UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO

JOÃO PEDRO RIBEIRO DE ALMEIDA E RAFAEL MAZINI FONT

SÃO JOSÉ ESPORTE CLUBE: DO SONHO DO TOPO AO QUASE AMADORISMO

São José dos Campos 2017

UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E COMUNICAÇÃO

SÃO JOSÉ ESPORTE CLUBE: DO SONHO DO TOPO AO QUASE AMADORISMO

Relatório apresentado como parte das exigências da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas e Comunicação, da Universidade do Vale do Paraíba.

Orientação: Msc. Vânia Braz de Oliveira.

Co-orientação: Danilo Sardinha

São José dos Campos 2017

AGRADECIMENTOS

Concluir este trabalho não foi fácil, e se conseguimos chegar a este objetivo, temos muito a agradecer a diversas pessoas, que foram mais do que importantes nesta nossa caminhada. Primeiramente gostaríamos de agradecer a quem está do nosso lado no dia-a- dia, nos dando forças, independentemente da situação, especialmente, nossos pais, que desde o início do curso nos incentivaram para persistirmos com o nosso sonho de nos tornarmos jornalistas. Também não poderíamos deixar de agradecer nossas namoradas, Luiza Montoni e Thaissa Makie que também foram fundamentais durante este trabalho, nos ajudando sempre que possível. É evidente que sem os nossos professores também não conseguiríamos chegar até aqui. Todos eles que acompanharam estes quatro anos de caminhada, sem nenhuma exceção, deixaram em nós um pouco de conhecimento, não apenas acadêmico, mas também para a vida. Entre estes, não podemos deixar de agradecer especificamente a professora Vânia Braz, que nos acompanhou durante todo o curso e durante este trabalho, nos aconselhando sobre a melhor maneira de produção de cada linha deste material. Companheiros durante todo o curso, em trabalhos, durante as aulas, em conversas, os nossos amigos também não podem ser esquecidos neste agradecimento, em especial, nosso eterno amigo Rafael Vampre, que nos deixou no segundo ano de faculdade, mas com certeza estará presente em cada um dos trabalhos de conclusão de curso desta turma. Por fim, também não podemos deixar de agradecer todos que auxiliaram na produção do conteúdo deste trabalho direta e indiretamente, principalmente nosso co- orientador Danilo Sardinha, e o senhor Alberto Simões, a quem citamos ao longo de todo este material, devido a grande obra relacionada ao São José Esporte Clube que produziu antes de falecer.

Resumo em língua vernácula

A queda brusca de divisões do São José Esporte Clube dentro do futebol do Estado de , vinda logo após um período em que o clube esteve próximo da conquista de um acesso para a elite do esporte em nível estadual, é o tema deste trabalho, resultado da colheita de informações com testemunhas deste período na história do time. O objetivo geral foi produzir uma grande reportagem impressa sobre a Águia do Vale, alcunha da equipe joseense, desde a fase em que esteve próximo de retornar a elite do futebol paulista até chegar a beira do futebol amador. Um período que corresponde entre os anos de 2007 e 2016, exatamente uma década. O trabalho está baseado em pesquisa bibliográfica e documental, que indicam o tamanho da queda do clube, e entrevistas com quem presenciou todas estas campanhas que levaram a equipe joseense a Bezinha do , como torcedores, jornalistas, membros da diretoria do time e jogadores.

Palavras-chave: São José Esporte Clube. Jornalismo Esportivo e Investigativo. Grande reportagem.

Resumo em língua estrangeira

The deepest fall of São José Esporte Clube in the soccer of São Paulo's state, after some years that the team was close to go to the first division of the championship is the purpose of this academic study, result of collection of data from witness of this period of the team. The objective was produce a big report about the team, also called as Águia do Vale, since when they were close to go to the fisrt division in the state, until this actual fase, that flert with the amateur soccer. A study based in statistics, that shows the size of the team's fall, and from the depoiment of whom were in all of this campain that takes the team to the fourth division in the state, like supporters, directors and soccer players. A period from 2007 to 2016, exatly a decade.

Keywords: São José Esporte Clube. Sports Journalism e Investigative Journalism. Big Report

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Uma das primeiras formações do Esporte Clube São José...... 13 FIGURA 2 – O estádio da Rua Antônio Saes, em imagem de 1939...... 14 FIGURA 3 – O agora São José Esporte Clube, já no estádio Martins Pereira.... 16 FIGURA 4 – O time que conquistou o acesso para a elite paulista...... 17 FIGURA 5 – O estádio do Morumbi, na final entre São José e São Paulo...... 19 FIGURA 6 – Capas Revistas Veja e Placar ...... 42 FIGURA 7 – Capa da grande reportagem ...... 51 FIGURA 8 – Páginas 2 e 3 da grande reportagem ...... 52 FIGURA 9 – Páginas 13 e 14 da grande reportagem...... 53

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparativo do São José nas temporadas entre 2007 e 2016...... 23

ÍNDICE

Introdução ...... 9 Capítulo 1. A história do São José EC...... 11 1.1. A Fundação e os primeiros anos de profissionalismo...... 11 1.2. A construção do Martins Pereira e a mudança de nome...... 14 1.3. A era de ouro do São José EC...... 16 1.4. O quase...... 20 1.5. O caminho rumo ao fundo do poço...... 22 Capítulo 2. A Diretoria...... 25 2.1. Os presidentes ...... 25 2.2. Os recentes problemas de administração no São José EC...... 27 2.3. Exemplos de má administração no futebol brasileiro...... 30 Capítulo 3. O esporte em São José dos Campos e sua influência...... 32 3.1. São José dos Campos e os esportes...... 32 3.2. O futebol...... 33 3.3. O esporte move economicamente a cidade...... 35 Capítulo 4. Jornalismo investigativo e o esporte...... 38 4.1. O jornalismo investigativo...... 38 4.2. Jornalismo investigativo no esporte...... 40 4.3. Casos relevantes do jornalismo investigativo no esporte...... 41 Capítulo 5. Metodologia...... 43 5.1. Pesquisa Descritivas...... 43 5.2. Qualitativa...... 43 5.3. Pesquisa bibliográfica...... 43 5.4. Pesquisa documental...... 44 5.5. Entrevistas...... 45 Capítulo 6. Reportagem...... 48 6.1. Características da reportagem impressa...... 48 6.2. Os fatos relevantes...... 49 6.3. A diagramação...... 50 Considerações finais ...... 54 Referências ...... 55 Anexos ...... 58 1. Tema ...... 58 2. Objetivo geral ...... 58 3. Objetivos específicos ...... 58 4. Problema ...... 58 5. Hipótese ...... 61 6. Justificativa ...... 61 7. Cronograma ...... 62 8. Anexos ...... 63

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Introdução

Poucas coisas mexem tanto com o emocional do ser humano quanto um time esportivo. No Brasil, essa emoção costuma mexer com os que se interessam especificamente por futebol, esporte mais tradicional do país. A imprevisibilidade dos esportes causa esta constante mudança de emoções, já que não é sempre que o melhor vence, o time que está vencendo em um dia, poderá estar perdendo no outro, e isso é perfeitamente comum. Este trabalho tem por objetivo apresentar exatamente esta alternância que o esporte, neste caso, especialmente, o futebol, pode oferecer. Serão apresentados os acontecimentos do período entre 2007 e 2016 vivenciados pelo São José Esporte Clube, tradicional equipe de futebol do interior do Estado de São Paulo. Este período indica o que um time de futebol está submetido em um período de tempo, aparentemente curto, mas que pode causar grandes impactos a um clube. Neste caso, o São José, conhecido como Águia do Vale, deixou de brigar pelo acesso a elite do futebol paulista, na disputa do segundo nível estadual, no início do período apresentado, para atualmente estar na quarta e última divisão do Campeonato Paulista, torneio que é nomeado oficialmente como Segunda Divisão. Além de apresentar os fatos que resultaram em tal queda, o trabalho tem por objetivo entender e apresentar as razões para tamanha mudança de cenário, se baseando em depoimentos de pessoas ligadas ao clube ao longo destes dez anos. Este relatório começa com a história do São José Esporte Clube, desde a fundação, em 1933, até o fim do período em estudado, em 2016. Seuencialmente é apresentado dados históricos em relação a administração do clube, como presidentes e as constantes trocar presidenciais, realizadas nos últimos anos, além de apresentar exemplos de más administrações no futebol brasileiro, em geral. No terceiro capítulo deste trabalho mostramos a relação da cidade de São José dos Campos, com o esporte em geral, porém, ainda especificado o futebol em um dos itens apresentados. Antes de tratar diretamente do material a ser produzido, relatamos também a relação do jornalismo investigativo com o esporte, já que pretendemos fazer uma pesquisa detalhada sobre este período, incluindo assuntos que possam necessitar de uma maior investigação, como por exemplo, em relação a administração do clube.

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Por fim, o estudo também visa produzir um material para registro histórico, que relata este momento do clube, que se tornou marcante, por ocasiões inéditas, como o primeiro rebaixamento do clube ao quarto nível do Campeonato Paulista, e também a consolidação de um dos dez maiores artilheiros da história do clube, o atacante Renato Santiago. Queremos apresentar uma história contada por quem a viveu e a escreveu. Pretendemos fazer isso bem feito e oferecer aos interessados ao tema, um material de qualidade.

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Capítulo 1. A história do São José EC

Neste primeiro capítulo iremos fazer um breve resumo da história do São José Esporte Clube, equipe fundada em 1933 e que se consolidou como principal e mais tradicional time de São José dos Campos, devido as suas conquistas, em especial nos anos 1980. O capítulo tem o intuito de passar, de maneira breve, pelos principais momentos do clube nos primeiros anos de fundação, até chegar a chamada “época de ouro” da equipe (anos de 1980), assim como os anos 90 e início dos anos 2000. Passaremos a detalhar com mais ênfase a trajetória do clube a partir do fim dos anos 2000, quando a equipe esteve próxima do acesso à Série A1 do Campeonato Paulista, principal divisão do futebol do Estado de São Paulo. Daí em diante acompanharemos, com mais detalhes, os rebaixamentos consecutivos e os problemas internos do clube, que por meio dos veículos de imprensa, se tornaram públicos. Por fim, finalizaremos o capítulo abordando a atual situação do clube, que está na última divisão do futebol paulista, em busca de uma reação dentro do cenário estadual. Ao todo será abordado um período de dez anos, entre 2007, início da sequência de boas campanhas na divisão de acesso a Série A1, até 2016, ano em que o clube foi rebaixado para a Segunda Divisão, campeonato que equivale ao último nível do futebol do Estado de São Paulo.

1.1 A Fundação e os primeiros anos de profissionalismo

O São José Esporte Clube surgiu como um time amador, em 13 de agosto de 1933, primeiramente com a nomenclatura de Esporte Clube São José. O processo de fundação da equipe se deu da seguinte maneira como conta SIMÕES (2010, p. 27)

A sessão de fundação do Esporte Clube São José foi marcada para o dia 13 de Agosto de 1933, no prédio nº 7 da rua Sebastião Hummel, no centro da cidade. Exatamente às 20 horas daquele domingo, Galiano Alves declarou iniciado os trabalhos, convidando para tomar parte da mesa os seus companheiros de comissão e mais o sr. Carlos Belmiro dos Santos para servir de secretário. Expôs aos presentes os

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motivos da reunião e com o apoio de todos marcou para o dia 15, terça-feira, às oito horas da noite a eleição para a organização da primeira diretoria.

Galiano Alves foi eleito o primeiro presidente do clube e daí em diante deu início aos trabalhos. Poucos são os registros dos primeiros jogos da equipe joseense, porém, o primeiro material a indicar um jogo do Esporte Clube São José foi a revista “Fagulhas”, como SIMÕES (2010) informa. O registro seria de um jogo em , contra o Comercial FC, clube da cidade, contudo, não há informação sobre o resultado do embate entre as equipes. As primeiras competições oficiais do “Esporte”, como o clube ficou conhecido nos primeiros anos de vida, foram os principais campeonatos municipais de São José dos Campos, torneios que ficaram pequenos para a força que o time vinha demonstrando, o que fez com que a equipe precisasse romper os limites do município e iniciar disputas também na região do Vale do Paraíba. Com a continuidade do sucesso mesmo no futebol amador regional, o então presidente do clube, Nelson Martins Pereira, (filho do Dr. Mario Martins Pereira, médico, segundo presidente da história do Esporte e homenageado no que é hoje o estádio principal da cidade de São José dos Campos) resolve profissionalizar o clube, junto a Federação Paulista de Futebol, em 1957. Uma decisão tomada com boas razões, como relata SIMÕES (2010, p. 47).

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Figura 1: Uma das primeiras formações do Esporte Clube São José

Fonte: Museu de Esportes de São José dos Campos

No primeiro ano como clube profissional, o Formigão do Vale, como era conhecido devido ao primeiro mascote da história do clube, não fez grande campanha no Campeonato Paulista da Terceira Divisão (atual Série A3) e resolveu fechar a equipe profissional, retornando ao futebol amador de São José dos Campos e do Vale do Paraíba por um período de sete anos, retornando ao profissionalismo apenas em 1964. E o retorno é em grande estilo. A equipe volta a disputar o Paulista da Terceira Divisão (que passa a ser considerada a 4ª divisão do futebol de São Paulo) e logo em seu primeiro ano é campeão do torneio e ascende para a Segunda Divisão (atual Série A3). No ano seguinte, em 1965, o sucesso se repete, e o clube conquista o campeonato daquela temporada, já em 1966, e fatura o acesso para a Primeira Divisão (atual Série A2, principal divisão de acesso do futebol paulista), assim se estabilizando e se tornando um dos principais clubes do interior do Estado.

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Dali em diante, providências para tornar o clube grande, também além dos resultados, passam a ter tomadas e a estrutura do São José começa a ser desenvolver.

1.2 A construção do Martins Pereira e a mudança de nome

Já consolidado na principal divisão de acesso do futebol de São Paulo, o São José surge com um projeto ambicioso: a construção de um estádio para 65 mil pessoas. O projeto visava abandonar o antigo campo da Rua Antônio Saes (o campo se situava onde atualmente está a Igreja Universal do Reino de Deus) e migrar para um estádio que seria um dos maiores de todo o Estado.

Figura 2: O estádio da Rua Antônio Saes, em imagem de 1939

Fonte: Museu de Esportes de São José dos Campos, 1939

As obras para a construção do estádio fizeram o clube abandonar o futebol durante os anos de 1968 e 1969, já que todos os esforços ficaram para a construção do local. Para a sorte da equipe, naquela época, diferentemente do que acontece atualmente, os clubes podiam abandonar o Campeonato Paulista em um período e retornar na mesma divisão que estavam anteriormente. Atualmente, caso um time

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desista da competição estadual, em caso de retorno, este clube volta na última divisão. Em 1970, as obras no estádio Martins Pereira, nome dado em homenagem ao segundo presidente da história do clube, são concluídas e o clube finalmente pode retornar ao futebol. O projeto inicial do estádio não foi concluído. O local, que a princípio, deveria comportar 65 mil pessoas é apresentado com a capacidade de apenas 20 mil torcedores, o que segundo SIMÕES (2010), seria o suficiente para planejar um novo acesso, e assim, o São José retorna ao futebol e à busca pelo acesso a elite do futebol paulista. O clube busca a ascensão para a divisão principal do Campeonato Paulista, porém, fica no quase nas primeiras tentativas. O Formigão, uma das primeiras formas como o São José foi apelidado na história, chegou a conquistar o título da Segunda Divisão na temporada de 1972, porém, justamente naquele ano, o regulamento não previa o acesso para a divisão principal, nem mesmo ao campeão da Segunda Divisão. Restou ao clube se contentar com uma taça e uma premiação em dinheiro, oferecidas pela Federação Paulista de Futebol. Seguindo na Segunda Divisão, o time permanece em busca do acesso nos anos seguintes, mas sofre uma grande mudança em 1976. O Esporte Clube São José precisa mudar de nome e de cores, devidas as inúmeras dívidas que o clube tinha naquele momento, como única opção que evitaria a falência do time. À época esta era uma maneira de “fugir” da cobrança de dívidas e começar uma nova vida.

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Figura 3: O agora São José Esporte Clube, já no estádio Martins Pereira

Fonte: Museu de Esportes de São José dos Campos

Surge assim o São José Esporte Clube, com as cores azul, branco e amarelo, em substituição ao preto e o branco. O distintivo também é alterado, deixando as linhas retas e apostando em uma engrenagem semelhante à da bandeira oficial da cidade. Apesar da extrema importância para a história do clube, a mudança pouco interfere dentro de campo, já que os joseenses seguiram na Segunda Divisão, em busca do desejado acesso ao topo do futebol de São Paulo. Mas tal situação não perduraria por muito tempo, já que a partir do início da década de 1980 o São José passaria a viver os melhores momentos de sua história e alcançaria o principal objetivo do clube.

1.3 A era de ouro do São José EC

O São José Esporte Clube tem nos anos 1980 a sua “era de ouro”. Durante esta década o time registra suas principais campanhas e tem as grandes conquistas da história do clube, o que torna esse período marcante para os torcedores do clube,

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até os dias atuais. Logo em 1980, no primeiro ano da década, o grande sonho da Águia do Vale se tornou realidade. A equipe realiza uma brilhante campanha no Campeonato Paulista da Segunda Divisão e conquista o acesso para a elite do futebol de São Paulo pela primeira vez em sua história, após uma goleada diante do Catanduvense, por 4 a 0, no estádio do Pacaembu, em São Paulo, que recebeu mais de 15.000 torcedores naquela partida.

Figura 4: O time que conquistou o acesso para a elite paulista

Fonte: Museu de Esportes de São José dos Campos

Com outra boa campanha na temporada de estreia na principal divisão do Paulistão, o São José E.C conquistou uma vaga na Taça Brasil de 1982, que era considerado o Campeonato Brasileiro da época. E atuando em nível nacional os joseenses também não fizeram feio. Mesmo enfrentando adversários difíceis pela frente, como os campeões brasileiros, Atlético- MG e Grêmio, logo na fase inicial, a equipe foi avançando no torneio e chegou até as oitavas de final, quando foi eliminada pelo Bangu. Porém, neste ponto, o clube já

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estava entre os 16 principais times do país. Nesta época ainda ficou eternizado o que para muitos torcedores é considerado o melhor trio de ataque da história do São José E.C., com Edinho, Tião Marino e Nenê. Atualmente a torcida ainda exalta estes atletas com cânticos nas arquibancadas durante os jogos do time. Apesar do embalo, em 1983, o clube sofreu uma situação de grande impacto, com o rebaixamento da primeira para a segunda divisão estadual. Porém, o período na divisão de acesso paulista durou pouco tempo, já que em 1987 os joseenses retornaram a elite, com uma heroica vitória sobre o Comercial, de Ribeirão Preto, por 2 a 0, fora de casa, que corou uma boa campanha no Paulista da Segunda Divisão. E o retorno foi apenas o primeiro passo para o que é considerado o maior triunfo da história do clube. Dois anos depois do acesso, em 1989, o clube surpreende o Estado de São Paulo e faz frente aos principais times paulistas. Após uma grande primeira fase, o São José avança no Campeonato Paulista e tem seu maior momento ao eliminar o Corinthians, nas semifinais do torneio, após uma vitória incontestável por 3 a 0, no estádio Martins Pereira, em São José dos Campos. Na decisão da competição, a Águia do Vale faz dois jogos no Estádio Cicero Pompeu de Toledo, mais conhecido como Morumbi (casa do adversário do time joseense). Os dois combates foram muito equilibrados com o São Paulo (que mais tarde seria vice-campeão brasileiro, ao ser derrotado pelo Vasco da Gama, na decisão), mas não resistiu ao poder da equipe paulistana e após uma derrota por 1 a 0 e um empate em 0 a 0, ficou com o vice-campeonato do Campeonato Paulista. Além da campanha no torneio estadual, o ano de 1989 ainda reservava dois grandes momentos para o clube de São José dos Campos. O primeiro deles foi uma excursão pela Espanha, onde o time teve grande destaque, com a realização de 18 partidas amistosas.

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Figura 5: O estádio do Morumbi, na final entre São José e São Paulo

Fonte: Museu de Esportes de São José dos Campos

Nestes confrontos, os joseenses tiveram um bom desempenho, obtendo nove vitórias, cinco empates e apenas quatro derrotas, além de conquistar quatro torneios amistosos, nas cidades de Torrevieja, Palma del Rio, Estepona e Portullano. Na volta ao Brasil, a equipe seguiu em grande fase, e durante a disputa do Campeonato Brasileiro da Divisão Especial (atualmente conhecido como Série B) fez boas partidas e fechou o ano com o acesso para a principal divisão do Brasileirão, após conquistar o vice-campeonato do torneio de acesso, sendo superado apenas pelo Bragantino, na grande decisão. Nos anos seguintes, o São José não conseguiu manter as boas campanhas sendo rapidamente rebaixado da principal divisão do Campeonato Brasileiro, para onde nunca mais voltou, e também da elite do futebol de São Paulo, onde ainda conseguiria retornar em 1997, porém, sem o mesmo sucesso do fim da década de

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1980.

1.4 O quase

O novo milênio começou complicado para o São José Esporte Clube. Se a equipe já havia deixado de vivenciar as glórias nos anos de 1990, a primeira metade dos anos 2000 foram ainda mais decadentes. O Clube até teve a oportunidade de reaparecer no cenário nacional, o que não acontecia desde 1992, quando a Águia do Vale disputou a Série B do Campeonato Brasileiro. Isso graças à confusa Copa João Havelange, competição que reuniu 116 equipes, em 2000, e colocou uma equipe que deveria estar na Série B (o São Caetano) na final da elite do futebol nacional, no mesmo ano. Porém, os joseenses tiveram um desempenho fraquíssimo na disputa do Módulo Verde (uma espécie de Série C) e não foram longe na competição, o que já era esperado devido ao elenco limitado montado para a temporada. Quatro anos depois da última aparição nacional do clube, os joseenses viveram o que até aquele momento era considerado o maior vexame da história do time. A equipe foi rebaixada para a Série A3 do Campeonato Paulista, algo que nunca havia acontecido, desde que o São José havia ascendido à divisão de acesso, lá nos primórdios de sua história. Foram dois anos disputando o terceiro nível do futebol de São Paulo, até que em 2006, a equipe conseguiu garantir o retorno para a Série A2. Neste momento, o clube se organizava para retornar à elite do futebol paulista, algo que esteve muito próximo nos anos seguintes. A primeira grande chance veio logo em 2007. Em uma das edições mais difíceis do Campeonato Paulista da Série A2 de toda a história, já que contava com equipes como o Guarani, a Portuguesa e o ainda fortíssimo à época, União São João, a Águia do Vale teve um bom desempenho na primeira fase e se classificou ao quadrangular decisivo para o acesso, na quarta posição. Porém, os joseenses não tiveram sorte com a chave, definida pelas posições da primeira fase. Além do São José, o grupo tinha os favoritos Portuguesa e Guarani, e o Bandeirante, de Birigui. Mesmo assim, o clube chegou até a última rodada com chance de acesso, mas foi derrotado pelo Guarani, em , por 2 a 1, e acabou ficando sem a vaga para a Série A1.

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No ano seguinte, nova decepção. Mas desta vez o acesso esteve muito mais longe. Mesmo com um bom time, o São José não passou sequer à segunda fase da competição, ficando um ponto atrás do último classificado na etapa classificatória, o União São João. É a partir de 2009 que se inicia uma sequência que fez o torcedor da equipe sonhar alto. A primeira campanha desta série já animou os joseenses. Mesmo com uma campanha na primeira fase repleta de altos e baixos, a Águia do Vale se classificou sem sustos para a etapa decisiva. Mais uma vez no quadrangular que valia o acesso, o São José foi até a última rodada com chances de ascender à Série A1. Com vitórias emocionantes no Martins Pereira, contra Sertãozinho e União São José, a equipe chegou à partida derradeira dependendo apenas de si própria para subir a elite paulista. A torcida acreditou, e lotou dezenas de ônibus para ir até Americana, onde aconteceria o duelo decisivo contra o Rio Branco, porém, o time não teve forças para superar a equipe da casa e amargou mais uma decepção. Em 2010, a diretoria, em especial na figura do presidente, Robertinho da Padaria, montou um dos elencos mais fortes dos últimos anos da história do São José, o que gerou uma grande expectativa no torcedor de que este seria o ano do retorno para a Série A1. Nem mesmo a campanha apertada na primeira fase desanimou os joseenses. Classificado para a segunda fase com a última das oito vagas disponíveis, o São José ficou mais uma vez em um grupo forte no quadrangular decisivo, com Noroeste, Guaratinguetá e União São João. Logo na primeira rodada, a empolgação aumentou. Com uma goleada sobre o União São João, por 4 a 1, com grande atuação de todo o time, a Águia do Vale parecia estar pronta para conquistar o acesso, mas duas derrotas seguidas fora de casa, e sobretudo, um empate no Martins Pereira com o Guaratinguetá, com mais de 13.000 presentes, praticamente acabou com as chances da equipe, que mais uma vez amargaria um quase na Série A2. Já sem a empolgação dos dois anos anteriores por parte do torcedor, que começou a apontar, de maneira mais evidente, uma decepção após os fracassos, a temporada de 2011, deu fortes indícios que poderia surpreender, de maneira positiva. O São José fez a melhor campanha da primeira fase da Série A2, com atuações indiscutíveis, que voltou a animar o joseense, que no início da segunda fase

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novamente já estava extremamente confiante no acesso para a divisão principal do futebol de São Paulo. Mas o filme se repetiu. E, desta vez, de maneira ainda mais decepcionante. Desde o início do quadrangular decisivo, a Águia do Vale não conseguiu reapresentar os bons desempenhos da primeira fase, e ainda na metade da etapa final já praticamente não tinha mais chances de acesso. Talvez o torcedor joseense não imaginava que a decepção pelos “quases” seria apenas o princípio de uma fase tenebrosa que viria pela frente. A partir de 2012, os joseenses começaram a perceber que brigar pelo acesso, mesmo sem sucesso, era muito melhor do que lutar contra o rebaixamento, ainda mais quando a luta também não tem um resultado positivo.

1.5 O caminho rumo ao fundo do poço

Após três anos brigando pelo retorno à principal divisão do futebol do Estado de São Paulo, o São José começou 2012 mais uma vez acreditando no acesso, mesmo com a torcida desiludida após a sequência de decepções na Série A2. Porém, nessa temporada a torcida notou que brigar pelo acesso, mesmo que sem sucesso, tinha uma sensação muito melhor do que lutar contra o rebaixamento, ainda que o objetivo neste segundo caso seja alcançado. Em 19 jogos, foram apenas seis vitórias da Águia do Vale, em um campeonato que até a última rodada a equipe ainda sofria o risco de ser rebaixado para a Série A3. Um gol de Renato Santiago, maior ídolo do clube na última década, salvou a equipe do descenso, no duelo contra o Penapolense, no Martins Pereira. O susto serviu de lição, e no ano seguinte, em 2013, o time não correu risco de rebaixamento, porém, mesmo sendo eliminado ainda na primeira fase, os joseenses tiveram outra grande decepção. Dependendo apenas de si próprio na última rodada da fase inicial, a equipe foi goleada pelo Audax, por 5 a 0, e caiu ainda na primeira etapa da Série A2, frustrando mais uma vez a torcida que sonhava com o acesso. Apesar da situação, no mínimo constrangedora, o maior problema de 2013 para a história do clube de São José dos Campos viria a acontecer no segundo semestre, quando o novo presidente foi eleito: Benevides Ferneda, o Geleia. Indicando desde o princípio que não estava preparado para assumir o comando

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de um clube com o sonho de estar na elite do futebol paulista, Geleia montou um elenco franquíssimo para a disputa da Série A2 de 2014. E o resultado disso veio dentro das quatro linhas. A equipe venceu apenas um jogo nas 19 partidas da competição e amargurou quase que durante a campanha toda, a última posição do torneio, que terminou com a Águia do Vale rebaixada para a Série A3, exatamente dez anos após o último descenso para o terceiro nível estadual.

Tabela 1: Comparativo do São José nas temporadas entre 2007 e 2016

ANO SÉRIE DISPUTADA SITUAÇÃO 2007 Paulista Série A2 Eliminado no quadrangular para o acesso 2008 Paulista Série A2 Eliminado na primeira fase 2009 Paulista Série A2 Eliminado no quadrangular para o acesso 2010 Paulista Série A2 Eliminado no quadrangular para o acesso 2011 Paulista Série A2 Eliminado no quadrangular para o acesso 2012 Paulista Série A2 Eliminado na primeira fase 2013 Paulista Série A2 Eliminado na primeira fase 2014 Paulista Série A2 Rebaixado para a Série A3 2015 Paulista Série A3 Eliminado na primeira fase 2016 Paulista Série A3 Rebaixado para a Segunda Divisão (quarto nível)

Fonte: Site oficial da Federação Paulista de Futebol

Agora ainda mais distante do topo do futebol de São Paulo, o São José seguiu caminhando aos “trancos e barrancos”. Novamente foi notada uma enorme desorganização dentro do clube, que teve como maior reflexo a perda do prazo de inscrição de atletas para a Série A3 de 2015, o que resultou em um elenco curtíssimo, de apenas 18 atletas para a disputa de 19 rodadas. Mesmo assim, com uma equipe aguerrida, os joseenses lutaram até a última rodada da fase inicial pela classificação para a segunda fase da competição, que só não veio por conta de um empate com o Juventus, por 2 a 2, no Martins Pereira. A temporada de 2016 começou com a esperança de que o “pesadelo” da terceira divisão paulista iria ser superado ainda naquele ano, já que o discurso da diretoria era de que desta vez haveria uma maior organização tanto dentro, quanto fora de campo. Porém, foi a situação contrária que aconteceu. A equipe seguiu mal administrada, inclusive com denúncias de maus tratos aos atletas do elenco, que por

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mais de uma vez, alegaram não receber sequer alimentação do clube. E o reflexo para tal situação foi visto no gramado. Mesmo com um bom início, o time foi caindo de produção no decorrer do campeonato, a na última rodada desta edição do Campeonato Paulista da Série A3 a maior tragédia esportiva da história do clube aconteceu, com o rebaixamento do São José para a Segunda Divisão, equivalente ao quarto nível do futebol de São Paulo. Uma consequência de más administrações, que levaram a Águia do Vale para um lugar onde a agremiação jamais havia frequentado, a última divisão estadual. Uma situação mais do que lamentável para um clube do tamanho do São José Esporte Clube.

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Capítulo 2. A Diretoria

O principal objetivo deste segundo capítulo é descrever a trajetória dos presidentes do São José Esporte Clube, como principal figura das diretorias e administrações dentro de um clube de futebol. Iremos listar todos os presidentes da história do clube joseense, com informações resumidas sobre o período em que tais mandatários exerceram o cargo, usando estas informações como parâmetro para indicar o perfil de suas administrações. Em relação às diretorias dos últimos 10 anos, período que este trabalho aborda, iremos fazer uma análise, abordando cada um dos quatro mandatos, incluindo o atual, recém-iniciado, neste ano de 2017. Ao fim do capítulo, mostraremos exemplos de administração de alguns dos principais clubes do futebol brasileiro, buscando fazer um comparativo entre os momentos difíceis que o São José enfrentou nos últimos dez anos, incluso a época em que a equipe esteve próxima de conquistar o acesso à Série A1 do Campeonato Paulista.

2.1. Os presidentes

Com base na obra “Almanaque do São José Esporte Clube” (SIMÕES, 2010) e em notícias produzidas pelo website GloboEsporte.com, apresentamos, cronologicamente, a lista de presidentes do São José Esporte Clube.

Entre 1933 e 1934 – Galiano Alves 1935 – Mauro Cezare Porto Entre 1935 e 1940 – Renato Becker Entre 1940 e 1941 – Mario Martins Pereira Entre 1941 e 1942 – Gilberto Cará 1942 – Fausto Santos Bandeira Entre 1942 e 1944 – José Matarazzo 1943 – Higino Leonel Filho Entre 1945 e 1948 – Walter Monteiro Becker 1948 – José Ferze Tau

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1949 – Antonio Nunes de Paula 1950 – José Ferze Tau 1951 – Amim Simão Entre 1952 e 1953 – Danilo Monteiro 1953 – Pedro Moacyr de Almeida Entre 1953 e 1958 – Nelson Martins Pereira 1959 – Benedito Matarazzo 1959 – Benedito Mello 1960 – Aurélio de Barros Entre 1961 e 1963 – Benedito Melo 1964 – Emilio Servija Martins Entre 1964 e 1971 – Mario Ottoboni 1971 – Possidônio José de Freitas 1971 – Argemiro Parizzoto de Souza Entre 1971 e 1972 – José de Castro Coimbra Entre 1972 e 1975 – Fauze Metene 1975 – João Lopes Moreno Entre 1975 e 1976 – Carlos Ferraz de Amaral Entre 1976 e 1978 – Altamirando Negrão Palma Entre 1979 e 1980 – Laerte Pinto da Cunha Entre 1981 e 1984 – Augustin Soliva Entre 1984 e 1986 – Wilson Renato de Lima Entre 1987 e 1990 – Pedro Yves Simão Entre 1991 e 1992 – José Pedro Dominicalli Entre 1993 e 1996 – Henrique Ferro 1997 – Lindonice de Brito Entre 1997 e 1998 – Carlos Correa Lorusso 1998 – Arnaldo Pardal 1998 – José Francisco de Freitas 1999 – Cláudio Santiago 2000 – Manuel Bueno 2001 – José Luiz Carvalho de Almeida Entre 2001 e 2002 – Pedro Yves Simão Entre 2002 e 2003 – José Maria de Oliveira

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Entre 2003 e 2004 – Benevides Ferneda, o Geleia Entre 2005 e 2007 – Wilson Renato de Lima Entre 2008 e 2010 – Hélio de Souza Fontes Entre 2011 e 2013 – Roberto da Penha Ramos Entre 2013 e 2016 – Benevides Ferneda, o Geleia Entre 2016 e 2017 – Adilson José da Silva

2.2. Os recentes problemas de administração no São José E.C.

Desde que o São José Esporte Clube conquistou o último acesso da história do clube para a Série A1 do Campeonato Paulista, em 1996, o clube passou a ter uma troca constante de presidentes no fim da década de 1990, com quase todos os mandatos marcados por situações complicadas. O primeiro mandato deste período pós-acesso foi de Lindonice de Brito, a primeira (e até os dias atuais, a única) mulher a assumir a presidência da Águia do Vale. A mandatária permaneceu no posto por seis meses e oficializou a renúncia em 1º de julho de 1997, afirmando que deixava o cargo com as contas aprovadas pelo Conselho Deliberativo do clube e com o São José contendo 98 mil reais em crédito na Federação Paulista de Futebol, como conta o Almanaque do São José Esporte Clube (SIMÕES, 2010, p. 17). Na sequência, Carlos Correa Lorusso assumiu a presidência, como vice- presidente que era de Lindonice de Brito. SIMÕES (2010, p. 18) trata o mandatário como polêmico e muito criticado, mas enfatizado feitos como o da inserção do São José no Campeonato Brasileiro da Série C. Porém, Carlos foi mais um a não cumprir o mandato, renunciando ao cargo em março de 1998, como visto em conteúdo da Agência Estado, acessado pelo arquivo histórico do Diário de Cuiabá. Com a nova renúncia, Arnaldo Pardal, presidente do Conselho Deliberativo, assumiu a presidência e segundo SIMÕES (2010, P. 18) é o mandatário mais criticado da história do São José, isso devido ao atraso no processo de reestruturação que clube atravessava, a negativa a antecipação das novas eleições do clube e uma parceria com uma empresa que prometia o investimento de 100 mil reais, mas jamais depositou qualquer valor financeiro na Águia do Vale. Com Pardal afastado pela 5ª Vara Cível, José Francisco de Freitas assumiu até as novas eleições do clube, que em dezembro de 1998 nomeou Cláudio Santiago

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como o novo presidente joseense. Porém, Santiago é mais um a não cumprir o mandato, já que pediu licença do cargo em março de 2000, após o São José ser rebaixado a Série A2 do Paulista e o próprio mandatário sofrer acusações sobre irregularidades políticas, como conta SIMÕES (2010, p.18 e 19). Manuel Bueno, como vice-presidente de Santiago, assume a presidência e coloca o São José na disputa da Copa João Havelange, competição equivalente ao Campeonato Brasileiro, no ano de 2000. SIMÕES (2010, p.19) vê como errônea a decisão, já que o clube não venceu uma partida no torneio, e ainda cita, em tom de crítica, a parceria com uma empresa, que não pagou compromissos firmados com a Águia do Vale. Bueno deixa o clube após nova eleição, realizada em dezembro de 2000, que elege José Luiz Carvalho de Almeida. Assim como os antecessores, José Luiz não consegue colocar as contas do clube em dia, entra em dívida com a Federação Paulista de Futebol e atletas, e renuncia ao cargo em abril de 2001, junto do vice- presidente, Jorge Pinto de Souza. José Faustino dos Santos é escolhido como novo mandatário, mas ao ver a situação do clube, entrega o cargo três dias após a renúncia de José Luiz, como conta SIMÕES (2010, p. 19). José Maria de Oliveira passa a acumular a função de presidente junto ao cargo de presidente do Conselho Deliberativo do clube até as eleições de abril de 2001, que elegem Pedro Yves Simão, que já havia sido mandatário da Águia entre 1987 e 1990. Em dois anos, Yves evita o rebaixamento do clube para a Série A3 do Paulistão, ainda em 2001, e se aproxima do acesso para a Série A1, em 2002. Yves deixa o clube em 2002, após não apresentar candidatura a nova eleição para a presidência joseense. José Maria de Oliveira assume o cargo, já que era o único candidato na disputa, e repassa o comando do futebol a uma empresa, comandada pelo seu antecessor, Pedro Yves. Porém, em 2003, é afastado do comando clube, após irregularidades apontadas pelo Conselho Deliberativo, como conta SIMÕES (2010, p.20), deixando a presidência nas mãos de Benevides Ferneda, o Geleia. Com a única obrigação de comandar a parte social do clube, já que o time de futebol seguia terceirizado, Geleia dura um ano e cinco meses, mas em novembro de 2004 aceita pedido de afastamento realizado pelo Conselho Deliberativo, que acreditava que o atual mandatário não tinha mais meios para ajudar o clube, segundo palavras de Brás Donizete Machado, presidente do Conselho à época, em declaração reproduzida por SIMÕES (2010, p.

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22). Com o comando do futebol novamente sob responsabilidade do presidente do clube, em dezembro de 2005, Wilson Renato de Lima assume o São José. É confirmado uma dívida de mais de 6 milhões de reais no clube e é cogitada uma parceria com um grupo internacional, que especulava-se ser a MSI, grupo que investiu no Sport Clube Corinthians Paulista, na mesma época, como conta SIMÕES (2010, p. 23). Dentro de campo, Wilson Renato consegue colocar o time de volta na Série A2 do Campeonato Paulista, em 2006, tirando o time da Série A3, divisão que o clube estava desde o ano anterior. Após o fim do mandato de Wilson Renato, Hélio Fontes assume o clube em outubro de 2007. Fontes é mais um a cumprir o mandato e deixa o São José apenas em outubro de 2010, quando é sucedido por Roberto de Penha Ramos, o Robertinho da Padaria. Com bons resultados dentro de campo, as dívidas do clube são deixadas em segundo plano e pouco é noticiada pela imprensa. Porém, o tema voltaria a ser enfatizado com a eleição de Benevides Ferneda, em setembro de 2013, e a volta dos resultados ruins da equipe de futebol. O São José volta a ser rebaixado para a Série A3, em 2014, e posteriormente, em 2016, sofre um descenso para a quarta e última divisão do futebol de São Paulo. Durante o período, que se encerrou em novembro de 2016, até mesmo os aliados criticam abertamente Geleia, como o vice-presidente do clube à época, Eduardo Pereira, em entrevista ao website GloboEsporte.com, em fevereiro de 2014. Porém, os erros dentro de campo são os mais marcantes para a administração de Geleia, que se torna o primeiro presidente a rebaixar a Águia do Vale para a última divisão do futebol do Estado de São Paulo na história. Para Valtencir Vicente, jornalista que acompanha o São José Esporte Clube desde a década de 1970, o problema foi Geleia não entender de futebol.

O São José precisa de alguém que entenda de futebol para administrar o trabalho, porque entender de fazer rifa de passar canequinha na esquina, todo mundo sabe, agora fazer do riscado mesmo de futebol, é mais complicado (VICENTE, 2017)¹

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Adilson José da Silva, foi eleito em novembro de 2016, como sucessor de Geleia e com a missão de retirar o São José da última divisão do futebol paulista, além de administrar as dívidas do clube, que não se sabe como estão, já que o mesmo não fornece publicamente nenhum balanço referente as contas.

2.3. Exemplos de má administração no futebol brasileiro

O São José Esporte Clube não é o único time do futebol brasileiro a ter ligações entre crises de administração e resultados ruins dentro do campo. Muito pelo contrário, existem diversos clubes do país que enfrentam esses problemas diariamente, alguns deles, de grande torcida e tradição. Visando apenas os últimos vinte anos é possível encontrar diversos exemplos que comprovam isso. O Flamengo, do , no começo dos 2000, viveu momentos complicados. Repleto de dívidas, o clube carioca ainda obtia bons resultados no cenário estadual, mas no Campeonato Brasileiro passou apuros nos dois primeiros anos da década. Em sua biografia, publicada por NEVES (2015, p. 75), Alex, jogador do Flamengo em 2000, conta como era a situação do elenco na época: “A situação era realmente complicada. Não tínhamos dinheiro e só podíamos ir ao supermercado tipo quatro e meia da manhã, quando, vazio, ninguém te importunava”. O atleta faz a citação em referência as cobranças da torcida pelos resultados ruins e ao não pagamento de salários por parte da diretoria. Mais tarde, em 2001, o volante , em entrevista à época, fez declaração polêmica dizendo que “eles fingem que pagam e eu finjo que jogo”, em relação ao não cumprimento de compromissos da diretoria flamenguista. Frase que ficou marcada na cultura popular do futebol brasileiro. Outro grande clube do Rio de Janeiro que teve problemas com a administração foi o Vasco da Gama. Com três rebaixamento em oito anos, o time carioca teve o ídolo dentro de campo Roberto Dinamite como presidente, em duas destas três ocasiões. Nome incontestável dentro da torcida vascaína antes deste período, o ex- jogador saiu do clube com a imagem enfraquecida, como conta reportagem do website do canal televisivo ESPN, de dezembro de 2014. O texto cita a gestão financeira de Dinamite como o calcanhar de aquiles do mandatário, devido as decisões que teriam sido equivocadas, em especial, em relação a contratação de jogadores.

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Já no Estado de São Paulo, um pouco mais próximo da realidade do São José, o Corinthians teve grandes problemas administrativos antes de ser rebaixado a Série B do Campeonato Brasileiro, em 2007. A má administração da diretoria corintiana envolveu inclusive investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, por conta de lavagem de dinheiro. O problema corintiano surgiu a partir do surgimento de uma parceria com a empresa MSI, que passou a investir no elenco do clube. Em um primeiro momento, a junção foi vitoriosa, com o clube conquistando o Campeonato Brasileiro, em 2005, porém, após o título, começou a ser revelado o real intuito da parceria entre a diretoria do clube paulistano e a empresa, que era comandada pelo iraniano Kia Joorabchian. Como descrito na obra de MARTINEZ (2009, p. 189), que trata da história do Corinthians, o time paulistano foi lesado financeiramente de maneira milionária durante este período. “No que foi apurado, o clube foi lesado em mais de 400 mil reais, porém, estima-se que o rombo foi muito maior. A dívida do clube, que estava na casa dos 70 milhões de reais, passou a superar os 100 milhões”. Mais recentemente, outro tradicional clube brasileiro, o São Paulo também viveu dias conturbados. Sem conquistar títulos desde 2012, os são-paulinos enfrentam o maior jejum da equipe desde o fim da década de 1960 e início dos anos 1970, como é possível notar na sessão de títulos do website oficial do Tricolor Paulista. Declarações polêmicas, envolvimento de terceiros em negociação de contrato de patrocínios, problemas financeiros e rusgas internas entre dirigentes, são alguns dos problemas enfrentados pelo clube paulistano, como cita matéria do portal IG Esportes, de outubro de 2015, publicada dois dias antes do então presidente do clube Carlos Miguel Aidar renunciar ao cargo, por denúncias de corrupção, como cita o website GloboEsporte.com. Exemplos que mostram que todos os clubes podem sofrer com questões administrativas, e naturalmente, tem exposto estes problemas por meio de resultados dentro de campo.

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Capítulo 3. O esporte em São José dos Campos e sua influência

Este capítulo do nosso trabalho irá abordar de maneira ampla o esporte, nas mais diversas modalidades, dentro do município de São José dos Campos, além de apresentar a influência que o esporte, principalmente de alto nível, pode oferecer as outras áreas da cidade. Dissertaremos sobre os esportes que mais atraíram a atenção da população joseense no último ano, realizando uma ligação com o que isso agregou ao município além do cenário esportivo. Também trataremos, de maneira especial, o futebol amador, que tem grande destaque em São José dos Campos, e movimenta muitos bairros, que valorizam e tratam esta questão como algo cultural. Além disso, iremos abordar o outro clube profissional da cidade, o São José dos Campos F.C., antigo Atlético Joseense. Por fim, buscaremos demonstrar o quanto é importante para diversas áreas do município ter equipes de alto nível movimentando a cidade, já que isso expõe o nome da cidade para outros lugares e atrai visitantes, mesmo que em um curto período de tempo.

3.1. São José dos Campos e os esportes

Na última década, a principal referência no esporte para a cidade ficou por conta do time de basquete, que passou por uma sequência de vitorias e títulos e uma boa classificação no cenário nacional do esporte. Conquistas como as dos Campeonatos Paulista das temporadas de 2009, 2012 e 2015 (que se juntam aos títulos de 1980 e 1981) e a segunda colocação no NBB em 2011/2012, fizeram com que os joseenses resgatassem as emoções de poder acompanhar um time da própria cidade, torcer e vibrar com cada vitória que o time proporcionou para os torcedores. Além disso, as aparições em torneios americanos da equipe de basquete levaram o nome de São José dos Campos para países da América do Sul, Central e do Norte. Outra equipe de grande destaque na cidade do Vale do Paraíba é a de rúgbi, que possui uma trajetória vitoriosa, especialmente desde 2002, quando foi conquistado o primeiro título nacional da história do clube. A partir deste momento, o São José Rugby foi 11 vezes campeão paulista e nove vezes campeão brasileiro de rúgbi XV.

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O projeto FADENP (Fundo de Apoio ao Desporto Não Profissional) tem grande referência no cenário esportivo do município, por buscar promover todos os recursos necessários para um bom desenvolvimento dos atletas, manutenção de equipes em nível competitivo, buscando sempre o desenvolvimento e uma boa formação de atletas na cidade. O principal objetivo do projeto é apoiar com recursos materiais e financeiros as principais modalidades esportivas desenvolvidas no município. Outro objetivo do projeto, visa os profissionais de educação física da cidade, promovendo congressos, seminários, entre outras atividades que visem o aperfeiçoamento técnico do profissional. Para os cuidados das categorias de base do esporte joseense, a Prefeitura Municipal de São José dos Campos trabalha com o programa Atleta Cidadão, que segundo material do website oficial do órgão, publicado em agosto de 2017, foi criado em 1999 e tem atletas de 7 a 17 anos entre os atendidos, com seletivas abertas ou em turmas de treinamento das atividades esportivas, que recebem apoio estrutural e desportivo para representar São José dos Campos em competições estaduais e nacionais. Como é possível ver no próximo item deste capítulo, o futebol é um dos esportes mais procurados entre as modalidades oferecidas pelo Atleta Cidadão, com uma crescente de jovens atendidos a cada ano.

3.2. O futebol

Além do São José Esporte Clube, o futebol no município de São José dos Campos é movimentado de outras formas, com atualmente uma outra equipe profissional, projetos que trabalham com categorias de base e um futebol amador, que inclusive já revelou atletas para o principal time da modalidade na cidade. Fundado como Clube Atlético Joseense, em 1 de outubro de 1998, o único time de futebol profissional de São José dos Campos, além do São José Esporte Clube, atualmente se chama São José dos Campos Futebol Clube, nomenclatura utilizada desde 2014, segundo informações do website oficial da Federação Paulista de Futebol. A equipe disputou o Campeonato Paulista da Série A3 em 2017, e foi rebaixada a Segunda Divisão, equivalente ao quarto e último nível do futebol estadual no Estado de São Paulo. Ou seja, mesma divisão em que está atualmente o São José Esporte

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Clube. Assim como a Águia do Vale, o Tigre, como o São José dos Campos FC é conhecido, utiliza o estádio Martins Pereira como casa nos jogos como mandante. Já os jovens de São José dos Campos têm acesso ao futebol especialmente pelo projeto Atleta Cidadão, programa que cuida das categorias de base do esporte joseense, como foi citado no item acima. Coordenador pedagógico do projeto, Eduardo César de Lima Oliveira, explica como funciona a formação dos atletas, em especial no futebol, e relata o aumento de interessados nos últimos anos.

O quesito "formação de novos atletas" passa muito pelos profissionais que atuam nesta modalidade. Hoje, pelo que tenho acompanhado, no Programa Atleta Cidadão, no qual atuo na equipe de gestão, temos uma equipe técnica muito capacitada, reconhecida no cenário estadual pelo excelente trabalho desenvolvido e que sempre buscam atualizações técnicas, táticas, físicas e pedagógicas, além de se atentar e respeitar a formação esportiva de um atleta de futebol, com relação a faixa etária dos atletas. Nos últimos anos, o número de crianças que buscam a prática do futebol, em nossa cidade, tem aumentado, tendo em vista que nos campeonatos de categorias de base organizados pela Secretaria de Esporte e Qualidade de Vida estão aumentando ano após ano o número de equipes participantes. Outro fator a se destacar é que o Programa Atleta Cidadão, no ano de 2017, criou a Pré Equipe de futebol, fator este que mostra o aumento de participantes na modalidade em questão. (OLIVEIRA, 2017)¹

Além do projeto, organizado e realizado pela Prefeitura, outro meio tradicional de se praticar o futebol na cidade são as competições amadoras. Com partidas costumeiramente realizadas aos finais de semanas, há ligas que organizam torneios de futebol amador, que costumam atrair a atenção de moradores dos bairros em que são realizados, e já revelou atletas para o futebol profissional, como conta o jornalista Valtencir Vicente, em referência ao atacante Alex Cortês, que atuou no São José Esporte Clube entre 2007 e 2010.

O Alex Cortês quando teve a oportunidade de sair do futebol amador para o futebol profissional, ele agarrou firme, ele quis, no entanto, quando saiu do São José e foi para o Volta Redonda, o problema dele

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foi uma falta de preparação física adequada para suportar o ritmo de uma série de temporadas seguidas no futebol profissional, então, por isso, que ele voltou ao futebol amador, não por deficiência técnica, como aconteceu com outros. Antes dele, o São José trabalhou com dois destaques do futebol amador, o Paulinho Banana e o Lindolfo, que eram dois artilheiros do futebol amador joseenses, eles até que treinaram bem, mas não deu certo pois não conseguiram entrar na rotina do futebol profissional. (VICENTE, 2017)

Já por meios particulares, também há oportunidades para se praticar o futebol em São José dos Campos, como na escola de futebol do ex-goleiro Nilton Moreira, tradicional centro que já revelou destaques do futebol atual, como , jogador do Real Madrid, da Espanha, , atacante que foi bi-campeão brasileiro pelo Cruzeiro Esporte Clube, em 2013 e em 2014, e o jovem Lucas Fernandes, atualmente atleta do São Paulo Futebol Clube, nomes citados em material do website GloboEsporte.com, de abril de 2016.

3.3. O esporte move economicamente a cidade

Assim como toda cidade que possua um ou mais times de futebol no cenário nacional, ou até mesmo estadual (mais adequado à realidade dos clubes de futebol de São José), a cidade de São José dos Campos colheria bons frutos com o sucesso das equipes. Jornalista com diversas coberturas esportivas na carreira, entre elas do São José Esporte Clube, equipe em que foi assessor de imprensa, entre 2009 e 2013, Fabio Moraes, acredita que o município perde muito sem um time na elite do futebol paulista.

Em todos os sentidos a cidade perde. No seguimento esportivo teríamos jogadores de qualidade técnica mais apurada, fato que atrairia um público maior ao estádio, o clube ganharia em arrecadações, patrocínios e venda de artigos esportivos do São José Esporte Clube. No aspecto financeiro a cidade ganharia ainda mais. Visitantes fazendo turismo e gastando em hotéis, comércio, além dos gastos no próprio estádio e com ambulantes no entorno do mesmo. Visibilidade da cidade nas transmissões de emissoras de TV ao vivo, com visibilidade de

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placas do comércio da cidade e a divulgação gratuita do nome da cidade, ou seja, a cidade perde até em visibilidade a nível nacional. (MORAES, 2017)¹

Hoje um clube que disputa jogos na elite do futebol paulista, como o Campeonato Paulista da Série A1, possui uma forte visibilidade em nível estadual, por conta de estar disputando o principal campeonato regional do país. Notícias sobre o time, debates realizados antes e após os jogos realizados em emissoras de TV, jogos televisionados, entre outras formas fazem com que o time ganhe visibilidade estadual e até mesmo nacional, já que muitas regiões recebem o mesmo sinal televisivo que os paulistas, o que acarreta também uma forte visibilidade para a cidade em que o clube possui como sede. Como exemplo podemos usar a primeira partida da final da última edição do Campeonato Paulista, entre Corinthians e Ponte Preta, em Campinas, uma cidade do interior do Estado, como parâmetro. A Rede Globo, única emissora a transmitir a partida em TV aberta, registrou 28 pontos de audiência, um equivalente a 49% dos televisores ligados na capital paulista, como informa material do website Máquina do Esporte, de maio de 2017. Ou seja, a cidade de Campinas esteve nas televisões de metade dos telespectadores, de uma tarde de domingo, da maior cidade do Brasil. Também como parâmetro pode ser utilizado o Campeonato Brasileiro, que é algo muito mais distante da realidade do São José Esporte Clube atualmente, mas ocupa a mesma faixa de horários que o Campeonato Paulista. De 2015 para 2016 a média de pontos de ibope da Rede Globo, cresceu 4 pontos (cada ponto se equivale a 197,8 mil telespectadores, em média) referentes às transmissões do Campeonato Brasileiro da série A. A emissora passou dos 18 pontos para 22, no qual teve o Palmeiras como campeão brasileiro de 2016, segundo material do jornal Folha de São Paulo, publicado no website em dezembro de 2016. Outro fator importante, citado pelo mesmo material, que faz parte desta mistura entre o futebol e a cidade que é sede de um clube de sucesso é muito visto nos casos de conquistas de títulos. Torcedores do Palmeiras, último campeão brasileiro, comemoraram o título em um dos principais pontos turísticos de São Paulo, a Avenida Paulista, além de frequentar os principais bares e shoppings da região. Mais um fato que mostra tamanho de importância econômica para a cidade possuir um time que

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obtenha bons resultados. São José dos Campos tem diversos pontos turísticos que podem atrair torcedores da cidade, ou até mesmo de fora do município por conta do futebol. Alguns dos destaques turísticos ficam para os parques, já que a cidade possui inúmeras atrações deste tipo, como o Parque Tecnológico, o Parque da Cidade, Parque Santos Dumont, entre outros parques menores. Mais um destaque da cidade são os shoppings, já que existem três destes, de grande porte e com inúmeras lojas, prontos para receber visitantes variados. Além disso, avenidas como a Nove de Julho e a Andrômeda, devida a grande quantidade de comércios, tem capacidade para atender um grande público. Hoje a cidade também possui um Museu de Esportes, localizado no centro da cidade, e com grande destaque municipal por ser um dos principais pontos turísticos relacionados ao esporte. No acervo o público encontra diversas formas de relembrar ou ter conhecimentos sobre as conquistas joseenses. Peças como os principais troféus, medalhas, fotos, entre outras lembranças, trazem a oportunidade de os visitantes conhecerem tudo sobre a trajetória esportiva da cidade. Levando em consideração ambas as partes, econômica e turística, percebemos que de alguma forma o futebol poderia contribuir de forma positiva para a economia da cidade. A partir do momento que torcedores de dentro e principalmente de fora da cidade passassem a frequentar pontos turísticos.

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Capítulo 4. Jornalismo investigativo e o esporte

Neste capítulo, nosso objetivo é indicar a relação entre o jornalismo investigativo e o esporte, historicamente e nos tempos atuais. Iniciaremos tratando exclusivamente do jornalismo investigativo, uma das principais vertentes da área, que tem grande importância, e costumeiramente, atrai grande atenção da população, pois na grande maioria dos casos, é utilizado para o tratamento de assunto de interesse público. Sequencialmente, faremos a ligação entre o jornalismo investigativo e o esporte, o que no Brasil se tornou algo recorrente, principalmente, a partir do início dos anos 80, sendo que atualmente existem, inclusive, agências especializadas em jornalismo investigativo no esporte. Na finalização do capítulo, recordaremos de grandes casos de jornalismo investigativo envolvendo o esporte que utilizamos com base no decorrer do nosso trabalho, como as matérias da Revista Placar, em 1982, sobre a loteria esportiva, e da Revista Veja, sobre a denominada “máfia do apito”, em 2005.

4.1. O jornalismo investigativo

BARBEIRO E RANGEL (2013, p. 123) citam como uma das dez pragas do jornalismo, em uma das sessões de sua obra, o ato de jornalistas de “tratar com ingenuidade as matérias e não duvidar”. Apesar de isto não estar implícito no material publicado, este pode ser considerado um dos maiores princípios do jornalismo investigativo: duvidar. E além de duvidar, é necessário investigar, ir atrás da informação correta, ir além do que é óbvio e oficial. Como é dito no material publicado pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) no website da instituição, denominado Estilhaços da Verdade, que trata do atentado ao Aeroporto de Guararapes, em 1966, há quem diga que os princípios do jornalismo investigativo são os mesmos de todo o jornalismo. Porém, no mesmo material há a defesa do porquê da existência de tal modalidade, como descrito a seguir.

Para algumas pessoas, todo jornalismo é obrigatoriamente

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investigativo, já que para se publicar uma notícia, deve-se fazer uma apuração e investigar os fatos antes, independente do tipo de publicação. No entanto, é impossível negar que existem algumas reportagens que tem claramente um apelo mais investigativo, em relação a outras. Fica evidente que um caso como o do Atentado ao Aeroporto dos Guararapes, por exemplo, requer um tipo de investigação muito mais apurado e delicado do que uma matéria sobre dicas de lazer.

No mesmo material da UNICAP, a jornalista da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, Laura Capriglione, também enfatiza que há uma diferença entre o que é o jornalismo investigativo e o jornalismo considero “comum”, veja na sequência.

É muito importante que se faça a investigação bem feita. O repórter tem que considerar todas as possibilidades. Para se fazer um trabalho investigativo de qualidade, não podemos procurar aquelas fontes que corroborem com nossa teoria, e sim, procurar aquela fonte específica, que possa negar a nossa teoria, para que assim, a notícia realmente seja finalizada de forma verídica.

Ou seja, o jornalismo investigativo também tem como missão tirar o jornalista de uma zona de conforto, onde há busca por fontes e informações que apenas concordem com a opinião que o jornalista tem formada e suas teorias. É necessário ir além, buscar informações que tragam a verdade, mesmo que isso fuja da hipótese levantada pelo escritor do material. Por fim, ASSIS (2015), produziu uma obra, denominada “Os Sete Mandamentos do Jornalismo Investigativo”, em que detalha cada um dos passos que o profissional que se compromete a produzir bons materiais de tal modalidade deve seguir. Em cada capítulo da obra é relatado um destes mandamentos, que são os seguintes: discrição, critério, tenha sorte, persistência, desconfie, investige mais e nada de heroísmo. O jornalismo investigativo é uma forma de encontrar a verdade, que muitas vezes procuram esconder ou que simplesmente requer um estudo mais aprofundado,

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diante da quantidade de informações a serem pesquisadas. Neste trabalho buscaremos usar essa vertente no jornalismo esportivo, mistura de modalidades que abordarem no próximo item deste capítulo.

4.2. Jornalismo investigativo no esporte

Se há quem acredite que o jornalismo investigativo já é uma termologia que não deveria existir, por não haver diferenças com o jornalismo considerado convencional, a utilização de tal modalidade no esporte é ainda mais contestada. Profissional com experiência em investigações relacionadas ao esporte, o jornalista Fred Justo contesta tal opinião, e argumenta do porquê o esporte requer a utilização constante de uma modalidade como o jornalismo investigativo.

A ligação entre jornalismo investigativo e o esporte é direta por um simples motivo: ao contrário do que muitos pensam, o futebol está inserido na sociedade, é mais um segmento. Teimam em achar que o futebol, por ser paixão nacional e mexer com o sentimento do indivíduo, está à margem da lei. Os dias de hoje nos mostram quão sujo é o esporte. Basta lembrar que o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil está preso e o número um do futebol não pode deixar o país porque é procurado pela Interpol. (JUSTO, 2017)¹

Aliás, Justo ainda enfatiza que o uso do jornalismo investigativo no esporte é fundamental para oferecer transparência a essa área, por um motivo específico.

Apesar das barreiras, o jornalismo investigativo é um instrumento que pode ajudar a dar transparência ao esporte. O jornalismo investigativo tem essa obrigação em todas as áreas. No esporte ele se faz necessário ainda mais porque a maioria das modalidades recebe verba pública. (JUSTO, 2017)¹

E atualmente já há diversos meios para a produção de material investigativo dentro do esporte. Os canais de internet e televisão fornecem mais espaço para materiais relacionados ao jornalismo investigativo e há inclusive agências de notícias especializadas no assunto, como a Agência Sportlight, do renomado jornalista Lucio

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de Castro, que já atuou em veículos como a TV Globo, o SporTV e a ESPN BRASIL. Também há o aumento da produção de obras com investigações esportivas com tema, como aborda material do website do diário A Tarde, publicado em maio de 2015. Segundo a publicação, um dos principais fatores para este aumento foi a sequência de denúncias divulgadas por jornais e revistas durante a Copa do Mundo da FIFA, realizada no Brasil, em 2014. O material ainda cita a importância de obras do jornalista escocês Andrew Jennings para a queda do ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, e do sogro, João Havelange, do quadro de membros da FIFA, em 2012. Assunto que será tratado com mais detalhes no próximo item deste capítulo.

4.3. Casos relevantes do jornalismo investigativo no esporte

Como foi citado no item anterior, o jornalismo investigativo já interferiu e trouxe verdades ao mundo do esporte. Alguns casos se destacam entre estes e comprovam a relevância desta modalidade para a sociedade, nos mais diversos aspectos. Andrew Jennings, jornalista escocês, é responsável por duas das obras que tiveram muita influência no afastamento de Ricardo Teixeira, da CBF, e de João Havelange, da FIFA. “Jogo Sujo” e “Um Jogo Cada Vez Mais Sujo”, são os títulos dos livros de Jennings, que apresentam investigações feitas pelo jornalista, na Suíça, somadas a elementos do relatório da CPI da Nike, de 2001, que comprovam o pagamento de propinas aos dois dirigentes citados, como informa material do website A Tarde. A editora Abril também é responsável por duas denúncias que mudaram a trajetória do futebol brasileiro. A primeira delas, de 1982, faz referência à Máfia da Loteria Esportiva, denunciada pela Revista Placar. O material cita tentativas de suborno para manipulação de resultados, que beneficiaram apostadores da loteria esportiva. Na publicação foram revelados nomes de dirigentes, árbitros, técnicos e jogadores brasileiros que estariam envolvidos na situação, com destaque para jogadores do Vasco, que tentaram subornar atletas da Desportiva Ferroviária, em determinado jogo válido pelo , como relembra material do Jornal Estadão, publicado em setembro de 2015.

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Figura 6: Capas Revistas Veja e Placar

Fonte: Publicação de 10 de setembro de 2015, do Jornal Estadão

A mesma publicação do diário também relembra o caso da Máfia do Apito, de 2005, denunciado pela Revista Veja. O material do título da revista da editora Abril revelou uma quadrilha de apostadores, que subornava juízes para manipular jogos do Campeonato Brasileiro e do Campeonato Paulista. Tal denúncia mudou os rumos do Campeonato Brasileiro de 2005, que teve jogos anulados após esta denúncia. Com uma nova realização destas partidas, o Sport Club Corinthians Paulista acabou se tornando campeão do torneio. Caso os resultados iniciais fossem mantidos, o troféu do campeonato iria para o Sport Club Internacional. Casos como este comprovam a relevância e, ao menos, justificam a necessidade da utilização do jornalismo investigativo em meio ao esporte.

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Capítulo 5. Metodologia

5.1 Pesquisa Descritivas

Após o primeiro contato direto com o tema, passamos a descrever e organizar as informações que havíamos obtido. Segundo GIL (2008, p.28),

as pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Organizando anualmente os principais fatos do período que iremos abranger, começamos a descrever as informações que já tínhamos e indicamos quais as principais fontes de onde haviam sido retirados tais dados, ligando as principais variáveis obtidas.

5.2 Qualitativa

Nossa pesquisa qualitativa tem como principal objetivo revelar qual a visão do público sobre qual seria o principal fator para esses acontecimentos recentes na história do São José EC. O foco da pesquisa será principalmente os torcedores do clube, também podendo ser estendido a pessoas que acompanham futebol e têm conhecimento do caso. Após tal passo, realizaremos o seguinte processo descrito por GIL (2008, p.175): “organização dos dados selecionados de forma a possibilitar a análise sistemática das semelhanças e diferenças e seu inter-relacionamento”. Iremos nos aprofundar na questão resultada para entender melhor o caso, e chegar a uma conclusão se realmente o resultado da pesquisa corresponde ao principal fator para os acontecimentos.

5.3. Pesquisa bibliográfica

Nossa pesquisa bibliográfica se resume, a princípio, em duas publicações de autores renomados e com extremo domínio de dois dos principais temas a serem abordados nesse trabalho, o São José Esporte Clube e o Jornalismo Esportivo. Acreditamos que em especial, no tratamento do clube joseense, a pesquisa

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bibliográfica seja algo extremamente necessária devida a importância desta pesquisa e seu cunho histórico, o que é ressaltado por GIL (2008, p.50) ao dizer que “a pesquisa bibliográfica também é indispensável nos estudos históricos. Em muitas situações, não há outra maneira de conhecer os fatos passados senão com base em dados secundários”. Uma das obras que iremos utilizar se trata exclusivamente do São José Esporte Clube, de autoria do professor Alberto Simões, principal historiador do clube e um dos maiores profissionais de mídia com experiência na cobertura da equipe. Tal publicação trata com amplitude a história do São José, com fichas de todos os jogos do clube até 2010. Outra grande referência, de autoria de Heródoto Barbeiro e Patricia Rangel, trata da maneira ampla o jornalismo esportivo, como por exemplo, as questões éticas da profissão, tema que é parte fundamental na execução deste trabalho e que nos auxiliará durante todas as fases de elaboração do mesmo, nos oferecendo princípios como de que “o jornalismo esportivo não se orienta por boatos ou rumores. Jornalismo se faz em cima de fatos e não da ficção, como em qualquer outra área”. (BARBEIRO e RANGEL, 2013, p.116). Os arquivos dos jornais O Vale e GloboEsporte.com também serão de grande valia, devido ao tema ser muito baseado em factuais.

5.4 Pesquisa documental

Pesquisando em publicações dos mais variados tipos, de veículos especializados ou não, buscamos nossas principais referências. Por acreditarmos que os relatos da época são mais fiéis do que os relatos posteriores, tomamos grande parte da nossa pesquisa por esta etapa. Realizamos pesquisa para encontrar jornais da região, publicações em websites de relevância, além de veículos oficiais de informação do São José E.C., sendo neste caso o website oficial como praticamente única referência. Também utilizamos como fonte documental fotografias que retratam esse período do clube, o que acreditamos ser fundamental para um entendimento melhor de determinados fatos. Basicamente iremos nos utilizar apenas de documentos de primeira mão, que são definidos por GIL (2008, p.51) como aqueles “que não receberam qualquer tratamento analítico, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc”.

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Porém, a pesquisa documental também servirá como base para realizarmos as entrevistas, sendo que serão por meio destes documentos que iremos basear nossos questionamentos aos personagens da história do clube. Acreditamos que os já citados documentos de primeira mão, utilizados durante esta pesquisa, poderão ser complementados durante a etapa de entrevistas.

5.5 Entrevistas

De acordo com os níveis de estruturação de entrevistas apontados por Antonio Carlos Gil (2008) nós utilizaremos de entrevistas informais, focadas e por pautas. As informais serão realizadas principalmente no começo da pesquisa, mas também poderão ser utilizadas no decorrer do trabalho, já que muitas vezes por meio deste meio serão obtidas informações importantes e de extrema relevância para a resolução do problema, como GIL (2008,p.111) relata

a entrevista informal é recomendada nos estudos exploratórios, que visam abordar realidades pouco conhecidas pelo pesquisador, ou então oferecer visão aproximativa do problema pesquisado.

As entrevistas focadas, que ainda segundo GIL (2008,p.112) é quando “o entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas, quando este se desvia do tema original, esforça-se para a sua retomada”, serão utilizadas principalmente para evitar que o entrevistado não responda os questionamentos mais complexos, como as questões referentes à má gestão do clube e possíveis casos de contradição, sendo que esta é uma das artimanhas utilizadas por dirigentes de futebol em alguns momentos da história. As entrevistas por pautas, definidas por GIL (2008,p.112) como aquelas em que “o entrevistador faz poucas perguntas diretas e deixa o entrevistado falar livremente à medida que refere as pautas assinaladas”, serão as mais utilizadas durante o nosso trabalho, já que são elas que nos apresentarão os principais resultados, sendo elaboradas de acordo com determinado entrevistado. As entrevistas serão realizadas por meio de telefone, e-mail, e preferencialmente, pessoalmente, o que nos garantirá mais segurança nas respostas obtidas e uma maior flexibilidade. Para a produção deste trabalho, utilizamos 13 fontes distintas, sendo que uma

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delas teve participação apenas na elaboração deste relatório. A seguir, citamos quem são estas fontes e a relevância de tais para o objeto de estudo deste material. Edson Ferreira Júnior, o Edinho, foi goleiro do São José Esporte Clube entre 2005 e 2007, este último sendo o primeiro dos anos analisados por este material. Natural de São José dos Campos, foi um dos símbolos da equipe durante o período que defendeu o time joseense. Valtencir Vicente é o jornalista mais experiente na cobertura do São José Esporte Clube ainda vivo. O profissional acompanha o clube do Vale do Paraíba desde o final da década de 1970 e é um dos principais nomes do rádio esportivo joseense. Danilo Sardinha, também jornalista, acompanhou a Águia do Vale em todo o período em que este trabalho se dedica a estudar. Primeiramente representando o blog pessoal “Informativo da Águia” e posteriormente o website GloboEsporte.com, o repórter tem vasta experiência e conhecimento do dia a dia do clube. Renato Camargo Santiago, conhecido apenas como Renato Santiago, jogou no São José em 2002, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 e é o sexto maior artilheiro da história do clube. Devido aos diversos anos que representou a camisa da equipe, tem bastante conhecimento em relação ao time de São José dos Campos. José Francisco de Oliveira, mais conhecido apenas como Oliveira, foi preparador de goleiros do São José em 2009 e técnico da equipe nas três últimas rodadas do Campeonato Paulista da Série A3 de 2016, ano em que a Águia do Vale foi rebaixada pela primeira vez ao quarto e último nível do futebol estadual de São Paulo. Fábio Moraes é jornalista e foi assessor de imprensa do São José Esporte Clube entre 2009 e 2013. Além da função profissional, é declarado torcedor do clube. Devido as atividades profissionais que já realizou, tem conhecimento dos bastidores do time de São José dos Campos. Roberto da Penha Ramos, mais conhecido como Robertinho da Padaria, foi presidente do São José Esporte Clube, entre 2011 e 2013. Também é vereador de São José dos Campos desde 2005 e tem influência tanto dentro do clube, quanto dentro da administração pública joseense. Henrymárcio Bittencourt, conhecido apenas como Márcio Bittencourt, foi um jogador de futebol de grandes clubes como o Sport Clube Corinthians Paulista e Sport Club Internacional. Natural de São José dos Campos, também é treinador, e comandou o São José Esporte Clube, em 2013.

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Benevides Ferneda, o Geleia, foi presidente do São José Esporte Clube entre 2003 e 2004 e posteriormente entre 2013 e 2016. Era o mandatário do clube nos três maiores rebaixamentos do clube, dois deles para a Série A3 do Campeonato Paulista e um deles para o último e quarto nível do futebol estadual de São Paulo. Anderson Rocha da Silva, mais conhecido apenas como Rocha, atuou como zagueiro no São José Esporte Clube em 2015. Experiente atleta, com passagens por diversos clubes do interior de São Paulo, era um dos líderes do grupo que disputou o Campeonato Paulista da Série A3 do ano citado. Eduardo César de Lima Oliveira é o coordenador pedagógico do programa Atleta Cidadão, da Prefeitura de São José dos Campos. Por trabalhar com jovens que se interessam com esporte, tem conhecimento fundamental para o esclarecimento de dúvidas em relação ao cenário do esporte de base no município atualmente. Nei José Santana é jornalista e já foi editor de esportes do jornal O Vale, além de ser apaixonado por futebol. Devido ao trabalho em outras áreas do jornalismo, é uma fonte que utilizamos com uma visão mais ampla do cenário esportivo em São José dos Campos. Por fim, Fred Justo é jornalista, e tem trabalhos reconhecidos nacionalmente em relação ao jornalismo investigativo. Devido a vertente que este nosso trabalho toma também para esta modalidade, acreditamos ser fundamental a opinião e conhecimento deste profissional. É o único dos entrevistados que terá material utilizado apenas no relatório.

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Capítulo 6. Reportagem

Neste sexto capítulo iremos tratar sobre a reportagem impressa, como modalidade do jornalismo e detalhar suas principais características, utilizando como base obras referentes a este tema e nosso conhecimento adquirido ao longo do curso. No decorrer deste capítulo vamos detalhar também os processos de produção do nosso material, no caso, a grande reportagem impressa referente à última década do São José Esporte Clube. Passaremos pelas fontes utilizadas na obtenção de informações, explicitaremos os fatos mais importantes da nossa reportagem e detalharemos o processo de diagramação do material. Faremos uma espécie de diário, que irá contar todos os passos para a finalização do trabalho final, que visa com um dos seus objetivos se encaixar nas características de uma grande reportagem impressa, que são descritas no primeiro item deste capítulo.

6.1. Características da reportagem impressa

O tema “A queda do São José EC, do sonho do topo ao quase amadorismo” será abordado por meio de uma grande reportagem impressa. Tal modalidade foi escolhida devido ao encaixe em que o tema tem com uma grande reportagem, a nosso ver. Acreditamos que profundidade do material apresentado exige uma dedicação e documentação no formato de uma grande reportagem, que apresenta depoimentos, dados históricos, bom senso e instinto jornalístico. A opção pelo formato escrito, em contraponto do formato de vídeo, se deve à importância que acreditamos que este material possa ter no futuro, sendo um documento histórico que pode ser mais facilmente acessado e utilizado no formato impresso. Conscientes do que uma grande reportagem se propõe a ser, seguimos os conceitos de Rangel e Barbeiro (2011,p.20), que afirmam que “não se pode confundir pequenos boletins de conteúdo especulativo, sem profundidade, apenas para dar registro de um clube, com reportagem de jornalismo esportivo” Com tais princípios, nosso principal objetivo é elaborar uma grande reportagem

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no formato que esta modalidade é apresentada em revistas esportivas, com box com curiosidades sobre o clube, fotografias, que possam ilustrar o que é abordado, dados estatísticos e tabelas. Mesclamos informações com imagens que refletem o momento atravessado pelo clube, ao mesmo tempo em que ressalte a importância deste período para a história do São José EC, seja por meio de reportagens, de relatos informais ou fotografias. Também temos o intuito de valorizar, como forma de homenagem, o trabalho realizado pelos fotógrafos que registraram este momento do clube, como por exemplo, Tião Martins, fotógrafo oficial do clube no início da década e de diversos veículos de imprensa da região no restante do período abordado. Por fim, pretendemos explicitar de maneira objetiva e aprofundada o tamanho da importância deste momento, tanto agora, em sua contemporaneidade, quanto para o futuro, e produzir um material que relembre esse momento, que já está marcado na história do São José EC.

6.2. Os fatos relevantes

Para organização e elaboração do material que produzimos, nos baseamos em determinados fatos, que acreditamos ter maior relevância para a grande reportagem. Com a divisão dos textos por anos, entre o período estudado, no caso entre 2007 e 2016, utilizamos como base três pontos, sendo um deles, especificamente, devido a divisão anual dos materiais. Este ponto, citado ao fim do parágrafo anterior, é em relação ao impacto que a atual situação do São José Esporte Clube tem na cidade. Por meio dos depoimentos coletados, analisamos a situação que a falta de um clube de futebol em um campeonato de destaque, seja estadual ou nacional, causa na sociedade. Buscamos encontrar pontos que ligam o esporte a economia, aos jovens e a população. Separamos duas páginas para especificar este ponto, inserindo-as no fim do material, já que acreditamos apresentar nestas páginas os problemas, o cenário atual e as possíveis soluções para uma mudança na situação atualmente enfrentada pelo clube e consequentemente por tudo que o cerca. Já em relação aos textos anuais, temos com base os outros dois pontos citados: os números em relação as campanhas nas edições disputadas pelo São José no

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Campeonato Paulista e os depoimentos coletados em relação a estes anos. Os números e estatísticas das campanhas do clube servem como base e são citadas em todos os dez textos relacionados aos dez anos estudados, afinal, são estes resultados que fornecem a importância histórica para este período. Enquanto os depoimentos valorizam as estatísticas e informações apresentadas, já que em determinas ocasiões são utilizados para completar estes números e em outras para revelar um fato novo, que ainda não era conhecido do grande público.

6.3. A diagramação

Para a diagramação do nosso material, utilizamos como referência o modelo da Revista Placar, da Editora Abril, mais precisamente no período de 2008. A publicação que nos chamou a atenção para usarmos tal título como base foi de julho do ano referido, em relação ao Sport Club do Recife, denominada “Um Leão solto na América”. Para as duas primeiras páginas da grande reportagem, que tem o intuito de chamar o interesse do leitor para o material, usamos uma foto de página inteira, com um jogador do São José Esporte Clube ajoelhado, em tom de lamentação, como forma de ligação ao intuito da publicação, que é demonstrar a queda do clube no período estudado. Ao lado, inserimos o título do material, “A Queda do São José EC: do quase acesso ao fundo do poço”, na fonte Impact, em tamanho 25. Ainda contém nesta página, um breve texto introdutório, também na fonte Impact, e os nomes dos autores do texto, do design da publicação e da fotografia, utilizada na página ao lado.

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Figura 7: Capa da Grande Reportagem

Fonte: João Pedro Almeida e Rafael Font

As páginas com o conteúdo estão padronizadas, organizadas de maneira anual. Para a identificação do ano, colocamos no topo de cada página, em posição vertical, o ano referido, ao lado de uma letra maior, a primeira do parágrafo inicial do texto. Ambas estão na fonte Impact, sendo que o número tem 21 milímetros de largura e 50 milímetros de altura, enquanto a letra tem 47 milímetros de altura e 30 milímetros de largura. O texto, com o conteúdo, está dividido em três colunas, com a fonte Arial, de tamanho 12. Ao fim de cada texto há um box com uma curiosidade, que tem a borda em azul e amarelo, cores do São José Esporte Clube, e um breve texto, em fonte Arial, de tamanho 12.

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Figura 8: Páginas 3 e 4 da Grande Reportagem

Fonte: João Pedro Almeida e Rafael Font

Há uma foto em cada página. A grande maioria delas está na parte inferior, mas há páginas em que a figura se encontra no canto esquerdo, abaixo da referência ao ano. Os créditos estão no rodapé, ao lado direito, na fonte Kalinga, a mesma que é utilizada no topo da página, onde há referência ao nome do clube, que é tema da reportagem, o São José EC. A numeração da página, acompanhados do nome da revista Placar, do website e do mês de publicação estão na fonte Impact, no rodapé, no canto esquerdo. As duas páginas finais estão com formatação diferenciadas, pois tratam o tema da reportagem de maneira ampla, diferentemente da maneira anual, utilizada em grande parte do material.

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Figura 9: Páginas 13 e 14 da Grande Reportágem

Fonte: João Pedro Almeida e Rafael Font

Nestas utilizamos um título, no topo da primeira destas duas páginas, em fonte Impact, na cor branca, sob um fundo azul. O texto, é dividido nas duas páginas, em fonte Arial, de tamanho 12. Assim como nas páginas com tratamento anual, as fotos estão na parte inferior.

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Considerações Finais

Iniciamos este trabalho com o intuito de produzir um material que, principalmente, revelasse os motivos que levaram o São José Esporte Clube a última divisão do futebol do Estado de São Paulo e servisse como um registro histórico deste período do principal clube de futebol de São José dos Campos. Finalizamos o material com a certeza de que chegamos ao nosso objetivo. Primeiramente, por chegarmos à conclusão de que realmente, como apresentamos em nossa hipótese, o clube teve queda tão grande em um período tão curto por problemas administrativos. Os depoimentos coletados para a produção do material nos indicaram que estes foram os principais motivos para os consecutivos rebaixamentos e para os insucessos em tentativas de acesso a elite do futebol paulista. Como destaque podemos indicar as citações dos problemas do clube com a administração pública, que geraram problemas como conflitos de interesses e falta de apoio público. Foram jornalistas, dirigentes, atletas e integrantes de comissão técnica do clube que apresentaram as suas justificativas para os erros que o São José Esporte Clube cometeu neste período de dez anos em que nos comprometemos a estudar. Não menos satisfatório é também ter a certeza de que produzimos um bom material, que poderá servir como registro histórico deste período, que marcou o rebaixamento inédito do clube ao último do futebol paulista. Conseguimos ouvir representantes de todos os lados envolvidos no clube durante este período e acreditamos ter sidos imparciais, como a modalidade que escolhemos exige de quem a produz, para a obtenção de um bom produto final. Assim esperamos honrar o nome da Revista Placar, publicação que nos inspirou na diagramação e nos moldes do texto do nosso material. Cientes de que não é fácil se equivaler a uma produção deste tamanho, buscamos, na medida do possível reverenciar o título da revista e oferecer ao leitor uma qualidade tão grande quanto a oferecida pela citada. Ainda acreditamos em termos alcançado o objetivo de ver o cenário uma maneira mais ampla, analisando o impacto que este atual momento do São José Esporte Clube influencia e envolve todo o município de São José dos Campos, produzindo não apenas um material de jornalismo esportivo, mas sim, um material jornalístico, de maneira ampla, como deve ser.

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Referências

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GIL, A.C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6. ed. São Paulo: Atlas S.A., 2008

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IG Esportes. Disponível em: . Acesso em 19 de outubro de 2017

KOTSCHO R.A Prática da Reportagem 1. ed. São Paulo: Editora Ática, 1995

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MARTINEZ A. Corinthians Minha Vida, Minha História, Meu Amor 1. ed. São Paulo: Ícone Editora, 2009

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SIMÕES, A. A História de uma Rivalidade. 1. ed. São José dos Campos: Netebooks Editora, 2012.

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ANEXO 1. Tema

A queda do São José EC, do sonho do topo ao quase amadorismo.

2. Objetivo geral Produzir uma grande reportagem sobre o São José Esporte Clube desde a fase em que esteve próximo de retornar à elite do futebol paulista, a partir de 2007, até chegar à beira do futebol amador, com o rebaixamento a última divisão estadual, em 2016.

3. Objetivos específicos - Revelar os motivos para a queda brusca de divisões, em um espaço de tempo tão curto, da equipe do São José EC, que esteve muito próximo do acesso para a primeira divisão do futebol de São Paulo há poucos anos. - Apresentar fatos que comprovem uma possível displicência da diretoria do clube durante esse processo de rebaixamentos consecutivos. - Reunir depoimentos de nomes importantes deste período do clube, como jogadores, treinadores, dirigentes e jornalistas de São José dos Campos, que acompanharam esse período. - Relatar o que foi feito de positivo na época em que o clube esteve próximo do acesso em relação ao atual momento, em que a equipe se encontra na última divisão do futebol de São Paulo. - Criar um material que poderá servir como base para possíveis estudos relativos ao clube em um futuro, devido à importância do fato para a trajetória do São José EC.

4. Problema

Fundado em 1933 com o nome de Esporte Clube São José, o atual São José Esporte Clube surgiu como uma equipe amadora, que tinha como intuito rivalizar com a Associação Esportiva São José, principal clube de futebol amador do município à época.

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Após anos de destaque no futebol amador joseense, o clube se profissionalizou em 1964, já alcançado sucesso nas primeiras competições que disputou, conquistando os títulos da terceira e segunda divisões paulistas, que hoje se equivalem ao quarto e terceiro degraus do futebol estadual, respectivamente. A partir da construção do estádio Martins Pereira e das mudanças de cores (antes o clube tinha as cores preta e branca, passando nesta época a utilizar o atual azul e branco) e de nome, na década de 70, o já agora São José Esporte Clube rumou a passos ainda maiores, como afirma o historiador Alberto Simões, no Almanaque do São José Esporte Clube, de 2010. Com as estreias na divisão principal do futebol de São Paulo e na Série A do Campeonato Brasileiro, o clube figurou entre as principais equipes do país na década de 80, conquistando inclusive um vice-campeonato paulista no ano de 1980, principal resultado da história do clube até os dias atuais. Alternando campanhas positivas e negativas nos anos 90 e 2000, a década de 2010 começou prometendo ser o reencontro do São José EC com as glórias, com a montagem de um forte elenco para tentar retornar à principal divisão do futebol paulista. Porém, assim como no fim da década anterior, o clube ficou muito próximo do acesso à Série A1, mas parou no “quase”. Boas campanhas que acabaram não alcançando o objetivo principal, o que causou a impressão de que as coisas estavam caminhando de um jeito errado, principalmente em relação à administração da equipe. Os insucessos resultaram na mudança da diretoria da Águia do Vale, ponto que é considerado um dos principais fatores para a sequência de momentos negativos do clube, que vieram posteriormente, como diz o repórter do GloboEsporte.com, no Vale do Paraíba, Danilo Sardinha.

“Acredito que a parcela maior da culpa seja da última diretoria. Esses rebaixamentos aconteceram na gestão do presidente Benevides Ferneda, o Geléia (...) faltou uma gestão mais profissional e moderna a essa diretoria. O conselho do clube, que deveria fiscalizar a diretoria, não freou as decisões tomadas e também tem parcela de culpa”.

Um presidente que desde o início de seu mandato aparentou despreparo, resultados ruins no campo e uma grande bagunça interna deram início ao que

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resultaria na pior fase da história do clube joseense. A equipe deixou de brigar pelo acesso à Série A1 e começou a fugir do rebaixamento à Série A3. Se não obter sucesso na tentativa de voltar à elite pareceu ruim, não conseguir escapar da degola para a terceira divisão foi ainda pior. O rebaixamento não resultou em mudanças, a torcida passou a demonstrar uma impaciência ainda maior e a desorganização dentro do clube começou a ser cada vez mais visível. E para piorar, se tornou ainda mais exposta a quem estava de fora. Assim foi formada a receita para mais uma tragédia esportiva na história do clube.

As notícias do São José nesse período foram mais sobre problemas fora de campo do que os resultados nos jogos. Foram muitos problemas que colaboraram para o clube chegar a esta situação. Acredito que os principais foram: condições precárias de trabalho, parcerias ruins com empresários para a montagem e o controle do time, atraso no pagamento dos salários e falta de gestão profissional. (SARDINHA, 2017)1

No segundo ano consecutivo em que disputava a Série A3, o São José EC fez uma campanha horrível e acabou sendo rebaixado à Segunda Divisão, que equivale ao quarto nível do futebol do Estado de São Paulo, algo que nunca havia acontecido na história do clube. O anúncio deste cenário se tornava maior a cada ação da diretoria e hoje não chega a ser uma surpresa. Mas o que houve nesse período foi grave e precisa ser revelado, em nome da história do São José EC. “O impacto das quedas é grande. Diminui a credibilidade do clube e, consequentemente, deixa a missão de recuperá-la ainda mais difícil. Possíveis patrocinadores têm receio em apoiar um clube com problemas recentes de gestão”, diz o repórter do GloboEsporte.com. Assim, neste contexto surge a seguinte questão, qual foi o principal fator para os consecutivos rebaixamentos do São José EC?

1 Entrevista informal com Danilo Sardinha realizada no dia 22 de maio de 2017.

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5. Hipótese

A má gestão da diretoria do clube, em especial no papel do presidente, problemas internos, os elencos formados de maneira displicente, e a falta de apoio aos atletas são fatores que podem ter resultado nos consecutivos rebaixamentos e nas dívidas que o clube tem atualmente.

6. Justificativa

Escolhemos abordar o tema “A queda do São José EC, do sonho do topo ao quase amadorismo” por acreditar no aprofundamento deste tema em um período de aproximadamente de dez anos eo impacto para a história do clube. Em menos de 30 anos, foi vice-campeão da primeira divisão do Campeonato Paulista, esteve disputando o Campeonato Brasileiro das Séries A e B até 1992, teve o primeiro rebaixamento da sua história para o terceiro nível do futebol estadual apenas 13 anos atrás, e que agora, em 2017, está na quarta e última divisão do Paulistão. Por ser um período que envolveu personalidades públicas e tantas emoções distintas, vemos a temática como algo que merece um tratamento especial, principalmente devido a atenção que o clube atrai. Sendo assim, buscamos apresentar fatos que indiquem e comprovem o principal fator para tal situação que o São José EC tem enfrentado nos últimos anos, como por exemplo, a atual divisão do futebol paulista que o clube disputa, a última das quatro possíveis. Além de reportar todos os momentos que chamaram a atenção durante esse período da história do clube. Além disso, também temos como intuito colocar em prática todos os ensinamentos adquiridos ao longo da graduação para se aprofundar no tema e apresentar de forma justa e verdadeira os fatos aos quais estamos nos propondo. Para isso, vamos em busca de fontes ligadas ao tema, em busca de depoimentos que serão fundamentais para o desenvolvimento do projeto, além de pesquisar dados que nos servirão como base para a formação da grande reportagem. Para a finalização da modalidade escolhida, também colocaremos em prática o conhecimento adquirido nas aulas de diagramação, que será fundamental para a produção de tabelas e infográficos, que serão de grande importância no aspecto visual

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do projeto. O projeto serve também como forma de registro histórico deste período do clube. Esperamos produzir um material que aborde essa década de maneira detalhada, que possa servir como base para estudos sobre o São José EC em um futuro. Assim, pretendemos esclarecer possíveis frestas que possam existir na história do clube nesse período, realizando um trabalho jornalístico em sua essência, com verdade e profundidade.

7. Cronograma

DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV Elaboração do Tema X Problema e justificativa X Pesquisa bibliográfica X X X X X Coleta de dados X X X X Elaboração do projeto escrito X X X X X X X X X X Entrevistas X X X X Desenvolver a grande X X X reportagem Diagramação X X Apresentação X