReino ▪Oqueéaanálisecladística?Eoqueéumcladograma? ▪ Que evidência existe para a existência dos três principais domínios, ou grupos de organismosvivos? ▪QuaissãoosquatroprincipaisreinosdeEucariotas,equaissãoasprincipaiscaracterísticas quepermitemidentificarcadaumdeles? 2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 2.1. Introdução 2.1.1. Generalidades

A sistemática éoestudocientíficodadiversidadebiológicaeasuahistóriaevolucionária.O seu objectivo principal é descobrir todos os ramos da árvore da vida filogenética, com uma únicaespécieancestralcomobase. Taxonomia: Nomenclatura e Classificação

Taxonomiaéaidentificação,designaçãoeclassificaçãodasespécies. Osorganismossãodesignadosporumsistemabinomialdenomenclatura,queconsisteemduas palavras,onomedogénero(nomegenérico)eoepítetoespecífico,Ex: Zea mays . Na classificação biológica, os organismos são agrupados numa hierarquia: espécie, género, família,ordem,classe,filo(divisão),reinoedomínio. 2.1.2. Métodos de classificação ▪ Cladística éumaformadeanálisefilogenéticaqueprocuraexplicitamentecompreenderas relaçõesfilogenéticas. Cladogramaéarepresentaçãográficadeummodeloouhipótesedasrelaçõesfilogenéticas deumgrupodeorganismos. ▪ Sistemática molecular baseiase na aplicação de técnicas como a determinação da sequência de proteínas nos aminoácidos e dos nucleótidos dos ácidos nucleícos (sequências determinadas geneticamente). Ela contribui para uma melhor compreensão da diversidade biológicaedasuahistóriaevolucionária.

48 2.2. Principais grupos de organismos: Bacteria , Archaea e Eukarya

Quadro 1. Algumasdascaracterísticasprincipaisquedistinguemostrêsdomínios Características Bacteria Archaea Eukarya Tipodecélula procariótica procariótica eucariótica Membrananuclear ausente ausente presente Númerodecromossomas 1 1 >1 Configuraçãodoscromossomas circular circular linear Organelos(mitocôndria,plastídeos) ausente ausente presente Citoesqueleto ausente ausente presente Clorofila(fotossíntese) presente ausente presente 2.2.1. Bacteria e Archaea EstedomínioenglobaasbactériaseosArchaea. 2.2.2. Eukarya Estedomínioenglobaquatroreinos: Protista –algas Grupoparafiléticoqueincluíumgrupomuitoheterogéneodeorganismosunicelulares,coloniais e multicelulares heterotróficos e autotróficos sem as características distintivas dos fungos, plantasouanimais. Fungi –fungos Incluiorganismosmulticelulareseabsorventeimóveis. Plantae –plantas Incluiorganismosfotossintetizadoresmulticelulares. Animalia –animais Incluiorganismosingestoresmulticelulares. 2.3. Principais ciclos de vida

Existemtrêstiposprincipaisdeciclosdevida: a) Meiosezigótica–fungosealgumasalgas Ozigotoformadopelafertilizaçãodivideseimediatamenteatravésdameiose. b) Meiosegamética–animais,algunsprotistasealgas Ameioseresultadaformaçãodegâmetasquesefundemparaformarumindivíduodiplóide. c) Meioseespóricaoualternânciadegerações–plantasemuitasalgas Osesporófitodiplóideproduzesporoshaplóidesquesedividempormitoseeoriginamum gametófitohaplóide,queeventualmenteproduzgâmetas.

49 Tema 2: Reino Fungi

1. QUESTÕESCENTRAIS ▪QuecaracterísticasdosFungiosdiferenciamdetodasasoutrasformasdevida? ▪DequetipodeorganismoevoluíramosFungi? ▪QuaisascaracterísticasdistinguíveisdeZygomycota,AscomycotaeBasidiomycota? ▪Oquesãolevedurasequalasuarelaçãocomosfungosfilamentosos? ▪Oquesãofungosconidiaisequalasuarelaçãocomosoutrosgruposdefungos? ▪Quetipoderelaçõessimbióticasexistementreosfungoseoutrosorganismos? 2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 2.1. Introdução 2.2. Características dos fungos 2.3. Tipos de organismos 2.4. Importância ecológica e económica dos fungos 2.5.Líquenes.

2.1.Introdução

Os fungos sãoformadosporumtalo(talófitos),talcomoasalgas.Nãopossuemclorofila,têm núcleosverdadeirosesãodenutriçãoheterotrófica(parasitasousaprófitos,respectivamentedas substâncias orgânicas vivas ou mortas), as substâncias de reserva consistem em glicogénio e ácidosgordos,nuncaamido. A maioria das espécies de fungos é de formas inferiores, desempenhando, no entanto, um importante papel no ciclo biológico da Terra. Estes fungos serão tratados de forma mais pormenorizadanoMódulodeMicrobiologia. Os fungos juntamente com as bactérias heterotróficas são os principais decompositores da biosfera,degradandoosprodutosorgânicosereciclandoocarbono,azotoeoutroscomponentes paraosoloeparaoar, contribuindopara amanutenção da fertilidade do solo. Assim, os saprófitosquevivemsobrematériaorgânicadeorganismosanimaisevegetaismortos,evitam queosolodoPlanetaestejacobertodecadáveresanimais evegetais.Noentanto,podemser parasitas e atacar organismos vivos causando doenças em plantas, animais domésticos, selvagens e seres humanos. Podem ainda formar micotoxinas (produtos resultantes do metabolismodofungo),emplantaseanimais.

2.2. Características dos fungos 2.2.1. Composição celular A estrutura vegetativa dos fungos é formada por um talo uni ou pluricelular, neste caso, é constituída por longos filamentos denominados hifas que podem ser septadas (com paredes cruzadas ou partições) ou não septadas. Na maioria dos fungos as hifas são altamente ramificadaseformamomicélio. Todostêmparedecelularcomquitina. 2.2.2. Metabolismo As células do micélio realizam todas as funções vegetativas, nomeadamente a absorção dos nutrientes (na obtenção dos alimentos podem ser saprófitas, parasitas ou simbiontes mutualistas),arespiraçãoeaexcreção.

50 Comoosfungospossuemparedescelularesrígidas,assubstânciasdevemserdecompostasantes deseremabsorvidas.Estaoperaçãoérealizadapormeiodeenzimasespeciaissegregadaspelo micélio, que alteram até a madeira dura, decompondo as suas substâncias constituintes em açúcar. Os fungos parasitas possuem frequentemente hifas especializadas (haustórios) com as quais extraemcarbonoorgânicoeoutrassubstânciasdascélulasvivasdeoutrosorganismos. 2.2.3. Ciclos de vida Amaioriadosfungospodereproduzirseassexuadamenteporfragmentosdehifas(filamentos celulares), por gemulação nas leveduras, por esporos flagelados nos fungos aquáticos (zoósporosouplanósporos),poresporosimóveisnasterrestres(aplanósporos)ouporconídios (células reprodutoras agâmicas). Os conídios são dispersos pelo vento, água ou animais. A reprodução sexuada pode ser por: fusão dos órgãos reprodutores sem formação de células reprodutoras (gametangeogamia) ou pela união dos núcleos sexualmente diferentes, por um processovegetativo(somatogamia). Ameioseézigótica,ouseja,ozigoto,aúnicafasediplóidenociclodevidadofungo,dividese pormeioseparaformar4célulashaplóides. Comexcepçãodosquitrídios,formamsecélulasimóveisemqualquerfasedociclodevidado fungo.

2.3 Tipos de organismos Existem 4 filos de fungos: Chytridiomycota , Zygomycota , Ascomycota, Basidiomycota , este com 3 classes: Basidiomycetes, Teliomycetes , Ustomycetes e ainda um grupo artificial conhecido como fungos artificiais. Existem evidências consideráveis de que os animais e os fungosdivergiramdeumantepassadocomum,maisprovavelmentedeumprotistacolonial.

Fungos perfeitos Inferiores Osfungosinferiorescompreendemduasdivisões: a)Divisão: Chytridiomycota quepossuemzoósporos(fasemóvel).Compreendemcercade790 espécies,namaioriaaquáticasmastambémemsolosdevalas,lagoseriachosemesmosolosdo desertoerúmendevacas. Apresentamvariabilidadenaforma,interacçõessexuaise ciclosde vida, mas a meiose e a mitose idêntica aos outros fungos. Diferem dos outros pelas células móveis(zoósporosegâmetas). Alguns não formam micélio ;outros têm rizóides ;alguns são parasitas ; outros saprófitas , outros ainda patogenes de plantas. A reprodução pode variar, Allomyces apresentaalternânciadegerações(isomórficos).Outrossãoheteromórficos. b) Divisão: Zygomycota em que não formam zoósporos. Compreendem cerca de10 600 espécies.Vivememplantasdecadentes ematériaorgânicadeorigemanimalnosolo. Podem provocardoençascomo:hérniadacouve,verruganegradabatateira,míldiodavideira,míldio dabatateira.Algunssão parasitas de plantas, insectos ou pequenos animais no sol .Outros vivem em associações simbióticas , as micorrizas (plantas). Uma pequena quantidade causa infecções severas nos humanos e animais domésticos . Apresentam rápido e profuso crescimento das hifas – semelhante a leveduras. Têm reprodução assexuada por esporos haplóides em esporângios especializados formados nas hifas. Ex: Rhizopus stolonifer – bolor preto(superfíciehúmidade alimentosricosemhidratosde carbonoouafinsexpostosaoare aindaemfrutosevegetais).

51 Fungos superiores Possuemummicéliomuitoramificadoquedispõedeseptostransversais.Amaioriadesenvolve um corpo frutífero que se diferencia claramente do micélio. Os corpos frutíferos possuem grandenúmerodeesporângios. Estespodemserdedoistipos:tubulares–os ascos –divisão Ascomycota e basídios – divisão Basidiomycota . Sendo a formação de ascósporos e basidiósporosprecedidadeprocessossexuais. Ascomycota –Compreendecercade33.000 espécies. Englobatúberasoutrufasemorchelas. Algunsdosfungosprovocamdoençascomo: cravagemdo centeio,oídio,pedrado,cancrodas fruteiras,lepradopessegueiro,bolor,leveduradacerveja,leveduradovinho. Apresentammicéliomuitodesenvolvidocomhifasgeralmentepluricelulares.Aparedecelular tem quitina. No esporângio ou asco realizase a fusão dos núcleos (cariogamia) seguida de uma meiose. Os ascos reunidos em corpos frutíferos muito diferenciados (ascocarpos) formadosporhifasestéreisentrecruzadascomhifasascogénicasegametângios. Basidiomycota – Compreende cerca de 23.000 espécies, englobando os cogumelos propriamente ditos. Uns são cogumelos comestíveis : cantarelo, tortulho da terra, míscaro da terra, coprino cabeludo,boletobom,outrossão cogumelos venenosos como asamanitas.Algunspodemcausar doenças comomorrõesecáriesdoscereais. Basidiomycetes que inclui cogumelos comestíveis e tóxicos –himenomicetes (hymenomycetes)–basidiósporosemhiménio(camadaesporíferaquerevestefrequentemente parte do corpo frutífero de certos fungos, constituída por ascos ou basídeos, colocados geralmenteladoalado,intercaladosounãodecélulasestéreis,asparáfises)e gasteromicetes (gasteromycetes) ondenãoaparecehiménio. Teliomycetes quecompreendecercade7000espécies.Nãoformambasidiomata.Osesporos apresentamseemsoros.Sãoeconomicamenteimportantescomopatogenesdeplantas,como asferrugens. Ustomycetes que compreende cerca de 1070 espécies. São economicamente importantes, porquepodemprovocardanoscomoascárieseparasitarcercade4000espéciesalimentarese ornamentais. Fungos imperfeitos (conidiais) Compreendem cerca de 15.000 espécies, incluídos na subdivisão Deuteromycotina como a culturade Penicillium notatum .Geralmentenãoseconheceasuaformasexuada,peloquese consideraapenasasuaformaconidial. Entreestesfungosconhecemsealgunscausadoresdedoençascomo:alternariosedabatateira (Alternaria solani ) e de outrassolanáceas, a gafa ou antracnose da azeitona ( Gloeosporium olivarum ),aantracnosedofeijoeiro( Colletotrichum lindernuthianum ) eapodridãosecaou fusariose,dabatateira( Fusarium coerulum ).

Leveduras Englobaosfungosunicelularesquesereproduzemporemissãodeumcrescimentoexterno, designadoporbotãooudedodeluva,apartirdacélulamãe. Não formam um grupo taxonómico propriamente dito, sendo apenas uma forma de crescimento do fungo. Como exemplos temos a Saccharomyces cerevisae, responsável pela fermentaçãoalcoólicaea Candida albicans quepodeprovocarinfecçõesnossereshumanos.

2.4. Importância ecológica e económica dos fungos 1) Ecológica como decompositores

52 Asbactériaseosfungossãoimportantesnadecomposiçãodematériaorgânicados organismosemCO2eN.Amaioriadosfungoséterrestre,cercade500sãomarinhose algunsdeáguadoce.Atacamquasetodasassubstânciasesegregamsubstânciastóxicas (micotoxinas)nasplantasenosalimentosdeorigemanimal. 2) Económica como pragas, patogenes e produtores de substâncias químicas CrescememcondiçõesdiversasEx: Cladosporium herbarium a6ºC; outrasespéciesde Cladosporium crescema5060º.Podemprovocardoençasnasplantasenosanimais domésticosesereshumanoscomoasida( Pneumocystis carinii ), Candida... Outrosapresentamutilidadeparaohomemtaiscomo: Saccharomyces cerevisiae –fabrico depão,cervejaevinho,dãosaboraoqueijo,sãoantibióticos(penicilina).Algumasespécies de cogumelos são comestíveis. Outras são importantes na decomposição de compostos orgânicostóxicos. Tolypocladium inflatum , importante na obtenção da substância activa, ciclosporina, usada parasuprimirasreacçõesimunesqueprovocamarejeiçãodetransplantes. Assim,osfungospodemporumladoserdestruidoresde alimentosarmazenados eoutros materiaisorgânicos,masporoutroserembenéficosparaohomemaoseremutilizadoscomo fermentoseleveduras,bemcomopenicilinaeoutrosantibióticosecogumeloscomestíveis. 3) Relações simbióticas Emcercade80%dasplantasvascularesocorremassociaçõesmútuasbenéficasentreraízes efungos,as micorrizas. Oslíquenessãosimbiosesentrealgasoucianobactériasefungosemhabitatsextremamente hostis. Podem também ocorrer associações entre fungos (que segregam a celulase) e insectos (formigas) Os endófitos desenvolvemse dentro das folhas e caules de plantas aparentemente sãs e produzem metabolitos secundários tóxicos que protegem os hospedeiros contra fungos, insectoseherbívoros 3.1) Micorrizas Micorrizaéumaassociaçãomútuaentrefungoeraiz.Apareceemgrandenúmerodeplantas espontâneas e cultivadas. As plantas das famílias das Brassicáceas e Ciperáceas não têm micorrizas.Trazembenefícioparaaplanta,aumentandoasuacapacidadedeabsorverágua eelementosessenciais(P,Zn,Mn,Cu).Têmumpapelprotectorcontraataquesdefungos patogénicos e nemátodos. Na micorriza o fungo recebe hidratos de carbono e vitaminas essenciaisparaoseucrescimento.Existemdoistiposdemicorrizas: endomicorrizas ,que penetram nas células das raízes em 80% das plantas vasculares e ectomicorrizas que envolvemascélulasdaraiz. Nas endomicorrizas ofungoézigomiceta(ordemGlomeralescercade200 espécies).As hifas penetram nas células corticais e formam estruturas altamente ramificadas, os arbúsculos ,quepermitemastrocasentreplantaefungo,ou vesículas ,quesãodilatações terminais(compartimentodereservaparaofungo). As ectomicorrizas aparecememárvores,tornandoasmaisresistentesacondiçõesadversas defrioesecura.Aparecememfamíliascomoasfagáceas,salicáceas,betuláceas,pinácease algumas árvores tropicais. Neste caso o fungo não penetra nas células vivas da raiz. Os fungossãobasidiomicetaseascomicetas.Hácercade5000espéciesdefungosenvolvidos. Nasericáceasahifafungalformaumateiaextensaeorganizada aolongodasuperfícieda raiz. O fungo liberta enzimas no solo para quebrar certos compostos químicos (N e P) e libertálosparaasplantas.

53 As orquidáceas germinam apenas na presença de fungos específicos. O fungo interno forneceCquandoaindaplântula(cercade100espéciesdasbasidiomicetas).Asmicorrizas sãoimportantesnahistóriadasplantasvasculares.Foramencontradosfósseisquerevelaram apresençademicorrizas.Aevoluçãodasmicorrizasconstituiuumpassocríticopermitindo acolonizaçãodaTerrapelasplantas.OszigomicetasfacilitaramaabsorçãodeP eoutros nutrientes. 3.2.) Líquenes Líquene é uma associação entre fungo (micobionte) e população de algas unicelulares ou filamentosas (ficobionte) ou células de cianobactérias (cianobionte). Cerca de 98% dos fungospertencem àdivisãoAscomycotaeosrestantes2%pertencemàBasidimycota.As algas, possuidoras de clorofila, proporcionam aos líquenes as substâncias resultantes da fotossíntese,fornecendolhesosfungos água esubstâncias minerais.Asuareproduçãosó podeservegetativa,apartirdefragmentosousorédios,constituídosporhifasdefungoe célulasdaalga. Vivem em alguns dos ambientes mais agrestes da Terra e por isso encontramse extremamentedispersos.Podemencontrarsedesdeosdesertosáridosatéàsregiõesárcticas e crescerem em solos nus, troncos de árvores, rochas expostas ao sol,postos de cercas e picos alpinos ventosos.A suaárea principal de distribuição situase nas regiões nórdicas, recobrindo sobretudo as árvores de folha persistente e os arbustos. Exibem 3 formas principais de crescimento : crustose (talos crustáceos) em que adere firmemente ao substrato(placacoriácea)comoasespéciesdogénero Graphis, queformamfinaspelículas sobreasárvoreserochas,bemcomonosoloeaindaos géneros Lecanora e Lecidea ,dos quaisexisteumelevadonúmerodeespéciesnaPenínsulaIbérica;foliose(talosfoliáceos), comaspectodeumafolha(laminarelobado)comoaespécie Parmelia physodes, deforma laminar, vive sobre árvores frondosas, recobrindo osseustronos eramos; fruticose (talos fruticulosos)comcrescimentoerectoecomformaramificadaearbustiva,comonasespécies dogénero Usnea, queficampenduradasemcompridastirasnosramosdeárvoresvelhasdas montanhashúmidas,lembrandograndesbarbasalongadas. As cores podemvariarentre brancoapreto,vermelho,laranja,castanho,amareloeverde Podemterdiversas utilizações como fabricode tintas,emmedicina,compostosdeperfumes enainvestigaçãoparasegregarcompostosantitumor. A sua sobrevivência em condições ambientais severas devese ao facto de secarem rapidamente(perdem2–10%deágua),quandosecamcessaafotossíntese,etêmbaixataxa decrescimento–0,1a10mm/ano. Nomutualismoentrealgaefungonenhumparceiropodefloresceremnichosondeocorrem nanaturezasemooutro. Encontrado como fóssil do início do Devónico (400 milhões de anos). Pensase que uma associaçãosimbióticacomparávelalíquenesiniciouainvasãodaterrapelasplantas. Têm importância no ecossistema Omicobionteproduzgrandenúmerodemetabolitossecundários(ácidoslíquenes–40%do pesoseco),quecontribuiparaaformaçãodosolo. OslíquenesassociadosàscianobactériasfixamNnasflorestasmasantigas,nastropicais,em desertos e em tundras. Os líquenes são sensíveis aos compostos tóxicos, sendo utilizados comoindicadoressensíveisdosníveisdedióxidodeenxofredoarpoluído,sendousadospara monitorizar poluentes atmosféricos, especialmente nas cidades. Nestes casos tanto a saúde comoacomposiçãoquímicadofungosãousadaspara monitorizaroambiente.Oslíquenes apresentamsensibilidadediferencialàpoluiçãoatmosférica,os maissensíveisdesaparecem, osmaistolerantesdesaparecem.Apoluiçãoprovocaalteraçãodessascomunidades. Aanálisedelíquenespermitetambém adetecçãodemetaispesadoseoutroselementosem locaisindustriais,porquepodemfixaressesmetaisforadassuascélulas.Tambémpodemser

54 usadospara monitorizar a contaminação por substâncias radioactivas (Chernobyl, 1986).Os líquenes podem ainda servir de alimento a vertebrados e invertebrados (renas e caribus na AméricadoN),ácaros,insectoselesmas. QUESTÕESPARAAUTOAVALIAÇÂO 1. Distinga entre hifa e micélio; somático e vegetativo; rizóide e haustório, plasmogamia e cariogamia; esporângio e gametângio; heterotálico e homotálico; dicariótico, monocariótico e diplóide;parasíticaemutualística;arbúsculosevesículas;endomicorrizaseectomicorrizas. 2.Explicar a importância ecológica e económica dos fungos, fazendo referência a todos os principaisgrupos,incluindoasleveduras,líquenes,efungosmicorrizas. 3.Caracterizeosquitrídeos. 4.Comosepodedeterminar,apenaspelaestruturadashifas,seumdeterminadofungopertenceaos zigomicetas,ascomicetasoubasidiomicetas? 5.Queapresentamemcomumoszigosporos,osascoporoseosbasidiosporos? 6. Muitos fungos produzem antibióticos. Qual a função dos antibióticos para os fungos que os produzem? 7.Quaisascaracterísticasdastrêsclassesdosbasidiomicetas? 8.Oquesãolevedurasequalasuautilidade? 9.“Tantooestadodesaúdecomoacomposiçãoquímicadoslíquenessãousadasparamonitorizaro ambiente”.Explicar. 10.“Amaisprevalecenteeprovavelmenteamaisimportantesimbiosemutualísticanoreinoplanta éamicorriza”.Explicar.

55 Tema 3: Reino Protista (algas)

1. QUESTÕESCENTRAIS ▪Qualaimportânciaecológicadasalgas? ▪Emque aspectoseassemelhamosdinoflagelados,euglenóidese criptomonas?Porqueé difícildistinguiloscombasenosmecanismosdeobtençãodealimentos? ▪Quaisascaracterísticasquedistinguemashaptófitaseporquesãoashaptófitasmarinhas importantesnacadeiaalimentar? ▪Quaisascaracterísticasbásicasdasalgascastanhas? ▪Quecaracterísticaspermitemdistinguirosantocerota? ▪Quecaracterísticasdasalgasverdeslevaramosbotânicosaconcluirquefoiapartirdelas queevoluíramosbriófitoseplantasvasculares? 3. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 2.1. Introdução 2.2. Ciclos de vida 2.3. Principais divisões 2.4. Ecologia e interesse económico

2.1. Introdução Oseucariotasapareceramhácercade180milhõesdeanosnaChina–segundoumregistofóssil deumgrupodeorganismosunicelulares“acritarch”–remanescentesdeumgrupodeeucariotas extinto, quer pelo tamanho quer pela complexidade das suas paredes celulares. Grande diversidadededescendentesdosprimeiroseucariotas,osprotistas,quevivemactualmentenos oceanos e linhas da costa marinha ( Protelsia palmiformis ) e também nos lagos de água doce reservatóriosecursosdeágua. Sãoorganismosuniou multicelularescomosórgãos celulares envolvidos por membranas. Possuem clorofila a e β caroteno e reprodução sexuada com alternânciadefasesnucleares.AscélulassãorodeadasporparedegeradanoaparelhodeGolgi. Têm parede fibrilar com celulose e polissacaridos. Os pigmentos dos plastos (tilacóides) encontramsenumamatrizouestromaeservemparafixaçãodeCO2.Ostilacóidesestãolivres no estroma formando lamelas. Podem ter três tipos de plastos: cloroplastos, proplastos e leucoplastos (amido). O ADN é circular sem histonas e ribosomas 70S, os electrões (polipeptidos com propriedades enzimáticas (pirenóides)) servem para a fixação do CO2, ao redor podese acumular amido. Os cloroplastos têm estigma alaranjado ou vermelho (carotenóides) associado a fotoreceptor. O núcleo tem ADN, proteinas e ARN (pequenas quantidades)quenoseuconjuntoformamacromatina.Tantoestescomoonucleoplasma,têm membranadupla,perfuradaporporosqueseformadoRE. O ADNtem os cromossomas invisíveis na interfase como na maioria das plantas e animais, exceptonoseuglenófitos,dinófitosecriptófitos,emqueoscromossomasestãocondensadosna interfase(mesocarionte).Onúmerodehistonaséinferioraosoutroseucariotas.Onúmerode cromossomasvariade2amaisde80. Muitasalgasoucélulasreprodutorasmovemseporflagelos.Flageloéumaxonema composto formadopor9paresdemicrotúbulosqueenvolvemdoisoutrosmicrotúbuloscentrais.Oflagelo estárodeadopelamembranaplasmáticadacélula.

56 2.2. Ciclos de vida Areproduçãoassexuada(semuniãocelularenuclear,esemassociaçãodematerialgenético parental)esexuada(uniãocelularenuclear,associaçãodecromossomasegenes,meiose) ocorrenageneralidadedasalgas,bemcomoareproduçãovegetativa,emqueosagentes reprodutorespodemserfragmentosbiareactoresdotalovegetativo,propágulosougemas. Asalgasapresentamváriostiposdeciclosvitais,relativamenteaomomentoemqueseproduza meiose: a)Meiosenaprimeiradivisãodozigoto–meiosezigótica,ciclohaplontico–algasunicelulares ecoloniais b)Meioseduranteagametogénese–meiose gamética(tambémem animais)ciclodiplontico– ordem Fucales (pardas). c) Meiose durante a esporogénese – meiose espórica – alternância de gerações, gametófito e esporófito (isomórfico – quandodo ambos são iguais; heteromórficos – quandodo diferentes) ciclohaplodiplontico–algasmacroscópicas.Amaioriadasalgascastanhasapresentaestetipo, comoosgéneros Ectocarpus, comesporângios plurieunilocular e Laminaria emque gâmetas femininosatraemosmasculinosporcompostosorgânicos d)Meiosenascélulasvegetativasdotalo–meiosesomática–ciclosomático Asalgasvermelhaspodemterreproduçãoassexuada,libertandoesporos(monósporos)naágua ereproduçãosexuadacomplexa,exibindotrêsfases:(1)gametófita–haplóide;(2)fasediplóide –carposporófita;(3)fasediplóide–tetrasporófita. 2.3. Principais divisões Existem8divisõesdeAlgas,istoé,comnúcleosindividualizadosetípicosdecadaumaecom pigmentos localizados dentro de plastídeos (cromatóforos): Euglenophyta , Dinophyta, Cryptophyta, Haptophyta , Chrysophyta , Phaeophyta , Rhodophyta e Chlorophyta. Distinguem se entre si com base nos pigmentos fotossintéticos acessórios, nas substâncias de reserva acumuladaspelascélulasenacomposiçãoquímicadasparedescelulares. Phylum Euglenophyta ( euglenófitos ou euglenóides) Classe Euglenophyceae Compreendecercade900espécies,sendoamaioriadeáguadoce. Sãounicelulares,exceptoo género colonial Colacium. Um terço dos géneros tem cloroplastos e dois terços são heterotróficos. Possuem clorofila a e b e carotenóides – endossimbiose das algas verdes. Os plastossãorodeadospor2membranaseaindaumaoutraformadadoRE.E uglena (géneromais representativo) e a maioria dos euglenóides não têm parede celular. A membrana plásmica é suportadaporbandasproteicas. Nogénero Trachelomonas amembranateferroemanganésio.Asuaanatomiaécomplexa.O flagelo encontrase sob uma fenda em forma de garrafa (reservatório), onde descarregam vesículas contrácteis.Nointeriordoreservatório existemdoisflagelos,emergindoapenasum através da citofaringe. O estigma e fotoreceptorpróximos do reservatório, estão relacionados com a capacidade de se moverem dependendo da luz. O estigma produz gotas de lípidos, vermelhoalaranjados,independentedocloroplastoecobreofotoreceptor,umcorpocristalino rodeado pela membrana do flagelo e situado entre o reservatório e a citofaringe. Nadam activamente (flagelo apical com mastigonemas). As que têm estigma e receptor, são fotossensíveis e nadam, afastandose da luz. Os cloroplastos são numerosos e discoidais. Na divisãocelular,amembrananuclearficaintactanamitose(tambémnosdinófitosecriptófitos); o fuso acromático organizase dentro da membrana nuclear. Os cromossomas são de grande tamanho, condensados na interfase do ciclo mitótico. Não possuem reprodução sexuada. Formamquistosresistentesacondiçõesexternasdesfavoráveis(céulasenvolvidasporespessa bainha mucilaginosa que produzem). Determinados caracteres ultraestruturais e bioquímicos

57 (sequência de ARN dos ribossomas do citoplasma, separamnas do resto das plantas verdes apesardaclorofilab.Têmumarelaçãomuitoestreitacomosprotozoárioszoomastigomicetas, talvez, sejam o resultado da ingestão do cloroplasto de uma alga verde primitiva por um protozoário,terminandonumprocessodeendossimbiose Muitaseuglenofíceasplânticasoubênticas,aparecememcharcas,lagoserioscontaminadospor dejectosorgânicos.Outrasvivememáguaslimpas.Espéciesdistintasdogruposãoindicadoras daqualidadedaságuascontinentais.Aespécie Euglena sanguinea, ricaemcarotenóides,pode tingiroscharcosdevermelho;emáguasestagnadas,ricasemsubstânciasorgânicas,encontrase frequentemente a Euglena viridis, que contribui para a coloração esverdeada dos locais que ocupa. Phyllum Dinophyta (dinoflagelados) classe Dynophyceae Compreendecercade150 génerose4000espécies,sendoamaioriaunicelularesebiflageladas. Vivemnomareáguascontinentais.Algunstêminvólucroouanfisema,formadapelamembrana plásmica e, sob esta, um invólucro de vesículas com placas poligonais de celulose. A parede celular(teca)temdoissulcos,umtransversaleumlongitudinal,ondesecruzam,emergemdois flagelos,ospleuronemáticos.Oflagelolongitudinalsaiforadosulco eestácobertoporduas filasdemastigonemasfibrilares,oflagelotransversaléonduladoecobertoporumasófiadade pêlos.Aparedecelulartemporos,atravésdosquaissedescarregamostricocistes,organelosde forma filamentosa, quando a célula se excita, projectamse para o exterior impelindoa no sentido contrário, carácter defensivo. Possuem clorofila a. Algumas espécies também têm clorofila c2 e vários pigmentos acessórios (piridinina). Possui amido (reserva) fora do cloroplasto. Osplastostêm três membranas, com os tilacóides agrupados em três como nos euglenófitos.Areproduçãoassexuadadáseporbipartiçãolongitudinal,levandocadafilhauma partedatecamaternaereconstruindoarestante.Areproduçãosexuadadáseporisogamia,por vezes anisogamia. O ciclo vital mais geral é haplôntico com meiose zigótica, por vezestêm ciclo diplôntico. Em condições do meio desfavoráveis formam esporos de resistência com paredeespessa(quistos). Adisposiçãodasplacasdastecaséimportantenasistemática.Porexemplo: Ogénero Prorocentrum tematecadivididalongitudinalmenteeosflagelosapicais. Nos géneros Peridinium e Gymnodinium a teca dividese em duas metades, a superior e a inferior.Ogénero Dinophysis temexpansõesemalas.O Ceratium apresentagrandesapêndices em forma de chifre. Em Dinotrix , as células imóveis unemse em pequenos filamentos e produzemzoósporos.Asespéciesdogénero Noctiluca sãosaprófitosnus,bioluminescente,que provocamfluorescêncianosmaresquentes. Formam uma parte importante do plâncton das águas tropicais. Podem provocar as marés vermelhas. As espécies Dinophysis acuta, Prorocentrum lima e Gymnodinium catenatum excretamtoxinas,matandoorganismosmarinhos(peixesebivalves). Têmgrandeimportânciacomoprodutoresprimáriosnomareformaçãoderecifesdecoral. Phylum Cryptophyta (criptófitos) Classe Criptophyceae Compreende 12 géneros e 200 espécies de algas flageladas nuas, sem parede celular, são marinhas e de água doce. Possuem clorofila a e c2, vários pigmentos complementares e ficobiliproteinas e um só cloroplasto Chilomonas (saprófito) com um leucoplasto, um cloroplastobilobadoeumnucleomorfo(núcleoreduzido)juntoaocloroplasto,todooconjunto rodeadoporretículoendoplásmicorugoso.

58 Têm dois flagelos com mastigonemas, subapicais e numa depressão (vestíbulo). A célula é rodeadapormembranaplásmicaepelículadeplacasproteicas.Sãosensíveisà luzealgumas espéciesdogénero Thecomonas têmestigma.Têmreproduçãosexuadaisogâmica. Phylum Haptophyta (haptófitos) Compreende 80 géneros e 300 espécies de algas unicelulares e coloniais flageladas. Formam fitoplânctonmarinhoprimário.Existemformasterrestreseaquáticas.Apresentamumagrande diversidadenostrópicos.Asprincipaiscaracterísticassãoaexistênciade haptonema ,estrutura que se estende a partir da célula com dois flagelos de igual comprimento, a presença de escamas gordas na superfície externa da célula, serem fotossintéticas com clorofila a e c2, produtores e consumidores na cadeia alimentar, absorverem cianobactérias ou carbono orgânico, acumularemcarbonoorgâniconofundodo mar(2/3de carbonatode cálcio),serem produtorasdeóxidosdeenxofre,achuvaácida. O género Phaeocystis domina o fitoplancton da zona marginal gelada nas regiões polares e contribuicom10%paraoscompostosdeenxofreformadospelofitoplancton A gelatina aumenta o carbono orgânico da água. Em todos os oceanos, especialmente nas latitudesmédias, Emiliania huxleyi podeformarfloresquecobremosoceanos.Asespéciesdos géneros Chrysochromulina e Prymnesium sãoconhecidasporformaremflorestóxicasmarinhas quematamospeixeseoutrosseresmarinhos. Phylum Chrysophyta (crisófitos) Compreende cerca de 100 espécies de organismos unicelulares ou coloniais, com ou sem flagelos. São abundantes na água doce ou salgada de todo o mundo. Alguns são incolores, outrospossuemclorofilaaec, sendoacormascaradaporabundanteflucoxantinanacélula.A cor dourada dá origem ao nome “crisófitos”. A reserva nutritiva é a crisolaminarina , armazenadanumvacúolonaparteposteriordacélula.Algunsabsorvembactériasepartículas orgânicas. Ex. Dinobyron e afins nos lagos gelados da América do Norte são os maiores consumidores de bactérias. Alguns crisófitos têm parede celular de substâncias pécticas, impregnadasdesílica,outrosnãotêmparedecelularealgunsparecemamibascomplastídeos. Osmembrosdogrupomóvelsinurófitoscomoogénero Synura têmocorpocobertodeescamas ornamentadasdesílica(produzidasnointerioreexportadasparafora). Oinvólucrodeescamasimpedeestasalgasdesealimentaremdepartículas. A maioria tem reprodução assexuada, envolvendo formação de zoósporos. Podem também exibirreproduçãosexuada.Apresentamformaçãodequistosnofinaldaépocadecrescimento, porvezes,osquistosresultamdareproduçãosexuada.Nalgunsgrupos,osquistoscontêmsílica, quetalcomoasescamas,podemsedimentareformarvaliososregistosdas condiçõesecológicas do passado. Os géneros Heterosigma e Aureococus (crisófitos marinhos) produziram “marés castanhas” tóxicas causando avultados prejuízos na pesca de crustáceos e salmão. Alguns crisófitosdeáguadoceformamfloresesãoresponsáveispelosaborecheirodesagradáveisna águapotável,resultantesdasuaexcreçãodecompostosorgânicos. Phylum Phaeophyta (feófitos) Algas castanhas Compreendem uma só classe, a Phaeophyceae com cerca de 1500 espécies. A este grupo pertence a maioria das algas marinhas, incluindo as inferiores marinhas mais conspícuas das águas temperadas, boreais e polares. Dominam as costas rochosas das regiões mais frias do mundo. As“Rockweeds”pertencemàordem Fucales. ”kelps”pertencemàordem Laminariales (2030m).

59 Sargassum muticum (Oceano Atlântico, Nordeste Caraíbas), interfere com as operações nas culturasmarinhas.Estasalgaspodemsermicroscópicasouatingirváriosmetrosnoinferiordo mar (kelps com60 m e 300 kg) . Apresentam “thalus” (thalli) – talo, corpo vegetativo relativamenteindiferenciado,quepodesersimplesdefilamentosramificados,comonogénero Ectocarpus ou com agregações de filamentos ramificados (pseudoparênquima) como no Macrocystis. Assuascélulastêmnumerososplastídeoscastanhodouradosemformadediscos (estruturalebioquimicamentesemelhantesacrisófitosediatomáceas).Possuemclorofilaaec, carotenóides,emqueaxantofila(fucoxantina,confereacorcastanhoescuroouverdeazeitona. As substâncias de reserva são hidratos de carbono que armazenam em vacúolos como na Laminaria. A análise molecular estabeleceu duas linhagens, uma com pirenóides nos cloroplastídeos, Ectocarpus e outra sempirenódesnoscloroplastos, Laminaria eafins.Nestas, distingueseumórgãoespecialuncinado,umcaulóideefilóides. Actualmente, fazse a regeneração de Macrocystis na costa da Califórnia para produção de algina,usadacomoestabilizadoreemulsionanteparaalimentosetintas. Ascamadasdaparedecelularinternacomcelulose e alginaconferemrigidezeflexibilidade. Têmumaestruturainternacomplexasemelhante aofloemadasplantasvasculares(60 cm/h, manitoleaminoácidos). Fucus, algasdicotómicascomvesículasdearpróximodaextremidadedosfilóides,semelhante ao Sargassum. Phylum Rhodophyta (rodófitos) algas vermelhas Compreendemcercade4000a6000espéciesdeáguasquentesetropicais,sendoalgumasde regiõesmaisfrias.Poucassãounicelulares–Cyanidium. Amaioriaéestruturalmentecomplexa, constituindoinfestantesmacroscópicas.Nomarvivemfixasàsrochasouaoutrasalgas.Osseus cloroplastospossuem ficofibrilas, que mascaram a cor verde e absorvem luz verde e verde azuladanaáguaprofunda.Têmclorofilasemelhanteacianobactérias,dequederivamdevidoe endossimbiose.Muitassãoparasitas.Nãotêmcentríolos,nemcélulasflageladas(anéispolares). As reservas alimentares são grânulos de amidofluoridino no citoplasma. A parede celular interna tem microfibrilas de celulose, rígidas e a externa agar ou carragina (flexibilidade). Algumasdepositamcarbonatodecálcionasparedescelulares. Família Corallinaceae (algascoralinas).Englobafósseiscommaisde7000milhõesdeanos.Os habitatspodem ser oceanos, até 268 m deprofundidade, rochas sujeitas a marés e recifes de corais, que lhe conferem estrutura. Segregam terpenóides tóxicos que ajudam a afastar os herbívoros e servem como medicamento anticancerígeno. São filamentosas. O crescimento iniciase numa única célula apical que corta os segmentos sequencialmente para formar um eixo.Apresentamaindaumeixoderamoslateraisemespiral, ascélulasligadasporligações “fosso”quesedesenvolvemnacitocinese.Muitastêmmultieixos,corpotridimensional. Phylum Chlorophta (clorófitos) algas verdes Compreendemcercade17000espéciescomestruturaehistóriadevidadiversa. Na sua maioria são aquáticas, podem também viver na neve, em troncos, no solo, em associaçõessimbióticascomlíquenes,protozoáriosdeáguadoce,espongiáriosecelenterados. Clamydomonas e Chloromonas (unicel) vivem na neve. Trentepholia (filamentosa) vive em rochasetroncosouramos,possuicarotenosquedãocoralaranjada,vermelha,ferruginosa. Amaioriavivena águadoce,porémalgumassãodeáguasalgada.Muitassãsmicroscópicas. Apresentamclorofilaaeb,predominandosobreasxantofilaseoscarotenos;armazenamamido

60 nosplastídeos,comoosbriófitoseplantasvasculares,porestarazão,ocloroplastotemaspecto rugosoegranular,tornandooumaestruturadiferenciadoraemrelaçãoàsoutrasalgas. . Algumas têm parede celular com celulose, hemicelulose e substâncias pécticas. As algas verdesapresentamdiversaconstituição,célulasisoladasouemcolónias,filamentossimplese ramificados, lâminas ou com três dimensões. As células possuem um ou vários núcleos; os cloroplastos diferenciamse segundo a sua posição, número e morfologia. Contêm nos cloroplastosumasubstânciadereserva–Amido;Cloroplastopodepossuiropirenóide,tratase dumaáreadeformaçãodeprodutosdereserva; Multiplicamseporzoósporos,aplanósporos,autósporos,acinetes,ouporformaçãodo estado palmela ou por divisão dos filamentos. Só as células reprodutoras possuem flagelos. A Sistemática baseiase na mitose, citocinese, células reprodutivas e semelhanças moleculares. Temváriasclasses,trêssãomaisimportantes: Chlorophyceae, Ulvophyceae, Charophyceae. Chlorophyceae – Engloba algas de água doce, unicelulares, flageladas ou não filamentosas, coloniais ou não. Vivem na água fresca, neve, solo, troncos. Possuem estigma vermelho fotossensitivo, cloroplasto com pirenóide, parede sem celulose, podendo ter reprodução assexuadaesexuada. Ulva lactuca L.,aalfacedomar,éumadasespéciesdemaioresdimensõesquepovoaascostas marítima se multiplica com grande profusão, sobretudo na Primavera, existindo nas rochas poucoprofundas.Tantoestaespéciecomo Enteromorpha, agrupamsenaordemdas Uvales . Umexemplodeespéciesunicelulareséogénero Chlamidomonas comgâmetasflagelados.Em Gonium ,ascélulasresultantesdareproduçãoassexuadapermanecemunidasemcolóniaspouco compactas e flutuantes numa secreção gelatinosa que produzem. Muito mais consistente é a união das células em esfera de Volvox. Os três géneros que acabámos de referir pertencem à ordemdas Volvocales. Entre as algas verdes e sem flagelos (ordem Chlorococcales ) encontrase a Chorella , que só produzesporosimóveisouaplanósporos.Sãofáceisdecultivaremanteremlaboratório,devido aoseudiminutotamanhoeàspoucasnecessidadesquantoanutrientes.Osgéneros Scenedesmus e Chlorella foram utilizados nas investigações iniciais sobre a cisão da água e a fixação de carbononafotossíntese. Os representantes da ordem Zignetales ( Conjugales ) são algas solitárias ou agrupadas em colóniasfusiformesecarecemde célulasreprodutorasflageladas.Nestaordemencontramoso género Spirogyra, frequenteemáguadoceedecloroplastosespiralados.Areproduçãosexuada realizase por conjugação: dois filamentos, em geral da mesma forma, dispõemse paralelamente;nalinhadecontactoformamsepapilasentreascélulaseosfilamentosunemse secundariamenteemformadeescada(copulaçãoescaliforme).Aspapilastransformamse em canais copuladores por destruição da parede nos pontos de contacto e unem as duas células (gametângios).Existemfilamentosmasculinosefilamentosfemininos.Oprotoplasmadacélula masculina penetra, isolado, como gâmeta móvel na célula feminina imediata, gâmeta imóvel paradarumzigoto.Emcondiçõesfavoráveisozigotogermina. Caulerpa prolifera, referida como uma das algas mais formosas doMediterrâneo,pertence à ordem Silonales, algaspolimorfasfrequentesnosmaresquentes. As algas da classe carofícea ( Charophyceae ) crescem submersas em água doce em fundos lamacentosouarenososdecharcosedetanques,exceptuandoalgumasespéciesdeáguasalobra. Fixamsenossubstratosporrizóidespluricelulares,ramificadosunisserialmente.Otalo,erectoe ramificado,temváriosdecímetrosedivideseregularmenteemnóseentrenós.Cadanótemum verticilo de ramos de crescimento limitado, podendo formarse na axila destes ramos susceptíveisdecrescimentoilimitado. Conhecemse fósseis de carofíceas desde o Devónico (especialmente sob a forma de zigoto). Dasseisfamíliasqueexistiramnoutrostempos,actualmentesóumapersiste.

61 2.2. Ecologia e interesse económico Apesardamaioriaseraquática,algumasexibemadaptaçãoaomeioterrestre. Asalgaspodemser: • Algasunicelularesecoloniais–fitoplâncton(nanoplâncton) • Algasepilíticassobresubstracto • Algasepipélicassobrelimos • Algasepifíticassobreplantas • Algasepizooicassobreanimais Formamaindadasalgaspartedo fitobentos. Têm necessidadedeluzparaafotossíntese–zonaçãoaltitudinal. A distribuição depende de: 1)Temperaturadaáguafactormaisimportantenasalgasmarinhas: Maresfriosetemperados–algascastanhas Maresquentes–algasvermelhasealgumasverdes 2)Salinidadedaágua 3)Luz 4)Disponibilidadedenutrientes,quandoemexcessoeutróficas,grandebiomassa, quandodeficientes–oligotróficas,escassadensidadedefitoplacton. Aturbulência,asbactériaseozooplanctonherbívoroafectamavidadofitoplancton Sãoautotróficas:fotoautotróficas quimioautotróficas Formamsimbiosecomoutros organismos :osrepresentantesdedinófitos,crisófitos,clorófitos, feófitos,rodófitos. Esses organismos são:protozoários,invertebradosefungos.Háinteracçõesnutricionais,aalga fornece:O2,maltose,glucose,gliceroleaminoácidoseoorganismofornecematériainorgânica eummeiomaisoumenosestável. Emendossimbioseasalgasnãodesenvolvemparedecelular.Exs: • Chlorella (clorofilácea) – endossimbiose com protoz.oários, esponjas e celentérios (hidra verde Hydra viridis ) • Outrascloriáceasnointeriordeplatelmintas. • Dinófitos simbiose com esponjas, medusas e celentérios marinos que formam os corais; Symbiodinium, imprescindívelnaformaçãodosrecifesdecorais,estimulaacalcificaçãoda colónia • Aespecificidadeentreosdoisorganismosnãoéabsoluta,masnassimbiosesmaisevoluídas podehaverdependênciadeumdossimbiontes. • Simbiose uma das causas evolutivas mais importantes Ex: Cyanophora, endossimbiose recenteentreumprotozoárioeumacianofíceaqueactuacomocloroplasto. Aplicação • Nas costas do Pacífico (Ásia e América do Sul) e em zonas lacustres de África, tradicionalmente usadas com alimento, forragem ou adubo, na actualidade, o consumo aumentounoutrasregiões,comonaEuropa. • Alimentaçãohumana:sopas,acompanhamentosdepeixeecarnenoOriente • Existem300algasquepodemserusadas,asmaisconhecidascomercializamsecomnomes japoneses,Ex:«kombu»( Laminaria ) Economicamente fornecempolissacaridos(ficocolóides): Estabilizadoreseemulsionantesnasindústriasalimentar,farmacêuticaetêxtil,tintas,papel… dasalgasvermelhasecastanhasextraiseagar,carrageninaeácidoalgínico Devidoàgrandeprocura(vermelhasecastanhas),cultivamsealgasnospaísesindustrializados

62 AsalgascastanhassãomuitoimportantesnaChinaeJapão,França,EUeCanadá. Aproduçãomundialdealgascastanhasatingeos3 milhões de toneladas anuais. Das suas cinzas,extraemsesaisisolados(iodo)JapãoeNEuropa. Foram usadas como forragens – Laminaria e Fucus serratus na I Guerra Mundial. Podem ser fertilizantes e ser usadas na Indústria–aglutinantes,tintasdeimprensa,sabão,champôebotões,bemcomoemfotografiae produtosfarmacêuticos(pastadentífrica,produtosdeemagrecimento) Aproduçãodealgasvermelhasécomumamuitospaíses,porqueaprocurasuperaaprodução natural.Asalgasvermelhascalcificadasdofundodomarsãousadasparadiminuiraacidezdo soloagrícola.Sãoutilizadasnaindústriadepanificação,doçariaeconservasdecarne,aindaem farmácia, como emulsionante, na Europa e EU como saladas ou condimentos. No litoral portuguêsrecolhese Chondrus crisus, paraobterumprodutogelatinoso“carragina”,também Gelidium e Gracilaria. Algas unicelulares e coloniais cultivadas a céu aberto para obter proteínas, vitaminas e pigmentos(carotenos) Asalgassãoimprescindíveisnaaquiculturamarinha. São bioindicadoras da qualidade das águas dos locais onde vivem: águas eutróficas – Ulva, águas pouco poluídas Cystoseira. Algumas são tóxicas para o Homem e animais – Prototheca. • Sargaçodojapão( Sargassum muticum) algaexóticadevidoàculturadebivalvesempaíses industrializados,apareceunascostasatlânticaseuropeias. • Aclorofíceatropical Caulerpa taxifolia causa gravesproblemasnosecossistemasmarinhos doMediterrâneo .

Nosarrozaisportuguesespodemexistirdiversasespéciesdecarofíceas,podendocitarse Chara braunii, C. connivens, C. fragifera, C. gymnophylla e Nitella gracilis e N. mucronata.

3.4. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO

1.Que características têm em comum as “Coleochaetales” e as “Charales” com os briófitos e as plantasvasculares. 2. Expliqueaimportânciaecológicadasalgas. 3. Quais os aspectos quepermitem referir que algumas algas castanhas apresentam corpos mais altamenteespecializados relativamenteàsoutrasalgas. 4.Quealgasprovocamas“marésvermelhas”? Emquecircunstânciasocorrem? Queconsequênciaspodemter? 5.Quetiposdereproduçãoapresentamasalgasverdes? Emquecondiçõespodemocorrer? 6. Fucus temumciclodevidaqueé,emalgunsaspectos,similaraonossoprópriociclo.Explique. 7.Expliqueporqueseconsideraqueofitoplactoné“ograndepradodomar”. 8.Algunskelpstêmoscorposmaisaltamentediferenciadosentreasalgas.Emqueaspectos? 9.Qualavantagemdageraçãocarpospórófitadiplóidenasalgasvermelhas? 10.Distinguirentreastrêsclassesdosclorófitos: Chlorophyceae , Ulvophyceae e Charophyceae.

63 Tema 4: Reino Bryophyta (Briófitos)

2. QUESTÕESCENTRAIS ▪Quaisascaracterísticasgeraisdosbriófitos,ouseja,oqueéumbriófito? ▪Quaisos3filosdosbriófitos?Quaisassemelhançasediferençasentreeles? ▪Comoocorreasuareproduçãosexual?Quaisaspartesqueconstituemosesporófitosna maioriadosbriófitos? ▪Comosedistinguemos3tiposdashepáticas? ▪Quecaracterísticaspermitemdistinguirosantocerota? ▪QuaisascaracterísticasquepermitemdistinguirofiloBryophyta? 3. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 2.1. Introdução 2.1.1. Características gerais 2.2. Estrutura comparativa 2.3. Ciclos de vida 2.4. Breve referência a tipos de organismos 2.5. Ecologia 2.6. Relação com outros grupos

2.1. Introdução

Briófitas são pequenas plantas (1 mm a mais de 1 m), “folhosas”ou “espalmadas” que se distribuemportodaaterra,emlocaishúmidosnasflorestastropicaisetemperadasouaolongo dossoloshúmidoselinhasdeágua.Nãoapresentamrelações estreitascomnenhum grupode plantasvivonemparecemtersidopercursoresdequalquergrupodeplantas. 2.1.1. Características gerais Sãoplantasverdesdevidoàpresençadeclorofila ae b,pequenasecompactas.Sãoautotróficos. Possuemamido,paredecelularcomceluloseeanterozódesmóveis.Crescemmuitolentamente. Nãoapresentamtecidosvascularesetecidoslenhososbemdesenvolvidos(excepções).Nãotêm folhas, caules e raízes verdadeiras mas sim estruturas semelhantes na forma e funções. A maioriaabsorvehumidadeenutrientesemsoluçãodirectamenteatravésdaparededascélulas. Os nutrientes minerais são provenientes da humidade atmosférica ou da água situada à superfíciedosubstrato.Amaioriadosbriófitosabsorveeperdeáguacomrapidez.Apresentam outrascaracterísticasprimitivascomooseuciclodevida,quecorrespondeaumaalternânciade gerações heteromórficas, uma produtora de gâmetas, a outra de esporos. Os gametófitos dominam o ciclo de vida, associados a fungos micorrízicos e geralmente perenes. Produzem anterídios (masculinos) e arquegónios (femininos). Os esporófitos são de vida curta, não ramificadoseproduzemesporângiosterminais.Necessitamdeáguaparaareproduçãosexuada, contudoamaioriasãoassexuados. 2.2. Estrutura comparativa Osbriófitos são“talóides”devidoaosgametófitosseremtalos.Ocorpoéindiferenciadoounão diferenciadoemraiz,caule efolhas.Osgametófitosdiferenciadosem“folhas”e“caules”,não verdadeiros,ocorremnageraçãogametofíticaenãotêm xilemaefloema.Algunsbriófitostêm camadas superficiais remanescentes das cutículas geralmente encontradas nas superfícies das

64 folhasecaulesdasplantasvasculares.Osgametófitosdosbriófitosestãogeralmentepresosao substrato,comosolo,pelosrizóides,queservemapenasparaancorarasplantas,poisaabsorção ocorre directa e rapidamente através do gametófito. Os briófitos albergam fungos ou cianobactérias simbiontes que ajudam na absorção de elementos minerais. As células são interligadas porplasmodesmata semelhante ao das plantas vasculares possuindo desmotúbulo (derivadodumsegmentodoretículoendoplásmicotubular).Geralmenteascélulastêm muitos plastídeostalcomoasplantas,emboraalgumassópossuamumplastídeograndeporcélula.Os espermatozóidessãoasúnicascélulasflageladasnosbriófitos,queexigemáguaparanadarpara o ovo.Muitos briófitos reproduzemsepor fragmentação (propagação vegetativa), outrospor gemas, corpos multicelulares que originam novos gametófitos e as únicas flageladas nos briófitos. Anatomicamente, os caulóides apresentam, em corte tranversal, pelo menos nas espécies mais evoluídas, um feixe central de células condutoras de água os “hidróides” (hydroids) (o tecido é o hadroma) que são células alongadas com extremidade inclinada e altamente permeáveis à água, semelhantes aos elementos traqueidais das plantas vasculares, contudonãotêmespessamentodasparedescelularescomlenhina.Algunsgénerostêmleptóides (leptoids), o tecido é designado “leptoma” (semelhante aos elementos crivosos das plantas vascularessemsemente)paraconduçãodealimentoseenvolvemoshidróides.Osfiliídiossão sésseiseformadosporumúnicoestratodecélulascommuitoscloroplastos. 2.3. Ciclos de vida

Reprodução sexuada igual em todos os Bryophyta Caracterizadaporumanítidaalternânciadegerações: Gametófito (haplóide)formaseapartirdeumesporoquedáorigemaumprotonema,pequeno everde,oqualélaminaroufilamentosoemaisoumenosramificado,lembrandoalgasverdes filamentosas, confundindose com elas até ao século passado, diferenciandose, no entanto, pelosseustabiquesoblíquos.Doprotonema,originamseapartirdegemasespeciaisasplantas verdesquesãoosbriófitoshaplóides,apresentandoaformadetalolobuladooudiferenciando seemcaulóidesefilídios,nunca apresentandoraízes,apenasfilamentoscelularescompridose simples, designados «rizóides filamentosos». Os filídios podem ser alargados, redondos ou lobulados, como em muitas hepáticas, epodem estar dispostos helicoidalmente ou em linhas verticaisaolongodo caulóide.Osfilídiosparticipamdeformadecisivanaabsorçãode água, maisqueosprópriosrizóides.Sobreoscaulóidesformamsearquegóniosquecontêmaoosfera eanterídeosquetêmosespermatozóides,filamentoscurtosretorcidosemespiraleprovidosna proximidadedo extremoanteriordedoisflageloscompridos.Osarquegóniostêmaformade uma garrafinha,dilatadainferiormente eacabandonumcompridogargalo,ocolo,implantado num pé da plantamãe; a parte dilatada conte a oosfera, ou gâmeta feminino. Os espermatozóides nadam na água das chuvas até atingirem os arquegónios. Da união de um espermatozóidecomaoosferaresultaumzigotoedesenvolvesedestea geração assexuada,o esporófito. esporófito (diplóide)desenvolveseapartirdozigoto(permanecesobreaplantahaplóidequeo alimenta),originandoumasedabastanterígidaemaisou menoscomprida(esporogónio)que transportaoesporângio(cápsula),quepodeteraté50milhõesdeesporoshaplóidesequeleva6 a 18 meses a amadurecer nas espécies temperadas. No esporângio, por meio de uma divisão meiótica,desenvolvemseesporoshaplóides.Asedaeacápsula,emconjunto,recebemonome esporogónio. Quando os esporos maduros caem sobre um substrato conveniente, germinam, produzindonovosprotonemas,recomeçandoo ciclo.Ascélulasdosesporófitoscomclorofila, quando jovens e durante a maturação realizam a fotossíntese. À medida que vão ficando maduros,cessaafotossíntese.

65 O crescimento do gametófito dáse por meio de uma célula apical. Os gametângios são produzidosporgametófitosfolhosos,naextremidadedoeixoprincipalounumramolateral Reprodução assexuada por fragmentação do gametófito, qualquer parte está apta aproduzir umprotonema.

2.4.Breve referência a tipos de organismos Incluemtrêsgrandes grupos:ashepáticasasantocerotaseosmusgosaquecorrespondemtrês divisões: HEPATOPHYTA , ANTHOCEROPHYTA e BRYOPHYTA . HEPATOPHYTA –Hepáticas.Compreendem cercade6.000espéciescomoaspectodetalos achatadosdecorvermelhoesverdeadaouviolácea.Apesardepequenaseinconspícuaspodem formar grandes massas em habitats favoráveis como sítios húmidos ou sombrios, cobrindo a terraouasrochasea cascadeárvores,poucasvivemnaágua.Possuemumprotonemamuito efémero e rudimentar e os gametófitos têm simetria dorsiventral, ou seja, duas faces muito diferentesumadaoutra,adorsaleaventral.Ocaulóideéachatadooucobertoporfilódiossem nervuraeinseridosemduasfiadaslaterais.Osrizóidessãoformadosporumasócélulamaisou menosalongada.Ashepáticaspodemsertalosas(a)oufolhosas(b). (a)Hepáticastalosas Riccia spp.e Ricciocarpus spp. são os géneros mais simples: Riccia (de água ou solos inundados)ébissexual, ambososórgãosna mesmaplanta. Ricciocarpus, (algumas aquáticas, masnamaioriaterrestres)comosgâmetasunioubissexuais.Em Marchantia spp.(disseminado em rochas e solos húmidos) formamse gametófitos ondulados, que no passado eram considerados como curativo das doenças do fígado. Apresenta gametófitos unissexuais e maioresquenos2anteriores.Osgametângiosformamseemgametóforosougametangióforos, sendo os gametóforos masculinos diferentes dos femininos. Os anterídios formamse nos anteridióforoseosarquegóniosnosarquegonióforos.Oesporófitoéformadopelopé,umaseda curta e uma cápsula. Os esporângios maduros contêm elatérios com paredes espessas e higroscópicas.Ahepáticadasfontes( Marchantia polymorpha )éaespéciemaisespalhadapelo mundo inteiro, formando grandes tapetes verdeescuros nos sítios húmidos. Na Europa, a proporçãodehepáticastalosasémaior. (b)Hepáticasfolhosas Englobam cercade4000a6000espéciesdostrópicosesubtrópicoscomchuva abundanteou humidade elevada, nas folhas e ritidoma de árvores e também nas regiões temperadas. Apresentamfolhas(comonosmusgos),comumaúnicafiadadecélulasindiferenciadas.Possui duasfiadasdefolhasiguais eumaterceiradefolhasmaispequenasaolongodasuperfíciedo gametófito. As folhas estão espalmadas num plano, podendo ser lobadas ou dissectas. Os anterídios inseremse num curto ramo lateral com folhas modificadas (androecium) tanto os esporófitoscomoosarquegóniosestãorodeadospeloperianto.Ex ANTHOCEROPHYTA –Antocerotas. Compreendecercade100espéciescomoaspectodehepáticastalosas,masdistinguemsedelas por características tão peculiares que foi proposto constituir uma classe distinta. Devem considerarsecomorelíquiasdosgruposfilogenéticosiniciaisdasplantasterrestres. Os órgãos sexuais têm características únicas. Os espermatozóides formamse no interior dos anterídeos, situados em cavidades mucilaginosas, câmaras anteridiais, visíveis à lupa com grandeampliação.Poucotempoantesdamaturação,otectodacavidaderompese,osanterídios abremelibertamseosespermatozóides.Osarquegóniostambémestãosubmersosnotecidodo gametófitoeemcontactodirectocomascélulasvegetativassituadaslateralmenteeacélulado canaldocoloabresenapáginadorsal.Apósafecundação,ogametângiodesenvolveseesaido talo,formandoprimeiroumacápsulaséssil,quevaicrescendoapartirdeummeristemasituado

66 nasuabase,atéatingiralgunscentímetrosdecomprimento.Adeiscênciaégradual,abrindosea cápsuladecimaparabaixocomoacontecenassilíquas. O género mais importante é o Anthoceros , com muitas espécies, na sua maioria tropicais. Algumastêmcélulascomumúnicocloroplastograndeecomumpirenóide.Outrastêmcélulas commuitoscloroplastosesempirenóide.Frequentemente,apresentamogametófitoemroseta sem o ramo dicotómico aparente. Os gametófitos de algumas espécies de Anthoceros são unissexuais,outrossãobissexuais.Osanterídeoseosarqueguegóniosencontramsesubmersos nasuperfíciedorsal,comosanterídiosemcâmarasalongadas.Osesporófitosconstamdeuma estruturarectaeverticalcompéecápsulacilíndricaouesporângio.Têmummeristemaentreo pé e o esporângio. Apresentam estomata, evidência de uma relação evolucionária importante complantasvasculares. BRYOPHYTA –Musgos. Compreendemtrêsclasses: Sphagnidae – “musgosturfa”,emlocaispantanososaparecementre a vegetação os esfagnos (género Sphagnum ); Andreaeidae – “musgos granito” e Bryidae – “musgosverdadeiros”.Osdoisprimeirosdivergirammuitocedodalinhaprincipaldeevolução dos musgos. Bryidae contem a maioria dos musgos – 9500 espécies e assemelhamse na estruturaeaparênciaàsplantassuperiores,jáqueestãodiferenciadosemrizóides, caulóidese filídios,análogosàsraízes,caulesefolhasdaquelas.Osfilamentosramificadosdoprotonema têm uma única fiada de células semelhantes a algas verdes, mas diferindo no aspecto do cruzamentodassuasparedesinclinadas.Apresentamtecidosespecializadosparaaconduçãoda água e alimentos Os gametófitos vão de 0,5 mm a 50 cm ou mais. Os rizóides são multicelulares, as folhas com única e espessa fiada de células e os caules dos gametófitos e esporófitoscomumtecidocondutorcentraldeágua“hadrom”.Oesporângio(cápsula),quese insere normalmente sobre uma seda, está fechado por uma tampa redonda, semiesférica, o opérculo. Nalguns géneros está protegido por um capuz, caliptra ou coifa, constituído por materialprocedentedoarquegónio.Frequentemente,estácobertoporumapilosidade,como,por exemplo,nopolítrico( Polytrichum commune ),quedáaomusgoumagrandebeleza.Quandoos esporos estão maduros, a caliptra e o opérculo desprendemse, deixando livre a abertura do esporângio, provida de uma membrana, geralmente com uma ou duas fiadas de dentes, perístoma. Os dentes são higroscópicos, com elevada afinidade para a água, e regulam, encurtandoseoudistendendosequando chove, aexpulsãodosesporos.Entreosmusgosque vivem nas rochas podem referirse o Polytrichum comune e o Leucobryum glaucum, de cor esbranquiçada a verdeazulada e que formam almofadilhas arredondadas. Estão muito difundidas as espécies do género Mnium, que apresentam o aspecto de pequenas árvores, distintas das de Hypnum cupressiforme e Hylocomium splendens, de tonalidades rosadas e douradas. 2.5. Ecologia Osmusgospodemencontrarseemtodososcontinentes,desdeatundraárcticaatéaostrópicos, desde o deserto até à alta montanha. São particularmente abundantes e diversos nas florestas chuvosas temperadas e florestas tropicais húmidas. Poucos são aquáticos. Frequentemente, colonizam troncos e ramos. Muitos vivem em lugares pobres em nutrientes (rochas,troncos, telhados,…)eondeasplantasnãopodemcrescer,jáquenãosósãoinsensíveisaofrio, como sobrevivemaumaforteseca.Juntamentecomoslíquenes,estãoentreosvegetaisqueprimeiro colonizam esteslocais,extraindoosnutrientesdaáguadachuva,queduranteo escorrimento pelasrochas,arrastapequenasquantidadesdesais. Contribuemparaabiodiversidadedasplantas.Acumulamcarbono(C).Sãosensíveisapoluição aéreaestandoausentesemáreasmuitopoluídas.Existemmusgosendémicos(áreas geográficas limitadas).Apresentaminteracçãocominvertebrados.

67 O musgo Sphagnum ocupa mais de um por cento da superfície da Terra, apresenta valor económicoedesempenhaumpapelessencialnocicloglobaldocarbono. 2.6.Relação com outros grupos Osbriófitosfazematransiçãoentrecarófitas(algasverdes)eplantasvasculares,poispossuem cloroplastos com grana e células móveis com flagelos.Nociclodevida,ocorrequebrada membrana nuclear na mitose e persistência do fuso acromático na citocinese. Contudo os briófitoseasplantasvascularesdiferemdascarófitas: (1) presença de gâmetas masculinos (anterídios) e femininos (arquegónios) com camada protectora (2) retenção do zigoto e do embrião multicelular desenvolvido no arquegónio ou gâmeta feminino (3)presençadeesporófitodiplóidemulticelularqueoriginaumnúmerocrescentedemeiosese umaumentodonúmerodeesporosquepodeserproduzidoaseguiracadafertilização (4) esporângio multicelular formado por uma camada estéril e um tecido interno produtor de esporos(esporogénico) (5)meiosporocomparedes“esporopolenina”,queresisteàseca (6)tecidosproduzidosporummeristemaapical No entanto, os briófitos nãopossuemtecidos vasculares (floema e xilema) como as plantas vasculares;têmdiferentesciclosdevida,nosbriófitosogametófitoémaioredevida livreeo esporófitomaispequeno,permanentementeligadoenutricionalmentedependentedogametófito parental; nas plantas vasculares, o esporófito não é ramificado e tem um único esporângio, enquanto os esporófitos são ramificados e originam muitos mais esporângios; os esporófitos vascularesproduzemmaisesporos;osbriófitossãoantecessoresdasplantas. 4.3. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO 1. Pormeiodeumdiagramasimples,apresenteociclodevidageneralizadodeumbriófito. 2. Porqueseconsideraqueumcarófitoéumantepassadodasplantas? 3. Briófitoseplantasvasculares partilhamalgunscaracteresquepermitemasuadistinçãodas carófitaseasuaadaptaçãoàvidaterrestre. a) Refiraoscaracteresemcomum. b) Refiraaindaoscaracteresdasplantasvascularesquenãoseencontramnosbriófitos. 4. Quaissãoastrês“phyla”dosbriófitos?Comosedistinguementresi? 5. Expliqueaimportânciaecológicadosbriófitos. 6. Quaisascaracterísticasgeraisdosbriófitos? 7. Descreva as modificações estruturais relacionadas com a absorção de água em Sphagnum. Porqueapresentaumatãograndeimportânciaecológica? 8. Quecaracterespartilhadospelasplantasfaltamnosbriófitos? 9. Em sua opinião, qual dos briófitos tem o esporófito mais desenvolvido? Qual tem o gametófitomaisdesenvolvido?Emcadaumdoscasosjustifiqueasuaresposta. 10.Pormeiodeumsimplesdiagramalegendado, apresenteociclodevida generalizadodos briófitos.Explicarporqueéreferidocomoumaalternânciadegerações.

68 Tema 5: PTERIDÓFITOS

5.1. QUESTÕESCENTRAIS ▪Que“passosessenciais”naprimitivahistóriadeevoluçãodasplantascontribuíramparaosucesso dasplantasvasculareseasuaocupaçãonaterra? ▪ Quais as explicações para a origem evolucionária dos micrófilos e megáfilos? Que grupos de plantasnãovascularestêmmicrófilos?Quaistêmmegáfilos? ▪ Qualosignificadodehomosporiaeheterosporia?Quais os tamanhos relativos dos gametófitos produzidospelasplantashomospóricaseheterospóricas? ▪ QuaisascaracterísticasdecadaumdosseguintesfilosdeplantasnãovascularesLycopodiophyta ePterydophyta? ▪ Emtermosdasuaestruturaemétodosdedesenvolvimento,comosediferenciameusporângiose leptosporângios? ▪ Quefetossãoeusporangiadoseleptosporangiados? 5.2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 1. Introdução 2. Evolução das plantas vasculares 3. Organização estrutural das plantas vasculares 4. Reprodução. Ciclo de vida 5. Principais tipos de organismos

1. Introdução Os pteridófitos são caracterizados por esporófitos vasculares, herbáceos ou lenhosos, frequentementecomraiz,caule efolhas,porvezesdetamanhoconsiderável.Incluiosfetoseas plantasafins. 2. Evolução das plantas vasculares Briófitoseplantasvascularespossuemembriãomulticelulareformamumalinhagemmonofilética, os embriófitos. Ambos exibem ciclo de vida semelhante com alternância de gerações heteromórficaseos gametófitosdiferentesdeesporófitos.Porém,nosbriófitososgametófitossão maioresedevidalivreeosesporófitospermanentementeligadosenutricionalmentedependentes dogametófitopaterno;nasplantasvascularesosesporófitossãomaioresqueos gametófitoseno fimdociclotêmvidalivre.Ex: Cooksonia éaplantavascularmaisantiga. Aocupaçãodaterrapelosbriófitosteveênfasena geraçãoprodutoradegâmetasqueexige água paraoespermatozóidenadarparaoovo.Nasplantasvascularesaevoluçãodesistemascondutores de fluidos (xilema e floema), resolveu o problema de transporte de água e alimentos através da planta.Tambémacapacidadedesintetizarlenhina,incorporadanasparedesdascélulasdesuportee condutoras,foiumpassoimportantenaevoluçãodasplantas.Asplantasvascularestêmcapacidade de se ramificarem profusamente devido à actividade de meristemas apicais nas extremidades de caules e ramos, enquanto que nos briófitos, o crescimento em altura é subapical, abaixo da extremidadedocauleeoesporófitodosbriófitosnãoseramificaproduzindoumúnicoesporângio. Inicialmente, a parte aérea e subterrânea dos esporófitos das primeiras plantas vasculares eram poucodiferentes,mas,maistarde,osantepassadosdasplantasvascularesoriginaramplantasmais especializadascomumaestruturamaisdiferenciada.Assim,asplantasconsistiamde:raiz,caulese folhasqueprovidenciavamumsistemabemadaptadoásexigênciasdavidanaterra,nomeadamente aaquisiçãodeenergiadosol,doCO2daatmosferaedaágua.Ageraçãogametófitasofreuredução

69 progressivaemtamanhoetornousemaisprotegidaenutricionalmentedependentedosesporófitos. Maistarde,assementesapareceramdumaoutralinhaevolucionária. Comoasadaptaçõesdospteridófitosàexistênciaterrestreforambemsucedidas,são,actualmente, asplantasdominantesnoshabitatsterrestres.JánoperíodoDevónico(408a362milhõesdeanos) eramnumerosas. 3. Organização estrutural das plantas vasculares Osesporófitosdasprimeirasplantasvasculareserameixosdicotomicamenteramificadossemraízes efolhas,comaespecializaçãoevolucionáriaocorreramdiferençasmorfológicasefisiológicasentre asváriaspartesdaplanta:raiz,cauleefolhasqueconstituemosórgãosdaplanta.Asraízesformam osistemaradicularquefixamaplantaaosoloeabsorvemáguaenutrientes,oscaulessuportamas folhaseestasrealizamafotossíntese.Osistemavascularconduzáguaenutrientesparaafolhae produtosdafotossíntesedasfolhasparaasoutraspartesdaplanta.Osdiferentestiposdecélulasda planta estão organizados em tecidos e estes organizados em sistemas de tecidos. Existem três sistemasdetecidos:(a)sistemadérmico,camadaexteriorprotectoradaplanta;(b)sistemavascular, tecidoscondutores(xilefloema);(c)sistemaparenquimatoso. • crescimento primário envolve a extensão de raízes e caules, crescimento secundário envolve o seu espessamento O crescimento primário realizase perto das extremidades da raiz e caules através de meristemas apicais e consiste primeiro no alongamento da planta, frequentemente na vertical. Os tecidos primários formam a estrutura primária. Porém, algumas plantas têm crescimento secundário, engrossamentodaraizedocaule,devidoà actividadedemeristemaslaterais:(a)câmbiovascular (xilema e floema secundários); (b) câmbio suberofelodérmico, a periderme (ritidoma, felogene, feloderme).Naestruturasecundáriaexistemdoiscâmbios.JánoDevónioMédio(380milhõesde anos)existiamemváriosgruposnãorelacionadosdeplantasvasculares. • elementos traqueidais e elementos vasais – são as cel condutoras do xilema e floema Os elementos traqueidais (xilema) têm paredes distintas, espessas e lenhificadas, estando bem preservados nos fósseis encontrados, enquanto que os elementos vasais (vasos condutores do floema)têmparedesmolesefrequentemente colapsamquandomorrem,raramente aparecembem preservadasnosfósseis. NosperíodosSelúricoeDevónicoosfósseiseramcélulasalongadascomextremidadeslongase afuniladas.Ostraqueídosforamoprimeirotipodecélulascondutorasdeáguaaevoluir,sendo oúnicotipodecélulascondutorasnamaioriadasplantasvasculares(exceptoAngiospérmicase phylumGnetophyta,Welwitschia),tendotambémfunçãodesuporteparaoscaules.Arigidez dos traqueídos devese à presença de lenhina. Os traqueídos são mais primitivos que os elementos vasais (principais condutores nas Angiospérmicas), que tiveram uma evolução independenteemváriosgrupos. • tecidos vasculares localizados em cilindro central ou estelas, de raízes e caules O cilindro central é um tecido mole e esponjoso (medula) onde se encontram o xilema e o floemadaraizedocaulenaestruturaprimária. Protostela éomaissimpleseprimitivotipodecilindrocentraldetecidosvasculares,emqueo floemaenvolveoxilemaouéinterceptadonomeiodele. Sifonostela éumtipodeestelanoscaulesdamaioriadasplantasvascularescaracterizadopor ummedulacentralrodeadapelostecidosvasculares,floemaporforadoxilemaouporforaepor dentro. Atransiçãoentreocauleeasfolhasémarcadapor“ lacunas folheares ”preenchidasporcélulas parenquimatosassemelhantesàsrestantes. Os “rastos de folhas ”aparecemnasplantasdesemente,associados aáreasparenquimatosas remanescentesdas“lacunasdefolhas”,nãosendoconsideradoshomólogasaestas.

70 Eustela éumcilindrovascularprimário,queconsistedumsistemadefeixes(bandas)discretas emredordamedula,emquasetodasasplantascomsemente. Estudos comparativos entreplantas vasculares vivas e fósseis, sugeriram que a eustela veio directamentedaprotostela,enquantoqueasifonostelaevoluiuindependentementedaprotostela, indicandoquenenhumdosgruposdeplantasvascularessemsementecomrepresentantesvivos originouplantascomsementes. • raízes e folhas evoluíram de modos diferentes As raízes evoluíram das porções inferiores subterrâneas do eixo das plantas vasculares primitivas. São estruturas simples, que retiveram muitas das características estruturais dos progenitores,oquenãoacontecenoscaulesdasplantasactuais.Asfolhasformaramseapartir deprotuberâncias(primórdiosfolheares)domeristemaapicaldorebento Numaperspectivaevolucionáriaconsideramsedoistiposdefolhas:micrófilosemegáfilos.Os primeirossãofolhasrelativamentepequenasquecontêmapenasumúnico conjuntodetecido vascular,associadoscomcaulescomprotostelasesãocaracterísticosdoslicófitos.Osvestígios folheares não estão associados com lacunas e há geralmente uma só nervura em cada folha. Contudo,algunslicófitosdoCarbónicoePérmicotinhammicrófiloscomummetrooumais.De acordo com diferentes teorias, podiam ter evoluído como crescimentos externos laterais na superfíciedocauleouapartirdaesterilizaçãodeesporângiosnoslicófitosprimitivos. Megófilos são folhas maiores associadas a caules com sifonostela ou eustela com vestígios folheares,associadoscomlacunasfolheareselacunasdevestígiosfolhearesrespectivamente.A lâminatemumcomplexosistemaderamificaçõesdanervura.Evoluíramdesistemasderamos inteirosporumasériedeetapas.Asplantasprimitivastinhameixodicotomicamenteramificado semfolhas,semdistinçãoentreeixoemegófilo.Ramificaçõesdiferentesoriginaramramosmais agressivos ultrapassando os mais fracos. Assim, os ramos laterais dominados representavam iníciodasfolhas eosoutrososcaules eaplanificaçãodosramoslateraisefusãodos laterais separadosformaramalâmina.

Reprodução. Ciclos de vida Ociclodevidadospterdófitosapresentaumanítidaalternânciadegeraçõesemqueoesporófito adultoformaesporos,osquaisapóscaíremnaterragerminam,dandoorigemaogametófito,que sedenominaprotalo,órgãoquasesempreautónomo,geralmentedeformalaminar,podendo,no entanto, ser filamentoso; alguns são verdes, e então são autotróficos, epígeos e com rizóides, outros são incolores, hipógeos ou vivendo no interior do esporo. Em ambos os casos, os anterídios e os arquegónios estão embutidos nos seus tecidos e são mais simples que nos briófitos. Quando os espermatozóides se soltam do anterídio, nadam, mediante cílios, sobre gotas de orvalho ou chuva, até aos arquegónios. Estes segregam uma substância mucilaginosa incolor que atrai os espermatozóides, que penetram pela abertura existente na extremidade do arquegónioefecundamaoosfera.Aoosferafecundada(zigoto)desenvolvesenum esporófito, que representa a geração assexuada. O esporófito adulto, em especial nas classes mais evoluídas,apresentaórgãosaéreoscomestruturamaiscomplicadaqueadosbriófitos.Doponto devistaanatómico,possuemumaepiderme,normalmenterevestidaporumacutícula(condição importanteparaavidaadeterminadaaltitudeacimadoníveldosolo),umazona cortical com colênquimaeparênquima,eumcilindrocentralcompericiclo,feixescondutoresemedula. Na maioria dos fetos as folhas (frondes), antes de se expandirem, encontramse geralmente enroladas em espiral sobre a página inferior (prefolheação circinada). Em muitas espécies existem,napáginainferior,ossoros–conjuntosdeórgãosmicroscópicos(osesporângios)no interiordosquaissediferenciamesporos.Muitasespéciessãoisospóricas,formamumsótipo de esporos; outras são heterospóricas, formam micrósporos, que dão origem ao protalo

71 masculino, emacrósporos,queoriginamoprotalofeminino, comoem Selaginella kraussiana (Kunze)A.Braun. Alguns pteridófitos propagamse vegetativamente (assexuadamente) por meio de rizomas rastejantes ou por bulbilos produzidos nas folhas, como no fetodanostalgia ( Asplenium bulbiferum G.Forst.). Principais tipos de organismos Encontramsenumerososrestosfósseisdepteridófitos,permitindoconcluirqueoapogeudasua expansãoediverssficaçãosedeunoCarbónicoenoPérmico(há265 a200milhõesdeanos). Existemtrêsfilosaquepertencemapenasplantasextintas(fossilizadas),quesão Rhyniophyta , Zosterophyllophyta e Trimerophytophyt. Actualmente,consideramseduasfilosdeexemplaresvivos: Lycopodiophyta e Ptridophyta. Lycopodiophyta Compreendecercade10a15 génerosecercade1200espécies,representativasdeumalinha evolucionária que data do Devónico (400 M anos). Existe uma separação entre licófitos e eufilófitos.Osprimeirospossuemmicrófilos(característicosdafilo).Afamília Lycopodiaceae é a sua principal família, englobando todos os géneros excepto dois. No Canada e Estados UnidosdaAméricaencontramsesetegéneros. Características da família: rizoma ramificado, originando caules aéreos e raízes, ambos protostélicos,micrófilosdispostosespiraladamentepodendoseropostosouverticiladosnalguns membros do grupo e homospóricos, os esporângios aparecem na superfície superior dos micrófilosférteis–esporófitos(folhasmodificadas). Gen Huperzia e Phlegmarius –esporófitossimilaresamicrófilosestéreis. Gen Diphasiastrum e Lycopodium – esporófitosnãofotossintéticos,agrupamseemestróbilos oucones,naextremidadedosramosaéreos. Apósgerminação,osesporosoriginam gametófitosbissexuaisque,consoanteogénero,ousão massas verdes irregularmente lobadas: Lycopodiella, Palhinhaea, Pseudolycopodiella ou são estruturassubterrâneasmicorrízicasnãofotossintéticas: Diphasiastrum, Huperzia, Lycopodium, Phlegmariurus. Odesenvolvimentoe maturaçãodoarquegónioe anterídioocorremnum gametófitoquepode levarseisaquinzeanos,podendoosgametófitosproduzirdiversosesporófitosemarquegónios sucessivos quando continuam a crescer. A autopolinização é rara. Os gametófitos têm predominantemente fecundação cruzada. Têm necessidade de água para a fertilização. Após fertilização,oovotransformasenumembriãoquecrescedentrodosarquegónios.Oesporófito jovem pode permanecer ligado ao gametófito durante muito tempo, podendo eventualmente tornarseindependente. Em Portugal (1968) existem as espécies: Huperzia selago (L.) Bernth. – Açores e Madeira; Diphasium madeirense (Willce)Rothm.AçoreseMadeira, D. tristachyum (Pursh)Rothm.– Madeira, Palhinhaea cernua (L.)Franco&Vasc.AçoreseSerradoValongo, Lycopodiella inundata (L.) Holub – Entre Douro e Minho, Minho e Douro, Lycopodium clavatum L. (licopódio)–SerradaEstrela. Família Sellaginellaceae Compreendeumsó género, Selaginella ecercade750 espéciestropicais,amaioriaemlocais húmidos,algumasnosdesertos(dormentesnosperíodosmaissecos)–“plantadaressurreição“ –S. lepidophylla (Texas,NovoMéxico,México) Características : esporófilos similares aos das Lycopodiaceae, mas na Selaginella existe um pequeno crescimento externo, a lígula, na base da superfície superior de cada micrófilo e esporófilo,cauleeraizprotostélicos.A Selaginella éheterospóricacom gâmetasunissexuais, possuiumesporófiloeumsóesporângio.

72 (a) Megasporângios originados de megaspófilos, durante o desenvolvimento de megagametófilos,asparedesdomegaspororompemeo gametófito(porvezescomclorofila) ultrapassa a ruptura para o exterior; (b) Microsporângios originados de microsporófilos, desenvolvemsedentrodomicrosporoenãotêmclorofila.Asparedesdomicrospororompeme saioespermatozóide,encontramseambosnomesmoestróbilo.Têmnecessidadedeáguaparaa fecundaçãoenodesenvolvimentodoembriãoformaseo“suspensor”. EmPortugalencontramseasespécies: Selaginella denticulata (L.)Link(musgo)–Douropara sul e Madeira e S. kraussiana (G. Kunze) A. Braun – Açores e Madeira, raramente no continente. Fam Isoetaceae Compreende apenas o género Isoetes. É o pteridófito vivo maispróximo da primitiva árvore genealógicadoslicófitosdoperíodoCarbónico.Sãoaquáticosoudelinhasdeáguatemporárias. Os esporófitostêmcaulesubterrâneo,curtoecarnudo(cormo)originandomicrófilossimilaresa espinhos nasua superfície superior e raízes nasuperfície inferior. Cada folha é um potencial esporófito,Sãoheterospóricos,osmegasporângiosformamsenabasedosmegasporófiloseos microsporângios formamse na base dos microsporófilos, possuem lígula acima dos esporângios.Verificase apresençadecâmbio especializadoqueacrescentatecidosecundário aocormo. Possuem fotossintesedotipodeCAM. EmPortugalexistemasespécies: Isoetes azorica Durieu–Açores, Isoetes velata A.Braun– MinhoaoAlgarve, Isoetes delilei Rothm.–AltoDouroesuldopaís, Isoetes histrix Bory–todo opaís, Isoetes durieuiBory–dovaledoDouroaoAlgarve.

Filo Pterydophyta (fetos) Os fetos tornaramseabundantesapartirdoCarbónico.Actualmente,existemcercade11000 espécies,sendoogrupomaisimportanteediversificadodeplantasaseguiràsAngiospérmicas. Adiferenciaçãodosfetosmodernos ocorreunoperíodoCretácicoSuperior ,apósformaçãode diversas florestas de Angiospérmicas, que aumentaram os habitats em que eles poderiam expandirse.Cercadetrêsquartosdosfetossãoespéciestropicais. Algunssãopequenosecom folhasinteiras.Outrossãotrepadorescomo Lygodium –fetotrepadorquepodeatingir30mou maisdealtura.Outrossãoarbóreoscomo Cyathea queatingemaisde24measfolhasmaisde 5mcomtroncosde30cmoumaisdeespessurainteiramentedetecidoprimário.Originalmente o caule verdadeiro tem 46 cm, o espessamento devese ao manto fibroso da raiz. O género herbáceoBotrychium ,éoúnicofetoactualqueformacâmbiovascular. Existem dois tipos de esporângios nos fetos quanto a estrutura e desenvolvimento podendo ser:eusporangiadosouleptosporangiados. Eusporângios (multicelulares) com as célulaspaternasouiniciaislocalizadasnasuperfíciedo tecidoqueoriginouoesporângio.Característicosdetodasasplantasvasculares,exceptoparaos fetosleptosporangiados. Leptosporângios – originados a partir de uma única célula inicial superficial, que se divide transversal ou obliquamente em que Tapetum é uma estrutura nutritiva com 2 camadas de célulaseo Annulus céumacéluladeparedeespessa. A maioria dos fetos são heterospóricos, apenas duas ordens de fetos aquáticos são homospóricos:asordens Marsileales e Salviniales. Consideramsequatro4tipos(ordens)defetosmuitodiferentes: (1) Ophioglossales e Marattiales – eusporângios; (2) Filicales – homospóricos e leptosporangiados, (3) Marsileales e Salviniales heterospóricos e leptosporangiados, (4) Psilotales – fetosreduzidos(semraiz ) (1) Ophioglassales e Marattiales –eusporangiados

73 Ophioglassales compreendetrêsgéneros:sendoosmaisimportantes: Botrychium – fetouva; Ophioglassum –línguadevíbora.Ambosproduzemapenasumafolhas por ano, com duas partes: (a) porção vegetativa (lâmina) profundamente dissecta no Botrychium inteira no Ophioglassum e (b) segmento fértil Botrychium - dissecto e originando duas fiadas de eusporosnossgmentosmaisexternoseno Ophioglassum – inteiroeoriginandoduasfiadasde eusporângios embutidos. Os gametófitos de ambostêm estruturas alongadas e tuberosas com numerososrizóidesesemelhantesaosdePsilotales. Ophioglassum reticulatum – temomaior númerodecromossomascomumcomplementodiplóidede1260cromossomas. Botrychium – gametófitos com um sulco onde estão embebidos os anterídios, com os arquegónioslocalizadosnasmargensdosulco. Marttiales – antigogrupocomseisgénerose200espécies tropicais. EmPortugalencontramse: Botrychium lunaria (L)Swartz–Açores, Ophioglossum lusitanicum L.(línguadecobramenor)DouroaoAlgarveeAçores, O. azoricum C.Presl.–regiãoduriense, Açores e Madeira, O. vulgatum L. – (língua de cobra maior) – bacia do Douro e serras do Alentejo. (2) Filicales - Englobaquasetodososfetosmaisconhecidos,compreendendo35famílias,320 génerose10500espécies.Aparecemnamaioriadosjardinseflorestasdasregiõestemperadas . São sinfostélicos, com rizomas que produzem novos conjuntos de folhas todos os anos. O embriãooriginaraizverdadeiraquecedoseca,asrestantesformamsedosrizomaspertodabase das folhas (frondes), que são megáfilos e representam uma parte mínima do esporófito. A elevada percentagem de superfície/volume permitelhes capturar a luz muito mais eficientementequeosmicrófilosdoslicófitos. Sãoasúnicasplantassemsementequepossuem megáfilos. Possuem frondes compostas: folíolos ou pínulas ligadas ao ráquis ao longo do pecíolooucaule,as folhasjovensenroladas(circinadas)designamse“falsas cabeças”,devido ao crescimento mais rápido da superfície interna que da externa, mediado pela auxina (hormona)produzidapelaspínulasjovensnoladointernoda“falsacabeça”. A “falsacabeça”e rizomas estão protegidos por pêlos ou escamas (crescimentos externos da epiderme). Os esporângios são homospóricos e leptosporangiados e surgem nas margens das superfícies inferiores de folhas especialmente modificadas ou em caules separados linhas amarelas, pontosougrandes manchas.Tambémpodemter esporângiosemsoros,laranja,acastanhados, anegrados,nasuperfícieinferiordafronde . Emmuitosgéneros,osjovenssorosestãorevestidos por crescimentos especializados da folha, o indúsio , que pode secar quando os esporângios estãomaduroseprontosparalibertarosesporos. Aforma,posiçãoepresençaounãodoindúsiosãocaracterísticasimportantesnataxonomiadas Filicales.Osesporosoriginamgametófitosbissexuaisdevidalivre,encontradosfrequentemente em locais húmidos, como vasos em estufa. O gametófito (tipicamente) desenvolvese rapidamentenumaestruturamembranosarecta,emformadecoração,oprotalocomnumerosos rizóides. Os anterídios e os arquegónios desenvolvemse na superfície ventral do protalo. Os anterídiosestãotipicamenteentrerizóides, enquantoosarquegóniossão geralmenteformados próximodoentalhe,identaçãonaextremidadeanteriordogametófito.Aépocadoaparecimento do gametângio pode influenciar se o sistema de reprodução é de autofecundação ou de fecundaçãocruzada.Tambémtêmnecessidadedeáguaparaafecundação.Oembriãodepende nutricionalmente do gametófito (pé) mas o seu rápido desenvolvimento tornao independente quando o gametófito se desintegra. O esporófito corresponde à fase perene nos fetos. O gametófitoépequenoetalóide,comvidacurta. Populações de Trichomanes speciosum, com gam de vida livre, descoberta em “Ebsandsteingebirge” (Alemanha e Rep Checa), têm mais de 1000 anos. Talvez relíquias de populações primitivas com gametófitos e esporófitos. A extinção dos esporófitos ocorreu possivelmentecomoresultadodealteraçõesclimáticasnosintervalosglaciaresdosúltimosdois milhõesdeanos.

74 EmPortugal,existemvários géneroseespéciessendopoucosexclusivamentedocontinente.A maioria encontrase nos Açores e Madeira. Exs: Hymenophyllum, Trichomanes, Culcita, Davilla, Pteridium, Pteris, Anogramma, Pityrograma, Onychium, Cryptogramma, Adiantum, Pellaea, Cheilanthes, Blechnum, Woodwardia, Doodia, Ceterach, Phyllitis, Asplenium, Diplazium, Athirium, Cystopteris, Dryopteris, Polystichum, Thelypteris, Cyclosurus, Polypodium, Elaphoglossum, (3 ) Marsileales e Salviniales Ambasvêmdumancestralcomum. Sãoosúnicosfetosheterospóricosvivos.Aprimeiratem três géneros, ( Marsilea, com 50 a 70 espécies). As folhasparecem trevos de quatro folhas, resistentesàsecaecomestruturasreprodutorasemformadefeijão,osesporocarpos,quepodem permanecer viáveis por mais de 100 anos em condições de secura, germinando quando colocados em água, produzindo cadeias de soros, cada uma originando séries de mega e microsporângios. EmPortugal: Marsilea quadrifolia L.–BaciasdoDouroeVouga, M. strigosa Willd.,–Baixo Alentejo, Pilularia globulifera L.–BeiraLitoraleBaixoAlentejo, P. minuta Durieu–Algarve ocidental. Asegundaordemtemdois géneros: Azolla e Salvinia. Asplantassãopequenas eflutuamna superfície da água. Em ambos são produzidos esporângios em esporocarpos muito diferentes dosdas Marsiliales. Nogénero Azolla, asfolhassãobilobadas,aglomeradasefinaseformamsenoscaulesmoles. Possuem uma bolsa que se forma no lobo superior fotossintético de cada uma das folhas é habitado pela cianobactéria Anabaena azolla. O lobo inferior e mais pequeno de cada folha muitas vezes não tem clorofila. Devido à capacidade de fixar o azoto através da Anabaena azolla éumaespécieimportantenosarrozaisnamanutençãodafertilidade. Em Portugal: Azolla caroliniana Willd. – da Beira Litoral ao Baixo Alentejo, A. filiculoides Lam daBeiraLitoralaoBaixoAlentejo, Nogénero Salvinia, asfolhasde2cm,formamseem gruposde3nosrizomasflutuantes,uma das três folhas, muito dissecta e assemelhandose a uma massa esbranquiçada de raízes, mergulhanaágua. Das“raízes”formamseesporângios(revelandoquesãofolhasenãoraízes). Asduasfolhasmaiores,estãocobertasporpêlos,protegendoasdesemolharem. (4) Psilotales, Eusporangiadasemraízescomdoisgéneros: Psilotum – tropicalesubtropicale Tmesipteris – suldoPacífico.SemelhantesaOphioglossales,comestruturasimplescomfolhas finaseausênciaderaízes. Equisetales - segunda maior linha evolucionária nos pteridófitos As espécies datam do Devónico e atingiram a máxima diversidade e abundância na era Paleozóica (há 300 milhões de anos). No Devónico e Carbónico eram representadas pelas calamites(árvorescom18mdealturae45cmdediâmetro).Actualmente,sóexisteumgénero herbáceo Equisetum (cavalinha),semelhantea Equisetites ,plantaqueapareceuhá300milhões de anos no Carbónico. Equisetum podeser o género de plantas sobreviventes mais antigo da Terra.Encontrasemuitoespalhadoemlocaishúmidosouinundadosemargensdeflorestaseas plantas são reconhecidas pelos seus caules articulados e robustos, as folhas pequenas e escamiformesverticiladasdeentrenóscaneladose costasdurasereforçadascomdepósitosde sílica nas células da epiderme e as raízes formamse nos nós dos rizomas, importantes na propagação. Os caules aéreos formamse a partir das ramificações dos rizomas subterrâneos. Sãoplantasvivazesqueperdem aparteaérea, masosrizomasassegurama continuidade.De caule aéreo anatomicamente complexo, em que os entrenós maduros contêm um orifício cilíndricorodeadoporumaneldecanaismaispequenoscanalcarinal,cadaumassociadocom um conjunto de xilema e floema. São homospóricos, em que os esporângios formamse aos gruposde5a10aolongodasmargensdepequenasestruturasumbeliformes–esporangióforos (ramosprodutoresdeesporângios);reunidosemestróbilosnoápicedocaule.Oscaulesférteis

75 de algumas espécies não têm muita clorofila, sendo morfologicamente diferentes dos caules vegetativos.Nalgumasespéciesosestróbilosaparecemnaextremidadedoscaulesvegetativos. Osesporosmadurosformamseemesporângiosquecontraemerompemaolongodasuperfície interna,libertandonumerososesporosOsElatériossãoanéisespessosqueseformamapartirda paredeexternadoesporo. Osgametófitossãoverdesedevidalivre,comdiâmetrodepoucosmilímetrosaumou mais centímetros, formamse em 3 a 5 semanas. São bissexuais ou masculinos. Nosprimeiros, os arquegóniosdesenvolvemseantesdeanterídios,fecundaçãocruzada.Têmnecessidadedeágua paraafecundação.Apósafecundação,osovosoriginamembriõesoujovensesporófitos.

5.3. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO

1.Usandodiagramassimplesfaçaadescriçãodaestruturadostrêstiposbásicosde estelas. 2.Queexplicaçõesexistemparaaorigemevolucionáriademicrófilosemegófilos. Quegruposdeplantasvascularessemsementetêmmicrófilos? Quaisosgruposquetêmmegófilos? 3. Em termos de estrutura e desenvolvimento, como diferem entre si os eusporângios e os leptosporângios? 4.Refiraasdiferençasentremicrófilosemegófilos. 5.Asplantasvascularespodemserhomospóricasouheterospóricas.Explique. Quais os tamanhos relativos dos gametófitos produzidos pelas plantas homospóricas e heterospóricas? 6. Os elementos vasais e a heterosporia presente em alguns grupos de plantas vasculares representamumexcelenteexemplodeconvergênciaevolucionária.Explique. 7.Compareociclodevidadeummusgocomodeumfetohomospóricoleptosporangiado. 8. O que entende por carvão vegetal? Como é formado? Que plantas estão envolvidas na sua formação? 9. Os briófitos são referidos como “anfíbios do reino vegetal”, mas esta caracterização pode tambémseraplicadaaplantasnãovasculares.Expliqueporquê. 10.Identifiqueecaracterizeasfilosdospteridófitos.

76 Tema 6: GIMNOSPÉRMICAS

6.1. QUESTÕESCENTRAIS ▪ O que é a semente e porque é a sua evolução uma inovação tão importante para as plantas? ▪Dequegrupodeplantassepensaevoluíramasplantascomsemente? ▪ Em que difere o mecanismo pelo qual os gâmetas masculinos atingem o ovo nas Gimnospérmicaseplantasvascularescomsemente? ▪Quaisascaracterísticasquepermitemdistinguiros4filosdeGimnospérmicas? ▪Emqueaspectososgnetófitosseassemelhamaangiospérmicas? 6.2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS 1. Evolução da semente 2. Progimnospérmicas 3. Reprodução. Ciclo de vida 4. Principais divisões do grupo 5. Interesse económico

1. Evolução da semente Semente éumórgãodestinadoapropagareconservaraespécie,sendoassimoprincipalfactor responsável pela dominância das plantas de semente na flora actual, que foi aumentando ao longo de várias dezenas de milhões de anos. Apresenta grande valor de sobrevivência , e, consequentemente, vantagens em relação aos esporos. Todas as plantas de semente são heterospóricas : mega e microsporos, originando gametófitos femininos e masculinos, respectivamente. Característica que não é exclusiva das plantas de semente. A produção de sementeséumaformaextremadeheteroscopia,modificadaparaformar1óvulo,estruturaque originaasemente. Semente éumsimplesóvulomaduroquecontemumembrião. Óvulo imaturo éummegasporângiorodeadopor2camadasadicionaisdetecido,otegumento. Evolução dum óvulo : 1. retençãodosmegasporosnomegasporângiocarnudo,onucelonasplantasdesemente 2. reduçãodonúmerodascélulasmãedemegasporosemcadamegasporângioparaapenasuma. 3. dos4megasporosformadospelacélulamãeapenas1éfunciona. 4. formação de 1 megagametófito no único megasporo funcional – gametófitos endospóricos (retidonomegasporângio) 5.desenvolvimentodoembriãooujovemesporófitonomegagametófito 6.formaçãodetegumentoqueenvolvecompletamenteomegasporângioexceptonaaberturano ápice,micrófilo 7.modificaçãodoápicedomegasporângiopararecebermicrosporosougrãosdepólen. Éimpossívelsaber exactamenteoexactomomentodaevoluçãodevido aoregistoincompleto nos fósseis. Os óvulos mais antigos datam do Devónico (365 milhões de anos): Elkinsia polymorpha óvulo:nuceloe4ou5lobos,tegumentoscurvadoscompoucaounenhumafusão entreoslobos. Composição da semente – embrião,reservaalimentareinvólucro. Namaioriadasplantasdesementeactuais,desenvolveseumembriãodentrodasementeantes da dispersão (excepto para Ginkgo ). Todas as sementes contêm reservas de alimentos. O endospermaprimárioderivadirectamentedotecidogametofíticohaplóideeéformadoantesda fertilização.

77 Gimnospérmicasignifica“sementenua”.Asgimnospérmicaspossuemóvulosadescoberto,ou seja,osóvulosnão estãoencerradosnumovário,massobreas escamasovulíferas,eopólen germinadirectamentenoápicedonucelodoóvulo. São árvores ou arbustos geralmente perenifólios. Têm crescimento secundário, devido à actividade do câmbio vascular, com anéis de crescimento anual. O lenho é formado por traqueídosesemvasos,exceptonaordem Gnetales. Osrestosfósseismostramquetiveramuma distribuiçãogeográficamuitomaisalargadadoqueactualmente. A relação entre os grupos das Gimnospérmicas actuais e das extintas permanece bastante incertoeasrelaçõesfilogenéticasentreplantasdesementecontinuaaindaporresolver. 2. Progimnospérmicas SurgiramnaEraPaleozóicaSuperior.Apresentavamcaracterísticasintermédiasentreasplantas sem e com semente. Reproduziamse por esporos livremente dispersos, produzindo xilema secundário(madeira)marcadamentesemelhanteaodasconíferasactuais.NoDevónioeramas únicas que produziam floema secundário. Tanto estas como os fetos paleozóicos evoluíram provavelmente de trimeterófitos (fetos extintos) mais antigos, dos quais se distinguem por possuíremumsistemaderamificaçãomaiselaboradoediferenciado e,consequentemente,um sistemavascularmaiscomplexo.Nestas,oavançoevolucionáriomaisimportanterelativamente aostrimeterófitoseaosfetoséapresençadecâmbiosvascularesbifaciais,ouseja,produçãode xilema secundário e floema secundário, que é o câmbio típico dasplantas de semente, tendo aparentemente evoluído. Formaram florestas extensas. Podem ter parecido coníferas no seu padrão de ramificação. Diversas evidências acumuladas nas várias décadas passadas indicam que as plantas de semente evoluíram de plantas semelhantes às progimnospérmicas. Muitos problemas continuam por resolver para desenvolver uma compreensão mais detalhada da evoluçãoprimitivadasplantasdesemente. Reprodução. Ciclo de vida As flores femininas, muito reduzidas, estão normalmente dispostas helicoidalmente sobre um eixo comum, agrupandose frequentemente em inflorescências abertas, estrobiliformes, que maistardeselenhificam,convertendose,porexemplo,naspinhasdeabetosepinheiros.Com poucas excepções, os megagametófitosproduzem vários arqueguegónios, que podem formar maisqueumovoqueaoseremfertilizadospodemoriginarváriosembriõesquesedesenvolvem numsóóvulo–poliembrionia. Asfloresmasculinasagrupamsetambém,apresentandooaspectodeespigas;naparteinferior das suas escamas estão os estames, reduzidos aos sacos polínicos. Nas gimnospérmicas, os microgametófitosdesenvolvemsecomogrãosdepólen. Asplantasmonóicassãopolinizadaspelovento(anemófilas). Caso do pinheiro • Microsporângios e megasporângios aparecem em cones (estróbilos) separados na mesma árvore. • Microsporangiata(12cm,produtoresdepólen)–nosramosinferioresdaárvore • Megasporangiata(ouovulata)–conesemramossuperiores • Algunscasosapresentamambosnomesmoramo, comosconesfemininosmaispróximos daextremidade. • Têmpolinizaçãocruzada. • Microsporófilos(2esporângioscada)dispostosespiraladamenteemembranosos • Jovemmicrosporângiotemmuitosmicrosporócitosoucélulasmãedemicrosporos • Naprimavera,célulamãesofremeioseecadaumaorigina4microsporoshaplóides • Microsporo,grãodepólen:2celprotálicas

78 1celgenerativa 1celtubo • Grãodepólencom4célulaséomicrogametófitoimaturoquelibertagrandequantidadede grãosdepólenqueoventolevaparaosconesovulados. • Escamas ovulíferas (produzem óvulos) – sistemas de ramos inteiramente modificados complexosdeescamasemente • Cada complexo contem: 1 escama ovulífera (2 óvulos na superfície externa) e 1 bráctea estéril.Ambasdispostasespiraladamenteemredordoeixodocone • Óvulo:temnucelomultiflagelado(megasporângio)rodeadoporumtegumentomassiçocom umaabertura,omicrófilo,emfrenteaoeixodocone • Megasporângio tem 1 único megasporócito ou celula mãe do megasporo, sofre meiose, originandoumasérielinearde4megasporos(apenas1funcional). • No pinheiro, cones ovulados muito maiores e de estrutura muito mais complexa que os conesprodutoresdepólen. • Polinizaçãoocorrenaprimavera • Escamasdoconeovuladoestãomuitoseparadas • Ogrãodepólentocanasescamasemuitosaderemàsgotasdepolinização queexsudamdos canaismicropilaresnasextremidadesdosóvulos. • Gotascontraemseelevamosgrãosdepólenatravésdocanalmicropilarecontactamcomo nuceloqueapresentaaíumapequenadepressãoondecaiemosgrãosdepólen • Após polinização, escamas crescem juntas e ajudam na protecção dos óvulos em desenvolvimento.Grãosdepolengerminamparaformarotubopolínico. • 1 mês apóspolinização originamse os 4 megasporos, mas apenas 1 setransforma no megagametófito • Desenvolvimentodomegagametófitolento.Ocorre6mesesapóspolinização • Nas primeiras fases do desenvolvimento do megagametófito, a mitose prossegue sem a formaçãodaparedecélulas • 13mesesapóspolinização,omegagametófitotemcercade2000núcleoslivreseformasea paredecélulas • Cercade15mesesapóspolinização,os2ou3arquegóniosdiferenciamsenaextremidade micropilardomegagametófitoeestánafasedafertilização • 12mesesantes,o grãodepolen germinou,produzindoumtubopolínicoevagarosamente digere o caminho através dos tecido do nucelo em direcção ao megagametófito em desenvolvimento. • 1ano apósapolinização,acélulamãe generativadomicrogametófitode4celulas sofre divisão,originando2tiposdecélula–1estéril(celdocaule)e1espermatogénica(célula corpo) • Antesdotuboatingiromegagametófito,acélulaespermatogénicadividese,produzindo2 espermas.Ogrãodepólenestámaduro • 15mesesapóspolinização,ostubospolínicosalcançamacéluladoovodumarquegónio, ondedeixamuitodocitoplasmaeseus2espermasnocitoplasmadoovo • 1núcleodoespermauneseaonúcleodoovo,ooutrodegenera • Todos os ovos do arquegónio são fertilizados e desenvolvemse em embriões (poliembrionia).Apenas1sedesenvolvecompletamente.Contudo,3a4%dassementesde pinheiroproduzem2a3plântulasapósgerminação • Noiníciodaembriogénese,formamse4fiadasdecélula • pertodaextremidadeinferiordoarquegónio • cadacéluladacamadasuperioriniciaaformaçãode1embrião

79 • simultaneamente,ascélulasdafiadaabaixodoembrião–célulassuspensorasalongamse muitoeforçamos4embriõesatravésdaparededoarquegónioatéaomegagametófito • Encontra–seassim,umsegundotipodepoliembrionianociclodevidadopinheiro • Porém,maisumavez,apenas1embriãosedesenvolvecompletamente • Naembriogénese,otegumentoevoluiuparainvólucrodasemente. • Sementeconífera: • Combinação de 2 diferentes gerações esporofíticas diplóides – o invólucro da semente (e remanescentesdonucelo)eoembrião,eumageraçãogametofíticahaplóide. • Gametófitoéareservaalimentaroutecidonutritivo. • Embrião:raiz(hipocótilo)emeristemaapicalnumaextremidadeemeristemaapicalevários cotilédones(8)oufolhasseminais,naoutra. • Tegumentocom3camadas–ainternatornaserijoeservedeinvólucrodasemente • Sementessãolibertadasnooutonodo2ºanodoaparecimentodoconeepolinização. • Namaturaçãoasescamasdoconeseparamseeassementessãolevadaspelovento No Pinus contorta as sementessãoresistentesaofogo.Em P. flexilis e P. albicaulis as sementes grandes e aladas são colhidas e guardadas por pássarospara serem comidas posteriormente, muitassãoperdidaseajudamadispersão.Amaioriadasconíferastemcicloreprodutivoapenas de1ano.Entreapolinizaçãoeafertilizaçãodecorrem3diasou¾semanas(nãoos15mesesdo pinheiro). Principais divisões do grupo Compreende4divisões:Cycadophyta(cicas) Ginkgophyta(ginkgobiloba) Coniferophyta(coníferas) Gnetophyta(gnetófitos) Phyllum Cycadophyta Conhecidasdesdehá250milhõesdeanos(Pérmico)e aindapersistentescomofósseisvivos, muitonumerosasnoMesozóico(130a100milhõesdeanos)–“Idadedascicasedinossauros”. A única família ( Cycadaceae ) que chegou aos nossos dias compreende 11 géneros e 140 espécies nas regiões tropicais e subtropicais. Asplantassão semelhantes a palmeiras pois as folhas funcionais apresentamse em grupos de 5 no cimo do caule semelhante a espique densamente coberto pela base das folhas. Podem atingir 8 ou mais metros. Apresentam crescimentosecundáriodevidoàactividadedeumcâmbiovascular,contrariamenteàspalmeiras A parte central é uma grande massa de medula. Por vezes são altamente tóxicas por terem neurotoxinas e substâncias carcinogénicas. Hospedam cianobactérias e assim fixam o azoto atmosféricoenriquecendoassimoslocaisondehabitam. Sãoplantasdióicasqueexibemflores nuasdispostasemestróbilosnoápice.Asmasculinassãoconstituídasporfolhasestaminaisem formadeescamaouescudo,comnumerosossacospolínicosnapáginainferior.Otubopolínico é não ou pouco ramificado e o esperma multiflagelado. Têm um microgametófito com dois espermas. As flores femininas do tipo mais arcaico encontramse em todas as espécies do género Cycas. Oápicevegetativocaulinarproduzgeralmenteum grandenúmerodecarpelos, cobertospordensoindumentocastanhoamarelado, emvezdefolhasvegetativas;estasfolhas carpelaresnãosetornamverdesenaparteinferiorformamalgunsóvulosemposiçãomarginal. Oápicevegetativonãocessaodesenvolvimentoeapósalgumtempoformanovamentefolhas vegetativas e catafilos. As flores femininas das Cycas , muito primitivas, não apresentam crescimento limitado, contrariamente às suas flores masculinas e femininas e masculinas de todososoutrosgénerosdecicadáceasemqueoápicevegetativosuspendeasuaactividade,tal comotodososespermatófitos.Apósafecundação,queocorreapósalgunsmesesdapolinização (que é entomófila – grupo dos coleópteros (escaravelhos)), desenvolvem grandes sementes,

80 cujos tegumentos se tornam carnudos exteriormente (sarcotesta) e pétreos,pela formação de esclerênquimainteriormente(esclerotesta). Devidoàssuasdecorativasfolhaspenatissectas,cultivamsemuitasvezesemestufa,podendo também ser encontradas em alguns dos nossos jardins ao ar livre, principalmente Cycas revoluta ,origináriadeJava. Phylum Coniferophyta Adesignaçãoconíferasignificacomconesoupinhasereferese aosagrupamentosdasflores femininas,quesãomuitoreduzidaseconfundemsecomasescamasovulíferas;frequentemente também soldadas com as suas brácteas (escamas protectoras). Estes complexos de escamas protectoraseovulíferasformammuitasvezesinflorescênciasestroboliformes(pinhas).Éamais numerosa, a mais espalhada e ecologicamente a mais importante das divisões das gimnospérmicas actuais. Compreende cerca de 70 géneros e 630 espécies pertencentes a 7 famílias.Como exemploreferese Sequoia sempervirens (conífera) a plantavascularmaisalta dascostasdaCalifórnia e SudoestedeOrégão,com113mdealturae11 mdediâmetro.Às coníferas pertencem árvores como pinheiros, abetos, píceas de grande valor comercial As florestasdeconíferassãoasmaisimportantesfontesderiquezanaturaisemvastasregiõesda zonatemperadadoNorte.NoiníciodoTerciário,algunsgénerosestavammaisespalhadosque actualmente. As coníferas datam do período Carbónico (300 milhões de anos). As coníferas actuais têm as folhas aciculares (em agulha) ou escamiformes, com muitas características de resistênciaàsecura,benefíciosecológicosemcertoshabitatserelaçãocomadiversificaçãodo filonoperíodoPermiânico(290a245milhõesdeanos),vivendoemgeralváriosanos(excepto Larix decidua Miller,defolhacaduca). Principais famílias e géneros Família Pinaceae Aestafamíliapertencemasconíferasflorestaismaisimportantes.Aelapertenceogénero Pinus L.,géneroquedáonomeàfamíliaeàdivisão. Géneros: Abbies – abetos–oabetocomum( Abbies alba Miller), éumparentemuitopróximodapícea comumquevivenasmontanhasaté900mdealtitude,apartirdosquaisjánãopodesobreviver, poisnãoresisteaogelo.Aspinhassãocaracterísticas,composiçãoerecta,oqueasdistingueda píceacomum,emquesãopendentes. Cedrus – cedros – uma das espécies é o Cedrus libani A. Richard, cujas plantas desempenhavamumpapelmuitoimportantenaAntiguidade. Larix –larício–olarícioeuropeu( Larix decidua Miller)éaárvoremaisimportanteecomum nosAlpes,necessitandodemuitaluz. Picea – píceas – a pícea comum ( Picea abbies (L.) Karsten atinge 50 m de altura, contrariamente aos pinheiros, possui compridas raízes horizontais, que encontram nutrientes mesmoemsolospoucoprofundos Pinus – pinheiros. Os pinheiros possuem uma raiz principal que penetra profundamente no subsoloepermitelhesextrairáguasuficientemesmoemsolossecosearenosos.Podemainda associarseaalgunsfungos,formandoasmicorrizas,associaçãobenéficaparaambos,podendo destemodoretirarmaisfacilmenteosnutrientesdosolo.Opinheirosilvestre( Pinus sylvestris L.)formaextensasflorestasnoCentroeMortedaEuropa.EmPortugalcresceespontaneamente naserradoGerês,ondeactualmentejárareia,eécultivadoflorestalmenteemalgumasserrasdo Norte (serra do Montesinho). O pinheiro bravo ( Pinus pinaster Aiton) é muito cultivado florestalmente no Norte e Centro do país e possivelmente espontâneo nas areias litorais. O pinheiro manso ( Pinus pinea ) produz os pinhões, sendo a única espécie que não produz sementes aladas. No pinheirodealepo ( Pinus halepenssi Miller), as pinhas desprovidas de

81 sementespodempermanecermuitotemponaárvore.Naszonasdemontanhaexisteopinheiro ganchudo ( Pinus uncinata Miller ex Mirbel) que pode desenvolver formas anãs a elevada altitude, podendo mesmo, crescer acima do limite do estrato arbóreo, onde nenhuma outra árvorepodesobreviver.Otronco,queapresentacascavermelhaquando jovem,adquire mais tardeumacoracinzentada. Tsuga –tsugas Pseudotsuga –pseudotsugas– apseudotsuga( Pseudotsuga menziesii (Mirbel)Franco,queé muitoapreciadapelassuasfolhas, aromaequalidadedamadeira,éorigináriadaAméricado Norte. Cupressaceae AscupressáceasadquiriramonomedogénerotípicoCupressus. Géneros : Chamaecyparis – falsosciprestes. Chamaecyparis lawsoniana (A.Murray)Parléumaespécie muitoconhecida. Cupressus – ciprestes. O cipreste comum ( Cupressus sempervirens L.) é tipicamente mediterrânico,defolhasescamiformes,quefazemlembraroscemitérios.Sãotambémcomuns Cupressus macrocarpa e Cupressus lusitanicus . Juniperus –juníperos,zimbros. Juniperus communis L.(zimbro)éumarbustoperenifóliodas montanhas,característicodematosdezonaspedregosas,acimados1000m,nasserrasdoGerês eEstrela,quepodecresceremsolosmuitoácidos.Asfrutificaçõessãogálbulosbaciformes.A sabrinadaspraias ( Juniperus phoenicea L.), com gálbulos amarelos ou vermelhoescuros quandomaduros,éumarbustodazonalitoral,emlocaisrochososouarenososdoCentroeSul dopaís. Thuya - árvorevida,tuia.Plantadasnosjardinscomoornamenta. Libocedrus- cedroincenso Xanthocyparis - Xanthocyparis vietnamensis -éuma novaespécieencontradarecentementeno Vietname Araucariaceae Géneros : Agathis Araucária – araucárias.PlantasorigináriasdaAméricadoSul. Podocarpaceae Géneros : Dacrydium Podocarpus AmboscrescememflorestastropicaisesubtropicaisdaAméricadoSuledoSuldaÁsia. Taxodiaceae Géneros : Metasequoia Sequoia – sequóias. As sequóias Sequoia sempervirens (D. Don) Endl. e Sequoia dendron giganteum (Lindl.)Buchh.,podematingirmaisde100mdealtura. Sequoiadendiron – sequóiagigante Taxodium – ciprestecareca,taxódio. Taxodium distichum (L.)L.(taxódio)do SuldaAmérica doNorte. Cryptomeria Cryptomeria japonica (L.f.)D.DonéplantadacomoornamentalnosAçores, temumamadeiraocasionalmenteusadaemmarcenaria. Cephalotaxaceae Género : Cephalotaxus Taxaceae – compreendeespécies unicamentedohemisférionorte.Nonossopaíssócrescea espécie Taxus baccarta L., do género Taxus (teixo). Encontrasee m risco de extinção, declaradacomoespécieprotegida. Éumaárvoredióicaenãoresinosa,cujasfolhasaciculares

82 compridaseescuras,deinserçãoalternanumsóplano,contêmumalcalóidemuitovenenoso,a taxina.Asua madeiraavermelhada edura, maselástica,é muitoapreciada emcarpintaria.As floresfemininas,axilares,solitáriasougeminadas,comumaoumaisescamasestéreis,têm1só óvuloortotrópico,solitário,desenvolvemumaestruturacarnudacupuliformeàvoltadasemente decorvermelhovivo,oarilo. Phyllum Ginkgophyta Compreendemumsógéneroeumasóespécie Ginkgo biloba, queevoluiupoucodesdehá150 milhõesdeanos. ApareceunoPérmico(270milhõesdeanos).Actualmenteéconsideradaumfóssilvivo,poiséa maisantigadasárvoresactuais;nãocrescendoespontaneamentenomundo,masoschinesese japonesespreservaramnaemtemplos.Apartirdaífoiintroduzidaemtodaapartehácercade 200anosemparquesejardins. Tem ramificação aberta e dicotómica, tornandose atractiva, imponente, de crescimento lento até30oumaismetros.Asfolhasdosraminhossãointeiras,asdosramoslongosedasplântulas profundamente lobadas, em forma de leque (flabeliformes), acunheadas e percorridas por nervuras ramificadas dicotomicamente, são caducas no Outono.É resistente àpoluição aérea, cultivadanosparquesejardinsepasseiosurbanos.Édióicacomoascicas.Asárvoresfemininas têm óvulos aos pares na extremidade de caules curtos, maduros no Outono para produzir sementesdecoramarelapálida,carnudas,deodordesagradável,devidoàpresençadosácidos butanóico e hexanóico (também em manteiga rançosa e queijo romano). Porém, o caroço (megagametófitoeembrião)temsaborapeixee éumadelícia apreciadanaChinaeJapão.A fertilizaçãodoóvulosóocorreapósqueestecaidaárvore.Omicrogametófitoéumhaustório extensivamente ramificado que se desenvolveu inicialmente a partir do tubo polínico não ramificado. O crescimento do tubopolínico dentro do nucelo é estritamente intercelular, sem qualquerprejuízoparaascélulasdonucelo.Eventualmente,apartebasaldestesistemaorigina uma estrutura semelhante a escama, com 2 grandes espermas multiflagelados. A ruptura da escamalibertaosespermas. Phyllum Gnetophyta (membros com características semelhantes a Angiospérmicas) Compreende algumas espécies antigas já com muitas características das angiospérmicas. Possuem embriões com dois cotilédones e no xilema secundário apresentam vasos lenhosos, enquanto as outras gimnospérmicas só têm traqueídos. A polinização pode ser anemófila ou entomófila.Em1990foireferidatambémaduplafertilização(fusãodeumsegundonúcleodo esperma com um núcleo do megagametófito) em Ephedra. A dupla fertilização, considerada exclusiva das Angiospérmicas, pode actualmente, ter estado presente no antepassado comum das Angiospérmicas e gnetófitos. Porém, nas Angiospérmicas, a dupla fertilização origina o endosperma(tecidonutritivo)em Ephedra e Gnetum produzembriõesextra. Comprende três famílias, 3 géneros e 70 espécies. Nenhum destes 3 géneros seria possivelmenteumantepassadodequalquerAngiospérmica,poistêmespecializaçõesúnicas. À família gnetácea pertence o género Gnetum que engloba 30 espécies de fanerófitos e fanerófitosescandentescomfolhasgrandesqueparecemasdasAngiospérmicas.Naszonasde monçãodaÁsiaenaszonastropicaisdeÁfricaedaAmazóniacresceumapequenaárvorecujas folhassãoutilizadascomolegumes, Gnetum gnemon L. Ephedra – Com35 espéciesde arbustosprofusamenteramificados comfolhas escamiformes, pequenas e inconspícuas. Devido às folhas pequenas e caules próximos, parecese superficialmentecomo Equisetum (pteridófito).Geralmente,viveemzonasáridasedesertosdo mundo.NaEuropa,crescenoSudoesteMeridional,emsebeslitorais,ofanerófitoescandenteou nanofanerófito Ephedra fragilis Desf.,plantadióica,nãoresinosa,comraminhosarticuladose folhas decussadas ou verticiladas, reduzidas a bainhas curtas colescentes, da família das

83 efedráceas. Ephedra tem polinização anemófila, mas pode também ser visitada por insectos paraapolinização. Welwitschia – aeste género pertencea Welwitschia mirabilis Hookf.,a espécievascular mais bizarra, com a maior parte da planta enterrada na areia. A parte aérea consiste de um disco maciçocôncavoelenhoso,queproduzapenasduasfolhasemformadetira,comváriosmetros decomprimentoe1metrodelargura,denervurasparalelasunidasentresiporanastomosese quefendilhamcoma idade . Algumasproduzem2folhasadicionais. Os ramosqueproduzem conesformamseapartirdetecidomeristemáticonodisco. CrescenosdesertoscosteirosdoSWafricanoemAngola,NamíbiaeÁfricadoSul Apesar dos 3 géneros estarem relacionados e apropriadamente classificadas em conjunto (estudos moleculares referem que gnetófitos são monofiléticos) diferem muito nas suas características Importância económica Ascicasapresentaminteresseornamental. As coníferas são cultivadas como ornamentais em parques florestais. Devido à sua resistência à secura provocada pelo frio, encontramse em florestas sobretudo nas zonas maisfrias.Apresentamgrandeinteresseeconómico.Amadeirautilizasecomocombustível, também na construção de casas e móveis e no fabrico de papel. Da resina obtémse a essência de terebentina; utilizase em medicina, em pomadas, como dissolvente de tintas, vernizes, lacas e borracha, ainda em insecticidas e na produção sintética de cânfora. Os resíduosdedestilaçãoconstituemacolofónia,pezlourooubreu. As plantas do género Ginkgo , são cultivadas como ornamentais em jardins públicos e avenidas,devidoàresistênciaqueapresentamàpoluiçãoatmosférica. As plantas do género Gnetum são cultivadas pelas suas jovens folhas e sementes comestíveis, destas obtêmse uma farinha fina para fins culinários. As suas fibras são utilizadasemcordoaria. Asplantasdogénero Ephedra sãocultivadaspararecobrimentodesolospesados,emjardins rochososemurossecos.Muitasvezessãoutilizadasparaestabilizarosterrenosarenososdas zonascosteiras. 6.3. QUESTÕES PARA AUTOAVALIAÇÃO

1. Oqueentendeporsemente? Porqueéqueasuaevoluçãoconstituiumainovaçãotãoimportanteparaasplantas 2.PorqueseconsideraquetodasasGimnospérmicastêmomesmociclodevidabásico? 3.Nasplantascomsemente,aáguanãoénecessáriaparaqueoespermachegueatéaosovoscomo acontecenasplantassemsemente.Explique. 4. A dupla fertilização seguida da formação de endosperma é única das Angiospérmicas. Como difereaduplafertilizaçãodosgnetófitos Ephedra e Gnetum dadasAngiospérmicas? 5. Opotencialparaapoliembrioniaocorreduasvezesnociclodevidadopinheiro.Explique. 6. Quaisascaracterísticasquepermitemdistinguirasquatro“phyla”dasGimnospérmicas? 7.UmadasmaisimportantesvantagensevolutivasnasProgimnospérmicaséapresençadecâmbio vascular bifacial. O que é o câmbio vascular bifacial, e onde pode ser encontrado além das Progimnospérmicas? 8.Existemevidênciasquenascicas e Gingko osprimeirostubospolínicoseramhaustóriosenão verdadeirostransportadoresdeespermatozóides.Explicar. 9.DequemodoasBennettitalesoucicadióidesseassemelhamàscicas?Ecomodiferem? 10.Explicaraimportânciaeconómicadasgimnospérmicas.

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4. ACTIVIDADES PRÁTICAS Escolhaumgrupotaxonómicoedescrevamorfologicamenteumaplanta.Identifiqueaerefiraasua importânciaeconómica. Façaumrelatóriocomtodosospassosqueseguiu.Completeorelatóriocomabibliografiaconsultada.

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BLOCO IVe V: SISTEMÁTICA DE ANGIOSPÉRMICAS Dalila Espírito Santo

86 BLOCO IV e V. SISTEMÁTICA DE ANGIOSPÉRMICAS DalilaEspíritoSanto

1. QUESTÕES CENTRAIS Quais as características das principais famílias de Angiospérmicas? Como se podem identificar de modo expedito? Em que famílias é que se incluem as principais plantas com interesse económico e ambiental?

2. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS

2.1. Introdução Adelimitaçãodemuitasfamíliasdeplantascomflor(Angiospérmicas)nãoestáaindaestabilizadapor a delimitação de algumas famílias de plantas com sementeter sidomodificadanos últimosanos com a vulgarizaçãodosmétodosdebiologiamolecularecomaaceitaçãodopressupostodequecada taxon deve reunirtodos,esomente,osdescendentesdeumancestralcomum(monofilia).

Actualmente muitos autores já baseiam a circunscrição das famílias das plantas com semente e a sua organizaçãoemgrandesgruposnoANGIOSPERMPHYLOGENY GROUP II(2003).Noentanto,grandepartedas florasactuaissãoorganizadaspelaordemdeCronquist,queintroduziuumsistemaquelevaemconsideração não apenas amorfologia, mastambém a filogenia (história evolucionária)e a composição química das espécies,paraasuaclassificação.

Asfamílias,maisadiantedescritas,foramorganizadasporordemalfabéticaemtrêsgrandesgrupos: Angiospérmicas magnoliídeas, Angiospérmicas monocotiledóneas e Angiospérmicas eudicotiledóneas. As Angiospérmicas magnoliídeas e as Angiospérmicas eudicotiledóneas são designadas, no sistema de CronquistporAngiospérmicasdicotiledóneas.

2.2. Conceitos

2.1. Angiospérmicas magnoliídeas

As Magnoliídeas são plantas herbáceas ou arbóreas, com uma raiz primária de maior dimensão e espessuraqueasrestantes(raizaprumada).Asfolhaspodemterounãoestípulasesãopeninérveas.Flores acíclicas(peçasdispostasemespiral)oucíclicascomverticilosde3peças(e.g.3tépalas,3estames,etc.); homoclamídeas(periantonãodiferenciadoemcáliceecorola).Estamesfrequentementeimperfeitos(filete pouco diferenciado, sistemas invulgares de abertura das anteras, etc.). Ovário súpero. Sementes de cotilédonesimperceptíveis.

87 Distribuição .Trópicosesubtrópicos;oscentrosdeorigemestãoprincipalmentenoSEdaÁsiaeno Brasil. Característicasmorfológicas Fisionomia .Árvoresouarbustos,porvezesmonóicos. Folhas . Simples, alternas ou opostas, sem estípulas, perenes, com numerosas glândulas oleíferas. Inflorescência . Cimeiras, pseudocachos, pseudoumbelas ou mistas, geralmente sem brácteas. Flor .Hermafroditasouunissexuais,actinomórficas,geralmentetrímeras;periantoperíginico comgeralmente6segmentosdivididospordoisverticilosde3;estamesperigínicos ouepigínicos,geralmente12,em4fiadasde3,porvezesreduzidosaestaminódios; ováriogeralmentesúpero,unicarpelarou3carpelarmasunilocular. Fruto .Bagadrupácea. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : abacateiro–Persea americana Aromática/Perfumaria: canforeira–Cinnamomum camphora loureiro–Laurus nobilis caneleira–Cinnamomum zeylanicum Espéciesdeinteresseambiental Sãoplantasendémicas,fazendopartedeumaformaçãotradicionalmentedesignadapor laurisiilva : loureirodosAçoresLaurus azorica (Açores) loureirodasCanárias–Laurus novocanariensis (Madeira) tilOcotea foetens (Madeira) vinhático–Perseaindica(Madeira) barbujano– barbujana (Madeira) Outras plantas importantes : Berberidaceae Berberis spp.,designadamente B. maderensis endémicadaMadeira Magnoliaceae Magnolia spp. Ranunculaceae Ranunculus cortusifolius –endémicodosAçoresedaMadeira Anemone spp.

2.2. Angiospérmicas monocotiledóneas

AsMonocotiledóneassãoplantasgeralmenteherbáceas,comtodasasraízesmaisoumenosdamesma espessuraeinseridasnabase docaule(raízesfasciculadas);folhasgeralmentesimplesecompletas,sem estipulas, de nervação quase sempre paralelinérvea; flores cíclicas com verticilos de 3 peças, nuas, homoclamídeasouheteroclamídeas;sementescom1cotilédoneoucotilédonenãodiferenciado.

88 AMARYLLIDACEAE Distribuição .Principalmenteregiõestropicalesubtropical. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasvivazes(geófitosbulbososourizomatosos). Folhas .Maisoumenoslineares,nasuamaiorpartebasais. Inflorescência .Geralmenteumescapocomumaoumaisespatas,cimosa,frequentemente umbeliformeoucapituliforme,porvezessolitária. Flor . Hermafroditas, actinomórficas ou zigomórficas; flores trímeras de perigónio constituídopor6segmentospetalóides;coroaporvezespresente;estames6;ovário geralmente ínfero, raramente semiínfero, 3carpelar, 3locular ou raramente 1 locular;estiletesimplescomumestigmacapitadoou3lobado. Fruto .Pseudocápsulaloculicidaoupseudobaga. Espéciesdeinteresseeconómico : Ornamentais : Amaryllis belladona Clivia Crinum Narcissus Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicosdePortugal: Narcissus calcicola –nasfendasdasrochascalcáreasdoCentroeSul Narcissus scaberulus –incltosemsolo granítico,nazonacentraldabaciado Mondego

NOTA:Todosos Narcissus spp.estãoprotegidospelaconvençãoCITES.

ARECACEAE (PALMAE) Distribuição .Tropicaisesubtropicais. Característicasmorfológicas Fisionomia .Arbustos,trepadeirasouárvores,frequentementemonóicas,porvezesdióicas. Folhas . Agrupadas no ápice dos espiques, as formas arbóreas,ou alternas em algumas arbustivasetrepadeiras,palmadasoupinadas,geralmentegrandesecombainhaa envolverocaule. Inflorescência .Grandeegeralmentemuitoramificada,designadaporespádice,subtendida porumaoumaisbrácteas. Flor .Geralmenteunissexuais,actinomórficas;florestrímerasdeperigónioconstituídopor6 segmentos livres ou unidos; estames 6; ovário súpero, 3carpelar, geralmente3 locularouporvezes1locular. Fruto .Bagaoudrupa.

89 Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação: tamareira Phoenix dactylifera coqueiro–Cocus nucifera dendém–Elaeis guineeensis Ornamentais: palmeiradasCanárias –Phoenix canariensis Trachycarpus fortunei Howea spp. Espéciesdeinteresseambiental palmeiradasvassouras–Chamaerops humilis ,noBarrocalalgarvio IRIDACEAE Distribuição .Principalmenteregiõestropicalesubtropical. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasvivazes(geófitosbulbosos,cormosoourizomatosos). Folhas .Geralmentelinearesaensiformes,dísticas. Inflorescência .Terminal,geralmentecimosaousolitária,comumaoumaisespatas. Flor . Hermafroditas, actinomórficas ou zigomórficas; flores trímeras de perigónio constituído por 6 segmentos petalóides, livres ou unidos; estames 3opostos aos segmentos externos doperigónio;ovário ínfero, 3carpelar, geralmente 3locular; estiletegeralmente3ramificadoemaisoumenospetalóide. Fruto .Pseudocápsulaloculicidadeiscentepor3valvas. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação: açafrão - Crocus sativus Ornamentais: lírio –Iris germanica eoutros Crocosmia Crocus Freesia Gladiolus LILIACEAE Distribuição .Cosmopolitas. Característicasmorfológicas Fisionomia .Nasuamaiorparteervasvivazes(geófitosbulbosos,tuberososoucormosos), porvezesarbustivasoutrepadeiras. Folhas .Basaisoucaulinares,alternasouverticiladas,porvezescarnudaseespinhosasna margem;raramentereduzidasaescamas(filocládios). Inflorescência .Geralmentecimosaousolitária,porvezesemumbela. Flor . Geralmente hermafroditas, actinomórficas,trímeras,hipogínicas; flores trímeras de perigónio constituído por 6 segmentospetalóides, porvezes sepalóides, livresou

90 unidos; estames em doisverticilos de 3; ovário súpero,3carpelar, geralmente3 locular. Fruto .Cápsula,porvezesbaga. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação: alho - Allium sativum alhofrancês–Allium porrum cebola–Allium cepa cebolinho–Allium schoenoprasum espargo–Asparagus officinalis Medicinais: abrótea –Asphodelus spp. aloé–Aloe vera eoutros cebolaalbarrã–Urginea maritima selodeSalomão –Polygonatum odoratum Ornamentais: dragoeiro– Dracaena draco ,endémicadaMacaronésia Colchicum Yucca Sansevieria Tulipa Fritillaria Lilium Hyacinthoides Hyacinthus Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicosdePortugal: Allium schmitzii –Nasmargensdoscursosdeáguaefendashúmidasderochas(por ex.nafozdoTua) Asphodelus bento-rainhae –EmincultosesearasdasáreasmontanhosasdoCentro (SerradaGardunha) Bellevalia hackelii –EmsítiossecosdoBarrocalalgarvio Gagea lusitanica –Emincultosefendasderochas Scilla maderensis –nosrochedoslitoraisemilhasdaMadeira Smilax canariensis –sítiosrochososdacostanortedaMadeira. MUSACEAE Distribuição .Trópicos Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasgrandes,porvezeslembrandoárvores,comaparentescaulesaéreosnão ramificadosformadospelasbainhasdasfolhas. Folhas .Alternas,grandes,inteiras,porvezesdísticas,peninérveas. Inflorescência .Cachos. Flor .Hermafroditasouunissexuais,zigomórficas,combrácteasouespatasnabase;perianto petalóide, formado por6 segmentos dispostos em dois verticilos de 3, livresou unidos em aprte; estames6, sendo geralmente um estaminóide; ovário ínfero,3 carpelar,3locular,com1∞óvulosanatrópicosemcadalóculo. Fruto .Pseudocápsulaoupseudobaga. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : bananeira–Musa acuminata cvs.

91 Ornamentais : Heliconia Strelitzia ORCHIDACEAE Distribuição .Cosmopolita. Característicasmorfológicas Fisionomia . Ervas vivazes com rizomas ou raízes tuberosas, geralmente terrestres (nas regiões temperadas) ou epífiticas (geralmente nos trópicos), ocasionalmente saprofíticas(ex. Neottia ),por vezestrepadeiras, geralmente com microrrizas . Caules folhosos ou escaposos, por vezes engrossados na base formando pseudobolbos. Folhas .Simples,geralmentealternasedísticas,porvezesreduzidasaescamasnasplantas saprofíticas. Inflorescência .Solitáriaouracemosa(cachoouespiga). Flor . Hermafroditas, zigomórficas, muito diversas em forma, tamanho e côr; perigónio formadopor6segmentosdispostosemdoisverticilosde3,oexternosepalóide,o interiorpetalóide,comosegmentointernomédiomuitomodificado(labelo),oqual éfrequentementeprolongadonabaseporumesporão;apesardolabeloseratépala superior, frequentemente aparece no lado inferior da flor, o que acontecepor o ovárioouopedicelotorcercercade180º;estamesgeralmente1,maisraramente2 ou3,agregandoseosgrâosdepólenempolinídeas;ovárioínfero,3carpelar,1 locular,comnumerososóvulosdeplacentaçãoparietal;estilete,estigmaseestames variadamente adnados, numa simples e muito complexa estrutura colunar (ginostémio);estigmasbasicamente3,masapenas2férteis,sendoomédioestéril representadoporumasaliênciaemformadebico,orostelo. Fruto .Pseudocápsula. Espéciesdeinteresseeconómico : Aromáticas/Medicinais : baunilheira–Vanilla planifolia salepo–Orchis spp., Dactylorhiza spp. Ornamentais : Cattleya Paphiopedilum Dendrobium Phalaenopsis Espéciesdeinteresseambiental Todasasorquidáceas,emparticular Platanthera micrantha e P. azorica ,endémicasdoAçorese Goodyera macrophylla, Dactylorhiza foliosa e Orchis scopulorum,endémicasdaMadeira.

92 POACEAE Distribuição .Cosmopolita. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervas anuais, vivazes ou perenes. Caules (colmos) simples ou ramificados, erectosouprostrados,geralmentecilíndricos,ocosnosentreósecomtabiquesnos nós. Folhas . Alternas, dísticas, completas, as bainhas a envolver o caule com uma lígula membranosaouformadaporumaorladepêlos,raramentenula,najunçãocomo limbo;limbomaisoumenoslinear,paralelinérveo. Inflorescência .Espiguetasdispostasemespigas,panículasoutirsos.Espiguetasconstituídas por flores solitárias ou várias dispostas alternadamete sobre um eixo articulado (ráquila)tendonabasegeralmente2glumas,menosvezesnenhumaou3. Flor . Hermafroditas; estames geralmente 13, com 2 escamas transparentes na base (lodículas)eováriosúpero,unilocular,com2estiletes,oconjuntorodeadopor1ou 2brácteas(glumelas);glumelainferiordecadaflor(lema)frequentementearistadae com um espessamento na base (calo); glumela superior(pálea) porvezes muito pequenaounula. Fruto .Cariopse. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação/forrageiras : alpista–Phalaris canariensis arroz–Oryza sativa aveia–Avea sativa, A. strigosa, A. byzantina canadeaçúcar–Saccharum officinarum centeio–Secale cereale cevada–Hordeum vulgare cevadadística–Hordeum distichon milho–Zea mays sorgo–Sorghum vulgare trigomole–Triticum aestivum trigoduro–Triticum durum Ornamentais : bambús misturasváriasemrelvados( Agrostis, Festuca, Lolium, Poa, Vulpia ) tufosemjardins : Festuca glauca, Stipa gigantea, Corynephorus canescens Espécies de interesse ambiental : Ammophila arenaria, Elymus farctus, usadosnarecuperaçãodedunas Phragmites australis ,caniçais SãoendémicasdePortugal,entreoutras: Agrostis azorica –sítioshúmidosdosAçores Agrostis congestiflora, A. gracililaxa –sítiossecosdosAçores Avenula hackelii –solosarenososdolitoralSW Deschampsia maderensis – encostasdossítiosmaiselevadosdaMadeira Deschampsia stricta – matossecosdoCentroeSul

93 Festuca brigantina –fendasderochasultrabásicas Festuca duriotagana –margenspedregosasdosriosmaistermófilos Festuca henriquesii –SerradaEstrela Festuca petraea –litoralrochosodosAçores Holcus rigidus – sítioshúmidosdosAçores Parafestuca albida – sítiosrochososelevadosdoesteecentrodaMadeira Pseudarrhenatherum pallens – clareirasdematossobresoloscalcáriosdoCentro. NOTA:A Cortaderia selloana ,umaplantadaAméricado Sulintroduzidacomoornamental,éumadas invasoras mais perigosas na Europa. Muitas espécies são forrageiras ( Festuca, Lolium, Poa, Dactylis, Anthoxanthum, Phalaris ),muitasoutrassãonitrófilasecomportamsecomoinfestantesdeculturas. Outras plantas importantes : Bromeliaceae Ananas comosus– ananás,abacaxi Muitasornamentais (Aechmea, Bromelia, Billbergia, Tillandsia) Cannaceae Canna indica– canadaÍndia(ornamental) Dioscoreaceae Tamus edulis – porvezescultivadanaMadeirapelostubérculoscomestíveis Maranthaceae Marantha spp ., Calathea spp.(ornamentais) Zingiberaceae Zingiber officinale– gengibre NOTA: Hedychium gardneranum ,aconteira,éumadaspioresinvasorasnasilhasdosAçoresedaMadeira

2.3. Angiospérmicas eudicotiledóneas

AsEudicotiledóneassãoplantasherbáceasaarbóreas, com raiz aprumada. Folhas com ou sem estípulas,raramentecombaínha,peninérveasoupalminérveas,raramenteparalelinérveas.Floresgeralmente cíclicascomverticilosde4ou5peças;heteroclamídeas(periantodiferenciadoemcáliceecorola).Estames comfileteeanterabemdiferenciados.Ováriosúperoouínfero.Sementesde2cotilédonesfrequentemente muitopequenos. APIACEAE (UMBELLIFERAE) Distribuição .Cosmopolita,principalmentenonortedaregiãotemperada Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasouarbustosherbáceos. Folhas .Alternas,semestípulas,depecíoloalargadonabase,penatidivididas,menosvezes inteiras. Inflorescência .Umbelacomposta.

94 Flor .Hermafroditas,pentâmeras,pétalaslivres,geralmentebrancasouamareladas,menos vezesausentes;ovárioínfero,bicarpelar;2estiletesalargadosnabasenumdisco nectarífero(estilopódio). Fruto .Cremocarpoformadopordoismericarposligadospelocarpóforo;faceexternados mericarposestriada,geralmentecomcanaisresíniferosentreascostasprimárias. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : aipo–Apium graveolens anis–Pimpinella anisum cenoura–Daucus carota cherívia–Pastinaca sativa coentro–Coriandrum sativum cominhos–Cuminum cyminum salsa–Petroselinum crispum Medicinal : angélica – Angelica archangelica funcho–Foeniculum vulgare Ornamentais : Astrantia spp. Eryngium spp. Espéciesdeinteresseambiental SãoplantasendémicasdePortugal: Ammi huntii emsítiosfrescosdeilhasdosAçores Angelica angelicastrum - emsítioshúmidos,acimade800mnaSerradaEstrela Bunium brevifolium, Peucedanum lowei –picoselevadosdocentrodaMadeira Chaerophyllum azoricum –emsítiosfrescosdeilhasdosAçores Sanicula azorica –dosAçores Seseli peixoteanum –nossolosultrabásicosdoNordeste NOTA: acicuta (Conium maculatum )easraízesdoembude( Oenanthe crocata )sãodasmaisvenenosasda floraportuguesa. ASTERACEAE (COMPOSITAE) Distribuição .Cosmopolita. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervas,menosvezesarbustosouárvores.Algumassãolaticíferas,outrasoleosas Folhas . Geralmente alternas, menosvezesopostas, raramente verticiladas, sem estípulas, simplesoucompostas,formandofrequentementerosetabasal. Inflorescência . Capítulos simples ou agrupados em cachos, menos vezes em capítulos compostos. Capítulo rodeado de brácteas involucrais, por vezes com brácteas interflorais. Flor . Unissexualou hermafrodita, pentâmeras,pétalas unidas emtubo ouformando uma língua(lígula),frequentementeasmarginaisfemininasebrancasouamarelas,eas dodiscotubulosaseamarelasouacastanhadas;cálicerepresentadoporumpapilho depêlosoumembranoso,menosvezesausente;estamessinantéricos;ovárioínfero, bicarpelar;estiletesimplesramificandoseemdoisestigmas.

95 Fruto .Cipselaporvezescoroadapelopapilhopersistente. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : girassol–Helianthus annuus chicória–Cichorium intybus endívia–Cichoriumendivia estragão–Artemisia dracunculus alface–Lactuca sativa alcachofra–Cynara scolymus Medicinal : bálsamo–Tanacetum balsamita camomila–Chamomilla recutita ervacarilHelychrisum stoechas maravilhas Calendula officinales santolina - Santolina chamaecyparissus Tintureira: açafroa – Carthamus tinctorius Ornamentais : Aster spp. Bellis perennis (margarida) Cosmos spp. Dahlia spp. Helychrisum spp. Santolina spp. Tagetes spp.(cravostúnicos) Zinnia spp. Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicasdePortugal,entreoutras: Andryala crithmifolia –litoraldaMadeira Argyranthemum dissectum, A. thalassophilum, A. haemotomma, A. pinnatifidum –dasilhas daMadeira,comvalorornamental Bellis azorica –paspagensacimade500memilhasdosAçores Calendula maderensis –litoraldaMadeiraeDesertas Carduus squarrosus – baixasaltitudesdaMadeira Cheirolophus massonianus –locaisrochososdaMadeiraePortoSanto Cirsium latifolium –ravinasdaMadeira Crepis noronhae –sítiossecosdePortoSanto Helichrysum melaleucum, H. obconicum, H. monizii ,daMadeira,comvalorornamental Pericallis aurita –sítioselevadosdaMadeiraePortoSanto Phagnalon bennettii –sítiossecosdaMadeiraeDesertas Santolina semidentata –solosultrabásicosdoNordeste Santolina impressa –solosarenosos,pertodolitoralnoCeS Senecio incrassatus –litoraldasilhasdaMadeira Sonchus pinnatus –rochedoseravinasdealtitudenaMadeira Sonchus ustulatus –rochedospertodomaremilhasdaMadeira Tolpis macrorhiza –acimade700mnaMadeira BRASSICACEAE (CRUCIFERAE) Distribuição . Cosmopolita, principalmente no norte da região temperada, especialmente mediterrânica Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasouraramentearbustos.

96 Folhas .Alternas,simples,semestípulas,compêlosunicelularesouramificados. Inflorescência .Cachooucorimbo,geralmenteebracteado. Flor . Hermafroditas,tetrâmeras,pétalas livres, dispostas em cruz e com unha comprida (corolacrucífera),alternascomassépalas;estamestetradinâmicos;ováriosúpero, bicarpelarebilocular;estiletecurtoterminadoporumestigmacapitadoabilobado. Fruto .Silíquaousilícola. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : agrião–Rorippa nasturtium-aquaticum couve–Brassica oleracea cvs. nabo–Brassica rapa mostardabranca–Sinapis alba rabanete,rábano–Raphanus sativus rúcula–Eruca sativa Tintureira: Isatis tinctoria Ornamentais : goiveiro–Cheiranthus cheiri ; Matthiola spp. moedadoPapa–Lunaria annua açafatesLobularia maritima Alyssum Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicasdePortugal: Alyssum serpyllifolium subsp. lusitanicum – incultos dos solos ultrabásicos do Nordeste Arabis sadina locaisrochososcalcáriosdoCentroOestedePortugal Biscutella vicentina –plataformasarenosasdoSW. Cardamine caldeirarum – sítioshúmidosesombriosdeilhasdeAçores. Diplotaxis vicentina –plataformasarenosasdoSW. Iberis procumbens subsp. microcarpa – locais rochosos calcários do Centro de Portugal. Ionopsidium acaule –sítiossecosouarenosospertodolitoraldocentroeSW. Isatis platyloba –nasarribasdoDourosuperior CUCURBITACEAE Distribuição .Principalmentetropical Característicasmorfológicas Fisionomia .Trepadeirasherbáceas. Folhas . Alternas, simples, sem estípulas, arredondadas, inteiras ou palmati ou penatilobadas. Flor . Unissexuais, pentâmeras, pétalas e sépalas unidas; estames 5; ovário ínfero, 3 5carpelargeralmenteunilocular;estigmastantosquantososcarpelos. Fruto .Pepónio,porvezescápsula. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : abóbora(incluiaabobrinha)–Cucurbita pepo cvs. abóboramenina–Cucurbita maxima

97 pepino–Cucumis sativus melão–Cucumis melo melancia–Citrullus lanatus Ornamentais : cabaça–Lagenaria siceraria Medicinal: pepinodeS.Gregório–Ecballium elaterium norçanegra–Bryonia cretica ERICACEAE Distribuição .Cosmopolita,masquaseausentenasregiõesdesertasenaAustralásiaondeafamília vicariante Epacridaceae asubstitui. Característicasmorfológicas Fisionomia .Arbustos,raramenteárvores. Folhas .Geralmentealternas,menosvezesopostasouverticiladas,semestípulas,simples, geralmentepersistentesecoriáceas. Inflorescência .Bracteada;bractéolasgeralmente2ou3. Flor .Hermafrodita,tetrâmerasou pentâmeras,pétalas e sépalas unidas, corola gumilosa, campanuladaouassalveada,comoslobosgeralmenteimbricados;estameslivres, geralmente8ou10;ováriogeralmentesúpero,45carpelar;estiletesimplescomo estigmageralmentecapitado. Fruto .Cápsula,drupaoubaga. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : medronheiro–Arbutus unedo mirtilo–Vaccinium myrtillus Ornamentais : Rhododendron spp. Pieris spp. Gaultheria spp. Kalmia spp. Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicasdePortugal: Daboecia azorica – ilhasdosAçores Erica maderensis, E. scoparia subsp. maderinicola naMadeira Erica scoparia subsp. azorica –nosAçores Vaccinium cylindraceum – ilhasdosAçores Vaccinium padifolium naMadeira

FABACEAE (LEGUMINOSAE) Distribuição .Cosmopolita. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervas,arbustos,árvoresoutrepadeiras. Raízes .Comnódulosde Rhizobium.

98 Folhas . Geralmente alternas, estipuladas, simples ou compostas, porvezes reduzidas ao pecíoloouaescamas. Inflorescência .Cachosimples,panículaouespiga,menosvezescapítulos(nãoenvolvidos porbrácteas)ousolitária. Flor . Regulares ( Mimosoideae ) ou irregulares (corola papilionácea – Lotoideae ou pseudopapilionácea – Cesalpinoideae ), geralmente hermafroditas, pentâmeras; cálicecomassépalasunidasnumtubomaioroumenor;estames10ouinfinitos, monadelfosoudiadelfos;ováriosúpero,monocarpelar. Fruto .Vagem. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : alfarrobeira–Ceratonia siliqua amendoim–Arachis hypogaea ervilheira–Pisum sativum faveira–Vicia faba feijoeiro–Phaseolus vulgaris feijãofrade–Vigna unguiculata grãodebico–Cicer arietinum lentilha– Lens culinaris soja–Glycine max Forrageiras: anafa–Melilotus segetalis ervilhaca–Vicia spp. chicharão–Lathyrus spp. cornichão - Lotus spp. fenacho–Trigonella foenum-graecum luzerna – Medicago sativa eoutras Medicago spp. serradela – Ornithopus spp. sula–Hedysarum coronarium tremocilha–Lupinus spp. trevo–Trifolium spp. Aromática/Medicinal : carquejaChamaespartium tridentatum Ornamentais : Acaciaspp.,desdequenãoinvasoras Cassia spp.,desdequenãosemostreinvasora ervilhadecheiro Lathyrus odoratus falsaacáciaRobinia pseudoacacia ,desdequenãosemostreinvasora. giesta–Spartium junceum glicínia Wisteria spp. olaia Cercis siliquastrum Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicasdePortugal: Anthyllis lemanniana – picosocidentaisdaMadeira Genista tenera –ladosuldaMadeira Lotus argyrodes, L. loweanus, L. macranthus - ilhasdaMadeira Teline maderensis – ilhasdaMadeira Ulex densus –soloscalcáriossecos,pertodolitoral,entreaArrábidaeS.Martinho Vicia capreolata, V. ferreirensis –Madeira,PortoSanto

99 Dominantesemformaçõesarbustivas: Calicotome villosa – matossecossubstituintesdeazinhal Cytisus spp . -giestais Genista spp. Lygos spp.retamais Ulex spp.tojais FAGACEAE Distribuição .Cosmopolita,comexcepçãodaAméricadoSultropicaleaÁfricadoSultropical. Característicasmorfológicas Fisionomia .Árvoresquasesempremonóicas. Folhas .Simples,alternasouraramenteverticiladas,comestípulasgeralmentecaducas. Inflorescência .Amentosoucapitulos. Flor .Unissexuais,floresmasculinascom5amuitosestames,floresfemininassolitárias,em cimeiras paucifloras ou em amentos, envolvidas por um invólucro de brácteas; ovárioínferogeralmente3carpelar(6carpelaremCastanea ). Fruto .Glanderodeadapelacúpulaacrescente. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : castanheiro–Castanea sativa Florestais: carvalhoalvarinho–Quercus robur carvalhodasBeiras–Quercus pyrenaica sobreiro–Quercus suber azinheira–Quercus rotundifolia Ornamentais : faia– Fagus sylvatica Espéciesdeinteresseambiental Dominantesemformaçõesarbóreas/arbustivas: Quercus canariensis – carvalhodeMonchique Quercus coccifera - carrasco Quercus lusitanica - carvalhiça Quercus rivas-martinezii – carrascoarbóreo JUGLANDACEAE Distribuição .RegiõestemperadasdoHemisférioNorteesubtropical,Andes. Característicasmorfológicas Fisionomia .Árvoresmonóicas. Folhas .Caducas,pinadas,alternasouraramenteopostas,semestípulas.Gomoscastanhose peludos. Inflorescência .Amentosmasculinosnosramosdoanoanterior,geralmentecomumabrácea e2bractéolaspresentes. Flor . Unissexuais, flores masculinas com perianto formado por 4 segmentos, mas frequentemente menos por aborto, estames 340, flores femininas com perianto epigínico encerrado numa cúpula adnada; ovário ínfero, 2carpelar, unilocular, estiletecurtocom2estigmas. Fruto .Trima. Espéciesdeinteresseeconómico Na alimentação : nogueira–Juglans regia nogueirapecana–Carya illinoensis Ornamentais : nogueiranegra– Juglans nigra LAMIACEAE (LABIATAE)

100 Distribuição .Cosmopolita,principalmentenocentrodaRegiãoMediterrânica. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervasousubarbustosdecaulescomsecçãoquadrangular. Folhas . Simples, opostocruzadas, sem estípulas, geralmente peludas e com glândulas epidérmicassegregadorasdeóleosvoláteis. Inflorescência .Verticilastrosdispostosemcimeirasoupseudocachos. Flor .Hermafroditas,zigomórficas,pentâmeras;cálicecampanuladoouafunilado,porvezes bilabiado,persistentenofruto;corolageralmentebilabiada;estamesgeralmente4, didinâmicos,porvezes2,epipátalos,comanterasintrorsas;ováriosúperoformado por 2 carpelos unidos sobre um disco nectarífero, tornandose 4locular na maturação.Emmuitosgénerosoestileteéginobásico. Fruto .Clusacom4mericarpos Espéciesdeinteresseeconómico Aromática e/ou Medicinal : alecrim–Rosmarinus officinalis basílico–Ocimum basilicum carvalhinha–Teucrium chamaedrys ervacidreira–Melissa officinalis hortelã/poejos–Mentha spp. óregão–Origanum vulgare sálvia–Salvia officinalis satureja–Satureja montana tomilho–Thymus vulgaris eoutros Perfumaria: alfazema–Lavandula angustifolia alecrim–Rosmarinus officinalis Ornamentais : sálvia–Salvia spendens eoutras alecrim–Rosmarinus officinalis Espéciesdeinteresseambiental SãoendémicasdePortugal: Teucrium salviastrum –matossecosdocimodasmontanhasdoCEeNW Teucrium algarbiense – matos secos em solos arenosos do Sul Thymus lotocephalus, Th. capitellatus, Th. carnosus, Th. camphoratus –dolitoralasuldo Sado OLEACEAE Distribuição .Cosmopolita,especialmenteÁsiatemperadaetropical. Característicasmorfológicas Fisionomia .Árvoresouarbustos,porvezestrepadeiras. Folhas .Simplesoupinadas,geralmenteopostaseinteiras,semestípulas. Inflorescência .Cimeirasoupseudocachosgeralmentecombractéolas.

101 Flor .Hermafroditas,actinomórficas;cálicegeralmentede4sépalasunidas,valvadas;corola geralmente de 4 pétalas unidas, valvadas ou imbricadas, raramente convolutas; estames2,epipétalos,alternoscomoscarpelos;ováriosúpero,2carpelar,2locular; estiletesimplescomestigma2lobado. Fruto .Baga,drupa,cápsulaouesquizocarpo. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : oliveira–Olea europaea var. europaea Perfumaria: jasmim–Jasminum spp. Ornamentais : lilaseiro–Syringa spp. Ligustrum spp. Espéciesdeinteresseambiental SãoplantasendémicasdePortugal: Jasminum azoricum –pontualmenteemravinasdaMadeira Olea europaea var. maderensis –abaixode500memilhasdaMadeira Picconia azorica – abaixo de 700 m em sítios secos de ilhas dos Açores. NOTA: Fraxinus angustifolia, Olea europaea var. sylvestris, Phillyrea angustifolia, Ph. latifolia, são árvores ou grandes arbustos que além de serem ornamentais são adequados àrecuperaçãodepaisagens. ROSACEAE Distribuição .Cosmopolita. Característicasmorfológicas Fisionomia . Árvores, arbustos, trepadeiras e ervas, geralmente perenes. Reprodução vegetativafrequente. Folhas . Alternas, simples ou compostas, geralmente estipuladas, as estípulas geralmente adnadasaopecíolo. Inflorescência .Cimeirasoupseudocachos. Flor . Hermafroditas, actinomórficas, no ápice dos ramos; flores pentâmeras, receptáculo geralmente côncavo (hipanto); cálice dialisépalo ou sinsépalo, epicálice frequentementepresente;coroladialipétala;estamesem1aváriasfiadasde5ounº indefinido;ováriogeralmenteapocárpicoesúpero,raramentesincárpicoeínfero,1 carpelarounomesmonºdaspétalsouemnºindefinido,15locular,com1avários óvulosanatrópicosemcadalóculo. Fruto . Um ou mais aquénios (por vezes inclusos no hipanto – cinorrodo), drupas ou folículos,oupomo. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação :

102 ameixeiraeuropeia–Prunus domestica ameixeirajaponesa – Prunus salicina ameixeira–Prunus domestica amendoeira–Prunus dulcis amorasbravas(silvas)–Rubus ulmifolius eoutros. cerejeira–Prunus avium damasqueiro–Prunus armeniaca framboesa–Rubus idaeus gingeira–Prunus cerasus macieira–Malus domestica marmeleiro–Cydonia oblonga morangueiro–Fragaria x ananassa nespereira Eriobotrya japonica pereira–Pyrus communis pessegueiro–Prunus persica Aromáticas/ Medicinais: Cincoemrama–Potentilla reptans pilriteiro–Crataegus monogyna roseira–Rosa spp. Ornamentais : Cotoneaster, Chaenomeles, ameixeiravermelha–Prunus cerasifera Pyracantha, Spiraea, , Rosa Espéciesdeinteresseambiental SãoplantasendémicasdePortugal: Alchemilla transiens – SerradaEstrela Chamaemeles coriacea –rochedosefalésiasmarítimasdeilhasdaMadeira Marcetella maderensis , Sorbus maderensis –endemismosmuitorarosdaMadeira Potentilla montana –montanhasdoNW diversos Rubus spp.–silvado RUTACEAE Distribuição .Regiõestropicaletemperada,especialmenteSuldeÁfricaeAustrália. Característicasmorfológicas Fisionomia .Árvoresouarbustos,raramenteervas. Folhas . Alternas ou opostas, geralmente compostas, sem estípulas, com glândulas secretórias,translúcidas;porvezestransformadasemespinhossobreramoscurtos. Inflorescência .Cimeiras. Flor . Hermafroditas raramente unissexuais, geralmente actinomórficas, com um grande disco por baixo do gineceu; flores tetra ou pentâmeras; cálice dialisépalo ou sinsépalo; corola dialipétala, com as pétalas imbricadas; estames 810, obdiplostémonos, com anteras introrsas; ovário súpero, raramente semiínferoou

103 ínfero,45carpelar, carpelos frequentemente livresna base mas unidosno ápice peloestilete,plurilocular,com1aváriosóvulosanatrópicosemcadalóculo. Fruto .Drupa,baga,hesperídeo,sâmaraoucápsula. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : laranjeira Citrus sinensis limoeiro–Citrus limon tangerineira–Citrus deliciosa toranjeira–Citrus grandis Medicinal: arruda – Ruta graveolens eoutras Ruta spp. Ornamentais : laranjeiraazeda–Citrus aurantium Phellodendron Murraya paniculata SOLANACEAE Distribuição .Regiõestropicaletemperada,principalmentenaAméricaCentraledoSul. Característicasmorfológicas Fisionomia .Ervas,arbustosoupequenasárvores,porvezestrepadeiras. Folhas .Geralmentealternas,aparentementeopostasnaparteterminaldosramos,inteirasou sectas,semestípulas. Inflorescência .Cimeirasousolitárias. Flor . Hermafroditas, geralmente actinomórficas; flores pentâmeras; cálice sinsépalo, persisente; corola simpétala, rodada, raramente bilabiada, de pétalas geralmente onduladas e convolutas; estames5ou menosnas flores zigomórficas,epipétalos, alternoscomoslobosdacorola;ováriosúpero,2carpelar,2locular,porvezescom divisões secundárias, sobre um discoepíginico; estilete simples com um estigma inteirooubilobado. Fruto .Bagaoucápsula. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : batateira–Solanum tuberosum tomateiro–Lycopersicon esculentum pimenteiro–Capsicum annuum malagueta–Capsicum frutescens beringela–Solanum melongena tomatinhodecapuz–Physalis peruviana tomateiroarbóreoCyphomandra betacea Medicinais (altamentevenenosas) : beladona–Atropa belladonna estramónio–Datura stramonium tabaco–Nicotiana tabacum

104 Ornamentais : alquequenje–Physalis alkekengi petúnia Solanum capsicastrum Solanum pseudocapsicum VITACEAE Distribuição .Principalmenteregiõestropicalesubtropical. Característicasmorfológicas Fisionomia .Trepadeiras ou raramente arbustos erectos, por vezes dióicos ou poligamo monóicos;caulesgeralmentesimpodiais,gavinhosos. Folhas .Alternas,simplesoucompostas,geralmentedísticas,estipuladas. Inflorescência .Cimeirasgeralmentecompostaseopotasàfolha;presençadebractéolas. Flor . Hermafroditas ou unissexuais, actinomórficas; flores tetrapentâmeras; cálice sinsépalo, formando uma taça ligeiramente lobada; corola de pétalas valvadas; estames45,opostosàspétalas,nabasedeumdiscohipogínico;ováriosúpero,2 carpelar, multilocular, geralmente com 2 óvulos anatrópicos, erectos, em cada lóculo;estiletelongooucurtocomumestigmainconspícuoraramente4lobado. Fruto .Baga. Espéciesdeinteresseeconómico : Na alimentação : videira–Vitis vinifera cvs. Ornamentais : Cissus Parthenocissus Espéciesdeinteresseambiental Vitis vinifera subsp. sylvestris Outras plantas importantes : Anacardiaceae Anacardium occidentale – cajueiro Mangifera indica mangueira Pistacia vera –pistácio Pistacia terebinthus –terebinto Annonaceae Annona chorimolia –anona Cannabaceae Humulus lupulus –lúpulo Capparidaceae Capparis spinosa –alcaparra Carycaceae Caryca papaya –mamoeiro,papaeira Chenopodiaceae Beta vulgaris –beterraba(incluiaaçucareira,ahortenseeaforrageira) Spinacea oleracea espinafre Convolvulaceae

105 Ipomoea batatas – batateira doce Ebenaceae Diospyros kaki dióspiro Grossulariaceae Ribes nigrum –groselheiranegra Ribes sativum –groselheiravermelha Moraceae Ficus carica –figueira Morus alba –amoreirabranca Morus nigra –amoreiranegra Passifloraceae Passiflora caerulea - maracujá Piperaceae Piper nigrum -pimenteira Punicaceae Punica granatum –romãzeira Rubiaceae Coffea arabica, C. robusta, C. liberica –cafés Sapindaceae Litchi sinensis –líchi Sterculiaceae Theobroma cacao cacaueiro Tetragoniaceae Tetragonia tetragonioides –espinafredaNovaZelândia Theaceae Camellia japonica –cameleira Camellia sinensis –chá

106 3.ACTIVIDADESPRÁTICAS

3.1. Introdução e objectivos

A identificação é umaparte integrante dataxonomia. As técnicas expeditas de identificação de espéciesvegetaisutilizamasfloraseaschavesdicotómicas.Asflorassãoobrasescritasondesefazemas descrições taxonómicas das plantas de um determinadoterritório; frequentemente compreendem chaves dicotómicas.Estasutilizamoscaracteresvegetativose/oureprodutivos,tomadosemduplasopçõesopostas entresi,queaoseremrespondidasremetemconsecutivamenteanovasduplasopções,atéquesechegueaum determinadoresultado.Aidentificaçãoaquesechegaatravésdeumachavedicotómicadeveserconfrontada comadescriçãopormenorizadadeumaflora,podendo,ainda,recorrerseàobservaçãodirectadematerial arquivadoemHerbário.Aidentificaçãoassumequeexisteumsistemadeclassificaçãoquedistinguiugrupos de plantas e lhes atribuiu um nome. O manuseamento correcto de floras e chaves dicotómicas para identificaçãodeplantaséoobjectivoaatingir.Esteconhecimentoéessencialemáreascomoabiogeografia, bioquímica,ecologia,genética,fisiologia,ousejanasciênciasqueenvolvemplantas,incluindoaagricultura easdisciplinasbiomédicas. Trabalhodecampo/Trabalhodelaboratório Procurecolhernocampoaplantaquetemvindoaestudarnosmódulosanteriores,demodoatêla numestadofenológicoquepermitaasuaidentificaçãoapartirdechavesdicotómicas.Depreferênciacolha umaplantacomraiz(nasplantasherbáceas),caules,folhas,flores,frutosesementes.Seescolherumaplanta comfloresgrandes,emquecadapartesejavistafacilmente,teráaidentificaçãosimplificada.Aidentificação compreendeosseguintespassos: 1) Verifiqueseéumaplantaherbáceaoulenhosa.Seherbáceaéumaplantaanual,vivazou perene? 2) Observeafloredênomeacadaumadassuaspartes. 3) Conteonºdepétalasedesépalas. 4) Verifiqueseassépalaseaspétalassãolivresouestãounidas. 5) Conteonºdeestames.Observeondeelesestãoligados.Notealgumauniãodosfiletes oudasanteras.Observeadisposiçãodasanteras. 6) Conteonºdepistilos,estileteseestigmasdogineceu. 7) Removaoperiantoeosestames.Façaumcortetransversalnoovário.Conteonºde lóculos.Observeonºdeóvuloseotipodeplacentação. 8) Selecione outra flor efaça um corte longitudinal de toda a flor em direcçãoao seu centro.Noteaposiçãodoovárioeafusãodoperianto. 9) Noteotipodefolha,asuadisposiçãoeanervação. 10) Noteadistribuiçãoeostiposdeindumento.

107 Quandotodosestescaracteresestiveremdeterminados,oprocessodeidentificaçãoserámuitomaisfácil. Confronteadeterminaçãoqueconcluiucomadescriçãodamesmaefectuadaporumaflora. Façaumrelatóriocomtodosospassosqueseguiu.Completeorelatóriocomabibliografiaconsultada.

4.QUESTIONÁRIODEAUTOAVALIAÇÃO

• QuetiposdereproduçãovegetativasepodemencontrarnasRosáceas? • Comosedefineemorganografiaabatata? • Comosedesignamoscaulesdasvideiras? • Oqueéumescapo? • Qualadiferençamorfológicaeanatómicaentreumespiqueeumtronco? • NaclassificaçãofisionómicadeRaunkjaercomosedesignamasárvores?Eosarbustos?Easervas? Eastrepadeiras? • Asformasfisionómicaspredominantesnaslabiadassãoacamefíticaeahemicriptofítica:quequer istodizer? • Qualadiferençaentreafolhagemcaduca,marcescenteepersistente? • Ofreixotemafolhagemcaduca:então,ondeopodemosencontrarespontaneamenteemPortugal? • PorqueéquesedizquenasApiáceasasfolhastêmumpecíoloalargadonabaseenãoumabainha? • Comosedistingueumafolhasimplesdumafolhacomposta?Comosãoformadasasfolhaspinadas? • Comosedesignamasfolhasquandoreduzidasapecíolo? • Queformaspodemadquirirostricomas(pêlos)nasplantas?Qualafunçãodosmesmos? • Que tipo de inflorescência é uma umbela? Quetipo de inflorescência é um capítulo? Como se definem? Qual a diferença entre um cacho e um corimbo? O que distingue uma panícula duma espiga?Oquesãoamentos? • Oqueaconteceaocrescimentodumainflorescênciadeumalamiáceasecortaremasuaextremidade? • Comoéconstituídaumacorolapapilionácea?Eumacorolabilabiada? • Oquequerdizeraspétalaspoderemservalvadas,imbricadasouconvolutas? • Qualadiferençaentreplantasmonóicaseplantasdióicas? • Qualadiferençaentrecarpeloepistilo? • Quandoéquesedizqueumestileteéginobásico? • Oquesãoestamessinantéricos?Oquesãoestamesmonadelfos?Ediadelfos? • Oquesãoestamesdidinâmicos? • Comosedefineumacipsela? • Oqueéumcremocarpo?Eummericarpo?Eumcarpóforo? • Qualadiferençaentreumasilíquaeumasilícula?Numasilíquaoqueéorostro?Comoéformadoo septoqueseparaosdoislóculos? • Ofrutodo Ecballium elaterium éespermabólico:quequerissodizer?Comosedefineumpepónio? • Qualadiferençaentreumadrupaeumabaga? • Comosedefineumavagem? • Oqueéumaglande?Eumatrima? • Emquefamíliasocorrembrácteasaformarumacúpula?Eespatas,emquaispodemosencontrar? • Comosedefineumhesperídeo? • Quais as adaptações morfológicas que as Asteráceas apresentam que justificam serem uma das famíliasmaisexpandidasnaTerra? • Aquemodosdedispersãoestãoassociadasasleguminosas? • As Solanáceas são frequentemente polinizadas por insectos: como se designa este tipo de polinização? • Queadaptaçõesapresentamasorquídeasparaqueapolinizaçãosejaefectuadaporinsectos?

108 • Comoéqueoscapítuloscomumaúnicafiadadefloreslíguladasfrequentesnasplantassimplesdo camposetransformamemcapítulosmultiliguladosnasplantasornamentaisdasmesmasespécies? • Quaisaspartesutilizadasdasplantasreferidasdentrodecadafamília? • Quetipodefrutoapresentamasplantasreferidasparaaalimentação? • Frequentementeamargaça( Chamaemellum mixtum )évendidacomosendocamomila( Chamomilla recutita ):numaervanáriacomoéquepodemossaberseéumaououtra? • Emqueépocasesemeiamasabóboras?Porquê? • AsEricáceassãomaisfrequentesemlocaiscompluviosidadeelevadaoucombaixapluviosidade? • PorqueéquemuitasLeguminosassãoinvasoras? • PorqueéqueasLeguminosassãoessenciaisnaalimentação? • Dasplantasdogénero Quercus qualaqueestámelhoradaptadaaofogo?Porquê? • Aoliveiraéumaárvoretipicamentemediterrânica:queadaptaçõesmorfológicasapresentaaeste tipo de clima, em que 2 meses têm uma pluviosidade inferior ao dobro da temperatura? Que adaptaçõesàfaltadeáguaapresentaumaazinheira? • Comosedistingueumaoliveiradumzambujeiro? • Umanogueiraisoladapodedarfruto?Porquê? • PorqueproduzirãoasLamiáceasóleosessenciais? • AslauráceassãoMagnoliídeas:quaisascaracterísticasmorfológicasevidentesquetraduzemessa separaçãodasrestantesAngiospérmicas? • A amplitude das características morfológicas das Compostas, das Leguminosas e das Rosáceas, justificaasuadivisãoemsubfamílias:quaissãoelaseoqueasdistingueentresi? • A arruda é um pequeno arbusto, com um cheiro muito intenso e desagradável: porque é que a laranjeiraédamesmafamíliadaarruda?NoAPGIItambémassimasconsideram? • MuitasdasSolanáceassãoplantasvenenosas,aprópriabatateiratambémévenenosa,entãoéseguro comermosbatatas? • Comoéquesepodedistinguirumavideirasilvestredeumavideiraeuropeia,cultivadaedepois abandonada? • Porqueéqueoscharcosmediterrânicostemporáriossãohabitatsprioritáriosparaaconservação?O quesãoplantascosmopolitas?Oquesãoplantasendémicas?Oqueéumlivrovermelhodaflorade umdeterminadopaís?OqueéaIUCN?QuaissãoascategoriasemqueaIUCNdivideasplantas? • Quando é que as plantas se dizem vicariantes? Como se designam em português as formações dominadasporericáceas?Comosedesignaograndebiomadominadoporericáceas? • Oquesãoplantasalóctones?Oquesãoplantasautóctones? • Comosechamamasformaçõesdominadasporsobreiro,comaproveitamentoagrosilvopastoril? • Frequentemente as labiadas são plantas rupícolas (fissurícolas ou casmofíticas), helófitas e termófilas:entãoondeasencontra?

109 5. FONTES DE CONSULTA

Bibliografia básica EspíritoSanto M.D. , Monteiro A. 1998 Infestantes das Culturas Agrícolas. Chaves de Identificação. Ed.ADISA.90pp Lindon,F.,Gomes,H.&Campos,A.2001.AnatomiaeMorfologiaExternadasPlantasSuperiores. Lidel.Lisboa.

Bibliografia complementar FontQuerP.1982.DiccionariodeBotánica.EditorialLabor,S.A.Barcelona. Franco,J.A.&RochaAfonso,M.L.1994.NovaFloradePortugal. Alismataceae – Iridaceae .3(1). EscolarEditora.Lisboa. Franco,J.A.&RochaAfonso,M.L.1998.NovaFloradePortugal. Gramineae .3(2).Escolar Editora.Lisboa. Franco,J.A.&RochaAfonso,M.L.2003.NovaFloradePortugal. Juncaceae – Orchidaceae .3(3). EscolarEditora.Lisboa. Franco,J.A.1971.NovaFloradePortugal.1.Ed.autor.Lisboa Franco,J.A.1984.NovaFloradePortugal.2.Ed.autor.Lisboa Hickey,M.&King,C.1988.100FamiliesofFloweringPlants.2ned.CambridgeUniversityPress. Cambridge.Delaveauetal.1983. Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais . Selecçõesdo Reader’sDigest.Lisboa. Izco,J.,Barreno,E.,Brugués,M.,Costa,M.,Devesa,J.,Fernández,F.,Gallardo,T.,Llimona,X., Salvo, E.,Talavera, S., Valdés,B.1997. Botánica .McGrawHillInteramericanade España, S.A.U.Madrid. Jardim,R.&Francisco,D.2000. Flora endémica da Madeira .MúchiaPublicações.Funchal. Jones,S.B.,Jr.&Luchsinger,A.E.1979. Plant Systematics .McGrawHillInt.NewYork. Masefield, G.B., Wallis, M., Harrison, S.G. & Nicholson, B.E. 1980. Guía de las Plantas Comestibles .EdicionesOmega,S.A.Barcelona Press, J.R. & Short,M.J. (eds) 1994. Flora of Madeira . The Natural HistoryMuseum. HMSO. London Rocha,F.1996.NomesVulgaresdePlantasExistentesemPortugal.DirecçãoGeraldeProtecção dasCulturas.ProduçãoAgrícola.Ed.especial.Lisboa. Sivarajan,V.V.,Robson,N.K.P.(ed.)1984. Introduction to the Principles of Plant .2nd ed.CambridgeUniversityPress.Cambridge. Stace,C.1989. Plant Taxonomy and Biosystematics .2nded.EdwardArnold.London. Strasburger, E. Et al. 1994. Tratado de Botánica . 8º ed. Castllana. Ediciones Omega, S.A. Barcelona

Direcções de Internet http://pt.wikipedia.org http://en.wikipedia.org/wiki/Angiosperm_Phylogeny_Group (A NGIOSPERM PHYLOGENY GROUP II. 2003. Botanical Journal of the Linnean Society 141:399–436) http://www.rjb.csic.es/floraiberica/ www.ipni.org/ http://www.uc.pt/invasoras/ http://www.iucn.org/ www.icn.pt/sipnat/sipnat4.html

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BLOCO VI: GEOBOTÂNICA

José Carlos Costa

111 BLOCO VI:GEOBOTÂNICA

José Carlos Costa

1. QUESTÕES CENTRAIS

O que é a Geobotânica e qual a sua importância e interesse? Quais são as teorias fundamentais dos estudos da vegetação Em que se diferencia a flora da vegetação? Quais são os diversos conceitos que se usam no estudo da paisagem Como os diversos factores influem na distribuição e propagação das espécies? Qual a importância da bioclimatologia? Qual a importância e a utilidade da biogeografia?

2. DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS FUNDAMENTAIS

A Geobotânica éaciênciadavegetação,ouseja,éadescrição,interpretaçãoeprediçãodos tipos de distribuição das comunidades, populações, espécies ou outras unidades botânicas que se podemobservaremníveisdeintegraçãocomparáveis,noespaçoenotempo. A vegetação é importante porque é a parte mais óbvia do ecossistema – define o habitat. Os organismos não fotossintizadores dependem dela, tanto doponto de vista energético como da renovaçãodooxigénioatmosférico. Porquê estudar a vegetação? Osmapasdevegetaçãosãoessenciaisparaaordenaçãodoterritório. Oseuestudoéimprescindívelparaaprendercomoserelacionamasespéciesfrenteaomeio. O seu conhecimento é necessário para resolver problemas: conservação, uso sustentável do território,restauração,florestação,usosagronómicos. Os objectivos da Geobotânica são: * Estudo da composição, desenvolvimento, geografia, distribuição e relações ambientais das comunidadesdeplantas(Fitossociologia,SinecologiaeSociologiavegetal) *Estruturaeanatomiadavegetação(Sinfisionomia) * Distribuição geográfica das plantas e suas relações evolutivas (Corologia, Fitogeografia ou GeobotânicaFlorística) *Estudodasfunçõesfisiológicasdeplantasindividuaisnomeio enointeriordecomunidades (Autoecologia) *Estudodaestruturaefunçãodepopulaçõesevariaçõesgenéticasdasmesmas(Ecologiadas Populações,Demecologia) *Estudodosfactoresdohabitatedasrespostasfisionómicasdasespéciesegruposdeespéciesa eles;estudodofuncionamentodascomunidadesvegetaisedonichodepopulaçõesdeplantas noecossistema(Sinecologia,EcologiadosEcossistemas) *Sucessãoeontogenia(Sindinâmica) *Cartografiadomantovegetal. OsestudosnaGeobotânicacrescememcomplexidade: • Indivíduo • Ecotipo • Espécie • PopulaçãoComunidade • ComplexodecomunidadesPaisagem

112 • Biogeografia AGeobotânicanecessitadosconhecimentosproporcionadospelaBiologia,Botânica,Climatologia, Edafologia,Meteorologia,Geologia,Matemática,Geografia,Ecologia ÁREA DE DISTRIBUIÇÃO Éoespaçodefinidopelopolígonoquecontémospontosondeseobservaapresençadedeterminada espécie Dependede: • Lugardeorigemdaplanta • Habitataqueseencontraadaptada • Efectividadedosmecanismodedispersão • Espéciescomquetemcompartirosrecursosdecadalocalidade • Resistênciaaherbívorose/ouparasitas • Nemsempreépossívelqueaplantachegueondehajaaumhabitatadequadoparaela • Àsvezes,mesmochegando,acompetiçãopelosrecursospodeeliminála • Consequência:aáreapotencialémenorqueaáreaefectiva.

Corologia éaciênciaquesededicaaoestudodadistribuiçãodeespécie. Centro de origem éáreaondedeterminadaespécieapareceupelaprimeiravez.Ocentrodeorigem podeseestabelecerapartirdoterritórioondedeterminadogéneropossuimaistáxones. EmPortugalencontramseocentrodeorigemdosgéneros Ulex, Stauracanthus, Avena. Osgéneros Cytisus, Pterospartum, Echinospartum têmorigemnaPenínsulaIbérica;ogénero Ononis naBacia Mediterrânica. Existem géneros cuja área de distribuição se encontra muito localizada como por exemplo com Welwitschia que se encontra só no deserto da Namíbia, Azorina só nos Açores, Sinapidendron , Musschia , Chamaemeles, Monizia , Melanoselinum e Parafestuca sónoArquipélagodaMadeira. MÉTODOS DE DELIMITAÇÃO E CARTOGRAFIAS DE ÁREAS

Distribuição da Avena barbatas.l. em Mapa Mapa de polígonos detalhados de Quadriculas UTM

Mapa de localidades

Tipo de áreas de distribuição

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contínua descontínua disjunta

• Apossibilidadedeintercâmbiogenéticodependedo“limiardedijunção” • Existemáreasdisjuntasdeorigempolitrópica(hibrídodeorigempoliplóide) • Contínuas:sobretudodeespéciesdeorigemrecenteouubiquista • Descontínuas:espéciesmaisantigas,comáreascontínuasqueseforamdesagregando • Relíquiais:pequenaspopulaçõesisoladasnotavelmentedaáreaprincipaldaespécie,têmgrande transcendêncianaconservação(altodaSerradeMonchique: Quercus canariensis ) • Disjunçõesqueafectamnumerosasespécies(ÁrticoAlpinas;MurcianoMagrebinas). Tamanho de áreas de distribuição: Cosmopolitas :amplaáreadedistribuiçãonaTerra; Subcosmopolitas :expandidasmasfaltamemdiversazonasdaTerra; Endémicas :áreadedistribuiçãorestritaaumterritório. Endemismos Origem • Mudançabruscadecondiçõesdomeio • Favorecimentoporisolamentogenético(disjunções)eevolução Orografia(cimodaSerradaEstrela,SerraNevada36%,Pirinéus14%,MonteQuénia81%) Desértico(Hogar60%,Tassili40%) Edáfico – flora de rochas especiais (serpentinites Bragança –Monte de Morais, dolomites – SerradaArrábida,gessícolas) Insular(Madeira,Açores,CaboVerde,Canárias40%,Hawai92%,NovasHebridas100%) Tipos Segundoaidade: macroendemismos ou paleoendemismos –origemantiga,geralmenteagrupamentosuperiora espécie microendemismos ou neoendemismos –origemrecente Segundoaorigem: apoendemismo –Poliplóidesoriginadosapartirdeumdiplóidedeampladistribuição patroendemismo –Diplóidequeoriginoupoliplóidesequejáestáemregressão esquizoendemismo – Por fragmentação da área de um parental, isolamento e evolução das populações,comoassubespéciesde Quercus faginea

Vicariância: vicariante Sãounidadesequivalentesoriginadasporesquizoendemismos geovicariante –substituiçãogeográfica:omesmohabitatemterritóriosdiferentes,p.ex.emdunas Armeria welwitschii anortedeCascaise Armeria pungens asuldoTejo ecovariante – Substituição ecológica: no mesmo território habitats diferentes, no Divisório Português Ulex densus emcalcáriose Ulex jussiaei emsolosácidos.

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS COMUNIDADES • HUMBOLDT (1807): formas vitais como principais tipos de plantas que caracterizam comunidadesvegetais • GRISEBACH (1838): formação como tipo distintivo de comunidade vegetal, caracterizado pelos tipos fisionómicos (formas vitais); estendida desde a suas origens por todos os continentes;paidascincotradiçõesregionaiseaindahojeumadasprincipaisaproximaçõesao estudodavegetação Esquemas da comunidade no espaço • Espéciesdeumterritório:flora • Agrupamentosdasespéciesnafloradeumterritórioporafinidadesecológicas:vegetação • Segmentosdavegetação:comunidadesvegetais(fitocenoses) • Critériosmúltiplosparadefinircomunidadesvegetais  Composição florística relativamente consistente em toda a sua área de distribuição (critériodesimilitude)  Correlaçãoentreasespéciesparaaproveitarosrecursosdomeio  Fisionomiahomogénea  Devemreaparecerquandoascondiçõesambientaisserepetem  Estudoatravésdeparcelasdecobertovegetal(objectoreal) • Abstracções:associaçãovegetal,comunidades Conceito de factores limitantes aplicado à distribuição de espécies • Asespéciesisoladasmostramcurvasgaussianafrenteagradientesambientaisouderecursos • Asespéciesconvivendosómostramcurvasgaussianadiferentesemgradientesambientais • Porvezesascurvasnãosãogaussianas(truncadas,distorcidas,inclinadasparaumlado,etc.) • Asdistribuiçõescontroladaspormaisdeumfactoreacompetiçãopelosrecursosdistorcemas curvas • Acompensaçãodosfactoresecológicosoriginamcurvascondicionais São as comunidades umas entidades discretas com limites estritos? • Ascomunidadessãoidentificáveisaumsimplesolhar(fisionomia,cor,dominância,formas devida),ouporcontactosabruptos • Háumarelaçãoentre ascomunidadeseasposiçõestopográficas,situaçõesedáficas,tipos alteração,etc. • Os limites entre comunidades podem ser difusos (ecótonos) ou abruptos, em função dos tiposdetransiçõesecológicas • Comamostragemsistemática,nãoseobservaindividualidadedecomunidades

Teoria das Comunidades (Fitocenoses) - Clements Premissas • Asplantastipicamenteconvivememgruposrepetitivosdeespéciesassociadas.Taisgrupos podem ser descritos através da identificação de espécies ou de formas vitais mais abundantes,asespéciesdemaiortamanho,asdominantesoudecarácterexclusivo • Namaioriadascomunidadesháinterrelaçõesbióticasentreasplantasconstituintes;como consequênciadesehaverchegadoaumequilíbrionousodosrecursos(ar,água,luz,espaço enutrientes) • Dopontodevistaprático,ascomunidadesconsideramsesubdivisõesdocobertovegetal

115 • Quando o manto vegetal mostra mudanças mais ou menos óbvias (observáveis a escala espacialoutemporal) Podemsedistinguircomunidadesdiferenciadaspor: Mudançasespaciais:  Alturadeplantas  Composiçãodeespécies  Dominância  Formasvitais(tiposfisionómicos)  Separação Mudançastemporais:  Estacionalidadedasrespostasdasplantas  Variaçãoestacionas(chuvas,seca,temperatura)  Variaçõesdomeio

Perspectivas no conceito e estudo das comunidades vegetais • Clementsorganismoquenasce,cresce,reproduzseemorre(holístico); • Gleasonmisturadeplantasindividuaiseindependentes; • Ramensky–Plantasindividuais,masháinterações(relacionadocomoconceitointegrado); • Tansley–Quasiorganismo(conceitointegrado):sãoentidadesnosentidodequefuncionam emmuitosaspectoscomoumconjuntoepodemserestudadoscomotais; • BraunBlanquet–Sistemático,classificamsedeformasimilaragrupostaxonómicos; • Walter–a)competidoresdirectosb)espéciesdependentesc)espéciescomplementares; • Austin–Ligadasaespaçofísico(paisagem)nãoextraporável; • Westhoff – Conceito integrado: as fitocenoses são conjuntos funcionais, que representam algo mais que a soma dos indivíduos que as compõeseleccionadas pelo meio abiótico; a integraçãodasfitocenoseséresultadodeinteracçõesentreseuscomponentesemanifestase primariamentepelasuacapacidadedeautoregulação. Teoria do Continuum - Gleason • Existe um ampla sobreposição nas curvas ecológicas de espécies ao longo de gradientes ambientais • Ascomunidadesintegramsedeformacontinuaaolongodeumgradiente • Ascomunidadesnãosãonaturais,suaseparaçãodependedoscritériosutilizados • Nãoénecessáriaumarazãoespacialentreoslugarescomsimilaresvaloresnumgradiente, jáque estassãodimensõesabstratasnumespaçoecológico,donde aposiçãorelactivados lugaresreflitamsimilitudesflorísticasouambientais • Oconceitode continuum é aplicávelaoespaçoecológicoabstracto,nãonecessáriaauma zonageográficaconcreta • A análise multivariável do tipo deordenação é a mais adequada para a caracterização da vegetaçãocomaperpectivado continuum GleasonConceitoindividualista(fig2.2.b) Ramensky,Whittaker–Continuum compartiçãoderecursos,análisedegradientes(fig.2.2.c.) Austin–Partiçãorecursosemcadaestrato,individualistaentreestratos

116 Teoria actual do continuum 1. Os gradientes ambientais a que se pode aplicar a teoria docontinuum são dois: a) recursos b) fisiológicosdirectos; 2.Onichoefectivo(ecológico)dasespéciesnarespostaaumgradientederecursostomaráaforma deumasériedecurvasaninhadas(2.6);

3.Onichoefectivodasespéciesnarespostaagradientesambientaistomaráaformadeumasérie decurvasseparadas,independentementesmasparcialmentesobrepostas(fig.2.6); 4.Ascurvasderespostafundamentalserãotaisqueumaporçãoparticulardoespaçodorecurso, umaespécietenderáumarelativacapacidadedevantagemsobreasoutras

117 5.Onichoefectivodeuma espécieéuma misturamultiespecíficaquesepodedeterminarapartir donichofundamental(fisiológico)dasespéciescomponentesdamistura Propriedades emergentes das comunidades 6. A riqueza específica mostrará dois máximos em posições intermédias tanto em gradientes de recursos como directos; estes serão nasposições intermédias valores entre valores extremos (ex. carênciaoutoxidadeemumgradientederecursos[fig.2.8]) 7.Dominância,amáximaproporçãodebiomassarepresentadaporumaespécieisoladaoupoucas espécies,mostrarátrêsmáximos:doisbaixosemcondições extremas,dondesóuma(oupoucas) espécies poderiam existir, e outras baixo condições óptimas, onde os processos competitivos determinamacomposiçãoespecífica(fig.2.9)

Propriedades emergentes das comunidades 8. A biomassa total da vegetação mostrará uma curva gaussiana bem ajustada à resposta dos gradientesambientais

FITOSSOCIOLOGIA: MÉTODO DE BRAUN-BLANQUET Premissas : ●Interessaacomposiçãoflorísticatotaldascomunidades; ●Oconceitodecomunidadevegetaltemumaposiçãointermédia entreasprincipaisacepções (organismo,estruturasocialeindividualista); ●Dáênfaseàsespéciesdiagnosticas(maissensíveisemelhoresindicadorasqueasrestantes); ●Espéciesdediagnósticousamseparaorganizarascomunidadesnumaclassificaçãoformal hierárquica; ●Háquedistinguircomunidadesvegetaisconcretas(fitocenoses)declassesoutiposabstractos decomunidades(sintáxones); ●Sintáxones caracterizadosporespéciesdiagnósticodetrêstipos:características(exclusivas ou quase), diferenciais (distinguem sintáxones próximos) e constantes (companheiras frequentes); ● A investigação inclui três fases: analítica (tomada de inventários), sintética (comparação e classificaçãopreliminar)esintáxonómica(engrenagemdosistemahierárquco). A Fitossociologia estuda as comunidades vegetais, as suas interrelações e a sua dependência faceao meiovivo,istoé,aciênciadosagrupamentosvegetaisoudos sintáxones ( sintaxa ).Éum

118 sistemahierarquizadoondea associação éaunidade elementar,estandoacimaprogressivamente aliança, ordem e classe. Associação éumconceitoabstractodefinida por um conjunto de indivíduos que possuem em comum ou aproximadamente as mesmas características florísticas, estatísticas, ecológicas, dinâmicas, corológicas e históricas. Cada associação deve possuir uma combinação estatística repetitiva das espécies características, diferenciais e companheiras, tem de se situar num contexto ecológico preciso, ou seja,devepossuirecontribuirparadefinirumbiótopoparticular(habitatpróprio),epossuiruma área geográfica própria. A associação tem um carácter sucessional significado evolutivo determinado no interior de uma série climácica ou agrupamentos maduros, podendo ser um das comunidades iniciais, intermediários ou finais, tornando a dinâmica vegetal progressiva ou regressiva. A combinação florística das espécies é o fundamento do sistema fitossociológico etea terminaçãodeclasse: Querc etea ilicis etalia terminaçãodeordem: Querc etalia ilicis ion terminaçãodealiança: Querc ion broteroi etum terminaçãodeassociação: Arisaro-Querc etum broteroi etosum terminaçãodesubassociação: Erico-Quercetum lusitanicae ulic etosum welwitschianii.

Etapa analítica: inventário fitossiológico Oinventáriofitossocilógicoéumalistadeespécies cadaumadasquaisacompanhadadeíndices quantitativo (abundância / dominância) e qualitativo (sociabilidade) e uma série de dados ecológicos. A escolha da área a estudar temter em conta que o inventário deve ser efectuado dentro de um elemento representativo da paisagem, fugir à amostragem ao acaso, deve ter homogeneidade florísticaeecológicaparaseevitarerros A escala de abundância-dominância conjuga uma estimativa do número de indivíduos de cada espécienuminventário(abundância)easuperfíciequeocupam rindivíduosrarosouisolados +indivíduospoucofrequentes,commuitafracacobertura 1indivíduosabundantesmasdefracacobertura(1a5%) 2 indivíduosmuitoabundantescobrindopelomenos1/20dasuperfície(5a25%) 3 númeroqualquerdeindivíduoscobrindo1/4a1/2dasuperfície(25a50%) 4 númeroqualquerdeindivíduoscobrindo1/2a3/4dasuperfície(50a75%) 5númeroqualquerdeindivíduoscobrindomaisde3/4dasuperfície(75a100%) A escala de sociabilidade apreciaamaneiracomoosindivíduosdamesmaespécieestãodispostos unsemrelaçãoaosoutrosnointeriordeumadeterminadapopulação 1indivíduosisolados 2–emtufo 3–emgrupo 4–emcolónia 5–empovoamento Estámuitasvezesrelacionadocomotipobiológicodaespécie,sendoporissoquealgunsautoreso deixaramdeusareultimamenteabandonada. Área mínima Nosinventáriosdevesecalcularáreamínima.Estadefinesecomoamenoráreaondeseencontram todasostáxonespresentesnoinventário. Asáreasmínimassãomuitovariáveispodendoser0,5m2numacomunidaderupícola,12m2num pradoanual,nummato1050m2,numbosquemediterrânico100200m2,nasflorestastropicaisas áreamínimaspodematingirhectares

119 Etapa sintética Consiste essencialmente na elaboração dos quadros fitossociológicos, donde se destacarão os caracteressintéticosdosagrupamentos,emespecialapresençaeafidelidade Quadrosfitossociológicos Apósarealizaçãodos inventáriosnumadeterminadacomunidadevegetalagrupamsenumestudo sintético. Adefiniçãodegruposrealizamseapartirdacomposiçãoflorísticadosinventárioscomparandoos unscomosoutros,sendoosquadrosfitossociológicosométodomaisusualparacomparar.Estes podemserdedoistipos:analíticosesintéticos Os quadros analíticos são elaborados a partir dos inventários segundo uma dupla entrada a linha horizontalparaasespécieseacolunaverticalparaosíndicesdosinventários. Quadrosfitossociológicos A construção do quadro analítico fazse por etapas sucessivas de comparação analógica dos inventáriosreunidosemdiferentesquadros: 1ºoquadrobrutoreuneosinventáriosnaordeminventariada 2º o quadro de presença, classe de espécies do quadro em função da sua presença decrescente 3º o quadro parcial que só agrupa algumas espécies de que se supõe ser a tendência de combinaçãoouexclusão 4º o quadro ordenado faz aparecer os agrupamentos estatísticos ou grupos de espécies ligadas,reunindonaspróximidadesunsdosoutrososinventáriosquesãomaisparecidos 5ºoquadrofitossociológicodefinitivoclassificaasespéciesporcategoriasfitossociológicas, enointeriordecadacategoriaporpresençadecrescentes. Quadros fitossociológicos Osquadrossintéticosouromanosreúnemecomparamascolunasdepresençaextraídasdosquadros detalhados.Asuaelaboraçãosegueosmesmospassosdoquadrosfitossociológicos Osquadrosfitossociológicosesintéticospodemserutilizadossimultâneamente Presença e fidelidade Apresençanãoémaisqueaexpressãodafrequênciarelativadumaespécienumquadrodetalhado Aspercentagensdepresençadumaespéciepodemseragrupadasnumquadrodepresença: V >80% IV 60,1a80% III 40,1a60% II 20,1a40% I 10,1a20% + 5,1a10% r <5% Sóseaplicaapartirde6inventários

PAISAGEM O clímax éumecossistemamaduro eestávelrepresentaotermofinaldadinâmicaemcondições edáficas médias (excepto em arribas, depressões ou vales), por outras palavras, a vegetação climácica é aquela que tem maior biomassa e diferenciação estrutural. Em geral, o clímax em Portugalestárepresentadoporumagrupamentoflorestal. Devidoadificuldadedeseestabeleceroclímaxcriouseoconceitode vegetação natural potencial que é aquela para a qual tende naturalmente a dinâmica vegetal. A vegetação potencial (clímax

120 actual)podeserdiferentedavegetação climácicaoriginalporterhavido alterações(eutrofização, alteraçãodosubstrato,mudançaclimática). Vegetação primitiva éaqueexistiaantesdaintervençãodohomem. Vegetação relíquia ou fóssil corresponde àsporções de vegetação instaladas quando de outros climas, e que devido ao clima actual são incapazes de se reinstalar em caso de destruição. Geralmenteencontramseemmeiosmuitoespecializados(cristas,arribas,turfeiras,etc.)epossuem umgrandeinteressefitohistóricoeumaltovalorparaaconservaçãodesítios. Vegetação actual éaquelaqueseobservanapaisagempresente: vegetação actual natural seminfluênciahumana; vegetação actual seminatural aquela em que não se alterou a estrutura e em que a sua biomassaéautóctone(montado,prado,mato); vegetação artificial –abiomassaédeorigemexterioraolocal(culturas). Sucessão : Uma modificação da composição de espécies (comunidade) que ocupam uma determinadasuperfícieaolongodotempo.Háváriostiposdesucessão: Sucessão progressiva :levaaoaumentodacomplexidadeedabiomassa; Sucessão regressiva: levaàsimplificação,perdadebiomassa; Sucessão primária: colonização e estabelecimento das espécies pioneiras em zonas que nuncativeramcoberturavegetal(vulcões,dunascosteiras); Sucessão secundária : ocorre após a destruição da vegetação original (pode ser devido à acçãohumanaoucausasnaturais),eofenómenoquetemlugaréumarecuperação; As diferentes comunidades que conduzem uma sucessão a um clímax formam uma série de vegetação . Cada uma das comunidades integrantes de uma série denominase etapa. Se esta comunidadetivermenorbiomassadesignaseporetapadedegradação,etapasubserialouetapade substituição, se pelo contrário aumentar a biomassa dizse etapa de recuperação. As etapas integrantesiniciaisnasucessãodesignamseporpioneiras.Aetapateóricafinaldasucessãonum dadolugardenominasede clímaxouetapamadura.Acabeçadesériecorrespondeàcomunidade climácica. Numa comunidade clímax a composição de espécies mantémse estável por um largo períododeanos.

Emfunçãodoclímax,distiguemsetrêstiposdesériedevegetação: Climatófilas prosperamnoseuclimótoposeascomunidadesqueascompõeconstituemavegetação zonal.Avegetaçãoestádeacordocomobioclima(temperatura)eombroclima(precipitação)do local. Edafoxerófilas ocorrem em locais com solos mais finos que os euclimótopos (cumes, solos erosionadosoupobres). Edafo-higrófilas encontramseemlocaisdeacumulaçãodeáguafreática(fundodevale).

121 Oconceitode permasigmetum ou permasérie de vegetação foicriadoparaumtipodevegetação quepovoatesselasoucomplexostesselaresmuitoafinsemsituaçõesmicrotopográficasouedáficas excepcionais,comocristasrochosas,dunasecursosdeáguatemporários,cumesdealtamontanha, territóriospolares,hiperdesertos,etc.,emqueasucessãoemdirecçãoaoclímaxteóricoregionalse viu bloqueado numa etapa da sucessão progressiva. O permasigmetum é constituído por uma comunidadeperenequetemcomoetapadesubstituiçãoelaprópria(sériemonosserial),ouquando muito,emcasosdeperturbaçãoambiental,uma comunidadeterofíticaquerapidamentedáorigem denovoàcomunidadeperene.Estetermojáteveonomede microsigmetum.

Considerase vegetação zonal aquelaqueestádeacordocomoclimaregionalecomascondições ecológicas do local considerado . A floresta boreal de coníferas considerase o clímax da zona boreal; a vegetação à base de Quercus de folha persistente (sobreiros, azinheiras) é da Região Mediterrânica.Comojáfoireferido,ascomunidadesinseridasnumasérieclimatófilaconsideram seinseridasnavegetaçãozonal.Considerase vegetação azonal asformaçõesdeterminadaspelas condiçõeslocaisdesoloetopografia(sapais,dunas,turfeiras,arribasrochosas)equerepresentam enclavesdiferentesdavegetaçãodazonaclimáticaondeelasseencontram.Avegetação azonalé especializada . Chamase vegetação extrazonal às formações que são testemunhas de antigas oscilaçõesclimáticas. Apaisagem vegetal é um mosaico ordenado de comunidades vegetais ligadas entre sipor certas relações espaciais e temporais. A geossérie é um conjunto de comunidades vegetais que, coexistindonotempo,sesubstituemnoespaçosegundoumaordemdeterminadaeformamzonas consecutivasemrelaçãocomamudançaprogressivaquesofremfactoresimportantesdoambiente (humidadeedáfica,salinidade,mobilidadedosubstrato,etc.).Ascausasdestaordemsãogradientes ambientais,muitasvezesligadasàgeomorfologia.

122

Catena éoconjuntodecomunidadesvegetaiscontíguasordenadasemfunçãodealgumamudança defactorecológico(temperatura,humidade,topografia,etc.),sendoarepresentaçãopaisagísticado fenómeno de zonação. A causa desta ordem são gradientes ambientais muitas vezes ligadas à geomorfologia.Toda apaisagemvegetaléum mosaicodecomunidadesquesedispõeformando geosséries.Nestasunidadesdecatena,paraalémdofenómenosucessional,consideraseazonação espacial da vegetação à escala de uma unidade fitotopográfica ou ecofisiográfica. O número de geosséries de um território depende do relevo, do clima e do contexto geográfico. O modelo ambientalmaisgeneralizadopoderesumirsenaunidadegeomorfológica:cume,encostaefundode vale.

Clissérie altitudinal é o deslocamento altitudinal ou latitudinal dos andares de vegetação climatófilanasgeossériesdemaiorescalaespacialdevidoàsmudançastermoclimáticas. S 1870N

1500 1400 800

300 200 300

50 0 ClissériedaIlhadaMadeira: amarelo série do zambujeiro , verde alface série do marmulano, verde claro série do barbusano , verde escuro série do til / loureiro , azul série do urzal arbóreo

123 Geopermasigmetum são microcatenasvegetacionaisque geralmenteocupampequenasdezenasde metros quadrados, limitadas por situações microtopográficas e edáficas excepcionais, que num pequenoespaço,originamumgrandenúmeroderesidênciasecológicasoumicrotesselas,povoadas por comunidades permanentes pouco estratificadas, que parecem ter alcançado o seu equilíbrio ecológico. São exemplos margens de linhas de água permanentes, lagos, sapais, mangais, dunas marítimas,turfeiras,vegetaçãorupícola,arribasmarítimas,etc.

ÍNDICES DE DIVERSIDADE ESPECÍFICA Tem como objectivos a comparação das relações de abundância das espécies dentro de uma comunidade,ouacomparaçãodediversascomunidades.Adiversidadedeumacomunidadepossui duascomponentes: riqueza específica refereseaonºtotaldeespéciespresentes equitatibilidade refereseàmedidacomoabundânciasdasespéciesestãodistribuídas Senumacomunidadecompostapor10espéciesse90%dosindivíduosoudacoberturapertencerem aumaúnicaespécie,estandoasrestantes10%distribuídapelasrestantes9espéciesaequitabilidade éconsideradabaixa,pelocontráriosecadaespéciepossuísse10%aequitabilidadeseriaelevada Paraamediçãodadiversidadelocalconhecidapor alpha ouinterhabitatsãoutilizadososseguintes índices: Shannon, Equitabilidade, Simpson Permitem pois estimar a diversidade dos habitats, contudo estas medidas não são indicadoras de qualidadedadiversidadeporquenãoentramemcontacomararidade,aendemicidadedasespécies

Índice de Shannon (H)

Emques=nºdeespécies;pi=proporçãodeindivíduosouabundânciadeespéciesiexpressascomo proporçãodacoberturatotal. Nãotemlimitessuperioresestabelecidoseétantomaiorquantomaiorforonºdeespécies,oseu graudeabundânciaeaaproximaçãodadistribuiçãodasmesmas.Ésensívelàpresençadeespécies defracacobertura.

124 Índice de Equitatibilidade (J)

Esteíndiceéobtidoapartirdo índicedeShannon.Traduzarelação entreadiversidaderealea diversidademáximateórica.Variaentre0e1. Quantomaispróximade1maioraequitatibilidademaisequilibradaéadistribuiçãodeespéciesna comunidade. Valores próximos de 0 significam que todos ou quasetodos os indivíduos são da mesmaespécie Índice de Simpson (Nsi)

Variaentre0e1.Facilitaa comparaçãocomresultadosobtidosnaequitatibilidade.Ésensívelà presença de espécies com elevada cobertura. Indica a probabilidade de dois indivíduos colhidos aleatoriamentenumapopulaçãopertenceremàmesmaespécie FACTORES DE DISTRIBUIÇÃO DAS PLANTAS Princípios ambientais ● PrincípiodofactorlimitantedeLiebig:qualquerprocessoquedependedemuitosfactores está realmente controlado por aquele que se aproxima mais a um valor para o qual o processopara; ● PrincípiodomeioholocinéticodeFriederich:asrelaçõesentreacomunidadeeomeiosão holocenóticasistoéosistemareaccionacomoumtodo; ● Princípiodosfactoresdesencadeantes:aeliminaçãodeumfactorlimitanteouapresençade um novo, cria sempre uma reacção em cadeia de grande alcance no ecossistema e em algumasocasiõesdesubstituiçãodeumecossistemaporoutro; ● Princípio da substituição de factores: a falta de um factor pode ser compensada pela presençadeoutros,comresultadosequivalentes(p.ex.asubstituiçãodafaltadeáguadas chuvas pode ser compensadopor escorrimento e menor evapotranspiração em depressões sombriasouumrioatravessarumazonadesértica). Factores globais : ●Distribuiçãolatitudinaldaradiaçãosolar ●Circulaçãoglobaldaatmosferaeredistribuiçãodatemperatura ●Correntesoceânicas

Climáticos Temperatura Cada espécie tem um limite máximo, um limite mínimo e um óptimo de temperatura para efectuarasdiversasfasesdoseuciclovegetativo. Zonaequatorialplantasperenifólias Zonastropicaissecasplantascaducifóliasnaépocaseca Zonasmediterrânicasperenifóliasdefolhascoriáceas Zonastemperadasplantascaducifóliasnaépocafria Zonasboreaisconíferasperenifólias Termófila :plantaquegostadecalor,nãosuportaofrioprincipalmentegeadas.

125 Acção da luz e radiação solar • Direcção:luzdirecta,luzdifusa. • Intensidade: varia das montanhas para as planícies. Em igualdade de circunstâncias a intensidadedaluzregulaocomprimentodosentrenósdocauleeactuasobreasdimensões, forma,recorteeanatomiadasfolhas. • Constituição: os raios luminosos procedem principalmente da região azulvioleta do espectroaopassoqueostérmicosprocedemdaregiãoamarela,vermelhaouinfravermelha. • Periodicidade:diferençasnasdistribuiçãodiáriaesazonaldaluz. Segundo a adaptação à luz as plantas podem ser heliófilas quando exigem luz plena ou umbrófilas, ciáfilas ou esciófilas quandoadaptadasàsombraoufaltaoudeficiênciadeluz. Fotoperiodismo: o fotoperíodo: é arazãoentreaduraçãodotamanhododia edanoite necessáriaparaumaplantaflorir: • Plantas de dias curto s: só florescem se o fotoperíodo é menor que o tamanho crítico(diacommenosde14h,florescemnoOutonoounofimdeVerão) • Plantas de dias longos :sóflorescemseofotoperíodoémaiorqueotamanhocrítico (diacommaisde14h,florescemnaPrimaveraenoiníciodeVerão) • Plantas de dias neutros :nãonecessitamdefotoperíodo Água Aáguaéabasedavidadasplantasdeterminandoabasequímicadavida,a circulaçãoea absorçãodenutrientesdosolo,determinaadistribuiçãoeafisionomiadavegetação.Asfontes de água para asplantassãoprecipitações visíveis (chuva, neve, granizo), invisíveis (orvalho, nevoeiros,humidade atmosférica)ououtras(escorrimento,toalhafreática).Adistribuiçãodas chuvasaolongodoanoteminfluêncianotipoedistribuiçãodosvegetais.Aneveeo gelosó ficamdisponíveisparaasplantasquandopassaremaoestadolíquido. Quionófila :plantaquevivenaneveoujuntoaela; Nival :plantaqueseencontraacimadolimiteclimáticoinferioraodasnevesperpétuas; Hidrocóricas :plantascujadispersãodassementeséfeitapelaágua; Higrófila :plantaqueviveemmeiosmuitohúmidos; Planta ribeirinha, ripícola :plantaquevivenamargemderios,ribeirose linhasdeágua.O termoripárioéumneologismodeorigeminglesaquedeveserevitado; Aridez :consideramse áridosaquelesterritóriosemquehajaumperíododetempoemqueas necessidadeshídricasdasplantasnãoestãoasseguradaspelomeio. Xerófitas :plantasadaptadasàsecura: • Malacófilos : plantas de folhas brandas, as quais murcham no período seco podendo inclusive cair • Esclerófilos :plantas lenhosas de folhaspequenas e durasprovidas detecidos mecânicos, própriasdeclimamediterrânicoetropicalseco • Esteo-hidros : plantas capazes de fechar os estomas e parar a fotossíntese nos períodos secos,consumindoselentamenteaténovascondiçõesfavoráveis Vento Importantenolitoral,montanhasezonasplanas.Podeexercersobreasplantas: • Acção directa:  Distribuiçãoetransportedediásporos( plantas anemocóricas )

126  Morfologia das plantas: anemorfoses, pulviniforme, enanismo, formas prostradas, partirramos  Dessecaçãoeaumentodaevapotranspiração  Erosãodacutículaporfricçãoeabrasãoprovocadasporneve,pó,partículas,sal  Desenterrarraízesoucobriraplanta • Acção indirecta:  Modificaatemperaturaeahumidadedoar  Erosãodosolo  Transportedamaresia  Redistribuiçãodaneve Factores fisiográficos - relevo Resultamdaconfiguraçãodoterrenoedorelevo.  Exposição  EfeitodeFöhen:asencostaexpostasaomarsãomaishúmidasechuvosasqueasnão expostas  sombra das chuvas provoca secura orográfica (barreiras montanhosas paralelas, zonasrodeadasdeelevaçõesinfluinoFöenh)  Encostasoalheira(sul)eencostasombria(norte)  Faz variar a temperatura. Diferenças entre as encostas norte e sul, e oriental e ocidental.Apresençadeumaarribaexpostaasulprotegeosterrenosdasuabasedos ventosnorte,concentraluzepodelevaràformaçãodeum microclima.Nocasode valesmuitofechadospodeobservarseumfenómenodeinversãodetemperaturaque podeconduziràinversãodosandaresdevegetação.  Altitude diminuição datemperatura(desce0,55 ºC/100 mquesesobe)e aumento da pluviosidade (até certa altitude). Isto causa a existência de andares de vegetação nas montanhas.  Declive queexercesobreosoloumaacção mecânica (formaçãodesolosinstáveis);sobre a drenagem (boanasencostasemánasdepressões);sobrea erosão (tantomaiorquanto maiorforodeclivedoterreno).  Noçãode microclima, clima local e clima regional . Factores edáficos Ligadoaosolo.Todasasplantasprecisamdeum meioparasedesenvolver,essemeioéo soloexceptonasplantasaquáticasflutuanteseculturashidropónicas. • Propriedades físicas dos solos: textura (areia, limo e argila), estrutura, porosidade e arejamento,poderderetençãoparaaágua,temperatura • Ohúmusamatériaorgânicaresultantedadegradaçãodafolhagemcaídateminfluênciana tamponizaçãodosolo(pHquaseconstante)enaactividademicrobiana • Textura do solo: • Psmamófila, arenícola ou sabulícola :plantaquevivememsolosarenosos • Plantas de solos vérticos: oexcessodeargilasexpansivas(montemorilonite)parte asraízesdasplantasquandoperdemmuitaágua(TapadaAjuda,barrosdeBeja) • Profundidade de solo Ausência de solo: • Rupícolas ou litófitos :plantasquevivememmeiosrochosos • Casmófito ou fissurícula :plantaprópriaderochasepenhascos,emcujasgretasfixa asraízes • Comófito : planta que vive em rochas cujas raízes estão em fendas terrosas ou fissuraslargascomterra

127 • Saxícola :plantaqueviveentrepedras • Glerófito: plantaprópriadecascalheiras(pedregaismóveis) • Propriedades químicas dos solos: • Calcícola: PlantaquepreferedesoloscalcáreoscompHbásico • Calcífuga: Plantaquenãoviveemsoloscalcáreos • Silicícola: Planta que é exclusiva de solos com silicatos (granitos, xistos, areias, arenitos) = calcífuga • Indiferente edáfica: Vivequeremsolosácidosqueremsolosalcalinos • Dolomitícola: Planta que tem perferência por solos com elevados teores de mágnesionosolooquepoderesultartóxicoparaasplanta(razãoMg/Caalta)(Serra daArrábida) • Serpentinícola: Planta que vive em solos ultrabásicos (serpentinito epteridotitas) comteoreselevadosdemetaispesados(Ni,Cr,Co)epobreseelementosessenciais (Ca,K,N,P)euma elevadarazãoMg/Caqueétóxicaparaasplantas(Bragança, MonteMorais) • Gessícola: planta que ocorre em solos com elevados teor de gesso em territórios áridos • Halófita: Plantaqueviveemsoloscomteorelevadodesais,geralmentecloretode sódio,ocorreemsapais,salinas,estuários,mangais • Nitrófila: plantaqueviveemsolosricosemazoto • Propriedades biológicas dos solos • Propriedades microbiológicas dos solos Factores bióticos • Cadeias alimentares • Interacções bióticas • Cooperação • Competição • Animais ↔ Plantas • O homem • Fogo • Expansão antiga e moderna • Simbiose: cooperaçãoentredoisorganismoscomaproveitmentoparaambos( Rhyzobium , micorrizas) • Parasita :vegetalheterotrofoquesealimentaàcustadeoutro • Saprófito: vegetalheterotrofoquesealimentaaexpensasdematerialmorto • Epífitos :plantasquevivemsobreoutrassemasparasitar • Infestante :plantaforadolocalquecausaprejuízos,frequentementedesignadaspor ervas daninhas • Messícola ou segetal :infestantedassearas Otermo arvense utilizaseparaasplantasquesurgemnoscamposagrícolas Os animais sãoresponsáveisqueratravésdapolinizaçãoqueratravésdadispersãodassementes peladistribuiçãodasplantas.  Entomófila :plantapolinizadaporinsecto  Ornitófila :plantapolinizadaporpássaros  Quiropterófila :plantapolinizadapormorcegos

128  Malacófila :plantapolinizadaporcaracois  Zoocórica :plantapropagadaporanimais  Endozoocórica:quandoasementeatravessaotubodigestivodoanimal  Epizoocórica :quandoasementeviajaexternamentesobreocorpodoanimal  Diszoocórica :quandooanimaltransportaparaarmazenar O homem éumdosprincipaisfactoresdadistribuiçãodasplantasqueratravésdadomesticaçãodas plantas agrícolas, florestais e ornamentais, quer através dotransporte deplantaspara continentes diferentes. Plantaspodemser:  Espontâneas :propagamsesemoauxíliodohomem  Autóctones: quesepropagamespontaneamentecontadodesdeoúltimoperíodoglaciar  Autocóricas :propagamseaelasmesma  Antropocóricas :Necessitamdohomemparasepropagarem  Ruderal :plantaquevivejuntoàsconstruçõeshumanas(casas,caminhos,estradas,etc.)  Alóctones ou exóticas: quando são de origem geográfica diversa presente num território devidoàacçãodohomem  Arqueófitos: chegaramemtemposremotospelomenosantesdoano1500DC  Neófitos: sãodeintroduçãorecenteapós1500DC  Adventícea : planta que não é própria do local, foi trazida acidentalmente pelo homemouporqualqueroutracircunstânciafortuitamasquenãoconsegueprosperar  Naturalizada ou subespontânea : planta adventícea que se aclimata, resiste à competiçãoeprospera,tornandoseespontânea.  Invasoras :sãoneófitos,frequentementedeoutroscontinentes,quesemultiplicam facilmenteecausamgrandesprejuízosambientais  Autocórica :plantaquedispersasassuasprópriassementes  Geocórica :enterraasprópriassementes  Barocórica :utilizamaforçadagravidadeparasedispersarem  Por projecção de sementes : de origem fisiológica (pepino de S. Gregório), mecânica(gerânios)oureptância(balanco)

Fogo Éumfactorimportantenadistribuiçãodasplantas,poispodeserummeio importanteparaa renovação dos pastos nassavanas, naspradarias ou na região mediterrânica, porque algumas sementes precisam de sofrer um choque térmico para haver rompimento do tegumento e germinarem,levandoaoaumentodabiodiversidade. Mastambém é ser um factor de destruição e extinção de plantas especialmente se os fogos forem constantespodem extinguir algumas espécies principalmente gimnospérmicas como já aconteceu em períodos préhistóricos com o desaparecimento do Pinus sylvestris na Serra da EstrelanoNeolítico. Alguns pirófitos (plantascujapropagaçãoéfacilitadapelofogo)tornamseinvasores( Hackea spp. Acacia spp.,etc.)provocandogravesproblemasambientais

BIOCLIMATO LOGIA A bioclimatologia ,comoopróprionomeindica,procurarelacionaroclimacomavegetaçãoecom afauna.Tendoemcontaosdadosmeteorológicosestacionaisqueoriginamíndices,desdeosmais simplesaosmaiscomplexos,osinvestigadoresprocuramcom elesexplicarascomplexasrelações doambienteabióticocomaflora,avegetaçãoeafauna.Relacionamíndicescomadistribuiçãodos seresvivosnaTerra.

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Existem vários sistemas de classificação climáticos: ◦baseadasnatemperatura(quente,temperado,frio,polar,etc.) ◦baseadasnasprecipitações(árido,semiárido,seco,subhúmido,húmido,hiperhúmido) ◦mistas(ÍndicepluviométricodeLang,ÍndicedearidezdeDeMartone,ÍndiceclimáticodeBirot, QuocientepluviométricodeEmberger , ClassificaçãodeThornthwaite) ◦relacionadas com distribuição de plantas classificações bioclimáticas (A.A.Miller, Gaussen, Köppen,Walter,RivasMartínez). Classificação bioclimática de Köppen Tem sido uma das mais utilizadas para a elaboração das cartas climáticas. As principais característicassãooscritériosdetemperaturaedearidez.Aaridezéconsequênciadaprecipitação escassaedaprecipitaçãoefectiva(precipitaçãomenosevaporação). r=Precipitaçãomédiaanualemcm;t=temperaturamédiaanualemºC. Quando aprecipitação ocorre no Inverno as condições de aridezproduzemse quando r/t<1 e de semiáridoquando122ºC. b–SeatemperaturanoVerãoé<22ºC. Csa caracterizaumclimamediterrânico.

130 AtmosphericScienceGroupatDalhousieUniversityhttp://www.atm.dal.ca/

Classificação bioclimática da Terra de Rivas-Martínez: Osprincipaisíndices: Índice ombrotérmico anual Io Io=(Pp/Tp)10 Tp =Temperaturapositiva anual: soma das temperaturas médias mensais superiores a 0ºc, em décimasdegrau Pp:Precipitaçãopositiva:somadaprecipitaçãodosmesesusadosnocálculodaTp. Índice de termicidade It It=(T+m+M)10 Éoprodutopor10deT(temperaturamédiaanual),m(médiadasmínimasdomêsmaisfrio)eM (médiadasmáximasdomêsmaisfrio). É um índice que pondera a intensidade do frio que é um factor limitante para muitas plantas e comunidadesvegetais.Acorrelaçãoentreosvaloresdesteíndiceeavegetaçãoébastanteboa

Índice de continentalidade Ic . Ic=TmaxTmin Este índice expressa a diferença em graus centígrados entre a temperatura média do mês mais quente (Tmax) e a do mês mais frio (Tmin) do ano, ouseja é o intervalo da temperatura média anual.Ostiposdecontinentalidadequesereconhecemsão:hiperoceânico(011),oceânico(1121) econtinental(2165)quesepodemdividirnosseguintessubtipos:muitohiperoceânico(04),eu hiperoceânico(48),poucohiperoceânico(811),semihiperoceânico(1113),euoceânico(1317), semicontinental(1721),subcontinental(2128),continental(2846),hipercontinental(4665). Índice de termicidade compensada Itc

131 Nas zonas extra tropicais hiperoceânicas (Ic<11,0) o valor de compensação (C0) calculase multiplicandopordezoresultadodasubtracçãoentre11,0eoIcdaestação: C0=(11,0Ic)10 Estevalordecompensação(C0)éoquesesubtraiaonúmerocorrespondenteaoíndicede termicidade: Itc=ItC0 Nosclimasextratropicaiscontinentais(Ic>18,0),ovalordecompensação(Ci)adicionaseaovalor correspondentedatermicidade: Itc=It+Ci Osmacroclimasconsideradossão:tropical,mediterrânico,temperado,borealepolar. O tropical situaseentreosparaleloseos23ºNe23ºS,ecomosvaloresT ≥21,M ≥18, Itc ≥470 O mediterrânico écaracterizadoporpossuir pelo menos 2 meses secos no Verão emquea P < 2T ,T<25º,m<10ºeItc<580.Encontrasesituadaentreos23ºa52NeS. O temperado situaseentreos23a66ºNeS.T<21º,M<18º,Itc<470. Os andares ou pisos bioclimáticos sãoreferentesàtemperaturaesãoreferenciadosapartirdoItc. Os ombrotipos sãoreferentesàrelaçãoentreaprecipitaçãoe atemperaturaesãoreferenciadosa partirdoIo.

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133 MAPASBIOCLIMÁTICOS

MAPASBIOCLIMÁTICOS

134 Diagramas ombrotérmicos Os diagramas ombrotérmicos são representações gráficas da temperaturas (T) e precipitação (P) médiasaolongodoano.Usamse2escalasumaparaatemperaturaeoutraparaaprecipitação,de maneira que os graus da temperatura correspondem ao dobro dos mm da precipitação (P 2T). ConsideraseummêssecosseP>2T.RepresentamseosmesespelaordemdeJaneiroaDezembro no Hemisfério Norte e de Julho a Junho no Hemisfério Sul: Podem ser completados com referências a geadas prováveis e seguras, o período de actividade vegetal, diversos índices e a diagnosebioclimática.

Diagrama ombotérmicos temperados

135 Diagramas ombotérmicos mediterrânicos

BIOGEOGRAFIA Biogeografia éaciênciaqueestudaadistribuiçãodosseresvivosnaTerra.Fitogeografiaéaparte dabiogeografiaqueseocupadasespéciesvegetaisedascomunidades. Devido ao seu carácter fixo e ao facto de representarem a maior parte da biomassa terrestre, as tipologias biogeográficas (sistemas de ecoregiões) baseiamse normalmente na distribuição das diferentes populações de plantas e unidades geobotânicas (comunidades, complexos de comunidades,ecossistemasebiomas).Nestesentido,tendeadarseàBiogeografiaumaconotação estreitacomaFitogeografia.

Os objectivos da Biogeografia são : • Estudopormeiodeanáliseexperimentalasafinidadeserelaçõesentreosdiferentesfactores queregulamadistribuiçãodosorganismos • Análisedasafinidadesespaciaisetemporaisentreosindíviduoseaspopulações • Valorizaracapacidadedeumorganismoparaocuparumadeterminadaárea • Estudo das relações do homem com a distribuição dos seres vivos, como responsável da expansãoeextinçãodedeterminadasespécies

136 • Análisedasrazõeshistóricasdosdiferentestiposdedispersãonopassadoesuarelaçãoe influêncianostiposdedispersãoactual • Estudodaformaetamanhodasáreasdedistribuiçãoactuaisdosorganismos • Modelardasáreasmedianteacriaçãodesistemahierárquicosegundoosgrausdeafinidade afimdeestabelecerumatipologia(classificação)deáreas Asprincipaisdivisõesflorísticasdaterradevidoàforteinfluênciadatemperaturanarepartiçãodos seresvivosafloramundialpodeserdivididaem3grandesconjuntoslocalizados:  Regiõestemperadasefriasdohemisférionorte  Àszonasintertropicais  Àsregiõestemperadasefriasdohemisfériosul • Nãohásimetrianasdivisõesflorísticasentreohemisférionorteeohemisfériosuldevido:à desigual distribuição das zonas emersas; continuidade do bloco euroasiático; grande afastamentodoscontinentesnohemisfériosul • Épossívelestabelecerumadivisãoespacialdabiosferacombaseflorísticaecorológica • AunidademaisampladentrodestadivisãoflorísticadaTerraéoReinoFlorístico. • Este subdividese em subreinos, pluriregiões, regiões, subregiões, superprovíncias, províncias,subprovíncias,sectores,subsectoresedistritos Ascategoriasoudivisõeshierarquiasprincipaissão: Reino, Região, Província, Sector, Distrito, Mosaico Tesselar e Tessela. Podendose agrupálas ( Superdistrito , Superprovíncia ) ou subdividir( Subsector , Subprovíncia ).AunidadefundamentaléaTessela. Estas categorias são espaços geográficos de superfíciecontínuaàexcepçãodaTesselaque incluemosacidentesorográficosevariaçõesgeológicasquepodemsurgirnasuaárea. Tessela é um território suficientemente homogéneo ecológica e dinamicamente que não possua mais de que um agrupamento maduro (clímax). É a expressão territorial de uma série de vegetação. Distrito éumterritórioondeexistemMosaicosTesselaressingularesrelacionados comcondições edáficasparticulareseumapaisagemvegetalparticular,frequentementeassociadaaumautilização dosolopeloHomem,emfunçãodasuafertilidade. Distrito nãopossuinormalmenteum clímax particular,todaviaaípodemosalgunsrestosdevegetaçãorelíquiaespecializadosquelhepertencem (comunidades características) ou estejam no limite geográfico isto é finícolas (comunidades diferenciais).Os limites do Distrito são portanto fisiográficos, edáficos e/ou paisagísticos. ActualmentehátendênciadeassociarumageossériecaracterísticadecadaDistrito. É ao nível de Distrito que a Fitossociologia Paisagista se liga à Biogeografia. O Sector possui um cortejo florístico específico (eventualmente espécies endémicas), catenas e andares de vegetação com organização particular e elementos próprios, por vezes domínios climácicosespeciais. A Província tem sempre cortejos florísticos endémicos próprios, possuindo cadeias e andares particulares com elementos endémicos (associações, alianças ou ordens). Tem de possuir obrigatóriamentecadeiaseandaresparticularescomelementos domínios climácicos únicos. A Região possui um elemento florístico endémico importante, catenas e andares de vegetação originais com territórios climácicos próprios. A Região possui um bioclima e tipos de solos particulares. A Região possui um elemento florístico endémico importante, catenas e andares de vegetação originais com territórios climácicos próprios. A Região possui um bioclima e tipos de solos particulares.

137 O Reino é um território que tem uma flora e fauna distintas com táxones de categoria superior endémicos.Estadiversificaçãobiogeográficanãoésóexplicadapelascondiçõesambientaisactuais decadaumdelesmastambémpelasdiferentesconvulsõesaolongodahistóriageológicadonosso planeta,peladerivadoscontinentes,peloisolamentogeográfico,paleoclimatologia,etc. OsReinosapresentamumaelevadadiferenciaçãoflorística,inclusivamenteaoníveldefamília. A maioria dos autores consideram seis Reinos para asterras emersas: Holártico, Paleotropical, Neotropical, Capense, Australiano e Antárctico .

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139 AREGIÃOEUROSSIBERIANA SUBREGIÃOATLÂNTICAMEDIOEUROPEIA SUPERPROVÍNCIAATLÂNTICA IPROVÍNCIACANTABROATLÂNTICA IASUBPROVÍNCIAGALAICOASTURIANA BREGIÃOMEDITERRÂNICA B1SUBREGIÃOMEDITERRÂNICAOCIDENTAL B1aSUPERPROVÍNCIAMEDITERRÂNICAIBEROATLÂNTICA IIPROVÍNCIACARPETANOIBÉRICOLEONESA IIIPROVÍNCIALUSOEXTREMADURENSE IVPROVÍNCIAGADITANOONUBOALGARVIENSE(LusitanoAndaluzaLitoral)

140 VEGETAÇÃO NATURAL DE PORTUGAL OterritórioportuguêstemperadoencontrasenaregiãoEurossiberiana comaexcepçãoda Serra da Estrela que é uma ilha temperada no meio da Região Mediterrânica. No eurossiberiano português predominam solos ácidos derivados de granitos e xistos é o local onde ocorrem os bosquesdefolhacaduca.Assimobservamos carvalhais de carvalho-alvarinho ( Quercus robur ) nas zonas menos frias. Nosterritórios mais friospredominam os carvalhais de carvalho negral (Quercus pyrenaica )ou vidoais ( Betula celtiberica )enaszonasmaisaltasdaserradaEstrelaonde anevesemantêmdurantelargosperíodosos zimbrais de Juniperus communis subsp. alpina . Os matagais de substituição dos bosques são muito comuns e normalmente são giestais formadospor Cytisus striatus, Cytisus, scoparius, Cytisus grandiflorus, Cytisus multiflorus, Cytisus oromediterranicus, Echinospatum ibericum, Genista florida, Genista falcata, Adenocarpus lainzii, Erica arborea, Pteridium aquilinum, etc.). Osmatossãobastantevulgaresnapaisagemeosmaiscomunssão tojais / urzais com Ulex europaeus subsp. latebracteatus, Ulex minor , Ulex micranthus, Pterospartum tridentatum, Erica umbellata , Erica australis, Erica cinerea, Erica scoparia, Calluna vulgaris, Genista triacanthos, Pseudarrhenatherum longifolium , Halimium ocymoides, Halimium alyssoides, Agrostis curtisii, Lithodora prostrata subsp. prostrata, Simethis matiazii, Tuberaria lignosa, etc. AregiãoMediterrânica émuitomaisricaevariadaeobioclimaé mediterrânico.Aquios bosques são geralmente de folha persistente ( azinhais de Quercus rotundifolia , sobreirais de Quercus suber , zambujais de Olea europaea subsp. sylvestris ), mais raramente de folha marcescente ( cercais de Quercus faginea subsp. broteroi ) e em algumas zonas mais frias os carvalhais de carvalho negral . Os medronhais de Arbutus unedo , carrascais de Quercus coccifera e matagais de carvalhiça Quercus lusitanica , louriçais de Laurus nobilis , giestais, retamais e escovais ( Cytisus striatus, Cytisus, scoparius, Cytisus grandiflorus, Cytisus multiflorus, Adenocarpus anisochilus, Cytisus scoparius subsp. bourgaei, Genista polyanthos, Retama sphaerocarpa ) são as orlas e matagaisdesubstituiçãodestesbosques. Osmatossãomuitocomuns.Ocorrem tojais/ urzais ( Ulex jussiaei, Ulex austalis subsp. welwitschianus, Ulex eriocladus, Ulex airensis, Stauracanthus boivinii, Pterospartum tridentatum, Genista triacanthos, Erica umbellata , Erica australis, Erica scoparia, Calluna vulgaris, Halimium ocymoides, Cistus psilosepalus, Agrostis curtisii, Simethis matiazii, Tuberaria lignosa, Thymus villosus Thymus lotocephalus, Tuberaria major, etc.) e estevais / sargaçais ( Cistus salvifolius, Cistus crispus, Cistus ladanifer, Cistus monspeliensis, Cistus populifolius, Lavandula sampaioana, Lavandula luisieri, Lithodora prostrata subsp . lusitanica, Ulex argenteus subsp. argenteus, Helichrysum stoechas, Thymus mastichina , etc.) em solos ácidos de substrato duros, matos de charneca emsolosarenosos( Halimium calycinum Halimium halimifolium, Halimium verticillatum, Helichrysum picardi var. virescens, Iberis concrata subsp. welwitschii, Malcolmia lacera subsp. gracilima, Lavandula pedunculata subsp. lusitanica, Stauracanthus genistoides, Stauracanthus spectabilis subsp. spectabilis, Thymus albicans subsp. albicans, Thymus albicans subsp. donyanae, Thymus camphoratus, Thymus capitellatus, Ulex australis subsp. australis, Ulex australis subsp. welwitschianus, Ulex argenteus subsp . subsericeus, Armeria macrophylla, Armeria pinifolia, Armeria rouyana, Armeria velutina, Cistus libanotis, Dianthus broteri subsp. hinoxianus )esolos calcários tomilhais / tojais ( Thymus zygis subsp. sylvestris, Thymus lotocephalus, Coridothymus capitaus, Rosmarinus officinalis, Ulex densus, Ulex erinaceus , Genista hirsuta subsp. algarbiensis, Cistus albidus, Cistus palhinhae, Fumana thymifolia, Teucrium capitatum, Teucrium lusitanicum Teucrium haenseleri, Sideritis hirsuta var . hirtula, Sideritis algarviensis, Serratula baetica subsp . lusitanica, Serratula estremadurensis, Serratula flavescens, Staehelinea dubia, Helianthemum apenninum subsp. apenninum, Helianthemum croceum subsp. stoechadifolium, Helianthemum marifolium, Helianthemum origanifolium, Micromeria graeca subsp. micrantha, Iberis procumbens

141 subsp. microcarpa , Anthyllis vulneraria subsp. maura, Aphyllanthes monspeliensis, Elaeoselinum tenuifolium, etc.). Navegetaçãoribeirinhaportuguesapodemosobservaramiaisde Alnus glutinosa, freixiais de Fraxinus angustifolia ,choupais/salgueiraisde Polpus nigra e Salix neotricha ,borrazaisde Salix atrocinerea . Nas margens de rios e ribeiras com grande torrencialidade os salgueirais de Salix salvifolia subsp. salvifolia, Salix salvifolia subsp. australis, Salix atrocinerea sãoimportantes.Nos rioscomforteestiagemocorremtamujaisde Securinega tinctoria eloendriasde Nerium oleander, ostarmagaisde Tamarix africana emáguascomsais.Ossilvadosde Rubus ulmifoliu ssãoasorlase aetapadesubstituiçãomaiscomunsdestesbosques. No litoral devido às condições climáticas (secura e vento) e edáficas (solos rochosos ou areias)nãoseformambosque,contudoéricaemendemismos. Nasarribaspodemseobservarsabinaisde Juniperus turbinata ,tojaisaerohalinosde Ulex europaeus subsp. latebracteatus var. humilis e Uex jussiaei subsp. congestus emuitascomunidades com Limonium spp.endémicos. Nasdunaso geopermasigmetum geralmente é constituído por 3 comunidades a primeira onde a areia é extremamente móvel onde se encontra Elymus farctus subsp. boreali-atlanticus Elymus farctus subsp. farctus, Honckenia peploides, a seguir vem as cristas dunares onde a mobilidade da areia ainda é elevada, designadas por dunas brancas, onde domina Amophila arenaria subsp. australis acompanhadade Calystegia soldanella, Eryngium maritimum, Otanthus maritimus , Cyperus capitatus, Euphorbia paralias, Lotus creticus, Medicago marina, Pancratium maritimum, Polygonum maritimum, Anthemis maritima, Carex arenaria , seguindose a duna cinzenta onde já alguma fixação de areia e ocorre a vegetação camefítica com Lotus creticus, Crucianella maritima, Anagallis monelli var. microphylla, Anthemis maritima, Armeria pungens, Armeria welwitschii subsp. welwitschii, Artemisia crithmifolia, Coyncia johnstonii, Helichrysum picardii, Herniaria maritima, Iberis procumbens, Jasione lusitanica, Linaria lamarckii, Linaria caesia subsp. decumbens, Thymus carnosus, Scrophularia frutescens, Seseli tortuosum, Malcolmia littorea, Matthiola sinuata, Ononis natrix subsp. ramosissima, Euphorbia portlandica, Leontodon taraxacoides subsp. taraxacoides. Onde jáháfixação completade areianasdunas instalamseos sabinaisde Juniperus turbinata eoscamarinhaisde Corema album .

3. ACTIVIDADES PRÁTICAS 1NaTapadadaAjudaescolhaumaáreahomogéneapodeserumaculturaagrícola,umazona florestada,umasebe,etc.pararealizaruminventário. 2Comeceporrecolher,paraumsacodeplásticotodasasplantasoupartedelas(devemterflore frutosepossível),queachaquesãodistintas.Marquecadaumadelascomumaetiquetanumerada. 3 A cada exemplar recolhido dêlhe um grau da escala de abundância/dominância de Braun Blanquet. 4Regresseàsaladeaulaeidentifiqueomaterialrecolhido,quantoáfamíliaeespécie.

142 4. QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO QuaissãoosobjectivosfundamentaisdaGeobotânica? Quaissãoasdistintasperspectivasdoestudodageobotânica? QualéaposiçãodaGeobotânicanoseiodasoutrasciênciasambientais? Qualéosignificadodaáreadedistribuiçãodasespéciesecomopodemosconhecêlas? Quaissãoosprincipaistiposdeáreadedistribuição? Oqueéumendemismo?Quaisassuasorigens? Quetiposdeendemismospodemosreconhecer? Oqueévicariânciaegeovicariância? Quaissãooscritérioseparâmetrosparaoreconhecimentodascomunidadesvegetais? Quaissãoospostuladosbásicosàteoriado continuum ? Quaissãoaspremissasdométodofitossociológicodoestudodavegetação? Quetiposdeespéciesdediagnósticosereconhecem? Quantasfasesexistemnométodo?Comosedistinguem? Qualosignificadoeointeressedosconceitosdeclímax,vegetaçãopotencial,sériedevegetaçãoe permasigmetum ? Quetiposdesériesconhece? Oqueéumageossérieequalasuaimportâncianapaisagem? Oqueéumacatena?Eumaclissérie? Queíndicesdediversidadeespecíficaconhece?Quaissãoassuaslimitações? Quaissãoosprincípiosambientaisequaloseuinteresse? Qualaimportânciadatemperaturaedaáguanadistribuiçãodasplantas? Oqueéófotoperiodismo?Comosepodemclassificarasplantassegundoofotoperíodo? Qualainfluênciadanevesobreasplantas? Qualéacçãodoventosobreasplantas? Comoorelevopodeinfluenciaradistribuiçãodasplantas? Quetiposdeplantasobservamosnoslocaisdefaltadesolo? Comoseclassificamasplantassegundoaspropriedadesdosolo? Qualaimportânciadohomemnadistribuiçãodasespécies? Qualaimportânciadofogo? Comosepodemclassificarasplantasquantoaoseumododedispersãoemutiplicação Quetiposdeclassificaçõesclimáticasexistem? QueunidadesreconhecesosistemadeKöppeneRivasMartínez? Quaissãoosíndicesutilizadosparadeterminarumandarbioclimáticoeumombrotipo? QuaissãososandaresbioclimáticoseombrotiposqueocorrememPortugal? Oquesãodiagramasombrotérmicos?Qualasuautilidade? Quaissãoasunidadesfundamentaisdabiogeografia? QuaissãoosReinosqueconhece? QualéposiçãobiogeográficadeLisboaePortoatéàunidadedeProvíncia? Quais são os bosques, matagais e matos predominantes na Região Eurossiberiana de Portugal continental? ComosãososbosquesematagaisnaRegiãoMediterrânicaportuguesa? QuetiposdematosseobservamnaRegiãoMediterrânicaportuguesa?

143 5. FONTES DE CONSULTA Bibliografia básica RIVASMARTÍNEZ, S. 2005. Avances en Geobotánica – Discurso de Apertura del Curso Académico de la Real Academia Nacional de Farmacia del año 2005 . Real Academia Nacional de Farmacia. Instituto de España. Madrid 142pp. Disponível no site http://www.ucm.es/info/cif/ BRAUNBLANQUET, J. 1979. Fitossociología. Bases para el estúdio de las comunidades vegetales .Ed.H.Blume.Madrid.820pp(BISA) COSTA,J.C.2001TiposdevegetaçãoeadaptaçõesdasplantasdolitoraldePortugalcontinental. InAlbergariaMoreira,M.E.,A.CasalMoura,H.M.Granja&F.Noronha(ed.) Homenagem (in honorio) Professor Doutor Soares de Carvalho : 283299. Braga. Universidade do Minho.Disponívelnositehttp://www.isa.utl.pt/ COSTA, J.C., AGUIAR; C., CAPELO, J., LOUSÃ,M. & NETO, C. 1999. Biogeografia de PortugalContinental. Quercetea 0:556.Disponívelnositehttp://www.isa.utl.pt/ Bibliografia complementar FERNANDEZGONZÁLEZ,F.1997.Bioclimatologia.In:Izcoetal . Botánica. MaGrawHill.607 682.

Direcções da Internet http://www.ucm.es/info/cif/

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